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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
A838
Aspectos fitossanitários da agricultura [recurso eletrônico] /
Organizadora Mônica Jasper. – Ponta Grossa, PR: Atena, 2020.
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-86002-40-9
DOI 10.22533/at.ed.409201303
1. Agricultura. 2. Produtos químicos agrícolas. I. Jasper, Mônica.
CDD 632.35
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
Atena Editora
Ponta Grossa – Paraná - Brasil
www.atenaeditora.com.br
contato@atenaeditora.com.br
APRESENTAÇÃO
O livro “Aspectos Fitossanitários da Agricultura” é uma compilação de trabalhos
de pesquisas sobre manejo fitossanitário na agricultura brasileira. A obra reúne
trabalhos de diferentes regiões do país, analisando a área do Manejo fitossanitário
sob diferentes abordagens.
É necessário conhecer esses temas sob diversas visões de pesquisadores, a
fim de aprimorar conhecimentos, relações interespecíficas e desenvolver estratégias
para a utilização do conhecimento acerca das formas de controle de patógenos e
insetos m culturas agrícolas.
O trabalho contínuo de pesquisadores e instituições de pesquisa tem permitido
grandes avanços nessa área. Assim, apresentamos neste trabalho uma importante
compilação de esforços de pesquisadores, acadêmicos, professores e também da
Atena Editora para produzir e disponibilizar conhecimento neste vasto contexto.
Mônica Jasper
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1
ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE ÓLEOS ESSENCIAIS EM TESTES IN VITRO NO
CONTROLE DO Colletotrichum falcatum, AGENTE DA PODRIDÃO VERMELHA DA
CANA-DE-AÇÚCAR
Luciana Oliveira Souza Anjos
Ivan Antônio dos Anjos
Pery Figueiredo
Marcos Guimarães de Andrade Landell
Vivian Bernasconi Villela dos Reis Fernandes
DOI 10.22533/at.ed.4092013031
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 5
CERCOSPORIOSE FOLIAR EM LAVOURA CAFEEIRA SOB CONDIÇÃO DE
SEQUEIRO NO SUL DO AMAZONAS
Ruan Sobreira de Queiroz
Juliana Formiga Botelho
José Cezar Frozzi
Marcelo Rodrigues dos Anjos
Moisés Santos de Souza
DOI 10.22533/at.ed.4092013032
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 15
CONTAMINANTES NA CULTURA ASSIMBIÓTICA DE Hibiscus sabdariffa L. EM
DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE MEIOS NUTRITIVOS E CONDIÇÕES DE
LUMINOSIDADE
Alessandra Carla Guimarães Sobrinho
Alberdan Silva Santos
Rosana Silva Corpes
DOI 10.22533/at.ed.4092013033
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 23
CONTROLE QUÍMICO E HIDROTÉRMICO DA PODRIDÃO PEDUNCULAR (Fusarium
SP.) EM MAMÕES DO GRUPO PAPAYA
Frank Magno da Costa
Hamylson Araujo Peres
Izaías Araújo de Oliveira
DOI 10.22533/at.ed.4092013034
CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 31
CRESCIMENTO MICELIAL DE Stemphyllium SP. AGENTE ETIOLÓGICO DA QUEIMA
DE ESTNFÍLIO NA CULTURA DA CEBOLA (Allium cepa) EM DIFERENTES MEIOS
DE CULTURA /
Flávia de Oliveira Borges Costa Neves
Igor Souza Pereira
DOI 10.22533/at.ed.4092013035
SUMÁRIO
CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 42
DIFERENTES MÉTODOS DE INOCULAÇÃO DE Colletotrichum falcatum EM CANADE- AÇÚCAR
Jaeder Henrique da Silva Ferreira
Deigue Garcia Duarte
Cássio dos Santos Martins
Gabriella Souza Cintra
DOI 10.22533/at.ed.4092013036
CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 47
EFEITO DE SUBSTRATOS REGIONAIS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATE
Elis Daiani Timm Simon
Anita Ribas Avancini
Ester Schiavon Matoso
Mariana Teixeira da Silva
William Rodrigues Antunes
Tânia Beatriz Gamboa Araújo Morselli
DOI 10.22533/at.ed.4092013037
CAPÍTULO 8 .............................................................................................................. 55
EMERGÊNCIA E CRESCIMENTO DE ALGODOEIRO
PROFUNDIDADE DE SEMEADURA EM SOLO ARENOSO
EM
FUNÇÃO
DA
Everton Martins Arruda
José Claudemir dos Santos da Silva
Kevein Ruas de Oliveira
Risely Ferraz Almeida
Leonardo Rodrigues Barros
Marcos Paulo dos Santos
Rodrigo Takashi Maruki Miyake
Fernanda Pereira Martins
Adriana Aparecida Ribon
DOI 10.22533/at.ed.4092013038
CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 65
FUNGICIDAS BOTÂNICOS NO CONTROLE DA MANCHA-DE-BIPOLARIS NO
MILHO
Dalmarcia De Souza Carlos Mourão
Micaele Rodrigues De Souza
João Vinícius Lopes Dos Reis
Talita Pereira De Souza Ferreira
Pedro Raymundo Arguelles Osorio
Eduardo Ribeiro Dos Santos
Damiana Beatriz Da Silva
Paulo Henrique Tschoeke
Fabrício Souza Campos
Tayná Alves Pereira
David Ingsson Oliveira Andrade De Farias
Gil Rodrigues Dos Santos
DOI 10.22533/at.ed.4092013039
SUMÁRIO
CAPÍTULO 10 ............................................................................................................ 81
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA EFICIÊNCIA NUTRICIONAL DE
MICRONUTRIENTES POR MUDAS DE CEDRO DOCE
Oscar José Smiderle
Aline das Graças Souza
Renata Diane Menegatti
DOI 10.22533/at.ed.40920130310
CAPÍTULO 11 ............................................................................................................ 93
LEVANTAMENTO FITOPATOLÓGICO DE DOENÇAS DA BANANEIRA COM ÊNFASE
À SIGATOKA NEGRA (Mycosphaerella fijiensis, MORELET) EM ASSENTAMENTOS
NO MUNICÍPIO DE THEOBROMA – RONDÔNIA
Elizangela Barbosa Coelho
Luzia Correa Dunenemann
Francenilson da silva
DOI 10.22533/at.ed.40920130311
CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 101
QUALIDADE FISIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE FUNGOS EM SEMENTES
DE SOJA COM DISTINTOS PONTOS DE MATURAÇÃO
Alice Casassola
Neimar Cenci
Adjar de Oliveira
Igor de Sordi
Hugo Rafael Catapan
Leonita Beatriz Girardi
Fabiola Stockmans De Nardi
Sabrina Tolotti Peruzzo
Katia Trevizan
DOI 10.22533/at.ed.40920130312
CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 112
REAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA À Curtobacterium flaccumfaciens PV.
flaccumfaciens
Jacqueline Dalbelo Puia
Adriano Thibes Hoshino
Rafaela Rodrigues Murari
Leandro Camargo Borsato
Marcelo Giovanetti Canteri
Sandra Cristina Vigo
DOI 10.22533/at.ed.40920130313
CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 118
SISTEMAS DE CULTIVOS NA PRODUTIVIDADE DA SOJA NO CERRADO
BRASILEIRO
Elias Nascentes Borges
Risely Ferraz-Almeida
Mariana Velasque Borges
Fernanda PereiraMartins
Everton Martins Arruda
Cinara Xavier de Almeida
Ricardo Falqueto Jorge
SUMÁRIO
Ivone de Sousa Nascentes Morgado
Renato Ribeiro Passos
DOI 10.22533/at.ed.40920130314
CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 131
SECA-DE-PONTEIROS EM LAVOURA CAFEEIRA Coffea canephora PIERRE EX A.
FROEHNER SOB CONDIÇÃO DE SEQUEIRO NO SUL DO AMAZONAS
Moisés Santos de Souza
Juliana Formiga Botelho
José Cezar Frozzi
Marcelo Rodrigues dos Anjos
Ruan Sobreira de Queiroz
DOI 10.22533/at.ed.40920130315
CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 138
TRICHODERMA SP. COMO BIOPROMOTOR DO FEIJÃO-CAUPI
Jordana Alves da Silva Melo
Klênia Rodrigues Pacheco Sá
Lucas Lima Borba
DOI 10.22533/at.ed.40920130316
CAPÍTULO 17 .......................................................................................................... 146
A Pseudocercospora species ON LEAVES OF Schinus terebinthifoliuS RADDI IN THE
STATE OF RIO DE JANEIRO, BRAZIL
Kerly Martinez Andrade
Wattson Quinelato Barreto de Araújo
Jonas Dias de Almeida
Carlos Antonio Inácio
DOI 10.22533/at.ed.40920130317
CAPÍTULO 18 .......................................................................................................... 153
OCURRENCE OF Phakopsora euvitis IN SOME GRAPE VARIETIES IN THE STATE
OF RIO DE JANEIRO
Bruno Cesar Ferreira Gonçalves
Pedro de Souza Calegaro
Jucimar Moreira de Oliveira
Peter Soares de Medeiros
Hagabo Honorato de Paulo
Carlos Antonio Inácio
DOI 10.22533/at.ed.40920130318
CAPÍTULO 19 .......................................................................................................... 162
REACTION OF TOMATO CULTIVARS (Solanum lycopersicum) TO Pseudomonas
syringae PV. TOMATO AND Pseudomonas cichorii
Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
Ricardo Marcelo Gonçalves
João César da Silva
José Marcelo Soman
Antonio Carlos Maringoni
DOI 10.22533/at.ed.40920130319
SUMÁRIO
CAPÍTULO 20 .......................................................................................................... 169
BIOFUMIGAÇÃO NO CONTROLE DE FITOPATÓGENOS HABITANTES NO SOLO
Cleberton Correia Santos
Rodrigo da Silva Bernardes
Jaqueline Silva Nascimento
Willian Costa Silva
Daniela Maria Barros
Ana Caroline Telis dos Santos
Rodrigo Alberto Bachi Machado
Maria do Carmo Vieira
Néstor Antonio Heredia Zárate
DOI 10.22533/at.ed.40920130320
CAPÍTULO 21 .......................................................................................................... 184
INCIDÊNCIA DE FUNGOS ASSOCIADOS A SEMENTES DE Amaranthus cruentus
BRS ALEGRIA NA COLHEITA E SECAGEM AO SOL
Patrícia Monique Crivelari da Costa
Aloisio Bianchini
Patrícia Helena de Azevedo
Leimi Kobayasti
Ana Lucia da Silva
Sharmely Hilares Vargas
Hipolito Murga Orrillo
Pedro Silvério Xavier Pereira
Dryelle Sifuentes Pallaoro
Arielly Lima Padilha
Guilherme Machado Meirelles
Theodomiro Garcia Neto
DOI 10.22533/at.ed.40920130321
CAPÍTULO 22 .......................................................................................................... 192
AGREGAÇÃO DO SOLO EM SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURA E PECUÁRIA NO
CERRADO
Risely Ferraz-Almeida
Fernanda PereiraMartins
Mariana Velasque Borges
Cinara Xavier de Almeida
Renato Ribeiro Passos
Ivoney Gontijo
Elias Nascentes Borges
DOI 10.22533/at.ed.40920130322
SOBRE A ORGANIZADORA................................................................................... 204
ÍNDICE REMISSIVO ................................................................................................ 205
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
doi
ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE ÓLEOS ESSENCIAIS EM
TESTES IN VITRO NO CONTROLE DO Colletotrichum
falcatum, AGENTE DA PODRIDÃO VERMELHA DA CANADE-AÇÚCAR
Data de aceite: 11/03/2020
Luciana Oliveira Souza Anjos
Instituto Agronômico (IAC)
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo
E-mail lucianasouza@iac.sp.gov.br
Ivan Antônio dos Anjos
Instituto Agronômico (IAC)
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo
Pery Figueiredo
Instituto Agronômico (IAC)
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo
Marcos Guimarães de Andrade Landell
Instituto Agronômico (IAC)
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo
Vivian Bernasconi Villela dos Reis
Fernandes
Instituto Agronômico (IAC)
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo
RESUMO: O fungo Colletotrichum falcatum
Went sempre conviveu com a cana-de-açúcar
sem causar danos econômicos, no entanto, as
mudanças climáticas, a colheita mecanizada de
cana crua e outros fatores poucos conhecidos,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
podem potencializar a agressividade do fungo.
Aparentemente inexiste variedades resistentes
e pouco se conhece a eficácia de controle
dos fungicidas registrados. Assim, métodos
alternativos podem ser avaliados quanto ao
potencial antifúngico. O objetivo do presente
trabalho foi o tratamento in vitro de isolado
de C. falcatum, em meio BDA, com óleos
essenciais das espécies: Citrus aurantium
dulcis, C. bergamia, C. limonum, Cupressus
sempervivens, Cymbopogon schoenanthus,
C. winterianus, Eucalyptus globulus, Eugenia
caryophyllata, Mentha piperita, M. spicata,
Origanum majorana, Pelargonium graveolens,
Rosmarinus officinalis, Zingiber officinale root.
Após teste preliminar, utilizou-se os óleos
M. piperita, M. spicata, C. schoenanthus,
C. winterianus e E. caryophyllata, nas
concentrações 0,2 e 0,5µL/mL de meio. Após
análise estatística e teste de Tukey a 5%,
verificou-se controle de 93 a 100% de inibição
de crescimento do C. falcatum na concentração
de 0,5µL/mL C. schoenanthus, C. winterianus e
E. caryophyllata.
1 | INTRODUÇÃO
O Colletotrichum falcatum Went, agente
da podridão vermelha da cana-de-açúcar,
era considerado até há pouco tempo como
Capítulo 1
1
patógeno de importância secundária. Mas, possivelmente com o advento da
colheita mecanizada, aumentando a quantidade de palhada sobre o solo e o manejo
inadequado do canavial, além de outros fatores, podem estar relacionados com o
aumento da agressividade do patógeno. As perdas produtivas nos canaviais têm sido
expressivas e cada vez mais preocupantes, o que para muitos tais ocorrência são
atribuídas a esse patógeno. Aparentemente, não existe variedade resistente, e pouco
se conhece quanto à eficácia de controle dos fungicidas registrados comercialmente.
Diversas pesquisas têm sido realizadas com intuito de conhecer melhor o C.
falcatum e desta forma, controlar a podridão. Neste contexto, métodos alternativos
de controle têm sido testados in vitro, como o uso de óleos essenciais, vislumbrando
atividade antifúngica para o controle do Colletotrichum na lavoura. Assim, o objetivo
desse trabalho foi a avaliação in vitro da porcentagem de inibição do crescimento de
C. falcatum na presença de óleos essenciais.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Fitopatologia/Programa Cana – IAC/
APTA – Ribeirão Preto – SP. O trabalho foi executado em duas fases. Utilizou-se
um isolado de C. falcatum oriundo do Laboratório de Fitopatologia do Depto. de
Fitossanidade da UNESP de Jaboticabal - SP.
Fase 1: Primeiramente foram avaliados, por duas vezes, quatorze óleos
essenciais, a saber: Citrus aurantium dulcis, C. bergamia e C. limonum; Cupressus
sempervivens; Cymbopogon schoenanthus e C. winterianus; Eucalyptus globulus;
Eugenia caryophyllata; Mentha piperita e M. spicata; Origanum majorana; Pelargonium
graveolens flower oil; Rosmarinus officinalis e Zingiber officinale root.
Em placa de Petri, com meio BDA, foi colocado no centro um disco de 0,5cm
de diâmetro de C. falcatum com 7 dias de cultivo. Em seguida foram colocados, em
lados opostos, dois discos de papel absorvente umedecido com óleo essencial de
forma a ter concentração final de 0,5 µL/mL. As placas foram incubadas em BOD,
à 28°C, por sete dias, com observação diária. Finalizados tal período, observou-se
que cinco óleos essenciais (M. piperita, M. spicata, C. schoenanthus, C. winterianus
e E. caryophyllata) proporcionaram inibição do crescimento do fungo.
Fase 2: Mediante aos resultados obtidos, foram utilizados os óleos M. piperita,
M. spicata, C. schoenanthus, C. winterianus e E. caryophyllata, nas concentrações
de 0,2 e 0,5µL/mL.
Em meio BDA líquido e morno, os óleos foram adicionados de acordo com as
respectivas concentrações. Após o resfriamento e polimerização do meio, colocouse ao centro um disco de colônia de C. falcatum com 7 dias de cultivo, procedendo
as mesmas condições ambientais, ou seja, BOD à 28°C.
Cada tratamento foi constituído por três placas. O delineamento experimental
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 1
2
foi o inteiramente casualizado – DIC, com três repetições. Ressalta-se que em
um dos tratamentos, o mesmo foi constituído de somente colônia de C. falcatum,
utilizadas como controle positivo. Após oito dias, observou-se total crescimento do
fungo, momento em que se encerrou o ensaio, realizando-se portanto o cálculo da
porcentagem de inibição do crescimento (PIC) do fungo, através da fórmula:
PIC = (D testemunha – D tratamento) X 100
D testemunha
Onde:
D = diâmetro do halo de crescimento.
O diâmetro de cada halo foi estabelecido pela média do maior e menor diâmetro.
Após análises estatística, procedeu-se o teste de média pelo teste de Tukey a 5%.
3 | RESULTADOS E CONCLUSÕES
Mediante análise de variância observou-se a ocorrência de interação
significativa, (p<0,05), entre óleos essenciais e concentrações.
Os valores médios da porcentagem de inibição do crescimento do fungo (PIC)
são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Porcentagens de inibição de crescimento (PIC) de isolado de Colletotrichum falcatum
na presença de cinco óleos essenciais, nas concentrações de 0,2 µL/mL e de 0,5 µL/mL.
Média seguidas de mesmas letras minúsculas na coluna e maiúsculas na linha não diferem entre si pelo Teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
Nota-se, através da tabela 1, que o tratamento com óleos essenciais na
concentração de 0,2 µL/mL, somente E. caryophyllata apresentou 70% de inibição
de crescimento micelial do fungo, suplantando aos demais óleos, o M. piperita,
apresentou 30% de inibição, considerado intermediário e os demais apresentaramse inferiores e estatisticamente iguais.
No entanto, na concentração de 0,5 µL/mL, verificou-se que os óleos E.
caryophyllata e C. schoenanthus controlaram o crescimento micelial em 100% e o C.
winterianus em 92,70 %, conforme apresentado na tabela 1.
Quando se compara as concentrações dos óleos, verifica-se que na concentração
0,5 µL/mL todos os óleos apresentaram maiores porcentagens de inibição, destacando
os óleos E. caryophyllata, Cymbopogon winterianus e C. schoenanthus com aumento
na porcentagem de inibição de 30, 80 e 53,55% respectivamente.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 1
3
Tais resultados de inibição são semelhantes aos apresentados por Souza
Júnior, Sales e Martins (2009) os quais observaram inibição no crescimento micelial
de C. gloesporioides em maracujazeiro, quando tratado com óleos essenciais.
Figura 1: Isolado de Colletotrichum falcatum tratado com óleo essencial de Cymbopogon
winterianus a 0,2 µL/mL (Esquerda) e a 0,5 µL/mL (Direita).
Figura 2: Isolado de Colletotrichum falcatum tratado com óleo essencial de Cymbopogon
shoenanthus a 0,2 µL/mL (Esquerda) e 0,5 µL/mL (Direita).
Figura 3: Isolado de Colletotrichum falcatum tratado com óleo essencial de Eugenia
caryophyllata a 0,2 µL/mL (Esquerda) e 0,5 µL/mL (Direita).
4 | AGRADECIMENTOS
Departamento de Fitopatologia da Unesp – Jaboticabal – SP.
REFERÊNCIA
Souza Júnior, IT; Sales NLP; Martins ER. Efeito fungitóxico de óleos essenciais sobre Colletotrichum
gloeosporioides, isolado do maracujazeiro amarelo. Biotemas, Florianópolis, v.22, n.3, p. 77-83, set.
2009.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 1
4
CAPÍTULO 2
doi
CERCOSPORIOSE FOLIAR EM LAVOURA CAFEEIRA
SOB CONDIÇÃO DE SEQUEIRO NO SUL DO AMAZONAS
Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 02/12/2019
Ruan Sobreira de Queiroz
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/2323398111249565
Juliana Formiga Botelho
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/7105140240858610
José Cezar Frozzi
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/2757266093020607
Marcelo Rodrigues dos Anjos
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/3560485778599761.
Moisés Santos de Souza
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/4969889596653461
RESUMO: A cultura do cafeeiro tem
grande importância no desenvolvimento
socioeconômico brasileiro, e também na região
norte, sendo ainda uma cultura pouco estudada
nas circunstâncias climatológicas do estado do
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Amazonas. Sendo assim neste presente estudo
objetivou-se avaliar a incidência e severidade
de cercosporiose causada por Cercospora
coffeicola (Berk. E Cooke) em lavoura cafeeira
Coffea canephora Pierre ex A. Froehner.
Implantou-se a unidade de observação das
plantas de café na Fazenda Experimental do
Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente,
IEAA/UFAM, localizado no município de
Humaitá-AM. A lavoura, sem nenhum tipo de
adubação, consiste de 10 fileiras, sendo cada
uma subdividida em quatro (04) parcelas com
seis (06) plantas, no espaçamento de 3m
entre linhas e 1m entre plantas, totalizando
240 plantas de café. Os levantamentos de
incidência e severidade na lavoura experimental
ocorreram mensalmente, sendo o índice de
incidência obtido pela contagem de plantas
doentes, através do número e porcentagem
de plantas infectadas. O nível de severidade
de cercosporiose foi determinado mediante
observação da porcentagem da área do tecido
doente, por meio de medição direta nas folhas
de Coffea canephora. Para determinação dos
índices de severidade, realizou-se contagem
dos números de lesões e a mensuração do
diâmetro de cada lesão de todas as folhas
amostradas. Observou-se alta incidência de
cercosporiose na lavoura cafeeira, a média
percentual ficou expressa em (99,0 %) e
consequentemente se observou as seguintes
Capítulo 2
5
medias de severidade de cercosporiose na lavoura experimental de café conilon:
outubro (0,68%); novembro (1,07%); dezembro (1,49%); janeiro (2,88%); fevereiro
(6,34%); março (3,93%); abril (2,74%). Portanto a partir dos resultados levantados,
observa-se que as mudas oriundas da cultivar BRS Ouro Preto, apresentam altas
taxas de incidência e severidade ao patógeno C. coffeicola em condições de sequeiro
e nas condições ambientais do Sul do Amazonas.
PALAVRAS-CHAVE: Amazônia; Café; Doença.
ABSTRACT: The coffee farming has a great importance in Brazilian socio-economic
development, however, little is known about its growing under Amazonian climate
conditions. In this light, the present study objective is to survey the severity caused
by Cercospora coffeicola (Berk. e Cooke) in Coffea canephora Pierre ex A. Froehner
plantations. For that purpose, we implanted an observation unit of coffee plants in
the “Fazenda Experimental do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente, IEAA/
UFAM”, located at the municipality of Humaitá-AM. The coffee plants, without any kind
of fertilization, were disposed in 10 lines, subdivided in 4 blocks with 6 plants, and 3
m between lines and 1 m between plants spacing, totalizing 240 plants. The surveys
occurred monthly by the counting of infected plants. The “cercosporiose” severity
levels were taken by the observation of the percentage of sick tissue in the leaf. For
the determination of the severity index, we counted the number of lesions e measured
the diameter of each lesion. We observed a high incidence of “cercosporiose”, with
a percentage mean of 99%, and severity as it follows: October (0,68%); November
(1,07%); December (1,49%); January (2,88%); February (6,34%); March (3,93%);
and April (2,74%). According to the results, we concluded that the “BRS Ouro Preto”
present a high vulnerability to the pathogenic agent C. coffeicola grown in dry farming
under South Amazonian conditions.
KEYWORDS: Amazon, Coffee, Disease.
1 | INTRODUÇÃO
O café conilon (Coffea canephora) é uma espécie diploide, estritamente
alógama, nativo das florestas baixas da África equatorial. É cultivado em países da
África Central e Ocidental; no sudeste da Ásia; e na América do Sul (SOUZA et al.,
2015). Por se tratar de cultura perene, produtiva e rentável, a cultura do cafeeiro
está amplamente cultivada no Brasil. Devido a essa abrangência de cultivo, ocorre
a incidência de diversas doenças, distribuídas nas regiões produtoras. Muitas
destas doenças têm potencial destrutivo suficiente para inviabilizar o cultivo de café.
(JUNIOR & FERNANDES, 2015).
No Brasil, as doenças representam um dos fatores mais limitantes para a
produção e produtividade do café conilon, tanto para os pequenos agricultores de
base familiar, como para os grandes produtores em escala empresarial do país,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
6
ocasionando perdas qualitativas e quantitativas na produção, que chegam a
inviabilizar em inúmeros casos a exploração de café conilon. Com relação às principais
doenças que ocorrem em lavouras cafeeiras no território brasileiro, destaca-se: a
cercosporiose (Cercospora coffeicola Berk. & Cooke). Segundo Junior & Fernandes
(2015), a cercosporiose é favorecida principalmente pela ocorrência de umidade
elevada e temperaturas entre 25 ºC e 30 C.
Os sintomas nas folhas são manchas circulares com diâmetro variável, que
apresentam coloração pardo-clara ou marrom-escura e que normalmente possui
um centro branco-acinzentado, com ou sem a presença de um halo amarelado. No
Brasil pode ser considerada a segunda doença mais importante, pois causa danos
de 15% a 30% na produtividade do cafeeiro (CARVALHO; CUNHA; CHALFOUN,
2005). Os níveis elevados de danos em lavouras cafeeiras estão relacionados
principalmente a condições climáticas propicias a doença, sendo: umidade relativa
do ar alta, temperatura amena, variação do excesso de insolação durante o dia em
determinada área e déficit hídrico.
O levantamento de doenças tem um cunho voltado no levantamento dos
problemas fitossanitários enfrentados pelos produtores de café na região Amazônica,
considerando a crescente necessidade de estudos sobre o desenvolvimento de
epidemias e o controle de doenças nos plantios de café, sobretudo na Amazônia,
onde é uma região escassa em relação a esse tipo de informação, enfatizamos
a necessidade de registros de dados sobre os níveis de problemas sanitários
enfrentados por produtores de café nesta parte do país.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
Implantou-se a unidade de observação de plantas de café na Fazenda
Experimental Mangabeiras do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente, IEAA/
UFAM, localizado no município de Humaitá-AM. A unidade foi implantada no perímetro
urbano de Humaitá, como pode ser observado a partir das seguintes coordenadas
geográficas: S 07° 31’ 58.1’’ / W 063° 03’ 18.1’’. No plantio foram utilizados cafeeiros
da cultivar BRS Ouro Preto que é uma variedade entre os cruzamentos de ‘Conilon’
e ‘Robusta’.
A lavoura, sem nenhum tipo de adubação, irrigação ou manejo é composta
por (10) fileiras, sendo cada uma subdividida em quatro (04) parcelas com seis (06)
plantas, no espaçamento de 3m entre linhas e 1m entre plantas, totalizando 240
plantas na área. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados,
com quatro repetições.
Dessa forma, trata-se da avaliação durante a primeira fase do primeiro ano
fenológico do café conilon, levando em consideração as condições de sequeiro
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
7
e as condições climáticas presentes da área do presente estudo. Analisaram-se
mensalmente durante todo o estudo, dados de temperatura, umidade relativa do ar,
precipitação pluviométrica e radiação solar levantado a partir da plataforma (INMET)
e são apresentados nos Gráficos (2,3 e 4).
As avaliações foram realizadas mensalmente do dia 26 de setembro 2018
até o dia 26 de junho de 2019, quantificando-se a incidência e a severidade de
cercosporiose Cercospora coffeicola Berk. & Cooke do cafeeiro. O nível de incidência
foi obtido pela contagem de plantas doentes, através do número e/ou porcentagem
de plantas infectadas, sem levar em consideração a quantidade de doença em cada
planta ou órgão individualmente. Quanto à análise de severidade de cada doença
diagnosticada, a mesma foi determinada mediante observação da porcentagem da
área de tecido doente (sintomas e/ou sinais visíveis), através da medição direta
utilizando-se acurácia visual, Conforme fórmula:
Foram coletadas em campo amostras de tecidos vegetais de café conilon com
sintoma para diagnose do fitopatógeno Cercospora coffeicola, os procedimentos para
identificação do fitopatógeno ocorreram de acordo com rotina pré-estabelecida em
conformidade com o Postulado de Koch. Dessa forma, no laboratório de Fitossanidade do IEAA-UFAM, seguiu-se o método de isolamento direto em meio de cultura de
Agar Agar (AA), isolamento, Batata-dextrose-agar (BDA); repicagem; e inoculação em
tecido sadio para observação do sintoma de cercosporiose obtido na lavoura cafeeira.
Todos os dados obtidos nos levantamentos mensais passaram por procedimento
de análise de variância efetuada pela (ANOVA). Os dados passaram ainda por
análise pelo procedimento de teste Scott-Knott (1974), para determinar médias para
cada mês analisado, tais informações possibilitaram a criação de gráficos e curvas
de progresso da doença.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
8
Figura 1. Sintomas de cercosporiose Cercospora coffeicola em lavoura cafeeira Coffea
Canephora em lavoura experimental no município de Humaitá, no sul do Amazonas.
3 | RESULTADO
Observou-se alto índice de severidade de cercosporiose em lavoura de café
no estado do Amazonas, sendo nos meses de: outubro (0,68%); novembro (1,07%);
dezembro (1,49%); janeiro (2,88%); fevereiro (6,34%); março (3,93%); abril (2,74%).
Segundo Junior & Fernandes (2015), há nessa região dois períodos definidos
que sofrem pequenas alterações em seu início e fim, e que podem ser definidos
da seguinte maneira: de meados de setembro a meados de maio predomina o
que é conhecido como “inverno amazônico” onde as temperaturas mínimas e
máximas variam entre 22 ºC e 28 ºC (médias) e 90% da chuva do ano ocorrem, com
precipitações que variam conforme a classificação de Koppen entre Aw e Am, entre
2.000 mm e 2.200 mm, respectivamente.
A umidade relativa do ar nesse período é superior aos 70 %. Observa-se que
todas as características climáticas (temperatura, precipitação e umidade relativa
do ar) desta parte do país são favoráveis à ocorrência do fitopatogeno Cercospora
Coffeicola. Segundo Junior & Fernandes (2015) nessas condições, doenças que nas
regiões tradicionais não são problema para os agricultores, tornam-se severas, se
não manejadas adequadamente. E outras doenças, que são problema nas regiões
tradicionais, tornam-se ainda mais difíceis de manejar, dada à inconstância climática
e à proximidade de ambientes naturais, os quais precisam de cuidados especiais, no
quesito uso de agroquímicos, como o caso da cercosporiose.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
9
Gráfico 1. Curva de progresso de severidade de Cercospora coffeicola Berk & Cook em lavoura
de Café Conilon Coffea canephora Pierre ex. A Froehner, em Humaitá no Sul do Amazonas.
Levando em perspectiva ainda que os solos Amazônicos são pobres
em nutrientes e que a ausência de práticas de adubação adequada aumenta
significantemente as altas taxas de incidência e severidade de cercosporiose,
associa-se este fator com um dos responsáveis pelos os altos índices de
cercosporiose observados na área experimental. Em um contexto histórico no
Brasil, a cercosporiose vem sendo responsável por menor produtividade em
lavouras mal conduzidas, onde há deficiência e falta de equilíbrio dos nutrientes.
Nessas condições, pode ocorrer estresse nutricional e, consequentemente,
aumento na intensidade da doença (ZAMBOLIM et al., 1997).
Os altos índices de severidade de cercosporiose nos meses de novembro,
dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril, estão também relacionados com altas
taxas de umidade relativa do ar, temperatura, e precipitação pluviométrica analisada
mensalmente no decorrer do estudo, como pode ser observado a partir de dados
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Gráfico 2. Dado climatológicode temperatura e de severidade de cercosporiose em
Humaitá, Sul do Amazonas,Brasil.
Fonte: INMET, 2019
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
10
Segundo Junior & Fernandes, (2015) a doença é favorecida principalmente
pela ocorrência de umidade elevada e temperaturas entre 25 ºC e 30 °C. Plantas que
apresentam deficiências nutricionais são mais susceptíveis ao ataque do patógeno,
em áreas sombreadas na parte da manhã e excessivamente ensolaradas na parte
da tarde, no (Gráfico 2) pode-se observar que as médias de temperatura observadas
nos meses de levantamento são propicias a uma maior incidência e severidade do
fitopatogeno.
Observou--se alto índice de incidência de cercosporiose Cercospora coffeicola
(Berk. E Cooke) no período de realização do estudo, chegando a uma média final
de (99,0%) como pode ser observado na (Tabela 1). Os valores encontrados são
alarmantes na região amazônica quando se compara os mesmos, a índices médios
de incidência de cercosporiose relatados em outros centros produtores de café do
país.
Tabela 1.Incidência de (Cercospora coffeicola Berk. E Cooke) em mudas de Coffea
canephora Pierre ex A. Froehner em seu primeiro e segundo ano fenológico, em
Humaitá, sul do Amazonas, Brasil
O alto índice do fitopatógeno C. coffeicola demonstrado, mostra a agressividade
do fungo e vulnerabilidade das mudas de café conilon as condições ambientais desta
região no município de Humaitá, AM. Levando em consideração a condução em
sequeiro, o experimento encontra-se em condições propicias para o desenvolvimento
da doença, o que vai direto às perspectivas do triângulo de doenças em plantas, que
faz menção que o ambiente é um dos fatores primordiais para disseminação de
fitopatogenos em plantas.
Os índices elevados da doença devem-se à ocorrência de temperaturas médias
de 26ºC e principalmente ao aumento da umidade relativa do ar para aproximadamente
(79 %), resultante de maiores precipitações, o que se pode observar-nos (Gráficos
3 e 4).
Durante todas as fases fenológicas do cafeeiro, o clima exerce grande
influência, principalmente sobre a produtividade, qualidade da bebida, incidência de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
11
pragas e doenças. Segundo Santinato; Fernandes; Fernandes (1996), a umidade
relativa do ar adequada para o cafeeiro está na faixa de 70% a 80%, sendo satisfatória
na faixa de 50% a 70%. Valores inferiores a 50% podem ocasionar murcha, mesmo
com água disponível no solo.
Gráfico 3. Dado climatológico de umidade relativa do ar e de severidade de cercosporiose em
Humaitá, sul do Amazonas, Brasil.
Gráfico 4. Dado climatológico de precipitação pluviométrica e de severidade de cercosporiose
em Humaitá, sul do Amazonas, Brasil.
Fonte: INMET, 2019
No (Gráfico 4) observa-se um crescente considerável nas médias de
precipitação pluviométrica nos meses de novembro/2018 a março/2019, e são
nestes respectivos meses onde se observa-se os maiores índices de incidência e
severidade de cercosporiose na área experimental de café conilon.
Normalmente no Amazonas, a partir do mês de abril, o índice pluviométrico
e consequentemente a umidade relativa do ar sofrem decréscimo, isso explica a
razão da diminuição da severidade a partir de abril/2019 (Gráfico 4), revelando a
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
12
dependência do fitopatógeno as condições pluviométricas e de umidade relativa do
ar.
4 | CONCLUSÕES
As plantas de café conilon oriundas da cultivar BRS Ouro Preto, apresentaram
vulnerabilidade ao patógeno C. coffeicola em condução de sequeiro, sem prática de
adubação, e nas condições ambientais do Sul do Amazonas. Os resultados obtidos
demonstram como os fatores: planta, patógeno e ambiente estão intimamente
ligados a altas taxas de incidência e severidade de cercosporiose nesta parte do
país. Os devidos valores estão atrelados às deficiências nutricionais características
dos solos Amazônicos, tendo em vista que as deficiências de nutrientes são um
dos fatores importantes para os altos índices de incidência e severidade em outras
regiões produtoras de café.
Os fatores climatológicos como: temperatura, umidade relativa do ar e
precipitação pluviométrica são fatores inerentes junto com as deficiências nutricionais
para as altas taxas de incidência e severidade apresentados desta região. Tendo em
vista as peculiaridades das condições ambientais da Amazônia, levantar informações
como essas, é de suma importância para impulsionar a criação de práticas de manejo
fitossanitário mais eficiente, o que está ligado de forma direta ao aumento de taxas
de produtividade desta cultura, propiciando assim maiores índices de lucratividade
e possibilitando a ascensão do estado do Amazonas a um membro importante no
cenário produtivo do ramo cafeeiro no Brasil.
Menciona-se que esse é o primeiro registro de incidência e severidade de
cercosporiose em lavoura cafeeira no estado do Amazonas. Sendo assim se torna
necessário mais estudos acerca deste fitopatogeno, seu comportamento e seu ciclo
de vida nas condições ambientais impostas na Amazônia e mais estudos acerca
deste fitopatogeno em relação à produção cafeeira no Amazonas. Levando em
perspectiva que as doenças limitam e inviabilizam a produção em grande parte
das áreas agricultáveis do estado e levando em perspectiva que o levantamento
de severidade é a base inicial de todo e qualquer programa de manejo integrado,
devendo ser uma prática rotineira na cafeicultura moderna, independentemente do
tamanho da área e da região onde se desenvolve.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, V. L. de; CUNHA, R. L. da; CHALFOUN, S. M. Manejo das doenças do cafeeiro para a
cafeicultura familiar. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 26, p. 86-101, 2005.
CHALFOUN, S. M.; ZAMBOLIM, L. Ferrugem do cafeeiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.
11, n. 126, p. 42-46, jun. 1985.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
13
INMET - INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Disponível em:<http://www.inmet.gov.br/
portal/index.php?r=estacoes/estacoesAutomaticas>. Acessado em: 04 ago 2019.
JÚNIOR, J. R. V. & FERNANDES, C. F. Doenças do cafeeiro. In: MARCOLAN, A. L.; ESPINDULA,
M. C. Café na Amazônia. EMBRAPA, ed. 1, p. 85-98, Brasília, 2015.
SANTINATO, R.; FERNANDES, A. L. T.; FERNANDES, D. R. Irrigação na cultura do café.
Campinas: Arbore Agrícola, 1996. 146p. Divisão Stoller do Brasil.
SOUZA, F. F.; FERRÃO, L. F. V.; CAIXETA, E. T.; SAKIYAMA, N. S.; PEREIRA, A. A.; OLIVEIRA, A. C.
B. Aspectos gerais da biologia e da diversidade genética de Coffea canephora. In: MARCOLAN,
A. L.; ESPINDULA, M. C. Café na Amazônia. EMBRAPA, ed. 1, p. 85-98, Brasília, 2015.
ZAMBOLIM, L., VALE, F. X. R., PEREIRA, A. A., CHAVES, G. M., 1997. Café (Coffea arabica L.),
controle de doenças. In: VALE, F. X. R. do; ZAMBOLIM, L. (Ed.). Controle de doenças de plantas:
grandes culturas. Viçosa, MG: UFV, 1997. Vol. 1, p. 83-140.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 2
14
CAPÍTULO 3
doi
CONTAMINANTES NA CULTURA
ASSIMBIÓTICA DE Hibiscus sabdariffa L. EM
DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE MEIOS
NUTRITIVOS E CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE
Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 03/12/2019
Alessandra Carla Guimarães Sobrinho
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação da
Rede Bionorte no Museu Paraense Emilio Goeld /
Universidade Federal do Pará, Belém – Pará
Link para o currículo lattes: http://lattes.cnpq.
br/1785362621025680
Alberdan Silva Santos
Doutor em Bioquímica pelo Instituto de Química
da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Professor associado das Faculdades de Química
e Biotecnologia da Universidade Federal do Pará,
Belém – Pará.
Link para o currículo lattes: http://lattes.cnpq.
br/5976702134131016
Rosana Silva Corpes
Doutoranda no Programa de Pós-graduação em
Biotecnologia, Universidade Federal do Pará,
Belém – Pará.
Link para o currículo lattes: http://lattes.cnpq.
br/3492916607882520
RESUMO: Hibiscus sabdariffa L., conhecida no
Brasil como vinagreira caracteriza-se por ser
um arbusto ereto e ramificado que apresentou
em estudos recentes uma relevante importância
por suas propriedades medicinais, tais como
hepatoprotetor, antibacteriano, antioxidante,
anti-mutagênico e anti-hipertensivo. No entanto,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
apesar de sua grande importância medicinal o
método de propagação tradicional da espécie
apresenta
características
indesejadas,
pois favorecem a disseminação de pragas
tendo por muitas vezes uma baixa taxa de
multiplicação. Nesse sentido, considerando
a importância de estudos in vitro de espécies
que apresentem potenciais farmacológicos,
este trabalho objetivou avaliar o efeito da
contaminação microbiana na propagação in
vitro de sementes de H. sabdariffa em meio MS
completo e com a sua concentração de sais
reduzida pela metade (½ MS), sob diferentes
condições de luminosidade. Ao longo de 24
dias de cultivo in vitro, avaliou-se o número de
sementes contaminadas nos meios citados e
de acordo com os resultados obtidos, verificouse uma alta taxa de contaminação em todos
os tratamentos, porém o menor número
de sementes contaminadas por fungos foi
observado no tratamento que consistia em MS
em condições de claro e para bactérias o menor
índice de contaminação se deu no meio ½ MS
nas condições de claro e
MS nas condições de escuro.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura de tecidos
vegetais, explante, Hibiscus.
ABSTRACT: Hibiscus sabdariffa L., known
in Brazil as a vinagreira characterized by
being an upright and branched shrub that
Capítulo 3
15
presented in recent studies a relevant importance for its medicinal properties, such
as hepatoprotector, antibacterial, antioxidant, antimutagenic and antihypertensive.
However, despite its great medicinal importance the traditional propagation method of
the species has unwanted characteristics, as they favor the spread of pests often having
a low multiplication rate. In this sense, considering the importance of in vitro studies
of species with pharmacological potentials, the objective this study was evaluate the
effect of microbial contamination on the in vitro propagation of H. sabdariffa seeds in
complete MS medium and with the its concentration of halved (½ MS) salts concentrate
under different luminosity. During 24 days of in vitro cultivation, the number of seeds
contaminated in the mentioned mediuns was evaluated and according to the results
obtained, there was a high contamination rate in all treatments, but the lower number
of seeds contaminated by fungi was observed in the treatment consisting of MS under
conditions of clear and for bacteria the lowest contamination index occurred in the
mean ½ MS in the conditions of light and MS in dark conditions.
KEYWORDS: Culture of plant tissues, explant, Hibiscus.
1 | INTRODUÇÃO
A Hibiscus sabdariffa L. é conhecida por várias denominações, tais como
vinagreira, hibisco, rosela, azedinha, caruru-azedo, quiabo-azedo, entre outras. É
uma planta empregada para múltiplos usos, na culinária e medicina popular, devido
a suas propriedades biológicas e grande capacidade nutricional, (SOBOTA et al.,
2016).
As folhas e os cálices da espécie contêm muitos constituintes químicos, tais
como alcaloides, proteínas, lipídeos, carboidratos, fibras, β-caroteno, ácido ascórbico,
ácido araquídico, ácido cítrico, ácido málico, ácido tartárico, ácido protocatéquico,
ácido hidroxicítrico, ácido clorogênico e seus isômeros, ácido neoclorogênico, ácido
criptoclorogênico pectina, quercetina, cálcio, ferro e fósforo (ISMAIL et al., 2008;
MAGANHA et al., 2010; KAPEPULA et al., 2017).
Uma das formas de aumentar a produção de espécies ricas em compostos
bioativos é através da técnica de cultura assimbiótica ou cultura in vitro, na qual se
obtém espécies com qualidade genética, nessa técnica a semente é colocada em
um frasco contendo um meio de cultura estéril, o qual proporciona a germinação e o
crescimento da planta, pois possui todos os nutrientes necessários. Dessa forma, um
grande número de mudas pode ser facilmente produzido, crescendo num ambiente
controlado de modo artificial e totalmente estéril (STANCATO et al., 2001).
Um dos princípios básicos para o sucesso da cultura in vitro é a obtenção
e manutenção de culturas assépticas. Isso depende, em parte, de medidas de
controle e prevenção da contaminação microbiana (DA SILVA et al., 2003). Em
alguns casos, o insucesso na técnica proporciona um ambiente favorável para o
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 3
16
crescimento de microrganismos como bactérias, leveduras e fungos filamentosos.
A contaminação estabelece-se no meio de cultura e/ou material vegetal competindo
pelos nutrientes, produzindo substâncias tóxicas e inibindo o desenvolvimento do
explante, ocasionando, assim, sua perda (PEREIRA et al., 2011).
As contaminações geralmente ocorrem no momento da introdução dos
explantes no meio de cultivo, em função da presença de microrganismos endofíticos
ou microrganismos que resistam aos procedimentos básicos de desinfestação Londe
et al., (2007) e Panicker et al., (2007). Dentre os principais agentes contaminantes
estão às bactérias e os fungos de plantas cultivadas in vitro. A contaminação por
bactérias acontece, geralmente, devido à contaminação endógena dos explantes e
plântulas. A contaminação por fungo ocorre em virtude da deficiência na manipulação
durante o subcultivo e à presença de esporos no ambiente onde o subcultivo é
realizado ou a infestação por ácaros (CARVALHO, 2003).
Para minimizar a contaminação microbiana, inúmeros protocolos de esterilização
são apresentados por diversos autores. Estes relatam o uso de substâncias como o
etanol, desinfestante mais empregado, devido à ação germicida, o etanol tem ação
surfactante e facilita a ação de outros produtos sendo utilizado em concentrações
de 70 a 80%. Dentre as várias substâncias germicidas a base de cloro, utilizadas
para desinfestação de explantes, as mais comuns são o hipoclorito de sódio. Outras
substâncias têm sido adicionadas ao meio de cultivo a exemplo de reguladores
de crescimento, antibióticos e fungicidas, na tentativa de minimizar o problema
(GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1998).
Considerando a importância do cultivo in vitro da espécie H. sabdariffa,
principalmente relacionados à produção de mudas com potencial de produção de
compostos bioativos e à conservação da espécie, este trabalho objetivou avaliar o
efeito da contaminação na propagação in vitro de H. sabdariffa.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Material vegetal
Foram utilizadas sementes da espécie Hibiscus sabdariffa L. obtidas a partir de
cápsulas maduras coletadas na a Vila de Pau D’Arco município de Santa Bárbara do
Pará, estando a matriz localizada na área com as seguintes coordenadas geográficas
S: 1º 15’ 3,88”; O: 48º 16’ 36,8, com registro de atividades de acesso ao Patrimônio
Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen) sob número AF05B99.
Após a colheita, as sementes foram transportadas até o Laboratório de Investigação
Sistemática em Biotecnologia e Biodiversidade Molecular (LabISisBio.), localizado
na
Rua Augusto Correa, 01, Guamá, 66075-110 Belém, PA, da Universidade
Federal do Pará. Antes de serem inoculadas no meio de cultivo essas sementes
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 3
17
foram submetidas a um processo de a um pré tratamento de desinfestação.
2.2 Desinfestação das sementes
As sementes foram classificadas de acordo com seu grau de maturação e foi
feita uma pré-assepsia nas mesmas que consistiu em lavagens destas com água
estéril e Tween 80, em seguida, as sementes foram manipuladas em câmara de fluxo
laminar onde foram imersas em etanol a 70% (v/v) por um minuto, em seguida houve
a imersão em solução de hipoclorito de sódio a 2,5% (v/v) por 15 minutos, seguido
de 5 lavagens com água destilada estéril.
2.3 Meio de cultura para inoculação das sementes
As sementes foram inoculadas em meio MS (MURASHIGE; SCOOG, 1962); e
em meio ½ MS, ou seja, com metade da concentração dos sais do meio MS. Cada
meio foi distribuído em 50 tubos de ensaio de 20 ml totalizando 100 tubos de ensaio.
Cada parcela foi representada por uma semente por tubo, após a inoculação, os tubos
contendo as sementes foram submetidos sob condições de luz (no claro) e escuro.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com os tratamentos
arranjados em parcelas subdivididas, com a presença/ausência de luz constituindo
as parcelas principais e, nas sub parcelas, sendo alocados os fatores meios de
cultura completo e reduzido. Os tubos contendo as sementes foram conservados em
ambiente claro e escuro por 24 dias. As condições de temperatura e luminosidade
foram as do ambiente do laboratório de Investigação Sistemática em Biotecnologia e
Biodiversidade Molecular (LabISisBio.) da Universidade Federal do Pará.
2.4 Análise de resultados
Cada tratamento foi analisado separadamente e diariamente por 24 dias. Para
isso foi quantificado o número de explantes (sementes) contaminados por bactéria
e/ou fungo nas diferentes concentrações de sais no respectivo meio nutritivo e
condição de luminosidade.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quando o meio nutritivo é solido, fungos e bactérias possuem características
próprias e distintas entre si. As bactérias se expandem em velocidades mais lentas
que as dos fungos e geralmente as colônias formadas são espalhadas ou formadas
ao longo dos locais inoculados. As hifas da maioria dos fungos filamentosos se
espalham rapidamente na superfície do meio ou dentro dele e formam facilmente
colônias visíveis (TALBOT et al., 1993). Estes microrganismos competem com
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 3
18
os explantes por nutrientes do meio de cultura podendo provocar danos diretos e
indiretos pela colonização de seus tecidos (MONTARROYOS, 2000).
Neste trabalho observou-se a contaminação microbiana na propagação in vitro
de sementes de H. sabdariffa verificando a presença de fungos e bactérias (Figura
1) para as diferentes concentrações de meios nutritivos utilizados e condições de
luminosidade.
Figura 1: Contaminação por bactérias (A)/e ou fungos (B) com diferentes concentrações de sais
no meio nutritivo (MS e ½ MS) e diferentes condições de luminosidade (C – Claro; E – Escuro),
após 24 dias de cultivo in vitro de sementes de Hibiscus sabdariffa L.
Fonte: Sobrinho et al., (2019)
A contaminação por fungos e bactérias ocorreu em todos os tratamentos.
Segundo Fagundes et al., (2012) problemas de contaminação em cultura de tecidos
de plantas são causados por técnicas de assepsia insuficientes. O crescimento
microbiano se deve a esterilização inadequada e procedimentos inadequados. A
contaminação na cultura de tecidos e algo que pode ocorrer devido a uma série de
fatores não sendo universal o motivo exato para que tal contaminação ocorra, neste
sentido faz-se necessário a perfeição em cada etapa, o que leva a reduzir a ameaça
de contaminação no tecido vegetal (ODUTAYO et al., 2007).
Na Figura 2 abaixo observa-se que a contaminação por fungos ocorreu em
maior escala. Embora a contaminação por fungos possa ter impedido a visualização
do crescimento associado com bactérias isso não prejudicou as ponderações finais.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 3
19
Figura 2: Número total de contaminações de sementes de Hibiscus sabdariffa L. submetidos
à diferentes com diferentes concentrações de sais no meio nutritivo (MS e ½ MS) e diferentes
condições de luminosidade (C– Claro; E– Escuro), após 24 dias de cultivo in vitro.
