yanomami
përɨsɨ
Marasmius
Përɨsɨ O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria
anomamɨ pënɨ urihiterimɨ pë taɨ hɨtɨtɨwehe: kaukau pë rë kui, sikomɨ ãsi heparapɨ pë kãi, yaro pë kãi. Të pë rë tamouwei
të pë kãi taɨ hɨtɨtɨwehe. Yanomamɨ pë rë yɨmɨkamayou rë xomaonowei, pei kahikɨnɨ pë yɨmɨkamayoma. Hei tëhë, papeo si
pënɨ pë kãi yɨmɨkamayou, ɨnaha si pë rë kuprai: urihi anɨ të pë ã rë pouwei. Ei papeo si kɨ rë kui huxomi ha onioni katehe pë
kãi titia. Përɨsɨ (Marasmius yanomami
) e pë sikɨ. Peripo ihirupɨ kë pë. Yanomamɨ suwë pënɨ pë ukukaɨhe, masimasi
ma pënɨ wɨɨ pë rë tiyëɨwehei pë riya ha onimahenɨ. Suwë pënɨ hei sikɨ yãpramahe, përɨsɨ pë wãha nohi riya ha wëahenɨ, përɨsɨ
pë rë ukukaɨwehei, pë tiyëɨ rë nikereaɨwehei. Ɨnaha papeo sikɨ kuprou tëhë, katehe sikɨ: yanomamɨ puhi taotao xomaomɨ të
pë ã xo, napë pënɨ të pë rë taɨwehei të pë ã xo ɨnaha të pë ã titia. Yanomamɨ pë xo, napë taerewë pë xo pë puhi tao mɨ hetuo,
ɨhɨ tëhë. Pë payerimayou. Ɨnaha të kuo tëhë, Yanomamɨ pë rë kuaaɨwei, të pë rë taɨwehei të pë hiakaprou totihiwë.
Përɨsɨ
Marasmius yanomami
Përɨsɨyoma pë wãha oni
O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria
Përɨsɨ
Marasmius yanomami
Përɨsɨyoma pë wãha oni
O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria
YANONAMƗ PËMA Ã
NO URIHI ƗHƗPƗPOU
A série Yanonamɨ pëma ã no urihi ɨhɨpɨpou –
Saberes da Floresta Yanomami, fruto da parceria
entre a Hutukara e o ISA, tem por objetivo valorizar e fortalecer os saberes e as línguas yanomami.
Divulga estudos de pesquisadores yanomami
sobre diversas áreas do conhecimento, tradicional
ou não. Reúne também pesquisas realizadas
em colaboração com especialistas napë pë
(não indígenas) e está aberta a outras parcerias
institucionais e a diferentes formatos.
2
3
A Associação das Mulheres Yanomami Kumirãyõma (AMYK)
foi criada em 2015 pelas mulheres Yanomami da região de
Maturacá para valorizar o conhecimento das mulheres e
estimular os jovens sobre o conhecimento tradicional,
especialmente sobre artesanato.
Presidente: Floriza da Cruz Pinto Yanomami
Vice-presidente: Margarida Pereira Góes
Secretária: Lidia Matos da Silva
Tesoureira: Anesia da Silva Lopes
Conselheiras: Maria de Jesus Lima, Luiza Lima Góes,
Bernadete Pereira Santos, Maria Ilda de Souza Góes
O Instituto Socioambiental (ISA) é uma associação sem fins
lucrativos, qualificada como Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público (Oscip), fundada em 22 de abril de 1994,
por pessoas com formação e experiência marcante na luta por
direitos sociais e ambientais. Tem como objetivo defender bens e
direitos sociais, coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente,
ao patrimônio cultural, aos direitos humanos e dos povos. O ISA
produz estudos e pesquisas, implanta projetos e programas que
promovam a sustentabilidade socioambiental, valorizando a
diversidade cultural e biológica do país.
Conselho Diretor do ISA: Presidente Geraldo Luciano Andrello,
Conselheira Marina da Silva Kahn, Conselheira Deborah de
Magalhães Lima, Conselheiro Carlos Alberto Ricardo.
Secretário Executivo: André Junqueira Ayres Villas-Bôas
O PROGRAMA RIO NEGRO SOCIOAMBIENTAL promove e
articula processos e múltiplas parcerias a fim de construir
uma plataforma de gestão transfronteiriça pela melhoria da
qualidade de vida, valorização da diversidade socioambiental,
segurança alimentar e produção colaborativa e intercultural de
conhecimento na Bacia do Rio Negro, no contexto do Noroeste
Amazônico. Trata-se de um território de diversidade socioambiental, um hotspot para a conservação e salvaguarda do patrimônio socioambiental, cuja extensão é de 71 milhões de hectares
compartilhados por quatro países: Brasil, Colômbia, Guiana e
Venezuela. São 45 povos indígenas, dois patrimônios culturais
do Brasil: Cachoeira de Iauaretê e Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. Cerca de 62% do território está sob alguma
forma de proteção legal: 98 territórios indígenas, reconhecidos
oficialmente, e 15 ainda sem reconhecimento, 23 Unidades de
Conservação de Proteção Integral e 11 de Uso Sustentável.
O Programa Rio Negro mantém importantes parcerias com
a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro
(Foirn), Hutukara Associação Yanomami (HAY), Conselho
Indígena de Roraima (CIR) e com outras organizações
da sociedade civil e instituições de pesquisa.
4
Coordenador: Carlos Alberto (Beto) Ricardo.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Përɨsɨ : përɨsɨyoma pë wãha oni = Marasmius yano
mami : o fungo que as mulheres yanomami usam
na cestaria / [organização Floriza da Cruz Pinto
Yanomami, Marina A. R. de Mattos Vieira e
Noemia Kazue Ishikawa]. -- São Paulo : Instituto
Socioambiental ; São Gabriel da Cachoeira, AM :
Associação de Mulheres Yanomami Kumirãyõma,
2019. -- (Saberes da floresta Yanomami ; v. 18)
Vários autores.
Vários tradutores.
Vários colaboradores.
Edição bilíngue: yanomami/português.
Bibliografia.
1. Artesanato 2. Cestaria indígena 3. Etnobiologia
4. Fungos 5. Índios yanomami - Cultura 6. Índios yanomami - Usos e costumes 7. Mulheres indígenas 8.
Povos indígenas - Brasil I. Yanomami, Floriza da Cruz
Pinto. II. Vieira, Marina A. R. de Mattos. III. Ishikawa,
Noemia Kazue. IV. Título: Marasmius yanomami : o
fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria.
V. Série.
19-26864
CDD-980.41
Índices para catálogo sistemático:
1. Etnobiologia e fungos : Artesanato : Mulheres yanomami
: Histórias e saberes : Brasil : Povos indígenas 980.41
Maria Paula C. Riyuzo - Bibliotecária - CRB-8/7639
Coordenador adjunto em Roraima: Marcos Wesley de Oliveira.
Equipe ISA Roraima: Amanda Latosinski Santos de Souza,
Ciro Campos de Souza, Felipe Guimarães Reis, Heverton Pereira
Ambrósio, José Ignácio G. Gomez Corte, Lidia Montanha de
Castro, Lucas Pereira das Neves S. Lima, Manuela Otero Sturlini,
Marcolino da Silva, Marília Garcia Senlle, Marina Albuquerque
Regina de Mattos Vieira, Matthieu Jean Marie Lena, Moreno
Saraiva Martins, Sidinaldo Lima dos Santos.
São Paulo (sede): Av. Higienópolis, 901, 01238-001, São Paulo, SP, Brasil
tel: (11) 3515-8900 fax: (11) 3515-8904 isa@socioambiental.org
Boa Vista: R. Presidente Costa e Silva, 116 – S. Pedro, 69306-670,
Boa Vista, RR, Brasil tel: (95) 3224-7068 fax: (95) 3224-3441
isabv@socioambiental.org
Manaus: Rua Costa Azevedo, 272, 1º andar – Largo do Teatro – Centro,
69010-230, Manaus, AM, Brasil tel/fax: (92) 3631-1244/3633-5502
isamao@socioambiental.org
São Gabriel da Cachoeira: Rua Projetada 70 – Centro, 69750-000, São
Gabriel da Cachoeira, AM, Brasil tel/fax: (97) 3471-1156
isarn@socioambiental.org
Brasília: SCLN 210 – Bloco C – Sala 112, 70862-530, Brasília, DF, Brasil
tel: (61) 3035-5114 fax: (61) 3035-5121 isadf@socioambiental.org
Para saber mais consulte: www.socioambiental.org
Përɨsɨ
Marasmius yanomami
Përɨsɨyoma pë wãha oni
O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria
2019
Volume 18 da série
YANONAMƗ PËMA Ã
NO URIHI ƗHƗPƗPOU
As informações contidas nesta publicação representam
uma parte do patrimônio cultural e propriedade intelectual do
povo Yanomami. É expressamente vedada a utilização comercial,
direta ou indiretamente, de qualquer informação contida nesta
publicação, derivada de conhecimento tradicional associado a
material genético, de acordo com os termos da Lei nº 13.123,
de 20 de maio de 2015. Qualquer outra pesquisa ou difusão das
informações constantes dessa publicação deve obrigatoriamente revelar qual é a origem desse conhecimento. Para qualquer
uso do conhecimento contido nessa publicação a obtenção do
consentimento prévio informado é necessária.
Quem fez o livro
Autores: Floriza da Cruz Pinto Yanomami, Benedito Paixão,
Bernadete Pereira Santos, Carmelita Assis Lopes, Creusa
Arcanjo, Diana Moura, Elba Maria Lacerda da Silva, Estrelina
Macedo Lopes, Evarildo Dias Gonçalves, Floriano Peixoto
Campos, Florinda Moura, Francisca Pena Paixão, Isaque de
Lima, Juvenal Lopes, Katia de Lima Goes, Luiza de Lima Góes,
Margarida de Souza, Margarida Góes Pereira, Maria Auxiliadora
Lins, Maria de Jesus Lima, Maria Ilda de Souza, Maria Neuza
Pereira Lacerda, Rosa Santos Pena, Rubens Pena Paixão,
Sofia Peixoto Campos, Tereza Teixeira, Thaylla da Cruz Dias
Gonçalves, Ursula dos Santos Pereira, Amanda Latosinski,
Jadson José Souza de Oliveira , Marília Garcia Senlle,
Marina A. R. de Mattos Vieira, Noemia Kazue Ishikawa.
Organização: Floriza da Cruz Pinto Yanomami,
Marina A. R. De Mattos Vieira e Noemia Kazue Ishikawa.
Tradução para yanomamɨ: Anesia da Silva Lopes,
Cleiton da Cruz Miranda, Ivanilde Figueiredo Braga,
Lídia Matos da Silva, Maura de Souza Pinto, Renata Figueiredo
da Silva, Ursula dos Santos Pereira, Waldemar Pereira Lins.
Revisão do texto em yanomamɨ: Anne Ballester Soares.
Ilustrações: Dedê Paiva.
Design e Produção Gráfica: Roberto Strauss
(www.robertostrauss.com.br).
REALIZAÇÃO
Fotos: Rogério Assis, exceto Lucas P. das N. S. Lima
(págs. 1, 26, 33, 43 e 68), Marina A. R. de Mattos Vieira
(págs. 22, 24 e 32) e Jadson J. S. de Oliveira (págs. 55, 57 e 65).
Identificação da espécie: Jadson José Souza de Oliveira.
Agradecimentos: William E. Magnusson, Ana Carla Bruno,
Ruby Vargas Isla, Cláudio Aparecido Tavares, Moreno Saraiva
Martins, William Milliken e Lídia Montanha de Castro.
6
Impressão: BMF Gráfica e Editora.
COLABORAÇÃO
APOIO
Essa publicação foi produzida com apoio da União Europeia.
