Academia.eduAcademia.edu
yanomami përɨsɨ Marasmius Përɨsɨ O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria anomamɨ pënɨ urihiterimɨ pë taɨ hɨtɨtɨwehe: kaukau pë rë kui, sikomɨ ãsi heparapɨ pë kãi, yaro pë kãi. Të pë rë tamouwei të pë kãi taɨ hɨtɨtɨwehe. Yanomamɨ pë rë yɨmɨkamayou rë xomaonowei, pei kahikɨnɨ pë yɨmɨkamayoma. Hei tëhë, papeo si pënɨ pë kãi yɨmɨkamayou, ɨnaha si pë rë kuprai: urihi anɨ të pë ã rë pouwei. Ei papeo si kɨ rë kui huxomi ha onioni katehe pë kãi titia. Përɨsɨ (Marasmius yanomami ) e pë sikɨ. Peripo ihirupɨ kë pë. Yanomamɨ suwë pënɨ pë ukukaɨhe, masimasi ma pënɨ wɨɨ pë rë tiyëɨwehei pë riya ha onimahenɨ. Suwë pënɨ hei sikɨ yãpramahe, përɨsɨ pë wãha nohi riya ha wëahenɨ, përɨsɨ pë rë ukukaɨwehei, pë tiyëɨ rë nikereaɨwehei. Ɨnaha papeo sikɨ kuprou tëhë, katehe sikɨ: yanomamɨ puhi taotao xomaomɨ të pë ã xo, napë pënɨ të pë rë taɨwehei të pë ã xo ɨnaha të pë ã titia. Yanomamɨ pë xo, napë taerewë pë xo pë puhi tao mɨ hetuo, ɨhɨ tëhë. Pë payerimayou. Ɨnaha të kuo tëhë, Yanomamɨ pë rë kuaaɨwei, të pë rë taɨwehei të pë hiakaprou totihiwë. Përɨsɨ Marasmius yanomami Përɨsɨyoma pë wãha oni O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria Përɨsɨ Marasmius yanomami Përɨsɨyoma pë wãha oni O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria YANONAMƗ PËMA Ã NO URIHI ƗHƗPƗPOU A série Yanonamɨ pëma ã no urihi ɨhɨpɨpou – Saberes da Floresta Yanomami, fruto da parceria entre a Hutukara e o ISA, tem por objetivo valorizar e fortalecer os saberes e as línguas yanomami. Divulga estudos de pesquisadores yanomami sobre diversas áreas do conhecimento, tradicional ou não. Reúne também pesquisas realizadas em colaboração com especialistas napë pë (não indígenas) e está aberta a outras parcerias institucionais e a diferentes formatos. 2 3 A Associação das Mulheres Yanomami Kumirãyõma (AMYK) foi criada em 2015 pelas mulheres Yanomami da região de Maturacá para valorizar o conhecimento das mulheres e estimular os jovens sobre o conhecimento tradicional, especialmente sobre artesanato. Presidente: Floriza da Cruz Pinto Yanomami Vice-presidente: Margarida Pereira Góes Secretária: Lidia Matos da Silva Tesoureira: Anesia da Silva Lopes Conselheiras: Maria de Jesus Lima, Luiza Lima Góes, Bernadete Pereira Santos, Maria Ilda de Souza Góes O Instituto Socioambiental (ISA) é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), fundada em 22 de abril de 1994, por pessoas com formação e experiência marcante na luta por direitos sociais e ambientais. Tem como objetivo defender bens e direitos sociais, coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, aos direitos humanos e dos povos. O ISA produz estudos e pesquisas, implanta projetos e programas que promovam a sustentabilidade socioambiental, valorizando a diversidade cultural e biológica do país. Conselho Diretor do ISA: Presidente Geraldo Luciano Andrello, Conselheira Marina da Silva Kahn, Conselheira Deborah de Magalhães Lima, Conselheiro Carlos Alberto Ricardo. Secretário Executivo: André Junqueira Ayres Villas-Bôas O PROGRAMA RIO NEGRO SOCIOAMBIENTAL promove e articula processos e múltiplas parcerias a fim de construir uma plataforma de gestão transfronteiriça pela melhoria da qualidade de vida, valorização da diversidade socioambiental, segurança alimentar e produção colaborativa e intercultural de conhecimento na Bacia do Rio Negro, no contexto do Noroeste Amazônico. Trata-se de um território de diversidade socioambiental, um hotspot para a conservação e salvaguarda do patrimônio socioambiental, cuja extensão é de 71 milhões de hectares compartilhados por quatro países: Brasil, Colômbia, Guiana e Venezuela. São 45 povos indígenas, dois patrimônios culturais do Brasil: Cachoeira de Iauaretê e Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. Cerca de 62% do território está sob alguma forma de proteção legal: 98 territórios indígenas, reconhecidos oficialmente, e 15 ainda sem reconhecimento, 23 Unidades de Conservação de Proteção Integral e 11 de Uso Sustentável. O Programa Rio Negro mantém importantes parcerias com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Hutukara Associação Yanomami (HAY), Conselho Indígena de Roraima (CIR) e com outras organizações da sociedade civil e instituições de pesquisa. 4 Coordenador: Carlos Alberto (Beto) Ricardo. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Përɨsɨ : përɨsɨyoma pë wãha oni = Marasmius yano mami : o fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria / [organização Floriza da Cruz Pinto Yanomami, Marina A. R. de Mattos Vieira e Noemia Kazue Ishikawa]. -- São Paulo : Instituto Socioambiental ; São Gabriel da Cachoeira, AM : Associação de Mulheres Yanomami Kumirãyõma, 2019. -- (Saberes da floresta Yanomami ; v. 18) Vários autores. Vários tradutores. Vários colaboradores. Edição bilíngue: yanomami/português. Bibliografia. 1. Artesanato 2. Cestaria indígena 3. Etnobiologia 4. Fungos 5. Índios yanomami - Cultura 6. Índios yanomami - Usos e costumes 7. Mulheres indígenas 8. Povos indígenas - Brasil I. Yanomami, Floriza da Cruz Pinto. II. Vieira, Marina A. R. de Mattos. III. Ishikawa, Noemia Kazue. IV. Título: Marasmius yanomami : o fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria. V. Série. 19-26864 CDD-980.41 Índices para catálogo sistemático: 1. Etnobiologia e fungos : Artesanato : Mulheres yanomami : Histórias e saberes : Brasil : Povos indígenas 980.41 Maria Paula C. Riyuzo - Bibliotecária - CRB-8/7639 Coordenador adjunto em Roraima: Marcos Wesley de Oliveira. Equipe ISA Roraima: Amanda Latosinski Santos de Souza, Ciro Campos de Souza, Felipe Guimarães Reis, Heverton Pereira Ambrósio, José Ignácio G. Gomez Corte, Lidia Montanha de Castro, Lucas Pereira das Neves S. Lima, Manuela Otero Sturlini, Marcolino da Silva, Marília Garcia Senlle, Marina Albuquerque Regina de Mattos Vieira, Matthieu Jean Marie Lena, Moreno Saraiva Martins, Sidinaldo Lima dos Santos. São Paulo (sede): Av. Higienópolis, 901, 01238-001, São Paulo, SP, Brasil tel: (11) 3515-8900 fax: (11) 3515-8904 isa@socioambiental.org Boa Vista: R. Presidente Costa e Silva, 116 – S. Pedro, 69306-670, Boa Vista, RR, Brasil tel: (95) 3224-7068 fax: (95) 3224-3441 isabv@socioambiental.org Manaus: Rua Costa Azevedo, 272, 1º andar – Largo do Teatro – Centro, 69010-230, Manaus, AM, Brasil tel/fax: (92) 3631-1244/3633-5502 isamao@socioambiental.org São Gabriel da Cachoeira: Rua Projetada 70 – Centro, 69750-000, São Gabriel da Cachoeira, AM, Brasil tel/fax: (97) 3471-1156 isarn@socioambiental.org Brasília: SCLN 210 – Bloco C – Sala 112, 70862-530, Brasília, DF, Brasil tel: (61) 3035-5114 fax: (61) 3035-5121 isadf@socioambiental.org Para saber mais consulte: www.socioambiental.org Përɨsɨ Marasmius yanomami Përɨsɨyoma pë wãha oni O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria 2019 Volume 18 da série YANONAMƗ PËMA Ã NO URIHI ƗHƗPƗPOU As informações contidas nesta publicação representam uma parte do patrimônio cultural e propriedade intelectual do povo Yanomami. É expressamente vedada a utilização comercial, direta ou indiretamente, de qualquer informação contida nesta publicação, derivada de conhecimento tradicional associado a material genético, de acordo com os termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. Qualquer outra pesquisa ou difusão das informações constantes dessa publicação deve obrigatoriamente revelar qual é a origem desse conhecimento. Para qualquer uso do conhecimento contido nessa publicação a obtenção do consentimento prévio informado é necessária. Quem fez o livro Autores: Floriza da Cruz Pinto Yanomami, Benedito Paixão, Bernadete Pereira Santos, Carmelita Assis Lopes, Creusa Arcanjo, Diana Moura, Elba Maria Lacerda da Silva, Estrelina Macedo Lopes, Evarildo Dias Gonçalves, Floriano Peixoto Campos, Florinda Moura, Francisca Pena Paixão, Isaque de Lima, Juvenal Lopes, Katia de Lima Goes, Luiza de Lima Góes, Margarida de Souza, Margarida Góes Pereira, Maria Auxiliadora Lins, Maria de Jesus Lima, Maria Ilda de Souza, Maria Neuza Pereira Lacerda, Rosa Santos Pena, Rubens Pena Paixão, Sofia Peixoto Campos, Tereza Teixeira, Thaylla da Cruz Dias Gonçalves, Ursula dos Santos Pereira, Amanda Latosinski, Jadson José Souza de Oliveira , Marília Garcia Senlle, Marina A. R. de Mattos Vieira, Noemia Kazue Ishikawa. Organização: Floriza da Cruz Pinto Yanomami, Marina A. R. De Mattos Vieira e Noemia Kazue Ishikawa. Tradução para yanomamɨ: Anesia da Silva Lopes, Cleiton da Cruz Miranda, Ivanilde Figueiredo Braga, Lídia Matos da Silva, Maura de Souza Pinto, Renata Figueiredo da Silva, Ursula dos Santos Pereira, Waldemar Pereira Lins. Revisão do texto em yanomamɨ: Anne Ballester Soares. Ilustrações: Dedê Paiva. Design e Produção Gráfica: Roberto Strauss (www.robertostrauss.com.br). REALIZAÇÃO Fotos: Rogério Assis, exceto Lucas P. das N. S. Lima (págs. 1, 26, 33, 43 e 68), Marina A. R. de Mattos Vieira (págs. 22, 24 e 32) e Jadson J. S. de Oliveira (págs. 55, 57 e 65). Identificação da espécie: Jadson José Souza de Oliveira. Agradecimentos: William E. Magnusson, Ana Carla Bruno, Ruby Vargas Isla, Cláudio Aparecido Tavares, Moreno Saraiva Martins, William Milliken e Lídia Montanha de Castro. 