Fonte: Sobrinho et al., (2019)
Dentre as contaminações analisadas, o tratamento que apresentou o maior
número de sementes contaminadas por fungos foi o MS completo nas condições
de escuro apresentando 16 sementes contaminadas. Para as contaminações
ocasionadas por bactérias foi observado que o tratamento de ½ MS nas condições
de escuro evidenciou um maior número de sementes contaminadas totalizando 15
sementes. A menor número de sementes contaminadas por fungos foi observado no
tratamento MS completo nas condições de claro e para as bactérias os tratamentos
½ MS nas condições de claro e MS completo nas condições de escuro foram os
que apresentaram menores valores de contaminação de sementes apresentado 7
sementes contaminadas cada.
Os resultados evidenciam que os meios de cultura completos foram os mais
favoráveis para a esporulação de fungos, pois apresentam maior quantidade
nutricional e de carboidratos, que estimulam a reprodução de diversos fungos
(SILVA; TEIXEIRA, 2012). Como observado à concentração completa de meio pode
ter favorecido a esporulação de fungos, mas de acordo com Nozaki et al. (2004),
nem sempre as condições que favorecem o crescimento são as mesmas para
esporulação, pois a luz também exerce efeito direto sobre os fungos, induzindo ou
inibindo a formação de estruturas reprodutivas.
Diante dos resultados apresentados, torna-se necessário a elaboração de
tratamentos mais eficazes para a desinfestação de sementes de H. sabdariffa, pois,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 3
20
segundo Oliveira et al., (2013) o pré-tratamento de controle fitossanitário através
da aplicação de fungicidas e bactericidas é de estrema importância sendo uma
alternativa eficaz para a redução da contaminação no cultivo in vitro, e para Cruz
et al., (2009) a utilização de explantes provenientes de ambientes controlados ao
invés de se coletar em campo, facilitaria a descontaminação e sugerem o cultivo da
planta matriz em condições controladas, como câmara incubadora ou em casa de
vegetação.
4 | CONCLUSÕES
Este trabalho evidenciou alguns problemas que ocorrem durante cultura
assimbiótica de sementes de H.sabadariffa tais como as contaminações por
microorganismos, permitindo observar o comportamento da espécie em diferentes
condições experimentais. Os contaminantes são uma preocupação séria na cultura
simbiótica, pois a presença de contaminantes na cultura afeta diretamente o
crescimento de plântulas in vitro, assim o máximo cuidado em cada etapa pode levar
ao sucesso da cultura.
Nesse sentido, é necessário o estabelecimento de um protocolo de assepsia
eficiente para a espécie de forma a otimizar o processo de cultivo da espécie visando
estabelecer condições ideais de crescimento e multiplicação desta planta, pois tratase de uma espécie que possui compostos bioativos de interesses farmacológico,
logo a cultura de tecidos torna-se uma ferramenta biotecnológica importante para
a otimização da produção dessa espécie de grande valor medicinal, garantindo a
produção regular e em larga escala em menor tempo.
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Capítulo 3
21
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 3
22
CAPÍTULO 4
doi
CONTROLE QUÍMICO E HIDROTÉRMICO DA PODRIDÃO
PEDUNCULAR (FUSARIUM SP.) EM MAMÕES DO
GRUPO PAPAYA
Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 02/12/2019
Frank Magno da Costa
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitopatologia,
Professor Adjunto IV do curso de Agronomia
da Universidade Estadual do Piauí, Campus
Professor Alexandre Alves de Oliveira, Parnaíba,
Piauí. E-mail: frank@phb.uespi.br. Lattes: http://
lattes.cnpq.br/9239007050827031
Hamylson Araujo Peres
Engenheiro Agrônomo pela Universidade
Estadual do Piauí. Lattes: http://lattes.cnpq.
br/7736165462057256
Izaías Araújo de Oliveira
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Produção
Vegetal pela Universidade Federal do Piauí.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6610101802373798.
RESUMO: O presente trabalho objetivou avaliar
a eficiência de tratamentos hidrotérmicos e
químico no controle da podridão peduncular
em frutos de mamoeiro do grupo Papaya,
comercializados no mercado local do município
de Parnaíba, Piauí. O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado (D.I.C.)
em esquema fatorial, 3x5+2 (3 temperaturas x 5
tempos + 2 (tratamento químico e testemunha))
e 5 repetições. Os tratamentos hidrotérmicos
consistiram na imersão dos frutos em água
a 45°C, 50°C, 55°C, durante 0, 5, 10, 15 e
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
20 minutos. No tratamento químico os frutos
foram imersos por 0 minutos com fungicida
difenoconazol. Os frutos foram avaliados após
5 dias quanto a severidade da doença de
acordo com uma escala diagramática. De modo
geral os tratamentos hidrotérmicos a 45°C (10,
15 minutos), 50°C (10, 15, 20 minutos) e 55°C
(5, 10 ,15, 20 minutos), mostraram eficiência
no controle da podridão peduncular, apesar
dos frutos submetidos aos esses tratamentos
hidrotérmicos nas temperaturas 50°C (10, 15,
20 minutos) e 55°C (5, 10 ,15, 20 minutos)
terem apresentado injúrias na epiderme dos
frutos comprometendo a comercialização
dos mesmos. Não houve efeito do controle
hidrotérmico na severidade da doença durante
as temperaturas e tempos de 45°C (0 e 5
minutos) e 55°C (0 minuto). O tratamento
hidrotérmico mostrou-se uma alternativa ao
controle da podridão peduncular em mamão
por Fusarium sp., porém há uma dificuldade
em estabelecer o binômio temperatura-tempo
de exposição que melhor garanta a sanidade
e integridade física e estética do fruto sem
comprometer seu valor comercial.
PALAVRAS-CHAVE: Carica papaya L. Doença
de pós-colheita. Tratamento alternativo.
CHEMICAL AND HYDROTHERMAL
CONTROL OF PEDUNCULAR ROT
Capítulo 4
23
(FUSARIUM SP.) IN PAPAYAS OF PAPAYA GROUP
ABSTRACT: The present work objectified evaluate the efficiency of hydrothermal and
chemical treatments in the control of peduncular rot in papaya group fruits, sold in the
local market of Parnaíba, Piauí. The experimental design was completely randomized
(D.I.C.) in a factorial scheme, 3x5 + 2 (3 temperatures x 5 times + 2 (chemical treatment
and control)) and 5 replications. Hydrothermal treatments consisted of immersing the
fruits in water at 45 ° C, 50 ° C, 55 ° C for 0, 5, 10, 15 and 20 minutes. In the chemical
treatment the fruits were immersed for 0 minutes with diphenoconazole fungicide.
Fruits were evaluated after 5 days for disease severity according to a diagrammatic
scale. In general, hydrothermal treatments at 45 ° C (10, 15 minutes), 50 ° C (10, 15, 20
minutes) and 55 ° C (5, 10, 15, 20 minutes) showed efficiency in controlling peduncular
rot, although fruits submitted to these hydrothermal treatments at temperatures 50 °
C (10, 15, 20 minutes) and 55 ° C (5, 10, 15, 20 minutes) presented injuries to the
epidermis of the fruits, compromising their commercialization. There was no effect of
hydrothermal control on disease severity during temperatures and times of 45 ° C (0
and 5 minutes) and 55 ° C (0 minutes). Hydrothermal treatment has proved to be an
alternative to Fusarium sp. Control of papaya rot in papaya, but there is a difficulty in
establishing the temperature-exposure time binomial that best guarantees the health
and physical and aesthetic integrity of the fruit without compromising its commercial
value. .
KEYWORDS: Carica papaya L. Postharvest disease. Alternative treatment.
1 | INTRODUÇÃO:
A cultura do mamoeiro é acometida por diversas doenças que não afetam somente
a planta, mas também seus frutos, deixando-os impróprios para a comercialização.
Perdas de frutos por doenças causadas por fungos representam 40%, das quais se
destacam a Antracnose (53%), Phytophtora palmivora Butt (27%) e Oidium caricae
Noack (20%) (COSTA et al., 2011). Algumas dessas doenças iniciam com a infecção
no campo como infecções latentes, ou seja, sem sintomas. Durante as fases de póscolheita, os sintomas se tornam perceptíveis, como por exemplo, a Antracnose, onde
os sintomas surgem após o transporte para os mercados consumidores (DANTAS et
al., 2004; TATAGIBA et al., 2002).
As perdas em pós-colheita representam um problema sério dentro da cadeia
produtiva. Destacam-se as podridões de pós-colheita causadas principalmente
por bactérias e fungos. Dentre as doenças de pós-colheita do mamão, a podridão
peduncular merece destaque, podendo ser ocasionada pelos fungos Colletotrichum
gloeosporioides, Fusarium spp., Phoma caricae-papayae, Lasiodiplodia theobromae,
Phomopsis caricae-papayae, Rhyzopus stolonifer, Phytophtora palmivorae e
Pestalotia sp. (DANTAS et al., 2003).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 4
24
O emprego do tratamento químico para doenças fúngicas é uma pratica
rotineira, no entanto o surgimento de patógenos resistentes e a presença de resíduos
químicos nos alimentos impulsionam a busca por outros tratamentos alternativos
ou que aliados ao tratamento químico potencializam sua eficiência no controle, tais
como a refrigeração, tratamento térmico, radiação, atmosfera controlada e modificada
(ZAMBOLIM et al., 2002).
A termoterapia é um tratamento eficiente na erradicação ou enfraquecimento do
patógeno, além de manter os frutos livres de resíduos químicos e mitigar as desordens
fisiológicas durante as fases de armazenamento (BRITO et al., 2008). Frutos de
mamão submetidos à imersão em água a 48°C por 20 minutos associados com
ceras e fungicidas permitem a redução das perdas de pós-colheita em decorrência
das podridões pedunculares (OLIVEIRA e SANTOS FILHO, 2004).
Há vários fungicidas registrados para a cultura do mamoeiro pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como por exemplo o Tiabendazol
para o controle de Fusarium em pós-colheita (SYNGENTA, 2003). Os inibidores
de biossíntese de esteróis têm mostrado sua eficiência no controle de antracnoses
em diversos frutos (SPONHOLZ et al., 2004). No entanto, as preocupações com
aplicações rotineiras de fungicidas, o surgimento de patógenos resistentes aos
princípios ativo e acúmulo de resíduos nos frutos tem levado a procura de métodos
alternativos ou aliado ao químico. Dessa forma, esse trabalho teve por objetivo
avaliar a eficiência dos tratamentos hidrotérmico e químico no controle da podridão
peduncular em frutos de mamão pertencentes ao grupo papaya comercializados no
mercado local no município de Parnaíba, Piauí.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS:
2.1 Isolamento dos fungos
O fungo do gênero Fusarium sp. foi obtido a partir de cinco frutos de mamoeiro.
O isolamento do fungo se deu a parir das lesões presentes na superfície do pedúnculo
dos frutos. A cultura pura de Fusarium sp. foi isolada em meio BDA (Batata-DextroseÁgar) estéril, incubado em BOD (Biochemistry Demand Oxygen) a 24 ± 2°C, em
fotoperíodo de 12 horas (12 horas de luz/12 horas de escuro).
2.2 Inoculação dos frutos
Após a obtenção da cultura pura de Fusarium sp., esse foi inoculado em 85
frutos que foram submetidos ao tratamentos hidrotérmico e químico. Os frutos
antes de serem inoculado, passaram por processo de desinfestação em hipoclorito,
na proporção de 1:3, por três minutos e em água destilada esterilizada por dois
minutos, posteriormente foram seco ao ar. Após a desinfestação e secagem, os
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 4
25
frutos foram cortados na região peduncular onde se depositou um disco micelial
de cinco milímetros retirado das bordas das placas de cultura pura de Fusarium
sp. Em seguida, os frutos já inoculados, foram submetidos à câmara úmida por 48
horas a 25°C±2. Transcorrido o período de incubação, os mamões inoculados forma
submetidos aos tratamentos hidrotérmicos e químico.
2.3 Aplicação dos tratamentos
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado
(DIC),com 17 tratamentos e cinco repetições, cada repetição era constituída por um
mamão inoculado, em esquema fatorial 3 x 5 + 2 (3 temperaturas x 5 tempos + 2
(tratamento químico e testemunha)).
O tratamento hidrotérmico foi realizado em banho-maria, marca FANEM,
modelo MOD-100, o monitoramento das temperaturas foi realizado com auxílio de
termômetro de mercúrio. Utilizou-se 75 frutos inoculados, imergindo apenas sua
região peduncular em água aquecida em três temperaturas (45, 50 e 50° C) durante
os tempos de 0, 5, 10, 15 e 20 minutos.
O tratamento químico (Difenoconazol) se deu pela imersão da região peduncular
dos mamões inoculados no fungicida na dosagem de 0,6 ml em dois litros de água
durante zero minuto. O tratamento testemunha foi constituído somente por frutos
inoculados, não sendo imersos em nenhuma solução fungicida ou água aquecida.
Os tratamentos se constituíram de acordo com a Tabela 1.
Tratamentos
Temperatura (°C)
Tempo de exposição (min)
1
0
2
5
3
45
10
4
15
5
20
6
0
7
5
8
50
10
9
15
10
20
11
0
12
5
13
55
10
14
15
15
20
16 (Difenoconazol)
---
---
17 (Testemunha)
---
---
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 4
26
Tabela 1 Croqui experimental dos tratamentos, contendo as temperaturas em °C e os tempos
de exposição em minutos, os quais foram submetidos os frutos inoculados.
2.4 Avaliação do efeito dos tratamentos
Cinco dias após a aplicação dos tratamentos, o efeito desses sobre a severidade
da doença foi analisado com o auxílio de uma escala diagramática adaptada por NerySilva et al., (2007), onde se atribuiu as seguintes notas: 1 – Ausência de sintomas da
podridão peduncular; 2 – Presença de pequenas pontuações (até 3 mm), aquosas
superficiais na região do pedúnculo; 3 – Presença de lesões aquosas ou mumificadas,
não coalescentes, abrangendo maior área em torno do pedúnculo; 4 – Presença de
lesões coalescentes, com aspecto translúcido ou mumificado, limitando-se à região
peduncular e 5 – Lesões semelhantes às descritas para a nota 4, abrangendo maior
extensão da polpa do fruto, podendo chegar até a cavidade das sementes.
2.5 Análises estatísticas
Os dados obtidos nas avaliações foram transformados em
e submetidos
ao teste F de Snedcor da ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott
ao nível de 5% de probabilidade com o auxílio do Software ASSISTAT versão Beta
7.7 (SILVA e AZEVEDO, 2002).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Os tratamentos 3, 4, 8, 9, 10, 12, 13, 14 e 15 mostraram-se estatisticamente
eficientes no controle da podridão peduncular quando comparados aos demais
tratamentos (Tabela 2). No entanto, as temperaturas de 50 e 55° C ocasionou nesses
tratametnos alterações na cor da epiderme dos frutos, deixando-os escurecidos, e
também alterações na polpa, diminuindo sua firmeza (dados não mostrados). Tais
efeitos tornam os frutos inviáveis para a comercialização.
A imersão de frutos em água aquecida a 50 ou 55°C por um período de 10
minuto, é considerado como método padrão para controle de doenças de pós-colheita
de várias doenças fúngicas (Brito et al., 2008). Os resultados obtidos nesse estudo
corroboram com a literatura supracitada, pois os tratamentos testados nessas faixas
de temperatura e período de exposição foram os que melhor controlaram a podridão
peduncular do mamão (Tabela 2).
Os tratamentos hidrotérmicos 5, 6 e 7 não diferiram estatisticamente do
tratamento 16 (químico) na eficiência do controle da podridão peduncular (Tabela
2). Ainda os mesmos tratamentos também mostraram-se eficientes ao garantir a
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 4
27
integridade estética dos frutos, pois não houve escurecimento dos frutos, ressaltando
assim que esses tratamentos podem ser eficientes no controle da podridão peduncular
sem comprometer o valor comercial dos frutos.
Os tratamentos 1, 2 e 11 não diferiram estatisticamente do tratamento 17
(testemunha) quanto à eficiência do controle da podridão peduncular (Tabela 2).
A ineficiência do controle da podridão radicular por tratamentos entre 20 a 25°C já
foi relata por Nery-Silva et al., (2007). Kechinski et al., (2007) também evidenciou a
ineficiência do controle da podridão peduncular em mamão ao submeter os frutos a
45°C por 1 minuto.
Tratamentos
1 (45°C/0 minuto)
Notas de acordo com a escala diagramática
1,65
a
1,71
a
1,00
c
1,00
c
5 (45°C/20 minutos)
1,39
b
7 (50°C/5 minutos)
1,42
b
2 (45°C/5 minutos)
3 (45°C/10 minutos)
4 (45°C/15 minutos)
6 (50°C/0 minuto)
8 (50°C/10 minutos)
1,45
b
1,00
c
1,00
c
10 (50°C/20 minutos)
1,08
c
11 (55°C/0 minuto)
12 (55°C/5 minutos)
1,74
13 (55°C/10 minutos)
1,14
a
1,20
c
1,08
c
1,14
c
9 (50°C/15 minutos)
14 ( 55°C/15 minutos)
15 (55°C/20 minutos)
16 (Difenoconazol)
17 (Testemunha)
1,36
1,99
c
b
a
Tabela 2 Severidade da podridão mole por Fusarium sp. em frutos de mamão Papaya
submetidos aos diferentes tratamentos.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
Inicialmente observou-se um escurecimento parcial dos frutos submetidos aos
tratamentos 9, 10 e 12 (dados não mostrados). Houve um aumento no escurecimento
dos frutos submetidos aos tratamentos 13, 14 e 15 (Dados não mostrados).
Resultados semelhantes foram encontrados por Sponholz et al,. (2004) e Moraes et
al., (2005), o quais observaram que na medida que elevavam a temperatura, as lesões
ocasionadas por antracnose não progrediam, no entanto as elevadas temperaturas
associadas com o aumento do tempo de exposição ocasionavam deformações na
epiderme dos frutos.
Alterações na coloração da epiderme de frutos submetidas aos tratamentos
hidrotérmicos já foi descrita por Brito et al,. (2009). Segundo o mesmo, a exposição
dos frutos a elevadas temperaturas provocam o escurecimento e sua intensidade
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 4
28
é dependente da intensidade e duração do tratamento, variedade e do estágio de
maturação, o que de fato foi observado nesse estudo. O escurecimento dos mamões
foi decorrente da intensidade da temperatura e do tempo de exposição o qual os
frutos foram submetidos.
4 | CONCLUSÃO:
Os tratamentos hidrotérmicos mostraram-se como uma alternativa promissora
para o controle da podridão peduncular causada por Fusarium sp. em frutos de
mamoeiro, no entanto, ainda há dificuldades em encontrar um binômio TemperaturaTempo de exposição, que melhor garanta a sanidade dos frutos e sua integridade
física e estética, assegurando assim o valor comercial dos frutos.
REFERÊNCIAS
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29
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 4
30
CAPÍTULO 5
doi
CRESCIMENTO MICELIAL DE Stemphyllium SP. AGENTE
ETIOLÓGICO DA QUEIMA DE ESTNFÍLIO NA CULTURA
DA CEBOLA (Allium cepa) EM DIFERENTES MEIOS DE
CULTURA
Data de aceite: 11/03/2020
Flávia de Oliveira Borges Costa Neves
Graduação em Agronomia. Instituto Federal de
Educação,Ciência e tecnologia do Triângulo
Mineiro. Campus Uberlândia.
Igor Souza Pereira
Prof. Dr. Fitopatologia. Instituto Federal de
Educação Ciência e tecnologia do Triângulo
Mineiro. Campus Uberlândia. MG. Fazenda
Sobradinho.
RESUMO: A queima de estenfílio é considerada
a principal doença de parte aérea da cebola
em regiões de clima tropical e subtropical.
Recentemente foi verificada a ocorrência de
queima na cebola na Região do Alto Paranaíba.
No entanto, estudos sobre a esporulação de
Stemphylium sp em diferentes meios de cultura
são escassos na literatura. Deste modo, o
objetivo deste trabalho foi estudar a influência
de diferentes meios de cultura no crescimento
micelial e produção de conídios de Stemphylium
sp. Foi utilizado o delineamento inteiramente
casualizado em esquema fatorial 8x6. Os meios
de cultura testados foram: BDA; V8 à 5%; V8
à 10%; V8 à 20%; suco de tomate à 5%; suco
de tomate à 10%; suco de tomate à 20% e
MEA. Todos os meios foram submetidos ao
fotoperíodo de 12 horas. Foram realizadas duas
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
avaliações do crescimento micelial aos 10 e 15
dias, por meio da medida dos diâmetros (mm)
das colônias em dois sentidos perpendiculares
entre si, tomando-se como valor a média das
duas medidas. Aos 10 dias de avaliação podese observar que os meios que mais favoreceram
o crescimento micelial foram o suco de tomate
à 20%, BDA, seguido por V8 à 10%; V8 à 20%,
enquanto que aos 15 dias foram os meios BDA,
suco de tomate à 20%, V8 à 20% seguido por
suco de tomate à 10%. Contudo, concluiu-se
que para ambas avaliações os meios de cultura
suco de tomate, V8 e BDA foram propícios para
o crescimento micelial de Stemphyllium sp.
PALAVRAS–CHAVE: “in vitro”; micélio;
esporos.
MYCELIAL GROWTH OF Stemphylium
SP.ETIOLOGICAL AGENTO FBURNSTENOPHILY IN ONIONCULTURE (Allium
cepa) IN DIFFERENT CULTURE MEDIA
ABSTRACT: Recently, the occurrence of
stenographer burning in the onion in the Alto
Paranaíba Region was verified. However,
studies on the sporulation of Stemphyllium
sp in different culture media are scarce in the
literature. The objective of this work was to
study the influence of different culture media
on mycelial growth and conidial production of
Capítulo 5
31
Stemphylium sp. It was used or completely randomized in the 8x6 factorial scheme.
The culture media tested were: BDA; V8 at 5%; V8 10%; V8 at 20%; 5% tomato juice;
10% tomato juice; 20% tomato juice and MEA. All media were used at the 12 hour
photoperiod. Two 10 and 15 day mycelial growth tests were performed by measuring
the diameters (mm) of the colonies in two directions perpendicular to each other,
considering as the mean value of the two measurements. The 10 days of evaluation
can observe whether the means that most favor mycelial growth were 20% tomato
juice, BDA, followed by 10% V8; V8 at 20%, while up to 15 days were BDA media, 20%
tomato juice, 20% V8 followed by 10% tomato juice. However, we concluded that for
tomato juice cultivation methods, V8 and BDA were proposed for mycelial growth of
Stemphyllium sp.
KEYWORDS: “In vitro”; mycelium; spores.
1 | INTRODUÇÃO
Com a expansão da cebolicultura na região observa-se o aumento de doenças
que afetam, sendo muitas delas passíveis a reduzir drasticamente a produtividade
(PEREIRA; TEBALDI, 2013). A cebola (Allium cepa L.) está sujeita a uma série de
doenças que podem atacar as mais diversas partes da planta. Algumas destas
doenças podem causar grandes perdas, tornando-se fatores limitantes ao cultivo se
medidas de controle adequadas não forem adotadas (REIS; HENZ, 2009).
A queima de estenfílio é considerada uma doença de importância relevante na
parte aérea do alho em regiões de clima tropical e subtropical. Esta doença é comum
ao alho, cebola,cebolinha, alho-porró e outras aliáceas (CHAPUT, 1995; MILLER;
LACY, 1995;NUNES; KIMATI, 1997) e quando ocorre em cultivares suscetíveis, sob
condições ambientais favoráveis, pode causar perdas de 50% a100%. No Brasil,
causa grandes prejuízos aos produtores por reduzir a produção e também afetar
a conservação dos bulbos.O seu controle tem sido bastante difícil e demandado
grandes gastos com fungicidas (ZAMBOLIM; JACCOUD FILHO, 2000; MASSOLA
JUNIOR et al., 2005). No Brasil, a queima-de-estenfílio causada por Stemphylium
sp.,vem sendo registrado principalmente nas culturas de alho e tomate. Contudo,
sua incidência foi notada na cultura da cebola, tanto na região Sul do país, quanto
na região de Minas Gerais, nas lavouras do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba safra
2015, as quais embasaram a pesquisas do presente trabalho.
Em decorrência dos problemas ocasionados pelo uso intensivo de defensivos
agrícolas torna-se imprescindível buscar medidas alternativas no controle de
doenças através do uso de produtos naturais que podem se tornar eficientes e de
baixo impacto ambiental (MARTINS et al, 2010).
Como medidas alternativas, os óleos essenciais, também conhecidos como
óleos voláteis e óleos etéreos podem representar uma alternativa promissora
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
32
no controle de doenças fúngicas, visto que possuem atividade antibacteriana e
antifúngica, sendo extraídos de plantas aromáticas e medicinais. Podem ser obtidos
de diversas partes das plantas como: folhas, flores, sementes, raízes, cascas e
tubérculos (TRAJANO et al., 2009).
Diante da escassez de informações sobre o crescimento do fungo Stemphylium
in vitro, o uso de diferentes meios de cultura constitui uma forma de avaliar qual meio
de cultura é mais eficaz no crescimento e desenvolvimento do fungo.
2 | REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Importância da cultura da cebola
2.1.1 Características agronômicas da cebola
A cebola (Allium cepa L.) é uma espécie diplóide,pertencente ao gênero Allium,
que é distinto por apresentar uma série de espécies hortícolas, como Alliumfistulosum
L. (bunchingonion), Alliumsativum L. (alho), Alliumampeloprasum L. (alho poró),
Alliumschoenoprasum L. (cebolinha) e Alliumtuberosum L. (cebolinha chinesa)
(GOLDMAN, et al., 2000; JONES, 1990).
É uma planta de natureza herbácea, cujas raízes são fasciculadas chegando a
produzir de 20 a 200 raízes principais. O caule é formado por um disco comprimido,
subterrâneo, envolvido por folhas escamiformes que acumulam reservas nutritivas na
sua parte basal, causando aumento de tamanho. As folhas centrais não aumentam
de tamanho e vão formar o pseudocaule da planta na fase vegetativa (MINAMI,
1987).
A cebola tem seu desenvolvimento fenológico, em estádios, da semente ao
bulbo, baseando-se na emissão, crescimento e queda de folhas, no engrossamento
do pseudocaule e na formação do bulbo. É uma espécie bienal, formando os bulbos
no primeiro ciclo e a produção de sementes no próximo ciclo, através do plantio de
bulbos-mãe, após serem vernalizados quando ocorre a quebra de dormência dos
bulbos (GANDIN et al., 1986).
A bulbificação e produção de cebola podem variar consideravelmente em uma
mesma faixa de fotoperíodo, sendo influenciado pela temperatura, tamanho, idade
da planta e o manejo da cultura. As cultivares de ciclo superprecoce, precoces e
médias são plantadas nas regiões Sudeste e Centro Oeste. Na região Sul é cultivado
as do ciclo precoce, médio e tardio (OLIVEIRA, 2005).
2.2 Importância econômica
No Brasil, a cebola é a terceira hortaliça mais importante em termos de valor
econômico, ficando atrás apenas da batata e do tomate. É preferencialmente
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
33
consumida in natura na forma de saladas, temperos e condimentos. Devido a suas
características quanto ao sabor, aroma e pungência, e propriedades terapêuticas, a
cebola faz parte da culinária dos mais diversos países, compondo diferentes pratos
(ALMEIDA; SUYENAGA, 2009). Dentre as hortaliças, a cebola ocupa, em termos
mundiais, o quarto lugar em importância econômica e o terceiro em volume de
produção (FAO, 2014).
O Brasil, com 1,54 milhões de toneladas, é o maior produtor de cebola da
América do Sul com produtividade em incremento, passando de 24,93 t.ha-1 em 2012
para 27,82 t.ha-1 em 2014. A China com 22,3 milhões de t e produtividade de 21,85t.
ha- 1, Índia com 19,29 milhões de t e produtividade de 16,12 t.ha-1 e os Estados
Unidos com 3,16 milhões de t e produtividade de 55,95 t.ha-1são os três maiores
produtores mundiais dessa cultura, ficando o Brasil em oitavo nesse ranking (FAO,
2014). Há no país regiões altamente tecnificadas, em que a produtividade média
pode superar os valores descritos para os principais países produtores, onde se
enquadram o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e o entorno de Brasília, incluindo
cidades de Goiás como Cristalina, Luziânia e Formosa (GO).
O crescimento da produtividade agrícola nas últimas três décadas tem tido
um impacto importante no acesso aos alimentos no mercado interno. Segundo a
Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB, 2015) na produção
mundial de cebola, verifica-se que em 2015, a cebola apresentou crescimento de
127,38% na produção, de 5,26% na área e de 4,2% na produtividade.
Segundo o IBGE, (2017), em relação à produção obtida em 2016 de 1.563
toneladas a estimativa da produção de cebola em relação ao ano anterior corresponde
a 1.566 toneladas, com variação de 0,2 % na produção.
2.3 Queima-de-estenfilio – Stemphylium sp
Dentre as olerícolas que são dependentes de defensivos agrícolas, destacase a cebola, que está sujeita a uma série de doenças. Algumas destas doenças
podem causar grandes perdas, tornando-se fatores limitantes ao cultivo se medidas
de controle adequadas não forem adotadas. Dentre essas doenças destaca - se a
queima-de-estenfílio, causada por Stemphylium sp (CHAPUT, 1995; MILLER; LACY,
1995).
Segundo Reis e Henz, (2009), os produtores de alho e cebola têm enfrentado
grandes dificuldades no controle da queima-de-estenfílio, que podem estar
relacionadas à falhas na metodologia de aplicação de fungicidas, possíveis mudanças
na população do patógeno, com predomínio de algumas resistentes aos principais
fungicidas utilizados, ou ainda, aos dois fatores em conjunto.
A queima-de-estenfílio ou mofo-preto tem sido registrado em vários países com
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
34
freqüentes epidemias na América do Norte, África e Índia. O ataque torna-se mais
severo quando associado a outras doenças, como a mancha-púrpura (Alternaria
porri), chegando a 80% de incidência nas folhas de cebola (MAUDE, 1990).
Sendo considerada uma doença secundária na cultura do alho e cebola, seus
sintomas se apresentam como pequenas manchas amareladas a laranja-pálidas no
meio da folha, evoluindo para formas alongadas, ovaladas a fusiformes e difusa
em suas margens (Figura1). As lesões também podem apresentar halo amarelo e,
em condições de alta umidade, apresentar anéis concêntricos característicos, de
coloração marrom a cinza escura, correspondente às frutificações do fungo. As lesões
podem crescer e coalescer, levando à murcha e crestamento das folhas (MILLER;
LACY, 1995; NUNES; KIMATI, 1997; ZAMBOLIM; JACCOUD FILHO, 2000).
No Brasil, a doença causa grandes prejuízos aos produtores por reduzir a
produção e também afetar a conservação dos bulbos. A doença também é conhecida
como queima ou crestamento das folhas devido aos sintomas causados. O seu
controle tem sido bastante difícil e demandado grandes gastos com fungicidas
(ZAMBOLIM; JACCOUD FILHO, 2000; MASSOLA JUNIOR et al., 2005).
Excepcionalmente, quando o ataque inicia-se na extremidade superior da folha,
pode ocorrer queima de pontas, confundindo-se com outras doenças bióticas ou
abióticas, conforme um severo ataque da doença em uma lavoura de cebola em pivô
central (Figura 2).
Figura. 1. A. Sintomas de queima-de-estenfílio em folhas de cebola. B. Planta severamente
atacada pelo fungo (Imagens: Igor S. Pereira).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
35
Figura 2. Área de cebola sob pivô-central no município de Santa Juliana (MG) com elevada
severidade de queima-de-estenfílio (Imagem: Igor S. Pereira).
2.4 Meios de cultura para crescimento de microrganismos
Segundo Alfenas e Mafia (2016), no cultivo de microorganismos, empregam-se
meios de cultura contendo nutrientes e vitaminas necessárias ao seu crescimento
e reprodução. Os nutrientes são fornecidos de forma a atender as exigências da
espécie a ser cultivada, promovendo o crescimento e/ou, a esporulação satisfatória
do organismo.
O crescimento da maioria dos organismos cultiváveis cresce em meios de cultura
contendo uma fonte de carbono e nitrogênio, além de outros elementos em menor
quantidade, como potássio, fósforo, enxofre, ferro, magnésio, zinco, manganês e
vitaminas. Contudo, a composição do meio de cultura depende do microorganismo
que se deseja cultivar e dos objetos de estudo (ALFENAS; MAFIA, 2016).
No meio de cultivo, existem elementos constituintes contribuem para o
crescimento e desenvolvimento dos microorganismos. O carbono é o elemento mais
importante para o desenvolvimento do microrganismo, seja em seu habitat, seja em
meio de cultura sob condições controladas. Além de constituir a principal fonte de
energia, o carbono é um dos elementos estruturais e funcionais necessários à síntese
de enzimas, sendo fornecido preponderantemente pelos monossacarídeos, como
glicose, frutose, galactose e manose. No entanto a glicose é considerada a fonte
universal de carbono, utilizada pela maioria dos microrganismos. Enquanto a glicose
é o primeiro composto a ser utilizado na via glicolítica para produção de energia, os
oligossacarídeos sacarose, lactose, maltose e outros, bem como os polissacarídeos
celulose, amido e glicogênio, requerem a produção de enzimas hidrolíticas para
reduzi-los a açúcares mais simples (ALFENAS; MAFIA, 2016).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
36
Outro elemento é o nitrogênio, que também é essencial, pois constituem
parte dos aminoácidos, que por sua vez compõem as proteínas. Como é utilizado
na produção de energia, é requerido em menor quantidade, podendo ser fornecido
na forma orgânica ou inorgânica. Todas as espécies de fungo crescem em meio
com nitrogênio orgânico, como a asparagina, a caseína e a peptona entre outros. O
nitrogênio amoniacal, fornecido pelos sais de amônio orgânico e inorgânico, também
é utilizado por todos os fungos e bactérias. No entanto, determinadas espécies
fúngicas crescem melhor quando lhes é fornecido nitrogênio inorgânico, como nitrato
de potássio, nitrato de cálcio e nitrato de sódio. Deve-se evitar o fornecimento direto
de nitrogênio na forma de nitrito ao meio de cultura, pois esse elemento é tóxico
aos microrganismos (ALFENAS; MAFIA, 2016). O enxofre e o fósforo também são
fundamentais para o desenvolvimento de microorganismos. O enxofre é utilizado na
forma de sulfato e é necessário para a biossíntese dos aminoácidos cistina, cisteína
e metionina; na forma de sulfito (SO), é tóxico aos microrganismos. Já o fósforo é
componente essencial da membrana, como também participa da síntese de ácidos
nucléicos e ATP. É fornecido na forma de sal misturado ao potássio, como fosfato de
potássio. Outros elementos, como sódio, ferro, zinco, cobre, molibdênio, manganês,
cobalto, cloro etc., são necessários em quantidades pequenas. Funcionam como
cofatores e, ou, para ativar enzimas nos meios de cultura (ALFENAS; MAFIA,
2016). Há centenas de meios de cultura empregados em vários microorganismos
(DHINGRA; SINCLAIR, 1995).
3 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberlândia,
Uberlândia, Minas Gerais.
O isolado de Stemphylium sp. foi obtido de folhas de cebola var. Mercedes,
híbrido de dias curtos para climas tropicais, folhagem vigorosa e resistente à raiz
rosada (Pyrenochaetaterrestris). Plantas com sintomas típicos da doença foram
coletadas de uma lavoura comercial situada no município de Santa Juliana, MG.
Partes infectadas das folhas foram cortadas em pequenos pedaços com ±1cm2
cada, lavados em água destilada e esterilizadas pela imersão em hipoclorito de
sódio a 0,5% por dois minutos, em seguida imersos em solução de etanol a 70% por
um minuto e enxaguado três vezes em água esterilizada. Cinco fragmentos foram
depositados em placas de Petri (9 cm de diâmetro) contendo 20 ml do meio batata
dextrose agar (BDA) (Suheri e Price, 2000a). Três replicatas foram realizadas para
cada amostra.
As placas foram incubadas em câmara climatizada (BOD) a 27oC ± 2 e
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
37
fotoperíodo de 12h por 5-6 dias. Os fungos foram purificados pela inoculação em
placas de Petri contendo BDA e a identificação dos isolamentos fúngicos foram
realizadas com base nas características macro e microscópicas (Ellis, 1971). O
isolado puro foi conservado em vidros com água destilada esterilizada seguindo-se
a metodologia de Castellani (1939) para ensaios posteriores.
Sete diferentes meios de cultura foram avaliados nesse trabalho, quais sejam:
1. Batata Dextrose Ágar (BDA); 2. Suco V-8® Ágar 5%; 3. Suco V-8® Ágar 10%; 4.
Suco V-8® Ágar 20%; 5. Suco de tomate 5% (ST-5%); 6. Suco de tomate 10% (ST10%); 7. Suco de tomate 20% (ST-20%) e 8. MEA 2% (extrato de malte – ágar). O
suco V-8® utilizado é da marca Campbell’s composto por 90% de suco de tomate
e complementado por suco de cenoura, suco de beterraba, suco de salsa, suco de
aipo, suco de alface, suco de agrião e suco de espinafre. O suco de tomate utilizado
é da marca Superbom® composto exclusivamente por suco de tomate integral.
Todos os meios de cultura foram autoclavados a 120oC por 20 minutos e
vertidos assepticamente em placa de Petri. Para cada placa de Petri contendo 15 ml
de meio foi repicado um disco de 5 mm de diâmetro, retirado das bordas de colônias
desenvolvidas em meio BDA, durante seis dias, 27 ±2oC, no escuro.
As placas foram incubadas em BOD a 27 ±2oC e fotoperíodo de 12h. Após
dez e quinze dias de crescimento, as colônias foram medidas em dois sentidos
perpendiculares entre si, tomando-se como valor a média. O experimento seguiu o
delineamento inteiramente casualizadas (DIC) com oito tratamentos e seis repetições
constituídas de uma placa de Petri. Os dados foram avaliados pelo teste de F e as
médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade utilizando-se o
programa estatístico Sisvar® (Ferreira, 2000).
4 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
Pelos testes de Shapiro Wilk aplicado ao conjunto de dados coletados foi
constatada normalidade, não sendo necessária a transformação de dados para
aplicação dos testes de F e posterior comparação de médias. Pela análise de
variância realizada foi possível determinar que houve diferença estatística entre os
tratamentos testados, tanto aos 10 dias quanto aos 15 dias de avaliação.
Aos 10 dias, o maior crescimento foi identificado com os tratamentos ST-20% e
BDA, agrupando-se estatisticamente, enquanto o menor crescimento foi observado
com o tratamento V8-5% (Tabela 1). Aos 15 dias novamente os tratamentos ST-20%
e BDA acarretaram no maior crescimento micelial e opostamente, os tratamentos
V8-5% e V8-10% o menor crescimento, agrupando-se estatisticamente.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
38
Tabela 1. Média da avaliação (mm) de diferentes meios de cultura no crescimento micelial de
Stemphylium sp. isolados de cebola aos 10 e 15 dias. IFTM, Uberlândia, 2017.
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente ao nível de 5% pelo teste de Scott-knot.
Os meios de cultura suco de tomate – 10% e MEA se comportaram medianamente
para ambas as avaliações.
Os componentes presentes nos meios de cultura enriquecidos têm a finalidade
de imitar ou de se aproximar do efeito dos nutrientes químicos naturais presentes
nas folhas das plantas, a fim de se obter um efeito semelhante de crescimento como
naquele encontrado na natureza (ALFENAS; MAFIA, 2016).
Através de análise visual, observou-se uma variação entre as características
culturais das colônias fúngicas nos diferentes meios de culturas avaliados no
experimento. As colorações variaram de cinza escura ao branco e a massa miceliana
de ralas a cotonosas. Resultado semelhante também foi descrito por Ellis (1971),
nas características culturais do patógeno.
Com o fotoperíodo de 12h, o fungo Stemphylium sp.apresentou maior
crescimento e desenvolvimento micelial para os meios BDA e suco de tomate –
20% apresentando boa esporulação, significativamente avançada (avaliado em 15
dias), mostrando-se estatisticamente semelhantes. Já o meio V8-10% e V8-5% não
demonstraram bom crescimento micelial estatisticamente.
De acordo com Prabhu et. al. (2002), as colônias podem apresentar características
culturais distintas, dependendo do isolado e do meio de cultura utilizado, sendo a
parte aérea constituída por uma massa grossa, de aspecto algodonáceo.
A literatura relata que a composição do meio de cultura a temperatura e
luminosidade influenciam e determinam a quantidade e qualidade do crescimento e
desenvolvimento micelial do fungo (DHINGRA; SINCLAIR 1995).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
39
5 | CONCLUSÕES
O meio de cultura a base de suco de tomate a 20% e o meio de cultura a
base de BDA foi o que apresentaram melhor eficiência no crescimento micelial de
Stemphylium sp.para ambas avaliações.
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40
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 5
41
CAPÍTULO 6
doi
DIFERENTES MÉTODOS DE INOCULAÇÃO DE
Colletotrichum falcatum EM CANA-DE- AÇÚCAR
Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 10/12/2019
Jaeder Henrique da Silva Ferreira
Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP
São José do Rio Preto – São Paulo
http://lattes.cnpq.br/0706554947910511
Deigue Garcia Duarte
Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP
São José do Rio Preto – São Paulo
Cássio dos Santos Martins
Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP
São José do Rio Preto – São Paulo
Link para o Currículo Lattes ou ORCID
Gabriella Souza Cintra
Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP
São José do Rio Preto – São Paulo
http://lattes.cnpq.br/6038299332485400
RESUMO: A podridão vermelha, cujo agente
causal é Colletotrichum falcatum, causa
prejuízos importantes à cana-de-açúcar,
sobretudo pela inversão de sacarose, o que
diminui o rendimento em seu processamento.
O objetivo com este estudo foi avaliar diferentes
métodos de inoculação de Colletotrichum
falcatum, sobre o desenvolvimento da doença
podridão vermelha em cana-de-açúcar. Toletes
da variedade comercial CTC9003, sabidamente
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
suscetível, contendo uma gema cada, foram
inoculados de diferentes formas: imersão dos
toletes em suspensão de conídios e deposição
de disco de micélio-ágar sobre os toletes, ambos
processos, com e sem ferimento. Aspectos
relacionados à brotação e emergência, ao
apodrecimento dos toletes e morte das gemas
foram observados quinzenalmente durante 45
dias. Da mesma forma, segmentos de folhas
destacadas obtidos da mesma variedade
anterior, CTC9003, foram inoculadas de
diferentes formas: pulverização dos segmentos
até o ponto de escorrimento de suspensão de
conídios e deposição de disco de micélio-ágar
sobre os segmentos, ambos processos, com e
sem ferimento. Os segmentos de folhas foram
acondicionados em placas, e as avaliações
que consistiram na observação de sintomas.
Verificou-se que os métodos de inoculação do
mesmo modo, quando inoculado em segmentos
de folhas destacadas, não foram observados
sintomas iniciais característicos da doença.
PALAVRAS-CHAVE:
Podridão
Vermelha.
Saccharum officinarum L. Patogenicidade
ABSTRACT: The red rottenness, whose causal
agent is Colletotrichum falcatum, causes
important damages to the sugarcane, above
all for the sucrose inversion, what reduces the
income in its processing. The objective with
this study was to evaluate different methods
Capítulo 6
42
of inoculation of Colletotrichum falcatum, on the development of the disease red
rottenness in sugarcane. Oarlocks of the commercial variety CTC9003, knowingly
susceptible, containing a yolk each, they were inoculated in different ways: immersion
of the oarlocks in conídios suspension and deposition of micélio-agar disk on the
oarlocks, both processes, with and without wound. Aspects related to the brotação and
emergency, to the rottenness of the oarlocks and death of the yolks were observed
biweekly for 45 days. In the same way, obtained segments of outstanding leaves of the
same previous variety, CTC9003, were inoculated in different ways: pulverization of
the segments to the point of flowing of conídios suspension and deposition of micélioagar disk on the segments, both processes, with and without wound. The segments of
leaves were conditioned in plates, and the evaluations that consisted of the observation
of symptoms. It was verified that the methods of inoculation in the same way, when
inoculated in segments of outstanding leaves, characteristic initial symptoms of the
disease were not observed.
KEYWORDS: Red Rottenness. Saccharum officinarum L. Pathogenicity
1 | INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) é uma cultura de grande importância
na economia brasileira, principalmente no sudeste do país, região responsável por
cerca de 61,2% da área total cultivada com cana, na estimativa realizada no último
mês de agosto pela CONAB. A produção total de cana está atualmente estimada
para a safra 2019/20 em 622,27 milhões de toneladas (CONAB, 2019).
Epidemias são frequentemente observadas na cultura da cana-de-açúcar.
Tal fato pode ser explicado à importância que se dá a apenas uma variedade para
características de produção, desconsiderando a resistência a doenças e, ou pelo
descuido com relação à qualidade fitossanitária do material utilizado. Assim sendo,
agentes fitopatogênicos poderão ser introduzidos em novas áreas, contribuindo para
a disseminação da doença. Os patógenos sob determinadas condições, podem
tornar-se limitantes à produção.
A podridão vermelha, cujo agente causal é Colletotrichum falcatum, causa
prejuízos importantes à cultura, sobretudo pela inversão de sacarose, o que diminui
o rendimento no processamento da cana. São frequentes os relatos de perdas de
50% a 70 % de sacarose em colmos atacados simultaneamente pelo fungo e pela
broca-da-cana (TOKESH e RAGO, 2005).
A doença Podridão Vermelha acomete a cultura nos diversos estádios de
desenvolvimento e pode ocasionar, por vezes, a morte de gemas, incapacidade
germinativa dos toletes, aparecimento de pontos avermelhados nas folhas e nos
colmos, podridão e até mesmo a morte dos colmos (TOKESHI e RAGO, 2005;
NECHET, RAMOS e VIEIRA, 2016). Segundo Nechet, Ramos e Vieira (2016), embora
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 6
43
a podridão só ocorra quando o ataque é nos colmos das plantas, os sintomas em
folhas podem ser fonte de inóculo para outras infecções.
Nas folhas, as lesões estão restritas à nervura central, sob a forma de manchas
alongadas de coloração vermelho-amarronzada, que posteriormente podem
apresentar o centro claro. Nessas lesões, em decorrência das condições ambientais
e da suscetibilidade da variedade, o fungo pode esporular, dando origem ao inóculo
que irá infectar os colmos (SANGUINO, 2012). Nos colmos é onde a doença
provoca os maiores prejuízos, causando uma podridão avermelhada, inicialmente,
com manchas brancas transversais, tornando-se marrom-claro nas infecções mais
avançadas. O sintoma do colmo somente é visível, cortando-o longitudinalmente
(MATSUOKA, 2016).
O método de controle mais econômico e eficiente é a utilização de variedades
resistentes, porém, são escassos os relatos de variedades com algum tipo de
resistência ou tolerância. Outras práticas como eliminação dos restos da cultura,
controle da broca-da-cana e plantio de mudas de boa qualidade podem contribuir
para diminuir a incidência.
No processo de identificação de possíveis fontes de resistência à podridão
vermelha, em estudos de patogenicidade, na avaliação da eficiência de medidas
de controle e da epidemiologia da doença, são fundamentais o desenvolvimento
e a padronização de diferentes metodologias. Entre estas, o estudo de diferentes
métodos de inoculação.
Neste contexto, o objetivo com este estudo foi avaliar diferentes métodos de
inoculação de Colletotrichum falcatum, sobre o desenvolvimento da doença podridão
vermelha em cana-de-açúcar.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Os estudos foram conduzidos em laboratório na Unidade I do Centro Universitário
de Rio Preto – UNIRP e em casa de vegetação de propriedade particular, em FrutalMG. Para o estudo utilizou um isolado de Colletotrichum falcatum pertencente à
micoteca do Laboratório de Fitopatologia da UNESP/FCAV.
Na primeira etapa do estudo foram utilizados toletes da variedade comercial
CTC 9003, sabidamente suscetível. Os toletes, contendo uma gema cada, foram
inoculados de diferentes formas: imersão dos toletes em suspensão de conídios com
concentração de 104 conídios/mL e deposição de disco de micélio-ágar de 5mm de
diâmetro sobre os toletes, ambos os processos, com e sem ferimento. Para simular o
ferimento causado pela broca da cana, utilizou-se furadeira elétrica com uma broca
de 3mm de diâmetro.
Logo após a inoculação, os toletes foram plantados em vasos plásticos de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 6
44
capacidade de 5 litros cada, sendo distribuídos 02 toletes por vaso e logo preenchido
com substrato esterilizado. Durante o período do experimento, os tratos culturais
dispensados à cultura foram realizados.
Quinzenalmente, durante 45 dias, avaliaram-se aspectos relacionados à
brotação e emergência e, ao final do experimento, foram realizadas as avaliações do
apodrecimento dos toletes e morte das gemas. O delineamento estatístico utilizado foi
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (controle e métodos de inoculação)
e cinco repetições (cada qual representada por um vaso).
Para a segunda etapa, foram utilizados segmentos de folhas destacadas de
cerca de 10 cm da mesma variedade utilizada anteriormente, CTC 9003. As folhas
com aproximadamente a mesma idade, foram selecionadas de acordo com suas
boas condições visuais. Após a coleta, as mesmas foram lavadas e desinfetadas em
hipoclorito de sódio.
Os tratamentos consistiram em diferentes métodos de inoculação: pulverização
dos segmentos até o ponto de escorrimento de suspensão de conídios em
concentração de 104 conídios/mL e deposição de disco de micélio-ágar de 5 mm de
diâmetro sobre os segmentos de folhas, ambos os processos, com e sem ferimento.
Na inoculação por deposição, os micélios foram aplicados sobre os segmentos de
folha, contudo no tratamento com ferimento, os micélios foram depositados sobre
o ferimento exposto. Os segmentos de folhas foram acondicionados em placas de
Petri, contendo algodão umedecido, mantidas sob condições de laboratório.
Foram realizadas avaliações diárias durante 07 dias após a inoculação, que
constituiu na contagem de segmentos de folhas com sintomas característicos, na
avaliação de sua agressividade e leitura em microscópio, avaliando as estruturas do
patógeno. Utilizou-se 10 segmentos por tratamento, com delineamento estatístico
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (controle e métodos de inoculação)
e dez repetições (representadas por cada segmento).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas avaliações da primeira etapa do experimento, no que se refere à avaliação
da brotação e emergência, observou-se que em apenas um vaso em todo o
experimento não houve emergência, logo o tolete foi avaliado a procura de sintomas
de podridão vermelha, porém os 02 toletes do vaso não apresentaram sintomas.
Neste caso, em específico, acredita-se que a não emergência dos perfilhos está
relacionada à condições das gemas, pois observou-se que em nenhum desses
toletes houve diferenciação para formação de perfilhos e raízes. Nos demais vasos
do experimento houve emergência dos perfilhos.
Durante as avaliações em nenhum vaso foi observado a morte de gemas e nem
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 6
45
sintomas de podridão vermelhas das plantas. Ao final do experimento foi realizada a
retirada das plantas de seus respectivos vasos para avaliação de sintomas e possível
apodrecimento dos toletes acarretados pela doença. em nenhuma planta verificouse a presença de sintomas da doença, com isso pode-se afirmar que o fungo não se
desenvolveu no tolete e não influenciou no plantio da cana, mesmo em variedades
suscetíveis.
Na segunda etapa do estudo, não foram observados sintomas de podridão
vermelha em nenhuma das avaliações, partes das nervuras dos segmentos de folhas
ficaram avermelhados, característico da doença, porém, em análise via microscópio,
não foram observadas estruturas do patógeno.
4 | CONCLUSÃO
Os métodos de inoculação do patógeno nos toletes não tiveram efeito sobre
o desenvolvimento da doença. Do mesmo modo, quando inoculado em segmentos
de folhas destacadas, não foram observados sintomas iniciais característicos da
doença.
REFERÊNCIAS
CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira: canade-açúcar, safra 2018/19, terceiro levantamento, dezembro/2018. Brasília: CONAB 2018/19, 2018.
71p. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana/boletim-da-safra-de-cana-deacucar>. Acesso em: 01 dez. 2019.
MATSUOKA, S. Manejo de doenças e medidas de controle. In: SANTOS, F.; BORÉM, A. (Eds.). Canade-açúcar: do plantio à colheita. Viçosa, MG: Ed. UFV, 2016. cap. 5, p. 108-138.
NECHET, K. L.; RAMOS, N. P.; HALFELD-VIEIRA, B. de A. Identificação de doenças fúngicas
foliares emergentes em cana-de-açúcar. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 53, 2016. 5 p.
SANGUINO, A. As principais doenças em cana-de-açúcar. Curso Tópico da Cultura de Cana IAC.
Campinas, p. 14-16, 2012.
TOKESHI, H.; RAGO, A. In: KIMATI, H.; AMORIM, L. REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.;
CAMARGO, L.E.A. (Eds.). Manual de fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 4. ed. São
Paulo: Ceres, 2005. v. 2, cap. 21, p. 185-196.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 6
46
CAPÍTULO 7
doi
EFEITO DE SUBSTRATOS REGIONAIS NA PRODUÇÃO
DE MUDAS DE TOMATE
Pelotas – RS
Data de aceite: 11/03/2020
http://lattes.cnpq.br/9060719391997671
Data de submissão: 03/12/2019
Tânia Beatriz Gamboa Araújo Morselli
Elis Daiani Timm Simon
Universidade Federal de Pelotas, Programa
de Pós-graduação em Sistemas de produção
Agrícola Familiar
Pelotas – RS
http://lattes.cnpq.br/8076462860104462
Anita Ribas Avancini
Universidade Federal de Pelotas, Programa
de Pós-graduação em Sistemas de produção
Agrícola Familiar
Pelotas – RS
http://lattes.cnpq.br/5839379198991650
Ester Schiavon Matoso
Universidade Federal de Pelotas, Programa
de Pós-graduação em Sistemas de produção
Agrícola Familiar
Pelotas – RS
http://lattes.cnpq.br/3917942584194930
Mariana Teixeira da Silva
Universidade Federal de Pelotas, Programa
de Pós-graduação em Sistemas de produção
Agrícola Familiar
Pelotas – RS
http://lattes.cnpq.br/4523056331416595
William Rodrigues Antunes
Universidade Federal de Pelotas, Programa
de Pós-graduação em Sistemas de produção
Agrícola Familiar
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Universidade Federal de Pelotas, Núcleo de
Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica
Pelotas – RS
http://lattes.cnpq.br/8113793485514474
RESUMO: O tomateiro é a segunda hortaliça
de maior importância econômica no Brasil. A
utilização de mudas de qualidade é importante
para o desempenho final das plantas e esta
é dependente do uso de substratos, sendo
muitas vezes de alto custo para o produtor.
Utilizar resíduos orgânicos para formulação
de substratos pode ser uma alternativa de
redução de custos e reciclagem de resíduos
agroindustriais. O objetivo deste trabalho
foi avaliar o efeito de substratos regionais a
base de torta de tungue, casca de arroz e
composto orgânico na produção de mudas de
tomateiro. O experimento foi conduzido em
estufa climatizada com temperatura, umidade
e irrigação controladas em delineamento
experimental inteiramente casualizado, com
três repetições, unidade experimental composta
por 14 células da bandeja. Foram utilizados
seis substratos elaborados a partir de resíduos
regionais e o substrato comercial Turfa fértil®,
totalizando sete tratamentos. Foi utilizada a
cultivar de tomate cereja Carolina. Aos 60
Capítulo 7
47
dias após a semeadura em bandejas foi avaliado a porcentagem de emergência,
velocidade de emergência de plântulas, altura de plantas, diâmetro de colo, massa
seca da parte aérea e massa seca da raiz. Todas as variáveis avaliadas demonstraram
significância para o fator de tratamento testado. O substrato comercial e a casca de
arroz carbonizada são os melhores para emergência de plântulas de tomate. A torta de
tungue utilizada em baixas proporções é eficiente em misturas com outros materiais na
produção de mudas de tomate. A casca de arroz carbonizada e o composto orgânico
na forma pura não apresentam resultados satisfatórios para o desenvolvimento das
mudas de tomateiro.
PALAVRAS-CHAVE: resíduos agroindustriais, composto orgânico, produção de
mudas.
EFFECT OF REGIONAL SUBSTRATES IN THE DEVELOPMENT OF TOMATO
SEEDLINGS
ABSTRACT: The tomato is the second most important vegetable in Brazil. Using good
seedlings is important for the final performance of the plants and it dependens on
the substrate used and it can be expensive to the producer. Using organic waste for
substrate formulation can be a cost-effective alternative for recycling agro-industrial
waste. This work aimed to evaluate the effect of regional substrates based on tung pie,
rice husk and organic compost on tomato seedling production. The experiment was
carried out in a climate controlled greenhouse with controlled temperature, humidity
and irrigation in a completely randomized design with three replications and the
experimental unit consisting of 14 tray cells. Six substrates made from regional residues
and the commercial substrate Turfa fertile® were used, totaling seven treatments.
Cherry tomato cultivar Carolina was used. Emergency percentage and emergency
speed were evaluated and at 60 days after sowing in trays, speed, plant height, neck
diameter, shoot dry mass and root dry mass were evaluated. All evaluated variables
demonstrated significance for the treatment factor tested. Commercial substrate and
rice husk carbonized are best for tomato seedling emergence. The tung pie used in
low proportions is efficient in mixing with other materials in the production of tomato
seedlings. The rice husk carbonized and the organic compost in pure form do not
present satisfactory results for the development of tomato seedlings.
KEYWORDS: agro-industrial waste, organic compost, seedling production.
1 | INTRODUÇÃO
O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) é uma das hortaliças mais consumidas
no mundo e a segunda de maior importância econômica no Brasil, visto que seu
principal atraente são as propriedades antioxidantes do licopeno (RONCHI et al.,
2010). Há disponível no mercado diversas cultivares de tomate, tanto para consumo
in natura ou as que são próprias para a indústria de molhos e derivados. O consumo
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 7
48
do tomate tipo cereja vem crescendo muito nos últimos anos (CORREA et AL., 2012)
e é amplamente utilizado na culinária brasileira seja in natura ou em aperitivos e
iguarias (ARAUJO et al., 2017).
O principal método de propagação do tomateiro é a via sexuada, utilizando
sementes para a produção de mudas, sendo esta uma etapa importante para a
condução da espécie, uma vez que dela depende o desempenho final das plantas nos
canteiros de produção (NADAI et al., 2015; ALVES et al. 2012). A semeadura se dá
em bandejas em casa de vegetação ou cultivo a campo. Além da temperatura, água,
luminosidade e oxigênio, a qualidade do substrato é de fundamental importância
para a produção de mudas de qualidade. As características físicas são as mais
importantes, pois às relações ar-água não podem sofrer alterações durante o cultivo
(KÄMPF, 2000).
O uso de substratos comerciais pode acarretar alto custo para o produtor,
principalmente o agricultor familiar, além de gerar problemas ambientais, pois a
maioria deles são produzidos a partir da turfa como componente principal. Uma
alternativa aos substratos comerciais é a utilização de resíduos existentes na
propriedade ou oriundos de resíduos da agroindústria ou de áreas urbanas que
sejam de fácil acesso e baixo custo ao produtor.
No Rio grande do Sul, entre os resíduos agroindustriais disponíveis em grande
escala e com potencial para a composição de substratos, está à casca de arroz, a qual
representa 20% do peso total da produção do grão (FOLETTO et al., 2005). Outro
resíduo existente é a torta de tungue (Aleurites fordii Hemsl.), resíduo da extração
do óleo vegetal da amêndoa. Segundo Watthier et al. (2014), a disponibilidade anual
média deste resíduo no Rio Grande do Sul é de 3.000 m3, sendo este o principal
Estado produtor de tungue (IBGE, 2006).
Os compostos orgânicos, resultantes da fermentação de resíduos orgânicos
(agrícolas, domiciliar ou industrial) também podem ser uma alternativa ao substrato
comercial, visto que podem ser produzidos pelos próprios agricultores com resíduos
existentes na propriedade como esterco bovino, podas de árvores e restos de
culturas.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de substratos regionais a base
de torta de tungue, casca de arroz e composto orgânico na produção de mudas de
tomateiro.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no município de Pelotas/RS, no período de junho a agosto
de 2016, em estufa climatizada com regulagem automática feita de policarbonato
alveolar, marca Van der Hoeven, modelo duas águas com dimensões de 12,8m de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 7
49
largura e 12 m de comprimento.
Foram utilizados seis substratos elaborados a partir de resíduos regionais e o
substrato comercial Turfa fértil®, totalizando sete tratamentos (Tabela 1).
DS
(g/cm³)
MAC
(%)
MIC
(%)
PT
(%)
CRA
pH
CE
S1
(56,25%CO+25%CAC+18,8%TT)
0,41
32,45
29,69
62,14
14,55
8,24
0,90
S2 (25%CO+50%CAC+25%TT)
0,40
28,47
32,04
60,51
15,70
6,55
0,85
S3 (12,5%CO+75%CAC+12,5%TT)
0,41
32,31
30,19
62,50
15,70
5,98
0,76
S4 (37,5%CO+25%CAC+37,5%TT)
0,48
19,23
39,33
58,56
20,45
6,28
1,00
S5 (100% comercial)
0,32
28,88
30,82
59,69
15,10
5,46
0,73
S6 (100% CAC)
0,26
55,31
16,43
71,73
8,05
5,49
0,56
S7 (100% CO)
0,51
21,22
27,55
48,78
13,50
6,38
0,33
Tratamento
TABELA 1 - Características de Densidade (DS), Macroporos (MAC), Microporos (MIC),
Porosidade Total (PT) (%), Capacidade de Retenção de Água (CRA), pH e condutividade
elétrica (CE) dos substratos avaliados, Pelotas/RS, 2019.
CO (composto orgânico), CAC (casca de arroz carbonizada), TT (torta de tungue).
A torta de tungue foi adquirida da indústria de óleos Varela LTDA, situada no
município de Veranópolis/RS. A casca de arroz carbonizada (CAC) e o composto
orgânico (produzido a partir de cama de aviário, pó de rocha, serragem e esterco
bovino) foram adquiridos junto a um produtor familiar da região de Pelotas/RS. A
caracterização físico-química dos substratos foi realizada no Laboratório de Física
do Solo da Universidade Federal de Pelotas conforme metodologia proposta por
Kämpf (2006) (Tabela 1).
Foi utilizada a cultivar de tomate Carolina que é do tipo cereja. Esta variedade
é bastante cultivada na região principalmente por agricultores familiares.
As sementes foram semeadas em bandejas de polietileno expandido (Isopor®),
de 128 células, contendo os substratos, à aproximadamente 1 cm de profundidade,
colocando-se uma única semente por célula e cobrindo-as com substrato. As
bandejas foram colocadas na estufa sobre bancada de madeira a aproximadamente
1 metro de altura do solo.
A temperatura e a umidade foram mantidas a 28°C e 65% respectivamente. A
irrigação foi realizada através de sistema de micro aspersão diária de 10 mm duas
vezes ao dia, pela manhã e à tarde.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 3 repetições, a
unidade experimental foi composta por 14 células da bandeja.
Realizaram-se contagens diárias do número de plântulas emergidas até a
estabilização da emergência, considerando-se emergidas aquelas que apresentavam
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 7
50
o hipocótilo exposto. Foram determinadas as seguintes características: porcentagem
de emergência (PE) e velocidade de emergência de plântulas (VE), segundo a
fórmula proposta por Ávila et al. (2005). Aos 60 dias após a semeadura, foi avaliada
a altura de plantas (AP), medindo do colo até o ápice da parte aérea com auxílio de
uma régua graduada. Em seguida, determinou-se o diâmetro do colo (DC) utilizando
um paquímetro digital de precisão 0,01mm. A parte aérea e as raízes foram pesadas
separadas em balança analítica de precisão - (0,01 g) - para determinar massa
fresca e depois, acondicionadas em sacos de papel separados e etiquetados e após
o material fresco foi transferido para secar em estufa com circulação forçada de ar
a uma temperatura de 65ºC por 72 horas, até atingir massas constantes para se
determinar a massa seca da parte aérea (MSPA) e massa seca da raiz (MSR).
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e compararamse os efeitos dos substratos pelo teste de Tukey (p≤0,05).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todas as variáveis avaliadas demonstraram significância para o fator de
tratamento testado. Em relação à porcentagem de emergência das sementes de
tomateiro verificaram-se os maiores valores em ordem decrescente para o substrato
S6, que não diferiu do substrato comercial S5, > composto orgânico > S1 > S3.
Nos substratos S2 e S4 não houve emergência. A velocidade de emergência das
sementes, ou seja, o número médio de dias necessários para a ocorrência da
emergência foi maior nos substratos S1 e S3 o que confere maior número de dias
para formação e produção das mudas, aumentando custos e diminuindo a eficiência
do sistema (Tabela 2).
Substrato
S1 (56,25%CO+25%CAC+18,8%TT)
PE
VB
31,14
c*
19,59
a
0,00
e
0,00
d
S3 (12,5%CO+75%CAC+12,5%TT)
11,74
d
19,59
a
S4 (37,5%CO+25%CAC+37,5%TT)
0,00
e
0,00
d
S5 (100% comercial)
82,42
a
16,65
bc
S6 (100% CAC)
83,92
a
17,70
b
S7 (100% CO)
60,35
b
15,99
c
S2 (25%CO+50%CAC+25%TT)
CV%
4,50
8,49
TABELA 2- Porcentagem de Emergência (PE), Velocidade de emergência (VE) de sementes de
tomate cv. Carolina em substratos regionais. Pelotas/RS, 2019.
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
CO (composto orgânico), CAC (casca de arroz carbonizada), TT (torta de tungue).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 7
51
Para as variáveis altura de plantas e diâmetro do colo o substrato S3 apresentou
os maiores valores sendo superior ao comercial. O substrato S6 não diferenciou
do substrato comercial S5 e os demais apresentaram valores inferiores (Tabela 3).
A maior altura de plantas e diâmetro de colo pode ser indicador de plantas mais
vigorosas.
Para a variável massa seca da parte aérea o S3 apresentou o maior valor
superando o substrato comercial. Os demais diferiram entre si sendo inferiores
ao substrato comercial (Tabela 3). Para a variável massa seca da raiz o substrato
comercial S5 e o S6 obtiveram os melhores resultados, apresentando as condições
satisfatórias para o desenvolvimento das raízes não diferindo entre si, seguidos em
ordem decrescente pelos S7 > S3 > S1 (Tabela 3).
Substrato
MSPA
(g)
MSR (g)
ALT (cm)
DIA (mm)
S1 (56,25%CO+25%CAC+18,8%TT)
0,26 c
0,09 d
4,56 c
1,51 b
S3 (12,5%CO+75%CAC+12,5%TT)
0,62 a
0,15 c
9,50 a
2,00 a
S5 (100% comercial)
0,43 b
0,22 a
5,29 b
1,41 c
S6 (100% CAC)
0,24 c
0,22 a
5,52 b
1,36 c
S7 (100% CO)
0,12 d
0,19 b
2,79 d
1,08 d
8,39
3,29
1,93
7,04
CV%
TABELA 3- Porcentagem de Emergência (PE), Velocidade de emergência (VE), massa seca da
parte aérea (MSPA), massa seca da raiz (MSR), altura de plantas (ALT) diâmetro de colo (DIA)
de sementes e mudas de tomate cv. Carolina em substratos regionais. Pelotas/RS, 2017.
*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
CO (composto orgânico), CAC (casca de arroz carbonizada), TT (torta de tungue).
As diferenças encontradas entre os tratamentos em todas as variáveis avaliadas
podem ter relação com as características físicas e químicas dos substratos (Tabela 1),
dentre as quais podemos citar à capacidade de retenção de água (CRA), porosidade
(macro e micro), densidade, pH e condutividade elétrica (CE) (KÄMPF, 2000).
O tratamento S3 com a menor proporção de torta de tungue e a maior
proporção de casca de arroz carbonizada proporcionou melhores condições para
desenvolvimento das mudas, com os maiores valores de MSPA, altura e diâmetro.
Estas características são bons indicadores da qualidade da muda, quanto maior
o valor, maiores as chances de sobrevivência e desenvolvimento da muda após o
transplantio. Segundo Gonçalves et al. (2016), a CAC é bastante utilizada em mistura
com outros materiais por proporcionar maior porosidade, aeração e drenagem. Por
sua vez, a torta de tungue apresenta elevados índices de potássio e nitrogênio, o
que demonstra a sua aptidão na elaboração de adubos orgânicos (EICHOLZ, 2013).
Enquanto que, os tratamentos S2 e S4 possuem a maior proporção de torta de
tungue, o que pode ter causado toxicidade e afetado a emergência das sementes,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 7
52
assim como a baixa emergência nos tratamentos S1 e S3. É possível que a fitotoxidez
tenha sido causada pelo excesso de nitrogênio (LIMA et al., 2006). Basso Costa
et al. (2012), também verificaram que o uso de torta de tungue em quantidades
excessivas prejudica a germinação das sementes. O tratamento S4 apresenta a
maior micro porosidade dentre os substratos avaliados e consequentemente maior
CRA, diminuindo assim a aeração e dificultando a germinação das sementes.
Outro fator importante a ser considerado é o pH de um substrato, pois segundo
Ludwig et al. (2014) este é de grande importância para o crescimento das plantas
devido ao seu efeito na disponibilidade de nutrientes, em especial de microelementos,
sendo a faixa ideal recomendada para cultivos em geral segundo Bailey et al. (2000),
entre 5,4 a 6,4, estando os tratamentos S1 e S2 fora desta faixa. A CE também é
importante na absorção dos nutrientes sendo a faixa recomendada por Bunt (1988),
entre 0,5 e 1,8 d Sm1 para a maioria dos cultivos, estando o tratamento S7 fora desta
faixa.
O tratamento S6, casca de arroz carbonizada, usada de forma pura proporcionou
maior valor de matéria seca da raiz. Este resultado pode estar associado à sua
maior porosidade que proporciona uma melhor aeração ao sistema radicular.
Entretanto, este tratamento possui a menor CRA o que pode ter ocasionado o baixo
desenvolvimento da parte aérea das mudas.
4 | CONCLUSÕES
Dentre os substratos testados, o comercial (S5) e a casca de arroz carbonizada
(S6) são os melhores para emergência de plântulas de tomate.
A torta de tungue utilizada em baixas proporções é eficiente em misturas com
outros materiais na produção de mudas de tomate.
A casca de arroz carbonizada e o composto orgânico na forma pura não
apresentam resultados satisfatórios para o desenvolvimento das mudas de tomateiro.
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Capítulo 7
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 7
54
CAPÍTULO 8
doi
EMERGÊNCIA E CRESCIMENTO DE ALGODOEIRO EM
FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA EM
SOLO ARENOSO
Data de aceite: 11/03/2020
Everton Martins Arruda
Universidade do Estado de Mato Grosso
Nova Xavantina – MT
José Claudemir dos Santos da Silva
Universidade do Estado de Mato Grosso
Nova Mutum – MT
Kevein Ruas de Oliveira
Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho
Jaboticabal – SP
Risely Ferraz Almeida
Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho
Jaboticabal – SP
Leonardo Rodrigues Barros
Universidade do Estado de Mato Grosso
Nova Xavantina – MT
Marcos Paulo dos Santos
Universidade Federal de Goiás
Goiânia – GO
Rodrigo Takashi Maruki Miyake
Universidade do Estado de Mato Grosso
Nova Xavantina – MT
Fernanda Pereira Martins
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte - MG
Adriana Aparecida Ribon
Universidade Estadual de Goiás
Palmeiras de Goiás – GO
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
RESUMO: O cultivo do algodoeiro é importante
para produção e fornecimento de fibras no
mercado nacional e internacional, desta forma,
estudos sobre otimização de semeadura e
operações a cerca dessa cultura se fazem
necessários para o progresso no cultivo,
visto que é de grande importância para o
produto interno bruto. O presente trabalho
teve como objetivo avaliar a emergência e o
crescimento inicial do algodoeiro em função da
profundidade de semeadura. A cultivar utilizada
no experimento foi a variedade Bayer FMX 940
GLX. Foi utilizado o delineamento inteiramente
casualizado (DIC), sendo adotadas cinco
profundidades de semeadura: 1, 3, 4, 5 e 7 cm,
com quatro repetições, onde foram dispostas
em vasos e passaram por avaliações aos 20 e
35 dias após semeadura, sendo mensurados:
o tempo de emergência, índice de emergência,
altura de plantas, diâmetro de caule, número
de folhas, massa verde e seca de raízes
e massa verde e seca da parte aérea. A
semeadura na profundidade de 7 cm é inviável
tecnicamente para a cultura do algodoeiro, pois
não apresenta emergência de plântulas, o que,
consequentemente, ocasiona redução drástica
do estande inicial nas lavouras de algodoeiro.
A profundidade de semeadura a 5 cm não é
recomendada, pois apresenta menor altura e
massa verde da parte aérea de plântulas de
algodoeiro quando comparado a profundidade
Capítulo 8
55
de 4 cm. Desta forma, recomenda-se a profundidade de semeadura do algodoeiro em
4 cm ou 3 cm de profundidade.
PALAVRAS-CHAVE: Algodão. Plantio. Solos Arenosos.
FIELD EMERGENCY AND GROWTH OF COTTON IN FUNCTION OF SOWING
DEPTH IN SANDY SOIL
ABSTRACT: The cotton crop is one of the main Brazilian commodities in expansion,
studies on optimization of sowing and operations around this crop are necessary for
the progress in its cultivation, since it is of great importance for the national GDP. The
present work focused on a study on the optimal seeding depth for cotton cultivation.
The cultivar used in the experiment was Bayer FMX 940 GLX, 5 different sowing depths
were adopted, 1, 3, 4, 5 and 7 cm, with 4 replications, where they were arranged in
pots and underwent daily evaluations up to 35 days (SA), emergence index (IE), plant
height (AP), stem diameter (DC), number of leaves (NF), green shoot mass MVPA), dry
shoot mass (MSPA), green root mass (MVR) and root dry mass (MSR), the numbers
obtained in the research were submitted to the Tukey test 5 or 1% of significance
and the results proved the Unfeasibility of adopting sowing at 7 or 5 cm of depth and
established sowing at 3 or 4 cm as the ideal.
KEYWORDS: Cotton. Planting. Sandy Soils.
1 | INTRODUÇÃO
O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) é uma cultura perene da família
Malvaceae, apresenta porte ereto, raiz pivotante e profunda, folhas pecioladas com
3 a 9 lóbulos, flores de cor creme e hermafroditas, que, após a autofecundação, dão
origem aos frutos, denominados maçãs quando imaturos e capulhos após a abertura
(ZABOT, 2017).
O algodoeiro é conhecido desde 8 mil anos A.C., e apresenta como centro de
origem a Índia (ZABOT, 2017). Atualmente, a cultura é explorada comercialmente
em 81 países, tendo como maiores produtores a China, os Estados Unidos, Índia e
o Brasil (ZABOT, 2017).
No Brasil, o algodoeiro tem sido cultivado com sucesso nos estados de Mato
Grosso, Goiás e Bahia, geralmente em sucessão à soja. O cultivo é destinado a
grandes propriedades, devido ao alto grau de mecanização das etapas da produção
e o alto uso de insumos e demais tecnologias envolvidos em seus tratos culturais
(FERREIRA; CARVALHO, 2005).
Para o estabelecimento adequado do algodoeiro no campo é necessário que
exista eficiência na germinação e emergência das plântulas, e para isto é fundamental
recomendar no sistema de produção uma profundidade de semeadura correta. De
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
56
acordo com Araújo et al. (2004), a profundidade de semeadura ideal para a cultura
do algodoeiro varia entre 3 e 5 cm.
Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a emergência, o crescimento
inicial e a produção de massa seca do algodoeiro em função da profundidade de
semeadura.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em casa de vegetação, utilizando vasos preenchidos
com solo, na cidade de Nova Mutum, MT (Latitude S = 13º 49’ 44”, Longitude W = 56º
4’ 56”). O clima predominante da região de acordo com a classificação de Köeppen
é o Aw tropical úmido com inverno seco e verão chuvoso. A área experimental está
a 490 m de altitude com precipitação média anual de 1.813 mm, com temperaturas
mínimas e máximas anuais de 8 e 34° C, respectivamente.
Para preenchimento das unidades experimentais foi utilizado solo classificado
como Latossolo amarelo distrófico típico, este coletado no campo experimental da
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Nova Mutum-MT.
A amostragem foi efetuada na camada de 0 a 20 cm em solo que se encontrava
em pousio, onde anteriormente havia sido plantado soja e possuía apenas plantas
espontâneas, como fedegoso, erva de santa luzia e leiteiro. O mesmo apresentava
como características físicas na análise granulométrica valores de 87,6 %, 2,2 %,
e 10,2 % de areia, silte e argila, respectivamente. As características químicas
de fertilidade apresentaram: pH (CaCl2) 7,6; Ca, Mg, Al e H + Al equivalentes a
1,70; 1,10; 0,0 e 0,7 cmolc dm-3, respectivamente, K e P com 19,3 e 35,6 mg dm-3,
respectivamente; CTC e SB com 3,5 e 2,8 cmolc dm-3, respectivamente; V(%) 80,3;
MO 10,7 g dm-3, de acordo com a análise de solo.
O delineamento experimental adotado foi o Delineamento Inteiramente
Casualizado (DIC), sendo que as sementes de algodoeiro foram semeadas em 5
profundidades diferentes (1, 3, 4, 5 e 7 cm da superfície do solo), com 4 repetições
cada, totalizando 20 parcelas, onde foram semeadas 4 sementes em cada parcela.
As unidades experimentais foram constituídas por vasos de plástico com capacidade
pra 2,8 litros ou 4 kg de solo, preenchidos com 3,5 kg do solo, deixando a parte
superior do vaso sem solo, isto para facilitar a realização das aplicações de fertilizante
e irrigação.
A princípio, para dar início ao procedimento, com o auxílio de uma pá de jardim
e uma trena, um vaso foi preenchido, deixando 2,5 cm da parte superior do vaso sem
solo, sendo esse posteriormente pesado com a utilização de uma balança digital,
após isto, os vasos foram preenchidos até as marcas de 3,5; 5,5; 6,5; 7,5 e 9,5 cm
da borda dos mesmos com o solo coletado, para os vasos que terão as sementes
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
57
semeadas em 1, 3, 4, 5 e 7 cm de profundidade, respectivamente, sendo que para cada
profundidade foram adotadas 4 repetições (vasos), em seguida foram adicionadas 4
sementes em cada vaso, posteriormente os vasos foram completados até alcançar
a marca de 2,5 cm da borda, adicionando 1 cm de solo sobre as sementes que se
encontravam nos vasos que tinham 3,5 cm da borda sem solo, 3 cm de solo sobre
as sementes dos vasos preenchidos até os 5,5 cm da borda e 4, 5 e 7 cm de solo
sobre as sementes que se encontravam nos vasos preenchidos até as marcas de
6,5; 7,5; e 9,5 cm sem solo, para os vasos que seriam semeados às profundidades
de 4, 5 e 7 cm. Feito isso, os vasos foram novamente pesados individualmente com
intensão de aferir a quantidade de solo em cada vaso e iguala-los, caso houvesse
alguma diferença de peso.
Não houve necessidade de correção da acidez do solo, uma vez que a
saturação por bases deste estava em 80,3 % sendo que a exigência da cultura é de
60%. A adubação de base, incorporada ao solo antes da semeadura, foi 25 kg ha1
de N (Ureia), 120 Kg ha-1 de P2O5 (Superfosfato Simples) e 60 Kg de K2O (Cloreto
de Potássio), aos 25 dias após a semeadura (DAS) foram aplicados 50 kg ha-1 de
N (Ureia) e 20 kg ha-1 de K2O (Cloreto de Potássio), como adubação de cobertura,
adubação esta, calculada de acordo com a quantidade de solo dispostos nos vasos,
conforme recomendação de Souza e Lobato (2004). A rega foi feita pelo método de
pesagem dos vasos, mantendo a umidade correspondente a 60% da capacidade de
retenção.
O controle de pragas não se fez necessário devido a semente ter passado
por tratamento industrial contra fungos e bactérias, insetos-praga de solo e
nematoides, junto a isso a variedade adotada já apresentava em seu genótipo genes
entomopatogênicos que lhes conferia resistência às principais lagartas do algodoeiro.
No dia 19/05/2017 foram semeadas 4 sementes por vaso da variedade
Bayer FMX 940 GLT, material escolhido devido ao alto percentual de germinação
(93%) e sua tecnologia GLT, que possui os genes cry1ab e cry2ae, oriundos de
BacillusThuringiensis (Bt), na semente, tecnologia essa que proporciona à planta
resistência às principais lagartas do algodoeiro.
Aos 14 DAS, foi efetuado o desbaste das plantas que emergiram, deixando
apenas 1 planta por vaso, para todas as profundidades avaliadas. As plantas
foram cultivadas até os 35 DAS, quando finalizou-se as avaliações, no mesmo dia,
23/06/2017, a parte aérea dessas plantas foram separadas das raízes, cortando-as
ao nível do solo com o auxílio de uma tesoura, essas plantas foram separadas e
postas em sacos de papel, separadamente por parcelas, da mesma forma, as raízes
foram coletadas do solo através de lavagem do conteúdo do vaso para separar o
solo e as mesmas, também foram postas em sacos de papel, após isso, as raízes e
a parte aérea foram pesadas enquanto verdes e, posteriormente, levadas à estufa
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
58
durante 72 horas à temperatura de 65° C, para a última verificação, de massa seca
das partes coletadas.
O índice de emergência (IE) das plantas nas diferentes profundidades foi
determinado, onde o padrão adotado, conforme metodologia de Pacheco et
al. (2010), foi o qual a semente tinha sido semeada a 1 cm de profundidade. O
cálculo de IE dos demais tratamentos foi calculado em relação à quantidade de
plantas emergidas no tratamento padrão, onde IE = número de plantas emergidas
no tratamento X/número de plantas emergidas no tratamento padrão, adaptado por
Portella et al. (1997), citado por Pacheco et al. (2010). O número de plantas emergido
foi observado diariamente até os 14 DAS, porem apenas foram encontrados dados
úteis até o 8º DAS, data essa em que o número de plantas emergidas se manteve
constante. Determinou-se também o tempo de emergência (TE) das plântulas em
cada profundidade de semeadura adotadas, de acordo com a metodologia sugerida
por Miranda e Ferraz (1999), utilizada por Pacheco et al. (2010). Essa avaliação
possibilita aferir o tempo gasto, em dias, para a emergência de 50% do número total
de plântulas por vaso, onde era considerada emergida a plântula que apresentava a
folha cotiledonar exposta acima da superfície do solo.
Aos 20 DAS foram determinadas a altura de plantas (AP), tendo como referência
superior o ápice da planta e base ao nível do solo, medidas com o auxílio de uma
trena graduada em milímetros, número de folhas (NF), através de análise visual, e
com a utilização de um paquímetro, o diâmetro da base do caule (DC) das plantas de
algodoeiro. Aos 35 DAS foram avaliados novamente a AP, NF e do DC das plantas,
e, juntamente, após coletados e separados, a parte aérea e as raízes das plantas
foram levados em laboratório e pesados em balança eletrônica de precisão, para
obtenção dos números pertinentes às massas secas de raízes e parte aérea. Após
esse procedimento cada material vegetal foi posto em sacos de papel separadamente
e acomodados durante um período de 72 horas em estufa à temperatura de 65°
C, após o período os sacos foram retirados da estufa e o as partes vegetais que
se encontravam dentro dele, agora desidratados, foram novamente pesados, para
então coletar os últimos resultados da pesquisa, a massa seca da parte aérea e das
raízes dessas plantas de algodoeiro.
As avaliações estatísticas dos dados foram realizadas pela análise de
variância (Teste de F) e, quando os resultados foram significativos, as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05 ou 0,01), utilizando o programa estatístico
SISVAR (Sistema de Análises Estatísticas) (FERREIRA, 2011).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O índice de emergência (IE) se mostrou influenciado pela variação de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
59
profundidade de semeadura. As sementes do algodoeiro semeadas em 7 cm de
profundidade mostraram-se inferiores aos demais tratamentos (Tabela 1), Estando
de acordo com Zuffo et al. (2014) que encontraram diferenças significativas entre as
profundidades avaliadas (2, 4 e 6 cm).
Estas evidências comprovam que as sementes, quando sujeitas a profundidades
excessivas, apresentam redução na taxa de emergência das plântulas, afetando
negativamente o crescimento inicial da mesma (AISENBERG, 2014), pois não possui
energia o suficiente para que ocorra a emergência (TILLMANN et al., 1994).
Para as profundidades de 1, 3, 4 e 5 cm o IE das plântulas de algodoeiro foram
estatisticamente iguais (Tabela 1). O tempo de emergência foi maior nos tratamentos
em que as sementes de algodoeiro foram semeadas em profundidades 4 cm e 5
cm quando comparado ao tratamento em profundidade 1 cm (testemunha) (Tabela
1). Nesses tratamentos já se via a possibilidade de apresentar maior tempo para
emergência das plântulas de algodoeiro, em relação a profundidade 1 cm, tendo em
vista que este tratamento foi considerado como padrão na pesquisa.
Em todas as avaliações, com o aumento da profundidade de semeadura,
observou-se uma tendência a reduzir o índice de emergência das plântulas,
comprovando a afirmação de Tillmann et al. (1994), de que semeaduras em
profundidades superiores às ideais ocasionam redução da velocidade de emergência
e do índice de emergência de plântulas em lavouras, o que condiz com os resultados
de Almeida et al. (2010), que não verificaram diferença significativa entre mudas
de tamarindeiro (Tamarindus indica L.) semeadas a profundidades diferentes (1,
2 e 3 cm). Já Aisenberg et al. (2014) encontraram diferença significativa positiva
em relação a sementes mais superficiais, em pesquisas avaliando comportamento
de soja (Glycine Max L.). Para Marçal et al. (1998), a questão da semeadura mais
superficial oferecer condição mais favorável à emergência mais rápidas e justifica
pelo fato de a irrigação diária, manter a umidade constante durante o período de
avaliação, favorecendo, assim, a emergência de plântulas semeadas em menores
profundidades.
A semente de algodoeiro semeada em profundidade de 7 cm, ao ponto de
impedir a emergência de plântulas são vistas de forma bastante negativas. De acordo
com Pacheco et al. (2010), isso reflete a maior dificuldade de estabelecimento do
estande das plantas cultivadas, podendo afetá-la negativamente, o que implica em
limitado material de reserva para a emergência das plântulas nas lavouras.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
60
Tabela 1. Índice de emergência e tempo de emergência da plantas de algodoeiro, em função da
profundidade de semeadura.
Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05)
* Padrão: o total de plantas emergidas a 1 cm de profundidade foi considerado 1,00. Os demais valores foram
obtidos em relação a essa profundidade.** Índice obtido pelo tempo de emergência de 50% do total de plantas
emergidas, até 14 dias após a semeadura (PACHECO et al., 2010).
Em relação à altura de plantas a parcela com 4 cm de profundidade se comportou
estatisticamente igual as profundidades 1 e 3 cm aos 20 DAS, porém os resultados
foram superiores à profundidade de 5 cm e 7 cm, enfatizando que as semeaduras
a 7 cm não obtiveram plântulas emergidas (Tabela 2), resultados esses que estão
de acordo com Aisenberg (2014), que afirma haver impactos negativos em relação
à alocação de carbono, quando semeadas em profundidades inadequadas, o que
reduz o crescimento das plântulas.
Na segunda avaliação aos 35 DAS, não houve diferença significativa entre as
semeaduras em 1, 3, 4 e 5 cm (Tabela 2), todas mostrando superioridade em relação
às semeadas em 7 cm, cujas plântulas não emergiram. Os resultados corroboram
com a afirmação de Marçal (2005), de que os índices de vigor das plântulas de
algodoeiro são influenciados com a variação de profundidade de semeadura, segundo
Kolchinski, Schuchl e Peske (2006) interferindo na produção de massa seca no
período inicial da plântula, complementado por Araújo et al. (2004), afirmando que a
profundidade de semeadura adequada para o algodoeiro pode variar entre 3 e 5 cm.
O diâmetro de caule e o número de folhas em semeaduras nas profundidades
de 1, 3, 4 e 5 cm se comportaram da mesma forma nas duas avaliações (20 DAS e 30
DAS), sendo ambos superiores às parcelas com semeadura a 7 cm, visto que nessa
profundidade não se obteve emergência de plântulas (Tabela 2). As semeaduras do
algodoeiro nos tratamentos citados se tornaram superiores ao tratamento a 7 cm pelo
fato de nesse não haver emergido plântulas, logo as emergidas não apresentaram
diferença significativa entre elas.
Estes resultados estão em de acordo com Almeida et al. (2010), que não
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
61
observaram diferença significativa em relação ao diâmetro do caule e ao número de
folhas de plântulas de tamarindeiro semeadas a 1, 2 e 3 cm de profundidade, Zuffo
et al. (2014) também não observou diferença significativa em relação à quantidade
de folhas de cajuzeiro nas profundidades de 2, 4 e 6 cm, estando de acordo com os
resultados obtidos nesta pesquisa.
Tabela 2. Altura de plantas, diâmetro de caule e número de folhas de plantas de algodoeiro em
função da profundidade de semeadura, aos 20 e 30 dias após asemeadura (DAS), em Nova
Mutum-MT, 2017.
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). DAS: Dias após a
semeadura de algodoeiro.
Para massa verde das raízes (MVR) e massa seca de raízes (MSR) de plantas de
algodoeiro, houve diferença significativa apenas para MVR, onde houve semelhança
entre as médias das plântulas com profundidades de semeadura em 1 cm, 3 cm, 4 cm
e 5 cm. Entretanto, a profundidade de semeadura em 4 cm foi superior em relação a
profundidade de 7 cm, cuja esta não emergiu plântulas de algodoeiro (Tabela 3). Os
resultados afirmam que a profundidade e semeadura não deve ser muito superficial ou
profunda (PRADO; COAN; VILLAR, 2002), podendo ser semeada até 6 cm (MARÇAL
et al., 2005), estando de acordo, também, com a afirmação de TILLMANN et al.
(1994), explicando que profundidades de semeadura inadequados comprometem o
crescimento radicular e, consequentemente, compromete a exploração de solo pela
mesma.
Os resultados desta pesquisa com algodoeiro obtiveram semelhança com os
apresentados por Aisemberg (2014), em pesquisas com soja, que justifica a relação
decrescente de matéria seca da raiz com o aumento da profundidade de semeadura,
esclarecendo que o menor investimento na alocação de carbono no sistema radicular
se dá pelo grande gasto de energia utilizado pela plântula no rompimento da camada do
solo, consumindo as reservas que possivelmente seriam destinadas ao crescimento
radicular. Zuffo et al. (2014) também justifica o comportamento provocado pelo gasto
excessivo de energia do sistema radicular durante a emergência, que, dessa forma,
se torna mais lenta, tornando a plântula dependente das reservas cotiledonares por
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
62
mais tempo nesse estádio.
Para a massa verde da parte aérea (MVPA) as plântulas oriundas de sementes
dispostas a 4 cm obtiveram diferença significativa superior às semeadas a 5 e 7 cm
(Tabela 3).
Tabela 3. Produção de massa verde e seca de raízes e parte aérea da cultura do algodoeiro em
diferentes profundidades de semeadura, em Nova Mutum-MT, 2017.
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey.
* (p<0,05) e ** (p<0,01). MVR: Massa verde da raiz; MSR: Massa seca da raiz; MVPA: Massa verde da parte
aérea; MSPA: Massa seca da parte aérea.
Ainda por cima, foi verificado que a profundidade de semeadura em 4 cm
apresentou valores de MVPA 112% superiores quando comparado a profundidade
de 5 cm, resultado esse que condiz com o encontrado por Pacheco et al. (2009),
onde, em estudos com plantas de cobertura, chegou à conclusão de que existe
interação negativa em relação ao acumulo de massa verde nas plantas, quando
existe variação de profundidade de semeadura.
Para massa seca da parte aérea (MSPA), as plantas advindas de sementes
semeadas a 1, 3, 4 e 5 cm não obtiveram diferença significativa entre elas, sendo
todas superiores ao tratamento a 7 cm de profundidade, cujo não apresentou
emergência de plântulas (Tabela 3).
4 | CONCLUSÕES
A semeadura na profundidade de 7 cm é inviável para cultura do algodoeiro, pois
não apresenta emergência de plântulas, podendo reduzir drasticamente o estande
inicial. A profundidade de semeadura a 5 cm não é recomendada, pois apresenta
menor altura e massa verde da parte aérea de plântulas de algodoeiro quando
comparado a profundidade de 4 cm. Desta forma, recomenda-se a profundidade de
semeadura do algodoeiro em 4 cm ou 3 cm de profundidade.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
63
REFERÊNCIAS
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Ceres. v. 61, p. 948-955, 2014.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 8
64
CAPÍTULO 9
doi
FUNGICIDAS BOTÂNICOS NO CONTROLE DA MANCHADE-BIPOLARIS NO MILHO
Paulo Henrique Tschoeke
Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 10/12/2019
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Http://Lattes.cnpq.br/8445257730623343
Dalmarcia De Souza Carlos Mourão
Fabrício Souza Campos
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Https://Orcid.org/0000-0002-1756-5265
Https://Orcid.org/0000-0002-5948-472x
Micaele Rodrigues De Souza
Tayná Alves Pereira
Universidade Federal Do Tocantins, Palmas –
Tocantins
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Https://Orcid.org/0000-0002-8679-7094
Http://Lattes.cnpq.br/0467306783631280
João Vinícius Lopes Dos Reis
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
David Ingsson Oliveira Andrade De Farias
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Http://Lattes.cnpq.br/1868006289344586
Http://Lattes.cnpq.br/6573536692790514
Talita Pereira De Souza Ferreira
Gil Rodrigues Dos Santos
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Https://Orcid.org/0000-0002-8386-5776
Https://Orcid.org/0000-0002-3830-9463
Pedro Raymundo Arguelles Osorio
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Http://Lattes.cnpq.br/7626121087931177
Eduardo Ribeiro Dos Santos
Universidade Estadual Do Tocantins, Palmas Tocantins
Http://Lattes.cnpq.br/2371256431867739
Damiana Beatriz Da Silva
Universidade Federal Do Tocantins, Gurupi –
Tocantins
Http://Lattes.cnpq.br/1988992187665430
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
RESUMO: Instituições de pesquisa enfatizaram
agentes alternativos de controle de doenças
porque representam uma ótima opção com
efeitos benéficos na saúde humana e animal
e no equilíbrio do ecossistema. Apesar
dos estudos já realizados sobre fungicidas
botânicos, seu uso efetivo requer conhecimento
sobre a aplicabilidade de produtos naturais a
diferentes sistemas de produção. O principal
objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia
Capítulo 9
65
dos óleos essenciais de Ocimum pupuraceus L., Cymbopogon nardus (L.) Rendle,
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf e Lippia sidoides Cham. na inibição do crescimento
micelial e germinação de conídios de B. maydis. Os demais objetivos deste estudo
foram realizar análise cromatografia gasosa, fitotoxicidade e controle da mancha-debipolaris, por meio do óleo essencial de L. sidoides, aplicado na forma preventiva e
curativa. Entre os tratamentos estudados, o óleo essencial de L. sidoides é eficaz na
inibição do crescimento micelial e da germinação de conídios nas concentrações de 5
e 1%, respectivamente. O principal constituinte do óleo é o timol (92,68%). A faixa de
concentração de 0,75 a 3% do óleo essencial de L. sidoides é fitotóxica para plantas de
milho. Valores inferiores da área abaixo da curva de progresso da mancha-de-bipolaris
são observados nas concentrações de 0,1 a 0,5%, quando o óleo essencial foi aplicado
como agente preventivo antes da colonização dos tecidos vegetais pelo patógeno. A
aplicação do óleo como curativo nas plantas com a doença também mostra eficácia
na concentração de 0,1%, reduzindo a severidade em mais de 54%. Esses resultados
demonstram os potenciais efeitos do óleo essencial de L. sidoides no crescimento micelial
de B. maydis e no controle preventivo e curativo sob a mancha-de-bipolaris no milho.
PALAVRAS-CHAVE: Plantas medicinais, controle alternativo, Zea mays, Bipolaris
maydis, Lippia sidoides.
BOTANICAL FUNGICIDES TO CONTROL OF BIPOLARIS LEAF SPOT IN MAIZE
ABSTRACT: Research institutions have emphasized alternative disease control
agents because they represent a great option with beneficial effects on human and
animal health and ecosystem balance. Despite the studies already done on botanical
fungicides, their effective use requires knowledge about the applicability of natural
products to different production systems. The main objective of this study is to evaluate
the efficacy of essential oils of Ocimum pupuraceus L., Cymbopogon nardus (L.)
Rendle, Cymbopogon citratus (DC.) Stapf, and Lippia sidoides Cham. on the inhibition
of mycelial growth and germination of conidia of B. maydis. The other objectives of this
study were to perform gas chromatographic and phytotoxicity analyses, and test the
control of bipolaris leaf spot using essential oils of L. sidoides applied as a preventive
and curative agent. Among the treatments studied, the essential oil of L. sidoides is
effective in inhibiting mycelial growth and conidial germination at the concentrations
of 5 and 1%, respectively. The main constituent of the oil is thymol (92.68%). The
concentration range 0.75-3% of L. sidoides essential oil is phytotoxic to maize plants.
Lower values of the area under the progress curve of bipolaris leaf spot are observed
at concentrations 0.1-0.5%, when the essential oil was applied as a preventive agent
prior to the colonization of plant tissues by the pathogen. The application of the oil as
a curative to plants with the disease also shows efficacy at the concentration 0.1%,
reducing the severity by more than 54%. These results demonstrate the potential
effects of L. sidoides essential oil on preventive and curative control of bipolaris leaf
spot in maize and mycelial growth.
KEYWORDS: Medicinal plants, alternative control, Zea mays, Bipolaris maydis, Lippia
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
66
sidoides.
1 | INTRODUÇÃO
No Brasil, vários fatores dificultam a produção de milho, entre eles doenças. As
doenças afetam significativamente o potencial produtivo da planta (Conab, 2016) e
podem reduzir o potencial produtivo no todo ou em parte (Manfroi et al., 2016). Em
trabalhos de monitoramento de doenças realizados pela Embrapa Milho e Sorgo, foi
detectada elevada severidade da Mancha-de-bipolaris em alguns estados do país,
como Rondônia, Mato Grosso, Goiás e Tocantins (Costa et al., 2014).
Como a grande maioria de cultivares utilizada apresentam suscetibilidade à
Mancha-de-bipolaris, o uso de fungicidas tem sido bastante utilizado, principalmente
em áreas tropicais brasileiras, onde a doença encontra condições favoráveis (clima
quente e úmido) ao seu desenvolvimento. O uso indiscriminado de agrotóxicos
tem elevado à resistência de fitopatógenos e também afeta negativamente o meio
ambiente e a saúde humana, pela contaminação dos alimentos, microbiota do solo,
água e todo ecossistema. Buscando reduzir os problemas gerados pelos agrotóxicos,
os produtos naturais vêm sendo uma alternativa para o controle de doenças
(Benvenuti, 2012; Brum, 2012; Ootani et al., 2013). Atualmente, as instituições que
lidam com pesquisas vêm dando grande ênfase ao controle alternativo de doenças,
por representar uma ótima opção de uso, com efeitos benéficos à saúde do homem
e dos animais, além de promover o equilíbrio do ecossistema. Vários autores têm
demonstrado a eficácia que alguns óleos essenciais apresentam quando aplicados
em determinadas concentrações no controle de doenças (Diniz et al.,2008; Dalcin
et al., 2017).
No entanto, a questão é complexa, uma vez que a mancha- de-bipolaris é uma
doença que causa grandes danos à cultura de milho devido ao desfolhamento parcial
das plantas, e o controle atual dessa doença ainda é feito principalmente pelo uso de
fungicidas e, portanto, requer esforços coletivos, conduzindo estudos com o objetivo
de criar conhecimento e aplicabilidade de produtos naturais a diferentes sistemas e
patosistemas. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficácia de óleos
essenciais no controle da Mancha-de-bipolaris no milho.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Espécies vegetais utilizadas
As plantas utilizadas na extração do óleo essencial foram: Ocimum pupuraceus
L. (Manjericão Roxo), Cymbopogon nardus L. (Citronela), Cymbopogon citratus D.C.
(Capim Limão) e Lippia sidoides Cham. (Alecrim Pimenta). A extração dos óleos
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
67
essenciais foi realizada pelo método de hidrodestilação, em aparelho tipo Clevenger
modificado (Guimarães et al., 2008). Utilizou-se 200g de folhas, de cada substância
testada, desidratadas e picadas, colocadas em balão de fundo redondo e recobertas
com água destilada. O tempo de extração foi de 2 horas em ebulição. Posteriormente,
coletou-se o sobrenadante com o auxílio de micropipeta, e armazenou-se em frascos
âmbar recobertos com papel alumínio (proteção da luz), conservados em geladeira a
4°C, até a instalação dos bioensaios.
2.2 Isolamento de Bipolaris maydis
O fitopatógeno foi obtido de plantas de milho apresentando sintomas de manchas
foliares típicas da doença. Foi feito isolamento em placas Petri contendo meio de
cultura BDA (Batata, Dextrose, Ágar). O fungo foi identificado por microscopia óptica
de acordo com a caracterização de suas estruturas vegetativas e reprodutivas, com
auxilio de literatura especializada (Barnett e Hunter, 1972; Ellis, 1971; Watanabe,
1937).
2.3 Inibição do crescimento micelial
Foi avaliada in vitro, a atividade fungitóxica, em função de concentrações
crescentes dos óleos essenciais (1, 2, 3, 4 e 5%). O delineamento experimental
foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial, com quatro repetições em cinco
períodos de avaliação (2, 4, 6, 8 e 10 dias de incubação). Para avaliar o efeito dos
óleos essenciais no crescimento micelial de B. maydis, foi utilizada a metodologia
descrita por Seixa et al., (2008) e Ferreira et al., (2018).
2.4 Análises cromatográficas dos óleos essenciais
As análises qualitativas e quantitativas dos óleos essenciais foram realizadas
por cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massa CG-EM.
O cromatógrafo utilizado foi o modelo Shimadzu GC-210 equipado com detector
seletivo de massa modelo QP2010 Plus, o equipamento foi operado nas seguintes
condições: coluna capilar de sílica fundida RTX-5MS (30 m x 0,25 mm x 0,25 μm
de espessura de filme); com a seguinte programação da temperatura na coluna:
60 – 240 ºC (3 ºC/min); temperatura do injetor: 220 ºC; gás carreador hélio; injeção
splitless com volume injetado de 1 μL de uma solução 1:1000 em hexano. Para o
espectrômetro de massas (EM), foram utilizadas as seguintes condições: energia
de impacto de 70 e V; temperatura de fonte de íons e da interface: 200 ºC. Os
espectros obtidos foram comparados com o banco de dados da biblioteca Nist e
Wiley 229 e o índice de retenção, calculado para cada constituinte, foi comparado
com o tabelado, de acordo com Adams (2007) e a quantificação dos teores dos
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
68
compostos foi expressa em porcentagem.
2.5 Fitotoxidez do óleo essencial em plantas de milho
O teste de fitotoxicidade foi efetuado com o óleo essencial mais promissor
na inibição do crescimento micelial in vitro. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos
por uma testemunha (água) e nove concentrações do óleo. Sementes de milho foram
semeadas em vasos de plástico, contendo substrato de esterco, solo e substrato
comercial Plantmax®, na proporção de 1:2:1. Cada vaso foi semeado com quatro
sementes da cultivar Tractor® por ser suscetível à doença e bastante cultivada
na região. A irrigação foi efetuada diariamente de forma manual. Após 20 dias da
semeadura, foram realizadas as aplicações das diferentes concentrações (0,01; 0,1;
0,5; 0,75; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 %) do óleo essencial. As soluções foram preparadas
como descritas anteriormente no ensaio in vitro. A aplicação nas folhas foi realizada
com o auxilio de um borrifador (capacidade de 500 ml), até o ponto de escorrimento.
Após 24 horas da aplicação, foram realizadas as avaliações, por meio de escala
de notas adaptada de Freitas et al., (2009) e Cogliatti et al., (2011), onde: 0% =
ausência de fitotoxicidade; 1 - 25% = leve necrose nas folhas ou leve clorose da
planta; 26 – 50% = necrose moderada nas folhas ou clorose moderada da planta;
51 – 75% = alta necrose nas folhas ou alta clorose da planta; 76 – 100% = murcha
e ressecamento da planta.
2.6 Inibição da germinação de conídios Bipolaris maydis
Este ensaio foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com três
repetições. Uma alíquota de 1mL da suspensão de conídios de Bipolaris maydis (104
conídios mL− 1) e outra de 1mL em diferentes concentrações (0,0; 0,05; 0,1; 0,25; 0,5;
1%, respectivamente) do óleo essencial contendo Tween 80 (2%) foram colocados
em cada um dos recipientes (“vidros pequenos”) (Balbi-Peña et al., 2006). Eles foram
incubados em câmara úmida em fotoperíodo de 14 h. Um total de 300 conídios foram
contados por tratamento, observando os conídios germinados e não germinados sob
um microscópio óptico (Aguiar et al., 2014). Após este período a porcentagem de
germinação dos conídios de inibição foi calculada conforme metodologia adaptada
(Aguiar et al., 2014; Balbi-Peña, et al., 2006).
2.7 Controle preventivo e curativo da Mancha-de-bipolaris com óleo essencial
A partir dos dados obtidos no bioensaio in vitro e de fitotoxicidade, foram
instalados os ensaios do controle preventivo e curativo da mancha de B. maydis
com diferentes concentrações do óleo essencial (0,01; 0,05; 0,1; 0,25 e 0,5%) e
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
69
a testemunha com apenas água destilada. Adotou-se o delineamento inteiramente
casualizado com três repetições. As soluções foram preparadas como descritas
anteriormente no ensaio in vitro.
Para o ensaio do controle preventivo foram utilizadas três plantas de milho
completamente sadias, apresentando cinco folhas cada uma, as quais foram
aplicadas previamente a solução do óleo essencial nas concentrações já descritas.
A aplicação foi realizada com o auxilio de um borrifador até o ponto de escorrimento.
Após uma hora da aplicação do óleo, as plantas de milho foram inoculadas com 5
mL de 1 x 104 mL-1de solução de conídios de B. maydis, e em seguida as plantas
foram transferidas para câmara úmida por 48 horas para proporcionar as condições
adequadas para o desenvolvimento do patógeno. Após o período das 48 horas foram
realizadas cinco avaliações da severidade da doença, com intervalo de dois dias,
adotando-se a escala de notas de Santos et al. (2005): 0 - planta sadia; 1- menos de
1% da área foliar doente; 3 - 1 a 5% da área foliar doente; 5 - 6 a 25% da área foliar
doente; 7 - 26 a 50% da área foliar doente; 9 - mais que 50% da área foliar doente.
No ensaio do efeito curativo, as plantas de milho foram inoculadas inicialmente com
5 mL de 1 x 104 mL-1 de solução de conídios de B. maydis e em seguida as plantas
foram transferidas para câmara úmida por 48 horas para proporcionar as condições
adequadas para o desenvolvimento do patógeno. Após o surgimento das primeiras
lesões características da doença foram aplicadas as diferentes concentrações do
óleo essencial. Foram realizadas cinco avaliações da severidade da doença, a partir
da aplicação do óleo essencial, em intervalos de dois dias, por meio da escala de
notas descrita anteriormente.
2.8 Análise Estatística
Os resultados foram expressos como média ± desvio-padrão para os ensaios
in vitro da inibição do crescimento micelial e germinação dos conídios, assim como o
controle preventivo e curativo in vivo e foram submetidos à regressão linear. A área
abaixo da curva de progressão da doença (AACPD), foi calculada segundo Schneider
et al., (1976). Equações de regressão foram ajustadas utilizando o programa para
elaboração de planilhas, Excel®.
3 | RESULTADOS
3.1 Inibição do crescimento micelial
Os óleos essenciais de O. pupuraceus, C. nardus e C. citratus não demostraram
efeitos de inibição do crescimento micelial do patógeno in vitro. Apenas o óleo essencial
de L. sidoides destacou-se com efeito fungitóxico, nas concentrações testadas
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
70
(Tabela 1, Figura 1). Houve inibição do crescimento micelial nas concentrações
de 2 a 4% do óleo essencial até o período de dois dias de incubação em relação
à testemunha (água). Assim, estas mesmas concentrações inibiram o crescimento
micelial do patógeno inicialmente, e mantiveram um crescimento desacelerado em
relação à testemunha (água) até o décimo dia de avaliação. A concentração de
5% do óleo inibiu completamente o crescimento micelial de B. maydis, nas épocas
avaliadas.
Tabela 1. Efeito do óleo essencial de Lippia sidoides, em concentrações crescentes, sobre o
crescimento micelial (mm) de B. maydis.
(-): não houve crescimento, (*): avaliação considerada até o 10º dia de incubação. (Média ±
Desvio padrão)
Figura 1. Inibição do crescimento micelial de Bipolaris maydis submetidas a diferentes
concentrações do óleo essencial de Lippia sidoides.
3.2 Constituintes químicos do óleo essencial da Lippia sidoides
A análise cromatográfica do óleo essencial de L. sidoides revelou em qualidade
e quantidade seus constituintes químicos, onde demonstraram a presença de timol
(92,6%) como o principal componente, seguido de cariofileno (2,2%) e ρ-cimeno
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
71
(1,1%) entre outros constituintes que formam este composto (Tabela 2), apresentação
da imagem da planta de Lippia sidoides (Figura 2).
Tabela 2. Constituintes químicos do óleo essencial de Lippia sidoides identificados por CG/EM e
seus respectivos teores expressos em percentagem.
a
NC = Numero de Compostos; bTR = Tempo de Retenção; cIRC = Indice de Retenção Calculado.
Figura 2. Planta de Lippia sidoides.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
72
3.3 Fitotoxicidade do óleo essencial de Lippia sidoides às plantas de milho
Dentre os óleos testados in vitro apenas L. sidoides apresentou eficácia na
inibição micelial de B. maydis, sendo assim, selecionado para o Teste de Fitotoxicidade
(Figura 3). O óleo essencial causou fitotoxicidez já a partir da concentração 0,75%,
provocando queima ou necrose em 60% da área foliar, além de amarelecimento
ou clorose da planta. A concentração de 3,0% provocou alto grau de fitotoxicidez,
sendo verificadas lesões irreversíveis em toda planta, com queima em 96,6% da
área foliar. Devido a concentração de 0,5% não ter provocado nenhuma fitotoxicidez
nas plantas de milho, esta foi selecionada como sendo a dosagem máxima a ser
utilizada no controle preventivo e curativo para a Mancha-de-bipolaris.
Figura 3. Plantas de milho sadias (A) e planta com sintomas de fitotoxicidade na concentração
de 3% do óleo essencial de Lippia sidoides.
3.4 Inibição da germinação de conídios Bipolaris maydis
A inibição da germinação dos conídios foi proporcional ao aumento das
concentrações (Figura 4).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
73
Figura 4. Inibição da germinação de conídios de Bipolaris maydis em função de concentrações
crescentes do óleo essencial de Lippia sidoides. (Média ± desvio padrão)
Considerando a testemunha absoluta com 100% de germinação de conídios
após 14h de incubação e comparando com a germinação de conídios submetidos
às diferentes concentrações do óleo essencial de L. sidoides, foi revelado que as
concentrações de 0,05%, 0,01% e 0,25% reduziram respectivamente, em 16%, 18%
e 28% da germinação de B. maydis (Figura 4 e 5). Já na concentração de 0,5%
houve 90 % de inibição de germinação dos conídios. Na concentração de 1% do óleo
essencial de L. sidoides, houve 100% da inibição dos conídios, demostrando grande
potencial de inibição do óleo sobre o patógeno. Dessa forma, apesar da eficiência,
devido a fitotoxicidez verificada até a dose de 1% do óleo, foram testadas no controle
in vivo da doença, doses nas concentrações de até 0,5%.
Figura 5. Conídios de Bipolaris maydis, germinado (1) e não germinado (2).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
74
3.5 Controle preventivo e curativo da Mancha-de-bipolaris do milho
Em relação ao efeito preventivo do óleo essencial de L. sidoides sobre o
progresso da Mancha-de-bipolaris (Figura 6), foi observado que a severidade da
doença foi reduzida já a partir da concentração de 0,05 e mantendo-se bom nível
de controle nas concentrações de 0,1 a 0,25 quando comparada com a testemunha
absoluta. Na maior concentração testada (0,5%) houve uma redução na severidade
da doença de até 91% quando comparada à testemunha absoluta.
Já na aplicação curativa, com a presença da doença na planta, apesar de não ter
demonstrado a mesma eficácia do controle preventivo, verificou-se na concentração
de 0,1% maior nível de controle, com redução de 82% na severidade da doença. Esta
mesma concentração também demonstrou eficácia na aplicação preventiva, quando
apresentou uma redução da mancha foliar em 84%. Desta forma, ficou demonstrado
que o óleo essencial de L. sidoides apresenta grande potencial a ser utilizado como
controle alternativo, tanto de forma preventiva como curativa, ou seja, antes ou após
a ocorrência de infecção do patógeno nas folhas do milho.
Figura 6. Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) da Mancha-de-bipolaris em
folhas do milho em função de concentrações crescentes de óleo essencial de Lippia sidoides,
aplicadas de forma preventiva e curativa.
4 | DISCUSSÃO
Em relação aos benefícios do uso do óleo essencial de L. sidoides em plantas
de milho com ênfase ao controle da Mancha-de-bipolaris, podemos comprovar
que há viabilidade técnica para esta finalidade. Porém, deve-se considerar que os
seus princípios ativos, são compostos químicos que podem provocar fitotoxicidez
ou injúrias irreversíveis nas folhas das plantas. Desta forma, a recomendação só
deve ser feita após testes para verificação da sensibilidade da planta em função
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
75
da concentração máxima, levando-se em consideração a cultivar a ser utilizada.
A definição das dosagens representa uma prática economicamente interessante,
tanto aos que lidam com a pesquisa, como também no uso futuro pelos agricultores
(Mourão et al., 2019).
Acredita-se que o efeito do óleo essencial de L. sidoides sobre a Manchade-bipolaris seja resultado do efeito tanto do composto majoritário, o Timol, como
também possivelmente da interação de constituintes menores. Moreira et al., (2011),
isolaram duas proteínas antifúngicas de flores de L. sidoides, que foram capazes
de inibir o desenvolvimento de Botrytis cinera. Ferreira et al., (2018), testando
a atividade fungitoxica de óleo essencial de L. sidoides sobre Curvularia lunata,
constataram total inibição do patógeno na concentração de 50 mg mL. Oliveira et
al., (2008), avaliaram o efeito de óleos essenciais de plantas do gênero Lippia sobre
fungos contaminantes na propagação de plantas, o óleo essencial de L. sidoides foi
eficaz na inibição do crescimento micelial de todos os fungos avaliados Aspergillus
niger, Penicillum sp, Fusarium sp, e Fusarim oxysporum.
Trabalhos desenvolvidos por outros autores têm indicado o potencial de óleos
essenciais no controle de fitopatógenos, tanto por efeito direto sobre as estruturas do
patógeno, como também pela indução de fitoalexinas (Schwan-Estrada & Stangarlin,
2001). Guimarães et al., (2011), avaliando a atividade fungitóxica do óleo essencial
de C. citratus e do citral, verificaram que o tanto o óleo quanto o seu componente
mostraram atividade sobre os fitopatógenos onde Alternaria alternata e Bipolaris sp.
foram os mais sensíveis e o Fusarium oxyporium o mais resistente à ação destes
compostos. Assim como Seixas et al., (2011) que estudaram controle de Fusarium
subglutinais pelo óleo essencial C. nardus L. e do composto citronelal, constataram
maior efeito inibitório do composto citronelal.
No presente trabalho foi constatado que os outros óleos testados não
apresentaram efeito inibitório sobre B. maydis, estes resultados não devem ser
estendidos a outros fitopatógenos, os quais podem apresentar sensibilidade
diferenciada ou maior capacidade de metabolizar os constituintes químicos. Diferindo
do que foi encontrado no presente trabalho Gonçalves et al., (2015) demonstraram
a caracterização química do óleo de L. sidoides onde foi verificado presença do
Carvacrol (33,2%) e o 1,8-cineol (24,4%) como seus componentes majoritários. No
entanto, resultados semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Ferreira
et al., (2018), que demostraram como constituintes primários incluíram Timol (92,6%),
(E) - Cariofileno (2,2%) e ρ-cimeno (1,1%) no óleo de L. sidoides. Vale destacar que
a composição dos óleos essenciais podem variar em função do local e horário
de coleta, idade da planta, substratos usados, adubação, etc., são requisitos que
podem aumentar ou diminuir os metabólitos presentes nas plantas (Pina et al., 2018;
Ribeiro et al., 2018).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
76
As concentrações testadas na inibição da germinação dos conídios de B.
maydis demostraram eficiência, onde 100% de inibição ocorreu na dose de 1%.
Ferreira et al., (2018) explica que é preciso compreender os mecanismos de ação
dos óleos essenciais em relação aos fungos patogênicos. Para Solórzano-Santos e
Miranda-Novales (2012) a potencialidade dos óleos essenciais pode ser atribuído,
segundo, à hidrofobicidade dos mesmos, o que lhes permite partição com os lípidios
da membrana celular e mitocôndrias das bactérias, causando perturbação das
estruturas celulares e aumentando a permeabilidade da membrana, provocando o
vazamento de moléculas essenciais à sua sobrevivência e levando as bactérias à
morte (Miranda et al., 2016).
Para os fungos segundo Juven et al., (1994) há uma liberação de conteúdo
celular através de mudanças na permeabilidade das membranas fúngicas, assim
possível afimar que a presença do grupo -OH na estrutura molecular, este composto
majoritário do óleo essencial de L. sidoides tem a capacidade de se ligar aos grupos
amina e hidroxilamina das proteínas presentes nas membranas celulares dos fungos.
As atividades do óleo essencial nas plantas de milho sobre a Mancha-debipolaris se mostram promissoras, contudo as aplicações preventivas ainda se
sobressaem das aplicações curativas. Na literatura cientifica foram observados
relatos escassos dos efeitos de óleos essencias no controle da Mancha-de-bipolaris.
No efeito preventivo as soluções do óleo de L. sidoides são aplicadas previamente,
formando uma camada protetora nas folhas de milho, inibindo assim a germinação
do tubo germinativo dos conídios. O mesmo efeito foi observado por Ferreira et al.,
(2018) em relação ao efeito preventivo, sobre o tratamento com o óleo essencial de
Lippia mostrado que os compostos da substância estudada podem ter um contato
maior com os conídios de Curvularia lunata na iminência da formação do tubo
germinativo e o subseqüente desenvolvimento de hifas. Veloso (2016) concluiu que
o óleo essencial de Morinda citrifolia possui propriedades fungitóxicas, inibindo o
crescimento micelial de B. maydis e Exserohilum turcicum, bem como a severidade
da doença.
5 | CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos ficou comprovado efeito inibitório do óleo no
crescimento micelial assim como na germinação dos conídios de Bipolaris maydis.
É possível afirmar que o óleo essencial de Lippia sidoides pode ser um promissor
agente antifúngico, devido à sua mistura de componentes ativos para o efeito
preventivo e curativo do progresso da doença Mancha-de-bipolaris.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
77
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 9
80
CAPÍTULO 10
doi
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES SUBSTRATOS NA
EFICIÊNCIA NUTRICIONAL DE MICRONUTRIENTES POR
MUDAS DE CEDRO DOCE
castanha do Brasil triturada (1:1:1) (A+S+COT).
O experimento foi conduzido em viveiro de
Data de aceite: 11/03/2020
Oscar José Smiderle
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –
EMBRAPA
Boa Vista - Roraima
Aline das Graças Souza
Instituto Federal de Roraima – IFRR
Amajari - Roraima
Renata Diane Menegatti
Universidade Federal de Pelotas – UFPel
Pelotas - Rio Grande do Sul
RESUMO: Grande parte do sucesso de
reflorestamentos florestais e/ou recuperação
de áreas degradadas depende de um maior
conhecimento sobre aspectos nutricionais e do
comportamento desta em resposta as condições
químicas do solo. De forma a subsidiar
informações ao setor de nutrição florestal,
realizou-se este trabalho, com objetivo específico
de determinar a eficiência de absorção e uso de
micronutrientes por mudas de cedro doce em
função dos materiais utilizados para compor
os substratos empregados para o cultivo das
plantas. O delineamento experimental adotado
foi o inteiramente casualizado, com quatro
repetições de 10 plantas. Os tratamentos foram
compostos por: areia (A); solo (S); solo + areia
(1:1) (A+S) e areia + solo + casca de ouriço da
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
mudas com 50% de sombreamento e as
plantas foram cultivadas em sacolas de plástico
com capacidade de 2 litros. Aos 60 dias após
o desbaste de plântulas, foram mensuradas as
características de crescimento e determinado
o conteúdo dos micronutrientes nos diferentes
órgãos da planta. De posse destes dados
calculou-se os índices: eficiência de absorção e
uso dos micronutrientes. Constatou-se variação
estatística significativa entre as plantas
cultivadas nos diferentes substratos para as
características de crescimento avaliadas, bem
como sobre a eficiência de absorção e uso
de micronutrientes. O substrato composto por
100% A induz maior EA e menor crescimento,
enquanto o composto por A+S+COT propicia
superioridade a EU dos micronutrientes e
maior crescimento as plantas de cedro doce. A
ordem de EA de cada micronutriente é contrária
a ordem de EU. A correlação entre a EU de
Boro e todas as características de crescimento
avaliadas em plantas de cedro doce é positiva
e significativa.
PALAVRAS CHAVE: espécie florestal nativa;
nutrição mineral; produção de mudas
INFLUENCE OF DIFFERENT SUBSTRATES
ON NUTRITIONAL EFFICIENCY OF
Capítulo 10
81
MICRONUTRIENTS BY ‘CEDRO DOCE’ SEEDLINGS
ABSTRACT: The most success of forest afforestation and / or restoration of degraded
areas depends on a better understanding of nutritional aspects and their behavior in
response to soil chemical conditions. In order to subsidize information to the forest
nutrition sector, this work aimed to determine the absorption efficiency and use
of micronutrients by sweet cedar seedlings as a function of the materials used to
compose the substrates used for the cultivation of plants. The experimental design was
completely randomized, with four replications of 10 plants. The treatments consisted
of: sand (Sd); soil (S); soil + sand (1: 1) (Sd + S) and sand + soil + bark of crushed
Brazil nuts (1: 1: 1) (Sd + S + BCBn). The experiment was conducted in a seedling
nursery with 50% shading and the plants were grown in plastic bags with capacity
of 2 liters. At 60 days after thinning, the growth characteristics were measured and
the micronutrient content in the different organs of the plant was determined. With
these data, the indices were calculated: absorption efficiency (AE) and use (UE) of
micronutrients. Significant statistical variation was observed between the plants
cultivated in the different substrates for the evaluated growth characteristics, as well
as the absorption efficiency and use of micronutrients. The substrate composed by
100% Sd induces higher AE and lower growth, while the composite Sd + S + BCBn
provides superiority to micronutrients UE and higher growth in sweet cedar plants. The
AE order of each micronutrient is contrary to the UE order. The correlation between
Boron UE and all growth characteristics evaluated in sweet cedar plants is positive and
significant.
KEYWORDS: native forest species; mineral nutrition; plants production
1 | INTRODUÇÃO
Um dos principais fatores limitantes ao uso de espécies florestais nativas em
plantios comerciais e/ou em programas de recuperação de áreas degradadas tem
sido a escassez de estudos envolvendo o requerimento nutricional de cada espécie
em particular, bem como, aspectos relacionados a eficiência quanto a absorção,
translocação e uso dos nutrientes sob distintas condições químicas do solo (FONTES
et al., 2013; BATISTA et al., 2015; MENEGATTI et al., 2017).
Para caracterizar o crescimento e vigor inicial de uma espécie em função da
fertilidade do solo, alguns índices de eficiência nutricional têm sido empregados,
entre eles: a eficiência de absorção e utilização de nutrientes (ROZANE et al.,
2007). Ambos podem ser empregados para a tomada de decisão referente a
necessidade de fertilização na fase de viveiro ou a campo, como também servem
para a recomendação do uso da espécie vegetal mais compatível com o tipo de solo
destinado ao reflorestamento ou a recuperação (CARVALHO et al., 2012; FONTES
et al., 2013; BATISTA et al., 2015), a qual pode maximizar as chances de pegamento
inicial a campo, garantindo o sucesso no pós-implantação.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
82
Segundo Rozane et al. (2007) a eficiência de absorção refere-se a capacidade
da espécie/planta em captar os nutrientes presentes no solo/substrato, já a eficiência
de utilização dos nutrientes, pode ser definida, como a relação entre quantidade de
matéria seca produzida e o teor acumulado de determinado nutriente. Em outras
palavras, esse último índice, indica qual a quantidade mínima necessária, de
determinado nutriente, no interior da planta, para que a mesma mantenha taxas de
crescimento e desempenho satisfatório.
Recentemente Aquino et al. (2019) destacou a importância do cedro doce
[Pochota fendleri (Seem) Alverson & Duarte], espécie florestal nativa da Amazônia,
em programas de restauração ecológica, bem como, para fins madeireiros mais
nobres, caracterizando as exigências nutricionais da espécie com fins a práticas de
adubação mais eficientes desde a fase de produção de mudas. Entrentanto, este e
outros estudos atuais com a referida espécie, englobam de forma mais específica,
o comportamento de acordo com a disponibilidade de macronutrientes (SILVA et
al., 2013; AQUIMO et al., 2019; SMIDERLE et al., 2019), subsidiando a fertilização
principalmente com N-P-K.
De acordo com Epstein e Bloom (2006) embora as plantas exijam quantidades
significativamente menores de micronutrientes, estes são tão importantes quanto os
macronutrientes para a nutrição das plantas, visto que, a falta de qualquer um dos
micronutrientes pode limitar o crescimento e a produção das plantas, mesmo quando
todos os outros nutrientes ditos essenciais (macronutrientes) estão presentes em
quantidades adequadas.
É de sumo conhecimento que durante a fase de produção de mudas, a
disponibilidade de macro e micronutrientes é dependente da presença destes nos
substratos utilizados, sendo muitas vezes desconhecida, já que, na maioria dos
casos, os substratos são preparados pelos próprios produtores, os quais utilizam
diversos materiais puros ou em misturas, considerando apenas a disponibilidade
regional (KÄMPF; FIRMINO, 2000). Diante disso, destaca-se a necessidade de
estudos que permitam sugerir qual a melhor combinação de materiais para compor
o substrato considerando a superioridade na eficiência nutricional das plantas,
pois estas informações poderão embasar práticas de fertilização específicas a
determinada espécie e sugerir áreas propicias ao plantio.
Substratos que garantam maior disponibilidade de nutrientes e propiciem
superioridade quanto a eficiencia na absorção e uso de micronutrientes, evitariam
práticas desnecessárias de fertilização nutricional (FONTES et al., 2013), e
consequentemente reduziriam os custos produtivos e o impacto ambiental,
principalmente relacionado a lixiviação (EPSTEIN; BLOOM, 2006; CARVALHO et
al., 2012; FONTES et al., 2013). Além disso, reconhecer quais aspectos químicos do
substrato influenciam o crescimento e desenvolvimento de uma determinada espécie,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
83
poderão auxiliar na recomendação de áreas para reflorestamentos com condições
de fertilidade de solo compatíveis as necessidades da espécie, garantindo o melhor
uso do solo, pelo aproveitamento dos nutrientes pela planta (EPSTEIN; BLOOM,
2006; BATISTA et al., 2015).
2 | OBJETIVO
Diante do exposto, objetivou-se com este estudo determinar a eficiência de
absorção e uso de micronutrientes por mudas de cedro doce [Pochota fendleri
(Seem.) W. S. Alverson & M. C. Duarte] em função dos materiais que compõe os
substratos no cultivo das plantas.
3 | METODOLOGIA
Sementes de cedro doce [Pochota fendleri (Seem.) W. S. Alverson & M. C.
Duarte] foram coletadas de árvores matrizes localizadas no campo Experimental
Serra da Prata, pertencente à Embrapa Roraima e localizada no município de Mucajaí
- RR. Após a coleta, as sementes foram conduzidas para o Laboratório de Análise de
Sementes da Embrapa Roraima onde procedeu-se o beneficiamento, e em seguida
estas foram semeadas, em número de duas, em cada sacola de polietileno, contendo
aproximadamente dois litros de cada um dos substratos a serem testados.
Quando as plântulas obtiveram cinco centímetros de altura, em média, realizouse desbaste, deixando a mais vigorosa. As plântulas foram convenientemente
espaçadas e mantidas no viveiro de mudas do setor florestal da Embrapa Roraima,
com 50% de sombreamento, com irrigação por aspersão programada a cada quatro
horas durante o dia, onde cada irrigação teve a duração de cinco minutos.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
84
Figura 1. Plantas de ‘cedro doce’ (Pochota fendleri) cultivadas em viveiro de mudas pertencente
ao setor florestal da Embrapa Roraima, retratando o período pós etapa de desbaste (Boa Vista,
RR, 2019).
Fonte: Smiderle (2019)
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com
quatro repetições de 10 plantas por repetição. Os tratamentos foram compostos
por: areia (A); solo (S); areia + solo (1:1) (A+S) e areia + solo + casca de ouriço da
castanha do Brasil triturada (1:1:1) (A+S+COT). Para medir os volumes necessários
dos componentes a serem misturados para compor o substrato, foi utilizada uma
proveta graduada, com capacidade para 1.000 mL, e, após a homogeneização dos
mesmos, foram separadas amostras de cada tratamento, para a posterior realização
das análises químicas e físicas.
Tabela 1. Teores disponíveis de macronutrientes e características químicas dos substratos
formulados para a produção de mudas de ‘cedro doce’ (Pochota fendleri) (Boa Vista, RR, 2019)
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
85
Aos 60 DAD (dias após o desbaste) avaliaram-se as seguintes variáveis: a
altura da parte aérea (H) (medida com régua graduada, em cm), diâmetro do colo
(DC) (a 1 cm do substrato, determinado com paquímetro digital, em mm).
Em seguida, as plantas foram retiradas dos sacos de polietileno, as raízes
foram separadas do substrato através de lavagem em água corrente e após isso foi
separada a parte aérea do sistema radicular e divididas em raízes, caule e folhas,
e secas em estufa com circulação forçada de ar, à temperatura de 70 ºC ± 5, até
atingir massa constante, para determinação individual da massa seca (em gramas)
das diferentes partes da planta: parte aérea (MSPA), raiz (MSR), massa seca total
(MST) e, em seguida, estes materiais foram moídos e armazenados.
Na sequência, determinaram-se os teores dos micronutrientes (Mn, B, Cu,
Zn e Fe) de amostras de material vegetal seco oriundo da raiz e da parte aérea,
empregando a metodologia descrita pela Rede Oficial de Laboratórios de Análise de
Solo e de Tecido Vegetal do RS e de SC - ROLAS (SBcS/cQFS, 2016).
A partir da matéria seca e do conteúdo dos nutrientes na planta, foram
calculados os índices de eficiência nutricional: eficiência de absorção= (conteúdo
total do nutriente na planta)/(matéria seca de raízes), conforme Swiader et al. (1994);
e eficiência de utilização= (matéria seca total produzida)2/(conteúdo total do nutriente
na planta), segundo Siddiqi; Glass (1981).
Os dados referentes às características avaliadas que expressam o crescimento
e a eficiência nutricional foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o
teste F e, quando significativa, foi realizado o teste de Tukey, a 5% de probabilidade
utilizando o software Sisvar (FERREIRA, 2011).
4 | RESULTADOS
Os resultados da análise de variância revelaram diferenças estatísticas
significativas entre as plantas cultivadas nos substratos compostos por diferentes
materiais para todas as características de crescimento (Tabela 2). Sendo que,
as mudas produzidas em substrato composto pelo maior número de materiais
(A+S+COT) apresentaram resultados estatisticamente superiores para todas as
variáveis de crescimento mensuradas quando comparadas as plantas cultivadas nos
demais substratos (Tabela 2).
Tabela 2. Resumo da análise de variância das médias para altura (H, cm), diâmetro do colo
(DC, mm) massa seca da parte aérea (MSPA, g/planta), massa seca da raiz (MSR, g/planta),
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
86
massa seca total (MST, g/planta) e relação MSPA/MSR de plantas de ‘cedro doce’ (Pochota
fendleri) cultivadas em substratos compostos por diferentes materiais (Boa Vista, RR, 2019)
Estes resultados podem estar relacionados às propriedades químicas deste
substrato (Tabela 1), o qual aparentemente em razão da adição da COT em sua
composição, exibiu superioridade na quantidade de matéria orgânica (fonte de
nitrogênio), fósforo, potássio, cálcio, magnésio, ou seja, todos os macronutrientes.
Em contrapartida, as plantas de cedro doce cultivadas em substrato composto
por 100% A apresentaram inferioridade para todas as variáveis de crescimento. De
acordo com Wendling et al. (2002) a areia mesmo sendo um material de fácil aquisição
e baixo custo para compor substratos mistos possui restrições na capacidade de
retenção de umidade e nutrientes em relação a substratos de composição orgânica, e
por isso pode não ser considerada apropriada para emprego em grandes proporções.
Este fato fica mais evidente comparando as plantas cultivadas em substratos
compostos com solo, independente do tratamento, daquelas cultivadas em 100% A,
pois os primeiros propiciaram características de crescimento superiores. Entretanto,
vale salientar que o uso de solo mineral, mesmo que em pequenas proporções,
não é recomendado, pois além de danos ambientais, pode direcionar a atividade
produção de mudas a uma condição insustentável em longo prazo.
Figura 2. Plantas de ‘cedro doce’ (Pochota fendleri) durante o período de crescimento em
viveiro de mudas pertencente ao setor florestal da Embrapa Roraima (Boa Vista, RR, 2019).
Fonte: Smiderle (2019)
A ANOVA também revelou efeito significativo dos substratos sobre os índices
de eficiência de absorção (EA) e utilização (EU) de micronutrientes (Tabela 3) pelas
plantas de cedro doce.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
87
Quanto à EA, verificou-se que as plantas cultivadas em substrato 100% A
exibiram índices de absorção superiores para todos os micronutrientes avaliados,
exceto para a EA de Fe (Tabela 3). Entretanto as plantas cultivadas em substrato
contendo somente areia, não diferiram dos demais tratamentos testados quanto a
EA de Mn, bem como, dos tratamentos compostos por 100% S (T2) e A+S (T3)
quanto a EA de Zn.
Tabela 3. Resumo da análise de variância das médias para a eficiência de absorção (EA) e
utilização (EU) de micronutrientes por plantas de ‘cedro doce’ (Pochota fendleri) cultivadas em
substratos compostos por diferentes materiais (Boa Vista, RR, 2019)
Possivelmente, a superioridade apresentada em EA pelas plantas cultivadas
em substrato 100% areia pode estar relacionada a baixa CTC (Tabela 1) exibida
por este substrato, indicando que este tem limitada capacidade de retenção destes
nutrientes, tornando-os mais disponíveis a absorção.
Em contrapartida, a EU de micronutrientes plantas cultivadas em substrato 100%
A foi estatisticamente inferior para os micronutrientes B, Cu e Mn se comparada com
a EU das plantas cultivadas nos demais substratos. Não diferindo estatisticamente
das plantas cultivadas em substrato composto por 100% S ou A+S. Estes resultados
sugerem que apesar de o substrato 100% areia ter propiciado uma alta EA de
micronutrientes pelas plantas de cedro doce, estas não foram capazes de empregálos na produção de biomassa, ou seja, converter o acúmulo destes nutrientes em
crescimento.
Esta hipótese pode ser reforçada pelos resultados inferiores exibidos para as
características de crescimento nas plantas cultivadas em substrato 100% A (Tabela
2). Supõe-se que seja resultado de limitações de ordem fisiológica, principalmente
no que se refere ao excesso de micronutrientes no interior da planta, o qual dispende
de energia para a estocagem rápida e eficiente, sem reflexos negativos grotescos
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
88
na manutenção dos processos fisiológicos principais (TAIZ; ZEIGER, 2017), neste
caso, respiração e fotossíntese.
A alta EA também induz as plantas ao controle de potencial osmótico
intracelular e manutenção das reações enzimáticas, processos que dispendem de
energia, e desta forma, sugere-se que as plantas cultivadas em substrato 100%
A, direcionaram a energia que seria gasta nos processos de crescimento para o
controle e manutenção dos processos fisiológicos básicos e para as altas taxas de
absorção, em detrimento a conversão dos nutrientes em massa seca, ou seja, do
uso propriamente dito destes micronutrientes.
De acordo com Santos et al. (2011) eficiência de absorção e utilização dos
nutrientes são independentes entre si, podendo ocorrer em diferentes proporções
e de forma isolada são influenciados por diversos fatores, que não apenas aquelas
intrínsecos a espécie.
Independente dos materiais empregados para compor o substrato a EA de
micronutrientes pelas mudas de cedro doce obedeceu à seguinte sequência:
Fe>Mn>B>Zn>Cu, já a eficiência de utilização obedeceu à seguinte ordem:
Cu>Zn>B>Mn>Fe. Como pode-se notar a ordem é exatamente oposta, oque neste
caso indica, que o micronutriente absorvido em maior proporção pelas plantas de
cedro doce, não serão necessariamente utilizados em maior quantidade, pois o uso
deste está mais relacionado a demanda da planta e não a quantidade acumulada.
Importante destacar que o Fe nutriente ativador e componente de enzimas
que compõe o aparato fotossintético e respiratório, e que também exerce influencia
na fixação do Nitrogênio e atua como catalisador na biossíntese da clorofila (TAIZ;
ZEIGER, 2017) teve uma EU de aproximadamente 22% maior nas plantas cultivadas
em substrato A+S+COT, do que a média das plantas cultivadas nos demais substratos
testados.
Ressalta-se que as plantas cultivadas em A+S+COT, as quais exibiram alta
EU Fe também apresentaram superioridade para as características de crescimento,
resultados que podem estar relacionados ao alto teor de M.O. deste substrato,
de acordo análise química (Tabela 1). Maiores quantidades de M.O. no substrato
irão garantir alta disponibilidade de Nitrogênio a ser absorvido pelas plantas, após
absorvido o N maximiza a demanda de Fe, tanto para sua absorção em maior
quantidade, tanto para a biossíntese de clorofila, oque por sua vez irá impulsionar o
crescimento das plantas, ou seja, o aumento de fitomassa total (EPSTEIN; BLOOM,
2006; TAIZ; ZEIGER, 2017).
Quanto aos resultados referentes a correlação de Pearson (Tabela 4) destacase a correlação positiva e significativa entre a EU de Boro e todas as características
de crescimento avaliadas. Resultados semelhantes foram obtidos para a EU Zn e de
Fe, entretanto a utilização destes micronutrientes não teve relação significativa com
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
89
as variáveis MSR e MST.
Tabela 4. Coeficientes de correlação simples de Pearson entre a eficiência de e utilização (EU)
de cada um dos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn) e todas as variáveis de crescimento
avaliadas em plantas de ‘cedro doce’ (Pochota fendleri) cultivadas em substratos compostos
por diferentes materiais (Boa Vista, RR, 2019)
O Boro é micronutrientes que possui importante papel na estruturação da parede
celular, por participar na formação de novos tecidos, crescimento radicular e também
na produtividade, sendo descrito como micronutriente de considerável mobilidade
floemática em algumas espécies florestais de forma a garantir sua demanda nos
diferentes órgãos (HODECKER et al., 2014).
Segundo Quaggio et al. (2003) o B auxilia no funcionamento do tecido do câmbio
vascular, responsável pela multiplicação de células dos vasos condutores, permitindo
a manutenção estrutural e funcionamento do floema e xilema, e consequentemente
o transporte de fotossintatos para as raízes, os quais garantem o crescimento da
planta. Esta explanação reforça a importância deste micronutriente (B) e justifica a
alta EU deste pelas plantas cultivadas em substrato A+S+COT, as quais apresentaram
superioridade para todas as variáveis de crescimento.
Até recentemente, as pesquisas enfocando a fertilização, que é uma prática
que afeta em muito o rendimento e a qualidade da produção de mudas, foram
concentradas aos macronutrientes. Com relação aos micronutrientes, de acordo
com os resultados obtidos neste presente estudo, é possível notar que a quantidade
de nutrientes absorvida pelas plantas, não será igual a utilizada, e que o substrato
empregado por influenciar a disponibilidade de nutrientes, sendo considerado como
os principais responsáveis pelo status nutricional da planta, e estes por sua vez
estão relacionadas com as características morfológicas exibidas.
5 | CONCLUSÕES
- Substratos contento diferentes materiais exercem influência sobre as
características de crescimento avaliadas em plantas de cedro doce em fase de
viveiro, bem como, induzem variações quanto a eficiência de absorção e uso de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
90
micronutrientes.
- O substrato 100% Areia induz maior EA de micronutrientes e menor
crescimento das plantas de cedro doce, enquanto o composto por A+S+COT propicia
superioridade a EU dos micronutrientes e maior crescimento das plantas.
- A correlação entre a EU de Boro e todas as características de crescimento
avaliadas em plantas de cedro doce é positiva e significativa.
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Capítulo 10
91
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 10
92
CAPÍTULO 11
doi
LEVANTAMENTO FITOPATOLÓGICO DE DOENÇAS
DA BANANEIRA COM ÊNFASE À SIGATOKA
NEGRA (Mycosphaerella fijiensis, MORELET) EM
ASSENTAMENTOS NO MUNICÍPIO DE THEOBROMA –
RONDÔNIA
Data de aceite: 11/03/2020
Elizangela Barbosa Coelho
Graduada em Engenharia Agronômica, Pós
Graduada em Controle de Qualidade e Legislação
de Alimentos e Bebidas pela Universidade Federal
de Lavras Minas Gerais – UFLA, Pós Graduada
em proteção de Plantas pela Universidade
Federal de Viçosa de Minas Gerais – UFV, Pós
Graduada em Engenharia de Segurança do
Trabalho pela Faculdade Santo André – FASA.
Luzia Correa Dunenemann
Graduada em Engenharia Agronômica, Mestrando
em Agricultura tropical – UFAM
Francenilson da silva
RESUMO:Atualmente, a Sigatoka negra causada
Mycosphaerella
fijiensis
Paracercopsora
fijiensis,Morelat),morfologicamente semelhante
à Sigatoka amarela, é considerada a mais
importante doença da bananeira no mundo. A
bananicultura no Estado de Rondônia é uma
cultura economicamente viável principalmente
em pequenas áreas e em regiões de
assentamento. Mas tem sido desmotivada
devido ao surgimento de doenças. Não sendo
diagnosticadas e nem tratadas, essas doenças
ou pragas acabam contaminando outras áreas
que estavam limpas, ou seja, sem a incidência
do fitopatogeno. Essa pesquisa teve como
objetivo o levantamento fitopatológico com
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
identificação visual da presença de sigatoka
negra em bananais dos assentamentos
Lamarca 1 e 2, Antonio Conselheiro 1 e 2 e
Lagoa Nova situados na região de Theobroma.
A condução desse trabalho foi em forma de
visita técnica e entrevista aos produtores sobre
os tratos culturais reservados a cultura assim
como a forma de implantação, idade da cultura,
cultivares usados e posteriormente analise visual
na área plantada, observando a ocorrência ou
não do fitopatogeno. Todas as áreas visitadas
apresentaram sinais bastante severos do Mal
da Sigatoka Negra ( Mycosphaerella fijiensis).
Em contrapartida foi observado que áreas
melhor manejadas, principalmente onde se
realizava roçada, retirada de folhas velhas e
atacadas assim como o corte total de plantas
aparentemente infectadas apresentaram menor
índice de doenças e uma melhor produtividade.
PALAVRAS-CHAVE:
Mycosphaerella
fijiensies,Banana, Tratos culturais, doença.
ABSTRACT: Currently, the black Sigatoka
caused Mycosphaerella fijiensis Paracercopsora
fijiensis,Morelat),
morphologically
similar
to yellow Sigatoka, is considered the most
important banana disease in the world.
Bananiculture in the State of Rondônia is an
economically viable culture mainly in small
areas and in settlement regions. But it has
been demotivated due to the onset of diseases.
Capítulo 11
93
Not being diagnosed or treated, these diseases or pests end up contaminating other
areas that were clean, that is, without the incidence of phytopatogen. This research
aimed to survey the phytopathological survey with visual identification of the presence
of black sigatoka in banana plantations of the Lamarca 1 and 2 settlements, Antonio
Conselheiro 1 and 2 and Lagoa Nova located in the Theobroma region. The conduct i
conducted this work was in the form of technical visit and interview to producers about
the cultural tracts reserved for culture as well as the way of implantation, age of culture,
cultivars. and later visual analysis in the planted area, observing the occurrence or
not of phytopatogen. All the areas visited showed very severe signs of the Mal da
Sigatoka Negra ( Mycosphaerella fijiensis). On the other hand, it was observed that
better managed areas, especially where swidden was performed, removal of old and
attacked leaves as well as the total cut of apparently infected plants presented lower
disease rate and better productivity.
KEYWORDS: Mycosphaerella fijiensies,Banana, Cultural tracts, disease.
1 | INTRODUÇÃO
A banana (Musa spp.) é cultivada em todas as regiões quentes do mundo,
produz durante quase todo o ano, é consumida no mundo inteiro e movimenta a
economia de diversos países produtores. Essa fruta é uma fonte de alimentação
barata que entra no cardápio de populações de baixa renda alem de ser rica em
vitaminas e minerais principalmente o potássio, sendo assim uma das frutas mais
consumidas no mundo. No Brasil, especialmente no Estado do Amazonas, a banana
é a fruta de maior consumo, constituindo-se em um alimento básico da população
carente (CORDEIRO et al., 1998).
A bananeira é uma fruteira de clima tropical e subtropical, com bom
desenvolvimento em condições de alta umidade e temperaturas elevadas,
uniformemente distribuídas, sendo 15ºC a 35ºC uma faixa segura para seu plantio,
com precipitação em torno de 1900 mm com chuvas bem distribuídas o ano todo
(EMBRAPA 1997). Sendo assim o Estado de Rondônia tem aspectos edafoclimaticos
ideal ao cultivo da banana, embora o clima quente úmido predominante nessa região
seja propicio para o surgimento de doenças e pragas.
A produção brasileira em 2009 alcançou 6.783.482 milhões de toneladas sendo
o Estado de São Paulo o maior produtor, seguido da Bahia, Santa Catarina e Minas
Gerais. O Estado de Rondônia ocupa a vigésima posição na produção nacional
com 49.183 mil toneladas (IBGE 2009). A produção mundial no ano de 2009 foi
de 97.378.272 milhões de toneladas sendo a Índia o maior produtor seguido das
Filipinas, China, Equador e Brasil (FAO, 2011). Com relação ao consumo, de acordo
com a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008, realizada pelo IBGE, a banana é a
fruta tropical mais consumida do País. O consumo per capta de 7,68 kg/ ano é bem
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 11
94
superior ao da laranja, a segunda mais consumida, com 5,43 kg/ ano.
Os fatores
que podem ser implicativos na baixa produção no Estado de Rondônia é o baixo
nível tecnológico, falta de mão de obra qualificada, falta de incentivo e assistência
técnica, e o alto índice de doenças principalmente a sigatoka negra (Mycosphaerella
fijiensis paracercopsora fijiensi, Morelat), morfologicamente semelhante à Sigatoka
amarela, e considerada a mais importante doença da bananeira no mundo.
No Brasil esta doença foi constatada pela primeira vez em 1998, nos municípios
de Tabatinga e Benjamim Constant, no Estado do Amazonas, fronteira com a Colômbia
e Peru, ocorrendo sobre os cultivares Prata, Maçã e Terra. Em dezembro do mesmo
ano foi constatada no Acre, nas proximidades de Rio Branco e, posteriormente, em
março de 1999 foi constatada em todo o estado do Acre, Rondônia e ao longo da
Rodovia BR 364. Em abril de 1999 foi também contatada no Estado do Mato Grosso,
em Lambari d’Oeste e Cáceres (CORDEIRO 2000).
O agente causal da Sigatoka-negra é muito mais destrutivo que o da Sigatokaamarela (M. musicola Leach ex Mulder), caracterizando-se por apresentar maior
velocidade e intensidade de ataque e por infectar também as folhas mais jovens,
destruindo, em conseqüência, maior quantidade de tecido fotossintetizante
(MOURICHON et al., 1997). É, além disso, um fungo difícil de controlar e que
apresenta um espectro maior de cultivares suscetíveis de banana dos subgrupos
Prata, Cavendish e Terra (BURT et al., 1997; CORDEIRO et al., 1998).
Os sintomas são caracterizados pela presença de estrias marrom na face
inferior da folha, progredindo para estrias negras que formam lesões necróticas
destruindo toda a área foliar resultando em redução da produção (Marin et al.,
2003). Apresentando ampla distribuição geográfica, a sigatoka-negra causa a morte
precoce das folhas infetadas sendo responsável por perdas superiores a 50% da
produção (Stover & Simmonds, 1987).
Com relação aos agentes de disseminação dos esporos do fungo, o vento, a
chuva e a água de irrigação são considerados os mais importantes à curta distância,
dentro das plantações (PLOETZ, 1999). A longas distâncias, mudas doentes e folhas
infectadas, geralmente utilizadas como proteção nos cachos durante o transporte para
evitar ferimentos nos frutos, são os meios mais eficientes e rápidos de disseminação
do patógeno para áreas livres da doença (MOURICHON et al., 1997; HANADA et al.,
2002b).
Para o Estado de Rondônia, cujo cultivo da bananeira ocupa a maior área
dentre as espécies frutíferas plantadas, e onde maior parte desses cultivos estão
implantados em área de assentamento, no qual falta faltam técnicas adequadas
para lidar com a doença, a Sigatoka-Negra constitui sério problema uma vez que
seus plantios são constituídos das cultivares Maçã, Prata e maranhão ou comprida
(subgrupo Terra), todas altamente suscetíveis à doença (Cavalcante et al.,1999 b, c).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 11
95
Essa doença vem sendo um dos limitantes para a produção no Estado de
Rondônia. A região de Theobroma tem alto potencial de produção devido a grandes
áreas de assentamentos onde é totalmente coberto por agricultura familiar, mas que
tem tido suas dificuldades, devido à falta de conhecimento por parte dos produtores
com relação a cultura da banana. A maioria dos produtores visitados desconheciam
as principais doenças e pragas que podem vir a afetar a cultura.
2 | OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo, fazer um levantamento fitopatológico de
doenças na cultura banana (musa ssp) com ênfase no Mal da Sigatoka Negra, em
áreas de assentamento na região de Theobroma Estado de Rondônia, visando levar
ao produtor informações sobre a doença e alertá-lo sobre a importância do controle.
3 | HIPOTESE
O manejo e os tratos culturais influenciam positivamente na menor incidência
do Mal da Sigatoka Negra nos bananais.
4 | METODOLOGIA
O presente trabalho foi conduzido nos assentamentos Lamarca 1 e 2, Antônio
Conselheiro 1 e 2 e Lagoa Nova situados na região de Theobroma no Estado de
Rondônia, por meio de visita técnica a 20 propriedades e entrevista aos produtores
potenciais de banana(musa ssp), com o objetivo de fazer um levantamento
fitopatológico do Mal da Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijiensies).
No questionário apresentado aos produtores foram feita perguntas sobre os
tratos culturais como capina, roçada, desfolha, desbaste e utilização de fitossanitários
tanto no controle de invasoras quanto no controle de doenças e pragas, ANEXO
pag,22.Com relação à implantação da cultura profundidade das covas, espaçamento
entre plantas e linhas, adubação e calagem, as variedades utilizadas e a idade da
cultura.
Na visita técnica ao bananal foi escolhida uma planta que apresentava os
sintomas nas folhas FIGURA 1 e4, fazendo assim o corte transversal do caule
FIGURA 2e3 para junto ao manual de identificação de doenças e pragas da banana
publicado pela EMBRAPA e os conhecimentos científicos adquiridos por meio da
literatura, diagnosticar os sintomas apresentados pela planta e consequentemente
em parte da cultura, afirmando assim a presença do Mal da Sigatoka Negra.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 11
96
RESULTADO E DISCUSSÃO
Na construção deste trabalho vale à pena ressaltar antes de adentrar na
profundidade do resultado dessa pesquisa, que a assistência técnica a essas
famílias foi totalmente omissa, pois todos os produtores visitados não sabiam quais
as principais doenças e pragas que atacam a cultura da banana, simplesmente
estavam cuidando se suas lavouras na base do conhecimento popular ou trocas de
experiências entre eles.
Desses 20 produtores visitados apenas três realizavam a pratica de desfolha,
dezesseis desses produtores faziam roçada parcial e quatro roçada total da
área plantada periodicamente. Em relação a plantas infectadas apenas 1 fazia a
eliminação total desta, nenhum dos produtores usavam a técnica de desbaste assim
como o uso de fungicida, dois usavam herbicida parcialmente na área GRAFICO 1.
Os produtores que usaram a técnica de desfolha, retirada total de plantas doente e
que mantinha a área com baixo nível de invasoras, apresentaram uma produtividade
melhor e frutos mais bonitos. Em nenhuma dessas das áreas pesquisadas fizeram
uso de qualquer tecnologia básica de produção como; gradagem, correção de solo,
adubação, seleção de mudas, assim como espaçamento e coveamento adequado
para variedade. As variedades implantadas foram à maça, da terra em maior proporção
e prata e nanica em menor proporção. Segundo Manica (1997) fatores essenciais
à racionalização da produção brasileira de banana e, conseqüentemente, aumento
da produção e produtividade, seria a maior difusão de tecnologias, especialmente
no que diz respeito a espaçamentos, adubações, desbaste, seleção de mudas e
controle de pragas e doenças.
Em conseqüência da falta de conhecimento por parte do produtor em relação
aos tratos culturais, fitopatogenos e comportamento da planta, com decorrência
da falta de assistência técnica, o Mal da Sigatoka tem causado severos danos
a cultura nessa região diminuindo a produção e a chance do produtor de maior
competitividade no mercado interno. Gonçalves; Perez; Souza (1994) consideram
que para a produção brasileira de banana ter alguma possibilidade de sucesso em
termos de competitividade, há a necessidade de uma política ativa por parte do
governo que lance as bases da organização de uma moderna produção que rompa
com a tradição de fruticultura extrativa associada a essa cultura e constitua uma
ampla cadeia integrada, da produção ao consumo.
O Mal da Sigatoka foi identificado em todas as áreas e principalmente nas
áreas onde os tratos culturais como roçada e desfolha não eram feito e quando
feito eram insatisfatório o que corrobora com, Mourichon (2002) onde ele cita que
algumas práticas culturais afetam a pressão de inóculo no campo, como a remoção de
folhas, métodos de irrigação e densidade de plantio. Outro autor que defende essas
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 11
97
praticas é Pereira et al., (1999), apontam que, uma das importantes ferramentas
auxiliares é a eliminação de folhas atacadas ou parte delas, para reduzir a fonte de
inóculo secundário. Soto (2000), também tem a mesma opinião quando diz que, a
desfolha da bananeira é uma prática agrícola que deve ser realizada periodicamente,
objetivando eliminar folhas cuja atividade fotossintética não atenda às exigências
fisiológicas da planta. Esta técnica melhora o arejamento e a iluminação interna do
bananal, acelera o desenvolvimento dos filhos, facilita o desbaste e o controle de
pragas e doenças que parasitam, o que as torna fontes potenciais de inoculo.
FIGURA 1- Planta da Cultivar terra atacada por Sigatoka-negra.
FIGURA 2- Fiscal da Defesa Agropecuária do Estado coletando material para diagnose.
FIGURA 3- Corte transversal do psedocaule infectado.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 11
98
FIGURA 4- Planta da banana maça infectada por Sigatoka Negra.
GRÁFICO 1- Números de produtores que realizam tratos culturais
5 | CONCLUSÃO
Em todos os 20 bananais visitados na área de assentamento Lamarca 1 e
2, Antônio Conselheiro 1 e 2 e Lagoa Nova situados ambos situados na região de
Theobroma foi identificado a presença do fungo Mycosphaerella fijiensies responsável
pelo Mal da Sigatoka Negra, principalmente na cultivar maça.
Entretanto em áreas melhor manejadas, onde tratos culturais como roçada,
desfolha e retirada de plantas infectadas foram realizados, havia menor índice da
doença e consequentemente melhor produtividade.
REFERÊNCIAS
FAOSTAT. Produção Mundial de Banana. Disponível e <http://www.fao.org>. Acesso em: 05 Abr.
2011.
IBGE. Produção Agrícola Municipal. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 05 Mar.
2011.
EMBRAPA.Sistema de produção para a cultura da banana no Estado de Rondonia – Porto
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 11
99
Velho,Ro. Embrapa Rondonia. 41p.il.color-0103-1668,29
NOGUEIRA, E.M.C. Sigatoka negra, uma ameaça aos bananais do Estado de São Paulo. Summa
Phytopathol, v.26, n.1 p.87-101, 2000.
MANICA, I. Fruticultura tropical 4. Banana. Porto Alegre:Cinco Continentes, 1997. 485p.
BURT, P.J.A.; RUTTER, J.; GONZALES, H. Short-distance wind dispersal of the fungal pathogens
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1997
MARIN, D. H., ROMERO, R. A., GUZMAN, M. & SUTTON, T. B. Black sigatoka: An increasing threat
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CORDEIRO, Z.J.M.; MATOS, A.P. DE; GASPAROTTO, L.; CAVALCANTE M. DE J.B. Disseminação
da Sigatoka-Negra no Brasil. Summa Phytopathol., v.26, n.1, p.110, 2000.
CAVALCANTE, M.J.B., GONDIM, T.M.S., CORDEIRO, Z.J.M. & MATOS, A.P. Avaliação do
comportamento de genótipos de bananeira à Sigatoka negra no Estado do Acre. Fitopatologia
Brasileira 24:175. 1999c (Resumo).
GASPAROTTO, L., PEREIRA, J.C.R. & TRINDADE, D.R. Situação atual da Sigatoka negra da
bananeira. Fitopatologia brasileira 26:449. 2001.
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MOURICHON, X. Overview of progress and results since the first international workshop on
Mycosphaerella leaf spot diseases of bananas in 1989. In: INTERNATIONAL WORKSHOP ON
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SOTO BALLESTERO, M. Bananos: cultivo y comercialización. 2nd ed. San José: Imprenta Lil, 2000. 1
CD- ROM.
PEREIRA, L. V.; CORDEIRO, Z. J. M.; FIQUEIRA, A. dos R., HINZ, R. H. MATOS, A. P. Doenças da
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GONZÁLEZ, AM.; GÓMEZ, C.; ARISTIZÁBAL, M. Características de crecimiento y producción de
híbridos FHIA en Colômbia. InfoMusa, Montpellier, v.12, n.1, p.46-49, 2003.
STOVER, R.H.; SIMMONDS, N.W. Bananas. 3.ed. New York:Longman Scientific & Technical, 1987.
468p.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 11
100
CAPÍTULO 12
doi
QUALIDADE FISIOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DE
FUNGOS EM SEMENTES DE SOJA COM DISTINTOS
PONTOS DE MATURAÇÃO
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Data de aceite: 11/03/2020
Passo Fundo - RS
Data de submissão: 02/12/2019
http://lattes.cnpq.br/8898312307430408
Fabiola Stockmans De Nardi
Alice Casassola
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/9738253307670738
Neimar Cenci
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/2484298041724302
Adjar de Oliveira
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/4621245824104885
Igor de Sordi
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/0949929363957755
Hugo Rafael Catapan
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/0949929363957755
Leonita Beatriz Girardi
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/9757789042103071
Sabrina Tolotti Peruzzo
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/7500709886570785
Katia Trevizan
Instituto de Desenvolvimento Educacional de
Passo Fundo, Curso de Agronomia
Passo Fundo - RS
http://lattes.cnpq.br/9542417090031304
RESUMO: A produtividade em uma lavoura
depende de diversos fatores, dentre eles da
qualidade das sementes. Essa qualidade
envolve atributos genéticos, físicos, fisiológicos
e sanitários das sementes. O momento da
colheita está relacionado ao atributo físico, no
qual grau de umidade da semente considerado
ótimo para comercialização é de 13%. Colheitas
antecipadas, com elevado grau de umidade
nas sementes, aumentam a predisposição
ao desenvolvimento de microrganismos
e consequente, deterioração, bem como
Capítulo 12
101
predispõem a danos durante o beneficiamento e secagem. Neste trabalho foram
avaliadas características relacionadas à qualidade em sementes de soja como presença
de microrganismos, percentual de germinação (PG), massa verde (MVA) e seca (MSA)
das plântulas e contabilização de plântulas normais (PN), anormais (PA) e mortas (PM)
em sementes de soja colhidas em diferentes estádios de desenvolvimento, de R7.1 a
9 com e sem secagem, visando avaliar a influência do momento da colheita e umidade
nos grãos na qualidade fisiológica das sementes. O estádio R8.2 sem secagem foi o
que apresentou melhor PG (93,3%) aliado com elevados valores de MVA, MSA e PN.
O R7.1 sem secagem apresentou bom PG (89,3%) e os melhores resultados de MVA,
MAS e PN. Entretanto, em relação à presença de microrganismos, verificou-se que
os tratamentos com maiores teores de umidade apresentaram maior incidência de
patógenos tais como Aspergillus spp., que esteve presente em todos os tratamentos,
Penicillium spp. e Phomopsis spp., presentes em oposição, ou seja, quando um estava
outro não, além de Nigrospora spp., Cercospora spp. e Colletotrichum spp.
PALAVRAS-CHAVE: percentual de germinação; colheita; massa verde e seca; análise
fitossanitária; estádio fenológico.
ABSTRACT: Crop yield depends on several factors, including seed quality. This quality
involves genetic, physical, physiological and health attributes of seeds. The moment
of harvest is related to the physical attribute, in which seed moisture level considered
optimal for commercialization is 13%. Early harvests with a high degree of moisture in
the seeds increase the predisposition to microorganism development and consequent
deterioration, as well as predispose to damage during beneficiation and drying. In
this work, characteristics related to the quality of soybean seeds such as presence of
microorganisms, percentage of germination (PG), green (MVA) and dry mass (MSA)
of the seedlings and normal (PN), abnormal (PA) and dead (PM) seedlings accounting
were evaluated in soybean seeds harvested at different stages of development, from
R7.1 to 9 with and without drying, aiming to evaluate the influence of harvest time
and grain moisture on seed physiological quality. Stage R8.2 without drying showed
better PG (93.3%) combined with high MVA, MSA and PN values. R7.1 without drying
presented good PG (89.3%) and the best MVA, MAS and PN results. However, in
relation to the presence of microorganisms, it was found that the treatments with higher
moisture content presented higher incidence of pathogens such as Aspergillus spp.,
which was present in all treatments, Penicillium spp. and Phomopsis spp., present in
opposition, that is, when one was the other wasn’t, besides Nigrospora spp., Cercospora
spp. and Colletotrichum spp.
KEYWORDS: percentage of germination; harvest; green and dry mass; phytosanitary
analysis; phenological stages.
1 | INTRODUÇÃO
A qualidade fisiológica das sementes de soja é determinada pelo percentual
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
102
de germinação e vigor, sendo que esses caracteres são influenciados durante a
produção no campo. Lotes com germinação inferior a 80% são descartados, sendo
que são relatados que 8,8 a 38,1% dos lotes são eliminados após o beneficiamento
por apresentarem baixos valores de germinação (ZAPPIA et al., 1980). O uso de
sementes de baixo poder germinativo assim como o preparo inadequado do solo,
deficiências nutricionais e hídricas e presença de microrganismos patogênicos
são fatores relacionados à desuniformidade das lavouras (HOWELL et al., 1959;
SEDIYAMA et al., 1972).
O cultivo de espécies a campo deve ser feito a partir do uso de sementes que
germinem rápida e uniformemente (FRIGERI, 2007). O vigor de sementes é obtido a
partir do potencial para uma emergência rápida e uniforme e pelo desenvolvimento
de plântulas normais sob uma ampla faixa de condições de campo (HAMPTON &
TEKRONY, 1995). Os resultados dos testes de vigor são comparativos, ou seja,
são obtidos a partir da comparação entre lotes de sementes de mesma espécie e/
ou cultivar (MARCOS FILHO, 1999). A uniformidade, a velocidade de emergência
de plântulas, testes de massa seca, comprimento de plântulas e velocidade
de germinação são parâmetros de avaliação utilizados para seleção de lotes de
sementes mais vigorosos, os quais originarão plântulas com melhores taxas de
desenvolvimento e de massa (DAN et al., 1987).
A maturidade fisiológica é o estágio onde as sementes se desligam da planta-mãe
ficando mais vulneráveis a variações ambientais (MARCOS FILHO, 1986). O ponto
de maturação fisiológica R7 é o ponto onde as sementes de soja apresentam maior
germinação e vigor, ou seja, melhor qualidade fisiológica, entretanto nesse ponto o
teor de umidade das sementes ainda se encontra acima de 45%. Umidade elevada
nos grãos favorece o processo de deterioração, seja pela respiração elevada seja
pelo desenvolvimento de microrganismos, que consomem as substâncias de reserva
(FRANÇA NETO, 1984). A partir do estágio R8, há maior exposição das sementes a
flutuações de umidade e temperatura que prejudicam a qualidade, podendo causar
danos às substâncias de reserva, ao tegumento e ao embrião (WILCOX et al., 1974).
Em soja, há decréscimo do teor de umidade de R5 a R7 (FRAGA et al., 1981).
A colheita normalmente ocorre quando o conteúdo de água das sementes
atinge valores próximos ou inferiores a 15%. Porém, até que as sementes alcancem
esse ponto podem ocorrer reduções não só de vigor como de germinação pela perda
tanto de matéria seca como pela deterioração por fungos e outros microrganismos
(COSTA et al., 2003). Em épocas chuvosas a semente é colhida com 18% a 19%
de umidade, sendo imprescindível que seja realizada a secagem até que o nível de
umidade seja reduzido para em torno de 12% (BURRIS, 1973). Nesse processo de
secagem, é importante que haja intermitência visando o equilíbrio higroscópico, com
temperaturas não superiores a 42 ºC, a fim de evitar danos térmicos, e umidade
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
103
relativa do ar de secagem, em secadores estáticos, não inferior a 35% (MARCOS
FILHO, 2015).
O teor de umidade nas sementes bem como o ambiente de armazenagem
influencia no desenvolvimento de patógenos, sendo que diversos são os patógenos
relatados em sementes de soja. Os gêneros Penicillium e Aspergillus são encontrados
comumente em sementes de baixa qualidade. Diversas espécies de Aspergillus
ocorrem em sementes de soja, sendo mais frequente o Aspergillus flavus. Condições
de sementes colhidas com elevados teores de umidade e/ou com início do processo
de secagem tardio são suficientes para a ação desse fungo, reduzindo o poder
germinativo das sementes (HENNING, 2005). Durante o período de maturação da
soja em presença de elevados índices pluviométricos é comum, também, a presença
do patógeno Phomopsis sojae o qual afeta a germinação, podendo estar associado
inclusive com danos mecânicos, deterioração por umidade e danos por percevejos
(HENNING & FRANÇA NETO, 1980), apresentando diferentes tipos de interações
com outros fungos endófitos e patogênicos (HENNING, 1994).
O gênero Fusarium causa problemas de germinação em laboratório, de maneira
semelhante ao Phomopsis spp. Diversas espécies são relatadas em soja, porém,
Fusarium semitectum é a mais comum. Este fungo está associado a sementes que
sofreram atraso de colheita, deterioração por umidade ou devido à exposição aos
microrganismos a campo (HENNING & FRANÇA NETO, 1980). O fungo causador da
antracnose (Colletotrichum truncatum) pode ocasionar deterioração da semente, morte
de plântulas e infecção sistêmica em plantas adultas. De maneira geral, a incidência
desse patógeno nas sementes é baixa, sendo que dificilmente obtêm-se um lote de
sementes com níveis elevados desse patógeno (SCHNEIDER et al., 1974). Todavia,
com a expansão da cultura da soja para outras regiões do Brasil, tem-se observado
aumento considerável da presença desse fungo nas sementes de soja. A mancha
púrpura, por sua vez, causada pelo patógeno, Cercospora kikuchii, é uma doença
de final de ciclo que apresenta como característica marcante uma descoloração do
tegumento. Entretanto, estudos demonstram não haver efeito negativo do fungo
sobre a qualidade da semente devido a pouca persistência dele na presença de
outros fungos. Além disso, a taxa de transmissão semente/planta/semente é bastante
baixa (MENTEN, 1997). O gênero Nigrospora também é comumente encontrado
em sementes. Esse microrganismo se alimenta absorvendo substâncias orgânicas
normalmente provenientes de matéria orgânica em decomposição (TOMÉ, 2005).
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi identificar a presença de
microrganismos e avaliar características relacionadas à qualidade em sementes de
soja colhidas em diferentes estádios de desenvolvimento, de R7.1 a 9, com e sem
secagem, visando avaliar a influência do momento da colheita e umidade nos grãos
na qualidade fisiológica das sementes.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
104
2 | MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado nos laboratórios e na casa de vegetação da Faculdade
IDEAU, na cidade de Passo Fundo/RS, sob coordenadas de latitude 28°14’24.38”S,
longitude 52°22’49.38”O e altitude de 682 metros. A coleta das sementes foi realizada
no dia 20 de março, em lavoura comercial, cultivar Pioneer® 95R51, onde foi possível
encontrar a cultura em diversas várias fases de desenvolvimento. A coleta e debulha
se deu de forma manual e a determinação dos estádios fenológicos de forma visual.
O delineamento escolhido foi o inteiramente casualizado, onde os tratamentos
que objetivaram a contabilização de fungos foram separados em 12 tratamentos
e quatro repetições cada; e aqueles tratamentos que objetivaram avaliação da
germinação e vigor foram dispostos em 12 tratamentos e três repetições cada (Tabela
1). Para ambas as avaliações os tratamentos de números 1 a 6 foram secos a 35 ºC,
visando estabelecer umidade em torno de 12%, e os tratamentos de números 7 a 12
foram acondicionados em ambiente estéril até o momento da semeadura.
No dia 22 de março, os tratamentos 1 a 12 foram dispostos em meios de
cultura BDA (batata-dextrose-ágar), onde foram semeadas cinco sementes em cada
uma das quatro repetições, totalizando 20 sementes por tratamento. Estes foram
posteriormente acondicionados em estufa microbiológica com temperatura controlada
(32ºC), onde permaneceram por 120 horas. Aos cinco dias após a semeadura (DAS)
em meio foi realizada a identificação da presença de fungos em cada uma das
repetições. A identificação foi realizada visualmente pelas características do micélio,
bem como pela visualização das estruturas reprodutivas em microscopia ótica, a
partir da confecção de lâminas.
Tabela 1. Tratamentos, respectivos estádios fenológicos e manejo das sementes antes das
avaliações.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
105
No dia 22 de março, 20 sementes de cada tratamento foram também
dispostas em papel germiteste em caixas Gerbox, as quais foram acondicionadas
em BOD para propiciar um ambiente favorável à germinação em curto espaço de
tempo. Foram realizadas três repetições de cada tratamento. Aos dois dias após a
semeadura efetuou-se a primeira avaliação, tabulando-se o número de sementes
germinadas. Posterior a este, e a cada dois dias, por 5 vezes, efetuou-se as demais
contagens. Nesta mesma data, dez sementes de cada tratamento foram semeadas
em vasos cilíndricos com volume de 5 Kg de solo, com três 3 repetições, os quais
foram dispostos em casa de vegetação. Aos 5 DAS ocorreu a primeira avaliação nos
vasos, contabilizando-se o número de plantas germinadas. Esta avaliação seguiu
sendo feita a cada dois dias, totalizando nove avaliações.
Foi mensurado em casa de vegetação, o comprimento total das plântulas
consideradas normais (BRASIL, 2009) aos 21 DAS, com o auxílio de régua milimétrica.
Em seguida, coletaram-se as plântulas, as quais foram pesadas para obter-se a
massa verde. As mesmas plântulas, após pesadas, foram secas em sacos de papel
em estufa com circulação forçada de ar regulada a temperatura de 60 °C, por 72
horas, a fim de se determinar a massa seca das amostras.
Os dados obtidos foram tabulados e submetidos à análise de variância e ao
teste de comparação de médias (Teste de Tukey 5%) através do software Sisvar.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste trabalho foi possível constatar a presença de diversos patógenos de
sementes (Figura 1).
Figura 1. Placas de Petri com sementes e análise patológica das amostras.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
106
O fungo Aspergillus spp. foi identificado em todos os tratamentos e em mais
frequência que os demais. Entretanto, sua incidência diminuiu conforme o estádio de
maturação da soja foi avançando. Verificou-se, também, que sementes colhidas com
maior teor de umidade e posteriormente secas apresentaram uma maior taxa de
incidência deste microrganismo, provavelmente em função das injúrias mecânicas
que podem ter ocorrido no momento da colheita ou processo de secagem. HENNING
(2005) relata que este fungo tem capacidade de se fixar em quase todo tipo de
matéria orgânica, desde que haja condições de umidade e temperaturas favoráveis,
o que condiz com os dados encontrados neste trabalho.
Ao analisar-se a presença dos fungos Penicillium spp. e Phomopsis spp., estes
estiveram presentes, de forma aleatória, em todos os tratamentos, apresentando
uma correlação entre si, visto que no tratamentos em que houve predomínio de
um ocorreu ausência do outro. Pesquisas realizadas por HENNING (1994) apontam
que a presença de Phomopsis spp. afeta o desenvolvimento de outros fungos, seja
inibindo o crescimento pela formação de uma barreira ou pela produção de algum
metabólito secundário ou ainda pelo crescimento do endofítico sobre o fitopatógeno.
O fungo Colletotrichum spp. foi detectado em apenas uma das repetições e no
tratamento 7 (R7.1 sem secagem), a qual apresentava maior percentual de umidade
no grão, demostrando baixa incidência desse patógeno nas sementes. SCHNEIDER
et al. (1974) relatam que dificilmente obtêm-se um lote de sementes com níveis
elevados de C. truncatum considerando que há perda de viabilidade deste patógeno
nas sementes durante o armazenamento e também em competição com Phomopsis
e Fusarium.
Para o fungo Cercospora spp. observou-se que este incidiu em sementes
com teor de umidade acima de 12% e, principalmente, nos que estavam em um
estádio de maturação fisiológica mais elevado, apresentando maior incidência nos
tratamentos 11 (R8.2 sem secagem) e 12 (R9 sem secagem). O fungo Nigrospora
spp. foi observado em maior quantidade nos tratamentos que apresentavam maior
umidade ou mesmo naqueles colhidos com taxa de umidade considerada alta
para armazenagem com maior incidência no tratamento 10 (R8.1 sem secagem).
Tomé (2005) cita que este microrganismo se trata de um fungo saprófito que se
alimenta de substâncias orgânicas normalmente provenientes de matéria orgânica
em decomposição. Diante disto e pelo fato de a semente estar com alta umidade, o
grau de respiração das mesmas se encontrava elevado, favorecendo a degradação
das suas biomoléculas (reservas), propiciando condições favoráveis ao patógeno.
No quesito germinação das sementes nos diferentes estádios fenológicos,
pode-se constatar que houve variações entre os tratamentos não secos e submetidos
à secagem bem com dentre os estádios fenológicos (Tabela 2). MARCOS FILHO
(2015) cita que a secagem de sementes não é um processo simples e que se faz
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
107
necessário conhecer o mecanismo de perda de água desta, visando evitar que
durante este processo ocorram alterações nos teores de carboidratos, proteínas e
lipídios influenciando negativamente na germinação e vigor.
Tabela 2. Percentual de germinação (%) das sementes de soja colhidas em diferentes estádios
fenológicos.
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferenças significativas pelo teste de Tukey 5%.
FRAGA et al. (1981), no qual avaliaram as características de peso da matéria
seca, teor de umidade, tamanho, germinação e vigor das sementes, relatam que
sementes colhidas no estádio R5, R6 e R7, possuem uma qualidade fisiológica
inferior às sementes colhidas em R8, apresentando variação em função do ambiente.
Neste trabalho, observou-se que o estádio R8.2 mostrou elevado percentual de
germinação, em ambas as condições, condizendo com o trabalho de FRAGA et al.
(1981). WILCOX (1974) citam, inclusive, que ao se ultrapassar o estádio R8 a semente
tem sua vulnerabilidade aumentada. Em relação à velocidade média de germinação
houve pequena variação, onde as sementes dos tratamentos com umidade em torno
de 12% germinaram sensivelmente mais rápido que os demais.
Para a avaliação de vigor em casa de vegetação, os dados obtidos estão
ilustrados na Tabela 3. O tratamento 11 (R8.2 sem secagem) foi aquele em que
as plantas germinaram mais rapidamente e com maior uniformidade, apresentando
ainda quantidade elevada de plantas normais quando comparado aos demais
tratamentos. DELOUCHE (1976) cita que sementes vigorosas são menos afetadas
na sua capacidade de produzir plântulas normais e apresentam germinação mais
elevada, mesmo após serem submetidas ao envelhecimento acelerado.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
108
Tabela 3. Resultados de plantas emergidas na primeira contagem (PC), massa verde (MVA)
e seca da parte aérea (MAS), plantas normais (PN), anormais (PA) e mortas (PM) obtidos em
cada de vegetação.
*Letras diferentes da mesma coluna indicam diferenças significativas pelo teste de Tukey 5%.
A Tabela 3 permite ainda visualizar que se comparado as sementes que sofreram
secagem àquelas que não passaram por este processo, estas últimas (tratamentos
7 e 8, principalmente) apresentaram média de desempenho mais favoráveis quando
se analisa a massa de plantas. HAMPTON & TEKRONY (1995) trazem que o vigor de
sementes é um índice do grau de deterioração fisiológica e/ou integridade mecânica
de um lote de sementes de alta germinação, representando sua ampla habilidade de
estabelecimento no ambiente. Na AOSA (1983) se diz ainda que para a interpretação
do vigor do lote não se considera apenas os resultados do comprimento da plântula
(média) ou parte, mas também os valores da germinação (%), pois alguns lotes
podem apresentar germinação menor produzindo plântulas com maior tamanho
médio, oque não é uma qualidade buscada por quem adquire sementes para plantio.
Por fim, os tratamentos 1 e 6, que apresentaram menores índices de germinação
e vigor, também apresentaram elevada incidência de Penicillium e Phomopsis,
confirmando assim a correlação existente entre a presença desses microrganismos
e a perda de germinação.
4 | CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos neste trabalho pode-se concluir que a colheita
das sementes em soja com diferentes pontos de maturação interfere na qualidade
fisiológica das sementes, seja pela maturidade da semente seja pela quantidade de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
109
água no grão. Os estádios com melhores atributos, ou seja, percentual de germinação,
massa verde e seca e quantidade de plântulas normais foram os estádios R8.2 e
R7.1 sem secagem. Entretanto, os tratamentos com maiores teores de umidade
apresentaram maior incidência de microrganismos, os quais, durante o processo
de armazenagem, podem comprometer a qualidade das sementes, causando sua
deterioração.
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
110
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 12
111
CAPÍTULO 13
doi
REAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA À Curtobacterium
flaccumfaciens PV. flaccumfaciens
Data de aceite: 11/03/2020
Jacqueline Dalbelo Puia
Universidade Estadual de Londrina, Rodovia
Celso Garcia Cid, PR-445, km 380, Campus
Universitário, Londrina, Paraná, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-6160-548X
Adriano Thibes Hoshino
Universidade Estadual de Londrina, Rodovia
Celso Garcia Cid, PR-445, km 380, Campus
Universitário, Londrina, Paraná, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-2844-6541
Rafaela Rodrigues Murari
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Área de
Proteção de Plantas, Londrina-PR.
http://lattes.cnpq.br/2205802397286657
Leandro Camargo Borsato
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Área de
Proteção de Plantas, Londrina-PR.
http://lattes.cnpq.br/2080684208292018
Marcelo Giovanetti Canteri
Universidade Estadual de Londrina, Rodovia
Celso Garcia Cid, PR-445, km 380, Campus
Universitário, Londrina, Paraná, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-6625-5909
Sandra Cristina Vigo
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Área de
Proteção de Plantas, Londrina-PR.
http://lattes.cnpq.br/7944592776771887
RESUMO: Curtobacterium flaccumfaciens pv.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
flaccumfaciens (Cff), é uma bactéria grampositiva, vascular, que causa doenças em
diversas plantas cultivadas, e na cultura da soja
ocasiona a mancha bacteriana marrom. Esta
doença vem apresentando grande importância,
sendo detectada em soja em diversos países,
podendo se tornar um problema a longo prazo.
A busca por cultivares resistentes é de extrema
importância no manejo da doença, uma vez
que outros métodos de controle são pouco
eficientes. Este estudo teve como objetivo
determinar a reação de 17 cultivares de soja
à inoculação de Cff. O trabalho foi conduzido
durante o mês de março de 2017, em casa
de vegetação nas dependências do Instituto
Agronômico do Paraná, Londrina-PR. As
cultivares de soja avaliadas foram: 6968 RSF
IPRO, NS 6828 IPRO, Solar, SYN 13671 IPRO,
NS 6823 RR, NA 5909 RG, TEC 6702 IPRO,
BS 2606 IPRO, TMG 7062 IPRO, SYN 1163
RR, NS 6700 IPRO, TMG 7262 RR, 61159 RSF
IPRO, 63 I 64 RSF IPRO, BMX Potência RR,
TMG 7063 IPRO, BMX Apolo RR. A inoculação
ocorreu na haste das plantas, pela inserção de
palitos mergulhados em suspensão bacteriana
(1 x 108 UFC mL-1) de isolado obtido em soja
(Cff4). Avaliou-se a severidade semanalmente,
por um período de 21 dias a partir do décimo
dia após a inoculação, por meio de escala de
notas (0 a 3), de acordo com tipo de sintoma
desenvolvido. Após as avaliações foi obtida a
Capítulo 13
112
área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) para os diferentes cultivares,
que foram comparados entre si pela análise de variância seguido do teste de ScottKnott (α=5%). Foram observados três níveis de suscetibilidade das cultivares a partir
da AACPD, sendo os maiores níveis obtidos nas cultivares 61159 RSF IPRO e BS 2606
IPRO (0,602 e 0,531 respectivamente). Enquanto os menores níveis de suscetibilidade
foram verificados para as cultivares TEC 6702 IPRO, SYN 1163 RR, BMX Apolo RR,
TMG 7062 IPRO, NS 6828 IPRO, TMG 7262 RR, NS 6700 IPRO, BMX Potência
IPRO (0,051 a 0,098). As demais cultivares apresentaram níveis intermediários de
resistência (0,310 a 0,417). Estes resultados indicam que a maioria das cultivares
avaliadas apresentam elevados níveis de resistência à Curtobacterium flaccumfaciens
pv. flaccumfaciens, sobretudo por se tratar de um isolado bacteriano proveniente da
soja e que apenas 3% das plantas apresentaram sintomas severos da doença.
PALAVRAS-CHAVE: Glycine max; Mancha bacteriana marrom; Resistência;
Severidade
REACTIONS OF SOYBEAN CULTIVARS TO CURTOBACTERIUM
FLACCUMFACIENS PV. FLACCUMFACIENS
ABSTRACT: Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens (Cff), is a grampositive, vascular bacterium that causes disease in many cultivated plants, and
in soybean culture causes brown bacterial spot. This disease has been of great
importance, being detected in soybeans in several countries and can become a
long term problem. The search for resistant cultivars is extremely important in the
management of the disease, since other control methods are inefficient. This study
aimed to determine the reaction of 17 soybean cultivars to Cff inoculation. The work
was conducted during the month of March 2017, in a greenhouse on the premises of
the Paraná Agronomic Institute, Londrina-PR. The evaluated soybean cultivars were:
6968 RSF IPRO, NS 6828 IPRO, Solar, SYN 13671 IPRO, NS 6823 RR, NA 5909 RG,
TEC 6702 IPRO, TM 2670 IPRO, SYN 1163 RR, NS 6700 IPRO, TMG 7262 RR, 61159
RSF IPRO, 63 I 64 RSF IPRO, BMX Power RR, TMG 7063 IPRO, BMX Apollo RR.
Inoculation occurred on the stem of the plants by inserting sticks dipped in bacterial
suspension (1 x 108 CFU mL-1) of soybean isolate (Cff4). Severity was evaluated
weekly for a period of 21 days from the tenth day after inoculation, using a scale of
scores (0 to 3), according to the type of symptom developed. After the evaluations,
the area under the disease progress curve (AACPD) was obtained for the different
cultivars, which were compared to each other by analysis of variance followed by the
Scott-Knott test (α = 5%). Three susceptibility levels of the cultivars from AACPD were
observed, being the highest levels obtained in the cultivars 61159 RSF IPRO and
BS 2606 IPRO (0.602 and 0.531 respectively). While the lowest susceptibility levels
were verified for the TEC 6702 IPRO, SYN 1163 RR, BMX Apollo RR, TMG 7062
IPRO, NS 6828 IPRO, TMG 7262 RR, NS 6700 IPRO, BMX Power IPRO (0.051 to
0.098) cultivars. The other cultivars presented intermediate resistance levels (0.310
to 0.417). These results indicate that most evaluated cultivars present high levels of
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 13
113
resistance to Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens, mainly because it is
a bacterial isolate from soybean and only 3% of the plants showed severe symptoms
of the disease.
KEYWORDS: Glycine max; Brown bacterial stain; Resistance; Severity
1 | INTRODUÇÃO
A soja (Glycine max L.), também pertencente à família Fabaceae, desde 1970
é principal cultura do agronegócio brasileiro. A cultura tornou-se a mais expressiva
economicamente no país, tanto pelo aumento da área cultivada quanto pelas novas
tecnologias disponibilizadas aos produtores. Seu cultivo é realizado nas regiões Sul,
Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Entretanto, existem diversos
fatores que comprometem a produção da soja, sendo que perdas significativas
ocorrem por doenças.
As doenças podem ter várias origens, entre elas fúngicas, bacterianas e 1viróticas.
Embora as perdas significativas de produção por ocorrência de Curtobacterium
flaccumfaciens pv. flaccumfaciens afetassem a cultura do feijão, a soja, cultura de
grande importância econômica para o Brasil, mostrou-se um hospedeiro em potencial
com a inoculação de plantas com o patógeno (BEHLAU; LEITE JR., 2002).
Na Alemanha plantas de soja com manchas amareladas seguida de necrose
foram submetidas ao teste de coloração de Gram (Gram-positivas), teste de
patogenicidade, por meio dos postulados de Koch, e identificação por sequenciamento
de DNA, comprovando ser mancha marrom (SAMMER; REIHER, 2012).
Na safra 2011/12, houve o primeiro relato de ocorrência natural de Curtobacterium
flaccumfaciens pv. flaccumfaciens em lavouras brasileiras, causando mancha
bacteriana marrom em plantas de soja no estado do Paraná (SOARES et al., 2013).
Os sintomas em soja são desenvolvimento de lesões cloróticas que após
secarem no centro, adquirem coloração bege, evoluindo para lesões necróticas
(SOARES; BRACALE, 2014). No caso de infecção precoce, ocorre a morte de
plântulas. Em plantas mais velhas, a resistência ao ataque do patógeno é maior,
porém o crescimento e a produtividade são afetados, raramente ocorrem sintomas
de murcha em soja, o que não significa que esse sintoma não possa ser observado
nas plantas (HENNING et al., 2014). O presente trabalho teve por objetivo determinar
a reação de 17 cultivares de soja à inoculação de um isolado Cff4.
1
2
Universidade Estadual de Londrina-UEL, PR, Brasil;
Instituto Agronômico do Paraná-IAPAR, PR, Brasil. E-mail: jack_puia@hotmail.com
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 13
114
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Instituto Agronômico
do Paraná (IAPAR), Londrina. As sementes das cultivares: 6968 RSF IPRO, NS
6828 IPRO, Solar, SYN 13671 IPRO, NS 6823 RR, NA 5909 RG, TEC 6702 IPRO,
BS 2606 IPRO, TMG 7062 IPRO, SYN 1163 RR, NS 6700 IPRO, TMG 7262 RR,
61159 RSF IPRO, 63 I 64 RSF IPRO, BMX Potência RR, TMG 7063 IPRO, BMX
Apolo RR., foram germinadas em papel “Germ test” até a emissão da radícula. Estas
plântulas foram transplantadas para vasos de 3 L de capacidade contendo substrato
constituído de um terço de areia, um terço de solo e um terço de esterco de curral
curtido.
Preparou-se uma solução com o isolado em nutriente líquido, over night, sobre
agitação. A leitura de absorbância foi realizada após 24 horas, com a padronização
do inoculo já estabelecida mediante a curva de crescimento, relacionando-se
absorbância (D.O. 0,2) a 600 nm e UFC mL-1 para Cff. A concentração da suspensão
bacteriana do isolado obtida foi de 108 UFC mL-1. Em seguida adicionou palitos
autoclavados à suspensão bacteriana e agitou-se por 30 min.
Em cada vaso foram mantidas quatro plantas que foram inoculadas com o
isolado bacteriano de Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens Cff4. A
inoculação foi realizada pela inserção de palito na haste das plantas logo abaixo do
par de folhas primárias aos 14 dias após a emergência das plantas. O delineamento
experimental foi de blocos casualizados com cinco repetições.
As avaliações foram realizadas semanalmente, por um período de 21 dias
a partir da data de inoculação nas plantas, avaliando a severidade da doença,
utilizando a escala de notas de 0 a 3, descritas por LEITE JR et al., (2001). Após as
avaliações foi obtida a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) para
os diferentes cultivares, que foram comparados entre si pela análise de variância
seguido do teste de Scott-Knott α=5% (CANTERI et al., 2001).
3 | RESULTADOS
Foi possível detectar a diferença de suscetibilidade das cultivares de soja,
conforme ilustra a Figura 1. Foram observados três níveis de resistência das cultivares
a partir da AACPD, sendo os maiores níveis de suscetibilidade obtidos nas cultivares
61159 RSF IPRO e BS 2606 IPRO (0,602 e 0,531 respectivamente). Enquanto os
menores níveis de suscetibilidade foram verificados para as cultivares TEC 6702
IPRO, SYN 1163 RR, BMX Apolo RR, TMG 7062 IPRO, NS 6828 IPRO, TMG 7262
RR, NS 6700 IPRO, BMX Potência IPRO, variando entre 0,051 a 0,098. As demais
cultivares de soja avaliadas apresentaram níveis intermediários de resistência a
murcha de curtobacterium, sendo 6968 ESF IPRO, NS 6700 IPRO, NA 5909 RG,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 13
115
63I64 RSF IPRO, SOLAR, SYN 13671 IPRO e TMG 7063 IPRO, (0,310 a 0,417).
Figura 1- Reação de 17 cultivares comerciais de soja, inoculadas com isolado de
Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens (Cff4), sob condições de casa de vegetação.
4 | CONCLUSÕES
Estes resultados indicam que a maioria das cultivares avaliadas apresentam
níveis de resistência à Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens, sobretudo
por se tratar de um isolado bacteriano proveniente da soja e que apenas 3% das
plantas apresentaram sintomas severos da doença. As cultivares comerciais
de soja com maior nível de suscetibilidade a Curtobacterium flaccumfaciens pv.
flaccumfaciens foram 61159 RSF IPRO e BS 2606 IPRO.
REFERÊNCIAS
BEHLAU, F.; LEITE JÚNIOR, R. P. Ocorrência de agente causal da murcha bacteriana em feijoeiro e
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 13
116
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Londrina: Sociedade Brasileira de Fitopatologia. CD-ROM, 2014.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 13
117
CAPÍTULO 14
doi
SISTEMAS DE CULTIVOS NA PRODUTIVIDADE DA SOJA
NO CERRADO BRASILEIRO
ID Lattes: 1712312257717965
Data de aceite: 11/03/2020
Renato Ribeiro Passos
Elias Nascentes Borges
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 8591184572732323
Risely Ferraz-Almeida
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 8591184572732323
Mariana Velasque Borges
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 6810892535350030
Fernanda Martins
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 6428064112182072
Everton Martins Arruda
ID Lattes: 8301570938012649
Cinara Xavier de Almeida
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 8464123724375244
Ricardo Falqueto Jorge
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 6308507328966762
Ivone de Sousa Nascentes Morgado
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 3882320619443256
RESUMO: Sistemas de cultivos que promovem
o menor revolvimento do solo tem como
objetivo o aumento do acumulo de matéria
orgânica no solo e a melhoria das qualidades
físicas e químicas do solo. Alguns sistemas têm
sido avaliados como: sistema de plantio direto,
sistema de cultivo mínimo, e sistema integração
lavoura pecuária. Diante do exposto, o objetivo
deste trabalho é responder o questionamento
referente: Qual a influência dos sistemas de
preparo do solo na produtividade de soja no
Cerrado brasileiro. Um estudo com cultivo de soja
foi realizado na região de Uberlândia, Cerrado,
testando a aplicação de gesso e calcário com
cultivo convencional, mínimo e plantio direto.
Produtividade da soja, disponibilidade de
nutrientes na planta e características fitotecnias
das plantas foram monitoradas. Os resultados
mostraram que o sistema de preparo do solo e
a aplicação do corretivo associado ou não ao
gesso agrícola exerceram efeito significativo
sobre o rendimento de grãos da soja. A altura
das plantas de soja, avaliada aos 65 dias após
a germinação, mostrou ser uma boa indicadora
não só do desenvolvimento da planta, bem
Capítulo 14
118
como da capacidade de produzir grãos. Mais estudos que demonstrem o efeito da
nodulação e o preparo do solo na produtividade da soja precisam ser elaborados.
PALAVRAS-CHAVE: calagem, gesso, Sistema de plantio direto
INTRODUÇÃO
O uso de sistema de produção de soja com o uso continuo de grades de
disco, em várias operações anuais, inclusive logo após a colheita tem ocasionado
alterações na estrutura do solo com formação de camada compactada na superfície.
Sistemas de cultivos que promovem o menor revolvimento do solo tem como objetivo
o aumento do acumulo de matéria orgânica no solo e a melhoria das qualidades
físicas e químicas do solo.
No Brasil, o sistema de plantio direto é uma técnica consolidada no Cerrado
com cerca de 10,7 milhões de hectares em uma área agrícola total de 65 milhões
de hectares (Camargo et al. 2016). Considerando esses valores, o Brasil possui
aproximadamente 16% das terras cultiváveis no sistema de plantio direto, com
alta possibilidade de aumentar as áreas de plantio direto, principalmente em áreas
degradadas. Geralmente, solos manejados em sistemas de plantios que aumentam
a quantidade/preservam a matéria orgânica ocorrem uma diminuição da erosão do
solo, e aumento da taxa de infiltração de água e espaço poroso do solo (EMBRAPA
2000; 2001).
O manejo do solo consiste em um conjunto de técnicas realizadas com objetivos
de propiciar condições favoráveis à semeadura, ao desenvolvimento e a produção
das plantas cultivadas (BAYER and BERTOL, 2009). Para que esse objetivo seja
atingido, é imprescindível a pesquisa e a adoção de diversas práticas na produção
agrícola.
A acidez do solo é um dos fatores que mais limita a produtividade das culturas
em várias partes do mundo (SKIPPER; SMITH, 1979; FOY, 1984), particularmente
no cerrado Brasileiro (LOPES, 1984). Nestes solos, geralmente ácidos, existem
problemas de deficiência nutricional, baixa capacidade de retenção de água e baixa
atividade dos microrganismos que desencadeia baixa produtividade em condições
naturais (LOPES, 1984, FAGERIA & STONE, 1999; SILVEIRA et al., 2000). Para
incorporação desses solos ao processo produtivo é indispensável o uso adequado
de corretivos agrícolas, associados a um plano de adubação bem definido.
O uso da calagem no solo promove a elevação do pH e a saturação por bases
do solo, com o fornecimento de cálcio (Ca+2) e magnésio (Mg+2). A elevação do pH
tem influência direta na redução da toxidez de alúminio (Al+3) e disponibilidade de
nutrientes no solo (MIRANDA; MIRANDA, 2000). O uso do gesso no solo também
é uma alternativa para diminui a saturação de Al+3 nas camadas inferiores do solo,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
119
além de contribuir o para fornecimento de Ca+2 e S (enxofre) e promover a melhoria
das propriedades físicas do solo (ALVARENGA et al., 1998).
Muitos pesquisadores vêm realizando trabalhos com o objetivo de encontrar
sistemas de manejos, principalmente para as condições de solos ácidos e de baixa
fertilidade como os de cerrado, com o objetivo de maior sustentabilidade do sistema
produtivo, utilização de áreas degradadas, e obtenção de altas produtividades das
culturas (BARUQUI; FERNANDES, 1985; PEREIRA; MACHADO, 1987; BATAGLIA;
DECHEN; SANTOS, 1992; BAYER; BERTOL, 1999).
Alguns sistemas têm sido avaliados como: sistema de plantio direto, sistema
de cultivo mínimo, e sistema integração lavoura pecuária. Diante do exposto, o
objetivo deste trabalho é responder o questionamente referente: Qual a influência
dos sistemas de preparo do solo na produtividade de soja no Cerrado brasileiro?
MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização da área em estudo
O ensaio com os sistemas de cultuvo de soja foram instalados na Fazenda
Experimental do Glória, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG,
Triângulo Mineiro, Minas Gerais, Brasil. A região do Triângulo Mineiro apresenta
altitude média de 830 metros e um clima predominante do tipo Aw, de acordo a
classificação de Köppen, tendo como caracteristica um verão tropical chuvoso com
inverno seco (ANTUNES, 1986).
Para a caracterização dos sistemas estabeleceu 7 diferentes condições de
preparo do solo, com 4 repetições, no delineamento de blocos casusalizados (DBC),
considerando dois tratamentos testemunha: solo sem preparo com a aplicação
de cálcario na superfície (T+C); e aplicação de calcário mais gesso também na
superfície (T+C+G). Adicionais tratamentos com cultivos convencionais e cultivos
mínimos também foram testados com aplicação de calcário, e com aplicação de
calcário e gesso. Os cultivos convencionais testados foram com calcário (CC+C),
cultivo convencional com calcário e gesso (CC+C+G), cultivo mínimo com calcário
(CM+C), cultivo mínimo com calcário e gesso (CM+C+G), e manejo de plantio direto
com a aplicação de gesso mais calcário (PD+C+G), Tabela 1.
Manejos
Sistema de Manejo
T+C
Sem Manejo de Preparo do Solo com calcário aplicado na superfície (sem incorporação).
T+C+G
Sem Manejo de Preparo do Solo, com calcário+gesso agrícola aplicados na superfície
(sem incorporação).
CC+C
Cultivo Convencional, com calcário incorporado com grade pesada
CC+G+C
Cultivo Convencional, com calcário + gesso agrícola incorporado com grade pesada.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
120
CM+C
Cultivo Mínimo, com calcário parcialmente incorporado com o arado escarificador.
CM+C+G
Cultivo Mínimo com calcário+gesso agrícola parcialmente incorporados com arado
escarificador.
PD+C+G
Plantio Direto com calcário+gesso agrícola incorporado com grade na aplicação.
Tabela 1. Descrição dos sistemas de manejo com cultivo de soja localizados na Fazenda
Experimental do Glória, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG.
Caracterização do solo
O solo da área foi classificado como um LATOSSOLO VERMELHO Distrófico
típico de acordo a Classificação Brasileira De Solos (EMBRAPA, 2012), com uma
textura argilosa e valores médio de areia, silte e argila, respectivamente, de 420;
30 e 550 g kg-1 (Tabela 2). Estudos com manejo do solo também foram realizados
por GOMES et al. (2004) em solos de textura argilosa no Cerrado. Previamente
ao manejo do solo, foi realizado uma caracterização química do solo de acordo as
metodologias recomendadas por Tedesco et al. (1995), Tabela 2.
pH1
P
K+
Ca+2
mg dm–3
5.2
1.0
Mg+2
Al+3
H+Al
Areia
cmolc dm–3
31.0
0.2
0.1
0.6
Silte
Argila
g kg-1
4.0
550
30
420
Tabela 2. Caracterização de um Latossolo Vermelho Distrófico na camada de 0.0-0.2m antes
da implantação dos sistemas de manejos do solo, região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais/
Brasil.
Na tabela: O pH foi análisado em água (H2O). Para a determinação da análise granulométrica utilizou o método
da pipeta proposto pela Embrapa (1997). Os valores de cálcio, magnésio, potássio, alumínio, hidrogênio mais
alumínio, potássio e fósforo estão representados na tabela, respectivamente, por Ca+2, Mg+2, K+, Al+3 H+Al, K+ e P.
Histórico da área e implantação dos Manejos do solo
Inicialmente, demarcou os blocos em parcelas experimentais de 275 m2
(Altura: 11.0 m; e comprimento: 25.0 m), e uma área útil de 184 m2 (altura: 8.0 m; e
comprimento: 25.0 m). Após a demarcação das áreas estabeleceu uma sucessão
de culturas: milho (Zea mays) e soja (Glycine max), tendo como cultura de inverno
a braquiária (Brachiaria decumbens cv Basilisck) em todos os blocos. A sequência
de culturas propostas visa integrar uma área de pastagem degradada, formada com
Brachiaria sp ao sistema lavoura-pecuária, tendo como objetivos a diversificação do
sistema de produção e a recuperação da pastagem degradada.
Antes da semeadura da soja, realizou a coleta de solo para a devida aplicação
das doses de cálcario e gesso no solo. Para os manejos da testemunha (Sem Manejo
de Preparo do solo) e o cultivo mínimo do solo realizou as coletas do solo na camada
de 0.0-0.1 m nos blocos previamente delimitados. No entanto, para os manejos de
cultivo convencional e plantio direto realizou a coleta do solo na camada 0.0-0.2m
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
121
(Tabela 3). Todas as coletas foram realizadas com quatro repetições por bloco.
Manejos do solo1
T+C
T+C+G
CM+C
CM+C+G
CC+C
Camada 0.0-0.1 m
CC+C+G
PD+C+G
Camada 0.0-0.2 m
pH (H2O)
5,29
5,23
5,19
5,36
5,73
5,72
5,5
Ca+2 (cmolc dm-3)
0,67
0,50
0,44
0,70
0,84
1,05
1,00
Mg (cmolc dm-3)
0,50
0,27
0,38
0,38
0,70
0,68
0,62
K+ (mg kg-1)
38
31
35
31
34
30
26
P (mg kg-1)
6,09
4,92
7,74
5,79
5,76
2,71
3,72
Al+3 (cmolc dm-3)
0,33
0,37
0,41
0,29
0,11
0,08
0,10
H+Al (cmolc dm )
4,81
4,44
4,85
4,20
3,23
2,91
3,33
V (%)
20,96
15,98
15,94
21,72
31,10
37,84
33,62
-3
Tabela 3. Caracterização química de um Latossolo Vermelho Distrófico nas camadas de 0.0-0.1
e 0.0-0.2m antes da implantação dos sistemas de manejos, região do Triângulo Mineiro, Minas
Gerais/Brasil.
T+C: Testemunha: Sem manejo de Preparo do Solo com calcário aplicado na superfície; T+C+G: Sem manejo de
Preparo do Solo, com calcário + gesso agrícola; CM+C: Cultivo Mínimo, com calcário parcialmente incorporado;
CM+C+G: Cultivo Mínimo com calcário + gesso agrícola; CC+C: Cultivo Convencional, com calcário incorporado;
CC+G+C: Cultivo Convencional, com calcário + gesso agrícola incorporado; e PD+C+G: Plantio Direto com
calcário + gesso agrícola.
A dose de calcário aplicada utilizou o valor mínimo 50% da saturação por
bases (V=50%) nas parcelas em todos os sistemas de manejo. Utilizou-se para tal,
o calcário dolomítico com 84% de poder relativo de neutralização total (PRNT). As
recomendações das doses de calcário foram recomendadas de acordo a Comissão
de Fertilidade do solo de estade de Minas Gerais (CFSEMG, 1999). Nos manejos com
tratamento testemunha (Ausência de preparo) e cultivo mínimo, a dose de calcário
recomendada foi fracionada, aplicando-se 50% da dose recomendada. Esse método
foi utilizado devida a ausência da incorporação mecânica e correção da camada
superficial do solo (0.0-0.1m). Nos demais manejos teve-se a aplicação de 100% da
dose recomendada para a correçao da camada de 0.0-0.2 m do solo.
A aplicação do gesso também seguiu as recomendações preconizadas pela
Comissão de Fertilidade do solo de estade de Minas Gerais (CFSEMG, 1999). Nos
manejos com cultivo convencional e plantio direto teve a recomendação de 0.93 Mg
ha-1 de gesso, correspondendo a aplicação de 25.52 kg parcela-1 que foi incoporada
na camada de 0.0-0.2 m. Para o tratamento testemunha e manejo mínimo a dose
aplicada correspondeu a 0.46 t ha-1 de gesso, correspondendo a aplicação de 12.76
kg parcela-1 que foi incoporada na camada superfícial de 0.0-0.1 m.
Cultivo da soja após a instalação dos Manejos do solo
A semeadura da soja (cultivar: MSOY 8001) foi realizada após 120 dias da
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
122
aplicação do calcário e do gesso no solo. Utilizou no plantio uma plantadeira de
plantio direto SHM 17, com espaçamento entre linhas de 0,45 m e 18 plantas por
metro linear para a soja (stand final de 400 mil plantas ha-1).
Previamente ao plantio foi realizado a adubação do solo na linha de semeadura
com a dose de 400 kg ha-1 do formulado 0-30-15, a qual corresponde à aplicação de
0 de nitrogênio, 120 kg P2O5 ha-1, e 59 kg K2O ha-1, respectivamente. As sementes
foram tratadas previamente com fungicida, cobalto, molibdênio e inoculante turfoso
em pó na dose segundo recomendações técnicas da Embrapa (2001).
Após 40 dias do plantio da soja, uma adubação de cobertura da soja foi realizada
com cloreto de potássio (KCl) na dose de 60 kg K2O ha-1. Os manejos com o cultivo
de soja segui todos as recomendações do cultivo de soja para o Brasil (Embrapa,
2000).
Variáveis analisadas
As primeiras variáveis analisadas foram realizadas quando as plantas de soja
apresentavam 50% do florescimento no campo, correspondendo precisamente a 65
dias após a germinação. Nesse periódo realizou a coleta das amostras de folhas de
soja tendo como critério a utilização da terceira folha da planta com pecíolo a partir
do ápice. Por unidade experimental teve-se a coleta de 20 folhas nessa posição.
Essa coleta seguiu os procedimentos recomendados por Malavolta (2007)
Em laboratório as folhas foram secas em estufa à 65°C e posteriormente
trituradas em moinho do tipo Wiley para análise dos nutrientes em laboratório.
Posteriormente, realizou a determinação dos teores de cálcio, magnésio, enxofre,
fósforo e potássio. A determinação do valor desses nutrientes foi realizada de acordo
as recomendações para análise de folhas preconizadas por Tedesco et al. (1995).
Nesse mesmo periódo, após 65 dias da germinação, realizou-se a mediação
das alturas das plantas de soja e inserção da primeira vagem. Para tal, utilizou uma
fita métrica com a medida de 20 plantas por unidade experimental. Nós também
realizamos a coleta de 12 plantas por unidade experimental para a determinação
das variáveis: massa seca da parte área, massa seca dos nódulos e massa seca das
raízes das plantas de soja. Além destes, também foi mesnurado a produtividade das
plantas de soja em cada unidade experimental.
Análise estatística
Para o melhor entendimento do banco de dados adquirido, incialmente a
variabilidade das variáveis foram estudadas utilizando a estatística descritiva.
Posteriormente, realizou os testes das pressuposições da normalidade dos resíduos
(Teste de Shapiro-Wilk, SPSS Inc., USA) e homogeneidade das variâncias (Teste
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
123
Bartlett, SPSS Inc., USA). Os dados foram submetidos ao teste F (Análise de
Variância; ANAVA), com 5% de probabilidade (Sisvar Inc., Brasil). Um teste de
correlação linear (Correlação de Pearson) foi utilizado com o objetivo de avaliar a
relação entre a produção de grãos e as características agronômicas da cultura da
soja.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Disponibilidade de nutrientes na folha
Os sistemas de manejos com aplicação de calcário, e calcário + gesso alterou
a disponibilidade das bases catiônicas nas folhas de soja (Ca+2, Mg+2 e K+), Figura
1. Caires et al. (2004) trabalhando com plantas de milho com diferentes doses de
calcário verificou um acrescímo significativos nos teores de Mg+2, principalmente
quando o calcário foi aplicado de forma parcelada na superfície ou incorporado
no solo. No entanto, os autores não verificaram alterações nos teores foliares de
P, K+, Ca+2 e S. Em outro estudo elaborado por Caires et al. (2003) trabalhando
com a cultura de soja em uso de calcário e gesso, os autores verificaram ausência
significativa na disponibilidade de nutrientes nas folhas.
A disponibilidade dos nutrientes nas folhas em nosso estudo manteve em
níveis considerados médio-baixo para a cultura, de acordo com Malavolta (1997),
respectivamente variando entre 2.6 e 2.6; 18.1 e 17.1; 7.2 e 8.4; 2.7 e 2.8; e 1.4 e
1.5 para o P, K+, Ca+2, Mg+2 e S (Figura 1). Com a adição de calcário e gesso houver
um acréscimo médio de 14 e 4% na disponibilidade de Ca+2 e Mg+2 nas folhas da
soja. No entanto, em sentindo oposto, para o K+, o acréscimo foi verificado no solo
sem adição de gesso, pois quando adicionado apenas o calcário no solo ocorre
um acrescímo de 5% (Figura 1). Possivelmente, a disponibilidade do K apresentou
esse comportamento porque a presença do gesso contribuiu para que uma fração
do potássio trocável do solo tenha deslocado para fora da região de absorção das
raízes. Dentro desse contexto, diversos pesquisadores descrevam a grande facilidade
com que o gesso pode formar o pareamento iônico com o potássio e outras bases
presentes no solo e movimentar em profundidade (Borges, 1995).
As perdas de nutrientes através do pareamento iônico podem ocorrer com cálcio
e magnésio, através da movimentação para fora da zona de absorção radicular,
quando se aplicava doses mais elevadas de gesso junto ao calcário. Assim, a maior
disponibilidade de potássio trocável do solo e na planta quando se aplicou somente
calcário favoreceu a absorção deste nutriente pela soja proporcionando maiores
teores foliar (Soprano, 1986). Rosolem e Marcello (1998), estudando a nutrição
mineral da soja em função da calagem e adubação fosfatada, observaram através
da analise foliar que os teores de P e K não foram afetados pela calagem, mas o K
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
124
na parte foi diminuído na maior e na menor saturação por bases, quando foi aplicada
a maior dose de P. O teor de Cálcio foi aumentado pela calagem, mas diminuiu com
as maiores doses de P.
Figura 1. Disponibilidade de cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), enxofre (S) e potássio (P)
em folhas de soja (g kg-1) com adição de calcário e gesso no solo. Controle (T), cultivo mínimo
(CM), cultivo convencional (CC), e plantio direto (PD). Letras maiúsculas comparam o uso de
calcário isolado ou calcário com gesso (Teste Tukey; 5%).
Nos sistemas com PD e CC as disponibilidade de Ca+2 e Mg+2 apresentaram
comportamentos semelhantes. A disponibilidade do K+ apresentou um comportamento
oposto, o PD e CC apresentaram as menores médias de K+ nas folhas de soja com
médias, respectivamente, de 17.0 e 16.4 g Kg-1. As disponibilidades de S e P não
sofreram influência significativa nos sistemas testados (Figura 1; Tabela 4).
S (g kg-1)
P (g kg-1)
C
C+G
C
C+G
AP
2,59
2,61
1,41
1,55
CC
2,68
2,72
1,46
1,49
CM
2,65
2,44
1,48
1,39
PD
-
2,65
-
1,56
Sistema de Preparo (1)
Tabela 4. Disponibilidade de enxofre (S) e fosfóro (P) nas folhas de soja em solo com adição
de calcário (C) e calcário+Gesso (C+G) em sistemas de manejos com testemunha (T), cultivo
convencional (CC), cultivo mínimo (CM) e plantio direto (PD).
1
A disponibilidade de S e P nas folhas de soja não apresentaram distinção entre o uso de calcário e gesso e os
manejos do solo de acordo o Tukey ao nível de 5%.
Características das plantas de soja
A utilização de calcário proporcionou valores superiores de produção de
matéria seca da parte aérea e de raízes, com acréscimos de 24 e 17% em relação
ao tratamento com a utilização de calcário + gesso. Enquanto, a quantidade de
nodulos não apresentou alterações em relações o uso do calcário isolado ou com o
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
125
gesso (Figura 2).
Figura 2. Parte área, das raízes e nódulos de plantas de soja (g kg-1) com adição de calcário
e gesso no solo. Controle (T), cultivo mínimo (CM), cultivo convencional (CC), e plantio direto
(PD). Letras maiúsculas comparam o uso de calcário isolado ou calcário com gesso (Teste
Tukey; 5%).
O controle proporcionou a menor massa seca de parte área e da raiz.
Enquanto, os manejos do cultivo convencional apresentaram maiores médias e com
um acréscimo, respectivamente de 55 e 49%. Para o crescimento e nodulação das
plantas de soja, o controle e o cultivo mínimo apresentaram a maior quantidade
de nódulos com médias, respectivas, de 112.0 e 89.0 g kg-1 (Figura 2). Portanto, a
ausência do revolvimento do solo ou o mínimo possível no revolvimento contribui
para a maior nodulações de plantas de soja. Voss e Sidiras (1985) trabalhando em
experimentos em Londrina e Carambeí - PR constataram, no entanto, que no sistema
plantio direto houve favorecimento à nodulação das raízes de soja, em comparação
com plantio em sistema convencional. Fontaneli et al. (2000), também estudando
produtividade e nodulação observaram que após cinco anos de cultivo de diferentes
rotações com soja, que na média dos anos não houve diferenças significativas entre
o tipo de cultura antecessora e o rendimento de grãos de soja. Observaram ainda
que no sistema de plantio direto ocorria uma nodulação abundante na soja em todos
os sistemas de produção avaliados, superando a considerada suficiente para a
fixação biológica de N.
Produtividade de soja
Em relação a produtividade verificou que o cultivo convencional proporcionou
as maiores respostas de produtividade de grãos de soja, seguido do plantio direto,
cultivo mínimo e área com ausência de preparo do solo. A ausencia de preparo teve
um descrescimo de 37.06 % em relação ao tratamento com CC (Tabela 5).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
126
Sistema de
Preparo
Produção de grãos (kg/ha)
Altura de plantas (cm)
Inserção da primeira vagem (cm)
C
C+G
Média
C
C+G
Média
C
C+G
Média
CC
2311
2374
2342 a
66
66
66 a
15
14
14,5 a
CM
1892
1556
1724bc
51
45
48 b
14
12
13 b
AP
1742
1207
1474 c
42
37
39 c
13
11
12 b
PD
-
2133
2133 ab
-
51
51 b
-
13
13,5 ab
1981 A
1818 B
14 A
13 B
Média
53 A
50 B
Tabela 5. Produção de grãos (kg ha-1), Altura de plantas (cm) e Inserção da primeira vagem
(cm) em plantas de soja em solo com adição de calcário (C) e calcário+Gesso (C+G) em
sistemas de manejos com testemunha (T), cultivo convencional (CC), cultivo mínimo (CM) e
plantio direto (PD).
Letras maiúsculas e minúsculas comparam os corretivos e sistemas de manejo, respectivamente, pelo teste de
Tukey (5%).
A aplicação de corretivos, com ou sem a associação ao gesso, demonstrou
que a aplicação de calcário promove uma maior produtividade de soja em relação a
aplicação conjunta de calcário e gesso (Tabela 5). Caires et al. (1998) não verificaram
resposta à aplicação de calcário e gesso em superfície em sistema de cultivo com
ausência de preparo do solo em dois cultivos sucessivos de soja. De acordo com os
mesmos autores, a resposta da soja à calagem em sistemas de cultivo convencional,
onde o corretivo é devidamente incorporado ao solo é bastante conhecida, entretanto,
quando não há incorporação do corretivo, as respostas nem sempre são positivas.
Mascarenhas et al. (1996), estudando rendimento de grãos, observaram aumento
de produtividade devido às doses de calcário. Segundo estes autores, houve um
efeito quadrático e a amplitude da produtividade foi de 1836 kg ha-1 (testemunha) em
ausência de corretivo a 2578 kg ha-1 na dose máxima (aumento de quase 40%). No
ano agrícola seguinte, devido à ocorrência de estiagem no estádio da cultura de maior
exigência de água (enchimento das vagens), houve uma queda na produtividade.
O rendimento de grãos variou de 1100 kg ha-1 (testemunha) a 1500 kg ha-1 para a
dose máxima de corretivo. No terceiro ano (1990/91), os rendimentos também foram
baixos, mas superiores aos do ano anterior.
Correlação das variáveis com a produtividade da soja
Todas as características avaliadas correlacionaram significativamente com o
rendimento de grãos de soja. Interessantemente, a altura de plantas apresentou o
maior coeficiente de correlação linear positivo (Tabela 6). O rendimento de grãos de
soja e a matéria seca de nódulos apresentou uma correlação positiva e indica que
os tratamentos que apresentaram maior nodulação corresponderam àqueles que
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
127
responderam com maior produção de grãos de soja.
Características Agronômicas
Produção de grãos
de soja
MSP
MSR
MSN
AP.
IPV
0,46**
0,53**
0,41**
0,74**
0,58**
Tabela 5. Coeficientes de correlação da produção de grãos com as características agronômicas
da soja (MSP: matéria seca da parte aérea; MSR: matéria seca da raiz; MSN: matéria seca de
nódulos; AP: altura de plantas; IPV: altura de inserção da primeira vagem).
**: significativo a 1% pelo teste F.
CONCLUSÕES
O sistema de preparo do solo e a aplicação do corretivo associado ou não ao
gesso agrícola exerceram efeito significativo sobre o rendimento de grãos da soja.
A altura das plantas de soja, avaliada aos 65 dias após a germinação, mostrou ser
uma boa indicadora não só do desenvolvimento da planta, bem como da capacidade
de produzir grãos. Mais estudos que demonstrem o efeito da nodulação e o preparo
do solo na produtividade da soja precisam ser elaborados.
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 14
130
CAPÍTULO 15
doi
SECA-DE-PONTEIROS EM LAVOURA CAFEEIRA Coffea
canephora PIERRE EX A. FROEHNER SOB CONDIÇÃO
DE SEQUEIRO NO SUL DO AMAZONAS
Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 02/12/2019
Moisés Santos de Souza
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/4969889596653461
Juliana Formiga Botelho
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/7105140240858610
José Cezar Frozzi
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/2757266093020607
Marcelo Rodrigues dos Anjos
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/3560485778599761
Ruan Sobreira de Queiroz
Universidade Federal do Amazonas
Humaitá – Amazonas
http://lattes.cnpq.br/2323398111249565
RESUMO: A cafeicultura é considerada uma
excelente opção de geração de renda para
pequenos agricultores familiares, sendo uma
prática de cultivo interessante para áreas
degradadas na Amazônia e uma alternativa
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
promissora para impulsionar o agronegócio
regional. Objetivou-se analisar a incidência a
seca-de-ponteiros em lavoura de café Coffea
canephora no município de Humaitá, Sul do
Amazonas. O levantamento ocorreu entre o
final do período chuvoso, correspondente ao
mês de abril/2018. A lavoura foi implantada na
área da fazenda experimental Mangabeiras,
pertencente ao Instituto de Educação
Agricultura e Ambiente – IEAA, Universidade
Federal do Amazonas - UFAM, campus de
Humaitá, localizada na BR 230 km 3, lado
direito no sentido Humaitá/AM - Porto Velho/
RO. O experimento foi instalado em dezembro
de 2018, sendo o espaçamento utilizado de 3,0
x 1,0 m. A incidência foi determinada a partir
da relação do número de folhas com sintomas
e o número total de folhas amostradas.
Os resultados revelaram altos índices de
incidência da seca-de-ponteiros no estado do
Amazonas. Estreitando a relação da doença
com as condições climática como a precipitação
pluviométrica, temperatura e umidade relativa
do ar, menciona-se que o estresse da planta
causada por essas condições relaciona-se
com o índice observado de 60% na lavoura de
café. Destaca-se também que outros fatores,
edáficos e fisiológicos das plantas, também
podem está relacionados com o resultado. Os
dados demonstram a necessidade de execução
de métodos de controle fitossanitários eficientes
Capítulo 15
131
para a prevenção desta possível situação epidemiológica no estado do Amazonas.
PALAVRAS-CHAVE: Amazônia; Café; Seca-de-ponteiros.
DIEBACK OF COFFE IN PLANTATIONS Coffea canephora PIERRE EX A.
FROEHNER GROWN UNDER RAINFED CONDITION IN SOUTHERN AMAZONAS
ABSTRACT: Coffee is considered an excellent income generation option for small
family farmers, being an interesting cultivation practice for degraded areas, in the
Amazon and a promising alternative for boosting regional agribusiness. The objective
of this study was to analyze the incidence of die back Coffea canephora coffee crop in
the municipality of Humaitá, southern Amazonas. The survey took place between the
end of the rainy season, corresponding to April / 2018. The crop was planted in the
experimental farm area Mangabeiras, belonging to the Institute of Education, Agriculture
and Environment – IEAA, Federal University of Amazonas – UFAM, Humaitá campus,
located on 230 Highway km 3, right side towards Humaitá / AM – Porto Velho / RO. The
experiment was installed in December 2018, with a spacing of 3.0 x 1.0 m. The incidence
was determined from the relation between the number of leaves with symptoms and
the total number of leaves sampled. The results revealed high incidence rates of die
back in the state of Amazonas. Narrowing the relationship of the disease with climatic
conditions such as rainfall, temperature and relative humidity, it is mentioned that the
stress of the plant caused by these conditions is related to the observed index (60%). It
is also emphasized that other factors, edaphic and physiological of plants, may also be
related to the result. The data demonstrate the need for efficient phytosanitary control
methods to prevent this possible epidemiological situation in the state of Amazonas.
KEYWORDS: Amazon, coffee, Die back.
1 | INTRODUÇÃO
Atualmente, aspectos de cunho antrópico são os principais fatores na
disseminação dos fitopatógenos em áreas de plantios em todo o mundo. Em regiões
tropicais, como o Brasil, a preocupação com problemas fitossanitários podem ser
ainda maiores, sobretudo na região amazônica.
A cultura do café no estado do Amazonas vem tornando-se uma boa opção
para o pequeno produtor, tendo em vista a sua potencialidade na geração de receita,
constituindo-se em um importante fator socioeconômico na região. Porém, o cenário
da cafeicultura do Amazonas se apresenta hoje em duas realidades bem distintas. A
primeira está relacionada ao aperfeiçoamento técnico, através das práticas de manejo
agroecológico e uso de variedades melhoradas, e a outra realidade é o abandono
dos cafeeiros encontrados espalhados nesta região, está última é a realidade na
maioria das lavouras no estado do Amazonas (CONAB, 2018). Devido a isso, as
condições fitossanitárias das lavouras cafeeiras amazonenses são preocupantes do
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 15
132
ponto de vista epidemiológico para as principais doenças.
A cafeicultura no estado Amazonas ainda é incipiente do ponto de vista técnico.
Dados sobre algumas doenças importantes que acometem o café, ainda não foram
relatados em cafeeiros inseridos neste estado brasileiro. Nesse contexto, a seca-deponteiros é uma doença que ocorrem em praticamente todas as áreas produtoras de
café no Brasil, causando sérios prejuízos aos cafeicultores, sendo a espécie Coffea
canephora suscetível ao ataque desta doença. Na região amazônica os únicos
relatos são oriundos de Rondônia em plantas adultas, do qual se relata maiores
incidências nos meses da estação chuvosa (MARCOLAN et al., 2009).
Em relação aos danos econômicos causados por essa doença, mencionamos
que se relaciona aos sintomas que incluem queima de folhas apicais em ramos
terciários, desfolhamento e manchas pretas nos pecíolos das folhas. Os galhos
murcham e desfolham em direção à ponta e os botões florais dos galhos infectados
não abrem. (ANANTH 1960). As poucas informações relatadas na literatura científica
sobre o agente etiológico dessa doença citam aos fitopatógeno Colletotrichum,
Phoma e outros microorganismos (THOROLD, 1945; CHOKKANNA, 1962). Alguns
postulados de Koch já foram realizados, porém sem resultados bem sucedidos
(BARROS et al., 1999), levando a considerar essa doença como complexa, inclusive
associada à própria condição fisiológica e nutricional da planta.
Nesse ínterim, apesar do cenário geral de baixos investimentos nas lavouras de
café no Amazonas, informações sobre doenças que atacam o café podem fornecer
uma expressiva mudança no sistema de produção, principalmente considerando
peculiaridades ambientes do Amazonas. Até o momento não existem dados sobre
incidência e severidade da seca-de-ponteiros em lavouras de café nesta parte do
país.
Dessa forma, devido à inexistência de informação a respeito da seca-dosponteiros em lavouras cafeeira no estado e objetivando-se avaliar índices de
incidência dessa doença em lavoura experimental, executou-se este trabalho para
este propósito. Os dados aqui revelados representam um avanço em relação as
pesquisa cientificas cafeeira no Amazonas.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
•
Área de estudo: A lavoura cafeeira está localizada na fazenda experimental
Mangabeiras, pertencente ao Instituto de Educação Agricultura e Ambiente
– IEAA, Universidade Federal do Amazonas - UFAM, campus de Humaitá,
localizada na BR 230, km 3, lado direito no sentido Humaitá/AM - Porto Velho/RO, nas coordenadas geográficas: latitude (7° 33’ 05’’ S) e longitude (63°
04’ 17’’). O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 15
133
tropical chuvoso Am, com um período seco de pequena duração, e temperaturas variando entre 25°C e 27°C, e com precipitações pluviais entre 2.250
e 2.750 mm anuais.
•
Delineamento experimental: O experimento foi instalado em dezembro de
2017 numa área de 50x25m, totalizando 1250m2. O espaçamento utilizado
entre plantas foi de 3,0 x 1,0 m. de mudas. Na unidade foram plantadas 10
linhas com 24 plantas em cada uma, totalizando 240. As plantas de cafeeiro
Coffea canephora Pierre ex A. Froehner utilizadas são oriundas de cultivar
BRS Ouro Preto, que é uma variedade entre os cruzamentos de ‘Conilon’ e
‘Robusta’.
•
Incidência da doença: Avaliou-se a lavoura em abril 2019, correspondente
ao final do período chuvoso. O nível de incidência foi obtido pela contagem
de plantas doentes na unidade experimental, através do número e/ou porcentagem (frequência) de plantas infectadas, sem levar em consideração
a quantidade de doença em cada planta ou órgão individualmente. Essa
variável foi determinada a partir da relação do número de ramos plagiotrópicos com sintomas e o número total de ramos amostrados, de acordo com a
Equação: I(%) = (NPD) / (NTP) *100.
Em que:
I (%) = incidência da doença em plantas no cafeeiro;
NPD = número de plantas doentes;
NTP = número total de plantas amostradas.
3 | RESULTADO E DISCUSSÃO
A média total de incidência da doença no final do período chuvoso (abril/2019)
foi de 60% na área avaliada (Tabela 1).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 15
134
Tabela 1. Incidência de seca-de-ponteiros em unidade experimental de café C. canephora
implantada em Humaitá, no Sul do Amazonas.
Fonte: INMET, 2019
A incidência de seca-de-ponteiros tem sido associada a fatores ambientais
como solo, pressão atmosférica, stress hídrico, altas temperaturas, alta insolação ou
os efeitos combinados dessas situações (Da MATTA et al., 2007).
Do
ponto
de
vista
edafoclimático,
o
ambiente
amazônico
difere-se
significativamente das demais regiões onde o cultivo é estabelecido, como os
estados do Sul e Sudeste do Brasil (JÚNIOR & FERNANDES, 2015). Dessa forma,
considerando que na unidade experimental não houve adubação e irrigação, além
disso, considerando os valores de temperatura, umidade relativa do ar e chuva
(Figura 2), observa-se que a alta incidência desta doença, pode está relacionado
com as condições ambientais características do Amazonas.
Os níveis mais graves ocorrem em condições de alta umidade e temperatura,
tendo como temperatura ideal, valores entre 25ºC a 29°C (ARGENTINA, 2013).
A temperatura média de 26ºC observada na área do experimento demonstra
que o patógeno encontra-se em ambiente adequado para sua reprodução. As
primeiras etapas do ciclo de vida do patógeno necessitam de umidade relativa de
aproximadamente 100% (ARGENTINA, 2013). Sendo assim, a umidade também
é adequada para os processos de infecção e colonização do fitopatógeno neste
ambiente.
A avaliação ocorreu no final do período chuvoso. Entretanto, ressalta-se que
a incidência de 60% da doença, pode ser controlada com manejos adequados e
preventivos antes do início da chuva. Isso é importante, pois altos níveis de precipitação
pluviométrica são observados nos meses de chuva no estado do Amazonas.
Figura 1. Dados climatológicos referentes a abril/2019. (A) temperatura; (B) Umidade Relativa
do Ar e (C) Precipitação Pluviométrica.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 15
135
Dessa forma, o elevado índice de incidência de seca-de-ponteiros em plantações
amazonenses é esperado, podendo ser um sério problema fitossanitário nesta região
brasileira, desde que não ocorra um manejo adequado. Em outras regiões produtoras
de café, menciona-se redução de 44% após adubações adequadas com nitrogênio e
potássio (CLOWES, 1973; MALAVOLTA et al., 1958; MONTOYA & UMAÑA, 1961).
Ademais, também alguns pesquisadores relacionam a baixa reserva de
carboidratos associadas à morte por seca-de-ponteiros (BARROS et al., 1999).
Assim, na unidade experimental, observou-se floração prematura do cafeeiro,
provavelmente relacionada às condições ambientais onde a lavoura foi implantada.
Isso causa maior demanda por carboidratos nas plantas, ocasionando anormalidades
fisiológicas. É provável que isso seja mais um fator que se relaciona com a alta
incidência de seca-de-ponteiros, conforme os dados revelados. Contudo, estudos
na área da ecofisiologia ainda precisam de respostas nesse contexto (Da MATTA et
al., 2007).
Apesar do incentivo da produção cafeeira no Amazonas, principalmente no Sul
do Amazonas a exemplo do município do Apuí (CARRERO & FEARNSIDE, 2011),
os agricultores enfrentam sérios problemas fitossanitários e falta de orientações
técnicas que pode em parte resultar na baixa produtividade do Estado (CONAB,
2014).
4 | CONCLUSÕES
A doença seca-de-ponteiros ainda continua sendo um problema para muitos
cafeicultores na região tropical. Respostas sobre essa doença continuam escassas,
sobretudo devido a complexidade envolvida no diagnóstico acurado desta doença.
Conforme mencionado, questões de cunho etiológico e ecofisiológico ainda
necessitam de respostas sobre esse fitopatógeno.
Entretanto, o registro inédito de seca-de-ponteiros no Estado do Amazonas,
relacionados com alguns fatores edafoclimáticos, contribui de forma incipiente para
estudos futuros em prol da consideração do manejo adequado desse problema
fitossanitário.
Contatou-se valor de incidência relativamente alto, demonstrando que as
peculiaridades ambientais no Amazonas são favoráveis para o desenvolvimento
epidemiológico do fitopatógeno. A temperatura média acima de 25 °C em conjunto
com as deficiências nutricionais características dos solos amazônicos favorecem
o desenvolvimento desta doença, convergindo em situações de altas taxas de
incidência. Portanto, conclui-se que o café C. canephora é suscetível à doença secade-ponteiros, nas condições experimentais e climáticas que ocorrem no Amazonas.
Ressalta-se que procedimentos tecnificados e apropriados ainda são escassos
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 15
136
nas lavouras cafeeiras inseridas na Amazônia, resultando em aspectos negativos
para a produção e qualidade do café produzido nessa região. Portanto, mediante
esses resultados, propomos que outras técnicas de instrumentação, para o manejo
adequado desta doença devem ser desenvolvidas no contexto produtivo no
Amazonas.
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Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 10/12/2019
Jordana Alves da Silva Melo
UniEvangélica – Centro Universitário de Anápolis
Anápolis – Goiás
http://lattes.cnpq.br/4474882212050573
Klênia Rodrigues Pacheco Sá
UniEvangélica – Centro Universitário de Anápolis
Anápolis – Goiás
http://lattes.cnpq.br/3926242092949847
Lucas Lima Borba
UniEvangélica – Centro Universitário de Anápolis
metodologia utilizada consistiu na aplicação
do fungo Trichoderma sp. diretamente nas
sementes em diferentes dosagens e também
na rega em sulco. As avaliações foram iniciadas
aos 45 dias de plantio, com medição de parte
aérea, sistema radicular juntamente a obtenção
de massa verde e seca para comparação de
desenvolvimento. Em relação aos resultados,
a utilização de Trichoderma sp., principalmente
nos tratamentos com Trichoderma sp. +
rega se mostraram eficiente na promoção de
desenvolvimento do feijão-caupi.
PALAVRAS-CHAVE:
Vigna
unguiculata;
Agentes Biológicos; Promotores de Crescimento.
Anápolis – Goiás
http://lattes.cnpq.br/ 9077407109541086
RESUMO: O feijão-caupi (Vigna unguiculata L.
Walp.) se caracteriza por ser uma espécie que
tem crescido sua produção. Visando o menor
uso de químicos para a cultura, vem sendo
estudado o uso de agentes biológicos no controle
de doenças e promoção de crescimento. Diante
disso, este trabalho objetivou-se em verificar
o uso de Trichoderma sp. como biopromotor
de crescimento em plantas de feijão-caupi.
O ensaio foi conduzido na casa telada na
Unidade Experimental do Centro Universitário
de Anápolis em delineamento inteiramente
casualizados com cinco tratamentos e cinco
repetição, sendo três plantas por repetição. A
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Trichoderma SP. AS BIOPROMOTERS OF
COWPEA BEANS
ABSTRACT: Cowpea Beans (Vigna unguiculata
L. Walp.) Is characterized by being a species
that has grown its production. Aiming at
lower use of chemicals for culture, the use of
biological agents in disease control and growth
promotion has been studied. Therefore, this
study aimed to verify the use of Trichoderma sp.
as a growth biopromotor in cowpea plants. The
trial was conducted at the screened house in
the Experimental Unit of the University Center
of Anapolis in a completely randomized design
with five treatments and five repetitions, three
plants per repetition. The methodology used
Capítulo 16
138
consisted of the application of the fungus Trichoderma sp. directly in the seeds in
different dosages and also in furrow irrigation. Evaluations were started at 45 days
of planting, with measurement of aerial part, root system together with obtaining
green and dry mass for comparison of development. Regarding the results, the use of
Trichoderma sp., Mainly in the treatments with Trichoderma sp. + irrigation proved to
be efficient in promoting cowpea development.
KEYWORDS: Vigna unguiculata; Biological Agents; Growth Promoters;
1 | INTRODUÇÃO
Diante a todos os desafios impostos pela atual rotina diária das diferentes
civilizações que compõe o planeta Terra, um dos grandes desafios encontrados por
especialistas de diversas ciências da atualidade é conciliar os avanços tecnológicos
disponíveis, juntamente a uma tecnologia que não agrave as condições de meio
ambiente. E que por consequência atenda a toda demanda requisitada para o ideal
desenvolvimento da população mundial (ANDRADE JÚNIOR, 2000).
Um dos grandes desafios, ao se tratar da produção de alimentos, que constituem
a alimentação básica de diversas famílias espalhadas pelo mundo é associar técnicas
e produtos que incentivem o desenvolvimento e produção desses alimentos de forma
a atender toda a demanda, não apenas em quantidade, mas também em qualidade
de produção. Não deixando de atender todos os quesitos desejados pelo mercado
consumidor (CHAGAS et al., 2017).
O feijão-caupi (Vigna unguiculata L. Walp.) se caracteriza por ser uma espécie
que tem crescido sua produção nos últimos anos, ganhando espaço não apenas no
Brasil, mas também pelo mundo. Seja para produção de grãos ou cobertura verde,
o mesmo tem se destacado no quesito produtividade e também na aceitação dos
produtores agrícolas em utilizar desta cultivar (FREIRE FILHO et al., 2011).
O feijão-caupi destaca pelo seu alto valor nutricional e principalmente o social
e cultural. Além de fazer parte da alimentação básica de muitas famílias espalhadas
por diversos continentes, do qual se destacam América do Sul e África, também
entra como coadjuvante na geração de empregos e fonte de renda se tornando
essencial para o sustento de diversas famílias (ANDRADE JUNIOR, 2000).
Como qualquer outra espécie, o feijão-caupi apresenta suas susceptibilidades
diante as condições de ambiente do qual é inserido. Assim como em outras espécies
semelhantes de feijão, os fungos, bactérias e outros patógenos se tornam grandes
vilões no desenvolvimento podendo acarretar em graves prejuízos e por consequência
grande perda econômica dos produtores que cultivam o mesmo (SILVA, 2016).
Insetos-pragas também entram como importantes inibidores de desenvolvimento
desta cultura causando danos diretos ou indiretos que ocasionam em injúrias
consideráveis fazendo-se necessário a utilização de fitossanitários para reverter
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 16
139
tal situação. Sem dúvida um dos grandes desafios diante a produção do feijãocaupi é associar técnicas de manejo adequadas com produtos que auxiliem em seu
crescimento juntamente a produtos que mantenham a sanidade da planta e também
não seja agressivo ao meio ambiente e também a saúde daqueles que consomem
este alimento (SOUZA et al., 2013).
Diversos órgãos institucionais e até mesmo governamentais têm se dedicado ao
estudo desta espécie, tanto em sua morfologia quanto em seu desenvolvimento. Tais
pesquisas tem buscado associar ao uso de fertilizantes, biofertilizantes e também ao
uso de microrganismos que possam favorecer o desenvolvimento e garantir a boa
produtividade (ANDRADE JÚNIOR, 2000).
Diante a essas pesquisas, têm-se descoberto a eficiência de diversos agentes
biológicos que entram como promotores de crescimento e também inibidores do
surgimento de fitopatógenos que levam ao decréscimo da produção. Dos quais
tem chegado cada vez mais no mercado agrícola nacional e consequentemente se
tornado cada vez mais utilizados por produtores agrícolas (SILVA, 2016).
Os agentes biológicos entram como influenciadores importantes na germinação
de sementes, sistema radicular, crescimento vegetativo e vigor da planta. Além de
aumentar a produção e diminuir custos para o produtor, pois o mesmo pode ocasionar
em diminuição do número de produtos químicos fertilizantes utilizados durante o
período de cultivo (CHAGAS et al., 2017).
O controle biológico tem demonstrado uma grande aceitação nos últimos
anos e sua variedade de métodos para atingir seu alvo tem se mostrado eficiente e
contribuído para seu crescente uso. Além de todo esse leque de ação, os agentes
biológicos trazem ainda o benefício de não serem degradantes do meio ambiente e
também ao solo sendo então um fator positivo para sua utilização (RIBEIRO citado
por PORTO, 2016).
Dentre os microrganismos mais utilizados para a produção desses agentes
biológicos, encontramos bactérias e fungos, das quais podem auxiliar não apenas
em inibição de pragas e doenças, mas também como promotores de crescimento
o que mostra um alto benefício de utilização. Entre os microrganismos registrados
se destacam o fungo Trichoderma sp. dos quais tem ganhado espaço entre os
produtores brasileiros, mostrando alta eficiência principalmente como promotores
de crescimento tanto de sistema radicular quanto em parte aérea (JUNGES, 2016).
Com a utilização deste microrganismo, diversos pesquisadores tem destacado que
além de serem eficientes na inibição de doenças, também há uma facilidade em
o fungo, colonizar o sistema radicular das plantas e induzir simultaneamente ao
crescimento da parte aérea (WOO, citado por PEDRO et al., 2012).
O uso do Trichoderma sp. influencia, também, na germinação de sementes,
melhora a nutrição da planta e pode ocasionar em melhorias consideráveis na produção
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 16
140
final da cultura (CHAGAS et al., 2017). Além disso, alguns pesquisadores destacam
que o uso do Trichoderma sp. podem ocasionar em melhorias nutricionais do feijão,
ou seja, aumento da quantidade de proteína fornecida pelo grão (DRUZHININA
citado por JUNGES, 2016).
O gênero Trichoderma sp. faz parte do filo Ascomycota (SAMUELS, 2006), onde
apresenta uma arquitetura com hifas que formam estruturas de micélio e possui um
ótimo crescimento na temperatura entre 25 à 30ºC. Seu micélio se caracteriza por
possuir a cor branca que após a formação de conídios sua cor e alterada para tons
entre verde e amarelo (FIGUEIRA, 2018).
Assim como muitos fungos, o Trichoderma sp. se caracteriza por serem
habitantes naturais do solo e se encontram principalmente em área de clima temperado
e tropical (MACHADO et al., 2012). A interação do mesmo com a planta hospedeira
resulta em benefícios diretos como: inibição do surgimento de patógenos, maior
desenvolvimento radicular com consequente crescimento de parte aérea e também
melhor desenvolvimento nutricional da planta (FIGUEIRA, 2018). Diante disso, este
trabalho objetivou-se em verificar o uso de Trichoderma sp. como biopromotor de
crescimento em plantas de feijão-caupi.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios foram desenvolvidos na Área Experimental do Centro Universitário
de Anápolis – UniEVANGÉLICA, em Anápolis, Goiás a uma altitude média de
1.051 m, Latitude – 16º20’12.614” e Longitude 48º53’13.10 com clima regional do
tipo tropical. Para a execução do ensaio, foi utilizado a semente de feijão-caupi.
O agente biológico utilizado foi a base de Trichoderma sp. (com concentração de
1x1010 conídios mL-1).
Foi realizado o ensaio em casa de vegetação em delineamento inteiramente
casualizados, possuindo cinco tratamentos e cinco repetições, com cada repetição
composta por três plantas. Os tratamentos do ensaio estão descritos conforme a
tabela 1.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 16
141
TABELA 1 – Descrição dos tratamentos do ensaio com Trichoderma sp. via semente e rega na
cultura do feijão-caupi.
Para a avaliação do devido produto no desenvolvimento do feijão-caupi, foi
realizado a inoculação inicial em sementes sob dosagens dos agentes biológicos
de acordo com cada tratamento diretamente nas sementes e homogeneizadas
em sacos plásticos. Após a inoculação, realizou-se o plantio de seis sementes em
vasos de polietileno contendo 10 kg de solo adubado com NPK (04-14-08) com
recomendação de 400 kg ha-1. Após 7 dias de germinação, foi realizado o desbaste
e deixado três plântulas por repetição. É importante ressaltar que todas as plantas
foram irrigadas diariamente até o final da realização do ensaio.
Nos tratamentos com rega, das quais foram realizadas 7 dias após o plantio.
As regas consistiram na aplicação do produto na dosagem especificada em tabela 1,
das quais foram realizadas com auxílio de pipeta de precisão e aplicadas diretamente
no sulco de cada plântula.
Após 30 dias de plantio foi observado o crescimento de parte aérea (cm), com o
auxílio de uma régua milimetrada. Aos 45 dias, as plantas foram retiradas dos vasos
e lavadas com água corrente para realizar a medição da raiz (cm), da parte aérea
(cm) e comprimento total (cm) com o auxílio de uma régua milimetrada na graduação
de 0 a 30 cm. E, após medição, todo o material verde foi submetido à secagem em
estufa a 70°C até atingir peso constante (72 horas) e, em seguida, pesadas para
determinação do acúmulo de massa seca.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias geradas
comparadas pelo teste Duncan (P ≤ 5%) utilizando o programa estatístico Assistat
Software Version 7.7.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 16
142
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste ensaio realizado com agente biológico Trichoderma sp., observou que o
tratamento T4 obteve maior crescimento de parte aérea, com um incremento de 29%
de crescimento em relação a testemunha. Em relação ao desenvolvimento radicular
os tratamentos 4 e 5 deferiram dos demais tratamentos em relação ao comprimento,
com incremento de 30% ao crescimento radicular das plantas em relação a
testemunha. Pesquisas tem demonstrado, inclusive em outras culturas, como o
algodão, que o fungo Trichoderma sp. possibilita um incremento no crescimento de
plantas, gerando um melhor desenvolvimento (MONTEIRO, et al. 2006).
TABELA 2 - Dados de crescimento de parte aérea e raiz (cm) com o agente biológico
Trichoderma sp. via semente e rega
TABELA 3 – Produção de massa verde e massa seca total (g) dos ensaios com o agente
biológico Trichoderma sp. via semente e rega
¹ Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si conforme o teste de Duncan a 5% de
probabilidade.
² Coeficiente de variação
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 16
143
Em relação a massa verde a massa seca, os tratamentos T3, T4 e T5 diferiram
estatisticamente dos demais tratamentos e da testemunha, com incremento de
até 79% em relação a massa seca. Segundo Chagas et al., (2017), o Trichoderma
sp. pode influenciar diretamente no desenvolvimento e vigor da planta, podendo
acarretar em melhorias de crescimento, influenciando diretamente na produção de
massa verde e massa seca.
O tratamento com Trichoderma sp. na dosagem de 200 ml 100 kg-1 de
sementes obteve resultados inferiores aos demais tratamentos, um incremento
de desenvolvimento de raiz de apenas 8% em relação a testemunha, não sendo
considerado uma dosagem ideal para auxiliar no desenvolvimento da cultura do
feijão-caupi. O tratamento T4 que foi utilizado a mesma dosagem demonstrou
incremento se associada a técnica da rega em sulco. Pesquisas têm demonstrado
que é possível que haja aumento de produtividade superiores a 20% de tal técnica
for aplicada (POMELLA et al., 2009).
4 | CONCLUSÕES
A utilização de agentes biológicos e promotores de crescimento tem demonstrado
eficiência no auxílio do desenvolvimento no feijão-caupi. Com a utilização de
Trichoderma sp., principalmente nos tratamentos com Trichoderma sp. + rega se
mostraram eficiente na promoção de desenvolvimento do feijão-caupi.
REFERÊNCIAS
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JUNGES, E.; Indução de resistência à antracnose em feijoeiro por Trichoderma harzianum e
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 16
144
MACHADO, D. F. M.; PARZIANELLO, F. R.; SILVA, A. C. F. da; ANTONIOLLI, Z. I. Trichoderma no
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PEDRO, E.A. de S.; HARAKAVA, R.; LUCON, C.M.M.; GUZZO, S.D. Promoção do crescimento do
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PORTO, B. L. Avaliação do potencial de controle biológico da mancha marrom de alternaria
com Trichoderma spp., Bacillus subtilis e fertilizante organomineral. Dissertação (Mestrado) Universidade de Caxias do Sul, Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, 2016.
SILVA, J. M. Avaliação de indutores de resistências e mecanismos bioquímicos no controle
da antracnose do feijão caupi (Vigna unguiculata L. Walp.). Dissertação de mestrado. 56p.
Pernambuco- Brasil. 2016.
SOUZA, L. de P., EVANGELISTA JÚNIOR, W. S., PEREIRA, D. L., LEOPOLDINO NETO, A.,
LARANJEIRA JÚNIOR, A. L. R., SANTOS, D. C. A. Insetos-pragas associados cultura do feijão
caupi em Serra Talhada. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX – UFRPE:
Recife, 2013.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 16
145
CAPÍTULO 17
doi
A Pseudocercospora SPECIES ON LEAVES OF Schinus
terebinthifolius RADDI IN THE STATE OF RIO DE
JANEIRO, BRAZIL
Data de aceite: 11/03/2020
Submission Date: 19/12/2019
Kerly Martinez Andrade
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), Instituto de Agronomia (IA), DS
(Departamento de Solos),
http://lattes.cnpq.br/8524123838934468
Wattson Quinelato Barreto de Araújo
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), ICBS (Instituto de Ciências Biológicas e
da Saúde)
http://lattes.cnpq.br/4764446065437464
Jonas Dias de Almeida
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), ICBS (Instituto de Ciências Biológicas e
da Saúde)/ DenF (Departamento de Entomologia
e Fitopatologia)
http://lattes.cnpq.br/3953531485226509
Carlos Antonio Inácio
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), ICBS (Instituto de Ciências Biológicas e
da Saúde)/ DenF (Departamento de Entomologia
e Fitopatologia)
E-mail: inacio@ufrrj.br, http://lattes.cnpq.
br/8552826691279679
ABSTRACT: An interesting species of
Pseudocercospora was found associated to leaf
spots on Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae)
in the area of Department of Entomology and
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Plant Pathology (DEnF), Campus UFRRJ,
Seropédica – R. J. Symptomatic leaves were
taken to the laboratories of Plant Pathology
(Mycology Section)/DEnF/ICBS/UFRRJ and
studied using dissecting, optical and electron
microscope techniques. This work aims to
describe this fungus and discuss its taxonomy.
KEYWORDS: Cercosporoid, hyphomycetes,
fungi from Atlantic Forest.
RESUMO: Uma espécie interessante de
Pseudocercospora foi encontrada associada à
manchas foliares em Schinus terebinthifolius
(Anacardiaceae) em área do Departamento
de Entomologia e Fitopatologia (DEnF),
Campus UFRRJ, Seropédica – R. J. Folhas
sintomáticas foram levadas para os laboratórios
de Fitopatologia (Seção de Micologia)/DEnF/
ICBS/UFRRJ e estudadas utilizando-se de
técnicas de microscopia óptica, estereoscópica
e eletrônica. Este trabalho objetiva descrever
este fungo e discutir sua taxonomia.
PALAVRAS-CHAVE:
Cercosporóide,
hifomicetes, fungos da Mata Atlântica.
1 | INTRODUCTION
The family Anacardiaceae is widespread
mainly in tropical, subtropical, and temperate
Capítulo 17
146
areas, with the center of diversity in the Malasian region and encompasses about
77 genera and 600 species. It is divided into five tribes (Anacardieae, Spondiadeae,
Rhoeae, Dobineeae and Semecarpeae), where the tribe Rhoeae contains the genera
Rhus, Schinus, Pistacia, Astronium, Schinopsis, Lithraea, Myracrodruon and others
(Carmello-Guerreiro, S.M.; Paoli, 2005; Min & Baford, 2007). Schinus terenbentifolius
Raddi is pioneer and indigenous brazilian tree that shows several medical properties
being used to treat a plenty of human diseases due to its inflammatory and wound healing
properties (Azevedo et al., 2015). Pseudocercospora Speg. (Mycosphaerellaceae,
Capnodiales) is a genus of anamorphic fungi widely found associated to several host
plants and places causing leaf spots, necrosis and leaf fall. These spots are initially
circular, yellowish to brownish or darkened, necrotic and confluent, showing fungal
structures either at upper (epiphyllous), lower (hypophyllous) or both (amphigenous)
leaf side. The climate condition in the State of Estado do Rio de Janeiro is favorable
to the occurrence of a variety of cercosporoid fungi on several host plants (Andrade et
al., 2019; Rembinski, 2018; Andrade, 2016). A Pseudocercospora species was found
associated to leaf spots on Schinus terebinthifolius in the area of DEnF, campus of
UFRRJ and this fungus will be presented and its taxonomy discussed.
2 | MATERIAL AND METHODS
Leaf samples showing leaf spot symptoms were seen at Campus of UFRRJ
and taken to the Laboratory of Plant Pathology - DenF / UFRRJ (Department of
Entomology and Plant Pathology at the Federal Rural University of Rio de Janeiro).
It was kept in the plastic bags, identified and labeled with information of place,
collector, host, collection number then pressed and dried (±50°C), registered and
deposited in the Phytopathological Herbarium “Verlande Duarte Silveira“ (UFRJ).
Studies were performed with dried and fresh material using dissecting, optical and
electron microscopes. Free hand sections were done under dissecting microscope
and transferred to slides that were mounted using Cotton Blue / Lactoglycerol or
Phloxin / KOH Glycerol. Mounting preparations were examined with an optical
microscope (Olympus BX41, Japan) and structures measured with 50 repetitions by
using an ocular micrometer. Photographs were done by using the camera Cannon -
Power Shot Elph 100 HS (China) adapted to oculars of both optical and dissecting
microscopes. Some other observations were done by using an electron microscope
PHILCO-HITACHI TM 1000 (Japan) located at Forest Institute (IF/UFRRJ). Under
dissecting microscope isolations were done by transferring fungi material to PDA
(Potato Dextrose Agar) growth media for incubation at ± 25°C/10-15 days.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 17
147
3 | RESULTS
This fungus shows leaf spots up to 5 mm diam., brown, circular to irregular,
coalescent, amphigenous. Mycelium. External. Hyphae olivaceous-brown, septate.
2-3 µm diam. Internal hyphae 2-4 µm, colourless to light-brown, septate. Stromata 24-
70 × 20-70 µm, amphigenous, with angular cells 3-6 µm diam, brown. Conidiophores
14-30 × 2-4 µm, brown, 0-3-septate, branched, slightly sinuous, subtruncate at apex.
Conidia 36-75 × 2-4µm, colourless to slightly olivaceous,1-6(-7)-septate, aciculate,
truncate at base, attenuated at apex (Fig. 1). The colonies in PDA showed slowly
growth (up to 4 cm diam. after 15-20 days), slightly cottonose, light olivaceous when
seen from the top and dark olivaceous at lower side plate (See fig. 2)
Stroma Conidiophore/septation
Conidia/
(µm)
(µm)
septation (µm)
Pseudocercospora
species
Host
Place
Spot
(mm)
P. angiopteridis
Angiopteris
lygodiifolia
Taiwan
Up to
15
Up to
70
35-140 × 4-5/ up to3
30-60 × 4-5/3-6
Guo & Hsieh,
1995
P. astronii
Astronium
fraxinifolium
Brazil
1-14
28-65
17-24 × 3-4/0-1
20-76 × 2-4/4-7
Hernandéz-Gutiérres
& Dianese
(2008)
P. astroniicola
A. fraxinifolium
Brazil
1-8
10-80
5-25 × 2-5/0-1
20-55 × 2-4/(1)2-4(-5)
Braun &
Freire, 2002
28-72 × 2-4/0-6
Hernandéz-Gutiérres
& Dianese,
2008
8-12 × 3-4/0
28-52 × 2-3/3-7
Chupp, 1954;
Deighton,
1976; Petrak
& Ciferri,
1932
References
P. astroniiphila
A. urundeuva
P. comocladiae
Comocladia
doodnaceae
Dominican
Republic
P. mombin
Spondias purourea
Venezuela,
Dominican
Republic
3-6
30-50
5-30 × 3-4/0
20-85 ×
2-3.5/3-7
P. phaeochlora
Lithraea brasiliensis
Chile, Argentina
2-7
small
10-60 × 3-5/few
20-90 (-150) ×
3-5.5/2-7
Braun, Delhey & Kiehr
2001; Chupp,
1954
P. pistaciae
Pistacia vera
USA
0.5-3
-
5-15 × 2-3.5/septate
20-60 × 2-3/3-5
Chupp. 1954;
Crous &
Braun, 2001
P. rhinocarpi
Anacardium
rhinocarpus
Venezuela
2-8
15-30
5-25 × 2-3.5
20-45 × 2-3.5
Braun &
Crous, 2003
P. rhoidis
Rhus hypolenchus
China
0.5-2
50-90
9-37 × 3-5/0
40-175 ×
4-7.5/3-17(-25)
Guo & Hsieh,
1995
P. rhoina
Rhus sp., R.
chinensis, R.
potanini
China
1-6
20-50
6.5-35 × 2-4/0-1
10-110 × 2-4/28
Guo & Hsieh,
1995
Pseudocercospora
sp.
Schinus terebinthifolius
Brazil
Up
to 5
20-70
14-30 × 2-4/0-3
20-75 × 2-4/1-6
(-7)
This work
Brazil
2-5
1-5
18-60
25-50
15-21 × 3-4/2-3
Chupp 1954,
Deighton
1976; Petrak
& Ciferri 1932
TABLE 1. Comparison of some Pseudocercospora reported in Anacardiaceae from several
places with the one found on leaves of Schinus terebinthifolius in Brazil
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 17
148
Figure 1 (A-I). Pseudocercospora on leaves of Schinus terebinthifolius from Rio de Janeiro. A.
General view of the host (bar=50 mm). B-C. Symptoms of leaves (B= 5.5mm; C=6.5mm). D-F.
Sporodochia seen in Scanning Electron microscope. G. Stroma in vertical transverse section
(bar=17 µm). H. Detail of stroma with conidiophore and conidia. I. Conidia (bar=25 µm).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 17
149
Figure 2 (A-B). Colonies of Pseudocercospora on Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae). A.
Seen from the top. B. Reverse plate.
4 | DISCUSSION
P. astronii and P. astroniiphila (Hernandéz-Gutiérres & Dianese, 2008) showed
closer to this species found in Rio de Janeiro in the size of conidia, conidiophore and
stromata besides being reported in distinct hosts A. fraxinifolium and A. urundeuva
respectively. Another closer species is P. mombin (Chupp 1954,
Deighton 1976; Petrak & Ciferri 1932) that was reported on distinct host, place
and with smaller stromata (see Table 1).
5 | CONCLUSION
This species is probably new and further studies will be done to publish with
accordance with International Code of Nomenclature of Algae, Fungi and Plants
(ICN).
6 | ACNOWLEDGEMENTS
The senior author acknowledges CAPES for grants to conclude her master
degree. The authors much obliged to Hemylson Porto and Laís dos Santos Marins, for
technical assistance and Profs Francisco Gerson Araújo (ICBS) and Dr. João Vicente
de F. Latorraca (Forest Institute) for allowing the examination of samples using the
electron microscope in their laboratories; C.A. Inácio is grateful to the Foundation
for Aid Research in the State of Rio de Janeiro (FAPERJ) and National Council for
Scientific and Technological Development (CNPq).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 17
150
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 17
151
Rembinski J (2018) Caracterização de Fungos Cercosporóides no Estado do Rio de Janeiro e
Inibição de Crescimento Micelial in vitro de Fusarium solani f. sp. piperis (= Fusarium solani) com
Bactérias Promotoras de Crescimento Vegetal. 153p. ICBS/PPGFBA/UFRRJ.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 17
152
CAPÍTULO 18
doi
OCURRENCE OF Phakopsora euvitis IN SOME GRAPE
VARIETIES IN THE STATE OF RIO DE JANEIRO
Data de aceite: 11/03/2020
Data De Submissão: 12/11/2019
Bruno Cesar Ferreira Gonçalves
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), ICBS (Instituto de Ciências Biológicas e
da Saúde)/ DenF (Departamento de Entomologia
e Fitopatologia)
http://lattes.cnpq.br/3522459441472033
Pedro de Souza Calegaro
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), Instituto de Ciências Biológicas e da
Saúde (ICBS)
Jucimar Moreira de Oliveira
Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ), Instituto de Agronomia (IA),
Departamento de Fitotecnia (DF)
http://lattes.cnpq.br/6085406227138459
Peter Soares de Medeiros
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), Instituto de Agronomia (IA), DS
(Departamento de Solos)
http://lattes.cnpq.br/8211219320122792
Hagabo Honorato de Paulo
Departmento de Proteção de Plantas, Laboratório
de Entomologia, Escola de Agricultura e Ciências
Veterinárias (UNESP), São Paulo State University,
Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/
no, Jaboticabal, SP, Brazil.
http://lattes.cnpq.br/1406069273497945
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Carlos Antonio Inácio
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), ICBS (Instituto de Ciências Biológicas e
da Saúde)/ DenF (Departamento de Entomologia
e Fitopatologia)
E-mail: inacio@ufrrj.br,
http://lattes.cnpq.br/8552826691279679
ABSTRACT: The fungus species Phakopsora
euvitis Ono was found in the State of Rio de
Janeiro associated to rust on three grape
varieties. From July to August 2015 symptomatic
plants belonging to three distinct grape varieties
(Syrah, Cabernet Sauvignon and Merlot)
were collected in some areas in the District of
Inconfidência near the city of Paraíba do Sul
- R.J. and taken to the laboratories of DENF/
UFRRJ. All plants showed the same symptoms
as telia and uredia sori hypophyllous and the
fungus is presented and discussed.
RESUMO: Uma espécie fúngica Phakopsora
euvitis Ono foi encontrada no Estado do Rio
de Janeiro associada à ferrugem em três
variedades de uva. De Julho a Agôsto de
2015 plantas sintomáticas pertencendo a três
variedades distintas de uva (Syrah, Cabernet
Sauvignon e Merlot) foram coletadas em
algumas áreas do Distrito de Inconfidência
próximo a cidade de Paraíba do Sul - R.J. e
levadas para os laboratórios do DENF/UFRRJ
Capítulo 18
153
onde foram estudados utilizando técnicas de microscopia óptica e estereoscópica.
Todas as plantas mostraram os mesmos sintomas como soros teliais e urediniais
hipófilos e este fungo é apresentado e discutido.
1 | INTRODUCTION
The fungus species Phakopsora euvitis Ono (Phakopsoraceae, Pucciniomycotina,
Basidiomycota) is one of the main pathogen on grapevine (Vitis spp.) causing the
grapevine rust. It promotes early defoliation subsequently damage to stems and fruits
maturation (Angelotti et al., 2011). The biomass and carbohydrate accumulation were
quantified in different organs of diseased and healthy plants and it was found that
root carbohydrate concentration was reduced, even with low rust severity and it was
also mentioned that Asian grapevine rust reduced dramatically photosynthesis and
altered the dynamics of carbohydrates production and accumulation, distinct of strict
biotrophic pathogens and that the reduction in carbohydrate reserves in roots would
support polyetic damage on grapevine, caused by a polycyclic disease (Nogueira
Júnior et al., 2017). P. euvitis is heteroecious and macrocyclic which in most areas
the uredinial and telial phase are formed on grapevine having basidiospores formed
from teliospores in overwintered Vitis sp. leaves and in Japan this species infect
Meliosma myriantha (Sabiaceae), the alternate host which spermogonium and aecia
are formed. This rust species occurs mainly in tropical and subtropical areas causing
more damage than in temperate areas and attacks several host plants including: Vitis
(mainly V. labrusca, V. vinifera, V. amurensis, V. coignetiae, V. ficifolia, V. flexuosa)
(Weinert et al. 2003; Ono 2000; EPPO 2007). Weinert et al. (2003) also mentioned
that in the Northern Territory of Australia the grapevines had no dormant phase and
that M. myriantha did not occur in the Darwin area so they suggested that this fungus
species could persist via uredinial infections in dormant buds. This fungus was proven
to infect and sporulate on native Ampelocissus acetosa Planch. and A. frutescens
B. R. Jackes under laboratory conditions and was found infecting an unidentified
Ampelocissus species in the field (Daly et al. 2005; Daly and Hennessy 2006; Ono
2013). Other authors mentioned that although this rust being of complete cicle in Asia,
in Brazil was observed only the uredinial than telial phase instead which indicates that
urediniospore should be the primary and secondary inoculum of disease (Angelotti et
al. 2011; Leu, 1988; Souza 2004; Tessman et al. 2004). This rust has been reported
worldwide causing rust diseases on grapevines in all Continents including American
(EPPO 2007).
In South America, the genus Phakopsora has been reported in Colombia,
Venezuela and in some areas of Brazil in the last few years (Buriticá 1994;1999;
Souza 2004; Tessman et al. 2004; Bayer & da Costa, 2006; Farr & Rossman, 2019)
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 18
154
and now this rust was found parasitizing three distinct varieties of grapevine in rural
area in the State of Rio de Janeiro and will be presented.
2 | MATERIAL AND METHODS
From July to August 2015 symptomatic plants belonging to three distinct grape
(Vitis vinifera L.) varieties (Syrah, Cabernet Sauvignon and Merlot) were collected in
some areas near city of Paraíba do Sul (District of Inconfidência) - R.J. and taken to
the laboratories of DENF/UFRRJ (Department of Entomology and Plant Pathology at
Federal Rural University of do Rio de Janeiro). Some were pressed and dried on drying
oven (± 60°C), registered and deposited at Plant Pathological Herbarium “Verlande
Duarte Silveira”. Studies using either fresh and dried material were performed using
macerated and secctioned material to prepare slides. These material were transferred
to slides containing Cotton Blue/Lactoglycerol and mounted then observed at optical
and dissecting microscopes where pictures and measurements were taken.
3 | RESULTS
All plants showed the same symptoms as pale yellowish, circular or orbicular
lesions on the upper side leaf with brownish telia and orange uredia sori at lower side
and this species is presented as follow: Var. Merlot: Paraphyses 25-43 × 7-14 µm,
colourless, slightly curved, smooth; Urediniospores: 12-28 × 12-20 µm, oval, elliptical,
equinulated.; Telia 70-92 × 155-262 µm, subcuticular to intraepidermic, brownish
when seen at top, with light-brown teliospores disposed in layers; Teliospores 1729 × 5-7 µm, light-brown, oblong to cylindrical, layered in rows or slightly irregular
disposed. Var. Syrah: Paraphyses 33-58 µm; Urediniospore 15-25 × 13-19 µm;
Teliospores 19-34 × 4-7 µm. Var. Cabernet Sauvignon: Paraphyses 24-43 × 8-17
µm; Urediniospores 16-28 × 10-15 µm; Teliospores 19-29 × 5-12 µm.
Species
Host
Uredia
Urediniospore
Telia
(µm)
(µm)
(µm)
Place
Paraphysis
Teliospores
(µm)
(µm)
Reference
(µm)
Phakopsora
uva = Uredo
vialae
Vitis
Jamaica
20-27 × 15-18
= Uredo vitis
V. vinifera
Saccardo
(1891); Lagerheim
(1909)
USA
20-22 × 12-15
Saccardo
(1888)
Globose 15
= Uredo vitis
V. vinifera
USA
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Oval 20 × 14
Thümen
(1878)
Ellipsoidal 22 ×
12-15
Capítulo 18
155
P. ampelopsidis
P. vitis
P. euvitis
Ampelopsis
leeoides
Vitis sp.
Vitis spp.
Japan
250
18-22 × 13-15
Obovate to ellipsoidal
80
deep
Japan
Hypophyllous, small,
several,
yellowish-brown
21-27 × 12-15
oblong-ellipsoid
55-70
× 100200
USA, Canada, Central
and South
America,
Europe and
Northern
Asia, South
and SouthEast
obovoid,
obovoid ellipsoid or oblong-ellipsoid,
Clavate,
curvate
10-25 ×
8-12
Dietel (1898)
20-30 ×
12-15
Sydow
(1899); Saccardo & Sydow (1902)
30-75
13-32 ×
7-13
Liberato et al.
(2006); Ono
(2000)
32-55
14-30 ×
8-12
Tessmann et
al. (2004)
25-50 ×
5-15
15-30 ×
6-12
This work
15-29 × 10-18
Asia, Australasian Oceanian
P. euvitis
Vitis spp.
Brazil
P. euvitis
V. vinifera
Brazil
17-28 × 12-18
57-140 ×
115-300
15-25 × 9-20,
oval, ellipsoidal
70-92
× 155262
Table 1 – Species of Phakopsora reported on Vitis spp. from different places compared with the
one found in Rio de Janeiro, Brazil.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 18
156
Figs A-I. Phakopsora euvitis on leaves of Vitis sp. var. Merlot (Vitaceae). A. Leaf symptoms (bar
= 10 mm). B. Detail of symptoms showing frutifications (bar = 10 mm). C. Pustules in detail (bar
= 300 µm). D. Telia seen from the top (bar = 20 µm). E. Telia in transverse vertical section (bar
= 30 µm). F. Uredia in tranverse vertical section (bar= 10 µm).G. Group of paraphyses (bar = 10
µm). H. Detail of paraphyses (bar = 10 µm). I. Urediniospore in detail (bar = 10 µm).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 18
157
Figs A-I. Phakopsora euvitis on leaves of Vitis sp. var. Sirah (Vitaceae). A. Leaf symptoms (bar=
20 mm). B. Detail of symptoms showing yellow pustules (bar= 20 mm). C. Detail of pustules
(bar= 200 µm) D. Telia seen from the top with uredia (bar= 50 µm). E. Telia with teliospores in
transverse vertical section (bar= 10 µm). F. Uredia in tranverse vertical section (bar= 10 µm).
G. Group of paraphyses ( bar= 40 µm). H. Paraphysis (bar= 20 µm). I. Urediniospores (bar= 15
µm).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 18
158
Figs A-I. Phakopsora euvitis on leaves of Vitis sp. var. Sauvignon (Vitaceae). A. Leaf symptoms
(bar = 20 mm). B. Detail of symptoms showing frutifications (bar= 10 mm). C. Detail of pustules
(bar = 300 µm). D. Detail of Telia (bar = 20 µm). E. Teliospores in transverse vertical section (bar
= 10 µm). F. Uredia in tranverse vertical section (bar = 20 µm). G. Group of paraphyses (bar =
30 µm). H. Detail of paraphyses (bar = 10 µm).
4 | DISCUSSION
The Phakopsora species found in the State of Rio de Janeiro was compared
to several others reported in distinct places, hosts and occasions (see Table 1).
Chatasiri & Ono (2008) pointed that three Phakopsora species have been assumed
to be reproductively isolated, and thus genetically distinct, because of their distinct
host specificity and consistent morphological differences: Phakopsora euvitis, hostalternating between M. myriantha and Vitis spp.; P. vitis, host-alternating between M.
myriantha and Parthenocissus spp.; P. ampelopsidis occurring on Ampelopsis species.
The authors also mentioned that molecular phylogenetic analyses using the D1/D2
region of nuclear large subunit rDNA and the internal transcribed spacer 2 (ITS2)
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 18
159
region including 5.8S rDNA supported the biological and taxonomical distinctness of
the three Phakopsora species and suggest the phylogenetic relationship of P. euvitis
closer to P. ampelopsidis than to P. vitis.
In this article no molecular work was done and as see in the table 1, these three
species are distinct to each other and it is clear that the species found in the State of
Rio de Janeiro is P. euvitis which shows similar to other P. euvitis found.
5 | CONCLUSION
The fungus associated to rust disease in these three grape varieties in the State
of Rio de Janeiro is P. euvitis.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors acknowledges UFRRJ, CAPES for accomplishing this article. The
senior authors also acknowledges CNPq, FAPERJ for grants to finish this work.
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 18
161
CAPÍTULO 19
doi
REACTION OF TOMATO CULTIVARS (Solanum
lycopersicum) TO Pseudomonas syringae PV. TOMATO
AND Pseudomonas cichorii
Data de aceite: 11/03/2020
Data de submissão: 22/11/2019
Tadeu Antônio Fernandes da Silva Júnior
Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP –
Botucatu/SP
http://lattes.cnpq.br/8339885078193411
Ricardo Marcelo Gonçalves
Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP –
Botucatu/SP
http://lattes.cnpq.br/1551263252610373
João César da Silva
Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP –
Botucatu/SP
http://lattes.cnpq.br/5432835117468005
José Marcelo Soman
Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP –
Botucatu/SP
http://lattes.cnpq.br/8271905677757962
the main ways of managing bacterial diseases,
and for this reason, this work evaluated the
reaction of 20 tomato cultivars to Pst and Pc.
Plants were inoculated by spraying bacterial
suspension (108 CFU.mL−1) onto the aerial part,
under greenhouse conditions, and severity
assessments were based on disease scales
described for Pst and Pc. The cultivars were
classified based on the areas under the disease
progression curves. The cultivars Andrea
Victory, Sheila and Débora Pto were classified
as resistant to Pst, while Santa Clara and
Rebeca were resistant to Pc. These cultivars
are indicated for planting in tomato fields with
historic of occurrence of these bacteria and
for breeding programmes for incorporation of
resistance genes to Pst and Pc.
KEYWORDS: bacterial diseases, resistance,
disease management.
Antonio Carlos Maringoni
Faculdade de Ciências Agronômicas/UNESP –
Botucatu/SP
http://lattes.cnpq.br/0464443742139470
ABSTRACT: Bacterial speck (P. syringae pv.
tomato – Pst) is one of the main tomato crop
diseases in Brazil, being found in all producing
regions, while bacterial blight (P. cichorii – Pc)
has been reported only in São Paulo state. The
use of cultivars with resistance levels is one of
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
1 | INTRODUCTION
Tomato
(Solanum
lycopersicum)
is
the second most cultivated vegetable in the
world (FAOSTAT, 2019), and some diseases
may limit tomaticulture in certain growing
seasons and regions of Brazil, either due to
the absence of efficient management practices
or to the increase of production costs with the
Capítulo 19
162
application of pesticides. Bacterial diseases, especially of the genus Pseudomonas
spp., are among the main diseases affecting tomato crops in Brazil and worldwide
(INOUE-NAGATA et al., 2016; LOPES; ÁVILA, 2005).
Bacterial speck (Pseudomonas syringae pv. tomato – Pst) has been occurring
in Brazil in tomato crops in the most varied production systems. Symptoms affect
the entire aerial part of the plant, and include round spots varying from dark brown
to black, which may have yellowish halos. In addition to the loss of photosynthetic
area, small black lesions are formed on the surface of the fruit, being detachable with
slight friction (INOUE-NAGATA et al., 2016; JONES et al., 2016). The occurrence of
Pseudomonas cichorii (Pc) in Brazil was reported in 2007 in tomato fields in the state
of São Paulo, where the plants presented symptoms of widespread leaf blight (SILVA
JÚNIOR et al., 2009a). Pc has also been reported in New Zealand (PAULA WILKIE;
DYE, 1974) and Cuba (PÉREZ, 1984).
The management of tomato leaf bacterial diseases is based on the use of highquality phytosanitary seeds and seedlings, drip irrigation, elimination of voluntary
plants and crop residues, crop rotation, and applications of copper-based chemicals,
while the use of cultivars with resistance levels is the most efficient method to reduce
production costs and yield losses (INOUE-NAGATA et al., 2016; JONES et al., 2016).
For Pst, sources of genetic resistance have already been identified in cultivar
Ontario 7710, accession PI 126430 and the F1 generation of crossing between
Ontario 7710 and accession PI 126430 (PILOWSKY; ZUTRA, 1986); in the cultivars
Agrocica Botu-13 and Ontario 7710, and the genotypes PI 127807, PI 1282161-2 and PI 126932-1-2 (KRAUSE et al., 2001); in varieties MI8I2, Kujawski and
Warszawski (KOZIK, 2002), and in the Zenith genotypes XPH 5976, XPH 5978,
XPH 5979, XPH 12044, XPH 12045, XPH 12066, XPH 12067, XPH 12068 and XPH
12070 (MALAVOLTA JÚNIOR et al., 2002). Regarding Pc, the only study developed
identified the genotypes AF 11768, AF 2521, AF 11766, AF 11772, AF 229, AF 5719-1
and AF 8162 with resistance levels (SILVA JÚNIOR et al., 2009b), and no information
is available on the resistance of tomato cultivars.
Knowledge of sources of genetic resistance to bacteria of the genus
Pseudomonas, with importance for tomato crop, is extremely important for
improvement of the management of bacterial diseases. For this reason, our study
evaluated the resistance of 20 commercial tomato cultivars to Pst and Pc.
2 | MATERIAL AND METHODS
Two experiments were carried out in the Plant Bacteriology Laboratory and
greenhouse of the Departamento de Proteção Vegetal, at the Faculdade de Ciências
Agronômicas – FCA/UNESP, Botucatu, SP. The experiments were developed in
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 19
163
April 2012 and September 2013 to evaluate the reaction of tomato cultivars Andrea
Victory, Carmen, Débora Max, Débora Pto, Gaúcho, Gaúcho Melhorado, IPA 6, IPA
6 HT, Santa Adélia, Santa Clara, Santa Clara I5300, Santa Clara 5800, Santa Cruz,
Santa Cruz Kadá Gigante, Sheila, Tyna and Yandara to Pst and Pc. Plants were
obtained in trays of 128 cells containing organo-mineral substrate (Tropstrato HT®) in
a greenhouse (22–28 °C/60–90% U.R.).
For inoculation, strains Tom 3190 from Pst and Tom 3091 from Pc were
previously cultivated in nutrient sucrose agar (NSA) culture medium [20 g.L−1 nutrient
agar (Merck) and 5 g.L−1 sucrose (Sigma-Aldrich)], and inoculation was performed
by spraying bacterial suspension [108 CFU.mL−1 (OD600 = 0.1)] on the abaxial and
adaxial areas of the leaves of tomato plants (four definitive leaves stage) until run off.
As negative control, plants of the same cultivars were sprayed with distilled water. To
improve the bacterial penetration in the leaf tissues, the plants were kept in a humid
chamber for 24 h before and after inoculation.
Symptom severity was evaluated 5, 7, 9, 11 and 13 days after inoculation, and
three leaves per plant were evaluated using diagrammatic disease severity scales.
For Pst, a scale with values from 0 to 5 was used, where 0 – absence of symptoms;
1 – small and sparse punctiform lesions; 2 – large punctiform lesions; 3 – larger
and sparse lesions; 4 – larger lesions, affecting much of the leaf limb, but without
coalescence; and 5 – large lesions, coalescing, affecting more than 50% of the leaf
limb (MALAVOLTA JÚNIOR et al., 2002). For Pc, the scale ranged from 1 to 5, where
1 – absence of symptoms in plant leaves; 2 – presence of soaked spots on the leaf
edges; 3 – soaked spots in 25% of the leaf limb; 4 – soaked spots in more than 50%
of the leaf limb; and 5 – dead leaf (SILVA JÚNIOR et al., 2009b).
The experimental design was completely randomized with 60 treatments (20
tomato cultivars × 2 bacteria, and 20 negative controls) with 15 repetitions, represented
by one plant. From the results of the severity values, the areas under the bacterial
speck and bacterial blight progress curves (AUDPC) were calculated for each cultivar
evaluated (CAMPBELL; MADDEN, 1990). The values were subjected to analysis
of variance, and the means compared by Tukey test at 5% probability (p < 0.05).
To classify the reactions of the cultivars to bacterial speck and bacterial blight, the
tomato cultivars were separated into three groups: resistant (R) (AUDPC less than
50% of the cultivar with the highest AUDPC), moderately resistant (MR) (AUDPC
51–60% of the cultivar with the highest AUDPC) and susceptible (S) (AUDPC above
60% of the cultivar with the highest AUDPC).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 19
164
3 | RESULTS
The results showed a significant difference between treatments by Tukey test
at 5% probability, indicating different resistance levels of tomato cultivars to Pst and
Pc (Tables 1 and 2).
For Pst, the cultivars Débora Pto, Andrea Victory and Sheila were classified as
resistant, with mean AUDPC values ranging from 0 to 4.80. Cultivars Lana, Rebeca
and Carmen showed a moderate resistance level, with average AUDPC values
ranging from 6.82 to 7.86. The other cultivars were classified as susceptible (Table 1).
All cultivars evaluated were susceptible to Pc despite the statistical differences
between cultivars in both experiments. The average AUDPC values ranged from
12.97 to 17.33, and the cultivars Gaúcho, Débora Pto, Carmen, IPA 6 HT, Lana and
Rebeca presented the lowest average AUDPC values (Table 2). Although susceptible
to Pc, the cultivars Carmen, Débora Pto, Lana and Rebeca showed considerable
levels of resistance to Pst.
Cultivar
AUDPC
Experiment 1
Cultivar
AUDPC
Experiment 2
Average
AUDPC
Resistance
Level
Débora Pto
0,00
R
Andrea Victory
4,61
Cultivar
Débora Pto
0,00
a*
Debora Pto
0,00
a
Andrea
Victory
2,03
b
Sheila
6,28
b
Sheila
3,31
b
Andrea Victory
7,19
b
Sheila
4,80
R
Rebeca
4,17
c
Santa Cruz
7,72
b
Lana
6,82
MR
Lana
5,06
c
Lana
8,57
b
Rebeca
7,76
MR
Yandara
5,28
c
Carmen
9,64
b
Carmen
7,86
MR
IPA 6 HT
5,39
c
S. C. Kadá Gigante
9,68
b
Lumy
8,09
S
Tyna
5,42
c
Lumy
10,65
c
Tyna
8,66
S
Lumy
5,53
c
Santa Clara i5300
11,22
c
Santa Cruz
9,70
S
Carmen
6,08
c
Rebeca
11,34
c
IPA 6 HT
9,79
S
G.
Melhorado
6,42
c
Gaúcho
11,81
c
Gaúcho
Melhorado
9,83
Santa Clara
6,89
c
Tyna
11,90
c
Yandara
9,93
S
IPA 6
8,17
d
Débora Max
12,22
c
Santa Clara i5300
10,22
S
Débora Max
8,67
d
Gaúcho Melhorado
13,24
c
S. C. Kadá
Gigante
10,38
Santa Clara
5800
9,11
d
Santa Clara
13,97
d
Santa Clara
i5300
9,22
d
IPA 6 HT
14,18
d
Santa Adélia
10,94
e
Yandara
14,57
S.C. Kadá
Gigante
11,08
e
Santa Adélia
Gaúcho
11,36
e
Santa Cruz
11,67
e
R
S
S
S
Santa Clara
10,43
Débora Max
10,45
d
Gaúcho
11,59
15,93
d
IPA 6
Santa Clara 5800
16,08
d
Santa Clara 5800
12,60
S
IPA 6
16,40
d
Santa Adélia
13,44
S
12,29
S
S
S
Table 1. Area under the bacterial speck progress curves (AUDPC) and reaction of 20 tomato
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 19
165
cultivars to Pseudomonas syringae pv. tomato in two experiments.
* Average followed by the same letter in the column do not differ from each other by the Tukey test at 5%
probability.
AUDPC
Experiment 1
Cultivar
Cultivar
AUDPC
Experiment 2
Cultivar
Average
AUDPC
Resistance
Level
IPA 6
10,86
a*
Gaúcho
11,19
a
Gaúcho
12,97
S
Santa Clara i5300
12,81
b
Rebeca
12,58
b
Debora Pto
13,39
S
Gaúcho
Melhorado
13,78
c
Debora Pto
12,77
b
Carmen
13,95
S
Rebeca
14,00
c
IPA 6 HT
13,50
b
IPA 6 HT
14,29
S
Sheila
14,75
c
Lana
13,65
b
Lana
14,48
S
Lumy
14,83
c
Yandara
14,14
c
Rebeca
14,50
S
Santa Cruz
15,06
c
Santa Clara 5800
14,21
c
Débora Max
14,77
S
Lana
15,08
c
Santa Cruz
14,28
c
Andrea
Victory
15,52
S
Santa Clara 5800
15,31
c
Santa Clara i5300
14,40
c
Lumy
15,52
S
Tyna
15,47
c
Tyna
14,68
c
Santa Clara
5800
15,54
S
Santa Clara
16,42
d
Carmen
15,08
c
Santa Cruz
15,73
S
Yandara
16,55
d
Sheila
15,39
c
Santa Clara
i5300
15,76
S
Carmen
16,64
d
Lumy
15,56
c
Santa Clara
16,26
S
Debora Pto
16,86
d
Débora Max
15,75
c
Gaúcho
Melhorado
16,56
S
Andrea Victory
17,11
d
Santa Clara
15,88
c
Yandara
16,63
S
Gaúcho
17,17
d
S. C. Kadá
Gigante
17,06
d
Sheila
16,64
S
Débora Max
17,44
d
Santa Adélia
18,10
d
Tyna
16,69
S
IPA 6 HT
17,89
e
Gaúcho
Melhorado
18,29
d
IPA 6
16,70
S
S. C. Kadá
Gigante
18,69
e
IPA 6
18,33
d
S. C. Kadá
Gigante
17,25
S
Santa Adélia
19,11
e
Andrea Victory
20,17
e
Santa Adélia
17,33
S
Table 2. Area under the bacterial blight progress curves (AUDPC) and reaction of 20 tomato
cultivars to Pseudomonas cichorii in two experiments.
* Average followed by the same letter in the column do not differ from each other by the Tukey test at 5%
probability.
4 | DISCUSSION
The use of cultivars with resistance levels directly influences multiplication of
the pathogen in the plant host, as well dispersion in the cultivation fields, reducing the
disease development rate (CAMARGO, 2018). Thus, the evaluation of quantitative
parameters, such as disease severity, is efficient for classifying cultivars based on
their susceptibility or resistance to a pathogen (JEGER; VILJANEN-ROLLINSON,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 19
166
2001). This has already been proven for some tomato bacterial diseases, such as
bacterial spot (Xanthomonas vesicatoria) (LOBO; LOPES; GIORDANO, 2005) and
bacterial wilt (Ralstonia solanacearum) (LIMA et al., 2010), and for bacterial speck
(Pst) (SHENGE; MABAGA; MORTENSEN, 2007) and bacterial blight (Pc) (SILVA
JÚNIOR et al., 2009b), the objectives of this study.
The use of tomato cultivars with levels of genetic resistance also stands out
in the more efficient management of bacterial diseases due to the ease with which
phytobacteria acquire resistance to many chemicals, especially cuprics, thus reducing
the efficiency of chemical control. The genes responsible for conferring resistance to
copper in P. syringae are the copABCD operon and copRS, which are present in a
genome island at tRNA-Lys or in a plasmid (FEIL et al., 2005).
Large-scale use of resistant cultivars may lead to the emergence of new pathogen
races. For Pst, resistance is conferred by the incomplete dominance of the Pto gene,
and strains of this bacterium may present a significant difference in virulence between
strains and tomato genotypes (KOZIK, 2002; KOZIK; SOBICZEWSKI, 2000). In our
study, different Pst and Pc strains and their interaction were not analysed, which
justifies the execution of new experiments with new strains, to confirm the results
obtained here.
Our results showed that the cultivars IPA 6 and Santa Clara were also susceptible
to Pst, the same as the results obtained by Malavolta Júnior et al. (2002). As also
observed by Silva Júnior et al. (2009b), tomato cultivars with the Pto gene also
presented lower AUDPC values for Pc, the same results as obtained for the cultivar
Débora Pto in our study. The other tomato cultivars used in our study had not yet
been evaluated for Pst and Pc resistance, and so far there are no reports of tomato
cultivar resistance to Pc in Brazil. However, it is known that some non-commercial
genotypes have levels of resistance to this bacterium (SILVA JÚNIOR et al., 2009b),
and these may be used in tomato breeding programmes to incorporate Pc resistance
genes.
REFERENCES
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SILVA JÚNIOR, T. A. F. et al. Gama de hospedeiros e reação de genótipos de tomateiro a
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 19
168
CAPÍTULO 20
doi
BIOFUMIGAÇÃO NO CONTROLE DE FITOPATÓGENOS
HABITANTES NO SOLO
http://lattes.cnpq.br/3275290883756030
Data de aceite: 11/03/2020
Ana Caroline Telis dos Santos
Cleberton Correia Santos
Doutor em Agronomia (Produção Vegetal),
Universidade Federal da Grande Dourados –
UFGD, Faculdade de Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/6639439535380598
Rodrigo da Silva Bernardes
Mestrando em Agronomia (Produção Vegetal),
Universidade Federal da Grande Dourados –
UFGD, Faculdade de Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/7825736189974145
Jaqueline Silva Nascimento
Doutoranda em Agronomia (Produção Vegetal),
Universidade Federal da Grande Dourados –
UFGD, Faculdade de Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/3931867156118797
Willian Costa Silva
Graduando em Agronomia, Universidade Federal
da Grande Dourados – UFGD, Faculdade de
Ciências Agrárias
Graduanda em Agronomia, Universidade Federal
da Grande Dourados – UFGD, Faculdade de
Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/7345200177226466
Rodrigo Alberto Bachi Machado
Graduando em Agronomia, Universidade Federal
da Grande Dourados – UFGD, Faculdade de
Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/5507200907854932
Maria do Carmo Vieira
Doutora em Fitotecnia, Universidade Federal
da Grande Dourados – UFGD, Faculdade de
Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/8711369609923178
Néstor Antonio Heredia Zárate
Doutor em Fitotecnia, Universidade Federal
da Grande Dourados – UFGD, Faculdade de
Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/6433045915674614
Dourados – Mato Grosso do Sul
http://lattes.cnpq.br/3268366941050607
Daniela Maria Barros
Graduanda em Agronomia, Universidade Federal
da Grande Dourados – UFGD, Faculdade de
Ciências Agrárias
Dourados – Mato Grosso do Sul
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
RESUMO: A incidência de doenças ocasionadas
por fitopatógenos habitantes no solo pode
reduzir drasticamente a capacidade produtiva
das plantas. Desta forma, torna-se necessário
estabelecer práticas de manejo fitossanitário
Capítulo 20
169
que garantam a segurança alimentar e o manejo sustentável dos recursos naturais
renováveis. Objetivou-se por meio desta revisão de literatura elucidar conceitos e
avanços tecnológicos associados à incorporação de matéria orgânica no controle
de fungos fitopatogênicos habitantes no solo. A técnica da biofumigação apresenta
potencial de realização visando controle efetivo de fitopatógenos, cujo objetivo principal
é realizar a incorporação de matéria orgânica ao solo de cultivo. As respostas de
controle dos fungos fitopatogênicos no solo associados ao processo de biofumigação
direciona-se as substâncias produzidas pelas fontes de matéria orgânica adicionadas
ao solo. A adição e/ou manutenção de matéria orgânica ao solo de cultivo por meio
de resíduos orgânicos agropecuários e/ou adubos verdes é uma prática agronômica
indicada para o manejo fitossanitário de fitopatógenos habitantes no solo causadores
de doenças em plantas.
PALAVRAS CHAVE: adubos verdes, biocontrole, resíduos orgânicos, sustentabilidade.
BIOFUMIGATION IN THE CONTROL OF PHYTOPATHOGENS SOILBORNE IN THE
SOIL
ABSTRACT: The incidence of diseases caused by phytopathogens soilbourne in the
soil may drastically reduce the productive capacity of plants. Thus, it is necessary
to establish phytossanitary management practices that guarantee food security and
sustainable management to renewable natural resources. The aim of this literature
review was to elucidate concepts and technological advances associated with
incorporation of organic matter in the control of phytopathogenic fungi in the soil.
The biofumigation technique has potential for realization aiming at effective control,
whose main objective is to incorporate organic residue into cultivation soil. The control
responses of phytopathogenic fungi associated with biofumigation process target the
substances produced by the sources of organic matter added in the soil. The addition
and/or maintenance of organic matter to the cultivation soil by means of organic
agricultural residues or green manure is agronomic practice indicated for phytosanitary
management of phytopathogens soilbourne in the soil that cause diseases in plants.
KEYWORDS: green manure, biocontrol, organic residues, sustainability.
1 | INTRODUÇÃO
Estima-se que a população mundial em 2024 será superior a 8 bilhões de
pessoas e, em 2050, superior a 9,5 bilhões (ONU, 2012). O aumento populacional
pode ocasionar problemas de segurança alimentar em função da impossibilidade de
parte da população terem acesso aos alimentos necessários para uma alimentação
saudável (SAATH e FACHINELLO, 2018). Portanto, o crescimento agrícola relacionase diretamente com o padrão de consumo da população por meio de sua influência
sobre os preços de alimentos (COSTA et al., 2014). Todavia, as produtividades
das culturas de interesse comercial são afetadas por diversos fatores, tais como
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
170
as injúrias decorrentes de problemas fitossanitários, principalmente a incidência de
fitopatógenos que habitam no solo.
Os fitopatógenos habitantes do solo são responsáveis por causar doenças
vasculares e radiculares, podendo permanecer no ambiente em que estão presentes
devido à alta capacidade de competição saprofítica (BELLÉ e FONTANA, 2018),
tornando-se difíceis de controle por apresentar estruturas de resistência como
clamidósporos, micélios, esclerócios, oósporos, entre outros (CRUZ et al., 2013).
Na literatura verificou-se efeito negativo de Verticillium dahliae em frutos de
Solanum lycopersicum var. cerasifore (tomate) (FILHO et al., 2016), Sclerotium rolfsii
em Capsicum annum L. (pimenta) (SERRA e SILVA, 2005) e Allium sativum L. (alho)
(CAVALCANTI et al., 2018), Macrophomina phaseolina em raízes de Glycine max (L.)
Merr. (soja) (CRUSCIOL e COSTA, 2018), Rhizoctonia solani e Fusarium oxysporum
f. sp. phaseoli em Lactuca sativa L. cultivar Regina (alface) e Phaseolus vulgaris L.
cultivar Alessa (feijão) (DIAS et al., 2013).
Considerando os danos ocasionados pelos fungos habitantes no solo torna-se
necessário estabelecer práticas para seu controle efetivo. A crescente preocupação
com os agravantes problemas ocasionados aos recursos naturais renováveis faz
com que sejam utilizadas técnicas sustentáveis no manejo fitossanitário, almejando
qualidade dos serviços ecossistêmicos e de vida.
Neste sentido, a biofumigação, isto é, incorporação de matéria orgânica ao
solo pelo uso de resíduos pode contribuir substancialmente no controle de doenças
pela produção de metabólitos secundários (GARCIA et al., 2014) e devido ao
aumento de temperatura decorrente do processo de decomposição dos resíduos
no solo (WONG et al., 2011). Além disso, as diferentes fontes de matéria orgânica
podem favorecer a presença e/ou aumento da comunidade microbiana potencial nas
relações antagônicas aos fitopatógenos (biocontrole) (CRUZ et al., 2013).
Com base no exposto, objetivou-se por meio desta revisão de literatura elucidar
conceitos e avanços tecnológicos associados à adição de matéria orgânica no
controle de fungos fitopatogênicos habitantes no solo.
2 | DESENVOLVIMENTO
As atividades agropecuárias, agroindustriais e agrícolas geram quantidades
excessivas de resíduos, que quando manejados de forma inadequada podem
ocasionar danos aos recursos naturais renováveis, tais como a contaminação do
solo, águas superficiais e subterrâneas pela presença de metais pesados e/ou
excesso de nutrientes (OLIVEIRA et al., 2012). No entanto, o correto aproveitamento
de resíduos pode ser uma alternativa sustentável para os sistemas de produção
agrícola.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
171
Diversos podem ser os resíduos a serem utilizados na agricultura, tais como
agrícolas (adubos verdes, resíduos de palhas, cascas e folhas de mandioca, café,
eucalipto, milho, entre outros), agroindustriais (bagaço de cana, lodo de esgoto,
torta de filtro, vinhaça) e agropecuários (estercos de galinha, bovinos, ovinos, entre
outros). Em geral, os resíduos quando em estágio de decomposição/mineralização
contribuem nos atributos químicos por apresentar elevados teores de nutrientes
(MÉNDEZ et al., 2017), além de aumentar a atividade microbiológica (DEVI et al.,
2012), o que acelera a ciclagem biogeoquímica.
No que concerne aos atributos físicos, os resíduos atuam no processo de
manejo, conservação do solo e água por melhorar a capacidade de infiltração,
manutenção da umidade e formação de agregados do solo (CARRIZO et al., 2015;
SILVA et al., 2017) mitigando possíveis processos erosivos, além de contribuir no
desenvolvimento das plantas.
Enfatizando a qualidade do solo de cultivo, na composição da microbiota do solo
há presença de fungos, bactérias, microrganismos, e diversos fatores agronômicos
podem causar desequilíbrio biológico, fazendo com que haja aumento populacional
de agentes patogênicos (BELLÉ e FONTANA, 2018), ocasionando o surgimento de
patologias vasculares e radiculares, consequentemente afetando a produtividade
das espécies de interesse agroeconômico.
No que concerne aos fungos edáficos, esses são classificados em dois grupos: 1)
habitantes no solo – origem saprófitas ou parasitas não especializados e 2) habitantes
das raízes – micorrízicos ou parasitas especializados (Figura 1) (GARRETT, 1956,
citado por REIS, 2016), podendo estes apresentar supressividade específica ou
geral (REIS, 2016). Os fungos parasitas são os responsáveis por causar as doenças,
principalmente podridões radiculares, e afetar todo sistema morfofisiológico das
plantas; essas podridões causam menor rentabilidade econômica aos agricultores
(ROCHA e CARNEIRO, 2016).
Figura 1. Classificação dos fungos do solo descrita por Garrett (1956) e dos tipos de
supressividade.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
172
Portanto, é imprescindível implementar o manejo integrado de doenças por
meio do controle químico, físico, biológico e/ou cultural. Porém, dentre essas
técnicas, o uso de agroquímicos de forma não seletiva e/ou indiscriminado pode
ocasionar contaminação do ambiente, além de prejuízos causados à saúde humana
e o resistência de patógenos aos fungicidas; então, tem-se buscado, medidas
alternativas no manejo de doenças (FERREIRA et al., 2015), tornando-se necessárias
abordagens ecológicas que permitam a segurança alimentar durante o processos do
manejo fitossanitário de patógenos do solo (AYDINLI e MENNAN, 2018), promovendo
uma agricultura sustentável.
Dentre as técnicas existentes, a biofumigação ou fumigação biológica, é
promissora, pois consiste no processo de incorporação de matéria orgânica ao solo
no controle de patógenos no solo (BLOCK et al., 2000; AMBRÓSIO et al., 2009). A
partir do momento em que realiza-se esse processo ocorre aumento da temperatura
decorrente do processo de decomposição da matéria orgânica (REIS, 2016). Ainda,
esse autor destaca que a resistência dos patógenos à elevada temperatura atingida
durante a compostagem depende de fatores como a densidade da população e a
umidade do material. Cabe ressaltar que esta técnica é de fácil acesso e execução
pelo produtor rural, favorecendo redução de custos e aproveitamento dos materiais
disponíveis nas regiões produtoras.
Em estudo desenvolvido por Ferreira et al. (2015), foi avaliado o controle de
Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae utilizando-se os seguintes resíduos vegetais:
1) folhas de eucalipto, 2) bagaço de coco babaçu e 3) casca de mandioca nas
concentrações in vitro (0, 2, 4, 6, 8 e 10%) na forma de extrato aquoso, e in vivo (0,
20, 40, 60, 80 e 100 g kg-1 de solo), incorporados ao solo, em casa de vegetação.
Constatou-se que os extratos de 6% do bagaço de coco e 10% de folhas de eucalipto
contribuíram na inibição de crescimento micelial. Nos testes in vivo, a concentração
de 80 g kg-1 de bagaço de coco e 60 g kg-1 de casca de mandioca foram eficientes
no controle da fusariose.
Além dos resíduos vegetais provenientes de atividades agroindustriais e/
ou agrícolas, o uso de plantas de cobertura, tais como adubos verdes, tem sido
utilizadas cada vez mais em práticas de manejo de antecessão, consórcio e/ou
rotação com as espécies de interesse agrícola e/ou silvicultural (FERREIRA et al.,
2018). A adubação verde consiste especialmente no uso plantas leguminosas pelo
fato de apresentar maior capacidade de fixação biológica de nitrogênio (SEDIYAMA
et al., 2014), contribuindo na ciclagem biogeoquímica de outros elementos.
O cultivo de adubos verdes favorece a quantidade fitomassa no solo (TEODORO
et al., 2018), contribuindo na mitigação de processos erosivos por meio da manutenção
da cobertura do solo e melhora a capacidade de infiltração da água. Salienta-se que
a maioria das espécies de plantas utilizadas como cobertura apresentam habilidade
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
173
de adaptação às condições ambientais (WUTKE et al., 2014), o que favorece seu
cultivo. Outro ponto positivo é que algumas espécies liberam substâncias químicas
alelopáticas (lectinas, glicoproteínas, entre outros) (MARBAN-MENDONZA et al.,
1992) capazes de reduzir a densidade populacional de fitopatógenos (CRUZ et al.,
2013).
Avaliando o efeito de resíduos frescos das seguintes leguminosas: a) leucena,
b) feijão guandu, c) amendoim forrageiro e d) feijão de porco, nas concentrações
de 0, 20, 40, 60 e 80 g L-1 antecedendo o cultivo de Solanum lycopersicom L.
(tomateiro), Cruz et al. (2013) verificaram que todas as leguminosas contribuíram
substancialmente no controle de Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici. O amendoim
forrageiro, feijão de porco e leucena (40, 60 e 80 g L-1, respectivamente) foram os
que apresentaram maior eficiência (73,3%) no controle de fusariose (Tabela 1),
favorecendo a supressividade.
Tabela 1. Efeito da incorporação de leguminosas frescas no controle da fusariose do tomateiro.
1
Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Fonte: Adaptado de Cruz et al.
(2013).
Em outro trabalho com adubos verdes, Porto et al. (2016) avaliaram o efeito de
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Capítulo 20
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Canavalia ensiformis (L.) DC (feijão de porco) no manejo fitossanitário da podridão
radicular de Cucumis melo L. (melão) causadas pelos patógenos Fusarium solani,
Macrophomina phaseolina e Rhizoctonia solani, além do controle (solo não infestado)
sozinho ou associados a quatro formas de manejo [material vegetal incorporado;
material vegetal em cobertura; filme de polietileno preto - mulch e sem manejo]
(Figura 2).
Figura 2. Mudas de meloeiro transplantadas para o substrato nas diferentes formas de manejo.
A – Feijão-de-porco incorporado; B – Feijão-de-porco em cobertura; C – Filme de polietileno
(Mulch). Fonte: Porto et al. (2016).
Esses autores verificaram que não houve diferença significativa entre os
fungos, mas ao incorporar o feijão de porco ao solo ocorreu incidência da doença em
100% das plantas avaliadas em relação ao utilizado em cobertura (75%), sugerindo
que nessas condições a incorporação tende a favorecer o aumento da comunidade
fitopatogênica. O feijão-de-porco em cobertura proporcionou menor incidência de
podridão radicular no meloeiro quando Fusarium solani isoladamente. Quanto à
forma de manejo dos resíduos ao solo, Carvalho et al. (2008) descrevem que quando
em cobertura, esses materiais se decompõem de forma mais lenta do que aos
incorporados ao solo, e consequentemente são disponibilizados mais tardiamente,
podendo desfavorecer os microrganismos por restrição alimentar.
Por outro lado, as respostas de controle das doenças de plantas podem variar
entre as espécies e fontes de matéria orgânica utilizadas. A adição de material
orgânico fresco a base de Crotalaria juncea (crotalária) e Paspalum notatum (grama
batatais) em associação com cama de frango (CF) ao solo com Rhizoctonia solani
ocasiona aumento de inóculo e incidência da doença (GARCIA et al., 2014). Esses
autores descreveram que para Fusarium solani f. sp. phaseoli, doses de 320 kg
ha-1 de crotalária + CF e 80 kg ha-1 de gramas batatais + CF propiciaram maior
severidade em plantas de feijoeiro.
Em outro estudo, verificou-se efeito benéfico da biofumigação por meio de
resíduos vegetais provenientes de jardim bioestabilizados pela compostagem ou
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
175
vermicompostagem no controle de fitopatógenos habitantes no solo para cultivo de
tomateiro (MORALES-CORTS et al., 2018). A partir dos ensaios in vitro e in vivo
(casa de vegetação – vasos) mostraram que o composto apresentou efeito supressor
sobre Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici com taxa de crescimento (TC) de 12%,
e o vermicomposto apresentou alta supressividade em Rhizoctonia solanim, com TC
de 18% (Tabela 2).
Tabela 2. Taxa de crescimento (TC) de patógenos em placa de Petri.
Fonte: Adaptado de Morales-Corts et al. (2018).
A biofumigação também pode ser utilizada em cultivo protegido de hortaliças
conforme descrito em trabalho de Gómez et al. (2010). Foi estudada a incorporação
de esterco bovino semidecomposto em canteiros (10 kg m2) antes do estabelecimento
do cultivo de tomate e pepino para o controle de Meloidogyne spp. Esses autores
descreveram que a taxa de infestação no solo por Meloidogyne spp., após a
biofumigação reduziu de 4,8 (antes da incorporação) para 1,8, e os rendimentos
alcançados para tomate e pepino foram de 678,7 e 1545,0 kg túnel-1, respectivamente,
superando em 50% aos valores obtidos nas safras anteriores. Os resultados deste
trabalho foram promissores e demonstraram a eficiência do uso de resíduos no
controle de nematoides.
Na literatura consultada observou-se que muitos trabalhos associam a
incorporação de matéria orgânica a outras técnicas, dentre elas, a solarização.
A solarização consiste na exposição do solo utilizando-se cobertura plástica. De
acordo com Rocha e Carneiro (2016) ao realizar esse processo, as temperaturas nas
camadas mais superficiais do solo inativam alguns patógenos por serem sensíveis
a altas temperaturas, além de favorecer o aumento da comunidade microbiana de
biocontrole (mais tolerantes a essas condições) térmicas.
Foi estudado o efeito da adição de resíduos orgânicos em associação a
solarização na incidência natural da murcha-bacteriana do tomateiro, causada por
Ralstonia solanacearum. Os resíduos utilizados foram os de brássicas (2% v/v) e
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
176
cama de frango (2% v/v), além do brometo de metila e testemunha (sem tratamento),
todos sem e com solarização. A cama de frango reduziu a incidência de murchabacteriana (BAPTISTA et al., 2006). Os benefícios da cama de frango no controle de
fitopatógenos deve-se a liberação de compostos voláteis de nitrogênio (NO2, NH3-)
durante a decomposição do resíduo (GAMLIEL e STAPLETON, 1993).
Além disso, ao utilizar resíduos orgânicos, tal como a cama de frango, pode
haver presença de microrganismos benéficos que contribuem no biocontrole de
fitopatógenos. Barocio-Ceja et al. (2013) estudaram a capacidade antagônica de
Thichoderma sp. e Aspergillus spp. isolados de vermicomposto com cama de frango.
Aplicações de vermicomposto de frango aumentaram as populações de micróbios
no solo (6,5 x 104 a 1,8 x 105 conídios/g), diversificando a microbiota e promovendo
a população destes antagonistas fitogênicos.A inibição do crescimento de F.
oxysporum variou de 45% a 48% e 24% a 27%, na presença de Trichoderma sp. e
Aspergillus sp., respectivamente (Figura 3 e 4); estas espécies antagonistas inibiram
o crescimento de Rhizoctonia sp. 38% e 25%, respectivamente.
Figura 3. Trichoderma sp. “VC 1” isolados de vermicomposto de cama de frango na inibição do
crescimento de F. oxysporum (A), F. subglutinans (B) e Rhizoctonia sp. (C). Fonte: Barocio-Ceja
et al. (2013).
Figura 4. Aspergillus sp. “VC 11” isolados de vermicomposto de cama de frango na inibição do
crescimento de F. oxysporum (A), F. subglutinans (B) e Rhizoctonia sp. (C). Fonte: Barocio-Ceja
et al. (2013).
Avaliou-se o controle de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e Sclerotium
rolfsii por meio da associação de biofumigação e solarização [1) solarizado sem
incorporação de material orgânico, 2) solarizado com resíduo de brássica (Brassica
oleracea var. capitata), 3) solarizado com folhas de eucalipto (Eucalyptus citriodora),
4) solarizado com cama de frango, 5) não solarizado aberto ao sol e 6) não solarizado
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
177
aberto à sombra] realizado coleta e avaliação aos 7 e 14 dias de solarização. Os
tratamentos não solarizados apresentaram maiores percentagens de germinação de
escleródios, sendo “aberto ao sol” - 90%, e o “aberto à sombra” - 80%. Após 14 dias
de solarização, constatou-se que para viabilidade de escleródios as associações de
“solarizado + repolho” “solarizado + eucalipto” foram mais eficientes por apresentar
com 0% e 2,5% de germinação (ROCHA e CARNEIRO, 2016).
Em outra vertente, o uso de plantas de sucessão de culturas apresentam
potencial de controle de fitopatógenos no solo. Entretanto, é necessário atentar-se
a seleção das plantas a serem utilizadas, uma vez que, pode ocorrer multiplicação,
pois os diferentes sistemas de produção podem criar condições favoráveis para sua
sobrevivência, principalmente de fitopatógenos necrotróficos em restos culturais
(REIS et al., 2011).
Em trabalho de Tavares-Silva et al. (2017) foi avaliado o potencial de redução
populacional de Pratylenchus brachyurus e Meloidogyne javanica pelo cultivo de
aveia-preta cv. IAPAR 61, crambe cv. MS Brilhante, nabo forrageiro, milho cv. IPR114
e feijão cv. IPR Tangará em sucessão à soja. A sucessão soja-crambe-soja foi
eficiente na redução da população de P. brachyurus, em aproximadamente 85%
quando comparado com a sucessão soja-milho-soja. O crambe reduziu em mais
de 50% no número de ovos de M. javanica/g de raiz de na sucessão com a soja,
se comparado ao sistema de sucessão soja e feijão. Em outro trabalho utilizando
o cambre, constatou-se que o extrato hidroalcoólico de 250 mg L-1 foi eficiente no
controle de Meloidogyne incognita em tomateiro (COLTRO-RONCATO et al., 2018).
Estudando-se o desenvolvimento de Sclerotium rolfsii sob palha de soja,
milho e trigo, verificou-se que a palha de trigo contribuiu para menor quantidade
de escleródios (PINHEIRO et al., 2010). Também verificou-se efeito positivo da
biofumigação a partir de Brassica carinata associada a solarização no controle de
Phytophthora cactorum e favoreceu incremento do rendimento produtivo de frutos de
morangueiro (BARRAU et al., 2009). Esses autores associam os efeitos positivos as
espécies de brássicas por apresentarem compostos glucosinolatos e isothiocianatos.
Em trabalho de Neves et al. (2007) foi estudado o controle de nematoide
Meloidogyne javanica em tomateiro. Para isso, utilizou-se a parte aérea fresca e
picada de repolho (Brassica oleracea var. capitata), mostarda (Brassica juncea),
brócolis (Brassica oleracea var. italica) e couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis)
foram depositadas na superfície do substrato de cada vaso, e após seis dias foi feita
incorporação. A biofumigação com brócolis, couve-flor (T5) e mostarda (T6) foram
eficientes no controle de M. javanica em casa de vegetação, pois reduziu o número
de galhas e de ovos nas raízes das plantas (Figura 5).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
178
Figura 5. Número de galhas (A) e ovos (B) de M. javanica em raízes de tomateiro cultivado em
solo submetido a diferentes tratamentos. Letras não diferem entre si pelo teste de Duncan (5%).
Fonte: Adaptado de Neves et al. (2007).
Avaliou-se a eficiência de Raphanus sativus (rabanete) e Eruca sativa (rúcula)
no controle de Meloidogyne arenaria em estufa comercial de tomateiro. Plantas de
R. sativus e E. sativa foram usadas como culturas de ciclo de inverno e alface como
cultura suscetível, e depois foi feito o cultivo do tomateiro. Realizou-se a incorporação
de todas as partes das plantas de R. sativus e E. sativa, e o para o alface utilizou
cobertura com filme de polietileno transparente por quatro semanas. As parcelas
biofumigadas com R. sativus e E. sativa reduziram o índice de galhas nas raízes e
do número de juvenis no solo, em comparação as parcelas controle e com alface
(Figura 6) (AYDINLI e MENNAN, 2018).
Figura 6. Índice de gall (A) e massa de ovos (B) em plantas de tomate infectadas com
Meloidogyne arenaria sob cultivo de rúcula – arugula (Eruca sativa), rabanete – radish
(Raphanus sativus) e alface – lettuce (Lactuca sativa). Letras iguais não diferem entre si pelo
teste de Tukey (5%). Fonte: Adaptado de Aydinli e Mennan (2018).
As respostas de controle dos fungos fitopatogênicos no solo associados ao
processo de biofumigação direciona-se as substâncias produzida pelas fontes
de matéria orgânica adicionadas ao solo. Diante do avanço tecnológico, estudos
que descreveram os processos enzimáticos no solo baseando-se na dinâmica
de decomposição e aumento da comunidade microbiana de biocontrole são
imprescindíveis visando conhecer seus processos decorrentes (SIMON et al., 2017).
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
179
Isso, porque a população microbiana é responsável pela produção de enzimas
durante o processo de decomposição dos resíduos orgânicos. Dentre as enzimas,
a β-glicosidase atua na etapa final da decomposição da celulose pela hidrolisação
dos resíduos da celobiose (TABATABAI, 1994), e suas alterações podem implicar na
atividade da comunidade microbiana do solo.
Em trabalho avaliando o efeito da biofumigação por meio da incorporação de
2 e 5% de cama de frango (CF) ao solo, e solarização com cobertura plástica aos
dois, quatro e seis meses, com avaliações aos 30 e 60 dias após as solarizações,
verificou-se que a biofumigação com 5% de CF contribuiu no aumento da atividade
da β-glicosidase (Tabela 3), mas não da comunidade microbiana (PASSOS et al.,
2008).
Tabela 3. Efeito dos diferentes períodos de solarização e da adição de cama-de-frango para
biofumigação do solo, sobre a atividade da enzima β-glicosidase no solo, imediatamente e após
30 e 60 dias da retirada da cobertura de plástico.
Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem pelo teste de Duncan (5%). Fonte: Adaptado de
Passos et al. (2008).
3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de matéria orgânica ao solo por meio de resíduos orgânicos e/ou plantas
de cobertura contribui no controle bioecológico de fitopatógenos habitantes no solo
causadores de doenças de plantas, sendo uma prática agronômica promissora
de manejo fitossanitário a serem realizados nos sistemas de produção de base
sustentável.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
180
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 20
183
CAPÍTULO 21
doi
INCIDÊNCIA DE FUNGOS ASSOCIADOS A SEMENTES
DE Amaranthus cruentus BRS ALEGRIA NA COLHEITA E
SECAGEM AO SOL
Hipolito Murga Orrillo
Data de aceite: 11/03/2020
Universidad Nacional de Cajamarca – Faculdad
de Agronomía
Data de submissão: 03/12/2019
Patrícia Monique Crivelari da Costa
Cajamarca, Peru
Universidade Federal de Mato Grosso –
Faculdade de Agronomia e Zootecnia
http://lattes.cnpq.br/3551838909101302
Cuiabá – MT, Brasil
http://lattes.cnpq.br/3305701685187767
Universidade Federal de Mato Grosso –
Faculdade de Agronomia e Zootecnia
Aloisio Bianchini
Cuiabá – MT, Brasil
Universidade Federal de Mato Grosso –
Departamento de Solos e Engenharia Rural
http://lattes.cnpq.br/0705112514498964
Cuiabá – MT, Brasil
Universidade Federal de Mato Grosso –
Faculdade de Agronomia e Zootecnia
http://lattes.cnpq.br/3623784238232308
Patrícia Helena de Azevedo
Pedro Silvério Xavier Pereira
Dryelle Sifuentes Pallaoro
Cuiabá – MT, Brasil
Universidade Federal de Mato Grosso –
Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade
http://lattes.cnpq.br/4681535784920987
Cuiabá – MT, Brasil
http://lattes.cnpq.br/0026836907523711
Universidade Federal de Mato Grosso –
Faculdade de Agronomia e Zootecnia
Leimi Kobayasti
Cuiabá – MT, Brasil
Universidade Federal de Mato Grosso –
Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade
Cuiabá – MT, Brasil
http://lattes.cnpq.br/3980921888915874
http://lattes.cnpq.br/7357033019928816
Universidade Federal de Mato Grosso –
Faculdade de Agronomia e Zootecnia
Ana Lucia da Silva
Cuiabá – MT, Brasil
Universidade de Cuiabá – Faculdade de Ciências
Biológicas
Cuiabá – MT, Brasil
http://lattes.cnpq.br/8602683253442513
Sharmely Hilares Vargas
Universidad Earth – Departamento de Agronomía
San José, Costa Rica
Arielly Lima Padilha
Guilherme Machado Meirelles
http://lattes.cnpq.br/5495326444710039
Theodomiro Garcia Neto
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho – Faculdade de Ciências agronômicas
Botucatu – SP, Brasil
http://lattes.cnpq.br/2771060150860041
http://lattes.cnpq.br/0209990601833550
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 21
184
RESUMO: Objetivou-se avaliar a incidência de fungos associados a sementes
de Amaranthus cruentus BRS Alegria na colheita e secagem ao sol. As sementes
produzidas em Santo Antônio do Leverger, MT, foram colhidas manualmente, com 20%
de teor de água e foram colocadas para secar a pleno sol até atingirem 10% de teor de
água. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com dois tratamentos
(colheita e secagem ao sol) e quatro repetições, sendo cada repetição uma caixa tipo
gerbox com 50 sementes, distribuídas sobre substrato de papel filtro umedecido com
água destilada esterilizada (blotter test). Estas caixas foram incubadas à 25°C por cinco
dias. A avaliação foi feita por meio da identificação dos fungos, baseada em literatura
especializada. Na colheita foram identificados os gêneros de fungos: Alternaria (7,5%),
Aspergillus (5,5%), Bipolaris (6,5%), Cladosporium (5,0%), Curvularia (6,0%), Fusarium
(9,5%), Macrophomina (0,5%), Nigrospora (0,5%) e Penicillium (15,0%). Já após a
secagem foram encontrados nas sementes os gêneros: Alternaria (9,0%), Aspergillus
(2,0%), Bipolaris (2,5%), Cladosporium (50,0%), Curvularia (4,5%), Fusarium (2,0%),
Nigrospora (0,5%) e Penicillium (9,5%). Observou-se que houve redução de alguns
fungos como Aspergillus, Bipolaris, Curvularia, Fusarium e Penicillium em 64%, 62%,
25%, 79% e 37%, respectivamente. Não foi observada a presença de Macrophomina
nas sementes pós-secagem e a incidência de Nigrospora se manteve. Observou-se um
acréscimo na incidência dos fungos Alternaria e Cladosporium. Há uma preocupação
sobre o aumento considerável do gênero Cladosporium, uma vez que este fungo, em
algumas situações, diminui consideravelmente a germinação em sementes.
PALAVRAS-CHAVE: Blotter test; sanidade de sementes; teor de água
INCIDENCE OF Fungi ASSOCIATED WITH Amaranthus cruentus BRS ALEGRIA
SEEDS ON HARVESTING AND SUN DRYING
ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the incidence of fungi
associated with seeds of Amaranthus cruentus BRS Alegria at harvest and drying in
the sun. The seeds produced in Santo Antônio do Leverger, Mato Grosso State, were
harvested manually, with 20% of water content and were placed to dry in full sun until
reaching 10% of water content. The experimental design was completely randomized,
with two treatments (harvest and drying in the sun) and four replications. Each repetition
was a gerbox box with 50 seeds, distributed on a paper substrate moistened with
sterile distilled water (blotter test). These boxes were incubated at 25 °C for five days.
The evaluation was made through the identification of the fungi, based on specialized
literature. At harvest were identified the genera of fungi: Alternaria (7.5%), Aspergillus
(5.5%), Bipolaris (6.5%), Cladosporium (5.0%), Curvularia (6.0%), Fusarium (9.5%),
Macrophomina (0.5%), Nigrospora (0.5%) and Penicillium (15.0%). After drying the
seeds were found in the genera: Alternaria (9.0%), Aspergillus (2.0%), Bipolaris (2.5%),
Cladosporium (50.0%), Curvularia (4.5%), Fusarium (2.0%), Nigrospora (0.5%) and
Penicillium (9.5%). Some fungi such as Aspergillus, Bipolaris, Curvularia, Fusarium and
Penicillium were reduced by 64%, 62%, 25%, 79% and 37%, respectively. Macrophomina
was not observed in the seeds after drying and the incidence of Nigrospora remained.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 21
185
There was an increase in the incidence of Alternaria and Cladosporium fungi. There is
concern about the considerable increase in the genus Cladosporium, as this fungus, in
some situations, considerably reduces seed germination.
KEYWORDS: Blotter test; seed health; water content
1 | INTRODUÇÃO
Em pequena escala, os grãos de amaranto são secos naturalmente através
da exposição ao ar ambiente (ABALONE et al., 2006; RONOH et al., 2009) que,
quando bem manejados, a secagem ao ar natural são os que mais contribuem
para a manutenção das qualidades originais dos grãos e os mais adequados para
secagem de sementes (AFONSO et al., 2008; OLIVA, 2010), além de serem os
meios mais simples e baratos para o produtor, e, ainda, contam com a vantagem dos
raios solares terem ação germicida e não serem poluentes (CORRÊA et al., 2008).
O amaranto (Amaranthus cruentus) é uma planta alimentícia não convencional
(PANC) que vem crescendo no Brasil, por suas características nutricionais e
funcionais (KINUPP, 2007; FAO, 2012; FONSECA et al., 2018). Rico em proteínas,
comparado a maioria dos cereais cultivados, e de alto valor biológico, com perfil
de aminoácidos balanceado, próximo ao ideal para o consumo humano, tendo alto
teor de lisina, metionina e aminoácidos sulfurados, limitantes em outros cereais e
leguminosas (MARCÍLIO, 2003; ASCHERI, 2004; MARTIROSYAN et al., 2007;
KALINOVA; DADAKOVA, 2009; RAY; ROY, 2009). As sementes são ricas em
fibras, vitaminas A e C e minerais, como cálcio, ferro, magnésio e fósforo (KIM et
al., 2006; MATHIEU; MEISSA, 2007; PANDEY; SINGH, 2010; PIEROTTI, 2013).
Compostos fenólicos presentes nas sementes apresentam efeitos antioxidantes,
hipocolesterolêmicas,
hipolipemiantes,
anti-hipertensivos,
antidiabéticos,
antitrombótica, hiper-homocisteinemia dentre outros (QUEIROZ et al., 2009; CHON
et al., 2009; HERNÁNDEZ-LEDESMA, 2009; MALDONADO-CERVANTES, 2010;
VELARDE-SALCEDO et al., 2012).
Recentemente, verificou-se que as sementes de amaranto são ricas em
vários fitonutrientes que podem desempenhar um papel importante na inibição de
radicais livres e reações de cadeia oxidativa nos tecidos e membranas (NSIMBA
et al., 2008). Alguns peptídeos antifúngicos foram identificados em sementes de
Amaranthus spp.. Eles mostraram atividade de defesa contra fungos patogênicos
(LYAPKOVA et al., 2001). Ainda, estudos relatam que as sementes de amaranto
não formam um bom substrato para fungos toxigênicos, o que faz deste um produto
pouco suscetível à contaminação, ao contrário do que ocorre com os cereais e as
leguminosas (BRESLER et al. 1998; AMAYA-FARFAN et al., 2005; RIZELLO et al.,
2009). A BRS Alegria é uma cultivar nacional muito estudada, mas sem relatos sobre
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 21
186
a micoflora nas sementes. Diante desse cenário, objetivou-se avaliar a incidência de
fungos associados a sementes de Amaranthus cruentus BRS Alegria na colheita e
após secagem ao sol.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas sementes de Amaranthus cruentus BRS Alegria oriundas de
plantas cultivadas entre 9 de julho e 27 de setembro de 2018 na Fazenda Experimental
da UFMT, em Santo Antônio do Leverger, coordenadas geográficas 15°50’48” S e
56°03’52” W, altitude média de 140 m, clima tropical (Aw), segundo a classificação
de Köppen. A colheita foi realizada manualmente em 27 de setembro de 2018. As
panículas foram trilhadas manualmente com peneiras de malha 0,75 mm.
Em seguida foram retiradas amostras para determinação da umidade, a qual
foi realizada pelo método de estufa à 105±3°C por 24 horas, conforme o Manual
de Regras para a Análise de Sementes (BRASIL, 2009a). Também foram retiradas
amostras para o teste de sanidade.
A secagem foi realizada com massa de sementes estáticas, com espessura da
massa média de 25±2 mm, sobre peneiras de aço inox, com 200 mm de diâmetro e
de malha inferior a um milímetro (menores que as sementes), para que permitisse a
passagem de ar por entre a massa de sementes, realizada com incidência direta da
radiação solar. As sementes foram mantidas sob secagem até atingirem teor médio
de água de 10%.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com dois tratamentos
(colheita e secagem ao sol) e quatro repetições, sendo cada repetição uma caixa
tipo gerbox com 50 sementes, distribuídas sobre substrato de papel umedecido
com água destilada esterilizada. As caixas foram incubadas à 25 °C por cinco dias
conforme Manual de Análise Sanitária de Sementes (BRASIL, 2009b).
As avaliações da sanidade das sementes foram realizadas sete dias após
incubação, realizado pelo método do papel de filtro (blotter test). As sementes
foram analisadas individualmente para a quantificação dos fungos, com auxílio de
microscópios estereoscópio e biológico. As características e estruturas morfologias
dos fungos foram comparadas com literatura especializada (BARNETT; HUNTER,
1972) para identificação dos mesmos.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta incidência de fungos associados às sementes de
Amaranthus cruentus BRS Alegria na colheita e secagem e também, após a secagem
ao sol.
Na colheita foram identificados os gêneros de fungos: Alternaria sp., Aspergillus
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 21
187
sp., Bipolaris sp., Cladosporium sp., Curvularia sp., Fusarium sp., Macrophomina
sp., Nigrospora sp. e Penicillium sp.. Após a secagem foram encontrados nas
sementes os mesmos fungos em diferentes graus de incidência, com exceção de
Macrophomina sp. os quais não foram observados após a secagem.
Observou-se que houve redução de alguns fungos como Aspergillus sp.,
Bipolaris sp., Curvularia sp., Fusarium sp. e Penicillium sp. em 64%, 62%, 25%, 79%
e 37%, respectivamente e a incidência de Nigrospora sp. se manteve (Tabela 1).
Observou-se um aumento na incidência dos fungos Alternaria sp. e Cladosporium
sp.. Há uma preocupação sobre o aumento considerável do gênero Cladosporium
sp., uma vez que este fungo, em algumas situações, diminui consideravelmente a
germinação em sementes.
Fungos (%)
Colheita
Secagem
Diferença
Alternaria sp.
7,50
9,00
20,00
Aspergillus sp.
5,50
2,00
-63,64
Bipolaris sp.
6,50
2,50
-61,54
Cladosporium sp.
5,00
50,00
900,00
Curvularia sp.
6,00
4,50
-25,00
Fusarium sp.
9,50
2,00
-78,95
Macrophomina sp.
0,50
0,00
-100,00
Nigrospora sp.
0,50
0,50
0,00
Penicillium sp.
15,00
9,50
-36,67
Total de incidência
56,00
80,00
42,86
Tabela 1. Incidência de fungos associados às sementes de Amaranthus cruentus BRS Alegria
na colheita e na secagem ao sol.
Os fungos Aspergillus sp., Penicillium sp. e Fusarium sp., são comumente
relatados como produtores de toxinas (ABDEL-MALLEK et al., 1993), e, apesar de
estes serem reduzidos após secagem ao sol, sua presença é preocupante.
Segundo Bresler et al. (1995) a micoflora de Amaranthus cruentus na Argentina
é dominada por gêneros de fungos que incluem espécies capazes de produzir
micotoxinas, como o Aspergillus sp., Penicillium sp., Fusarium sp. e Alternaria sp.,
sendo estes os predominantes nas sementes. Os autores aconselham tomar cuidado
para evitar o crescimento de fungos, principalmente durante o armazenamento
prolongado de amaranto. Todas as espécies isoladas de Fusarium foram relatadas
como toxinogênicas (NELSON et al., 1983), o que indica um risco potencial em
sementes de amaranto devido à presença deste fungo.
Em contrapartida, foram encontrados peptídeos (Ac-AMPs e Ar-AMPs) nas
sementes de Amaranthus spp. capazes de inibir crescimento fúngico (LYAPKOVA et
al., 2001; LIPKIN et al., 2005; RIZELLO et al., 2009). Em Amaranthus retroflexus, um
peptídio isolado (Ar-AMP) da semente inibiu o crescimento de Fusarium culmorium,
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 21
188
Helinthosporum sativum, Alternaria consortiale e Botrytis cinerea (Lipkin et al., 2005).
Em produtos de panificação, o extrato solúvel de sementes de Amaranthus spp. inibiu
crescimento de várias espécies de Aspergillus e Penicillium (RIZELLO et al., 2009).
Peptídeos Ac-AMP1 e Ac-AMP2 de sementes de Amaranthus caudatus foram
capazes de inibir potentemente seis fungos patógenos (Alternaria brassicola,
Ascochyta pisi, Botrytis cinerea, Colletotrichum lindemuthianum, Fusarium culmorum
e Verticillium dahliae) e um fungo saprófito (Trichoderma hamatum); Além disso, os
efeitos antifúngicos dos Ac-AMPs não foram afetados por tratamentos térmicos a
até 100 °C por 10 min, nem pela exposição a condições de pH extremos (2 à 11)
(Broekaert et al. 1992).
Além destes, Cladosporium sp. e Curvularia sp. também foram encontrados em
sementes de Amaranthus cruentus (BRESLER et al., 1995). Além da perda de vigor,
certas espécies de fungos, como Cladosporium cladosporioides, são passíveis de
causar manchas no tegumento, resultando em aspecto indesejável, e provocam a
depreciação dos lotes (NEERGAARD, 1980).
Maiores estudo relacionados a sementes de amaranto, principalmente da
cultivar BRS Alegria, são poucos encontrados na literatura e carecem de mais
pesquisas.
4 | CONCLUSÕES
Foram encontrados associados às sementes de Amaranthus cruentus BRS
Alegria os fungos: Alternaria sp., Aspergillus sp., Bipolaris sp., Cladosporium sp.,
Curvularia sp., Fusarium sp., Macrophomina sp., Nigrospora sp. e Penicillium sp.
Houve redução dos fungos Aspergillus sp., Bipolaris sp., Curvularia sp.,
Fusarium sp. e Penicillium sp. após a secagem das sementes ao sol e aumento
considerável de Cladosporium sp. após o mesmo tratamento.
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 21
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 21
191
CAPÍTULO 22
doi
AGREGAÇÃO DO SOLO EM SISTEMA INTEGRAÇÃO
LAVOURA E PECUÁRIA NO CERRADO
Data de aceite: 11/03/2020
Risely Ferraz-Almeida
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 8591184572732323
Fernanda Pereira Martins
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 6428064112182072
Mariana Velasque Borges
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 6810892535350030
Cinara Xavier de Almeida
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 8464123724375244
Renato Ribeiro Passos
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 3882320619443256
Elias Nascentes Borges
Universidade Federal de Uberlândia – UFU,
Campus Uberlândia
ID Lattes: 8591184572732323
RESUMO: Modernas técnicas de cultivo com
mecanização e uso intenso dos solos têm
promovido mudanças nos atributos físicos do
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
solo, interferindo no equilíbrio dos recursos
naturais, além de diminuir a produção das culturas
agrícolas. A compreensão e quantificação
do impacto dos sistemas de preparo do solo
na qualidade física de um solo assumem
importância na avaliação do grau de degradação
do solo e na identificação de práticas de uso
sustentáveis. Com a hipótese que sistemas com
uma maior diversidade de espécies promovem
uma melhoria na qualidade física de um solo;
o objetivo deste estudo foi verificar o efeito de
cinco sistemas de cultivos do solo na agregação
do solo, em duas profundidades (0-25 cm e 2550 cm), localizados em Minas Gerais, tendo
como referência um solo coberto com cerrado
natural. Os sistemas de uso avaliados foram:
Cerrado natural, Eucalipto, Integração LavouraPecuária, Pinus com pastejo bovino, e Soja
convencional. Resultados mostraram que a
agregação foi influenciada pelo tipo de uso até
a profundidade de 50 cm. O uso do solo com
Eucalipto e Cerrado apresenta maior percentual
de agregação do solo. O intenso uso do solo
decresce a agregação, o diâmetro médio
geométrico e ponderado. A argila dispersa em
água não foi influenciada pelos tipos de uso de
manejo do solo. Diante os nossos resultados,
nós concluímos que usos dos solos que
promovem o acumulo da matéria orgânica no
solo promove diretamente a qualidade física
com a formação de agregados mais estáveis.
Capítulo 22
192
PALAVRAS-CHAVE: Física do solo; agricultura; técnicas de cultivo.
INTRODUÇÃO
A manutenção e melhoria da qualidade do solo são fatores-chave para
a estabilidade, sustentabilidade e produtividade de ecossistemas naturais e
agroecossistemas. O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro, equivale a
aproximadamente 22% do território nacional (Sano et al., 2008). O Latossolo é o
principal solo neste bioma (contendo principalmente óxidos e hidróxidos de alumínio
e ferro, e caulinita) com uma microestrutura típica que apresenta alta estabilidade
devido à força de adesão entre as partículas.
Modernas técnicas de cultivo com a mecanização intensa e a elevada taxa de
uso dos solos têm promovido mudanças no comportamento dos atributos físicos
dos solos, como: a agregação, densidade, e porosidade do solo, que influenciam
na produção, no equilíbrio dos recursos naturais e na dinâmica da água no sistema
(Gomes et al. 2007). Além disso, a agregação do solo é também um dos principais
processos responsáveis pela acumulação e seqüestro de carbono em solos (Lal et al.,
1997). Dessa forma, os atributos físicos podem ser considerados como indicadores de
possíveis restrições ao crescimento radicular das culturas e alterações na atividade
e diversidade microbiana no solo (Carneiro et al., 2009; Pereira et al., 2010).
Um agregado é um conjunto de partículas primárias (argila, silte, areia) do solo
que aderem umas às outras mais fortemente do que outras partículas circunvizinhas
(Kemper & Rosenau, 1986). Em uma fase preliminar, a formação de microagregados
(diâmetro inferior a 0,25 mm) está relacionada à interação do material mineral entre
si, com compostos orgânicos. Posteriormente, o crescimento de raízes e hifas de
fungos, juntamente com resíduos orgânicos estimulam a formação de estruturas
mais complexas e diversificadas, como macroagregados estáveis com tamanho
superior a 0,25 mm (Salton et al., 2008).
Segundo Castro Filho et al. (1991) a estabilidade de agregados é um fator
relevante no controle da erosão hídrica em solos tropicais ácidos. Esses autores, em
1998, observaram que a agregação de solos tropicais ácidos é influenciada pela, (a)
capacidade de floculação do solo e natureza dos cátions presentes; (b) química do
alumínio em função da faixa de pH do solo; (c) mineralogia do solo; (d) tipos de ácidos
orgânicos; (e) interação ou ligação entre partículas de argila, cátions polivalentes e
matéria orgânica; (f) e a atividade microbiana e tipos de microrganismos envolvidos.
A magnitude do processo de erosão hídrica do solo depende de uma combinação
entre a intensidade da chuva e a permeabilidade do solo. O uso e manejo adequado
do solo constituem o principal meio para aumentar a resistência à erosão do solo.
Os métodos de preparo do solo, semeadura da cultura e práticas conservacionistas
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
193
são componentes de manejo que determinam a resistência do solo à erosão hídrica
(Silva Volk e Cogo, 2008). Dentre as práticas de manejo e uso do solo, a rotação de
culturas com espécies de sistema radicular vigoroso é uma alternativa para melhorar
a qualidade estrutural do solo (Calonego e Rosolem, 2008).
Sistemas de manejo que proporcionem o aumento da matéria orgânica do solo
podem provocar alterações em seus atributos físicos, favorecendo o crescimento do
sistema radicular e a produtividade (Vasconcelos et al., 2010). No entanto, sistemas
de manejo e uso inadequado do solo podem promover a degradação da qualidade
física do solo, com reflexos negativos no ambiente e na produtividade. Um índice
quantitativo de qualidade do solo pode servir como indicador da capacidade de
produção sustentável de um solo (Aratani et al., 2009).
Nesse sentido, a compreensão e quantificação do impacto dos sistemas de
preparo do solo na qualidade física de um solo assumem importância na avaliação do
grau de degradação do solo e na identificação de práticas de uso sustentáveis. Com
a hipótese que sistemas com uma maior diversidade de espécies promovem uma
melhoria na qualidade física de um solo; o objetivo deste estudo foi verificar o efeito
de cinco sistemas de cultivos do solo na agregação do solo, em duas profundidades
(0-25 cm e 25-50 cm), localizados em Minas Gerais, tendo como referência um solo
coberto com cerrado natural
MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização das áreas em estudo
O experimento foi realizado na Fazenda Floresta do Lobo, Reflorestadora
Pinusplam Ltda, localizado na BR 050, Km 93, próxim ao município de Uberlândia/
MG (latitude 19° 04’ S, longitude 48° 07’ W). O solo da área foi classificado como
LATOSSOLO VERMELHO distrófico típico, de acordo a classificação do solo da
Embrapa (2012). A área possue uma altitude média variando entre 830 e 940 m, e
clima predominante Aw (Classificação de Köppen) caracterizado como clima tropical
chuvoso (clima de savana), megatérmico e com o inverno seco.
Para análise e interpretação dos dados considerou-se o experimento como um
delineamento inteiramente casualizado – DIC, com um fatorial 5x2, referente a: 5
tipos distintos de uso do solo (Cerrado; Eucalipto; Integração lavoura-pecuária (ILP);
Pinus com pastejo bovino; e Soja Convencional), e duas camadas do solo (C1: 0 –
0.25; e C2: 0,25 - 0,50 m), com 4 repetições.
Uma amostragem do solo foi realizada previamente para a determinação
da textura do solo (areia, silte e argila; Embrapa, 2013), valore de pH (H2O), e a
disponibilidade de nutrientes (fósforo: P; potássio: K+; alumínio: Al+3; cálcio: Ca2+;
magnésio: Mg2+; Tedesco et al. 1995), Tabela 1.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
194
Variáveis
Cerrado
C1
C2
Eucalipto
C1
C2
ILP
C1
Pinus pastejo
C2
C1
C2
Cultivo Soja
C1
C2
AG
736.21 776.81
714.31
750.18 739.17 774.96 735.09 809.77
697.07
785.35
AF
115.10
93.88
121.12
109.06 107.06 103.80 103.36
93.62
113.74
99.85
Argila
73.11
68.55
62.27
63.52
52.74
49.99
56.14
50.23
53.04
49.86
Silte
75.58
60.77
102.30
77.24
101.02
71.25
105.41
46.38
136.15
64.93
GF
60.95
61.98
58.69
63.11
58.61
58.05
65.19
52.63
52.28
67.12
Dp
2.61
2.68
2.67
2.66
2.66
2.71
2.66
2.67
2.63
2.66
pH H2O
4.82
4.90
4.71
4.79
5.73
4.76
4.75
4.87
5.8
4.78
P
1.3
0.80
1.40
0.90
21.7
4.7
2.2
0.7
51.6
3.9
K+
27.0
17.0
26.0
21.0
82.0
60
30
10
84
76
Al3+
0.40
0.30
0.40
0.30
0.0
0.2
0.5
0.3
0.0
0.2
Ca2+
0.10
0.10
0.20
0.10
2.2
0.9
0.3
0.1
2.9
0.8
Mg2+
*
*
0.10
*
0.5
0.2
0.1
0.1
1.0
0.2
H+Al
5.00
4.30
4.90
4.5
3.40
3.8
4.9
4.0
2.5
3.6
Tabela 1. Caracterização física e química das áreas com Latossolo Vermelho distrófico típico
em diferentes usos (Cerrado, Eucalipto, Integração Lavoura Pecuária-ILP, Pinus pastejo e
cultivo de soja convencional) avaliado em duas camadas C1 (0-0.25 m) e C2 (0.25-0.5 m) do
perfil do solo.
Na tabela: AG: Areia grossa; AF: Areia fina; GF: Grau de floculação; Dp: densidade de particula; pH (H2O):
potencial hidrogeniônico avaliando em água; P: disponibilidade de fósforo; K+: disponibilidade de potássio; Al3+:
disponibilidade de alumínio; Ca2+: disponibilidade de cálcio; Mg2+: disponibilidade de magnésio; H+Al: hidrogênio
mais alumínio. A quantidade de areia, silte e argila estão expressos em g kg-1; Valores de Mg2+, Ca2+, K+, Al3+
e H+Al estão expressos em cmolc dm-3; quantidade de P está expresso em mg dm-3. A caracterização física e
química foi realizada nas camadas de 0.0-0.25 m (C1) e 2.5-0.5 m (C2). * Disponibilidade de Mg2+ não detectável.
HISTÓRICO DAS ÁREAS EM ESTUDO
A área de Cerrado Natural em estudo apresenta caracteristicas semelhantes a
outros experimentos realizados na região de Uberlândia por Almeida et al. (2014),
Floresta et al. (2015), e Wendling et al. (2014). O Cerrado é um Bioma, particularmente
brasileiro, com uma vegetação predominante de savana (IBGE 2004), e equivale
a 35% da área territorial total no Brasil, estimada por Góes Filho e Braga (1991).
A área de Cerrado utilizado nesse experimento apresentava um elevado grau de
preservação, pois estava devidamente isolada das áreas agrícolas da propriedade,
tendo como característica um solo com uma coloração escura, devido o acúmulo da
matéria orgânica.
A área com eucalipto apresenta uma coloração do solo escura, semelhante à
área com a vegetação nativa do cerrado, pois a mais de 5 anos não realiza nenhum
manejo no solo. A vegetação predominante é rasteira com acumulo de serapilheira. O
uso do eucalipto na região do Cerrado é uma atividade florestal que apresenta grande
destaque de reflorestamento devido as condições edafoclimáticas e fisiográficas
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
195
favoráveis da região (Oliveira et al., 1998).
As áreas com ILP e Pinus apresentavam caracteristicas semelhantes por
apresentarem manejo de animais. O ILP é caracterizado como um sistema diversicado
de rotação, consorciação ou sucessão das atividades agrícolas e pecuárias dentro
da propriedade rural (Embrapa, 2016). A área com Pinus foi implantada há 33 anos
e tem pastejo de animas no verão, uma vez que nessa epóca tem a presença de
gramíneas para alimentação dos bovinos. Nas áreas em estudos determinou 4
pontos de coleta por uso do solo. A coleta das amostras deformadas e indeformadas
foram realizadas na camada superficial 0.0 - 0.25; e 0.25 - 0.50 m.
VARIÁVEIS ANALISADAS
A agregação do solo foi avaliada com tamanho de agregados retido na peneira
de 4 e 2 mm. A metodologia utilizada nessa determinação seguiu a proposta da
Embrapa (1997), utilizando-se um aparelho de oscilação vertical, desenvolvido
por Yoder (1936). Esse aparelho de oscilação possui dois jogos de peneiras de 13
cm de diâmetro com aberturas de malha de 2,0; 1,0; 0,5 e 0,25 mm, sobrepostas
nessa ordem para análise de agregados. Os agregados com diâmetro inferior a
0,25 mm foram obtidos por diferença, em relação à soma dos teores dos agregados
anteriormente citados. Posteriormente, determinou-se a massa de agregados em
cada classe, calculando o teor de agregados retidos nas classes: 4,0 a 2,0; 2,0 a 1,0;
1,0 a 0,5 e 0,5 a 0,25 mm, seguindo a recomendação da Embrapa (1997).
Com os resultados obtidos na análise de agregação do solo realizou o cálculo
de DMP (Diâmetro médio ponderado), seguindo a fórmula proposta por Castro Filho
et al. (1998). Com esses mesmos dados, também calculou o DMG (Diâmetro médio
Geometrico) de acordo a fórmula recomendada por Schaller & Stockinger (1953).
Com a amostra deformada do solo determinou-se a argila dispersa (ADA), de
acordo a metodologia da pipeta volumétrica, recomendada pela Embrapa (2009).
Com o resultado do ADA, calculou o grau de floculação da fração argila (GF),
utilizando a equação 1. Na equação 1, GF: é o grau de floculação (%); a: é a argila
total (g kg-1); b: é a argila dispersa em água (g kg-1).
GF= ((a-b)/a)*100
Eq. 1
Para a caracterização da porosidade de solo utilizou-se as amostras
indeformadas que foram coletadas com aneis volumétrico de Kopeck e amostrador
tipo Uland. Após a coleta, as amostras foram envolvidas em tela de tecido e
encaminhadas ao laboratório para determinação da densidade do solo (Ds),
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
196
macroporosidade (Ma), microporosidade (Mi) e porosidade total (Pt). A porosidade
total foi obtida pela diferença entre o peso da amostra após a secagem em estufa
e o peso da amostra saturada (Embrapa, 1997; Wendling et al., 2012). Enquanto, a
densidade do solo (Ds) foi calculada como a relação entre o peso da amostra seca
em estufa e o volume do anel (Embrapa, 1997).
ANÁLISES ESTATÍSTICAS
A variabilidade das variáveis foi previamente avaliada por meio de estatística
descritiva, calculando a média, desvio padrão, e valores mínimo e máximo (dados
não apresentados). Os resultados das variáveis obtidas foram testados incialmente
usando o teste de normalidade dos resíduos (Teste de Shapiro-Wilk, SPSS Inc., USA)
e homogeneidade das variâncias (Teste Bartlett, SPSS Inc., USA). Em seguida as
variáveis foram análise de acordo o teste de variância (AVANA), utilizando o Teste
Scott-Knott (p<0,05), com auxílio do software SISVAR (Ferreira, 2000; Sisvar Inc.,
Brasil).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados do DMG e ponderado DMP apresentaram comportamento
variável em relação ao manejo e a profundidade, Figura 1. A utilização dessas duas
variáveis é viável, um vez que são bons indicativos para caracterizarem a agregação
e qualidade do solo (Zalamena et al., 2008)
Na camada superficial do solo os valores de DMP foram maiores (1.61 mm),
com um acréscimo de 6% em relação a subsuperfície. Resultado oposto foi verificado
com o DMG, pois na camada de superficial houve um decrescimo de 6 %, quando
comparado com a camada subsuperficial (Figura 1). Distinção entre os valores de
DMG e DMP também foram encontrados por Wendling et al. (2010), Loss at al. (2011)
e Fontenele et al. (2009). No solo as camadas superficias tendem a apresentar
maiores valores de DMG e DMP com valores descrescentes devido a presenca
de materia orgânica no solo (Luciano et al. 2010). No entanto, esses resultados
dependem muito manejo e uso do solo (Fontenele et al., 2009.
O uso do solo com Cerrado e Eucalipto apresentaram maiores valores de
DMG e DMP na camada 0.0-2.5 m com médias, respectivamente de 1.37 e 2.09
(DMG) e 1.66 e 2.08 (DMP). Resultados semelhantes foram obtidos por Wendling
et al. (2010), Loss et al. (2011) e Almeida et al. (2014). Entre os sistemas ILP, PP
e soja no cultivo convencional não apresentaram diferença significativa notável.
Seguindo uma ordem decrescente entre os usos na camada de 0.0-2.5 m: DMG =
Eucalipto>Cerrado>PP>Soja convencional>ILP; DMG = Cerrado> Eucalipto>PP>Soja
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
197
convencional>ILP (Figura 1).
Figura 1. Diâmetro médio geometrico (DMG) e Diâmetro médio ponderado (DMP), em mm, no
solos em uso com Cerrado natural (C), Eucalipto (E), Integração lavoura-pecuária (ILP), Pinus
com pastejo (PP) e soja convencional (SC), nas camadas de 0-2.5 e 2.5-5.0 m. Na Figura,
barras identificadas com letras distintas, minúsculas para manejo e maiúsculas para camada,
diferem entre si pelo teste de Scott-Knott à 0,05 de significância.
Em subsuperfície, o Cerrado apresentou maiores valores de DMP e DMG e
com diferença significativa entre os outros usos. No entanto, dentre os demais usos
verificamos que ILP apresentou o menor valor de DMG e DMP, com decréscimo,
respectivamente, de 67% e 60% comparado com o Cerrado (Figura 1). Os maiores
valores de DMP e DMG no Cerrado deve-se a maior atividade biológica do solo, e
alto teor de matéria orgânica (Luciano et al., 2010; Wendling et al., 2010). Além disso,
no Cerrado a condição original do solo e ausência da interferência de qualquer forma
de cultivo evita a oxidação da matéria orgânica (Loss et al., 2011).
No Cerrado encontra-se a maior diversidade de espécies de plantas nativas
com diferente tamanho de raizes e qualidade do material vegetal (relação carbono
nitrogênio, celulose, lignina e hemicelulose), promovendo uma diversidade no
sistema (Kato et al., 2010). A decomposição de resíduos orgânicos presentes no solo
promove a formação de gel e polímeros complexos, que atuam quimicamente com
as partículas de argilas silicatadas e óxidos de ferro e alumínio. Estes estimulam a
formação de agregados estáveis juntamente com a atividade de bactérias e fungos
associados (Silva,2008).
O conteúdo de matéria orgânica, densidade do solo, grau de floculação, macro
e microporosidade não apresentaram diferença entre os usos com uma média de
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
198
geral, respectivamente, 2,72; 1,23; 59,86; 9,11; e 40.858, Tabela 2.
MO ns
Ds ns
g kg-1
Kg dm-3
Cerrado
Eucalipto
ILP
PP
SC
3,1
3,2
3,1
2,9
3,5
1,22
1,20
1,27
1,18
1.31
Cerrado
Eucalipto
ILP
PP
SC
2,3
2,5
2,4
1,8
2,4
1,17
1,23
1,25
1,17
1,31
Usos do solo
GF ns
Macroporos ns
Microporos ns
-------------------------------- % ------------------------------------------------------------- 0.0 – 0.25 m -----------------------------60.95
10,04
40,18
58.69
8,20
41,48
58.61
6,96
42,69
65.19
12,65
39,55
52.28
4,53
41,88
------------------------------ 0.25 – 0.5 m -----------------------------61.98
12,35
38,20
63.11
9,58
41,03
58.05
9,73
41,16
52.63
10,70
40,51
67.12
6,40
41,90
Tabela 2. Matéria orgânica (MO), densidade do solo (DS), grau de floculação (GF), e macro r
microporos do solo em uso com Cerrado (C), Eucalipto (E), Integração lavoura-pecuária (ILP),
Pinus pastejo (PP) e Soja convencional (SC) na camada de 0–0.25 e 0.25 – 0.50 m.
Na tabela: as variáveis materia orgânica (MO) e densidade do solo (Ds) nao apresentaram distinção entre os
usus do solo (ns).
Resultados de DMP, DMG e matéria orgânica semelhantes entre as áreas em
uso com eucalipto e Cerrado deve-se a cobertura vegetal presente na superfície do
solo na área com Eucalipto. Além da predominância de gramíneas entre as plantas
que proporciona maior atividade e crescimento das raízes que podem ter alcançado
profundidade semelhante, quando comparada com o cerrado (Kato et al., 2010).
Além disso, nas áreas com Cerrado e Eucalipto não ocorre o intenso revolvimento
do solo, pois o esse manejo contribui para a diminuição do tamanho dos agregados
do solo (Souza Neto et al., 2008).
O Cerrado e Eucalipto também apresentaram as maiores porcentagem de
agregados maiores que 2 mm (Figura 2), com a mesma tendência dos resultados de
DMP e DMG (Figura 1), e quantidade de matéria orgânica no solo (Tabela 2). O ILP
apresentou a menor porcentagem de agregados maiores que 2 mm, com decréscimo
de 74% quando comparado com o Cerrado. Nesse uso também foi possível observar
os maiores valores de ADA, com acréscimos de 7,3% comparado com o Cerrado
(Figura 2).
A maior presença de agregados maiores que 2 mm no Cerrado deve-se a
quantidade e qualidade de materia orgânica citada anteriormente. Esses resutlados
corroboram os encontrados por Loss et al. (2011) comparando o uso do solo com
Cerrado e Sistema de plantio direto na região de Goiás, Brazil. A maior presença
de raízes em usos do solo com condição estabilizada da vegetação promove a
maior a concentração de agregados maiores de 2 mm (Six et al., 2004). Com a
maior presença de raizes no solo decorre o acréscimo de e hifas de fungos que atua
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
199
também no acrescímo de tamanho dos agregados (Denef; Six, 2005). A presença de
agregados estáveis melhora a porosidade, e aumenta a infiltração da água no solo,
com maior resistência a erosão e promovendo a melhor qualidade do solo (Brandão,
2009; Silva, 2008; Matos et al., 2008).
Em sistemas com integração lavoura pecuária a presença de brachiaria no solo
promove a maior agregação do solo (Almeida et al., 2014). Esse resultado deve-se
ao efeito de agregação do sistema radicular da braquiária que propõe a formação
de agregados mais estáveis em água (Salton et al., 2008). Possivelmente, essa
menor agregação no ILP em nosso estudo deve-se a maior movimentação do solo
com a utilização de implementos agrícolas promovendo a perda da estrutura original
do solo e reduzindo volume de macroporos e com acrescímo dos microporos e
densidade (Souza Neto et al.,2008). Em condições inadequadas de umidade quando
utilizado, as máquinas agrícolas provoca-se um maior acréscimo na degradação da
estrutura do solo e leva-se a compactação subsuperficial, fato que explica o aumento
da densidade na área de cultura anual (Cavenage et al., 1999; Oliveira et al., 2003;
Souza Neto et al.,2008; Almeida et al, 2009). Loss et al. (2011) também verificou um
acréscimo da densidade em diferentes cultivos em sistema de plantio direto com:
girassol-soja-milho-algodão, e milho-braquiária-feijão-algodão-soja no Cerrado.
Figura 2. Agregados estáveis no solo maiores que 2 mm (AGR) e Argila dispersa em água
(ADA) no solos em uso com Cerrado natural (C), Eucalipto (E), Integração lavoura-pecuária
(ILP), Pinus com pastejo (PP) e soja convencional (SC), nas camadas de 0-2.5 e 2.5-5.0 m. Na
Figura, barras identificadas com letras distintas diferem entre si pelo teste de Scott-Knott à 0,05
de significância.
CONCLUSÕES
A agregação é influenciada pelo tipo de uso ate a profundidade de 50 cm. O
uso do solo com Eucalipto e Cerrado apresentam maiore percentuais de agregação
do solo. O intenso uso do solo decresce a agregação, o diâmetro médio geométrico
e o diâmetro médio ponderado. A argila dispersa em água não foi influenciada pelos
tipos de uso de manejo do solo. Diante os nossos resultados, nós concluímos que
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
200
usos dos solos que promovem o acumulo da matéria orgânica no solo promove
diretamente a qualidade física com a formação de agregados mais estáveis.
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Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo 22
203
SOBRE A ORGANIZADORA
Mônica Jasper - Doutora em Agricultura pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
(2016), com graduação e Mestrado (2010) na linha de pesquisa Manejo Fitossanitário.
Professora na Universidade Estadual de Ponta Grossa e no Centro de Ensino Superior
dos Campos Gerais, atuando principalmente nas disciplinas de Entomologia Geral e
Aplicada, Manejo de culturas, Morfologia e Fisiologia Vegetal, Fitopatologia Geral e
Aplicada, Biologia, Genética e Melhoramento Genético e Biotecnologia.
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Sobre a Organizadora
204
ÍNDICE REMISSIVO
A
Adubos verdes 170, 172, 173, 174, 182, 183
Agentes Biológicos 138, 140, 142, 144
Amazônia 6, 7, 13, 14, 83, 131, 132, 137
Análise fitossanitária 102
Antifúngica 1, 2, 33
B
Bacterial diseases 162, 163, 167
Biocontrole 145, 170, 171, 176, 177, 179
Bipolaris maydis 66, 68, 69, 71, 73, 74, 77
C
Café 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 78, 79, 129, 131, 132, 133, 135, 136, 137, 172
Carica papaya L. 23, 24
Cercosporoid 146, 147, 151
Colheita 1, 2, 17, 23, 24, 25, 27, 29, 30, 46, 101, 102, 103, 104, 107, 109, 111, 119, 184, 185,
187, 188, 201
Composto orgânico 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53
Controle alternativo 66, 67, 75
Cultura de tecidos vegetais 15
D
Disease management 162
Doença 6, 7, 8, 10, 11, 23, 27, 31, 32, 35, 37, 41, 42, 43, 44, 46, 66, 67, 68, 69, 70, 74, 75, 77,
93, 95, 96, 99, 104, 112, 113, 115, 116, 131, 133, 134, 135, 136, 137, 175
Doença de pós-colheita 23
E
Espécie florestal nativa 81, 83
Esporos 17, 31, 95
Estádio fenológico 102
Explante 15, 17
F
fungi from Atlantic Forest 146
G
Glycine max 60, 113, 114, 121, 171
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo
Índice Remissivo
Índice
Remissivo
205
H
Hibiscus 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22
Hyphomycetes 78, 146, 151
I
in vitro 1, 2, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 31, 32, 33, 40, 68, 69, 70, 73, 79, 152, 173, 176, 181,
191
L
Lippia sidoides 66, 67, 71, 72, 73, 74, 75, 77, 78, 79
M
Mancha bacteriana marrom 112, 113, 114
Massa verde e seca 55, 63, 102, 110, 138
Micélio 31, 42, 43, 44, 45, 105, 141
N
Nutrição mineral 81, 124, 129
O
Óleos essenciais 1, 2, 3, 4, 32, 66, 67, 68, 70, 76, 77, 79, 80
P
Patogenicidade 42, 44, 114
Percentual de germinação 58, 102, 108, 110
Plantas medicinais 66, 78, 79, 80, 151
Podridão Vermelha 1, 42, 43, 44, 45, 46
Produção de mudas 17, 21, 22, 47, 48, 49, 53, 54, 81, 83, 85, 87, 90, 92
Promotores de Crescimento 138, 140, 144
R
Resíduos agroindustriais 47, 48, 49
Resíduos orgânicos 47, 49, 170, 176, 177, 180, 182, 193, 198, 203
Resistance 113, 114, 162, 163, 165, 166, 167, 168
Resistência 29, 43, 44, 58, 67, 113, 114, 115, 116, 144, 168, 171, 173, 193, 194, 200
S
Saccharum officinarum L. 42, 43
Seca-de-ponteiros 131, 132, 133, 135, 136
Severidade 5, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 23, 27, 28, 36, 66, 67, 70, 75, 77, 112, 113, 115, 133, 175
Sustentabilidade 120, 170, 190, 193
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo
Índice Remissivo
Índice
Remissivo
206
V
Vigna unguiculata 138, 139, 145
Z
Zea mays 64, 66, 121
Aspectos Fitossanitários da Agricultura
Capítulo
Índice Remissivo
Índice
Remissivo
207