Os conteúdos da publicação são de exclusiva responsabilidade
do Instituto Socioambiental e Associação de Mulheres
Yanomami Kumirãyõma e podem não refletir a opinião
da União Europeia (http://ec.europa.eu/world/).
7
8
9
Wãhɨmamotima parɨomotima
Apresentação
Hei të hikari rë kui suwë yanonami
yama kini yama të no nihi toai, 2015
a raxa ha pëmai a urihi ha a keprarioma, norimi pë kõkao tëhë ei Instituto
socioambiental pë xo, ei Instituto
Nacional de Pesquisa da Amazônia pë xo.
10
Kumirãyõma a rë kui hekurayoma katehe
kë a, puhi riëhëwë të rë keaiwei, puhi toprarou të rë suwë pë ihami keaiwei kë a. Inaha
kuwë rë pëmai associaçao e të hikari rë kui
no puhiwë hiakaporewë suwë yanonami
pë puhi rë kui. Wã wayou të preprouwei
tëhë taeihe tëhë suwë mokomoko pëni të
no kãi puhiaiwehei hei tëhë, pë puhi kãi
taou mi hetuopë të pë wɨɨ tiëi tapropehe.
Ei të pë wãha rë kui hami pë puhi taouwei
tëhë pe xi toprou mi hetuopë, no ɨhipiaiwei
tëhë, yai taprou, hikarimou urihi hami të
pë ukukai tapropehe, wɨɨ pë hami pë kãi
tiëai tapropehe, pë kãi yãyokai tapropehe.
Pata të pëni a rë ukukanowehei të pë wãha
no rë ɨhipiaiwei. Përisi a tairë mahei hawë
plástico, fio napë a xomi puhiihe yaro a no
puhimaimihe ai të pëni, inaha taeni përisi
a rë kui urihi a no matohipi yai rë hiakai, a
kãi wãrimou rë mai suwë yanonami yama ki
yaini yama a no ɨhipipou yama a rë tiëaiwei.
Hei siki oni ha suwë mokomoko pëni të tai
rë marahei, përisi pë kãi tai rë marahei,
pë kãi patai tai rë marahei, pë kãi
ukukai tai rë marahei, wɨɨ pë hami
pë kãi tiëai tai rë marahei.
Este livro é fruto do trabalho da
Associação de Mulheres Yanomami
Kumirãyõma, criada em 2015 na região
Maturacá da Terra Indígena Yanomami,
em colaboração com o Instituto Socioambiental e o Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia.
Kumirãyõma é um espírito feminino
que traz beleza, saúde e alegria para as
mulheres. E da mesma forma a nossa associação tem trabalhado para valorizar e
fortalecer os saberes das mulheres yanomami. A motivação para o desenvolvimento desta pesquisa foi reacender o
interesse das moças mais jovens
pelos conhecimentos tradicionais relacionados à confecção das
cestarias. Isso significa despertar o
interesse para reconhecer, selecionar e
manejar as matérias-primas na mata até
saber tratá-las para trançar os cestos e
conhecer as histórias de nossas antepassadas. Quem não conhece o përɨsɨ às vezes
pensa que é fio de plástico ou fio tingido
e acaba desvalorizando o nosso trabalho.
No entanto, o përɨsɨ é um recurso natural
muito resistente e duradouro, que só nós
mulheres yanomami sabemos reconhecer
e usar no nosso artesanato. Neste livro
vamos contar para as moças jovens e
para aqueles que não conhecem o përɨsɨ
como o identificamos, como ele cresce e
se reproduz, como o coletamos e como o
utilizamos para enfeitar nossa cestaria.
E apresentamos à ciência uma nova espécie de fungo, o Marasmius yanomami.
11
Përɨsɨ amoapɨ
Canto do përɨsɨ1
Taei të kuo tëhë hei sikɨ oni rë kui, suwë
kõmi pëmai associação të hamɨ pë kuoma
puhi topraroranɨ pë amoamou xoatiranɨ.
Hei kete amoa perɨsɨ yama pë taei tëhë.
Ukukaɨ, ukukaɨ ukukaɨ
Kumirãyõma pënɨ përɨsɨ a
Ukukaɨ ukukaɨ ukukaɨ
Durante o processo da pesquisa
para fazer este livro, muitas mulheres
de nossa associação participaram felizes
e cantando sempre. Este é o canto
que fizemos enquanto estávamos
procurando o cogumelo do përɨsɨ.
Puxar, puxar, puxar,
Kumirãyõma juntas puxam o përɨsɨ
Puxar, puxar, puxar
12
13
1. As letras no alfabeto yanomamɨ são pronunciadas como em português, com exceção
de: ë - [Ə] vogal central média não-arredondada; e ɨ [ɨ] vogal central alta não-arredondada.
Të pë ã oni rë titire
Sumário
14
1
Wãha hayupraɨ
Introdução sobre a pesquisa intercultural ........................17
2
Exi kë të përisi?
O que é o përɨsɨ? ..........................................................................21
3
Weti naha a përisi pataɨ kuwë?
Como e onde o përɨsɨ cresce? ...................................................27
4
Weti naha a ukukamou kuwë përisi?
Como coletamos o përɨsɨ? .........................................................36
5
Weti naha yama a kãi kuaaɨ përisi?
Como utilizamos o përɨsɨ?.........................................................44
6
Përisi ei wii yanonami
O përɨsɨ e a cestaria Yanomami ..............................................48
7
Përɨsɨ yama pë wāha nohi wëaɨ, napë pë iha
Përɨsɨ, uma nova espécie para a ciência...............................54
Morphological description/
Diagnose of Marasmius yanomami sp. nov. .........................58
Papeo yama si pë mɨɨ parɨopërei
Bibliografia ....................................................................................69
15
Wãha hayupraɨ
Introdução sobre a pesquisa intercultural
1
Përisi pë rë kui urihi hami pë kuprawë
suwë yanomami yama kini wɨɨ pë hami
yama të pë tiëai, urihi hami kamiyë yama
kini yama pë ukukai. Përisi wa ukukapë
pei wa të pë no urihi ɨhipipopë weti ha pei
a yai pataa kure, pei a he xipukutupɨ ha
wa tiraapë, nohi hõrihiwë wa ukukapë,
moyawë wani wa kãi ukukapë no wãriwãri,
oru, suhi, makararo, wãikoxiemi, etc.
16
Yama pë ukukai tëhë pëmai hẽaropi
pëni wamare ki kãi tietimaihe, suwë të
pëni pë no mahu ihipipou kurahei tëë të
pë ihami të pë mahu wãhimamou. Kuikë
suwë notiwa të pëni të pë no ihɨpɨaɨ pexiomihe, urihi hami të pë wayumi hui pexiomi,
përisi pë ukukapehe, too toto pë ikokapehe,
nii urihiterimi pë xo, ɨnaha taeni yama ki
puhi owaharani yama të oni ëyëkai yama
ki puhi wãha hipëyorani, no puhiwë
puhiamoni suwë notiwa pë iha.
Hei siki oni rë kui pei siki yai pei
yama të pë wãha no rë wayoai
hërëkouwei të pë rë wãriiwehei hami:
– Exi të wãha?
– Xirepuma rë siki?
– Hei too ixiixi rë toto?
– Mihi miximixi
ma rë kë a?
Hei siki oni ha yama të wãha nohi rë wëai
xi rë toprare pëmai huya pë iha, ei napë pë
iha përisi pë rë pataiwei, weti e pë natohipi,
weti naha pë ukukamou rë kuaaiwei, weti
ha pë yai ukukamou,weti naha yama pë rë
taiwei. Napë pruka pë puhi rë kuiwei hawë
xirepuma pë puhiihe të pë no puhiaimihe.
Kuwë rë yaro përisi pë rë kui urihiterimi të pë yai suwë yanonami pëni pë no
ɨhɨpɨpouhe, pë wãrimou haio rë mai, pë
xii maimi, no u kãi maimi, a kãi hiakawë.
Hei të taei rë kui ha Associação
Kumirãyõma, norimipi pë iha payeriporewë
të ha taeprarini ISA, Icmbio ei pë xo. Pruka
yama kini hapa wayumi yama të taprarema
2017 të ha. Ɨhi të noti hami wano xoo yama
të taprarema taerewë INPA teri pë iha ɨha
ai yama të wayumi taprarema 2018 të ha.
Wã wayou Kumirãyõma pë xo ei napë taerewë pë xo kë të hei hikari siki oni, hei siki
oni rë kui ha suwë yanonami të pë
puhi tao no rë motahai të pë puhia.
Hei të hikari rë kui pei kë të yai yama
ki puhi wãha no riya ha wëoni weti naha
përisi yama pë tëaprai rë kuaaiwei, hei të
puhi tao rë hëowei pëmai ihiru pë iha pëmai
tëë pë iha ei hekamapi të pë iha.
Yama të riya ha wahimiponi,
rurami siki mahu tëapramou rë
mai pëmai wɨɨ pë hami pei yama
ki wãha riya ha aka praukoni,
weti naha suwë yanonami pë
hikarimou rë kuaaiwei.
17
O përɨsɨ é uma matéria-prima que nós mulheres yanomami coletamos na floresta
para enfeitar a cestaria confeccionada por
nós mesmas. É uma espécie conhecida por
todos nós Yanomami, mas em outras regiões da Terra Indígena Yanomami o përɨsɨ
pode ter outros nomes, como uxiuxi kɨkɨ 1.
18
Para coletar o përɨsɨ, é preciso conhecer
onde ele cresce, reconhecer os indicadores
que apontam o caminho para encontra-lo e ter muito cuidado na hora de puxar
os fios, pois podemos encontrar cobras,
escorpiões, lacraias e aranhas. Nossos
maridos nos acompanham nas coletas
e geralmente andamos juntos na mata.
No entanto, o conhecimento sobre como
utilizar o përɨsɨ é específico das mulheres
e passamos das mães para as filhas.
Hoje em dia, as jovens não se interessam mais em fazer incursões na floresta
(wayumi) e coletar përɨsɨ, cipó, caranguejo
e outros alimentos, portanto estamos
preocupadas em registrar nossos conhecimentos para que sejam passados e valorizados entre as jovens yanomami.
Este livro também é importante
para podermos explicar para as
pessoas que não conhecem o përɨsɨ
e sempre nos perguntam:
- O que é isso?
- Isso é fio de plástico?
- Este fio é cipó pintado?
- Isso é fio de samambaia?
Neste livro queremos contar aos nossos
jovens e aos não-indígenas sobre o processo de crescimento do përɨsɨ, quem
são os seus parentes, como coletamos,
onde coletamos, e como usamos. Muitos
não-indígenas acham que o përɨsɨ é plástico e desvalorizam a nossa cestaria. No
entanto, o përɨsɨ é uma matéria-prima da
floresta, conhecida pelas mulheres yanomami e que dura muito tempo, sem perder
o brilho, a cor e a resistência.
Para fazer a pesquisa, a Associação Kumirãyõma buscou apoio dos parceiros
do Instituto Socioambiental (ISA). Juntos
fizemos o primeiro wayumi em 2017. Depois convidamos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA) e fizemos outro wayumi em 2018.
O intercâmbio entre as associadas da Kumirãyõma e pesquisadores não-indígenas
resultou neste livro muito rico de sabedorias das mulheres yanomami.
Este trabalho é importante para registrar
o nosso conhecimento de como usamos
e manejamos o përɨsɨ e estes saberes
ficarem como herança aos nossos filhos,
filhas, netos e netas. E é importante
também para mostrarmos que não é só
para ganhar dinheiro que fazemos nossa
cestaria, mas sim para divulgarmos como
nós mulheres yanomami trabalhamos.
1. No livro Urihi a: A Terra-floresta Yanomami (2009),
B. Albert e W. Milliken descrevem o uso de um rizomorfo
de fungo preto chamado uxixi kɨkɨ na região do Rio Demini.
19
Exi kë të përisi?
O que é o përɨsɨ?
2
Përisi a rë kui ixiixi raperape hiakawë, wɨɨ
pë hami të pë tiëamou. Ei të masita rë kui
peripo pë hami të pë hai, hii hi pë horepi
hami të pë hai urihi hami të pë hai. Përisi
pë rë kui tauwexi kë pë, pë aka huhërii urihi
hami, tauwexi të pë hami pë ni tëoprou,
tutetute pë wai hami. Tauwexi të pë kahorawë, hawë wana pëka kuwë
Përisi pë hami peripo isitonipi pë wai
kuaai. Përisi pë hami peripo pë wai rë kui
ĩsitonipi pë mataki wai kuaai tauwexi të
pë rë kure naha pë rë pataiwei, pe he rë
yohoowei ixihihiwë të pëni.
20
Pe he rë yohoowei ha namonamo
yama të pë taprai pei te hi pë rë
kuaaiwei hami, të pë himo kuaai.
Biólogo pë rë kuiwei naha, përisi pë rë
kui peripo kë pë wamotima sikomi ãsi pë
heparapi, ãtama kë ki, ikimo, totori mamiki,
moka amokɨ ei haya kasiki, ai e pë përisi
heparapi rë kui të pë tauwexi kuaai, pë
hiakawëmi, kuwë ha re yama pë tiëaimi.
Weti ha yama të wãha no rë hiriaiwei,
yanonami yama kini përisi yama a rë
tiëaiwei wɨɨ pë hami kiritami, kuxiximi
pëni, pë përisi mahu tiëaihe, pei yapiki ha.
Hei të oni ha pruka kiritami pëni përisi
pë tiëaihe pë yapiki tao ha.
Yanomamɨ yama kɨ iha urihi a nohi rë
pëyëpouwei të kãi kua, too toto pë rë kui ei
përɨsɨ, pei henakɨ, ei pei të pë no nomapɨ rë
kuinɨ të pë nohi pëyëpou pëmai matohi urihi
hamɨ të pë rë kuprai, kuwë ha rë pëma të pë
henakɨ hoyoaɨ tëhë, wãrihito wa të maranɨ,
wa të pë tëaprapë, wa të pë wãriaɨ maranɨ,
përɨsɨ pë rë kui. Wɨɨ pë tiëmou tëhë mi titi
ha nohi hõrihiwë të kuo. Nohi pëyëporewë
a huɨ tëhë masita pë kõai tëhë wa wãrihitoprario. Suwë pë nohimaimi, wãro pë
mahu nohimai, kuwë rë a makui suwë yama
kɨnɨ yama pë përɨsɨ, ei too toto pë xo ikokaɨ.
Përɨsɨ pei yama pë nohi hõriporanɨ yama
pë ukokaɨ,urihi hamɨ hekura pënɨ urihi
nohi pëyëporewë a yapëkaɨhe tëhë yama pë
ukukaɨ, pei wamare kɨ tapraɨ maopë henakɨ
tëapramou tëhë. Ɨnaha yama të pë pëmai
matohi tëapraɨ kuwë. Pei yama kɨ nohi kãi
hõrihiranɨ yama kɨ urihi hamɨ huɨ. Wamai tomou tëhë ai të pë no hekura uhutipɨnɨ, të pë
rii nohimaimihe ɨhare të nohi hõrihiwë kua
kure. Kuwë ha rë urihi niipɨ rë kui a huxutou
maopë, urihi ha përɨsɨ yama a rë tërenowei
ha yama kɨ kãi huɨ xokei mau u kasi ha yama
a tërema, ai tëhë ai a urihi maxi ha yama
a rii tëaɨ piëo ɨnaha too rë toto pë ha kãi,
ɨnaha kuwë pei urihi rë niipɨ waiterimoimi.
21
22
O përɨsɨ é um fio preto longo e muito
resistente que usamos para enfeitar a
nossa cestaria. Este fio preto é uma estrutura de crescimento do fungo, que descrevemos neste livro e chamamos de Marasmius yanomami. Tal estrutura é chamada
rizomorfo, usada para se espalhar entre
as folhas caídas e paus podres pela serapilheira da floresta. O nome “rizomorfo”
significa “que tem forma de raiz”, mas só
diz respeito ao seu aspecto, pois sabemos
que o përɨsɨ é um fungo e não uma planta.
O rizomorfo do përɨsɨ é abundante e se
ramifica para explorar uma área maior
do chão, em busca de madeira podre para
se alimentar, água e outros nutrientes.
Através dos rizomorfos, os nutrientes são
levados para todo o fungo, principalmente
para as partes jovens que estão crescendo. Por isso, o rizomorfo é oco no centro,
parecido com cana de flecha.
O përɨsɨ produz pequenos cogumelos para
se reproduzir. Os cogumelos do përɨsɨ têm
o pé fino como o rizomorfo de onde eles
crescem, e um chapéu pequeno e marrom
escuro. Embaixo do chapéu vemos pequenas lâminas que são chamadas de lamelas, onde são produzidos os esporos bem
pequenos, que são como as sementes nas
plantas, que dão origem a novos indivíduos.
Segundo os biólogos, o përɨsɨ é
parente distante dos cogumelos que
colhemos para comer como o sɨkõmiãsikɨ
(Hydnopolyporus fimbriatus), ãtamakekɨ
(Polyporus philippinensis), ɨkɨmõ (Lentinus
concavus), totorimamikɨ (Lentinula raphanica), mokaamokɨ (Pleurotus albidus)
e hayakasɨkɨ (Favolus brasiliensis). Outros
fungos parentes mais próximos de përɨsɨ
podem produzir rizomorfos, mas não são
tão resistentes e por isso não utilizamos
para enfeitar as cestarias.
Até onde sabemos, além das Yanomami
que usam o përɨsɨ nas cestarias, apenas o
pássaro kuxiximi sabe usar o përɨsɨ para
fazer seus ninhos. Na literatura científica,
há registros de cerca de 100 espécies de
passarinhos que usam rizomorfos semelhantes ao përɨsɨ em seus ninhos, assim
como o esquilo-voador (Glaucomys volans).
Para nós Yanomami existe a protetora da
floresta, cujo cabelo é o cipó too toto e o
përɨsɨ são seus pelos pubianos, sendo que
os insetos, aranhas e cobras que vivem na
serapilheira são seus piolhos. Ela protege
os recursos da floresta e por isso, quando
nós arrancamos seus cabelos e seus pelos,
precisamos fazer com cuidado e aproveitar o máximo possível, sem deixar os fios
do përɨsɨ estragarem. Quando tecemos
os cestos à noite, corremos perigo, pois é
quando a protetora anda em nosso mundo
e ela pode querer puxar os fios de volta e
nos fazer mal. Ela não gosta de mulheres,
só gosta de homens, mas mesmo assim,
somos nós mulheres que coletamos os
cipós e o përɨsɨ, pois temos mais cuidado e
delicadeza para arrancar. Quando estamos
23
24
na mata coletando, os xamãs trabalham
para distrair a atenção da protetora, para
que ela não nos veja nem nos sinta tirando
seus cabelos e pelos e, assim, possamos
coletar nossa matéria-prima. Também
temos o cuidado de não andar na mata
quando estamos menstruadas, pois ela e
outros espíritos da floresta não gostam
do cheiro e assim corremos perigo. Para
não ofender a protetora, nós fazemos um
rodízio das áreas onde coletamos o përɨsɨ.
Se coletamos hoje no igarapé Batatal, da
próxima vez já iremos em outro lugar e
assim por diante. Fazemos o mesmo com
o cipó. Desse jeito o përɨsɨ e o cipó não acabam e a protetora não fica brava.
25
Weti naha a përisi pataɨ kuwë?
Como e onde o përɨsɨ cresce?
3
26
Përɨsɨ pënɨ të pë nohi rë yaipouwehei,
hii hi pë poko hirao pë ha taretare hi pë
poko, yãa hena e hirao pë ha, pita herehere
pë kuopë ha ei urihi pë pãimiopë ha. Maa
a kei no motahao tëhë kuaaɨ tieti peripo abril, ei maio, ei julho kɨpɨ kuo tëhë
pë përɨsɨ pë përɨsɨ pataɨ hërëkëwë pei pë
aka kãi praukou, kuwë rë yaro pe he hao
hërëkëwë ɨhɨ tëhë. Mau pei u no puhiwë
xi këyohowë përɨsɨ pë pataɨ hërëkope, pë
hiakaopë pei pë xii waroopë. Të pë haxitio
tëhë, pë pataɨ kõo tama, makui pë nɨɨpɨ yai
tẽmɨo xoao tëhë, përɨsɨ ai pë rii, kuwë rë
yaro Rizomorfo pë wãha rë kuprai pë kãi
taamaɨ kuwë rë yaro të pë wamoimi.
maxi kuopë naha, esporo urihi a he rëopë
ha a kerayoma të no si ahiopë ha esporo pei
pë rarou. Urihi kama a no matohipɨ kãi keo.
Biólogo pë ã rë haɨwei esporos anɨ isitonipɨ
wa të masita no wai taprapɨ mai pei mamonɨ ei hifas të pë wãha rë kui, ei të pë rë
wãha, ei të pë rë kui të pë ha kõkaopronɨ
micelio të pë kuprou përɨsɨ a yai kuprou
xoao. Ei a micelio iha a kõprapopë, esporo
përɨsɨ ai a ihamɨ, ai a he ha haanɨ, micelio
pei kɨpɨ kõkapropë përɨsɨ tutetute a kepɨprapë. Biólogo pë ã kãi rë haɨwei përɨsɨ
wãha kãi takema ai maxi urihi ha pë kãi
kama rarou. Kuaaɨ tieti ɨnaha taeni ai a
maxi taɨ mai kë të kama a kua waikire.
Të pë humaɨ ha urihi hamɨ të pë he haamou
përɨsɨ pë rë kuprai pei pë yai rë wãhɨmɨpouwehei përɨsɨ pë nɨɨpɨ yai, pei pë yai ixi hẽete
mamo prewëprewë pë keyou, horehore
isitonipɨ ei auau pë kãi kuprawë hii hi pë
horepɨ hamɨ, kuaaɨ tieti kõmi yaitawë pë
kãi pë kaɨ kuprawë pë wamou rë mai peripo kë pë ei pë rë kui wakëwakë kë pë. Peripo
a xiro kuprawë ha ei horehore pë wai xo
përɨsɨ pruka a kuprawë urihi hamɨ të pë.
Ai të rë kui përɨsɨ pei pe he kãi au
yaiatarou. Ei të pë wai rë hii houwei
tukutuku të pë wãha wai, tutetute ai
pë wai haɨ rë kõowei kë pë, ɨhamɨ rë pë
përɨsɨ pataɨ kuaaɨ tieti e kãi aka praukou.
Përɨsɨ pita a hamɨ pë pataɨ hii hi pë poko
prërëno hiramopë hamɨ pei pë iaɨ yaro,
kuaaɨ tieti hii horepɨ hi pë rë uprahai hamɨ
pë kãi tuo makui, pë no ɨhɨpɨ tuo rapaaɨ
tama, kuaaɨ tieti pei pë tuowei hei pei pë
no sikomɨpɨ ãsi kuaaɨ. Përɨsɨ a yai rë kepramaɨwei kë pë, esporos të wãha kuawei kãi
keaɨ pei a rĩya ha raronɨ. Esporos ãhiãhi
anɨ a tëapraɨ mau unɨ ei hõra hesi pënɨ ai të
Ɨhɨ tukutuku të namo kuopë ha isitonipɨ
ixiixi e të kua kure hiakawë auau tukutuku
e te he riya ha rumaponɨ a pata mai.
Përɨsɨ pita auau pë ha praopë ha pe kãi kuo,
makatahupɨ të ha, makui pei të no si kãi
mahu ahiopë ha pë kãi no ɨhɨpɨ pataɨ tama.
Hikari tëka pë tamou ha përɨsɨ pë pataɨ kõo
tama peripo uxi no ɨhɨpɨ kua yaro ei pita a
kãi no ɨhɨpɨ ixi yaro, kuwë yaro hikari tëka
iha kuaaɨ kõamakema a urihi patanorayoma
përɨsɨ a rarorayou pë nɨɨ a rë pita a huxomi
ha kuprarionowei a nomaɨ maoma. Ɨhɨ a pita
xiro kuopë ha hikari tëka xiro pata yaimou
kukemahe përɨsɨ a rarou kõo mai kë të.
27
29
Urihi pei pë yai rë kui, përɨsɨ pë rë ukukamouwei, pei ma pë nasiki hamɨ pë tëoprou,
payëkë hamɨ, yama të pë urihi no
ɨhɨpɨpou, përɨsɨ pë rë kuprai
hamɨ, pei a pata rë waiki yama
pë ukukaɨ, ihirupɨ
pë rë kui yama pë
hëaamaɨ, waihamɨ
a ha patarɨnɨ yama
ukukaɨ puhio yaro ai
pë maxi urihi rë kui hamɨ,
yama pë ukukaimi, përɨsɨ
Waputa, Kupupisiwei
ei kɨpɨ urihi.
Marié a urihi ha a no ɨhɨpɨ përɨsɨ
kua kure yama a tëapraɨ haɨa
tama xi wãrihiwë të kuaaɨwei tëhë,
kuikë hei yama pë rë
ukukaɨwei hamɨ, pë
mai tëhë, yama pë rii
tëapraɨ puhio yaro, pë
urihi ai hëaamamou.
Pei pë no përɨsɨ
watëo maopë.
Maturacá a urihi ha përɨsɨ pë rë ukukamouwei hamɨ wãhɨmamotima no uhutipɨ
Locais de coleta de përisi na região de Maturacá
30
31
Comunidades
Áreas de
coleta de përisi
Fonte: Comunidades (ISA, 2018);
Áreas de përɨsɨ (Kumirãyõma, 2018);
Hidrografia (IBGE, 2006).
Organização: Lucas P. das N. S. Lima/Lab. Geo ISA-RR.
Përɨsɨ gosta de lugares onde tem galhos
caídos, troncos podres, folhas caídas, solo
úmido e mata fechada. É no tempo das chuvas, entre abril e julho, que o përɨsɨ cresce
mais e se espalha, ficando abundante e
mais fácil de achar. A água é muito importante para que o përɨsɨ cresça bem, ficando
mais forte e brilhante. No período da seca,
ele para de crescer, mas sua mãe continua
viva por debaixo da serapilheira. A mãe do
përɨsɨ é outra espécie de fungo (Polyporus
sp.) que também produz rizomorfo, mas
nós não a utilizamos, pois seus fios são
mais quebradiços e opacos que o përɨsɨ.
32
Quando andamos na mata, nós identificamos outras espécies que indicam onde
podemos encontrar o përɨsɨ. As principais
espécies indicadoras são a mãe do përɨsɨ,
florzinhas pequenas e brancas, que também crescem nos paus podres, e vários
tipos de cogumelos que não comemos
(peripo), especialmente uns que parecem
tacinhas de cor laranja (Cookeina spp.)
Quando está cheio de peripo e florzinha,
é porque a mata está cheia de përɨsɨ.
O përɨsɨ cresce no chão se prendendo
em galhos e troncos caídos, dos quais
ele se alimenta, mas também sobe nos
troncos podres que ainda não caíram.
Ele não sobe muito alto, mas é quando
sobe que produz o cogumelo
(1. Ver o ciclo de vida
das págs. 34 e 35).
O cogumelo é a estrutura
Às vezes o përɨsɨ e a mãe do përɨsɨ
formam um fio diferenciado que tem a
ponta branca. Em língua yanomami chamamos esta parte diferente de tukutuku, porque
ela é nova e branca e é por onde o përɨsɨ cresce
e se espalha. Na ponta do tukutuku do përɨsɨ
tem uma pequena capa preta e dura que
protege a parte branca que cresce.
de reprodução do përɨsɨ, onde ele produz
seus esporos. Os esporos são soltos no ar
e são levados pelo vento, água ou insetos
para outros locais (2). Quando o esporo
cai no solo úmido, sombreado e com pau
podre e folhas, eles germinam. A natureza, ela própria, se planta. Os biólogos
dizem que os esporos germinam produzindo minúsculos fios transparentes que
não são visíveis a olho nu, chamados de
“hifas” (3). As hifas crescem e ramificam
bastante, formando um conjunto chamado de “micélio”. Para formar um përɨsɨ
completo, este micélio precisa se juntar
a outro micélio gerado por outro esporo
de përɨsɨ (4). Quando encontram o par, os
micélios se unem e um novo përɨsɨ nasce
(5-6). Os biólogos também dizem que o
përɨsɨ pode se reproduzir quando parte do
fio é levado para outro local
na mata. Porém, desta forma
não precisa procurar um par,
porque já está completo.
O përɨsɨ pode nascer também em chão limpo,
arenoso, mas só onde tem sombra e mesmo
assim não cresce muito. Quando nós abrimos
uma área para fazer roça, o përɨsɨ para de
crescer, porque tem muito sol e a terra fica
queimada. Se paramos de fazer roça ali e a
capoeira cresce, o përɨsɨ pode brotar de novo,
mas só se a mãe dele, que fica debaixo da terra, não tiver morrido. Se nós fizermos roça
muitos anos no mesmo lugar e a terra ficar
desgastada, o përɨsɨ não nasce de novo.
Os principais lugares onde nós
vamos tirar përɨsɨ são no pé da Serra
do Opota, que é longe. Nós conhecemos
muitos lugares onde tem përɨsɨ, mas só
coletamos onde ele já está grande.
Deixamos os fios crescerem primeiro
para depois coletar. Tem também os lugares
que deixamos de reserva do përɨsɨ e nunca
tiramos dali. São o Waputa, Kupupiswei e rio
Marié. Sabemos que tem muito përɨsɨ nesses lugares, mas não usamos ainda. Quando
começar a ficar difícil de coletar përɨsɨ onde
usamos hoje, vamos começar a usar essas
reservas. E assim vamos revezando as
áreas de coleta para o përɨsɨ não acabar.
33
Përɨsɨ pë rë temɨhërɨɨwei pei kë yo
Ciclo de vida do përisi
34
35
Weti naha a ukukamou kuwë përisi?
Como coletamos o përɨsɨ?
4
36
37
1
Përisɨ yama a ukukaɨ mɨ huhërɨɨ tëhë pë nɨɨ.
Horehore auau, peripo ihirupɨ yama pë rë
tapraɨweɨ hamɨ, yama pë no pë ikuo katitio.
Nós coletamos nos lugares onde já sabemos
que tem përɨsɨ, seguindo os indicadores,
como a florzinha branca, a mãe-do-përɨsɨ
e os cogumelos que não comemos (peripo).
2
Pei yama pë hëtitou
nohi ha taponɨ opisi
yama pë ukukaɨ.
Nós puxamos o
përɨsɨ devagar para
os fios não quebrarem.
Perisɨ raperape hiakawë
yama pë yaihërɨɨ raperape
yama pë ukukaɨ.
3
Nós só escolhemos os
fios maduros do përɨsɨ, que
são firmes e compridos.
38
39
4
Pei yama kɨ imɨkɨ
keo kiriranɨ yama të pë
ukukaɨ ei suhi, ei xĩho, ei
oru, ei të pë iha yama kɨ
ninii nohi hõrirani.
Nós tomamos muito cuidado por onde colocamos as
mãos para não levar ferrada de escorpião, tucandeira
ou picada de cobra.
Përɨsɨ pei a no watëo maopë
yama pë ai hëaamaɨ.
5
Nunca tiramos todos os
fios de përɨsɨ e também deixamos os fios novos para
continuarem crescendo.
40
41
6
Përɨsɨ yama a ukukaɨ tëhë yama kɨ ohi puhio
nikerou. Oko yama pë xëi, maroha, sikomɨ,
xirakomɨ, kumato, hoko mahi, wãima, hõa ãhe,
wito. Wãro pënɨ wamare kɨ kãi tietimaɨhe.
Quando nós vamos coletar o përɨsɨ na
floresta, também coletamos muitos alimentos, como caranguejo, peixes pequenos, cogumelos1, folhas xirãkomɨ2 e muitas frutas3.
Os homens também nos ajudam.
1. Para referência sobre a
diversidade de cogumelos
comestíveis conhecidos pelos
Yanomami ver Ana Amopö: Cogumelos
Yanomami (Sanuma et al., 2016).
2. Uma espécie da família
wMarantacea, provavelmente do gênero
Monotagma sp. (Albert e Milliken, 2009).
3. Alguns exemplos citados são:
piquiá (Caryocar glabrum ou Caryocar
pallidum), patauá (Oenocarpus bataua),
açaí (Euterpe precatoria), cupuí-do-mato
(Theobroma subincanum) e caju-do-mato
(Anacardium giganteum).
7
Too yama pë toto pë
ikokaɨ, uwëmɨ pë xo, wɨɨ
yama pë riya ha tiënɨ.
E também coletamos os cipós para fazer as cestarias.
42
43
Weti naha yama a kãi kuaaɨ përisi?
Como utilizamos o përɨsɨ?
5
Përɨsɨ yama pë ha
ukukuapranɨ yama pë tesitesi pë hoyaapranɨ makatahu,
hii horepɨ, kama atawexi pë
rë hëaawei. Yama a riya
ha homanɨ yama pë kãa,
pei a hëtɨɨ maopë.
1
Depois de coletar o
përɨsɨ, nós limpamos
ele bem. Tiramos o barro,
as cascas de pau podre e
os ramos que ficam grudados no fio. Também deixamos ele na água para ficar
mole, pois se ele secar,
ele arrebenta fácil.
44
45
Yama pë yaiapranɨ
auau yama pë yãyokaɨ.
2
Organizamos os fios
limpos para começar a trançar.
3
Përɨsɨ yama pë yãyokapë
opohesi pë xo, raperape pë
xo yama pë teteaɨ xoaonɨ
yama pë yãyokaɨ.
Para trançar, nós
juntamos os fios mais
curtos e os enrolamos com
os fios mais compridos, formando feixes mais grossos
ou mais finos de acordo
com o gosto da artesã.
46
47
Përisi ei wii yanonami
O përɨsɨ e a cestaria Yanomami
6
Përɨsɨ pë rë kui yama pë rë tiëaɨwei, pei
yama të pë no riya ha aɨpɨamanɨ. Xoma
yaiwë të pënɨ pë tiëanomihe, urihi hamɨ të no
u pë tiëamahe. 1970 a raxa kuo tëhë yama
të pë tiëaɨ posi prakema, yama të pë oni
yaiataraɨ, përɨsɨ tiëɨ, masimasi ma riyëriyë
nara xi pënɨ. Yëtu hamɨ, kẽpo uhi si pë hamɨ,
yama të pë hexihama, yama të pë no u riya
ha hiakamaponɨ xii praahamaɨ, të no ha tetehetonɨ, masi pë wãrimou ha tikoonɨ, ɨnaha
taeni yama të pë taɨ kõomi, nara yama xi pë
hɨprɨaɨ mahu, pei masi pë hamɨ.
48
Porakapɨ të kɨpɨ oni wɨɨ të pë hamɨ kua
kure pei të kɨpɨ wãha yai yanomamɨ të pë
iha. Wataperariwë, ei Wãikõyariwë xo kɨpɨ
wãha yëtu hamɨ. Ei kuikë xapono pë rë hamamouwei naha pë kãi hamamoma pë riya
ha reahumonɨ Wataperariwë kɨpɨ xapono
a ha përɨoma, ai a xapononɨ kɨpɨ nakarema reahu të ha. Wataperariwë a yãprou
hitërayoma hẽpara iha. Hẽparanɨ a yãpraɨ
ha no ha watëronɨ, kɨpɨ kõkakema kama e
pë kãi rë hunowei ha, pei a mɨ ha tarɨikunɨ,
hẽpara e mɨ xikakema, a ha kõikunɨ, të pë
wãrima: Huya pë wama kɨ oniprario kuhe?
Kama e pë mamo xatiprakema, katehe a
oni kuoma, a oni xii kuaama , ai e pë puhi
rë toonowei, e pë puhi too ha, oni wãritiwë
e pë oruama, urihi hamɨ e pë huokema.
Wãikõyariwë pora Wãikõyari a ha a përɨkema, yahipɨ kukema, Wataperariwë hekura
a kuprarioma a oni no xi hãrirawë no kirii
Watapera kɨ ha a përɨkema, hẽpara xo. Ei
të wãha hamɨ të pë oni taɨhe, wɨɨ pë kasikɨ
hamɨ, oru pë oni rë kure naha, Wataperariwë ei Wãikõyariwë e të oni xo.
Ai të pë oni rë kui yama të pë rë
taɨwei masimasi ma yama pë rë tiëɨwei,
katitiamaɨwei, yama të pë oni rë wɨɨ,
xoto, motorohima. Yama të pë no aɨpɨaɨ
tarei, yama kɨ puhi ha taonɨ yama të
pë no kãi puhiaɨ, wɨɨ pë rë kui.
Motohima
Xoto
Usamos o fio de përɨsɨ para deixar a cestaria mais bonita. Nossas antepassadas não
usavam përɨsɨ, usavam apenas pigmentos
naturais. Na região Maturacá, nós é que começamos a usar o përɨsɨ na década de 1970.
Fazemos diferentes desenhos na cestaria,
trançando përɨsɨ com cipó1 cru ou pintado
de vermelho com urucum (Bixa orellana).
Antigamente, nós misturávamos urucum
com casca de ingá2 que ajudava a reter a
pintura e a ficar mais brilhante, mas com
o tempo a pintura criava mofo, então deixamos de usar a casca de ingá e seguimos
apenas com o urucum direto no cipó.
1. As mulheres Yanomami utilizam principalmente
tiras das raízes aéreas das espécies Heteropsis flexuosa
e Philodendron divaricatum (Albert e Milliken, 2009).
2. Albert e Milliken (2009) descrevem o uso
de pelo menos 13 espécies de ingá pelos Yanomami.
Wɨɨ
Dois dos desenhos que fazemos na cestaria tem uma história muito importante
para os Yanomami. É a história do Wataperariwë e do Waɨkõyariwë. Antigamente
como até hoje em dia, as comunidades se
visitavam para festejar. Wataperariwë e
Waɨkõyariwë e seu povo foram convidados
para a festa da banana (reahu) em outra
comunidade. Todos estavam se pintando
para chegar na comunidade que os convidou. Wataperariwë foi se pintar escondido
do grupo com sua irmã. Quando a irmã
terminou de pintar Wataperariwë, eles
voltaram para o grupo, ele na frente e ela
atrás. Quando ele chegou, perguntou: “rapazes, vocês já terminaram de se pintar?”.
Todos do grupo olharam para ele e viram
como ele estava lindo, sua pintura brilhava. Isso fez com que os outros ficassem
com inveja de Wataperariwë. Naquele mo-
49
Wɨɨ pë onimou rë yaitai naha,
xoto he pë onimou rë yaitai naha wãhɨmamotima
Diversidade de grafismos usados na cestaria
mento, Waɨkõyariwë e os outros rapazes
que sentiram inveja, se transformaram em
cobras, com pinturas feias e se espalharam pelo mato. Waɨkõyariwë foi embora
para a cachoeira do Sucuri (Wãɨkõyana a
pora) e lá virou sua casa. O Wataperariwë
continuou sendo um pajé com sua linda
pintura e foi morar na Serra Watapera,
junto com sua irmã que cantava “kasi,
kasi, kasi”, em apoio ao irmão. Essa história inspirou os grafismos que remetem
aos desenhos dos couros de cobras. Wata
significa jiboia e Wãɨkõya significa sucuri.
50
Existem outros desenhos que nós criamos,
trançando o përɨsɨ e o cipó em linhas simples, duplas, triplas, no sentido horizontal,
vertical ou diagonal. Nós vamos cada vez
mais aprimorando os desenhos,
aprendendo umas com as outras
para valorizar nossa cestaria.
Nós fazemos esses desenhos nos
cestos wɨɨ, que é o cesto mais alto, que
utilizamos para carregar lenha, mandioca
da roça e outros alimentos da floresta;
e no xotó, que é um cesto mais baixo e
aberto, que utilizamos mais em casa,
para guardar os alimentos. Estes dois
tipos de cestos são os que fazemos há muitas gerações, mas também aprendemos
novas formas de cestos na convivência
com outros povos indígenas do Alto Rio
Negro e com os não-indígenas, como o
motorohima, que é o cesto com tampa.
51
52
53
Përɨsɨ yama pë wāha nohi wëaɨ, napë pë iha
Përɨsɨ, uma nova espécie para a ciência
7
54
Kamiyё Yanonamɨ yama kɨnɨ, pёrɨsɨ yama
pё wahɨmɨkei kurei napё wama kɨ iha, taerewё (Inpa teri) yama pё xopou tёhё yama
kɨ rĩya ha payerimamoponɨ, pёmai tё taerewё rё kui ha. Pёrɨsɨ pё wãha hamɨ yama
kɨ ã haɨ tёhё pё puhi hatukёo no tama.
Taerewё (Inpa teri) yama pё ha xorёnɨ
yama pё ã riya napё hamaranɨ. Cientista
Noemia a kuoma, pёrɨsɨ yama pё wãha no
riya wayoaɨhe rë kõranɨ napё pё iha, pёmai
yõtoxiema pё wãha, hirii xi rё toprahe,
pёrɨsɨ pёnɨ tё pё rё kopeaɨwei. Ɨnaha
taenɨ, yama e tё wahɨmɨkemahe, kama pё
iha: weti naha pёrɨsɨ pё rё pita ha pataɨ
kuaaɨwei, weti naha a yaitawë rё kui, ai tё
tana si pё ĩxi rё, urihi hamɨ, tapramouwei.
Pё ã rё hanowei, pёrɨsɨ pё rё kui, peripo kё
pё rë kui urihiterimɨ payёkё hamɨ sĩkomɨ
ãsi pё rё kui, tё pё rё wamouwei, ɨhɨ kama
urihiterimɨ kɨpɨ rё aheteowei ai pё peripo
hamɨ. Ɨnaha kuwё rё tё masita pё kãi ixi
pёrɨsɨ taa rë mai, ɨnaha taenɨ yãa hena pё,
hii hi pё poko ei urihi pãimi a pita ha pё
kuprawё. Kamiyё yama kɨnɨ yaitawё yama
tё masita pё ĩxi tapoimi,
pёrɨsɨ pё yai rё kui
pei a xii warorowё,
a kãi hiakawё ai pё
kuwё rё mai
naha rii
kuwё.
No uhutipɨ 1
Figura 1
Nós apresentamos o përɨsɨ para os cientistas e eles nos explicaram que é uma
espécie de fungo do gênero Marasmius
Fr., da família Marasmiaceae, subordem
Marasmiineae, ordem Agaricales, classe
Agaricomycetes, filo Basidiomycota, reino
Fungi (Reino dos Fungos). Esta espécie é provavelmente a mesma descrita
como fungo rizomorfo preto (uxiuxi kɨkɨ),
utilizada na região do Watorikɨ citada no
livro intitulado “Urihi a: A Terra-Floresta
Yanomami” (Albert e Milliken 2009).
Seu crescimento se dá por uma estrutura
da ponta do fio que é fina e perde a cor,
ficando marrom-avermelhado escura,
marrom-alaranjado pálida até o branco.
Esta ponta nós chamamos de tukutuku.
Os rizomorfos de përɨsɨ são flexíveis, resistentes e muito longos, passando de 1m
sem se ramificar e se espalham em uma
grande área. Este é o corpo de todo o indivíduo, o qual é difícil delimitar o tamanho
na mata pela simples observação e coleta.
Quando se faz um corte transversal no
përɨsɨ (Fig. 1a), podemos observar três
camadas microscópicas:
a) superfície (1b1);
b) córtex (1b2) e
c) camada interna (1b3).
A camada interna é mais sem cor
(Fig. 1b3), e se abre para um miolo
às vezes oco, ou às vezes preenchido de
um emaranhado de fios muito finos e
3
2
a
1
b
55
c
d
“Nós yanonami apresentamos o
pёrɨsɨ para os cientistas”
amarelados ou brancos, parecendo uma
esponja (Fig. 2f). Esses fiozinhos são
chamados de “hifas”. As hifas do miolo
são mais delicadas e vivas, e provavelmente são responsáveis por transportar
o alimento e a água para todo o organismo. Porém, água e ar são principalmente
transportados pelo espaço oco, como
em um canudo. Já as hifas do córtex e da
superfície são duras e resistentes, e são
escuras, dando sustentação ao rizomorfo
e proteção às hifas delicadas internas.
56
Os rizomorfos sobem na base de
algumas árvores e é onde frequentemente
produzem seus corpos de frutificação
ou cogumelos (Fig. 2a-b). Os cogumelos
de përɨsɨ crescem diretamente do rizomorfo, em ramificações muito próximas
umas das outras (Fig. 2d) e são muito
pequenos e magros. A cabeça do cogumelo
é chamada de “píleo” o qual é marrom-alaranjado ou marrom-avermelhado escuro,
com um bico no topo (Fig. 2c). Por baixo
do píleo se abrem as lamelas, como um
guarda-chuva e é lá onde são produzidos
os seus esporos. Quando um esporo germina, se junta com outro e eles originam
um novo përɨsɨ. Os esporos têm a forma
de uma gota de água, são transparentes
e pequenos, medindo 5–7,8 × 2,7–4 µm
(Fig. 1c). O tronco fino que sustenta a
cabeça do cogumelo é chamado de “estipe”, e é parecido com os rizomorfos,
porém curtos e mais finos. A superfície
da cabeça do cogumelo é formada por
No uhutipɨ 2
Figura 2
células microscópicas que parecem
mãos com muitos dedos (Fig. 1d),
que os cientistas chamam de “equinídios
do tipo Siccus” (Oliveira 2014).
Os cientistas perceberam que o përɨsɨ possui características únicas que indicam ser
uma espécie ainda desconhecida pela ciência. Rolf Singer descreveu algumas espécies
parecidas ao përɨsɨ em 1989, mas nenhuma igual a ele. De forma geral, Marasmius
xylodendron Singer é a espécie que mais se
aproxima de përɨsɨ (Singer 1989). Porém, é
diferente pelo píleo rosa, estipe e rizomorfos muito mais finos e delicados não sendo
informado a sua abundância, além de ter a
superfície do píleo formada por equinídios
mais delicados e rosados, com os dedos do
topo mais curtos (1,5–2 µm) (Singer 1989).
Mais detalhes sobre as outras espécies de
Marasmius semelhantes ao përɨsɨ e a descrição completa do fungo explicando porque
o përɨsɨ é diferente de todas as outras
espécies conhecidas pela ciência estão
descritos no final deste livro na língua
inglesa para atender as normas exigidas
para publicação de uma nova espécie.
Junto com os cientistas concluímos
que përɨsɨ é uma espécie de Marasmius
nova para a ciência, e decidimos batizá-la
com o nome yanomami, assim seu nome
em latim será Marasmius yanomami.
É um nome que valoriza o conhecimento
yanomami sobre a floresta.
a
b
57
c
d
e
f
Morphological description/
Diagnose of Marasmius yanomami sp. nov.
In a letter dated September 17th, 2018,
we received a request from the Kumirãyõma
Womens Association to identify the fungus
that produces përɨsɨ. Along with the letter,
we received a package of three collections of
the fungus. Morphological analyses led to the
recognition of a new species of Marasmius.
Following the International Code of
Nomenclature for Algae, Fungi and Plants
[Shenzhen Code, Turland et al. (2018)],
Marasmius yanomami sp. nov. is here proposed.
A morphological description/diagnosis
is provided below, along with taxonomic
comments and line-drawing illustration.
Additional information and figures are
provided in the chapters of this book.
Unfortunately, nrITS barcode sequences have
not yet been obtained, but efforts will be made
to provide them in future studies.
58
Përɨsɨ is the raw material that
Yanomami women of the Maturacá
region of Amazonas state in the
Brazilian Amazon collect from the
forest to adorn their baskets. It is a
species recognized by all Yanomami,
but in other parts of the Yanomami
Land it may have other names,
such as uxiuxikɨkɨ1.
1. In the book Urihi a: A Terra-floresta Yanomami
(2009), B. Albert and W. Milliken describe the use
of a rhizomorph of the black fungus called
uxixi kɨkɨ in the region of the Demini River.
The manner in which përɨsɨ is collected, the
handling strategies of natural resources and
the rhizomorph usage along with myths and
braiding designs in the baskets have introduced
to us new and exceptional ethnomycological
knowledge of the Yanomami women. During
preparation of this book, we were surprised
to find that, although basketry is an activity
performed for many generations, the use of
rhizomorphs by Yanomami women in Maturacá
began only in the 1970s. The older artisans of
the Kumirãyõma Womens Association belong to
the first generation of women who have made
this innovative use of a fungus.
J. J. S. Oliveira & N. K. Ishikawa
MATERIAL AND METHODS
TAXONOMY
The specimens were photographed in the
field and in laboratory (dried material)
using Stereoscopic Microscope Leica
M205 C with Leica MC 190 HD camera.
Morphological analyzes and taxonomy
were based on Oliveira (2014). Lamellae
spacing was derived from L, number of
lamellae that reach from the pileus edge
to the stipe apex, and l, number of series
of lamellulae. Color coding was according
to Küppers (2002). Collections were dried
at 40°C. For microscopic description,
thin sections of dried basidiomata were
treated in 70 % ethanol and mounted in
3 % KOH solution or in Melzer’s reagent.
Basidiospore dimensions are the range
of length × the range of width, followed
by: xrm, the range of the means of length
× of width; xmm, the mean of the means of
length (± standard deviation – SD) × of
width (± SD); Qrm, the range of the means
of length/width; Qmm, the mean of the
means of length/width (± SD); n/s, the
number of spores measured per specimen;
s, the number of specimens examined.
Microstructures were described using
Leica DM 2500 optical microscope with
LEICA EC 3 camera, and line drawings of
the structures were made with a drawing
tube. The material was deposited in the
herbarium INPA.
Marasmius yanomami J.S. Oliveira &
N. K. Ishikawa, sp. nov.
MycoBank MB 830870
SISGen AC0B55F
Diagnosis. Pileus 1–2.2 mm diam.,
campanulate to convex, with a broad papilla,
sulcate, pale orangish brown, deep orangish
brown or dark reddish brown. Lamellae
collariate, c. 7, non-marginate. Stipe 5.5–15.6
× 0.3–0.8 mm, wiry, chitinous, hollow,
glabrous, black, insititious, rising directly
from rhizomorphs. Rhizomorphs abundant,
very elongate, filiform, thick, resistant, 0.5–1
mm diam., black, glabrous, with a silky bright,
insititious, with growing tip apex protected
by a coif-like cap. Basidiospores 4.5–7.8 ×
(2–)2.7–4 µm. Lamellar and Pileus trama
inamyloid. Pileipellis hymeniform, composed
of Siccus-type broom cells, pale yellowish
brown. Stipe trama dextrinoid only in the
cortical hyphae. Lignicolous.
Etymology: The epithet honors the
Yanomami people knowledge about the
Amazon forest and, particularly, the
knowledge about përɨsɨ.
Popular name: It is called “përɨsɨ”
by the Yanomami people of the
communities of Maturacá region,
Amazonas State (Brazil). In Portuguese,
it is suggested to be called “fio-de-fungo”.
Holotype: Brazil, Amazonas State,
Yanomami Indigenous Land, Maturacá
59
region, “Igarapé do Batatal”, 03 July 2018,
F.C. Pinto Yanomami, B.P. Santos, C.A. Lopes,
C. Arcanjo, D. Moura, E.M.L. da Silva, E.M.
Lopes, F. Moura, F.P. Paixão, K.L. Goes, L.L.
Góes, M. de Souza, M.G. Pereira, M.A. Lins,
M.J. Lima, M.I. de Souza, M.N.P. Lacerda,
R.S. Pena, S.P. Campos, T. Teixeira, T.C.D.
Gonçalves, U.S. Pereira 1 (holotypus,
INPA 284077!).
60
Pileus 1–2.2 mm diam. (Fig. 3a),
campanulate to convex, center with
a broad, rounded and large papilla,
later a low to medium-sized umbo,
sulcate from the disc towards the
decurved to incurved margin, edge
crenate in dried condition; glabrous, dull,
dry, subvelutinous, non-hygrophanous,
pale orangish brown (N50Y99M50) to deep
orangish brown or dark reddish brown
(N90Y99M40–50), sometimes seemingly
very dark vinaceus brown (N90Y99N80–99)
or almost black, especially the central
papilla; membranous, context thin (<
1 mm). Lamellae not in good condition
due to old age, collariate, distant, L = c. 7,
equal, l = 0, dirty yellowish cream (slightly
darker and brownish than N00Y10N00) to
yellowish brown (N10Y50M10) in age, nonmarginate, edge even. Stipe 5.5–15.6 ×
0.3–0.7 mm, central, filiform but thick,
equal, circular, tough, chitinous, hollow,
pliant, glabrous, smooth or polished,
with a silky bright, entirely black,
insititious, rising directly from
rhizomorphs (Fig. 3a) through
distinct, compact, volva-like nodes
on one side of a common rhizomorph.
Rhizomorphs abundant, very elongate,
branching from distant spots (may reach
more than 1 m without ramifying),
spreading over considerable perimeter in
the litter, filiform, flexible, resistant like
strings, morphological compatible with
the stipes, but thicker, 0.5–1 mm diam.,
black, with a silky bright, insititious on
the substrate, with growing tip fading
from dark reddish brown (N90Y99M70),
then orangish brown (N60Y99M60) to
whitish cream or dirty white, this
part tender, cartilaginous in the most
distal part, tapered, with a small, black,
resistant, coif-like, apical casing (Fig. 3b).
Basidiospores 4.5–7.8 × (2–)2.7–4 µm [xrm
= 6–6.3 × 3.4–3.5 µm, xmm= 6.2 (± 0.2)
× 3.5 (± 0.1) µm, Qrm = 1.9, Qmm = 1.9 (±
0.0), n/s = 30, s = 2], obovoid, ellipsoid
to subellipsoid, or lacrymoid (Fig. 3c),
smooth, hyaline, thin-walled, inamyloid.
Basidia not observed due to the old age
of the material. Basidioles observed, but
not in good condition due to advanced
age, cylindrical to clavate, 19.8–27 ×
4.4–6.3(–7) µm. Pleurocystidia absent.
Cheilocystidia not observed due to the
old age of the material. Lamellar and
Pileus trama inamyloid, arrangement of
hyphae unclear due to the old age, hyphae
collapsed and very fragmentary. Pileipellis
hymeniform (hardly seen due to the old
age), composed of Siccus-type broom cells
(Fig. 3d), mostly pale yellowish brown,
main body 10.4–25.4 × 6.2–13.5 µm,
clavate to turbinate, or irregular
in outline, smooth, hyaline, thin- to
moderately thick-walled, inamyloid;
setulae apical, short to elongate, 2.3–7
× 0.4–1.3 µm, setae-like, cylindrical,
digitiform to verruciform, simple to
branched, solid, hyaline, apex acute to
rounded obtuse. Stipe trama in three
layers: superficial, cortical and internal,
this later internally delimited by a hollow
core, otherwise filled with spongy
bundles of loose, yellowish cream hyphae:
1) superficial layer dark brown in
KOH solution, almost black when grouped,
hyphae parallel, cylindrical, reaction in
Melzer’s reagent unknown due to the
dark pigmentation, walls very thick or
with no lumen, of compatible diam.
with those of the cortex;
2) cortical hyphae dextrinoid,
parallel, cylindrical, 5–8.5 µm diam.,
ochraceous brown, thick-walled with
very tight lumen, smooth;
3) internal hyphae hyaline to pale yellow,
disorganized, cylindrical, thin-walled,
inamyloid, smooth, 1–6.4 µm diam.
Rhizomorphs microscopically similar to
the stipe. Caulocystidia absent. Clamp
connections only observed in the internal
hyphae of the stipe or rhizomorphs, not
seen in the pileus and lamellar trama
due to the old age, but absent in the
hyphae of the cortex and surface
of the stipe/rhizomorphs.
Habit and substrate. Marasmioid,
gregarious, rhizomorphs abundant,
much more numerous than the
basidiomata, which grow more often
when the rhizomorphs climb on the
base of leaving dicotyledonous tree
trunk. Saprotrophic, decomposing
rotten wood (stumps, branches or
trunk) of dicotyledonous tree in the
thick and wet litter of ombrophylous
dense (terra-firme) Amazon forest.
Additional material examined:
Brazil, Amazonas State, Yanomami
Indigenous Land, Maturacá region,
“Igarapé do Batatal”, 03 July 2018, F.C.
Pinto Yanomami, B.P. Santos, C.A. Lopes,
C. Arcanjo, D. Moura, E.M.L. da Silva, E.M.
Lopes, F. Moura, F.P. Paixão, K.L. Goes, L.L.
Góes, M. de Souza, M.G. Pereira, M.A. Lins,
M.J. Lima, M.I. de Souza, M.N.P. Lacerda,
R.S. Pena, S.P. Campos, T. Teixeira, T.C.D.
Gonçalves, U.S. 2 (INPA 284078!); F.C. Pinto
Yanomami et al. 3 (INPA 284079!).
Comments. Marasmius yanomami is
especially characterized by producing
vastly abundant, black rhizomorphs
that grow from stumps, branches or
trunks buried in the litter. The growing
tips are frequently found erect, which
is tapered, and the tender and delicate
61
62
apex is protected by a black, coif-like
cap. The thick rhizomorphs are the most
conspicuous structure of this fungus,
and its growth success is dependent of
the conditions provided by the preserved
forest (water, food, good temperature and
shade). They are very elongate, filiform,
flexible and resistant, like thick hairs
that branch in distant points, covering
relatively large areas. The rhizomorphs
also climb the base of trees, where the
small, marasmioid mushrooms are
mostly produced, rising very close each
other from a common rhizomorph. More
on morphology and physiology of the
rhizomorphs is summarized in Townsend
(1954), Singer (1986), Desjardin (1989)
and Yafetto (2018).
The pileus is convex to campanulate,
sulcate, orangish to reddish brown,
sometimes dark vinaceous brown,
with a central, dark brown, large and
rounded papilla. The basidiospores are
small (4.5–7.8 × 2.7–4 µm), ellipsoid
to subellipsoid, and the pileipellis
is composed of pale brown, thin- to
moderately thick-walled and inamyloid
Siccus-type broom cells. Marasmius
yanomami belongs to Marasmius sect.
Marasmius subsect. Sicciformes (Antonín
1991). Due to the material conditions
(old age), some microstructure (i.e.
cheilocystidia, and hyphae in the
lamellar and pileus trama) could not be
recovered. According to Singer (1986), the
cheilocystidia are generally present, and
are mostly like the pileipellis broom cells
(Singer 1986, Desjardin 1989). Species
in Marasmius present subregular to
irregular (interwoven hyphae) pileus and
lamellar trama (Antonín 2007, Antonín
& Noorderloos 2010, Oliveira 2014) and
it is possibly the case of this species. The
pileipellis was also fragmentary, only
observed as hymeniform based on groups
of broom cells that remained gathered
when the tissues were compressed in
KOH solution. Nonetheless, the
characteristics described are enough
to support the new species proposal.
The area where the specimens were
collected is very remote in the mid
northwestern Amazon forest, a large
indigenous land of protected forest of very
difficult access for non-indigenous and for
collections trip. These should be regarded
as satisfactory reasons to accept the
current, preserved material as the type.
However, M. xylodendron differs by having
a pinkish pileus with a brown papilla,
much thinner and more delicate stipe and
rhizomorphs, let alone the abundance of
rhizomorphs not mentioned by the author
and the pileipellis formed by tender and
rosaceous broom cells with short setulae
(1.5–2 µm) (Singer 1989). The epithet also
suggests that the basidiomata grow from
rhizomorphs like M. microdendron Singer
(Singer 1976), with “dendroid-ascendant”
rhizomorphs. Marasmius minusculus
Singer is also similar mainly by having
a sulcate, dark pigmented, papillate and
small pileus (1–1.5 mm diam.), a stipe
rising from nodes on black rhizomorphs,
and very similar dimensions of Siccustype broom cells (Singer 1989). Differs,
however, by the pigmentation of the pileus
which is more purple than vinaceous,
by the much thinner stipe and
rhizomorphs (0.1–0.2 mm diam.),
and by the larger basidiospores
(6–8.5 × 3–4 µm) (Singer 1989).
Overall, M. xylodendron Singer is the
species described in Singer (1989) that
most seems close to M. yanomami for
being a lignicolous species with a papillate
and small pileus (1–1.2 mm diam.), a short
stipe (± 5 × 0.1 mm) growing from long
and filiform rhizomorphs (0.1–0.2 mm
diam.), ellipsoid and small basidiospores
(5.5–7.2 × 2.8–3.7 µm), and a pileipellis
composed of Siccus-type broom cells.
Marasmius polycladoides Singer is similar
by having a papillate, dark pigmented,
small pileus (1.5–2.5 mm diam.), and
a stipe growing from somewhat thick
rhizomorphs (0.4 mm diam.) (Singer
1989). However, it differs by the pink
to purple pileus (even though with
a cinnamon ocher hue), stipe and
rhizomorphs with “hairs” on the surface
indicating the presence of setae-like
hyphae, smaller basidiospores (5–6.5 ×
3–4 µm) and by having Chrysochaetestype broom cells in the pileipellis (Singer
1989). Other similar species by having
basidiomata rising from rhizomorphs in
Singer (1989) are M. inundabilis Singer
and M. pseudocupressiformis Singer,
however they largely differ mainly in
having much larger basidiospores
(9.5–18.5 µm in length).
Other different species with
basidiomata growing from rhizomorphs
are M. crinis-equi F. Muell. ex Kalchbr.,
M. cupressiformis Berk., M. hippiochaetes
Berk., M. microdendron, M. nigrobrunneus
(Pat.) Sacc., M. populiformis Berk., M.
polycladus Mont., M. puttemansii Henn., M.
puttemansii var. oligocladus Singer, and M.
trichorrizus Speg. (Berkeley 1856, Singer
1964, 1976, Pegler 1983). This latter may
be considered very close to M. yanomami
according to Singer (1976), but differs
by producing very thin and tender stipes
(0.15–0.18 mm thick) and rhizomorphs,
and larger basidiospores [8.2–9 × 2.2–
3.5(–5) µm or 7–8 × 4–5 µm]. Marasmius
trichorrizus is involved in nomenclatural
and taxonomic problems (Singer 1976),
and is considered a synonym of M.
crinis-equi. However, Singer (1976)
suggested that M. trichorrizus may be an
independent species and needs further
evaluation on new, fresh collections from
the type locality (Argentina). Oliveira
63
(2014) collected a material
from Southeastern Brazil that may
represent M. trichorrizus. It differs from
M. yanomami by having a pileus with a
conical and not such prominent papilla
that regresses into a dot in maturity, by
having much larger ratio of the pileus/
stipe width (pileus up to 5 mm diam.),
by more numerous lamellae (12–15 vs.
c. 7), by thinner stipes and rhizomorphs
(0.4–0.7 mm vs. up to 1 mm), and by
having more variable basidiospores in
the size [4.8–8(–9.6) × 2.5–4(–5) µm].
64
Marasmius crinis-equi mainly differs
from M. yanomami by having paler orange
pileus, by having larger basidiospores
(9–13 × 3.5–5 µm) and by growing on
myrtaceous leaves and twigs while M.
cupressiformis mainly differs by having
a white or whitish pileus and a more
complex pileipellis composed of Rotalisand Siccus-type broom cells (Singer
1976). Marasmius hippiochaetes has, in
contrast to the new species, bright red
pileus with an usually white umbilicus
and minute papilla, has a pale umber to
succineous-umber, thin (0.1–0.2 mm)
stipe/rhizomorphs (rhizomorphs can be
thicker), has larger basidiospores [(5–
)7–9 × 3.5–4.2 µm], has dextrinoid pileus
trama, has Chrysochaetes succineousumber-type broom cells forming the
pileipellis, and has setae-like hairs in the
stipe and rhizomorphs surface (Singer
1976). Marasmius microdendron
differs from M. yanomami by having
a pink pileus, a stramineous-umber
or paler pigmented, very thin (0.05–0.1
mm) stipe rising from rhizomorphs in
a dendroid-ascendant arrangement, a
dextrinoid pileus trama and a pileipellis
composed of Chrysochaetes-type
broom cells (Singer 1976).
Marasmius nigrobrunneus mainly
differs by having a gray to limestonecolored, larger (2–9 mm diam.) pileus
and larger [(6.2–)7.5–10.5 × 3.5–5.5 µm]
basidiospores while M. populiformis
mainly diverges by having smaller
pileus (up to 1 mm diam.), by having
marginate lamellae, by having yellowish
stipe/rhizomorphs (0.1 mm thick)
and by having a pileipellis composed
of apparently Rotalis-type (possibly
Chrysochaetes-type) broom cells (Singer
1976). Marasmius puttemansii differs
by growing on dead leaves and petioles
beside small twigs, by having larger (2–5
mm diam.), purple-red to red-brown
pileus with a pallid zone around a dot or
a low to medium sized papilla (sometimes
a small umbo), more numerous lamellae
(10–13), longer (up to 80 mm) and thinner
(up to 0.2 mm) stipe, which also grows
directly on the substrate, more oblong
basidiospores (6.3–9 × 2.3–3 µm), and
by having a dextrinoid pileus trama
(Singer 1976). Marasmius puttemansii var.
Figura 3
Marasmius yanomami: a1–2) basidiomata rising from the rhizomorph;
b) rhizomorph’s growing tip; c) basidiospores; d) Siccus-type broom cells of the pileipellis.
65
oligocladus also differs by having a larger
pileus (2–6 mm diam.), thinner stipe/
rhizomorphs (0.1–0.2 mm), a dextrinoid
pileus trama and by growing on dead
leaves (Singer 1976). Other examined
literatures: Petch (1948), Dennis
(1970), Corner (1996), Antonín (2007),
Wannathes et al. (2009), and Tan et al.
(2009). Other literatures were examined
but no similar species was found: Petch
(1948), Dennis (1970), Corner (1996),
Antonín (2007), Wannathes et al. (2009),
and Tan et al. (2009).
Acknowledgement
66
We would like to thank Dr. Vladimir
Antonín (Czech Republic), MSc. Eiji
Nagasawa (Japan) and Dr. Marcelo A.
Sulzbacher (Brazil) for peer-reviewing
the taxonomy of M. yanomami and
Dr. Tarciso S. Filgueiras (Brazil) for
assisting us on the epithet and Latin.
References
Albert, B. & Milliken, W. 2009. Urihi A:
A Terra-Floresta Yanomami. Instituto
Socioambiental, São Paulo, 207 p.
Antonín, V. 1991. Studies in marasmioid
fungi – VI. A new subsection Sicciformes
within Marasmius section Marasmius
and a key to the European species of
Marasmius section Marasmius. Acta Musei
Moraviae, Scientiae Naturales 76: 145–147.
Antonín, V. 2007. Monograph of
Marasmius, Gloiocephala, Palaeocephala
and Setulipes in Tropical Africa. Fungus
Flora of Tropical Africa 1: 1–164.
Antonín, V. & Noordeloos, M.E. 2010.
A monograph of marasmioid and
collybioid fungi in Europe. IHW-Verlag,
Eching, Germany.
Berkeley, M.J. 1856. Decades of fungi.
Decades LI - LIV. Rio Negro fungi.
Hooker’s 190 Journal of Botany and Kew
Garden Miscellany 8: 129–144.
Corner, E.J.H. 1996. The agaric genera
Marasmius, Chaetocalathus, Crinipellis,
Heimiomyces, Resupinatus, Xerula and
Xerulina in Malesia. Beiheft Nova
Hedwigia 111: 1-164.
Dennis, R.W.G. 1970. The Fungus flora
of Venezuela and adjacent Countries.
Kew Bulletin, Additional Series 3: 1–531.
Desjardin, D.E. 1989. The genus
Marasmius from the Southern
Appalachian Mountains. PhD. Thesis.
University of Tenenssee, Knoxville.
Küppers, H. 2002. Atlas de los colores.
Editorial Blume, Barcelona.
Oliveira, J.J.S. 2014. Morfologia e
relações filogenéticas de Marasmius
(Marasmiaceae) de áreas de Mata
Atlântica do Estado de São Paulo, Brasil.
Tese de doutorado, São Paulo, 462 p.
Pegler, D.N. 1983. Agaric flora
of the Lesser Antilles. Kew Bulletin,
Additional Series 9: 1–668.
Petch, T. 1948 [1947]. A revision of
Ceylon Marasmii. Transactions of the
British Mycological Society 31: 19–47.
Singer, R. 1964. Marasmius congolais
recueillis par Mme. Goossens-Fontana
et d’autres collecteurs Belges. Bulletin
du Jardin Botanique de l’État à
Bruxelles 34: 317–388.
Singer, R. 1976. Marasmieae
(Basidiomycetes – Tricholomataceae).
Flora Neotropica Monograph 17: 1–347.
Singer, R. 1986. The Agaricales in
Modern Taxonomy. 4th ed. Koeltz
Scientific Books, Koenigstein, Germany.
Singer, R. 1989. New taxa and new
combinations of Agaricales (Diagnoses
fungorum novorum agaricalium IV).
Fieldiana Botany 21: 1–133.
Tan, Y.-S., Desjardin, D.E., Perry, B.A.,
Vikineswary, S. & Noorlidah, A. 2009.
Marasmius sensu stricto in Peninsular
Malaysia. Fungal Diversity 37: 9–100.
Townsend, B.B. 1954. Morphology and
development of fungal rhizomorphs.
Transactions of the British Mycological
Society 37: 222–233.
Turland, N. J., Wiersema, J. H., Barrie,
F. R., Greuter, W., Hawksworth, D. L.,
Herendeen, P. S., Knapp, S., Kusber, W.-H.,
Li, D.-Z., Marhold, K., May, T. W., McNeill,
J., Monro, A. M., Prado, J., Price, M. J. &
Smith, G. F. (eds.) 2018: International
Code of Nomenclature for algae, fungi,
and plants (Shenzhen Code) adopted by
the Nineteenth International Botanical
Congress Shenzhen, China, July 2017.
Regnum Vegetabile 159. Glashütten:
Koeltz Botanical Books. DOI https://doi.
org/10.12705/Code.2018
Wannathes, N., Desjardin, D.E., Hyde,
K.D., Perry, B.A. & Lumyong, S. 2009.
A monograph of Marasmius
(Basidiomycota) from Northern
Thailand based on morphological
and molecular (ITS sequences) data.
Fungal Diversity 37: 209–306.
Yafetto, L. 2018. The structure of
mycelial cords and rhizomorphs of fungi:
A mini-review. Mycosphere 9: 984–998.
67
Papeo yama si pë mɨɨ parɨopërei
Bibliografia
Albert, B.; Milliken, W. 2009.
Urihi a: a terra-floresta Yanomami.
São Paulo: ISA e Paris: IRD, 207 p.
Oliveira, J.J.S. 2014.
Morfologia e relações filogenéticas de
Marasmius (Marasmiaceae) de áreas de
Mata Atlântica do Estado de São Paulo,
Brasil. Tese de doutorado, São Paulo, 462 p.
Prange, S.; Nelson, D.H. 2006.
Use of fungal rhizomorphs as
nesting material by Glaucomys
volans (Southern flying squirrels).
Southeastern Naturalist, 5: 355-360.
68
Russell, D.G.D.; Hansell, M.; Reilly, M.
2013. Bird nests in museum collections:
a rich resource for research.
Avian Biology Research. 6: 1-5.
Sanuma et. al. 2016.
Ana amopö: Cogumelos Yanomami.
São Paulo: ISA, 108 p.
Singer, R. 1989.
New taxa and new combinations
of Agaricales (Diagnoses fungorum
novorum agaricalium IV).
Fieldiana Botany 21: 1–133.
69
Publicações da série
Yanonamɨ pëma ã no urihi ɨhɨ pë pou –
Saberes da Floresta Yanomami
1. Xapiri thëã oni - Palavras Escritas
sobre os xamãs Yanomami, 2014.
Orgs. Morzaniel Ɨramari Yanomami
e Ana Maria A. Machado.
Edição: HAY/ ISA, Demini: 2014
2. Hwërɨmamotima thë pë ã oni Manual dos remédios tradicionais
Yanomami. Orgs. Morzaniel Ɨramari
Yanomami, Ehuana Yaira Yanomami,
Bruce Albert, William Milliken, Vicente
Coelho). Edição: HAY/ ISA, Demini: 2015
70
3. Salaka pö - Peixes, crustáceos e
moluscos. Enciclopédia dos alimentos
Yanomami (Sanöma) Sanöma samakönö
sama tökö nii pewö oa wi ĩ tökö waheta.
Orgs.: Moreno Saraiva Martins, Carlos
Sanuma, Joana Autuori, Lukas Raimundo
Sanuma, Marinaldo Sanuma, Oscar Ipoko
Sanuma, Resende Maxipa Apiamo.
Edição: HAY/ ISA, Awaris: 2016
4. Ana Amapö - Cogumelos. Enciclopédia
dos alimentos Yanomami (Sanöma)
Sanöma samakönö sama tökö nii pewö
oa wi ĩ tökö waheta. Orgs.: Oscar Ipoko
Sanuma, Keisuke Tokimoto, Carlos
Sanuma, Joana Autuori, Lukas Raimundo
Sanuma, Marinaldo Sanuma, Moreno
Saraiva Martins, Nelson Menolli Jr.,
Noemia Kazue Ishikawa, Resende Maxipa
Apiamo. Edição: HAY/ ISA, Awaris: 2016
5. Yanomami thëpë urihi pë ãha wëaɨ
wii sikɨ - Território e comunidades
Yanomami Brasil – Venezuela 2014.
Orgs. Aimé Tillet, Estêvão Benfica Senra,
José Becerra Ruiz, Moreno Saraiva
Martins, Renata Alves. Edição: ISA, 2014
6. Garimpo ilegal nos territórios
Yanomami (Brasil – Venezuela).
Orgs: Estêvão Benfica Senra, Maria
Lucrécia Hernandez, José Becerra Ruiz.
Edição: ISA, 2017
7. Ɨnaha ipa pata thëpë kuama 1.
Orgs.: Alfredo Himotona Yanomama,
Helder Perri Ferreira, Genivaldo Krepuna
Yanomama, Marconi Kariuna Yanomama,
Ana Maria A. Machado.
Edição: PDYP/ HAY/ ISA/ Fae –
UFMG/ SIEY/ Fino Traço. Papiu, 2017
8. Orupë thëã.
Orgs.: Kassua Adnaldo Yanomami,
Mozarildo Yanomami, Mary Agnes Njeri
Mwangi, Ana Maria A. Machado, Helder
Perri Ferreira, Corrado Dalmonego.
Edição: Yano thëã, HAY/ Fae – UFMG/
SIEY/ Fino Traço. Missão Catrimani, 2017
9. Yuripë sikɨ - Peixes do rio Catrimani
Orgs.: Kassua Adnaldo Yanomami,
Mozarildo Yanomami, Mary Agnes Njeri
Mwangi, Ana Maria A. Machado, Helder
Perri Ferreira, Corrado Dalmonego.
Edição: Yano thëã, HAY/ Fae – UFMG/
SIEY/ Fino Traço. Missão Catrimani, 2017
10. Yɨpɨmuwi thëã oni - Palavras
Escritas sobre menstruação.
Orgs. Ehuana Yaira Yanomami, Ana Maria
A. Machado. HAY/ ISA/ Fae – UFMG/ SIEY/
Fino Traço. Demini, 2017
11. Tä saöka wi ĩ tä waheta Alfabetização Sanöma.
LIVRO 1: Tä katehamö lotetei ĩ tä (vogais)
LIVRO 2: Tä katehamö utitii ĩ tä
Orgs.: Resende Maxiba Apiamö, Marinaldo
Sanumá, Lukas Raimundo Sanumá,
Sandro Sanumá, Moreno Saraiva Martins,
Joana Autuori. Edição: HAY / ISA/ FaeUFMG / SIEY / Fino Traço – Awaris, 2017
12. Õnimatima Yanomae yama thëpë
pihi moyamɨmaɨwi sikɨ - Alfabetização
Yanomae – vogais e consoantes
Orgs.: Kasua Adnaldo Yanomami,
Mozarildo Yanomami, Mary Agnes Njeri
Mwangi, Corrado Dalmonego.
Edição: Yano thëã HAY/ fae - UFMG/ SIEY/
Fino traço. Missão Catrimani, 2018
13. Pihi moyãmɨprotima sikɨ Alfabetização Yanomama –
vogais e consoantes.
Orgs.: Marconi Kariuna Yanomama,
Alfredo Himotona Yanomama, Genivaldo
Krepuna Yanomama, Ana Maria Machado,
Helder Perri Ferreira. Edição: PDYP, ISA,
HAY/ fae - UFMG/ SIEY/ Fino traço – 2018
14. Ɨnaha ipa pata thëpë kuama 2.
Orgs.: Alfredo Himotona Yanomama,
Helder Perri Ferreira, Genivaldo Krepuna
Yanomama, Marconi Kariuna Yanomama,
Ana Maria A. Machado). Edição: PDYP/
HAY/ ISA/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço.
Papiu, 2018
15. Ɨnaha ipa pata thëpë kuama 3.
Orgs.: Alfredo Himotona Yanomama,
Helder Perri Ferreira, Genivaldo Krepuna
Yanomama, Marconi Kariuna Yanomama,
Ana Maria A. Machado. Edição: PDYP/
HAY/ ISA/ Fae – UFMG/ SIEY/ Fino Traço.
Papiu, 2017
16. Políticas para as línguas
Yanomami/ Yanomamɨ të pë kahikɨ
riã noamɨowei tëã oni / Yanomama
thëpë kahikɨ riã noamamu wei thãa
tũrũ / Ninam thã yai totihi thamapowei
thã/ Ninam thãwmih mɨtimarãĩ thão
tɨ̃ rɨ ̃ /Sanöma samakö kai noamamo
totiowi ĩ tä waheta.
Orgs.: Helder Perri Ferreira, Ana Maria
A. Machado, Estêvão Benfica Senra, Anne
Ballester Soares. Edição: ISA e HAY. 2018
17. As línguas Yanomami no Brasil,
diversidade e vitalidade.
Orgs.: Helder Perri Ferreira, Ana Maria
A. Machado, Estêvão Benfica Senra.
Edição: ISA e HAY. 2018
71
72
Fontes: Cambria e Univers.
1500 exemplares impressos em
off-set na BMF Gráfica e Editora em junho de 2019.
Capa em papel TP Premium 350 g/m 2 com
lâmina interna em papel TP Premium 250 g/m 2
e miolo em papel Couché Fosco 150 g/m 2.
O povo Yanomami possui um conhecimento excepcional das propriedades e usos das plantas, fungos e fauna.
Tradicionalmente as informações são passadas de boca em boca e, mais recentemente, também através de publicações
da série “Saberes da Floresta Yanomami”. Este livro, bem ilustrado, é sobre o uso de përɨsɨ, um fungo (Marasmius
yanomami sp. nov.) usado pelas Yanomami para decorar seus cestos trançados com cipó. Contado pelas mulheres,
o livro explica como o fungo é coletado e usado. Este é um excelente exemplo de um livro que traz conhecimento
tradicional junto com a ciência, ampliando nossas perspectivas e também ajudando a fortalecer a cultura Yanomami.
WILLIAM MILLIKEN
9 788582 260692
Përɨsɨ O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria
Yanomamɨ pënɨ urihiterimɨ pë taɨ hɨtɨtɨwehe: kaukau pë rë kui, sikomɨ ãsi heparapɨ pë kãi, yaro pë kãi. Të pë rë tamouwei
të pë kãi taɨ hɨtɨtɨwehe. Yanomamɨ pë rë yɨmɨkamayou rë xomaonowei, pei kahikɨnɨ pë yɨmɨkamayoma. Hei tëhë, papeo si
pënɨ pë kãi yɨmɨkamayou, ɨnaha si pë rë kuprai: urihi anɨ të pë ã rë pouwei. Ei papeo si kɨ rë kui huxomi ha onioni katehe pë
kãi titia. Përɨsɨ (Marasmius yanomami sp. nov.) e pë sikɨ. Peripo ihirupɨ kë pë. Yanomamɨ suwë pënɨ pë ukukaɨhe, masimasi
ma pënɨ wɨɨ pë rë tiyëɨwehei pë riya ha onimahenɨ. Suwë pënɨ hei sikɨ yãpramahe, përɨsɨ pë wãha nohi riya ha wëahenɨ, përɨsɨ
pë rë ukukaɨwehei, pë tiyëɨ rë nikereaɨwehei. Ɨnaha papeo sikɨ kuprou tëhë, katehe sikɨ: yanomamɨ puhi taotao xomaomɨ të
pë ã xo, napë pënɨ të pë rë taɨwehei të pë ã xo ɨnaha të pë ã titia. Yanomamɨ pë xo, napë taerewë pë xo pë puhi tao mɨ hetuo,
ɨhɨ tëhë. Pë payerimayou. Ɨnaha të kuo tëhë, Yanomamɨ pë rë kuaaɨwei, të pë rë taɨwehei të pë hiakaprou totihiwë.
Përɨsɨ
Përɨsɨyoma pë wãha oni
O fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria