Acacieae

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Acacieae: Acacia dealbata (frutos e folhagem).
Acacieae: Acacia dealbata (frutos e folhagem).
Classificação científica
Reino: Plantae
Sub-reino: Tracheobionta
Divisão: Magnoliophyta
Clado: Rosids
Clado: Eurosids I
Classe: Magnoliopsida
Subclasse: Rosidae
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Mimosoideae
Tribo: Acacieae
Dumort., 1829
Géneros
Ver texto
Acacia aulacocarpa (hábito).

Acacieae é uma tribo de plantas com flor da subfamília Mimosoideae da família Fabaceae que agrupa 5 géneros e cerca de 1 400 espécies. Os membros da tribo têm distribuição natural nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, com centro de diversidade na Austrália, onde ocorrem cerca de 950 espécies.

Descrição e ecologia[editar | editar código-fonte]

Ritidoma de Acacia pendula.
Ramos com espinhos e filódios de Acacia paradoxa.
Ilustração mostrando ramos e folhagem (filódios) de: A Acacia alata var. platyptera, B Acacia lineata, C Acacia verticillata, D Acacia paradoxa, E Acacia truncata, F Acacia spectabilis.
Ilustração de Acacia longifolia (inflorescências).
Sementes com arilo de Acacia pycnantha.
Ilustração de Acacia verticillata (de W.Miller).
Ilustração: ramos com inflorescência e frutos de Acacia tetragonophylla.

As espécies que integram esta tribo são plantas lenhosas que apresentam como hábito vegetativo dominante a forma arbustiva, já que raramente são árvores de porte significativo. Algumas espécies possuem espinhos bem desenvolvidos como estratégia de defesa contra a herbivoria. As espécies de acácia pertencem às plantas de madeira dura (madeira de lei), produzindo tecido lenhos de elevada densidade e dureza. As raízes destas espécies apresentam nódulos radiculares ricos em Rhizobiaceae (especialmente Rhizobium spp.) que por simbiose permitem a fixação do azoto.

São plantas maioritariamente perenes que raramente perdem as folhas na estação seca, podendo ser inermes ou apresentar estípulas espinhosas. As folhas dos membros de desta tribo são bipinadas ou estão reduzidas a filódios, mas muitas espécies de acácia apresentam heterofilia, sendo que os espécimes jovens geralmente têm folhas com pecíolo normal, com lâmina foliar duplamente pinada. Nestas espécies é frequente ocorrer uma fase de transição, na qual o pecíolo, apesar de já achatado, coexiste com uma lâmina foliar mais ou menos bem desenvolvida, a qual, principalmente em espécimes maduros, leva ao aparecimento de um pecíolo achatado e foliforme (o filódio), desprovido de lâmina, que assume quase integralmente a função de fotossíntese. A forma do filódio varia, mas estão presentes na maioria das espécies do género Acacia. Nos restantes géneros predominam espécimes maduros com lâminas foliares bipinadas bem desenvolvidas. Em algumas espécies de Acacia s. s., coexistem ambos os tipos de folhagem, os filódios e as folhas bipinadas, especialmente nos indivíduos jovens. Apresentam duas estípulas foliares que caem geralmente imediatamente após a formação da folha, mas que quando persistentes são resistentes, geralmente pequenas, escamosas ou transformadas em espinhos.

Os membros da tribo Acacieae distinguem-se das restantes Mimosoideae por apresentarem flores com grande quantidade de estames (sempre mais de 10) com os filamentos livres. As flores ocorrem nas extremidades dos ramos, em inflorescências cimosas cilíndricas, em espiga ou racemo densos, agrupadas ou isoladas em hastes separadas, em geral com elevado números de flores. Cada flor apresenta uma bráctea pequena, acastanhada, em espátula ou em forma de escudo.

As flores são relativamente pequenas, com simetria radial, tetrâmeras ou pentâmeras, geralmente hermafroditas e com duplo perianto. A cor das flores varia do amarelo vivo ao branco cremoso, raramente vermelho. As quatro ou cinco sépalas e pétalas podem ser livres ou fundidas. Os muitos estames inserem-se sobre ou logo acima da base do carpelo e projectam-se para além das brácteas. O carpelo é piloso ou glabro. Em geral há muitos óvulo presentes. O estilete é fino e ergue-se sobre os estames. Muitas vezes as flores exalam fragrância forte e produzem pólen abundante, o que atrai as abelhas.

A vagem é linear a oblonga, direita a ligeiramente curva ou helicoidal, de secção transversal redonda ou achatada. A semente é oblonga, quase esférica ou achatada-ovada, apresentando um arilo bem desenvolvido. Geralmente, as sementes permanecem viáveis por muito tempo, e algumas requerem exposição ao fogo para germinar.

Sistemática[editar | editar código-fonte]

O principal género da tribo, e que lhe serve de género tipo, é Acacia, o qual desde o trabalho de revisão de Les Pedley publicado em 1978, foi historicamente subdividido em três subgéneros e em múltiplas secções:[1]

  • Subgénero Acacia
  • Subgénero Aculeiferum Vassal com as secções:
    • Secção Spiciflorae DC.
    • Secção Filicinae
  • Subgénero Phyllodineae com as secções:
    • Secção Alatae F.Muell.
    • Secção Botrycephalae (Benth.) Taub.
    • Secção Juliflorae F.Muell.
    • Secção Lycopodiifoliae Pedley
    • Secção Phyllodineae DC.
    • Secção Plurinerves F.Muell.
    • Secção Pulchellae (Benth.) Taub.

O nome genérico Acacia foi proposto em 1754 por Philip Miller na sua obra The Gardeners Dictionary Abridged, 4.ª edição.[2]. A palvra Acacia deriva do vocábulo do grego clássico akakia, o nome comum então utilizado para Acacia nilotica, hoje sinónimo de Vachellia nilotica (L.) P.J.H.Hurter & Mabb.), que tem como etimologia ake ou akis para "ponta aguçada" ou "espinho", e akazo um derivado de "afiar".[3] Enter os sinónimos taxonómicos de Acacia Mill. contam-se: Acaciopsis Britton & Rose, Bahamia Britton & Rose, Delaportea Thorel ex Gagnep., Fishlockia Britton & Rose, Manganaroa Speg., Myrmecodendron Britton & Rose, Nimiria Prain ex Craib, Poponax Raf., Racosperma Mart., Siderocarpos Small e Tauroceras Britton & Rose.[4]

Na sua circunscrição originária, agora em geral referida por Acacia sensu lato (ou Acacia s. l.), o género incluía 1350 a 1450 espécies, das quais cerca de 400 espécies foram segregadas para novos géneros menores. Assim, a antiga subdivisão do género já não é utilizada e os antigos subgéneros "Acacia" e "Aculeiferum" desapareceram e as respectivas espécies foram atribuídas aos novos taxa criados pela subdivisão.[5][6][7]

No ano de 2003 foi proposto por Orchard e Maslin a dopção de um novo género tipo. A proposta foi presente à sessão da "Secção de Nomenclatura" (Nomenclature Section) do XVII Congresso Botânico Internacional (XVII International Botanical Congress), realizado em Viena, o qual decidiu adoptar Acacia penninervis Sieber ex DC. em substituição de Acacia nilotica (L.) Willd. ex Delile, descisão incluída no The official report of the Spermatophyta Committee, with detailed discussion of the reasons for their decision e publicada em Taxon. vol. 53, n.º. 3, de 1 de agosto de 2004, pp. 826–829. A decisão entrou em vigor a 30 de julho de 2005. Esta decisão permitiu criar um género monofilético Acacia de modo que quase 950 espécies australianas nele permanecessem, bem como algumas espécies das regiões vizinhas.[8] Na sua presente circunscrição taxonómica a tribo Acacieae inclui os géneros Acacia, Acaciella, Mariosousa, Senegalia e Vachellia. Esses géneros, após a divisão do géneros Acacia sensu lato, ganharam a seguinte configuração:[9][10]

  • Acacia s. s. (anteriormente Acacia subg. Phyllodineae)
  • Acaciella (anteriormente Acacia subg. Aculeiferum sect. Filicinae)
  • Mariosousa (anteriormente Acacia subg. Aculeiferum sect. Acacia coulteri group)
  • Senegalia (anteriormente Acacia subg. Aculeiferum sect. Spiciflorae)
  • Vachellia (anteriormente Acacia subg. Acacia)

Os novos géneros resultantes desta reforma apresentam as seguintes circunscrições:[5][6][7][1]

Usos[editar | editar código-fonte]

Algumas espécies, como Acacia spirorbis, são cultivadas para produção de madeira. Por exemplo, a Arca da Aliança é descrita na [Bíblia]] como sendo feita de madeira de acácia.[13] Na Alemanha, ocasionalmente, a madeira de Robinia pseudoacacia (também conhecida por "falsa-acácia") é comercializada como madeira de acácia.

As sementes de algumas espécies desta tribo podem ser usadas como pseudo-cereal, substituindo em alguns usos alimentares os cereais clássicos.

Algumas espécies são usadas como plantas ornamentais. Os géneros da tribo Acacieae, que muitas vezes são plantadas em regiões quentes como arbustos ornamentais, são muitas vezes designados por «mimosas». Contudo, as espécies de «mimosa» mais conhecidas, por sua vez, incluem espécies do género Mimosa, que na realidade pertence a uma subfamília distinta. Entre as «mimosas» ornamentais merece destaque a espécie Mimosa pudica, um subarbusto tropical de curta duração com características semelhantes às das Acacieae dada os folíolos pinados e inflorescências em cimosas de flores rosadas.

A Acacia nilotica, hoje sinónimo taxonómico de Vachellia nilotica, é usada no sudeste da África e na Índia como madeira para escovar os dentes.

As fibras de acácia, extraídas de espécies de vários géneros desta tribo, são usadas na indústria alimentar.

Na linguagem corrente, o nome "acácia" é muitas vezes utilizado para designar árvores e arbustos leguminosos que não pertencem à tribo Acacieae. Um dos casos mais comuns é a espécie Robinia pseudoacacia, que se assemelha pelas suas folhas e abundância de espinhos às acácias. No entanto, a tribo Acacieae e o género Robinia não são parentes filogeneticamente próximos, pertencendo a diferentes subfamílias das Fabaceae. O mel de acácia europeu, assim comercializado pelos apicultores, é em geral mel de Robinia.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b WorldWideWattle
  2. Philip Miller: The Gardeners Dictionary, 4. Auflage, 1754 bei Google-Books Online.
  3. Electronic Flora of South Australia genus Fact Sheet: Acacia.
  4. a b «Acacia». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN) 
  5. a b B. R. Maslin, J. T. Miller, D. S. Seigler: Overview of the generic status of Acacia (Leguminosae: Mimosoideae). In: Australian Systematic Botany. Bd. 16, Nr. 1, 2003, S. 1–18. doi:10.1071/SB02008
  6. a b R. K. Brummitt: Report of the Committee for Spermatophyta: 55. Proposal 1584 on Acacia. In: Taxon. Bd. 53, Nr. 3, 2004, S. 826–829.
  7. a b David S. Seigler, John E. Ebinger, Joseph T. Miller: Mariosousa, a New Segregate Genus from Acacia s. l. (Fabaceae, Mimosoideae) from Central and North America. In: Novon. Bd. 16, Nr. 3, 2006 S. 413–420. doi:[413:MANSGF2.0.CO;2 10.3417/1055-3177(2006)16[413:MANSGF]2.0.CO;2]
  8. The name Acacia retained for Australian species vom Centre for Plant Biodiversity Research - CPBR (engl.)
  9. Acacia name issue - Melbourne 2011 en World Wide Wattle, 6 November 2013
  10. Tribu Acacieae, post 2005, en NCBI (National Center for Biotechnology Information) - U.S. National Library of Medicine, Rockville Pike, Bethesda MD, USA
  11. a b B. Kyalangalilwa, J. S. Boatwright: Phylogenetic position and revised classification of Acacia s. l. (Fabaceae: Mimosoideae) in Africa, including new combinations in Vachellia and Senegalia. In: Bot. J. Linn. Soc., Bd. 172, 2013, S. 500–523.
  12. D. S. Seigler, J. E. Ebinger: New combinations in the genus Vachellia (Fabaceae: Mimosoideae) from the New World. In: Phytologia. Bd. 87, 2006, S. 139–178.
  13. Livro do Êxodo, 25:10.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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