6 Impressão: BMF Gráfica e Editora. COLABORAÇÃO APOIO Essa publicação foi produzida com apoio da União Europeia. Os conteúdos da publicação são de exclusiva responsabilidade do Instituto Socioambiental e Associação de Mulheres Yanomami Kumirãyõma e podem não refletir a opinião da União Europeia (http://ec.europa.eu/world/). 7 8 9 Wãhɨmamotima parɨomotima Apresentação Hei të hikari rë kui suwë yanonami yama kini yama të no nihi toai, 2015 a raxa ha pëmai a urihi ha a keprarioma, norimi pë kõkao tëhë ei Instituto socioambiental pë xo, ei Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia pë xo. 10 Kumirãyõma a rë kui hekurayoma katehe kë a, puhi riëhëwë të rë keaiwei, puhi toprarou të rë suwë pë ihami keaiwei kë a. Inaha kuwë rë pëmai associaçao e të hikari rë kui no puhiwë hiakaporewë suwë yanonami pë puhi rë kui. Wã wayou të preprouwei tëhë taeihe tëhë suwë mokomoko pëni të no kãi puhiaiwehei hei tëhë, pë puhi kãi taou mi hetuopë të pë wɨɨ tiëi tapropehe. Ei të pë wãha rë kui hami pë puhi taouwei tëhë pe xi toprou mi hetuopë, no ɨhipiaiwei tëhë, yai taprou, hikarimou urihi hami të pë ukukai tapropehe, wɨɨ pë hami pë kãi tiëai tapropehe, pë kãi yãyokai tapropehe. Pata të pëni a rë ukukanowehei të pë wãha no rë ɨhipiaiwei. Përisi a tairë mahei hawë plástico, fio napë a xomi puhiihe yaro a no puhimaimihe ai të pëni, inaha taeni përisi a rë kui urihi a no matohipi yai rë hiakai, a kãi wãrimou rë mai suwë yanonami yama ki yaini yama a no ɨhipipou yama a rë tiëaiwei. Hei siki oni ha suwë mokomoko pëni të tai rë marahei, përisi pë kãi tai rë marahei, pë kãi patai tai rë marahei, pë kãi ukukai tai rë marahei, wɨɨ pë hami pë kãi tiëai tai rë marahei. Este livro é fruto do trabalho da Associação de Mulheres Yanomami Kumirãyõma, criada em 2015 na região Maturacá da Terra Indígena Yanomami, em colaboração com o Instituto Socioambiental e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Kumirãyõma é um espírito feminino que traz beleza, saúde e alegria para as mulheres. E da mesma forma a nossa associação tem trabalhado para valorizar e fortalecer os saberes das mulheres yanomami. A motivação para o desenvolvimento desta pesquisa foi reacender o interesse das moças mais jovens pelos conhecimentos tradicionais relacionados à confecção das cestarias. Isso significa despertar o interesse para reconhecer, selecionar e manejar as matérias-primas na mata até saber tratá-las para trançar os cestos e conhecer as histórias de nossas antepassadas. Quem não conhece o përɨsɨ às vezes pensa que é fio de plástico ou fio tingido e acaba desvalorizando o nosso trabalho. No entanto, o përɨsɨ é um recurso natural muito resistente e duradouro, que só nós mulheres yanomami sabemos reconhecer e usar no nosso artesanato. Neste livro vamos contar para as moças jovens e para aqueles que não conhecem o përɨsɨ como o identificamos, como ele cresce e se reproduz, como o coletamos e como o utilizamos para enfeitar nossa cestaria. E apresentamos à ciência uma nova espécie de fungo, o Marasmius yanomami. 11 Përɨsɨ amoapɨ Canto do përɨsɨ1 Taei të kuo tëhë hei sikɨ oni rë kui, suwë kõmi pëmai associação të hamɨ pë kuoma puhi topraroranɨ pë amoamou xoatiranɨ. Hei kete amoa perɨsɨ yama pë taei tëhë. Ukukaɨ, ukukaɨ ukukaɨ Kumirãyõma pënɨ përɨsɨ a Ukukaɨ ukukaɨ ukukaɨ Durante o processo da pesquisa para fazer este livro, muitas mulheres de nossa associação participaram felizes e cantando sempre. Este é o canto que fizemos enquanto estávamos procurando o cogumelo do përɨsɨ. Puxar, puxar, puxar, Kumirãyõma juntas puxam o përɨsɨ Puxar, puxar, puxar 12 13 1. As letras no alfabeto yanomamɨ são pronunciadas como em português, com exceção de: ë - [Ə] vogal central média não-arredondada; e ɨ [ɨ] vogal central alta não-arredondada. Të pë ã oni rë titire Sumário 14 1 Wãha hayupraɨ Introdução sobre a pesquisa intercultural ........................17 2 Exi kë të përisi? O que é o përɨsɨ? ..........................................................................21 3 Weti naha a përisi pataɨ kuwë? Como e onde o përɨsɨ cresce? ...................................................27 4 Weti naha a ukukamou kuwë përisi? Como coletamos o përɨsɨ? .........................................................36 5 Weti naha yama a kãi kuaaɨ përisi? Como utilizamos o përɨsɨ?.........................................................44 6 Përisi ei wii yanonami O përɨsɨ e a cestaria Yanomami ..............................................48 7 Përɨsɨ yama pë wāha nohi wëaɨ, napë pë iha Përɨsɨ, uma nova espécie para a ciência...............................54 Morphological description/ Diagnose of Marasmius yanomami sp. nov. .........................58 Papeo yama si pë mɨɨ parɨopërei Bibliografia ....................................................................................69 15 Wãha hayupraɨ Introdução sobre a pesquisa intercultural 1 Përisi pë rë kui urihi hami pë kuprawë suwë yanomami yama kini wɨɨ pë hami yama të pë tiëai, urihi hami kamiyë yama kini yama pë ukukai. Përisi wa ukukapë pei wa të pë no urihi ɨhipipopë weti ha pei a yai pataa kure, pei a he xipukutupɨ ha wa tiraapë, nohi hõrihiwë wa ukukapë, moyawë wani wa kãi ukukapë no wãriwãri, oru, suhi, makararo, wãikoxiemi, etc. 16 Yama pë ukukai tëhë pëmai hẽaropi pëni wamare ki kãi tietimaihe, suwë të pëni pë no mahu ihipipou kurahei tëë të pë ihami të pë mahu wãhimamou. Kuikë suwë notiwa të pëni të pë no ihɨpɨaɨ pexiomihe, urihi hami të pë wayumi hui pexiomi, përisi pë ukukapehe, too toto pë ikokapehe, nii urihiterimi pë xo, ɨnaha taeni yama ki puhi owaharani yama të oni ëyëkai yama ki puhi wãha hipëyorani, no puhiwë puhiamoni suwë notiwa pë iha. Hei siki oni rë kui pei siki yai pei yama të pë wãha no rë wayoai hërëkouwei të pë rë wãriiwehei hami: – Exi të wãha? – Xirepuma rë siki? – Hei too ixiixi rë toto? – Mihi miximixi ma rë kë a? Hei siki oni ha yama të wãha nohi rë wëai xi rë toprare pëmai huya pë iha, ei napë pë iha përisi pë rë pataiwei, weti e pë natohipi, weti naha pë ukukamou rë kuaaiwei, weti ha pë yai ukukamou,weti naha yama pë rë taiwei. Napë pruka pë puhi rë kuiwei hawë xirepuma pë puhiihe të pë no puhiaimihe. Kuwë rë yaro përisi pë rë kui urihiterimi të pë yai suwë yanonami pëni pë no ɨhɨpɨpouhe, pë wãrimou haio rë mai, pë xii maimi, no u kãi maimi, a kãi hiakawë. Hei të taei rë kui ha Associação Kumirãyõma, norimipi pë iha payeriporewë të ha taeprarini ISA, Icmbio ei pë xo. Pruka yama kini hapa wayumi yama të taprarema 2017 të ha. Ɨhi të noti hami wano xoo yama të taprarema taerewë INPA teri pë iha ɨha ai yama të wayumi taprarema 2018 të ha. Wã wayou Kumirãyõma pë xo ei napë taerewë pë xo kë të hei hikari siki oni, hei siki oni rë kui ha suwë yanonami të pë puhi tao no rë motahai të pë puhia. Hei të hikari rë kui pei kë të yai yama ki puhi wãha no riya ha wëoni weti naha përisi yama pë tëaprai rë kuaaiwei, hei të puhi tao rë hëowei pëmai ihiru pë iha pëmai tëë pë iha ei hekamapi të pë iha. Yama të riya ha wahimiponi, rurami siki mahu tëapramou rë mai pëmai wɨɨ pë hami pei yama ki wãha riya ha aka praukoni, weti naha suwë yanonami pë hikarimou rë kuaaiwei. 17 O përɨsɨ é uma matéria-prima que nós mulheres yanomami coletamos na floresta para enfeitar a cestaria confeccionada por nós mesmas. É uma espécie conhecida por todos nós Yanomami, mas em outras regiões da Terra Indígena Yanomami o përɨsɨ pode ter outros nomes, como uxiuxi kɨkɨ 1. 18 Para coletar o përɨsɨ, é preciso conhecer onde ele cresce, reconhecer os indicadores que apontam o caminho para encontra-lo e ter muito cuidado na hora de puxar os fios, pois podemos encontrar cobras, escorpiões, lacraias e aranhas. Nossos maridos nos acompanham nas coletas e geralmente andamos juntos na mata. No entanto, o conhecimento sobre como utilizar o përɨsɨ é específico das mulheres e passamos das mães para as filhas. Hoje em dia, as jovens não se interessam mais em fazer incursões na floresta (wayumi) e coletar përɨsɨ, cipó, caranguejo e outros alimentos, portanto estamos preocupadas em registrar nossos conhecimentos para que sejam passados e valorizados entre as jovens yanomami. Este livro também é importante para podermos explicar para as pessoas que não conhecem o përɨsɨ e sempre nos perguntam: - O que é isso? - Isso é fio de plástico? - Este fio é cipó pintado? - Isso é fio de samambaia? Neste livro queremos contar aos nossos jovens e aos não-indígenas sobre o processo de crescimento do përɨsɨ, quem são os seus parentes, como coletamos, onde coletamos, e como usamos. Muitos não-indígenas acham que o përɨsɨ é plástico e desvalorizam a nossa cestaria. No entanto, o përɨsɨ é uma matéria-prima da floresta, conhecida pelas mulheres yanomami e que dura muito tempo, sem perder o brilho, a cor e a resistência. Para fazer a pesquisa, a Associação Kumirãyõma buscou apoio dos parceiros do Instituto Socioambiental (ISA). Juntos fizemos o primeiro wayumi em 2017. Depois convidamos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e fizemos outro wayumi em 2018. O intercâmbio entre as associadas da Kumirãyõma e pesquisadores não-indígenas resultou neste livro muito rico de sabedorias das mulheres yanomami. Este trabalho é importante para registrar o nosso conhecimento de como usamos e manejamos o përɨsɨ e estes saberes ficarem como herança aos nossos filhos, filhas, netos e netas. E é importante também para mostrarmos que não é só para ganhar dinheiro que fazemos nossa cestaria, mas sim para divulgarmos como nós mulheres yanomami trabalhamos. 1. No livro Urihi a: A Terra-floresta Yanomami (2009), B. Albert e W. Milliken descrevem o uso de um rizomorfo de fungo preto chamado uxixi kɨkɨ na região do Rio Demini. 19 Exi kë të përisi? O que é o përɨsɨ? 2 Përisi a rë kui ixiixi raperape hiakawë, wɨɨ pë hami të pë tiëamou. Ei të masita rë kui peripo pë hami të pë hai, hii hi pë horepi hami të pë hai urihi hami të pë hai. Përisi pë rë kui tauwexi kë pë, pë aka huhërii urihi hami, tauwexi të pë hami pë ni tëoprou, tutetute pë wai hami. Tauwexi të pë kahorawë, hawë wana pëka kuwë Përisi pë hami peripo isitonipi pë wai kuaai. Përisi pë hami peripo pë wai rë kui ĩsitonipi pë mataki wai kuaai tauwexi të pë rë kure naha pë rë pataiwei, pe he rë yohoowei ixihihiwë të pëni. 20 Pe he rë yohoowei ha namonamo yama të pë taprai pei te hi pë rë kuaaiwei hami, të pë himo kuaai. Biólogo pë rë kuiwei naha, përisi pë rë kui peripo kë pë wamotima sikomi ãsi pë heparapi, ãtama kë ki, ikimo, totori mamiki, moka amokɨ ei haya kasiki, ai e pë përisi heparapi rë kui të pë tauwexi kuaai, pë hiakawëmi, kuwë ha re yama pë tiëaimi. Weti ha yama të wãha no rë hiriaiwei, yanonami yama kini përisi yama a rë tiëaiwei wɨɨ pë hami kiritami, kuxiximi pëni, pë përisi mahu tiëaihe, pei yapiki ha. Hei të oni ha pruka kiritami pëni përisi pë tiëaihe pë yapiki tao ha. Yanomamɨ yama kɨ iha urihi a nohi rë pëyëpouwei të kãi kua, too toto pë rë kui ei përɨsɨ, pei henakɨ, ei pei të pë no nomapɨ rë kuinɨ të pë nohi pëyëpou pëmai matohi urihi hamɨ të pë rë kuprai, kuwë ha rë pëma të pë henakɨ hoyoaɨ tëhë, wãrihito wa të maranɨ, wa të pë tëaprapë, wa të pë wãriaɨ maranɨ, përɨsɨ pë rë kui. Wɨɨ pë tiëmou tëhë mi titi ha nohi hõrihiwë të kuo. Nohi pëyëporewë a huɨ tëhë masita pë kõai tëhë wa wãrihitoprario. Suwë pë nohimaimi, wãro pë mahu nohimai, kuwë rë a makui suwë yama kɨnɨ yama pë përɨsɨ, ei too toto pë xo ikokaɨ. Përɨsɨ pei yama pë nohi hõriporanɨ yama pë ukokaɨ,urihi hamɨ hekura pënɨ urihi nohi pëyëporewë a yapëkaɨhe tëhë yama pë ukukaɨ, pei wamare kɨ tapraɨ maopë henakɨ tëapramou tëhë. Ɨnaha yama të pë pëmai matohi tëapraɨ kuwë. Pei yama kɨ nohi kãi hõrihiranɨ yama kɨ urihi hamɨ huɨ. Wamai tomou tëhë ai të pë no hekura uhutipɨnɨ, të pë rii nohimaimihe ɨhare të nohi hõrihiwë kua kure. Kuwë ha rë urihi niipɨ rë kui a huxutou maopë, urihi ha përɨsɨ yama a rë tërenowei ha yama kɨ kãi huɨ xokei mau u kasi ha yama a tërema, ai tëhë ai a urihi maxi ha yama a rii tëaɨ piëo ɨnaha too rë toto pë ha kãi, ɨnaha kuwë pei urihi rë niipɨ waiterimoimi. 21 22 O përɨsɨ é um fio preto longo e muito resistente que usamos para enfeitar a nossa cestaria. Este fio preto é uma estrutura de crescimento do fungo, que descrevemos neste livro e chamamos de Marasmius yanomami. Tal estrutura é chamada rizomorfo, usada para se espalhar entre as folhas caídas e paus podres pela serapilheira da floresta. O nome “rizomorfo” significa “que tem forma de raiz”, mas só diz respeito ao seu aspecto, pois sabemos que o përɨsɨ é um fungo e não uma planta. O rizomorfo do përɨsɨ é abundante e se ramifica para explorar uma área maior do chão, em busca de madeira podre para se alimentar, água e outros nutrientes. Através dos rizomorfos, os nutrientes são levados para todo o fungo, principalmente para as partes jovens que estão crescendo. Por isso, o rizomorfo é oco no centro, parecido com cana de flecha. O përɨsɨ produz pequenos cogumelos para se reproduzir. Os cogumelos do përɨsɨ têm o pé fino como o rizomorfo de onde eles crescem, e um chapéu pequeno e marrom escuro. Embaixo do chapéu vemos pequenas lâminas que são chamadas de lamelas, onde são produzidos os esporos bem pequenos, que são como as sementes nas plantas, que dão origem a novos indivíduos. Segundo os biólogos, o përɨsɨ é parente distante dos cogumelos que colhemos para comer como o sɨkõmiãsikɨ (Hydnopolyporus fimbriatus), ãtamakekɨ (Polyporus philippinensis), ɨkɨmõ (Lentinus concavus), totorimamikɨ (Lentinula raphanica), mokaamokɨ (Pleurotus albidus) e hayakasɨkɨ (Favolus brasiliensis). Outros fungos parentes mais próximos de përɨsɨ podem produzir rizomorfos, mas não são tão resistentes e por isso não utilizamos para enfeitar as cestarias. Até onde sabemos, além das Yanomami que usam o përɨsɨ nas cestarias, apenas o pássaro kuxiximi sabe usar o përɨsɨ para fazer seus ninhos. Na literatura científica, há registros de cerca de 100 espécies de passarinhos que usam rizomorfos semelhantes ao përɨsɨ em seus ninhos, assim como o esquilo-voador (Glaucomys volans). Para nós Yanomami existe a protetora da floresta, cujo cabelo é o cipó too toto e o përɨsɨ são seus pelos pubianos, sendo que os insetos, aranhas e cobras que vivem na serapilheira são seus piolhos. Ela protege os recursos da floresta e por isso, quando nós arrancamos seus cabelos e seus pelos, precisamos fazer com cuidado e aproveitar o máximo possível, sem deixar os fios do përɨsɨ estragarem. Quando tecemos os cestos à noite, corremos perigo, pois é quando a protetora anda em nosso mundo e ela pode querer puxar os fios de volta e nos fazer mal. Ela não gosta de mulheres, só gosta de homens, mas mesmo assim, somos nós mulheres que coletamos os cipós e o përɨsɨ, pois temos mais cuidado e delicadeza para arrancar. Quando estamos 23 24 na mata coletando, os xamãs trabalham para distrair a atenção da protetora, para que ela não nos veja nem nos sinta tirando seus cabelos e pelos e, assim, possamos coletar nossa matéria-prima. Também temos o cuidado de não andar na mata quando estamos menstruadas, pois ela e outros espíritos da floresta não gostam do cheiro e assim corremos perigo. Para não ofender a protetora, nós fazemos um rodízio das áreas onde coletamos o përɨsɨ. Se coletamos hoje no igarapé Batatal, da próxima vez já iremos em outro lugar e assim por diante. Fazemos o mesmo com o cipó. Desse jeito o përɨsɨ e o cipó não acabam e a protetora não fica brava. 25 Weti naha a përisi pataɨ kuwë? Como e onde o përɨsɨ cresce? 3 26 Përɨsɨ pënɨ të pë nohi rë yaipouwehei, hii hi pë poko hirao pë ha taretare hi pë poko, yãa hena e hirao pë ha, pita herehere pë kuopë ha ei urihi pë pãimiopë ha. Maa a kei no motahao tëhë kuaaɨ tieti peripo abril, ei maio, ei julho kɨpɨ kuo tëhë pë përɨsɨ pë përɨsɨ pataɨ hërëkëwë pei pë aka kãi praukou, kuwë rë yaro pe he hao hërëkëwë ɨhɨ tëhë. Mau pei u no puhiwë xi këyohowë përɨsɨ pë pataɨ hërëkope, pë hiakaopë pei pë xii waroopë. Të pë haxitio tëhë, pë pataɨ kõo tama, makui pë nɨɨpɨ yai tẽmɨo xoao tëhë, përɨsɨ ai pë rii, kuwë rë yaro Rizomorfo pë wãha rë kuprai pë kãi taamaɨ kuwë rë yaro të pë wamoimi. maxi kuopë naha, esporo urihi a he rëopë ha a kerayoma të no si ahiopë ha esporo pei pë rarou. Urihi kama a no matohipɨ kãi keo. Biólogo pë ã rë haɨwei esporos anɨ isitonipɨ wa të masita no wai taprapɨ mai pei mamonɨ ei hifas të pë wãha rë kui, ei të pë rë wãha, ei të pë rë kui të pë ha kõkaopronɨ micelio të pë kuprou përɨsɨ a yai kuprou xoao. Ei a micelio iha a kõprapopë, esporo përɨsɨ ai a ihamɨ, ai a he ha haanɨ, micelio pei kɨpɨ kõkapropë përɨsɨ tutetute a kepɨprapë. Biólogo pë ã kãi rë haɨwei përɨsɨ wãha kãi takema ai maxi urihi ha pë kãi kama rarou. Kuaaɨ tieti ɨnaha taeni ai a maxi taɨ mai kë të kama a kua waikire. Të pë humaɨ ha urihi hamɨ të pë he haamou përɨsɨ pë rë kuprai pei pë yai rë wãhɨmɨpouwehei përɨsɨ pë nɨɨpɨ yai, pei pë yai ixi hẽete mamo prewëprewë pë keyou, horehore isitonipɨ ei auau pë kãi kuprawë hii hi pë horepɨ hamɨ, kuaaɨ tieti kõmi yaitawë pë kãi pë kaɨ kuprawë pë wamou rë mai peripo kë pë ei pë rë kui wakëwakë kë pë. Peripo a xiro kuprawë ha ei horehore pë wai xo përɨsɨ pruka a kuprawë urihi hamɨ të pë. Ai të rë kui përɨsɨ pei pe he kãi au yaiatarou. Ei të pë wai rë hii houwei tukutuku të pë wãha wai, tutetute ai pë wai haɨ rë kõowei kë pë, ɨhamɨ rë pë përɨsɨ pataɨ kuaaɨ tieti e kãi aka praukou. Përɨsɨ pita a hamɨ pë pataɨ hii hi pë poko prërëno hiramopë hamɨ pei pë iaɨ yaro, kuaaɨ tieti hii horepɨ hi pë rë uprahai hamɨ pë kãi tuo makui, pë no ɨhɨpɨ tuo rapaaɨ tama, kuaaɨ tieti pei pë tuowei hei pei pë no sikomɨpɨ ãsi kuaaɨ. Përɨsɨ a yai rë kepramaɨwei kë pë, esporos të wãha kuawei kãi keaɨ pei a rĩya ha raronɨ. Esporos ãhiãhi anɨ a tëapraɨ mau unɨ ei hõra hesi pënɨ ai të Ɨhɨ tukutuku të namo kuopë ha isitonipɨ ixiixi e të kua kure hiakawë auau tukutuku e te he riya ha rumaponɨ a pata mai. Përɨsɨ pita auau pë ha praopë ha pe kãi kuo, makatahupɨ të ha, makui pei të no si kãi mahu ahiopë ha pë kãi no ɨhɨpɨ pataɨ tama. Hikari tëka pë tamou ha përɨsɨ pë pataɨ kõo tama peripo uxi no ɨhɨpɨ kua yaro ei pita a kãi no ɨhɨpɨ ixi yaro, kuwë yaro hikari tëka iha kuaaɨ kõamakema a urihi patanorayoma përɨsɨ a rarorayou pë nɨɨ a rë pita a huxomi ha kuprarionowei a nomaɨ maoma. Ɨhɨ a pita xiro kuopë ha hikari tëka xiro pata yaimou kukemahe përɨsɨ a rarou kõo mai kë të. 27 29 Urihi pei pë yai rë kui, përɨsɨ pë rë ukukamouwei, pei ma pë nasiki hamɨ pë tëoprou, payëkë hamɨ, yama të pë urihi no ɨhɨpɨpou, përɨsɨ pë rë kuprai hamɨ, pei a pata rë waiki yama pë ukukaɨ, ihirupɨ pë rë kui yama pë hëaamaɨ, waihamɨ a ha patarɨnɨ yama ukukaɨ puhio yaro ai pë maxi urihi rë kui hamɨ, yama pë ukukaimi, përɨsɨ Waputa, Kupupisiwei ei kɨpɨ urihi. Marié a urihi ha a no ɨhɨpɨ përɨsɨ kua kure yama a tëapraɨ haɨa tama xi wãrihiwë të kuaaɨwei tëhë, kuikë hei yama pë rë ukukaɨwei hamɨ, pë mai tëhë, yama pë rii tëapraɨ puhio yaro, pë urihi ai hëaamamou. Pei pë no përɨsɨ watëo maopë. Maturacá a urihi ha përɨsɨ pë rë ukukamouwei hamɨ wãhɨmamotima no uhutipɨ Locais de coleta de përisi na região de Maturacá 30 31 Comunidades Áreas de coleta de përisi Fonte: Comunidades (ISA, 2018); Áreas de përɨsɨ (Kumirãyõma, 2018); Hidrografia (IBGE, 2006). Organização: Lucas P. das N. S. Lima/Lab. Geo ISA-RR. Përɨsɨ gosta de lugares onde tem galhos caídos, troncos podres, folhas caídas, solo úmido e mata fechada. É no tempo das chuvas, entre abril e julho, que o përɨsɨ cresce mais e se espalha, ficando abundante e mais fácil de achar. A água é muito importante para que o përɨsɨ cresça bem, ficando mais forte e brilhante. No período da seca, ele para de crescer, mas sua mãe continua viva por debaixo da serapilheira. A mãe do përɨsɨ é outra espécie de fungo (Polyporus sp.) que também produz rizomorfo, mas nós não a utilizamos, pois seus fios são mais quebradiços e opacos que o përɨsɨ. 32 Quando andamos na mata, nós identificamos outras espécies que indicam onde podemos encontrar o përɨsɨ. As principais espécies indicadoras são a mãe do përɨsɨ, florzinhas pequenas e brancas, que também crescem nos paus podres, e vários tipos de cogumelos que não comemos (peripo), especialmente uns que parecem tacinhas de cor laranja (Cookeina spp.) Quando está cheio de peripo e florzinha, é porque a mata está cheia de përɨsɨ. O përɨsɨ cresce no chão se prendendo em galhos e troncos caídos, dos quais ele se alimenta, mas também sobe nos troncos podres que ainda não caíram. Ele não sobe muito alto, mas é quando sobe que produz o cogumelo (1. Ver o ciclo de vida das págs. 34 e 35). O cogumelo é a estrutura Às vezes o përɨsɨ e a mãe do përɨsɨ formam um fio diferenciado que tem a ponta branca. Em língua yanomami chamamos esta parte diferente de tukutuku, porque ela é nova e branca e é por onde o përɨsɨ cresce e se espalha. Na ponta do tukutuku do përɨsɨ tem uma pequena capa preta e dura que protege a parte branca que cresce. de reprodução do përɨsɨ, onde ele produz seus esporos. Os esporos são soltos no ar e são levados pelo vento, água ou insetos para outros locais (2). Quando o esporo cai no solo úmido, sombreado e com pau podre e folhas, eles germinam. A natureza, ela própria, se planta. Os biólogos dizem que os esporos germinam produzindo minúsculos fios transparentes que não são visíveis a olho nu, chamados de “hifas” (3). As hifas crescem e ramificam bastante, formando um conjunto chamado de “micélio”. Para formar um përɨsɨ completo, este micélio precisa se juntar a outro micélio gerado por outro esporo de përɨsɨ (4). Quando encontram o par, os micélios se unem e um novo përɨsɨ nasce (5-6). Os biólogos também dizem que o përɨsɨ pode se reproduzir quando parte do fio é levado para outro local na mata. Porém, desta forma não precisa procurar um par, porque já está completo. O përɨsɨ pode nascer também em chão limpo, arenoso, mas só onde tem sombra e mesmo assim não cresce muito. Quando nós abrimos uma área para fazer roça, o përɨsɨ para de crescer, porque tem muito sol e a terra fica queimada. Se paramos de fazer roça ali e a capoeira cresce, o përɨsɨ pode brotar de novo, mas só se a mãe dele, que fica debaixo da terra, não tiver morrido. Se nós fizermos roça muitos anos no mesmo lugar e a terra ficar desgastada, o përɨsɨ não nasce de novo. Os principais lugares onde nós vamos tirar përɨsɨ são no pé da Serra do Opota, que é longe. Nós conhecemos muitos lugares onde tem përɨsɨ, mas só coletamos onde ele já está grande. Deixamos os fios crescerem primeiro para depois coletar. Tem também os lugares que deixamos de reserva do përɨsɨ e nunca tiramos dali. São o Waputa, Kupupiswei e rio Marié. Sabemos que tem muito përɨsɨ nesses lugares, mas não usamos ainda. Quando começar a ficar difícil de coletar përɨsɨ onde usamos hoje, vamos começar a usar essas reservas. E assim vamos revezando as áreas de coleta para o përɨsɨ não acabar. 33 Përɨsɨ pë rë temɨhërɨɨwei pei kë yo Ciclo de vida do përisi 34 35 Weti naha a ukukamou kuwë përisi? Como coletamos o përɨsɨ? 4 36 37 1 Përisɨ yama a ukukaɨ mɨ huhërɨɨ tëhë pë nɨɨ. Horehore auau, peripo ihirupɨ yama pë rë tapraɨweɨ hamɨ, yama pë no pë ikuo katitio. Nós coletamos nos lugares onde já sabemos que tem përɨsɨ, seguindo os indicadores, como a florzinha branca, a mãe-do-përɨsɨ e os cogumelos que não comemos (peripo). 2 Pei yama pë hëtitou nohi ha taponɨ opisi yama pë ukukaɨ. Nós puxamos o përɨsɨ devagar para os fios não quebrarem. Perisɨ raperape hiakawë yama pë yaihërɨɨ raperape yama pë ukukaɨ. 3 Nós só escolhemos os fios maduros do përɨsɨ, que são firmes e compridos. 38 39 4 Pei yama kɨ imɨkɨ keo kiriranɨ yama të pë ukukaɨ ei suhi, ei xĩho, ei oru, ei të pë iha yama kɨ ninii nohi hõrirani. Nós tomamos muito cuidado por onde colocamos as mãos para não levar ferrada de escorpião, tucandeira ou picada de cobra. Përɨsɨ pei a no watëo maopë yama pë ai hëaamaɨ. 5 Nunca tiramos todos os fios de përɨsɨ e também deixamos os fios novos para continuarem crescendo. 40 41 6 Përɨsɨ yama a ukukaɨ tëhë yama kɨ ohi puhio nikerou. Oko yama pë xëi, maroha, sikomɨ, xirakomɨ, kumato, hoko mahi, wãima, hõa ãhe, wito. Wãro pënɨ wamare kɨ kãi tietimaɨhe. Quando nós vamos coletar o përɨsɨ na floresta, também coletamos muitos alimentos, como caranguejo, peixes pequenos, cogumelos1, folhas xirãkomɨ2 e muitas frutas3. Os homens também nos ajudam. 1. Para referência sobre a diversidade de cogumelos comestíveis conhecidos pelos Yanomami ver Ana Amopö: Cogumelos Yanomami (Sanuma et al., 2016). 2. Uma espécie da família wMarantacea, provavelmente do gênero Monotagma sp. (Albert e Milliken, 2009). 3. Alguns exemplos citados são: piquiá (Caryocar glabrum ou Caryocar pallidum), patauá (Oenocarpus bataua), açaí (Euterpe precatoria), cupuí-do-mato (Theobroma subincanum) e caju-do-mato (Anacardium giganteum). 7 Too yama pë toto pë ikokaɨ, uwëmɨ pë xo, wɨɨ yama pë riya ha tiënɨ. E também coletamos os cipós para fazer as cestarias. 42 43 Weti naha yama a kãi kuaaɨ përisi? Como utilizamos o përɨsɨ? 5 Përɨsɨ yama pë ha ukukuapranɨ yama pë tesitesi pë hoyaapranɨ makatahu, hii horepɨ, kama atawexi pë rë hëaawei. Yama a riya ha homanɨ yama pë kãa, pei a hëtɨɨ maopë. 1 Depois de coletar o përɨsɨ, nós limpamos ele bem. Tiramos o barro, as cascas de pau podre e os ramos que ficam grudados no fio. Também deixamos ele na água para ficar mole, pois se ele secar, ele arrebenta fácil. 44 45 Yama pë yaiapranɨ auau yama pë yãyokaɨ. 2 Organizamos os fios limpos para começar a trançar. 3 Përɨsɨ yama pë yãyokapë opohesi pë xo, raperape pë xo yama pë teteaɨ xoaonɨ yama pë yãyokaɨ. Para trançar, nós juntamos os fios mais curtos e os enrolamos com os fios mais compridos, formando feixes mais grossos ou mais finos de acordo com o gosto da artesã. 46 47 Përisi ei wii yanonami O përɨsɨ e a cestaria Yanomami 6 Përɨsɨ pë rë kui yama pë rë tiëaɨwei, pei yama të pë no riya ha aɨpɨamanɨ. Xoma yaiwë të pënɨ pë tiëanomihe, urihi hamɨ të no u pë tiëamahe. 1970 a raxa kuo tëhë yama të pë tiëaɨ posi prakema, yama të pë oni yaiataraɨ, përɨsɨ tiëɨ, masimasi ma riyëriyë nara xi pënɨ. Yëtu hamɨ, kẽpo uhi si pë hamɨ, yama të pë hexihama, yama të pë no u riya ha hiakamaponɨ xii praahamaɨ, të no ha tetehetonɨ, masi pë wãrimou ha tikoonɨ, ɨnaha taeni yama të pë taɨ kõomi, nara yama xi pë hɨprɨaɨ mahu, pei masi pë hamɨ. 48 Porakapɨ të kɨpɨ oni wɨɨ të pë hamɨ kua kure pei të kɨpɨ wãha yai yanomamɨ të pë iha. Wataperariwë, ei Wãikõyariwë xo kɨpɨ wãha yëtu hamɨ. Ei kuikë xapono pë rë hamamouwei naha pë kãi hamamoma pë riya ha reahumonɨ Wataperariwë kɨpɨ xapono a ha përɨoma, ai a xapononɨ kɨpɨ nakarema reahu të ha. Wataperariwë a yãprou hitërayoma hẽpara iha. Hẽparanɨ a yãpraɨ ha no ha watëronɨ, kɨpɨ kõkakema kama e pë kãi rë hunowei ha, pei a mɨ ha tarɨikunɨ, hẽpara e mɨ xikakema, a ha kõikunɨ, të pë wãrima: Huya pë wama kɨ oniprario kuhe? Kama e pë mamo xatiprakema, katehe a oni kuoma, a oni xii kuaama , ai e pë puhi rë toonowei, e pë puhi too ha, oni wãritiwë e pë oruama, urihi hamɨ e pë huokema. Wãikõyariwë pora Wãikõyari a ha a përɨkema, yahipɨ kukema, Wataperariwë hekura a kuprarioma a oni no xi hãrirawë no kirii Watapera kɨ ha a përɨkema, hẽpara xo. Ei të wãha hamɨ të pë oni taɨhe, wɨɨ pë kasikɨ hamɨ, oru pë oni rë kure naha, Wataperariwë ei Wãikõyariwë e të oni xo. Ai të pë oni rë kui yama të pë rë taɨwei masimasi ma yama pë rë tiëɨwei, katitiamaɨwei, yama të pë oni rë wɨɨ, xoto, motorohima. Yama të pë no aɨpɨaɨ tarei, yama kɨ puhi ha taonɨ yama të pë no kãi puhiaɨ, wɨɨ pë rë kui. Motohima Xoto Usamos o fio de përɨsɨ para deixar a cestaria mais bonita. Nossas antepassadas não usavam përɨsɨ, usavam apenas pigmentos naturais. Na região Maturacá, nós é que começamos a usar o përɨsɨ na década de 1970. Fazemos diferentes desenhos na cestaria, trançando përɨsɨ com cipó1 cru ou pintado de vermelho com urucum (Bixa orellana). Antigamente, nós misturávamos urucum com casca de ingá2 que ajudava a reter a pintura e a ficar mais brilhante, mas com o tempo a pintura criava mofo, então deixamos de usar a casca de ingá e seguimos apenas com o urucum direto no cipó. 1. As mulheres Yanomami utilizam principalmente tiras das raízes aéreas das espécies Heteropsis flexuosa e Philodendron divaricatum (Albert e Milliken, 2009). 2. Albert e Milliken (2009) descrevem o uso de pelo menos 13 espécies de ingá pelos Yanomami. Wɨɨ Dois dos desenhos que fazemos na cestaria tem uma história muito importante para os Yanomami. É a história do Wataperariwë e do Waɨkõyariwë. Antigamente como até hoje em dia, as comunidades se visitavam para festejar. Wataperariwë e Waɨkõyariwë e seu povo foram convidados para a festa da banana (reahu) em outra comunidade. Todos estavam se pintando para chegar na comunidade que os convidou. Wataperariwë foi se pintar escondido do grupo com sua irmã. Quando a irmã terminou de pintar Wataperariwë, eles voltaram para o grupo, ele na frente e ela atrás. Quando ele chegou, perguntou: “rapazes, vocês já terminaram de se pintar?”. Todos do grupo olharam para ele e viram como ele estava lindo, sua pintura brilhava. Isso fez com que os outros ficassem com inveja de Wataperariwë. Naquele mo- 49 Wɨɨ pë onimou rë yaitai naha, xoto he pë onimou rë yaitai naha wãhɨmamotima Diversidade de grafismos usados na cestaria mento, Waɨkõyariwë e os outros rapazes que sentiram inveja, se transformaram em cobras, com pinturas feias e se espalharam pelo mato. Waɨkõyariwë foi embora para a cachoeira do Sucuri (Wãɨkõyana a pora) e lá virou sua casa. O Wataperariwë continuou sendo um pajé com sua linda pintura e foi morar na Serra Watapera, junto com sua irmã que cantava “kasi, kasi, kasi”, em apoio ao irmão. Essa história inspirou os grafismos que remetem aos desenhos dos couros de cobras. Wata significa jiboia e Wãɨkõya significa sucuri. 50 Existem outros desenhos que nós criamos, trançando o përɨsɨ e o cipó em linhas simples, duplas, triplas, no sentido horizontal, vertical ou diagonal. Nós vamos cada vez mais aprimorando os desenhos, aprendendo umas com as outras para valorizar nossa cestaria. Nós fazemos esses desenhos nos cestos wɨɨ, que é o cesto mais alto, que utilizamos para carregar lenha, mandioca da roça e outros alimentos da floresta; e no xotó, que é um cesto mais baixo e aberto, que utilizamos mais em casa, para guardar os alimentos. Estes dois tipos de cestos são os que fazemos há muitas gerações, mas também aprendemos novas formas de cestos na convivência com outros povos indígenas do Alto Rio Negro e com os não-indígenas, como o motorohima, que é o cesto com tampa. 51 52 53 Përɨsɨ yama pë wāha nohi wëaɨ, napë pë iha Përɨsɨ, uma nova espécie para a ciência 7 54 Kamiyё Yanonamɨ yama kɨnɨ, pёrɨsɨ yama pё wahɨmɨkei kurei napё wama kɨ iha, taerewё (Inpa teri) yama pё xopou tёhё yama kɨ rĩya ha payerimamoponɨ, pёmai tё taerewё rё kui ha. Pёrɨsɨ pё wãha hamɨ yama kɨ ã haɨ tёhё pё puhi hatukёo no tama. Taerewё (Inpa teri) yama pё ha xorёnɨ yama pё ã riya napё hamaranɨ. Cientista Noemia a kuoma, pёrɨsɨ yama pё wãha no riya wayoaɨhe rë kõranɨ napё pё iha, pёmai yõtoxiema pё wãha, hirii xi rё toprahe, pёrɨsɨ pёnɨ tё pё rё kopeaɨwei. Ɨnaha taenɨ, yama e tё wahɨmɨkemahe, kama pё iha: weti naha pёrɨsɨ pё rё pita ha pataɨ kuaaɨwei, weti naha a yaitawë rё kui, ai tё tana si pё ĩxi rё, urihi hamɨ, tapramouwei. Pё ã rё hanowei, pёrɨsɨ pё rё kui, peripo kё pё rë kui urihiterimɨ payёkё hamɨ sĩkomɨ ãsi pё rё kui, tё pё rё wamouwei, ɨhɨ kama urihiterimɨ kɨpɨ rё aheteowei ai pё peripo hamɨ. Ɨnaha kuwё rё tё masita pё kãi ixi pёrɨsɨ taa rë mai, ɨnaha taenɨ yãa hena pё, hii hi pё poko ei urihi pãimi a pita ha pё kuprawё. Kamiyё yama kɨnɨ yaitawё yama tё masita pё ĩxi tapoimi, pёrɨsɨ pё yai rё kui pei a xii warorowё, a kãi hiakawё ai pё kuwё rё mai naha rii kuwё. No uhutipɨ 1 Figura 1 Nós apresentamos o përɨsɨ para os cientistas e eles nos explicaram que é uma espécie de fungo do gênero Marasmius Fr., da família Marasmiaceae, subordem Marasmiineae, ordem Agaricales, classe Agaricomycetes, filo Basidiomycota, reino Fungi (Reino dos Fungos). Esta espécie é provavelmente a mesma descrita como fungo rizomorfo preto (uxiuxi kɨkɨ), utilizada na região do Watorikɨ citada no livro intitulado “Urihi a: A Terra-Floresta Yanomami” (Albert e Milliken 2009). Seu crescimento se dá por uma estrutura da ponta do fio que é fina e perde a cor, ficando marrom-avermelhado escura, marrom-alaranjado pálida até o branco. Esta ponta nós chamamos de tukutuku. Os rizomorfos de përɨsɨ são flexíveis, resistentes e muito longos, passando de 1m sem se ramificar e se espalham em uma grande área. Este é o corpo de todo o indivíduo, o qual é difícil delimitar o tamanho na mata pela simples observação e coleta. Quando se faz um corte transversal no përɨsɨ (Fig. 1a), podemos observar três camadas microscópicas: a) superfície (1b1); b) córtex (1b2) e c) camada interna (1b3). A camada interna é mais sem cor (Fig. 1b3), e se abre para um miolo às vezes oco, ou às vezes preenchido de um emaranhado de fios muito finos e 3 2 a 1 b 55 c d “Nós yanonami apresentamos o pёrɨsɨ para os cientistas” amarelados ou brancos, parecendo uma esponja (Fig. 2f). Esses fiozinhos são chamados de “hifas”. As hifas do miolo são mais delicadas e vivas, e provavelmente são responsáveis por transportar o alimento e a água para todo o organismo. Porém, água e ar são principalmente transportados pelo espaço oco, como em um canudo. Já as hifas do córtex e da superfície são duras e resistentes, e são escuras, dando sustentação ao rizomorfo e proteção às hifas delicadas internas. 56 Os rizomorfos sobem na base de algumas árvores e é onde frequentemente produzem seus corpos de frutificação ou cogumelos (Fig. 2a-b). Os cogumelos de përɨsɨ crescem diretamente do rizomorfo, em ramificações muito próximas umas das outras (Fig. 2d) e são muito pequenos e magros. A cabeça do cogumelo é chamada de “píleo” o qual é marrom-alaranjado ou marrom-avermelhado escuro, com um bico no topo (Fig. 2c). Por baixo do píleo se abrem as lamelas, como um guarda-chuva e é lá onde são produzidos os seus esporos. Quando um esporo germina, se junta com outro e eles originam um novo përɨsɨ. Os esporos têm a forma de uma gota de água, são transparentes e pequenos, medindo 5–7,8 × 2,7–4 µm (Fig. 1c). O tronco fino que sustenta a cabeça do cogumelo é chamado de “estipe”, e é parecido com os rizomorfos, porém curtos e mais finos. A superfície da cabeça do cogumelo é formada por No uhutipɨ 2 Figura 2 células microscópicas que parecem mãos com muitos dedos (Fig. 1d), que os cientistas chamam de “equinídios do tipo Siccus” (Oliveira 2014). Os cientistas perceberam que o përɨsɨ possui características únicas que indicam ser uma espécie ainda desconhecida pela ciência. Rolf Singer descreveu algumas espécies parecidas ao përɨsɨ em 1989, mas nenhuma igual a ele. De forma geral, Marasmius xylodendron Singer é a espécie que mais se aproxima de përɨsɨ (Singer 1989). Porém, é diferente pelo píleo rosa, estipe e rizomorfos muito mais finos e delicados não sendo informado a sua abundância, além de ter a superfície do píleo formada por equinídios mais delicados e rosados, com os dedos do topo mais curtos (1,5–2 µm) (Singer 1989). Mais detalhes sobre as outras espécies de Marasmius semelhantes ao përɨsɨ e a descrição completa do fungo explicando porque o përɨsɨ é diferente de todas as outras espécies conhecidas pela ciência estão descritos no final deste livro na língua inglesa para atender as normas exigidas para publicação de uma nova espécie. Junto com os cientistas concluímos que përɨsɨ é uma espécie de Marasmius nova para a ciência, e decidimos batizá-la com o nome yanomami, assim seu nome em latim será Marasmius yanomami. É um nome que valoriza o conhecimento yanomami sobre a floresta. a b 57 c d e f Morphological description/ Diagnose of Marasmius yanomami sp. nov. In a letter dated September 17th, 2018, we received a request from the Kumirãyõma Womens Association to identify the fungus that produces përɨsɨ. Along with the letter, we received a package of three collections of the fungus. Morphological analyses led to the recognition of a new species of Marasmius. Following the International Code of Nomenclature for Algae, Fungi and Plants [Shenzhen Code, Turland et al. (2018)], Marasmius yanomami sp. nov. is here proposed. A morphological description/diagnosis is provided below, along with taxonomic comments and line-drawing illustration. Additional information and figures are provided in the chapters of this book. Unfortunately, nrITS barcode sequences have not yet been obtained, but efforts will be made to provide them in future studies. 58 Përɨsɨ is the raw material that Yanomami women of the Maturacá region of Amazonas state in the Brazilian Amazon collect from the forest to adorn their baskets. It is a species recognized by all Yanomami, but in other parts of the Yanomami Land it may have other names, such as uxiuxikɨkɨ1. 1. In the book Urihi a: A Terra-floresta Yanomami (2009), B. Albert and W. Milliken describe the use of a rhizomorph of the black fungus called uxixi kɨkɨ in the region of the Demini River. The manner in which përɨsɨ is collected, the handling strategies of natural resources and the rhizomorph usage along with myths and braiding designs in the baskets have introduced to us new and exceptional ethnomycological knowledge of the Yanomami women. During preparation of this book, we were surprised to find that, although basketry is an activity performed for many generations, the use of rhizomorphs by Yanomami women in Maturacá began only in the 1970s. The older artisans of the Kumirãyõma Womens Association belong to the first generation of women who have made this innovative use of a fungus. J. J. S. Oliveira & N. K. Ishikawa MATERIAL AND METHODS TAXONOMY The specimens were photographed in the field and in laboratory (dried material) using Stereoscopic Microscope Leica M205 C with Leica MC 190 HD camera. Morphological analyzes and taxonomy were based on Oliveira (2014). Lamellae spacing was derived from L, number of lamellae that reach from the pileus edge to the stipe apex, and l, number of series of lamellulae. Color coding was according to Küppers (2002). Collections were dried at 40°C. For microscopic description, thin sections of dried basidiomata were treated in 70 % ethanol and mounted in 3 % KOH solution or in Melzer’s reagent. Basidiospore dimensions are the range of length × the range of width, followed by: xrm, the range of the means of length × of width; xmm, the mean of the means of length (± standard deviation – SD) × of width (± SD); Qrm, the range of the means of length/width; Qmm, the mean of the means of length/width (± SD); n/s, the number of spores measured per specimen; s, the number of specimens examined. Microstructures were described using Leica DM 2500 optical microscope with LEICA EC 3 camera, and line drawings of the structures were made with a drawing tube. The material was deposited in the herbarium INPA. Marasmius yanomami J.S. Oliveira & N. K. Ishikawa, sp. nov. MycoBank MB 830870 SISGen AC0B55F Diagnosis. Pileus 1–2.2 mm diam., campanulate to convex, with a broad papilla, sulcate, pale orangish brown, deep orangish brown or dark reddish brown. Lamellae collariate, c. 7, non-marginate. Stipe 5.5–15.6 × 0.3–0.8 mm, wiry, chitinous, hollow, glabrous, black, insititious, rising directly from rhizomorphs. Rhizomorphs abundant, very elongate, filiform, thick, resistant, 0.5–1 mm diam., black, glabrous, with a silky bright, insititious, with growing tip apex protected by a coif-like cap. Basidiospores 4.5–7.8 × (2–)2.7–4 µm. Lamellar and Pileus trama inamyloid. Pileipellis hymeniform, composed of Siccus-type broom cells, pale yellowish brown. Stipe trama dextrinoid only in the cortical hyphae. Lignicolous. Etymology: The epithet honors the Yanomami people knowledge about the Amazon forest and, particularly, the knowledge about përɨsɨ. Popular name: It is called “përɨsɨ” by the Yanomami people of the communities of Maturacá region, Amazonas State (Brazil). In Portuguese, it is suggested to be called “fio-de-fungo”. Holotype: Brazil, Amazonas State, Yanomami Indigenous Land, Maturacá 59 region, “Igarapé do Batatal”, 03 July 2018, F.C. Pinto Yanomami, B.P. Santos, C.A. Lopes, C. Arcanjo, D. Moura, E.M.L. da Silva, E.M. Lopes, F. Moura, F.P. Paixão, K.L. Goes, L.L. Góes, M. de Souza, M.G. Pereira, M.A. Lins, M.J. Lima, M.I. de Souza, M.N.P. Lacerda, R.S. Pena, S.P. Campos, T. Teixeira, T.C.D. Gonçalves, U.S. Pereira 1 (holotypus, INPA 284077!). 60 Pileus 1–2.2 mm diam. (Fig. 3a), campanulate to convex, center with a broad, rounded and large papilla, later a low to medium-sized umbo, sulcate from the disc towards the decurved to incurved margin, edge crenate in dried condition; glabrous, dull, dry, subvelutinous, non-hygrophanous, pale orangish brown (N50Y99M50) to deep orangish brown or dark reddish brown (N90Y99M40–50), sometimes seemingly very dark vinaceus brown (N90Y99N80–99) or almost black, especially the central papilla; membranous, context thin (< 1 mm). Lamellae not in good condition due to old age, collariate, distant, L = c. 7, equal, l = 0, dirty yellowish cream (slightly darker and brownish than N00Y10N00) to yellowish brown (N10Y50M10) in age, nonmarginate, edge even. Stipe 5.5–15.6 × 0.3–0.7 mm, central, filiform but thick, equal, circular, tough, chitinous, hollow, pliant, glabrous, smooth or polished, with a silky bright, entirely black, insititious, rising directly from rhizomorphs (Fig. 3a) through distinct, compact, volva-like nodes on one side of a common rhizomorph. Rhizomorphs abundant, very elongate, branching from distant spots (may reach more than 1 m without ramifying), spreading over considerable perimeter in the litter, filiform, flexible, resistant like strings, morphological compatible with the stipes, but thicker, 0.5–1 mm diam., black, with a silky bright, insititious on the substrate, with growing tip fading from dark reddish brown (N90Y99M70), then orangish brown (N60Y99M60) to whitish cream or dirty white, this part tender, cartilaginous in the most distal part, tapered, with a small, black, resistant, coif-like, apical casing (Fig. 3b). Basidiospores 4.5–7.8 × (2–)2.7–4 µm [xrm = 6–6.3 × 3.4–3.5 µm, xmm= 6.2 (± 0.2) × 3.5 (± 0.1) µm, Qrm = 1.9, Qmm = 1.9 (± 0.0), n/s = 30, s = 2], obovoid, ellipsoid to subellipsoid, or lacrymoid (Fig. 3c), smooth, hyaline, thin-walled, inamyloid. Basidia not observed due to the old age of the material. Basidioles observed, but not in good condition due to advanced age, cylindrical to clavate, 19.8–27 × 4.4–6.3(–7) µm. Pleurocystidia absent. Cheilocystidia not observed due to the old age of the material. Lamellar and Pileus trama inamyloid, arrangement of hyphae unclear due to the old age, hyphae collapsed and very fragmentary. Pileipellis hymeniform (hardly seen due to the old age), composed of Siccus-type broom cells (Fig. 3d), mostly pale yellowish brown, main body 10.4–25.4 × 6.2–13.5 µm, clavate to turbinate, or irregular in outline, smooth, hyaline, thin- to moderately thick-walled, inamyloid; setulae apical, short to elongate, 2.3–7 × 0.4–1.3 µm, setae-like, cylindrical, digitiform to verruciform, simple to branched, solid, hyaline, apex acute to rounded obtuse. Stipe trama in three layers: superficial, cortical and internal, this later internally delimited by a hollow core, otherwise filled with spongy bundles of loose, yellowish cream hyphae: 1) superficial layer dark brown in KOH solution, almost black when grouped, hyphae parallel, cylindrical, reaction in Melzer’s reagent unknown due to the dark pigmentation, walls very thick or with no lumen, of compatible diam. with those of the cortex; 2) cortical hyphae dextrinoid, parallel, cylindrical, 5–8.5 µm diam., ochraceous brown, thick-walled with very tight lumen, smooth; 3) internal hyphae hyaline to pale yellow, disorganized, cylindrical, thin-walled, inamyloid, smooth, 1–6.4 µm diam. Rhizomorphs microscopically similar to the stipe. Caulocystidia absent. Clamp connections only observed in the internal hyphae of the stipe or rhizomorphs, not seen in the pileus and lamellar trama due to the old age, but absent in the hyphae of the cortex and surface of the stipe/rhizomorphs. Habit and substrate. Marasmioid, gregarious, rhizomorphs abundant, much more numerous than the basidiomata, which grow more often when the rhizomorphs climb on the base of leaving dicotyledonous tree trunk. Saprotrophic, decomposing rotten wood (stumps, branches or trunk) of dicotyledonous tree in the thick and wet litter of ombrophylous dense (terra-firme) Amazon forest. Additional material examined: Brazil, Amazonas State, Yanomami Indigenous Land, Maturacá region, “Igarapé do Batatal”, 03 July 2018, F.C. Pinto Yanomami, B.P. Santos, C.A. Lopes, C. Arcanjo, D. Moura, E.M.L. da Silva, E.M. Lopes, F. Moura, F.P. Paixão, K.L. Goes, L.L. Góes, M. de Souza, M.G. Pereira, M.A. Lins, M.J. Lima, M.I. de Souza, M.N.P. Lacerda, R.S. Pena, S.P. Campos, T. Teixeira, T.C.D. Gonçalves, U.S. 2 (INPA 284078!); F.C. Pinto Yanomami et al. 3 (INPA 284079!). Comments. Marasmius yanomami is especially characterized by producing vastly abundant, black rhizomorphs that grow from stumps, branches or trunks buried in the litter. The growing tips are frequently found erect, which is tapered, and the tender and delicate 61 62 apex is protected by a black, coif-like cap. The thick rhizomorphs are the most conspicuous structure of this fungus, and its growth success is dependent of the conditions provided by the preserved forest (water, food, good temperature and shade). They are very elongate, filiform, flexible and resistant, like thick hairs that branch in distant points, covering relatively large areas. The rhizomorphs also climb the base of trees, where the small, marasmioid mushrooms are mostly produced, rising very close each other from a common rhizomorph. More on morphology and physiology of the rhizomorphs is summarized in Townsend (1954), Singer (1986), Desjardin (1989) and Yafetto (2018). The pileus is convex to campanulate, sulcate, orangish to reddish brown, sometimes dark vinaceous brown, with a central, dark brown, large and rounded papilla. The basidiospores are small (4.5–7.8 × 2.7–4 µm), ellipsoid to subellipsoid, and the pileipellis is composed of pale brown, thin- to moderately thick-walled and inamyloid Siccus-type broom cells. Marasmius yanomami belongs to Marasmius sect. Marasmius subsect. Sicciformes (Antonín 1991). Due to the material conditions (old age), some microstructure (i.e. cheilocystidia, and hyphae in the lamellar and pileus trama) could not be recovered. According to Singer (1986), the cheilocystidia are generally present, and are mostly like the pileipellis broom cells (Singer 1986, Desjardin 1989). Species in Marasmius present subregular to irregular (interwoven hyphae) pileus and lamellar trama (Antonín 2007, Antonín & Noorderloos 2010, Oliveira 2014) and it is possibly the case of this species. The pileipellis was also fragmentary, only observed as hymeniform based on groups of broom cells that remained gathered when the tissues were compressed in KOH solution. Nonetheless, the characteristics described are enough to support the new species proposal. The area where the specimens were collected is very remote in the mid northwestern Amazon forest, a large indigenous land of protected forest of very difficult access for non-indigenous and for collections trip. These should be regarded as satisfactory reasons to accept the current, preserved material as the type. However, M. xylodendron differs by having a pinkish pileus with a brown papilla, much thinner and more delicate stipe and rhizomorphs, let alone the abundance of rhizomorphs not mentioned by the author and the pileipellis formed by tender and rosaceous broom cells with short setulae (1.5–2 µm) (Singer 1989). The epithet also suggests that the basidiomata grow from rhizomorphs like M. microdendron Singer (Singer 1976), with “dendroid-ascendant” rhizomorphs. Marasmius minusculus Singer is also similar mainly by having a sulcate, dark pigmented, papillate and small pileus (1–1.5 mm diam.), a stipe rising from nodes on black rhizomorphs, and very similar dimensions of Siccustype broom cells (Singer 1989). Differs, however, by the pigmentation of the pileus which is more purple than vinaceous, by the much thinner stipe and rhizomorphs (0.1–0.2 mm diam.), and by the larger basidiospores (6–8.5 × 3–4 µm) (Singer 1989). Overall, M. xylodendron Singer is the species described in Singer (1989) that most seems close to M. yanomami for being a lignicolous species with a papillate and small pileus (1–1.2 mm diam.), a short stipe (± 5 × 0.1 mm) growing from long and filiform rhizomorphs (0.1–0.2 mm diam.), ellipsoid and small basidiospores (5.5–7.2 × 2.8–3.7 µm), and a pileipellis composed of Siccus-type broom cells. Marasmius polycladoides Singer is similar by having a papillate, dark pigmented, small pileus (1.5–2.5 mm diam.), and a stipe growing from somewhat thick rhizomorphs (0.4 mm diam.) (Singer 1989). However, it differs by the pink to purple pileus (even though with a cinnamon ocher hue), stipe and rhizomorphs with “hairs” on the surface indicating the presence of setae-like hyphae, smaller basidiospores (5–6.5 × 3–4 µm) and by having Chrysochaetestype broom cells in the pileipellis (Singer 1989). Other similar species by having basidiomata rising from rhizomorphs in Singer (1989) are M. inundabilis Singer and M. pseudocupressiformis Singer, however they largely differ mainly in having much larger basidiospores (9.5–18.5 µm in length). Other different species with basidiomata growing from rhizomorphs are M. crinis-equi F. Muell. ex Kalchbr., M. cupressiformis Berk., M. hippiochaetes Berk., M. microdendron, M. nigrobrunneus (Pat.) Sacc., M. populiformis Berk., M. polycladus Mont., M. puttemansii Henn., M. puttemansii var. oligocladus Singer, and M. trichorrizus Speg. (Berkeley 1856, Singer 1964, 1976, Pegler 1983). This latter may be considered very close to M. yanomami according to Singer (1976), but differs by producing very thin and tender stipes (0.15–0.18 mm thick) and rhizomorphs, and larger basidiospores [8.2–9 × 2.2– 3.5(–5) µm or 7–8 × 4–5 µm]. Marasmius trichorrizus is involved in nomenclatural and taxonomic problems (Singer 1976), and is considered a synonym of M. crinis-equi. However, Singer (1976) suggested that M. trichorrizus may be an independent species and needs further evaluation on new, fresh collections from the type locality (Argentina). Oliveira 63 (2014) collected a material from Southeastern Brazil that may represent M. trichorrizus. It differs from M. yanomami by having a pileus with a conical and not such prominent papilla that regresses into a dot in maturity, by having much larger ratio of the pileus/ stipe width (pileus up to 5 mm diam.), by more numerous lamellae (12–15 vs. c. 7), by thinner stipes and rhizomorphs (0.4–0.7 mm vs. up to 1 mm), and by having more variable basidiospores in the size [4.8–8(–9.6) × 2.5–4(–5) µm]. 64 Marasmius crinis-equi mainly differs from M. yanomami by having paler orange pileus, by having larger basidiospores (9–13 × 3.5–5 µm) and by growing on myrtaceous leaves and twigs while M. cupressiformis mainly differs by having a white or whitish pileus and a more complex pileipellis composed of Rotalisand Siccus-type broom cells (Singer 1976). Marasmius hippiochaetes has, in contrast to the new species, bright red pileus with an usually white umbilicus and minute papilla, has a pale umber to succineous-umber, thin (0.1–0.2 mm) stipe/rhizomorphs (rhizomorphs can be thicker), has larger basidiospores [(5– )7–9 × 3.5–4.2 µm], has dextrinoid pileus trama, has Chrysochaetes succineousumber-type broom cells forming the pileipellis, and has setae-like hairs in the stipe and rhizomorphs surface (Singer 1976). Marasmius microdendron differs from M. yanomami by having a pink pileus, a stramineous-umber or paler pigmented, very thin (0.05–0.1 mm) stipe rising from rhizomorphs in a dendroid-ascendant arrangement, a dextrinoid pileus trama and a pileipellis composed of Chrysochaetes-type broom cells (Singer 1976). Marasmius nigrobrunneus mainly differs by having a gray to limestonecolored, larger (2–9 mm diam.) pileus and larger [(6.2–)7.5–10.5 × 3.5–5.5 µm] basidiospores while M. populiformis mainly diverges by having smaller pileus (up to 1 mm diam.), by having marginate lamellae, by having yellowish stipe/rhizomorphs (0.1 mm thick) and by having a pileipellis composed of apparently Rotalis-type (possibly Chrysochaetes-type) broom cells (Singer 1976). Marasmius puttemansii differs by growing on dead leaves and petioles beside small twigs, by having larger (2–5 mm diam.), purple-red to red-brown pileus with a pallid zone around a dot or a low to medium sized papilla (sometimes a small umbo), more numerous lamellae (10–13), longer (up to 80 mm) and thinner (up to 0.2 mm) stipe, which also grows directly on the substrate, more oblong basidiospores (6.3–9 × 2.3–3 µm), and by having a dextrinoid pileus trama (Singer 1976). Marasmius puttemansii var. Figura 3 Marasmius yanomami: a1–2) basidiomata rising from the rhizomorph; b) rhizomorph’s growing tip; c) basidiospores; d) Siccus-type broom cells of the pileipellis. 65 oligocladus also differs by having a larger pileus (2–6 mm diam.), thinner stipe/ rhizomorphs (0.1–0.2 mm), a dextrinoid pileus trama and by growing on dead leaves (Singer 1976). Other examined literatures: Petch (1948), Dennis (1970), Corner (1996), Antonín (2007), Wannathes et al. (2009), and Tan et al. (2009). Other literatures were examined but no similar species was found: Petch (1948), Dennis (1970), Corner (1996), Antonín (2007), Wannathes et al. (2009), and Tan et al. (2009). Acknowledgement 66 We would like to thank Dr. Vladimir Antonín (Czech Republic), MSc. Eiji Nagasawa (Japan) and Dr. Marcelo A. Sulzbacher (Brazil) for peer-reviewing the taxonomy of M. yanomami and Dr. Tarciso S. Filgueiras (Brazil) for assisting us on the epithet and Latin. References Albert, B. & Milliken, W. 2009. Urihi A: A Terra-Floresta Yanomami. Instituto Socioambiental, São Paulo, 207 p. Antonín, V. 1991. Studies in marasmioid fungi – VI. A new subsection Sicciformes within Marasmius section Marasmius and a key to the European species of Marasmius section Marasmius. Acta Musei Moraviae, Scientiae Naturales 76: 145–147. Antonín, V. 2007. Monograph of Marasmius, Gloiocephala, Palaeocephala and Setulipes in Tropical Africa. Fungus Flora of Tropical Africa 1: 1–164. Antonín, V. & Noordeloos, M.E. 2010. A monograph of marasmioid and collybioid fungi in Europe. IHW-Verlag, Eching, Germany. Berkeley, M.J. 1856. Decades of fungi. Decades LI - LIV. Rio Negro fungi. Hooker’s 190 Journal of Botany and Kew Garden Miscellany 8: 129–144. Corner, E.J.H. 1996. The agaric genera Marasmius, Chaetocalathus, Crinipellis, Heimiomyces, Resupinatus, Xerula and Xerulina in Malesia. Beiheft Nova Hedwigia 111: 1-164. Dennis, R.W.G. 1970. The Fungus flora of Venezuela and adjacent Countries. Kew Bulletin, Additional Series 3: 1–531. Desjardin, D.E. 1989. The genus Marasmius from the Southern Appalachian Mountains. PhD. Thesis. University of Tenenssee, Knoxville. Küppers, H. 2002. Atlas de los colores. Editorial Blume, Barcelona. Oliveira, J.J.S. 2014. Morfologia e relações filogenéticas de Marasmius (Marasmiaceae) de áreas de Mata Atlântica do Estado de São Paulo, Brasil. Tese de doutorado, São Paulo, 462 p. Pegler, D.N. 1983. Agaric flora of the Lesser Antilles. Kew Bulletin, Additional Series 9: 1–668. Petch, T. 1948 [1947]. A revision of Ceylon Marasmii. Transactions of the British Mycological Society 31: 19–47. Singer, R. 1964. Marasmius congolais recueillis par Mme. Goossens-Fontana et d’autres collecteurs Belges. Bulletin du Jardin Botanique de l’État à Bruxelles 34: 317–388. Singer, R. 1976. Marasmieae (Basidiomycetes – Tricholomataceae). Flora Neotropica Monograph 17: 1–347. Singer, R. 1986. The Agaricales in Modern Taxonomy. 4th ed. Koeltz Scientific Books, Koenigstein, Germany. Singer, R. 1989. New taxa and new combinations of Agaricales (Diagnoses fungorum novorum agaricalium IV). Fieldiana Botany 21: 1–133. Tan, Y.-S., Desjardin, D.E., Perry, B.A., Vikineswary, S. & Noorlidah, A. 2009. Marasmius sensu stricto in Peninsular Malaysia. Fungal Diversity 37: 9–100. Townsend, B.B. 1954. Morphology and development of fungal rhizomorphs. Transactions of the British Mycological Society 37: 222–233. Turland, N. J., Wiersema, J. H., Barrie, F. R., Greuter, W., Hawksworth, D. L., Herendeen, P. S., Knapp, S., Kusber, W.-H., Li, D.-Z., Marhold, K., May, T. W., McNeill, J., Monro, A. M., Prado, J., Price, M. J. & Smith, G. F. (eds.) 2018: International Code of Nomenclature for algae, fungi, and plants (Shenzhen Code) adopted by the Nineteenth International Botanical Congress Shenzhen, China, July 2017. Regnum Vegetabile 159. Glashütten: Koeltz Botanical Books. DOI https://doi. org/10.12705/Code.2018 Wannathes, N., Desjardin, D.E., Hyde, K.D., Perry, B.A. & Lumyong, S. 2009. A monograph of Marasmius (Basidiomycota) from Northern Thailand based on morphological and molecular (ITS sequences) data. Fungal Diversity 37: 209–306. Yafetto, L. 2018. The structure of mycelial cords and rhizomorphs of fungi: A mini-review. Mycosphere 9: 984–998. 67 Papeo yama si pë mɨɨ parɨopërei Bibliografia Albert, B.; Milliken, W. 2009. Urihi a: a terra-floresta Yanomami. São Paulo: ISA e Paris: IRD, 207 p. Oliveira, J.J.S. 2014. Morfologia e relações filogenéticas de Marasmius (Marasmiaceae) de áreas de Mata Atlântica do Estado de São Paulo, Brasil. Tese de doutorado, São Paulo, 462 p. Prange, S.; Nelson, D.H. 2006. Use of fungal rhizomorphs as nesting material by Glaucomys volans (Southern flying squirrels). Southeastern Naturalist, 5: 355-360. 68 Russell, D.G.D.; Hansell, M.; Reilly, M. 2013. Bird nests in museum collections: a rich resource for research. Avian Biology Research. 6: 1-5. Sanuma et. al. 2016. Ana amopö: Cogumelos Yanomami. São Paulo: ISA, 108 p. Singer, R. 1989. New taxa and new combinations of Agaricales (Diagnoses fungorum novorum agaricalium IV). Fieldiana Botany 21: 1–133. 69 Publicações da série Yanonamɨ pëma ã no urihi ɨhɨ pë pou – Saberes da Floresta Yanomami 1. Xapiri thëã oni - Palavras Escritas sobre os xamãs Yanomami, 2014. Orgs. Morzaniel Ɨramari Yanomami e Ana Maria A. Machado. Edição: HAY/ ISA, Demini: 2014 2. Hwërɨmamotima thë pë ã oni Manual dos remédios tradicionais Yanomami. Orgs. Morzaniel Ɨramari Yanomami, Ehuana Yaira Yanomami, Bruce Albert, William Milliken, Vicente Coelho). Edição: HAY/ ISA, Demini: 2015 70 3. Salaka pö - Peixes, crustáceos e moluscos. Enciclopédia dos alimentos Yanomami (Sanöma) Sanöma samakönö sama tökö nii pewö oa wi ĩ tökö waheta. Orgs.: Moreno Saraiva Martins, Carlos Sanuma, Joana Autuori, Lukas Raimundo Sanuma, Marinaldo Sanuma, Oscar Ipoko Sanuma, Resende Maxipa Apiamo. Edição: HAY/ ISA, Awaris: 2016 4. Ana Amapö - Cogumelos. Enciclopédia dos alimentos Yanomami (Sanöma) Sanöma samakönö sama tökö nii pewö oa wi ĩ tökö waheta. Orgs.: Oscar Ipoko Sanuma, Keisuke Tokimoto, Carlos Sanuma, Joana Autuori, Lukas Raimundo Sanuma, Marinaldo Sanuma, Moreno Saraiva Martins, Nelson Menolli Jr., Noemia Kazue Ishikawa, Resende Maxipa Apiamo. Edição: HAY/ ISA, Awaris: 2016 5. Yanomami thëpë urihi pë ãha wëaɨ wii sikɨ - Território e comunidades Yanomami Brasil – Venezuela 2014. Orgs. Aimé Tillet, Estêvão Benfica Senra, José Becerra Ruiz, Moreno Saraiva Martins, Renata Alves. Edição: ISA, 2014 6. Garimpo ilegal nos territórios Yanomami (Brasil – Venezuela). Orgs: Estêvão Benfica Senra, Maria Lucrécia Hernandez, José Becerra Ruiz. Edição: ISA, 2017 7. Ɨnaha ipa pata thëpë kuama 1. Orgs.: Alfredo Himotona Yanomama, Helder Perri Ferreira, Genivaldo Krepuna Yanomama, Marconi Kariuna Yanomama, Ana Maria A. Machado. Edição: PDYP/ HAY/ ISA/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço. Papiu, 2017 8. Orupë thëã. Orgs.: Kassua Adnaldo Yanomami, Mozarildo Yanomami, Mary Agnes Njeri Mwangi, Ana Maria A. Machado, Helder Perri Ferreira, Corrado Dalmonego. Edição: Yano thëã, HAY/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço. Missão Catrimani, 2017 9. Yuripë sikɨ - Peixes do rio Catrimani Orgs.: Kassua Adnaldo Yanomami, Mozarildo Yanomami, Mary Agnes Njeri Mwangi, Ana Maria A. Machado, Helder Perri Ferreira, Corrado Dalmonego. Edição: Yano thëã, HAY/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço. Missão Catrimani, 2017 10. Yɨpɨmuwi thëã oni - Palavras Escritas sobre menstruação. Orgs. Ehuana Yaira Yanomami, Ana Maria A. Machado. HAY/ ISA/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço. Demini, 2017 11. Tä saöka wi ĩ tä waheta Alfabetização Sanöma. LIVRO 1: Tä katehamö lotetei ĩ tä (vogais) LIVRO 2: Tä katehamö utitii ĩ tä Orgs.: Resende Maxiba Apiamö, Marinaldo Sanumá, Lukas Raimundo Sanumá, Sandro Sanumá, Moreno Saraiva Martins, Joana Autuori. Edição: HAY / ISA/ FaeUFMG / SIEY / Fino Traço – Awaris, 2017 12. Õnimatima Yanomae yama thëpë pihi moyamɨmaɨwi sikɨ - Alfabetização Yanomae – vogais e consoantes Orgs.: Kasua Adnaldo Yanomami, Mozarildo Yanomami, Mary Agnes Njeri Mwangi, Corrado Dalmonego. Edição: Yano thëã HAY/ fae - UFMG/ SIEY/ Fino traço. Missão Catrimani, 2018 13. Pihi moyãmɨprotima sikɨ Alfabetização Yanomama – vogais e consoantes. Orgs.: Marconi Kariuna Yanomama, Alfredo Himotona Yanomama, Genivaldo Krepuna Yanomama, Ana Maria Machado, Helder Perri Ferreira. Edição: PDYP, ISA, HAY/ fae - UFMG/ SIEY/ Fino traço – 2018 14. Ɨnaha ipa pata thëpë kuama 2. Orgs.: Alfredo Himotona Yanomama, Helder Perri Ferreira, Genivaldo Krepuna Yanomama, Marconi Kariuna Yanomama, Ana Maria A. Machado). Edição: PDYP/ HAY/ ISA/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço. Papiu, 2018 15. Ɨnaha ipa pata thëpë kuama 3. Orgs.: Alfredo Himotona Yanomama, Helder Perri Ferreira, Genivaldo Krepuna Yanomama, Marconi Kariuna Yanomama, Ana Maria A. Machado. Edição: PDYP/ HAY/ ISA/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço. Papiu, 2017 16. Políticas para as línguas Yanomami/ Yanomamɨ të pë kahikɨ riã noamɨowei tëã oni / Yanomama thëpë kahikɨ riã noamamu wei thãa tũrũ / Ninam thã yai totihi thamapowei thã/ Ninam thãwmih mɨtimarãĩ thão tɨ̃ rɨ ̃ /Sanöma samakö kai noamamo totiowi ĩ tä waheta. Orgs.: Helder Perri Ferreira, Ana Maria A. Machado, Estêvão Benfica Senra, Anne Ballester Soares. Edição: ISA e HAY. 2018 17. As línguas Yanomami no Brasil, diversidade e vitalidade. Orgs.: Helder Perri Ferreira, Ana Maria A. Machado, Estêvão Benfica Senra. Edição: ISA e HAY. 2018 71 72 Fontes: Cambria e Univers. 1500 exemplares impressos em off-set na BMF Gráfica e Editora em junho de 2019. Capa em papel TP Premium 350 g/m 2 com lâmina interna em papel TP Premium 250 g/m 2 e miolo em papel Couché Fosco 150 g/m 2. O povo Yanomami possui um conhecimento excepcional das propriedades e usos das plantas, fungos e fauna. Tradicionalmente as informações são passadas de boca em boca e, mais recentemente, também através de publicações da série “Saberes da Floresta Yanomami”. Este livro, bem ilustrado, é sobre o uso de përɨsɨ, um fungo (Marasmius yanomami sp. nov.) usado pelas Yanomami para decorar seus cestos trançados com cipó. Contado pelas mulheres, o livro explica como o fungo é coletado e usado. Este é um excelente exemplo de um livro que traz conhecimento tradicional junto com a ciência, ampliando nossas perspectivas e também ajudando a fortalecer a cultura Yanomami. WILLIAM MILLIKEN 9 788582 260692 Përɨsɨ O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria Yanomamɨ pënɨ urihiterimɨ pë taɨ hɨtɨtɨwehe: kaukau pë rë kui, sikomɨ ãsi heparapɨ pë kãi, yaro pë kãi. Të pë rë tamouwei të pë kãi taɨ hɨtɨtɨwehe. Yanomamɨ pë rë yɨmɨkamayou rë xomaonowei, pei kahikɨnɨ pë yɨmɨkamayoma. Hei tëhë, papeo si pënɨ pë kãi yɨmɨkamayou, ɨnaha si pë rë kuprai: urihi anɨ të pë ã rë pouwei. Ei papeo si kɨ rë kui huxomi ha onioni katehe pë kãi titia. Përɨsɨ (Marasmius yanomami sp. nov.) e pë sikɨ. Peripo ihirupɨ kë pë. Yanomamɨ suwë pënɨ pë ukukaɨhe, masimasi ma pënɨ wɨɨ pë rë tiyëɨwehei pë riya ha onimahenɨ. Suwë pënɨ hei sikɨ yãpramahe, përɨsɨ pë wãha nohi riya ha wëahenɨ, përɨsɨ pë rë ukukaɨwehei, pë tiyëɨ rë nikereaɨwehei. Ɨnaha papeo sikɨ kuprou tëhë, katehe sikɨ: yanomamɨ puhi taotao xomaomɨ të pë ã xo, napë pënɨ të pë rë taɨwehei të pë ã xo ɨnaha të pë ã titia. Yanomamɨ pë xo, napë taerewë pë xo pë puhi tao mɨ hetuo, ɨhɨ tëhë. Pë payerimayou. Ɨnaha të kuo tëhë, Yanomamɨ pë rë kuaaɨwei, të pë rë taɨwehei të pë hiakaprou totihiwë. Përɨsɨ Përɨsɨyoma pë wãha oni O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria