08.05.2013 Views

MIOLO Megadiversidade 5 - arte final.pmd - ICB/UFMG

MIOLO Megadiversidade 5 - arte final.pmd - ICB/UFMG

MIOLO Megadiversidade 5 - arte final.pmd - ICB/UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MEGADIVERSIDADE<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

SUMÁRIO<br />

3 Editorial<br />

ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO, RAFAEL LUÍS FONSECA & RICARDO BOMFIM MACHADO<br />

5 Apresentação<br />

7 Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />

BERNARDO MACHADO GONTIJO<br />

15 A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

ALESSANDRO RAPINI, PATRÍCIA LUZ RIBEIRO, SABRINA LAMBERT & JOSÉ RUBENS PIRANI<br />

24 Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />

CLAUDIA MARIA JACOBI & FLÁVIO FONSECA DO CARMO<br />

33 Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />

DANIELA ZAPPI<br />

Volume 4 | | No 1-2 | | Dezembro 2008<br />

Cadeia do Espinhaço: avaliação do conhecimento científico e<br />

prioridade de conservação<br />

38 Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

LUCIANA HIROMI YOSHINO KAMINO, ARY TEIXEIRA DE OLIVEIRA-FILHO & JOÃO RENATO STEHMANN<br />

78 Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

ALEXANDRE SALINO & THAÍS ELIAS ALMEIDA<br />

99 Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do<br />

Espinhaço, Brasil<br />

PEDRO LAGE VIANA & TARCISO SOUZA FILGUEIRAS<br />

117 Eriocaulaceae na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />

FABIANE NEPOMUCENO COSTA, MARCELO TROVO & PAULO TAKEO SANO<br />

126 Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

LEONARDO M. VERSIEUX, TÂNIA WENDT, RAFAEL BATISTA LOUZADA & MARIA DAS GRAÇAS LAPA WANDERLEY<br />

139 Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />

DANIELA ZAPPI & NIGEL TAYLOR


145 Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />

VALQUÍRIA FERREIRA DUTRA, FLÁVIA CRISTINA PINTO GARCIA, HAROLDO CAVALCANTE DE LIMA & LUCIANO<br />

PAGANUCCI DE QUEIROZ<br />

154 Fauna de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) nos campos rupestres da Cadeia do<br />

Espinhaço (Minas Gerais e Bahia, Brasil): riqueza de espécies de distribuição e<br />

ameaças para conservação<br />

ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO, FERNANDO A. SILVEIRA, CÂNDIDA MARIA LIMA AGUIAR & VIVIANE SILVA<br />

PEREIRA<br />

182 Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia<br />

do Espinhaço, Brasil<br />

FELIPE S. F. LEITE, FLORA A. JUNCÁ & PAULA C. ETEROVICK<br />

201 Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

CARLOS BERNARDO MASCARENHAS ALVES, CECÍLIA GONTIJO LEAL, MARCELO FULGÊNCIO GUEDES DE<br />

BRITO & ALEXANDRE CLISTENES DE ALCÂNTARA SANTOS<br />

221 As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e<br />

conservação<br />

MARCELO FERREIRA DE VASCONCELOS, LEONARDO ESTEVES LOPES, CAIO GRACO MACHADO & MARCOS<br />

RODRIGUES<br />

241 Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riqueza, ameaças e estratégias para conservação<br />

LEONARDO GUIMARÃES LESSA, BÁRBARA MARIA DE ANDRADE COSTA, DANIELA MUNHOZ ROSSONI, VALÉRIA<br />

CUNHA TAVARES, LUIS GUSTAVO DIAS, EDSEL AMORIM MORAES JÚNIOR & JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA<br />

255 Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas<br />

Gerais: subsídios ao manejo das unidades de conservação da região<br />

JOÃO AUGUSTO MADEIRA , KÁTIA TORRES RIBEIRO, MARCELO JULIANO RABELO OLIVEIRA, JAQUELINE<br />

SERAFIM DO NASCIMENTO & CELSO DO LAGO PAIVA<br />

270 Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço,<br />

estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA, RICARDO BOMFIM MACHADO, ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO, GLÁUCIA<br />

MOREIRA DRUMOND, RAFAEL LUIS FONSECA, MAÍRA FIGUEIREDO GOULART, EDSEL AMORIM MORAES JÚNIOR,<br />

CÁSSIO SOARES MARTINS & MÁRIO BARROSO RAMOS NETO<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Editorial<br />

As regiões montanhosas representam mundialmente um importante patrimônio geológico<br />

e geográfico, testemunhas de eventos ocorridos no passado remoto do nosso planeta.<br />

Vários programas internacionais e convenções foram criados para a definição de diretrizes<br />

para a conservação destes ambientes, onde os processos evolutivos moldados pela<br />

origem, história e o grau de isolamento, encarregaram-se de gerar uma biodiversidade<br />

singular, rica em espécies raras e endêmicas. O Brasil é signatário da Convenção da Diversidade<br />

Biológica desde 2002, mas não há nenhum documento oficial no país que aborde<br />

especificamente a biodiversidade das montanhas, que são tratadas como p<strong>arte</strong> de outros<br />

domínios biogeográficos.<br />

O Brasil possui aproximadamente 17% do seu território ocupado por formações montanhosas,<br />

e entre as principais, destaca-se a Cadeia do Espinhaço, que se estende por mais<br />

de 1000 km, desde o centro-sul de Minas Gerais até a Chapada Diamantina na Bahia. Este<br />

imponente maciço tem sido reconhecido como região prioritária para a conservação nos<br />

últimos 10 anos, nas esferas estaduais, nacionais e internacionais. A região recebeu grande<br />

destaque quando, em 2005, uma imensa porção mineira foi decretada Reserva da<br />

Biosfera pelo programa “O Homem e a Biosfera”, da UNESCO.<br />

A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço tem como meta a proteção da biodiversidade<br />

aliada ao desenvolvimento sustentável e ao conhecimento científico. Neste sentido,<br />

foi lançado em meados de 2005, o Projeto Espinhaço Sempre Vivo, coordenado pelo Instituto<br />

Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre, com o apoio da Conservação Internacional<br />

e a parceria da Fundação Biodiversitas. O Projeto tem como objetivo geral reunir as<br />

informações existentes sobre a biodiversidade ao longo de toda a Cadeia do Espinhaço,<br />

além de identificar as ameaças e subsidiar a tomada de decisões para a sua conservação.<br />

Entre as principais atividades realizadas até o momento, destaca-se o workshop “Diagnóstico<br />

do status do conhecimento da biodiversidade e da conservação do Espinhaço” ocorrido<br />

em março de 2006, na Serra do Cipó, Minas Gerais. Naquela ocasião foi concebido o<br />

ideal desta publicação especial da revista <strong>Megadiversidade</strong>.<br />

A importância do Espinhaço é abordada em 18 artigos neste volume, trazendo a riqueza<br />

e a distribuição de espécies da fauna e da flora de diversos grupos biológicos da região,<br />

destacadamente dos campos rupestres, bem como as ameaças e as estratégias de<br />

conservação da biodiversidade do maciço. O primeiro artigo contextualiza o Espinhaço<br />

traçando o seu perfil geográfico e apresenta uma revisão de publicações sobre a região.<br />

Na seqüência, artigos sobre a vegetação abordam os emblemáticos campos rupestres que<br />

ocorrem nos topos elevados acima de 900 m de altitude e, de modo particular, os campos<br />

rupestres ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero. Os aspectos gerais de domínios vegetacionais<br />

que circundam o maciço, como a Caatinga, ao norte, e as fitofisionomias florestais,<br />

também são apresentados, seguidos por artigos que detalham alguns importantes<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


4 | Editorial<br />

elementos da flora regional como as gramíneas, bromélias, pteridófitas, sempre-vivas,<br />

cactáceas e leguminosas. Posteriormente, os artigos sobre a fauna trazem a compilação<br />

de informações sobre grupos vertebrados e abelhas. Também é apresentado um exemplo<br />

de subsídios ao manejo das unidades de conservação a partir de um grande esforço local<br />

de compilação e espacialização das pesquisas realizadas na região da Serra do Cipó.<br />

Encerrando este volume, um artigo relata os resultados de um exercício inédito obtido<br />

durante o workshop citado acima. Este configurou a primeira etapa de planejamento e<br />

identificação de áreas prioritárias para a conservação na Cadeia do Espinhaço, utilizandose<br />

ferramentas de Planejamento Sistemático para Conservação, sugeridas no Plano de<br />

Trabalho com Áreas Protegidas, elaborado na Sétima Conferência das P<strong>arte</strong>s da Convenção<br />

sobre Diversidade Biológica (COP7), metodologia considerada mais precisa para definição<br />

das áreas prioritárias do que as utilizadas anteriormente no Brasil. O exercício apontou a<br />

grande importância de se aumentar significativamente a área atualmente protegida no<br />

Espinhaço para que efetivamente sejam conservados os elementos mais importantes da<br />

sua fauna e flora.<br />

Buscando a efetivação das medidas recomendadas e dando continuidade as atividades<br />

que vem sendo estimuladas para a conservação da região, uma importante iniciativa foi<br />

recentemente lançada pelo Instituto Biotrópicos em conjunto com o Instituto Estadual de<br />

Florestas (IEF-MG) – o processo de implantação do Mosaico de Unidades de Conservação<br />

do Espinhaço Meridional, que visa, de forma participativa, integrar e aperfeiçoar as atividades<br />

desenvolvidas em unidades de conservação da região e no entorno, contribuindo<br />

para a efetivação de processos de manutenção da biodiversidade, a valorização da<br />

sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável na Reserva da Biosfera da Serra do<br />

Espinhaço.<br />

A publicação deste volume representa um importante passo para o conhecimento da<br />

biodiversidade e a conservação do Espinhaço, fruto do esforço coletivo de mais de 100<br />

especialistas de várias instituições de pesquisa que contribuíram voluntariamente, por<br />

meio de uma consulta ampla, alimentando um banco de dados sobre a biodiversidade do<br />

Espinhaço. A eles devemos um agradecimento especial, bem como aos que participaram<br />

do workshop, os organizadores do evento, e os autores dos artigos que compõem este<br />

volume especial.<br />

Alexsander Araújo Azevedo<br />

Rafael Luís Fonseca<br />

Ricardo Bomfim Machado<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Apresentação<br />

…o vento principiou entortar o rumo, mais forte –<br />

porque o tempo todo das águas estava no se acabar.<br />

(...) Estávamos em terras que entestam com a Bahia (...) onde o<br />

cãcã canta. Chão que queima, branco. E aqueles cristais<br />

pedra-cristal quase sangue... Chegamos até no cabo do mundo.<br />

(Guimarães Rosa) 1<br />

A Cadeia do Espinhaço é uma das regiões mais belas de Minas que se prolonga pelas<br />

terras da Bahia, atravessando os vários sertões de Guimarães Rosa. Conservar a biodiversidade<br />

de região tão ampla e tão importante em termos sócio-ambientais e culturais é um<br />

desafio que se impõe não só a Minas Gerais – onde estão as regiões mais expressivas<br />

desse conjunto – como também à toda a sociedade brasileira.<br />

Área de elevado grau de endemismo e de vegetação peculiar que protege importantes<br />

nascentes e mananciais de água, o Espinhaço tem merecido do Governo Mineiro atenção<br />

especial: apoio integral ao seu reconhecimento como Reserva da Biosfera pelo Programa<br />

Homem e Biosfera da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura<br />

(UNESCO) e a criação e implantação de 17 Unidades de Conservação de Proteção Integral<br />

– parques e reservas biológicas – bem como de 36 Unidades de Conservação e uso sustentável<br />

– áreas de proteção ambiental e reservas particulares de patrimônio natural.<br />

Desta forma, 27% da Reserva da Biosfera do Espinhaço se encontram protegidos, mas é<br />

preciso avançar cada vez mais no sentido de garantir a preservação do patrimônio natural<br />

e cultural da região.<br />

Nós que trabalhamos nesta área, sabemos que a ampliação do conhecimento científico<br />

e a melhoria da gestão das unidades existentes dependem de ampla divulgação da importância<br />

do Espinhaço, de modo a levar, também, outros segmentos públicos e privados a se<br />

interessar em compartilhar desses cuidados, que garantem a sua integridade, com iniciativas<br />

importantes nas áreas de estudos e pesquisas ou com outras formas efetivas de<br />

proteção. Daí reconhecermos a relevância da revista “<strong>Megadiversidade</strong>” que vem ao encontro<br />

dos anseios dos gestores ambientais, dos conservacionistas, dos estudantes de<br />

graduação e pós-graduação e do público em geral, ávido de informações que possam<br />

consolidar suas posições a favor da segurança ambiental.<br />

1 Grande Sertão: Veredas. P.304. Ed. Nova Fronteira<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


6 | Apresentação<br />

Nos diversos artigos desta revista, os estudiosos encontrarão informações científicas<br />

importantes sobre o Espinhaço, suas carências e potencialidades que, certamente, vão se<br />

constituir em suporte e referências para as políticas públicas de conservação, voltadas<br />

para a sustentabilidade ambiental a região.<br />

É pois, com imenso prazer que apresentamos à comunidade nacional a revista<br />

“<strong>Megadiversidade</strong>”, na certeza de que esta iniciativa vai resultar em muitos benefícios<br />

para toda a sociedade ambientalista deste País.<br />

José Carlos Carvalho<br />

SECRETÁRIO DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE MINAS GERAIS<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />

BERNARDO MACHADO GONTIJO<br />

Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da <strong>UFMG</strong><br />

email: gontijobm@yahoo.com.br<br />

CONSIDERAÇÕES INICIAIS<br />

Numa edição especial que trata da grande biodiversidade<br />

da Cadeia do Espinhaço, cabe tentar entender aqui<br />

as razões para que tal riqueza de biota seja possível em<br />

um ambiente, aparentemente, tão limitante em termos<br />

ecológicos. Para além de sua geologia, que possibilita<br />

a ocorrência de um conjunto de feições geomorfológicas<br />

marcantes na paisagem, a Cadeia do Espinhaço é um<br />

grande divisor de biomas e, enquanto tal, tentaremos<br />

contextualizá-la geograficamente. Sem nos atermos a<br />

uma geografia puramente física, tentaremos conceber<br />

uma abordagem ecogeográfica uma vez que o prefixo<br />

eco trás em si os elementos do meio físico que possibilitam<br />

tamanha diversidade da biota, sem perder de vista<br />

as intervenções da espécie humana.<br />

Dedicaremos, num primeiro momento, a uma rápida<br />

revisão histórica sobre o que já foi pesquisado em<br />

termos das bases geológicas da Cadeia do Espinhaço<br />

uma vez que consideramos ser a geologia o elemento<br />

definidor de seu esqueleto fisiográfico, sobre o qual<br />

o clima atuou e atua no sentido de modelar seu relevo<br />

e definir sua hidrografia, e em relação aos quais os<br />

solos e a biota vêm se interagindo e condicionandose<br />

mutuamente.<br />

Não pretendemos, aqui, voltar a discorrer sobre o<br />

que especialistas estão mais qualificados a dizer do<br />

que nós. A geologia e a geomorfologia da Cadeia do<br />

Espinhaço já são bem conhecidas, ainda que os especialistas<br />

não tenham entrado em acordo quanto às<br />

interpretações relativas aos seus modelos representativos,<br />

seja com relação a sua gênese, seja com relação<br />

à evolução de seu modelado – tanto em termos de<br />

seu passado geológico remoto, como em termos da<br />

1 Hoje integrante do Instituto Casa da Glória, pertencente ao Instituto de Geociências da <strong>UFMG</strong>.<br />

modelagem decorrente dos paleoclimas recentes<br />

(Quaternário). A geologia da Cadeia do Espinhaço, a<br />

propósito, vem despertando o interesse de pesquisadores<br />

desde o século XIX, conseqüência das ocorrências<br />

de diamante descobertas no século anterior.<br />

Eschwege (1822, 1832 e 1833) e Derby (1881, 1906),<br />

traçaram as primeiras considerações de ordem estratigráfica<br />

e metalogenética. Na primeira metade do<br />

século XX, Moraes (1929, 1932 e 1937), Moraes & Guimarães<br />

(1929, 1930, 1931), Freyberg (1932) e Barbosa<br />

(1954) avançaram nas investigações sobre a serra.<br />

De acordo com Karfunkel et al. (1991), apenas com<br />

as pesquisas de Pflug et al. (1969) e Pflug & Renger (1973)<br />

iniciou-se uma nova fase de est0udos sistemáticos. Este<br />

período é descrito por Grossi-Sad et al. (1997) como<br />

aquele em que<br />

“foram realizados mapeamentos em escala<br />

1:250.000 e, em p<strong>arte</strong> 1:100.000, no setor meridional<br />

da serra e p<strong>arte</strong> sul do setor setentrional.<br />

Integrações na escala 1:100.000 (mapas inéditos)<br />

foram executadas pelo Centro de Geologia<br />

Eschwege 1 . Os resultados mais significativos<br />

advindos destes estudos incluem a subdivisão<br />

estratigráfica, a correlação entre p<strong>arte</strong> das<br />

sequências da Serra do Espinhaço e do Quadrilátero<br />

Ferrífero e o reconhecimento da organização<br />

estrutural. Na década de 70, o Centro de<br />

Geologia Eschwege iniciou um programa de mapeamento<br />

geológico em escala 1:25.000, do qual<br />

resultaram mapas de 30 quadrículas de 7’30" de<br />

lado, incluídas nas folhas 1:100.000 denominadas<br />

Diamantina, Presidente Kubitschek, Serro e<br />

Conceição do Mato Dentro”<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


8 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />

A evolução dos trabalhos geológicos culminaram<br />

com a publicação da excelente edição especial da Revista<br />

de Geociências Geonomos (<strong>UFMG</strong>/IGC/CPMTC,<br />

1995). Nesta publicação podem ser encontrados artigos<br />

fundamentais sobre a geologia do Supergrupo<br />

Espinhaço (Abreu, Dussin & Dussin), a evolução dos conhecimentos<br />

sobre a “Cordilheira do Espinhaço” (Renger<br />

& Knauer), a geomorfologia da Cadeia do Espinhaço<br />

(Saadi) e até mesmo um levantamento bibliográfico sobre<br />

tudo que fora publicado até então sobre a “Cordilheira<br />

do Espinhaço” (Souza & Martins). Tais trabalhos<br />

constituem-se numa espécie de síntese geral, conseqüência<br />

de uma série de artigos, resumos, dissertações e teses<br />

elaboradas ao longo de mais de 25 anos de pesquisa.<br />

Em 1997, uma série de 23 mapas cobrindo toda a<br />

Cadeia do Espinhaço Mineira, de escala 1:100.000, foi<br />

disponibilizada também em formato digital, enquanto<br />

produto do grande Projeto Espinhaço (IGC/CSR/COMIG,<br />

1996), sendo que em 2002 foi lançada a segunda edição<br />

deste CD-ROM. A Cadeia do Espinhaço baiana ainda<br />

não foi mapeada com o mesmo grau de detalhamento<br />

que a mineira, cabendo aos geólogos daquele estado a<br />

continuidade do trabalho desenvolvido em Minas Gerais,<br />

agora no âmbito do PRONAGEO/CPRM.<br />

Mais recentemente, Silva, Pedreira & Almeida Abreu<br />

(2005) editaram, pela UFVJM, um livro inédito sobre a<br />

Cadeia do Espinhaço Meridional no qual convidaram<br />

diversos especialistas para discorrer sobre a geologia e<br />

a geografia física do Espinhaço, e também para discorrer<br />

sobre alguns elementos de sua biota (vegetação,<br />

fragmentos de entomofauna, anuros e mamíferos não<br />

voadores), domínio histórico social e meio ambiente.<br />

Neste volume, mais uma vez, são discorridos aspectos<br />

da fisiografia do Espinhaço Meridional (Neves, Almeida<br />

Abreu & Fraga), e o estudo dos solos aparece em destaque<br />

(Silva), principalmente em função da participação<br />

do autor em diversos diagnósticos e avaliações<br />

pedológicas para o plano de manejo de quatro unidades<br />

de conservação localizadas na região 2 .<br />

O conhecimento da geomorfologia, e mais recentemente<br />

da pedologia, da Cadeia do Espinhaço, ainda<br />

longe de abranger toda a sua extensão, têm sido aprofundados<br />

a partir do desenvolvimento daquela base<br />

geológica inicial. Neste contexto destacam-se os trabalhos<br />

de Saadi (1995, op.cit.) e aqueles por ele citados,<br />

especialmente Abreu (1982), Almeida Abreu (1993),<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Augustin (1994), Saadi (1991, 1993), Saadi & Valadão<br />

(1987). Em escala local, uma série de trabalhos foram,<br />

e ainda vêm sendo, desenvolvidos na região de Gouveia<br />

e adjacências, no âmbito do que poderíamos considerar<br />

como sendo um grande programa de estudos da<br />

geomorfologia do Espinhaço Meridional desenvolvidos<br />

pelos professores e pesquisadores em Geomorfologia<br />

do depto. de Geografia da <strong>UFMG</strong>. A estes trabalhos<br />

começam a se somar dissertações na área da pedologia<br />

e da climatologia.<br />

Percebe-se, a partir desse rápido histórico, que as<br />

bases para a compreensão ecogeográfica do Espinhaço<br />

encontram-se um tanto desequilibradas: muito se sabe<br />

sobre o arcabouço esquelético da paisagem e pouco se<br />

aprofundou sobre as implicações deste arcabouço<br />

com o tapete de vida que por sobre ele se instalou. É<br />

aqui que queremos circunscrever nossa contribuição,<br />

procurando uma visão ampla para o que pode ser considerado<br />

o Espinhaço no sentido de tentar entender o<br />

porquê dele sustentar tamanha biodiversidade (mais de<br />

seis mil espécies segundo os estudos que constam nesta<br />

publicação). Os elementos geológicos e fisiográficos<br />

mais pertinentes a esta abordagem ecogeográfica surgirão<br />

à medida em que o texto avançar – almejamos<br />

fugir, assim, da armadilha da compartimentação da informação,<br />

na qual os diversos temas aparecem como<br />

que em gavetas, e buscar um texto o mais coeso possível.<br />

Iniciemos por um questionamento básico:<br />

A QUE ESPINHAÇO NOS REFERIMOS?<br />

Trata-se de uma questão complexa, já que não existe<br />

uma unanimidade sobre o assunto e a própria palavra<br />

vem sendo cada vez mais utilizada por segmentos não<br />

necessariamente comprometidos com seu real significado<br />

(o que, por um lado, é bastante satisfatório já<br />

que indica uma maior inserção do ambiente “Espinhaço”<br />

no contexto do grande público). A palavra Espinhaço<br />

remonta ao próprio Barão de Eschwege, que<br />

primeiro a cunhou, num artigo publicado em 1822 na<br />

Alemanha 3 . Reproduziremos, então, o primeiro momento<br />

em que o termo surge no texto de Eschwege<br />

no sentido de perceber, já nesta ocasião, a importância<br />

não só geológica, mas também ecológica, da Cadeia<br />

do Espinhaço:<br />

2 Parques Estaduais do Biribiri, do Rio Preto e do Pico do Itambé, e Area de Proteção Ambiental Estadual de Aguas Vertentes.<br />

3 “Quadro Geognóstico do Brasil”, impresso em pequena tiragem, traduzido depois para o francês e inglês (1823), resumido para o português<br />

(1846) e somente traduzido em sua íntegra para o português, recentemente, (2005) pelo professor F. Renger do IGC/<strong>UFMG</strong> na revista Geonomos.


“Uma dessas principais cadeias montanhosas,<br />

chamada em alguns lugares de Serra da Mantiqueira,<br />

encerra os pontos mais altos do Brasil,<br />

tais como o Pico do Itacolumi perto de Vila Rica,<br />

a Serra do Caraça junto a Catas Altas e o majestoso<br />

Pico do Itambé, perto da Vila do Príncipe,<br />

e atravessa, pelo norte, as províncias de Minas<br />

Gerais e da Bahia seguindo até Pernambuco<br />

e para o sul, a de São Paulo até o Rio Grande<br />

do Sul. A ela denominei Serra do Espinhaço<br />

(“Rückenknochengebirge”), não só porque forma<br />

a cordilheira mais alta, mas, além disso, é<br />

notável, especialmente para o naturalista, pois<br />

forma um importante divisor não somente sob o<br />

ponto de vista geognóstico, mas também é de<br />

maior importância pelos aspectos da fauna e da<br />

flora. (...) As regiões ao leste desta cadeia, até o<br />

mar, são cobertas por matas das mais exuberantes.<br />

O lado oeste forma um terreno ondulado e<br />

apresenta morros despidos e paisagens abertas,<br />

revestidas de capim e de árvores retorcidas, ou<br />

os campos cujos vales encerram vegetação espessa<br />

apenas esporadicamente. O botânico encontra,<br />

nas matas virgens, plantas completamente<br />

diferentes daquelas dos campos e o zoólogo<br />

acha uma outra fauna, especialmente de aves,<br />

tão logo passe das matas, pela Serra do Espinhaço,<br />

para os campos”. 4<br />

Para Eschwege, a Cadeia do Espinhaço incluiria todo<br />

o prolongamento montanhoso ao sul do Quadrilátero<br />

Ferrífero mineiro e se estenderia até o Rio Grande do<br />

Sul. Isto se deu, certamente, em função do deficiente<br />

conhecimento da geologia brasileira no início do século<br />

XIX. Se ele estava certo em relação ao limite norte, o<br />

limite sul foi melhor estabelecido por Derby (1906), que<br />

“restringiu sua extensão ao segmento entre Ouro Preto<br />

e Juazeiro (Bahia), à margem do Rio São Francisco,<br />

passando por Minas Gerais, Bahia até o sul de Pernambuco,<br />

praticamente coincidindo com a margem oriental<br />

da Bacia Sanfranciscana” (Renger, 2005). É o mesmo<br />

Renger quem afirma que o limite sul da Cordilheira do<br />

Espinhaço corresponde à Serra das Cambotas, perto de<br />

Barão de Cocais, “concomitante à distribuição do Supergrupo<br />

Espinhaço” (Renger, op.cit.).<br />

Se geologicamente a Cadeia do Espinhaço pode ser<br />

associada às rochas do Supergrupo Espinhaço, outras<br />

Gontijo | 9<br />

delimitações surgem quando se quer enfatizar aspectos<br />

específicos a ela relacionados. Geomorfologicamente,<br />

as variações já surgem na própria maneira em que o Espinhaço<br />

é chamado enquanto unidade de relevo – ora<br />

como “serra”, ora como “cordilheira”, ora como “orógeno”,<br />

ora ainda como “planalto”. Tratam-se mais de questões<br />

conceituais específicas da Geomorfologia, que não nos<br />

vêm ao caso, apesar da importância intrínseca deste<br />

tipo de discussão. Para nós, interessa entender, ou saber,<br />

que tratam-se de “terras altas, de direção geral<br />

norte-sul e convexidade orientada para oeste” (Saadi,<br />

1995) e, enquanto tal, exercem uma função ecológica<br />

sui generis se acrescentarmos, a essa característica, sua<br />

posição latitudinal e sua distância em relação ao litoral<br />

atlântico – em outras palavras – se nos detivermos a<br />

sua Geografia, como será aprofundado mais adiante.<br />

Podemos entender a expressão “Serra do Espinhaço”,<br />

ainda, como uma espécie de marca de fantasia, o<br />

que inclusive cai bem quando consideramos a crescente<br />

popularização do termo. Essa idéia parece, no nosso<br />

entender, estar na base da recente delimitação do que<br />

passou a ser concebido e conhecido como “Reserva da<br />

Biosfera da Serra do Espinhaço” (RBSE). De forte apelo<br />

de marketing, que lança a Cadeia do Espinhaço enquanto<br />

importante patrimônio ecossistêmico a ser olhado e<br />

cuidado com o carinho que merece, a RBSE acabou por<br />

englobar mais espaços ao Espinhaço mineiro. Este foi,<br />

especialmente, o caso de todo o Quadrilátero Ferrífero,<br />

o que resgata de alguma forma as idéias originais<br />

de Eschwege e Derby. Embora um “pecado geológico”,<br />

trata-se mais da materialização espacial de uma, boa,<br />

idéia conservacionista – quanto mais áreas estiverem<br />

incorporadas a nossa RBSE, mais chances teremos de<br />

proteger nossa biota.<br />

Lembremos, também, que a grande maioria dos estudos<br />

enumerados no item anterior referem-se apenas<br />

a uma porção do Espinhaço, notadamente sua porção<br />

mineira. Podemos, então, considerar o Espinhaço mineiro<br />

como sua porção sul e o Espinhaço baiano como<br />

sua porção norte. No entanto, considerando o volume<br />

de trabalhos muito maior já desenvolvido no Espinhaço<br />

mineiro, este acabou sendo subdividido pelos especialistas<br />

também em uma porção meridional e outra<br />

setentrional. Segundo Saadi (1995), “em escala regional,<br />

a Serra do Espinhaço é subdividível em dois compartimentos<br />

de planaltos muito bem diferenciados e<br />

nitidamente separados por uma zona deprimida de<br />

4 ESCHWEGE, W von, “Quadro Geognóstico do Brasil e a provável rocha matriz dos diamantes”. Tradução (2005) de F.E.Renger do original em<br />

alemão (1822).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


10 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />

direção NW-SE, passando por Couto de Magalhães de<br />

Minas”, os quais ele denominou de Planalto Meridional<br />

e Planalto Setentrional.<br />

O ESPINHAÇO ENQUANTO GRANDE FATOR ECOLÓGICO<br />

De acordo com o Projeto Espinhaço (COMIG/IGC, 1997),<br />

a Cadeia do Espinhaço “representa um importante<br />

acidente geográfico que se estende desde as proximidades<br />

de Belo Horizonte até o limite norte do Estado<br />

da Bahia com o Estado do Piauí. O relevo da serra é<br />

marcadamente acidentado com altitude geralmente<br />

superior a 1000 m, alcançando um máximo de 2002 m<br />

de altitude no Pico do Itambé, localizado a cerca de<br />

30 km a sudeste de Diamantina. Em Minas Gerais a<br />

Serra do Espinhaço estende-se por cerca de 550 km,<br />

com direção aproximadamente N-S e largura variável<br />

de até 100 km. Ao norte de Diamantina apresenta<br />

notável estreitamento, seguindo como faixas descontínuas<br />

e de largura reduzida até as proximidades de<br />

Terra Branca, onde volta a apresentar relevo abrupto e<br />

largura considerável. Este adelgaçamento promove a<br />

individualização da serra em dois setores: meridional e<br />

setentrional, de características geológicas distintas”.<br />

É esta a base geológico-morfológica que dá o “suporte<br />

ecológico” à biota da serra, tal como concebido por<br />

Tansley (1935, citado por Ab’Saber, 2003).<br />

Discorrendo sobre o conceito de ecossistema tal<br />

como popularizado por Tansley, Ab’Saber (2003) aponta<br />

para a importância de se considerar o estudo integrado<br />

de seus três componentes essenciais, quais<br />

sejam, “o suporte ecológico (rocha/solo), a biota ali estabelecida<br />

através de longos processos genéticos e as<br />

condições bioclimáticas que dão sustentabilidade para<br />

a vida ali instalada”. Entendemos, aqui, a Cadeia do<br />

Espinhaço como um grande fator ecológico em si –<br />

neste sentido, poderíamos considerá-la como a base<br />

de um bioma, o quarto grande bioma de Minas Gerais.<br />

É sabidamente conhecida a interseção, em Minas,<br />

de três dos grandes biomas brasileiros (Mata Atlântica,<br />

Cerrado e Caatinga). Os campos rupestres de altitude<br />

(que não se restringem somente ao Espinhaço) aparecem<br />

como faixas de transição ou refúgios isolados em<br />

meio àqueles três domínios maiores. Se tomarmos a<br />

escala de Minas, ou da faixa oriental da bacia sanfranciscana<br />

que incluiria Minas e Bahia, a cadeia do Espinhaço<br />

cresce em importância e, no nosso entender,<br />

ganha a dimensão de um bioma (entendendo bioma<br />

como a dimensão mais ampla possível de um ecossistema,<br />

na concepção Tansleyana do termo). Coutinho<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

(2006), ao discutir sobre o conceito de bioma, considera<br />

a definição de Walter (1986) como a mais adequada:<br />

“uma área do espaço geográfico com dimensões<br />

até superiores a um milhão de quilômetros quadrados,<br />

representada por um tipo uniforme de<br />

ambiente, identificado e classificado de acordo<br />

com o macrolclima, a fitofisionomia (formação),<br />

o solo e a altitude, os principais elementos que<br />

caracterizam os diversos ambientes continentais”.<br />

A essa definição, Coutinho acrescenta a importância<br />

do fogo natural enquanto fator ecológico, o que se aplica<br />

também para a Cadeia do Espinhaço. Discordamos,<br />

no entanto, quanto à rigidez em se definir a área mínima<br />

de um bioma como sendo de um milhão de quilômetros<br />

quadrados. Ao conceber este limite, Walter<br />

tinha a distribuição planetária dos ambientes continentais<br />

em mente – nesta escala de análise, qualquer área<br />

inferior a um milhão de quilômetros quadrados perde<br />

em importância. Se a Cadeia do Espinhaço possui uma<br />

importância espacialmente limitada, especialmente se<br />

considerarmos as grandes cadeias montanhosas do planeta<br />

(inclusive bastante jovens em termos geológicos),<br />

para nós brasileiros, mais especificamente para nós mineiros<br />

e baianos, isso não corresponde ao que experienciamos<br />

na prática.<br />

A geografia física de Minas Gerais, para nos atermos<br />

somente ao nosso estado, pode até apontar para a importância<br />

de nossos três grandes biomas (os já citados<br />

Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga), com a Cadeia do<br />

Espinhaço sendo, quando muito, uma faixa de transição<br />

e um divisor dos mesmos. Mas nossa ecogeografia<br />

exige a necessária consideração do conjunto da Cadeia<br />

do Espinhaço como um bioma em si – sua antigüidade<br />

geológica e sua posição geográfica conferem-lhes um<br />

aumento na sua relevância ecológica pois estão na base<br />

para tentarmos explicar o grau tão elevado de biodiversidade<br />

que comporta.<br />

No nosso entender, os campos rupestres de altitude<br />

do Espinhaço Mineiro constituem-se num dos quatro<br />

grandes biomas do estado, e possuem uma importância<br />

que vai muito além de sua mero arranjo florístico /<br />

fitofisionômico. Trata-se de uma paisagem grandiosa,<br />

profundamente gravada no imaginário mineiro, uma vez<br />

que acompanha nosso histórico de conquista mineral,<br />

associada que está ao magnífico embasamento quartzítico,<br />

seja ele mais silicoso (como no caso do Espinhaço),<br />

seja ele mais ferrífero (como no caso do Quadrilátero<br />

Ferrífero). A história das “minas gerais” passa necessariamente,<br />

pelos seus campos rupestres.


MOSAICO DE BIOMAS, MOSAICO DE BIODIVERSIDADE<br />

No mapeamento geológico da Cadeia do Espinhaço realizado<br />

a partir do convênio COMIG/IGC (1997), uma<br />

pequena introdução à geografia da Cadeia do Espinhaço<br />

é apresentada:<br />

“A paisagem gerada pelo entalhamento das rochas<br />

predominantemente quartzíticas, com a formação<br />

de elevações e espigões de formas diversas, é de<br />

extrema beleza. O quadro <strong>final</strong> é dado pelo contraste<br />

entre os rochedos e as superfícies mais<br />

baixas, que geralmente são cobertas por vegetação<br />

singela. Estas superfícies constituem extensos<br />

pediplanos onde existem intercalações de<br />

litologias mais susceptíveis à decomposição. (...)<br />

A Serra do Espinhaço corresponde a um importante<br />

divisor de águas para as bacias hidrográficas<br />

do Rio São Francisco e dos rios que fluem<br />

para leste e desaguam no Oceano Atlântico, tendo<br />

como bacias hidrográficas principais as dos<br />

rios Jequitinhonha e Doce. (...) A região da Serra<br />

do Espinhaço encontra-se na faixa de clima subtropical<br />

quente, com micro-climas diversos relacionados<br />

à fatores topográficos. A temperatura<br />

média anual está em torno de 18 a 19°C. A precipitação<br />

anual varia de 850 a 1400 mm, de norte<br />

para o sul da serra. As coberturas vegetais na<br />

região são representadas por campos rupestres<br />

e campos de altitude, cerrado e floresta subcaducifólia<br />

principal. A ocorrência de um determinado<br />

tipo está fortemente condicionada a condições<br />

climáticas e aspectos morfológicos”.<br />

A litologia decorrente do embasamento geológico<br />

acaba por definir as características pedológicas da região<br />

uma vez que fica claro o contraste entre as limitações<br />

ecológicas impostas pelos solos arenoquartzosos<br />

dos topos de serra (Formações relacionadas ao Supergrupo<br />

Espinhaço), e as possibilidades decorrentes dos<br />

solos eutrofizados das áreas limítrofes. A cobertura<br />

vegetal se revela, então, fortemente marcada pela<br />

litologia e se revela na forma dos campos de altitude<br />

que serão rupestres na medida em que estiverem associados<br />

aos afloramentos rochosos (necessariamente<br />

presentes, por serem seus definidores, nos topos da<br />

Gontijo | 11<br />

Serra). Tomando o exemplo da Serra do Cipó, extremidade<br />

meridional do Espinhaço mineiro, Giulietti et al<br />

(1987) afirmam que a fisionomia de seus campos rupestres<br />

“é bastante uniforme e essa característica se<br />

mantém ao longo da cadeia do Espinhaço, sendo a continuidade<br />

quebrada pela presença de manchas de cerrado<br />

e matas de galeria e de encosta, e também pelos<br />

assim chamados capões de matas”.<br />

Menezes e Giulietti (2000:66), destacando a riqueza<br />

florística dos campos rupestres da Serra do Cipó,<br />

registraram a presença de 1590 espécies (de um total<br />

de 149 famílias) em uma área de aproximadamente<br />

200 km². Além disso, elas chamam a atenção para o<br />

elevado índice de endemismos da flora local, fato já<br />

constatado por Joly desde 1970, quando iniciava um<br />

estudo exaustivo de levantamento da flora da Serra do<br />

Cipó, contando com a colaboração de pesquisadores e<br />

pós-graduandos da Universidade de São Paulo, Universidade<br />

de Campinas e do Instituto de Botânica de São<br />

Paulo. Joly já antevia que “não há na flora brasileira<br />

outra associação, com tal índice de endemismos, como<br />

a dos campos rupestres, que fala da antigüidade de seu<br />

isolamento, restrita como está ao alto das serras isoladas,<br />

verdadeiras ilhas no planalto brasileiro, únicos<br />

pontos onde se encontram as condições geoclimatológicas,<br />

razão de sua existência” (Joly, 1970: 128-129).<br />

Joly morreu prematuramente mas o levantamento<br />

florístico prossegue até hoje (Giulietti et al.,1987) .<br />

Os botânicos enumeram um grande número de famílias<br />

de plantas mas aos olhos dos leigos destacam-se<br />

na paisagem as “canelas de ema” (Velloziaceae), as<br />

“parasitas” 5 (Orchidaceae e Bromeliaceae), diversas cactáceas<br />

(Cactaceae), e um grande número de “semprevivas”<br />

(Xyridaceae, Cyperaceae, Eriocaulaceae) (Menezes<br />

& Giulietti, 1986). São exemplares dessas famílias as<br />

que mais têm sido coletadas ao longo dos anos por<br />

toda a Serra. Enquanto os caules das canelas de ema<br />

são coletados para serem usados como combustível;<br />

cactos, bromélias e orquídeas são retirados pelo alto<br />

valor de mercado que atingem em função da beleza e<br />

singularidade de seus aspectos. Já com relação às sempre-vivas,<br />

a coleta tem sido sistemática e indiscriminada<br />

ao longo de todo o Espinhaço Meridional, onde certas<br />

populações já tiveram seu número drasticamente reduzido,<br />

e outras já são consideradas como extintas 6<br />

(Giulietti et al., 1988).<br />

5 Na verdade são epífitas, pois não exercem qualquer tipo de relação de parasitismo com o hospedeiro, e muitas vezes encontrando-se<br />

diretamente sobre o substrato rochoso.<br />

6 A lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais registra 351 espécies ameaçadas no âmbito dos campos<br />

rupestres (Mendonça & Lins, 2000:113-148).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


12 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />

Além dos campos rupestres, matas ripárias e capões<br />

também foram estudados pelo grupo de São Paulo.<br />

Meguro et al. (1996a e 1996b) caracterizaram-nas tanto<br />

floristicamente quanto com relação ao seus processos<br />

de instalação e dispersão. Enquanto as matas ripárias<br />

“ocupam estreitas franjas ao longo dos riachos que drenam<br />

os campos rupestres, alargando-se aquém da cota<br />

de 1000 m” (Meguro et al., 1996b); os capões “formam<br />

pequenas manchas nas proximidades dos topos arredondados<br />

e encostas suaves das serras e, à jusante, fundem-se,<br />

muitas vezes, com as florestas presentes nas<br />

íngremes vertentes dos anfiteatros de erosão e dos vales”<br />

(Meguro et al., 1996a).<br />

Considerando o aspecto regional, o Espinhaço Meridional<br />

surge como um grande divisor de biomas, ele<br />

próprio comportando em si um daqueles quatro biomas<br />

mais significativos da paisagem mineira. A bacia do rio<br />

das Velhas, na encosta ocidental do Espinhaço Meridional,<br />

invade o cerrado mineiro, enquanto a encosta<br />

oriental do Espinhaço Meridional detém o avanço do<br />

“mato dentro” ao longo da bacia do rio Doce, o mesmo<br />

“mato dentro” que batizou Conceição, Itabira e Itambé,<br />

ali localizadas e todas testemunhas da grande floresta<br />

estacional semi-decidual, versão mineira do bioma da<br />

Mata Atlântica.<br />

Estamos diante de um mosaico fitofisionômico e<br />

florístico que imprime na paisagem da serra um de seus<br />

grandes fascínios, o que está refletido em suas vertentes<br />

ocidental e oriental, que definem, grosso modo, as<br />

transições altitudinais, ora entre campos rupestres e<br />

cerrados (bacia do São Francisco), ora entre campos<br />

rupestres e mata Atlântica (bacias de leste) e ora entre<br />

campos rupestres e caatinga (latitudes menores). As<br />

interfaces com a Mata Atlântica, a propósito, se dão na<br />

medida em que a vegetação mais densa penetra pela<br />

encosta oriental, persistente que vai ao longo dos cursos<br />

d’água (matas ripárias ou de galeria), e também na<br />

medida em que se instala nas depressões geológica e<br />

geomorfologicamente favoráveis do altiplano da serra<br />

(capões de mata). Já nos afloramentos calcários que<br />

ocorrem nas faixas de transição com a depressão Sanfranciscana,<br />

sobre rochas calcárias do Grupo Bambuí,<br />

dominam manchas de mata seca (floresta estacional<br />

decidual).<br />

Este mosaico de biomas acaba por produzir um<br />

grande mosaico de biodiversidade pois a concentração<br />

de ecótones propicia uma profusão de alternativas<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

ecológicas de adaptação. Some-se a isto a posição<br />

geográfica da Cadeia do Espinhaço, qual seja, aquele<br />

alinhamento montanhoso norte-sul, relativamente interiorizado<br />

em relação ao litoral brasileiro, numa distância<br />

curta o suficinte para sofrer os efeitos orográficos<br />

da penetração das massas de ar quente e úmidas, tanto<br />

de leste como de oeste; e numa distância longa o suficiente<br />

para confinar as grandes formações abertas do<br />

sertão brasileiro – cerrados e caatingas e todas as gradações<br />

que comportam – cujas ecologias são marcadas<br />

pela sazonalidade em seus diversos graus de intensidade<br />

– desde a regularidade da faixa tropical semi-úmida<br />

das latitudes intertropicais até a irregularidade tropical<br />

semi-árida do nordeste brasileiro<br />

De fisionomia fortemente marcada pelo xeromorfismo<br />

oligotrófico, os cerrados sofrem as conseqüências<br />

de uma sazonalidade acentuada, isto é, desenvolvem<br />

mecanismos de retenção de água no período de maior<br />

deficiência hídrica (<strong>final</strong> de inverno). De acordo com<br />

Ferreira (1980) o cerrado “apresenta gradações baseadas<br />

na fisionomia, nos fatores edáficos e na composição<br />

florística” e Brandão (2000:56) chega a considerar os campos<br />

rupestres como uma de suas variáveis campestres 7 .<br />

Ribeiro & Walter (1998), por sua vez, propõem os assim<br />

chamados cerrados rupestres, traduzindo a transição<br />

gradual entre o cerrado e os campos rupestres.<br />

É no <strong>final</strong> do período de maior deficiência hídrica<br />

que ocorre um grande número de queimadas na região,<br />

o que em grande medida reflete numa série de adaptações<br />

morfológicas nas plantas que possibilitam a sobrevivência<br />

ao fogo. A grande pressão ecológica do fogo<br />

sobre o cerrado, fato já estudado desde Warming (1908)<br />

e aprofundado por Coutinho (1976 e 1992), se prolonga<br />

para os campos rupestres, definindo inclusive muito<br />

de sua composição florística (Giulietti et al., 1987<br />

op.cit.). As queimadas são comuns na serra, não sendo<br />

raro o testemunho dos habitantes da região sobre incêndios<br />

que duram dias para cobrir grandes áreas de<br />

escarpamento quartzítico.<br />

As formações florestais, por sua vez, sofrem influência<br />

tanto do regime climático como da litologia e da<br />

geomorfologia. A presença da água ao longo da grande<br />

quantidade de cursos d’água que drenam as vertentes<br />

orientais da serra (desde as cabeceiras dos rios Santo<br />

Antônio, Suaçui, Araçuai e Jequitinhonha na porção<br />

meridional, até as cabeceiras dos rios Pardo, de Contas,<br />

Paraguaçu e Jacuipe na porção setentrional) e a<br />

7 Algo muito mais plausível do que classificar os campos rupestres do Espinhaço como se fossem refúgios vegetacionais no âmbito da<br />

adequação ao sistema universal da classificação vegetacional de Veloso (1992).


proximidade oceânica oferecem níveis de umidade suficiente<br />

para sustentar o que originalmente consistiu<br />

na grande massa florestal da nossa Mata Atlântica.<br />

Revestindo os assim chamados por Ab’Saber de mares<br />

de morro, essas florestas cobriam uma extensão mais<br />

dilatada no leste mineiro, chegando às encostas da vertente<br />

leste do Espinhaço.<br />

Quanto às estreitas faixas de oeste de matas secas,<br />

estas permanecem exuberantes no verão mas perdem<br />

suas folhas no inverno, uma vez que a água penetra no<br />

substrato calcário e acaba tornando secas as camadas<br />

superficiais do solo, tornando também esta formação<br />

altamente vulnerável à ocorrência de incêndios. Em suas<br />

faixas de ocorrência, predominam em meio à transição<br />

do cerrado para os campos rupestres, capões e galerias,<br />

algumas bastante alteradas pela ocupação agrícola.<br />

UM TERREMOTO AMBIENTAL?<br />

A Cadeia do Espinhaço prossegue ainda desconhecida<br />

em grande p<strong>arte</strong> de sua extensão, especialmente se<br />

considerarmos seu elevado grau de endemismos. Ou<br />

seja, cada um de seus grotões permanece como alvo<br />

potencial de investigações mais aprofundadas, especialmente<br />

num momento em que os estudos da biodiversidade<br />

de Minas Gerais ganham fôlego, incluindo aí os<br />

trabalhos da Fundação Biodiversitas (Costa et al., 1998,<br />

Mendonça & Vanucci, 2000 e Drummond et al.,2005).<br />

Nas duas edições dos atlas para a conservação da biodiversidade<br />

em Minas Gerais (Costa et al. 1998 e<br />

Drummond et al. 2005, op.cit.), a Cadeia do Espinhaço,<br />

em sua porção mineira, aparece como uma das áreas<br />

prioritárias de conservação, com importância biológica<br />

especial e enquanto área que demanda a criação<br />

urgente de (mais) Unidades de Conservação. O texto<br />

referente à Cadeia do Espinhaço que consta na primeira<br />

edição (Costa et al., op.cit.:61) é bastante elucidativo<br />

e resume bem muito do que aqui foi enfatizado com<br />

relação à importância ecológica de todo o conjunto:<br />

“A Serra do Espinhaço, de notável relevância,<br />

destaca-se no cenário nacional e internacional,<br />

pois além de abrigar nascentes de diversos rios<br />

que drenam para diferentes bacias, constitui uma<br />

área ímpar no contexto mundial, no que se refere<br />

à formação geológica e florística. Apresenta<br />

extraordinário grau de endemismo de várias famílias<br />

de plantas e é considerada o centro de<br />

diversidade genética das sempre-vivas. Nela se<br />

concentram cerca de 80% de todas as espécies<br />

Gontijo | 13<br />

de sempre-vivas do país e cerca de 70% das espécies<br />

do planeta. A Serra abriga, ainda, 40% das<br />

espécies de plantas ameaçadas do Estado. Esses<br />

fatores, aliados à sua importância como eixo de<br />

migrações pré-históricas, justificam a recomendação<br />

de criação de uma Reserva da Biosfera<br />

que englobe todo o maciço do Espinhaço. Para<br />

viabilizar essa proposta, o Estado deverá requerer<br />

ao Programa “Man and Biosphere – MAB”, da<br />

UNESCO, a criação da reserva”.<br />

Estaria este santuário, especialmente naqueles pontos<br />

onde a pressão antrópica tem sido crescente, vulnerável<br />

e impotente diante desse rolo compressor de<br />

uma economia cada vez mais globalizada? Biólogos e<br />

ecologistas em geral tendem a reduzir a questão à criação<br />

de Unidades de Conservação, se possível das mais<br />

restritivas, e a criar o maior número possível de mecanismos<br />

que impeçam os efeitos de uma pressão antrópica<br />

crescente. Muitos desses biólogos estiveram,<br />

inclusive, na vanguarda do processo de criação das unidades<br />

de conservação lá já existentes e suas contribuições<br />

para o aprofundamento do conhecimento de<br />

diversas facetas da Serra são inquestionáveis.<br />

Mas não deveríamos, enquanto pesquisadores, continuar<br />

com uma espécie de venda nos olhos e que nos<br />

impede que possamos enxergar além do mistério profundo<br />

das plantas e animais da Serra. O problema da<br />

ocupação desordenada da Cadeia do Espinhaço tem se<br />

avolumado e são cada vez mais constantes os conflitos<br />

decorrentes dos jogos de interesse contraditórios entre<br />

os diversos profissionais que atuam na região.<br />

Justamente por estarem sofrendo impactos sistemáticos<br />

em sua integridade ambiental e, ao mesmo tempo,<br />

serem biodiversos e ricos em endemismos, Cerrado<br />

e Mata Atlântica são hoje considerados como hotspots.<br />

Os campos de altitude, por seu turno, podem ainda não<br />

ser considerados enquanto um hotspot, mas refletem,<br />

na sua biodiversidade, muito do que representa sua<br />

proximidade com aqueles dois biomas. Se o termo<br />

hotspot foi tomado emprestado à Teoria da Tectônica<br />

de Placas, fundamental para a explicação de muitos dos<br />

fenômenos geológicos (como a própria orogênese da<br />

Cadeia do Espinhaço), cabe aqui uma analogia a nossa<br />

situação ambiental: Se não tomarmos cuidados quanto<br />

à preservação do que ainda resta de biodiversidade na<br />

Cadeia do Espinhaço e em seus biomas adjacentes, estaremos<br />

na eminência de sofrer um grande “terremoto<br />

ambiental” já que estamos, como mostra a geografia<br />

de nossa “tectônica ambiental”, localizados bem em<br />

cima de seu hipotético epicentro.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


14 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS<br />

AB’SABER, A. Os domínios de natureza no Brasil – Potencialidades<br />

Paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.<br />

COSTA , Cláudia M. Rocha, H0ERRMANN, Gisela, MARTINS, Cássio<br />

Soares, LINS, Lívia Vanucci e LAMAS, Ivana Reis (Orgs.)<br />

Biodiversidade em Minas Gerais – Um Atlas para sua Conservação.<br />

Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 1998.<br />

COUTINHO, L.M. Contribuição ao conhecimento do papel ecológico<br />

das queimadas na floração de espécies do cerrado.<br />

Tese de Livre Docência. São Paulo: IB/USP, 1976.<br />

COUTINHO, L.M. O cerrado e a ecologia do fogo. Ciência Hoje<br />

(Volume especial ‘Eco-Brasil’). Rio de Janeiro: 130-138, 1992.<br />

COUTINHO, L.M. O conceito de bioma. Acta Botânica Brasileira.<br />

20 (1): 13-23, 2006.<br />

DRUMMOND, G.M. et al. Biodiversidade em Minas Gerais – Um<br />

Atlas para sua Conservação, 2a ed.. Belo Horizonte: Fundação<br />

Biodiversitas, 2005.<br />

ESCHWEGE, Wilhelm L. von. Quadro Geognóstico do Brasil e a<br />

provável rocha matriz dos diamantes. Geonomos, 13 (1,2);<br />

97-109, 2005.<br />

ESCHWEGE, Wilhelm L. von. Pluto brasiliensis. Berlin: G. Reimer,<br />

1833. Tradução brasileira de Domício de F. Murta. Belo Horizonte:<br />

Itatiaia; São Paulo: USP, 1979. 2 v.<br />

FERREIRA, Mitzi B. O cerrado em Minas Gerais, gradações e<br />

composição florística. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,<br />

61 (6): 4-8, 1980.<br />

GEONOMOS, Revista de Geociências. Belo Horizonte: <strong>UFMG</strong>/<br />

IGC/CPMTC, volume III, no. 1, julho1995.<br />

KARFUNKEL, J., NOCE, C.M. e KOHLER, H.C. A geologia do grande<br />

abrigo de Santana do Riacho e vizinhanças, Serra do Cipó,<br />

Minas Gerais. Arquivos do Museu de História Natural – <strong>UFMG</strong>.<br />

Belo Horizonte, vol. 12, tomo I: 33-42, 1991.<br />

MEGURO, M.,PIRANI, J.R., GIULIETTI, A. M. & MELLO-SILVA,<br />

R.Caracterização florística e estrutural de matas ripárias e<br />

capões de altitude (Serra do Cipó-MG). Boletim de Botânica<br />

da USP. 15:13-29, 1996a.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

MEGURO, M.,PIRANI, J.R., MELLO-SILVA, R & GIULIETTI, A. M.<br />

Estabelecimento de matas ripárias e capões nos ecossistemas<br />

campestres da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. Boletim<br />

de Botânica da USP. 15: 1-11, 1996b.<br />

MENDONÇA, M.P. & LINS, L.V. (Orgs.) Lista vermelha das espécies<br />

ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Belo<br />

Horizonte: Fundação Biodiversitas e Fundação Zoo-Botânica<br />

de Belo Horizonte, 2000.<br />

MENEZES, N.L. de & GIULIETTI, A.M. Campos rupestres: Paraíso<br />

botânico na serra do Cipó. Ciência Hoje. Rio de Janeiro,<br />

25 (4): 38-44. 1986.<br />

PROJETO ESPINHAÇO, série de mapas (1:100.000) IGC/CSR/<br />

COMIG, 1996.<br />

RENGER, F.E. Quadro Geognóstico do Brasil de Wilhelm Ludwig<br />

von Eschwege: Breves comentários à sua visão da Geologia<br />

no Brasil. Geonomos, 13 (1,2); 91-95, 2005.<br />

RIBEIRO, José F. & WALTER, Bruno M.T. Fitofisionomias do bioma<br />

cerrado, in SANO, S.M. & ALMEIDA, S.P (Orgs.), Cerrado, ambiente<br />

e flora. Planaltina: EMBRAPA / CPAC,1998.<br />

SAADI, A. Ensaio sobre a morfotectônica de Minas Gerais. Belo<br />

Horizonte:IGC/<strong>UFMG</strong>, Tese para admissão a cargo de Professor<br />

Titular, 1991.<br />

SAADI, A. A geomorfologia da Serra do Espinhaço em Minas<br />

Gerais e de suas margens. Geonomos, Revista de Geociências,<br />

vol. III, No 1, 41-63, 1995.<br />

SILVA, A.C., PEDREIRA, L.C.V.S.F. & ALMEIDA ABREU,P.A. Serra<br />

do Espinhaço Meridional: paisagens e ambientes. Belo Horizonte:<br />

O Lutador, 2005.<br />

SOUZA, Eliane M. de & MARTINS, Márcia O.Z. de. A cordilheira<br />

do Espinhaço em Minas Gerais: Um levantamento bibliográfico,<br />

in Geonomos, Belo Horizonte, 3 (1): 87-97, 1995.<br />

VELOSO, H.P., RANGEL FILHO, A.L. e LIMA, J.C.A. Classificação<br />

da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio<br />

de Janeiro: FIBGE, 1991.<br />

WALTER, Heinrich. Vegetação e Zonas Climáticas – Tratado de<br />

Ecologia Global. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária<br />

Ltda., 1986.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

A flora dos campos rupestres da Cadeia do<br />

Espinhaço<br />

ALESSANDRO RAPINI 1 *<br />

PATRÍCIA LUZ RIBEIRO 1<br />

SABRINA LAMBERT 1<br />

JOSÉ RUBENS PIRANI 2<br />

1 Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />

2 Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />

* e-mail: rapinibot@yahoo.com.br<br />

RESUMO<br />

Da exaltação dos primeiros naturalistas aos estudos mais recentes em variabilidade genética,<br />

os campos rupestres continuam surpreendendo a todos que a eles voltam seu olhar mais<br />

atentamente. Sua distribuição disjunta ao longo da Cadeia do Espinhaço, as condições ambientais<br />

extremas e a grande heterogeneidade espacial parecem ser responsáveis pela enorme<br />

diversidade beta que caracteriza essa formação vegetal. O número de espécies é grande,<br />

porém ainda mais notável é a alta concentração de espécies com distribuição restrita. Uma<br />

grande parcela de sua biodiversidade por isso encontra-se vulnerável e necessita de proteção.<br />

Os campos rupestres abrigam um dos maiores patrimômios biológicos brasileiros e sua conservação<br />

depende do conhecimento amplo e detalhado de suas espécies e dos mecanismos<br />

envolvidos na dinâmica de suas populações. É necessário dar continuidade aos levantamentos<br />

florísticos, mas também estimular estudos filogenéticos e ecológicos capazes de estabelecer<br />

relações históricas entre espécies e definir fatores limitantes à manutenção de suas populações.<br />

Diferente das pedras preciosas que se exauriram rapidamente no século XIX, os campos<br />

rupestres constituem uma riqueza natural que pode perdurar indefinidamente se os devidos<br />

cuidados forem tomados. Sua proteção deve ser garantida através de unidades de conservação,<br />

mas esforços devem ser realizados para assegurar sua integridade também fora dessas<br />

unidades. Uma etapa importante nessa direção pode ser a sensibilização da sociedade em<br />

torno de sua preservação.<br />

ABSTRACT<br />

From the excitement of the first naturalists to the recent studies on genetic variation, the campos<br />

rupestres remain surprising to everyone who takes a closer look at them. The disjunct distribution<br />

along the Espinhaço mountain range, the extreme environmental conditions and the great spatial<br />

heterogeneity are responsible for the huge beta diversity found in this vegetation. The number of<br />

species is high, but the high concentration of narrow endemics is even more remarkable. Because<br />

of this, a large proportion of their biodiversity is vulnerable to extinction and needs to be protected.<br />

The campos rupestres cover one of the most important Brazilian biological heritages and their<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


16 | A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

conservation depends on the broad and deep knowledge of species and mechanisms involved in the<br />

dynamic of their populations. It is necessary to carry on with the floristic inventories, but also to<br />

encourage phylogenetic and ecological studies to establish historical relationships among species<br />

and to define limitations to the maintenance of their populations. Different from the precious<br />

stones which ran out during the 19 th century, the flora of the campos rupestres consists of a<br />

natural richness that may persist indefinitely if the proper cautions are taken. Its protection must<br />

be guaranteed through conservation unities, but efforts must also be done to assure their integrity<br />

outside these units. An important step to this goal may be reached by showing the society the<br />

importance of its preservation.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Historicamente, a Cadeia do Espinhaço tem sido uma<br />

fonte importante de riquezas minerais, principalmente<br />

pedras preciosas durante o período colonial. Várias cidades<br />

ali se estabeleceram durante os ciclos do ouro e<br />

do diamante, entre os séculos XVII e XIX. Essas cidades<br />

controlavam a economia brasileira e serviram de base<br />

para os naturalistas que passavam pela região. A beleza<br />

da vegetação, especialmente nas regiões campestres<br />

onde afloram os maciços rochosos, é motivo de<br />

exaltação e, impressionados com a diversidade biológica<br />

da região, pesquisadores de várias p<strong>arte</strong>s voltaram<br />

suas atenções para essas formações, que passaram<br />

a ser conhecidas como campos rupestres.<br />

Os campos rupestres incluem formações herbáceoarbustivas<br />

associadas a solos litólicos, predominantemente<br />

quártzicos. Inseridos nos biomas do Cerrado e<br />

das Caatingas, são freqüentemente entremeados por<br />

matas ciliares e eventualmente salpicados de ilhas de<br />

capão. Ocorrem em altitudes a partir de 900 m, ocupando<br />

de maneira disjunta as regiões mais elevadas do<br />

Espinhaço, desde o norte da Chapada Diamantina, na<br />

Bahia, até a Serra de Ouro Branco, em Minas Gerais.<br />

Podem ser encontrados também mais ao sul, nas<br />

Serras de São João d’El Rey, da Canastra e de Ibitipoca<br />

(Minas Gerais), a oeste, nas Serras dos Cristais e dos<br />

Pirineus e na Chapada dos Veadeiros (Goiás), e ao norte,<br />

nos Tepuis (norte da América do Sul).<br />

FITOFISIONOMIA DOS CAMPOS RUPESTRES<br />

Em solos oligotróficos e ácidos e sujeita a oscilações<br />

diárias de temperatura, exposição ao vento e restrições<br />

hídricas, a vegetação nos campos rupestres é tipicamente<br />

xeromórfica (e.g., Giulietti et al., 1997), dominada<br />

por plantas com grande capacidade de fixação ao substrato<br />

e tolerantes à dessecação ou resistentes ao<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

estresse hídrico. As folhas são geralmente coriáceas<br />

e fibrosas, estando reduzidas a espinhos em cactos<br />

ou formando tanques de água em bromélias. Os estômatos<br />

ficam muitas vezes protegidos e vários grupos<br />

apresentam fisiologia especializada como metabolismo<br />

C4 e CAM (Metabolismo do Ácido Crassuláceo), mantendo-os<br />

fechados durante o dia e realizando as trocas<br />

gasosas à noite, quando a transpiração é menor.<br />

Nas regiões mais úmidas e com solos mais profundos,<br />

existe um grande número de plantas anuais ou com<br />

ciclo reprodutivo curto, capazes de se desenvolver nos<br />

períodos favoráveis, ou com gemas protegidas na superfície<br />

do solo, como em gramíneas. Nos solos mais<br />

rasos e pobres, são mais comuns as plantas perenes<br />

com desenvolvimento lento e gemas protegidas entre<br />

folhas ou em ramos velhos. Nas canelas-de-ema (Vellozia<br />

spp., Velloziaceae), por exemplo, as bainhas foliares,<br />

persistentes e intercaladas por raízes adventícias, formam<br />

um pseudotronco resinoso que protege as gemas<br />

do fogo e da insolação. As epífitas, sobretudo orquídeas<br />

e bromélias, são pouco diversificadas nessas áreas<br />

abertas e os trofóforos parecem se restringir a poucas<br />

espécies de velósias.<br />

Devido à dominância marcante de alguns grupos de<br />

plantas, principalmente monocotiledôneas, e às convergências<br />

morfológicas recorrentes entre táxons não<br />

relacionados, os campos rupestres compõem uma paisagem<br />

de fisionomia aparentemente uniforme (Giulietti<br />

et al., 1987). Numa escala mais fina, no entanto, essa<br />

fitofisionomia inclui desde campos limpos e sujos, em<br />

solos arenosos, mais baixos e com declives suaves, até<br />

afloramentos rochosos, em encostas íngremes e topos<br />

de morros, passando por solos pedregosos e baixadas<br />

brejosas. Extremos, no entanto, ocorrem de maneira<br />

contígua, muitas vezes se mesclando. Nos afloramentos,<br />

rochas nuas ou cobertas por líquens e plantas<br />

rupícolas formam covas com diferentes níveis de sombreamento<br />

e umidade e são intercaladas por valas e<br />

entremeios (Conceição & Pirani, 2005).


A heterogeneidade de substrato, topografia e microclima<br />

é refletida na estrutura das comunidades e na<br />

composição florística dos campos rupestres, agregando<br />

vários microambientes em espaços restritos (Conceição<br />

& Giulietti, 2002; Vitta, 2002; Conceição &<br />

Pirani, 2005; Conceição et al., 2005). Os solos arenosos<br />

e profundos, com menor drenagem e pobres em nutrientes<br />

são dominados pelas gramíneas (Poaceae),<br />

enquanto os afloramentos rochosos, com solos mais<br />

rasos, maior proporção de partículas finas e teores mais<br />

elevados de matéria orgânica, são dominados pelas<br />

Velloziaceae. São comuns nos campos gerais, outras famílias<br />

graminóides, como Cyperaceae, Eriocaulaceae e<br />

Xyridaceae, além de alguns gêneros de Gentianaceae e<br />

Orchidaceae. Em áreas mais encharcadas, freqüentemente<br />

associadas a córregos e solos húmicos, são encontradas<br />

também saprófitas, como as Burmanniaceae, e plantas<br />

carnívoras, como Droseraceae e Lentibulariaceae. A<br />

vegetação nos afloramentos é mais arbustiva, destacando-se,<br />

além das canelas-de-ema (Velloziaceae), espécies<br />

de Amaryllidaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Compositae,<br />

Cyperaceae, Ericaceae, Euphorbiaceae, Gutifferae,<br />

Melastomataceae, Leguminosae, Malpighiaceae,<br />

Rubiaceae e Orchidaceae, além de algumas licófitas e<br />

samambaias leptosporangiadas.<br />

ESTUDOS FLORÍSTICOS NA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />

Os estudos florísticos nos campos rupestres da Cadeia<br />

do Espinhaço se intensificaram a partir da década de<br />

1970 e, na década de 1980, foram publicadas a Flórula<br />

de Mucugê (Harley & Simmons, 1986), na Bahia, e a<br />

lista de plantas terrestres da Serra do Cipó (Giulietti<br />

et al., 1987). Na década de 1990, merece destaque o<br />

lançamento da Flora do Pico das Almas (Stannard, 1995),<br />

na Bahia, e, na década de 2000, a lista de espécies de<br />

Catolés (Zappi et al., 2003), no sul da Chapada Diamantina,<br />

e o início da publicação da flora de Grão-Mogol<br />

(Pirani et al., 2003), no norte da porção mineira do Espinhaço.<br />

Até o momento, foram publicadas monografias para<br />

aproximadamente metade das famílias da Serra do Cipó<br />

e 75% das famílias de Grão-Mogol. Vários estudos<br />

florísticos também têm sido elaborados para grupos<br />

particulares, tanto na porção mineira quanto na porção<br />

baiana do Espinhaço. Em sua maior p<strong>arte</strong>, eles são<br />

temas utilizados para a formação de várias gerações de<br />

sistematas e servem de base para estudos em vários<br />

campos da biologia. No entanto, ainda são raras as obras<br />

que colocam esse conhecimento de maneira simples e<br />

Rapini, Ribeiro, Lambert & Pirani | 17<br />

acessível ao grande público. O livro de Harley & Giulietti<br />

(2004), compartilhando com o leitor a experiência obtida<br />

pelo casal durante décadas de estudos florísticos<br />

na Chapada Diamantina, é uma exceção.<br />

Os levantamentos florísticos em áreas de campos<br />

rupestres são garantias de novidades taxonômicas. Estima-se<br />

que um quarto das espécies novas descritas no<br />

Brasil entre 1997-2002 seja proveniente dos campos<br />

rupestres (Zappi et al., 2002). A Flora de Grão-Mogol,<br />

por exemplo, proporcionou o reconhecimento de aproximadamente<br />

60 espécies novas em mais de 20 famílias<br />

(Pirani et al., 2003). Em Catolés, foram pelo menos<br />

20 espécies novas, sete em Compositae (Zappi et al.,<br />

2003), família que já havia apresentado 42 espécies<br />

novas no Pico das Almas (Harley, 1995), apenas 80 km<br />

de distância de Catolés. A diversidade de Compositae<br />

na Chapada Diamantina tem sido tão notável que a discrepância<br />

morfológica de algumas espécies tem sido<br />

evidenciada através da descrição de gêneros monoespecíficos:<br />

Bahianthus, Bishopiella, Catolesia e Semiria.<br />

Estudos detalhados em grupos diversificados nos<br />

campos rupestres também levam seguramente a novas<br />

descobertas taxonômicas. O levantamento das<br />

Asclepiadoideae (Apocynaceae) do Espinhaço de Minas<br />

Gerais (Rapini et al., 2001), por exemplo, detectou<br />

sete espécies novas, algumas delas em áreas relativamente<br />

bem coletadas, como o Sul da Cadeia e a Serra<br />

do Cipó, e propiciou o reconhecimento de Minaria<br />

(Konno et al., 2006; Figura 1), gênero com centro de<br />

diversidade no Espinhaço de Minas Gerais, mas até<br />

então taxonomicamente críptico, com espécies classificadas<br />

em gêneros pouco relacionados. A revisão<br />

taxonômica de Richterago (Compositae) é outro exemplo.<br />

O gênero está concentrado nos campos rupestres<br />

da Cadeia do Espinhaço, e sua revisão taxonômica propiciou<br />

o reconhecimento de cinco espécies novas (Roque,<br />

2001), aumentando em quase 50% o número de<br />

espécies no gênero.<br />

DIVERSIDADE E PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO<br />

A Cadeia do Espinhaço é o centro de diversidade de<br />

vários grupos de plantas e estima-se que sua flora inclua<br />

mais de 4.000 espécies (Giulietti et al., 1997).<br />

Todavia, essa estimativa ainda parece bastante modesta.<br />

Somente a Serra do Cipó, com aproximadamente<br />

200 km 2 , menos que 5% da Cadeia, abriga mais que um<br />

terço dessa diversidade (Giulietti et al., 1987). A região,<br />

no entanto, continua apresentando espécies e ocorrências<br />

novas regularmente (e.g., Rapini et al., 2002) e,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


18 | A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

FIGURA 1 – Minaria magisteriana (Rapini) T.U.P.Konno & Rapini, touceira em primeiro plano, aparecendo<br />

entre rochas, em ambiente típico de campos rupestres. O gênero Minaria foi descrito recentemente<br />

(Konno et al., 2006) e possui 19 espécies, das quais 14 são endêmicas de pequenas áreas em campos<br />

rupestres; cinco delas eram desconhecidas até 2000. Essa espécie foi descrita somente em 2002 e é<br />

endêmica da Serra do Cipó, sendo conhecida por apenas duas pequenas populações, ambas de fácil<br />

acesso e fora dos limites do Parque Nacional.<br />

confrontando a lista de Giulietti et al. (1987) com monografias<br />

mais recentes para a Serra do Cipó, é possível<br />

observar um acréscimo substancial no número de<br />

espécies em várias famílias.<br />

Elementos de outras formações vegetais, sobretudo<br />

dos cerrados, são freqüentes na flora dos campos rupestres<br />

e alguns representantes são compartilhados com<br />

as restingas, ambientes com condições edáficas e climáticas<br />

semelhantes às encontradas nas serras do Espinhaço.<br />

Uma grande proporção de sua diversidade é<br />

exclusiva dos campos rupestres, evetualmente aparecendo<br />

de maneira disjunta no Espinhaço, no sul de Minas<br />

Gerais, em Goiás e nos Tepuis. A maioria dessas<br />

espécies, no entanto, apresenta distribuição restrita e<br />

a composição florística dos campos rupestres do Espinhaço<br />

é marcada pela alta taxa de endemismos, talvez<br />

a maior dentre as formações vegetais brasileiras<br />

(Giulietti et al., 1987, 1997; Giulietti & Pirani, 1988;<br />

Harley, 1995).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Algumas espécies endêmicas ao Espinhaço ocorrem<br />

ao longo de toda a Cadeia (Giulietti et al., 1987), porém<br />

várias são microendêmicas. Assim, apenas uma pequena<br />

parcela dessas espécies é compartilhada pelas porções<br />

mineira e baiana da Cadeia (e.g., Giulietti & Pirani,<br />

1988; Rapini et al., 2002) e a similaridade florística entre<br />

áreas do Espinhaço costuma ser surpreendentemente<br />

baixa, mesmo em localidades vizinhas (Zappi et al.,<br />

2003; Conceição et al., 2005; Azevedo & Berg, 2007).<br />

Alguns grupos (e.g., Chamaecrista, em Leguminosae, e<br />

Cambessedesia, em Melastomataceae) são igualmente<br />

diversos na porção mineira e na baiana, apresentando<br />

grande concentração de endemismos em ambas. Outros<br />

estão desigualmente distribuídos, com centro de<br />

diversidade na porção mineira (e.g. Minaria, em<br />

Apocynaceae, Pseudotrimezia, em Iridaceae, Senna, em<br />

Leguminosae, Lavoisiera, em Melastomataceae, e<br />

Decleuxia, em Rubiaceae) ou na porção baiana (e.g.<br />

Marcetia, em Melastomataceae, Calliandra, em


Leguminosae, além de gêneros da tribo Gyptidinae,<br />

Lasiolaena, Agrianthus e Stylotrichium, em Compositae).<br />

A disjunção de 300 km entre os campos rupestres de<br />

Minas Gerais e da Bahia parece representar uma barreira<br />

importante à migração de plantas e a diferenciação<br />

genética entre populações dessas duas porções tem sido<br />

notada também através de inversões na freqüência relativa<br />

de alelos e através de alelos exclusivos (Borba<br />

et al., 2001; Ribeiro et al., 2007).<br />

Apesar das diferenças florísticas entre os levantamentos<br />

realizados ao longo do Espinhaço (e.g., Giulietti<br />

et al., 1987; Stannard, 1995, Zappi et al., 2003; Pirani<br />

et al., 2003), eles confirmam a grande diversidade e as<br />

altas taxas de espécies microendêmicas nos campos<br />

rupestres e concordam que existe uma grande diferença<br />

amostral entre eles. Discrepâncias no esforço<br />

amostral podem distorcer a percepção sobre centros<br />

de diversidade e endemismos (Rapini et al., 2002), levando<br />

a conclusões equivocadas sobre relações florísticas<br />

e definições imprecisas acerca da distribuição das<br />

espécies (Gaston, 1994). Esse fenômeno é especialmente<br />

influente nos campos rupestres, onde uma parcela significativa<br />

da diversidade é composta por espécies pouco<br />

freqüentes (Conceição et al., 2005), aumentando as<br />

chances de falsas ausências. A grande concentração de<br />

espécies raras, seja pela distribuição espacialmente restrita<br />

ou pela baixa freqüência com que aparecem nas<br />

comunidades, dificulta o acesso integral da diversidade<br />

dos campos rupestres e exige, então, a realização<br />

de levantamentos florísticos intensivos e prolongados.<br />

DIVERSIFICAÇÃO E VARIABILIDADE POPULACIONAL<br />

A alta diversidade beta dos campos rupestres parece<br />

estar relacionada à sua distribuição descontínua ao longo<br />

do Espinhaço e às heterogeneidades macroespaciais<br />

(altitudinal, topográfica e latitudinal) e microespaciais<br />

(edáficas e microclimáticas). Uma das hipóteses para<br />

explicar sua diversificação está relacionada às oscilações<br />

climáticas durante o Quaternário. Nos períodos<br />

interglaciais, os campos rupestres ficariam retraídos às<br />

regiões mais elevadas das serras e, nos glaciais, ampliariam<br />

sua extensão para as regiões mais baixas. O<br />

processo de contrações e expansões sucessivas promoveria<br />

a diferenciação entre populações vicariantes durante<br />

os períodos mais quentes e úmidos e possibilitaria<br />

o fluxo gênico e eventuais hibridações entre elas durante<br />

os mais frios e secos (Harley, 1995; Giulietti et al.,<br />

1997). Os limites de distribuição dos campos rupestres,<br />

no entanto, parecem ser estabelecidos principalmente<br />

Rapini, Ribeiro, Lambert & Pirani | 19<br />

por fatores edáficos e mudanças climáticas talvez fossem<br />

insuficientes para promover a expansão dos campos<br />

rupestres ou sua invasão por matas ou cerrados.<br />

As disjunções entre os campos rupestres, portanto, seriam<br />

bem antigas e a distribuição das espécies estaria<br />

associada basicamente a sua capacidade de dispersão<br />

(Alves & Kolbek, 1994).<br />

A íntima associação das espécies endêmicas do Espinhaço<br />

com os campos rupestres sugere que seus indivíduos<br />

necessitam de condições bastante particulares<br />

para sobrevivência ou não são competitivos em<br />

outros ambientes (Alves & Kolbek, 1994). Essa<br />

especificidade ambiental é muitas vezes hipoteticamente<br />

associada à baixa diversidade genética (e.g., Lowry<br />

& Lester, 2006, e referências lá citadas). Espécies com<br />

distribuição restrita tendem a ser geneticamente menos<br />

diversas (Hamrick & Goldt, 1989; Gitzendanner &<br />

Soltis, 2000), mas ainda não está claro se a baixa diversidade<br />

é a causa ou a conseqüência. Além disso, essa<br />

suposta correlação entre diversidade genética e espécies<br />

raras tem sido desmistificada por uma série de<br />

exemplos (Gitzendanner & Soltis, 2000), inclusive nos<br />

campos rupestres do Espinhaço (Borba et al., 2001;<br />

Gomes et al., 2004; Viccini et al., 2004; Lambert et al.,<br />

2006a, Franceschinelli et al., 2006; Pereira et al., 2007),<br />

onde espécies de distribuição mais ampla apresentam<br />

menor diversidade quando comparadas às suas<br />

congenéricas mais raras. Assim, outros fatores associados<br />

a plantas raras, como a baixa capacidade de dispersão<br />

e a idade da linhagem (Gaston, 1994), devem estar<br />

influenciando o tamanho da área de ocupação de algumas<br />

espécies.<br />

Naturalmente fragmentadas por barreiras geográficas<br />

e por especificidades relacionadas a microhábitats,<br />

as populações dos campos rupestres possuem tamanhos<br />

reduzidos, sendo teoricamente mais susceptíveis<br />

a endogamia e a flutuações aleatórias das freqüências<br />

alélicas (deriva genética). A endogamia levaria à redução<br />

de heterozigotos e a deriva genética, em última<br />

instância, à perda de alelos. Esses fenômenos atuando<br />

de maneira combinada contribuiriam para a redução<br />

rápida da diversidade genética e para estruturação das<br />

populações, podendo culminar com o isolamento<br />

reprodutivo e a diferenciação morfológica. Essa estruturação<br />

poderia estar acontecendo também numa<br />

escala menor, através de um gradiente ambiental proporcionado<br />

por fatores edáficos, por exemplo, criando<br />

uma situação propícia para diferenciações mesmo em<br />

subpopulações espacialmente próximas (Vitta, 2002).<br />

A baixa variabilidade e a estruturação genética esperada<br />

em populações fragmentadas têm sido observadas<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


20 | A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

em espécies endêmicas do Espinhaço (Borba et al.,<br />

2001; Franceschinelli et al., 2006; Pereira et al., 2007),<br />

porém esse não parece ser o padrão. A maioria das<br />

espécies endêmicas estudadas no Espinhaço apresenta<br />

níveis elevados de variabilidade genética, alguns<br />

deles maiores do que os listados para plantas em<br />

Hamrick e Goldt (1989). Estudos em gêneros com espécies<br />

representadas no Espinhaço (Borba et al., 2001;<br />

Viccini et al., 2004; Cavallari et al., 2006; Azevedo<br />

et al., 2007; Ribeiro et al., 2007) sugerem que os níveis<br />

de variabilidade genética são característicos de cada<br />

grupo e, portanto, possivelmente condicionados por<br />

restrições filogenéticas.<br />

A hibridação também pode desempenhar um papel<br />

importante na diversificação da flora dos campos rupestres.<br />

Cerca de um quarto das espécies de plantas<br />

são capazes de hibridarem e esse mecanismo parece<br />

ser comum em populações pequenas (Rieseberg, 1997;<br />

Mallet, 2007). Nos campos rupestres, isso não deve ser<br />

diferente e a existência de híbridos naturais tem sido<br />

evidenciada em espécies de cactos (Lambert et al.,<br />

2006a,b) e orquídeas (Azevedo et al., 2006). Bulbophyllum<br />

wedelli (Lindl.) Rchb. f. e B. involutum Borba, Semir, F.<br />

Barros (Orchidaceae), duas espécies morfologicamente<br />

distintas, mas com alta similaridade genética, parecem<br />

hibridar na Serra do Cipó e em Mucugê, apresentando<br />

introgressão com um de seus parentais em Mucugê (Azevedo<br />

et al., 2006). Esse exemplo sugere que os campos<br />

rupestres podem funcionar como uma área de testes<br />

para combinações interespecíficas e híbridos não devem<br />

ser raros, mas apenas difíceis de serem detectados.<br />

A presença de poliplóides nas poucas contagens<br />

cromossômicas realizadas em espécies do Espinhaço<br />

(Melo et al., 1997; Viccini et al., 2006) reforçam essa<br />

possibilidade.<br />

Muito pouco se conhece sobre a biologia das espécies<br />

do Espinhaço. Ainda assim, estudos na Chapada<br />

Diamantina (Conceição, 2006) têm revelado que a<br />

polinização nos campos rupestres é predominantemente<br />

biótica, realizada por insetos e aves, e a dispersão<br />

é predominantemente abiótioca, anemocórica ou<br />

autocórica. Tal padrão sugere que a variabilidade genética<br />

observada nas populações de várias espécies de<br />

campos rupestres pode ser mantida essencialmente pelo<br />

fluxo gênico através da polinização, estando fortemente<br />

associado ao comportamento dos polinizadores.<br />

A dispersão, por outro lado, parece ser limitada e a dificuldade<br />

para os diásporos alcançarem ambientes<br />

favoráveis disjuntos pode ser a principal razão para<br />

distribuição restrita de várias espécies de campos<br />

rupestres.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

CONSERVAÇÃO<br />

O Espinhaço é marcado, em praticamente toda a sua<br />

extensão, por uma ocupação humana antiga vinculada<br />

à extração de ouro ou diamantes e atividades associadas.<br />

No entanto, com o declínio das jazidas no <strong>final</strong> do<br />

século XIX, as cidades perderam importância e várias<br />

delas vivem atualmente de sua história, encontrando<br />

no turismo sua principal atividade econômica. Outras<br />

estão resignadas a atividades em pequena escala, como<br />

a agricultura de subsistência e o extrativismo.<br />

Devido à topografia irregular e ao solo impróprio para<br />

agricultura, os campos rupestres não parecem sofrer pressão<br />

antrópica acentuada. No entanto, estão sujeitos a<br />

queimadas freqüentes. Em alguns pontos, estão sendo<br />

substituídos por monoculturas de eucaliptos e pinheiros.<br />

Em outros, principalmente próximos aos centros<br />

urbanos, o aumento no número de casas de veraneio e<br />

pousadas é surpreendente. São comuns também a coleta<br />

de toneladas de capítulos de sempre-vivas (principalmente<br />

Eriocaulaceae e Xyridaceae) para exportação, a<br />

retirada de orquídeas, cactos e bromélias para cultivo e<br />

a extração de diferentes espécies de canelas-de-ema (ou<br />

candombás) resinosas para combustível (Giulietti et al.,<br />

1997). Muitas dessas populações são pequenas e a retirada<br />

de indivíduos nesses casos pode reduzir significativamente<br />

e de maneira irreversível sua variabilidade<br />

(e.g. Cavallari et al., 2006), podendo desencadear um<br />

processo que culminará com sua extinção. A interferência<br />

humana nas comunidades dos campos rupestres,<br />

portanto, não é desprezível e já tem sido notada através<br />

da menor variabilidade genética e morfológica em<br />

populações de plantas do Espinhaço (e.g., Gomes et al.,<br />

2004; Pereira et al., 2007; Ribeiro et al., 2007).<br />

O grande número de espécies vegetais exclusivas dos<br />

campos rupestres rende à sua flora a condição de insubstituível.<br />

Suas espécies microendêmicas são muitas<br />

vezes representadas apenas por pequenas populações<br />

e estão por isso mais suscetíveis a episódios estocásticos<br />

naturais ou provocados pelo homem. Portanto, os<br />

campos rupestres são intrinsicamente ricos em espécies<br />

vulneráveis e necessitam de proteção especial<br />

(Burman, 1991). A consciência de que a flora das serras<br />

do Espinhaço deve ser conservada não é recente e tem<br />

sido reforçada a cada novo levantamento. Em meados<br />

de 1980, foram criados os Parques Nacionais da Serra<br />

do Cipó e da Chapada Diamantina. A partir de então,<br />

outras unidades de conservação cobrindo áreas importantes<br />

de campos rupestres foram estabelecidas, dentre<br />

elas o Parque Estadual de Grão-Mogol, em 1998, e<br />

o Parque Nacional das Sempre-Vivas, no Planalto de


Diamantina. Em 2005, então, a UNESCO decretou a porção<br />

mineira do Espinhaço Reserva da Biosfera.<br />

Ainda são poucos os estudos capazes de estabelecer<br />

prioridades para a conservação da biodiversidade nos<br />

campos rupestres. Apesar de importantes, várias unidades<br />

de conservação não representam toda a heterogeneidade<br />

biológica regional e não possuem uma<br />

configuração ideal para conservação e manejo efetivo<br />

de sua biodiversidade (Funch & Harley, 2007). Para se<br />

proteger os campos rupestres é imprescindível conhecer<br />

as espécies que ali ocorrem e como elas estão distribuídas.<br />

Essa tarefa vem sendo realizada por várias<br />

gerações de pesquisadores e a alta concentração de<br />

espécies raras tem justificado a continuidade dos estudos<br />

florísticos na região. De posse desses dados áreas<br />

mais ameaçadas e ricas em endemismos podem ser detectadas<br />

e sua conservação priorizada. Áreas ricas em<br />

endemismos, no entanto, não necessariamente maximizam<br />

a diversidade genética ou taxonômica (Reid,<br />

1998). Algumas espécies podem representar linhagens<br />

evolutivamente mais isoladas, atrelando a si uma diversidade<br />

filogenética que nem sempre é refletida na<br />

riqueza taxonômica (Forest et al., 2007). Estudos mais<br />

detalhados em espécies do Espinhaço, portanto, são<br />

essenciais para a detecção de padrões de diversidade<br />

que podem estar passando despercebidos, mas que também<br />

precisam ser preservados.<br />

A grande heterogeneidade espacial e as condições<br />

ambientais extremas nos campos rupestres criam limitações<br />

múltiplas de recursos e propiciam a coexistência<br />

de um grande número de espécies (Tilman, 1994), o<br />

que é refletido na alta diversidade beta que caracteriza<br />

essa formação. Cada região possui uma composição florística<br />

única, mantendo padrões similares de riqueza em<br />

número de espécies e representatividade taxonômica<br />

(Conceição & Pirani, 2007). Assim, ao mesmo tempo em<br />

que essas regiões são igualmente importantes em termos<br />

de diversidade, não são equivalentes em termos de<br />

composição florística. Estratégias de conservação da biodiversidade<br />

nos campos rupestres não devem, portanto,<br />

estar restritas à criação de reservas pontuais (Rapini<br />

et al., 2002). São necessárias também estratégias<br />

abrangentes, capazes de proteger os campos rupestres<br />

em toda sua extensão e de maneira permanente.<br />

Espécies raras podem contribuir de maneira significativa<br />

para o funcionamento das comunidades e,<br />

conseqüentemente, para a manutenção de sua biodiversidade<br />

(Lyons et al., 2005). Isso é especialmente<br />

verdadeiro nos campos rupestres, onde uma grande<br />

parcela da flora é composta por espécies endêmicas.<br />

Trabalhos com espécies raras, no entanto, ainda são<br />

escassos e dispersos (Bevill & Louda, 1999). Estudos<br />

combinando biologia reprodutiva, variabilidade genética,<br />

citologia, biogeografia e ecologia com resultados<br />

filogenéticos e filogeográficos em grupos representativos<br />

dos campos rupestres são fundamentais nesse momento.<br />

Eles produzirão informações robustas sobre os<br />

padrões evolutivos envolvidos na origem e manutenção<br />

de espécies raras e fornecerão dados valiosos para<br />

a elaboração de planos de manejo que poderão ser aplicados<br />

em todo o Espinhaço, auxiliando na conservação<br />

da biodiversidade dos campos rupestres, mesmo fora<br />

das unidades de conservação.<br />

CONCLUSÃO<br />

Durante os séculos XVIII e XIX, a grande fonte de riqueza<br />

da Cadeia do Espinhaço esteve baseada na produção<br />

de minérios. Atualmente, ela está concentrada<br />

em sua biodiversidade. É necessário compreender a<br />

origem e manutenção dessa biodiversidade e aplicar o<br />

conhecimento científico de modo a garantir sua conservação.<br />

A sociedade deve estar ciente da importância<br />

desse patrimônio inigualável e contribuir para que<br />

sua preservação extrapole os limites estabelecidos pelas<br />

unidades de conservação. Os campos rupestres representam<br />

uma fonte incalculável de riqueza e, se bem<br />

cuidados, poderão ser mantidos indefinidamente.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos nossos colegas Abel A. Conceição, Ana<br />

Maria Giulietti-Harley, Luciano P. Queiroz, Eduardo L.<br />

Borba, Andréa Karla S. Santos e Silvana C. Ferreira por<br />

nos emprestarem um pouco da experiência deles com<br />

os campos rupestres do Espinhaço e ao Cássio van den<br />

Berg pela revisão do abstract.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Rapini, Ribeiro, Lambert & Pirani | 21<br />

Alvez, R.J.V. & J. Kolbek. 1994. Plant species endemism in savanna<br />

vegetation on table mountains (Campo Rupestre) in Brasil.<br />

Vegetatio 113: 125-139.<br />

Azevedo, C.O. & C. Berg. 2007. Análise comparativa de áreas de<br />

campo rupestre da Cadeia do Espinhaço (Bahia e Minas Gerais)<br />

baseada em espécies de Orchidaceae. Sitientibus, série<br />

Ciências Biológicas 7: 199-210.<br />

Azevedo, C.O., E.L. Borba & C. Berg. 2006. Evidence of natural<br />

hybridization and introgression in Bulbophyllum involutum<br />

Borba, Semir & F. Barros and B. weddellii (Lindl.) Rchb. f.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


22 | A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

(Orchidaceae) in the Chapada Diamantina, Brazil, by using<br />

allozyme markers. Revista Brasileira de Botânica 29: 415-421.<br />

Azevedo, M.T.A., E.L. Borba, J. Semir & V.N. Solferini. 2007. High<br />

genetic variability in Neotropical myophilous orchids.<br />

Botanical Journal of the Linnean Society 153: 33-40.<br />

Bevill, R.L. & Louda, S.M. 1999. Comparisons of related rare<br />

and common species in the study of plant rarity. Conservation<br />

Biology 13: 493-498.<br />

Borba, E.L., J.M. Felix, V.N. Solferini & J. Semir. 2001. Flypollinated<br />

Pleurothallis (Orchidaceae) species have high genetic<br />

variability: evidence from isozyme markers. American Journal<br />

of Botany 88: 419-428.<br />

Burman, A. 1991. Saving Brazil’s savannas. New Scientist 1758:<br />

30-34.<br />

Cavallari, M.M., R.C. Forzza, E.A. Veasey, M.I. Zucchi & G.C.X.<br />

Oliveira. 2006. Genetic variation in three endangered species<br />

of Encholirium (Bromeliaceae) from Cadeia do Espinhaço,<br />

Brazil, detected using RAPD markers. Biodiversity and<br />

Conservation 15: 4357-4373.<br />

Conceição, A.A. 2006. Plant ecology in ‘Campos Rupestres’ of<br />

the Chapada Diamantina, Bahia. In: L.P. Queiroz, A. Rapini,<br />

A.M. Giulietti. (Org.). Towards greater knowledge of the<br />

Brazilian semi-arid biodiversity. pp. 63-67. Ministério da Ciência<br />

e Tecnologia, Brasília.<br />

Conceição, A.A. & A.M. Giulietti. 2002. Composição florística e<br />

aspectos estruturais de campo rupestre em dois platôs do<br />

Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil.<br />

Hoehnea 29: 34-48.<br />

Conceição, A.A. & J.R. Pirani. 2005. Delimitação de hábitats em<br />

campos rupestres na Chapada Diamantina, Bahia: Substrato,<br />

composição florística e aspectos estruturais. Boletim de Botânica<br />

da Universidade de São Paulo 23: 85-111.<br />

Conceição, A.A. & J.R. Pirani. 2007. Diversidade em quatro áreas<br />

de campos rupestres na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil:<br />

espécies distintas, mas riquezas similares. Rodriguésia<br />

58: 193-206.<br />

Conceição, A.A., A. Rapini, J.R. Pirani, A.M. Giulietti, R.M. Harley,<br />

T.R.S. Silva, A.K.A. Santos, C. Cosme, I.M. Andrade, J.A.S. Costa,<br />

L.R.S. Souza, M.J.G. Andrade, R.R. Funch, T.A. Freitas,<br />

A.M.M. Freitas & A.A. Oliveira. 2005. Campos Rupestres. In:<br />

F.A. Juncá, L. Funch & W. Rocha (org.). Biodiversidade e conservação<br />

da Chapada Diamantina. pp. 153-180. Ministério do<br />

Meio Ambiente, Brasília.<br />

Forest, F., R. Greyner, M. Rouget, T. Jonathan Davies, R.M.<br />

Cowling, D.P. Faith, A. Balmford, J.C. Manning, S. Proches, M.<br />

Bank, G. Reeves, T.A. Hedderson, & V. Savolainen. 2007.<br />

Preserving the evolutionary potential of floras in biodiversity<br />

hotspots. Nature 445: 757-760.<br />

Franceschinelli, E.V., C.M. Jacobi, M.G. Drummond & M.F.S.<br />

Resende. 2006. The genetic diversity of two Brazilian Vellozia<br />

(Velloziaceae) with different patterns of spatial distribution<br />

and pollination biology. Annals of Botany 97: 585-592.<br />

Funch, R.R. & R.M. Harley. 2007. Reconfiguring the boundaries<br />

of the Chapada Diamantina National Park (Brazil) using<br />

ecological criteria in the context of human-dominated<br />

landscape. Landscape and Urban Planning 83: 355-362.<br />

Gaston, K.J. 1994. Rarity. Chapman & Hall, London.<br />

Gitzendanner, M.A. & P.S. Soltis. 2000. Patterns of genetic<br />

variation in rare and widespread plant congeners. American<br />

Journal of Botany 87: 783-792.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Giulietti, A.M. & J.R. Pirani. 1988. Patterns of geographical<br />

distribution of some plant species from Espinhaço range,<br />

Minas Gerais and Bahia, Brazil. In: P.E. Vanzolini & W.R. Heyer<br />

(eds). pp. 39-69. Proceedings of a workshop on Neotropical<br />

distribution patterns. Academia Brasileira de Ciências, Rio<br />

de Janeiro.<br />

Giulietti, A.M., N.L. Menezes, J.R. Pirani, M. Meguro & M.G.L.<br />

Wanderley. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Caracterização<br />

e lista de espécies. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 9: 1-152.<br />

Giulietti, A.M., J.R. Pirani & R.M. Harley. 1997. Espinhaço range<br />

region. Eastern Brazil. In: S.D. Davis, V.H. Heywood, O.<br />

Herrera-MacBryde, J. Villa-Lobos & A.C. Hamilton (eds).<br />

Centres of plant diversity. A guide and strategies for the<br />

conservation, Vol. 3. The Americas. pp. 397-404. WWF/IUCN,<br />

Cambridge.<br />

Gomes, V., R.G. Collevatti, F.A.O. Silveira & G.W. Feranandes.<br />

2004. The distribution of genetic variability in Baccharis<br />

concinna (Asteraceae), an endemic, dioecious and threatened<br />

shrub of rupestrian fields of Brazil. Conservation Genetics<br />

5: 157-165.<br />

Hamrick, J.L. & M.J. Godt. 1989. Allozyme diversity in plant<br />

species. In: A.H.D. Brown, M.T. Clegg, A.L. Kahler & B.S. Weir<br />

(eds). Plant population genetics, breeding and genetic<br />

resources. pp 43-63. Sinauer, Sunderland.<br />

Harley, R.M. 1995. Introduction. In: B.L. Stannard (ed.). Flora of<br />

the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia. pp. 1-40.<br />

Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

Harley, R.M. & A.M. Giulietti. 2004. Flores Nativas da Chapada<br />

Diamantina. Trilhas botânicas ilustradas nas montanhas do<br />

Nordeste do Brasil. Rima, São Carlos.<br />

Harley, R.M. & N.A. Simmons. 1986. Florula of Mucuge. Chapada<br />

Diamantina – Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

Konno, T.U.P., A. Rapini, D.J. Goyder & M.W. Chase. 2006. The<br />

new genus Minaria (Asclepiadoideae, Apocynaceae). Taxon<br />

55: 421-430.<br />

Lambert, S.M., E.L. Borba & M.C. Machado. 2006a. Allozyme<br />

diversity and morphometrics of the endangered Melocactus<br />

glaucescens (Cactaceae), and investigation of the putative<br />

hybrid origin of Melocactus × albicephalus (Melocactus ernestii<br />

X M. glaucescens) in north-eastern Brazil. Plant Species Biology<br />

21: 93-108.<br />

Lambert, S.M., E.L. Borba, M.C. Machado & S.C.S. Andrade.<br />

2006b. Allozyme diversity and morphometrics of Melocactus<br />

paucispinus (Cactaceae) and evidence for hybridization with<br />

M. concinnus in the Chapada Diamantina, Northeastern Brazil.<br />

Annals of Botany 97: 389-403.<br />

Lowry, E. & S.E. Lester. 2006. The biogeopgraphy of plant<br />

reproduction: potential determinants of species’ range sizes.<br />

Journal of Biogeography 33: 1975-1982.<br />

Lyons, K.G., C.A. Brigham, B.H. Traut & M.W. Schwartz. 2005.<br />

Rare species and ecosystem functioning. Conservation Biology<br />

19: 1019-1024.<br />

Mallet, J. 2007. Hibrid speciation. Nature 446: 279-283.<br />

Melo, N.F., M. Guerra, A.M. Benko-Iseppon & N.L. Menezes.<br />

1997. Cytogenetics and Cytotaxonomy of Velloziaceae. Plant<br />

Systematics and Evolution 204: 257-273.<br />

Pereira, A.C., E.L. Borba & A.M. Giulietti. 2007. Genetic and<br />

morphological variability of the endangered Syngonanthus


mucugensis Giul. (Eriocaulaceae) from the Chapada Diamantina,<br />

Brazil: implications for conservation and taxonomy.<br />

Botanical Journal of the Linnean Society 153: 401-416.<br />

Pirani, J.R., R. Mello-Silva & A.M. Giulietti. 2003. Flora de Grão-<br />

Mogol, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 21: 1-24.<br />

Rapini, A., R. Mello-Silva & M.L. Kawasaki. 2001. Asclepiadoideae<br />

(Apocynaceae) da Cadeia do Espinhaço de Minas Gerais,<br />

Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo<br />

19: 55-169.<br />

Rapini, A., R. Mello-Silva & M.L. Kawasaki. 2002. Richness and<br />

endemism in Asclepiadoideae (Apocynaceae) from the Espinhaço<br />

Range of Minas Gerais, Brazil – a conservationist view.<br />

Biodiversity and Conservation 11: 1733-1746.<br />

Reid, W.V. 1998. Biodiversity hotspots. Trends in Ecology and<br />

Evolution 13: 275-280.<br />

Ribeiro, P.L., E.L. Borba, E.C.Smidt, S.M. Lambert, A. Selbach-<br />

Schnadelbach & C. Berg. 2007. Genetic and morphological<br />

variation in the Bulbophyllum exaltatum (Orchidaceae) complex<br />

occurring in the Brazilian “campos rupestres”: implications<br />

for taxonomy and biogeography. Lankesteriana 7: 97-101.<br />

Rieseberg, L.H. 1997. Hybrid origins of plant species. Annual<br />

Review of Ecology and Systematics 28: 359-389.<br />

Roque, N. 2001. Five new species of the genus Richterago Kuntze<br />

(Compositae, Mutisieae): an endemic genus from Brazil.<br />

Novon 11: 341-349.<br />

Stannard, B.L. (ed.). 1995. Flora of the Pico das Almas, Chapada<br />

Diamantina, Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

Rapini, Ribeiro, Lambert & Pirani | 23<br />

Tilman, D. 1994. Competition and biodiversity in spatially<br />

structured habitats. Ecology 75: 2-16.<br />

Viccini, L.F, D.C.S. Costa, M.A. Machado & A.L. Campos. 2004.<br />

Genetic diversity among nine species of Lippia (Verbenaceae)<br />

based on RAPD markers. Plant Systematics and Evolution<br />

246: 1-8.<br />

Viccini, L.F., P.M.O. Pierre, M.M. Praça, D.C.S. Costa, E.C.<br />

Romanel, S.M. Souza, P.H.P. Peixoto & F.R.G. Salimena. 2006.<br />

Chromosome numbers in the genus Lippia (Verbenaceae).<br />

Plant Systematics and Evolution 256: 171-178.<br />

Vitta, F.A. 2002. Diversidade e conservação da flora nos campos<br />

rupestres da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais. In:<br />

E.L. Araújo, A.N. Moura, E.V.S.B. Sampaio, L.M.S. Gestinári &<br />

J.M.T. Carneiro (eds). Biodiversidade, conservação e uso sustentável<br />

da flora do Brasil. pp. 90-94. Imprensa Universitária,<br />

Recife.<br />

Zappi, D.C., E. Lucas, B.L. Stannard, E. Lughadha, J.R. Pirani,<br />

L.P. Queiroz, S. Atkins, N. Hind, A.M. Giulietti, R.M. Harley,<br />

S.J. Mayo & A.M. Carvalho. 2002. Biodiversidade e conservação<br />

na Chapada Diamantina, Bahia: Catolés, um estudo de<br />

caso. In: E.L. Araújo, A.N. Moura, E.V.S.B. Sampaio, L.M.S.<br />

Gestinári & J.M.T. Carneiro (eds). Biodiversidade, conservação<br />

e uso sustentável da flora do Brasil. pp. 87-89. Imprensa<br />

Universitária, Recife.<br />

Zappi, D.C., E. Lucas, B.L. Stannard, E. Lughadha, J.R. Pirani,<br />

L.P. Queiroz, S. Atkins, N. Hind, A.M. Giulietti, R.M. Harley,<br />

S.J. Mayo & A.M. Carvalho. 2003. Lista de plantas vasculares<br />

de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Boletim de<br />

Botânica da Universidade de São Paulo 21: 345-398.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Diversidade dos campos rupestres<br />

ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />

CLAUDIA MARIA JACOBI*<br />

FLÁVIO FONSECA DO CARMO<br />

Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, <strong>UFMG</strong><br />

* e-mail: jacobi@icb.ufmg.br<br />

RESUMO<br />

Os campos rupestres ferruginosos, conhecidos como vegetação de canga, estão concentrados<br />

no Quadrilátero Ferrífero, em áreas associadas a gigantescos depósitos de minério de ferro. É<br />

um dos ecossistemas menos estudados de Minas Gerais, embora entre os mais ameaçados,<br />

principalmente devido à intensa atividade mineradora associada a seus afloramentos de ferro.<br />

Os poucos e recentes levantamentos florísticos restritos a estes afloramentos, que somados<br />

não chegam a uma área de 260 ha, indicaram uma alta diversidade alfa e beta. Em quatro<br />

levantamentos foram identificadas 86 famílias, 250 gêneros e 458 espécies de plantas vasculares,<br />

distribuídos nos diversos habitats resultantes de uma evolução geomorfológica muito<br />

peculiar. As espécies comuns a esses afloramentos, entretanto, não chegam a 5%. Comparadas<br />

com outros afloramentos rochosos, como os de quartzito, as cangas contribuem substancialmente<br />

para a diversidade regional da flora. Um dos grupos vegetais mais relevantes para a<br />

conservação de regiões metalíferas são as metalófitas, com espécies capazes de crescer na<br />

presença de metais tóxicos, podendo oferecer serviços ecológicos como a fitoextração, fitoestabilização<br />

e fitoprospecção. O incremento da atividade mineradora, aliado à carência de<br />

unidades de conservação que abrigam este ecossistema, constituem as principais ameaças<br />

aos campos rupestres ferruginosos.<br />

ABSTRACT<br />

Rupestrian ferruginous fields, known as canga vegetation, are concentrated in the Iron Quadrangle,<br />

in areas associated with massive iron ore deposits. They are one of the least studied ecosystems in<br />

Minas Gerais, although they are among the most threatened, mainly because of intense mining<br />

activities associated with ironstone outcrops. The few and very recent floristic surveys restricted<br />

to these outcrops, carried out in an area smaller than 260 ha, indicated high alpha and beta<br />

diversities. In four surveys, 86 families, 250 genera and 458 species of vascular plants were<br />

identified, distributed among the different habitats that resulted from a very peculiar<br />

geomorphologic evolution. The species common to all four outcrops, however, do not reach 5%.<br />

Compared to other rock outcrops such as quartzite, ironstone outcrops contribute substantially to<br />

the regional plant diversity. One of the plant groups most relevant for the conservation of<br />

metalliferous regions are the metallophytes, with species capable of growing in the presence of<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


toxic metals and therefore potentially useful for phytoextraction, phytostabilization and<br />

phytoprospection. The increasing mining activities, together with the lack of conservation units<br />

that harbor this ecosystem, constitute the main threats to ferruginous fields.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Quadrilátero Ferrífero – QF, com uma área de aproximadamente<br />

7.200 km 2 , compõe o extremo sul da Cadeia<br />

do Espinhaço, que é considerada uma das regiões<br />

de maior diversidade florística da América do Sul (Harley,<br />

1995; Giulietti et al., 1997), com mais de 30% de endemismo<br />

em sua flora (Giulietti et al., 1987). Está inserido<br />

na zona de transição dos dois hotspots brasileiros: a Mata<br />

Atlântica e o Cerrado, e é considerado uma área de ‘importância<br />

biológica especial’ (Drummond et al., 2005).<br />

Esse status foi proposto devido à presença dos campos<br />

ferruginosos, a ocorrência de espécies vegetais restritas<br />

à região, e por constituir um ambiente único no<br />

estado.<br />

Formado por terrenos antigos e geologicamente complexos,<br />

com litologias variadas aflorando lado a lado<br />

(Alkmim & Marshak, 1998; Klein & Ladeira, 2000), o QF<br />

apresenta uma singular heterogeneidade da paisagem,<br />

com fitofisionomias integrando um mosaico moldado<br />

pela conjunção da topografia, litologia, clima e altitude.<br />

Para ilustrar esta multiplicidade, em apenas um km 2<br />

da Serra da Moeda (no sudoeste do QF) é possível encontrar<br />

floresta estacional semidecidual, matas ripárias,<br />

florestas montanas ou “capões de altitude”, campo cerrado,<br />

cerrado sensu strictu, campos rupestres quartzíticos,<br />

graníticos e campos rupestres ferruginosos. Estes<br />

últimos, conhecidos também como vegetação de canga,<br />

são encontrados principalmente nesta região e na Serra<br />

de Carajás – PA (Silva et al., 1996). No QF os campos<br />

ferruginosos estão associados a vários tipos de substratos<br />

ricos em ferro. Estes podem se apresentar totalmente<br />

fragmentados ou formando uma espessa e sólida<br />

couraça. Entre estes dois extremos ocorrem várias<br />

fisionomias campestres como campo limpo, campo sujo<br />

e os campos rupestres propriamente ditos. Devido à<br />

distribuição em áreas restritas, de difícil acesso, e por<br />

recobrirem importantes depósitos de minério de ferro,<br />

os afloramentos ferruginosos estão entre os ecossistemas<br />

mais ameaçados e menos estudados de Minas<br />

Gerais. Levantamentos florísticos exclusivamente nestes<br />

afloramentos são muito recentes (Mendonça, 2006;<br />

Jacobi et al., 2007; Viana & Lombardi, 2007; Stehmann<br />

& Oliveira, 2007). Nossos objetivos foram avaliar a di-<br />

Jacobi & Carmo | 25<br />

versidade da flora associada aos afloramentos ferruginosos<br />

no Quadrilátero Ferrífero, comparar esta com a<br />

de campos rupestres quartzíticos e discutir a importância<br />

da sua preservação e conhecimento.<br />

HETEROGENEIDADE ESPACIAL DOS AFLORAMENTOS<br />

FERRUGINOSOS<br />

Com uma distribuição descontínua, geralmente restrita<br />

aos topos de montanhas, os campos rupestres são reconhecidos<br />

mundialmente como centros de diversidade e<br />

endemismo de plantas (Alves & Kolbek, 1994; Porembski<br />

et al., 1994; Giulietti et al., 1997). No Brasil, os campos<br />

rupestres da Serra do Espinhaço são considerados centros<br />

de diversidade de famílias como Eriocaulaceae,<br />

Xyridaceae e Velloziaceae, com aproximadamente 90 %<br />

das suas espécies endêmicas dessa região (Giulietti et<br />

al., 2005), e de vários gêneros de Melastomataceae,<br />

Ericaceae e Asteraceae (Pirani et al., 2003).<br />

Nas montanhas formadas pelos gigantescos depósitos<br />

de minério de ferro que delimitam o QF estão<br />

localizados os conglomerados ferruginosos superficiais,<br />

conhecidos como cangas. Estes afloramentos são<br />

couraças compostas geralmente por minerais derivados<br />

das formações ferríferas bandadas, hematita<br />

compacta e fragmentos de itabirito cimentados por<br />

limonita (Dorr, 1964), que em alguns locais podem<br />

chegar a mais de 30 metros de espessura (Simmons,<br />

1963). Constituem verdadeiras “ilhas de ferro” distribuídas<br />

nos topos e encostas de algumas dessas serras,<br />

em altitudes que variam de 900 a 1900m. Na<br />

década de 1960, Dorr (1964) estimou que a cobertura<br />

total dessas cangas era de aproximadamente 10.000<br />

ha, uma área muito limitada quando comparada com<br />

a dos campos rupestres quartzíticos, que ocorrem ao<br />

longo de toda a Cadeia do Espinhaço, a Serra da Canastra,<br />

a Serra de São José e outras.<br />

A heterogeneidade topográfica das cangas, resultado<br />

de uma evolução geomorfológica muito peculiar<br />

(Rosière & Chemale, 2000), reflete-se numa variedade<br />

de ambientes, tendo sido identificados recentemente<br />

oito habitats associados aos afloramentos, cada um<br />

com predominância de diferentes comunidades de<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


26 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />

plantas (Jacobi et al., 2007): paredões e entradas de cavernas,<br />

capões, tapetes de monocotiledôneas, fissuras<br />

na rocha, fendas e depressões, lagoas temporárias, cavidades<br />

alagadas e rocha exposta. A canga fornece<br />

assim condições ecológicas que geralmente diferem da<br />

paisagem adjacente, ou matriz. Esta heterogeneidade<br />

permite que os afloramentos ferruginosos constituam<br />

um refúgio para espécies adaptadas a condições xéricas,<br />

como a cactácea Arthrocereus glaziovii N.P.Taylor & D.C.<br />

Zappi e a condições mésicas, como Staurogyne minarum<br />

Kuntze (Acanthaceae) e Juncus sp. (Juncaceae).<br />

As plantas de campo rupestre ferruginoso, além das<br />

adaptações fisiológicas, morfológicas e reprodutivas<br />

típicas de afloramentos rochosos lato sensu, como<br />

esclerofilia, reprodução clonal e poiquiloidria, ou seja,<br />

a capacidade de resistir a ciclos de dessecação e reidratação<br />

(Gaff,1987; Giulietti et al., 1987), ainda possuem<br />

adaptações para se estabelecer em um substrato rico<br />

em metais pesados (Porto & Silva, 1989; Teixeira &<br />

Lemos Filho, 1998).<br />

DIVERSIDADES ALFA E BETA<br />

Estudos florísticos de comunidades campestres já<br />

foram realizados em áreas metalíferas no QF, porém<br />

muitas vezes sem uma clara distinção entre as comunidades<br />

associadas aos afloramentos ferruginosos, chamados<br />

por Rizzini (1997) de “canga couraçada”, das<br />

comunidades associadas a neossolos litólicos e cambissolos,<br />

entre outros (IBRAM, 2003), chamados por<br />

aquele autor de “canga nodular”. Embora estes dois<br />

tipos de substrato são ricos em minerais metálicos,<br />

principalmente o ferro, e apresentam uma fisionomia<br />

campestre, existem diferenças florísticas entre eles,<br />

caracterizando-se o primeiro por sustentar uma comunidade<br />

mais adaptada ao ambiente rupícola (Vincent,<br />

2004). Discutiremos aqui os resultados dos levantamentos<br />

florísticos realizados somente em afloramentos<br />

ferruginosos no QF (Mendonça, 2006; Jacobi<br />

et al., 2007; Viana & Lombardi, 2007; Stehmann &<br />

Oliveira, 2007).<br />

Os quatro levantamentos, agrupados em três regiões<br />

(Figura 1), evidenciaram, em uma área total estimada<br />

que não ultrapassa 260 ha, 86 famílias, 250 gêneros e<br />

458 espécies de plantas vasculares, agrupadas em<br />

11 famílias de pteridófitas com 21 espécies e 75 famílias<br />

de angiospermas (representando cerca de 34%<br />

das famílias encontradas no Brasil, sensu APG II, 2003)<br />

distribuídas em Magnoliídeas, com quatro famílias e<br />

10 espécies; Monocotiledôneas, com 15 famílias e<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

114 espécies; e Eudicotiledôneas, com 56 famílias e<br />

313 espécies (Apêndice).<br />

As 15 famílias de angiospermas com maior riqueza de<br />

espécies foram Asteraceae (59 spp.), Poaceae (30 spp.),<br />

Orchidaceae e Myrtaceae (28 spp.), Melastomataceae<br />

(23 spp.), Fabaceae (18 spp.), Solanaceae (17 spp.),<br />

Rubiaceae (16 spp.), Apocynaceae, Cyperaceae e<br />

Bromeliaceae (13 spp. cada), Velloziaceae (11 spp.),<br />

Malpighiaceae, Euphorbiaceae e Verbenaceae (10 spp.<br />

cada). Os dez gêneros com maior riqueza de espécies<br />

foram Myrcia (13 spp.), Solanum (11 spp.), Vellozia (8 spp.),<br />

Baccharis, Eugenia e Panicum (7 spp. cada), Leandra<br />

(6 spp.), Lippia, Miconia e Passiflora (5 spp. cada ). Foram<br />

encontradas 34 espécies citadas na Lista Vermelha das<br />

Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas<br />

Gerais (Mendonça & Lins, 2000). Destas, 18 estão<br />

ameaçadas de extinção, como Guatteria sellowiana<br />

Schltdl. (Annonaceae), Oncidium warmingii Rchb.f.<br />

(Orchidaceae), Ditassa linearis Mart. (Apocynaceae),<br />

Hololepis pedunculata DC. e Senecio pohlii Sch.Bip. ex<br />

Baker (Asteraceae), Nematanthus strigillosus (Mart.)<br />

H.E. Moore (Gesneriaceae); e 16 espécies estão presumivelmente<br />

ameaçadas, entre as quais Senecio<br />

adamantinus Banq. e Eremanthus incanus Less.<br />

(Asteraceae), Sarcoglottis schwackei Schltr. (Orchidaceae)<br />

e Coccoloba acrostichoides Cham. (Polygonaceae).<br />

Além da considerável diversidade alfa, relacionada<br />

aos tipos de microhabitats, as cangas apresentam uma<br />

alta diversidade beta, decorrentes do isolamento, e provavelmente<br />

de variações climáticas e mineralógicas do<br />

substrato ferruginoso (Vilela et al., 2004). Jacobi et al.<br />

(2007) encontraram uma similaridade florística de 27 %<br />

entre duas cangas distantes entre si apenas 32 km e,<br />

nos quatro levantamentos florísticos considerados aqui,<br />

menos de 5 % das espécies foram comuns a todos os<br />

afloramentos ferruginosos. Todas essas espécies são típicas<br />

de campos rupestres sensu lato, como Vellozia compacta<br />

Mart. (Velloziaceae), Tibouchina multiflora Cogn.<br />

(Melastomataceae) e as Asteraceae Dasyphyllum<br />

candolleanum (Gardner) Cabrera e Lychnophora pinaster<br />

Mart., esta última restrita a Minas Gerais (Pirani et al. 2003).<br />

FLORÍSTICA E DIVERSIDADE DE CAMPOS RUPESTRES<br />

QUARTZÍTICOS E SOBRE CANGA<br />

Quando comparados alguns estudos florísticos de campos<br />

rupestres realizados no Espinhaço mineiro, percebe-se<br />

que as cangas contribuem substancialmente<br />

para a diversidade regional (Tabela 1). Para esta comparação<br />

foram considerados estudos de campos rupestres


Jacobi & Carmo | 27<br />

FIGURA 1 – Mapa das reservas de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero, identificando as maiores minas de extração de<br />

hematita compacta (círculos) e as regiões onde foram realizados os levantamentos florísticos em campos rupestres ferruginosos<br />

mencionados no presente trabalho. Região 1: Barão de Cocais; Região 2: Nova Lima, Serra da Calçada e PE da Serra do Rola<br />

Moça; Região 3: Serra da Moeda. Adaptado de Pires (2003).<br />

quartzíticos realizados na Serra do Cipó e em Grão-<br />

Mogol (Giulietti et al., 1987; Pirani et al., 2003) reconhecidos<br />

pelo intenso trabalho de amostragem florística<br />

e caracterização fitofisionomica.<br />

Analisando as 15 famílias de angiospermas mais ricas,<br />

observa-se que a maioria ocorre tanto em cangas<br />

quanto em campos rupestres quartzíticos, constituindo<br />

de 55% até 67% do total das espécies encontradas<br />

nestes estudos (Tabela 2). Entretanto, a sua representatividade<br />

varia em alguns casos. Eriocaulaceae e<br />

Xyridaceae não são bem representadas em cangas,<br />

embora sejam consideradas famílias típicas de campos<br />

rupestres (Menezes & Giulietti, 2000). A ausência de<br />

solos arenosos alagáveis e com grande quantidade de<br />

substâncias húmicas (solos escuros) pode explicar esse<br />

fato. Ao contrário, Solanaceae é bem representada nas<br />

cangas, e ausente nas comunidades quartzíticas. Provavelmente<br />

a presença freqüente de capões nestes<br />

ambientes permite um número maior de espécies de<br />

matas ou ecotonais. Isso pode também explicar a maior<br />

proporção de espécies de Rubiaceae e Myrtaceae, e<br />

a presença de gêneros como Myrcia, Solanum, Eugenia,<br />

Leandra e Miconia, que estão entre os mais ricos em<br />

número de espécies nos afloramentos ferruginosos.<br />

Bromeliaceae e Orchidaceae são bem representadas<br />

tanto em cangas quanto quartzito. Em cangas, estas<br />

famílias assumem uma maior proporção, sendo a maioria<br />

das espécies de hábito rupícola.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


28 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />

TABELA1 – Alguns levantamentos florísticos de campos rupestres realizados no Espinhaço mineiro.<br />

LOCALIDADE ÁREA (ha) SUBSTRATO ESPÉCIES FAMÍLIAS REFERENCIA<br />

Serra do Cipó 20.000 quartzito 1590 138 Menezes & Giulietti, 2000<br />

Grão-Mogol 10.000 quartzito 1073 129 Pirani et al., 2003***<br />

Serra de Itabirito 4.000 † quartzito, itabirito 412 83 Brandão et al., 1991**<br />

PE Itacolomi 2.000 † quartzito 300 67 Peron, 1989*<br />

Serra da Piedade 800 † quartzito, itabirito, canga? 305 55 Brandão & Gavilanes, 1990<br />

Serra do Ambrósio 700 † quartzito 84 40 Pirani et al., 1994<br />

Nova Lima 100 † canga 217 61 Mendonça, 2006<br />

Serra da Calçada 75 † canga 246 56 Viana & Lombardi, 2007<br />

Barão de Cocais 35 † canga 119 38 Stehmann & Oliveira, 2007<br />

PE S. Rola Moça 25 canga 138 46 Jacobi et al., 2007<br />

Serra da Moeda 20 canga 160 55 Jacobi et al., 2007<br />

Formações vegetais incluídas no estudo:<br />

* mata ripária, floresta estacional semidecidual e campos cerrados.<br />

** cerrado.<br />

*** campo limpo, cerrado, carrasco, matas de galeria e mata mesófila.<br />

† estimada.<br />

TABELA 2 – As 15 famílias de angiospermas com maior riqueza<br />

de espécies encontradas em campos rupestres ferruginosos<br />

do Quadrilátero Ferrífero e em campos rupestres quartzíticos<br />

da Serra do Cipó e de Grão-Mogol, MG (Giulietti et al. 1987;<br />

Pirani et al. 2003; Mendonça, 2006; Jacobi et al., 2007; Viana<br />

& Lombardi, 2007; Stehmann & Oliveira, 2007).<br />

FAMÍLIAS CANGAS S. CIPÓ GRÃO-MOGOL<br />

Apocynaceae 2,8 2,4 3,6<br />

Asteraceae 12,9 10,6 7,6<br />

Bignoniaceae –– –– 1,8<br />

Bromeliaceae 2,8 2,3 1,7<br />

Cyperaceae 2,8 2,0 3,2<br />

Eriocaulaceae –– 5,3 2,4<br />

Euphorbiaceae 2,2 1,5 3,1<br />

Fabaceae 3,9 6,7 9,7<br />

Malpighiaceae 2,2 2,6 2,4<br />

Melastomataceae 5,0 5,7 4,0<br />

Myrtaceae 6,1 2,8 3,2<br />

Orchidaceae 6,1 5,0 2,8<br />

Poaceae 6,5 8,2 3,8<br />

Rubiaceae 5,4 2,9 3,9<br />

Solanaceae 3,7 –– ––<br />

Velloziaceae 2,4 3,6 1,7<br />

Verbenaceae 2,2 –– ––<br />

Xyridaceae –– 2,9 ––<br />

Total 67,2 64,4 54,8<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Os afloramentos metalíferos em geral concentram<br />

espécies metalófilas endêmicas, (Whiting et al., 2004).<br />

Considerando o escasso número de levantamentos em<br />

canga, ainda é cedo para apontar espécies endêmicas<br />

exclusivas de afloramentos ferruginosos no QF. Apesar<br />

dos dados insuficientes, algumas espécies endêmicas<br />

como a cactácea Arthrocereus glaziovii (Taylor & Zappi,<br />

2004), ou possivelmente endêmicas como as bromélias<br />

Dyckia consimilis Mez e Vriesea minarum L.B. Sm.<br />

(Versieux, 2005) já foram relatadas, e provavelmente o<br />

número de endemismos seja muito maior. Estudos<br />

florísticos devem ser realizados em todo o QF, principalmente<br />

nas regiões leste e sul, para uma caracterização<br />

detalhada da flora e da distribuição geográfica das<br />

espécies de campos rupestres sobre canga. Ditassa<br />

monocoronata Rapini (Apocynaceae) descoberta em 2001<br />

(Rapini et al., 2002) e Vriesea longistaminea Paula & Leme<br />

(Bromeliaceae) descrita em 2004 (Leme & Paula, 2004)<br />

exemplificam essa situação. Ambas foram encontradas<br />

em regiões restritas e muito próximas a cavas de extração<br />

de minério de ferro.<br />

QUADRILÁTERO FERRÍFERO, UMA ECORREGIÃO<br />

METALÍFERA?<br />

O QF é considerado uma das mais importantes províncias<br />

minerais do mundo (Spier et al., 2003). O Brasil é o<br />

segundo maior produtor mundial de minério de ferro,<br />

e cerca de 75% desse minério é extraído no QF, onde


atualmente mais de 50 minas a céu aberto estão em<br />

atividade. A região também é uma grande produtora<br />

de alumínio, manganês, ouro e outros tipos de minerais<br />

(DNPM, 2006).<br />

Uma das comunidades vegetais mais relevantes para<br />

a conservação de regiões metalíferas com intensa atividade<br />

mineradora são as plantas metalófilas, compreendendo<br />

as pseudometalófitas, espécies que toleram solos<br />

com altas concentrações de metais, porém comumente<br />

encontradas em solos não metálicos; as eumetalófitas,<br />

que apresentam mecanismos de resistência e/ou<br />

tolerância, com táxons endêmicos de áreas metalíferas;<br />

e as hiperacumuladoras, que concentram altos valores<br />

de metais pesados nos tecidos (Whiting et al., 2004).<br />

Estas comunidades vegetais associadas aos substratos<br />

metalíferos podem oferecer serviços ecológicos como<br />

a fitoextração, fitoestabilização e fitoprospecção<br />

(Ginocchio & Baker, 2004). Atualmente no mundo diversos<br />

grupos de pesquisa estão focalizando a conservação<br />

e a utilização sustentável dessas comunidades<br />

(Cook & Johnson, 2002; Whiting et al., 2002; Reeves,<br />

2003), atendendo a recomendações da Convenção da<br />

Diversidade Biológica – CDB – para identificar e conservar<br />

as metalófitas. Whiting et al. (2004), por exemplo,<br />

sugeriram a inclusão destas recomendações no<br />

Sistema de Gestão Ambiental – ISO 14000.<br />

Apesar de existirem no país importantes regiões com<br />

afloramentos rochosos ricos em metais, como o próprio<br />

QF e a Serra de Carajás (Silva, 1991), a importância<br />

biológica das comunidades metalófilas ainda é subestimada<br />

no Brasil, em p<strong>arte</strong> devido ao pequeno número<br />

de estudos ecológicos, geobotânicos e biogeográficos<br />

realizados até o presente. No QF já foram identificadas<br />

algumas metalófitas (sensu Whiting et al., 2004) associadas<br />

à canga, como Eremanthus erythropappus (DC.)<br />

N.F.F. MacLeish e E. glomerulatus Less. (Asteraceae),<br />

Microlicia crenulata Mart. e Trembleya laniflora Cogn.<br />

(Melastomataceae), que acumulam nas folhas concentrações<br />

de Cu, Fe, Mn, e Zn acima do disponível no<br />

substrato (Teixeira & Lemos-Filho, 1998), e metalófilas<br />

associadas a outros tipos de substratos metalíferos,<br />

como Podocarpus sellowii KL. (Podocarpaceae), Schinus<br />

terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), Paepalanthus<br />

sp. (Eriocaulaceae) e Vellozia sp. (Velloziaceae), que<br />

acumulam nos tecidos concentrações de Cd, Cu, Fe, Mn,<br />

Ni e Pb acima da normalidade (Porto & Silva, 1989).<br />

No mundo já foram propostos cinco “hotspots metalíferos”,<br />

todos eles em ecorregiões florestais ricas em<br />

biodiversidade e ameaçadas pelos impactos ambientais<br />

relacionados à intensa atividade de mineração.<br />

Somente um destes hotspots ocorre na América do Sul,<br />

representado por áreas localizadas nas Guianas e nos<br />

Andes (WWF & IUCN, 1999). O QF, em vista do seu contexto<br />

geo-econômico e importância biológica, cumpre<br />

com diversos requisitos listados por Dinerstein et al.<br />

(1995), para ser identificado como ecorregião.<br />

DESAFIOS PARA A CONSERVAÇÃO<br />

Jacobi & Carmo | 29<br />

A maioria dos levantamentos florísticos em cangas no<br />

QF são muito recentes. Das quatro mencionadas neste<br />

estudo, duas já desapareceram por causa da mineração,<br />

e apenas uma está localizada em unidade de<br />

conservação, o que infelizmente parece refletir o status<br />

regional desse ameaçado ecossistema. Pode-se apenas<br />

especular o que já foi perdido com a eliminação histórica<br />

de um número considerável de cangas. Esse fato<br />

torna-se inquestionável quando se observa o contexto<br />

geo-econômico do QF, com uma intensa atividade de<br />

mineração gerando uma grande demanda por processos<br />

ambientais de licenciamento para pesquisa, concessões<br />

minerais e exploração. Somente na Área de Proteção<br />

Ambiental Sul da região metropolitana de Belo<br />

Horizonte (APA-Sul), os direitos minerários chegam a<br />

77% dos 165.160 ha de área desta unidade de conservação<br />

(IBRAM, 2003).<br />

Entre as maiores ameaças à biodiversidade mundial<br />

está a perda de habitat, que nas cangas ocorre pela histórica<br />

atividade de mineração, recentemente intensificada<br />

pela abertura econômica da China, que gerou em<br />

nível mundial uma demanda sem precedentes por minérios,<br />

fenômeno conhecida como “efeito China” (DNPM,<br />

2006). Estima-se que em 2010 a produção brasileira anual<br />

desse minério deverá atingir 280 milhões de toneladas,<br />

representando um aumento de 53% quando comparado<br />

com a produção de 1988 (DNPM, 2001). O mapa na Figura<br />

1 indica apenas as minas a céu aberto que extraem<br />

hematita compacta, um tipo especial de minério com<br />

alto teor de ferro, e não inclui as cavas de extração dos<br />

outros tipos de minério de ferro que existem no QF.<br />

Ao contrário da maioria dos campos rupestres<br />

quartzíticos, que têm uma ampla área de distribuição,<br />

alguns localizados em unidades de conservação de<br />

dimensões consideráveis, como o Parque Nacional da<br />

Serra do Cipó, os campos rupestres ferruginosos no<br />

Espinhaço estão numa situação que precisa ser rapidamente<br />

revertida (Jacobi & Carmo, 2008). Além da<br />

distribuição restrita, concentrada no QF, são pouquíssimas<br />

as unidades de conservação que contém essas<br />

comunidades, sendo o Parque Estadual da Serra do Rola<br />

Moça, próximo de Belo Horizonte, a mais destacada.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


30 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />

O reconhecimento recente do QF como área de ‘importância<br />

biológica especial’ (Drummond et al., 2005) é um<br />

passo fundamental para promover medidas práticas<br />

para a sua conservação.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas<br />

Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento do projeto<br />

CRA-89/03; ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e<br />

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e ao Instituto<br />

Estadual de Florestas (IEF/MG) pelas licenças concedidas.<br />

A Myrian Morato Du<strong>arte</strong> pelo desenho do mapa.<br />

Ao revisor anônimo pelos valiosos comentários. Aos<br />

organizadores do workshop “Diagnóstico do Status do<br />

Conhecimento da Biodiversidade e de sua Conservação<br />

na Cadeia do Espinhaço”, pelo convite para participar<br />

de tão importante iniciativa.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Alkmim, F.F. & S. Marshak. 1998. Transamazonian orogeny in the<br />

southern São Francisco Craton Region, Minas Gerais, Brazil:<br />

evidence for paleoproterozoic collision and collapse in the<br />

Quadrilátero Ferrífero. Precambrian Research 90: 29-58.<br />

Alves, R.J.V. & J. Kolbek. 1994. Plant species endemism in savanna<br />

vegetation on table mountais (Campo Rupestre) in Brazil.<br />

Vegetatio 113: 125-139.<br />

APG II (Angiosperm Phylogeny Group). 2003. An update of the<br />

Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and<br />

families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the<br />

Linnean Society 141: 399-436.<br />

Brandão, M. & M.L. Gavilanes. 1990. Mais uma contribuição<br />

para o conhecimento da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais,<br />

Serra da Piedade - II. Daphne 1: 26-43.<br />

Brandão, M., M.L. Gavilanes, J.P.L. Buendia, J.F. Macedo & L.H.S.<br />

Cunha. 1991. Contribuição para o conhecimento da Cadeia<br />

do Espinhaço em Minas Gerais (Serra de Itabirito) - III. Daphne<br />

1: 39-41.<br />

Cook, J.A. & M.S. Johnson. 2002. Ecological restoration of land<br />

with particular reference to the mining of metals and industrial<br />

minerals: a review of theory and practice. Environmental<br />

Reviews 10: 41-71.<br />

Dinerstein, E., G.J. Schipper & D.M. Olson. 1995. A Conservation<br />

Assessment of the Terrestrial Ecoregions of Latin America and<br />

the Caribbean. WWF, Washington DC, EUA. 177pp.<br />

DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). 2001.<br />

Balanço Mineral Brasileiro. Ministério de Minas e Energia,<br />

Brasília, Brasil. pp 1-27.<br />

DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). 2006. Sumário<br />

Mineral. Ministério de Minas e Energia, Brasília, Brasil.<br />

122 pp.<br />

Dorr, J.N. 1964. Supergene iron ores of Minas Gerais, Brazil.<br />

Economic Geology 59: 1203-1240.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Drummond, G.M., C.S. Martins, A.B.M Machado, F.A. Sebaio &<br />

Y. Antonini (eds.). 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um<br />

atlas para sua conservação, 2a. ed. Fundação Biodiversitas,<br />

Belo Horizonte, Brasil. 222 pp.<br />

Gaff, D.F. 1987. Desiccation tolerant plants in South America.<br />

Oecologia 74: 133-136.<br />

Ginocchio, R. & A.J.M. Baker. 2004. Metallophytes in Latin<br />

America: a remarkable biological and genetic resource scarcely<br />

known and studied in the region. Revista Chilena Historia<br />

Natural 77: 185-194.<br />

Giulietti, A.M., R.M. Harley, L.P. Queiroz, M.G.L. Wanderley & C.<br />

Van den Berg. 2005. Biodiversidade e conservação das plantas<br />

no Brasil. <strong>Megadiversidade</strong> 1: 52-61.<br />

Giulietti, A.M., N.L. Menezes, J.R. Pirani, M. Meguro & M.G.L.<br />

Wanderley. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: caracterização<br />

e lista de espécies. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 9: 1-151.<br />

Giulietti, A.M., J.R. Pirani & R.M. Harley. 1997. Espinhaço Range<br />

region – Eastern Brazil. In: S.D. Davis, V.H. Heywood, O.<br />

Herrera-MacBryde, J. Villa-Lobos & A.C. Hamilton (eds).<br />

Centres of plant diversity: a guide and strategy for their<br />

conservation. Vol. 3. The Americas. WWF/IUCN Publications<br />

Unit., Cambridge. pp. 397-404.<br />

Harley, R. M. 1995. Introduction. In: B.L. Stannard (ed). Flora of<br />

the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. pp.<br />

1-42. Royal Botanic Gardens, Kew, Reino Unido.<br />

IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração). 2003. Contribuição<br />

do IBRAM para o zoneamento ecológico-econômico e o planejamento<br />

ambiental de municípios integrantes da APA-SUL<br />

RMBH, 322 p.<br />

Jacobi, C.M. & Carmo, F.F. 2008. The contribution of ironstone<br />

outcrops to plant diversity in the Iron Quadrangle, a<br />

threatened Brazilian landscape. Ambio 37: 324-326.<br />

Jacobi, C.M., Carmo, F.F., Vincent, R.C. & Stehmann, J.R.<br />

2007. Plant communities on ironstone outcrops – a diverse<br />

and endangered Brazilian ecosystem. Biodiversity and<br />

Conservation 16: 2185-2200.<br />

Klein, C. & E.A. Ladeira. 2000. Geochemistry and petrology of<br />

some Proterozoic banded iron-formations of the Quadrilátero<br />

Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Economic Geology<br />

95: 405-428.<br />

Leme, M.C. & C.C. Paula. 2004. Two new species of Brazilian<br />

Bromeliaceae. Vidalia 2: 21-29.<br />

Mendonca, M.P. 2006. Coleta e cultivo das espécies vegetais dos<br />

campos ferruginosos: mina de minério de ferro Capão Xavier,<br />

Nova, Lima – MG. Relatório <strong>final</strong> de atividades, Fundação Zoo-<br />

Botânica de Belo Horizonte, Brasil. 30 pp. e anexos.<br />

Mendonça, M.P. & L.V. Lins. 2000. Lista vermelha das espécies<br />

ameaçadas de extinção da Flora de Minas Gerais. Fundação<br />

Biodiversitas e Fundação Zôo-Botânica de Belo Horizonte,<br />

Belo Horizonte, Brasil. 157 pp.<br />

Menezes, N.L. & A.M. Giulietti. 2000. Campos Rupestres. In:<br />

M.P. Mendonça & L.V. Lins (orgs.). Lista vermelha das espécies<br />

ameaçadas de extinção da Flora de Minas Gerais. Fundação<br />

Biodiversitas e Fundação Zôo-Botânica de Belo Horizonte,<br />

Belo Horizonte, Brasil. pp 65-73.<br />

Peron, M.V. 1989. Listagem preliminar da flora fanerogâmica<br />

dos campos rupestres do Parque Estadual do Itacolomi – Ouro<br />

Preto/Mariana, MG. Rodriguésia 67: 63-69.


Pirani, J.R., A.M. Giulietti, R. Mello-Silva & M. Meguro. 1994.<br />

Checklist and patterns of geographic distribution of the<br />

vegetation of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista<br />

brasileira de Botânica 17: 133-147.<br />

Pirani, J.R., R. Mello-Silva & A.M. Giulietti. 2003. Flora de Grão-<br />

Mogol, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 21: 1-24.<br />

Pires, F.R.M. 2003. Distribution of hard hematite ore at the<br />

Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil and its possible<br />

genetic significance. Applied Earth Science (Trans. Inst. Min.<br />

Metall. B) 112: 31-37.<br />

Porembski, S., W. Barthlott, S. Dörrstock & N. Biedinger. 1994.<br />

Vegetation of rock outcrops in Guinea: granite inselbergs,<br />

sandstone table mountains, and ferricretes - remarks on<br />

species numbers and endemism. Flora 189: 315-326.<br />

Porto, M.L. & M.F.F. Silva. 1989. Tipos de vegetação metalófila<br />

em áreas da Serra de Carajás e de Minas Gerais. Acta botanica<br />

brasilica 3: 13-21.<br />

Rapini, A., R. Mello-Silva & M.L. Kawasaki. 2002. Richness and<br />

endemism in Asclepiadoideae (Apocynaceae) from the Espinhaço<br />

Range of Minas Gerais, Brazil – a conservationist view.<br />

Biodiversity and Conservation 11: 1733-1746.<br />

Reeves, R.D. 2003. Tropical hyperaccumulators of metals and their<br />

potential for phytoextraction. Plant and Soil 249: 57-65.<br />

Rizzini, C.T. 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil: Aspectos<br />

Ecológicos, Sociológicos e Florísticos. HUCITEC/EDUSP, São<br />

Paulo, Brasil. 374 pp.<br />

Rosière, C.A. & F. Chemale. 2000. Brazilian iron formations and<br />

their geological setting. Revista Brasileira de Geociências<br />

30: 274-278.<br />

Silva, M.F.F. 1991. Análise florística da vegetação que se cresce<br />

sobre canga hematítica em Carajás-PA (Brasil). Boletim do<br />

Museu Paraense Emílio Goeldi – Ser. Bot. 7: 79-108.<br />

Silva, M.F.F., RS. Secco & M.G. Lobo. 1996. Aspectos ecológicos<br />

da vegetação rupestre da Serra dos Carajás, Estado do Pará,<br />

Brasil. Acta Amazônica 26: 17-44.<br />

Simmons, G. C. 1963. Canga caves in the Quadrilátero Ferrífero,<br />

Minas Gerais, Brazil. The National Speleological Society<br />

Bulletin 25: 66-72.<br />

Jacobi & Carmo | 31<br />

Spier, C.A., S.M. Barros & C.A. Rosière. 2003. Geology and<br />

geochemistry of the Águas Claras and Pico Iron Mines, Quadrilátero<br />

Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Mineralium Deposita<br />

38: 751-774.<br />

Stehmann, J.R. & Oliveira, A.M. 2007. Levantamento da flora do<br />

campo rupestre sobre canga hematítica couraçada remanescente<br />

na Mina do Brucutu, Barão de Cocais, Minas Gerais.<br />

Rodriguésia 58: 775-786.<br />

Taylor, N.P & D.C. Zappi. 2004. Cacti of Eastern Brazil. Royal<br />

Botanical Gardens, Kew, Reino Unido. 499pp.<br />

Teixeira, W.A. & J.P. Lemos-Filho. 1998. Metais pesados em folhas<br />

de espécies lenhosas colonizadoras de uma área de mineração<br />

de ferro em Itabirito, Minas Gerais. Revista Árvore<br />

22: 381-388.<br />

Versieux, L.M. 2005. Bromeliáceas de Minas Gerais: catálogo,<br />

distribuição geográfica e conservação. Dissertação de Mestrado,<br />

UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. 234 pp.<br />

Viana, P.L. & J.A. Lombardi. 2007. Florística e caracterização<br />

dos campos rupestres sobre canga na Serra da Calçada, Minas<br />

Gerais, Brasil. Rodriguésia 58: 159-177.<br />

Vilela, R.A., R.J. Melo, T.A.V. Costa, L.E. Lagoeiro & C.A.C. Varajão.<br />

2004. Petrografia do minério hematita compacta da Mina do<br />

Tamanduá (Quadrilátero Ferrífero, MG). Revista da Escola de<br />

Minas de Ouro Preto 57: 157-164.<br />

Vincent, R.C. 2004. Florística, fitossociologia e relações entre a<br />

vegetação e o solo em área de campos ferruginosos no Quadrilátero<br />

Ferrífero, Minas Gerias. Tese de doutorado, USP, São<br />

Paulo. Brasil. 145 pp.<br />

Whiting, S.N., R.D. Reeves & A.J.M. Baker. 2002. Conserving<br />

biodiversity: mining, metallophytes and land reclamation.<br />

Mining Environmental Management 10: 11-16.<br />

Whiting, S.N., R.D. Reeves, D. Richards, M.S. Johnson, J.A. Cooke,<br />

F. Malaisse, A. Paton, J.A.C. Smith., J.S. Angle, R.L. Chaney, R.<br />

Ginocchio, T. Jaffré, R. Johns, T. McIntyre, O. W. Purvis, D.E. Salt,<br />

F.J. Zhao & A.J.M. Baker. 2004. Research priorities for conservation<br />

of metallophyte biodiversity and their potential for restoration<br />

and site remediation. Restoration Ecology 12: 106-116.<br />

WWF International & IUCN. 1999. Metals from the forests. Mining<br />

and forest degradation. Arborvitae (número especial): 1-40.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


32 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />

Apêndice – Lista das famílias de plantas vasculares (com número de gêneros e espécies) presentes em Campos rupestres<br />

ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG (Mendonça, 2006*; Stehmann & Oliveira, 2007; Jacobi et al. 2007*; Viana & Lombardi,<br />

2007. AMÇ = Ameaçadas; PRE = Presumivelmente ameaçadas (Mendonça & Lins, 2000).<br />

N° ESPÉCIES<br />

Família Gêneros Espécies AMÇ PRE<br />

Pteridófitas*<br />

Aspleniaceae 1 1<br />

Blechnaceae 1 3<br />

Cyatheaceae 1 2<br />

Davallinaceae 1 1<br />

Dryopteridaceae 1 1<br />

Grammitidaceae 1 1<br />

Hymenophyllaceae 1 1<br />

Lomariopsidaceae 1 1<br />

Lycopodiaceae 2 2<br />

Polypodiaceae 4 5<br />

Pteridaceae 2 3<br />

Magnoliídeas<br />

Annonaceae 1 2 2<br />

Aristolochiaceae 1 1<br />

Lauraceae 2 4 2 1<br />

Piperaceae 1 3<br />

Monocotiledôneas<br />

Alstroemeriaceae 1 1<br />

Amaryllidaceae 2 2<br />

Araceae 2 4<br />

Bromeliaceae 6 13 2<br />

Commelinaceae 2 2<br />

Cyperaceae 7 13<br />

Dioscoreaceae 1 1<br />

Eriocaulaceae 2 2<br />

Iridaceae 2 3<br />

Juncaceae 1 1<br />

Orchidaceae 16 28 1 2<br />

Poaceae 14 30<br />

Smilacaceae 1 2<br />

Velloziaceae 2 11<br />

Xyridaceae 1 1<br />

Eudicotiledôneas<br />

Acanthaceae 3 3<br />

Anacardiaceae 1 1<br />

Apiaceae 1 2<br />

Apocynaceae 8 13 2<br />

Aquifoliaceae 1 2<br />

Araliaceae 1 2<br />

Asteraceae 32 59 7 9<br />

Begoniaceae 1 2<br />

Bignoniaceae 3 3<br />

Boraginaceae 1 1<br />

Cactaceae 1 1 1<br />

Celastraceae 1 1<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

N° ESPÉCIES<br />

Família Gêneros Espécies AMÇ PRE<br />

Campanulaceae 2 2<br />

Clusiaceae 2 2<br />

Convolvulaceae 4 7<br />

Cunoniaceae 1 1<br />

Ericaceae 2 3<br />

Erythroxylaceae 1 3<br />

Euphorbiaceae 5 10<br />

Fabaceae 12 18<br />

Gentianaceae 1 1<br />

Gesneriaceae 3 4 2 1<br />

Humiriaceae 1 1<br />

Hypericaceae 1 4<br />

Lamiaceae 4 9<br />

Loganiaceae 1 2<br />

Loranthaceae 2 2<br />

Lythraceae 3 5<br />

Malpighiaceae 5 10<br />

Malvaceae 4 5<br />

Melastomataceae 8 23<br />

Meliaceae 1 1<br />

Moraceae 1 1<br />

Myrsinaceae 1 3<br />

Myrtaceae 10 28<br />

Nyctaginaceae 1 3<br />

Ochnaceae 1 1<br />

Olacaceae 1 1<br />

Onagraceae 1 1<br />

Orobanchaceae 1 1<br />

Passifloraceae 1 5<br />

Phyllanthaceae 1 3<br />

Phytolaccaceae 1 1<br />

Polygalaceae 1 1<br />

Polygonaceae 1 2 1<br />

Portulaccaceae 1 2<br />

Rosaceae 1 1<br />

Rubiaceae 10 16<br />

Salicaceae 2 3<br />

Santalaceae 1 1<br />

Sapindaceae 3 5<br />

Solanaceae 6 17 1<br />

Verbenaceae 3 10<br />

Violaceae 1 1<br />

Vitaceae 1 2<br />

Vochysiaceae 1 1<br />

Famílias 86 250 458 18 16


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Fitofisionomia da Caatinga associada à<br />

Cadeia do Espinhaço<br />

DANIELA ZAPPI<br />

Herbarium, Royal Botanic Gardens, Kew, Richmond, Surrey, TWA 3AE, Grã-Bretanha.<br />

email: d.zappi@kew.org<br />

RESUMO<br />

O bioma caatinga cobre a maior p<strong>arte</strong> semi-árida do Nordeste do Brasil, circundando a Chapada<br />

Diamantina na Bahia, e atingindo, ao sul, o estado de Minas Gerais, onde entra em contato<br />

com os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. Existe na caatinga um considerável número<br />

de endemismos, incluindo várias espécies de Cactaceae, das quais algumas podem ser utilizadas<br />

como indicadoras dos limites do bioma. Em termos de riqueza de espécies, a caatinga do<br />

centro-sul da Bahia e Norte de Minas Gerais apresenta maior diversidade do que a sua porção<br />

setentrional (estados do Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). Conservação da<br />

caatinga associada à Cadeia do Espinhaço é relevante tanto em termos de manutenção das<br />

espécies locais do campo rupestre, como de espécies amplamente distribuídas no Bioma Caatinga.<br />

ABSTRACT<br />

The ‘caatinga’ biome covers most of the semi-arid region of Northeastern Brazil, surrounding the<br />

Chapada Diamantina in Bahia, and reaching, to the south, the state of Minas Gerais, where it<br />

comes into contact with the ‘campos rupestres’ of the Espinhaço Range. The ‘caatinga’ presents a<br />

considerable number of endemic species of Cactaceae, which can be used as indicators of the<br />

limits of this biome. Considering species richness, the ‘caatinga’ of Central-Southern Bahia and<br />

Northern Minas Gerais is more diverse than its northern part (states of Pernambuco, Paraíba, Rio<br />

Grande do Norte and Ceará). The conservation of the ‘caatinga’ associated with the Espinhaço<br />

Range highlands is relevant both for the maintenance of the local species from the ‘campo rupestre’<br />

and of species widely distributed within the ‘caatinga’ that are now becoming threatened due to<br />

the advanced stage of transformation of this biome into agricultural lands.<br />

OBJETIVOS<br />

O intuito do presente trabalho é de compilar informações<br />

relativas à estrutura e aos limites do bioma Caatinga,<br />

com a <strong>final</strong>idade de fornecer dados relativos à<br />

fitofisionomia da caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />

(Minas Gerais e Bahia), utilizando informações<br />

provenientes da família Cactaceae para ilustrar exemplos<br />

de distribuição, endemismo e vicariância entre a<br />

caatinga e o campo rupestre. Além dessa compilação,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


34 | Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />

utiliza-se esta oportunidade para ressaltar as possibilidades<br />

de conservação desse ecossistema em conjunção<br />

com a conservação dos campos rupestres.<br />

BIOMA CAATINGA<br />

O Bioma Caatinga encontra-se na região semi-árida dos<br />

estados do Nordeste do Brasil, excetuando o Maranhão,<br />

estendendo-se ao Sul até o Norte e o Nordeste do estado<br />

de Minas Gerais. Estima-se que a área total coberta<br />

por esse bioma esteja entre 800.000 e 935.000 km 2<br />

(Rodal & Sampaio, 2002; Tabarelli & Silva, 2003). A precipitação<br />

anual na região é de menos de 1000 mm/ano,<br />

com as chuvas distribuídas irregularmente, com mais<br />

de 6 meses com precipitação muito baixa ou inexistente.<br />

Por outro lado a radiação solar é extremamente alta,<br />

assim como a temperatura média anual, enquanto as<br />

taxas de umidade relativa e a nebulosidade são as mais<br />

baixas do país (Prado, 2003).<br />

No seu limite Norte, nos estados do Rio Grande do<br />

Norte, Ceará e Piauí, o Bioma Caatinga atinge o nível do<br />

mar, mas nos estados da Bahia e de Minas Gerais encontra-se<br />

a uma altitude média entre 400-700 m, podendo<br />

excepcionalmente ultrapassar a cota de 1000 m alt., em<br />

pontos de contato com as montanhas da Cadeia do Espinhaço<br />

(Chapada Diamantina na Bahia e Serra do Espinhaço<br />

em Minas Gerais) (Taylor & Zappi, 2004).<br />

De modo geral, a caatinga estabelece-se em depressões<br />

interplanálticas, porém em certas áreas pode ser<br />

encontrada também nos planaltos (ex. Raso da Catarina,<br />

Chapadas da Borborema e do Apodi). Em casos excepcionais,<br />

a vegetação de caatinga encontra-se ocorrendo<br />

na faixa de 1000 m de altitude, como é o caso das<br />

‘caatingas de altitude’ de Morro do Chapéu e do Norte<br />

de Minas Gerais (Monte Azul) (Taylor & Zappi, 2004).<br />

Normalmente ocorrendo ao longo de pediplanos ondulados<br />

expostos a partir de sedimentos do Cretáceo<br />

ou Terciário que recobrem o escudo brasileiro datando<br />

do Pré-Cambriano (Cole, 1960), a caatinga apresenta<br />

solos resultantes da erosão do substrato, por conseguinte<br />

pedregosos e rasos, onde a rocha-mãe aparece<br />

escassamente decomposta e frequentemente aflorando<br />

na superfície (Ab’Saber, 1974).<br />

A fisionomia da caatinga é muito variada, com um<br />

número elevado de comunidades vegetais (Andrade-Lima,<br />

1981). Encontramos desde áreas de vegetação arbustiva<br />

baixa e rala até florestas impenetráveis atingindo facilmente<br />

8 m de altura. A presença de espécies micrófilas<br />

e decíduas, além de adaptações como espinhos, acúleos,<br />

folhas e caules suculentos, e o predomínio de<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

ervas anuais, caracterizam esta vegetação. Entre as famílias<br />

lenhosas mais típicas encontramos Leguminosae<br />

e Euphorbiaceae, além de arbustos e ervas das famílias<br />

Malvaceae, Asteraceae, Poaceae, Acanthaceae e<br />

Rubiaceae. De modo geral, a caatinga não apresenta<br />

uma cobertura graminóide contínua. Em termos de classificação<br />

da vegetação, a mais completa foi apresentada<br />

por Andrade-Lima (1981), que divide o domínio das<br />

caatingas em diferentes unidades, marcadas pela presença<br />

e/ou predomínio de grupos de um pequeno número<br />

de espécies lenhosas. Na sua maioria, as espécies<br />

selecionadas por Andrade-Lima (1981) não são exclusivas<br />

da caatinga, porém ocorrem em distintas associações<br />

e apresentando relativa dominância dentro desse<br />

bioma, sendo possível utilizar a presença de tais associações<br />

para definir unidades.<br />

Segundo Prado (2003), espécies decíduas comuns amplamente<br />

distribuídas na caatinga são: Amburana<br />

cearensis (Fr. All.) A. C. Smith (Fabaceae, imburana-decheiro),<br />

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan var. cebil<br />

(Griseb.) Altschul (Fabaceae, angico), Aspidosperma<br />

pyrifolium Mart. (Apocynaceae, pau-pereiro), Caesalpinia<br />

pyramidalis Tul. (Fabaceae, catingueira), Cnidoscolus<br />

phyllacanthus (Müll. Arg.) Pax & Hoffm. (faveleira,<br />

Euphorbiaceae), Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet<br />

(Anacardiaceae, imburana) Myracrodruon urundeuva<br />

Fr. All. (Anacardiaceae, aroeira), Schinopsis brasiliensis<br />

Engler (Anacardiaceae, baraúna), Tabebuia impetiginosa<br />

(Mart. ex. A. DC.) Standley (Bignoniaceae, pau-d’arcoroxo),<br />

várias espécies de Croton spp. (Euphorbiaceae,<br />

marmeleiros, velames) e Mimosa spp. (Fabaceae, juremas),<br />

além de algumas perenifólias como Ziziphus<br />

joazeiro Mart. (Rhamnaceae, joazeiro), Capparis yco Mart.<br />

(Capparaceae – recentemente transferida para as<br />

Brassicaceae, icó) e Copernicia prunifera (Mill.) H. E.<br />

Moore (Arecaceae, carnaúba).<br />

No caso das Cactaceae, é possível utilizar espécies<br />

endêmicas amplamente distribuídas para indicar a presença<br />

do bioma caatinga. Estas são: Tacinga inamoena<br />

(K. Schum.) N. P. Taylor & Stuppy (palmatória ou quipá),<br />

Tacinga palmadora (Britton & Rose) N. P. Taylor & Stuppy<br />

(palmatória), Pilosocereus pachycladus F. Ritter (facheiro),<br />

Pilosocereus gounellei (F. A. C. Weber) Byles & G. D. Rowley<br />

(xique-xique), Cereus jamacaru DC. (mandacaru),<br />

Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose (rabo de raposa),<br />

Arrojadoa penicillata (Gürke) Britton & Rose (rabo<br />

de raposa), e Melocactus zehntneri (Britton & Rose)<br />

Luetzelb. (coroa-de-frade) (Zappi, 1994; Taylor & Zappi,<br />

2004: Map 3). Devido à situação alarmante de devastação<br />

do bioma caatinga (Castelletti et al., 2003), com<br />

grande p<strong>arte</strong> de sua área degradada ou transformada


para fins agro-pastoris, tornou-se difícil estabelecer os<br />

limites reais da vegetação. Devido em p<strong>arte</strong> à sua ocorrência<br />

sobre substratos rochosos, em p<strong>arte</strong> às suas estratégias<br />

de sobrevivência e dispersão extremamente<br />

eficientes em ambientes áridos, ou mesmo ao fato de<br />

serem percebidas pelo sertanejo como plantas úteis<br />

(Andrade et al., 2006), as Cactaceae muitas vezes estão<br />

entre as poucas espécies remanescentes após a transformação<br />

da caatinga original. Também tratam-se de<br />

plantas fáceis de visualizar, especialmente durante a<br />

estação seca, sendo possível reconhecer as espécies ao<br />

longe. Somados à especificidade das Cactaceae no que<br />

concerne ao habitat no qual elas ocorrem, estes fatores<br />

fazem com que as Cactaceae estejam entre as melhores<br />

espécies indicadoras da vegetação de caatinga.<br />

RIQUEZA DE ESPÉCIES<br />

Segundo Prado (2003), existem 14 gêneros e 183 espécies<br />

endêmicos da caatinga, enquanto Giulietti et al.<br />

(2002) apresentam 18 gêneros e 318 espécies. De qualquer<br />

forma, ambos os autores sublinham que a flora da<br />

caatinga apresenta um grau de endemismo importante<br />

e suficiente para que a mesma seja reconhecida como<br />

uma vegetação distinta.<br />

Com base em dados exclusivos da família Cactaceae<br />

(Taylor & Zappi, 2004), podemos afirmar que a caatinga<br />

da Bahia e Minas Gerais é muito mais rica em termos<br />

de espécies do que aquela encontrada nos estados setentrionais,<br />

a norte do Rio São Francisco. Devido ao<br />

relevo encontrado nos estados da Bahia e Minas Gerais,<br />

é possível que a influência da Serra do Espinhaço<br />

e da Chapada Diamantina como refúgio durante mudanças<br />

climáticas do terciário e quaternário tenha sido<br />

crucial, possibilitando ciclos sucessivos de expansão e<br />

isolamento de distintas espécies na área em questão. A<br />

região setentrional da caatinga (Paraíba, Rio Grande do<br />

Norte, Ceará e Norte do Piauí) não apresenta espécies<br />

de Cactaceae endêmicas, e apenas 4 espécies possuem<br />

a maioria de sua distribuição geográfica a norte de 7 o S<br />

(Taylor & Zappi, 2004). Nessa região, o relevo mostrase<br />

mais uniforme e plano (depressão sertaneja), com<br />

poucas serras atingindo mais de 1000 m acima do nível<br />

do mar. É possível sugerir também que essa região do<br />

bioma seja mais recente do que a área sul da caatinga –<br />

conforme postulado por Taylor & Zappi (2004) e por<br />

Prado (2003), ou que as forças de extinção tenham sido<br />

mais eficientes (ou mesmo mais uniformes), alcançando<br />

grandes populações dispersas numa área mais ampla,<br />

do que naquelas áreas cujo relevo mais acidentado<br />

Zappi | 35<br />

poderia criar refúgios para as espécies ali ocorrentes.<br />

Um exemplo de espécie relictual ocorrendo em duas<br />

áreas ou refúgios nas caatingas da Bahia é Espostoopsis<br />

dybowskii (Cactaceae).<br />

CAATINGA ASSOCIADA À CADEIA DO ESPINHAÇO<br />

No estado da Bahia, o bioma principal circundando a<br />

Chapada Diamantina é a caatinga (Harley, 1995; Zappi<br />

et al., 2003), enquanto que a Serra do Espinhaço em<br />

Minas Gerais encontra-se mais frequentemente rodeada<br />

pelo cerrado (oeste, sudoeste, noroeste), fazendo contato<br />

ao sul e ao leste com a mata atlântica sob forma<br />

de florestas semi-decíduas ou perenifólias, ao passo que<br />

a caatinga aparece de modo menos expressivo, ao<br />

norte/noroeste das serras. A extensa zona de contato<br />

entre a caatinga e o campo rupestre determina uma<br />

forte influência florística da caatinga sobre os campos<br />

rupestres da Chapada Diamantina (Harley, 1995; Zappi<br />

et al., 2003).<br />

Segundo Andrade-Lima (1981), a caatinga que circunda<br />

a porção norte da Chapada Diamantina foi classificada<br />

como Unidade II (4), Floresta de Caatinga Baixa,<br />

caracterizada pela associação de Mimosa, Syagrus<br />

(Arecaceae), Spondias (Anacardiaceae, umbu) e Cereus<br />

jamacaru (Cactaceae, mandacaru, muito disseminada e<br />

comum no Nordeste Brasileiro), ocorrendo sobre rochas<br />

cristalinas do Pré-Cambriano. Esse tipo de caatinga<br />

é dominado por vegetação baixa e descontínua, e<br />

comumente apresenta áreas ecotonais nas encostas ao<br />

norte da Chapada Diamantina, às vezes definidas como<br />

‘caatingas de altitude’. Devido à geomorfologia da Chapada<br />

Diamantina, as localidades de campo rupestre situadas<br />

mais a norte (Morro do Chapéu, Sento Sé, Serra<br />

do Mimoso, Jacobina) estão distribuídas sob forma de<br />

maciços esparsos e a menores altitudes (até 1.200 m)<br />

em relação à porção centro-sul (ver abaixo). Nestas localidades,<br />

o contraste entre a vegetação de campo<br />

rupestre e a caatinga circundante não é muito forte.<br />

Espécies de Cactaceae amplamente distribuídas na caatinga,<br />

como os típicos Pilosocereus gounellei, Tacinga<br />

inamoena, Pilosocereus pachycladus e Cereus jamacaru,<br />

ocorrem juntamente com outras mais comuns no<br />

campo rupestre, no caso Melocactus paucispinus Heimen<br />

& R. J. Paul, M. concinnus Buining & Brederoo,<br />

Micranthocereus flaviflorus Buining & Brederoo, M.<br />

purpureus (Gürke) F. Ritter. Apenas uma espécie de<br />

Pilosocereus é endêmica da ‘caatinga de altitudes’,<br />

P. glaucochrous (Werderm.) Byles & G.D. Rowley, ocorrendo<br />

de Seabra até Sento Sé.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


36 | Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />

Já a caatinga encontrada no Norte de Minas assemelha-se<br />

àquela ocorrente na região central da Bahia, classificada<br />

por Andrade-Lima (1981) como Unidade I, Floresta<br />

de Caatinga Alta, onde as espécies características<br />

seriam Cavanillesia umbellata (barriguda), Myracrodruon<br />

urundeuva, Tabebuia impetiginosa e Aspidosperma<br />

pyrifolium. Tal vegetação ocorre sobre rochas calcáreas<br />

ou cristalinas do pré-cambriano, nas áreas com a maior<br />

disponibilidade hídrica dentro do bioma caatinga. Esse<br />

seria o tipo de caatinga que influencia o norte da Serra<br />

do Espinhaço (Minas Gerais) e o centro-sul da Chapada<br />

Diamantina (BA).<br />

Dentre as Cactaceae endêmicas dessa região específica,<br />

geralmente associadas a solos quartzíticos ou<br />

areníticos encontramos: Pereskia aureiflora Ritter,<br />

Pereskia bahiensis Gürke (quiabento), Tacinga funalis<br />

Britton & Rose (quipá-voador), Harrisia adscendens<br />

(Gürke) Britton & Rose, Leocereus bahiensis Britton &<br />

Rose, Cereus albicaulis (Britton & Rose) Luetzelburg,<br />

Arrojadoa dinae Buin. & Brederoo, Cipocereus pusilliflorus<br />

(Ritter) Zappi & N. P. Taylor, Stephanocereus leucostele<br />

(Gürke) Berger, Brasilicereus phaeacanthus (Gürke)<br />

Backeberg, Coleocephalocereus goebelianus (Vaupel)<br />

Buining, Melocactus ernestii Vaupel, Micranthocereus<br />

violaciflorus Buining, Micranthocereus albicephalus (Buining<br />

& Brederoo) F. Ritter e Micranthocereus polyanthus<br />

(Werderm.) Backeb.<br />

Afloramentos calcários do grupo Bambuí, que<br />

ocorrem nas proximidades da Cadeia do Espinhaço<br />

(e também nas imediações do Rio São Francisco e nos<br />

estados de Minas Gerais e Mato Grosso), em altitudes<br />

abaixo de 800 m, apresentam vegetação decídua, espinhosa<br />

e várias espécies de suculentas. As espécies de<br />

plantas e a fisionomia dessas formações são fundamentalmente<br />

distintas daquelas encontradas em solos cristalinos<br />

ou areníticos, embora, na Serra do Espinhaço,<br />

tais afloramentos estejam muitas vezes adjacentes aos<br />

campos rupestres, como é o caso do afloramento próximo<br />

a Cardeal Mota, na Serra do Cipó. Algumas espécies<br />

de Cactaceae associadas à ocorrência de calcário<br />

são: Pereskia stenantha F. Ritter, Quiabentia zehntneri<br />

(Britton & Rose) Britton & Rose, Tacinga saxatilis<br />

(F. Ritter) N. P. Taylor & Stuppy, Pilosocereus densiareolatus<br />

Ritter, P. floccosus Byles & G.D. Rowley ssp. floccosus,<br />

Micranthocereus dolichospermaticus (Buining & Brederoo)<br />

F. Ritter (cabeça-de-velho), M. levitestatus Buining &<br />

Brederoo, Facheiroa cephaliomelana (facheiro).<br />

O estabelecimento de áreas (ou manchas) de caatinga<br />

nas proximidades da Cadeia do Espinhaço em Minas<br />

Gerais pode ser explicado por combinações particulares<br />

de tipo de solo e do relevo montanhoso, com<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

encostas formando barreiras que impedem a precipitação<br />

regular sobre uma determinada área. Vale a pena<br />

lembrar que a diversidade das Cactaceae no estado de<br />

Minas Gerais deve-se particularmente às espécies<br />

associadas com os campos rupestres da Cadeia do<br />

Espinhaço (ver páginas 172-177).<br />

Ao Norte da Serra do Espinhaço em Minas Gerais a<br />

zona de contato entre a caatinga e o cerrado forma um<br />

ecótono denominado ‘carrasco’ (Pirani et al., 2003) ou<br />

‘carrascal’ (Meguro et al., 1994). Este tipo de vegetação<br />

intermediário apresenta a fisionomia arbustivo-arbórea<br />

baixa (até 4 m alt.), formando blocos impenetráveis de<br />

arbustos, frequentemente espinhosos e decíduos na<br />

estação seca, separados por ‘veredas’ de solo arenoso,<br />

com estrato herbáceo irregular entremeado de líquens<br />

terrestres.<br />

CONSERVAÇÃO<br />

Como já foi sugerido em trabalhos de cunho mais específico<br />

(Zappi et al., 2003), a conservação de espécies<br />

e habitats de campo rupestre possivelmente depende<br />

da preservação da vegetação circundante. Espécies animais,<br />

particularmente polinizadores, mas também<br />

dispersores e predadores, migram das regiões mais altas<br />

e úmidas para as terras baixas durante a estação<br />

das chuvas, dependendendo possivelmente de recursos<br />

tanto do campo rupestre como dos enclaves de<br />

caatinga.<br />

Somente nas Cactaceae, Taylor & Zappi (2004)<br />

constataram que de 75 táxons ocorrentes na caatinga,<br />

existe possível interação de dispersão por diversos animais<br />

(morcegos, mamíferos roedores, porcos-do-mato,<br />

diversas aves, lagartos, formigas), contudo estudos conclusivos<br />

e até mesmo observações diretas envolvendo<br />

essas interações são poucas, havendo apenas certeza<br />

com respeito a um estudo envolvendo duas espécies<br />

de Melocactus dispersas por lagartos (Taylor, 1991), três<br />

observações envolvendo formigas (Discocactus bahiensis,<br />

Coleocephalocereus aureus e C. goebelianus), e duas<br />

observações de atividade de aves (Cereus jamacaru e<br />

Pilosocereus catingicola). Faz-se necessário intensificar os<br />

estudos de dispersão e forrageio na Caatinga, envolvendo<br />

não somente as Cactaceae, mas outras famílias<br />

representativas como as Fabaceae, Bromeliaceae etc.,<br />

com a <strong>final</strong>idade de compreender melhor as interações<br />

e interdependências entre espécies de animais e plantas<br />

da caatinga e seu relacionamento com áreas adjacentes<br />

de campo rupestre.


Vale ressaltar que o planejamento e/ou incremento<br />

das presentes áreas de conservação da Cadeia do Espinhaço,<br />

incluindo áreas e espécies da caatinga ou de<br />

matas secas, pode ser crucial para a preservação desses<br />

sistemas, uma vez que a situação da conservação e<br />

do conhecimento a respeito do Bioma Caatinga como<br />

um todo é extremamente deficiente (Tabarelli & Silva,<br />

2003), sendo possível que espécies deste bioma, apesar<br />

de amplamente distribuídas no Leste do Brasil, não<br />

estejam incluídas ainda em áreas de conservação.<br />

Taylor & Zappi (2004) apresentam sugestões de prioridades<br />

para conservação do Leste do Brasil através de<br />

um sistema de pontos atribuídos às espécies ameaçadas<br />

conforme as categorias da IUCN. Neste sistema, a região<br />

norte da Serra do Espinhaço, incluindo os municípios<br />

mineiros de Mato Verde, Monte Azul e Espinosa, assim<br />

como Licínio de Almeida, Urandi, Caetité, na Bahia, fica<br />

evidenciada como a segunda prioridade em termos de<br />

conservação da região estudada. Esta região é caracterizada<br />

por enclaves de caatinga, mata seca, cerrado e<br />

campo rupestre (em altitudes maiores que 1000 m), e<br />

apresenta grande diversidade de substrato e de habitats,<br />

apesar de não contar com áreas de preservação e infelizmente<br />

encontrar-se sujeita a pressões extrativistas e agrícolas,<br />

especialmente o cultivo de algodão e mais recentemente<br />

a cultura mecanizada de Eucalyptus.<br />

Outra área cuja preservação encontra-se ameaçada<br />

é a localidade de Morro do Chapéu, na Bahia, onde encontramos<br />

enclaves únicos de caatinga e camporupestre<br />

setentrional. Esta região é atualmente foco de<br />

um acréscimo acelerado de turismo, e chama-se a atenção<br />

para a falta de planejamento no que concerne a<br />

conservação da biodiversidade, ironicamente o maior<br />

atrativo local. Faz-se necessário o estabelecimento de<br />

áreas de preservação e planos de manejo nesta área.<br />

Para o estado de Minas Gerais, já dispomos de um<br />

Atlas da Biodiversidade (Drummond et al., 2005), o que<br />

facilita a sugestão de uma série de ações específicas 1 .<br />

Seria interessante aumentar a representatividade da vegetação<br />

de caatinga na região setentrional do estado,<br />

através da criação de áreas protegidas (RPPN, APAs, etc.)<br />

ligando a área 10 (Espinhaço Setentrional) à área 57<br />

(Espinhaço Meridional) especialmente numa tentativa<br />

de ampliar e interligar áreas protegidas (Reserva da<br />

Biosfera da Serra do Espinhaço; Parque Estadual de Grão<br />

Mogol) com importantes bacias hidrográficas a leste do<br />

Espinhaço, como aquelas do Alto Jequitinhonha (29), Rio<br />

Preto (28), Rio Itacambiruçu (11) e Alto Rio Pardo (12).<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Zappi | 37<br />

Ab’Saber, A.N. 1974. O domínio morfoclimático semi-árido das<br />

Caatingas brasileiras. Geomorfologia 43: 1-39.<br />

Andrade, C.T.S., Marques, J.G.W. & Zappi, D.C. 2006. Utilização<br />

de cactáceas por sertanejos baianos. Sitientibus 6: 3-12.<br />

Andrade-Lima, D. 1981. The caatinga dominium. Revista Brasileira<br />

de Botânica 4: 149-153.<br />

Castelletti, C.H.M., Santos, A.M.M., Tabarelli, M. & Silva, J.M.C.<br />

2003. Quanto ainda resta da caatinga? Uma estimativa preliminar.<br />

In: Leal, I.R., Tabarelli, M., Silva, J.M.C. (eds.) Ecologia<br />

e Conservação da Caatinga. Univ. Federal de Pernambuco,<br />

Recife. Pp. 719-734.<br />

Cole, M.M. 1960. Cerrado, caatinga and pantanal: the<br />

distribution and origin of the savanna vegetation of Brazil.<br />

Geographical Journal 126: 168-179.<br />

Drummond, G.M., Martins, C.S., Machado, A.B.M., Sebaio, F.A.,<br />

Antonini, Y. (org.) 2005. Biodiversidade de Minas Gerais, um<br />

atlas para sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo<br />

Horizonte, 222p.<br />

Giulietti, A.M., Harley, R.M., Queiroz, L.P., Barbosa, M.R.V.,<br />

Bocage Neta, A.L. & Figueiredo, M.A. 2002. Espécies endêmicas<br />

da caatinga. In: Sampaio, E.V.B., Giulietti, A.M., Virgínio,<br />

J. & Gamarra-Rojas, C. (eds.). Vegetação e Flora da Caatinga.<br />

Associação Plantas do Nordeste - APNE & Centro Nordestino<br />

de Informação sobre Plantas – CNIP, Recife. Pp. 103-118.<br />

Harley, R.M. 1995. Introdução. In: B.L. Stannard (ed.) Flora of<br />

the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. Royal<br />

Botanic Gardens, Kew, pp. 1-78.<br />

Meguro, M., Pirani, J.R., Mello-Silva, R. & Giulietti, A.M. 1994.<br />

Phytophysiognomy and composition of the vegetation of<br />

Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de<br />

Botânica 17: 149-166.<br />

Pirani, J.R., Mello-Silva, R. & Giulietti, A.M. 2003. Flora de Grão<br />

Mogol, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Univ. São<br />

Paulo 21(1): 1-24.<br />

Prado, D.E. 2003. As Caatingas da América do Sul. In: Leal, I.R.,<br />

Tabarelli, M., Silva, J.M.C. (eds.) Ecologia e Conservação da<br />

Caatinga. Univ. Federal de Pernambuco, Recife. Pp. 3-73.<br />

Rodal, M.J.N. & Sampaio, E.V.S.B. 2002. A vegetação do bioma<br />

caatinga. In: Sampaio, E.V.B., Giulietti, A.M., Virgínio, J. &<br />

Gamarra-Rojas, C. (eds.). Vegetação e Flora da Caatinga. Associação<br />

Plantas do Nordeste - APNE & Centro Nordestino de<br />

Informação sobre Plantas – CNIP, Recife. Pp. 11-24.<br />

Tabarelli, M. & Silva, J.M.C. 2003. Áreas e ações prioritárias para<br />

a conservação da biodiversidade da Caatinga. In: Leal, I.R.,<br />

Tabarelli, M., Silva, J.M.C. (eds.) Ecologia e Conservação da<br />

Caatinga. Univ. Federal de Pernambuco, Recife. Pp. 777-796.<br />

Taylor, N. (1991). The genus Melocactus in Central and South<br />

America. Bradleya 9: 1-80.<br />

Taylor, N. & Zappi, D. 2004. Cacti of Eastern Brazil. Royal Botanic<br />

Gardens, Kew, 499 p.<br />

Zappi, D.C. 1994. Pilosocereus (Cactaceae). The genus in Brazil.<br />

Succulent Plant Research 3: 1-160.<br />

Zappi, D.C., Lucas, E., Stannard, B.L., Nic Lughadha, E., Pirani,<br />

J.R., Queiroz, L.P., Atkins, S., Hind, D.J.N., Giulietti, A.M.G.,<br />

Harley, R.M. & Carvalho, A.M. 2003. Lista das Plantas Vasculares<br />

de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 21(2): 345-398.<br />

1 os números utilizados neste parágrafo referem-se àqueles apresentados por Drummond et al. (2005) no mapa das páginas 169–170.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Relações florísticas entre as fitofisionomias<br />

florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

LUCIANA HIROMI YOSHINO KAMINO 1<br />

ARY TEIXEIRA DE OLIVEIRA-FILHO 2<br />

JOÃO RENATO STEHMANN 1 *<br />

1 Departamento de Botânica, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Departamento Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil.<br />

* e-mail: stehmann@icb.ufmg.br<br />

RESUMO<br />

A Cadeia do Espinhaço é uma formação de montanhas que se estende no sentido norte-sul, da<br />

Bahia até Minas Gerais, sob influência fitogeográfica dos domínios da Mata Atlântica, Cerrado<br />

e Caatinga. As florestas encontradas nessa formação ocorrem em altitudes acima de 700 m,<br />

sendo pouco conhecidas floristicamente. O objetivo do presente trabalho foi analisar as relações<br />

florísticas entre 18 áreas de floresta baseado na composição de sua flora arbórea, bem<br />

como os padrões de distribuição das espécies associados às variáveis geo-climáticas. A listagem<br />

totalizou 1.107 espécies. As espécies arbóreas de ampla distribuição no Espinhaço (12 ou<br />

mais áreas) representaram apenas 2,6% do total amostrado e as espécies consideradas de<br />

ocorrência restrita (uma ou duas áreas) totalizaram 49% desse total. O dendrograma de similaridade<br />

florística produzido por análise de agrupamento classificou as áreas em quatro regiões:<br />

(a) Quadrilátero Ferrífero, (b) Chapada de São Domingos, (c) Espinhaço Central, em<br />

Minas Gerais e Bahia, e (d) Disjunções Setentrionais da Chapada Diamantina. A distinção entre<br />

as regiões está provavelmente relacionada com a latitude, a precipitação e a altitude. Foi<br />

observada uma considerável riqueza de espécies arbóreas ao longo da Cadeia do Espinhaço,<br />

sendo o Quadrilátero Ferrífero e o extremo norte da Chapada Diamantina as regiões mais rica<br />

e mais pobre, respectivamente. Há uma carência de dados florísticos para a região compreendida<br />

entre o norte de Minas Gerais e o centro-sul da Bahia.<br />

ABSTRACT<br />

The Espinhaço Range is a mountain chain that stretches from North to South in the Brazilian<br />

states of Bahia and Minas Gerais, under the influence of three phytogeographic domains: Atlantic<br />

Forest, Cerrado (woody savanna) and Caatinga (thorn woodland). Most forests found throughout<br />

the range occur above 700 m of altitude, but their species composition is poorly known. The<br />

purpose of the present contribution was to analyze the floristic relationships among 18 forest<br />

areas based on tree species checklists and the species distribution patterns associated to geoclimatic<br />

variables. The number of species in the checklists was 1,107. Species of wide-range<br />

distribution (found in 12 or more areas) represented only 2,6% of the total while those with restrict<br />

distribution (one or two areas) encompassed 49%. The floristic similarity dendrogram produced by<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


cluster analysis classified the areas into four regions: (a) Quadrilátero Ferrífero, (b) Chapada de<br />

São Domingos, (c) Central Espinhaço, in the Minas Gerais and Bahia, and (d) septentrional<br />

disjunctions of Chapada Diamantina. The distinction among the four regions is probably related<br />

to latitude, rainfall and altitude. It was observed a considerable species richness throughout the<br />

Espinhaço Range, although species richness also varied strikingly with the richest and poorest<br />

regions at the Quadrilátero Ferrífero and northern Chapada Diamantina, respectively. There is<br />

a remarkable scarcity of floristic data for the region extending from northern Minas Gerais to<br />

central-southern Bahia.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Cadeia do Espinhaço é a segunda mais longa formação<br />

de montanhas do Brasil e se estende por mais de<br />

mil quilômetros na direção norte-sul, apresentando seu<br />

limite setentrional na serra da Jacobina (10 o 00’S), e meridional<br />

na serra do Ouro Branco, próxima de Ouro Preto<br />

(21 o 25’S). Sua extensão longitudinal (40 o 10’ a<br />

44 o 30’W) varia aproximadamente entre 50 e 100 km e<br />

as altitudes, em geral entre 700 e 1100 m, podendo<br />

chegar aos 2000 m (Giulietti et al., 1987; Harley, 1995).<br />

Sua extensão longitudinal (40 o 10’ a 44 o 30’W) varia aproximadamente<br />

entre 50 e 100 km e as altitudes, em geral<br />

variam entre 700 e 1100 m, podendo chegar aos<br />

2000 m (Giulietti et al., 1987; Harley, 1995). Constitui<br />

um divisor de águas entre a bacia hidrográfica do rio<br />

São Francisco, a oeste, e as bacias dos rios que drenam<br />

para o Atlântico, a leste (Vieira et al., 2005). A Cadeia é<br />

constituída por dois blocos principais: a serra do Espinhaço,<br />

cujos limites ao norte ficam nas elevações isoladas<br />

da área do Monte Verde e Montezuma (MG), e a<br />

Chapada Diamantina (BA), constituída por terrenos baixos<br />

e elevações acima de 1000 m de altitude, que ficam<br />

reduzidas e bem afastadas entre si (Harley, 1995;<br />

Pirani et al., 2003).<br />

O clima da Cadeia do Espinhaço é do tipo mesotérmico<br />

com verões brandos e estação chuvosa no verão<br />

(Galvão & Nimer, 1965). O índice pluviométrico anual<br />

varia consideravelmente, entre 750 e 1600 mm, mas<br />

precipitações concentram-se em um período de sete a<br />

oito meses com um período seco de três a quatro meses<br />

(Magalhães, 1954; Galvão & Nimer, 1965). Os solos<br />

da Cadeia do Espinhaço são oriundos da decomposição<br />

de quartzitos e arenitos, caracteristicamente<br />

pedregosos, pobres, ácidos e arenosos, secos e com<br />

baixa capacidade de retenção de água (Ferreira & Magalhães,<br />

1977).<br />

A vegetação da Cadeia inclui uma série de estratos<br />

altitudinais onde são encontrados, no mais elevado,<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 39<br />

campos rupestres e matas nebulares; no intermediário,<br />

cerrados, campos e florestas semidecíduas e perenifólias;<br />

e, no mais baixo, uma variada combinação com as<br />

fitofisionomias das terras baixas adjacentes (Harley,<br />

1995). No entanto, a cobertura vegetal dominante na<br />

Cadeia do Espinhaço é o campo rupestre (Giulietti et<br />

al., 1987), vegetação que cresce sobre pedregulhos ou<br />

rochas, em solos rasos ou pedregosos de origem recente,<br />

ou ainda em depósitos arenosos (Giulietti &<br />

Pirani, 1988). Os campos rupestres geralmente ocupam<br />

altitudes acima de 900 m, em conjunto ou entremeando<br />

os grandes afloramentos rochosos. A importância<br />

dos campos rupestres e da vegetação rupícola na Cadeia<br />

do Espinhaço deve-se à sua grande extensão, riqueza<br />

de espécies, expressiva diversidade genética e<br />

alto grau de endemismo (Giulietti et al., 1987; Harley,<br />

1995; Zappi et al., 2003).<br />

O mosaico de fitofisionomias do Espinhaço é encontrado<br />

de norte a sul, mas a paisagem e a composição<br />

da flora sofrem forte influência dos três grandes domínios<br />

fitogeográficos brasileiros percorridos pela Cadeia<br />

e que podemos chamar de Setores. O Setor Sul, a sul<br />

de Belo Horizonte e ao redor de Ouro Preto, em Minas<br />

Gerais, está localizado dentro do domínio da Mata<br />

Atlântica; o Setor Central, que inclui a Serra do Cipó e a<br />

região de Diamantina, também em Minas Gerais, ocorre<br />

no domínio do Cerrado; e o Setor Norte, que compreende<br />

toda a Chapada Diamantina, na Bahia, está<br />

inserido no domínio da Caatinga (Harley, 1995). A região<br />

de Grão Mogol, no norte de Minas Gerais, pode<br />

ser considerada como intermediária entre os dois últimos<br />

devido à sua posição geográfica.<br />

As florestas da Cadeia do Espinhaço variam consideravelmente<br />

em composição e estrutura como resposta<br />

às condições geo-climáticas, muitas vezes resultando<br />

em uma grande heterogeneidade de fitofisionomias em<br />

áreas florestais relativamente pequenas (Harley, 1995).<br />

Por exemplo, uma floresta de fundo de vale poderá<br />

ter caráter perenifólio nas margens do curso d’água<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


40 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

(floresta ripária) e semidecídua nas encostas adjacentes.<br />

Muitas florestas que se apresentam na forma de<br />

capões de mata podem ter uma mancha de fitofisionomia<br />

paludosa perenifólia circundada por outra semidecídua,<br />

nos sítios bem drenados (Rizzini, 1979; Meguro<br />

et al, 1996a). Além disso, as matas de vale muitas vezes<br />

se fundem aos capões e as transições entre todo este<br />

conjunto de fitofisionomias podem ser muito graduais<br />

(Giulietti et al., 1987, Zappi et al., 2003). A altitude em<br />

que as florestas ocorrem pode variar de 400 a 1700 m e<br />

isto se reflete de forma marcante na composição e estrutura<br />

das florestas. Florestas nebulares perenifólias,<br />

por exemplo, ocorrem nos extremos de altitudes, normalmente<br />

acima de 1100 m (Harley, 1995). A profundidade<br />

do solo também exerce um papel relevante na<br />

transição das florestas para as fitofisionomias campestres,<br />

onde ocorre frequentemente uma fitofisionomia<br />

particular, densa e de pequena estatura, muitas vezes<br />

denominada floresta anã ou nanofloresta montana.<br />

No Espinhaço, muitas destas nanoflorestas são monodominantes,<br />

com destaque de espécies do gênero<br />

Eremanthus, quando recebem a denominação popular<br />

de candeal (Oliveira-Filho & Fluminhan-Filho, 1999).<br />

Além de toda esta variação, ainda ocorrem manchas de<br />

floresta decídua nos afloramentos calcáreos da Cadeia,<br />

com composição florística muito particular (Meguro<br />

et al., no prelo).<br />

Com relação à atual extensão dessas florestas, as<br />

da Chapada Diamantina são menores que aquelas encontradas<br />

no sul da Serra do Espinhaço. Devido à considerável<br />

interferência do homem nessas áreas, não é<br />

possível visualizar uma imagem clara dos padrões de<br />

diversidade na região. Comparando-se com outras fitofisionomias,<br />

Harley (1995) considera as florestas<br />

como as mais ameaçadas, as menos estudadas e as<br />

mais interessantes em termos de ligações fitogeográficas<br />

e da história passada da vegetação no leste da<br />

América do Sul. Já existe um número razoável de estudos<br />

sobre os padrões florísticos das florestas do<br />

Domínio Atlântico, que ocorrem mais ao leste do Brasil<br />

(Salis et al., 1995; Oliveira-Filho & Fontes, 2000;<br />

Scudeller et al., 2001; Ferraz et al., 2004; Oliveira-<br />

Filho et al., 2005), mas pouco se conhece sobre as que<br />

ocorrem na Cadeia do Espinhaço, apesar do crescente<br />

número de estudos.<br />

O presente estudo teve como objetivo contribuir para<br />

o conhecimento das fitofisionomias florestais da Cadeia<br />

do Espinhaço, analisando a composição florística<br />

de seu compartimento arbóreo e os padrões de distribuição<br />

das espécies associados às variáveis geográficas<br />

e climáticas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Levantamentos florísticos e das variáveis geográficas<br />

e climáticas<br />

Foram compiladas da literatura listagens da flora arbórea<br />

de 18 áreas de floresta localizadas ao longo da Cadeia<br />

do Espinhaço, totalizando uma lista com 1107 espécies.<br />

A listagem de cada área de floresta em questão<br />

inclui todo o mosaico de fitofisionomias ali existentes.<br />

Possivelmente, devido às dificuldades impostas pela<br />

grande heterogeneidade ambiental, a literatura compilada<br />

não discrimina as fitofisionomias. As áreas de floresta<br />

estão localizadas: seis na Bahia (Gentio do Ouro,<br />

Jacobina, Morro do Chapéu, Catolés, Palmeiras e<br />

Mucugê) e as outras doze (Diamantina, Grão Mogol,<br />

Santa Bárbara, Serra do Cipó, Catas Altas da Noruega,<br />

Congonhas do Campo, Nova Lima, Belo Horizonte,<br />

Mariana, Ouro Preto, Chapada de São Domingos e Leme<br />

do Prado) em Minas Gerais.<br />

A localização geográfica das áreas é indicada na Figura<br />

1; as variáveis ambientais (geográficas e climáticas),<br />

número de espécies e as autorias dos estudos são<br />

fornecidas nas Tabelas 1 e 2. As médias anuais e as<br />

mensais de temperatura e a precipitação foram obtidas<br />

junto ao DNMET – Departamento Nacional de Meteorologia<br />

do Ministério de Agricultura (1992) ou da Rede<br />

Nacional de Agrometeorologia (2004). Para algumas<br />

áreas, as médias foram geradas a partir de interpolação<br />

entre registros de áreas vizinhas e, ou, aplicação<br />

de correção para altitude, seguindo procedimentos<br />

descritos por Thornthwaite (1948).<br />

As espécies foram classificadas nas famílias reconhecidas<br />

pelo Angiosperm Phylogeny Group (APG II<br />

2003).<br />

Análises florísticas<br />

Para realização das análises florísticas, foram preparados<br />

dois bancos de dados contendo informações<br />

florísticas e ambientais sobre as 18 áreas de floresta.<br />

O banco de dados florísticos consistiu de dados binários<br />

de presença/ausência de 1.107 espécies de árvores<br />

em cada área. O banco de dados com as variáveis<br />

ambientais consistiu de: latitude, longitude, altitude,<br />

temperatura média anual, temperaturas médias mensais<br />

de julho e de janeiro, diferença térmica entre as<br />

médias de julho e de janeiro, precipitação média anual,<br />

precipitações médias mensais da estação seca (junhoagosto)<br />

e chuvosa (dezembro-fevereiro), distribuição<br />

da precipitação (obtida da razão entre as duas médias<br />

mensais anteriores) e duração média da estação seca,<br />

que foi expressa pelo número de dias de déficit hídrico<br />

extraído de um diagrama de Walter (Walter, 1985).


FIGURA 1 – Localização das 18 áreas de fitofisionomias florestais utilizadas nas análises florísticas.<br />

Os nomes das áreas que compõem o presente estudo são salientados em caixas. As áreas estão classificadas<br />

em quatro grupos conforme diagrama gerado pela Análise de Correspondência Canônica (CCA):<br />

() Quadrilátero Ferrífero; () Chapada de São Domingos; ()Espinhaço Central em Minas Gerais e<br />

Bahia; e () Disjunções Setentrionais da Chapada Diamantina.<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 41<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


42 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

TABELA 1 – Relação das 18 áreas de fitofisionomias florestais localizadas na Cadeia do Espinhaço utilizadas nas análises florísticas.<br />

São fornecidos o nome da localidade, o estado da federação, o código de identificação de cada área, as coordenadas geográficas,<br />

a altitude mediana, número de espécies e as referências dos levantamentos florísticos compilados.<br />

NÚMERO DE<br />

ÁREAS CÓDIGO COORDENADAS ESPÉCIES REFERÊNCIAS<br />

Gentio do Ouro, BA BAgent 11º26’S 42º30’E 101 J. J Caldas. (dados inéditos)<br />

Jacobina, BA BAjaco 11º10’S 40º29’E 164 J. J Caldas. (dados inéditos)<br />

Morro do Chapéu, BA BAmorr 11º35’S 41º12’E 103 J. J Caldas. (dados inéditos)<br />

Catolés, BA BAcato 13º17’S 41º47’E 297 Zappi et al. (2003)<br />

Palmeiras, BA BApalm 12º27’S 41º27’E 209 Guedes & Orge (1998)<br />

Mucugê, BA BAmucu 13º00’S 41º22’E 163 Harley & Simmons (1986)<br />

Serra do Cipó, MG MGcipo 19º13’S 43º32’E 282 Campos (1995)Meguro et al.<br />

(1996a)Meguro et al. (1996b)<br />

Diamantina, MG MGdiam 18º14’S 43º36’E 248 A. T. Oliveira-Filho (dados inéditos)<br />

Grão Mogol, MG MGgrao 16º33’S 42º54’E 236 Pirani et al. (2003)Pirani et al. (2004)<br />

Santa Bárbara, MG MGbarb 19º54’S 43º22’E 189 CETEC (1989)Oliveira-Filho et al.<br />

(2005)Pedralli & Teixeira (1997)<br />

Belo Horizonte, MG MGbelo 20º02’S 44º00’E 192 Meyer (1999)Meyer et al. (2004)<br />

Catas Altas da Noruega, MG MGcata 20º36’S 43º33’E 215 Brina & Carvalho (2003)<br />

Congonhas do Campo, MG MGcong 20º30’S 43º44’E 269 M. S. Werneck, W. A. C Carvalho & S. G<br />

Rezende (dados inéditos)<br />

Nova Lima, MG MGnovl 19º58’S 43º54’E 209 Werneck (2006)Spósito & Stehmann (2006)<br />

Mariana, MG MGmari 20º22’S 43º23’E 306 Oliveira-Filho et al. (2005)<br />

Ouro Preto, MG MGouro 20º23’S 43º34’E 242 Pedralli et al. (1997)Werneck et al. (2000)<br />

Chapada de São Domingos, MG MGchap 17º29’S 43º08’E 213 Oliveira-Filho et al. (2005)<br />

Leme do Prado, MG MGleme 17º02’S 42º43’E 239 Oliveira-Filho et al. (2005)<br />

Foi realizada uma classificação florística hierárquica<br />

das 18 áreas aplicando o algoritmo de médias ponderadas<br />

(UPGMA) aos coeficientes de similaridade de<br />

Sørensen entre as áreas através do programa PC-ORD<br />

para Windows versão 4.14 (McCune & Mefford, 1999).<br />

O resultado dessa análise é apresentado na forma de<br />

um dendrograma em que se agrupam progressivamente<br />

as amostras mais semelhantes, até que se forme um<br />

único grupo. Conforme recomendação de Mueller-<br />

Dombois & Ellenberg (1974), foi utilizado o nível de<br />

corte de 25% no eixo da escala do dendrograma para<br />

separar os grupos florísticos.<br />

Para investigar as relações entre as variações da composição<br />

florística e as variáveis geoclimáticas, foi empregada<br />

a análise de correspondência canônica, CCA<br />

(ter Braak, 1987), utilizando-se também o PC-ORD. A<br />

CCA procura extrair padrões inter-relacionados de estrutura<br />

dos dados contidos em duas matrizes, no caso,<br />

a matriz das espécies e a matriz ambiental. A matriz de<br />

espécies foi extraída da matriz de composição florística<br />

após a exclusão das espécies que ocorriam em ape-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

nas uma das 18 áreas, restando 767 espécies na matriz<br />

<strong>final</strong>. A matriz ambiental consistiu de seis variáveis<br />

geoclimáticas que apresentaram correlações > 0,6 com<br />

pelo menos um dos dois primeiros eixos de ordenação,<br />

conforme adotado por Oliveira-Filho et al. (2006),<br />

selecionadas entre as 12 originais a partir de CCAs<br />

preliminares, que indicaram as mais fortemente relacionadas.<br />

O teste de permutação de Monte Carlo (ter<br />

Braak, 1995) foi aplicado à CCA <strong>final</strong> para avaliar a<br />

significância das correlações encontradas.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Listagem de espécies<br />

Os estudos nas 18 áreas de floresta da Cadeia do<br />

Espinhaço registraram um total de 1.107 espécies<br />

arbóreas, distribuídas em 89 famílias e 357 gêneros<br />

(Tabela 3). As famílias melhor representadas foram<br />

Fabaceae com 14,6% do total de espécies, Myrtaceae<br />

(8,9%), Lauraceae (5,7%), Melastomataceae (5,2%),


TABELA 2 – Relação das 18 áreas de fitofisionomias florestais localizadas na Cadeia do Espinhaço utilizadas nas análises florísticas.<br />

São fornecidos os códigos de identificação de cada área, a altitude mediana, as temperaturas médias no ano<br />

(T ANO) e nos meses de julho (T JUL) e janeiro (T JAN), diferença térmica entre as médias de julho e de janeiro (T RANGE), as<br />

precipitações médias no ano (P ANO) e mensal entre julho e agosto (P JJA) e entre dezembro e fevereiro (P DJF), a distribuição<br />

da precipitação (P DIST) e a duração da estação seca (SECA).<br />

ALTITUDE T ANO T JUL T JAN P ANO P JJA P DJF SECA<br />

CÓDIGO (m) (°C) (°C) (°C) T RANGE (mm) (mm) (mm) P DIST (dias)<br />

BAgent 969 22,1 20,0 22,8 3,4 829,8 31,6 103,8 0,30 150<br />

BAjaco 848 22,7 19,9 24,1 4,4 841,1 44,9 99,2 0,45 80<br />

BAmorr 1093 19,7 17,2 21,1 4,0 749,0 29,0 106,0 0,27 120<br />

BAcato 1533 19,1 16,6 20,5 4,2 1299,0 51,8 158,1 0,33 40<br />

BApalm 1043 20,8 18,3 22,2 4,2 1301,55 39,4 174,7 0,23 40<br />

BAmucu 1038 21,0 18,5 22,4 4,2 1155,2 38,4 152,9 0,25 60<br />

MGcipo 1367 17,9 14,6 19,8 5,4 1506,6 14,8 255,9 0,06 120<br />

MGdiam 1279 18,1 15,3 19,8 4,7 1406,0 11,0 231,0 0,05 110<br />

MGgrao 953 21,0 18,3 22,1 4,0 1035,6 9,6 167,8 0,06 140<br />

MGbarb 746 20,5 17,0 22,7 5,9 1364,7 12,8 244,4 0,05 130<br />

MGbelo 1086 21,1 18,1 22,8 5,1 1492,0 14,7 267,7 0,05 140<br />

MGcata 1303 18,3 14,7 20,5 6,1 1310,5 15,7 225,9 0,07 120<br />

MGcong 968 19,5 15,9 21,7 6,1 1297,6 15,6 223,7 0,07 140<br />

MGnovl 963 20,6 17,6 22,3 5,1 1451,5 13,4 260,6 0,05 130<br />

MGmari 791 20,9 17,3 23,3 6,2 1533,1 13,3 282,3 0,05 130<br />

MGouro 1319 17,6 14,6 19,3 5,1 1491,3 14,5 268,0 0,05 120<br />

MGchap 838 22,1 19,2 23,7 4,7 999,2 6,5 172,7 0,04 160<br />

MGleme 738 21,2 18,3 22,7 4,6 934,7 4,1 151,0 0,03 160<br />

Rubiaceae (4,3%), Asteraceae (3,3%), Euphorbiaceae<br />

(3,2%), Annonaceae (2,7%) e Solanaceae (2,4%). Essas famílias<br />

representaram conjuntamente mais de 50% do<br />

levantamento da flora arbórea para Cadeia do Espinhaço.<br />

Os gêneros com maior riqueza florística foram<br />

Miconia (com 37 espécies), Myrcia (32), Eugenia (30),<br />

Ocotea (30), Solanum (18), Inga (15), Erythroxylum (14),<br />

Machaerium (14), Byrsonima, Guatteria e Ilex (13 cada).<br />

Esses gêneros, dentre os 357 encontrados, representaram<br />

aproximadamente 20% das espécies amostradas.<br />

Com base na ocorrência em 12 ou mais áreas, 29 espécies<br />

foram consideradas como de ampla distribuição<br />

no Espinhaço, o que representa apenas 2,6% do total.<br />

Dentre estas, 27 são relacionadas por Oliveira-Filho &<br />

Fontes (2000) como generalistas de ampla distribuição<br />

no domínio da Mata Atlântica assim como em outros<br />

domínios, notadamente o Amazônico, o da Caatinga e<br />

o do Cerrado. São elas Alchornea triplinervia, Amaioua<br />

guianensis, Anadenanthera colubrina, Blepharocalyx<br />

salicifolius, Bowdichia virgilioides, Cabralea canjerana,<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 43<br />

Casearia sylvestris, Cecropia pachystachya, Copaifera<br />

langsdorffii, Eugenia florida, Guapira opposita, Miconia<br />

ligustroides, Myrcia amazonica, Myrcia guianensis, Myrcia<br />

splendens, Myrcia tomentosa, Myrciaria floribunda, Myrsine<br />

umbellata, Pera glabrata, Psychotria vellosiana, Roupala<br />

montana, Senna macranthera, Tapirira guianensis, Tapirira<br />

obtusa, Terminalia glabrescens, Vochysia tucanorum e<br />

Zanthoxylum rhoifolium. Tais espécies são de ocorrência<br />

comum em diversas fitofisionomias, pois se adaptam<br />

uma ampla escala de condições climáticas e de solo<br />

(Pirani et al., 1994). As duas exceções são Cyathea<br />

phalerata e Faramea nigrescens. Ambas têm, de fato, uma<br />

ampla distribuição nos domínios Atlântico e do Cerrado,<br />

embora restritas a habitats florestais específicos<br />

(A. Salino e D. Zappi, comunicação pessoal).<br />

Em contraponto, destacaram-se 542 arbóreas (49% do<br />

total) cuja ocorrência foi registrada em apenas uma ou<br />

duas localidades, tendo sido consideradas como de distribuição<br />

restrita. O “padrão de distribuição restrito” de<br />

muitas espécies na Cadeia do Espinhaço provavelmente<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


44 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

é conseqüência das condições ambientais específicas<br />

de áreas isoladas nos topos das montanhas (Pirani<br />

et al., 1994). Com relação aos endemismos por região,<br />

a porção mineira do Espinhaço apresenta um número<br />

maior de espécies restritas (397) que a Chapada<br />

Diamantina (183). Esses números devem ser analisados<br />

com cautela, uma vez que podem não refletir a real distribuição<br />

de algumas espécies decorrente da falta de<br />

amostragem entre as áreas. Um exemplo disso foram<br />

os registros de uma ocorrência no norte da Chapada<br />

e de outra no centro ou no sul do Espinhaço para<br />

Apeiba tibourbou, Erythroxylum revolutum, Eugenia<br />

cerasiflora, Hancornia speciosa e Strychnos nigricans,<br />

TABELA 3 – Relação das 1.107 espécies arbóreas registradas nas 18 áreas de formações florestais inventariadas no Complexo do<br />

Espinhaço em Minas Gerais e Bahia. As espécies estão organizadas em ordem alfabética das famílias reconhecidas pelo APG II<br />

(2001) e seguidas do registro de ocorrência (•). As áreas de floresta são identificadas pelos códigos constantes na Tabela 1.<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Anacardiaceae<br />

Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. • • •<br />

Astronium graveolens Jacq. • • • • • • •<br />

Lithraea molleoides (Vell.) Engl. • • • • •<br />

Myracrodruon urundeuva Allemão • •<br />

Schinus terebinthifolius Raddi • • • •<br />

Spondias mombin L. •<br />

Tapirira guianensis Aubl. • • • • • • • • • • • •<br />

Tapirira obtusa (Benth.) J.D.Mitch. • • • • • • • • • • • • • •<br />

Annonaceae<br />

Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith • •<br />

Anaxagorea silvatica R.E.Fr. •<br />

Annona cacans Warm. • •<br />

Annona montana Macfad. • •<br />

Duguetia chrysocarpa Maas •<br />

Duguetia lanceolata A.St.-Hil. • • •<br />

Guatteria acutipetala R.E.Fr. •<br />

Guatteria australis A.St.-Hil. • • • • • • •<br />

Guatteria campestris R.E.Fr. •<br />

Guatteria gomeziana A.St.-Hil. • •<br />

Guatteria lutea A.St.-Hil. •<br />

Guatteria notabilis Mello-Silva & Pirani •<br />

Guatteria odontopetala Mart. • •<br />

Guatteria pogonopus Mart. •<br />

Guatteria pohliana Schltdl. • • •<br />

Guatteria rupestris Mello Silva & Pirani • • •<br />

morr<br />

gent<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

jaco<br />

cato<br />

todas as espécies reconhecidamente de ampla distribuição<br />

geográfica nos domínios do Cerrado e/ou Mata<br />

Atlântica (Oliveira-Filho, 2006).<br />

A despeito da amostragem das florestas do Espinhaço<br />

ser ainda pequena, os números já indicam, com<br />

segurança, que há um grande número de espécies de<br />

distribuição restrita. Padrões semelhantes foram<br />

encontrados por Oliveira-Filho et al. (2005) ao comparar<br />

a flora arbórea de 16 áreas de floresta semidecídua<br />

do domínio Atlântico distribuídas a leste do Espinhaço.<br />

Do total de 1.016 espécies, 529 (52,0%) apresentaram<br />

distribuição restrita (uma ou duas áreas) e 39 (3,8%)<br />

ampla distribuição (12 ou mais áreas).<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Guatteria sellowiana Schltdl. • • • • • • • • •<br />

Guatteria venezuelana R.E.Fr. •<br />

Guatteria villosissima A.St.-Hil. • • • • • • • •<br />

Oxandra martiana (Schltdl.) R.E.Fr. •<br />

Rollinia dolabripetala (Raddi) R.E.Fr. • • •<br />

Rollinia emarginata Schltdl. •<br />

Rollinia laurifolia Schltdl. • • • • • • • •<br />

Rollinia leptopetala R.E.Fr. • • •<br />

Rollinia rugulosa Schltdl. •<br />

Rollinia sylvatica (A.St.-Hil.) Mart. • • • • •<br />

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. • •<br />

Xylopia brasiliensis Spreng. • • • •<br />

Xylopia emarginata Mart. • • •<br />

Xylopia sericea A.St.-Hil. • • • • •<br />

Apocynaceae<br />

Aspidosperma australe Müll.Arg. • • • •<br />

Aspidosperma cylindrocarpon Müll.Arg. • • •<br />

Aspidosperma discolor A.DC. • • •<br />

Aspidosperma dispermum Müll.Arg. • •<br />

Aspidosperma multiflorum A.DC. •<br />

Aspidosperma olivaceum Müll.Arg. • • • • • •<br />

Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. • • • • • •<br />

Aspidosperma pyrifolium Mart. •<br />

Aspidosperma spruceanum Benth. ex Müll.Arg. • • •<br />

Aspidosperma subincanum Mart. ex A.DC. • • •<br />

Couma rigida Müll.Arg. • •<br />

Hancornia speciosa Gomes • •<br />

Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel • • • •<br />

Himatanthus lancifolius (Müll.Arg.) Woodson • • • •<br />

Tabernaemontana catharinensis A.DC. •<br />

Tabernaemontana hystrix (Steud.) A.DC. • • • •<br />

Tabernaemontana solanifolia A.DC. • • • • • • •<br />

Aquifoliaceae<br />

Ilex affinis Gardner • • • • • • • •<br />

Ilex asperula Mart. ex Reissek • •<br />

Ilex cerasifolia Reissek •<br />

Ilex conocarpa Reissek • • • •<br />

Ilex dumosa Reissek • • • • • •<br />

Ilex grandis Reissek •<br />

Ilex lundii Warm. • • • • •<br />

Ilex nigropunctata Miers • • •<br />

Ilex paraguariensis A.St.-Hil. •<br />

Ilex pseudobuxus Reissek • • •<br />

morr<br />

gent<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 45<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


46 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Ilex pseudovaccinium Reissek & Maxim. • • • •<br />

Ilex symplociformis Reissek •<br />

Ilex theezans Mart. ex Reissek • • • • • • •<br />

Araliaceae<br />

Aralia warmingiana (Marchal) J.Wen •<br />

Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch. • • • • • • • •<br />

Schefflera calva (Cham.) Frodin & Fiaschi • • •<br />

Schefflera macrocarpa (Cham. & Schltdl.) Frodin • •<br />

Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al. • • • •<br />

Schefflera varisiana Frodin •<br />

Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) • • • •<br />

Frodin & Fiaschi<br />

Araucariaceae<br />

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze •<br />

Arecaceae<br />

Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. • • •<br />

Attalea oleifera Barb.Rodr. • •<br />

Attalea pindobassu Bondar • •<br />

Euterpe edulis Mart. • • •<br />

Geonoma brevispatha Barb.Rodr. • • • •<br />

Geonoma schottiana Mart. • • • • •<br />

Syagrus flexuosa (Mart.) Becc. • •<br />

Syagrus oleracea (Mart.) Becc. • •<br />

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman • • •<br />

Asteraceae<br />

Austrocritonia velutina (Gardner) •<br />

R.M.King & H.Rob.<br />

Baccharis calvescens DC. • •<br />

Baccharis dentata (Vell.) G.Barroso •<br />

Baccharis serrulata Pers. • •<br />

Chromolaena laevigata (Lam.) R.M.King & H.Rob. • • •<br />

Dasyphyllum brasiliense (Spreng.) Cabrera •<br />

Dasyphyllum flagellare (Casar.) Cabrera •<br />

Eremanthus capitatus (Spreng.) MacLeish • • • • •<br />

Eremanthus crotonoides (DC.) Sch.Bip. • • • •<br />

Eremanthus eleagnus (Mart. ex DC.) Sch.Bip. •<br />

Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish • • • • • • •<br />

Eremanthus glomerulatus Less. • • • •<br />

Eremanthus incanus (Less.) Less. • • • • • • •<br />

Eremanthus polycephalus (DC.) MacLeish • • •<br />

Gochnatia floribunda Cabrera •<br />

Gochnatia hatschbachii Cabrera •<br />

morr<br />

gent<br />

Gochnatia paniculata (Less.) Cabrera • • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera • • • • • • •<br />

Heterocondylus alatus (Vell.) R.M.King & H.Rob. • • •<br />

Moquinia racemosa (Spreng.) DC. • • • •<br />

Morithamnus ganophyllus (Mattf. ex Pilg.) • • •<br />

R.M.King & H.Rob.<br />

Neocabreria pennivenia (B.L.Rob.) •<br />

R.M.King & H.Rob.<br />

Paralychnophora bicolor (DC.) MacLeish • • • •<br />

Piptocarpha axillaris (Less.) Baker • • • • •<br />

Piptocarpha macropoda Baker • • • • • • •<br />

Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker •<br />

Pseudobrickellia brasiliensis (Spreng.) • • •<br />

R.M.King & H.Rob.<br />

Symphyopappus compressus (Gardner) B.L.Rob. •<br />

Verbesina glabrata Hook. & Arn. •<br />

Vernonanthura brasiliana (L.) H.Rob. •<br />

Vernonanthura discolor (Spreng.) H.Rob. • •<br />

Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob. • • • •<br />

Vernonanthura ferruginea (Less.) H.Rob. • • •<br />

Vernonanthura mucronulata (Less.) H.Rob. •<br />

Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. • • •<br />

Wunderlichia crulsiana Taub. • •<br />

Wunderlichia mirabilis Riedel ex Baker • •<br />

Bignoniaceae<br />

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. • • • • • • •<br />

Godmania dardanoi (J.C.Gomes) A.H.Gentry •<br />

Jacaranda brasiliana (Lam.) Pers. • • •<br />

Jacaranda caroba (Vell.) A.DC. •<br />

Jacaranda grandifoliolata A.H.Gentry •<br />

Jacaranda irwinii A.H.Gentry • • • • •<br />

Jacaranda jasminoides (Thunb.) Sandwith • •<br />

Jacaranda macrantha Cham. • • • • • •<br />

Jacaranda puberula Cham. • • • • •<br />

Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. • • • •<br />

Tabebuia alba (Cham.) Sandwith • •<br />

Tabebuia bureavii Sandwith •<br />

Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A.DC.) Standl. • • •<br />

Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. • • • • •<br />

Tabebuia obtusifolia (Cham.) Bureau •<br />

morr<br />

Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. • • •<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 47<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sandwith • • •<br />

Tabebuia serratifolia (Vahl) Nicholson • • • • • • • •<br />

Tabebuia vellosoi Toledo • • •<br />

Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau • • • • • •<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


48 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Bonnetiaceae<br />

Bonnetia stricta (Nees) Nees & Mart. • •<br />

Boraginaceae<br />

Cordia alliodora (Ruiz & Pav.) Oken •<br />

Cordia ecalyculata Vell. • •<br />

Cordia rufescens A.DC. • • •<br />

Cordia sellowiana Cham. • • • • • • •<br />

Cordia superba Cham. • •<br />

Cordia taguahyensis Vell. •<br />

Cordia trichoclada DC. •<br />

Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. • • • • • •<br />

Brassicaceae<br />

Capparis jacobinae Moric. ex Eichler •<br />

Bursereceae<br />

Commiphora leptophloeus (Mart.) J.B.Gillet • •<br />

Protium brasiliense (Spreng.) Engl. • • • • •<br />

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand • • • • • • • • • • •<br />

Protium spruceanum (Benth.) Engl. • • • • •<br />

Protium widgrenii Engl. • •<br />

Cactaceae<br />

Arthrocereus melanurus (K.Schum.) L.Diers et al. •<br />

Cereus jamacaru DC. • •<br />

Facheiroa ulei (Gürke) Werderm. •<br />

Leocereus bahiensis Britton & Rose • • • •<br />

Micranthocereus albicephalus (Buining & • •<br />

Brederoo) F.Ritter<br />

Micranthocereus purpureus (Gürke) F.Ritter • • •<br />

Opuntia monacantha (Willd.) Haw. •<br />

Pereskia grandifolia Haw. • • •<br />

Pilosocereus aurisetus (Werderm.) • •<br />

Byles & G.D.Rowley<br />

Pilosocereus floccosus (Backeb. & Voll) • • •<br />

Byles & G.D.Rowley<br />

Pilosocereus fulvilanatus (Buining & Brederoo) • •<br />

F.Ritter<br />

Pilosocereus glaucochrous (Wederm.) • • • •<br />

Byles & G.D.Rowley<br />

Pilosocereus magnificus (Buining & Brederoo) •<br />

F.Ritter<br />

Pilosocereus pentaedrophorus (Labour.) •<br />

Byles & G.D.Rowley<br />

Cannabaceae<br />

morr<br />

gent<br />

Celtis brasiliensis (Gardner) Planch. • • •<br />

Celtis ehrenbergiana (Klotzsch) Liebm. •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. • • • • • • •<br />

Trema micrantha (L.) Blume • • • • •<br />

Cardiopteridaceae<br />

Citronella paniculata (Mart.) R.A.Howard • • •<br />

Caricaceae<br />

Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC. •<br />

Celastraceae<br />

Cheiloclinium cognatum (Miers.) A.C.Sm. • • •<br />

Maytenus aquifolia Mart. • •<br />

Maytenus catingarum Reissek • • •<br />

Maytenus communis Reissek • •<br />

Maytenus evonymoides Reissek • • • •<br />

Maytenus floribunda Reissek •<br />

Maytenus glazioviana Loes. • •<br />

Maytenus gonoclada Mart. • • • •<br />

Maytenus mucugensis Car.-Okano • • •<br />

Maytenus obtusifolia Mart. •<br />

Maytenus opaca Reissek •<br />

Maytenus robusta Reissek • • • • • •<br />

Maytenus salicifolia Reissek • • • • • •<br />

Plenckia bahiensis Loes. • • •<br />

Plenckia populnea Reissek • • • •<br />

Salacia elliptica (Mart. ex Schult.) G.Don • • • • •<br />

Chloranthaceae<br />

Hedyosmum brasiliense Miq. • • • • • • •<br />

Chrysobalanaceae<br />

Couepia ovalifolia (Schott) Benth. •<br />

Couepia uiti (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f. • •<br />

Couepia venosa Prance •<br />

Exellodendron gardneri (Hook.f.) Prance • • •<br />

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. •<br />

Hirtella floribunda Cham. & Schltdl. •<br />

Hirtella glandulosa Spreng. • • • • • • • •<br />

Hirtella gracilipes (Hook.f.) Prance • • •<br />

Hirtella hebeclada Moric. ex DC. • • •<br />

Hirtella martiana Hook.f. • •<br />

Hirtella racemosa Lam. • • • •<br />

morr<br />

Licania dealbata Hook.f. •<br />

Licania hoehnei Pilg. • •<br />

Licania humilis Cham. & Schltdl. •<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 49<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

Licania kunthiana Hook.f. • • • • •<br />

Licania nitida Hook.f. • •<br />

Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & • • • • • •<br />

Schult.) Kuntze<br />

cato<br />

Licania riedelii Prance •<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


50 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Clethraceae<br />

Clethra scabra Pers. • • • • • • • • •<br />

Clusiaceae<br />

Calophyllum brasiliense Cambess. • • • • • • • • • •<br />

Chrysochlamys saldanhae (Engl.) Oliveira-Filho • •<br />

Clusia criuva Cambess. • • •<br />

Clusia fragrans Gardner • • •<br />

Clusia intermedia G.Mariz •<br />

Clusia melchiori Gleason • •<br />

Clusia nemorosa G.Mey • • • • • • • •<br />

Clusia obdeltifolia V.Bittrich • • •<br />

Garcinia brasiliensis Mart. • •<br />

Kielmeyera appariciana Saddi •<br />

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. •<br />

Kielmeyera cuspidata Saddi • •<br />

Kielmeyera lathrophyton Saddi • • • • • • • • • • •<br />

Kielmeyera petiolaris Mart. • • •<br />

Tovomita brasiliensis (Mart.) Walp. •<br />

Tovomita leucantha (Schltdl.) Cham. & Triana •<br />

Combretaceae<br />

Buchenavia tetraphylla (Aubl.) R.A.Howard • •<br />

Terminalia argentea (Cambess.) Mart. •<br />

Terminalia eichleriana Alwan & Stace •<br />

Terminalia fagifolia Mart. • •<br />

Terminalia glabrescens Mart. • • • • • • • • • • • •<br />

Terminalia phaeocarpa Eichler • • •<br />

Connaraceae<br />

Bernardinia fluminensis (Gardner) Planch. • •<br />

Connarus beyrichii Planch. • •<br />

Connarus detersus Planch. • •<br />

Rourea induta Planch. •<br />

Cunoniaceae<br />

Lamanonia grandistipularis (Taub.) Taub. • •<br />

Lamanonia ternata Vell. • • • • • • • • •<br />

Weinmannia paulliniifolia Pohl • •<br />

Cyatheaceae<br />

morr<br />

gent<br />

Alsophila sternbergii (Pohl ex Sternb.) Conant • •<br />

Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin • • • • • • • • • • •<br />

Cyathea delgadii Sternb. • • • • • • • • • •<br />

Cyathea dichromatolepis (Fée) Domin •<br />

Cyathea lasiosora (Kuhn) Domin •<br />

Cyathea leucofolis Domin • •<br />

Cyathea microdonta (Desv.) Domin •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Cyathea phalerata Mart. • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Cyathea rufa (Fée) Lellinger •<br />

Cyathea villosa Willd. • • • • • • • • • • •<br />

Sphaeropteris gardneri (Hook.) Tryon • • •<br />

Dicksoniaceae<br />

Dicksonia sellowiana Hook. • •<br />

Ebenaceae<br />

Diospyros hispida A.DC. • • • • •<br />

Diospyros inconstans Jacq. • •<br />

Diospyros ketun B.Walln. •<br />

Diospyros sericea A.DC. • • • • •<br />

Elaeocarpaceae<br />

Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. • •<br />

Sloanea monosperma Vell. • • •<br />

Sloanea stipitata Spruce ex Benth. •<br />

Ericaceae<br />

Agarista chapadensis (Kinoshita-Gouvêa) Judd •<br />

Agarista coriifolia (Thunb.) Hook.f. ex Nied. • • • • •<br />

Agarista eucalyptoides (Cham. & Schltdl.) G.Don • • • • • • •<br />

Agarista glaberrima (Sleumer) Judd • •<br />

Agarista oleifolia (Cham.) G.Don • • • • • • • • • •<br />

Agarista pulchella Cham. ex G.Don •<br />

Gaultheria eriophylla (Pers.) Sleumer ex Burtt •<br />

Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Mart. • • • • • • • •<br />

Erythroxylaceae<br />

Erythroxylum betulaceum Mart. • •<br />

Erythroxylum citrifolium A.St.-Hil. • • • •<br />

Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E.Schulz •<br />

Erythroxylum daphnites Mart. •<br />

Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. • • • • • • •<br />

Erythroxylum gonoclados (Mart.) O.E.Schulz • •<br />

Erythroxylum macrocalyx Mart. •<br />

Erythroxylum macrochaetum Miq. • •<br />

Erythroxylum pelleterianum A.St.-Hil. • • • • • • •<br />

Erythroxylum polygonoides Mart. • •<br />

Erythroxylum pulchrum A.St.-Hil. •<br />

Erythroxylum revolutum Mart. • •<br />

Erythroxylum subrotundum A.St.-Hil. • • •<br />

Erythroxylum vaccinifolium Mart. • • • •<br />

Euphorbiaceae<br />

morr<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 51<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

Actinostemon klotzschii (Didr.) Pax •<br />

Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. • • •<br />

cato<br />

Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. • • • • • • • • • • • • •<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


52 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Aparisthmium cordatum (Juss.) Baill. • • • •<br />

Chaetocarpus echinocarpus (Baill.) Ducke • • • • •<br />

Cnidoscolus bahianus (Ule) Pax & K.Hoffm. •<br />

Cnidoscolus oligandrus (Müll.Arg.) Pax • •<br />

Croton argyrophylloides Müll.Arg. •<br />

Croton celtidifolius Baill. • •<br />

Croton floribundus Spreng. • • • • • • • • •<br />

Croton heliotropiifolius Kunth • •<br />

Croton lagoensis Müll.Arg. •<br />

Croton piptocalyx Müll.Arg. •<br />

Croton salutaris Casar. •<br />

Croton urucurana Baill. • • • • • • • • • •<br />

Croton verrucosus Radcl.-Sm. & Govaerts • • •<br />

Joannesia princeps Vell. •<br />

Mabea fistulifera Mart. • • • • •<br />

Mabea piriri Aubl. •<br />

Manihot caerulescens Pohl • • •<br />

Manihot jacobinensis Müll.Arg. • • • •<br />

Maprounea guianensis Aubl. • • • • • • • • •<br />

Micrandra elata Müll.Arg. •<br />

Pachystroma longifolium (Nees) I.M.Johnst. •<br />

Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. • • • • • • • • • • • • • •<br />

Pogonophora schomburgkiana Miers • •<br />

Sapium glandulosum (L.) Morong • • • • • • • • • • •<br />

Sapium obovatum Klotzsch ex Müll.Arg. •<br />

Sapium sellowianum (Müll.Arg.) • •<br />

Klotzsch ex Baill.<br />

Sebastiania brasiliensis Spreng. • • • • •<br />

Sebastiania brevifolia (Müll.Arg.) Müll.Arg. •<br />

Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. • •<br />

& Downs<br />

Sebastiania jacobinensis (Müll.Arg.) Müll.Arg. • •<br />

Sebastiania schottiana (Müll.Arg.) Müll.Arg. •<br />

Stillingia saxatilis Müll.Arg. • • •<br />

Fabaceae caesalpinioideae<br />

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. • • • • • • •<br />

Bauhinia acuruana Moric. •<br />

Bauhinia forficata Link • •<br />

Bauhinia fusconervis (Bong.) Steud. •<br />

Bauhinia longifolia (Bong.) D.Dietr. • • • • •<br />

Bauhinia pulchella Benth. • • •<br />

morr<br />

Bauhinia rufa (Bong.) Steud. • • • • •<br />

gent<br />

Caesalpinia microphylla Mart. ex G.Don •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. • • • • • • • • •<br />

Chamaecrista catharticoides (H.S.Irwin & •<br />

Barneby) H.S.Irwin & Barneby<br />

Chamaecrista sincorana (Harms) • •<br />

H.S.Irwin & Barneby<br />

Copaifera langsdorffii Desf. • • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Copaifera trapezifolia Hayne •<br />

Dimorphandra exaltata Schott •<br />

Goniorrhachis marginata Taub. • •<br />

Hymenaea courbaril L. • • • • • • •<br />

Hymenaea martiana Hayne •<br />

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne • • • •<br />

Melanoxylon brauna Schott • • •<br />

Moldenhawera emarginata (Spreng.) • •<br />

L.P.Queiroz & Allkin<br />

Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. • • • • •<br />

Pterogyne nitens Tul. • • •<br />

Senna acuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby • • • •<br />

Senna cana (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby • • • • • • •<br />

Senna corifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby • •<br />

Senna gardnerii (Benth.) H.S.Irwin & Barneby •<br />

Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby • • • • • • • • • • • • •<br />

Senna multijuga (L.C.Rich.) H.S.Irwin & Barneby • • • • • • • •<br />

Senna reniformis (G.Don) H.S.Irwin & Barneby • • •<br />

Senna rizzinii H.S.Irwin & Barneby •<br />

Senna rugosa (G.Don) H.S.Irwin & Barneby •<br />

Senna silvestris (Vell.) H.S.Irwin & Barneby • • • •<br />

Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby • •<br />

Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby •<br />

Tachigali aurea Tul. •<br />

Tachigali rugosa (Mart. ex Benth.) • • • • • • • •<br />

Zarucchi & Pipoly<br />

Tachigali subvelutina (Benth.) Oliveira-Filho • • •<br />

Fabaceae faboideae<br />

Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev • • •<br />

Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. •<br />

Andira fraxinifolia Benth. • • • • • • • • •<br />

Andira ormosioides Benth. • • •<br />

Andira vermifuga (Mart.) Benth. •<br />

Bowdichia virgilioides Kunth • • • • • • • • • • • •<br />

Centrolobium sclerophyllum H.C.Lima •<br />

Cyclolobium brasiliense Benth. • •<br />

Dalbergia acuta Benth. •<br />

morr<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 53<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

Dalbergia brasiliensis Vogel •<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


54 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Dalbergia decipularis Rizzini & A.Mattos •<br />

Dalbergia foliolosa Benth. • • • • • •<br />

Dalbergia frutescens (Vell.) Britton • • • • • • • • •<br />

Dalbergia glaucescens (Mart. ex Benth) Benth. • •<br />

Dalbergia miscolobium Benth. • • • •<br />

Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. • • • •<br />

Dalbergia villosa (Benth.) Benth. • • • • • •<br />

Deguelia costata (Benth.) Az.-Tozzi • • • •<br />

Diplotropis ferruginea Benth. • •<br />

Diplotropis incexis Rizzini & A.Mattos •<br />

Erythrina falcata Benth. • •<br />

Hymenolobium janeirense Kuhlm. • • •<br />

Lonchocarpus campestris Benth. • • • •<br />

Lonchocarpus cultratus (Vell.) • • • •<br />

Az.-Tozzi & H.C.Lima<br />

Lonchocarpus latifolius (Willd.) DC. •<br />

Lonchocarpus montanus Az.-Tozzi •<br />

Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. • •<br />

Lonchocarpus praecox Mart. ex Benth. • •<br />

Lonchocarpus virgilioides (Vogel) Benth. • •<br />

Luetzelburgia bahiensis Yakov. •<br />

Machaerium acutifolium Vogel • •<br />

Machaerium amplum Benth. •<br />

Machaerium brasiliense Vogel • • • • • • • • •<br />

Machaerium dimorphandrum Hoehne •<br />

Machaerium floridum (Mart. ex Benth.) Ducke •<br />

Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld • • • • • • •<br />

Machaerium leucopterum Vogel •<br />

Machaerium nictitans (Vell.) Benth. • • • • • • • •<br />

Machaerium opacum Vogel •<br />

Machaerium punctatum (Poir.) Pers. • •<br />

Machaerium scleroxylon Tul. • •<br />

Machaerium stipitatum (DC.) Vogel • • • • •<br />

Machaerium vestitum Vogel • •<br />

Machaerium villosum Vogel • • • • •<br />

Myrocarpus fastigiatus Allemão • • •<br />

Myroxylon peruiferum L.f. •<br />

Ormosia arborea (Vell.) Harms • •<br />

Platycyamus regnellii Benth. • •<br />

Platymiscium floribundum Vogel • • •<br />

Platymiscium pubescens Micheli •<br />

Platypodium elegans Vogel • • • • • • •<br />

Poecilanthe ulei (Harms) Arroyo & Rudd • •<br />

morr<br />

gent<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Pterodon emarginatus Vogel • • •<br />

Swartzia acutifolia Vogel • •<br />

Swartzia apetala Raddi • • • •<br />

Swartzia flaemingii Vogel • • • •<br />

Swartzia macrostachya Benth. •<br />

Swartzia multijuga Hayne •<br />

Swartzia pilulifera Benth. • • • • • •<br />

Sweetia fruticosa Spreng. • • •<br />

Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel • •<br />

Fabaceae Mimosoideae<br />

Abarema cochliacarpos (Gomes) • •<br />

Barneby & J.W.Grimes<br />

Abarema obovata (Benth.) Barneby & J.W.Grimes • • • • •<br />

Acacia bahiensis Benth. •<br />

Acacia farnesiana (L.) Willd. •<br />

Acacia langsdorffii Benth. • • •<br />

Acacia polyphylla DC. • • • • •<br />

Acacia riparia Kunth • • •<br />

Acacia tenuifolia (L.) Willd. • • •<br />

Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico •<br />

Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record • • • • •<br />

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan • • • • • • • • • • • • •<br />

Blanchetiodendron blanchetii (Benth.) • • • •<br />

Barneby & J.W.Grimes<br />

Calliandra asplenioides (Nees) Renvoize • • • • • •<br />

Calliandra bella Benth. •<br />

Calliandra calycina Benth. • • • • •<br />

Calliandra elegans Renvoize •<br />

Calliandra erubescens Renvoize • • • • •<br />

Calliandra lintea Barneby •<br />

Calliandra renvoizeana Barneby •<br />

Chloroleucon dumosum (Benth.) G.P.Lewis • •<br />

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong • •<br />

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. •<br />

Enterolobium timbouva Mart. •<br />

Inga barbata Benth. •<br />

Inga capitata Desv. • •<br />

Inga cayennensis Sagot ex Benth. •<br />

morr<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 55<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

Inga cylindrica (Vell.) Mart. • • • •<br />

Inga flagelliformis (Vell.) Mart. •<br />

jaco<br />

Inga ingoides (Rich.) Willd. • • • • • •<br />

Inga laurina (Sw.) Willd. • • • • • •<br />

Inga marginata Willd. • • • • • • •<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


56 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Inga sessilis (Vell.) Mart. • • • • • • • •<br />

Inga striata Benth. • • • • •<br />

Inga subnuda Salzm. ex Benth. • • •<br />

Inga tenuis (Vell.) Mart. •<br />

Inga tripa F.C.P.Garcia •<br />

Inga vera Willd. •<br />

Inga vulpina Mart. ex Benth. • • •<br />

Leucochloron incuriale (Vell.) • •<br />

Barneby & J.W.Grimes<br />

Mimosa adenophylla Taub. •<br />

Mimosa arenosa (Willd.) Poir. • •<br />

Mimosa gemmulata Barneby • • • •<br />

Mimosa irrigua Barneby •<br />

Mimosa lewisii Barneby • • •<br />

Mimosa setosa Benth. • •<br />

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. •<br />

Parapiptadenia zehntneri (Harms) •<br />

M.P.Lima & H.P.Lima<br />

Piptadenia adiantoides (Spreng.) J.F.Macbr. • • •<br />

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. • • • • • •<br />

Piptadenia irwinii G.P.Lewis • •<br />

Piptadenia moniliformis Benth. • •<br />

Piptadenia paniculata Benth. •<br />

Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth. • •<br />

Plathymenia reticulata Benth. • • • • • • • •<br />

Pseudopiptadenia bahiana G.P.Lewis & M.P.Lima •<br />

Pseudopiptadenia brenanii G.P.Lewis & M.P.Lima • • • • •<br />

Pseudopiptadenia contorta (DC.) • • •<br />

G.P.Lewis & M.P.Lima<br />

Pseudopiptadenia leptostachya (Benth.) •<br />

Rausch.<br />

Pseudopiptadenia warmingii (Benth.) • •<br />

G.P.Lewis & M.P.Lima<br />

Samanea inopinata (Harms) •<br />

Barneby & J.W.Grimes<br />

Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov. •<br />

Stryphnodendron polyphyllum Mart. • • • •<br />

Stryphnodendron rotundifolium Mart. •<br />

Zygia latifolia (L.) Fawc. & Rendle •<br />

Humiriaceae<br />

Humiria balsamifera Aubl. • • • • • • • • • •<br />

Humiriastrum glaziovii (Urb.) Cuatrec. • •<br />

Vantanea compacta (Schnizl.) Cuatrec. • • • • • •<br />

Vantanea obovata (Nees & Mart.) Benth. • • • • • • •<br />

morr<br />

gent<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Hypericaceae<br />

Vismia brasiliensis Choisy • • • • •<br />

Vismia guianensis (Aubl.) Pers. • • • • • •<br />

Vismia magnoliifolia Schltdl. & Cham. •<br />

Vismia parviflora Cham. & Schltdl. •<br />

Icacinaceae<br />

Emmotum nitens (Benth.) Miers • • • • • • • •<br />

Lacistemataceae<br />

Lacistema pubescens Mart. • • • • •<br />

Lacistema robustum Schnizl. • •<br />

Lamiaceae<br />

Aegiphila lhotskiana Cham. • • • • • •<br />

Aegiphila obducta Vell. •<br />

Aegiphila sellowiana Cham. • • • • • • • • •<br />

Hyptidendron asperrimum (Epling) Harley • • • •<br />

Hyptidendron claussenii (Benth.) Harley •<br />

Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke •<br />

Vitex polygama Cham. • • • • • • • • • • •<br />

Vitex schaueriana Moldenke • • • •<br />

Vitex sellowiana Cham. • • • • •<br />

Lauraceae<br />

Aiouea acaradomatifera Kosterm. •<br />

Aiouea saligna Meisn. • • •<br />

Aniba firmula (Nees & Mart.) Mez • • • •<br />

Aniba heringeri Vattimo-Gil • • •<br />

Aniba intermedia (Meisn.) Mez •<br />

Cinnamomum erythropus (Nees & Mart.) Kosterm. • • • •<br />

Cinnamomum haussknechtii (Mez) Kosterm. • • • •<br />

Cinnamomum rubrinerveum Loréa-Hern. • •<br />

Cinnamomum stenophyllum (Meisn.) Vattimo-Gil • • •<br />

Cinnamomum tomentulosum Kosterm. • •<br />

Cinnamomum triplinerve (Ruiz & Pav.) Kosterm. • • • • •<br />

Cinnamomum uninerveum Loréa-Hern. •<br />

Cryptocarya aschersoniana Mez • • • • •<br />

Endlicheria glomerata Mez • •<br />

Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. • • • • • •<br />

Licaria armeniaca (Nees) Kosterm. •<br />

Nectandra cissiflora Nees • • • • • •<br />

Nectandra cuspidata Nees •<br />

morr<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 57<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

Nectandra grandiflora Nees • • •<br />

Nectandra lanceolata Nees • • • • • •<br />

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez • • •<br />

cato<br />

Nectandra nitidula Nees • • • • •<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


58 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Nectandra oppositifolia Nees • • • • • • • • • •<br />

Nectandra puberula (Schott) Nees •<br />

Nectandra reticulata (Ruiz & Pav.) Mez • • •<br />

Nectandra venulosa Meisn. •<br />

Nectandra warmingii Meisn. • •<br />

Ocotea aciphylla (Nees) Mez • • •<br />

Ocotea brachybotra (Meisn.) Mez • • •<br />

Ocotea canaliculata (Rich.) Mez •<br />

Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez • • • • • • • • •<br />

Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez • • •<br />

Ocotea dispersa (Nees) Mez • • •<br />

Ocotea divaricata (Nees) Mez •<br />

Ocotea felix Coe-Teixeira •<br />

Ocotea glaziovii Mez • •<br />

Ocotea glomerata (Nees) Mez • • •<br />

Ocotea lancifolia (Schott) Mez • • • • •<br />

Ocotea laxa (Nees) Mez • • •<br />

Ocotea longifolia Kunth •<br />

Ocotea minarum (Nees) Mez • • •<br />

Ocotea notata (Nees & Mart.) Mez • • • • •<br />

Ocotea nutans (Nees) Mez • • •<br />

Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer • • • • •<br />

Ocotea oppositifolia S.Yasuda • • • •<br />

Ocotea percoriacea (Meisn.) Kosterm. • • • • • • • • •<br />

Ocotea pomaderroides (Meisn.) Mez • • • • • • •<br />

Ocotea puberula (Rich.) Nees • • • •<br />

Ocotea pulchella Mart. • • • •<br />

Ocotea silvestris Vattimo-Gil •<br />

Ocotea spectabilis (Meisn.) Mez •<br />

Ocotea spixiana (Nees) Mez • • • • • • • • • •<br />

Ocotea tabacifolia (Meisn.) Rohwer •<br />

Ocotea tristis (Nees) Mez • • •<br />

Ocotea urbaniana Mez • •<br />

Ocotea velloziana (Meisn.) Mez • • • • • • • •<br />

Ocotea velutina (Nees) Rohwer • • • •<br />

Persea alba Nees • • •<br />

Persea fulva L.E.Kopp • • • • • • • • • • •<br />

Persea rufotomentosa Nees & Mart. ex Nees • • • • •<br />

Persea splendens Meisn. • • • •<br />

Phyllostemonodaphne geminiflora (Mez) Kosterm. •<br />

Urbanodendron verrucosum (Nees) Mez •<br />

Lecythidaceae<br />

morr<br />

gent<br />

Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze • • • • • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Cariniana legalis (Mart.) Kuntze •<br />

Lecythis lanceolata Poir. • • •<br />

Lecythis pisonis Cambess. •<br />

Loganiaceae<br />

Antonia ovata Pohl • • • • • •<br />

Strychnos bicolor Progel •<br />

Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. • • • •<br />

Strychnos nigricans Progel • •<br />

Strychnos pseudoquina A.St.-Hil. •<br />

Lythraceae<br />

Lafoensia pacari A.St.-Hil. • • • • • • • •<br />

Magnoliaceae<br />

Magnolia ovata (A.St.-Hil.) Spreng. • • •<br />

Malpighiaceae<br />

Byrsonima blanchetiana Miq. • • • •<br />

Byrsonima correifolia A.Juss. • • • • •<br />

Byrsonima gardneriana A.Juss. • •<br />

Byrsonima intermedia A.Juss. • •<br />

Byrsonima lancifolia A.Juss. • •<br />

Byrsonima laxiflora Griseb. • • • • •<br />

Byrsonima macrophylla (Pers.) W.R.Anderson • •<br />

Byrsonima sericea DC. • • • • • • • • •<br />

Byrsonima spinensis W.R.Anderson •<br />

Byrsonima stannardii W.R.Anderson • •<br />

Byrsonima vacciniifolia A.Juss. • • •<br />

Byrsonima variabilis A.Juss. •<br />

Byrsonima verbascifolia (L.) DC. • •<br />

Heteropterys byrsonimifolia A.Juss. • •<br />

Heteropterys sincorensis W.R.Anderson • • • •<br />

Malvaceae<br />

Abutilon bedfordianum A.St.-Hil. • •<br />

Apeiba tibourbou Aubl. • •<br />

Bastardiopsis densiflora (Hook. & Arn.) Hassl. •<br />

Ceiba jasminodora (A.St.-Hil.) K.Schum. • •<br />

Ceiba pubiflora (A.St.-Hil.) K.Schum. • • •<br />

Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna •<br />

Ceiba ventricosa (Nees & Mart.) Ravenna •<br />

morr<br />

gent<br />

Eriotheca candolleana (K.Schum.) A.Robyns • • • •<br />

Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns •<br />

Eriotheca parvifolia (Mart. & Zucc.) A.Robyns •<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 59<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

Guazuma ulmifolia Lam. • • • • • • •<br />

Helicteres brevispira A.St.-Hil. • • • • • • •<br />

cato<br />

Helicteres ovata Lam. • • • • • • •<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


60 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Luehea candicans Mart. & Zucc. • • • •<br />

Luehea divaricata Mart. • • • • • •<br />

Luehea grandiflora Mart. & Zucc. • • • • • • • • •<br />

Luehea paniculata Mart. & Zucc. •<br />

Pavonia luetzelburgii Ulbr. • • • • •<br />

Pavonia malacophylla (Link & Otto) Garcke • • • • •<br />

Pavonia malvaviscoides A.St.-Hil. • •<br />

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns • • • • •<br />

Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A.Robyns •<br />

Pseudobombax riopretense Ravenna •<br />

Pseudobombax tomentosum (Mart. & Zucc.) •<br />

A.Robyns<br />

Sterculia striata A.St.-Hill. & Naudin • •<br />

Marcgraviaceae<br />

Norantea adamantium Cambess. • • • •<br />

Melastomataceae<br />

Huberia consimilis Baumgratz • •<br />

Huberia laurina DC. • •<br />

Huberia piranii Baumgratz • •<br />

Leandra aurea (Cham.) Cogn. • • • • • •<br />

Leandra carassana (DC.) Cogn. • • •<br />

Leandra glazioviana Cogn. •<br />

Leandra lacunosa Cogn. • • •<br />

Leandra melastomoides Raddi • • • • • • •<br />

Leandra scabra DC. • • • •<br />

Leandra sericea DC. •<br />

Macairea radula (Bonpl.) DC. • • • • •<br />

Merianthera sipolisii (Glaz. & Cogn.) Wurdack • •<br />

Miconia albicans (Sw.) Triana • • • • • • • •<br />

Miconia brunnea Mart. •<br />

Miconia calvescens Schrank & Mart. ex DC. • •<br />

Miconia caudigera DC. •<br />

Miconia cecidophora Naudin •<br />

Miconia chamissoi Naudin • • • •<br />

Miconia chartacea Triana • • • • • •<br />

Miconia ciliata (L.C.Rich.) DC. • • • •<br />

Miconia cinerascens Miq. •<br />

Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin • • • • • • • • • •<br />

Miconia corallina Spring •<br />

Miconia cubatanensis Hoehne • • • • •<br />

Miconia cyathanthera Triana • •<br />

Miconia discolor DC. •<br />

morr<br />

Miconia dodecandra (Desr.) Cogn. • •<br />

gent<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Miconia eichleri Cogn. • • • •<br />

Miconia elegans Cogn. •<br />

Miconia fasciculata Gardner •<br />

Miconia ferruginata DC. • •<br />

Miconia herpetica DC. •<br />

Miconia ibaguensis (Bonpl.) Triana • • •<br />

Miconia latecrenata (DC.) Naudin • • • • • •<br />

Miconia ligustroides (DC.) Naudin • • • • • • • • • • • •<br />

Miconia macrothyrsa Benth. •<br />

Miconia minutiflora (Bonpl.) DC. • • • •<br />

Miconia multinervia Cogn. • • •<br />

Miconia paniculata (Mart. & Schrank ex DC.) • •<br />

Naudin<br />

Miconia pepericarpa DC. • • • • • • • • • • •<br />

Miconia pusilliflora (DC.) Triana •<br />

Miconia rimalis Naudin • • • • • • •<br />

Miconia sclerophylla Triana • • •<br />

Miconia sellowiana Naudin • •<br />

Miconia stenostachya DC. •<br />

Miconia theaezans (Bonpl.) Cogn. • • • •<br />

Miconia trianae Cogn. • •<br />

Miconia urophylla DC. •<br />

Miconia vauthieri Naudin • • •<br />

Tibouchina candolleana (Mart. ex DC.) Cogn. • • • • • • • • • •<br />

Tibouchina canescens (D.Don) Cogn. • •<br />

Tibouchina estrellensis (Raddi) Cogn. • • •<br />

Tibouchina fissinervia (Schrank & Mart. ex DC.) • • • • • • • • •<br />

Cogn.<br />

Tibouchina fothergillae (DC.) Cogn. •<br />

Tibouchina moricandiana (DC.) Baill. • • •<br />

Tibouchina sellowiana (Cham.) Cogn. • • • • •<br />

Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. • • • • • • • • •<br />

Trembleya parviflora (D.Don) Cogn. • • • • • • • •<br />

Meliaceae<br />

Cabralea canjerana (Vell.) Mart. • • • • • • • • • • • •<br />

Cedrela fissilis Vell. • • • • • • • • • • •<br />

Guarea guidonia (L.) Sleumer • •<br />

Guarea kunthiana A.Juss. • • •<br />

Guarea macrophylla Vahl • • • • • • • •<br />

Trichilia casarettii C.DC. •<br />

morr<br />

Trichilia catigua A.Juss. • • • •<br />

Trichilia elegans A.Juss. • • •<br />

Trichilia emarginata (Turcz.) C.DC. • •<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 61<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


62 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Trichilia hirta L. •<br />

Trichilia lepidota Mart. • •<br />

Trichilia pallens C.DC. • •<br />

Trichilia pallida Sw. • • • • • • • •<br />

Trichilia ramalhoi Rizzini •<br />

Memecylaceae<br />

Mouriri glazioviana Cogn. • • • •<br />

Mouriri guianensis Aubl. •<br />

Mouriri pusa Gardner • • •<br />

Menispermaceae<br />

Abuta selloana Eichler •<br />

Monimiaceae<br />

Macropeplus ligustrinus (Tul.) Perkins • • • • • •<br />

Macropeplus schwackeanus (Perkins) •<br />

I. Santos & Peixoto<br />

Mollinedia argyrogyna Perkins • • • • • •<br />

Mollinedia engleriana Perkins •<br />

Mollinedia micrantha Tul. •<br />

Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins • •<br />

Mollinedia triflora (Spreng.) Tul. • • • •<br />

Mollinedia widgrenii A.DC. • • • • • •<br />

Moraceae<br />

Brosimum gaudichaudii Trécul •<br />

Brosimum glaucum Taub. •<br />

Brosimum guianense (Aubl.) Huber • • • •<br />

Ficus adhatodifolia Schott • • •<br />

Ficus calyptroceras (Miq.) Miq. • • •<br />

Ficus cestrifolia Schott •<br />

Ficus clusiifolia Schott • •<br />

Ficus crocata (Miq.) Miq. • •<br />

Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Mart. • • • • • • • • •<br />

Ficus eximia Schott •<br />

Ficus gomelleira Kunth & Bouché • • • • •<br />

Ficus lagoensis C.C.Berg & Carauta •<br />

Ficus laureola Warb. ex C.C.Berg •<br />

Ficus longifolia Schott •<br />

Ficus pertusa L.f. • • • • • • • • • • •<br />

Maclura tinctoria (L.) Steud. • • •<br />

Naucleopsis oblongifolia (Kuhlm.) Carauta • •<br />

Pseudolmedia laevigata Trécul •<br />

Sorocea guilleminiana Gaudich. • • • • • • • • • •<br />

Myristicaceae<br />

morr<br />

gent<br />

Virola bicuhyba (Schott) Warb. • •<br />

Virola sebifera Aubl. •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Myrsinaceae<br />

Cybianthus detergens Mart. • • •<br />

Cybianthus gardneri (A.DC.) G.Agostini •<br />

Cybianthus glaber A.DC. • •<br />

Cybianthus peruvianus (A.DC.) Miq. • • • • •<br />

Myrsine coriacea (Sw.) Roem. & Schult. • • • • • • • • • •<br />

Myrsine gardneriana A.DC. • • • • • •<br />

Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze • • • • • • • • • • •<br />

Myrsine umbellata Mart. • • • • • • • • • • • • • •<br />

Myrsine venosa A.DC. • • • • •<br />

Myrsine villosissima Mart. • •<br />

Myrtaceae<br />

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg • • • • • • • • • • • • •<br />

Calyptranthes brasiliensis Spreng. • • • •<br />

Calyptranthes clusiifolia O.Berg • • • • • •<br />

Calyptranthes grammica (Spreng.) D.Legrand •<br />

Calyptranthes lucida Mart. ex DC. • • •<br />

Calyptranthes pulchella DC. • • • • • • • •<br />

Calyptranthes tetraptera O.Berg •<br />

Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk. • •<br />

Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg • • • • •<br />

Campomanesia sessiliflora (O.Berg) Mattos •<br />

Campomanesia simulans M.L.Kawas. •<br />

Campomanesia velutina (Cambess.) O.Berg •<br />

Campomanesia xanthocarpa O.Berg • • • • • • • • •<br />

Eugenia acutata Miq. •<br />

Eugenia aurata O.Berg •<br />

Eugenia candolleana DC. •<br />

Eugenia cerasiflora Miq. • •<br />

Eugenia cuprea (O.Berg) Nied. •<br />

Eugenia dodonaeifolia Cambess. • •<br />

Eugenia dysenterica DC. •<br />

Eugenia egensis DC. •<br />

Eugenia excelsa O.Berg • • •<br />

Eugenia florida DC. • • • • • • • • • • • • •<br />

Eugenia hiemalis Cambess. • • • •<br />

Eugenia ilhensis O.Berg •<br />

Eugenia involucrata DC. • • • • • •<br />

Eugenia lagoensis Kiaersk. •<br />

Eugenia laruotteana Cambess. • •<br />

Eugenia ligustrina (Sw.) Willd. • • •<br />

Eugenia macrosperma DC. •<br />

morr<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 63<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

Eugenia modesta DC. • • • •<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


64 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Eugenia neoglomerata Sobral •<br />

Eugenia pleurantha O.Berg •<br />

Eugenia prasina O.Berg • •<br />

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. • • • • • • • • • • •<br />

Eugenia stictopetala DC. • • • •<br />

Eugenia subterminalis DC. • •<br />

Eugenia ternatifolia Cambess. • • •<br />

Eugenia uniflora L. • •<br />

Eugenia vattimoana Mattos • •<br />

Eugenia vetula DC. • •<br />

Eugenia viridiflora Cambess. •<br />

Eugenia widgrenii Sonder ex O.Berg •<br />

Marlierea angustifolia (O.Berg) Mattos •<br />

Marlierea clausseniana (O.Berg) Kiaersk. • • • • • •<br />

Marlierea excoriata Mart. • •<br />

Marlierea laevigata (DC.) Kiaersk. • • • • • •<br />

Marlierea luschnathiana (O.Berg) D.Legrand •<br />

Marlierea racemosa (Vell.) Kiaersk. • • •<br />

Marlierea rubiginosa (Cambess.) D.Legrand •<br />

Myrceugenia alpigena (DC.) Landrum • • • • • • •<br />

Myrceugenia bracteosa (DC.) D.Legrand & Kausel •<br />

Myrcia amazonica DC. • • • • • • • • • • • •<br />

Myrcia blanchetiana (O.Berg) Mattos • • • • • •<br />

Myrcia bullata O.Berg •<br />

Myrcia crocea (Vell.) Kiaersk. • •<br />

Myrcia cymosa (O.Berg) Nied. • • •<br />

Myrcia eriocalyx DC. • • • • • • •<br />

Myrcia eriopus DC. • •<br />

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. • • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Myrcia hartwegiana (O.Berg) Kiaersk. •<br />

Myrcia hebepetala DC. • • • • •<br />

Myrcia ilheosensis Kiaersk. • • • • •<br />

Myrcia jacobinensis Mattos • • • • •<br />

Myrcia laruotteana Cambess. • • • • • • • •<br />

Myrcia lindeniana (O.Berg) C.Wright • • • • • • •<br />

Myrcia mischophylla Kiaersk. • • • •<br />

Myrcia multiflora (Lam.) DC. • • •<br />

Myrcia mutabilis (O.Berg) N.Silveira • • • • • • •<br />

Myrcia nobilis O.Berg • •<br />

morr<br />

gent<br />

Myrcia oblongata DC. •<br />

Myrcia obovata (O.Berg) Nied. • • • • • •<br />

Myrcia palustris DC. •<br />

Myrcia pubescens DC. • • • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Myrcia pulchra (O.Berg) Kiaersk. •<br />

Myrcia reticulosa Miq. • • • • • •<br />

Myrcia retorta Cambess. • • • • • • •<br />

Myrcia salzmannii O.Berg • •<br />

Myrcia splendens (Sw.) DC. • • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Myrcia sylvatica (G.Mey.) DC. • •<br />

Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Myrcia variabilis DC. •<br />

Myrcia venulosa DC. • • • • • • •<br />

Myrcia vestita DC. • • •<br />

Myrciaria cuspidata O.Berg • • • • • •<br />

Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Myrciaria glazioviana (Kiaersk.) •<br />

G.Barroso ex Sobral<br />

Myrciaria tenella (DC.) O.Berg • • • •<br />

Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum • • • • • • • •<br />

Psidium appendiculatum Kiaersk. • • • •<br />

Psidium cattleianum Sabine • • •<br />

Psidium guajava L. • • •<br />

Psidium guineense Sw. • • • • • •<br />

Psidium rufum DC. • • • • • •<br />

Psidium sartorianum (O.Berg) Nied. • • • • •<br />

Siphoneugena densiflora O.Berg • • • • • • • • • • •<br />

Siphoneugena kiaerskoviana (Burret) Kausel •<br />

Siphoneugena widgreniana O.Berg • • • •<br />

Syzygium jambos (L.) Alston • • •<br />

Nyctaginaceae<br />

Bougainvillea glabra Choisy •<br />

Guapira campestris (Netto) Lundell • • •<br />

Guapira graciliflora (Schmidt) Lundell • • • • • • • • •<br />

Guapira hirsuta (Choisy) Lundell • • • • •<br />

Guapira noxia (Netto) Lundell • • •<br />

Guapira obtusata (Jacq.) Lundell • • •<br />

Guapira opposita (Vell.) Reitz • • • • • • • • • • • • • •<br />

Ochnaceae<br />

Ouratea castaneifolia (DC.) Engl. • • • • • •<br />

Ouratea crassifolia Engl. • •<br />

Ouratea cuspidata Thiegh. • • •<br />

Ouratea floribunda Engl. • • • •<br />

Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill. •<br />

morr<br />

Ouratea salicifolia Engl. • • •<br />

Ouratea semiserrata (Mart. & Nees) Engl. • • • • • • • • •<br />

Ouratea spectabilis (Mart. & Engl.) Engl. •<br />

Ouratea tenuifolia Engl. •<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 65<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


66 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Olacaceae<br />

Cathedra bahiensis Sleumer •<br />

Dulacia pauciflora (Benth.) Kuntze •<br />

Heisteria blanchetiana (Engl.) Sleumer • • • •<br />

Heisteria citrifolia Engl. • •<br />

Heisteria silvianii Schwacke • • • •<br />

Schoepfia brasiliensis A.DC. • • • •<br />

Ximenia americana L. • •<br />

Ximenia coriacea Engl. • • • •<br />

Oleaceae<br />

Chionanthus crassifolius (Mart.) P.S.Green • • •<br />

Chionanthus ferrugineus (Gilg) P.S.Green • • • •<br />

Chionanthus subsessilis (Eichler) P.S.Green •<br />

Pentaphylacaceae<br />

Ternstroemia alnifolia Wawra •<br />

Ternstroemia brasiliensis Cambess. •<br />

Ternstroemia carnosa Cambess. • • • • • • • • •<br />

Phyllanthaceae<br />

Gonatogyne brasiliensis (Baill.) Müll.Arg. •<br />

Hieronyma alchorneoides Allemão • • • • • •<br />

Margaritaria nobilis L.f. •<br />

Phyllanthus claussenii Müll.Arg. • •<br />

Richeria grandis Vahl • • • • •<br />

Picramniaceae<br />

Picramnia bahiensis Turcz. •<br />

Picramnia ciliata Mart. • •<br />

Picramnia glazioviana Engl. • • •<br />

Picramnia parvifolia Engl. • •<br />

Piperaceae<br />

Piper aduncum L. • • • • •<br />

Piper amalago L. • • • • •<br />

Piper arboreum Aubl. • • • • • • •<br />

Piper cernuum Vell. • • • • • • • • •<br />

Piper crassinervium Kunth • • •<br />

Piper dilatatum L.C.Rich. •<br />

Piper gaudichaudianum Kunth •<br />

Podocarpaceae<br />

Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl. • • • •<br />

Podocarpus sellowii Klotzsch ex Endl. • • • • •<br />

Polygonaceae<br />

Coccoloba alnifolia Casar. •<br />

Coccoloba brasiliensis Nees & Mart. • • • • • •<br />

Coccoloba glaziovii Lindau •<br />

morr<br />

gent<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Coccoloba obtusifolia Jacq. • •<br />

Coccoloba ovata Benth. •<br />

Coccoloba salicifolia Wedd. • •<br />

Coccoloba warmingii Meisn. • • •<br />

Ruprechtia laxiflora Meisn. • • •<br />

Proteaceae<br />

Euplassa bahiensis (Meisn.) I.M.Johnst. •<br />

Euplassa incana (Klotzsch) I.M.Johnst. • • • • •<br />

Euplassa legalis (Vell.) I.M.Johnst. • • •<br />

Euplassa semicostata Plana • •<br />

Panopsis rubescens (Pohl) Rusby •<br />

Roupala montana Aubl. • • • • • • • • • • • • • •<br />

Roupala paulensis Sleumer •<br />

Roupala rhombifolia Mart. ex Meisn. • • •<br />

Roupala thomesiana Moric. •<br />

Rhamnaceae<br />

Colubrina glandulosa Perkins • •<br />

Rhamnidium elaeocarpum Reissek •<br />

Rhamnus sphaerosperma Sw. • • • • •<br />

Ziziphus platyphylla Reissek •<br />

Rosaceae<br />

Prunus myrtifolia (L.) Urb. • • • • • • • • • • •<br />

Rubiaceae<br />

Alibertia edulis (L.C.Rich.) A.Rich. ex DC. •<br />

Alseis floribunda Schott • • •<br />

Amaioua guianensis Aubl. • • • • • • • • • • • • •<br />

Bathysa australis (A.St.-Hil.) Benth. & Hook.f. • • •<br />

Bathysa mendoncae K.Schum. •<br />

Bathysa nicholsonii K.Schum. • •<br />

Chiococca alba (L.) Hitchc. • • • • • • • •<br />

Chomelia parviflora (Müll.Arg.) Müll.Arg. • •<br />

Chomelia sericea Müll.Arg. • •<br />

Cordiera concolor var. rotunda C.Perss. & • • • • • •<br />

Delprete<br />

Cordiera elliptica Kuntze • • • • • • • • • •<br />

Cordiera myrciifolia (K.Schum.) C.Perss. & • •<br />

Delprete<br />

Cordiera rigida (K.Schum.) Kuntze •<br />

Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze • • • • • •<br />

Coussarea congestiflora Müll.Arg. •<br />

Coussarea contracta (Walp.) Müll.Arg. •<br />

Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum. • • • • • •<br />

Faramea hyacinthina Mart. •<br />

morr<br />

gent<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 67<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


68 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Faramea multiflora A.Rich. •<br />

Faramea nigrescens Mart. • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Ferdinandusa speciosa Pohl •<br />

Guettarda platypoda DC. •<br />

Guettarda sericea Müll.Arg. • • • •<br />

Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. • • • • • • •<br />

Ixora brevifolia Benth. • • • • • • • • • •<br />

Ixora gardneriana Benth. •<br />

Ixora venulosa Benth. • • • • •<br />

Machaonia acuminata Humb. & Bonpl. •<br />

Molopanthera paniculata Turcz. • • • • • •<br />

Palicourea blanchetiana Schltdl. •<br />

Palicourea crocea (Sw.) Schult. • • • • •<br />

Posoqueria latifolia (Rudge) Roem. & Schult. • • • •<br />

Psychotria capitata Ruiz & Pav. • • • •<br />

Psychotria carthagenensis Jacq. • • • • • •<br />

Psychotria hastisepala Müll.Arg. •<br />

Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl. • • • •<br />

Psychotria malaneoides Müll.Arg. •<br />

Psychotria pubigera Schltdl. • • • •<br />

Psychotria vellosiana Benth. • • • • • • • • • • • • •<br />

Randia armata Sw. • • • •<br />

Rudgea jacobinensis Müll.Arg. • • • •<br />

Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. • • • • •<br />

Rudgea nodosa (Cham.) Benth. • •<br />

Rudgea sessilis (Vell.) Müll.Arg. •<br />

Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. • • •<br />

Tocoyena brasiliensis Mart. • • •<br />

Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum. • •<br />

Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K.Schum. • •<br />

Rutaceae<br />

Balfourodendron molle (Miq.) Pirani • • •<br />

Conchocarpus pentandrus (Engl.) •<br />

Kallunki & Pirani<br />

Dictyoloma vandellianum A.Juss. • • • • • • • • •<br />

Esenbeckia decidua Pirani •<br />

Esenbeckia febrifuga (A.St.-Hil.) • • • •<br />

A.Juss. ex Mart.<br />

Esenbeckia grandiflora Mart. • • • • • • • •<br />

Esenbeckia irwiniana Kaastra • •<br />

Galipea jasminiflora (A.St.-Hil.) Engl. • • • •<br />

Helietta glaziovii (Engl.) Pirani • • • •<br />

morr<br />

gent<br />

Hortia arborea Engl. • • • • • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Metrodorea mollis Taub. • • • •<br />

Metrodorea nigra A.St.-Hil. • • • • • •<br />

Metrodorea stipularis Mart. • • • •<br />

Pilocarpus pauciflorus A.St.-Hil. •<br />

Pilocarpus pennatifolius Lem. •<br />

Pilocarpus spicatus A.St.-Hil. • • • •<br />

Zanthoxylum caribaeum Lam. • • • •<br />

Zanthoxylum fagara (L.) Sarg. • • • • • • •<br />

Zanthoxylum garneri Engler •<br />

Zanthoxylum petiolare A.St.-Hil. & Tul. • •<br />

Zanthoxylum rhoifolium Lam. • • • • • • • • • • • • • • • • •<br />

Zanthoxylum riedelianum Engl. • •<br />

Zanthoxylum stelligerum Turcz. • •<br />

Zanthoxylum tingoassuiba A.St.-Hil. • •<br />

Sabiaceae<br />

Meliosma sinuata Urb. •<br />

Salicaceae<br />

Abatia americana (Gardner) Eichler •<br />

Casearia arborea (Rich.) Urb. • • • • • • • • • • •<br />

Casearia commersoniana Cambess. • • • • •<br />

Casearia decandra Jacq. • • • • •<br />

Casearia eichleriana Sleumer • • • • • • •<br />

Casearia gossypiosperma Briq. •<br />

Casearia grandiflora Cambess. • • • • •<br />

Casearia javitensis Kunth • • •<br />

Casearia lasiophylla Eichler • •<br />

Casearia obliqua Spreng. • • • • •<br />

Casearia rufescens Cambess. • • • •<br />

Casearia rupestris Eichler •<br />

Casearia sylvestris Sw. • • • • • • • • • • • • • •<br />

Prockia crucis P.Browne ex L. •<br />

Xylosma ciliatifolia (Clos) Eichler • • • •<br />

Xylosma prockia (Turcz.) Turcz. •<br />

Sapindaceae<br />

Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Radlk. • • • •<br />

Allophylus racemosus Sw. •<br />

Cupania emarginata Cambess. • • •<br />

Cupania ludowigii Somner & Ferruci • • • • • • • • • •<br />

Cupania paniculata Cambess. • • • • • •<br />

morr<br />

Cupania racemosa (Vell.) Radlk. •<br />

Cupania radlkoferi Acev.-Rodr. •<br />

gent<br />

Cupania rigida Radlk. • •<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 69<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

Cupania vernalis Cambess. • • • • • • •<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


70 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Cupania zanthoxyloides Cambess. • •<br />

Diatenopteryx grazielae Vaz & Andreata •<br />

Dilodendron bipinnatum Radlk. •<br />

Dodonaea viscosa Jacq. • • • •<br />

Matayba heterophylla (Mart.) Radlk. • •<br />

Matayba juglandifolia (Cambess.) Radlk. • • • • •<br />

Matayba marginata Radlk. • • • •<br />

Matayba mollis Radlk. • • • • • • • • •<br />

Matayba punctata Radlk. •<br />

Toulicia laevigata Radlk. •<br />

Sapotaceae<br />

Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl. • • • • • • •<br />

Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. • • • • • • •<br />

Chrysophyllum rufum Mart. • •<br />

Manilkara rufula (Miq.) Lam. •<br />

Micropholis emarginata T.D.Penn. • •<br />

Micropholis gardneriana (A.DC.) Pierre • • • • •<br />

Micropholis gnaphaloclados (Mart.) Pierre • • • •<br />

Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre • •<br />

Pouteria andarahiensis T.D.Penn. • • •<br />

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. •<br />

Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni • • • •<br />

Pouteria gardneriana (A.DC.) Radlk. • •<br />

Pouteria glomerata (Miq.) Radlk. •<br />

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. • • • • • • •<br />

Pouteria reticulata (Engl.) Eyma •<br />

Pouteria subsessilifolia Cronq. •<br />

Pouteria torta (Mart.) Radlk. • • •<br />

Pouteria venosa (Mart.) Baehni • • •<br />

Simaroubaceae<br />

Simaba cuneata A.St.-Hil. & Tul. •<br />

Simarouba amara Aubl. • • • • •<br />

Simarouba versicolor A.St.-Hil. •<br />

Siparunaceae<br />

Siparuna Brasiliense A.DC. • • • • • •<br />

Siparuna guianensis Aubl. • • • • • • •<br />

Siparuna poeppigii (Tul.) A.DC. •<br />

Siparuna reginae (Tul.) A.DC. •<br />

Solanaceae<br />

Aureliana velutina Sendtn. • • • •<br />

Brunfelsia brasiliensis (Spreng.) L.B.Sm. & Downs •<br />

Brunfelsia uniflora (Pohl) D.Don • • •<br />

morr<br />

gent<br />

Cestrum bracteatum Link & Otto • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...


...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Cestrum laevigatum Schltdl. • •<br />

Cestrum mariquitense Kunth •<br />

Cestrum schlechtendalii G.Don •<br />

Metternichia princeps Mik. •<br />

Sessea brasiliensis Toledo •<br />

Solanum asperum Rich. • •<br />

Solanum bullatum Vell. • •<br />

Solanum caavurana Vell. •<br />

Solanum campaniforme Roem. & Schult. •<br />

Solanum cernuum Vell. • • • •<br />

Solanum cladotrichum Vand. • • •<br />

Solanum crinitum Lam. • • • • • • •<br />

Solanum granulosoleprosum Dunal • • • • •<br />

Solanum intermedium Sendtn. • •<br />

Solanum latiflorum Bohs • •<br />

Solanum leptostachys Dunal • • •<br />

Solanum leucodendron Sendtn. • •<br />

Solanum pseudoquina A.St.-Hil. • • •<br />

Solanum rufescens Sendtn. •<br />

Solanum subumbellatum Vell. •<br />

Solanum swartzianum Roem. & Schult. • • • • •<br />

Solanum velleum Thunb. •<br />

Solanum warmingii Hieron. •<br />

Styracaceae<br />

Styrax acuminatus Pohl • • •<br />

Styrax aureus Mart. • • •<br />

Styrax camporum Pohl • • • • • • • •<br />

Styrax ferrugineus Nees & Mart. •<br />

Styrax latifolius Pohl • • •<br />

Styrax pedicellatus (Perkins) B.Walln. • •<br />

Styrax pohlii A.DC. •<br />

Styrax rotundatus (Perkins) P.W.Fritsch • • • • • •<br />

Symplocaceae<br />

Symplocos celastrinea Mart. ex Miq. • • •<br />

Symplocos lanceolata (Mart.) A.DC. • • • • •<br />

Symplocos nitens Benth. • • •<br />

Symplocos pubescens Klotzsch ex Benth. • •<br />

Symplocos rhamnifolia A.DC. • •<br />

Theaceae<br />

Laplacea fruticosa (Schrad.) Kobuski • • • • •<br />

Laplacea tomentosa (Mart. & Zucc.) G.Don • • • • •<br />

Thymelaeaceae<br />

morr<br />

gent<br />

Daphnopsis brasiliensis Mart. & Zucc. •<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 71<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


72 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 3<br />

FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />

Daphnopsis coriacea Taub. • • •<br />

Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling • • • •<br />

Daphnopsis utilis Warm. • • • •<br />

Trigoniaceae<br />

Trigonia eriosperma (Lam.) Fromm & Santos •<br />

Urticaceae<br />

Cecropia glaziovii Snethl. • • • • •<br />

Cecropia hololeuca Miq. • • • • •<br />

Cecropia pachystachya Trécul • • • • • • • • • • • • • •<br />

Cecropia saxatilis Snethl. • • •<br />

Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini •<br />

Pourouma guianensis Aubl. • •<br />

Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. •<br />

Velloziaceae<br />

Vellozia gigantea N.L.Menezes & Mello-Silva •<br />

Verbenaceae<br />

Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) A.Juss. • • •<br />

Citharexylum myrianthum Cham. •<br />

Vochysiaceae<br />

Callisthene major Mart. • • • • • •<br />

Callisthene minor Mart. • • •<br />

Qualea cordata (Mart.) Spreng. • • • • •<br />

Qualea dichotoma (Mart.) Warm. • • • • • •<br />

Qualea grandiflora Mart. •<br />

Qualea multiflora Mart. • • •<br />

Qualea selloi Warm. • • •<br />

Salvertia convallariodora A.St.-Hil. •<br />

Vochysia acuminata Bong. • •<br />

Vochysia dasyantha Warm. •<br />

Vochysia elliptica (Spr.) Mart. • • •<br />

Vochysia emarginata Vahl • • • • •<br />

Vochysia magnifica Warm. •<br />

Vochysia oblongifolia Warm. •<br />

Vochysia pyramidalis Mart. • • • • •<br />

Vochysia thyrsoidea Pohl • • • • • •<br />

Vochysia tucanorum Mart. • • • • • • • • • • • •<br />

Winteraceae<br />

morr<br />

gent<br />

Drimys brasiliensis Miers • • • • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

BAHIA MINAS GERAIS<br />

jaco<br />

cato<br />

palm<br />

mucu<br />

grao<br />

diam<br />

cipo<br />

leme<br />

chap<br />

barb<br />

belo<br />

cong<br />

novl<br />

mari<br />

cata<br />

ouro


Análise florística<br />

A Figura 2 apresenta o dendrograma de similaridade florística<br />

obtido pela análise de agrupamento (UPGMA) tendo<br />

como referência o coeficiente de similaridade de<br />

Sørensen. Formaram-se quatro grupos que correspondem<br />

às seguintes regiões: (a) Quadrilátero Ferrífero, MG<br />

(Santa Bárbara, Belo Horizonte, Catas Altas da Noruega,<br />

Congonhas do Campo, Nova Lima, Mariana e Ouro Preto);<br />

(b) Chapada de São Domingos (Chapada de São Domingos<br />

e Leme do Prado), MG; (c) Espinhaço Central, em<br />

Minas Gerais (Serra do Cipó, Diamantina e Grão Mogol)<br />

e Bahia (Catolés, Palmeiras, Mucugê); e (d) Disjunções<br />

Setentrionais da Chapada Diamantina (Gentio do Ouro,<br />

Jacobina e Morro do Chapéu). O dendrograma revela ainda<br />

que os grupos correspondentes aos extremos sul e<br />

norte apresentaram as diferenças florísticas mais pronunciadas.<br />

No entanto, os outros dois grupos, localizados<br />

na porção mediana da mesma, apresentaram baixa<br />

similaridade entre si (índice de Sørensen < 30%).<br />

O Quadrilátero Ferrífero (MG), grupo localizado no<br />

extremo sul da Cadeia do Espinhaço, é dominado por<br />

montanhas com topografia que varia de suaves colinas,<br />

associadas às formações graníticas e gnáissicas,<br />

a trechos bastante acidentados, associados aos afloramentos<br />

quartzíticos e a cangas hematíticas (Herz, 1978;<br />

Vincent, 2004). Nas regiões mais altas (> 1000 m), exis-<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 73<br />

tem campos com florestas ocorrendo nas áreas de drenagem<br />

e que preenchem os vales e as encostas erodidas,<br />

além de incluir enclaves de cerrado (Fundação Biodiversitas,<br />

1993; Muzzi & Stehmann, 2005). É a região<br />

que apresenta maior número de estudos, possivelmente<br />

por situar-se próximo dos principais centros de pesquisa<br />

do Estado. Ressalta-se a importância da região<br />

como manancial aqüífero junto às regiões urbanas<br />

e por atuar como um divisor de águas das bacias hidrográficas<br />

do Rio São Francisco (sub-bacias Rio das<br />

Velhas e Rio Paraopeba), a oeste, e Rio Doce, a leste.<br />

Cabe destacar a baixa similaridade florística entre<br />

Ouro Preto e as demais áreas desse grupo, o que é provavelmente<br />

influenciado pela sua maior altitude e temperaturas<br />

mais baixas. Spósito e Stehmann (2006) não<br />

encontraram correlações significativas entre distância<br />

geográfica e similaridade florística entre oito áreas florestais<br />

do Quadrilátero Ferrífero. Os autores afirmam<br />

que as variações na temperatura, precipitação, altitude,<br />

e principalmente o histórico de perturbação são<br />

provavelmente os fatores que mais influenciaram as<br />

variações florísticas. Dentre estes fatores, merece destaque<br />

o histórico de perturbação na região desde o ciclo<br />

da mineração no século XVII. O quadro agravou-se<br />

a partir da década de 40, com a adoção do corte raso<br />

de florestas nativas visando à produção do carvão ve-<br />

FIGURA 2 – Dendrograma de similaridade florística obtido por uma matriz de presença / ausência, de todas espécies arbóreas<br />

presentes em 18 áreas de fitofisionomia florestais da Serra do Espinhaço, utilizando o método de médias ponderadas por grupo<br />

(UPGMA) e o coeficiente de Sørensen. As áreas estão classificadas em quatro grupos conforme diagrama gerado pela Análise de<br />

Correspondência Canônica (CCA): () Quadrilátero Ferrífero; () Chapada de São Domingos; ()Espinhaço Central em Minas<br />

Gerais e Bahia; e () Disjunções Setentrionais da Chapada Diamantina.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


74 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

getal para as usinas siderúrgicas instaladas junto às reservas<br />

de minério de ferro (Cetec, 1989). Atualmente,<br />

as áreas florestais estão sujeitas a fortes pressões de<br />

desmatamento, incêndios, expansão urbana, mineração<br />

e turismo (Costa et al., 1998; Spósito & Stehmann, 2006).<br />

O segundo grupo constitui a região da Chapada de<br />

São Domingos, localizada entre os vales dos Rios<br />

Araçuaí e Jequitinhonha, cuja vegetação predominante<br />

está sob domínio da Mata Atlântica, entremeada por<br />

pequenas manchas de cerrado. Essa região corresponde<br />

a extensões orientais isoladas da Cadeia do Espinhaço.<br />

Nesta região, Vasconcelos & D’Angelo Neto<br />

(2007) descrevem relictos de uma densa floresta semidecídua<br />

que abrigam espécies endêmicas da avifauna<br />

da Mata Atlântica. Os autores salientam que, no entanto,<br />

a vegetação vem sofrendo diversas alterações advindas<br />

de atividades humanas, como a pecuária, plantação<br />

de monoculturas de Eucalyptus e Pinus.<br />

As florestas semidecíduas do terceiro grupo, o Espinhaço<br />

Central, distribuem-se por uma grande extensão<br />

geográfica, entre o norte de Minas Gerais e a Chapada<br />

Diamantina, na Bahia. Observando o grupo com mais<br />

detalhe, é possível verificar que as regiões da Bahia<br />

apresentaram apenas 30% de similaridade florística com<br />

as de Minas Gerais. Essa baixa similaridade pode ser<br />

resultante das influências que os biomas exercem sobre<br />

a região: o Cerrado sobre as áreas mineiras e a Caatinga<br />

sobre as baianas. Em Minas Gerais, as encostas<br />

dessas serras apresentam predominância da vegetação<br />

típica dos cerrados, que ocupam quase todas as encostas<br />

mais baixas e muitas vezes sobem as vertentes, formando<br />

transições que mesclam as floras do cerrado e<br />

campos rupestres. Em contraste, a Chapada Diamantina<br />

sofre influência de longos períodos de seca e a vegetação<br />

circundante é constituída de caatinga (Andrade-<br />

Lima, 1981), caracterizada por diversas unidades de<br />

vegetação com muitas plantas espinescentes, especialmente<br />

de Fabaceae (subfamília Mimosoideae, gênero<br />

Mimosa e Acacia), suculentas e urticantes. A caatinga<br />

circunda e, às vezes, reveste as vertentes das montanhas,<br />

chegando extraordinariamente a 1000 m (Harley,<br />

1995; Zappi et al., 2003). Nas regiões acima de 1000 m<br />

de altitude, prevalecem formações campestres crescendo<br />

em solos arenosos, pobres em nutrientes e, em sua<br />

maioria, de fácil drenagem (Zappi et al., 2003).<br />

Outro fator que pode contribuir para a dissimilaridade<br />

florística é a existência de terras mais baixas<br />

entre a Chapada Diamantina e o norte do Espinhaço<br />

mineiro, com aproximadamente de 300km de extensão<br />

e altitudes ao redor de 500m, cortada pelos vales<br />

dos Rios de Contas, Pardo e Jequitinhonha. Essa região<br />

provavelmente incrementa o grau de isolamento ao atu-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

ar como barreira migratória para espécies da flora dos<br />

campos rupestres (Harley, 1995). Da mesma forma, a<br />

barreira poderia estar atuando sobre as espécies florestais.<br />

Para a região situada entre Catité, na Chapada<br />

Diamantina, e Grão Mogol, em Minas Gerais, há uma<br />

grande lacuna de estudos sobre a composição da flora<br />

das áreas de florestas.<br />

Observa-se a grande similaridade florística entre a flora<br />

arbórea de Diamantina e a da Serra do Cipó. É importante<br />

ressaltar que a distância da escala do dendrograma é<br />

uma função (Wishart, 1969), e não, uma medida de distância<br />

simples. A função é uma medida que reflete a<br />

perda da informação no procedimento aglomerativo.<br />

Em outras palavras, a medida da escala representa a<br />

distância entre dois pontos, indicando que quanto menor<br />

for esse valor, maior será o nível de similaridade.<br />

Conforme dito, há uma grande similaridade entre as<br />

duas áreas, entretanto estas podem sofrer influências<br />

das variáveis ambientais em diferentes intensidades.<br />

O quarto grupo, compreendendo as Disjunções Setentrionais<br />

da Chapada Diamantina, apresenta baixa similaridade<br />

florística (< 5%) quando comparado com os<br />

demais agrupamentos. Essa dissimilaridade pode ser<br />

atribuída principalmente à influência da caatinga, que<br />

praticamente circunda montanhas muito menores e<br />

mais isoladas que o restante da Chapada Diamantina.<br />

Correlações entre espécies e variáveis ambientais<br />

A CCA produziu autovalores intermediários, respectivamente<br />

0,481 e 0,256 para os eixos de ordenação 1 e<br />

2, indicando a existência de gradientes moderados, ou<br />

seja, p<strong>arte</strong> das espécies distribui-se por todo o gradiente,<br />

e p<strong>arte</strong> é exclusiva de segmentos particulares (ter<br />

Braak, 1995). Os dois eixos explicaram apenas 16,5% e<br />

8,8% da variância global (total acumulado de 25,2%),<br />

indicado muita variância remanescente não explicada<br />

(ruído elevado na estrutura dos dados). No entanto, tal<br />

situação é comum em dados de vegetação e não prejudica<br />

a significância das relações espécie-ambiente (ter<br />

Braak, 1988). Com efeito, a CCA produziu valores muito<br />

altos para as correlações espécie-ambiente nos dois<br />

eixos (r = 0,988 e r = 0,985). Além disso, os testes de<br />

permutação de Monte Carlo indicaram gradientes<br />

significativos nos dois primeiros eixos de ordenação<br />

(p = 0,01 para os autovalores) e correlações significativas<br />

com as variáveis ambientais fornecidas (p = 0,01<br />

para as correlações espécie-ambiente). As variáveis ambientais<br />

com correlações internas mais fortes (r > 0,7)<br />

com o primeiro eixo foram, em ordem decrescente,<br />

latitude (r = – 0,992), distribuição da precipitação<br />

(r = 0,843) e diferença térmica entre as médias de julho<br />

e janeiro (r = – 0,836). Para o segundo eixo, as variá-


FIGURA 3 – Diagrama gerado pela análise de correspondência canônica (CCA) da presença de 767<br />

espécies arbóreas em 18 áreas de fitofisionomias florestais na Cadeia do Espinhaço e sua correlação<br />

com variáveis geoclimáticas (setas). As áreas de Mata Atlântica estão identificadas por seus códigos na<br />

Tabela 1. São fornecidos os códigos de identificação de cada área, a latitude, a altitude mediana,<br />

as temperaturas médias no ano (T ANO), a diferença térmica entre as médias de julho e de janeiro<br />

(T RANGE), as precipitações médias no ano (P ANO) e a distribuição da precipitação (P DIST).<br />

veis mais fortemente correlacionadas foram altitude<br />

(r = 0,867) e temperatura média anual (r = – 0,858).<br />

Tais correlações indicam que a distância geográfica, vista<br />

como variável espacial, e as condições climáticas, notadamente<br />

o regime de precipitação e a temperatura,<br />

vinculada à altitude, provavelmente exercem uma forte<br />

influência no padrão de distribuição das espécies. Por<br />

exemplo, espécies como Drimys brasiliensis, Hedyosmum<br />

brasiliense, Podocarpus sellowii e Weinmannia paulliniifolia<br />

são encontradas por toda a extensão da Cadeia do<br />

Espinhaço certamente favorecidas pelas condições particulares<br />

de maior umidade e altitude (Harley, 1995;<br />

Funch et al., 2005).<br />

A relação entre as variáveis geo-climáticas e a composição<br />

de espécies das 18 áreas estão apresentadas<br />

na Figura 3. De modo a auxiliar na visualização do diagrama<br />

gerado pela CCA, resolveu-se aplicar símbolos<br />

diferentes aos quatro grupos gerados pela análise de<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 75<br />

agrupamentos (Figura 2). A distinção entre as áreas de<br />

florestas fica evidente no diagrama, bem como a forte<br />

vinculação com a latitude e, secundariamente, com a distribuição<br />

da precipitação. Entretanto, a distinção entre<br />

grupos não se apresenta concentrada, mas ordenada em<br />

gradientes, no sentido sul-norte, isto é, as florestas do<br />

sul do Espinhaço estão mais próximas de suas vizinhas<br />

do centro e essas estão mais próximas das do norte.<br />

Observa-se ainda que ordenação no eixo dois sofre<br />

influência significativa da altitude e da temperatura<br />

anual. Os padrões gerados pela CCA reforçam a coerência<br />

dos quatro grupos florísticos acrescentando a<br />

significância das correlações entre estes padrões e variáveis<br />

espaciais (geográficas) e ambientais (climáticas).<br />

Em suma, observou-se uma considerável riqueza de<br />

espécies arbóreas ao longo da Cadeia do Espinhaço e<br />

uma distinção florística em quatro regiões dentro de<br />

um gradiente latitudinal. A região sul é a mais rica, pro-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


76 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

vavelmente por estar inserida na matriz florestal atlântica.<br />

Já a região do extremo norte possui elementos<br />

muito distintos das demais regiões, como possível reflexo<br />

de sua localização junto à caatinga. A carência de<br />

informações para algumas regiões, especialmente aquela<br />

situada entre o norte de Minas Gerais e o centro-sul<br />

da Bahia, limita um melhor entendimento das relações<br />

florísticas sobre as florestas da Cadeia do Espinhaço.<br />

Diante do exposto, fica evidente a grande necessidade<br />

de se realizarem estudos florísticos na região.<br />

Harley (1995) comenta que a história de exploração<br />

e formação de assentamentos urbanos foi responsável<br />

pela devastação da floresta, cuja madeira foi intensamente<br />

utilizada nas construções ou como lenha e a terra<br />

para agricultura, enquanto as pastagens avançaram<br />

nas margens das florestas. Os poucos remanescentes<br />

dessa vegetação são geralmente fragmentados e explorados,<br />

a tal ponto que fica difícil imaginar o que ali se<br />

encontrava, com exceção dos locais muitos remotos,<br />

que geralmente ficam situados em grandes altitudes.<br />

Este contexto reforça a urgência de expandir o conhecimento<br />

sobre a flora dos remanescentes florestais do<br />

Espinhaço como base ao fortalecimento das iniciativas<br />

voltadas à sua conservação.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem à Cinthia Tamara, à Teresa Spósito<br />

e ao Márcio de Souza Werneck pelas sugestões e ajuda<br />

nas análises dos dados; ao Cássio Soares Martins (Fundação<br />

Biodiversitas), pelos auxílios cartográficos, ao<br />

revisor anônimo pelas valiosas sugestões<br />

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

Andrade-Lima, D. 1981. The caatinga dominium. Revista Brasileira<br />

de Botânica 4: 149-153.<br />

APG II - Angiosperm Phylogeny Group II. 2003. An update of<br />

the Angiosperm phylogeny group classification for the orders<br />

and families of flowering plants: APG II. Annals of the Botanical<br />

Journal of the Linnean Society 141(4): 399-436.<br />

Brina, A. E. & Carvalho, W. A. C. 2003. Estudos florísticos, vegetacionais<br />

e estimativa de biomassa lenhosa florestal do EIA-RIMA<br />

da SAMITRI. Mineração da Trindade S.A., Belo Horizonte.<br />

Campos, M. T. V. A. 1995. Composição florística e aspectos da<br />

estrutura e da dinâmica de três capões na Serra do Cipó,<br />

Minas Gerais, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo.<br />

Costa, C. M. R.; G. Hermann, C. S. Martins, L. V. Lins & I. Lamas<br />

(orgs.). 1998. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para<br />

sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

CETEC – Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. 1989.<br />

Composição florística e tipos vegetacionais da Estação de<br />

Proteção e Desenvolvimento Ambiental de Peti / Cemig, MG.<br />

Relatório <strong>final</strong>. CETEC, Belo Horizonte.<br />

DNMET - Departamento Nacional de Meteorologia do Ministério<br />

de Agricultura. 1992. Normais climatológicas (1961-1990).<br />

Ministério da Agricultura, Departamento Nacional de Meteorologia,<br />

Brasília.<br />

Ferraz, E. M. N., E. L. Araújo & S. I. Silva. 2004. Floristic similarities<br />

between lowland and montane areas of Atlantic Coastal Forest<br />

in Northeastern Brazil. Plant Ecology 174: 59-70.<br />

Ferreira, M. B. & Magalhães, G. M. 1977. Contribuição para o conhecimento<br />

da vegetação da Serra do Espinhaço em Minas Gerais<br />

(Serras do Grão Mogol e da Ibitipoca). Anais do XXVI Congresso<br />

Nacional de Botânica (M. B. Ferreira coord.). Rio de Janeiro.<br />

Funch, L. S., R. R. Funch, R. M. Harley, A. M. Giulietti, L. P. Queiroz,<br />

F. França, E. Melo, C. N. Gonçalves & T. Santos. 2005. Florestas<br />

Estacionais Semideciduais. In: F. A. Juncá, L. Funch & W.<br />

Rocha (orgs.). Biodiversidade e Conservação da Chapada<br />

Diamantina. Ministério do Meio Ambiente, Brasília.<br />

Fundação Biodiversitas. 1993. Elaboração de um modelo de<br />

ordenamento territorial para a conservação da biodiversidade<br />

e uso racional dos recursos naturais da área proposta para<br />

a APA SUL (Quadrilátero Ferrífero, MG) - Fase I. vol. 2. Belo<br />

Horizonte.<br />

Galvão, M. V. & Nimer, E. 1965. Clima. Geografia do Brasil -<br />

Grande Região Leste, IBGE, Rio de Janeiro 5 (19): 91-139.<br />

Giulietti, A. M. & J. R. Pirani. 1988. Patterns of geographic<br />

distribution of some plant species from the Espinhaço Range,<br />

Minas Gerais and Bahia, Brasil. In: W. R. Heyer & P. E. Vanzolini<br />

(eds). Proceedings of a workshop on Neotropical Distribution<br />

Patterns. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro.<br />

Giulietti, A. M., N. L. Menezes, J. R. Pirani, M. Meguro & M. G. L.<br />

Wanderley. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Caracterização<br />

e lista das espécies. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 9: 1-151.<br />

Guedes, M. L. S. & M. D. R. Orge (eds.). 1998. Checklist das<br />

espécies vasculares do Morro do Pai Inácio (Palmeiras) e Serra<br />

da Chapadinha (Lençóis) Chapada Diamantina, Bahia - Brasil.<br />

UFBA, Royal Botanic Gardens, Kew, Salvador.<br />

Harley, R. M. 1995. Introdução. In: B. L. Stannard (ed.). Flora of<br />

the Pico das Almas Chapada Diamantina - Bahia, Brazil. Royal<br />

Botanic Gardens Kew.<br />

Harley, R. M. & N. A. Simmons. 1986. Florula of Mucugê, Chapada<br />

Diamantina, Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

Herz, N. 1978. Metamorphic rocks of the Quadrilátero Ferrífero,<br />

Minas Gerais, Brazil. United States Geological Survey<br />

Professional Paper, 641-C: 1-81.<br />

Magalhães, G. M. 1954. Contribuição para o conhecimento da<br />

flora dos campos alpinos de Minas Gerais. Anais do V Congresso<br />

Nacional de Botânica. Porto Alegre.<br />

McCune, B. & M. J. Mefford, 1999. PC-ORD version 4.0,<br />

multivariate analysis of ecological data, Users guide. MjM<br />

Software Design, Glaneden Beach.<br />

Meguro, M., J. R. Pirani, R. Mello-Silva & A. M. Giulietti. 1996a.<br />

Estabelecimento de matas ripárias e capões nos ecossistemas<br />

campestres da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 15: 1-11.<br />

Meguro, M., J. R. Pirani, R. Mello-Silva & A. M. Giulietti. 1996b.<br />

Caracterização florística e estrutural de matas ripárias e


capões de altitude na Serra do Cipó, Minas Gerais. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 5: 13-29.<br />

Meguro, M., J. R. Pirani, R. Mello-Silva & I. Cordeiro. (no prelo).<br />

Composição floristica e Estrutural das Florestas Estacionais<br />

Decíduas Sobre Calcário a Oeste da Cadeia do Espinhaço,<br />

Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de<br />

São Paulo.<br />

Meyer, S. T. 1999. Florística e estrutura fitossociológica de um<br />

trecho de floresta de galeria do Parque Estadual do Rola-Moça<br />

na região metropolitana de Belo Horizonte - MG. Dissertação<br />

de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.<br />

Meyer, S.T., A. F. Silva, P. Marco-Júnior & J. A. Meira-Neto. 2004.<br />

Composição florística da vegetação arbórea de um trecho de<br />

floresta de galeria do Parque Estadual do Rola-Moça na região<br />

metropolitana de Belo Horizonte, MG, Brasil. Acta Botânica<br />

Brasilica 18(4): 701-709.<br />

Mueller-Dombois, D. & H. Ellenberg. 1974. Aims and methods of<br />

vegetation ecology. John Wiley and Sons, New York, New York.<br />

Muzzi, M. R. S. & J. R. Stehmann. 2005. A diversidade da vegetação.<br />

In: E. M. A. Goulart (org.). Navegando o Rio das Velhas<br />

das Minas aos Gerais v. 2. Instituto Guaicuy-SOS Rio das Velhas/Projeto<br />

Manuelzão/<strong>UFMG</strong>, Belo Horizonte.<br />

Oliveira-Filho, A. T. 2006. Catálogo das Árvores Nativas de Minas<br />

Gerais: mapeamento e Inventário da Flora Nativa e dos<br />

Reflorestamentos de Minas Gerais. UFLA, Lavras.<br />

Oliveira-Filho, A. T., J. A. Jarenkow & M. J. N. Rodal. 2006. Floristic<br />

Relationships of Seasonally Dry Forests of Eastern South<br />

America Based on Tree Species Distribution Patterns. In: R. T.<br />

Pennington, G. P. Lewis & J. A. Ratter (Org.). Neotropical<br />

Savannas and Seasonally Dry Forests: Plant diversity,<br />

Biogeography, and Conservation. Systematics Association<br />

Special volume no. 69. CRC Preess, Boca Raton.<br />

Oliveira-Filho, A. T., E. Tameirão-Neto, W. A. C. Carvalho, A. E.<br />

Brina, M. S. Werneck, C. V. Vidal, S. C. Rezende & J. A. A.<br />

Pereira, 2005. Análise florística do compartimento arbóreo<br />

de áreas de Floresta Atlântica sensu lato na região das Bacias<br />

do Leste (Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro).<br />

Rodriguésia 56 (87): 185-235.<br />

Oliveira-Filho, A. T. & M. A. L. Fontes. 2000. Patterns of Floristic<br />

Differentiation among Atlantic Forests in South-Eastern Brazil,<br />

and the Influence of Climate. Biotropica 32: 793-810.<br />

Oliveira-Filho, A. T. & M. Fluminhan-Filho. 1999. Ecologia da<br />

vegetação do Parque Florestal Quedas do Rio Bonito. Cerne<br />

5(2): 50-63.<br />

Pedralli, G. & M. C. B. Teixeira. 1997. Levantamento florístico e<br />

principais fisionomias da Estação de Pesquisa e Desenvolvimento<br />

Ambiental de Peti, Santa Bárbara, estado de Minas<br />

Gerais, Brasil. Iheringia, Série Botânica, 48: 15-40.<br />

Pedralli, G., V. L. O. Freitas, S. T. Meyer, M. C. B. Teixeira & A. P.<br />

S. Gonçalves. 1997. Levantamento florístico na Estação Ecológica<br />

do Tripuí, Ouro Preto, Minas Gerais. Acta Botanica<br />

Brasilica 11: 191-213.<br />

Pirani, J. R., A. M. Giulietti, R. Mello-Silva & M. Meguro. 1994.<br />

Checklist and patterns of geographic distribution of the<br />

vegetation of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista<br />

Brasileira de Botânica 17(2): 133-147.<br />

Pirani, J. R., R. Mello-Silva & A. M. Giulietti. (Orgs.) 2003. Flora<br />

de Grão-Mogol, Minas Gerais, P<strong>arte</strong> I, Pteridófitas,<br />

Podocarpaceae, Angiospermas A-D. Boletim de Botânica da<br />

Universidade de São Paulo, 21 (1): 1-249.<br />

Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 77<br />

Pirani, J. R., R. Mello-Silva & A. M. Giulietti (Orgs.). 2004. Flora de<br />

Grão-Mogol, Minas Gerais, P<strong>arte</strong> II, Angiospermas E-O. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 22 (2): 1-387.<br />

Rede Nacional de Agrometeorologia. 2004. Normais climatológicas<br />

e balanços hídricos (http://masrv54.agricultura. gov.br/rna).<br />

Rizzini, C. T. 1979. Tratado de Fitogeografia do Brasil. Aspectos<br />

sociológicos e florísticos. v 2. HUCITEC, EDUSP, São Paulo.<br />

Salis, S. M., G. J. Shepherd & C. A. Joly. 1995. Floristic comparison<br />

of mesophytic semi-deciduous forests of the interior of the<br />

state of São Paulo, southeast Brazil. Vegetatio 119: 155-164.<br />

Scudeller V. V., F. R. Martins & G. J. Shepherd. 2001. Distribution<br />

and abundance of arboreal species in the Atlantic<br />

ombrophilous dense forest in Southeastern Brazil. Plant<br />

Ecology 152: 185-199.<br />

Spósito, T. C. & J. R. Stehmann. 2006. Heterogeneidade florística<br />

e estrutural de remanescentes florestais da Área de Proteção<br />

Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte<br />

(APA Sul-RMBH). Acta Botanica Brasilica 20(2): 347-362.<br />

ter Braak, C. J. F. 1987. The analysis of vegetation environment<br />

relationship by canonical correspondence analysis. Vegetatio<br />

69: 69-77.<br />

ter Braak, C. J. F. 1988. Canoco - a Fortran program for canonical<br />

community ordinatin by (Partial) (Detrended) (Canonical)<br />

correspondence analysis and redundancy analysis, version 2.<br />

1. Wageningen, TNO, (Technical report LWA-88-2).<br />

ter Braak, C. J. F. 1995. Ordination. In: R. H. G. Jongman, C. J. F.<br />

ter Braak & O. F. R. van Tongeren (eds.). Data analysis in<br />

community and landscape ecology. Cambridge University<br />

Press, Cambrigde.<br />

Thorntwaite, C. W. 1948. An approach toward a rational<br />

classification of climate. Geographical Review 38(1): 55-94.<br />

Vasconcelos, M. F. & S. D’Angelo Neto. (2007). Padrões de distribuição<br />

e conservação da avifauna na região central da Cadeia<br />

do Espinhaço e áreas adjacentes, Minas Gerais, Brasil.<br />

Cotinga, 28: 27-41.<br />

Vieira, F., G. B. Santos & C. B. M. Alves. 2005. A ictiofauna do<br />

Parque Nacional da Serra do Cipó (Minas Gerais, Brasil) e áreas<br />

adjacentes. Lundiana 6 (supplement): 77-87.<br />

Vincent, R. C. 2004. Florística, fitossociologia e Relações entre<br />

a vegetação e o solo em áreas de campos ferruginosos no<br />

Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Tese de doutorado.<br />

Universidade de São Paulo, São Paulo.<br />

Walter, H. 1985. Vegetation of the earth and ecological systems<br />

of the geo-biosphere. 3rd. ed. Springer-Verlag,Berlim,.<br />

Werneck, M. S. 2006. Conservação da flora e planejamento<br />

ambiental no contexto da expansão urbana da região metropolitana<br />

de Belo Horizonte, Minas Gerais. Tese de doutorado.<br />

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.<br />

Werneck, M. S., G. Pedralli, R. Koenig & L. F. Giseke. 2000. Florística<br />

e estrutura de três trecho de uma floresta semidecídua<br />

na Estação Ecológica do Tripuí, Ouro Preto, MG. Revista<br />

Brasileira de Botânica 23(1): 97-106.<br />

Wishart, D. 1969. An algorithm for hierarchical classifications.<br />

Biometrics 25: 165-170.<br />

Zappi, D. C, E. Lucas, B. L. Stannard, E. N. Lughada, J. R. Pirani,<br />

L. P. Queiroz, S. Atkins, D. J. N. Hind, A. M. Giulietti, R. M.<br />

Harley & A. M. Carvalho. 2003. Lista das plantas vasculares<br />

de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Boletim de<br />

Botânica da Universidade de São Paulo 21(2): 345-398.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Diversidade e conservação das pteridófitas<br />

na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

ALEXANDRE SALINO 1,2 *<br />

THAÍS ELIAS ALMEIDA 2,3<br />

1 Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq.<br />

2 Departamento de Botânica. Instituto de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.<br />

3 Mestranda em Biologia Vegetal, <strong>UFMG</strong>/CAPES.<br />

* e-mail: salino@icb.ufmg.br<br />

RESUMO<br />

Este trabalho apresenta os resultados de um inventário florístico de pteridófitas realizado na<br />

Cadeia do Espinhaço, nos estados de Minas Gerais e Bahia. O inventário foi feito com base em<br />

coleções obtidas durante expedições para diversas áreas da Cadeia no estado de Minas Gerais,<br />

bem como em material proveniente de herbários nacionais e estrangeiros e dados de<br />

literatura. A Cadeia do Espinhaço é um maciço que representa a faixa orogênica pré-cambriana<br />

mais extensa e contínua do território brasileiro e ocupa aproximadamente 1.000 km de extensão<br />

e de 50 a 100 km de largura, com altitudes variando de 800 a 2.100 metros. O limite sul da<br />

Cadeia do Espinhaço corresponde à Serra de Ouro Branco (Minas Gerais), e o limite norte está<br />

na região de Jacobina (Bahia). A fisionomia da vegetação da Cadeia do Espinhaço é razoavelmente<br />

uniforme, com predomínio de campos rupestres e ambientes associados. Foram<br />

registradas 468 táxons infra-específicos, distribuídos em 27 famílias e 89 gêneros, sendo que<br />

as famílias mais ricas são: Pteridaceae (66 spp.), Lomariopsidaceae (47 spp.), Polypodiaceae<br />

(39 spp. e uma variedade), Thelypteridaceae (33 spp.), Aspleniaceae (29 spp. e cinco variedades)<br />

e Schizaeaceae (29 spp.). Os gêneros mais representativos são: Elaphoglossum (45 spp.),<br />

Thelypteris (33 spp.), Asplenium (28 spp. e cinco variedades), Anemia (25 spp.), Blechnum (18<br />

spp.) e Adiantum (18 spp.). Dos 468 táxons, apenas 19 (4%) são exclusivos de formações da<br />

Cadeia do Espinhaço. Dezoito espécies aqui listadas são citadas pela primeira vez para o<br />

estado de Minas Gerais. A riqueza encontrada não está distribuída uniformemente na Cadeia<br />

do Espinhaço; na região do Quadrilátero Ferrífero ocorrem 380 espécies e cinco variedades;<br />

na região da Serra do Cipó 263 espécies; no Planalto de Diamantina, 215; na Serra do Cabral,<br />

apenas 43; na região norte da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (Serra de Grão Mogol e<br />

Serras adjacentes), 71 espécies e na região da Chapada Diamantina-BA ocorrem 115 espécies.<br />

ABSTRACT<br />

This paper presents the results of a pteridophyte inventory accomplished in the Espinhaço Range,<br />

in the states of Minas Gerais and Bahia, Brazil. The inventory was taken based in collections<br />

obtained during field work carried out in several areas of the Espinhaço Range, Minas Gerais<br />

State, as well as in material from national and foreigner herbaria and literature data. The Espi-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


nhaço Range is the more extensive and continuous Precambrian orogenic belt of the Brazilian<br />

territory and occupies approximately 1.000 km of extension and 50 to 100 km width, with an<br />

altitudinal range of 800-2.100 m. The southern limit of the Espinhaço Range is the Serra de Ouro<br />

Branco (Minas Gerais), and the northern limit is in the area of Jacobina (Bahia). The vegetation<br />

physiognomy of the Espinhaço Range is reasonably uniform, with prevalence of Campos rupestres<br />

and associated environments. Four hundred and sixty-three species and five varieties were registered,<br />

distributed in 27 families and 89 genera, and the richest families were: Pteridaceae (66 spp.),<br />

Lomariopsidaceae (47 spp.), Polypodiaceae (40 spp.), Thelypteridaceae (33 spp.), Aspleniaceae<br />

(29 spp. and five varieties) and Schizaeaceae (29 spp.). The most representative genera are:<br />

Elaphoglossum (45 spp.), Thelypteris (33 spp.), Asplenium (28 spp. and five varieties), Anemia<br />

(25 spp.), Blechnum (18 spp.) and Adiantum (18 spp.). Out of 468 taxa, only 19 (4%) are<br />

endemic to Espinhaço Range formations. Eighteen species are recorded for the first time for the<br />

state of Minas Gerais. The richness found is not distributed evenly in the Espinhaço Range; in the<br />

area of the Quadrilátero Ferrífero occurs 380 species and five varieties; in the area of the Serra do<br />

Cipó 263 species; in the Diamantina Plateau, 215; in Serra do Cabral, only 43; in the north area<br />

of the Espinhaço Range in Minas Gerais (Serra de Grão Mogol and adjacent mountains), 71 species<br />

and in the Chapada Diamantina area, 115 species.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As pteridófitas constituem as plantas vasculares sem<br />

sementes, sendo atualmente classificadas em dois grandes<br />

grupos monofiléticos: as licopodiófitas e as monilófitas.<br />

Estão incluídas nas licopodiófitas as plantas vasculares<br />

com folhas micrófilas, esporângios axilares nas<br />

folhas, laterais ao caule e com deiscência completa e<br />

distal. O grupo é formado por três famílias, seis gêneros<br />

e aproximadamente 1350 espécies. As monilófitas<br />

são caracterizadas pelas folhas megáfilas e esporângios<br />

variados, mas nunca axilares. Estão incluídas neste grupo<br />

as famílias Psilotaceae e Equisetaceae, que previamente<br />

estavam arranjadas em divisões separadas. O<br />

número de famílias reconhecidas para as monilófitas<br />

varia entre os diferentes autores. Nas classificações mais<br />

recentes foram reconhecidas para a região Neotropical<br />

26 famílias por Tryon & Tryon (1982), 30 por Kramer &<br />

Tryon (1990), 29 por Moran (1995a) e 33 famílias por<br />

Smith et al. (2006).<br />

As pteridófitas podem ser plantas terrestres, rupícolas,<br />

epífitas, hemiepífitas, aquáticas ou trepadeiras. A<br />

grande maioria é de porte herbáceo, porém algumas<br />

têm porte arborescente, como os representantes das<br />

famílias Cyatheaceae e Dicksoniaceae, e algumas<br />

Blechnaceae e Dryopteridaceae. As pteridófitas ocorrem<br />

em uma extraordinária variedade de ambientes,<br />

que vão de situações árticas e alpinas (altas latitudes e<br />

altitudes) ao interior de florestas pluviais tropicais e de<br />

vegetação arbustiva subdesértica a costões rochosos e<br />

Salino & Almeida | 79<br />

mangues (Page, 1979). No entanto, 80% das espécies<br />

ocorrem em áreas tropicais (Roos, 1996), sendo mais<br />

comuns em montanhas tropicais e subtropicais úmidas<br />

(Tryon & Tryon, 1982). Na América Tropical, um dos<br />

centros de diversidade e endemismo de pteridófitas<br />

corresponde às regiões Sudeste e Sul do Brasil (Tryon<br />

& Tryon, 1982), o que se deve ao fato de p<strong>arte</strong> dessa<br />

região apresentar a combinação de clima tropical úmido,<br />

montanhas e ecossistemas florestais.<br />

Roos (1996) realizou um levantamento bibliográfico<br />

e verificou a existência de 10.500 a 11.300 espécies de<br />

pteridófitas conhecidas em todo o mundo, mas acredita<br />

que o número de espécies possa estar entre 12.000<br />

e 15.000, das quais 10.000 a 12.500 estariam nos paleo<br />

e neotrópicos (do Velho e do Novo Mundo). Aproximadamente<br />

75% das espécies ocorrem em duas grandes<br />

regiões: uma, de maior riqueza, que compreende o sudeste<br />

da Ásia e a Australásia, com cerca de 4.500 espécies,<br />

e outra que abrange as Grandes Antilhas, o sudeste<br />

do México, a América Central e os Andes do oeste da<br />

Venezuela ao sul da Bolívia, onde ocorrem cerca de<br />

2.250 espécies (Tryon & Tryon, 1982).<br />

A região Neotropical concentra importantes áreas<br />

geográficas para as pteridófitas (Tryon, 1972). Segundo<br />

Tryon & Tryon (1982), quatro regiões de alta diversidade<br />

reúnem aproximadamente 40% de espécies endêmicas:<br />

as Grandes Antilhas, com 900 espécies; o sudeste<br />

do México e a América Central, também com cerca<br />

de 900 espécies; a região dos Andes, com cerca de 1.500<br />

espécies, e o Sudeste e o Sul do Brasil, com 600 espécies,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


80 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

uma subestimativa, já que dados recentes mostram que<br />

somente o estado de São Paulo conta com mais de 550<br />

espécies e Minas Gerais com 700 espécies (Alexandre<br />

Salino & Thais Elias Almeida, dados não publicados).<br />

Segundo Tryon & Tryon (1982), outras regiões dos trópicos<br />

americanos possuem menor diversidade de espécies.<br />

Nas Pequenas Antilhas ocorrem cerca de 300 espécies,<br />

das quais a maioria possui ampla distribuição e<br />

somente 10% são endêmicas. A região do Planalto das<br />

Guianas (Roraima, Amazonas, Venezuela, Guiana, extensões<br />

do Suriname e leste da Colômbia) possui uma flora<br />

pteridofítica de cerca de 450 espécies. Nesta região<br />

ocorrem algumas espécies com distribuição disjunta<br />

com o Sudeste e Sul do Brasil (Tryon & Tryon, 1982). Na<br />

Amazônia brasileira ocorrem cerca de 300 espécies<br />

(Tryon & Tryon, 1982). Segundo Moran (1995b), a Amazônia<br />

brasileira é a região com menor diversidade de<br />

pteridófitas de toda a região Neotropical. Conforme<br />

estimativa de Moran (1995a), na América do Sul ocorrem<br />

aproximadamente 3.000 espécies de pteridófitas.<br />

Tryon (1972) estabeleceu cinco centros de diversidade<br />

e endemismo para pteridófitas na América Tropical.<br />

Os centros primários são três, o Mexicano (México e<br />

sul dos Estados Unidos), o Andino (Andes da Venezuela<br />

à Bolívia) e o Brasileiro (sudeste e sul). Estes centros<br />

são definidos pelo alto número de espécies e alto endemismo.<br />

Os centros secundários são dois, o da América<br />

Central e o das Guianas (Planalto das Guianas), cada<br />

um com alguma distinção especial, tal como o endemismo<br />

relativamente alto das florestas nebulares da<br />

América Central e em alguns gêneros nas Guianas. Destes<br />

centros o que possui maior afinidade florística com<br />

o centro Brasileiro é o Andino (Tryon, 1986). Cada centro<br />

regional possui um conjunto de condições mais ou<br />

menos distintas com relação a fisiografia, fatores<br />

edáficos e climáticos. O centro brasileiro é notável pelo<br />

endemismo da Serra do Mar e também pelo endemismo<br />

da pteridoflora dos campos rupestres das regiões<br />

areníticas de Minas Gerais (Tryon, 1972).<br />

De acordo com Moran (1995b), as montanhas promovem<br />

alta riqueza de espécies de pteridófitas. Esse<br />

efeito pode ser observado em todo o mundo – todos<br />

os países ou regiões com mais de 500 espécies de pteridófitas<br />

são montanhosos (Tryon, 1986). Em seus exemplos,<br />

Moran (1995b) inclui as regiões Sudeste e Sul do<br />

Brasil, inclusive comparando-as às terras baixas da<br />

Amazônia brasileira. As causas da alta riqueza e endemismo<br />

nas montanhas são pouco conhecidas. Presumivelmente,<br />

elas resultam da variedade de ambientes criados<br />

por diferentes tipos de solos, rochas, elevações, inclinações,<br />

exposições à luz e microclimas (Moran, 1995b).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

ESTUDOS DAS PTERIDÓFITAS NA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />

Os estudos específicos da flora pteridofïtica da Cadeia<br />

do Espinhaço, incluindo as formações vegetacionais do<br />

Quadrilátero Ferrífero, são escassos. Os pioneiros foram<br />

Lisboa (1954), que elaborou uma listagem para Ouro<br />

Preto e região, baseada na coleção do atual Herbário<br />

da Universidade Federal de Ouro Preto; e Ferreira et al.<br />

(1977), com a publicação de uma lista de plantas vasculares<br />

para a região do Maciço do Caraça. Em um estudo<br />

mais específico, Badini (1977) trata as espécies de<br />

Ophioglossum do muncípio de Ouro Preto. A partir da<br />

década de 1980, os estudos florísticos de pteridófitas<br />

se concentraram na Cadeia do Espinhaço sensu stricto.<br />

Destacam-se os trabalhos com o gênero Anemia (Carvalho,<br />

1982); a publicação de uma lista de espécies de<br />

pteridófitas no check-list feito por Giulietti et al. (1987)<br />

para a Serra do Cipó; uma dissertação sobre a Família<br />

Pteridaceae, Subfamília Cheilanthoideae – Pteridaceae<br />

no Espinhaço em Minas Gerais (Prado, 1989); as publicações<br />

da Serra do Cipó sobre Cyatheaceae (Windisch<br />

& Prado, 1990), família Pteridaceae, subfamília<br />

Cheilanthoideae (Prado, 1992), Hymenophyllaceae<br />

(Windisch, 1992), Dennstaedtiaceae (Prado & Windisch,<br />

1996) e família Pteridaceae, subfamília Adiantoideae e<br />

Taenitidoideae (Prado, 1997); Flora de Grão Mogol (Prado<br />

& Labiak, 2003); Flora do Pico das Almas (Prado,<br />

1995); e os levantamentos da região do Morro do Pai<br />

Inácio (Barros, 1998), região de Catolés (Prado, 2003) e<br />

da Chapada Diamantina (Nonato, 2005). O único trabalho<br />

recentemente publicado sobre o Quadrilátero Ferrífero<br />

foi o de Figueiredo & Salino (2005) na APA-Sul<br />

RMBH. Atualmente há levantamentos em andamento na<br />

região mineira da Cadeia do Espinhaço sendo realizados<br />

pelo grupo de pesquisa de pteridófitas do Laboratório<br />

de Sistemática Vegetal (<strong>ICB</strong> – <strong>UFMG</strong>), coordenado pelo<br />

Prof. Alexandre Salino, porém ainda não publicados. Os<br />

levantamentos em áreas específicas estão sendo realizados<br />

nas seguintes Unidades de Conservação: Parque Estadual<br />

do Itacolomi (Ouro Preto e Mariana), Parque Estadual<br />

do Rio Preto (São Gonçalo do Rio Preto), Parque<br />

Municipal Natural do Ribeirão do Campo (Conceição do<br />

Mato Dentro) e RPPN Santuário do Caraça (Catas Altas).<br />

Além disso, levantamentos preliminares estão sendo realizados<br />

em Minas Gerais nas regiões das Serras do<br />

Cabral, Grão Mogol, Jaíba e no Planalto de Diamantina.<br />

Os objetivos desse trabalho foram inventariar as espécies<br />

de pteridófitas ocorrentes na Cadeia do Espinhaço<br />

nos estados da Bahia e Minas Gerais, Brasil, bem<br />

como efetuar uma avaliação rápida da riqueza, distribuição<br />

e conservação das espécies.


MATERIAL E MÉTODOS<br />

A Cadeia do Espinhaço é um maciço que representa a<br />

faixa orogênica pré-cambriana mais extensa e contínua<br />

do território brasileiro. Alonga-se por cerca de 1200<br />

km na direção N-S desde a região de Belo Horizonte<br />

até os limites norte da Bahia com os Estados de Pernambuco<br />

e Piauí. Ao longo de sua extensão as unidades<br />

do Supergrupo Espinhaço entram em contato direto<br />

com unidades do Supergrupo Minas do Quadrilátero<br />

Ferrífero (de idade muito superior ao Supergrupo<br />

Espinhaço) e outras. O Quadrilátero Ferrífero, geograficamente<br />

colocado em várias publicações botânicas e<br />

zoológicas como p<strong>arte</strong> sul da Cadeia do Espinhaço é<br />

uma formação muito mais antiga (Almeida-Abreu &<br />

Renger, 2002) e geologicamente distinta da Cadeia do<br />

Espinhaço sensu stricto.<br />

Segundo Giulietti & Pirani (1988), na Cadeia do Espinhaço<br />

há muitas regiões elevadas que são conhecidas<br />

como serras e possuem nomes individuais, e que são<br />

geralmente interrompidas por vales de rios. Em Minas<br />

Gerais destacam-se algumas serras, como as da região<br />

de Diamantina, Serro e Itambé na p<strong>arte</strong> sul do Vale do<br />

Rio Jequitinhonha; a Serra do Cipó, na região de Santana<br />

do Riacho; a Serra do Cabral, na região de Joaquim<br />

Felício; a Serra da Piedade, na região de Caeté; a Serra<br />

do Caraça na região de Catas Altas e <strong>final</strong>mente as serras<br />

de Ouro Preto que são consideradas o limite sul da<br />

Cadeia do Espinhaço. No estado da Bahia destaca-se o<br />

maciço da Chapada Diamantina que é formada por várias<br />

serras como a Serra do Sincorá, na região de<br />

Mucugê, Andaraí e Lençóis, e as serras das regiões de<br />

Rio de Contas, Morro do Chapéu e Jacobina.<br />

Na Cadeia do Espinhaço podemos encontrar formações<br />

vegetacionais dos biomas Cerrado, Caatinga e<br />

Mata Atlântica. Segundo Giulietti & Pirani (1988), a<br />

fisionomia da vegetação na Cadeia do Espinhaço é bastante<br />

uniforme, embora a continuidade dos campos<br />

rupestres possa ser interrompida por manchas de Cerrado<br />

e por matas de galeria ou matas de encosta. Na<br />

Bahia, na Chapada Diamantina, a vegetação campestre<br />

divide espaço com as florestas deciduais, que é a<br />

formação dominante no semi-árido do Nordeste do<br />

Brasil. Em Minas Gerais, nas áreas mais baixas com<br />

solos mais profundos há predomínio das formações<br />

do Cerrado.<br />

A análise da ocorrência e da distribuição geográfica<br />

das espécies de pteridófitas da Cadeia do Espinhaço<br />

foi feita utilizando o nível taxonômico de espécie e os<br />

níveis infra-específicos de subespécie e variedade. Para<br />

a circunscrição dos gêneros e famílias foi utilizado o<br />

arranjo taxonômico de Moran (1995a), com exceção das<br />

famílias Gleicheniaceae e Vittariaceae, para as quais<br />

foram utilizadas as classificações genéricas de Ching<br />

(1940) e Crane (1997), respectivamente. As abreviações<br />

dos autores dos nomes científicos estão de acordo com<br />

Pichi-Sermolli (1996). O levantamento das espécies ocorrentes<br />

na Cadeia do Espinhaço foi feito através de pesquisa<br />

bibliográfica, compilação de dados de coleções<br />

científicas e de coletas realizadas entre os anos de 1999<br />

a 2007.<br />

O levantamento bibliográfico foi realizado utilizando-se<br />

literatura especializada de pteridófitas. Foram<br />

consultadas, principalmente, dissertações e teses de<br />

trabalhos taxonômicos sobre famílias e gêneros ocorrentes<br />

na região, assim como trabalhos de inventários<br />

florísticos. As espécies registradas somente através da<br />

bibliografia (indicado na coluna “Fonte” da Tabela 1)<br />

foram compiladas das seguintes referências: Alston et<br />

al. (1981), Meguro et al. (1996), Nonato (2005) e Tryon<br />

(1956).<br />

A compilação de dados das coleções foi feita através<br />

da análise de todo o material disponível de pteridófitas<br />

em importantes herbários brasileiros (BHCB, CEPEC,<br />

HB, OUPR, RB, SP, SPF, UB) e em alguns estrangeiros<br />

(F, GH, NY, MO, US). As siglas dos herbários listados estão<br />

de acordo com Holmgren et al. (1990).<br />

As seguintes espécies paleotropicais introduzidas<br />

e/ou exóticas subespontâneas no Brasil e ocorrentes<br />

na Cadeia do Espinhaço não foram incluídas na análise<br />

de dados: Nephrolepis multiflora (Roxb.) Morton, Pteris<br />

vitatta L., Macrothelypteris torresiana (Gaudich.) Ching,<br />

Thelypteris dentata (Forssk.) E.P. St. John e Diplazium<br />

petersenii (Kunze) Christ.<br />

Para as formações vegetacionais dos domínios da<br />

Mata Atlântica e Caatinga foi utilizado o sistema de<br />

Veloso et al. (1991), e para as formações do domínio do<br />

Cerrado foi utilizado o sistema de Ribeiro & Walter<br />

(1998).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Salino & Almeida | 81<br />

Em uma avaliação rápida da Cadeia do Espinhaço constatamos<br />

a ocorrência de pelo menos 463 espécies e cinco<br />

variedades (Tabela 1) de pteridófitas nos estados de<br />

Minas Gerais e Bahia. Esse número é elevado, tendo em<br />

vista que as estimativas do número de espécies de pteridófitas<br />

ocorrentes no Brasil variam de 1150 (Windisch,<br />

1996) a 1200-1300 (Prado, 1998), sendo que grande p<strong>arte</strong><br />

dessa riqueza está nas formações florestais da<br />

Mata Atlântica, o bioma mais rico do país (Alexandre<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


82 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

Salino & Thais Elias Almeida, dados não publicados).<br />

Os 468 táxons estão distribuídos em 27 famílias e 89<br />

gêneros, sendo que as famílias mais ricas são:<br />

Pteridaceae com 66 espécies, Lomariopsidaceae com<br />

47, Polypodiaceae com 40, Thelypteridaceae com 33,<br />

Aspleniaceae com 29 espécies e cinco variedades,<br />

Schizaeaceae com 29 espécies, Hymenophyllaceae e<br />

Lycopodiaceae com 27 espécies cada e Grammitidaceae<br />

com 26 espécies. Os gêneros mais representativos são:<br />

Elaphoglossum (45 espécies), Thelypteris (33), Asplenium<br />

(28 espécies e cinco variedades), Anemia (25 espécies),<br />

Blechnum e Adiantum (18 espécies cada – Blechnum tem<br />

17 spp. e um híbrido). Desses 468 táxons, apenas 19<br />

(aproximadamente 4%) estão restritos a formações da<br />

Cadeia do Espinhaço (Tabela 2).<br />

O baixo número de espécies restritas, em uma região<br />

marcada por endemismos, pode ser explicado pela<br />

ampla capacidade de dispersão dos esporos das pteridófitas.<br />

Eles são minúsculos, leves, e viajam longas distâncias<br />

pela ação do vento (Kato, 1993). Essa facilidade<br />

de dispersão dos esporos faz com que os padrões de<br />

distribuição geográfica das pteridófitas sejam determinados<br />

mais pela disponibilidade de hábitats adequados<br />

à sua sobrevivência do que pela capacidade de dispersão<br />

e colonização. Smith (1972), comparando a distribuição<br />

das pteridófitas com a das angiospermas,<br />

observa que a porcentagem de gêneros e espécies endêmicas<br />

é bem menor nas pteridófitas do que nas angiospermas,<br />

afirmação corroborada pelos dados aqui<br />

apresentados.<br />

Entretanto, a riqueza encontrada não está distribuída<br />

de forma uniforme ao longo da extensão geográfica<br />

da Cadeia do Espinhaço; na região do Quadrilátero Ferrífero<br />

ocorrem 380 espécies e cinco variedades; na região<br />

da Serra do Cipó, 263 espécies; no Planalto de Diamantina,<br />

215 espécies; na Serra do Cabral, apenas 43;<br />

na região norte da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais<br />

(Serra de Grão Mogol e serras adjacentes, ao norte<br />

do Planalto de Diamantina), 71 espécies e na região da<br />

Chapada Diamantina, p<strong>arte</strong> baiana da Cadeia do<br />

espinhaço, ocorrem 115 espécies. É importante ressaltar<br />

que tanto a região Norte da Cadeia em Minas Gerais<br />

(Serra de Jaíba) e a região da Serra do Cabral são áreas<br />

onde foram feitas poucas coletas de pteridófitas. A heterogeneidade<br />

da riqueza nas diferentes regiões do<br />

Espinhaço está relacionada com a influência dos biomas<br />

adjacentes, principalmente nas formações florestais. A<br />

Serra do Cabral, por exemplo, está circundada por formações<br />

campestres e savânicas do bioma Cerrado; a<br />

Chapada Diamantina apresenta influência dos elementos<br />

da Caatinga; e o Quadrilátero Ferrífero, a Serra do<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Cipó e o Planalto de Diamantina apresentam grande<br />

influência da Mata Atlântica.<br />

Várias das espécies aqui listadas são citadas pela primeira<br />

vez para o estado de Minas Gerais. São elas:<br />

Cyathea bipinnatifida, antes conhecida somente dos estados<br />

do Acre e Roraima; Oleandra articulata, conhecida<br />

apenas do norte do país; Culcita coniifolia, citada apenas<br />

para os estados de Rio de Janeiro e São Paulo;<br />

Lellingeria pumila, antes considerada endêmica do estado<br />

do Espírito Santo; Lellingeria schenckii, amplamente<br />

distribuída na Mata Atlântica em toda a região sudeste<br />

e sul do Brasil; Micropolypodium setosum, espécie amplamente<br />

distribuída no domínio da Mata Atlântica nos<br />

estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa<br />

Catarina; Isoetes gigantea, registrado para a Serra dos<br />

Órgãos e para a Cadeia do Espinhaço no município de<br />

Rio de Contas, Chapada Diamantina; Elaphoglossum<br />

bahiense, antes só registrado para o estado da Bahia;<br />

Elaphoglossum discolor, conhecido anteriormente somente<br />

da região Amazônica; Lycopodiella benjaminiana, antes<br />

conhecida apenas do estado do Mato Grosso;<br />

Niphidium rufosquamatum, amplamente distribuída por<br />

toda a região sul do Brasil; Eriosorus flexuosus, espécie<br />

citada erroneamente por Tryon (1970) para o estado<br />

do Espírito Santo, com base em uma coleta de Glaziou<br />

(15739) na localidade “Cerro Batatal” (essa localidade<br />

na verdade faz p<strong>arte</strong> do complexo da Serra do Caraça,<br />

município de Catas Altas, localizado no Quadrilátero<br />

Ferrífero). Além disso, no período da referida coleta,<br />

Glaziou não esteve no estado do Espírito Santo, e uma<br />

coleta recente da RPPN Santuário do Caraça (Salino,<br />

9576) identificada como E. flexuosus corrobora a correção<br />

da citação de Tryon; Schizaea poeppigiana, espécie<br />

citada no Brasil para os estados do Amazonas, Santa<br />

Catarina e para o Distrito Federal; Megalastrum abundans,<br />

conhecida anteriormente apenas das florestas costeiras<br />

do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul; e por fim<br />

Megalastrum grande, planta conhecida anteriormente<br />

apenas das florestas da Serra do Mar, em São Paulo, Rio<br />

de Janeiro e Espírito Santo.<br />

Lycopodiella iuliformis, Melpomene xiphopteroides e<br />

Microgramma geminata são espécies já registradas na<br />

Cadeia do Espinhaço, mas apenas no estado da Bahia<br />

(Chapada Diamantina), sendo inéditos os registros em<br />

Minas Gerais.<br />

De todas as espécies registradas, 42 foram consideradas<br />

ameaçadas de extinção na Revisão da Lista Vermelha<br />

das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora do<br />

Estado de Minas Gerais (Alexandre Salino & Thaís Elias<br />

Almeida, dados não publicados). Esse valor representa<br />

aproximadamente 10% de todas as espécies que ocor-


em na Cadeia do Espinhaço, sem contar as espécies<br />

que ocorrem exclusivamente na Chapada Diamantina<br />

e não têm avaliação quanto ao seu estado de conservação.<br />

Apenas 11 espécies consideradas ameaçadas<br />

não se encontram em nenhuma Unidade de Conservação<br />

na Cadeia do Espinhaço. São elas: Blechnum<br />

sampaioanum, Dryopteris patula, Cochlidium pumilum,<br />

Hymenophyllum silveirae, Ophioglossum crotalophoroides,<br />

O. ellipticum, Microgramma lycopodioides, Argyrochosma<br />

nivea var. flava, Pellaea cymbiformis, P. riedelii e Trachypteris<br />

pinnata.<br />

Em uma rápida avaliação da eficiência das Unidades<br />

de Conservação existentes na Cadeia do Espinhaço com<br />

relação às espécies de pteridófitas, encontramos resultados<br />

razoavelmente favoráveis. Aproximadamente<br />

75,4% dos táxons (354) listados nesse trabalho estão<br />

sob proteção legal em uma ou mais Unidades de Conservação<br />

de Proteção Efetiva. As UC’s das quais foram<br />

obtidos dados são: Estação Ecológica de Fechos (Nova<br />

Lima, MG), Estação Ecológica do Tripuí (Ouro Preto, MG),<br />

Parque Estadual do Itacolomi (Ouro Preto e Mariana,<br />

MG), Parque Estadual da Serra do Cabral (Buenópolis e<br />

Joaquim Felício, MG), Parque Estadual do Biribiri (Diamantina,<br />

MG), Parque Estadual do Pico do Itambé (Santo<br />

Antônio do Itambé, MG), Parque Estadual do Rio Preto<br />

(São Gonçalo do Rio Preto, MG), Parque Estadual da<br />

Serra Negra (Itamarandiba, MG), Estação Ecológica de<br />

Acauã (Turmalina e Leme do Prado, MG), Parque Nacional<br />

da Serra do Cipó (Santana do Riacho e Conceição<br />

do Mato Dentro, MG), Parque Estadual da Serra do<br />

Intendente (Conceição do Mato Dentro, MG), RPPN Santuário<br />

do Caraça (Catas Altas, MG), RPPN Andaime (Rio<br />

Acima, MG), RPPN Capitão do Mato (Nova Lima, MG),<br />

RPPN Mata do Jambreiro (Nova Lima, MG), RPPN Tumbá<br />

(Nova Lima, MG), Parque Estadual do Morro do Chapéu<br />

(Morro do Chapéu, BA) e Parque Nacional da Chapada<br />

Diamantina (Lençóis, Palmeiras, Andaraí e Mucugê, BA),<br />

sendo que os dados dos dois últimos parques são do<br />

trabalho de Nonato (2005). Várias das Unidades existentes<br />

– especialmente as públicas – estão em fase de<br />

implementação ou são muito recentes e têm problemas<br />

para proteger efetivamente as espécies. Os principais<br />

impactos vêm de criação de gado, posseiros, extrativismo<br />

predatório, caça, poluição, etc. dentro de<br />

seus limites. Dentro desse quadro, destacam-se as reservas<br />

particulares, que muitas vezes contam com mais<br />

recursos e pessoal para patrulhar e monitorar os seus<br />

limites.<br />

Algumas regiões da Cadeia do Espinhaço consideravelmente<br />

ricas não estão dentro de nenhuma Unidade<br />

de Conservação efetiva. A região do município de Ouro<br />

Salino & Almeida | 83<br />

Preto, do ponto de vista biogeográfico, é única, apresentando<br />

relevo acidentado, altitudes elevadas (chegando<br />

a mais de 1800 m), a peculiaridade de possuir um<br />

solo ferruginoso e uma forte influência de elementos<br />

da Mata Atlântica. Além disso, existem esforços contínuos<br />

de coleta nessa localidade há mais de 100 anos.<br />

Essa região abriga nove das 19 espécies restritas ao<br />

Espinhaço e aproximadamente metade das espécies que<br />

não ocorrem em nenhuma Unidade de Conservação,<br />

sendo ainda uma das regiões mais ricas da Cadeia. Outras<br />

regiões também são dignas de nota, como a região<br />

do entorno do Parque Nacional da Serra do Cipó, e a<br />

região de Diamantina, especialmente no município de<br />

Gouveia e o entorno do Parque Estadual do Rio Preto<br />

(APA Felício).<br />

Quanto à distribuição geográfica das espécies, podese<br />

agrupar as mesmas em cinco situações distintas:<br />

1) Plantas que possuem ampla distribuição geográfica<br />

e ocorrem em variados biomas e ecossistemas. Essas<br />

plantas possuem maior tolerância a variações ambientais,<br />

e normalmente são encontradas em situações<br />

ecológicas bem distintas ao longo de sua área<br />

de ocorrência, e.g. Dicranopteris flexuosa, Pteridium<br />

arachnoideum, Rumohra adiantiformis, Anemia phyllitidis,<br />

Equisetum giganteum, etc.<br />

2) Plantas que ocorrem caracteristicamente na Mata<br />

Atlântica e acabam colonizando as formações florestais<br />

associadas à Cadeia do Espinhaço. É importante<br />

ressaltar que a existência dessas florestas torna possível<br />

a existência de um número tão alto de espécies<br />

na região. As chamadas matas nebulares (Floresta<br />

Ombrófila Densa Alto Montana) são exemplos típicos<br />

dessa situação, pois nesse ambiente espécies típicas<br />

da Floresta Atlântica costeira (Serra do Mar e<br />

Serra da Mantiqueira) são capazes de sobreviver, e.g.<br />

Megalastrum grande, Alsophila capensis, Polybotrya<br />

cylindrica, Thelypteris ireneae, Micropolypodium setosum<br />

e Lellingeria wittigiana, sendo que a última espécie é<br />

registrada pela primeira vez para a Cadeia do Espinhaço,<br />

conhecida anteriormente apenas na Serra da<br />

Mantiqueira e na Serra do Mar.<br />

3) Plantas que ocorrem em disjunção com os Andes<br />

e/ou as serras do Norte da América do Sul, na Mata<br />

Atlântica brasileira e na Cadeia do Espinhaço. A distribuição<br />

dessas espécies parece ser restrita aos pontos<br />

mais altos das regiões montanhosas. Esses picos<br />

equivalem a “ilhas” biogeográficas, apresentando<br />

condições ambientais similares, sendo separados por<br />

áreas não tão favoráveis ao estabelecimento de certas<br />

espécies. As populações de espécies disjuntas<br />

chegam a estar separadas por mais de 1.000km de<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


84 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

istância. Exemplos podem ser encontrados ao longo<br />

de toda a Cadeia, destacando-se certas espécies como<br />

Melpomene xiphopteroides, espécie conhecida das serras<br />

do norte do país (Labiak & Prado, 2005), da<br />

Chapada Diamantina (Nonato, 2005) e como registro<br />

inédito do Pico do Itambé, município de Santo<br />

Antônio do Itambé, no Planalto de Diamantina, Minas<br />

Gerais. Já a espécie Lycopodiella iuliformis, outra<br />

que segue o mesmo padrão descrito anteriormente,<br />

tem registros para a Amazônia brasileira (Øllgaard &<br />

Windisch, 1987), para a Chapada Diamantina<br />

(Nonato, 2005) e para a Serra de Grão Mogol, região<br />

norte da Cadeia do Espinhaço no estado de Minas<br />

Gerais. Outro registro interessante é o de Eriosorus<br />

flexuosus para a Serra do Caraça. Essa espécie possui<br />

distribuição ampla na América do Sul (Andes) e o<br />

único registro para o Brasil é do Pico do Inficcionado.<br />

Muitos outros exemplos dessas disjunções relacionadas<br />

às “ilhas” biogeográficas dos picos da Cadeia<br />

do Espinhaço devem existir, sendo desconhecidos até<br />

o momento por ausência de informações ou por falta<br />

de coletas.<br />

4) Em alguns casos, observam-se grupos de plantas que<br />

não são necessariamente exclusivos da Cadeia do<br />

Espinhaço, mas apresentam uma riqueza maior nos<br />

campos rupestres e formações associadas, e.g. os<br />

gêneros Anemia, Pellaea e Cheilanthes. Esses gêneros<br />

apresentam espécies endêmicas e uma riqueza significativa<br />

em campos rupestres existentes fora da<br />

Cadeia do Espinhaço, como no estado de Goiás. Outro<br />

exemplo interessante é o gênero Huperzia, que<br />

ocorre em todo o Neotrópico. Entretanto, a região<br />

que apresenta o maior número de espécies são os<br />

Andes, e aproximadamente 70% dessas são endêmicas<br />

(Øllgaard, 1996). O mesmo autor cita a região<br />

Sudeste e Sul do Brasil como a segunda em número<br />

de endemismos, apesar do número de espécies que<br />

ocorrem nessa região ser bem menor do que na região<br />

andina. Alguns dos endemismos brasileiros do<br />

gênero estão na Cadeia do Espinhaço (Tabela 2). A<br />

espécie Huperzia itambensis, endêmica do estado de<br />

Minas Gerais, tem sua distribuição restrita ao Pico<br />

do Itambé (Santo Antônio do Itambé) e ao Pico Dois<br />

Irmãos (São Gonçalo do Rio Preto), que distam entre<br />

si aproximadamente quarenta quilômetros em linha<br />

reta. Essa espécie só ocorre acima de 1500 metros.<br />

Já na Serra do Caraça (Quadrilátero Ferrífero), ocorre<br />

Huperzia rubra, restrita a essa serra, e somente<br />

associada a espécies de Vellozia acima dos 1700<br />

metros de altitude. Segundo dados de literatura e<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

de herbários (Vasconcelos et al., 2002), H. rubra apresentava<br />

uma distribuição mais ampla dentro do Quadrilátero<br />

Ferrífero. Sua ocorrência também já foi registrada<br />

para a Serra da Piedade (município de Caeté<br />

– ano de 1915), Serra do Itacolomi (município de<br />

Ouro Preto – ano de 1902), e embora esforços de<br />

coleta tenham sido dispendidos recentemente nessas<br />

localidades, a única população remanescente<br />

atualmente conhecida se localiza na RPPN Santuário<br />

do Caraça. O terceiro caso de endemismo é Huperzia<br />

mooreana, espécie restrita à Serra do Sincorá, na Bahia<br />

(Chapada Diamantina).<br />

A existência de áreas na Cadeia do Espinhaço com<br />

pouca ou nenhuma amostragem botânica e de áreas<br />

muito bem amostradas gera um viés na discussão de<br />

riqueza, distribuição e conservação de espécies. Estudos<br />

posteriores podem – e devem – alterar os dados<br />

acima discutidos.<br />

A relação da riqueza de pteridófitas com as regiões<br />

serranas é um padrão que emerge dos dados apresentados,<br />

corroborando citações da literatura, como de<br />

Tryon (1972) e Moran (1995b). Além da riqueza, a Cadeia<br />

do Espinhaço apresenta importância extrema do<br />

ponto de vista biogeográfico, visto que ela se apresenta<br />

como ponte entre a região Sudeste e Sul do Brasil e<br />

a região sul dos Andes. Ela serve não só como abrigo<br />

para grupos oriundos dos Andes, mas como área de<br />

dispersão desse grande centro de diversidade e endemismo<br />

para a Mata Atlântica brasileira. A rota inversa<br />

também deve ser verdadeira.<br />

O alto número de espécies e suas relações biogeográficas<br />

mostram quão estratégico é conservar a biodiversidade<br />

presente na Cadeia do Espinhaço, conservando<br />

não só o patrimônio genético, mas também p<strong>arte</strong><br />

da história das espécies na América do Sul.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Fundação O Boticário de Proteção à Natureza pelo apoio<br />

financeiro dado ao projeto “Riqueza, distribuição geográfica<br />

e conservação das pteridófitas no Estado de Minas<br />

Gerais, Brasil”, que proporcionou gerar muitos dados<br />

apresentados neste artigo. Ao colega Gustavo<br />

Heringer pela ajuda nos trabalhos de campo e apoio no<br />

laboratório. À Biotrópicos, Conservação Internacional e<br />

Fundação Biodiversitas pelo convite e apoio. Ao IBAMA<br />

e IEF-MG pela concessão de licenças de coleta e pesquisa<br />

e pelo apoio nas Unidades de Conservação. Ao revisor<br />

do manuscrito pelas sugestões e correções.


Salino & Almeida | 85<br />

TABELA 1 – Lista das espécies de pteridófitas ocorrentes na Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia), Brasil.<br />

A fonte refere-se à citação de herbário ou de bibliografia. Legenda das regiões: QF = Quadrilátero Ferrífero/MG, SC = Serra do<br />

Cipó/MG, PD = Planalto de Diamantina/MG, CA = Serra do Cabral/MG, GM = região de Grão Mogol/MG e CD = Chapada da<br />

Diamantina/BA. * registro novo para Minas Gerais; ** espécie ameaçada em Minas Gerais; *** registro novo para Minas Gerais<br />

e espécie ameaçada em Minas Gerais.<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

Aspleniaceae<br />

Antigramma balansae (Baker) L. Sylvestre & P.G. Windisch BHCB • •<br />

Asplenium abscissum Willd. BHCB • •<br />

A. auriculatum Sw. BHCB • • • •<br />

A. auritum Sw. BHCB • • • •<br />

A. campos-portoi Brade ** BHCB • •<br />

A. claussenii Hieron. BHCB •<br />

A. cristatum Lam. BHCB •<br />

A. feei Kunze ex Fée BHCB • • •<br />

A. formosum Willd. BHCB •<br />

A. harpeodes Kunze BHCB • •<br />

A. inaequilaterale Willd. BHCB •<br />

A. incurvatum Fée BHCB •<br />

A. kunzeanum Klotzsch ex Rosenst. BHCB •<br />

A. mucronatum C. Presl BHCB •<br />

A. olygophyllum Kaulf. BHCB • •<br />

A. otites Link BHCB •<br />

A. pediculariifolium A. St.-Hil. BHCB • • • •<br />

A. praemorsum Sw. BHCB • • • •<br />

A. pseudonitidum Hook. BHCB • •<br />

A. pteropus Kaulf. BHCB •<br />

A. pulchellum Raddi BHCB •<br />

A. pumilum Sw. ** BHCB • •<br />

A. raddianum Gaudich. BHCB •<br />

A. radicans L. var. radicans BHCB •<br />

A. radicans var. cirrhatum (Rich. ex Willd.) Rosenst. BHCB • •<br />

A. radicans var. uniseriale (Raddi) L.D. Gómez BHCB •<br />

A. scandicinum Kaulf. BHCB •<br />

A. schwackei Christ ** BHCB •<br />

A. serra Langsd. & Fisch. var. serra BHCB • • • • •<br />

A. serra var. geraense C. Chr. BHCB • • • •<br />

A. serratum L. BHCB •<br />

A. stuebelianum Hieron. BHCB •<br />

A. triquetrum Murakami & R.C. Moran BHCB • •<br />

A. wacketii Rosenst.<br />

Blechnaceae<br />

BHCB • •<br />

Blechnum asplenioides Sw. BHCB • • • • • •<br />

B. austrobrasilianum de la Sota BHCB • •<br />

B. binervatum ssp. acutum (Desv.) R.M. Tryon & Stolze BHCB • • •<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


86 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

B. brasiliense Desv. BHCB • • •<br />

B. cordatum (Desv.) Hieron. BHCB • • • • • •<br />

B. divergens (Kunze) Mett. BHCB • •<br />

B. glaziovii Christ BHCB • • • •<br />

B. gracile Kaulf. BHCB • •<br />

B. lanceola Sw. BHCB •<br />

B. lehmannii Hieron. BHCB • •<br />

B. occidentale L. BHCB • • • • • •<br />

B. polypodioides Raddi BHCB • • • • •<br />

B. proliferum Rosenst. BHCB • • •<br />

B. pteropus (Kunze) Mett. BHCB • •<br />

B. sampaioanum Brade ** BHCB •<br />

B. schomburgkii (Klotzsch) C. Chr. BHCB • • • • • •<br />

B. serrulatum Rich. BHCB • • • •<br />

B. x caudatum Cav. BHCB • •<br />

Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J. Sm. BHCB • • • •<br />

Cyatheaceae<br />

Alsophila capensis ssp. polypodioides (Sw.) Conant BHCB • •<br />

A. setosa Kaulf. BHCB •<br />

A. sternbergii (Sternb.) Conant BHCB •<br />

Cnemidaria uleana (Samp.) R.M. Tryon var. uleana BHCB • • •<br />

Cyathea bipinnatifida (Baker) Domin *** Salino 9955 • •<br />

C. corcovadensis (Raddi) Domin BHCB • • •<br />

C. delgadii Sternb. BHCB • • • • • •<br />

C. dichromatolepis (Fée) Domin BHCB • •<br />

C. leucofolis Domin BHCB •<br />

C. microdonta (Desv.) Domin BHCB •<br />

C. phalerata Mart. BHCB • • • • • •<br />

C. poeppigii (Hook.) Domin BHCB •<br />

C. rufa (Fée) Lellinger BHCB • •<br />

C. villosa Willd. BHCB • • • • •<br />

Sphaeropteris gardneri (Hook.) R.M. Tryon BHCB • • •<br />

Davalliaceae<br />

Nephrolepis cordifolia (L.) C. Presl BHCB • •<br />

N. occidentalis Kunze BHCB •<br />

N. pectinata (Willd.) Schott BHCB • • •<br />

N. pendula (Raddi) J. Sm. BHCB •<br />

N. rivularis (Vahl) Mett. BHCB • •<br />

Oleandra articulata (Sw.) C. Presl * Salino 8851 • • •<br />

O. hirta Brack. BHCB • •<br />

Dennstaedtiaceae<br />

Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore BHCB •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

D. dissecta (Sw.) T. Moore BHCB • • •<br />

D. globulifera (Poir.) Hieron. BHCB •<br />

Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm. BHCB • • • •<br />

Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ BHCB • •<br />

H. repens (L.) C. Presl BHCB •<br />

Lindsaea arcuata Kunze BHCB • • •<br />

L. bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn BHCB • •<br />

L. botrychioides A. St.-Hil. BHCB •<br />

L. divaricata Klotzsch BHCB •<br />

L. guianensis (Aubl.) Dryand. BHCB •<br />

L. lancea (L.) Bedd. BHCB • • • •<br />

L. ovoidea Fée Bibliografia •<br />

L. quadrangularis Raddi BHCB • • • •<br />

L. stricta (Sw.) Dryand. BHCB • • • • • •<br />

L. virescens Sw. BHCB • •<br />

Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn BHCB • •<br />

Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon BHCB • • • • • •<br />

Saccoloma elegans Kaulf. BHCB • •<br />

S. inaequale (Kunze) Mett. BHCB • • •<br />

Dicksoniaceae<br />

Culcita coniifolia (Hook.) Maxon *** Mota 1469 •<br />

Dicksonia sellowiana Hook. BHCB • •<br />

Dryopteridaceae<br />

Arachniodes denticulata (Sw.) Ching BHCB • • • • •<br />

Cyclodium meniscioides (Willd.) C. Presl var. meniscioides BHCB • • •<br />

Didymochlaena truncatula (Sw.) J. Sm. BHCB •<br />

Dryopteris patula (Sw.) Underw. ** BHCB •<br />

D. wallichiana (Spreng) Hyl. var. wallichiana BHCB •<br />

Olfersia cervina (L.) Kunze BHCB • • •<br />

Polybotrya cylindrica Kaulf. BHCB •<br />

P. speciosa Schott BHCB • • •<br />

Polystichum montevidense (Spreng) Rosenst. BHCB •<br />

P. platyphyllum (Willd.) C. Presl BHCB •<br />

Rumohra adiantiformis (G. Forst.) Ching BHCB • • • • •<br />

Equisetaceae<br />

Equisetum giganteum L. BHCB •<br />

Gleichniaceae<br />

Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw. BHCB • • • • • •<br />

D. rufinervis (Mart.) Ching BHCB • • •<br />

Gleichenella pectinata (Willd.) Ching BHCB • • • •<br />

Sticherus bifidus (Willd.) Ching BHCB • •<br />

S. ferrugineus (Desv.) J. Gonzales BHCB •<br />

Salino & Almeida | 87<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


88 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

S. gracilis (Mart.) Copel. BHCB • • •<br />

S. lanosus (Christ) J. Gonzales BHCB •<br />

S. lanuginosus (Fée) Nakai BHCB • • • • • •<br />

S. nigropaleaceus (J. W. Sturm) Prado & Lellinger BHCB • •<br />

S. pruinosus (Mart.) Ching BHCB • •<br />

Grammitidaceae<br />

Ceradenia albidula (Baker) L.E. Bishop BHCB • •<br />

C. capillaris (Desv.) L.E. Bishop ** OUPR •<br />

C. spixiana (Mart. ex Mett.) L.E. Bishop BHCB • • •<br />

C. warmingii (C. Chr.) Labiak ** OUPR •<br />

Cochlidium pumilum C. Chr. ** OUPR • •<br />

C. punctatum (Raddi) L.E. Bishop BHCB • • • • •<br />

C. serrulatum (Sw.) L.E. Bishop BHCB • • • • •<br />

Grammitis fluminensis Fée BHCB • •<br />

G. leptopoda (C.H. Wright) Copel. ** BHCB •<br />

Lellingeria apiculata (Kunze ex Klotszch) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • • •<br />

L. brevistipes (Mett.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • •<br />

L. depressa (C. Chr.) A.R. Sm. & R.C. Moran ** BHCB •<br />

L. organensis (Gardner) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • •<br />

L. pumila Labiak *** Salino 8379 •<br />

L. schenckii (Hieron.) A.R. Sm. & R.C. Moran * Salino 8912 • • • •<br />

L. wittigiana (Fée & Glaziou) A.R. Sm. BHCB •<br />

Melpomene flabelliformis (Poir.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />

M. melanostica (Kunze) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • •<br />

M. pilosissima (M. M<strong>arte</strong>ns & Galeotti) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • • •<br />

M. xiphopteroides (Liebm.) A.R. Sm. & R.C. Moran * Almeida 611 • •<br />

Micropolypodium perpusillum (Maxon) A.R. Sm. ** BHCB • •<br />

M. setosum (Kaulf.) A.R. Sm. * Almeida 552 •<br />

Terpsichore achilleifolia (Kaulf.) A.R. Sm. BHCB • •<br />

T. chrysleri (Copel.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />

T. gradata (Baker) A.R. Sm. BHCB • •<br />

T. reclinata (Brack.) Labiak BHCB • • •<br />

Hymenophyllaceae<br />

Hymenophyllum asplenioides Sw. BHCB • • •<br />

H. caudiculatum Mart. BHCB • •<br />

H. elegans Spreng. BHCB • • • •<br />

H. fendlerianum J.W. Sturm BHCB • • •<br />

H. fragile (Hedw.) C.V. Morton BHCB • • •<br />

H. fucoides (Sw.) Sw. Bibliografia •<br />

H. hirsutum (L.) Sw. BHCB • • • •<br />

H. plumosum Kaulf. BHCB • • •<br />

H. polyanthos Sw. BHCB • • • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

H. pulchellum Schltdl. & Cham. BHCB • • •<br />

H. rufum Fée BHCB • • •<br />

H. sampaioanum Brade & Rosenst. *** Salino 8861 •<br />

H. silveirae Christ ** BHCB •<br />

Trichomanes anadromum Rosenst. BHCB • •<br />

T. angustatum Carmich. BHCB • • • •<br />

T. cristatum Kaulf. BHCB • • • •<br />

T. diaphanum Humb. & Bonpl. ex Kunth BHCB • • • •<br />

T. elegans Rich. BHCB • •<br />

T. hymenoides Hedw. BHCB •<br />

T. krausii Hook. & Grev. BHCB • • •<br />

T. pellucens Kunze BHCB • •<br />

T. pilosum Raddi BHCB • • • • •<br />

T. pinnatum Hedw. BHCB • • • •<br />

T. polypodioides L. BHCB • • • •<br />

T. radicans Sw. BHCB •<br />

T. rigidum Sw. BHCB • • • • •<br />

T. rupestre (Raddi) v. d. Bosch BHCB •<br />

Isoetaceae<br />

Isoetes gigantea U. Weber * Salino 1503 •<br />

Isoetes sp. BHCB •<br />

Lomariopsidaceae<br />

Elaphoglossum acrocarpum (Mart.) T. Moore BHCB •<br />

E. actinotrichum (Mart.) T. Moore BHCB • •<br />

E. badinii Novelino UB •<br />

E. bahiense Rosenst. * BHCB •<br />

E. balansae C. Chr. BHCB • • • •<br />

E. burchelii (Baker) C. Chr. BHCB • • • •<br />

E. decoratum (Kunze) T. Moore BHCB • • •<br />

E. discolor (Kuhn) C. Chr. * BHCB •<br />

E. edwalii Rosenst. BHCB • • •<br />

E. erinaceum (Fée) T. Moore BHCB • • •<br />

E. ernestii Brade OUPR •<br />

E. eximium (Mett.) Christ BHCB • •<br />

E. gardnerianum (Kunze ex Fée) T. Moore BHCB • • • •<br />

E. gayanum (Fée) T. Moore BHCB • •<br />

E. glabellum J. Sm. BHCB • • •<br />

E. horridulum (Kaulf.) J. Sm. BHCB •<br />

E. hymenodiastrum (Fée) Brade BHCB • • •<br />

E. iguapense Brade BHCB •<br />

E. inaequalifolium (Jenm.) C. Chr. NY •<br />

E. itatiayense Rosenst. BHCB • •<br />

Salino & Almeida | 89<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


90 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

E. langsdorffii (Hook. & Grev.) T. Moore BHCB • • •<br />

E. lindbergii (Mett.) Rosenst. BHCB •<br />

E. lingua (C. Presl) Brack. BHCB • • •<br />

E. lisboae Rosenst. BHCB •<br />

E. longifolium (Jacq.) J. Sm. BHCB • •<br />

E. luridum (Fée) Christ BHCB • • •<br />

E. macahense (Fée) Rosenst. BHCB • •<br />

E. macrophyllum (Mett.) Christ BHCB • • •<br />

E. minutum (Pohl ex Fée) T. Moore BHCB • •<br />

E. nanuzae Novelino BHCB • •<br />

E. nigrescens (Hook.) T. Moore BHCB • •<br />

E. obliquatum (Fée) Christ BHCB •<br />

E. ornatum (Mett.) Christ BHCB •<br />

E. peltatum (Sw.) Urban ** BHCB • •<br />

E. petiolatum (Sw.) Urban NY •<br />

E. plumosum (Fée) T. Moore BHCB • • •<br />

E. productum Rosenst. BHCB •<br />

E. scapellum (Kunze ex Fée) T. Moore BHCB • • •<br />

E. schwackeanum Brade BHCB •<br />

E. spathulatum (Bory) T. Moore NY •<br />

E. strictum (Raddi) T. Moore BHCB • • •<br />

E. tamandarei Brade BHCB • • •<br />

E. tectum (Humb. & Bonpl. ex Willd.) T. Moore BHCB • • •<br />

E. tenuiculum (Fée) T. Moore BHCB •<br />

E. vagans (Mett.) Hieron. BHCB • • • •<br />

Lomagramma guianensis (Aubl.) C. Presl BHCB • •<br />

Lomariopsis marginata (Schrad.) Kuhn BHCB •<br />

Lophosoriaceae<br />

Lophosoria quadripinnata (J. F. Gmel.) C. Chr. BHCB • • • •<br />

Lycopodiaceae<br />

Huperzia acerosa (Sw.) Holub Bibliografia •<br />

H. biformis (Hook.) Holub BHCB • • •<br />

H. comans (Nessel) B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB •<br />

H. flexibilis (Fée) B. Øllg. BHCB • •<br />

H. fontinaloides (Spring) Trevis. BHCB •<br />

H. heterocarpon (Fée) Holub BHCB •<br />

H. intermedia Trevis. BHCB • • • •<br />

H. itambensis B. Øllg. & P. G. Windisch ** BHCB •<br />

H. martii (Wawra) Holub ** BHCB •<br />

H. mollicoma (Spring) Holub BHCB •<br />

H. mooreana (Baker) Holub SPF •<br />

H. pungentifolia (Silveira) B. Øllg. BHCB • • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

H. recurvifolia Rolleri Bibliografia •<br />

H. reflexa (Lam.) Trevis. BHCB • • •<br />

H. rubra (Cham. & Schlecht) Trevis. ** BHCB •<br />

H. sellowiana (Herter) B. Øllg. OUPR •<br />

Lycopodiella alopecuroides (L.) Cranfill BHCB • • • • •<br />

L. benjaminiana P.G. Windisch *** Salino 9963 • •<br />

L. camporum B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB • • • • • •<br />

L. carnosa (Silveira) B. Øllg. BHCB • • •<br />

L. caroliniana (L.) Pic.-Serm. BHCB • • • •<br />

L. cernua (L.) Pic.-Serm. BHCB • • • • • •<br />

L. geometra B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB • • • •<br />

L. iuliformis (Underw. & F.E. Lloyd) B. Øllg. * CFCR 10846 (SPF) • •<br />

L. pendulina (Hook.) B. Øllg. BHCB • • •<br />

Lycopodium clavatum L. BHCB • • • •<br />

L. thyoides Willd. BHCB • •<br />

Marattiaceae<br />

Danaea elliptica Sm. BHCB • •<br />

D. moritziana C. Presl BHCB • •<br />

Marattia cicutifolia Kaulf. BHCB • •<br />

Ophioglossaceae<br />

Cheiroglossa palmata (L.) C. Presl BHCB • •<br />

Ophioglossum crotalophoroides Wall. ** BHCB •<br />

O. ellipticum Hook. & Grev. ** BHCB • •<br />

O. reticulatum L. BHCB • •<br />

Osmundaceae<br />

Osmunda cinnamomea L. BHCB • • • • • •<br />

O. regalis L. BHCB • • •<br />

Polypodiaceae<br />

Campyloneurum acrocarpon Fée BHCB •<br />

C. aglaolepis (Alston) de la Sota BHCB • •<br />

C. angustifolium (Sw.) Fée Bibliografia • •<br />

C. austrobrasilianum (Alston) de la Sota BHCB • •<br />

C. centrobrasilianum Lellinger BHCB • •<br />

C. decurrens (Raddi) C. Presl BHCB •<br />

C. nitidum (Kaulf.) C. Presl BHCB • • •<br />

C. phyllitidis (L.) C. Presl Bibliografia •<br />

C. rigidum J. Sm. BHCB • •<br />

Microgramma geminata (Schrad.) R.M. Tryon *** Salino 10900 •<br />

M. lycopodioides (L.) Copel. ** Bibliografia •<br />

M. percussa (Cav.) de la Sota BHCB • •<br />

M. squamulosa (Kaulf.) de la Sota BHCB • • • •<br />

M. tecta (Kaulf.) Alston var. tecta BHCB • • •<br />

Salino & Almeida | 91<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


92 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

M. vaccinniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. BHCB • •<br />

Niphidium crassifolium (L.) Lellinger BHCB • • • • • •<br />

N. rufosquamatum Lellinger * Salino 9322 •<br />

Pecluma camptophyllaria (Fée) M.G. Price BHCB • •<br />

P. filicula (Kaulf) M.G. Price BHCB • • •<br />

P. pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price BHCB • • • • •<br />

P. pilosa (A.M. Evans) M. Kessler & A.R. Sm. BHCB • •<br />

P. plumula (Humb. & Bonpl. ex Willd.) M.G. Price BHCB • • •<br />

P. recurvata (Kaulf.) M.G. Price BHCB • •<br />

P. robusta (Fée) M. Kessler & A.R. Sm. BHCB • • • •<br />

P. truncorum (Lindm.) M.G. Price BHCB • •<br />

Phlebodium pseudoaureum (Cav.) Lellinger BHCB • • • • •<br />

Pleopeltis astrolepis (Liebm.) Fourn. BHCB • • •<br />

P. macrocarpa (Willd.) Kaulf. BHCB • • • •<br />

P. pleopeltifolia (Raddi) Alston BHCB • •<br />

P. squalida (Vell.) de la Sota BHCB • •<br />

Polypodium chnoophorum Kunze BHCB •<br />

P. hirsutissimum Raddi BHCB • • • • •<br />

P. lepidopteris (Langsd. & Fisch.) Kunze Bibliografia •<br />

P. minarum Weath. BHCB • • • •<br />

Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm. BHCB • • • •<br />

S. fraxinifolium (Jacq.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />

S. latipes (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm. BHCB • • • •<br />

S. mexiae (Copel.) A.R. Sm. UC •<br />

S. triseriale (Sw.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />

S. vacillans (Link) A.R. Sm. BHCB • • •<br />

Pteridaceae<br />

Acrostichum danaeifolium Langsd. & Fisch. Bibliografia •<br />

Adiantopsis chlorophylla (Sw.) Fée BHCB • •<br />

A. perfasciculata Sehnem BHCB • •<br />

A. radiata (L.) Fée BHCB • •<br />

A. regularis (Kunze) T. Moore BHCB • • •<br />

Adiantum abscissum Schrad. BHCB •<br />

A. concinnum Humb. & Bonpl. ex Willd. ** BHCB •<br />

A. deflectens Mart. BHCB •<br />

A. glaucescens Klotzsch BHCB •<br />

A. gracile Fée BHCB • • •<br />

A. intermedium Sw. BHCB •<br />

A. latifolium Lam. BHCB •<br />

A. lorentzii Hieron. BHCB • •<br />

A. pentadactylon Langsd. & Fisch. BHCB •<br />

A. platyphyllum Sw. BHCB •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

A. poiretii Wikstr. BHCB •<br />

A. raddianum C. Presl BHCB •<br />

A. rhizophytum Schrad. BHCB •<br />

A. serratodentatum Willd. BHCB • •<br />

A. sinuosum Gardn. BHCB • • • •<br />

A. subcordatum Sw. BHCB • • • •<br />

A. terminatum Miq. BHCB •<br />

A. tetraphyllum Willd. BHCB •<br />

Argyrochosma nivea var. flava (Hook.) Ponce ** BHCB •<br />

Ceratopteris thalictroides (L.) Brongn. Bibliografia •<br />

Cheilanthes bradei Prado & A.R. Sm. BHCB • • •<br />

C. eriophora (Fée) Mett. BHCB • • •<br />

C. flexuosa Kunze BHCB • • • • •<br />

C. goyazensis (Taubert) Domin BHCB •<br />

C. pohliana (Kunze) Mett. Bibliografia •<br />

Doryopteris collina (Raddi) J. Sm. BHCB • • • • • •<br />

D. concolor (Langsd. & Fisch.) Kuhn BHCB • •<br />

D. crenulans (Fée) Christ BHCB •<br />

D. lomariacea Kaulf. BHCB • • • • • •<br />

D. ornithopus (Hook. & Baker) J. Sm. BHCB • • • • • •<br />

D. paradoxa (Fée) Christ BHCB • •<br />

D. pentagona Raddi BHCB • •<br />

D. rediviva Fée Bibliografia •<br />

D. sagittifolia (Raddi) J. Sm. BHCB •<br />

D. trilobata Prado SPF •<br />

D. varians (Raddi) J. Sm. BHCB • •<br />

Eriosorus flexuosus (Humb. & Bonpl. ex Kunth) Copel. *** Salino 9576 •<br />

E. insignis (Kuhn) A.F. Tryon ** BHCB • •<br />

E. myriophyllus (Sw.) Copel. BHCB • • • •<br />

E. sellowianus (Kuhn) Copel. ** BHCB • • •<br />

Hemionitis tomentosa (Lam.) Trevis. BHCB • •<br />

Pellaea crenata R.M. Tryon BHCB • • • •<br />

P. cymbiformis Prado ** SP •<br />

P. gleichenioides (Gardn.) Christ ** BHCB •<br />

P. pinnata (Kaulf.) Prantl BHCB • • • • •<br />

P. riedelii Baker ** BHCB • • •<br />

Pityrogramma calomelanos (L.) Link BHCB • • • • •<br />

P. trifoliata (L.) R.M. Tryon BHCB • •<br />

Pteris altissima Poir. BHCB •<br />

P. angustata (Fée) C.V. Morton BHCB •<br />

P. brasiliensis Raddi BHCB •<br />

Salino & Almeida | 93<br />

P. decurrens C. Presl BHCB • • • •<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


94 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

P. deflexa Link BHCB •<br />

P. denticulata Sw. var. denticulata BHCB • • •<br />

P. lechleri Mett. BHCB •<br />

P. leptophylla Sw. BHCB •<br />

P. longifolia L. BHCB •<br />

P. multifida Poir. BHCB •<br />

P. plumula Desv. BHCB •<br />

P. splendens Kaulf. BHCB • • •<br />

Trachypteris pinnata (Hook.) C. Chr. ** BHCB, SPF •<br />

Salviniaceae<br />

Azolla filiculoides Lam. Bibliografia •<br />

Salvinia auriculata Aublet Bibliografia •<br />

Schizaeaceae<br />

Anemia collina Raddi BHCB •<br />

A. elegans (Gardn.) C. Presl BHCB • • •<br />

A. ferruginea Humb. & Bonpl. ex Kunth BHCB • • • • •<br />

A. flexuosa (Sav.) Sw. BHCB •<br />

A. gardneri Hook. BHCB •<br />

A. glareosa Gardn. ** BHCB •<br />

A. hirsuta (L.) Sw. BHCB • • •<br />

A. humilis (Cav.) Sw. BHCB • •<br />

A. imbricata Sturm BHCB • • •<br />

A. lanuginosa Brongn. ex Sturm BHCB • • •<br />

A. mirabilis Brade Bibliografia •<br />

A. oblongifolia (Cav.) Sw. BHCB • • • • • •<br />

A. ouropretana Christ BHCB • •<br />

A. pallida Gardn. ** BHCB • •<br />

A. pastinacaria Prantl BHCB •<br />

A. phyllitidis (L.) Sw. BHCB • • •<br />

A. presliana Prantl BHCB • •<br />

A. raddiana Link BHCB • • •<br />

A. repens Raddi BHCB • •<br />

A. rotundifolia Schrad. BHCB •<br />

A. rutifolia Mart. BHCB • • • • •<br />

A. tenera Pohl ex Sturm BHCB •<br />

A. tomentosa Sw. BHCB • • • •<br />

A. villosa Humb. & Bonpl. ex Willd. BHCB • • • •<br />

A. warmingii Prantl ** BHCB •<br />

Lygodium venustum Sw. BHCB • • • •<br />

L. volubile Sw. BHCB • • •<br />

Schizaea elegans (Vahl) Sw. BHCB • • • • • •<br />

S. poeppigiana Sturm *** Salino 11200 •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

Selaginellaceae<br />

Selaginella contigua Baker BHCB • • •<br />

S. convoluta (Arnott) Spring BHCB •<br />

S. decomposita Spring BHCB • • •<br />

S. erectifolia Spring Bibliografia •<br />

S. erythropus (Mart.) Spring BHCB •<br />

S. flexuosa Spring BHCB • • • •<br />

S. fragillima Silveira BHCB • • • •<br />

S. jungermannioides (Gaudich.) Spring Bibliografia • • • •<br />

S. marginata (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Spring BHCB • • • • •<br />

S. muscosa Spring BHCB • • • •<br />

S. tenuissima Fée BHCB • •<br />

S. vestiens Baker F • •<br />

Tectaroaceae<br />

Ctenitis distans (Brack.) Ching BHCB • •<br />

C. falciculata (Raddi) Ching BHCB •<br />

C. submarginalis (Langsd. & Fisch.) Ching BHCB •<br />

Lastreopsis amplissima (C. Presl) Tindale BHCB • •<br />

L. effusa (Sw.) Tindale BHCB •<br />

Megalastrum abundans (Rosenst.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />

M. connexum (Kaulf.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />

M. crenulans (Fée) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />

M. grande (C. Presl) A.R. Sm. & R.C. Moran * Salino 8883 • •<br />

M. lasiernos (Spreng.) A.R. Sm. & R.C. Moran ** BHCB • •<br />

M. umbrinum (C. Chr.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />

Tectaria incisa Cav. BHCB •<br />

T. pilosa (Fée) R.C. Moran BHCB •<br />

Thelypteridaceae<br />

Thelypteris amambayensis (Christ) Ponce BHCB • • •<br />

T. burkartii Abbiatti BHCB •<br />

T. cheilanthoides (Kunze) Proctor BHCB •<br />

T. chrysodioides var. goyazensis (Maxon & C.V. Morton) BHCB •<br />

C.V. Morton<br />

T. concinna (Willd.) Ching BHCB •<br />

T. conspersa (Schrad.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />

T. gardneriana (Baker) C.F. Reed BHCB •<br />

T. glaziovii (Christ) C.F. Reed BHCB • • •<br />

T. hatschbachii A.R. Sm. BHCB •<br />

T. heineri (C. Chr.) C.F. Reed BHCB •<br />

T. hispidula (Decne.) C.F. Reed BHCB • •<br />

T. interrupta (Willd.) K. Iwats. BHCB • • • • •<br />

T. ireneae (Brade) Lellinger ** Salino 9577 • •<br />

Salino & Almeida | 95<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


96 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />

T. jamesonii (Hook.) R.M. Tryon BHCB •<br />

T. leprieurii (Hook.) R.M. Tryon BHCB • • •<br />

T. longifolia (Desv.) R.M. Tryon BHCB • • • • •<br />

T. lugubris (Mett.) R.M. Tryon & A.F. Tryon BHCB •<br />

T. maxoniana A.R. Sm. BHCB • •<br />

T. mexiae (Copel.) Ching BHCB •<br />

T. neglecta (Brade) Lellinger BHCB •<br />

T. oligocarpa (Willd.) Ching BHCB • •<br />

T. opposita (Vahl) Ching BHCB • • • • • •<br />

T. pachyrhachis (Kunze ex Mett.) Ching BHCB •<br />

T. patens (Sw.) Small BHCB • • •<br />

T. ptarmica (Mett.) C.F. Reed BHCB • •<br />

T. raddii (Rosenst.) Ponce BHCB • •<br />

T. retusa (Sw.) C.F. Reed BHCB • • •<br />

T. rioverdensis (C.Chr.) Ponce BHCB •<br />

T. rivularioides (Fée) Abbiatti BHCB • • • • • •<br />

T. salzmannii (Fée) C.V. Morton BHCB • • • • •<br />

T. schwackeana (Christ) Salino BHCB •<br />

T. serrata (Cav.) Alston BHCB • •<br />

T. vivipara (Raddi) C.F. Reed BHCB •<br />

Vittariaceae<br />

Polytaenium lineatum (Sw.) J.Sm. BHCB •<br />

Radiovittaria gardneriana (Fée) E.H. Crane OUPR •<br />

R. stipitata (Kunze) E.H. Crane BHCB • •<br />

Vittaria graminifolia Kaulf. BHCB • • • •<br />

V. lineata (L.) Sm. BHCB • • • •<br />

Woodsiaceae<br />

Diplazium celtidifolium Kunze BHCB •<br />

D. cristatum (Desr.) Alston BHCB •<br />

D. expansum Willd. BHCB • •<br />

D. grandifolium Sw. BHCB •<br />

D. leptocarpon Fée BHCB • •<br />

D. lindbergii (Mett.) Christ BHCB •<br />

D. mutilum Kunze BHCB • •<br />

D. plantaginifolium (L.) Urban. BHCB • •<br />

D. rostratum Fée BHCB • •<br />

D. turgidum Rosenst. BHCB • •<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


TABELA 2 – Listagem das espécies de pteridófitas que ocorrem<br />

exclusivamente na Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia).<br />

TÁXON FONTE<br />

Aspleniaceae<br />

Asplenium serra var. geraense C. Chr. BHCB<br />

A. schwackei Christ BHCB<br />

Grammitidaceae<br />

Ceradenia warmingii (C. Chr.) Labiak OUPR<br />

Micropolypodium perpusillum (Maxon) A.R. Sm. BHCB<br />

Hymenophyllaceae<br />

Hymenophyllum silveirae Christ BHCB<br />

Lomariopsidaceae<br />

Elaphoglossum badinii Novelino UB<br />

E. nanuzae Novelino BHCB<br />

Lycopodiaceae<br />

Huperzia itambensis B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB<br />

H. mooreana (Baker) Holub Bibliografia<br />

H. rubra (Cham. & Schltdl.) Trevis. BHCB<br />

Polypodiaceae<br />

Polypodium minarum Weath. BHCB<br />

Serpocaulon mexiae (Copel.) A.R. Sm. UC<br />

Pteridaceae<br />

Doryopteris trilobata Prado SPF<br />

Eriosorus sellowianus (Kuhn) Copel. BHCB<br />

Pellaea crenata R.M. Tryon BHCB<br />

P. cymbiformis Prado SP<br />

P. gleichenioides (Gardn.) Christ BHCB<br />

P. riedelii Baker BHCB<br />

Schizaeaceae<br />

Anemia rutifolia Mart. BHCB<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Almeida-Abreu, P. A. & F.E. Renger. 2002. Serra do Espinhaço:<br />

Um orógeno de colisão do mesoproterozóico. Revista Brasileira<br />

de Geociências 32(1): 1-14.Badini, J. 1977. Espécies de<br />

Ophioglossum em Ouro Preto. Anais do 28o . Congresso Nacional<br />

de Botânica, pp. 45-49. Sociedade Botânica do Brasil, Ouro<br />

Preto, Brasil.<br />

Alston, A.H.G.; Jermy, A.C. & Rankin, J.M. 1981. The genus<br />

Selaginella in tropical South America. Bulletin of the British<br />

Museum Natural History, Botany series 9(4): 233-330.<br />

Barros, I.C.L. 1998. Pteridófitas. In: M.S. Guedes & M.D.R. Orge<br />

(eds.). Check-list das espécies vasculares de Morro do Pai<br />

Inácio (Palmeiras) e Serra da Chapadinha (Lençóis). Chapada<br />

Diamantina, Bahia, Brasil. Instituto de Biologia – Universidade<br />

Federal da Bahia. Salvador, Brasil.<br />

Carvalho, I. R. 1982. O gênero Anemia Sw. nos campos rupestres<br />

da Cadeia do Espinhaço no estado de Minas Gerais. Dissertação<br />

de Mestrado, Instituto de Biociências, Universidade<br />

Salino & Almeida | 97<br />

Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Rio<br />

Claro. Brasil.<br />

Ching, R. C. 1940. On natural classification of the family<br />

“Polypodiaceae”. Sunyatsenia 5: 201-268.<br />

Crane, E. H. 1997. A revised circumscription of the genera of the<br />

fern family Vittariaceae. Systematic Botany 22 (3): 509-517.<br />

Ferreira, M. B., W. R. C. D’Assumpção & G.M. Magalhães. 1977.<br />

Nova contribuição para o conhecimento da vegetação da<br />

Cadeia do Espinhaço ou Serra Geral (Maciço do Caraça).<br />

Oréades 10: 49-67.<br />

Figueiredo, J. B. & A. Salino. 2005. Pteridófitas de quatro Reservas<br />

Particulares do Patrimônio Natural ao sul da região metropolitana<br />

de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Lundiana<br />

6(2): 83-94.<br />

Giulietti, A. M., N.L. Menezes, J.R. Pirani, M. Meguro & M. G. L.<br />

Wanderley. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: caracterização<br />

e lista das espécies. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 9(1): 1-151.<br />

Giullietti, A. M. & J.R. Pirani. 1998. Patterns of geographic<br />

distribution of some species from the Espinhaço Range, Minas<br />

Gerais and Bahia, Brazil. In: P.E. Vanzolini & W.R. Heyer<br />

(eds.). Proceedings of a workshop on neotropical distributions<br />

patterns. pp. 39-69. Academia Brasileira de Ciências. Rio de<br />

Janeiro, Brasil.<br />

Holmgren, P. K., N.H. Holmgren & L.C. Barnett. 1990. Index<br />

Herbariorum. Part I. The Herbaria of the World. 8a. Ed. New<br />

York Botanical Garden, New York. Estados Unidos.<br />

Kato, M. 1993. Biogeography of ferns: dispersal and vicariance.<br />

Journal of Biogeography 20: 265-274.<br />

Kramer, K. U. & R.M. Tryon. 1990. Introduction to the treatment<br />

of pteridophytes. In: K. U. Kramer & P. S. Green (eds.). The<br />

families and genera of vascular plants. Vol. 1 Pteridophytes<br />

and gymnosperms. pp. 12-13. Springer Verlag, New York,<br />

Estados Unidos.<br />

Labiak, P. H. & J. Prado. 2005. As espécies de Melpomene e<br />

Micropolypodium (Grammitidaceae - Pteridophyta) no Brasil. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 23 (1): 51-69.<br />

Lisboa, M. A. 1954. Ptéridophytes de Ouro Preto. Anais da Escola<br />

de Minas de Ouro Preto, 29: 21-76.<br />

Meguro, M.; Pirani, J.R.; Mello-Silva, R. & Giulietti, A.M. 1996.<br />

Estabelecimento de matas ripárias e capões nos ecossistemas<br />

campestres da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 15: 1-11.<br />

Moran, R. C. 1995a. Clave para las familias de pteridófitas. In: G.<br />

Davidse, M.S. Souza & S. Knapp (eds.). Flora Mesoamericana.<br />

Vol. I. Psilotaceae a Salviniaceae. pp. 1-2. Universidad Nacional<br />

Autónoma de México. México.<br />

Moran, R. C. 1995b. The importance of mountains to<br />

pteridophytes, with emphasis on neotropical montane forests.<br />

In: S.P. Churchill, H. Balslev, E. Forero & J.L. Luteyn (eds.).<br />

Biodiversity and conservation of Neotropical montane forests.<br />

p. 359-363. New York Botanical Garden, New York, Estados<br />

Unidos.<br />

Nonato, F. R. 2005. Pteridófitas. In: F.A. Juncá, L. Funch & W.<br />

Rocha (eds.). Biodiversidade e Conservação da Chapada Diamantina.<br />

pp. 209-223. Ministério do Meio Ambiente, Brasília,<br />

Brasil.<br />

Øllgaard, B. 1996. Neotropical Huperzia (Lycopodiaceae) -<br />

Distribution of species richness. In: J. M. Camus, M. Gibby &<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


98 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

R.J. Johns (eds.). Pteridology in perspective. pp. 93-100. Royal<br />

Botanic Gardens, Kew, Reuno Unido.<br />

Ølgaard, B. & P.G. Windisch. 1987. Sinopse das licopodiáceas<br />

do Brasil. Bradea 1 (5): 1-43.<br />

Page, C. N. 1979. The diversity of ferns. An ecological perspective.<br />

In: Dyer, A.F. The experimental biology of the ferns. London.<br />

Academic Press. p. 10-56.<br />

Pichi-Sermolli, R. E. G. 1996. Authors of scientific names in<br />

Pteridophyta. Royal Botanic Gardens, Kew, Reino Unido.<br />

Prado, J. 1989. Os representantes da família Pteridaceae, subfamília<br />

Cheilanthoideae (Div. Pteridophyta) ocorrentes nos campos<br />

rupestres da cadeia do Espinhaço no estado de Minas<br />

Gerais. Dissertação de Mestrado. Instituto de Biociências. Universidade<br />

de São Paulo. São Paulo. Brasil.<br />

Prado, J. 1992. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais. Pteridaceae<br />

- Cheilanthoideae. Boletim de Botânica da Universidade de<br />

São Paulo 13: 41-159.<br />

Prado, J. 1995. Ferns. In: B. L. Stannard (ed.). Flora of the Pico<br />

das Almas, Chapada Diamantina-Bahia, Brazil. pp. 85-110.<br />

Royal Botanic Gardens, Kew, Reino Unido.<br />

Prado, J. 1997. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Pteridaceae<br />

- Adiantoideae e Taenitidoideae. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 16: 115-118.<br />

Prado, J. 1998. Pteridófitas do Estado de São Paulo. In: C.E.M<br />

Bicudo & G.J. Shepherd (eds.). Biodiversidade do Estado de<br />

São Paulo: Síntese do Conhecimento ao Final do século XX –<br />

Fungos Macroscópicos e Plantas. pp. 49-61. Fundação de<br />

Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo. São Paulo. Brasil<br />

Prado, J. 2003. Pteridófitas. In: D. C. Zappi, E. Lucas, B. L.<br />

Stannard, E. N. Lughadha, J. R. Pirani, L. P. Queiroz, S. Atkins,<br />

D. J. N. Hind, A. M. Giulietti, R. M. Harley & A. M. Carvalho<br />

(eds). Lista das plantas vasculares de Catolés, Chapada Diamantina,<br />

Bahia, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 21 (2): 359-360.<br />

Prado, J. & P.H. Labiak. 2003. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais:<br />

Pteridófitas. Boletim de Botânica da Universidade de São<br />

Paulo 21(1): 25-47.<br />

Prado, J. & P.G. Windisch. 1996. Flora da Serra do Cipó, Minas<br />

Gerais: Dennstaedtiaceae. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 15: 83-88.<br />

Ribeiro, J. F. & B. M. T. Walter. 1998. Fitofisionomias do Bioma<br />

Cerrado. In: S.M. Sano & S.P. Almeida (eds.). Cerrado: Am-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

biente e Flora. pp. 89-166. EMBRAPA-CPAC, Planaltina - DF,<br />

Brasil.<br />

Roos, M. 1996. Mapping the world’s pteridophyte diversity –<br />

systematics and floras. In: J.M. Camus, M. Gibby & R.J. Johns<br />

(eds). Pteridology in Perspective. pp. 29-42. Royal Botanic<br />

Gardens, Kew, Reino Unido.<br />

Smith, A. R. 1972. Comparison of fern and flowering plant<br />

distributions with some evolutionary interpretation for ferns.<br />

Biotropica 4: 4-9.<br />

Smith, A. R., K.M. Pryer, E. Schuettpelz, P. Korall, H. Schneider<br />

& P. Wolf. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55(3):<br />

705-731.<br />

Tryon, A. F. 1970. A monograph of the fern genus Eriosorus.<br />

Contributions from the Gray Herbarium 200: 54-274.<br />

Tryon, R. M. 1956. A revision of the american species of Notholaena.<br />

Contributions from the Gray Herbarium 179: 1-106.<br />

Tryon, R. M. 1972. Endemic areas and geographic speciation in<br />

tropical American ferns. Biotropica 4 (3):121-131.<br />

Tryon, R. 1986. Biogeography of species, with special reference<br />

to ferns. Botanical Review 52(2): 117-156.<br />

Tryon, R. M. & A.F. Tryon. 1982. Ferns and allied plants, with<br />

special reference to tropical America. Springer Verlag, New<br />

York, Estados Unidos.<br />

Vasconcelos, M.F., A. Salino & M.V.O. Vieira. 2002. A redescoberta<br />

de Huperzia rubra (Cham.) Trevis. (Lycopodiaceae) e seu atual<br />

estado de conservação nas altas montanhas do sul da Cadeia<br />

do Espinhaço, Minas Gerais. Unimontes Científica 3(3): 45-50.<br />

Veloso, H. P., A.L.R. Rangel & J. C. A. Lima. 1991. Classificação<br />

da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal.<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro,<br />

Brasil.<br />

Windisch, P. G. 1992. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />

Hymenophyllaceae. Boletim de Botânica da Universidade de<br />

São Paulo 13: 133-139.<br />

Windisch, P.G. 1996. Towards assaying biodiversity in Brazilian<br />

pteridophytes. In: C.E.M. Bicudo & N.A. Menezes (eds.).<br />

Biodiversity in Brazil. pp. 109-117. Conselho Nacional de<br />

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). São Paulo.<br />

Brasil.<br />

Windisch, P. G. & J. Prado. 1990. Flora da Serra do Cipó, Minas<br />

Gerais: Cyatheaceae. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 12: 7-13.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Inventário e distribuição geográfica das gramíneas<br />

(Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

PEDRO LAGE VIANA 1,2 *<br />

TARCISO SOUZA FILGUEIRAS 2,3<br />

1 Departamento de Botânica. Instituto de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.<br />

2 Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, Brasil.<br />

3 Doutorando em Biologia Vegetal, <strong>UFMG</strong>/CAPES.<br />

* e-mail: vianapl@yahoo.com.br<br />

RESUMO<br />

As gramíneas estão entre as principais famílias de angiospermas e são componente notável na<br />

composição florística de ecossistemas savânicos, florestais e campestres no Brasil. A Cadeia<br />

do Espinhaço é marcada por um mosaico de diferentes tipos vegetacionais e, por consequência,<br />

abriga expressiva riqueza de Poaceae. O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento<br />

das espécies de gramíneas da Cadeia do Espinhaço em setores estabelecidos (Quadrilátero<br />

Ferrífero, Espinhaço Central e Setor Baiano), assim como especular sobre possíveis influências<br />

florísticas de outros domínios fitogeográficos na flora de gramíneas do Espinhaço. Primeiramente,<br />

foi realizado o levantamento das espécies ocorrentes na Cadeia, por compilação de<br />

dados em literatura disponível. Posteriormente, foi investigado o padrão de distribuição geográfica<br />

dessas espécies, baseado na ocorrência em outros domínios fitogeográficos brasileiros.<br />

Como resultado, apresenta-se uma lista com 340 espécies de Poaceae, divididas em sete<br />

subfamílias e 88 gêneros. Dessas, 212 também ocorrem no domínio do Cerrado, 203 na Mata<br />

Atlântica, 86 na Amazônia, 76 no Pampa e 48 na Caatinga, Trinta e cinco espécies foram consideradas<br />

presumivelmente endêmicas da Cadeia do Espinhaço. A riqueza de Poaceae no Espinhaço,<br />

por setor, concentra-se no Espinhaço Central (241 spp.) seguido do Quadrilátero Ferrífero<br />

(201 spp) e Setor Baiano (178 spp.). Os padrões observados sugerem forte influência dos<br />

domínios do Cerrado e Mata Atlântica na flora agrostológica do Espinhaço.<br />

ABSTRACT<br />

The Poaceae (Gramineae) are one of the most important groups among flowering plants and is a<br />

noteworthy component of plant communities in most ecosystems in Brazil, including savanna<br />

vegetation, grasslands and forests. The “Cadeia do Espinhaço” is characterized by a mosaic of<br />

different vegetation types and, consequently, by considerable Poaceae diversisty. The aim of this<br />

paper is to present a checklist of the Poaceae species in the “Cadeia do Espinhaço”, divided in<br />

three regional sectors, and to discuss the relative importance of the adjacent biomes on the<br />

composition of the grassy flora of the Espinhaço. The checklist is based on a compilation of available<br />

literature, such as floristic inventories, taxonomic revisions and regional floras. A total of 340<br />

Poaceae species included in seven subfamilies and 88 genera were recorded. Of these, 212 also<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


100 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

occur on “Cerrado” domain, 203 on “Mata Atlântica”, 86 on “Amazônia”, 76 on “campos” and<br />

48 on “Caatinga”. Thirty-five species were considered probable endemics of the “Cadeia do Espinhaço”.<br />

The richness of Gramineae in the Espinhaço is concentrated in the “Espinhaço Central”<br />

(241 spp.), followed by the “Quadrilátero Ferrífero” (201 spp.) and “Setor Baiano” (178 spp.). The<br />

patterns observed suggest a high floristic influence of “Cerrado” and “Mata Atlântica” on the<br />

composition of the Poaceae flora of the Espinhaço.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Poaceae (Gramineae), representada por capins, bambus<br />

e cereais, constitui uma das principais famílias dentre<br />

as angiospermas. Pertence à ordem Poales, que engloba<br />

outras famílias importantes de monocotiledôneas,<br />

como Bromeliaceae, Cyperaceae e Eriocaulaceae (Judd<br />

et al., 2002). Inclui cerca de 10000 espécies distribuídas<br />

por todos os continentes do planeta (Clayton & Renvoize,<br />

1986; Watson & Dallwitz, 1992). De acordo com Grass<br />

Phylogeny Work Group (GPWG 2000), são reconhecidas<br />

para Poaceae 12 subfamílias: Anomochlooideae,<br />

Pharoideae, Puelioideae, Bambusoideae, Ehrhartoideae,<br />

Pooideae, Aristidoideae, Arundinoideae, Chloridoideae,<br />

Centothecoideae, Panicoideae e Danthonioideae.<br />

As gramíneas representam o componente básico de<br />

diversos ecossistemas terrestres, desempenhando papéis<br />

ecológicos diversos e contribuindo significativamente<br />

com a biodiversidade local. Ecossistemas<br />

savânicos tropicais, como o Cerrado brasileiro e a Savana<br />

africana, caracterizam-se pelo estrato herbáceo<br />

composto por um tapete graminoso, que ocupa<br />

biomassa expressiva e é base da cadeia alimentar (Jacobs<br />

et al., 1999; Shaw, 2000). Nesses ecossistemas verificase<br />

altíssima diversidade de espécies de Poaceae que se<br />

destaca como uma das mais importantes famílias na<br />

sua composição florística (Haase & Beck, 1989; Davis et<br />

al., 1994; Mendonça et al., 1998).<br />

Ambientes florestais também abrigam relevante diversidade<br />

de Poaceae. A subfamília Bambusoideae, representada<br />

pelos bambus, constitui uma importante linhagem<br />

que de diversificou em ambientes florestais,<br />

onde também se encontram os representantes mais primitivos<br />

da família Poaceae, como as pequenas subfamílias<br />

Anomochloideae e Pharoideae (Judziewicz et al.,<br />

1999). As florestas tropicais nos continentes da Ásia e<br />

América do Sul abrigam mais de 1000 espécies de bambus<br />

(McClure, 1966; Judziewicz et al., 1999), que são de<br />

extrema importância na composição florística nessas<br />

regiões.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Num estudo sobre a diversidade agrostológica brasileira,<br />

Burman (1985) citou 1368 espécies de gramíneas<br />

para o Brasil. Este estudo seminal precisa ser atualizado,<br />

uma vez que nos últimos 20 anos, táxons novos<br />

foram descritos e diversas novas citações foram<br />

registradas para o Brasil. Grande p<strong>arte</strong> da diverisidade<br />

de gramíneas no Brasil concentra-se nos domínios<br />

fitogeográficos do Cerrado, Pampa e Mata Atlântica<br />

(Burman, 1985). A Amazônia e a Caatinga carecem de<br />

inventários significativos com enfoque à família Poaceae<br />

para que se tenha uma noção mais concreta da sua diversidade<br />

agrostológica.<br />

No domínio da Mata Atlântica, onde se tem uma elevada<br />

diversidade de ecossistemas, observa-se também<br />

alta riqueza de gramíneas, destacando-se espécies e<br />

gêneros endêmicos (Soderstrom et al. 1988; Filgueiras<br />

& Santos-Gonçalves, 2004). Este bioma representa um<br />

dos centros de diversidade mundiais da subfamília<br />

Bambusoideae (Judziewicz et al., 1999), que figura entre<br />

os importantes elementos na composição florística<br />

e fisionômica dos seus diversos ecossistemas, como florestas<br />

ombrófilas, florestas estacionais, campos de altitude<br />

e restingas litorâneas. No Brasil, 65% das espécies<br />

nativas de Bambusoideae (151 spp.) ocorrem na<br />

Mata Atlântica (Filgueiras & Santos-Gonçalves, 2004).<br />

No Cerrado, que se caracteriza pela grande diversidade<br />

e endemismo vegetal (Myers et al., 2000), Fabaceae<br />

s.l., Asteraceae, Orchidaceae e Poaceae destacam-se com<br />

o maior número de espécies (Mendonça et al., 1998).<br />

Os grupos de Poaceae mais importantes na composição<br />

da flora do Cerrado, pertencem às subfamílias<br />

Panicoideae (Paspalum L., Panicum L., Axonopus P. Beauv.,<br />

Andropogon L.), Chloridoideae (Eragrostis Wolf, Sporobolus<br />

R.Br.) e Aristidoideae (Aristida L.).<br />

A Cadeia do Espinhaço é um complexo montanhoso<br />

que atravessa os estados de Minas Gerais e Bahia de<br />

norte a sul. Devido ao considerável gradiente altitudinal<br />

e longitudinal abrangidos, sua vegetação é bastante<br />

heterogênia e composta por um mosaico de tipos vegetacionais.<br />

(Giulietti et al., 1997, 2000). Ao longo de


sua extensão, representa o divisor fitogeográfico dos<br />

domínios Mata Atlântica a leste, e Cerrado e Caatinga a<br />

oeste, recebendo influência de várias regiões fitogeográficas.<br />

Como elemento fitofisionômico característico da<br />

Cadeia do Espinhaço citam-se os campos rupestres,<br />

associados geralmente a afloramentos rochosos quartzíticos.<br />

Os campos rupestres possuem fisionomia variada<br />

e elementos florísticos característicos, com alto<br />

grau de endemismo vegetal. Representam o centro de<br />

diversidade de diversos grupos vegetais. Nos campos<br />

ruprestes destacam-se as famílias Eriocaulaceae,<br />

Velloziaceae, Xyridaceae e vários grupos de Asteraceae,<br />

Melastomataceae, Lamiaceae, Verbenaceae (Giulietti et<br />

al., 1997, 2000) e até mesmo Poaceae, como o gênero<br />

Dichanthelium e Panicum sect. Lorea.<br />

Na Cadeia do Espinhaço, são comuns, ao longo dos<br />

cursos d’água, faixas de vegetação florestal formando<br />

as matas ciliares e matas de galeria (Meguro et al., 1996).<br />

São também freqüentes florestas mais extensas presentes<br />

em vales encaixados e encostas de serra e capões<br />

da mata ciscundados por formações campestres. Essas<br />

formações florestais ocorrem, com mais freqüencia, na<br />

vertente leste da Cadeia do Espinhaço. Encraves de cerrado,<br />

com seus elementos florísticos típicos, ocorrem<br />

com mais frequência na vertente oeste da Cadeia, geralmente<br />

em altitudes inferiores a 1000m.<br />

Inventários florísticos realizados na Cadeia do Espinhaço<br />

que incluem a família Poaceae são relativamente<br />

escassos, considerando a longa extensão desta cadeia<br />

montanhosa. Dentre os mais expressivos, destacam-se<br />

levantamentos florísticos gerais, realizados na Serra do<br />

Cipó (Giulietti et al., 1987), Serra do Ambrósio (Pirani et<br />

al., 1994), Serra da Calçada (Viana & Lombardi, 2007) e<br />

Grão Mogol (Longhi-Wagner & Todeschini, 2004) em<br />

Minas Gerais e em Mucugê (Harley & Mayo, 1980), Pico<br />

das Almas (Harley, 1995) e Catolés (Zappi et al., 2003)<br />

na Bahia.<br />

Dos trabalhos específicos sobre gramíneas na Cadeia<br />

do Espinhaço citam-se o estudo taxonômico da subfamília<br />

Chloridoideae no Espinhaço (Longhi-Wagner, 1986),<br />

o levantamento das gramíneas no Parque Estadual do<br />

Rio Preto, Minas Gerais (Viana 2004), o estudo do gênero<br />

Paspalum na Serra do Cipó (Sendulsky & Burman<br />

1978, 1980) e o estudo do gênero Ichnanthus na Chapada<br />

Diamantina (Oliveira et al., 2003).<br />

Estudos florísticos e revisões taxonômicas de grupos<br />

que ocorrem no perímetro do Espinhaço são também<br />

importantes e informativos, podendo ser citados<br />

diversos trabalhos como aqueles realizados por: Black<br />

(1963), Boechat (2005); Boechat & Longhi-Wagner (1995,<br />

2001); Burman (1987); Chase (1942); Clark (1992);<br />

Clayton (1969); Denham et al. (2002); Filgueiras (1982,<br />

1989); Guglieri et al. (2004, 2006); Longhi-Wagner (1999);<br />

Morrone et al. 1993, 2004); Morrone & Zuloaga (1991);<br />

Oliveira & Valls (2002); Pensiero (1999); Renvoize &<br />

Zuloaga (1983); Sendulsky & Soderstrom (1984);<br />

Soderstrom & Zuloaga (1989); Zanin (2001); Zuloaga et<br />

al. (1986, 1992, 1993, 1998); Zuloaga & Sendulsky<br />

(1988).<br />

Merece destaque especial, pela sua importância no<br />

conhecimento da Cadeia do Espinhaço, o estudo das<br />

gramíneas no estado da Bahia (Renvoize, 1984). Este<br />

trabalho inclui descrições morfológicas simplificadas<br />

das espécies ocorrentes no estado, além de dados sobre<br />

a distribuição geográfica das mesmas e ilustrações<br />

diagnósticas.<br />

Atualmente, diversos grupos de pesquisadores desenvolvem<br />

trabalhos florísticos e taxonômicos em distintas<br />

regiões da Serra do Espinhaço. Isto demonstra o<br />

contínuo interesse da comunidade científica brasileira<br />

sobre essa fascinante região.<br />

Este trabalho tem como objetivo fornecer uma<br />

listagem preliminar das espécies de gramíneas da Cadeia<br />

do Espinhaço, com base na compilação de dados<br />

disponíveis na literatura. Objetiva também fornecer uma<br />

breve análise de distribuição geográfica das espécies<br />

da Cadeia do Espinhaço, indicando as endêmicas, aquelas<br />

com distribuição em outros domínios fitogeográficos<br />

brasileiros e as de ampla distribuição.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Viana & Filgueiras | 101<br />

Delimitação da Área de Estudos<br />

Para a análise de distribuição geográfica das espécies,<br />

a Cadeia do Espinhaço foi dividida em três setores:<br />

Quadrilátero Ferrífero, Espinhaço Central e Setor Baiano.<br />

O primeiro setor abrange as serras do complexo<br />

geológico do Quadrilátero Ferrífero, com geologia e<br />

formações vegetais distintas no contexto da Cadeia do<br />

Espinhaço. Inclui a Serra do Caraça, Serra da Moeda,<br />

Serra da Piedade, Serra do Itacolomi, Serra de Itabirito<br />

e Serra de Ouro Branco. Tem como limite meridional o<br />

município de Ouro Branco e setentrional o município<br />

de Itabira. Na Serra do Caraça encontram-se os pontos<br />

culminantes da Cadeia do Espinhaço, conhecidos como<br />

Pico do Sol (2072m) e Pico do Inficcionado (2068m).<br />

O setor Espinhaço Central inicia-se no município de<br />

Jaboticatubas, que delimita sua extremidade sul, até o<br />

extremo norte da Cadeia do Espinhaço no estado de<br />

Minas Gerais, no município de Montezuma. Neste<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


102 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

setor encontram-se diversas serras importantes, como<br />

a Serra do Cipó, todas as serras do Planalto de Diamantina,<br />

Serra do Gavião, Serra da Pedra Menina, Serra do<br />

Ambrósio, Serra Negra, Serra de Grão Mogol, Serra do<br />

Cabral, entre outras. O ponto culminante deste setor é<br />

o Pico do Itambé, com 2.044m.<br />

O Setor Baiano corresponde à porção da Cadeia do<br />

Espinhaço presente no estado da Bahia. Inclui as serras<br />

da Chapada Diamantina e tem como ponto culminante<br />

o Pico do Barbado, com 2.033m.<br />

Para a delimitação dos domínios fitogeográficos, foi<br />

considerado o mapa de biomas do Brasil (IBGE, 2004),<br />

com o Pantanal incluído no domínio do Cerrado.<br />

Compilação dos dados<br />

O levantamento das espécies de Poaceae ocorrentes na<br />

Cadeia do Espinhaço foi realizado a partir da compilação<br />

de dados disponíveis na literatura. Para tanto, foram<br />

consideradas três categorias de trabalhos:<br />

1. revisões taxonômicas de grupos com ocorrência na<br />

Cadeia do Espinhaço, das quais foram considerados<br />

os registros presentes nos materiais examinados e<br />

outras informações sobre a distribuição geográfica<br />

(Chase, 1942; Black, 1963; Clayton, 1969; Filgueiras,<br />

1982, 1989; Renvoize & Zuloaga, 1983; Sendulsky &<br />

Soderstrom, 1984; Zuloaga et al., 1986, 1992, 1993,<br />

1998; Burman, 1987; Zuloaga & Sendulsky, 1988;<br />

Soderstrom & Zuloaga, 1989; Morrone & Zuloaga,<br />

1991; Clark, 1992; Morrone et al., 1993, 2004;<br />

Boechat & Longhi-Wagner, 1995, 2001; Longhi-<br />

Wagner, 1999; Pensiero, 1999; Zanin, 2001; Denham<br />

et al., 2002; Oliveira & Valls, 2002; Guglieri et al., 2004,<br />

2006; Boechat, 2005);<br />

2. floras de áreas que abrangem a Cadeia do Espinhaço,<br />

com tratamento taxonômico das espécies, das<br />

quais foram considerados os registros presentes nos<br />

materiais examinados e outras informações sobre a<br />

distribuição geográfica (Renvoize, 1984);<br />

3. listagens florísticas em áreas totalmente inseridas nas<br />

abrangências da Cadeia do Espinhaço, das quais foram<br />

consideradas todas as espécies confirmadas<br />

(Sendulsky & Burman, 1978; Burman & Sendulsky,<br />

1980; Longhi-Wagner, 1990; Meguro et al., 1994;<br />

Pirani et al., 1994; Stannard, 1995; Guedes & Orge,<br />

1998; Zappi et al. 2003; Longhi-Wagner & Todeschini,<br />

2004; Viana, 2004; Vincent, 2004).<br />

Para complementação da listagem de espécies foi<br />

consultada a coleção de Poaceae do herbário BHCB, que<br />

concentra registros dos setores Quadrilátero Ferrífero<br />

e Espinhaço Central.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Os registros por domínio fitogeográfico foram extraídos<br />

dos dados de distribuição geográfica presentes<br />

na literatura consultada. Em alguns casos, foi considerado<br />

o conhecimento dos autores sobre esta questão.<br />

Espécies com distribuição extra-americana não foram<br />

incluídas nesta análise.<br />

Táxons infraespecífcos não foram considerados e,<br />

quando necessário, foram ajustados problemas de<br />

sinonímia.<br />

A classificação em subfamílias seguiu GPWG (2000).<br />

A classificação ao nível de gênero e as sinonímias seguiram<br />

Judziewicz et al. (2000), Peterson et al. (2001),<br />

Soreng et al. (2003) e Zuloaga et al. (2003).<br />

RESULTADOS<br />

A partir da compilação de dados foi verificada na Cadeia<br />

do Espinhaço a ocorrência de 340 espécies de<br />

Poaceae, distribuídas em sete subfamílias e 88 gêneros<br />

(Tabela 1). Dentre as subfamílias, destaca-se Panicoideae<br />

que inclui a grande maioria das espécies (251 spp.),<br />

seguida de Chloridoideae (46), Bambusoideae (23),<br />

Aristidoideae (13), Pooideae (três), Ehrhartoideae (três)<br />

e Danthonioideae (uma) (Figura 1). Os gêneros de maior<br />

destaque em número de espécies foram Paspalum<br />

(49 spp.), Panicum (45), Eragrostis (20), Axonopus (19),<br />

Andropogon (17) e Dichanthelium (16), todos representantes<br />

da subfamília Panicoideae.<br />

A análise da distribuição geográfica das espécies<br />

ocorrentes na Cadeia do Espinhaço, por domínio fitogeográfico,<br />

sugeriu forte influência do Cerrado e da<br />

Mata Atlântica na composição da sua flora agrostológica.<br />

Excluindo as endêmicas e de distribuição extra-americana,<br />

212 espécies ocorrem também no domínio do<br />

Cerrado, 203 no domínio da Mata Atlântica, 48 na Caatinga,<br />

86 na Amazônia e 76 no domínio Pampa (Figura<br />

2). Esta mesma análise, por setor (Figura 3), mostra o<br />

Quadrilátero Ferrífero com um maior número de espécies<br />

ocorrentes no domínio da Mata Atlântica (144 spp.)<br />

do que no Cerrado (131 spp.). Nos outros dois setores,<br />

há uma predominância de espécies em comum com o<br />

Cerrado (Figura 3). A Caatinga, apesar da baixa contribuição,<br />

possui um maior número de espécies em comum<br />

com o setor baiano (40 spp.) em relação aos outros<br />

setores do Espinhaço (21 spp. no Quadrilátero Ferrífero<br />

e 29 spp. no Espinhaço Central).<br />

Considerando os três setores delimitados para a Cadeia<br />

do Espinhaço, nota-se o seguinte padrão: Espinhaço<br />

Central e Quadrilátero Ferrífero concentram uma maior<br />

riqueza de espécies, enquanto na p<strong>arte</strong> baiana ob-


serva-se uma maior proporção de espécies exclusivas<br />

de um setor, considerando o contexto Cadeia do Espinhaço.<br />

Das 201 espécies encontradas no Quadrilátero<br />

Ferrífero, 31 (15,5%) não ocorrem nos outros setores.<br />

Das 241 ocorrentes no Espinhaço Central, 44 (18,6%)<br />

ocorrem apenas nesse setor. A porção baiana, apesar<br />

de menos rica, possui 51 espécies exclusivas, ou 26,8%,<br />

de um total de 178 espécies (Figura 4).<br />

Trinta e seis espécies, ou 10,6% do total, foram consideradas<br />

presumivelmente endêmicas das abrangências<br />

da Cadeia do Espinhaço (Tabela 2). O gênero monoespecífico<br />

Plagiantha Renvoize, foi o único da família<br />

FIGURA 1 – Riqueza de espécies das subfamílias de Poaceae ocorrentes<br />

na Cadeia do Espinhaço.<br />

FIGURA 3 – Numero de espécies de Poaceae em cada setor da Cadeia<br />

do Espinhaço e com ocorrência nos domínios do Cerrado, Mata<br />

Atlântica, Caatinga, Amazônia e Pampa. Espécies com distribuição<br />

extra-americana foram desconsideradas.<br />

Viana & Filgueiras | 103<br />

considerado provavelmene endêmico desta cadeia<br />

montanhosa. Notável é o fato que das 36 espécies endêmicas,<br />

a metade (18 spp.) e conhecida apenas para<br />

a região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia.<br />

Seis espécies são endêmicas do Setor Central e apenas<br />

três foram consideradas exclusivas do Quadrilátero<br />

Ferrífero.<br />

Apenas 36 espécies (10,6%) encontradas na Cadeia<br />

do Espinhaço, ocorrem além do continente americano,<br />

sendo de ampla distribuição geográfica. Grande p<strong>arte</strong><br />

dessas espécies foi registrada nos três setores do Espinhaço<br />

(Tabela 1).<br />

FIGURA 2 – Números de espécies de Poaceae<br />

registradas para a Cadeia do Espinhaço e que ocorrem<br />

nos domínios do Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga,<br />

Amazônia e Pampa. Espécies endêmicas ou com<br />

distribuição extra-americana foram desconsideradas.<br />

FIGURA 4 – Numero total de espécies de Poaceae<br />

em cada setor da Cadeia do Espinhaço. As faixas<br />

com linhas diagonais representam espécies<br />

exclusivas de cada setor na Cadeia do Espinhaço e<br />

as faixas coloridas representam espécies com<br />

ditribuíção extra-americana.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


104 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

TABELA 1 – Listagem das espécies de Poaceae consideradas endêmicas da Cadeia do Espinhaço, com informações detalhadas<br />

sobre sua distribuição geográfica.<br />

ESPÉCIE DETALHES SOBRE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA<br />

Andropogon campestris Trin. Conhecida apenas pela coleção-tipo, proveniente da Serra do<br />

Cipó (MG).<br />

Andropogon durifolius Renvoize Vários registros para a região da Chapada Diamantina (BA) e um<br />

registro para a região de Diamantina (MG).<br />

Axonopus grandifolius Renvoize Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Chusquea nutans L. G. Clark Encontrada em todos os setores da Cadeia do Espinhaço, desde<br />

a Serra de Ouro Branco (MG) até a Chapada Diamantina (BA).<br />

Colanthelia distans (Trin.) McClure Conhecida apenas pela coleção-tipo, proveniente do Parque<br />

Estadual do Itacolomi, Ouro Preto (MG).<br />

Dichanthelium adenorhachis (Zuloaga & Morrone) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Dichanthelium assurgens (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Dichanthelium cabrerae (Zuloaga & Morrone) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Dichanthelium congestum (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Dichanthelium cumbucana (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Dichanthelium heliophilum (Chase ex Zuloaga & Morrone) Freqüente nos campos rupestres dos setores<br />

Zuloaga Quadrilátero Ferrífero e Espinhaço Central.<br />

Dichanthelium stipiflorum (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Elionurus bilinguis (Trin.) Hack. Conhecido apenas pelo material-tipo, de G.H. von Langsdorff, com a<br />

indicação “in petrosis S. da Chapada”, que provavelmente<br />

corresponde à região de Diamantina (MG).<br />

Eragrostis sclerophylla Trin. Apenas no Espinhaço Central, nos arredores de Diamantina (MG).<br />

Mesosetum gibbosum Renvoize & Filg. Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Otachyrium aquaticum Send. & Soderstr. Chapada Diamantina (BA), e um registro duvidoso para Minas<br />

Gerais.<br />

Otachyrium pterygodium (Trin.) Pilg. No Espinhaço Central. Um registro duvidoso para o estado do<br />

Amazonas, às margens do rio Negro.<br />

Panicum acicularifolium Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Panicum animarum Renvoize Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Panicum bahiense Renvoize Em topos de morros do Espinhaço Central e Setor Baiano.<br />

Panicum brachystachyum Trin. Conhecido apenas de uma localidade no Parque Estadual Serra<br />

do Intendente, localizado na região da Serra do Cipó (MG),<br />

Panicum cipoense Renvoize & Send. Apesar do epíteto específico “cipoense”, distribui-se da Serra<br />

do Cipó até os campos rupestres da região de Diamantina, no<br />

Espinhaço Central.<br />

Panicum durifolium Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Panicum lagostachyum Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Panicum loreum Trin. Freqüentes nos campos rupestres do Quadrilátero Ferrífero e<br />

Espinhaço Central<br />

Panicum noterophilum Renvoize Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Panicum poliophyllum Renvoize & Zuloaga Muito freqüente no Quadrilátero Ferrífero e ocasional no<br />

Espinhaço Central.<br />

Panicum soderstromii Zuloaga & Send. Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Panicum vaginiviscosum Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />

Paspalum brachytrichum Hack. Provavelmente endêmica de campos rupestres sobre canga, na região<br />

do Quadrilátero Ferrífero (MG). Há registros recentes para a<br />

Serra de Capanema e Serra da Moeda, além do material tipo, de<br />

Glaziou, proveniente de “Campos de Itabira”, que provavelmente<br />

corresponde à região do Pico de Itabirito.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


TABELA 2 – Lista das espécies de Poaceae compiladas para as abrangências da Cadeia do Espinhaço.<br />

Os nomes em negrito correspondem a espécies presumivelmente endêmicas. Nomes assinalados com um asterisco (*) são espécies<br />

com distribuição extra-americana. Na coluna Setor do Espinhaço, QF = Quadrilátero Ferrífero, EC = Espinhaço Central e BA = Setor<br />

baiano. Na coluna Domínio Fitogeográfico, CER = Cerrado, MAT = Mata Atlântica, CAA = Caatinga, AM = Amazônia e PAM = Pampa.<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

Actinocladum verticillatum (Nees) McClure ex Soderstr. • • •<br />

Agenium leptocladum (Hack.) Clayton • • • •<br />

A. villosum (Nees) Pilg. • • • •<br />

Andropogon bicornis L. • • • • • • • •<br />

A. bogotensis (Hack.) A. Zanin & Longhi-Wagner • • •<br />

A. brasiliensis A. Zanin & Longhi-Wagner • • •<br />

A. campestris Trin. •<br />

A. carinatus Nees • • • •<br />

A. crucianus Renvoize •<br />

A. durifolius Renvoize • •<br />

A. fastigiatus Sw.* • • – – – – –<br />

A. gayanus Kunth* • • •<br />

A. indetonsus Sohns • •<br />

A. ingratus Hack • • • •<br />

A. lateralis Nees • • • • • • •<br />

A. leucostachyus Kunth* • • • – – – – –<br />

A. macrothrix Trin. • • • • •<br />

A. pohlianus Hack. • •<br />

A. selloanus (Hack.) Hack. • • • • • • • •<br />

A. virgatus Desv. ex Ham. • • • • • • • •<br />

Anthaenantia lanata (Kunth) Benth. • • • • • • •<br />

Anthaenantiopsis perforata (Nees) Parodi • •<br />

A. trachystachya (Nees) Mez ex Pilg. • •<br />

Aristida brasiliensis Longhi-Wagner • • •<br />

A. capillacea Lam. • • • • • •<br />

A. ekmaniana Henrard • • • •<br />

A. flaccida Trin. & Rupr. • •<br />

A. gibbosa (Nees) Trin. • • • • • •<br />

A. glaziovii Hack. ex Henrard • • • •<br />

A. longifolia Trin. • • • • • •<br />

A. megapotamica Spreng. • • • •<br />

A. pendula Longhi-Wagner • •<br />

A. recurvata Kunth • • • • •<br />

A. riparia Trin. • • • • • • •<br />

A. setifolia Kunth • • • • • •<br />

A. torta (Nees) Kunth • • • • • • •<br />

Arthropogon villosus Nees • • •<br />

Arundinella hispida (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Kuntze • • • • • •<br />

Aulonemia aristulata (Döll) McClure • • • • •<br />

Viana & Filgueiras | 105<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


106 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

A. effusa (Hack.) McClure • • • •<br />

A. fimbriatifolia L. G. Clark • •<br />

Axonopus aureus P. Beauv. • • • • •<br />

A. brasiliensis (Spreng.) Kuhlm. • • • • • •<br />

A. canescens (Nees ex Trin.) Pilg. • • • • •<br />

A. capillaris (Lam.) Chase • • • • • • •<br />

A. chrysoblepharis (Lag.) Chase • • • • •<br />

A. chrysostachyus (Schrad.) Pilg. • • •<br />

A. comans (Trin. ex Döll) Kuhlm. • •<br />

A. compressus (Sw.) P. Beauv. • • • • • •<br />

A. fastigiatus (Nees ex Trin.) Kuhlm. • • • •<br />

A. fissifolius (Raddi) Kuhlm. • • • • • • •<br />

A. grandifolius Renvoize •<br />

A. laxiflorus (Trin.) Chase • • • •<br />

A. marginatus (Trin.) Chase • • • • •<br />

A. pellitus (Nees ex Trin.) Hitchc. & Chase • • • • •<br />

A. polydactylus (Steud.) Dedecca • • • •<br />

A. polystachyus G. A. Black • •<br />

A. pressus (Nees ex Steud.) Parodi • • • • •<br />

A. purpusii (Mez) Chase • • • • • •<br />

A. siccus (Nees) Kuhlm. • • • • • • •<br />

Calamagrostis viridiflavescens (Poir.) Steud. • • •<br />

Cenchrus echinatus L.* • – – – – –<br />

Chloris exilis Renvoize • • •<br />

C. orthonoton Döll* • – – – – –<br />

C. pycnothrix Trin.* • • – – – – –<br />

Chusquea anelythra Nees • •<br />

C. attenuata (Döll) L.G. Clark • •<br />

C. capitata Nees • •<br />

C. capituliflora Trin. • •<br />

C. nutans L. G. Clark • • •<br />

C. pinifolia (Nees) Nees • • •<br />

Coelorachis aurita (Steud.) A. Camus • • • •<br />

Coix lacryma-jobi L.* • – – – – –<br />

Colanthelia distans (Trin.) McClure •<br />

Ctenium brevispicatum J.G. Sm. • • • •<br />

C. chapadense (Trin.) Döll • • •<br />

C. cirrhosum (Nees) Kunth • • • •<br />

Dactyloctenium aegyptium (L.) Willd.* • – – – – –<br />

Danthonia secundiflora J. Presl • • •<br />

Dichanthelium adenorhachis (Zuloaga & Morrone) Zuloaga •<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

D. aequivaginatum (Swallen) Zuloaga • •<br />

D. assurgens (Renvoize) Zuloaga •<br />

D. cabrerae (Zuloaga & Morrone) Zuloaga •<br />

D. congestum (Renvoize) Zuloaga •<br />

D. cumbucana (Renvoize) Zuloaga •<br />

D. hebotes (Trin.) Zuloaga • •<br />

D. heliophilum (Chase ex Zuloaga & Morrone) Zuloaga • •<br />

D. pycnoclados (Tutin) Davidse • • •<br />

D. sabulorum (Lam.) Gould & C.A. Clark • • •<br />

D. sciurotis (Trin.) Davidse • • • •<br />

D. sciurotoides (Zuloaga & Morrone) Davidse • • • •<br />

D. stigmosum (Trin.) Zuloaga • •<br />

D. stipiflorum (Renvoize) Zuloaga •<br />

D. superatum (Hack.) Zuloaga • •<br />

D. surrectum (Chase ex Zuloaga & Morrone) Zuloaga • • • •<br />

Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler* • – – – – –<br />

D. corynotricha (Hack.) Henrard • • • •<br />

D. horizontalis Willd.* • – – – – –<br />

D. insularis (L.) Fedde • • • • • • •<br />

D. mattogrossensis (Pilg.) Henrard • •<br />

D. tenuis (Nees) Henrard • • •<br />

Echinochloa colona (L.) Link* • • • – – – – –<br />

E. crus-galli (L.) P. Beauv.* • – – – – –<br />

E. crus-pavonis (Kunth) Schult.* • – – – – –<br />

Echinolaena minarum (Nees) Pilg. • •<br />

E. inflexa (Poir.) Chase • • • • • • •<br />

Eleusine indica (L.) Gaertn.* • • • – – – – –<br />

Elionurus bilinguis (Trin.) Hack. •<br />

E. muticus (Spreng.) Kuntze • • •<br />

Eragrostis articulata (Schrank) Nees • • • • • • •<br />

E. bahiensis Schrad. ex Schult. • • • • • •<br />

E. ciliaris (L.) R. Br.* • – – – – –<br />

E. curvula (Schrad.) Nees* • – – – – –<br />

E. glomerata (Walter) L.H. Dewey • • • • •<br />

E. hypnoides (Lam.) Britton, Sterns & Poggenb • • • •<br />

E. leucosticta Nees ex Döll • • •<br />

E. lugens Nees • • • • •<br />

E. maypurensis (Kunth) Steud. • • • •<br />

E. mokensis Pilg.* • – – – – –<br />

E. perennis Döll • • • •<br />

E. petrensis Renvoize & Longhi-Wagner • • •<br />

Viana & Filgueiras | 107<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


108 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

E. pilosa (L.) P. Beauv.* • • – – – – –<br />

E. polytricha Nees • • • • • •<br />

E. rufescens Schrad. ex Schult. • • • • • • •<br />

E. sclerophylla Trin. •<br />

E. secundiflora J. Presl • • • • •<br />

E. seminuda Trin. • • • •<br />

E. solida Nees • • • •<br />

E. tenuifolia (A. Rich.) Hochst. ex Steud. • • •<br />

Eriochloa punctata (L.) Desv. ex Ham. • • • •<br />

Eriochrysis cayennensis P. Beauv. • • • • • •<br />

E. holcoides (Nees) Kuhlm. • • • •<br />

Filgueirasia cannavieria (Silveira) Guala • •<br />

Guadua paniculata Munro • • • •<br />

G. tagoara (Nees) Kunth • •<br />

Gymnopogon foliosus (Willd.) Nees • • • • •<br />

G. spicatus (Spreng.) Kuntze • • • • •<br />

Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & Soderstr. • • • • • •<br />

H. isocalycia (G. Mey.) Chase • • • • •<br />

H. longispicula (Döll) Chase • • •<br />

Hymenachne amplexicaulis (Rudge) Nees • • • • •<br />

H. pernambucensis (Spreng.) Zuloaga • • • •<br />

Hyparrhenia bracteata (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Stapf* • – – – – –<br />

H. rufa (Nees) Stapf* • • – – – – –<br />

Ichnanthus bambusiflorus (Trin.) Döll • • • • • • •<br />

I. calvescens (Nees ex Trin.) Döll • • • • • •<br />

I. dasycoleus Tutin • • • • • •<br />

I. hirtus (Raddi) Chase • • • •<br />

I. inconstans (Trin. ex Nees) Döll • • • • •<br />

I. leiocarpus (Spreng.) Kunth • • •<br />

I. longiglumis Mez • • •<br />

I. nemoralis (Schrad.) Hitchc. & Chase • • • • •<br />

I. pallens (Sw.) Munro ex Benth. • • •<br />

I. procurrens (Nees ex Trin.) Swallen • • • • • • •<br />

I. tenuis (J. Presl & C. Presl) Hitchc. & Chase • • • •<br />

I. zehntneri Mez • • •<br />

Imperata brasiliensis Trin. • •<br />

Lasiacis divaricata (L.) Hitchc. • • •<br />

L. ligulata Hitchc. & Chase • • •<br />

L. sorghoidea (Desv. ex Ham.) Hitchc. & Chase • • • •<br />

Leptochloa fusca (L.) Kunth • • •<br />

L. virgata (L.) P. Beauv. • • • • • •<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

Lithachne horizontalis Chase • •<br />

Loudetia flammida (Trin.) C.E. Hubb. • •<br />

Loudetiopsis chrysothrix (Nees) Conert • • • •<br />

Luziola bahiensis (Steud.) Hitchc. • • • •<br />

L. brasiliana Moric. • •<br />

L. peruviana Juss. ex J.F. Gmel. • •<br />

Megathyrsus maximus (Jacq.) B.K. Simon & S.W.L. Jacobs* • • • – – – – –<br />

Melinis minutiflora P. Beauv.* • • • – – – – –<br />

M. repens (Willd.) Zizka* • • • – – – – –<br />

Merostachys fischeriana Rupr. ex Döll • • • •<br />

M. kunthii Rupr. • •<br />

Mesosetum arenarium Swallen • •<br />

M. exaratum (Trin.) Chase • •<br />

M. ferrugineum (Trin.) Chase • • • • •<br />

M. gibbosum Renvoize & Filg. •<br />

M. loliiforme (Hochst. ex Steud.) Chase • • • • •<br />

Microchloa indica (L. f.) P. Beauv.* • – – – – –<br />

Olyra ciliatifolia Raddi • • • • •<br />

O. humilis Nees • • • •<br />

O. latifolia L.* • – – – – –<br />

O. taquara Swallen • • •<br />

Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv.* • • – – – – –<br />

Otachyrium aquaticum Send. & Soderstr. ? •<br />

O. pterygodium (Trin.) Pilg. • ?<br />

Otachyrium versicolor (Döll) Henrard • • • • •<br />

Panicum acicularifolium Renvoize & Zuloaga •<br />

P. animarum Renvoize •<br />

P. aristelum Döll • • •<br />

P. auricomum Nees ex Trin. • •<br />

P. bahiense Renvoize • •<br />

P. brachystachyum Trin. •<br />

P. campestre Nees ex Trin. • • • • •<br />

P. cervicatum Chase • • • • •<br />

P. chapadense Swallen • • •<br />

P. chnoodes Trin. • •<br />

P. cipoense Renvoize & Send. •<br />

P. cordovense E. Fourn. • • •<br />

P. cyanescens Nees ex Trin. • • • • • •<br />

P. durifolium Renvoize & Zuloaga •<br />

P. euprepes Renvoize • • • •<br />

Viana & Filgueiras | 109<br />

P. exiguum Mez • • • •<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


110 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

P. lagostachyum Renvoize & Zuloaga •<br />

P. latissimum Mikan ex Trin. • • •<br />

P. ligulare Nees ex Trin. • • •<br />

P. loreum Trin. • •<br />

P. lutzii Swallen • •<br />

P. machrisiana Swallen • •<br />

P. molinioides Trin. • • •<br />

P. noterophilum Renvoize •<br />

P. olyroides Kunth • • • •<br />

P. pantrichum Hack. • • • • •<br />

P. parvifolium Lam. • • • • • •<br />

P. peladoense Henrard • • • •<br />

P. penicillatum Nees ex Trin. • • • •<br />

P. piauiense Swallen • •<br />

P. pilosum Sw. • • • • • • •<br />

P. poliophyllum Renvoize & Zuloaga • •<br />

P. polygonatum Schrad. • • • • •<br />

P. pseudisachne Mez • • • • •<br />

P. quadriglume (Döll) Hitchc. • • •<br />

P. rude Nees • • • •<br />

P. rupestre Trin. • •<br />

P. sacciolepoides Renvoize & Zuloaga • •<br />

P. schwackeanum Mez • • • • • •<br />

P. sellowii Nees • • • • • • •<br />

P. soderstromii Zuloaga & Send. •<br />

P. subulatum Spreng. • • • •<br />

P. trinii Kunth • •<br />

P. vaginiviscosum Renvoize & Zuloaga •<br />

P. wettsteinii Hack. • • • • •<br />

Pappophorum mucronulatum Nees • • •<br />

Pappophorum pappiferum (Lam.) Kuntze • •<br />

Parodiolyra micrantha (Kunth) Davidse & Zuloaga • • • • •<br />

Paspalum ammodes Trin. • • • •<br />

P. arenarium Schrad. • • • • •<br />

P. carinatum Humb. & Bonpl. ex Flüggé • • • • • •<br />

P. brachytrichum Hack. •<br />

P. clavuliferum C. Wright • • • • •<br />

P. conjugatum P.J. Bergius • • • • • • •<br />

P. convexum Humb. & Bonpl. ex Flüggé • • • •<br />

P. cordatum Hack. • • • •<br />

P. coryphaeum Trin. • • • • •<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

P. decumbens Sw. • • • •<br />

P. dedeccae Quarin • • •<br />

P. erianthum Nees ex Trin. • • • • • •<br />

P. eucomum Nees ex Trin. • • • •<br />

P. falcatum Nees ex Steud. • • •<br />

P. fimbriatum Kunth • • •<br />

P. gardnerianum Nees • • • • •<br />

P. geminiflorum Steud. • • •<br />

P. gemmosum Chase ex Renvoize • •<br />

P. glaucescens Hack. • • • • •<br />

P. guttatum Trin. • • •<br />

P. hyalinum Nees ex Trin. • • • •<br />

P. intermedium Munro ex Morong & Britton • • • • • • •<br />

P. lanciflorum Trin. • •<br />

P. limbatum Henrard • • • • • •<br />

P. lineare Trin. • • • • • • •<br />

P. loefgrenii Ekman • • •<br />

P. maculosum Trin. • • • • •<br />

P. malacophyllum Trin. • • • • •<br />

P. mandiocanum Trin. • • • •<br />

P. minarum Hack. • • • ?<br />

P. multicaule Poir. • • • • •<br />

P. notatum Flüggé • • • • •<br />

P. nutans Lam. • • • •<br />

P. paniculatum L. • • • • • • •<br />

P. parviflorum Rhode ex Flüggé • • • •<br />

P. pectinatum Nees ex Trin. • • • •<br />

P. phyllorachis Hack. •<br />

P. pilosum Lam. • • • • •<br />

P. plicatulum Michx. • • • • • • •<br />

P. polyphyllum Nees ex Trin. • • • • • •<br />

P. pumilum Nees • • • • •<br />

P. rojasii Hack. • • • • •<br />

P. rupium Renvoize •<br />

P. scalare Trin. • • • •<br />

P. stellatum Humb. & Bonpl. ex Flüggé • • • • • •<br />

P. trachycoleon Steud. • •<br />

P. urvillei Steud.* • • – – – – –<br />

P. usteri Hack. • • • •<br />

P. zuloagae Davidse & Filg. • •<br />

Viana & Filgueiras | 111<br />

P. clandestinum Hochst. ex Chiov.* • – – – – –<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


112 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

P. purpureum Schumach.* • • – – – – –<br />

P. polystachion (L.) Schult.* • – – – – –<br />

Plagiantha tenella Renvoize •<br />

Poidium calotheca (Trin.) Matthei • • • •<br />

Polypogon elongatus Kunth • • • • •<br />

Pseudechinolaena polystachya (Kunth) Stapf* • • • – – – – –<br />

Raddiella esenbeckii (Steud.) C.E. Calderón & Soderstr. • • • • • •<br />

Rhytachne rottboellioides Desv. ex Ham.* • • • – – – – –<br />

Saccharum asperum (Nees) Steud. • • • • • •<br />

S. officinarum L.* • • • – – – – –<br />

S. villosum Steud. • • • • • •<br />

Sacciolepis myuros (Lam.) Chase • • • •<br />

S. vilvoides (Trin.) Chase • • • •<br />

Schizachyrium microstachyum (Desv. ex Ham.) • • • • • •<br />

Roseng., B.R. Arrill. & Izag.<br />

S. sanguineum (Retz.) Alston • • • • • •<br />

S. tenerum Nees • • • • • •<br />

Setaria macrostachya Kunth • • • • • • •<br />

Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen • • • • • • • •<br />

Setaria scabrifolia (Nees) Kunth • • • • • •<br />

Setaria setosa (Sw.) P. Beauv. • • •<br />

Setaria sulcata Raddi • • • • • • •<br />

Setaria tenacissima Schrad. ex Schult. • • •<br />

Setaria tenax (Rich.) Desv. • • • • • • •<br />

Setaria vulpiseta (Lam.) Roem. & Schult. • • • • •<br />

Sorghastrum minarum (Nees) Hitchc. • • • •<br />

S. nutans (L.) Nash • • • • •<br />

Sporobolus acuminatus (Trin.) Hack. • • •<br />

S. aeneus (Trin.) Kunth • • • • •<br />

S. ciliatus J. Presl • • • •<br />

S. cubensis Hitchc. • • • • • •<br />

S. indicus (L.) R. Br.* • • • – – – – –<br />

S. metallicola Longhi-Wagner & Boechat • • •<br />

S. monandrus Roseng., B.R. Arrill. & Izag. • • • •<br />

S. pseudairoides Parodi • • • • • •<br />

S. purpurascens (Sw.) Ham. • • •<br />

S. reflexus Boechat & Longhi-Wagner • • •<br />

Steinchisma decipiens (Nees ex Trin.) W.V. Br. • • • • • •<br />

Steinchisma hians (Elliott) Nash • • • • •<br />

S. laxa (Sw.) Zuloaga • • • • • •<br />

S. stenophylla (Hack.) Zuloaga & Morrone • • •<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />

DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />

ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />

Steirachne barbata (Trin.) Renvoize • • •<br />

Streptostachys macrantha (Trin.) Zuloaga & Soderstr. • •<br />

S. ramosa Zuloaga & Soderstr. • • •<br />

Tatianyx arnacites (Trin.) Zuloaga & Soderstr. • • •<br />

Thrasya glaziovii A.G. Burm. • •<br />

T. petrosa (Trin.) Chase • • •<br />

T. thrasyoides (Trin.) Chase • •<br />

Thrasyopsis repanda (Nees ex Trin.) Parodi • •<br />

Trachypogon macroglossus Trin. • • • • •<br />

T. spicatus (L. f.) Kuntze • • • • • •<br />

T. vestitus Andersson • • • •<br />

Tristachya leiostachya Nees • • • •<br />

Urochloa acuminata (Renvoize) Morrone & Zuloaga •<br />

U. brizantha (Hochst. ex A. Rich.) R.D. Webster* • – – – – –<br />

U. decumbens (Stapf) R.D. Webster* • • – – – – –<br />

DISCUSSÃO<br />

Grande p<strong>arte</strong> dos padrões aqui expostos relaciona-se à<br />

influência florística dos domínios fitogeográficos adjacentes<br />

à Cadeia do Espinhaço na composição da sua<br />

flora agrostológica. O alto número de espécies em comum<br />

com os domínios do Cerrado e Mata Atlântica indica<br />

uma relação biogeográfica do Espinhaço com esses<br />

domínios. A presença frequente de encraves de vegetação<br />

de Cerrado e Mata Atlântica (matas de galeria,<br />

capões florestais) ao longo do Espinhaço contribui expressivamente<br />

com a riqueza de gramíneas, o que explicaria,<br />

pelo menos em p<strong>arte</strong>, o padrão observado.<br />

Espécies típicas de cerrado, como os bambus Filgueirasia<br />

cannavieira e Actinocladum verticilaltum (Filgueiras, 1991;<br />

Guala, 1995) são freqüentemente encontradas em encraves<br />

de cerrado ao longo da Cadeia do Espinhaço.<br />

Nas matas de galeria e capões de mata, tão comuns no<br />

Espinhaço, observam-se elementos típicos de Mata<br />

Atlântica (Filgueiras & Santos-Gonçalves, 2004), exemplificados<br />

pelos também bambus Aulonemia fimbriatifolia,<br />

Chusquea attenuata, Chusquea capituliflora e Merostachys<br />

fisheriana. A presença desses encraves na Cadeia do Espinhaço<br />

está de alguma forma relacionada ao posicionamento<br />

do Espinhaço no contexto fitogeográfico brasileiro,<br />

onde representa, ao longo de grande p<strong>arte</strong> de sua extensão,<br />

o divisor dos domínios do Cerrado e Mata Atlântica.<br />

Viana & Filgueiras | 113<br />

A predominância da subfamília Panicoideae, assim<br />

como os gêneros Paspalum e Panicum, no Espinhaço,<br />

vai de acordo com grande p<strong>arte</strong> dos inventários realizados<br />

no Cerrado brasileiro (Filgueiras, 1991; Mendonça<br />

et al., 1998; Rodrigues-da-Silva & Filgueiras, 2003), o<br />

que reforça a forte influência deste bioma na flora de<br />

gramíneas do Espinhaço. Em ambientes savânicos tropicais,<br />

observa-se alta riqueza de grupos com aparato<br />

fotossintético C4 (Shaw, 2000). Este caráter surgiu pelo<br />

menos cinco vezes distintas dentro da família (Sinha &<br />

Kellogg, 1996) e está notavelmente presente em grupos<br />

mais recentes de Poaceae, como as subfamílias<br />

Panicoideae, Aristidoideae e Chloridoideae (Kellogg,<br />

2000). Esta característica mostra-se como uma adaptação<br />

eficiente às novas características climáticas, mais<br />

quentes e secas, que surgiram no <strong>final</strong> do Mioceno, há<br />

aproximadamente cinco milhões de anos (Clark &<br />

Sanchez-Ken, 1999). Nesse período, houve expressiva<br />

expansão de ecossistemas dominados por gramíneas<br />

C4 em várias faixas tropicais do plantea (Jacobs et al.,<br />

1999) e consequente diversificação dos grupos taxonômicos<br />

com esta característica (Kellogg, 2000).<br />

A maior riqueza de espécies verificada nos setores<br />

Espinhaço Central e Quadrilátero Ferrífero, respectivamente,<br />

também pode ser explicada pela influência florística<br />

do Cerrado e da Mata Atlântica. Quase toda a porção<br />

mineira do encontra-se em contato com os referidos<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


114 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

domínios fitogeográficos. A menor riqueza de espécies<br />

verificada no Setor Baiano pode estar relacionada à baixa<br />

influência da Caatinga na composição florística do<br />

Espinhaço. Este bioma está em contato com grande p<strong>arte</strong><br />

da vertente oeste do setor baiano, porém uma série<br />

de fatores abióticos distintos, como solo, clima e pluviosidade,<br />

conferem um alto grau de especialização da flora<br />

da Caatinga, havendo pouca semelhança florística com<br />

a Cadeia do Espinhaço. Fato que se deve também considerar<br />

é o histórico de investigação científica mais concentrado<br />

na p<strong>arte</strong> mineira do Espinhaço. Áreas como<br />

arredores de Belo Horizonte, Ouro Preto, Serra do Cipó<br />

e Planalto de Diamantina são, há tempos, percorridas<br />

por importantes coletores, o que não é verificado da<br />

mesma forma na p<strong>arte</strong> baiana da Cadeia do Espinhaço.<br />

Nos campos rupestres propriamente ditos, concentra-se<br />

a grande maioria das espécies endêmicas, e observa-se<br />

grande riqueza de grupos relacionados a maior<br />

altitude, como espécies do gênero Dichanthelium e<br />

espécies de Panicum sect. Lorea. Das 35 espécies endêmicas<br />

do Espinhaço, sete são de Dichanthelium e 10 de<br />

Panicum sect. Lorea, que corresponde a quase metade<br />

das espécies endêmicas. De acordo com Zuloaga et al.<br />

(1993), Dichantelium possui três centros de diversidade:<br />

a América do Norte, o Maçico das Guianas e a Cadeia<br />

do Espinhaço. Das 16 espécies de Dichanthelium ocorrentes<br />

na Cadeia do Espinhaço, sete são endêmicas.<br />

Um padrão semelhante é observado em Panicum sect.<br />

Lorea, grupo característico na fisionomia dos campos<br />

rupestres do Espinhaço, formando peculiares touceiras<br />

de folhas pungentes e lembrando, muitas vezes, exemplares<br />

de Lagenocarpus Nees (Cyperaceae). A grande<br />

maioria das espécies é encontrada na Cadeia do Espinhaço<br />

ou no Maciço das Guianas (Renvoize & Zuloaga,<br />

1983). Algumas ocorrem na restinga litorânea brasileira,<br />

campos de altitude ou em áreas de campos rupestres<br />

fora das abrangências da Cadeia do Espinhaço.<br />

Observa-se com frequência interessante disjunção na<br />

distribuição de algumas espécies, como por exemplo,<br />

Panicum trinii, encontrado na Chapada Diamantina e<br />

também em áreas de restinga, no estado da Bahia.<br />

Panicum euprepes, comum em grande p<strong>arte</strong> dos campos<br />

rupestres do Espinhaço, é também bastante freqüente<br />

na região da Serra do Ibitipoca (MG), inserida no domínio<br />

da Mata Atlântica. Outro padrão notável é o<br />

exemplificado por Panicum molinioides, que também<br />

ocorre, menos frequentemente, nos campos rupestres<br />

do estado de Goiás. Panicum chnoodes ocorre também<br />

no Maciço das Guianas.<br />

Outras espécies de gramíneas do Espinhaço com<br />

notável padrão de distribuição geográfica podem ser<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

citadas. Aulonemia effusa, freqüente nos campos rupestres<br />

dos Quadrilátero Ferrífero até a Chapada Diamantina,<br />

na Bahia, também ocorre, de forma disjunta, em<br />

campos rupestres na região de São João D’el Rey, Serra<br />

de Tiradentes, e Serra da Canastra, ambas localidades<br />

mineiras. Andropogon indetonsus, com um único registro<br />

no Espinhaço, no Parque Estadual do Rio Preto, também<br />

ocorre em áreas serranas no estado do Amazonas,<br />

como na Serra do Aracá (Zanin, 2001). Tatianyx arnacites,<br />

encontrada em campos rupestres de todos os setores<br />

da Cadeia do Espinhaço, é bastante rara nos campos<br />

rupestres de Goiás. Nesta região é encontrado, com freqüência,<br />

Panicum machrisiana que foi recentemente coletada<br />

pela primeira vez no Espinhaço, no Parque Estadual<br />

do Rio Preto, Minas Gerais (Viana, 2004).<br />

Por fim, pode se concluir que as gramíneas são de<br />

extrema importância na composição florística da Cadeia<br />

do Espinhaço, com um elevado número de espécies.<br />

Maiores esforços de investigação em campo e em<br />

herbários certamente incrementarão substancialmente<br />

a listagem preliminar aqui apresentada. Sugere-se<br />

uma forte influência florística do Cerrado e Mata Atlântica<br />

na composição da flora agrostológica do Espinhaço,<br />

pela semelhança dos grupos taxonômicos dominantes<br />

e pelo grande número de espécies em comum com<br />

esses domínios fitogeográficos.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre,<br />

à Conservação Internacional do Brasil e à Fundação Biodiversitas.<br />

Ao IBAMA e IEF-MG pela concessão de licenças<br />

de coleta e pesquisa e ao Departamento de Botânica<br />

da Universidade Federal de Minas Gerais. Agradecemos<br />

à Dra. Adriana Guglieri pela inestimada colaboração<br />

e informações sobre Panicum.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Black, G. A. 1963. Grasses of the genus Axonopus (a taxonomic<br />

treatment). George Washington University, New Dehli, Estados<br />

Unidos.<br />

Boechat, S. C. 2005. O gênero Ichnanthus (Poaceae - Panicoideae<br />

- Paniceae) no Brasil. Iheringia, Série Botânica 20: 189-248.<br />

Boechat, S. C. & Longhi-Wagner, H. M. 1995. O gênero<br />

Sporobolus (Poaceae: Chloridoideae) no Brasil. Acta Botanica<br />

Brasilica 9: 21-86.<br />

Boechat, S. C. & Longhi-Wagner, H. M. 2001. O gênero Eragrostis<br />

(Poaceae) no Brasil. Iheringia, Série Botânica 55: 23-169.<br />

Burman, A. G. 1985. Nature & composition of the grass flora of<br />

Brazil. Willdenowia 15: 211-133.


Burman, A. G. 1987. The genus Thrasya H.B.K. (Gramineae). Acta<br />

Botanica Venezuelica 14: 7-93.<br />

Burman, A. G. & Sendulsky, T. 1980. Paspalum species of Serra<br />

do Cipó (II): a contribution to study of Brazilian Poaceae.<br />

Revista Brasileira de Botânica 3: 23-35.<br />

Chase, A. 1942. The North American Species of Paspalum.<br />

Contributions From the United States National Herbarium 28:<br />

1-310.<br />

Clark, L. G. 1992. Chusquea sect. Swallenochloa (Poaceae:<br />

Bambusoideae) & allies in Brazil. Brittonia 44: 387-422.<br />

Clark, L. G. & Sanchez-Ken, J. 1999. Filogenia y evolución de las<br />

Poaceae. Arnaldoa 6: 29-44.<br />

Clayton, W. D. 1969. A revision of the genus Hyparrhenia. Kew<br />

Bulletin 2: 1-196.<br />

Clayton, W. D. & Renvoize, S. A. 1986. Genera Graminarum,<br />

Grasses of the world. Her Majesty’s Stationery Office, London,<br />

Inglaterra.<br />

Davis, S. D., Heywood, V. H., MacBryde, O. H., Villa-Lobos, J. &<br />

Hamilton, A. C. 1994. Centers of plant diversity: a guide &<br />

strategy for their conservation. Vol 3. The Americas. IUCN<br />

Publications, Cambridge, Inglaterra.<br />

Denham, S. S., Zuloaga, F. O. & Morrone, O. 2002. Sysematic<br />

revision & phylogeny of Paspalum subgenus Ceresia (Poaceae:<br />

Panicoideae: Paniceae). Annals of Missouri Botanical Gardens<br />

89: 337-399.<br />

Filgueiras, T. S. 1982. Taxonomia e distribuição de Arthropogon<br />

Nees (Gramineae). Bradea 3: 303-322.<br />

Filgueiras, T. S. 1989. Revisão de Mesosetum Steudel (Gramineae:<br />

Paniceae). Acta Amazonica 19: 47-114.<br />

Filgueiras, T. S. 1991. A floristic analysis of the gramineae of<br />

Brazil´s Distrito Federal & a list of the species occurring in<br />

the area. Edinburgh Journal of Botany 48: 73-80.<br />

Filgueiras, T. S. & Santos-Gonçalves, A. P. 2004. A Checklist of<br />

the Basal Grasses & Bamboos in Brazil (Poaceae). The Journal<br />

of the American Bamboo Society 18: 7-18.<br />

Giulietti, A. M., Harley, R. M., Queiroz, L. P. d., Wanderley, M. G.<br />

L. & Pirani, J. R.. 2000. Caracterização e endemismos nos campos<br />

rupestres da Cadeia do Espinhaço. In: T.B. Cavalcanti, &<br />

B.M.T. Walter (eds). Tópicos Atuais em Botânica. pp 311-318.<br />

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, Brasil.<br />

Giulietti, A. M., Menezes, N. L., Pirani, J. R., Meguro, M., &<br />

Wanderley, M. G. L. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />

Caracterização e Lista das Espécies. Boletim de Botânica<br />

da Universidade de São Paulo 9: 1-151.<br />

Giulietti, A. M., Pirani, J. R., & Harley, R. M. 1997. Espinhaço Range<br />

region. In: S. Davis, V.H. Heywood, O. Herrera MacBryde, J.<br />

Villa-Lobos, & A.C. Hamilton (eds). Centers of plant diversity: a<br />

guide & strategy for their conservation. pp 397-404. Cambridge<br />

University Press, Cambridge, Reino Unido.<br />

GPWG. 2000. A phylogeny of the grass family (Poaceae) as<br />

inferred from eight character sets. In: S.W.L. Jacobs & J. Everett<br />

(eds). Grasses: Sytematics & Evolution. pp 3-7. CSIRO, Melbourne,<br />

Austrália.<br />

Guala, G. F. 1995. A Cladistic Analysis & Revision of the Genus<br />

Apoclada (Poaceae: Bambusoideae: Bambusodae). Systematic<br />

Botany 20: 207-223.<br />

Guedes, M. L. S. & Orge, M. D. R. 1998. Checklist das espécies<br />

vasculares do Morro Pai Inácio (Palmeiras) e Serra da Chapa-<br />

Viana & Filgueiras | 115<br />

dinha (Lençóis) - Chapada Diamantina, Bahia – Brasil. Instituto<br />

de Biologia da UFBA, Salvador, Brasil.<br />

Guglieri, A., Longhi-Wagner, H. M. & Zuloaga, F. O. 2006. Panicum<br />

subg. Panicum sect. Panicum (Poaceae) no Brasil. Hoehnea 33:<br />

185-217.<br />

Guglieri, A., Zuloaga, F. O. & Longhi-Wagner, H. M. 2004. Sinopse<br />

das espécies de Panicum L. subg. Panicum (Poaceae, Paniceae)<br />

ocorrentes no Brasil. Acta Botanica Brasilica 18: 359-367.<br />

Haase, R., & Beck, S. 1989. Structure & composition of savanna<br />

vegetation in northern Bolivia: a preliminary report. Brittonia<br />

41: 80-100.<br />

Harley, R. M. 1995. Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina-Bahia,<br />

Brasil. The trustees of the Royal Botanic<br />

Gardens, Kew, Reino Unido.<br />

Harley, R. M. & Mayo, S. J., 1980. Florula of Mucugê, Chapada Diamantina,<br />

Brazil. Royal Botanical Gardens, Kew, Reino Unido.<br />

IBGE. 2004. Mapa de Biomas do Brasil. IBGE, Rio de Janeiro,<br />

Brasil.<br />

Jacobs, B. F., Kingston, J. D. & Jacobs, L. L. 1999. The origin of<br />

grass dominated ecosytems. Annals of Missouri Botanical<br />

Gardens 86: 590-643.<br />

Judd, W. F., Kellogg, E. A., Stevens, P. F. & Donoghue, M. J. 2002.<br />

Plant Systematics: a Phylogenetic Approach, Second Edition<br />

Sinauer Associates, Massachusetts, Estados Unidos.<br />

Judziewicz, E., Clark, L. G., Londoño, X., & Stern, M. J. 1999.<br />

American Bamboos. Smithsonian Institution Press, Washington,<br />

Brasil.<br />

Judziewicz, E. J., Soreng, R. J., Davidse, G., Peterson, P. M.,<br />

Filgueiras, T. S. & Zuloaga, F. O. 2000. Catalogue of New World<br />

Grasses (Poaceae): I. Subfamilies Anomochlooideae,<br />

Bambusoideae, Ehrhartoideae, & Pharoideae. Contributions<br />

from the United States National Herbarium 39: 1-128.<br />

Kellogg, E. A. 2000. The Grasses: a case study in macroevolution.<br />

Annual Review of Ecology & Systematics 31: 217-38.<br />

Longhi-Wagner, H. M. 1986. A subfamília Chloridoideae<br />

(Gramineae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil. Tese de Doutorado.<br />

Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />

Longhi-Wagner, H. M. 1990. Flora da Serra do Cipó, MG:<br />

Gramineae – Chloridoideae. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 12: 15-42.<br />

Longhi-Wagner, H. M. 1999. O gênero Aristida no Brasil. Boletim<br />

do Instituto de Botânica 12: 113-179.<br />

Longhi-Wagner, H. M. & Todeschini, B. H. 2004. Flora Grão-<br />

Mogol, Minas Gerais: Gramineae (Poaceae). Boletim de Botânica<br />

da Universidade de São Paulo 21: 1-24.<br />

McClure, F. A. 1966. The bamboos: a fresh perspective: Harvard<br />

Universisty Press, Cambridge, Reino Unido.<br />

Meguro, M., Pirani, J. R., Giulietti, A. M. & Mello-Silva, R. 1994.<br />

Phytophysiognomy & composition of the vegetation of Serra<br />

do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Botânica<br />

17: 133-147.<br />

Meguro, M., Pirani, J. R., Mello-Silva, R. & Giulietti, A. M. 1996.<br />

Estabelecimento de matas ripárias e capões nos ecossistemas<br />

campestres da Cadeia do Espinhaço. Boletim de Botânica<br />

da Universidade de São Paulo 15: 1-11.<br />

Mendonça, R. C., Felfili, J. M., Walter, B. M. T., Silva Júnior, M.<br />

C., Rezende, A. V., Filgueiras, T. S. & Nogueira, P. E. 1998.<br />

Flora Vascular do Cerrado. In: S.M. Sano, & S.P. Almeida (eds).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


116 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

Cerrado ambiente e flora. pp 289-556. EMBRAPA-CPAC,<br />

Planaltina, Brasil.<br />

Morrone, O., Denham, S. S. & Zuloaga, F. O. 2004. Revisión<br />

taxonómica dei género Paspalum grupo Eriantha (Poaceae,<br />

Panicoideae, Paniceae). Annals of Missouri Botanical Gardens<br />

91: 225-246.<br />

Morrone, O., Filgueiras, T. S., Zuloaga, F. O. & Dubcovsky, J.<br />

1993. Revision of Anthaenantiopsis (Poaceae: Panicoideae:<br />

Paniceae). Systematic Botany 18: 434-453.<br />

Morrone, O., & Zuloaga, F. O. 1991. Revisión del género<br />

Streptostachys (Poaceae-Panicoideae), su posición sistemática<br />

dentro de la tribu Paniceae. Annals of the Missouri Botanical<br />

Garden 78: 359-376.<br />

Myers, N., Mittermeier, R. A., Mittermeier, C. G., da Fonseca, G.<br />

A. B. & Kent, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation<br />

priorities. Nature 403: 853-858.<br />

Oliveira, R. C. & Valls, J. F. M. 2002. Taxonomia de Paspalum L.,<br />

grupo Linearia (Gramineae - Paniceae) do Brasil. Revista Brasileira<br />

de Botânica 25: 371-389.<br />

Oliveira, R. P., Longhi-Wagner, H. M. & Giulietti, A. M. 2003. O<br />

gênero Ichnanthus (Poaceae: Paniceae) na Chapada Diamantina,<br />

Bahia, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 49-70.<br />

Pensiero, J. F. 1999. Las especies sudamericanas del género<br />

Setaria (Poaceae, Paniceae). Darwiniana 37: 37-151.<br />

Peterson, P. M., Soreng, R. J., Davidse, G., Filgueiras, T. S.,<br />

Zuloaga, F. O. & Judziewicz, E. J. 2001. Catalogue of New World<br />

Grasses (Poaceae): II. Subfamily Chloridoideae. Contributions<br />

from the United States National Herbarium 41: 1-225.<br />

Pirani, J. R., Giulietti, A. M., Mello-Silva, R. & Meguro, M. 1994.<br />

Chechlist & Patterns of Geografic Distribution of the Vegetation<br />

of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira<br />

de Botânica 17: 133-147.<br />

Renvoize, S. A. 1984. The grasses of Bahia. Royal Botanical<br />

Gardens, Kew, Reino Unido.<br />

Renvoize, S. A. & Zuloaga, F. O. 1983. The genus Panicum group<br />

Lorea. Kew Bulletin 39: 185-202.<br />

Rodrigues-da-Silva, R. & Filgueiras, T. S. 2003. Gramíneas<br />

(Poaceae) da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE)<br />

“Santuário de Vida Silvestre do Riacho Fundo”, Distrito Federal,<br />

Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 467-486.<br />

Sendulsky, T. & Burman, A. G. 1978. Paspalum species of Serra<br />

do Cipó (I): a contribution to the study of Brazilian Poaceae.<br />

Revista Brasileira de Botânica 1: 1-15.<br />

Sendulsky, T. & Burman, A. G. 1980. Paspalum species of the<br />

Serra do Cipó (II): a contribution to the study of the Brazilian<br />

Poaceae. Revista Brasileira de Botânica 3: 23-35.<br />

Sendulsky, T. & Soderstrom, T. R. 1984. Revision of the South<br />

American Genus Otachyrium (Poaceae: Panicoideae).<br />

Smithsonian Contributions to Botany 57: 1-24.<br />

Shaw, R. B. 2000. Tropical grasslands & savannas. In: S. W. L. J.<br />

Everett (ed). Grasses: systematics & evolution. pp 351-355.<br />

CSIRO, Melbourne, Austrália.<br />

Sinha, N. R. & Kellogg, E. A. 1996, Parallelism & diversisty in<br />

multiple origins of C4 photosynthesis in the grass family.<br />

American Journal of Botany 83: 1458-1470.<br />

Soderstrom, T. R. & Zuloaga, F. O. 1989. A revision of the genus<br />

Olyra & the new segregate genus Parodiolyra (Poaceae:<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Bambusoideae: Olyreae). Smithsonian Contributions to<br />

Botany 69: 1-79.<br />

Soderstrom, T. S., Judziewicz, E. J. & Clark, L. G. 1988.<br />

Distribution patterns of neotropical bamboos. In: W.R. Heyer,<br />

& P.E. Vanzolini (eds). Proceedings Workshop on Neotropical<br />

Distribution Patterns. pp 121- 157. Academia Brasileira de<br />

Ciências, São Paulo, Brasil.<br />

Soreng, R. J., Peterson, P. M., Davidse, G., Judziewicz, E. J., Zuloaga,<br />

F. O., Filgueiras, T. S. & Morrone, O. 2003. Catalogue of New<br />

World Grasses (Poaceae): IV. Subfamily Pooideae. Contributions<br />

from the United States National Herbarium 48: 1-730.<br />

Stannard, B. L. 1995. Flora of the Pico das Almas: Chapada Diamantina<br />

- Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew, Reino<br />

Unido.<br />

Viana, P. L. & Lombardi, J. A. 2007. Florística e caracterização<br />

dos campos rupestre sobre canga na Serra da Calçada, Minas<br />

Gerais, Brasil. Rodriguésia 58: 159-177.<br />

Viana, P. L. 2004 Contribuição para o conhecimento das Poaceae<br />

do Parque Estadual do Rio Preto, MG: Dissertação de Mestrado,<br />

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Vincent, R. C. 2004. Florística, fitossociologia e relações entre<br />

a vegetação e o solo em área de campos ferruginosos no<br />

Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerias. Tese de doutorado,<br />

Universidade de São Paulo, São Paulo.<br />

Watson, L. & Dallwitz, M.J. 1992. The grass genera of the world.<br />

University Press, Cambridge.<br />

Zanin, A. 2001. Revisão de Andropogon L.(Poaceae - Panicoideae<br />

- Andropogoneae) no Brasil. Tese de Doutorado, Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo.<br />

Zappi, D. C., Lucas, E., Stannard, B. L., Lughadha, E. N., Pirani, J.<br />

R., Queiroz, L. P., Atkins, S., Hind, D. J. N., Giulietti, A. M.,<br />

Harley, R. M. & Carvalho, A. M. 2003. Lista das plantas vasculares<br />

de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia. Boletim de<br />

Botânica da Universidade de São Paulo 21: 345-398.<br />

Zuloaga, F. O., Ellis, R. P. & Morrone, O. 1992. A revision of<br />

Panicum subgenus Phanopyrum section Laxa<br />

(Poaceae:Panicoideae:Paniceae). Annals of the Missouri<br />

Botanical Gardens 79: 770-818.<br />

Zuloaga, F. O. Ellis, R. P., & Morrone, O. 1993. A revision of<br />

Panicum subg. Dichanthelium sect. Dichanthelium (Poaceae:<br />

Panicoideae: Paniceae) in Mesoamerica, the West Indies, &<br />

South America. Annals of the Missouri Botanical Garden 80:<br />

119-190.<br />

Zuloaga, F. O., Morrone, O., Davidse, G., Filgueiras, T. S.,<br />

Peterson, P. M., Soreng, R. J. & Judziewicz, E. 2003. Catalogue<br />

of New World Grasses (Poaceae): III. Subfamilies<br />

Panicoideae, Aristidoideae, Arundinoideae, &<br />

Danthonioideae. Contributions from the United States<br />

National Herbarium 46: 1-662.<br />

Zuloaga, F. O., Morrone, O., Vega, A. S., & Giussani, L. M. 1998.<br />

Revisión y análisis cladístico de Steinchisma (Poaceae:<br />

Panicoideae: Paniceae). Annals of the Missouri Botanical<br />

Garden 85: 631-656.<br />

Zuloaga, F. O., Saenz, A. A. & Morrone, O. 1986. El genero<br />

Panicum (Poaceae:Paniceae) sect. Cordovensia. Darwiniana 27:<br />

403-429.<br />

Zuloaga, F. O. & Sendulsky, T. 1988. A revsion of Panicum<br />

subgenus Phanopyrum section Stolonifera (Poaceae:Paniceae).<br />

Annals of the Missouri Botanical Gardens 75: 420-455.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Eriocaulaceae na Cadeia do Espinhaço:<br />

riqueza, endemismo e ameaças<br />

FABIANE NEPOMUCENO COSTA 1 *<br />

MARCELO TROVO 2<br />

PAULO TAKEO SANO 2<br />

1 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />

* email: fncosta@hotmail.com<br />

RESUMO<br />

Eriocaulaceae se destaca como uma das famílias mais representativas dos campos rupestres<br />

do Espinhaço, não só pela grande riqueza específica, mas também pelo elevado número de<br />

táxons endêmicos desta formação geológica. O principal centro de diversidade de Eriocaulaceae<br />

situa-se no Espinhaço, onde são encontrados representantes de sete gêneros, dentre os 11<br />

descritos para a família. Estimar o número de espécies de Eriocaulaceae que ocorre nesta<br />

formação geológica é uma tarefa bastante difícil, devido principalmente ao grande número de<br />

espécies, a falta de levantamentos florísticos em boa p<strong>arte</strong> do Espinhaço e a carência de<br />

estudos taxonômicos de muitos grupos da família. Este trabalho teve por objetivo compilar<br />

todos os dados disponíveis acerca da riqueza e distribuição geográfica das Eriocaulaceae na<br />

Cadeia do Espinhaço, visando diagnosticar o atual status de conhecimento da família e as<br />

possíveis ameaças à conservação de sua diversidade. Dentre as 548 espécies estimadas para o<br />

Brasil, cerca de 70% ocorrem na Cadeia do Espinhaço e, destas, cerca de 85% são endêmicas<br />

desta área, algumas com distribuição bastante restrita. A área de ocorrência restrita, associado<br />

ao extrativismo de sempre-vivas e à destruição dos habitats, representa séria ameaça à<br />

conservação de muitas espécies desta família. Atualmente 54 estão incluídas na lista vermelha<br />

de espécies ameaçadas de extinção do estado de Minas Gerais, e sete já são consideradas<br />

extintas. A elevada riqueza específica no Espinhaço, o alto nível de endemismo, o uso ornamental<br />

de muitas espécies pelas comunidades locais e as lacunas de conhecimento de diversas<br />

áreas da Cadeia e de muitos táxons de Eriocaulaceae atestam para a necessidade de estudos<br />

visando o conhecimento, a conservação e o desenvolvimento de práticas de manejo com<br />

representantes dessa família.<br />

ABSTRACT<br />

Eriocaulaceae is one of the most representative families of the rocky outcrops from the Espinhaço<br />

Range, not only for the great specific richness, but also for raised number of endemic taxa of this<br />

geologic formation. The main center of diversity of Eriocaulaceae places in the Espinhaço Range,<br />

where are found representatives of seven genera, amongst the 11 described for the family. Estimating<br />

the number of species of Eriocaulaceae that occur in this geologic formation is a difficult task,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


118 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />

mainly because of the great number of species, the lack of flora surveys in a great part of the<br />

Espinhaço and also lack of taxonomic studies of many groups of the family. This work had for<br />

objective to compile all the available data concerning the richness and distribution of the species of<br />

the Eriocaulaceae in Espinhaço Range, aiming to diagnosis the current status of knowledge of family<br />

and possible risks to the conservation of its diversity. Amongst the 548 species estimated for Brazil,<br />

about 70% occur in the Espinhaço Range, of these, about 85% are endemic of this area, some with<br />

very restricted distribution. The restricted area of occurrence, associate to the intensive collecting of<br />

everlasting (sempre-vivas) and the destruction of habitats, represents serious risk to the conservation<br />

of many species of this family. Currently 54 are enclosed in the red list of species endangered of<br />

extinction of the state of Minas Gerais, moreover, seven already are considered extinct. The raised<br />

specific richness in the Espinhaço Range, the high level of endemism, the use of many species for the<br />

local communities and the gaps of knowledge of diverse areas of the Espinhaço and many taxa of<br />

Eriocaulaceae, points out for the necessity of studies aiming at the knowledge, the conservation and<br />

the development of handling practices in this family.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, uma<br />

família de plantas se destaca tanto pela presença significativa<br />

de seus representantes quanto pelo fato de apresentar,<br />

nesse ambiente, níveis muito altos de endemismo<br />

de suas espécies: Eriocaulaceae. Esse grupo, além<br />

de ser um dos mais representativos dos campos rupestres,<br />

é também uma das famílias diagnósticas desse<br />

bioma, juntamente com espécies de outros grupos de<br />

monocotiledôneas, pertencentes principalmente a<br />

Velloziaceae, Xyridaceae, Poaceae e Cyperaceae.<br />

Os representantes de Eriocaulaceae podem ser facilmente<br />

reconhecidos pela presença de inflorescências<br />

em forma de capítulos. A família compreende aproximadamente<br />

1200 espécies (Giulietti & Hensold, 1990)<br />

e 11 gêneros. Destes, apenas Eriocaulon apresenta distribuição<br />

pantropical (Giulietti & Hensold, 1990);<br />

Syngonanthus e Paepalanthus possuem representantes<br />

na África e nas Américas e o gênero Mesanthemum<br />

ocorre apenas na África (Giulietti & Hensold, 1990).<br />

Lachnocaulon, Leiothrix, Tonina, Rondonanthus, Philodice,<br />

Actinocephalus e Blastocaulon são gêneros restritos ao<br />

continente americano, mas com diferentes áreas de<br />

ocorrência. Excetuando-se Rondonanthus, Lachnocaulon,<br />

Tonina e Mesanthemum, todos os outros gêneros são representados<br />

na Cadeia do Espinhaço.<br />

Eriocaulaceae possui dois centros de diversidade:<br />

o principal situa-se nas montanhas da Cadeia do<br />

Espinhaço em Minas Gerais e Bahia, e um centro secundário<br />

encontra-se localizado nas montanhas da Venezuela<br />

e nas Guianas. Além da presença de um grande<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

número de espécies no Espinhaço, muitos táxons são<br />

endêmicos desta formação geológica, alguns com distribuição<br />

bastante restrita, ocorrendo em uma única<br />

localidade ou alto de serra.<br />

Tanto na porção mineira do Espinhaço, como na<br />

Chapada Diamantina, na Bahia, há diversas espécies,<br />

pertencentes principalmente ao gênero Syngonanthus,<br />

que apresentam importância econômica para as populações<br />

locais, onde são conhecidas e comercializadas<br />

como “sempre-vivas”.<br />

Este trabalho teve como objetivo compilar todos os<br />

dados disponíveis acerca da riqueza e distribuição geográfica<br />

das Eriocaulaceae na Cadeia do Espinhaço, visando<br />

diagnosticar o atual status de conhecimento da<br />

família e as ameaças à conservação de sua diversidade.<br />

ESTUDOS EM ERIOCAULACEAE<br />

Estimar o número de espécies de Eriocaulaceae que<br />

ocorre na Cadeia do Espinhaço é, para alguns táxons,<br />

uma tarefa difícil, devido principalmente ao grande<br />

número de espécies que ocorre nos campos rupestres,<br />

à falta de levantamentos florísticos de grande p<strong>arte</strong> do<br />

Espinhaço e à carência de revisões taxonômicas de<br />

muitos grupos da família.<br />

As pesquisas recentes tratando de táxons brasileiros<br />

de Eriocaulaceae englobam principalmente estudos<br />

anatômicos e químicos (Andrade et al., 1999; Castro &<br />

Menezes, 1995; Coan et al., 2002; Kraus et al., 1996;<br />

Mayworm & Salatino, 1993; Oriani et al., 2005; Ricci et<br />

al., 1996; Salatino et al., 2000; Santos et al., 1999;


Scatena & Bouman, 2001; Scatena & Menezes, 1993,<br />

1995; Scatena & Rosa, 2001; Scatena et al., 1996, 1998,<br />

1999; Splett et al., 1993) e estudos taxonômicos de alguns<br />

grupos (Giulietti, 1984; Hensold & Giulietti, 1991;<br />

Hensold, 1988; Tissot-Squali, 1997; Sano, 1999; Lazzari,<br />

2000; Costa, 2005). Dados sobre biologia reprodutiva<br />

(Ramos et al., 2005; Figueira, 1998; Sano, 1996), filogenia<br />

e evolução (Giulietti et al. 1995, 2000; Unwin, 2004)<br />

ainda são escassos. Levantamentos florísticos em áreas<br />

fora da Cadeia do Espinhaço foram efetuados apenas<br />

em Santa Catarina (Moldenke & Smith, 1976), Distrito<br />

Federal (dados não publicados) e São Paulo (dados não<br />

publicados). Em Minas Gerais, encontra-se em andamento<br />

o estudo de Eriocaulaceae do Parque Nacional do<br />

Caparaó e do Parque Estadual de Ibitipoca, que não fazem<br />

p<strong>arte</strong> do Espinhaço.<br />

Na Cadeia do Espinhaço, os dados publicados que tratam<br />

da riqueza e distribuição geográfica de Eriocaulaceae<br />

ainda são restritos a poucas áreas. Na porção mineira,<br />

onde se concentra o maior número de espécies da família,<br />

alguns táxons já foram estudados em levantamentos<br />

efetuados na Serra do Cipó (Giulietti, 1978; Parra,<br />

1998; Hensold, 1998; Sano, 1998a; Costa, 2001) e em<br />

Grão-Mogol (dados não publicados). As demais áreas<br />

permanecem sem informação sobre a riqueza específica,<br />

podendo ser inferida apenas por meio de coleções<br />

depositadas nos herbários. Na Bahia, foram estudadas<br />

as Eriocaulaceae de Mucugê (Giulietti, 1986), Catolés<br />

(Giulietti et al., 2003), Pico das Almas (Giulietti & Parra,<br />

1995), Morro do Pai Inácio e Serra da Chapadinha (Miranda<br />

& Giulietti, 2001). Descrições de novas espécies<br />

de Eriocaulaceae para a Cadeia do Espinhaço foram<br />

publicadas por Hensold (1988), Sano (1998b), Giulietti<br />

(1996), Costa (2006) e principalmente por Ruhland<br />

(1903) e Silveira (1908, 1928). Estes últimos trabalhos<br />

(Ruhland, 1903; Silveira, 1908, 1928) ainda são, para<br />

alguns grupos de Eriocaulaceae, as únicas fontes de<br />

conhecimento sobre taxonomia, riqueza e área de ocorrência<br />

de muitas espécies.<br />

RIQUEZA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA<br />

Os gêneros de Eriocaulaceae que ocorrem no Espinhaço,<br />

o número de espécies já descritas para cada um<br />

deles e o número estimado de espécies que ocorrem<br />

nesta formação geológica revelam alta riqueza para a<br />

região (Tabela 1). Giulietti et al. (1997) estimaram que<br />

na Cadeia do Espinhaço ocorrem mais de 4.000 espécies<br />

de plantas vasculares, Eriocaulaceae, portanto,<br />

corresponderia a quase 10% do total destas espécies.<br />

TABELA 1 – Relação dos gêneros de Eriocaulaceae que ocorrem<br />

na Cadeia do Espinhaço, número de espécies descritas para<br />

cada gênero e número estimado de espécies que ocorrem no<br />

Espinhaço.<br />

GÊNEROS NÚMERO TOTAL ESTIMATIVA DO<br />

QUE OCORREM DE ESPÉCIES NÚMERO DE ESPÉCIES<br />

NO ESPINHAÇO POR GÊNERO NO ESPINHAÇO<br />

Actinocephalus 47 42<br />

Blastocaulon 05 05<br />

Eriocaulon 400* 18<br />

Leiothrix 42 36<br />

Paepalanthus 377 217<br />

Philodice 02 01<br />

Syngonanthus 200* 70<br />

Total 1073 379<br />

*Segundo Stützel (1998)<br />

Costa, Trovo & Sano | 119<br />

Dos gêneros da família, Actinocephalus é o que apresenta<br />

a maior quantidade de informações acerca da riqueza<br />

e distribuição geográfica das espécies. O gênero<br />

é composto basicamente por espécies que pertenciam<br />

à Paepalanthus sect. Actinocephalus e P. subsect.<br />

Aphorocaulon (Sano, 2004; Costa, 2005); é endêmico do<br />

Brasil e conta com 47 espécies, sendo que 42 ocorrem<br />

no Espinhaço. Destas, apenas A. bongardii (A. St.-Hil.)<br />

Sano, A. polyanthus (Bong.) Sano, A. ramosus (Wikstr.)<br />

Sano e A. denudatus (Körn.) Sano ocorrem além dos limites<br />

da Cadeia, as outras 38 espécies são restritas ao<br />

Espinhaço. O centro de diversidade do gênero situa-se<br />

na porção mineira da Cadeia, onde são encontradas 41<br />

espécies, sendo que 18 são endêmicas do Planalto de<br />

Diamantina. Na Chapada Diamantina (BA) ocorrem cinco<br />

espécies, entre elas A. herzogii (Moldenke) Sano, endêmica<br />

desta área. A maioria das espécies de<br />

Actinocephalus apresenta distribuição geográfica restrita,<br />

algumas são conhecidas por pequenas populações,<br />

estando inclusive fora de unidades de conservação,<br />

como A. aggregatus F. N. Costa, endêmica da porção<br />

norte da Serra do Cipó, nas proximidades de Congonhas<br />

do Norte e A. ciliatus (Bong.) Sano, que ocorre nas áreas<br />

adjacentes aos municípios de Serro e Diamantina.<br />

O gênero Blastocaulon conta com cinco espécies restritas<br />

à Cadeia do Espinhaço, a maioria concentrada no<br />

Planalto de Diamantina. Apenas B. prostratum (Körn.)<br />

Ruhland e B. scirpeum (Mart.) Giul. são encontradas também<br />

na Chapada Diamantina (Miranda & Giulietti, 2001).<br />

Estima-se, para Eriocaulon, em torno de 400 espécies<br />

(Stützel, 1998). É o maior gênero da família e o único<br />

com distribuição pantropical (Giulietti & Hensold, 1990).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


120 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />

Giulietti (1978) registrou sete espécies na Serra do Cipó.<br />

Na Cadeia do Espinhaço, há registros da ocorrência de<br />

aproximadamente 20 espécies. Contudo, esse é um<br />

gênero com poucos dados publicados e provavelmente<br />

a diversidade no Espinhaço é bem maior do que o estimado<br />

no presente.<br />

O gênero Leiothrix possui 42 espécies restritas à<br />

América do Sul e com centro de diversidade nas serras<br />

de Minas Gerais (Giulietti & Hensold, 1990). Na Cadeia<br />

do Espinhaço ocorrem aproximadamente 36 espécies,<br />

sendo que, destas, cerca de 70% são endêmicas de Minas<br />

Gerais, distribuídas desde a Serra do Cipó e a Serra<br />

do Caraça, ao sul, até a Serra de Grão-Mogol e Itacambira,<br />

ao norte.<br />

Paepalanthus é o segundo maior gênero da família e<br />

o mais complexo do ponto de vista taxonômico. Atualmente<br />

conta com aproximadamente 380 espécies distribuídas<br />

na África, América Central e do Sul, agrupadas<br />

em diferentes categorias infragenéricas (Tabela 2).<br />

O centro de diversidade do gênero localiza-se na Cadeia<br />

do Espinhaço, com mais de 200 espécies ocorrendo<br />

na área. Desse total, aproximadamente 82 % são<br />

endêmicas da região. Dos subgêneros de Paepalanthus<br />

com representantes no Espinhaço, apenas P. subg.<br />

Xeractis e P. subg. Platycaulon tiveram suas revisões<br />

taxonômicas já efetuadas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Dentre as 47 espécies pertencentes a Paepalanthus<br />

subg. Platycaulon, 24 estão no Espinhaço. Apenas<br />

P. rigidulus Mart. ocorre na Chapada Diamantina; as<br />

demais são restritas à porção mineira da Cadeia, ocorrendo<br />

desde a Serra do Cipó, onde há várias espécies<br />

endêmicas, como P. bromelioides Silveira, até o Planalto<br />

de Diamantina.<br />

Paepalanthus subg. Xeractis apresenta 28 espécies,<br />

todas restritas à porção mineira da Cadeia do Espinhaço,<br />

ocorrendo desde o sul desta Cadeia até a Serra do<br />

Cabral e Planalto de Diamantina, ao norte. Aproximadamente<br />

60 % das espécies deste subgênero são<br />

endêmicas da Serra do Cipó, algumas com área de distribuição<br />

bastante restrita, como P. ater Silveira,<br />

endêmica do Morro do Breu, situado no trecho central<br />

desta Serra.<br />

Paepalanthus subg. Thelxinoë conta com apenas duas<br />

espécies: P. scleranthus Ruhland e P. leucocephalus<br />

Ruhland, ambas restritas ao Espinhaço Meridional.<br />

Dentre os subgêneros de Paepalanthus, o de caracterização<br />

mais complexa e também o que possui o maior<br />

número de espécies é Paepalanthus subg. Paepalanthus [referido<br />

por Ruhland (1903) como P. subg. Paepalocephalus],<br />

que agrega mais de 250 espécies agrupadas em quatro<br />

seções. Paepalanthus distichophylus Mart., única<br />

espécie de P. sect. Dyostiche, é endêmica da porção<br />

TABELA 2 – Relação dos táxons infragenéricos reconhecidos atualmente para Paepalanthus Mart. Entre parênteses está o número<br />

aproximado de espécies que ocorre na Cadeia do Espinhaço.<br />

SUBGÊNEROS<br />

P. subg. Thelxinoë (2)<br />

P. subg. Xeractis (28)<br />

P. subg. Monosperma (0)<br />

P. subg. Psilandra (1)<br />

P. subg. Platycaulon (24)<br />

P. subg. Paepalanthus (152)<br />

SEÇÕES<br />

P. sect. Divisi (17)<br />

P. sect. Conferti (7)<br />

P. sect. Conodiscus (2)<br />

P. sect. Dyostiche (1)<br />

P. sect. Diphyomene (7)<br />

P. sect. Paepalanthus (142)<br />

SUBSEÇÕES<br />

P. subsect. Polycladus (2)<br />

P. subsect. Actinocephaloides (6)<br />

P. subsect. Dicocladus (1)<br />

P. subsect. Polyactis (25)<br />

P. subsect. Paepalanthus (108)<br />

SÉRIES<br />

P. ser. Dimeri (4)<br />

P. ser. Leptocephali (12)<br />

P. ser. Rosulati (4)<br />

P. ser. Variabilis (84)<br />

P. ser. Vivipari (4)


mineira do Espinhaço, ocorrendo entre a Serra do Cipó<br />

e o Planalto de Diamantina. Paepalanthus sect.<br />

Conodiscus possui três espécies, sendo que uma<br />

ocorre no estado de Goiás e as outras duas,<br />

P. sphaerocephalus Ruhland e P. exiguus (Bong.) Körn.,<br />

ocorrem nas serras de Minas e da Bahia. Paepalanthus<br />

sect. Diphyomene conta com 16 espécies, duas delas,<br />

P. flaccidus (Bong.) Kunth e P. giganteus Sano, ocorrem<br />

na Serra do Cipó (Costa, 2001) bem como em outras<br />

áreas de Minas e do Centro-Oeste. Estima-se que, ao<br />

longo do Espinhaço, ocorram de seis a oito espécies pertencentes<br />

a este táxon. Paepalanthus sect. Paepalanthus<br />

[referido por Ruhland (1903) como P. sect. Eriocaulopsis]<br />

é a seção com maior número de espécies, das quais<br />

aproximadamente 60% ocorrem na Cadeia do Espinhaço,<br />

a maioria concentrada no estado de Minas Gerais.<br />

O gênero Paepalanthus é, inquestionavelmente, o mais<br />

carente de informações e o que necessita de um maior<br />

esforço de pesquisas, inclusive em relação à sua circunscrição,<br />

uma vez que se trata de um táxon polifilético<br />

(Giulietti et al., 1995; Gilietti et al., 2000; Unwin, 2004).<br />

O gênero Philodice conta com apenas duas espécies,<br />

das quais uma, P. hoffmannseggii Mart. ocorre na Cadeia<br />

do Espinhaço, no Planalto de Diamantina.<br />

Syngonanthus possui aproximadamente 200 espécies<br />

distribuídas em cinco seções: S. sect. Syngonanthus,<br />

S. sect. Carphocephalus, S. sect. Eulepis, S. sect.<br />

Thysanocephalus, S. sect. Chalarocaulon. Destas, apenas<br />

S. sect. Eulepis foi revisada (Lazzari, 2000). Na Serra do<br />

Cipó são encontradas 20 espécies de Syngonanthus<br />

(Parra, 1998) e se estima que mais de 70 ocorram na<br />

Cadeia do Espinhaço. Muitas espécies do gênero têm<br />

importância econômica: mais de 20 espécies, pertencentes<br />

principalmente à S. sect. Eulepis, são comercializadas<br />

como “sempre-vivas” ao longo da Cadeia,<br />

algumas das quais restritas a pequenas áreas, como<br />

S. mucugensis, endêmica de Mucugê, na Chapada Diamantina,<br />

e S. brasiliana, restrita à Serra do Ambrósio,<br />

no município de Rio Vermelho, em Minas Gerais.<br />

Giulietti et al. (2005) citam a ocorrência de 548 espécies<br />

de Eriocaulaceae no Brasil, portanto, no Espinhaço,<br />

ocorreriam aproximadamente 70% das espécies<br />

brasileiras, a maioria delas na porção mineira. Na<br />

Chapada Diamantina, segundo Giulietti et al. (2005),<br />

há registros da ocorrência de 50 espécies novas de<br />

Eriocaulaceae ainda por serem descritas. Em Minas<br />

Gerais, principalmente no Planalto de Diamantina, onde<br />

se localiza o centro de diversidade de muitos táxons da<br />

família, provavelmente a riqueza específica seja ainda<br />

bem maior do que a estimada atualmente.<br />

ENDEMISMOS<br />

Costa, Trovo & Sano | 121<br />

Além da grande riqueza de espécies pertencentes a<br />

diversas famílias botânicas, uma outra característica<br />

marcante dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

é o elevado número de táxons endêmicos desta formação<br />

geológica.<br />

Dentre as espécies de Eriocaulaceae que ocorrem no<br />

Espinhaço, estima-se que aproximadamente 85% sejam<br />

endêmicas, a maioria delas restrita a pequenas localidades,<br />

sendo inclusive denominadas como “microendêmicas”<br />

ou endêmicas restritas.<br />

P<strong>arte</strong> do endemismo decorre de problemas taxonômicos.<br />

Existem espécies conhecidas apenas do material-tipo<br />

e, portanto, coletadas somente em uma única<br />

localidade. Associada a essa realidade existe a lacuna<br />

de revisões taxonômicas mais recentes, que permitam<br />

avaliar o status real dessas espécies: se de fato são ou<br />

não passíveis de serem reconhecidas como tais. Há também<br />

a possibilidade de que um certo número de híbridos<br />

tenham sido descritos como espécies novas, o que<br />

também colabora para o aumento da riqueza e da taxa<br />

de endemismo.<br />

Outra razão para o elevado número de espécies conhecidas<br />

apenas de uma localidade ou de um material<br />

diz respeito ao esforço de coleta. Se por um lado existem<br />

áreas da Cadeia do Espinhaço que apresentam grande<br />

esforço amostral, como é o caso da Serra do Cipó,<br />

por exemplo, por outro lado, existem lacunas de conhecimento,<br />

sobretudo na porção mais setentrional do<br />

Espinhaço mineiro, o que certamente se reflete no número<br />

e ocorrência de espécies. Esse é o caso, por exemplo,<br />

de Actinocephalus divaricatus (Bong.) Sano, que havia<br />

sido referida para Diamantina, Minas Gerais. Coletas<br />

intensivas na Bahia ampliaram a área de ocorrência da<br />

espécie para o norte, na Chapada Diamantina; e para o<br />

sul, na Serra do Cipó, em Minas Gerais.<br />

Como característica biológica, a família, de modo geral,<br />

coloniza áreas de grande altitude e, portanto, de acesso<br />

difícil. A pouca acessibilidade das áreas de ocorrência<br />

é outro fator que também está ligado ao número e à<br />

ocorrência de registros de espécies de Eriocaulaceae. A<br />

ampliação do esforço amostral em número de coletas e<br />

de áreas coletadas tem trazido o registro de novas áreas<br />

de ocorrência para espécies antes conhecidas de uma<br />

única localidade. Porém, é real que essa ampliação tem<br />

intensificado também o número de espécies novas descritas<br />

(ou a serem descritas), aumentando o registro de<br />

novos endemismos.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


122 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />

À p<strong>arte</strong> os problemas taxonômicos e as lacunas de<br />

coleta, existem inúmeros outros casos de endemismos<br />

que, de fato, refletem a história evolutiva da família.<br />

São testemunhos ou de uma distribuição mais ampla<br />

da espécie e que hoje se encontra mais restrita (paleoendemismo)<br />

ou de uma especiação recente cujos<br />

indivíduos ainda não colonizaram outras regiões (neoendemismo).<br />

O fato é que estudos nessa área do conhecimento<br />

são urgentes e necessários para que se<br />

possa explicar não somente a história evolutiva de<br />

Eriocaulaceae como também o próprio histórico de<br />

colonização da Cadeia do Espinhaço por essas plantas.<br />

EXTRATIVISMO DE SEMPRE-VIVAS<br />

Com o declínio do ciclo do ouro e do diamante, p<strong>arte</strong><br />

da população do Espinhaço encontrou como alternativa<br />

de fonte de renda o extrativismo de “sempre-vivas”.<br />

Sempre-vivas é o nome popular dado a escapos e<br />

inflorescências de plantas que mantêm a aparência de<br />

estruturas vivas, mesmo depois de destacadas e secas,<br />

sendo empregadas na decoração de interiores (Giulietti<br />

et al., 1988). As espécies comercializadas pertencem a<br />

diferentes famílias, como Xyridaceae, Cyperaceae,<br />

Poaceae e principalmente Eriocaulaceae.<br />

A comercialização deste produto teve início nas décadas<br />

de 1930 e 1940, e seu auge ocorreu entre os anos<br />

de 1970 e 1980, com o aumento da demanda neste<br />

período influenciado pelo interesse na exportação para<br />

os Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa<br />

(Giulietti et al., 1988).<br />

A maioria das espécies comercializadas é restrita aos<br />

campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. As duas principais<br />

áreas de ocorrência destas plantas localizam-se<br />

na região do Planalto de Diamantina, em Minas Gerais,<br />

e nos arredores de Mucugê, na Bahia, consideradas<br />

pólos produtores de sempre-vivas (Lazzari, 2000).<br />

Na região de Diamantina, embora 25 espécies de<br />

Eriocaulaceae sejam comercializadas como sempre- vivas<br />

(Giulietti et al., 1996), a exploração é mais concentrada<br />

em algumas espécies (Giulietti et al., 1988), especialmente<br />

S. elegans (Bong.) Ruhland, popularmente<br />

conhecida como sempre-viva pé-de-ouro; e S. elegantulus<br />

Ruhland e S. dealbatus Silveira, ambas conhecidas pelo<br />

nome de brejeira.<br />

Há registros que apontam que, somente no ano de<br />

1984, a quantidade de plantas comercializadas de sempre-viva<br />

pé-de-ouro e de brejeira somam 60 toneladas<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

(Giulietti et al., 1988). Por ser uma das sempre-vivas<br />

mais exploradas e que atinge maior valor comercial,<br />

S. elegans (Bong.) Ruhland sofreu redução drástica em<br />

sua área de ocorrência, tendo desaparecido em muitos<br />

locais, fato que a coloca atualmente como uma<br />

das espécies ameaçadas de extinção, juntamente com<br />

outras 53 espécies da família (Biodiversitas, 2007).<br />

Na Bahia, Syngonanthus mucugensis Giulietti é a principal<br />

espécie explorada como sempre-viva, inclusive,<br />

seu extrativismo indiscriminado dizimou grande p<strong>arte</strong><br />

de suas populações, o que levou o IBAMA, no início<br />

dos anos 1990, a proibir a colheita e, apenas com o<br />

estabelecimento do projeto “Sempre Viva” em 1996,<br />

a situação apresentou melhoras. Este projeto contou<br />

com inúmeras parcerias de instituições políticas, científicas<br />

e de representação social e culminou na criação<br />

efetiva do Parque Municipal de Mucugê. Com essa<br />

iniciativa, empregos e fontes de renda foram gerados<br />

para p<strong>arte</strong> da população local, bem como garantida a<br />

sobrevivência da espécie (Teixeira & Linsker, 2005).<br />

Na comunidade de Galheiros, localizada no município<br />

de Diamantina, a atuação de empresas privadas e<br />

organizações não-governamentais, como a Terra<br />

Brasilis, Mão de Minas e SEBRAE, têm incentivado o<br />

uso de sempre-vivas e de outras plantas na confecção<br />

de peças <strong>arte</strong>sanais. Tal atividade proporciona o aumento<br />

da renda, com a venda desses produtos, em relação<br />

à venda obtida do produto não manufaturado. A ação<br />

conjunta destes órgãos vem aumentando a consciência<br />

da comunidade quanto à necessidade de conservação<br />

das sempre-vivas, reduzindo os impactos do extrativismo<br />

desordenado.<br />

A exploração de sempre-vivas, principalmente em<br />

Minas Gerais e Bahia, conduz a uma reflexão sobre diferentes<br />

aspectos do extrativismo e conservação destas<br />

espécies. Alguns deles merecem especial destaque.<br />

O primeiro aspecto é o da real necessidade de conservação<br />

destas espécies, uma vez que as populações<br />

naturais têm diminuído consideravelmente, refletindo<br />

diretamente no número de espécies ameaçadas de<br />

extinção. Outro aspecto importante é a relevância de<br />

trabalhos em parceria dos órgãos políticos com as Universidades,<br />

como o projeto “Sempre Vivas” em Mucugê,<br />

que é um modelo premiado neste tipo de trabalho<br />

(Teixeira & Linsker, 2005).<br />

Por fim, não se pode ignorar o aspecto social envolvido<br />

na questão da conservação/exploração de semprevivas.<br />

Muitas são as comunidades que contam exclusivamente<br />

com o extrativismo como única fonte de


enda (Giulietti et al., 1988). Muitos são os atravessadores<br />

e exportadores envolvidos no comércio de sempre-vivas,<br />

assim como grande é a renda gerada para os<br />

municípios neste negócio. Diante disso, temos que o<br />

problema do extrativismo e da conservação de sempre-vivas<br />

precisa ser pensado não só do ponto de vista<br />

biológico, mas também sob o aspecto político e social.<br />

AMEAÇAS X CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES<br />

Representantes de Eriocaulaceae ocorrem, na sua grande<br />

maioria, em áreas de campo rupestre, nos campos<br />

entre os afloramentos rochosos em meio a uma matriz<br />

graminóide. Estas áreas na região da Cadeia do Espinhaço<br />

têm sofrido enorme pressão agrícola e pecuária.<br />

Grandes e pequenas propriedades têm cada vez mais<br />

avançado sobre estas terras na intenção de expandir as<br />

pastagens e as áreas de cultivo, inclusive com uso de<br />

fogo. Outro problema muito freqüente é a atividade de<br />

empresas mineradoras. Além do grande impacto que<br />

causam no ambiente como um todo, em geral seu modo<br />

de operação consiste, de início, justamente na retirada<br />

das camadas superficiais do solo, sobre as quais encontram-se<br />

instaladas as espécies herbáceas.<br />

A distribuição geográfica das espécies, geralmente<br />

restrita a pequenas áreas, associada à destruição do<br />

habitat (fogo, garimpo, mineração, expansão da agricultura<br />

e pecuária) e ao extrativismo de sempre-vivas,<br />

contribuem para que Eriocaulaceae seja uma das<br />

famílias mais ameaçadas dos campos rupestres do estado<br />

de Minas Gerais. Atualmente, 54 espécies de<br />

Eriocaulaceae estão incluídas na lista vermelha de espécies<br />

ameaçadas de extinção do estado de Minas<br />

Gerais: 23 delas na categoria Criticamente em Perigo,<br />

19 na categoria Em Perigo e 12 espécies na categoria<br />

Vulnerável (Biodiversitas, 2007). Dado mais alarmante<br />

ainda é o número de táxons da família considerados<br />

extintos: sete. São eles: Actinocephalus cipoensis<br />

(Silveira) Sano, Eriocaulon melanolepis Silveira, Leiothrix<br />

gomesii Silveira, Leiothrix linearis Silveira, Paepalanthus<br />

argenteus var. elatus (Bong.) Hensold, Paepalanthus<br />

lepidus Silveira e Paepalanthus perbracchiatus Silveira.<br />

Esses números, mais do que motivo de preocupação e<br />

alerta, devem servir também como uma chamada de<br />

atenção para a necessidade de políticas públicas e de<br />

ações sociais voltadas para a preservação desse<br />

patrimônio natural que vem sendo perdido ao longo<br />

do tempo.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A Cadeia do Espinhaço configura-se como ambiente<br />

único não apenas em termos de paisagem como também<br />

no que diz respeito à sua ocupação pelos organismos<br />

que ali vivem. Nesse contexto, Eriocaulaceae<br />

evidencia-se como uma das famílias que apresentam sua<br />

maior diversidade e riqueza nesses locais. A abundância<br />

de espécies, o alto nível de endemismo, o caráter do<br />

uso dessas espécies pelas comunidades locais atestam<br />

para a necessidade do conhecimento, da preservação e<br />

do manejo dessa família. À singularidade do ambiente<br />

soma-se, portanto, a singularidade da família.<br />

Para que se possa identificar a real riqueza e a distribuição<br />

geográfica das espécies de Eriocaulaceae na Cadeia<br />

do Espinhaço, será necessária uma concentração<br />

de esforços para amostrar áreas ainda pouco inventariadas<br />

da Cadeia, como por exemplo, as serras situadas na<br />

porção setentrional do Espinhaço mineiro e algumas<br />

áreas da porção meridional, como Morro do Breu, serras<br />

de Congonhas do Norte e Santana de Pirapama, Planalto<br />

de Diamantina, Chapada do Couto e Serra do Cabral.<br />

Além disso, é imprescindível um maior investimento<br />

na formação de especialistas nesta família, uma vez que<br />

a falta de estudos de taxonomia e de sistemática em<br />

diversos táxons, além da carência de estudos em outras<br />

áreas, como biologia reprodutiva e dinâmica das<br />

populações, dificultam o estabelecimento de estratégias<br />

de conservação e de manejo destas plantas.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem ao Alexsander Araújo Azevedo<br />

(Alex), do Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida<br />

Silvestre, pelo convite para participar deste volume da<br />

<strong>Megadiversidade</strong>.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Costa, Trovo & Sano | 123<br />

Andrade, F. D. P.; Santos, L. C.; Dokkedal, A. L. & Vilegas, W.<br />

1999. Acyl glucosylated flavonols from Paepalanthus species.<br />

Phytochemistry 51: 411-415.<br />

Biodiversitas, 2007. Revisão das Listas das Espécies da Flora e<br />

da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado de Minas Gerais.<br />

http://www.biodiversitas.or0g.br/listas-mg/. Acessado em 16/<br />

07/2008.<br />

Castro, N. M. & Menezes, N. L. 1995. Aspectos da anatomia<br />

foliar de algumas espécies de Paepalanthus Kunth,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


124 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />

Eriocaulaceae da Serra do Cipó (Minas Gerais). Acta Botânica<br />

Brasílica 9(2): 213-229.<br />

Coan A. I.; Scatena, V. L. & Giulietti, A. M. 2002. Anatomia de<br />

algumas espécies aquáticas de Eriocaulaceae brasileiras. Acta<br />

Botânica Brasílica 16(4): 371-384.<br />

Costa, F. N. 2001. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />

Blastocaulon Ruhland, Paepalanthus subg. Thelxinoë Ruhland e<br />

Paepalanthus subg. Paepalocephalus Ruhland pro p<strong>arte</strong><br />

(Eriocaulaceae). Dissertação de Mestrado, Universidade de<br />

São Paulo, São Paulo.<br />

Costa, F. N. 2005. Recircunscrição de Actinocephalus (Körn.) Sano<br />

– Eriocaulaceae. Tese de Doutorado, Universidade de São<br />

Paulo, São Paulo.<br />

Costa, F. N. 2006. Three new species of Actinocephalus (Körn.)<br />

Sano (Eriocaulaceae) from Minas Gerais. Novon 16: 212-215.<br />

Figueira, J. E. C. 1998. Dianâmica de populações de Paepalanthus<br />

polyanthus (Eriocaulaceae) na Serra do Cipó, MG. Tese de<br />

Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.<br />

Giulietti, A. M. 1978. Os gêneros Eriocaulon L. e Leiothrix Ruhl.<br />

(Eriocaulaceae) na Serra do Cipó. Tese de Doutorado, Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo.<br />

Giulietti, A. M. 1984. Estudos taxonômicos no gênero Leiothrix<br />

Ruhland (Eriocaulaceae). Tese de Livre Docência, Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo.<br />

Giulietti, A. M. 1986. Eriocaulaceae. In: R.M. Harley & N.A.<br />

Simmons (eds.). Florula of Mucugê. Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

Giulietti, A. M. 1996. Novas espécies no gênero Syngonanthus<br />

Ruhl. (Eriocaulaceae) para o Brasil. Boletim de Botânica da<br />

Universidade de São Paulo 15: 63-71.<br />

Giulietti, A. M. & Hensold, N. 1990. Padrões de distribuição<br />

geográfica dos gêneros de Eriocaulaceae. Acta Botânica<br />

Brasílica 4(1): 133-159.<br />

Giulietti, A. M. & Parra, L. R. 1995. Eriocaulaceae. In: B. Stannard<br />

(ed.). Flora of Pico das almas, Bahia, Brazil. Royal Botanic<br />

Gardens. Kew.<br />

Giulietti, A. M.; Amaral, M. C. & Bittrich, V. 1995. Phylogenetic<br />

analysis of inter- and infrageneric relationships of Leiothrix<br />

Ruhland (Eriocaulaceae). Kew Bulletin 50: 55-71.<br />

Giulietti, A. M.; Wanderley, M. G. L.; Longhi-Wagner, H. M.; Pirani,<br />

J. R. & Parra, L. R. 1996. Estudos em “sempre-vivas”: taxonomia<br />

com ênfase nas espécies de Minas Gerais, Brasil. Acta Botânica<br />

Brasílica 10(2): 329-376.<br />

Giulietti, A. M.; Pirani, J. R. & Harley, R. M. 1997. Espinhaço<br />

Range Region, Eastern Brazil. In: S.D. Davis; V.H. Heywood;<br />

O.Herrera-MacBryde; L.Villa-Lobos & A.C.Hamilton (eds).<br />

Centres of Plant Diversity. A guide and Strategy for their<br />

Conservation, 3. The Americas. pp 397-404. IUCN Publications<br />

Unit, Cambridge.<br />

Giulietti, A. M.; Scatena, V. L.; Sano, P. T.; Parra, L. R.; Queiroz, L.<br />

P.; Harley, R. M.; Menezes, N. L.; Ysepon, A. M. B.; Salatino,<br />

A.; Salatino, M. L.; Vilegas, W.; Santos, L. C.; Ricci, C. V.; Bonfim,<br />

M. C. P. & Miranda, E. B. 2000. Multidisciplinary Studies on<br />

Neotropical Eriocaulaceae. In: K.L. Wilson & D.A. Morrison<br />

(eds). Monocots: systematic and evolution. pp 580-589.<br />

CSIRO, Melbourne, Austrália.<br />

Giulietti, A. M.; Parra, L. R. & Sano, P. T. 2003. Eriocaulaceae. In:<br />

D.C. Zappi; E. Lucas; B.L. Stannard; E.N. Lughadha; J.R. Pirani;<br />

L.P. de Queiroz; S. Atkins; D.J.N. Hind; A.M. Giulietti; R.M.<br />

Harley & A.M de Carvalho. Lista das Plantas Vasculares de<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Boletim de Botânica<br />

da Universidade de São Paulo 21(2): 345-398.<br />

Giulietti, A. M.; Harley, R. M.; Queiroz, L. P.; Wanderley, M. G. L.<br />

& Van den Berg, C. 2005. Biodiversidade e conservação das<br />

plantas no Brasil. <strong>Megadiversidade</strong> 1(1): 52-61.<br />

Giulietti, N.; Giulietti, A. M.; Pirani, J. R. & Menezes, N. L. 1988.<br />

Estudos em sempre-vivas: importância econômica do extrativismo<br />

em Minas Gerais, Brasil. Acta Botânica Brasílica<br />

1(2): 179-193.<br />

Hensold, N. 1988. Morphology and Systematics of Paepalanthus<br />

subg. Xeractis (Eriocaulaceae). Systematic Botany Monographs<br />

23. The American Society of Plant Taxonomists.<br />

Hensold, N. 1998. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />

Paepalanthus subg. Xeractis (Eriocaulaceae). Boletim de Botânica<br />

da Universidade de São Paulo 17: 207-218.<br />

Hensold, N. & Giulietti, A. M. 1991. Revision and redefinition of<br />

the genus Rondonanthus Herzog (Eriocaulaceae). Annals of the<br />

Missouri Botanical Garden 78: 441-459.<br />

Kraus J. E.; Scatena, V. L.; Lewinger, M. E. & Trench, K. U. S. 1996.<br />

Morfologia externa e interna de quatro espécies de Paepalanthus<br />

Kunth (Eriocaulaceae) em desenvolvimento pós-seminal. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 15: 45-53.<br />

Lazzari, L. R. P. 2000. Redelimitação e Revisão de Syngonanthus<br />

sect. Eulepis (Bong. ex Koern.) Ruhland – Eriocaulaceae. Tese<br />

de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.<br />

Mayworm, M. A. S. & Salatino, A. 1993. Flavonóides de quatro<br />

espécies de Paepalanthus Kunth (Eriocaulaceae). Acta Botânica<br />

Brasílica 7(2): 129-133.<br />

Miranda, E. B. & Giulietti, A. M. 2001. Eriocaulaceae no Morro<br />

do Pai Inácio (Palmeiras) e Serra da Chapadinha (Lençóis),<br />

Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Sitientibus série Ciências<br />

Biológicas 1(1): 15-32.<br />

Moldenke, H. N. & Smith, L. B. 1976. Eriocauláceas. In: R. Reitz<br />

(ed.). Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues.<br />

Itajaí.<br />

Oriani, A.; Scatena, V. L. & Sano, P. T. 2005. Anatomia das folhas,<br />

brácteas e escapos de Actinocephalus (Koern.) Sano<br />

(Eriocaulaceae). Revista Brasileira de Botânica 28(2): 229-240.<br />

Parra, L. R. 1998. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />

Syngonanthus Ruhland (Eriocaulaceae). Boletim de Botânica<br />

da Universidade de São Paulo 17: 219-254.<br />

Ramos, C. O. C.; Borba, F. L. & Funch, L. S. 2005. Pollination in<br />

Brazilian Syngonanthus (Eriocaulaceae) Species: Evidence for<br />

Entomophyly instead of Anemophily. Annals of Botany 96:<br />

387-397.<br />

Ricci, C. V.; Patrício, M. C. B.; Salatino, M. L. F.; Salatino, A. & Giulietti,<br />

A. M. 1996. Flavonoids of Syngonanthus (Eriocaulaceae):<br />

Taxonomic Implications. Biochemical Systematics and Ecology<br />

24(6): 577-583.<br />

Ruhland, W. 1903. Eriocaulaceae. In: A. Engler (ed.). Das<br />

Pflanzenreich 4(3): 1-249. Wilhelm Engelmann, Leipzig.<br />

Salatino A.; Salatino, M. L. F.; Santos, D. Y. A. C. & Patrício, M. C.<br />

B. 2000. Distribution and evolution of secondary metabolites<br />

in Eriocaulaceae, Lythraceae and Velloziaceae from “campos<br />

rupestres”. Genetics and Molecular Biology 23(4): 931-940.<br />

Sano, P. T. 1996. Fenologia de Paepalanthus hilairei Koern.,<br />

P. polyanthus (Bong.) Kunth e P. robustus Silveira: Paepalanthus<br />

sect. Actinocephalus Koern. - Eriocaulaceae. Acta Botânica<br />

Brasílica 10(1): 317-328.


Sano, P. T. 1998a. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />

Paepalanthus sect. Actinocephalus Koern. (Eriocaulaceae). Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 17: 187-205.<br />

Sano, P. T. 1998b. Paepalanthus humilis Sano, a New Species of<br />

Eriocaulaceae from Bahia State, Brazil. Novon 8: 298-300.<br />

Sano, P. T. 1999. Revisão de Actinocephalus (Koern.) Sano –<br />

Eriocaulaceae. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo,<br />

São Paulo.<br />

Sano, P. T. 2004. Actinocephalus (Körn.) Sano (Paepalanthus sect.<br />

Actinocephalus), a new genus of Eriocaulaceae, and other<br />

taxonomic and nomenclatural changes involving Paepalanthus<br />

Mart. Taxon 53(1): 99-107.<br />

Santos L. C.; Andrade, F. D. P.; Vasconcelos, E. C.; Coelho, R. G.;<br />

Dokkedal, A. L.; Garcia, A. C. L.; Sano, P. T. & Vilegas, W. 1999.<br />

Separation of Flavonoids and Naphthopyrones from four<br />

Brazilian Paepalanthus Species by Droplet Countercurrent Chomatography.<br />

Revista Brasileira de Plantas Medicinais 2(1): 43-47.<br />

Scatena V. L. & Menezes, N. L. 1993. Considerações sobre a<br />

natureza da câmara subestomática e das células epidérmicas<br />

das folhas de Syngonanthus Ruhl. Seção Thysanocephalus Koern.<br />

- Eriocaulaceae. Revista Brasileira de Botânica 16(2): 159-165.<br />

Scatena, V. L. & Menezes, N. L. 1995. Aspectos morfológicos e<br />

anatômicos do caule em espécies de Syngonanthus Ruhl.<br />

Eriocaulaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São<br />

Paulo 14: 91-107.<br />

Scatena, V. L.; Lemos Filho, J. P. & Lima, A. A. A. 1996. Morfologia<br />

do desenvolvimento pós-seminal de Syngonanthus elegans e<br />

S. niveus (Eriocaulaceae). Acta Botânica Brasílica 10(1): 85-91.<br />

Scatena, V. L.; Giulietti, A. M. & Cardoso, V. A. 1998. Anatomia<br />

do escapo floral de espécies brasileiras de Paepalanthus<br />

Costa, Trovo & Sano | 125<br />

subgênero Platycaulon (Eriocaulaceae). Acta Botânica Brasílica<br />

12(2): 121-133.<br />

Scatena, V. L.; Cardoso, V. A. & Giulietti, A. M. 1999. Morfoanatomia<br />

de espécies de Blastocaulon Ruhland (Eriocaulaceae).<br />

Acta Botânica Brasílica 13(1): 29-41.<br />

Scatena, V. L. & Bouman, F. 2001. Embryology and Seed<br />

Development of Paepalanthus sect. Actinocephalus (Koern.)<br />

Ruhland (Eriocaulaceae). Plant biology 3: 341-350.<br />

Scatena, V. L. & Rosa, M. M. 2001. Morphology and Anatomy of<br />

the Vegetative Organs and Scapes from Aphorocaulon<br />

(Paepalanthus, Eriocaulaceae). Brazilian Archives of Biology<br />

and Technology 4(1): 49-58.<br />

Silveira, A. 1908. Flora e serras mineiras. Imprensa Official. Belo<br />

Horizonte.<br />

Silveira, A. 1928. Floralia montium. Vol. 1. Imprensa Official.<br />

Belo Horizonte.<br />

Splett, S.; Barthlott, W.; Stützel, T. & Barros, M. A. G. 1993. Leaf<br />

anatomy of Brazilian Eriocaulaceae and its diagnostic<br />

significance. Flora 188: 399-411.<br />

Stützel, T. 1998. Eriocaulaceae. In: K. Kubitzki (ed.). The Families<br />

and Genera of Vascular Plants IV – Flowering Plants:<br />

Monocotyledons – Alismatanae and Commelinanae (except<br />

Gramineae). Springer-Verlag. Berlin.<br />

Teixeira, W. & Linkser, R. 2005. Chapada Diamantina: Águas no<br />

sertão. Editora Terra Virgem, São Paulo.<br />

Tissot-Squali, H. M. L. 1997. Monographische Bearbeintung von<br />

Paepalanthus subgenus Platycaulon. J. Cramer. Berlin.<br />

Unwin, M. M. 2004. Molecular Systematics of the Eriocaulaceae<br />

Martinov. Tese de Doutorado, Miami University, Oxford.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

LEONARDO M. VERSIEUX 1,2<br />

TÂNIA WENDT 3<br />

RAFAEL BATISTA LOUZADA 2,4<br />

MARIA DAS GRAÇAS LAPA WANDERLEY 2<br />

1 Doutorando em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo<br />

2 Instituto de Botânica, Seção de Curadoria do Herbário, Av. Miguel Stéfano 3687, São Paulo - SP, 04301-902, Brasil<br />

3 Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCS, IB, Departamento de Botânica, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro - RJ, 21941–590, Brasil<br />

4 Mestrando em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, Instituto de Botânica de São Paulo<br />

* email: lversieux@yahoo.com.br<br />

RESUMO<br />

Bromeliaceae é uma família de monocotiledôneas de grande importância ecológica na flora da<br />

mata atlântica e dos campos rupestres. No presente trabalho apresenta-se um catálogo dos 26<br />

gêneros e 224 espécies de bromélias da Cadeia do Espinhaço, nos estados da Bahia e Minas<br />

Gerais. Esta lista foi preparada a partir do levantamento de 17 coleções de herbários, trabalho<br />

em campo e consulta à literatura. Para a Bahia, foram listados 19 gêneros e 106 espécies,<br />

enquanto que em Minas Gerais ocorrem 23 gêneros e 141 espécies. Das 214 espécies referidas<br />

para a Cadeia do Espinhaço, 111 (49,5%) são endêmicas dessa cadeia de montanhas e<br />

apenas 21 (9,5%) ocorrem em ambos os estados, indicando composições florísticas peculiares<br />

e ricas em endemismos regionais. A subfamília Bromelioideae é a mais rica em gêneros e<br />

espécies e está melhor representada em Minas Gerais, no sul da Cadeia do Espinhaço. As<br />

subfamílias Tillandsioideae e Pitcairnioideae também se destacam pelo grande número de<br />

espécies e endemismos nos gêneros Vriesea e Dyckia. O trabalho indica que ainda existem<br />

áreas pouco exploradas botanicamente ao longo do Espinhaço, sendo que maior p<strong>arte</strong> das<br />

coleções se concentra em menos de dez municípios de cada estado.<br />

ABSTRACT<br />

Bromeliaceae is a monocot family that has a great ecological importance in the atlantic forest<br />

and in campo rupestre vegetation. This paper presents a checklist of the 26 genera and 224<br />

species of Bromeliaceae occurring in the Espinhaço mountain chain that is located in the Brazilian<br />

states of Bahia and Minas Gerais. This checklist was based on the survey of 17 herbaria collections,<br />

field work and related literature sources. A total of 19 genera and 106 species were inventoried<br />

for Bahia, and 23 genera and 141 species are listed for Minas Gerais. Of the total number of<br />

species occurring in the Espinhaço, 111 (49,5%) are endemic of this range, and only 21 (9,5%)<br />

occur in both states, reflecting the peculiar vegetations that are rich in narrowly ranged species.<br />

Among the three Bromeliaceae subfamilies, Bromelioideae is the richest in number of genera and<br />

species and is better represented along the southern portion of the Espinhaço Range, at Minas<br />

Gerais. Subfamilies Tillandsioideae and Pitcairnioideae also stand out due to Vriesea and Dyckia,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


oth these genera are rich in species and in endemism. The checklist indicates that most of the<br />

collections come from less than 10 counties in each state, and that there are still undercollected<br />

areas along this range.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Brasil apresenta uma expressiva riqueza vegetal, abrigando<br />

cerca de 19% das 250.000 espécies de angiospermas<br />

conhecidas (Giulietti et al., 2005). Bromeliaceae<br />

representa um importante componente florístico e<br />

fisionômico em diferentes formações vegetais, com representantes<br />

de formas de vida terrestre, epífita ou<br />

rupícola. NosNeotrópicos, Bromeliaceae se destaca pela<br />

grande diversidade genérica e específica, com cerca de<br />

57 gêneros e 3.086 espécies (Luther, 2006), sendo que<br />

uma espécie do gênero Pitcairnia ocorre no oeste do<br />

continente africano, em razão de uma dispersão a longa<br />

distância recente (Givnish et al., 2004).<br />

Bromeliaceae é tradicionalmente dividida em três<br />

subfamílias: Pitcairnioideae, Tillandsioideae e<br />

Bromelioideae (Smith & Downs, 1974). Porém essa classificação<br />

vem passando por grandes transformações a<br />

partir dos estudos filogenéticos que empregam<br />

caracteres moleculares (Crayn et al., 2004; Givnish et<br />

al., 2004). A importância ecológica da família é marcante<br />

nos ambientes em que ocorre, pois muitas espécies<br />

ampliam a biodiversidade através dos tanques<br />

(fitotelmatas) que acumulam a água das chuvas, que,<br />

por sua vez, é utilizada por uma vasta gama de seres<br />

vivos (Benzing, 2000). Alguns gêneros de Bromeliaceae<br />

dos campos rupestres são conhecidos pelas associações<br />

com cupinzeiros e formigueiros (Thorne et al., 1996). A<br />

família também merece destaque pela importância das<br />

espécies ornamentais, que são amplamente cultivadas.<br />

Na Cadeia do Espinhaço, que se estende pelos estados<br />

da Bahia e de Minas Gerais, destaca-se a vegetação<br />

dos campos rupestres, com uma rica flora de angiospermas<br />

e padrões de distribuição geográfica peculiares,<br />

sendo marcante um elevado grau de endemismo<br />

para diferentes famílias (Pirani & Giulietti, 1988). Além<br />

dos campos rupestres, observa-se ao longo do Espinhaço<br />

um mosaico de formações, envolvendo matas de galeria,<br />

“capões” de florestas montanas, floresta estacional<br />

semidecidual, campos, vegetação rupícola sobre solo<br />

de canga, áreas úmidas e brejosas, cerrado e caatinga,<br />

sendo notáveis extensos ecótonos entre essas comunidades<br />

(Giulietti & Pirani, 1997; Spósito & Stehmann,<br />

2006; Viana & Lombardi, 2007; Jacobi et al., 2007).<br />

Uma grande concentração das espécies brasileiras<br />

de Bromeliaceae ocorre ao longo da Cadeia do Espinhaço,<br />

que tem despertado o interesse de naturalistas<br />

e botânicos desde expedições históricas, realizadas no<br />

século XIX, como as de A. Saint-Hilaire, C. P. F. von<br />

Martius e J. E. Pohl. Entre os gêneros de bromélias<br />

endêmicos da Cadeia do Espinhaço, descritos com base<br />

nas coleções dessas expedições, podem ser citados<br />

Eduandrea (Baker) Leme et al., restrito ao sul do<br />

Espinhaço (MG) e Sincoraea Ule (= Orthophytum), inicialmente<br />

conhecido apenas para a serra do Sincorá,<br />

chapada Diamantina (BA).<br />

Nas últimas décadas, os estudos florísticos e revisões<br />

taxonômicas em Bromeliaceae se ampliaram significativamente,<br />

sendo marcante o acréscimo de novas<br />

coleções aos herbários e o número de novas espécies<br />

descritas. Entre os trabalhos realizados com as bromélias<br />

de campo rupestre, destacam-se as floras e listagens<br />

regionais (Smith & Downs, 1974; 1977; 1979; Wanderley<br />

& Martinelli, 1987; Leme & Funch, 1988; Mayo et al.,<br />

1995; Coffani-Nunes, 1997; Forzza & Wanderley, 1998;<br />

2003; Pirani et al., 1994; Marques, 2002; Wanderley &<br />

Forzza, 2003; Versieux & Wendt, 2006; Coser, 2008), as<br />

revisões (Leme, 1996; 1997; 1999a; Morillo 1996;<br />

Forzza, 2005; Faria, 2006; Louzada, 2008), e a descrição<br />

de novos táxons (e.g., Leme, 1999b; Wanderley &<br />

Conceição, 2006; Versieux & Leme, 2007; Versieux &<br />

Wanderley, 2007).<br />

O presente trabalho visa reunir informações sobre a<br />

diversidade e padrões de endemismo para a família<br />

Bromeliaceae na Cadeia do Espinhaço na Bahia e em<br />

Minas Gerais.<br />

METODOLOGIA<br />

Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 127<br />

O levantamento das espécies de Bromeliaceae que ocorrem<br />

na Cadeia do Espinhaço foi efetuado com base na<br />

relação dos municípios que integram tal formação<br />

geomorfológica, conforme a circunscrição adotada pela<br />

Fundação Biodiversitas, durante o workshop “Espinhaço<br />

Sempre Vivo” (mapas e listagem dos municípios<br />

disponíveis em www.biodiversitas.org.br/espinhaco/mapas/framemapa.htm).<br />

Essa listagem de municípios<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


128 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

engloba, não somente os campos rupestres, mas também<br />

áreas de afloramentos calcários e graníticos<br />

(inselbergs), caatinga, cerrado, além de áreas de floresta<br />

estacional semidecidual, compreendendo altitudes<br />

aproximadamente entre 900 a 2000 m.s.n.m.<br />

Os dados para se estabelecer a ocorrência dos táxons<br />

na Cadeia do Espinhaço provêm de três fontes principais:<br />

(1) coleções de herbários brasileiros e norte-americanos;<br />

(2) trabalho de campo, com diferentes expedições<br />

de coleta realizadas pelos autores; (3) consulta à literatura<br />

especializada.<br />

Foram consultados os seguintes herbários: ALCB,<br />

BHCB, BHZB, CESJ, CEPEC, HB, HBR, HUEFS MBM, R,<br />

RB, RFA, SEL, SP, SPF, US e VIC (siglas de acordo com<br />

Holmgren et al., 1990).<br />

Para os táxons que careciam de coleções recentes<br />

ou para os quais não foram examinados materiais de<br />

herbário, tomou-se como referência a localidade citada<br />

na obra original e citou-se, como testemunho, o<br />

material-tipo. A listagem completa dos táxons é apresentada<br />

na Tabela 2, adotando-se a nomenclatura utilizada<br />

por Luther (2006), e Brummit & Powell (1992), para<br />

a abreviatura dos nomes dos autores dos táxons. Espécies<br />

novas em processo de descrição ou táxons duvidosos<br />

que demandam por estudos revisionais detalhados,<br />

são referidos como morfo-espécies numeradas. Para cada<br />

táxon é apresentado um material-testemunho, para Bahia<br />

e/ou Minas Gerais, proveniente dos municípios pertencentes<br />

ao Espinhaço. Quando há dois materiais-testemunhos<br />

(para as espécies que ocorrem em ambos os<br />

estados), é citado primeiro o material da Bahia seguido<br />

pelo de Minas Gerais. As siglas de herbários destacadas<br />

por um asterisco indicam que o registro do táxon<br />

para a Cadeia do Espinhaço foi obtido da literatura consultada.<br />

Foram tratados como endêmicos apenas os táxons que<br />

apresentam distribuição restrita à Cadeia do Espinhaço,<br />

adotando-se as seguintes subdivisões em áreas de endemismo:<br />

CE = endêmica da cadeia do Espinhaço (BA<br />

e/ou MG), CD = endêmica da chapada Diamantina (BA),<br />

GM = endêmica de Grão Mogol (MG), PD = endêmica<br />

do planalto de Diamantina (MG), QF = endêmica do<br />

Quadrilátero Ferrífero (MG), SC = endêmica da serra<br />

do Cipó (MG).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A Cadeia do Espinhaço apresenta 26 gêneros e 224 espécies<br />

de Bromeliaceae (Tabela 1). Na Bahia ocorrem<br />

106 espécies subordinadas a 19 gêneros, enquanto que<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

em Minas Gerais 141 espécies em 23 gêneros (Tabelas<br />

1 e 2). Do total de espécies apresentadas, apenas 21<br />

(9,5%) ocorrem em ambos os estados e 111 (49,5%) são<br />

endêmicas da Cadeia do Espinhaço (Tabela 1).<br />

Bromelioideae apresentou o maior número de táxons<br />

(108 espécies /16 gêneros) seguido por Tillandsioideae<br />

(59/5) e Pitcairnioideae (57/5) (Tabela 1 e Figura 1). Podese<br />

destacar o quão rico é o Espinhaço quando se observa<br />

que cerca de 46% do total de gêneros (~57) e 7% do<br />

total de espécies (~3086) descritos para toda a família<br />

Bromeliaceae ocorrem nessa serra.<br />

É notável o elevado número de espécies endêmicas da<br />

região (49,5%), principalmente em alguns gêneros. Em<br />

Bromelioideae os gêneros Eduandrea, Orthophytum,<br />

Cryptanthus e Hohenbergia apresentaram elevado grau endemismo,<br />

sendo que Eduandrea é restrito à porção sul da<br />

Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais. Em Tillandsioideae,<br />

Alcantarea e Vriesea se destacam pela alta porcentagem de<br />

táxons endêmicos. Em Pitcairnioideae, Dyckia representa<br />

o gênero com maior número de espécies e espécies<br />

endêmicas. Ainda nesta subfamília, se destacam os gêneros<br />

Encholirium, com 80% de endemismo e<br />

Cottendorfia, gênero monotípico endêmico da porção<br />

norte do Espinhaço (BA).<br />

Diversos trabalhos apontam para um elevado grau<br />

de endemismo de diferentes famílias de plantas ao longo<br />

do Espinhaço, e.g., Fabaceae (Simon & Proença,<br />

2000), Apocynaceae (Rapini et al., 2002). Se tomado o<br />

estado de Minas Gerais como um todo, 62% das suas<br />

espécies endêmicas de Bromeliaceae, estão restritas<br />

ao Espinhaço, sendo essa a mais importante área de<br />

endemismo para a família no estado (Versieux &<br />

Wendt, 2006; 2007).<br />

Algumas espécies endêmicas da Cadeia do Espinhaço,<br />

tais como, Encholirium subsecundum, Neoregelia<br />

bahiana e Vriesea oligantha são típicas da vegetação de<br />

campos rupestres e possuem ampla distribuição na<br />

Cadeia do Espinhaço. Outras ocorrem em capões de<br />

mata associados às vertentes mais úmidas como<br />

Wittrockia sp.1, que apesar de apresentar distribuição<br />

isolada nesses ambientes, ocorre em ambos os estados.<br />

Por outro lado, há espécies que se destacam pela<br />

distribuição pontual, sendo restritas a uma única localidade,<br />

tidas como micro-endêmicas (e.g., Dyckia<br />

glandulosa, Vriesea atropurpurea e Vriesea stricta), contribuindo<br />

para que a similaridade florística, mesmo entre<br />

áreas ou serras próximas, seja baixa. Outras espécies<br />

são, ainda hoje, conhecidas apenas pela coleção-tipo<br />

(e.g., Hohenbergia rosea, Vriesea sincorana), apontando<br />

para a necessidade de se aprofundar os estudos<br />

florísticos e de distribuição geográfica com a família.


A biologia reprodutiva, incluindo a hibridização, e a<br />

dispersão de sementes tem papel-chave na especiação<br />

de Bromeliaceae (Holst, 1994; Wendt et al., 2000; 2001).<br />

O elevado endemismo observado em alguns gêneros<br />

parece estar relacionado à morfologia e ao meio de dispersão<br />

das sementes, apesar da reprodução por<br />

brotamentos ou crescimento clonal ser uma estratégia<br />

frequentemente empregada (Benzing, 2000). O alcance<br />

da dispersão da semente irá influenciar no estabelecimento<br />

de populações isoladas e poderá promover, ao<br />

longo de sucessivas gerações, a especiação. Na subfamília<br />

Pitcairnioideae, os gêneros Dyckia e Encholirium destacam-se<br />

pela riqueza de espécies e altas porcentagens<br />

de endemismo (Tabela 1). Holst (1994) também observou<br />

um elevado endemismo para espécies de Pitcairnioideae,<br />

ao trabalhar com as bromélias da Venezuela. Para esse<br />

autor, a explicação parcial provém do tipo de semente<br />

alada apresentada, dispersada por pequenas distâncias.<br />

Nesses casos, uma vez estabelecida uma população, longe<br />

dos seus parentais, essa permanece geneticamente<br />

isolada, o que interfere no processo de especiação. Para<br />

Benzing (2000), a ocorrência de Dyckia e Encholirium no<br />

sudeste do Brasil constitui uma radiação secundária dentro<br />

da subfamília Pitcairnioideae, cujo centro de diversidade<br />

é o planalto das Guianas. O mesmo autor destaca<br />

que a hibridização dentro desses gêneros é um indicador<br />

de processos de especiação recentes, favorecidos por<br />

condições especiais de determinados habitats de maior<br />

altitude (campo rupestre) e pelas flutuações climáticas<br />

do Plio-Pleistoceno, que fragmentaram ou alteraram a<br />

distribuição geográfica de diferentes grupos de organismos,<br />

promovendo a especiação.<br />

Alguns gêneros mostram interessantes distribuições.<br />

Hohenbergia, tão prolífero na Bahia, está ausente no<br />

setor mineiro. Por outro lado, elementos típicos da floresta<br />

atlântica do sudeste do Brasil (e.g. Nidularium,<br />

Quesnelia), estão restritos ao extremo sul da Cadeia do<br />

Espinhaço, não ocorrendo a oeste do meridiano de 45 O .<br />

Cinco gêneros de Bromelioideae (Acantostachys,<br />

Eduandrea, Nidularium, Portea e Quesnelia), subfamília com<br />

centro de diversidade na mata atlântica, não ocorrem<br />

no setor baiano, que aparenta receber maior influência<br />

da vegetação da caatinga e do cerrado adjacentes.<br />

Versieux & Wendt (2007) discutem que a riqueza de<br />

espécies de Bromeliaceae em áreas de campo rupestre<br />

diminui em direção ao norte e ao oeste de Minas Gerais.<br />

Nesse estado observa-se um grande esforço de<br />

coleta em áreas ao sul do Espinhaço, entre Diamantina<br />

e Ouro Preto, onde ocorrem as mais ricas coleções,<br />

resultantes dos estudos científicos e históricos desenvolvidos<br />

por botânicos. Estes autores discutem também<br />

Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 129<br />

a afinidade florística e o compartilhamento de táxons<br />

que ocorrem no porção sul do Espinhaço mineiro e na<br />

mata atlântica s.l.<br />

Em Minas Gerais, foram encontrados registros de<br />

ocorrência da família para cerca de 50% dos municípios<br />

do Espinhaço. Para este estado, conforme pode ser visto<br />

na Figura 2, há um aumento significativo das coleções<br />

de herbário no município de Santana do Riacho,<br />

que abriga o Parque Nacional da Serra do Cipó e onde<br />

há um grande esforço de coleta dentro do Projeto “Flora<br />

da Serra do Cipó”.<br />

No estado da Bahia, apesar, da ampliação dos esforços<br />

de coletas nos últimos anos com o desenvolvimento<br />

do projeto Flora da Bahia, alguns gêneros ainda<br />

estão sub-amostrados e nota-se que oito municípios<br />

concentram a maior p<strong>arte</strong> das coleções.<br />

O emprego secular dos campos rupestres como pastagens<br />

naturais, associado à mineração, às queimadas,<br />

ao extrativismo e ao desmatamento das matas de galeria<br />

comprometem a sobrevivência de muitas espécies de<br />

Bromeliaceae da Bahia e Minas Gerais, algumas delas<br />

sequer descritas como novas (e.g., Dyckia sp. 3). Alcantarea<br />

hatschbachii, micro-endêmica do planalto de Diamantina<br />

é tida como possivelmente extinta, a localidade-tipo sofreu<br />

intensas queimadas e extrativismo (G. Hatschbach<br />

com. pes.) e buscas recentes no campo não permitiram<br />

ainda localizar novas populações. Já Vriesea segadasviannae,<br />

micro-endêmica da serra do Cipó, só conhecida<br />

de duas coleções, exemplifica que mesmo áreas muito<br />

exploradas botanicamente possuem táxons ainda pouco<br />

conhecidos ou raros. As espécies formadoras de grandes<br />

rosetas, como Alcantarea turgida da serra do Cipó,<br />

ou algumas espécies do gênero Orthophytum da Chapada<br />

Diamantina que possuem folhas avermelhadas (popularmente<br />

conhecidas como raios-de-sol) são retiradas ilegalmente<br />

do ambiente natural para serem cultivadas.<br />

Infrutescências de várias espécies rupícolas de Vriesea<br />

do planalto de Diamantina (MG), são removidas antes de<br />

dispersarem as sementes, e empregadas na confecção<br />

de arranjos florais desidratados. Versieux & Wendt (2007)<br />

demonstram a situação de risco a que muitos táxons de<br />

Bromeliaceae do estado de Minas Gerais estão expostos,<br />

principalmente aqueles endêmicos do Quadrilátero<br />

Ferrífero (sul do Espinhaço). Campos rupestres sobre<br />

solos de canga couraçada (carapaças de minério de ferro)<br />

são os primeiros a serem explorados para a abertura<br />

de cavas de mineração. Tal região abriga espécies<br />

endêmicas, muitas ainda pouco conhecidas, mas já ameaçadas<br />

(Viana & Lombardi, 2007; Jacobi et al., 2007). É<br />

necessário reforçar, ainda, a importância dos estudos sistemáticos<br />

dos táxons que ocorrem na Cadeia do<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


130 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

Espinhaço. Novas revisões taxonômicas permitirão elaborar<br />

listagens mais completas, visto que muitos táxons<br />

estão sendo descritos, sinonimizados, ou ainda apresentam<br />

difícil circunscrição, como é freqüente em espécies<br />

de Dyckia, Tillandsia e Vriesea.<br />

A situação atual de ameaças que estão sujeitas as<br />

espécies do Espinhaço, torna urgentes as pesquisas<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

sobre a taxonomia, a biologia reprodutiva e a ampliação<br />

dos esforços de coleta, auxiliando, assim, na obtenção<br />

de mapas de distribuição mais exatos e que permitam<br />

ampliar as discussões biogeográficas e formular medidas<br />

conservacionistas, como a criação de novas unidades<br />

de conservação visando a preservação do maior número<br />

possível de espécies.<br />

TABELA 1 – Riqueza de espécies e endemismo para cada um dos gêneros das três subfamílias de Bromeliaceae, encontrados nos<br />

setores mineiro e baiano da Cadeia do Espinhaço (CE), seguido pelo total de espécies comuns aos dois setores e pela porcentagem<br />

de espécies endêmicas para o gênero.<br />

SUBFAMÍLIA Nº DE ESPÉCIES CE Nº DE ESPÉCIES Nº DE ESPÉCIES ESPÉCIES %<br />

E GÊNEROS (BA + MG) CE-BA CE-MG EM COMUM ENDEMISMO<br />

TOTAL ENDÊMICAS TOTAL ENDÊMICAS TOTAL ENDÊMICAS<br />

Bromelioideae<br />

Orthophytum 28 21 20 15 8 6 — 81%<br />

Hohenbergia 15 5 15 5 — — — 33%<br />

Billbergia 12 1 6 — 10 1 3 8%<br />

Cryptanthus 11 8 4 3 7 5 — 73%<br />

Aechmea 10 2 6 2 5 — 1 20%<br />

Bromelia 7 — 3 — 4 — — —<br />

Neoregelia 5 3 2 1 3 1 1 60%<br />

Nidularium 3 1 — — 3 1 — 33%<br />

Quesnelia 3 0 — — 3 — — —<br />

Wittrockia 3 1 1 — 3 — 1 33%<br />

Ananas 3 — 1 — 2 — — —<br />

Acanthostachys 1 — — — 1 — — —<br />

Eduandrea 1 1 — — 1 1 — 100%<br />

Neoglaziovia 1 — 1 — 1 — 1 —<br />

Portea 1 — — — 1 — — —<br />

Pseudananas 1 — 1 — 1 — — —<br />

Subtotal = 16<br />

Tillandsioideae<br />

105 43 60 26 53 15 7 43,5%<br />

Vriesea 37 21 13 8 27 12 3 57%<br />

Tillandsia 16 — 13 — 12 — 9 —<br />

Alcantarea 4 3 1 — 3 3 — 75%<br />

Racinaea 1 — 1 — 1 — — —<br />

Catopsis 1 — 1 — — — — —<br />

Subtotal = 5<br />

Pitcairnioideae<br />

59 24 29 8 43 15 12 42%<br />

Dyckia 38 27 10 5 30 22 2 71%<br />

Encholirium 15 12 4 2 11 10 — 80%<br />

Pitcairnia 2 — — — 2 — — —<br />

Pepinia 1 — — — 1 — — —<br />

Cottendorfia 1 1 1 1 — — — 100%<br />

Subtotal = 5 57 40 15 8 44 32 2 70%<br />

TOTAL = 26 221 107 104 42 140 62 21 49,5%


TABELA 2 – Listagem das Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço com ocorrência indicada por um material-testemunho (sigla do<br />

herbário entre parênteses, se precedida por um asterisco = ocorrência obtida da literatura) para cada estado, Bahia (BA) e/ou<br />

Minas Gerais (MG), seguida pelo nível de endemismo: CE = Endêmica da Cadeia do Espinhaço (BA e/ou MG), CD = Endêmica da<br />

Chapada Diamantina (BA), GM = Endêmica de Grão Mogol (MG), PD = Endêmica do Planalto de Diamantina (MG), QF = Endêmica<br />

do Quadrilátero Ferrífero (MG), SC = Endêmica da Serra do Cipó (MG).<br />

NÍVEL DE<br />

TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />

1 Acanthostachys strobilacea Versieux 92 (SP) √<br />

(Schult. & Schult. f.)Klotzsch<br />

2 Aechmea alopecurus Mez Carvalho 7023 (CEPEC) √<br />

3 Aechmea aquilega (Salisb.) Griseb. Guedes 2649 (SPF) √<br />

4 Aechmea bahiana L.B. Sm. Harley 50779 (SPF) √ CD<br />

5 Aechmea bromeliifolia (Rudge) Baker Harley 20721 (SPF)<br />

Pereira 1675 (HB, RB)<br />

√ √<br />

5.1 Aechmea bromeliifolia var. albobracteata Philcox Faria 171 (RFA) √<br />

6 Aechmea distichantha Lem. var. distichantha Stehmann 2445 (BHCB, SEL) √<br />

7 Aechmea emmerichiae Leme Seidel 1048 (HB) √ CD<br />

8 Aechmea lamarchei Mez Salino 3763 (BHCB) √<br />

9 Aechmea lingulata (L.) Baker Arbo 5427 (SPF) √<br />

10 Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. var. nudicaulis Siqueira 25 (BHCB) √<br />

10.1 Aechmea nudicaulis var. aureorosea (Antoine) L.B.Sm. Hatschbach 29048 (MBM) √<br />

10.2 Aechmea nudicaulis var. cuspidata Baker Ule 341 (R) √<br />

11 Aechmea phanerophlebia Baker Mota 1852 (BHCB) √<br />

12 Alcantarea du<strong>arte</strong>ana (L.B. Sm.) J.R. Grant Hatschbach 28977 (HB, MBM, US) √ PD<br />

13 Alcantarea hatschbachii (L.B. Sm. & Read) Leme Hatschbach 29085<br />

(MBM, SPF, US, Z)<br />

√ PD<br />

14 Alcantarea nahoumii (Leme) J.R. Grant Noblick 3752 (HUEFS, RB) √<br />

15 Alcantarea turgida Versieux & Wand. Wanderley 2488 (SP). √ SC e QF<br />

16 Ananas ananassoides (Baker) L.B. Sm. Lombardi 207 (BHCB, US) √<br />

17 Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. var. Pirani 5460 (SPF) √<br />

bracteatus<br />

18 Ananas nanus (L.B. Sm.) L.B. Sm. Versieux 153 (RFA) √ _____<br />

19 Andrea selloana (Baker) Mez Versieux 264 (SP) √ SC e QF<br />

20 Billbergia amoena (G. Lodd.) Lindl. var. amoena Forzza 1312 (SPF)<br />

Anderson 8972 (HB, US)<br />

√ √<br />

20.1 Billbergia amoena var. minor (Antoine & Beer) L.B. Sm. Mota 339 (BHCB) √ QF<br />

21 Billbergia distachia (Vell.) Mez var. distachia Magalhães 1692 (BHCB) √<br />

22 Billbergia elegans Mart. ex Schult. & Schult. f. Versieux 92 (RFA) √ QF<br />

23 Billbergia euphemiae E. Morren var. euphemiae M<strong>arte</strong>ns 658 (SPF) √<br />

24 Billbergia horrida Regel var. horrida Tameirão-Neto 3478 (BHCB) √<br />

25 Billbergia iridifolia (Nees & Mart.) Lindl. var. iridifolia Juchum 73 (CEPEC) √ √<br />

Mello-Silva CFCR 8474 (SP, SPF)<br />

26 Billbergia morelii Brongn. Alves 1 (HRB) √<br />

27 Billbergia nutans H. Wendl. ex Regel Vidal s.n. (R 190241). √<br />

28 Billbergia porteana Brongn. ex Beer Hatschbach 44256 (CEPEC) √ √<br />

Hatschbach 31615 (MBM)<br />

29 Billbergia saundersii W. Bull Ganev 2481 (HUEFS) √<br />

Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 131<br />

30 Billbergia vittata Brongn. Cotias s.n. (ALCB 47419) √ √<br />

Vasconcelos s.n. (BHCB 32042)<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


132 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 2<br />

NÍVEL DE<br />

TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />

31 Billbergia zebrina (Herb.) Lindl. Forzza 659 (SPF) √<br />

32 Bromelia antiacantha Bertol. Wanderley 1562 (SP) √<br />

33 Bromelia balansae Mez Serra II-1084 (US) √<br />

34 Bromelia glaziovii Mez Castellanos 24425 (US) √<br />

35 Bromelia gurkeniana var. funchiana E. Pereira & Leme Leme 516 (HB) √ CD<br />

36 Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. & Schult. f. Queiroz 5865 (HUEFS) √<br />

37 Bromelia regnellii Mez Foster 563 (US) √<br />

38 Bromelia serra Griseb. Hatschbach 27744 (MBM, US) √<br />

39 Catopsis berteroniana (Schult. & Schult. f.) Mez Strandmann 659 (ALCB) √<br />

40 Cottendorfia florida Schult. & Schult. f. Wanderley 1533 (SP) √ CE<br />

41 Cryptanthus arelii H. Luther Luther s.n. (*US 3392313, SEL) √ CD<br />

42 Cryptanthus bahianus L.B. Sm. Foster 98 (*GH) √<br />

43 Cryptanthus caracensis Leme & E. Gross Mota 1870 (BHCB) √ QF<br />

44 Cryptanthus diamantinensis Leme Garcia s.n. (HB) √ CD<br />

45 Cryptanthus glaziovii Mez Magalhães 2693 (BHCB) √ QF<br />

46 Cryptanthus leopoldo-horstii Rauh Hatschbach 29079 (MBM, US) √ PD<br />

47 Cryptanthus minarum L.B. Sm. Matos s.n. (R 46186, US)<br />

48 Cryptanthus schwackeanus Mez Krieger 21106 (BHCB, CESJ, SPF) √ QF<br />

49 Cryptanthus vexatus Leme Leme 4324 (HB) √<br />

50 Cryptanthus warasii E. Pereira Waras s.n. (HB 66022, US) √ PD<br />

51 Cryptanthus warren-loosei Leme Leme 481 (RB) √ CD<br />

52 Dyckia brachyphylla L.B. Sm. Hatschbach 31702 (MBM, US) √ PD<br />

53 Dyckia brachystachya Rauh & E. Gross Rauh 56443a (*HEID) √ CD<br />

54 Dyckia bracteata (Wittm.) Mez Vasconcelos s.n. (BHCB 49224) √<br />

55 Dyckia burchellii Baker Harley 27810 (CEPEC, K) √<br />

56 Dyckia burle-marxii L.B. Sm. & Read Burle Marx s.n. (HB) √ CD<br />

57 Dyckia cinerea Mez Goldschmidt 42 (SPF, VIC) √<br />

58 Dyckia consimilis Mez Grandi s.n. (BHCB 16908) QF<br />

59 Dyckia densiflora Schult. & Schult. f. Vasconcelos s.n. (BHCB 52435) √ QF<br />

60 Dyckia dissitiflora Schult. & Schult. f. Harley 50367 (SP)<br />

Castellanos 24294 (HB, US)<br />

√ √<br />

61 Dyckia elata Mez Silveira 2275 (R) QF<br />

62 Dyckia glandulosa L.B. Sm. & Reitz Versieux 334 (SP) √ PD<br />

63 Dyckia goehringii E. Gross &Rauh Rauh 67622 (HB) √ PD<br />

64 Dyckia granmogulensis Rauh Rapini 762 (SPF) √ GM<br />

65 Dyckia hohenbergioides Leme & Esteves Pereira E-385 (*HB, RB) √ CD<br />

66 Dyckia lagoensis Mez Heringer s.n. (HB 32882, 32887) √<br />

67 Dyckia leptostachya Baker Hombouts s.n. (SP 40644) √<br />

68 Dyckia macedoi L.B. Sm. Arrais CFSC 9170 (RB, SPF) √ SC<br />

69 Dyckia macropoda L.B. Sm. Pereira 1622 (RB, US) √ PD<br />

70 Dyckia maracasensis Ule Harley 19222 (CEPEC, K) √<br />

71 Dyckia mello-barretoi L.B. Sm. Versieux 298 (SP) √ SC<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

NÍVEL DE<br />

TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />

72 Dyckia minarum Mez Leme 1799 (HB) √<br />

73 Dyckia nervata Rauh Rauh 56443 (HEID) √ CD<br />

74 Dyckia rariflora Schult. & Schult. f. Teixeira s.n. (BHCB 26146) √ CE<br />

75 Dyckia remotiflora Otto & A. Dietr. Martsen 104 (BHCB) √<br />

76 Dyckia saxatilis Mez Harley et al. 27810 (SP) √ √<br />

Du<strong>arte</strong> 2674 (RB, US)<br />

77 Dyckia schwackeana Mez Tameirão-Neto 3399 (BHCB) √ QF<br />

78 Dyckia simulans L.B. Sm. Grandi s.n. (BHZB 192) √ QF<br />

79 Dyckia sordida Baker Du<strong>arte</strong> 2106 (RB, US) √ SC e QF<br />

80 Dyckia sp.1 Marques-Leitão s.n.<br />

(BHCB 45741, SPF)<br />

√ QF<br />

81 Dyckia sp.2 Fiaschi 418 (SPF) √ PD<br />

82 Dyckia sp.3 Stehmann s.n. (BHCB 20778) √ PD<br />

83 Dyckia sp.4 Paula s.n. (VIC 27394) √ QF<br />

84 Dyckia sp.5 Mello-Silva 790 (SPF) √ CD<br />

85 Dyckia spinulosa L.B. Sm. & Reitz Du<strong>arte</strong> 7409 (HBR RB,US) √ CE<br />

86 Dyckia tenebrosa Leme & H. Luther Leme 2895 (HB) √ PD<br />

87 Dyckia trichostachya Baker Kawasaki 988 (SPF) √ QF<br />

88 Dyckia tuberosa (Vell.) Beer Harley 25697 (*K) √<br />

89 Dyckia ursina L.B. Sm. Mello-Silva 1086 (SPF) √ SC<br />

90 Encholirium biflorum (Mez) Forzza Forzza 1466 (BHCB, MBM, SPF) √ PD<br />

91 Encholirium brachypodium L.B. Sm. & Read Forzza 1103 (SPF) √ CE<br />

92 Encholirium bradeanum L.B. Sm. Smith 5652 (US) √ PD<br />

93 Encholirium heloisae (L.B. Sm.) Forzza & Wand. Hatschbach 28785 (HB, MBM, US) √ SC<br />

94 Encholirium irwinii L.B. Sm. Pirani CFCR 13263 (MBM, SPF) √ GM<br />

95 Encholirium longiflorum Leme Andrade-Lima 75-8166 (*IPA)<br />

96 Encholirium luxor L.B. Sm. & Read Forzza 940 (BHCB, SPF) √<br />

97 Encholirium magalhaesii L.B. Sm. Forzza 1509 (MBM, SPF) √ PD<br />

98 Encholirium maximum Forzza & Leme Aquino s.n. (ALCB 43505) √ CE<br />

99 Encholirium pedicellatum (Mez) Rauh Forzza 1504 (SPF) √ PD<br />

100 Encholirium reflexum Forzza & Wand. Arbo 5145 (SPF, US) √ PD<br />

101 Encholirium scrutor (L.B. Sm.) Rauh Salino 5084 (BHCB) √ PD e SC<br />

102 Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult. f. França 2449 (SP) √<br />

103 Encholirium subsecundum (Baker) Mez Forzza 700 (BHCB, SPF) √ CE<br />

104 Encholirium vogelii Rauh Pereira 1051 (BHCB) √ SC<br />

105 Hohenbergia blanchetii (Baker) E. Morren ex Mez Wanderley 1615 (SP) √<br />

106 Hohenbergia catingae Ule var. catingae Harley 21160 (CEPEC) √<br />

107 Hohenbergia conquistenssis Leme Reis Jr. s.n. (*HB) √ CE<br />

108 Hohenbergia edmundoi L.B. Sm. & Read Costa s.n. (ALCB 276) √ CE<br />

109 Hohenbergia humilis L.B. Sm. & Read Harley 27437 (CEPEC) √<br />

110 Hohenbergia lanata E. Pereira & Moutinho Seidel 1079 (RB) √<br />

111 Hohenbergia leopoldo-horstii E. Gross, Rauh & Leme Colnago s.n. (HB) √<br />

Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 133<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


134 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 2<br />

NÍVEL DE<br />

TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />

112 Hohenbergia pennae E. Pereira Assis s.n. (ALCB 52007) √ CD<br />

113 Hohenbergia ramageana Mez Harley 18658 (RB) √<br />

114 Hohenbergia ridleyi (Baker) Mez Wanderley s.n. (SP 210086) √<br />

115 Hohenbergia rosea L.B. Sm. & Read Read 3429a. (*CEPEC) √<br />

116 Hohenbergia stellata Schult. & Schult. f. Martius s.n. (*M, B) √<br />

117 Hohenbergia undulatifolia Leme & H. Luther Leme 3685 (*HB, SEL) √ CD<br />

118 Hohenbergia utriculosa Ule Wanderley 2525 (SP) √<br />

119 Hohenbergia vestita L.B. Sm. Irwin 32287 (NY) √ CD<br />

120 Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez Ganev 1169 (SPF)<br />

Amante s.n. (SP 81369, SPF)<br />

√ √<br />

121 Neoregelia bahiana (Ule) L.B. Sm. Harley 52013(SP)<br />

Versieux 299 (SP)<br />

√ √ CE<br />

122 Neoregelia aff. brownii Leme Anderson 36017 (SEL, US) √<br />

123 Neoregelia leprosa L.B. Sm. Foster 656 (GH, US) SC<br />

124 Neoregelia mucugensis Leme Cintra s.n. (HB) √ CD<br />

125 Neoregelia wilsoniana M.B. Foster Seidel 1064 (HB) √<br />

126 Nidularium bicolor (E. Pereira) Leme Vasconcelos s.n. √<br />

(BHCB 52544, CESJ)<br />

127 Nidularium linehamii Leme Leme 1540 (HB) √ QF<br />

128 Nidularium marigoi Leme Grandi 2366 (BHCB) √<br />

129 Orthophytum albopictum Philcox Wanderley 2364 (SP) √ CD<br />

130 Orthophytum alvimii W. Weber Seidel 867 (HB) √<br />

131 Orthophytum amoenum (Ule) L.B. Sm. Wanderley 2528 (SP) √ CD<br />

132 Orthophytum braunii Leme Pereira E-343 (HB) √ CD<br />

133 Orthophytum burle-marxii L.B. Sm & Read Louzada 11 (SP) √ CD<br />

134 Orthophytum compactum L.B. Sm. Mello-Silva CFCR 10139<br />

(MBM, SP, SPF)<br />

√<br />

135 Orthophytum conquistense Leme & M. Machado Leme 6019 (HB) √ CE<br />

136 Orthophytum disjunctum L.B. Sm. Mayo 851 (HB) √<br />

137 Orthophytum eddie-estevesii Leme Leme 4693 (HB) √ CE<br />

138 Orthophytum falconii Leme Leme 4938 (HB) √ CD<br />

139 Orthophytum harleyi Leme & M. Machado Leme 6173 (HB) √ CD<br />

140 Orthophytum hatschbachii Leme Louzada & Noreira 59 (SP) √ CD<br />

141 Orthophytum heleniceae Leme Wanderley 2244 (SP) √ CD<br />

142 Orthophytum humile L.B. Sm. Semir CFCR 9659 (SPF) √ GM<br />

143 Orthophytum itambense Versieux & Leme Louzada 6 (SP) √ PD<br />

144 Orthophytum lemei E.Pereira & I.A. Penna Hatschbach 44220 (CEPEC) √ CD<br />

145 Orthophytum leprosum (Mez) Mez Carvalho 433 (BHCB) √<br />

146 Orthophytum magalhaesii L.B. Sm. Burle-Marx s.n. (HB) √<br />

147 Orthophytum macroflorum Leme & M. Machado Leme 6001 (HB) √ CD<br />

148 Orthophytum maracasense L.B. Sm. Wanderley 2378 (SP) √<br />

149 Orthophytum mello-barretoi L.B. Sm. Martinelli 2684 (US) √ CE<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

NÍVEL DE<br />

TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />

150 Orthophytum mucugense Wand. & Conceição Wanderley 2367 (SP) √ CD<br />

151 Orthophytum navioides (L.B. Sm.) L.B. Sm. Louzada 7 (SP) √ CD<br />

152 Orthophytum riocontense Leme Leme 5787 (HB) √ CD<br />

153 Orthophytum saxicola (Ule) L.B. Sm. Harley 27026 (NY, SPF) √<br />

154 Orthophytum schulzianum Leme & M. Machado Leme 5881 (HB) √ PD<br />

155 Orthophytum supthutii E. Gross & Barthlott Menezes 941 (SPF) SC<br />

156 Orthophytum toscanoi Leme Leme 4920 (HB) √ CE<br />

157 Pepinia bradei (Markgr.) G. S.Varad. & Gilmartin Carvalho 576 (BHCB, US) √<br />

158 Pitcairnia curvidens L.B. Sm. & Read Coffani-Nunes CFSC 14003 (SPF) √<br />

159 Pitcairnia lanuginosa Ruiz & Pav. Versieux 156 (RFA) √<br />

160 Portea petropolitana (Wawra) Mez Baker 7308 (HB) √<br />

161 Pseudananas sagenarius (Arruda) Camargo Vinha 172 (CEPEC) √ √<br />

Viana s.n. (BHCB 18392, US)<br />

162 Quesnelia indecora Mez Mota 219 (BHCB, MBM) √<br />

163 Quesnelia liboniana (De Jonghe) Mez Luther s.n. (HB 87834) √<br />

164 Quesnelia strobilispica Wawra Mello-Barreto 2104 (BHCB) √<br />

165 Racinaea aerisincola (Mez) M.A. Spencer & L.B. Sm. Harley 20722 (CEPEC, K) √ √<br />

Mota 1108 (BHCB)<br />

166 Tillandsia arhiza Mez Versieux 90 (RFA) √<br />

167 Tillandsia chapeuensis Rauh Rauh 56545 (*HEID) √<br />

168 Tillandsia gardneri Lindl. Ganev 2793 (SPF)Paula 83 (BHCB) √ √<br />

169 Tillandsia geminiflora Brongn. Harley 50326 (K, SPF, SP) √ √<br />

Martinelli 5994 (RB)<br />

170 Tillandsia globosa Wawra var. globosa Ferreira 1224 (HRB) √<br />

171 Tillandsia heubergeri Ehlers Jardim 772 (CEPEC) √<br />

172 Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. & Schult. f. Stradmann 660 (CEPEC, ALCB)<br />

Brade 12498 (RB)<br />

√ √<br />

173 Tillandsia parvispica Baker Wanderley 2377(SP)<br />

Pereira 10740 (HB)<br />

√ √<br />

174 Tillandsia pohliana Mez Martinelli 5937 (RB) √<br />

175 Tillandsia recurvata (L.) L. Arrais CFCR 6780 (SPF) √ √<br />

Ordones 856 (BHZB)<br />

176 Tillandsia sprengeliana Klotzsch ex Mez Conceição 41 (SPF) √<br />

Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 135<br />

177 Tillandsia streptocarpa Baker Wanderley 2376 (SP)<br />

Versieux 147 (RFA)<br />

√ √<br />

178 Tillandsia stricta Sol. ex Sims Conceição 843 (SPF)<br />

Smith 7064 (R)<br />

√ √<br />

179 Tillandsia tenuifolia L. var. tenuifolia Harley 52508 (SP)<br />

Braga s.n. (BHCB 47148, SEL)<br />

√ √<br />

180 Tillandsia tricholepis Baker Pirani CFSC 1368 √<br />

181 Tillandsia usneoides (L.) L. Harley 24537 √ √<br />

Pirani 4188 (SPF, SP)<br />

182 Vriesea atropurpurea Silveira Versieux 296 (SPF) √ SC<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


136 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 2<br />

NÍVEL DE<br />

TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />

183 Vriesea bituminosa Wawra Mota 327 (BHCB) √<br />

184 Vriesea chapadensis Leme Conceição 408 (SPF) √ CD<br />

185 Vriesea clausseniana (Baker) Mez Ordones 183 (BHZB) √ QF<br />

186 Vriesea crassa Mez Mota 1867 (BHCB, RFA) √<br />

187 Vriesea densiflora Mez Anderson 35757 (US) √ PD<br />

188 Vriesea diamantinensis Leme Vasconcelos s.n. (BHCB 40171) √ PD<br />

189 Vriesea ensiformis (Vell.) Beer var. ensiformis Belingtani s.n. (ALCB 47420) √<br />

190 Vriesea exaltata Leme Forzza 1368 (CEPEC, SPF) √ CD<br />

191 Vriesea fabioi Leme Conceição 602 (SPF) √ CD<br />

192 Vriesea friburgensis Mez var. friburgensis Atkins CFCR 14742 (SPF)<br />

Mota 1866 (BHCB, RFA)<br />

√ √<br />

193 Vriesea guttata Linden & André Parra CFSC 12990 (SPF) √<br />

194 Vriesea heterostachys (Baker) L.B. Sm. Matos s.n. (R 46311, US). √<br />

195 Vriesea aff. hieroglyphica (Carrière) E. Morren Seidel 1093 (RB) √<br />

196 Vriesea lancifolia (Baker) L.B. Sm. Pirani 4560 (SPF) √ CD<br />

197 Vriesea longicaulis (Baker) Mez Queiroz 4995 (HUEFS, SP)<br />

Vasconcelos 89 (BHCB)<br />

√ √<br />

198 Vriesea longistaminea C.C.Paula & Leme M<strong>arte</strong>ns 263 (SPF) √ QF<br />

199 Vriesea lubbersii (Baker) E. Morren ex Mez Mota 344 (BHCB, RFA) √<br />

200 Vriesea minarum L.B. Sm. Versieux 176 (RFA) √ QF<br />

201 Vriesea minor (L.B. Sm.) Leme Leme 1823 (HB) √<br />

202 Vriesea monacorum L.B. Sm. Hensold CFCR 2894 (SPF) √ PD e QF<br />

203 Vriesea nanuzae Leme Leme 1820 (HB) √ PD<br />

204 Vriesea neoglutinosa Mez Silva s.n. (SEL 85570) √<br />

205 Vriesea oligantha (Baker) Mez Harley 24618 (SPF) √ √ CE<br />

Du<strong>arte</strong> 1982 (RB, US)<br />

206 Vriesea pardalina Mez Du<strong>arte</strong> 2233 (RB, US) √<br />

207 Vriesea procera var. tenuis L.B. Sm. Versieux 257 (SP) √<br />

208 Vriesea pseudoligantha Philcox Harley 15692 (CEPEC, K) √ CD<br />

209 Vriesea roberto-seidelii W. Weber Seidel 934 (*HAL) √ CD<br />

210 Vriesea sceptrum f. flavobracteata Leme Seidel 1057 (HB) √ CD<br />

211 Vriesea schwackeana Mez Paula s.n. (VIC 26454) √<br />

212 Vriesea segadas-viannae L.B. Sm. Reitz 7857 (HBR) √ SC<br />

213 Vriesea simulans Leme Giulietti CFCR 2430 (RB) √ PD<br />

214 Vriesea simplex (Vell.) Beer Melo 1689 (CEPEC, HUEFS) √<br />

215 Vriesea sincorana Mez Ule 7131 (*B) √ CD<br />

216 Vriesea sp. 1 Versieux 330 √ PD<br />

217 Vriesea stricta L.B. Sm. Versieux 258 (SP) √ SC<br />

218 Vriesea vagans (L.B. Sm.) L.B. Sm. Foster 635 (SP) √<br />

219 Wittrockia cyathiformis (Vell.) Leme Schwacke 10558 (RB) √<br />

220 Wittrockia gigantea (Baker) Leme Foster 609 (SP, US) √<br />

221 Wittrockia sp. 1. Harley 52351 (HUEFS, SPF) √ √ CE<br />

Wanderley 2620 (SP)<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


FIGURA 1 – Riqueza de gêneros, espécies e espécies endêmicas<br />

para as três subfamílias de Bromeliaceae ocorrentes na Cadeia<br />

do Espinhaço (BA e MG).<br />

FIGURA 2 – Total de coleções por municípios que integram a<br />

Cadeia do Espinhaço no estado de Minas Gerais.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 137<br />

Nosso sincero agradecimento a todos os curadores e<br />

funcionários dos herbários visitados e às agências<br />

financiadoras que nos apoiaram: Coordenação de<br />

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),<br />

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico<br />

(CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do<br />

Estado de São Paulo (FAPESP) e às instituições norte-americanas:<br />

National Science Foundation (NSF DEB-0129446),<br />

Marie Selby Botanical Gardens, and Smithsonian Women’s<br />

Committee. Ao Instituto Estadual de Florestas (MG) e ao<br />

IBAMA, pelas autorizações de coleta.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Benzing, D.H. 2000. Bromeliaceae: profile of an adaptive<br />

radiation. Cambridge University Press, Cambridge, U.K.<br />

Brummit, R.K. & C.E. Powell (eds.). 1992. Authors of plant names.<br />

Royal Botanical Gardens, Kew, U.K.<br />

Coffani-Nunes, J.V. 1997. “Estudo florístico e fenomorfológico<br />

de Tillandsioideae – Bromeliaceae na Serra do Cipó, MG.”<br />

Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São<br />

Paulo, Brasil.<br />

Coser, T.S. 2008. “Bromeliaceae Juss. dos Campos Rupestres do<br />

Parque Estadual do Itacolomi, Minas Gerais, Brasil: florística<br />

e aspectos fenológicos.” Dissertação de mestrado, Universidade<br />

Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.<br />

Crayn, D.M., K. Winter & A.C. Smith. 2004. Multiple origins of<br />

crassulacean acid metabolism and the epiphytic habit in the<br />

Neotropical family Bromeliaceae. Proceeding of the National<br />

Academy of Science 101: 3703-3708.<br />

Faria, A.P.G. 2006. “Revisão taxonômica e filogenia de Aechmea<br />

Ruiz & Pav. subg. Macrochordion (de Vriese) Baker,<br />

Bromelioideae”. Tese de doutorado, Universidade Federal do<br />

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.<br />

Forzza, R.C. 2005. Revisão taxonômica de Encholirium Mart. ex<br />

Schult. & Schult. f. (Pitcairnioideae – Bromeliaceae). Bol. Bot.<br />

Univ. São Paulo 23: 1–49.<br />

Forzza, R.C. & M.G.L. Wanderley. 1998. Flora da Serra do Cipó,<br />

Minas Gerais: Bromeliaceae – Pitcairnioideae. Bol. Bot. Univ.<br />

São Paulo 17: 255–270.<br />

Forzza, R.C. & M.G.L. Wanderley. 2003. Bromeliaceae. In Zappi,<br />

D.C. et al. Lista das plantas vasculares de Catolés, Chapada<br />

Diamantina, Bahia. pp. 392-393. Bol. Bot. Univ. São Paulo 21:<br />

345-398.<br />

Giulietti, A.M. & J.R. Pirani. 1997. Espinhaço range region,<br />

eastern Brazil. In Davis, S.D., V.H. Heywood, O. Herrera-<br />

MacBryde, J. Villa-Lobos & A.C. Hamilton (eds.). Centres of<br />

plant diversity, a guide and strategy for their conservation. v.<br />

3. pp. 397-404. WWF and IUCN, IUCN Publications Unit,<br />

Cambridge, U.K.<br />

Giulietti, A.M., R.M. Harley, L.P. Queiroz, M.G.L. Wanderley & C.<br />

Van Den Berg. 2005. Biodiversidade e conservação das plantas<br />

no Brasil. <strong>Megadiversidade</strong> 1: 52-61.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


138 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

Givnish, T.J., K.C. Millam, T.M. Evans, J.C. Hall, J.C. Pires, P.E.<br />

Berrie & K.J. Sytsma. 2004. Ancient vicariance or recent longdistance<br />

dispersal? Inferences about phylogeny and South<br />

American-African disjunctions in Rapateaceae and<br />

Bromeliaceae based on ndhF sequence data. Int. J. Plant Sci.<br />

165: S35-S54.<br />

Holmgren, P.K., N.K. Holmgren, L.C. Barnett. 1990. Index<br />

Herbariorum. Part 1: The Herbaria of the World, ed. 8. New<br />

York Botanical Garden, Bronx, New York.<br />

Holst, B.K. 1994. Checklist of Venezuelan Bromeliaceae with<br />

notes on species distribution by state and levels of endemism.<br />

Selbyana 15: 132–149.<br />

Jacobi, C.M., F.F. do Carmo, R.C. Vincent & J.R. Stehmann. 2007.<br />

Plant communities on ironstone outcrops: a diverse and<br />

endangered Brazilian ecosystem. Biodiversity and<br />

Conservation 16:2185-2200.<br />

Leme. E.M.C. 1996. Revision of the lithophytic Vriesea species<br />

from Minas Gerais State, Brazil – Part I. J. Bromeliad Soc.46:<br />

244-246.<br />

. 1997. Revision of the lithophytic Vriesea species from Minas<br />

Gerais State, Brazil – Part II. J. Bromeliad Soc. 47: 168-177.<br />

. 1999a. Revision of the lithophytic Vriesea species from<br />

Minas Gerais State, Brazil – Part III. J. Bromeliad Soc. 49: 3-11.<br />

. 1999b. New species of Brazilian Bromeliaceae: a tribute<br />

to Lyman B. Smith. Harvard Papers in Botany 4: 135-168.<br />

Leme. E.M.C. & R. Funch. 1988. Bromeliads of the Chapada Diamantina<br />

National Park. J. Bromeliad Soc. 38: 3-6, 33-34.<br />

Luther, H.E. 2006. An Alphabetical List of Bromeliad Binomials,<br />

10th ed. The Bromeliad Society International, Inc., Orlando, Fla.<br />

Louzada, R.B. 2008. “Taxonomia e citogenética das espécies de<br />

inflorescência séssil do gênero Orthophytum Beer (Bromeliaceae).”<br />

Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica, São Paulo, Brasil.<br />

Marques, A.R. 2002 “Ecofisiologia e contribuições para a conservação<br />

das bromélias da Serra da Piedade.” Tese de doutorado,<br />

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.<br />

Mayo, S., M.G.L. Wanderley & E. Gouda. 1995. Bromeliaceae.<br />

In: Stannard, B. (org.). Flora do Pico das Almas, Chapada Diamantina,<br />

Bahia, Brasil. pp. 649-659. Royal Botanic Gardens,<br />

Kew, U.K.<br />

Morillo, I.M.R. 1996. “Systematics, phylogeny, chromosome<br />

number and evolution of Cryptanthus (Bromeliaceae)”. Tese de<br />

doutorado, University of Missouri, Saint Louis, Missouri, EUA.<br />

Pirani, J.R. & A.M. Giullieti. 1988. Patterns of geographic<br />

distribution of some plant species from the Espinhaço range,<br />

Minas Gerais and Bahia, Brazil. In: Vanzolini, P.E. & W.R.<br />

Heyer (eds.). Proceedings of a workshop on Neotropical<br />

distribution patterns. pp 39-69. Academia Brasileira de Ciências,<br />

Rio de Janeiro.<br />

Pirani, J.R., A.M. Giulietti, R. Mello-Silva & M. Meguro. 1994.<br />

Checklist and patterns of geographic distribution of the<br />

vegetation of serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista<br />

Bras. Bot. 17: 133-147.<br />

Rapini, A., R. Mello-Silva & M.L. Kawasaki. 2002. Richness and<br />

endemism in Asclepiadoideae (Apocynaceae) from the Espi-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

nhaço range of Minas Gerais, Brazil – a consevationist view.<br />

Biodiversity and Conservation 11: 1733-1746.<br />

Simon, M.F. & C. Proença. 2000. Phytogeographyc patterns of<br />

Mimosa (Mimosoideae, Leguminosae) in the cerrado biome<br />

of Brazil: an indicator genus of high-altitude centers of<br />

endemism? Biological Conservation 96: 279-296.<br />

Smith, L.B. & R.J. Downs. 1974. Pitcairnioideae (Bromeliaceae).<br />

Fl. Neotrop. Monogr. No. 14, Part 1, Hafner Press, New York.<br />

. 1977. Tillandsioideae (Bromeliaceae). Fl. Neotrop.<br />

Monogr. No. 14, Part 2, Hafner Press, New York.<br />

. 1979. Bromelioideae (Bromeliaceae). Fl. Neotrop.<br />

Monogr. No. 14, Part 3, Hafner Press, New York.<br />

Spósito, T.C. & J.R. Stehmann. 2006. Heterogeneidade florística<br />

e estrutural de remanescentes florestais da Área de Proteção<br />

Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte<br />

(APA Sul-RMBH), Minas Gerais, Brasil. Acta Botanica<br />

Brasilica 20: 347-362.<br />

Thorne, B.L., M.I. Haverty & D.H. Benzing. 1996. Associations<br />

between termites and bromeliads in two dry tropical habitats.<br />

Biotropica 28: 781-785.<br />

Versieux, L.M. & Leme, E.M.C. 2007. A new litophytic<br />

Orthophytum (Bromeliaceae) from the Espinhaço range, Minas<br />

Gerais, Brazil. Novon 17: 130-134.<br />

Versieux, L.M. & M.G.L. Wanderley. 2007. Two new species of<br />

Alcantarea (Bromeliaceae, Tillandsioideae) from Brazil.<br />

Brittonia 59: 57-64.<br />

Versieux, L.M. & T. Wendt. 2006. Checklist of Bromeliaceae of<br />

Minas Gerais, Brazil, with notes on taxonomy and endemism.<br />

Selbyana 27: 107-146.<br />

Versieux, L.M. & T. Wendt. 2007. Bromeliaceae diversity and<br />

conservation in Minas Gerais, Brazil. Biodiversity and<br />

Conservation 16: 2989-3009.<br />

Viana, P.L. & Lombardi, J.A. 2007. Florística e caracterização<br />

dos campos rupestres sobre canga na serra da Calçada, Minas<br />

Gerais, Brasil. Rodriguésia 58: 159-177.<br />

Wanderley, M.G.L. & A.A. Conceição. 2006. Notas taxonômicas<br />

e uma nova espécie do gênero Orthophytum Beer<br />

(Bromeliaceae) da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil.<br />

Sitientibus 6: 3-8.<br />

Wanderley, M.G.L. & R.C. Forzza. 2003. Flora de Grão-Mogol,<br />

Minas Gerais: Bromeliaceae. Bol. Bot. Univ. São Paulo 21:<br />

131-139.<br />

Wanderley, M.G.L. & G. Martinelli. 1987. Bromeliaceae. In<br />

Giulietti, A.M., N.L. Menezes, J.R. Pirani, M. Meguro, and<br />

M.G.L. Wanderley. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Caracterização<br />

e lista das espécies. Bol. Bot. Univ. São Paulo 9:<br />

1–151.<br />

Wendt, T., M.B.F. Canela, J.E. Morrey-Jones, A.B. Henriques & R.I.<br />

Rios. 2000. Recognition of Pitcairnia corcovadensis (Bromeliaceae)<br />

at the species level. Systematic Botany 25: 389-398.<br />

Wendt, T., M.B.F. Canela, A.P.G. Faria & R.I. Rios. 2001.<br />

Reproductive biology and natural hybridization between two<br />

endemic species of Pitcairnia (Bromeliaceae). American Journal<br />

of Botany 88: 1760-1767.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Diversidade e endemismo das Cactaceae na<br />

Cadeia do Espinhaço<br />

DANIELA ZAPPI 1 *<br />

NIGEL TAYLOR 1<br />

1 Herbarium, Royal Botanic Gardens, Kew, TW9 3AE, UK.<br />

* e-mail: d.zappi@kew.org<br />

RESUMO<br />

As Cactaceae contam com aproxoximadamente 1440 espécies de plantas definidas pela presença<br />

de três tipos distintos de ramos (ramos vegetativos, aréolas, pericarpelo), sendo que a<br />

subfamília de maior diversidade, Cactoideae, está representada no Leste do Brasil por mais de<br />

cinco tribos e 23 gêneros. O endemismo encontrado na Cadeia do Espinhaço é comparável<br />

àquele do bioma Caatinga, e exemplos de endemismo e distribuição são apresentados, juntamente<br />

com considerações sobre aspectos ecológicos e o estado de conservação das Cactaceae<br />

na região.<br />

ABSTRACT<br />

The Cactaceae count with 1440 species defined by the presence of three different types of branches<br />

(vegetative branches, areoles, pericarpel). The most diverse subfamily, the Cactoideae, are<br />

represented in Eastern Brazil by more than 5 tribes and 23 genera. The endemism found in the<br />

highlands of the Espinhaço Range is comparable to that found in the Caatinga biome as a whole.<br />

Examples of such endemism and other phytogeographical connections, together with comments<br />

about the ecology and conservation of the family Cactaceae in this region are presented.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A família Cactaceae conta com 124 gêneros e aproximadamente<br />

1440 espécies (Hunt et al., 2006) de distribuição<br />

quase exclusivamente neotropical, com apenas<br />

uma espécie, Rhipsalis baccifera, ocorrendo nas Américas<br />

e atingindo a África, Madagascar e Sri Lanka. Os membros<br />

da família Cactaceae são caracterizados através<br />

da presença de três tipos de ramos: além dos ramos<br />

vegetativos normais, temos as aréolas, que são ramos<br />

reduzidos capazes de produzir folhas, espinhos, outros<br />

ramos vegetativos e/ou flores, e os ramos floríferos nos<br />

quais o ovário da flor encontra-se imerso formando um<br />

hipanto de origem receptacular (Boke, 1960), externamente<br />

recoberto por tecidos vegetativos e, comumente<br />

dotado de aréolas, também denominado pericarpelo.<br />

Dentro da família, podemos observar tendências que<br />

não são exclusivas de Cactaceae, nem são manifestadas<br />

na totalidade das espécies, como, por exemplo, a presença<br />

de caules fotossintetizantes e suculência, a redução<br />

das folhas, presença de espinhos e tricomas abundantes,<br />

flores com muitos segmentos do perianto gradando<br />

de sepalóides até petalóides, ovário ínfero unilocular<br />

com muitos óvulos, inúmeros estames. Descrições<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


140 | Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />

completas da família com foco no Brasil podem ser consultadas<br />

nos seguintes trabalhos: Zappi & Taylor (1990,<br />

2003); Taylor & Zappi (2004); Zappi et al. (2006).<br />

Das quatro subfamílias de Cactaceae (Maihuenioideae,<br />

Pereskioideae, Opuntioideae e Cactoideae), as três últimas<br />

encontram-se representadas no leste do Brasil, e<br />

Taylor & Zappi (2004) aceitam a subdivisão da maior<br />

subfamília, Cactoideae, em diversas tribos, de acordo<br />

com as propostas de Hunt & Taylor (1986, 1990). Entre as<br />

tribos que ocorrem no Leste do Brasil temos: Hylocereeae<br />

(Hylocereus, Epiphyllum), Echinocereeae/Leptocereeae<br />

(Pseudoacanthocereus), Rhipsalideae (Lepismium, Rhipsalis,<br />

Hatiora, Schlumbergera), Cereeae (Brasilicereus, Cereus,<br />

Cipocereus, Stephanocereus, Arrojadoa, Pilosocereus,<br />

Micranthocereus, Coleocephalocereus, Melocactus), e<br />

Trichocereeae (Harrisia, Leocereus, Facheiroa, Espostoopsis,<br />

Arthrocereus, Discocactus, Uebelmannia). De acordo com<br />

estudos de sistemática molecular envolvendo a subfamília<br />

Cactoideae, M. Machado (com. pess.) acredita que<br />

a definição dessas tribos e de alguns desses gêneros<br />

possa mudar em certos detalhes, sendo que a maioria<br />

dos gêneros expressivos em termos de endemismo no<br />

leste do Brasil fará p<strong>arte</strong> apenas da tribo Cereeae (incl.<br />

Trichocereeae), que terá sua circunscrição dramaticamente<br />

ampliada.<br />

Os maiores gêneros no Brasil são Rhipsalis (35 espécies<br />

brasileiras num total de 37), Pilosocereus (38/48 espécies)<br />

e Melocactus (21 espécies) (Hunt et al., 2006).<br />

ENDEMISMO<br />

Apesar de inúmeras sugestões de que a ocorrência de<br />

Cactaceae no Brasil está associada ao bioma Caatinga,<br />

estudos detalhados sobre o endemismo e a distribuição<br />

das mesmas indicam que a diversidade encontrada<br />

nos campos rupestres é comparável àquela encontrada<br />

na caatinga (Taylor & Zappi, 2004). De um total de 160<br />

Cactaceae ocorrentes no Brasil, 42 espécies, ou seja,<br />

26% da família ocorrem nos campos rupestres, ao passo<br />

que 31% estão distribuídas na caatinga (incluindo o<br />

ecótono com a Mata Atlântica denominado agreste).<br />

Devemos levar em conta que a extensão do Bioma<br />

Caatinga é muitas vezes superior àquela dos campos<br />

rupestres, aumentando o significado do endemismo encontrado<br />

na Cadeia do Espinhaço.<br />

Surpreendentemente, o estado de Minas Gerais (36)<br />

apresenta maior número de táxons endêmicos de<br />

Cactaceae do que a Bahia (33), porém nem todos estes<br />

são associados aos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

GÊNEROS ENDÊMICOS<br />

Existem três gêneros cuja ocorrência está restrita ou<br />

quase totalmente restrita aos campos rupestres da Serra<br />

do Espinhaço de Minas Gerais: Cipocereus (Taylor &<br />

Zappi, 2008), Uebelmannia e Arthrocereus.<br />

O gênero Cipocereus conta com seis espécies das quais<br />

todas são estritamente endêmicas, C. laniflorus N.P. Taylor<br />

& Zappi (Serra do Caraça, cf. Rego, 2004), C. crassisepalus<br />

(Buining & Brederoo) Zappi & N.P. Taylor (Diamantina e<br />

Rio Vermelho), C. bradei (Backeb. & Voll) Zappi & N.P.<br />

Taylor (Serra do Cabral), C. pusilliflorus (F. Ritter) Zappi &<br />

N.P. Taylor (Monte Azul), C. pteurocarpus Ritter (Serra do<br />

Cipó) e uma é amplamente distribuída na Cadeia do<br />

Espinhaço (C. minensis (Werderm.) Ritter subsp. minensis<br />

e C. minensis subsp. leiocarpus N.P. Taylor & Zappi, ocorrendo<br />

ao longo do Espinhaço desde Cocais até Grão<br />

Mogol). Tratam-se de cactos colunares arbustivos, com<br />

flores tubulosas relativamente curtas e frutos recobertos<br />

de cera azulada.<br />

Todas as espécies de Uebelmannia possuem distribuição<br />

endêmica, ocorrendo na porção central até o norte<br />

da Cadeia do Espinhaço. Uebelmannia buiningii Donald<br />

ocorre apenas em Itamarandiba, U. gummifera (Backeb.<br />

& Voll) Buining cresce nos municípios de Rio Vermelho<br />

e Itamarandiba, sobre solo de areias quartzíticas,<br />

U. pectinifera Buining possui três subespécies ocorrendo<br />

nas proximidades de Diamantina e Bocaiúva. Tratam-se<br />

de cactos globosos a subcilíndricos com flores amarelas<br />

de tubo curto e frutos vermelhos a rosados (Schulz &<br />

Machado, 2000). Pesquisas moleculares recentes (Machado,<br />

dados não publicados) sugerem que o gênero seja<br />

relictual e basal dentro da tribo Cereeae (sensu lato).<br />

Com exceção de Arthrocereus spinosissimus (Buining &<br />

Brederoo) F. Ritter, da Chapada dos Guimarães (MT), as<br />

espécies de Arthrocereus são endêmicas da Cadeia do<br />

Espinhaço, sendo que Arthrocereus glaziovii (K. Schum.)<br />

N.P. Taylor & Zappi ocorre sobre canga nos arredores<br />

de Belo Horizonte (Serra da Piedade, Serra da Moeda),<br />

Arthrocereus rondonianus Backeb. & Voll, uma espécie<br />

muito ornamental com pétalas rosa-magenta, é endêmica<br />

da área da Serra do Cabral, e Arthrocereus melanurus<br />

(K. Schum.) Diers et al. possui três subespécies, a subespécie<br />

típica crescendo nao sudoeste de Minas Gerais,<br />

A. melanurus subsp. odorus (F. Ritter) N.P. Taylor &<br />

Zappi é conhecido das margens do Rio Cipó (Serra do<br />

Cipó e Diamantina) e A. melanurus subsp. magnus N.P.<br />

Taylor & Zappi, na Serra do Ibitipoca. Esse gênero é<br />

caracterizado por plantas colunares geralmente de pequeno<br />

porte com ramos de armazenamento subterrâneo,<br />

flores tubulosas, longas, de antese noturna,


pericarpelo e tubo floral cobertos de aréolas espinescentes<br />

e tricomatosas e frutos indeiscentes.<br />

O gênero Micranthocereus ocorre em Minas Gerais,<br />

Bahia e Goiás, sendo que todas as espécies do<br />

subgêneros Micranthocereus e Austrocephalocereus são<br />

endêmicas da Cadeia do Espinhaço. Na região setentrional<br />

da Serra do Espinhaço (MG), M. violaciflorus<br />

Buining e M. auriazureus Buining & Brederoo são<br />

endêmicos dos arredores de Grão Mogol, ao passo que<br />

M. albicephalus (Buining & Brederoo) F. Ritter ocorre no<br />

extremo norte de Minas Gerais, em Mato Verde e Monte<br />

Azul e também na Bahia (Brejinho das Ametistas).<br />

Outras ocorrem apenas na Chapada Diamantina, como<br />

o amplamente distribuído M. purpureus (Gürke) F. Ritter,<br />

e as mais pontualmente distribuídas M. streckeri Van<br />

Heek & Van Criek. (Seabra), M. flaviflorus Buining &<br />

Brederoo (Morro do Chapéu) e M. polyanthus (Werderm.)<br />

Backeb. (Brejinho das Ametistas). Este gênero é representado<br />

por cactos colunares ramificados apenas na<br />

base, de pequeno a médio porte, com flores curtas, muitas<br />

vezes associadas a um cefálio e numerosos frutos<br />

relativamente pequenos (Aona et al., 2006). É interessante<br />

notar que existe a possibilidade de ocorrerem<br />

híbridos intragenéricos entre Micranthocereus e Arrojadoa<br />

(Machado, 2006), como no caso de Micranthocereus<br />

hofackerianus (P. Braun & Esteves Pereira) Machado.<br />

ESPÉCIES ENDÊMICAS<br />

Em termos de número de espécies endêmicas, destacam-se<br />

os seguintes gêneros:<br />

Algumas espécies do gênero Pilosocereus, como<br />

Pilosocereus fulvilanatus (Buining & Brederoo) F. Ritter de<br />

Grão Mogol e Augusto de Lima, e Pilosocereus aurisetus<br />

(Werderm.) Byles & G.D. Rowley, cuja subespécie típica<br />

ocorre entre a Serra do Cipó e Diamantina, e P. aurisetus<br />

subsp. aurilanatus (F. Ritter) Zappi, endêmica da Serra<br />

do Cabral. Tratam-se de plantas colunares de médio a<br />

grande porte, com frutos dotados de restos do perianto<br />

enegrecidos e pendentes, abrindo-se por fendas semicirculares<br />

e irregulares, expondo polpa sólida alva a<br />

colorida (Zappi, 1994).<br />

A metade das espécies de Discocactus, ou seja,<br />

Discocactus placentiformis (Lehmann) K. Schum. ocorrendo<br />

amplamente na região de Diamantina, e D. pseudoinsignis<br />

N.P. Taylor & Zappi e D. horstii Buining & Brederoo,<br />

endêmicas de Grão Mogol. São plantas globosas a<br />

discóides, com espinhos recurvos, cefálio pouco organizado<br />

dotado de tricomas sedosos e cerdas, com flores<br />

tubulosas, longas, de antese noturna, sementes com testa<br />

tuberculada, provavelmente dispersas por formigas. A<br />

delimitação e conservação das espécies de Discocactus<br />

da Bahia são discutidas em Machado et al. (2005). Apenas<br />

D. heptacanthus (Rodrigues) Britton & Rose sensu lato<br />

distribui-se fora da área da Cadeia do Espinhaço.<br />

Algumas espécies do gênero Arrojadoa, endêmico do<br />

Leste do Brasil, são também endêmicas da Cadeia do<br />

Espinhaço, como Arrojadoa dinae Buining & Brederoo<br />

(Grão Mogol, Monte Azul, Mato Verde, Brejinho das<br />

Ametistas, Piatã), e Arrojadoa bahiensis (Braun & Esteves<br />

Pereira) N.P. Taylor & Eggli (Pico das Almas, Mucugê).<br />

CONEXÕES FLORÍSTICAS<br />

Zappi & Taylor | 141<br />

Ligações entre a Chapada Diamantina (BA) e a Serra do<br />

Espinhaço (MG) são geralmente representadas por<br />

táxons encontrados nas serras ao norte da Serra do<br />

Espinhaço (Grão Mogol, Mato Verde, Monte Azul), cuja<br />

distribuição prossegue sentido Norte, atingindo outras<br />

áreas de campo rupestre e caatinga do Centro-Sul da<br />

Chapada Diamantina, como por exemplo Micranthocereus<br />

subg. Austrocephalocereus, Melocactus bahiensis (Britton<br />

& Rose) Luetzelb., M. concinnus Buining & Brederoo,<br />

Pilosocereus pachycladus Ritter, Rhipsalis floccosa Salm-<br />

Dyck ex. Pfeiff. subsp. oreophila N.P. Taylor & Zappi,<br />

Leocereus bahiensis Britton & Rose.<br />

Uma série de conexões interessantes entre táxons<br />

de campo rupestre e outros tipos de vegetação são:<br />

• Pares vicariantes de espécies do campo rupestre<br />

com a caatinga, como Brasilicereus markgrafii Backeb.<br />

& Voll (endêmico de Grão Mogol) e B. phaeacanthus<br />

(Gürke) Backeb. agreste-caatinga de Minas Gerais e<br />

Leste da Bahia); Stephanocereus luetzelburgii (Vaupel)<br />

N.P. Taylor & Eggli (Chapada Diamantina) e<br />

S. leucostele (Gürke) A. Berger (caatinga da Bahia).<br />

As espécies de Arrojadoa citadas acima são relacionadas<br />

com A. pennicillata (Gürke) Britton & Rose e<br />

A. rhodantha (Gürke) Britton & Rose, ambas com distribuição<br />

ampla na caatinga.<br />

• Táxons ocorrendo tanto na restinga como nos campos<br />

rupestres, como é o caso de Melocactus violaceus<br />

Pfeiff. com várias subespécies ocorrendo na restinga,<br />

em campos de altitude próximos do litoral (Uruçuca,<br />

Serra da Itabaiana) mas também em localidades de<br />

campo rupestre (Jacobina, Jequitinhonha).<br />

É importante ressaltar que espécies epifíticas da mata<br />

atlântica atingem a Cadeia do Espinhaço, como no caso<br />

de Rhipsalis pulchra Loefgr., R. russellii Britton & Rose,<br />

R. baccifera (J.S. Muell.) Stearn subsp. hileiabaiana N.P.<br />

Taylor & Barthlott, Lepismium houlletianum (Lem.)<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


142 | Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />

Barthlott, Hatiora salicornioides (Haw.) Britton & Rose e<br />

Schlumbergera kautskyi (Horobin & McMillan) N.P. Taylor.<br />

A presença de dessas epífitas é mais expressiva no sudeste<br />

da Cadeia do Espinhaço e nas suas disjunções ao Sul<br />

(Ibitipoca), onde encontramos enclaves de matas nebulares<br />

úmidas, propícias para o seu estabelecimento.<br />

COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES E LOCALIDADES<br />

Nas localidades ao Sul da Cadeia do Espinhaço, encontramos<br />

um predomínio de Cactaceae epífitas, como<br />

Rhipsalis, Lepismium, Epiphyllum e Hatiora, ou florestais,<br />

como Pereskia e Brasiliopuntia sobre as espécies rupícolas<br />

ou de campo aberto, no caso pertencentes aos gêneros<br />

Arthrocereus, Cipocereus e Pilosocereus. As localidades<br />

de campo rupestre em Minas Gerais com maior<br />

número de gêneros e espécies campestres em uma área<br />

relativamente limitada são localizadas na p<strong>arte</strong> setentrional,<br />

tanto a Leste do Espinhaço, como Grão Mogol<br />

(Arrojadoa dinae, Melocactus bahiensis ssp. amethystinus<br />

(Buining & Brederoo) N.P. Taylor, Tacinga inamoena<br />

(K. Schum.) N.P. Taylor & Stuppy, Cipocereus minensis,<br />

Discocactus horstii, D. pseudoinsignis, Brasilicereus<br />

markgrafii, Micranthocereus auriazureus, Pilosocereus<br />

fulvilanatus) ou a Oeste, como na Serra do Cabral<br />

(Arthrocereus rondonianus, Cipocereus bradei, C. minensis,<br />

Discocactus placentiformis, Pilosocereus aurisetus).<br />

No estado da Bahia, há exemplos de localidades no<br />

Centro-Sul da Chapada Diamantina, como o Pico das<br />

Almas (Taylor & Zappi, 1995), com 10 espécies distribuídas<br />

em 8 gêneros, a seguir: Arrojadoa bahiensis<br />

(P.J.Braun & Esteves Pereira) N.P. Taylor & Eggli, Leocereus<br />

bahiensis Britton & Rose, Melocactus bahiensis (Britton &<br />

Rose) Luetzelb., M. concinnus Buining & Brederoo,<br />

Melocactus paucispinus Heimen & R. Paul, Micranthocereus<br />

purpureus (Gürke) F. Ritter, Tacinga inamoena (K.Schum.)<br />

N.P. Taylor & Stuppy, Pilosocereus pachycladus F. Ritter,<br />

Rhipsalis floccosa Pfeiff., Stephanocereus luetzelburgii<br />

(Vaupel) N.P. Taylor & Eggli.<br />

Vale ressaltar que localidades com um número maior<br />

do que 10 espécies de Cactaceae são bastante raras<br />

no Leste do Brasil, tanto nos campos rupestres da Cadeia<br />

do Espinhaço como em ambientes de caatinga.<br />

ECOLOGIA<br />

Apesar do número relativamente elevado de espécies<br />

de Cactaceae ocorrentes na Cadeia do Espinhaço, muitas<br />

vezes é difícil encontrá-las, pois a sua ocorrência é<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

determinada pela combinação específica de uma série<br />

de fatores abióticos e bióticos (altitude, fácies, substrato,<br />

germinação, polinização, dispersão). O exemplo<br />

mais extremo de dificuldade de localização é o de<br />

Discocactus horstii, uma planta com alto valor ornamental<br />

que chegou a ser considerada quase extinta e cujas<br />

populações relativamente abundantes nas imediações<br />

de Grão Mogol permaneceram desconhecidas apesar<br />

de um projeto ativo dedicado ao estudo da flora da<br />

região (Pirani et al., 2003; Zappi & Taylor, 2003). D. horstii<br />

é uma espécie de pequeno porte, cuja ocorrência está<br />

associada à presença de cascalho quartzítico transparente,<br />

vivendo semi-enterrada sob tal substrato. Hábitat<br />

semelhante é ocupado por espécies de Uebelmannia nas<br />

imediações de Rio Vermelho e Pedra Menina (Meguro<br />

et al., 1994).<br />

Entre as adaptações das Cactaceae ocorrentes em<br />

campos rupestres, existe a tendência à redução do hábito,<br />

que muitas vezes é ramificado apenas na base, e<br />

no caso de espécies globosas, como alguns Discocactus,<br />

a p<strong>arte</strong> emersa pode chegar a ser disciforme, provavelmente<br />

oferecendo proteção contra a passagem de fogo<br />

na vegetação campestre. Semelhante adaptação do formato<br />

da planta é encontrada em Melocactus paucispinus<br />

na Chapada Diamantina (BA). A incidência de sistemas<br />

subterrâneos de armazenamento tanto de natureza radicular<br />

(Cipocereus crassisepalus) quanto caulinar<br />

(Arthrocereus melanurus, Arrojadoa dinae) foi registrada,<br />

e pode estar associada também ao fogo. No caso de<br />

Arrojadoa dinae, a p<strong>arte</strong> aérea da planta é formada por<br />

ramos bastante finos, que são destruídos periodicamente<br />

pela passagem de fogo, sendo que os espécimes<br />

rebrotam a partir dos órgãos subterrâneos.<br />

A epiderme espessa de muitas espécies encontra-se<br />

recoberta de ceras epicuticulares (Maffei et al., 1997)<br />

que conferem aspecto acinzentado ou azul-glaucescente<br />

aos indivíduos (ex. Pilosocereus fulvilanatus, Melocactus<br />

glaucescens, Micranthocereus auriazureus), representando<br />

uma adaptação destinada a refletir e/ou filtrar os<br />

altos níveis de insolação associados às regiões de altitude.<br />

Do mesmo modo, aréolas apresentam configurações<br />

variadas, presença de abundantes espinhos radiais<br />

dourados e tricomas alvos, conferindo proteção especialmente<br />

para as p<strong>arte</strong>s apicais e meristemáticas das<br />

plantas. A estratégia de multiplicação do número de<br />

espinhos radiais e desaparecimento do espinho centralprincipal<br />

parece estar também associada à aparição de<br />

espinhos mais finos, longos e flexíveis, denominados<br />

cerdas, nos quais observamos condensação de neblina,<br />

que escorre ao longo dos caules e precipita na base da<br />

planta, onde é absorvida pelas raízes. Espécies de


Micranthocereus apresentam crescimento secundário<br />

nas aréolas da p<strong>arte</strong> basal da planta, que também pode<br />

estar associada ao estabelecimento e nutrição das plantas<br />

(ver abaixo sob germinação).<br />

Em termos de germinação, é importante ressaltar que<br />

nenhuma espécie de Cactaceae, nem mesmo as rupícolas<br />

mais resistentes, germina e cresce diretamente<br />

sobre rochas nuas. Em todos os casos notamos que a<br />

germinação de sementes e crescimento de plântulas<br />

estão associados à presença de fendas de rochas dotadas<br />

de vegetação associada, no caso liquens, musgos e<br />

pteridófitas e até mesmo outros arbustos, à sombra e<br />

sob proteção dos quais as plântulas se estabelecem.<br />

Essa associação vegetal com a configuração de ilhas de<br />

vegetação recebe a denominação de “nursery plants”,<br />

e é de suma importância para a hidratação, sombreamento,<br />

proteção física e contra predadores, e pode ter<br />

um papel na nutrição das plântulas, através do acúmulo<br />

e decomposição de folhas mortas e outros detritos orgânicos<br />

que ficam presos nessas ‘ilhas’ de vegetação.<br />

Por outro lado, em ambientes perturbados, por exemplo<br />

por pastoreio, essa associação vegetal sofre pressão<br />

por p<strong>arte</strong> de invasoras (especialmente gramíneas<br />

exóticas), e tende a desaparecer, dificultando o re-estabelecimento<br />

de populações de Cactaceae rupícolas.<br />

Estudos de biologia floral e dispersão existem para<br />

os seguintes gêneros: Cipocereus (Rego 2004), Discocactus<br />

(Machado, 2005), Micranthocereus (Aona, 2006), revelando<br />

uma ampla gama de polinizadores (morcegos, mariposas,<br />

colibris) e possíveis dispersores a curta distância,<br />

como formigas e mamíferos roedores, e a longa<br />

distância, como pássaros ou mesmo morcegos. Existe<br />

necessidade de compreender mais profundamente as<br />

relações entre as espécies de Cactaceae e outras espécies<br />

animais e vegetais, com intuito de aprimorar as<br />

iniciativas de conservação da região (Drummond et al.,<br />

2005).<br />

CONSERVAÇÃO<br />

A totalidade da família Cactaceae, assim como as<br />

Orchidaceae, está incluída no apêndice II da legislação<br />

internacional denominada CITES (Hunt, 1999), da<br />

qual o Brasil participa desde os anos 1980. Esta legislação<br />

impede que espécies listadas atravessem fronteiras<br />

internacionais sem as permissões de exportação<br />

e importação previstas por lei. No Leste do Brasil há<br />

relativamente poucos táxons de Cactaceae ameaçados<br />

através de coleta indiscriminada de indivíduos ou de<br />

sementes (Oldfield, 1997), e entre eles estão todas as<br />

Zappi & Taylor | 143<br />

LISTA DE CACTACEAE DOS CAMPOS RUPESTRES DO<br />

ESPINHAÇO (Taylor & Zappi, 2004)<br />

CATEG.<br />

GÊNERO ESPÉCIE SUBESPÉCIE IUCN<br />

Arrojadoa bahiensis VU<br />

Arrojadoa dinae dinae VU<br />

Arrojadoa dinae eriocaulis EN<br />

Arthrocereus glaziovii EN<br />

Arthrocereus melanurus melanurus VU<br />

Arthrocereus melanurus magnus NT<br />

Arthrocereus melanurus odorus VU<br />

Arthrocereus rondonianus VU<br />

Brasilicereus markgrafii EN<br />

Cipocereus bradei EN<br />

Cipocereus crassisepalus VU<br />

Cipocereus laniflorus EN<br />

Cipocereus minensis leiocarpus LC<br />

Cipocereus minensis minensis EN<br />

Cipocereus pusilliflorus CR<br />

Discocactus horstii EN<br />

Discocactus placentiformis VU<br />

Discocactus pseudoinsignis EN<br />

Discocactus zehntneri boomianus VU<br />

Leocereus bahiensis LC<br />

Hatiora salicornioides LC<br />

Melocactus bahiensis bahiensis LC<br />

Melocactus bahiensis amethystinus LC<br />

Melocactus concinnus LC<br />

Melocactus glaucescens CR<br />

Melocactus oreas cremnophilus LC<br />

Melocactus paucispinus EN<br />

Melocactus violaceus ritteri CR<br />

Micranthocereus albicephalus NT<br />

Micranthocereus auriazureus EN<br />

Micranthocereus flaviflorus LC<br />

Micranthocereus polyanthus EN<br />

Micranthocereus purpureus LC<br />

Micranthocereus streckeri CR<br />

Micranthocereus violaciflorus VU<br />

Pilosocereus aurisetus aurisetus LC<br />

Pilosocereus aurisetus aurilanatus EN<br />

Pilosocereus fulvilanatus fulvilanatus VU<br />

Pilosocereus fulvilanatus rosae CR<br />

Pilosocereus pachycladus pachycladus LC<br />

Rhipsalis russellii VU<br />

Stephanocereus luetzelburgii LC<br />

Uebelmannia buiningii CR<br />

Uebelmannia gummifera VU<br />

Uebelmannia pectinifera pectinifera VU<br />

Uebelmannia pectinifera flavispina VU<br />

Uebelmannia pectinifera horrida VU<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


144 | Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />

espécies de Discocactus, Uebelmannia e alguns Melocactus,<br />

que foram elevados à categoria de apêndice I da CITES<br />

no início dos anos 1990, visando protegê-los das atividades<br />

de coletores inescrupulosos. A emissão de licenças<br />

de exportação e importação de espécies listadas<br />

sob o apêndice I da CITES para fins comerciais não é<br />

permitida, de modo a dificultar a exploração extrativista<br />

e comercial dessas plantas no mercado internacional.<br />

No entanto, a maioria dos casos de ameaça de<br />

extinção de espécies de Cactaceae da Cadeia do Espinhaço<br />

deve-se à destruição de habitats únicos nos quais<br />

encontramos espécies muito restritas. Apesar de serem<br />

listadas sob a categoria vulnerável da IUCN (2001), usando<br />

o critério VU D2 (populações muito pequenas ou<br />

restritas com uma área de ocupação menor que 20km 2<br />

e 5 ou menos populações, de modo que o efeito de<br />

atividades humanas ou outros eventos repentinos pode<br />

rapidamente transformá-las em criticamente ameaçadas<br />

ou até mesmo extingui-las em um período de tempo<br />

muito curto). No caso da Cadeia do Espinhaço, mineração<br />

(ouro, pedras preciosas e semipreciosas, cristais,<br />

outros minérios), turismo não planejado, prática de<br />

‘esportes radicais’, construção de estradas, pastoreio e<br />

utilização não planejada de recursos hídricos formam<br />

uma longa lista de ameaças não só às Cactaceae, mas à<br />

biodiversidade impressionante dessa região.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Aona, L. Y. S., Machado, M. C., Pansarin, E. R., Castro, C. C.,<br />

Zappi, D. C. & Amaral, M. C. E. 2006. Pollination biology of<br />

three Brazilian species of Micranthocereus Backeb. (Cereeae,<br />

Cactoideae) endemic to the ‘campos rupestres’. Bradleya<br />

24: 39-52.<br />

Boke, N. H. 1964. The cactus gynoecium: a new interpretation.<br />

American Journal of Botany 51: 598-610.<br />

Drummond, G. M., Martins, C. S., Machado, A. B. M., Sebaio, F.<br />

A., Antonini, Y. 2005. Biodiversidade em Minas Gerais, ed. 2.<br />

Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, 222 p.<br />

Hunt, D. R. 1999. Capes Cactaceae Checklist. Royal Botanic<br />

Gardens, Kew, 315 p.<br />

Hunt, D. R. & Taylor, N. P. (eds.) 1986. The genera of the<br />

Cactaceae: towards a new consensus. Bradleya 4: 65-78.<br />

Hunt, D. R. & Taylor, N. P. (eds.) 1990. The genera of the<br />

Cactaceae: progress towards consensus. Bradleya 8: 85-107.<br />

Hunt, D. R., Taylor, N. P. & Charles, G. (eds.) 2006. The New<br />

Cactus Lexicon. Text. dh Publications, Milborne Port.<br />

IUCN 2001. IUCN Red List Categories: Version 3.1. IUCN, Gland,<br />

Switzerland and Cambridge, UK, 23 p.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Machado, M. C. 2006. Micranthocereus hofackerianus (Cactaceae)<br />

– eine neue Kombination für ein bemerkenswertes Taxon.<br />

Kakteen und andere Sukkulenten 57: 267-273.<br />

Machado, M. C., Zappi, D. C., Taylor, N. P. & Borba, E. L. 2005.<br />

Taxonomy and conservation of the Discocactus Pfeiff.<br />

(Cactaceae) species occurring in the state of Bahia, Brazil.<br />

Bradleya 23: 41-56.<br />

Maffei, M., Meregalli, M. & Scannerini, S. 1997. Chemotaxonomic<br />

significance of surface wax n-alkanes in the Cactaceae.<br />

Biochemical Systematics and Ecology 25: 241-253.<br />

Meguro, M., Pirani, J. R., Mello-Silva, R. & Giulietti, A. M. 1994.<br />

Phytophysiognomy and composition of the vegetation of<br />

Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de<br />

Botânica 17: 149-166.<br />

Oldfield, S. (comp.) 1997. Cactus and Succulent Plants – Status<br />

Survey and Conservation Action Plan. IUCN/SSC Cactus and<br />

Succulent Specialist Group. IUCN, Gland, Switzerland and<br />

Cambridge, UK. Pp. 10, 212.<br />

Rego, J. O. 2004. Estudo ecológico de Cipocereus laniflorus Taylor<br />

& Zappi, Cactaceae endêmica da RPPN do Caraça e ameaçada<br />

de extinção. Dissertação de Mestrado em Ecologia (Conservação<br />

e Manejo da Vida Silvestre) - Universidade Federal de<br />

Minas Gerais.<br />

Pirani, J. R., Mello-Silva, R. & Giulietti, A. M. 2003. Flora de<br />

Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil. Boletim de Botânica da<br />

Universidade de São Paulo 21(1): 1-24.<br />

Prado, D. E. 2003. As Caatingas da América do Sul. In: Leal, I.R.,<br />

Tabarelli, M., Silva, J.M.C. (eds.) Ecologia e Conservação da<br />

Caatinga. Univ. Federal de Pernambuco, Recife. Pp. 3-73.<br />

Rodal, M. J. N. & Sampaio, E. V. S. B. 2002. A vegetação do<br />

bioma caatinga. In: Sampaio, E.V.B., Giulietti, A.M., Virgínio,<br />

J. & Gamarra-Rojas, C. (eds.). Vegetação e Flora da Caatinga.<br />

Associação Plantas do Nordeste - APNE & Centro Nordestino<br />

de Informação sobre Plantas – CNIP, Recife. Pp. 11-24.<br />

Schulz, R. & Machado, M. 2000. Uebelmannia and their<br />

environment. Teesdale, Vic.: Schulz Publishing 160p.<br />

Taylor, N. & Zappi, D. 1995. Cactaceae in Stannard, B. L. (ed.)<br />

Flora of the Pico das Almas, 157-164.<br />

Taylor, N. & Zappi, D. 2004. Cacti of Eastern Brazil. Royal Botanic<br />

Gardens, Kew, 499 p.<br />

Taylor, N. & Zappi, D. 2008. A neglected species J Cipocereus.<br />

Cactaceae Systematics Initiatives 24: 9-12.<br />

Zappi, D. C. 1994. Pilosocereus (Cactaceae). The genus in Brazil.<br />

Succulent Plant Research 3: 1-160.<br />

Zappi, D., Aona, L. Y. S. & Taylor, N. (2006). Cactaceae in<br />

Wanderley, M. G. L., Shepherd, G. J., Melhem, T. S. A. &<br />

Giulietti, A. M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São<br />

Paulo.<br />

Zappi, D. C. & Taylor, N. P. 1990. Flora da Serra do Cipó:<br />

Cactaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo<br />

12: 43-60.<br />

Zappi, D. & Taylor, N. P. 2003. Flora de Grão Mogol, Minas Gerais:<br />

Cactaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São<br />

Paulo 21(1): 147-154.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Diversidade florística de Leguminosae Adans.<br />

em áreas de campos rupestres<br />

VALQUÍRIA FERREIRA DUTRA 1 *<br />

FLÁVIA CRISTINA PINTO GARCIA 1<br />

HAROLDO CAVALCANTE DE LIMA 2<br />

LUCIANO PAGANUCCI DE QUEIROZ 3<br />

1 Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.<br />

3 Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />

* email: valquiria.dutra@bol.com.br<br />

RESUMO<br />

Leguminosae apresenta alta plasticidade ecológica, o que permite a sua ocupação nos mais<br />

diversos hábitats, inclusive nos campos rupestres. Estes campos ocorrem em altitudes superiores<br />

a 1.000 metros, na Cadeia do Espinhaço (MG e BA), em Goiás, no Distrito Federal e na<br />

porção sudoeste e sul de Minas Gerais; e apresentam uma vegetação rica em espécies e composta<br />

por muitos táxons endêmicos. Neste estudo foi realizada uma comparação entre as<br />

espécies de Leguminosae de 18 áreas de campos rupestres no Brasil, sendo 13 áreas em Minas<br />

Gerais, quatro na Bahia e uma em Goiás, através do índice de similaridade de Sörensen e a<br />

técnica UPGMA. Nas 18 áreas analisadas, Leguminosae foi representada por 343 espécies,<br />

destas, 20 encontram-se na lista das espécies ameaçadas de extinção em Minas Gerais.<br />

Papilionoideae foi a subfamília mais numerosa, com 154 espécies, Caesalpinioideae apresentou<br />

98 espécies e Mimosoideae, 91. Os gêneros Chamaecrista, Mimosa e Calliandra foram os<br />

que mais se destacaram em número de espécies. A análise de agrupamento entre essas áreas<br />

mostrou a formação de dois grupos: [1] Chapada Diamantina (BA) e Serra de Grão Mogol (MG),<br />

e [2] demais áreas de Minas Gerais, com baixa similaridade entre eles, confirmando a heterogeneidade<br />

florística existente nas diferentes áreas de campo rupestre.<br />

ABSTRACT<br />

Leguminosae presents high ecological plasticity, what allows its occupation in the most several<br />

habitats, including the “campos rupestres”. These fields occur in superior altitudes to 1.000 meters,<br />

in the “Cadeia do Espinhaço” (MG and BA), in Goiás, in Federal District and in the Southwest and<br />

South of Minas Gerais; and present a rich vegetation and composed for many endemic taxa. In<br />

this study a comparison was carried out among Leguminosae species from 18 areas of “campos<br />

rupestres” in Brazil, being 13 areas in Minas Gerais, four in Bahia and one in Goiás, through the<br />

Sörensen’s index of similarity and the technique UPGMA. Leguminosae was represented by 343<br />

species at 18 analyzed areas, of these, 20 are in the list of the threatened species of extinction in<br />

Minas Gerais. Papilionoideae was the most numerous subfamily, with 154 species. Ninety eight<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


146 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />

species were Caesalpinioideae and 91 Mimosoideae. The genus Chamaecrista, Mimosa and<br />

Calliandra stood out in terms of species number. The clustering analysis among those areas showed<br />

the formation of two groups: [1] “Chapada Diamantina” (BA) and ‘Serra de Grão Mogol” (MG),<br />

and [2] other areas of Minas Gerais, with low similarity among them, confirming the floristic<br />

heterogeneity existent in the different areas of “campos rupestres”.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Cadeia do Espinhaço ou Serra Geral compreende um<br />

grupo de serras entre os limites 20°35’ e 11°11’S (Giulietti<br />

et al., 1987), constituindo o divisor de águas entre a Bacia<br />

do Rio São Francisco e o Oceano Atlântico (Derby,<br />

1906). Abrange uma região com cerca de 50 a 100 km de<br />

extensão longitudinal e 1.000 km de extensão latitudinal,<br />

e elevação média acima de 1.000 m, desde a Serra de<br />

Ouro Branco (MG) até a Bahia, onde recebe a denominação<br />

de Chapada Diamantina (Giulietti et al., 1997). Recentemente<br />

foi declarada Reserva da Biosfera pela<br />

UNESCO, por representar uma unidade biogeográfica de<br />

alta a extrema importância biológica (Drummond et al.<br />

2005). Segundo Giulietti & Pirani (1988), suas características<br />

climáticas, de relevo e solo, oferecem condições<br />

para o desenvolvimento de uma flora típica encontrada<br />

em poucas regiões do Brasil: os campos rupestres.<br />

Os campos rupestres ocorrem também, como ilhas<br />

florísticas isoladas, em Goiás, no Distrito Federal, na<br />

porção sudoeste e sul de Minas Gerais (Romero, 2002),<br />

em Roraima (Benites, 2001), na Chapada dos Parecis,<br />

em Rondônia (Harley, 1995) e na Serra do Cachimbo,<br />

no Pará (Pires & Prance, 1985).<br />

Ocorrem sobre grandes extensões de afloramentos<br />

rochosos do Pré-Cambriano, com relevo bastante íngreme<br />

e montanhoso, baixa disponibilidade de água,<br />

intensa radiação solar, solos pouco profundos, litólicos,<br />

arenosos ou cascalhosos, ácidos, pobres em nutrientes<br />

e derivados de vários substratos rochosos, predominando<br />

os quartzitos, xistos, filitos e itacolomitos (Moreira,<br />

1965; Giulietti et al., 1987; Brandão et al., 1994; Menezes<br />

& Giulietti, 2000). Portanto, são formações vegetais influenciadas<br />

decisivamente por fatores abióticos, que<br />

interagindo, de formas variadas conduzem à formação<br />

de uma vegetação heterogênea, representada por um<br />

mosaico de comunidades relacionadas (Giulietti &<br />

Pirani, 1988; Vitta 1995).<br />

A flora é muito rica em espécies e composta por muitos<br />

elementos endêmicos (Harley, 1995), contando com<br />

cerca de 3.000 espécies de plantas vasculares (Giulietti<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

et al., 2000). De acordo com Romero (2002), as famílias<br />

mais características dessas áreas são: Asteraceae,<br />

Bromeliaceae, Cyperaceae, Eriocaulaceae, Iridaceae,<br />

Lamiaceae, Lythraceae, Melastomataceae, Myrtaceae,<br />

Orchidaceae, Poaceae, Rubiaceae, Velloziaceae,<br />

Vochysiaceae, Xyridaceae e Leguminosae.<br />

Leguminosae é considerada uma das três maiores<br />

famílias de Angiospermae, com 730 gêneros e 19.400<br />

espécies (Lewis et al., 2005), subordinadas a três subfamílias,<br />

Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae,<br />

muito distintas entre si e distribuídas por todos os<br />

hábitats terrestres (Polhill et al., 1981; Lewis et al., 2005).<br />

A ocorrência da família, no Brasil, é muito significativa,<br />

sendo representada, segundo Lima (2000), por cerca de<br />

188 gêneros e 2.100 espécies nativas, encontradas em<br />

todos os biomas brasileiros.<br />

É uma família de grande importância econômica<br />

(Okigbo, 1977), sendo utilizada na alimentação, forrageamento,<br />

marcenaria, como medicinal, combustível,<br />

pesticida, corante, goma, óleo ou ornamental (Date,<br />

1977; Polhill et al., 1981; Brandão, 1992).<br />

Ecologicamente, possui grande valor devido à capacidade<br />

de fixar nitrogênio, associando-se ao Rhizobium<br />

e ao Bradyrhizobium, formando nódulos nas raízes que<br />

propiciam diversas estratégias para o aumento do fornecimento<br />

de nutrientes, tornando-as pioneiras em<br />

solos pouco férteis (Lopes, 1963).<br />

Considerando a importância biológica dos campos<br />

rupestres, e a ecológica e econômica de Leguminosae,<br />

esse estudo teve como objetivo verificar a diversidade<br />

florística dessa família nos campos rupestres da Bahia,<br />

Minas Gerais e Goiás; e indicar as espécies em risco de<br />

extinção.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As espécies de Leguminosae, de 18 levantamentos<br />

florísticos realizados em áreas de campo rupestre da<br />

Bahia, Minas Gerais e Goiás (Tabela 1), foram comparadas,<br />

mediante uma matriz de presença/ausência, pelo


índice de similaridade de Sörensen e a técnica de ligação<br />

da média de grupo (UPGMA) usando o programa<br />

MVSP 3.13m (Kovach Computing Services, 2004).<br />

A validade dos nomes das espécies foi verificada consultando<br />

o ILDIS (2005) e as revisões taxonômicas para<br />

as espécies estudadas; e para gênero, adotou-se o sistema<br />

de classificação de Lewis et al. (2005).<br />

O status da conservação das espécies foi verificado<br />

através da Lista Vermelhas das Espécies Ameaçadas de<br />

Extinção da Flora de Minas Gerais (Mendonça & Lins,<br />

2000; Biodiversitas, 2007).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Nas dezoito áreas analisadas, Leguminosae foi representada<br />

por 343 espécies e 50 gêneros (Tabela 2). A<br />

subfamília Papilionoideae apresentou 154 espécies e 31<br />

gêneros, sendo a mais representativa. O gênero<br />

Crotalaria destacou-se em número de espécies, 15 no<br />

total. Caesalpinioideae foi a segunda maior subfamília,<br />

com 98 espécies e sete gêneros, sendo Chamaecrista o<br />

gênero mais numeroso, com 69 espécies. Mimosoideae<br />

foi representada por 91 espécies e 11 gêneros, sendo<br />

Mimosa o gênero mais bem representado em número<br />

de espécies (44 spp.). Essa grande representatividade<br />

da família Leguminosae e dos gêneros Chamaecrista,<br />

Mimosa e Calliandra nos campos rupestres, constatada<br />

no presente estudo, já havia sido registrada por L.P. de<br />

Queiroz, que citou para esse tipo de vegetação 311<br />

espécies (Giulietti et al., 2000).<br />

Entre as espécies listadas, cerca de 15% ocorrem em<br />

áreas de distribuição restrita e em populações pequenas<br />

e isoladas, e destas 20 estão citadas como ameaçadas<br />

de extinção (Mendonça & Lins, 2000; Biodiversitas,<br />

2007). Na categoria de vulnerável estão: Chamaecrista<br />

aristata (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, C. linearifolia (G.<br />

Don) H.S. Irwin & Barneby, C. stillifera (H.S. Irwin &<br />

Barneby) H.S. Irwin & Barneby, C. tephrosiifolia (Benth.)<br />

H.S. Irwin & Barneby, C. ulmea H.S. Irwin & Barneby,<br />

Harpalyce lanata L.P. Queiroz e H. parvifolia H.S. Irwin &<br />

Arroyo. Na categoria em perigo constam: Chamaecrista<br />

choriophylla (Vogel) H.S. Irwin & Barneby, C. dentata<br />

(Vogel) H.S. Irwin & Barneby, C. semaphora (H.S.Irwin &<br />

Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Lupinus coriaceus Benth.,<br />

L. decurrens Gardner, L. ovalifolius Benth., Mimosa barretoi<br />

Hoehne, M. macedoana Burkart, M. montis-carasae<br />

Barneby e M. paucifolia Benth. Criticamente em perigo<br />

está: Chamaecrista cipoana (H.S. Irwin & Barneby)<br />

H.S. Irwin & Barneby; enquanto as presumivelmente<br />

Dutra, Garcia, Lima & Queiroz | 147<br />

ameaçadas são: Chamaecrista multinervea (Benth.)<br />

H.S. Irwin & Barneby e Zornia pardina Mohlenbr.<br />

Comparando o número de espécies em cada área<br />

(Tabela 1), a Serra do Cipó foi a área mais diversa, com<br />

104 espécies, seguida por Catolés (69 spp.) e pela Serra<br />

da Canastra (60 spp.). Morro do Chapéu, na Bahia, foi a<br />

área que apresentou o menor número de espécies (12<br />

spp.). Essa diferença encontrada, na riqueza de espécies<br />

de Leguminosae, pode ser consequëncia do tamanho<br />

da área amostrada em cada localidade, duração e<br />

periodicidade das coletas, como abordado por Nakajima<br />

& Semir (2001) e Romero & Martins (2002). Mas corrobora<br />

com Barreto (1949), Harley (1995) e Giulietti et al.<br />

(1997) que citam a porção central da Cadeia do Espinhaço,<br />

que inclui a Serra do Cipó e Diamantina, como a<br />

que exibe maior diversidade florística.<br />

Nenhuma espécie está distribuída em todas as áreas,<br />

sendo as de maior ocorrência: Periandra mediterranea<br />

(Vell.) Taub., em 16 áreas; Stylosanthes guianensis (Aubl.)<br />

Sw., em 14; Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip e<br />

Camptosema scarlatinum (Mart. ex Benth.) Burkart, em<br />

11 áreas. Mais da metade das espécies (60,7%) ocorre<br />

em apenas uma área, evidenciando a singularidade da<br />

composição florística de cada área o que ocasiona a<br />

heterogeneidade da flora dos campos rupestres, onde<br />

muitas espécies e gêneros encontram-se em populações<br />

disjuntas, geralmente restritas a algumas serras (Giulietti<br />

& Pirani, 1988; Giulietti et al., 2000).<br />

A análise de agrupamento das 18 áreas de campo<br />

rupestre (Figura 1) reuniu nitidamente as áreas de campo<br />

rupestre da Bahia e Minas Gerais, separando-as da<br />

Chapada dos Veadeiros (CVD), em Goiás, que, apresentou<br />

a composição de espécies de Leguminosae bastante<br />

distinta das demais áreas.<br />

Dois grandes grupos se formaram: o grupo A, formado<br />

por três áreas de campo rupestre da Chapada Diamantina,<br />

na Bahia e a Serra de Grão-Mogol, no norte<br />

de Minas; e o grupo B, que reuniu as demais áreas de<br />

campo rupestre de Minas Gerais. Segundo Harley (1995),<br />

essa dissimilaridade encontrada é devido à presença<br />

de vales, como os do Rio de Contas, Rio Pardo e Rio<br />

Jequitinhonha, que funcionam como uma barreira de<br />

migração da flora do norte da Cadeia do Espinhaço para<br />

o sul, e vice-versa. Além disso, esse mesmo autor ressalta<br />

uma maior disponibilidade hídrica na porção sul<br />

do Espinhaço, que na Bahia, onde figuram médias<br />

pluviométricas mais baixas. Essa diferença no regime<br />

de precipitação subdivide a Cadeia do Espinhaço em<br />

três setores (Harley, 1995): [1] setor sul, que compreende<br />

as proximidades de Ouro Preto até Belo Horizonte,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


148 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />

em Minas Gerais, onde os campos rupestres estão circundados<br />

por florestas estacionais semideciduais e estão<br />

restritos às áreas altas e isoladas; [2] setor central,<br />

que inclui a Serra do Cipó e Diamantina, em Minas Gerais,<br />

áreas cercadas pelo cerrado, onde os campos rupestres<br />

ocorrem em áreas extensas, exibindo grande<br />

diversidade florística; e [3] setor norte, na Chapada Diamantina,<br />

Bahia, que extende-se pela zona semi-árida,<br />

com os campos rupestres localizados nos domínios da<br />

caatinga.<br />

Em um segundo nível de similaridade, o grupo A (Figura<br />

1) desmembrou-se, formando o grupo A1, composto<br />

pelos campos rupestres da Bahia, que separou<br />

da Serra de Grão-Mogol, localizada no norte de Minas<br />

Gerais, com 76,2% de dissimilaridade, havendo diferença<br />

significativa na composição florística da Bahia (Harley,<br />

1995). Em A1, a maior similaridade foi entre Catolés e<br />

Mucugê, que apresentaram 26 espécies em comum e<br />

similaridade de 48,6%.<br />

As áreas que compõem o grupo B formaram dois<br />

subgrupos (Figura 1): B1, constituído pela Serra do Cipó,<br />

Diamantina e Serra da Canastra, que apresentaram em<br />

comum as espécies: Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip,<br />

C. ochnacea (Vogel) H.S. Irwin & Barneby, Calliandra<br />

dysantha Benth., Camptosema scarlatinum (Mart. ex Benth.)<br />

Burkart, Lupinus coriaceus Benth. e Periandra mediterranea<br />

(Vell.) Taub., e apresentam os solos derivados basicamente<br />

do quartzito; e B2, que reuniu áreas do Quadrilátero Ferrífero,<br />

Serra do Ambrósio, Serra de São José e Poço Bonito,<br />

que possuem solos derivados, além do quartzito, de<br />

filitos, itabiritos, micaxistos e lateritas ferruginosas<br />

(Tabela 1). Estas variações no tipo de substrato influenciam<br />

diretamente na composição florística, já que levam<br />

a diferenciação na composição química do terreno, permeabilidade,<br />

porosidade e tipo de solo (Brandão et al.,<br />

1994) que, segundo Barreto (1949), é o principal fator<br />

que determina a riqueza de espécies.<br />

Dentro do grupo B2, destacou-se B2’ (Figura 1), formado<br />

pelos campos rupestres da Serra do Ambrósio e<br />

do Quadrilátero Ferrífero, área de cerca de 7.000 km 2<br />

que tem como limite sul a Serra de Ouro Branco e, ao<br />

norte, a Serra do Curral (Dorr, 1969), marcada pela ação<br />

antrópica, como desmatamento, expansão urbana, mineração<br />

e turismo (Vicent et al., 2002). Esse grupo apresentou<br />

95 espécies, sendo que metade delas ocorreu<br />

em mais de uma serra, sendo comuns às serras da região,<br />

como constatado por Dutra et al. (2005), com as<br />

Papilionoideae de campos ferruginosos; e 59,6%, são<br />

de ampla distribuição geográfica, indicando um grupo<br />

sustentado, principalmente, por espécies generalistas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Além disso, caracteriza-se por não apresentar elementos<br />

endêmicos e pela ausência dos gêneros Lupinus e<br />

Calliandra, citados por Giulietti et al. (1997), como gêneros<br />

que possuem seu máximo de diversidade nos<br />

campos rupestres.<br />

A Serra de Itabirito e Serra da Piedade, se agruparam<br />

com 48,5% de similaridade, apresentando 16 espécies<br />

em comum. O Parque do Itacolomi e a Serra de<br />

Ouro Branco uniram-se com 44,2% de similaridade, com<br />

15 espécies em comum. A maior similaridade entre essas<br />

áreas pode ser devido à proximidade entre elas e<br />

ao tipo de solo, já que a latitude e a composição dos<br />

substratos têm papel fundamental na distribuição específica<br />

(Brandão et al., 1994).<br />

A singularidade florística encontrada nas diferentes<br />

áreas de campos rupestres (Giulietti & Pirani, 1988),<br />

como observada para Leguminosae no presente estudo,<br />

já havia sido mencionada por Nakajima & Semir<br />

(2001) e Romero & Martins (2002), com as famílias<br />

Asteraceae e Melastomataceae, respectivamente. Essa<br />

singularidade, segundo Brandão et al. (1994), deve-se à<br />

temperatura, à diversidade de substratos e à latitude,<br />

aos quais estão associados à radiação solar incidente e<br />

a movimentação de grandes massas de ar e, conseqüentemente,<br />

aos aspectos climáticos locais, como evapotranspiração,<br />

nebulosidade e disponibilidade de água,<br />

este último, um importante fator físico que controla o<br />

estabelecimento, sobrevivência e distribuição espacial<br />

da vegetação (Zappi et al., 2003). Além disso, a presença<br />

de espécies e gêneros endêmicos e de distribuição<br />

restrita, deve-se, também, aos períodos de flutuações<br />

climáticas, que ocorreram no Quaternário, e que resultaram<br />

na irregularidade no fluxo gênico entre as populações<br />

e na evolução de espécies novas, geralmente de<br />

distribuição limitada (Giulietti et al., 1997).<br />

A degradação que os campos rupestres vêm sofrendo,<br />

durante séculos, devido principalmente: a intensa<br />

atividade mineradora, a construção de estradas e<br />

loteamentos, a coleta indiscriminada de espécies de<br />

interesse econômico e às queimadas constantes, muitas<br />

provocadas para implantação de pastagens, vem alterando<br />

a heterogeneidade e riqueza da flora destes<br />

campos (Menezes & Giulietti, 2000). E a manutenção<br />

desta flora, especialmente de Leguminosae, muitas delas,<br />

de distribuição restrita a uma ou algumas serras, e<br />

ocorrendo em populações pequenas e isoladas, depende<br />

da preservação dos hábitats ocupados por elas e de<br />

medidas de conservação que realmente protejam as<br />

diversas serras que compõem a Cadeia do Espinhaço e<br />

suas áreas disjuntas.


Dutra, Garcia, Lima & Queiroz | 149<br />

TABELA 1 – Levantamentos florísticos realizados em diversas áreas de campo rupestre de Minas Gerais, Bahia e Goiás, fatores<br />

físicos considerados, e número de gêneros e espécies de Leguminosae encontrados.<br />

Gen. = gêneros; Spp. = espécies; Caes. = Caesalpinioideae; Mim. = Mimosoideae; Pap. = Papilionoideae.<br />

TOTAL TOTAL ESPÉCIES<br />

LOCALIDADE REF. BIBLIOGRÁFICA SUBSTRATO COORDENADAS Gen. Spp. Caes. Mim. Pap.<br />

Barão de Cocais, MG Brandão & Silva Filho Laterita 19°54’S 11 16 3 1 12<br />

(1993) ferruginosa 43°28’W<br />

Catolés, BA Zappi et al. (2003) Quartzito 13°13’/13°25’S<br />

41°37’/41°59’W<br />

21 69 21 26 22<br />

Chapada dos Veadeiros, GO Munhoz & Proença (1998) ––– 47°30’S 13°46’W 12 24 5 6 13<br />

Diamantina, MG Brandão et al. (1995) Quartzito 18º14’S 43º36’W 14 60 18 8 34<br />

Morro do Chapéu, BA L.P. Queiroz<br />

(comunicação pessoal)<br />

––– 11º33’S 41º09’W 9 12 3 4 5<br />

Mucugê, BA Harley & Simmons (1986) ––– ––– 13 41 10 19 12<br />

Pico das Almas, BA Lewis (1995) Quartzito e 13°32’/13°34’S 18 41 11 16 14<br />

arenito 41°57’/41°58’W<br />

Poço Bonito, MG Gavilanes & Brandão Quartzito e 21°19’S 44°59W 9 16 5 1 10<br />

(1991) micaxisto<br />

Serra da Canastra, MG Nakajima Quartzito e 20°00’/20º30’S 28 60 34 24 41<br />

(dados não publicados)<br />

Garcia et al. (2000)<br />

Filardi et al. (2007)<br />

micaxisto 46°15’/47°00’W<br />

Serra da Piedade, MG Brandão & Gavilanes Quartzito e 19º50’S 12 28 6 4 18<br />

(1990) laterita<br />

ferruginosa<br />

Serra de Antônio Pereira, MG Roschel (2000) Laterita 20º12’S 10 14 4 1 9<br />

ferruginosa 43º50’W<br />

Serra de Grão-Mogol, MG Queiroz (2004) Quartzito e 16°20’/16°38’S 21 47 16 7 15<br />

arenito 43°00’/42°49’W<br />

Serra de Ouro Branco, MG Dutra et al. (no prelo) Quartzito ––– 13 25 8 4 13<br />

Serra de São José, MG Gavilanes et al. (1995) Quartzito e<br />

queluzito<br />

21º05’S 10 17 7 0 10<br />

Serra do Ambrósio, MG Pirani et al. (1994) Quartzito 18°03’/17°10’S<br />

43°00’/43°06’W<br />

12 14 3 0 11<br />

Serra do Cipó, MG Giulietti et al. (1987) Quartzito 19°12’/19°20’S<br />

43°30’/43°40’W<br />

39 104 34 24 46<br />

Serra do Itabirito, MG Brandão et al. Quartzito e 20°16’S 43°51’W 14 38 13 3 22<br />

(1989; 1991) itabirito<br />

Serra do Itacolomi, MG Dutra (2005) Quartzito, 20º22’/ 20º30’S 24 52 13 11 28<br />

Dutra et al. (2008) filito e<br />

laterita<br />

ferruginosa<br />

43º32’/43º22’W<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


150 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />

TABELA 2 – Gêneros e número de espécies de Leguminosae ocorrentes nas 18 áreas de campo rupestre de Minas Gerais, Bahia e Goiás.<br />

BCC = Barão de Cocais/MG, CAT = Catolés/BA, CVD = Chapada dos Veadeiros/GO, DMT = Diamantina/MG, MCG = Mucugê/BA, MCP =<br />

Morro do Chapéu/BA, PAM = Pico das Almas/BA, PBN = Poço Bonito/MG, PEI = Parque Estadual do Itacolomi/MG, SAB = Serra do<br />

Ambrósio/MG, SAP = Serra de Antônio Pereira/MG, SCN = Serra da Canastra/MG, SCP = Serra do Cipó/MG, SGM = Serra de Grão-Mogol/<br />

MG, SIB = Serra de Itabirito/MG, SOB = Serra de Ouro Branco/MG, SPD = Serra da Piedade/MG e SSJ = Serra de São José/MG.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

NÚMERO DE ESPÉCIES<br />

SUBFAMÍLIA/GÊNERO BCC CAT CVD DMT MCG MCP PAM PBN PEI SAB SAP SCN SCP SGM SIB SOB SPD SSJ<br />

Caesalpinioideae<br />

Bauhinia L. 0 2 0 0 0 2 1 0 1 0 1 0 3 1 2 0 1 0<br />

Chamaecrista Moench 1 13 4 17 6 1 5 3 9 1 3 15 21 14 6 6 5 3<br />

Copaifera L. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0<br />

Hymenaea L. 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />

Moldenhawera Schrad. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0<br />

Tachigali Aubl. 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0<br />

Senna Mill. 2 2 1 1 2 0 2 2 3 1 0 3 6 2 5 2 0 4<br />

Mimosoideae<br />

Abarema Pittier 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0<br />

Acacia Mill. 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 0 0 0 0<br />

Anadenanthera Speg. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0<br />

Calliandra Benth. 0 19 1 2 16 1 7 0 0 0 0 1 3 2 0 0 0 0<br />

Enterolobium Mart. 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />

Inga Mill. 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2 2 1 0 1 0 0<br />

Mimosa L. 1 6 4 7 3 3 6 1 8 0 1 7 12 5 2 3 4 0<br />

Piptadenia Benth. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />

Plathymenia Benth. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />

Stryphnodendron Mart. 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0<br />

Papilionoideae<br />

Acosmium Schott 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 0 0 0<br />

Aeschynomene L. 0 4 2 2 3 0 0 0 1 1 1 0 3 1 3 1 4 0<br />

Andira Juss. 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 3 2 0 0 0 0 0<br />

Bowdichia Kunth 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0<br />

Calopogonium Desv. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Camptosema Hook. & Arn. 1 3 0 3 2 2 3 0 1 2 0 1 3 1 1 1 2 1<br />

Centrosema (DC.) Benth. 2 1 0 1 0 1 1 0 2 1 1 2 3 3 0 0 2 0<br />

Clitoria L. 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 1 0 0 0 1<br />

Collaea DC. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 1 0 0 1<br />

Crotalaria L. 1 2 3 0 0 0 3 0 3 0 0 2 4 2 4 1 1 2<br />

Dalbergia L. f. 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 1 1 0 0 0 0 0<br />

Desmodium Desv. 2 0 0 0 0 0 1 1 5 0 1 1 2 0 3 2 0 0<br />

Dioclea Kunth 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Eriosema (DC.) Desv. 1 1 1 4 0 0 0 2 0 0 0 3 1 1 0 1 1 2<br />

Galactia P. Browne 0 2 3 2 1 0 0 0 0 0 1 5 1 1 0 0 1 1<br />

Harpalyce Sessé & Moc. ex DC. 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0<br />

Indigofera L. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Lupinus L. 0 1 0 7 0 0 1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

NÚMERO DE ESPÉCIES<br />

Dutra, Garcia, Lima & Queiroz | 151<br />

SUBFAMÍLIA/GÊNERO BCC CAT CVD DMT MCG MCP PAM PBN PEI SAB SAP SCN SCP SGM SIB SOB SPD SSJ<br />

Machaerium Pers. 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 1 3 0 0 0 0 1<br />

Macroptilium (Benth.) Urb. 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />

Oryxis A. Delgado & G.P. Lewis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0<br />

Periandra Mart. ex Benth. 1 2 0 1 1 1 1 0 1 1 1 2 1 1 2 1 1 1<br />

Platycyamus Benth. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0<br />

Platypodium Vogel 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0<br />

Poiretia Vent. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0<br />

Pterogyne Tul. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Rhynchosia Lour. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Sesbania Scop. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Stylosanthes Sw. 3 2 1 6 2 0 1 2 2 2 3 2 4 4 3 3 3 0<br />

Swartzia Schreb. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0<br />

Tephrosia Pers. 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Vigna Savi 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 3 1 0 0 1 0 0<br />

Zornia J.F. Gmel. 0 0 2 7 1 0 0 3 1 0 1 3 3 0 4 2 3 0<br />

FIGURA 1 – Similaridade florística entre 18 levantamentos realizados em campos rupestres de Minas Gerais, Bahia e Goiás.<br />

BCC = Barão de Cocais/MG, CAT = Catolés/BA, CVD = Chapada dos Veadeiros/GO, DMT = Diamantina/MG, MCG = Mucugê/BA, MCP =<br />

Morro do Chapéu/BA, PAM = Pico das Almas/BA, PBN = Poço Bonito/MG, PEI = Parque Estadual do Itacolomi/MG, SAB = Serra do<br />

Ambrósio/MG, SAP = Serra de Antônio Pereira/MG, SCN = Serra da Canastra/MG, SCP = Serra do Cipó/MG, SGM = Serra de Grão-Mogol/<br />

MG, SIB = Serra de Itabirito/MG, SOB = Serra de Ouro Branco/MG, SPD = Serra da Piedade/MG e SSJ = Serra de São José/MG.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


152 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Barreto, H.L.M. 1949. Regiões fitogeográficas de Minas Gerais.<br />

Anuário Brasileiro de Economia Florestal 2: 352-369.<br />

Benites, V.M. 2001. Caracterização de solos e de substâncias<br />

húmicas em áreas de vegetação rupestre de altitude. Tese de<br />

doutorado. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.<br />

Biodiversitas. 2007. Disponível em: . Acesso em 13.jun.2007.<br />

Brandão, M. 1992. Plantas forrageiras do cerrado. Revista Informe<br />

Agropecuário 16: 36-39.<br />

Brandão, M. & Gavilanes, M.L. 1990. Mais uma contribuição<br />

para o conhecimento da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais<br />

(Serra da Piedade) – II. Daphne 1: 26-43.<br />

Brandão, M.; Gavilanes, M.L. & Araújo, M.G. 1994. Aspectos físicos<br />

e botânicos de campos rupestres do Estado de Minas<br />

Gerais – I. Daphne 4: 17-38.<br />

Brandão, M.; Gavilanes, M.L.; Araújo, M.G. & Laca-Buendia, J.P.<br />

1995. Município de Diamantina, MG 1 – Cobertura vegetal e<br />

composição florística de suas formações. Daphne 5: 28-52.<br />

Brandão, M.; Gavilanes, M.L.; Laca-Buendia, J.P.; Cunha, L.H.S.<br />

& Macedo, J.F. 1989. Flora da Serra de Itabirito, Minas Gerais<br />

– Primeira contribuição. Acta Botanica Brasilica 3: 237-251.<br />

Brandão, M.; Gavilanes, M.L.; Laca-Buendia, J.P.; Macedo, J.F. &<br />

Cunha, L.H.S. 1991. Contribuição para o conhecimento da<br />

Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (Serra de Itabirito) –<br />

III. Daphne 1: 41-50.<br />

Brandão, M. & Silva Filho, P.V. 1993. Os campos rupestres no<br />

município de Barão de Cocais, MG. Daphne 3: 11-20.<br />

Date, R.A. 1977. The development and use of Legume inoculants.<br />

In: A. Ayanaba & P. J. Dart (eds). Biological nitrogen fixation<br />

in farming systems of the tropics. pp 169-180. John Wiley &<br />

Sons Ltda., New York.<br />

Derby, O.A. 1906. The Serra do Espinhaço, Brazil. The Journal<br />

of Geology 14: 374-401.<br />

Dorr, J.V.N. 1969. Physiographic, stratigraphic and structural<br />

development of the Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais,<br />

Brazil. Geological Survey Professional Paper 641: 1-14.<br />

Drummond, G.M., Martins, C.S., Machado, A.B.M., Sebaio, F.A.,<br />

Antonini, Y. 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas<br />

para sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte.<br />

Dutra, V.F. 2005. Leguminosae Adans. nos campos rupestres do<br />

Parque Estadual do Itacolomi, Minas Gerais, Brasil: florística,<br />

preferência por habitat, aspectos reprodutivos e distribuição<br />

geográfica. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal<br />

de Viçosa, Viçosa.<br />

Dutra, V.F., Filardi, F.L.R. & Garcia, F.C.P. no prelo. Flora da Serra<br />

de Ouro Branco: Leguminosae.<br />

Dutra, V.F., Garcia, F.C.P. & Lima, H.C. 2008. Caesalpinioideae<br />

(Leguminosae) nos Campos Rupestres do Parque Estadual do<br />

Itacolomi, Estado de Minas Gerais, Brasil. Acta Botanica<br />

Brasilica 22(2): 543-554.<br />

Dutra, V.F., Messias, M.C.T.B. & Garcia, F.C.P. 2005. Papilionoideae<br />

(Leguminosae-Papilionoideae) dos campos ferruginosos do<br />

Parque Estadual do Itacolomi, MG, Brasil: florística e fenologia.<br />

Revista Brasileira de Botânica 28: 493-504.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Filardi, F.L.R., Garcia, F.C.P., Dutra, V.F. & São-Thiago, P.S. 2007.<br />

Papilionoideae (Leguminosae) do Parque Nacional da Serra<br />

da Canastra, MG, Brasil. Hoehnea 34(3): 383-408.<br />

Garcia, F.C.P.; Gerrero, C.R.A. & Felsemburgh, C.A. 2000. A subfamília<br />

Mimosoideae (Leguminosae) no Parque Nacional da<br />

Serra da Canastra, Minas Gerais. In: 51º Congresso Nacional<br />

de Botânica. pp 214. Brasília.<br />

Gavilanes, M.L. & Brandão, M. 1991. Flórula da Reserva Biológica<br />

Municipal do Poço Bonito, Lavras, MG. II - Formação Campo<br />

Rupestre. Daphne 2: 7-18.<br />

Gavilanes, M.L.; Brandão, M.; Laca-Buendia, J.P. & Araújo, M.G.<br />

1995. Cobertura vegetal da Serra de São José, MG, Municípios<br />

de São João Del Rei e Tiradentes. Daphne 5: 40-72.<br />

Giulietti, A.M.; Harley, R.M.; Queiroz, L.P.; Wanderley, M.G.L. &<br />

Pirani, J.R. 2000. Caracterização e endemismos nos campos<br />

rupestres da Cadeia do Espinhaço. In: T.B. Cavalcanti &<br />

B.M.T. Walter (eds). Tópicos atuais em Botânica. pp 311-318.<br />

SBB/Embrapa, Brasília.<br />

Giulietti, A.M.; Menezes, N.L.; Pirani, J.R.; Meguro, M. &<br />

Wanderley, M.G.L. 1987. Flora da Serra do Cipó: caracterização<br />

e lista das espécies. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo 9: 1-151.<br />

Giulietti, A.M. & Pirani, J.R. 1988. Patterns of geographic<br />

distribution of some plant species from the Espinhaço Range,<br />

Minas Gerais and Bahia, Brazil. In: W.R. Heyer & P.E.<br />

Vanzolini (eds). Proceedings of a Workshop on Neotropical<br />

Distribution Patterns. pp 39-67. Academia Brasileira de Ciências,<br />

Rio de Janeiro.<br />

Giulietti, A.M.; Pirani, J.R. & Harley, R.M. 1997. Espinhaço Range<br />

region, Eastern Brazil. In: S.D. Davis et al. (eds). Centres of<br />

plants diversity 3. pp 397-404. Information Press, Oxford.<br />

Harley, R.M. 1995. Introduction. In: B.L. Stannard (ed). Flora of<br />

the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil.<br />

pp 1-40. Royal Botanical Gardens, Kew.<br />

Harley, R.M. & Simmons, N.A. 1986. Flora of Mucugê. Chapada<br />

Diamantina – Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

ILDIS. 2005. International Legumes Database & Information<br />

Service. Disponível em: . Acesso em<br />

10.jun.2007.<br />

Kovach Computing Services. 2004. MVSP 3.13m for Windows<br />

(Computer program manual). Wales, UK.<br />

Lewis, G.P. 1995. Leguminosae. In: B.L. Stannard (ed). Flora of<br />

the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil.<br />

pp 368-394. Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

Lewis, G.P., Schrire, B.D., Mackinder, B.A. & Lock, J.M. 2005.<br />

Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew.<br />

Lima, H.C. 2000. Leguminosas arbóreas da mata atlântica: uma<br />

análise da riqueza, padrões de distribuição geográfica e<br />

similaridades florísticas em remanescentes florestais do<br />

estado do Rio de Janeiro. Tese de doutorado. Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.<br />

Lopes, A.F. 1963. Solos sob “cerrado” – características, propriedades<br />

e manejo. Instituto da Potassa e Fosfato/Instituto Internacional<br />

da Potassa, Piracicaba.<br />

Mendonça, M.P. & Lins, L.V. 2000. Lista vermelha das espécies<br />

ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Fundação<br />

Biodiversitas, Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, Belo<br />

Horizonte.


Menezes, N. L. & Giulietti, A.M. 2000. Campos Rupestres. In:<br />

M.P. Mendonça & L.V. Lins (eds). Lista vermelha das espécies<br />

ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. pp 65-73.<br />

Fundação Biodiversitas, Fundação Zôo-Botânica de Belo Horizonte,<br />

Belo Horizonte.<br />

Moreira, A.N. 1965. Relevo. In: Instituto Brasileiro de Geografia<br />

e Estatística (IBGE). Geografia do Brasil 5 – Grande Região<br />

Leste. pp 5-54. IBGE, Rio de Janeiro.<br />

Munhoz, C.B.R. & Proença, C.E.B. 1998. Composição florística<br />

do Município de Alto Paraíso de Goiás na Chapada dos<br />

Veadeiros. Boletim do Herbário Ezechias Paulo Heringer<br />

3: 102-150.<br />

Nakajima, J.N. & Semir, J. 2001. Asteraceae do Parque Nacional<br />

da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira<br />

de Botânica 24: 471-478.<br />

Okigbo, B.N. 1977. Legumes in farming systems of the humid<br />

tropics. In: A. Ayanaba & P.J. Dart. (eds.). Biological nitrogen<br />

fixation in farming systems of the tropics. pp. 61-72. John<br />

Wiley & Sons Ltda., New York.<br />

Pirani, J.R.; Giulietti, A.M.; Mello-Silva, R. & Meguro, M. 1994.<br />

Checklist and patterns of geographic distribution of the<br />

vegetation of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista<br />

Brasileira de Botânica 17: 133-147.<br />

Pires, J.M. & Prance, G.T. 1985. The vegetation types of the<br />

brazilian amazon. In: G.T. Prance & T.E. Lovejoy (eds). Key<br />

Environments: Amazonia. pp 136-138.<br />

Polhill, R.M.; Raven, P.H. & Stirton, C.H. 1981. Evolution and<br />

systematics of the Leguminosae. In: R.M. Polhill & P.H. Raven<br />

Dutra, Garcia, Lima & Queiroz | 153<br />

(eds.). Advances in Legume Systematics part I. pp. 1-26. Royal<br />

Botanic Gardens, Kew.<br />

Queiroz, L.P. 2004. Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais:<br />

Leguminosae. Boletim de Botânica da Universidade de São<br />

Paulo 22: 213-265.<br />

Romero, R. 2002. Diversidade da flora dos campos rupestres<br />

de Goiás, Sudoeste e Sul de Minas Gerais. In: E.L. Araújo;<br />

A.N. Moura; E.V.S.B. Sampaio; L.M.S. Gestinari & J.M. T. Carneiro<br />

(eds). Biodiversidade, conservação e uso sustentável<br />

da flora do Brasil. pp 81-86. Editora Universidade Federal de<br />

Pernambuco, Recife.<br />

Romero. R. & Martins, A.B. 2002. Melastomataceae do Parque<br />

Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil. Revista<br />

Brasileira de Botânica 25: 19-24.<br />

Roschel, M.B. 2000. Levantamento florístico fanerogâmico do<br />

campo rupestre da Estrada da Torre, Antônio Pereira, Ouro<br />

Preto, MG. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal<br />

do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.<br />

Vicent, R.C., Jacobi, C.M. & Antonini, Y. 2002. Diversidade na<br />

adversidade. Revista Ciência Hoje 31: 64-67.<br />

Vitta, F.A. 1995. Composição florística e ecologia de comunidades<br />

campestres na Serra do Cipó, Minas Gerais. Dissertação<br />

de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo.<br />

Zappi, D.C.; Lucas, E.; Stannard, B.L.; Lughadha, E.N.; Pirani,<br />

J.R.; Queiroz, L.P.; Atkins, S.; Hind, D.J.N.; Giulietti, A.M.;<br />

Harley, R.M. & Carvalho, A.M. 2003. Lista das plantas vasculares<br />

de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Boletim<br />

de Botânica da Universidade de São Paulo 21: 345-398.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Fauna de abelhas (Hymenoptera, Apoidea)<br />

nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

(Minas Gerais e Bahia, Brasil): riqueza de<br />

espécies, padrões de distribuição e ameaças<br />

para conservação<br />

ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO 1,2 *<br />

FERNANDO A. SILVEIRA 1<br />

CÂNDIDA MARIA LIMA AGUIAR 3<br />

VIVIANE SILVA PEREIRA 4<br />

1 Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas, Departamento de Zoologia, Instituto de Ciências Biológicas – <strong>ICB</strong>, Universidade Federal de<br />

Minas Gerais – <strong>UFMG</strong>, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Biotrópicos – Instituto de Pesquisa em Vida Silvestre e Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre,<br />

Instituto de Ciências Biológicas <strong>ICB</strong>/<strong>UFMG</strong>, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />

3 Laboratório de Entomologia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />

4 Laboratório de Sistemática, Departamento de Botânica, <strong>ICB</strong>/<strong>UFMG</strong>, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />

* e-mail: alex@biotropicos.org.br<br />

RESUMO<br />

O objetivo deste trabalho foi caracterizar a fauna de abelhas dos campos rupestres nas áreas<br />

de altitude da Cadeia do Espinhaço quanto à riqueza e à distribuição geográfica de suas espécies<br />

e à ocorrência de endemismos. Além disso, também foram apresentadas as principais<br />

ameaças para a conservação da fauna de abelhas nativas na região. Os dados foram obtidos a<br />

partir de fontes secundárias (informações associadas a espécimes depositados em coleções<br />

taxonômicas e registros na literatura) e por meio de coleta de dados primários (expedições de<br />

coleta realizadas em várias localidades da cadeia entre outubro de 2004 e maio de 2006). Ao<br />

todo foram coletados 2959 indivíduos pertencentes a cerca de 360 espécies. Somando estas<br />

informações aos dados secundários foram registradas pelo menos 515 espécies de abelhas,<br />

entre elas um mínimo de 13 espécies não descritas. Os totais são imprecisos devido ao grande<br />

número de espécies não identificadas nos resultados de levantamentos faunísticos publicados,<br />

principalmente de grupos que carecem de revisões taxonômicas. Os resultados das análises<br />

apontam para uma riqueza superior a 600 espécies e a necessidade de um esforço de<br />

coleta maior para se obter uma amostra que represente uma parcela substancial das faunas<br />

locais/regionais. As espécies de abelhas registradas no Espinhaço apresentam diferentes<br />

padrões de distribuição geográfica já identificados na literatura para as serras do sudeste<br />

brasileiro. Entre os grupos de espécies apontados, destacam-se aqueles representados pelas<br />

abelhas endêmicas das serranias do leste brasileiro, com compartilhamento de elementos da<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


fauna entre o Espinhaço e outros maciços como as Serras da Canastra, Mantiqueira e do<br />

Caparaó, e aquele cujas espécies são comuns às áreas de altitude do sudeste e do planalto<br />

central. Embora existam registros de espécies potencialmente endêmicas do Espinhaço, ainda<br />

faltam informações para a determinação precisa sobre suas distribuições geográficas.<br />

ABSTRACT<br />

This work attempts to characterize the wild-bee fauna of the rocky fields in the high altitudes of the<br />

Espinhaço mountain chain in respect to its species richness and geographic distribution and to presence<br />

of endemic species. The main threats to the conservation of the native bees in the region are also<br />

pointed out. Data were obtained from secondary sources (specimens in taxonomic collections and<br />

literature) and through collecting expeditions to several localities in the chain, between October 2004<br />

and May 2006. A total of 2959 specimens belonging to 360 species were collected. Adding the<br />

information from secondary sources to that obtained in the field, at least 515 species were recorded,<br />

among which at least 13 are undescribed ones. Imprecision in these figures are due to the large number<br />

of unidentified species listed in published faunistic surveys, especially in groups lacking recent taxonomic<br />

reviews. Analyzes of the data suggest that more than 600 species occur in the Espinhaço chain and<br />

that additional collecting effort is needed for a good representation of the local/regional faunas.<br />

Geographic-distribution patterns of bee species recorded in the Espinhaço are those previously identified<br />

in the literature for the southeastern Brazilian mountains. Among them, are those bees endemic to<br />

these mountains, which occur in the Espinhaço chain and other mountain ranges in the region, as the<br />

Canastra, Mantiqueira and Caparaó, and those common to this region and the Brazilian Central<br />

Plateau. Although there are some records of bee species potentially endemic to the Espinhaço chain,<br />

more information is needed for the precise determination of their geographic ranges.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os campos rupestres representam formações campestres<br />

herbáceo-arbustivas associadas a solos litólicos, predominantemente<br />

quartzíticos com afloramentos rochosos,<br />

e são marcados por uma grande diversidade biológica e<br />

pela ocorrência de endemismos, sobretudo de espécies<br />

vegetais (Giulietti & Pirani, 1988; Rapini et al., 2008). Eles<br />

ocorrem de forma disjunta em algumas regiões do Brasil,<br />

como a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e a Serra da<br />

Canastra, em Minas Gerais. Eles se distribuem principalmente,<br />

entretanto, ao longo das porções mais elevadas<br />

da Cadeia do Espinhaço, em altitudes superiores a 900<br />

metros, desde o norte da Chapada Diamantina, na Bahia,<br />

até a Serra de Ouro Branco, em Minas Gerais (Giulietti &<br />

Pirani, 1988; Rapini et al., 2008).<br />

O Espinhaço se estende por cerca de mil quilômetros<br />

e representa, em Minas Gerais, um divisor natural<br />

de dois importantes domínios da vegetação brasileira,<br />

os quais também são considerados hotspots mundiais<br />

em biodiversidade, o Cerrado e a Mata Atlântica (Myers<br />

et al., 2000). Além disso, o Espinhaço também mantém<br />

contato com a Caatinga no norte de Minas Gerais e,<br />

principalmente, na Chapada Diamantina. Recentemente,<br />

a quase totalidade da porção mineira do maciço recebeu<br />

o título de Reserva da Biosfera (Unesco, 2005),<br />

em reconhecimento à sua imensa riqueza biológica.<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 155<br />

Entretanto, a Cadeia do Espinhaço representa, ainda,<br />

uma grande lacuna de conhecimento para muitos grupos<br />

biológicos, entre eles, as abelhas.<br />

Silveira & Cure (1993) foram os primeiros a investigar<br />

a fauna de abelhas de altitude nas cadeias montanhosas<br />

do sudeste brasileiro. Eles notaram que as abelhas<br />

encontradas acima de 1.200m – 1.400m de altitude<br />

podiam ser divididas em três grupos principais, de<br />

acordo com sua distribuição geográfica: 1) abelhas que<br />

se encontram tanto em baixas altitudes nas regiões circunvizinhas,<br />

quanto no alto das serras; 2) espécies de<br />

abelhas amplamente distribuídas ao sul do paralelo 24 o S<br />

e que estão ausentes nas áreas baixas ao norte do estado<br />

do Paraná, reaparecendo em áreas de altitude acima<br />

de cerca de 1.300m nas serras do norte de São Paulo e<br />

no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Elas teriam expandido<br />

sua distribuição em direção ao norte, acompanhando<br />

o avanço de domínios vegetacionais subtropicais<br />

durante períodos glaciais, possivelmente no Pleistoceno,<br />

e seriam representadas por populações relictuais<br />

nas serras do sudeste; 3) abelhas endêmicas das serras<br />

do sudeste brasileiro, cujas populações são isoladas em<br />

altitudes superiores a cerca de 1.300m de altitude, não<br />

ocorrendo nas áreas mais baixas entre elas. Estas espécies<br />

teriam se originado e evoluído nas montanhas do<br />

leste brasileiro. Além desses, aqueles autores chamam<br />

atenção para um quarto grupo de abelhas que ocorre-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


156 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

riam nas áreas campestres das serranias do sudeste e<br />

no Planalto Central brasileiro. A associação entre essas<br />

duas regiões geográficas não é clara.<br />

O conhecimento sobre a fauna de abelhas nas diversas<br />

regiões e fitofisionomias brasileiras deriva, em grande<br />

p<strong>arte</strong>, de inventários realizados em áreas restritas<br />

e/ou periféricas, muitas vezes caracterizadas por baixo<br />

grau de conservação (revistos por Pinheiro-Machado et<br />

al., 2002). Esses levantamentos sistemáticos privilegiam<br />

a padronização da amostragem para permitir a comparação<br />

de abundâncias e riquezas relativas. Neles, o sítio<br />

amostral é limitado a uma área restrita (geralmente,<br />

1-2ha) e o tempo amostral é fixado, sendo a coleta de<br />

abelhas feita durante caminhada ininterrupta, em que o<br />

coletor não permanece mais tempo em áreas ricas em<br />

abelhas do que em áreas pobres. Vantagens e desvantagens<br />

deste método são discutidas, por exemplo, por<br />

Sakagami et al. (1967) e Silveira & Godinez (1996).<br />

Adotando uma estratégia diferente dos levantamentos<br />

acima, o objetivo principal deste trabalho foi conhecer<br />

a fauna de abelhas dos campos rupestres nas<br />

áreas de altitude da Cadeia do Espinhaço, buscando<br />

caracterizá-la quanto à riqueza e à distribuição geográfica<br />

de suas espécies e à ocorrência de endemismos.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Coleta de dados<br />

Duas estratégias foram empregadas para obtenção dos<br />

dados avaliados neste trabalho – a) busca de dados secundários<br />

(informações associadas a espécimes depositados<br />

em coleções taxonômicas e registros na literatura)<br />

e b) levantamentos de dados primários (expedições<br />

de coleta em campo).<br />

Informações disponíveis na literatura – Trabalhos<br />

taxonômicos e de inventários faunísticos constituíram<br />

a principal bibliografia consultada para compor a lista<br />

de espécies de abelhas da Cadeia do Espinhaço (ver<br />

Tabela 1). Os trabalhos taxonômicos fornecem uma<br />

quantidade de registros relativamente reduzida, uma<br />

vez que não lidam especificamente com a fauna da Cadeia<br />

do Espinhaço. Por outro lado, fornecem dados de<br />

alta qualidade, já que as identificações das espécies são<br />

feitas por especialistas, freqüentemente no âmbito de<br />

revisões amplas, sendo, nesses casos, muito confiáveis.<br />

Além disto, apresentam dados relativamente completos<br />

sobre as distribuições geográficas de muitas espécies,<br />

já que, normalmente, examinam grandes amostras<br />

pertencentes aos acervos de diversas coleções,<br />

oriundas das mais diversas regiões.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Para Minas Gerais, onde se estende a maior porção<br />

dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, foram<br />

publicados, até o momento, os resultados de apenas<br />

alguns poucos inventários faunísticos, em sua maioria<br />

concentrados na porção mais ao sul do maciço, em áreas<br />

situadas nos municípios de Santana do Riacho (Faria,<br />

1994), Ouro Preto (Faria-Mucci et al., 2003; Araújo et<br />

al., 2006) e Ouro Branco (Araújo et al., 2006). A única<br />

amostragem fora desta região, realizada mais ao norte<br />

do estado, em São Gonçalo do Rio Preto (Nemésio &<br />

Faria-Jr. 2004), se restringiu a um grupo específico de<br />

abelhas (Euglossina – Apidae).<br />

Igualmente incipiente é o conhecimento disponível<br />

sobre a fauna de abelhas dos campos rupestres da porção<br />

baiana do Espinhaço (Chapada Diamantina), que se<br />

baseia em apenas dois inventários realizados em áreas<br />

muito próximas, no município de Palmeiras (Almeida &<br />

Gimenes, 2002; Silva-Pereira & Santos, 2006).<br />

Considerando que o alvo principal deste trabalho foi<br />

compilar as informações sobre as abelhas dos campos<br />

rupestres nas áreas mais elevadas do Espinhaço, não<br />

foram considerados em nossas análises os dados obtidos<br />

em áreas abaixo de 800 m de altitude e/ou em que<br />

os campos rupestres não fossem a vegetação predominante.<br />

Por isto, não foram computados os dados de<br />

uma das áreas de estudo de Almeida & Gimenes (2002),<br />

situada abaixo de 800 m de altitude, e os obtidos por<br />

Martins (1994) e Aguiar et al. (2005) (todos obtidos na<br />

Chapada Diamantina) e p<strong>arte</strong> dos dados apresentados<br />

por Nemésio & Faria Jr. (2004), por terem sido coletados<br />

em ambientes outros que não os campos rupestres.<br />

Ressalta-se, porém, que os registros apresentados<br />

para a área da Serra de Sincorá (Morro do Pai Inácio)<br />

por Aguiar et al. (2005) e discutidos aqui correspondem<br />

aos publicados previamente por Almeida &<br />

Gimenes (2002). Além destes casos, também não foram<br />

utilizados aqui os registros da fauna de abelhas conhecidas<br />

popularmente como “indígenas sem ferrão” (Apidae:<br />

Meliponina) apresentados por Antonini (2005), pois além<br />

de existir erros de identificação de espécies, são apresentados,<br />

em sua maioria, dados secundários citados por<br />

nós diretamente das fontes originais.<br />

Informações disponíveis em coleções científicas –<br />

Foram examinados exemplares de abelhas provenientes<br />

de localidades do Espinhaço, principalmente de sua<br />

porção sul, em três coleções científicas. A maioria desses<br />

exemplares encontra-se na Coleção Entomológica<br />

das Coleções Taxonômicas da Universidade Federal de<br />

Minas Gerais (<strong>UFMG</strong>). Eles foram obtidos em levantamentos<br />

de fauna realizados por Silveira e colaboradores<br />

nas serranias da Zona Metalúrgica de Minas Gerais


(Serras do Curral, da Calçada, da Moeda, do Cachimbo<br />

e do Caraça), localizadas nos municípios de Belo Horizonte,<br />

Brumadinho, Moeda, Nova Lima e Catas Altas.<br />

Estes dados de ocorrência são apresentados aqui pela<br />

primeira vez. Outras coleções visitadas foram as do<br />

Museu de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa<br />

(UFV) e do Museu de Zoologia da USP (MZUSP). As<br />

coleções da <strong>UFMG</strong>, da UFV e do MZUSP foram examinadas<br />

cuidadosamente e as informações de procedência<br />

de todos os exemplares coletados em localidades<br />

situadas indubitavelmente nos campos rupestres do<br />

Espinhaço foram registradas. Além destas coleções também<br />

foram examinados uma pequena amostra da Coleção<br />

Entomológica do Museu de Zoologia da Universidade<br />

Estadual de Feira de Santana (MZUEFS), referente<br />

a abelhas da Chapada Diamantina. Adicionalmente, vários<br />

registros nos foram cedidos por G. A. R. Melo, de<br />

abelhas coletadas por ele e que se encontram, hoje,<br />

depositadas na Coleção Entomológica “Padre Jesús Santiago<br />

Moure” do Departamento de Zoologia da Universidade<br />

Federal do Paraná (DZUP).<br />

Expedições de coleta – As áreas amostradas neste<br />

estudo foram escolhidas de forma a garantir amostragens<br />

bem distribuídas e em locais considerados lacunas<br />

de conhecimento. Procurou-se selecionar, ainda,<br />

áreas cuja vegetação nativa estivesse em bom estado<br />

de conservação, representando quatro grandes maciços<br />

da Cadeia do Espinhaço, que são separados uns dos<br />

outros por áreas situadas em altitudes inferiores a 800m,<br />

chamados aqui de “Médio Espinhaço,” “Serra do<br />

Cabral,” “Norte de Minas” e “Chapada Diamantina” (Figura<br />

1). Um quinto maciço, o “Quadrilátero Ferrífero,”<br />

situado no extremo sul da cadeia e cujas áreas acima<br />

de 800 m são contínuas com as do Médio Espinhaço,<br />

foi tratado separadamente por apresentar características<br />

muito distintas dos demais maciços. No Quadrilátero<br />

Ferrífero, a vegetação de altitude desenvolve-se<br />

sobre a “canga” (concreções ferruginosas couraçadas e<br />

nodulares), constituindo campos estrutural e floristicamente<br />

distintos daqueles que se desenvolvem sobre<br />

areia nos afloramentos quartzíticos do restante da Cadeia<br />

do Espinhaço (Rizzini, 1976 e 1979).<br />

Apesar das coletas terem sido direcionadas ao conhecimento<br />

da fauna nos campos rupestres situados<br />

nas porções mais elevadas (geralmente acima de 1.000m<br />

de altitude), foram amostradas, também, zonas de transição<br />

com o cerrado (entre 800m e 1.200m) em algumas<br />

localidades (Figura 1).<br />

As amostragens foram efetuadas entre outubro de<br />

2004 e maio de 2006 e foram categorizadas em coletas<br />

oportunísticas ou intensivas, de acordo com o esforço<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 157<br />

de coleta despendido em cada área de estudo (Tabela 2).<br />

As coletas foram feitas por dois ou mais coletores, com<br />

emprego de redes entomológicas. As abelhas foram<br />

capturadas sempre que avistadas, principalmente enquanto<br />

forrageavam nas flores. Os espécimes coletados<br />

durante este projeto estão depositados nas coleções<br />

entomológicas da Universidade Federal de Minas<br />

Gerais e da Universidade Estadual de Feira de Santana.<br />

A heterogeneidade ambiental encontrada nos campos<br />

rupestres exige a amostragem de um grande número<br />

de pontos, já que as abelhas podem apresentar<br />

especializações quanto ao uso de recursos florais com<br />

padrão de distribuição agregado, e substratos de nidificação.<br />

Portanto, para maximizar o número de espécies<br />

registradas, não foi adotado o método habitualmente<br />

utilizado nos levantamentos sistemáticos de faunas<br />

locais de abelhas efetuados no Brasil. Para isto, os<br />

coletores percorriam extensas áreas em cada local de<br />

coleta, buscando ambientes diversos e permanecendo<br />

mais tempo em áreas onde a coleta produzia amostras<br />

mais abundantes e diversificadas de abelhas. Espécies<br />

facilmente identificáveis no campo foram coletadas<br />

apenas esporadicamente de forma a se obterem exemplares<br />

testemunhos de cada espécie para todas as localidades<br />

e todas as épocas de amostragem.<br />

Análise de dados<br />

A obtenção do número total de espécies registradas na<br />

Cadeia do Espinhaço é dificultada pelo grande número<br />

de espécies não identificadas listadas nos vários inventários<br />

de faunas locais e nas amostras obtidas durante<br />

a execução do presente projeto, principalmente em<br />

determinados táxons que carecem de revisão taxonômica<br />

(por exemplo, os gêneros Tetrapedia, Ceratina,<br />

Augochlora e Augochloropsis). Por isto, a riqueza total de<br />

espécies compiladas neste trabalho foi expressa através<br />

de uma estimativa do número mínimo de espécies<br />

registradas. Para se fazer esta estimativa, comparouse,<br />

para cada gênero, o número de espécies identificadas<br />

com o maior número de espécies encontrado em<br />

um único lugar (incluindo espécies não identificadas).<br />

O maior número nestas comparações foi tomado como<br />

o número mínimo de espécies para cada gênero no Espinhaço.<br />

Espécies não identificadas só foram somadas<br />

às espécies identificadas quando puderam ser examinadas<br />

por um dos autores e claramente distinguidas<br />

das demais espécies incluídas em nossa listagem. A<br />

soma dos números mínimos de espécies obtidos para<br />

todos os gêneros é o número mínimo de espécies de<br />

abelhas registrado no Espinhaço – certamente, uma<br />

subestimativa da riqueza em espécies de abelhas desta<br />

Cadeia.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


158 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

FIGURA 1 - - Distribuição das localidades nos maciços (elipses) onde há registros da fauna de abelhas ao longo da Cadeia do<br />

Espinhaço. Dados primários (), obtidos nas coletas de campo (2004-2006) realizadas durante este projeto e dados secundários (),<br />

obtidos a partir de coleções científicas e/ou literatura. Abreviações: ParNa = Parque Nacional; Pq. E. = Parque Estadual; S. = Serra.<br />

MINAS GERAIS: 1. S. de Ouro Branco (Ouro Branco); 2. Lavras Novas (Ouro Preto); 3. Pq. E. do Itacolomi (Ouro Preto); 4. Ouro<br />

Preto; 5. S. do Caraça (Catas Altas); 6. S. da Moeda (S. da Calçada - Brumadinho, Moeda); 7. Pq. E. da S. do Rola Moça (Belo<br />

Horizonte, Brumadinho, Ibirité, Nova Lima – inclui a S. do Cachimbo); 8. S. do Curral (Pq. das Mangabeiras - Belo Horizonte, Nova<br />

Lima); 9-10. Serra do Cipó (Santana do Riacho); 11. Pq. E. Pico do Itambé (Serro); 12. Pq. E. do Rio Preto (São Gonçalo do Rio<br />

Preto); 13. Pq. E. Biribiri (Diamantina); 14. S. do Ambrósio (Itamarandiba); 15. Curimataí (Buenópolis); 16-19. S. do Cabral<br />

(Buenópolis, Francisco Dumont, Joaquim Felício, Lassance); 20. Itacambira; 21. Botumirim (Campina do Bananal); 22. Pq. E. de<br />

Grão Mogol (Grão Mogol); 23. S. do Talhado (Serranópolis de Minas); BAHIA: 24. Pico das Almas (Rio de Contas); 25. S. do<br />

Esbarrancado (ParNa Chapada Diamantina - - - Mucugê); 26. S. do Sincorá [Morro do Pai Inácio] e S. dos Brejões (Palmeiras).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


A avaliação da representatividade da amostra da<br />

fauna de abelhas obtida nas várias áreas da Cadeia do<br />

Espinhaço foi feita através do índice de correlação não<br />

paramétrica de Spearman entre o número de indivíduos<br />

coletados e o número de espécies obtido em cada área.<br />

Apenas as localidades amostradas no âmbito deste projeto<br />

foram utilizadas nesta análise por terem empregado<br />

mesma metodologia de coleta e esforço amostral<br />

comparável (Tabela 2). Partiu-se do pressuposto que,<br />

se todas as áreas estivessem bem amostradas, obterse-ia<br />

uma baixa correlação (o número de indivíduos<br />

obtidos em cada área seria suficientemente grande para<br />

que grande p<strong>arte</strong> das espécies existentes estivesse<br />

representada na amostra, independente do tamanho<br />

desta). Por outro lado, uma correlação significativa<br />

indicaria que muitas das áreas com amostra pequena<br />

estariam ainda subamostradas.<br />

Para avaliar a representatividade da amostra obtida<br />

para toda a Cadeia do Espinhaço, foi construída uma “curva<br />

do coletor” através de análise de Jacknife com 50 simulações<br />

aleatórias, utilizando o software EstimateS<br />

(http://viceroy.eeb.uconn.edu/estimates), incluindo todos<br />

os pontos de literatura e dados primários. Para esta análise,<br />

dados primários e secundários para uma mesma área/<br />

município foram aglutinados. Por outro lado, foram considerados<br />

apenas aqueles táxons identificados até espécie<br />

e as morfo-espécies que foram individualizadas nos<br />

gêneros. Com isto, evitou-se que a mesma espécie não<br />

identificada fosse contada como táxon diferente em cada<br />

local em que ocorresse. O mesmo procedimento de<br />

Jacknife foi utilizado para estimar a riqueza de espécies.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A lista de espécies de abelhas registradas na Cadeia do<br />

Espinhaço, com indicação das localidades e principais<br />

serras e/ou unidades de conservação nas quais elas foram<br />

encontradas, bem como as fontes de informação<br />

(coleções/publicações científicas) encontram-se na Tabela<br />

1. A Tabela 2 mostra o número de espécies registrado<br />

e o tipo de amostragem (categorizado de acordo com o<br />

esforço de coleta despendido) em cada localidade.<br />

Riqueza de espécies<br />

Durante as expedições realizadas no âmbito deste projeto,<br />

foram coletados 2.959 indivíduos pertencentes a<br />

cerca de 360 espécies. Somando a estas informações<br />

os dados obtidos nas fontes secundárias, o número<br />

mínimo de espécies de abelhas registradas para a Cadeia<br />

do Espinhaço totaliza 515 (Tabela 1).<br />

Foi encontrada uma forte correlação entre o número<br />

de espécies e o esforço de coleta em cada localidade<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 159<br />

amostrada nas expedições deste projeto [medido<br />

pelo número de exemplares capturados (r s = 0,98;<br />

p < 0,0001; Figura 2a) ou pelo número de horas de<br />

amostragem (r s = 0,89; p = 0,0001; Figura 2b)]. Isto<br />

sugere que é preciso um esforço de coleta maior do<br />

que o empregado na maioria das áreas para se obter<br />

uma amostra que represente uma parcela substancial<br />

das faunas locais/regionais.<br />

A análise de Jacknife, conduzida com base em 414<br />

espécies cuja individualidade foi possível definir, estimou<br />

que a fauna de abelhas da Cadeia do Espinhaço<br />

seria composta por 584 espécies. A curva obtida (Figura<br />

3) parece próxima da estabilização, sugerindo que a<br />

maior p<strong>arte</strong> das espécies que ocorrem na Cadeia tenha<br />

sido registrada. Entretanto, alguns fatos sobre esta estimativa<br />

têm de ser avaliados. Em primeiro lugar, ela<br />

considerou apenas as espécies identificáveis. Se todas<br />

as espécies presentes nas várias amostras (inclusive as<br />

que não puderam ser identificadas até espécie – um<br />

mínimo de 515, em vez das 414 avaliadas) tivessem sido<br />

incluídas na análise, o número total estimado de espécies<br />

seria maior e o comportamento da curva poderia<br />

ter sido diferente. Em segundo lugar, ao se compor a<br />

curva com as várias localidades amostradas, presume-se<br />

que cada uma dessas localidades tenha sido convenientemente<br />

amostrada, o que não é verdade, com foi discutido<br />

acima. Com base nisto tudo, não seria exagero<br />

supor que a fauna de abelhas de todo a área de campo<br />

rupestre na Cadeia do Espinhaço ultrapasse, possivelmente<br />

bastante, 600 espécies.<br />

Fauna de altitude e espécies endêmicas<br />

Foram registradas espécies de abelhas representantes<br />

de todos os quatro grupos apresentados por Silveira &<br />

Cure (1993) com relação à sua distribuição nas cadeias<br />

montanhosas do sudeste brasileiro. As espécies do primeiro<br />

grupo (ocorrem em toda a região, independente<br />

da altitude) fazem p<strong>arte</strong> da matriz faunística de grande<br />

p<strong>arte</strong> do Brasil e constituem a maior p<strong>arte</strong> da amostra<br />

obtida no Espinhaço. Alguns exemplos seriam, entre<br />

outros, Oxaea flavescens, Bombus morio, Eulaema nigrita,<br />

Nannotrigona testaceicornis e Centris aenea. Do segundo<br />

grupo (abelhas amplamente distribuídas na região<br />

subtropical e, no sudeste, restritas a altitudes elevadas),<br />

foram registradas algumas espécies no Espinhaço.<br />

Exemplos mais óbvios seriam Anthophora paranensis,<br />

Augochloropsis iris, Bombus brasiliensis, Exomalopsis sp.n.,<br />

Pseudagapostemon anasimus e P. pruinosus). Um exemplo<br />

deste grupo descoberto mais recentemente (Stehmann<br />

& Semir, 2001) é Hexantheda missionica, única espécie<br />

de visitante floral e única polinizadora conhecida de<br />

Calibrachoa elegans (Solanaceae), espécie considerada<br />

ameaçada de extinção (Mendonça & Lins, 2000 – citada<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


160 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

como Petunia elegans). O número de espécies representantes<br />

do terceiro grupo, abelhas endêmicas das<br />

serranias do leste brasileiro, é mais restrito. Em nossa<br />

amostra, há pelo menos cinco exemplos potenciais –<br />

Centris (Trachina) rupestris, C. (Xanthemisia) sp.n.,<br />

Eufriesea nigrohirta, Melitoma sp.n. e Halictanthrena malpi<br />

hiacearum que ocorrem tanto na Cadeia do Espinhaço<br />

quanto em outras áreas de altitude nesta região, como<br />

as Serras da Canastra, Mantiqueira e do Caparaó. Finalmente,<br />

do quarto grupo (espécies comuns às áreas de<br />

altitude do sudeste e do planalto central), podemos<br />

citar apenas Megachile iheringi e Xylocopa truxali.<br />

Uma determinação mais precisa das espécies endêmicas<br />

de áreas de altitude ou, especialmente, endêmicas<br />

da Cadeia do Espinhaço, é dificultada pela deficiência<br />

no conhecimento taxonômico (evidenciada pelo grande<br />

número de espécies não identificadas) e sobre a distribuição<br />

geográfica das abelhas em geral.<br />

Além disso, entre as espécies apontadas como novas<br />

neste trabalho, há algumas que poderiam ser<br />

potencialmente endêmicas do Espinhaço. Porém, os<br />

registros são baseados em muito poucos exemplares<br />

(Callonichium, Protomeliturga, Caupolicana, Nomiocolletes<br />

etc), o que dificulta a determinação de sua distribuição.<br />

Caso semelhante é o de algumas espécies previamente<br />

descritas a partir de um pequeno número de<br />

exemplares restritos a uma única localidade do Espinhaço<br />

(Anthrenoides lavrensis – Lavras Novas; Austrostelis<br />

silveirai – Serra do Curral; Gaesischia caracicola – Serra<br />

do Caraça; Gaesischia cipoana e Larocanthidium spinosum<br />

– Serra do Cipó). Destas, apenas as duas últimas foram<br />

registradas, neste trabalho, em outras localidades aumentando<br />

as distribuições da porção sul do maciço<br />

Médio Espinhaço ao maciço Norte de Minas (Figura 1).<br />

A análise das distribuições geográficas das espécies<br />

de meliponíneos, não corrobora a existência de espécies<br />

de Meliponina endêmicas dos campos rupestres<br />

da Cadeia do Espinhaço, como havia sido sugerido anteriormente<br />

por Antonini (2005), mesmo quando se consideram<br />

os seus contrafortes em altitudes inferiores a<br />

800m. Melipona rufiventris, citada como exemplo de espécie<br />

endêmica do Espinhaço, distribui-se amplamente<br />

pelos cerrados de Minas Gerais ao sul do rio Paracatu,<br />

extravasando as fronteiras estaduais a oeste e ao sul<br />

(Melo, 2003). Além disto, aparentemente, ela jamais foi<br />

registrada acima de 800m de altitude no estado.<br />

Principais ameaças<br />

Entre as pressões antrópicas indicadas para a Cadeia<br />

do Espinhaço (Costa et al., 1998), a mineração, as queimadas,<br />

a expansão imobiliária, a agropecuária e os reflorestamentos<br />

representam ameaças à sobrevivência<br />

da fauna nativa de abelhas. A ocupação antrópica é<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

responsável pela destruição de substratos e sítios de<br />

nidificação (solo e vegetação) e pela eliminação de fontes<br />

de alimento e de materiais que as abelhas utilizam<br />

para construir seus ninhos (plantas floríferas). O turismo<br />

desordenado pode também contribuir para a<br />

degradação, devido ao pisoteamento de áreas de nidificação<br />

e de fontes de alimento (plantas herbáceas) e<br />

aumento da incidência de queimadas, além de criar<br />

novas rotas para a erosão do solo, com a abertura de<br />

trilhas em encostas íngremes.<br />

Um fator específico a se considerar seria o avanço<br />

da apicultura comercial com o uso da espécie exótica e<br />

invasora Apis mellifera (Apidae). Esta espécie foi observada<br />

em todas as áreas amostradas ao longo da Cadeia<br />

do Espinhaço. Embora os efeitos desta abelha sobre as<br />

comunidades nativas das várias regiões onde ela foi<br />

introduzida ainda sejam motivo de controvérsia (e.g.<br />

Butz Huryn, 1997; Moritz et al., 2005), evidências têm<br />

sido apresentadas de que ela pode afetar direta ou indiretamente<br />

as abelhas nativas (e.g. Kerns et al., 1998).<br />

Recentemente, vários trabalhos têm mostrado que colônias<br />

ferais e cultivadas de A. mellifera podem reduzir<br />

a fecundidade de outras abelhas (e.g. Paini & Roberts,<br />

2005) e diminuir a abundância e até extinguir as espécies<br />

nativas (Kato et al., 1999). Isto pode se dar pela<br />

simples redução da quantidade de recursos disponível<br />

nas flores ou pela interação, agressiva ou não, com<br />

outros insetos nas flores (e.g. Gross & Makay, 1998;<br />

Cairns et al., 2005). Esses riscos parecem ser maiores<br />

onde as populações de A. mellifera tornam-se muito grandes<br />

devido à instalação de apiários comerciais, quando<br />

o impacto sobre a disponibilidade de alimentos para<br />

outras espécies pode se tornar especialmente crítica<br />

(Forup & Memmott, 2005; Paini & Roberts, 2005). Este<br />

fato é aceito até por autores, como Moritz et al. (2005),<br />

que minimizam o impacto da introdução de A. mellifera<br />

sobre as abelhas nativas. Outros efeitos potenciais<br />

preocupantes desta espécie sobre os campos rupestres<br />

seriam na facilitação da disseminação de plantas exóticas<br />

invasoras (e.g. Hanley & Goulson, 2003; Goulson &<br />

Derwent, 2004) e a diminuição do sucesso reprodutivo<br />

de plantas nativas (e.g. Gross & Makay, 1998; Hansen et<br />

al., 2002; Kato & Kawakita, 2004).<br />

Um caso específico deste último efeito foi registrado<br />

em uma planta nativa da Cadeia do Espinhaço, Clusia<br />

arrudae (Clusiaceae). Carmo et al. (2004) demonstraram<br />

que as operárias da abelha melífera retiram praticamente<br />

todo o pólen das flores masculinas desta planta, impedindo<br />

que a espécie polinizadora (Eufriesea nigrohirta)<br />

polinize efetivamente as flores femininas. Isto causaria<br />

uma redução do sucesso reprodutivo da planta, que produziria<br />

menos sementes por fruto quando as flores<br />

masculinas estão sendo intensamente visitadas pelas


operárias de Apis. Além do impacto direto sobre outras<br />

abelhas não polinizadoras que utilizam o pólen de C.<br />

arrudae como alimento, a A. mellifera poderia, a longo<br />

prazo, reduzir a população da planta que, além de fonte<br />

de pólen para várias espécies nativas, é fonte de resina<br />

(material de construção de ninho) para sua polinizadora,<br />

E. nigrohirta.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A fauna de abelhas dos campos rupestres do Espinhaço,<br />

bem como de outras formações campestres altimontanas,<br />

é representada por uma baixa abundância das<br />

populações e elevado número de espécies raras. Por<br />

isto, embora a vegetação campestre ofereça maior facilidade<br />

à amostragem, em relação a ambientes florestais,<br />

grandes esforços de coleta ainda serão necessários<br />

para que sua fauna de abelhas seja bem caracterizada<br />

e distinguida daquelas dos ambientes vizinhos<br />

(Mata Atlântica, Cerrado e a Caatinga).<br />

As faunas de abelhas, nos domínios da Mata Atlântica<br />

(e.g. Cure et al., 1992, 1993; Silveira et al., 2003) e<br />

Cerrado (e.g. Silveira & Campos, 1995; Carvalho & Bego,<br />

1996; Azevedo, 2002) são relativamente homogêneas,<br />

apresentando, ainda, muitos elementos em comum,<br />

pelo menos até altitudes entre 800 m e 1000 m (Silveira<br />

& Cure, 1993). Assim, nesta faixa mais baixa, não se<br />

espera encontrar nenhum elemento característico ou<br />

endêmico da Cadeia do Espinhaço. Pode ser que a composição<br />

da fauna de abelhas do Espinhaço no Norte de<br />

Minas e Chapada Diamantina seja influenciada, ainda,<br />

pela Caatinga, que, porém, tem sua fauna ainda pouco<br />

estudada (Zanella, 2000; Martins, 2002).<br />

Mas, mesmo em áreas mais elevadas, muitas espécies<br />

podem utilizar os campos rupestres apenas como<br />

sítio complementar de forrageamento. Assim, por exemplo,<br />

Bombus brasiliensis normalmente nidifica sob a<br />

serrapilheira das matas (Laroca, 1972). Nas áreas altas<br />

do Espinhaço e de outras serras do sudeste brasileiro,<br />

provavelmente nidifica nas estreitas matas de galeria<br />

que sobem as ravinas, acompanhando os cursos de água,<br />

sendo encontrada, entretanto, coletando pólen e néctar<br />

nas flores dos campos rupestres.<br />

Ressalta-se, assim, a necessidade de se conhecer os<br />

hábitos de vida (locais de nidificação e fontes alimentares)<br />

das espécies em geral para determinar quais espécies seriam<br />

encontradas exclusivamente nos campos rupestres.<br />

Faltam dados, entretanto, para uma análise mais precisa<br />

desta questão. A coleta criteriosa de dados sobre os ambientes<br />

em que cada abelha for registrada poderá nos<br />

possibilitar fazer associações mais precisas entre características<br />

ambientais e a presença de cada espécie.<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 161<br />

FIGURA 2 – – Efeito do esforço amostral estimado (a - - como o<br />

número de indivíduos capturados; b - - - como número de horas<br />

de coleta) sobre o número de espécies registrado na fauna<br />

local de várias localidades na Cadeia do Espinhaço.<br />

FIGURA 3 - - Curva para as riquezas esperadas de espécies de<br />

abelhas a partir das amostras obtidas em várias localidades<br />

na Cadeia do Espinhaço (obtida pelo método de Jacknife).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


162 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

TABELA 1 – Espécies de abelhas e localidades onde foram registradas na Cadeia do Espinhaço.<br />

As fontes dos registros de ocorrência encontram-se entre parênteses após cada localidade. COLEÇÕES CIENTÍFICAS: DZUP<br />

(Coleção Entomológica “Padre J. S. Moure”, Universidade Federal do Paraná); MZUEFS (Museu de Zoologia da Universidade<br />

Estadual de Feira de Santana); MZUSP (Museu de Zoologia da USP); <strong>UFMG</strong> (Universidade Federal de Minas Gerais); e UFV<br />

UFV<br />

(Museu de Entomologia, Universidade Federal de Viçosa); LITERATURA: número e referência citada ao pé da tabela; A ausência<br />

destas referências significa que todos os registros foram obtidos na coleção da <strong>UFMG</strong>. EXPEDIÇÕES A CAMPO: tratam-se das<br />

coletas de dados primários obtidos durante este projeto entre outubro de 2004 e maio de 2006.<br />

As localidades da Bahia estão representadas por nomes de municípios (Mucugê, Morro do Chapéu), serras (Brejões, Esbarrancado,<br />

Sincorá) e região geográfica (Pico das Almas), e em Minas Gerais estão representadas por municípios (Botumirim, Diamantina,<br />

Itacambira, Ouro Preto), distritos (Lavras Novas – Ouro Preto; Curimataí – Buenópolis), serras (Ambrósio, Cabral, Cachimbo,<br />

Caraça, Cipó, Curral, Moeda, Ouro Branco, Talhado) e Parques Estaduais (Bibibiri, Grão Mogol, Itacolomi, Pico do Itambé, Rio<br />

Preto, Serra do Rola Moça). A localização e outras informações sobre os pontos de amostragem encontram-se na Figura 1.<br />

Para construir a tabela abaixo, os exemplares obtidos de várias localidades e depositados na <strong>UFMG</strong> foram comparados com os<br />

exemplares obtidos nas campanhas de coleta do projeto, de forma a homogeneizar as suas identificações. O número total de<br />

espécies não identificadas em cada gênero foi estimado subtraindo-se o número de espécies identificadas no gênero do maior<br />

número de espécies não identificadas encontrado em uma única localidade. Em muitos casos esses valores devem subestimar a<br />

riqueza em espécies desses gêneros na Cadeia do Espinhaço.<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

Andrenidae<br />

01<br />

Oxaeinae<br />

Oxaea flavescens Klug, 1807 Curral, Cipó, Ouro Preto (3), Biribiri, Itacambira,<br />

Sincorá (MZUEFS) Esbarrancado, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

02 Oxaea schwarzi Moure & Seabra, 1962<br />

Panurginae<br />

Calliopsini<br />

Itacambira<br />

03 Acamptopoeum prinii (Holmberg, 1884) Caraça, Lavras Novas (10, UFV), Moeda Itacolomi, Rola Moça<br />

04 Callonichium sp. n. 01 Pico das Almas<br />

05 Callonichium sp. n. 02 Diamantina (DZUP) Rio Preto<br />

Protandrenini<br />

06 Antrenoides alfkeni Ducke, 1907 Ouro Preto (3)<br />

07 Anthrenoides lavrensis Urban, 2007 Lavras Novas (10, como<br />

Anthrenoides sp.; 23; DZUP)<br />

08 Anthrenoides pinhalensis Urban, 2005 Curral<br />

09 Anthrenoides sp. 01 Itacambira<br />

10 Anthrenoides sp. 02 Rio Preto<br />

11 Anthrenoides sp. 03 Caraça Rola Moça<br />

12 Chaeturginus alexanderi Ruz & Melo, 1999 Curral<br />

13 Parapsaenythia serripes (Ducke, 1908) Caraça<br />

14 Psaenythia capito Gerstaecker, 1868 Caraça<br />

15 Psaenythia sp. 01 Lavras Novas (10, UFV; DZUP)<br />

16 Psaenythia sp. 02 Moeda<br />

17 Psaenythia sp. 03 Itacambira<br />

18 Psaenythia sp. 04 Biribiri<br />

19 Psaenythia sp. 05 Pico das Almas<br />

20 Rhophitulus anomalus (Moure & Oliveira, 1962)<br />

21 Rhophitulus friesei Ducke, 1907 Curral<br />

22<br />

23<br />

Rophitulus spp. (duas espécies) Curral<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

Protomeliturgini<br />

24 Protomeliturga sp. n. Itacambira<br />

Apidae<br />

Apínae<br />

25<br />

Anthophorini<br />

Anthophora (Mystacanthophora) paranensis<br />

Holmberg, 1903<br />

Apini<br />

Bombina<br />

Caraça (DZUP), Ouro Preto (3; UFV)<br />

26 Bombus (Fervidobombus) atratus Franklin, 1913 Curral, Caraça (11; <strong>UFMG</strong>), Cipó Botumirim, Biribiri, Grão<br />

Nota: é possível que entre o material examinado (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro Branco (3), Mogol, Itacambira,<br />

da Bahia, existam exemplares de B. brevivillus Lavras Novas (10, UFV); Ouro Preto Esbarrancado, Itacolomi,<br />

(a distribuição geográfica se sobrepõe e é de (<strong>UFMG</strong>; 3), Ambrósio, Pico do Itambé, Pico das Almas, Rola Moça,<br />

difícil separação). Moeda , Sincorá (2, como Bombus sp.) Rio Preto, Cabral, Talhado<br />

27 Bombus (Fervidobombus) brasiliensis Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Ouro Preto (3), Itacolomi, Rola<br />

Lepeletier, 1836 Moeda Moça, Rio Preto<br />

28 Bombus (Fervidobombus) brevivillus Franklin, 1913 Sincorá (2), Brejões (16)<br />

29 Bombus (Fervidobombus) morio (Swederus, 1787) Curral, Caraça (11; <strong>UFMG</strong>), Cipó Grão Mogol, Itacambira,<br />

(9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro Branco (3), Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Lavras Novas (10, UFV); Ouro Preto<br />

(3; <strong>UFMG</strong>), Moeda<br />

Rio Preto, Cabral<br />

30<br />

Euglossina<br />

Eufriesea nigrohirta (Friese, 1899) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó Grão Mogol, Esbarrancado,<br />

(9, como Euplusia nigrohirta; <strong>UFMG</strong>), Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Lavras Novas (10, UFV), Sincorá (2),<br />

Brejões (16), Pico do Itambé, Moeda<br />

Rio Preto<br />

31 Eufriesea violacea (Blanchard, 1840) Cabral<br />

32 Eufriesea spp. (duas espécies) Cipó (9, como auriceps e como sp. n), Grão Mogol, Esbarrancado,<br />

33 Brejões (16) Pico das Almas, Rio Preto<br />

34 Euglossa (Euglossa) cordata (Linnaeus, 1758) Brejões (af., 16)<br />

35 Euglossa (Euglossa) fimbriata Rebêlo & Moure, 1995 Caraça, Rio Preto (13)<br />

36 Euglossa (Euglossa) leucotricha Caraça, Cipó Grão Mogol, Itacambira,<br />

Rebêlo & Moure, 1996 Esbarrancado, Pico das<br />

Almas, Talhado, Cabral<br />

37 Euglossa (Euglossa) melanotricha Moure, 1967 Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Rio Preto (13), Itacambira, Esbarrancado,<br />

Moeda Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Cabral<br />

? Euglossa (Euglossa) modestior Dressler, 1982 Lavras Novas (10, UFV).<br />

Nota: Deve tratar-se de um erro de<br />

identificação, pois é uma espécie<br />

de distribuição amazônica.<br />

38 Euglossa (Euglossa) securigera Dressler, 1982 Caraça, Cipó (9)<br />

39 Euglossa (Euglossa) truncata Rebêlo & Moure, 1996 Caraça, Rio Preto (13)<br />

40 Euglossa (Glossura) annectans Dressler, 1982 Caraça Cabral<br />

41 Euglossa (Glossura) imperialis Cockerell, 1922 Rio Preto (13)<br />

? Euglossa sp. Sincorá (2), Ouro Branco (3)<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 163<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


164 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

42 Eulaema (Apeulaema) cingulata (Fabricius, 1804) Caraça Esbarrancado<br />

43 Eulaema (Apeulaema) nigrita Lepeletier, 1841 Curral, Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Cipó Grão Mogol, Esbarrancado,<br />

(9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Branco (3), Ouro Preto Pico das Almas, Rola Moça,<br />

(UFV; 3), Brejões (16), Rio Preto (13) Rio Preto, Cabral<br />

? Eulaema sp. Brejões (16)<br />

Meliponina<br />

44 Cephalotrigona capitata (Smith, 1854) Curral, Caraça Rola Moça<br />

45 Friesella schrottkyi (Friese, 1900) Curral, Caraça Itacambira, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

46 Frieseomelitta doederleini (Friese, 1900) Cipó (9, como cf. flavicornis; <strong>UFMG</strong>) Rio Preto, Cabral<br />

47 Frieseomelitta francoi (Moure, 1946) Sincorá (2), Brejões (16) Esbarrancado<br />

48 Frieseomelitta languida Moure, 1990 Rio Preto<br />

49 Frieseomelitta varia (Lepeletier, 1836) Cipó (9) Curimataí, Rio Preto, Cabral<br />

50 Geotrigona subterranea (Friese, 1901) Curral, Caraça (<strong>UFMG</strong>; DZUP; 6), Cipó Biribiri, Itacambira,<br />

(6; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Lavras Novas Esbarrancado, Itacolomi,<br />

(10, UFV), Ouro Preto (<strong>UFMG</strong>; 6), Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Brejões (16), Moeda Rio Preto, Cabral<br />

? Geotrigona sp. Cipó (9, como sp.n.), Ouro Branco (3)<br />

51 Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) Curral, Caraça, Cipó (9), Cachimbo Grão Mogol, Pico das Almas,<br />

Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

52 Melipona (Eomelipona) bicolor Lepeletier, 1836 Curral, Caraça (<strong>UFMG</strong>; MZUSP,<br />

como M. nigra), Ouro Branco (3)<br />

53 Melipona (Melikerria) quinquefasciata Cipó (9, UFV; <strong>UFMG</strong>), Diamantina (14), Grão Mogol, Itacambira,<br />

Lepeletier, 1836 Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Novas (10, UFV), Ouro Preto (3), Moeda Rio Preto, Cabral<br />

54 Melipona (Melipona) quadrifasciata Caraça, Cipó (9), Cachimbo, Lavras Itacambira, Pico das Almas,<br />

Lepeletier, 1836 Novas (10, UFV), Ouro Preto (<strong>UFMG</strong>; 3),<br />

Brejões (16), Ambrósio, Pico do Itambé Rio Preto, Cabral<br />

55 Melipona (Michmelia) scutellaris<br />

Latreille, 1811<br />

Brejões (16)<br />

56 Nannotrigona testaceicornis (Lepeletier, 1836) Curral Grão Mogol, Itacambira,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

57 Oxytrigona tataira (Smith, 1863) Grão Mogol, Rio Preto, Cabral<br />

58 Paratrigona lineata (Lepeletier, 1836) Curral, Cipó (5; 9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Curimataí, Biribiri, Grão<br />

Ouro Branco (3), Lavras Novas Mogol, Itacambira, Rola Moça,<br />

(10, UFV), Ouro Preto (3), Moeda Rio Preto, Talhado, Cabral<br />

59 Paratrigona subnuda Moure, 1947 Curral, Caraça, Cachimbo, Ouro<br />

Branco (3), Ouro Preto (<strong>UFMG</strong>; 3; 5),<br />

Ambrósio, Pico do Itambé<br />

Itacolomi, Rola Moça<br />

60 Partamona criptica Pedro & Camargo, 2003 Caraça (MZUSP)<br />

61 Partamona spp. (pelo menos 2 espécies) Caraça Grão Mogol, Itacambira,<br />

62 Rio Preto, Cabral<br />

63 Plebeia droryana (Friese, 1900) Curral, Cipó, Cachimbo, Pico do<br />

Itambé, Moeda<br />

Rola Moça<br />

64 Plebeia remota (Holmberg, 1903) Caraça (DZUP, <strong>UFMG</strong>)<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

65 Plebeia sp. 01 Grão Mogol, Itacambira,<br />

Pico das Almas<br />

66 Plebeia sp. 02 Grão Mogol, Cabral<br />

67 Plebeia sp. 03 Itacolomi<br />

? Plebeia sp. Brejões (16)<br />

68 Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Caraça Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />

69 Scaptotrigona xanthotricha Moure, 1950 Caraça, Cipó, Moeda<br />

70 Scaura atlantica Melo, 2004 Talhado<br />

71 Schwarziana quadripunctata (Lepeletier, 1836) Caraça, Cipó (9) Itacolomi, Cabral<br />

72 Schwarzula timida (Silvestri, 1902) Curimataí<br />

73 Tetragona clavipes (Fabricius, 1804) Moeda Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

74 Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) Curral, Ouro Preto (3) Grão Mogol, Itacambira,<br />

Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

75 Trigona fulviventris Guérin, 1835 Curral, Caraça, Ouro Preto (3), Itacolomi, Rola Moça,<br />

Pico do Itambé Rio Preto<br />

76 Trigona fuscipennis Friese, 1900 Botumirim, Cabral, Itacambira<br />

77 Trigona hyalinata Lepeletier, 1836 Caraça (DZUP), Cipó, Ouro Branco (3), Rola Moça, Rio Preto,<br />

Lavras Novas (10, UFV); Ouro Preto<br />

(<strong>UFMG</strong>; 3), Pico do Itambé<br />

Cabral, Talhado<br />

78 Trigona recursa Smith, 1863 Grão Mogol, Cabral<br />

79 Trigona spinipes (Fabricius, 1793) Curral, Caraça, Cipó (9; UFV), Biribiri, Grão Mogol,<br />

Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras Itacambira, Itacolomi,<br />

Novas (10, UFV), Ouro Preto (3), Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Sincorá (2), Brejões (16) Rio Preto, Cabral, Talhado<br />

80 Trigona truculenta Almeida, 1984 Cipó Cabral<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 165<br />

? Trigona sp. Ouro Branco (3)<br />

81 Trigonisca intermedia Moure, 1990<br />

Centridini<br />

Curimataí, Pico das Almas,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

82 Centris (Centris) aenea Lepeletier, 1841 Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Mucugê (MZUSP), Curimataí, Biribiri, Grão<br />

Ouro Branco (3), Ouro Preto (3), Mogol, Itacambira, Pico<br />

Brejões (16), Moeda das Almas, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral,<br />

83 Centris (Centris) caxiensis Ducke, 1907 Grão Mogol, Esbarrancado,<br />

Talhado, Cabral<br />

84 Centris (Centris) flavifrons Fabricius, 1775 Mucugê (MZUSP) Pico das Almas<br />

85 Centris (Centris) nitens Lepeletier, 1841 Diamantina (UFV), Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Curimataí, Biribiri,<br />

Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />

Esbarrancado, Rio Preto,<br />

Cabral<br />

86 Centris (Centris) obscurior Michener, 1954 Moeda Curimataí, Grão Mogol,<br />

Itacambira, Esbarrancado,<br />

Pico das Almas, Rio Preto,<br />

Cabral<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


166 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

87 Centris (Centris) spilopoda Moure, 1969 Cipó (9), Sincorá (2) Curimataí, Itacambira,<br />

Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

88 Centris (Centris) varia (Erichson, 1848) Curral, Caraça, Cipó, Ouro Branco (3), Grão Mogol, Itacolomi,<br />

Ouro Preto (3), Moeda Rola Moça, Rio Preto<br />

89 Centris (Centris) sp. 01 Itacambira, Rola Moça,<br />

Rio Preto<br />

90 Centris (Centris) sp. 02 Curral<br />

? Centris (Centris) sp. Cipó Rio Preto<br />

91 Centris (Hemisiella) tarsata Smith, 1874 Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó Botumirim, Curimataí,<br />

(9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro Branco (3), Biribiri, Grão Mogol,<br />

Ouro Preto (3), Brejões (16), Moeda, Itacambira, Esbarrancado,<br />

Sincorá (MZUEFS) Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral, Talhado<br />

92 Centris (Hemisiella) trigonoides Lepeletier, 1841 Curral, Cipó, Moeda Botumirim, Curimataí,<br />

Grão Mogol, Itacambira,<br />

Rio Preto, Talhado<br />

93 Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier, 1841 Curral<br />

94 Centris (Hemisiella) sp. 01 Moeda<br />

95 Centris (Hemisiella) sp. 02 Rio Preto<br />

96 Centris (Heterocentris) analis (Fabricius, 1804) Cachimbo, Moeda Curimataí, Grão Mogol,<br />

Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

97 Centris (Heterocentris) sp. n. Curral<br />

98 Centris (Melacentris) collaris Lepeletier, 1841 Curral, Moeda<br />

99 Centris (Melacentris) confusa Moure, 1960 Curral, Cachimbo, Moeda<br />

100 Centris (Melacentris) conspersa Mocsáry, 1899 Caraça, Moeda<br />

101 Centris (Melacentris) dimidiata (Olivier, 1789) Caraça<br />

102 Centris (Melacentris) dorsata Lepeletier, 1841 Caraça (MZUSP), Cipó (9) Biribiri<br />

103 Centris (Melacentris) fluviatilis (Friese, 1904) Cipó Grão Mogol<br />

104 Centris (Melacentris) lateritia Friese, 1899 Biribiri, Grão Mogol,<br />

105 Nota: provavelmente trata-se de duas espécies Itacambira, Cabral<br />

106 Centris (Melacentris) obsoleta Lepeletier, 1841 Pico das Almas<br />

107 Centris (Melacentris) violacea Lepeletier, 1841 Curral, Cachimbo, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>; UFV),<br />

Moeda<br />

Itacambira, Rio Preto<br />

108 Centris (Melacentris) xanthocnemis (Perty, 1833) Curral Grão Mogol, Pico das Almas<br />

109 Centris (Paracentris) burgdorfi Friese, 1900 Curral, Cipó Biribiri, Rio Preto, Cabral<br />

110 Centris (Paracentris) klugii Friese, 1899 Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Diamantina Itacambira, Esbarrancado,<br />

(UFV), Ouro Branco (3), Moeda Itacolomi, Pico das Almas,<br />

Rio Preto<br />

111 Centris (Paracentris) xanthomelaena<br />

Moure & Castro, 2001<br />

Botumirim<br />

112 Centris (Ptilotopus) atra Friese, 1900 Cipó Cabral<br />

113 Centris (Ptilotopus) denudans Lepeletier, 1841 Cipó<br />

114 Centris (Ptilotopus) moerens (Perty, 1833) Cipó<br />

115 Centris (Ptilotopus) scopipes Friese, 1899 Curral, Ouro Branco (3), Moeda Itacambira, Rola Moça<br />

116 Centris (Ptilotopus) sponsa Smith, 1854 Mucugê (MZUSP) Pico das Almas<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

117 Centris (Trachina) spp. grupo fuscata Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Branco (3), Biribiri, Grão Mogol,<br />

Lepeletier, 1841 Sincorá (2), Brejões (16), Moeda Itacambira, Esbarrancado,<br />

Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral, Talhado<br />

118 Centris (Trachina) longimana Fabricius, 1804 Talhado<br />

119 Centris (Trachina) machadoi<br />

Azevedo & Silveira, 2005<br />

Rio Preto (4) Esbarrancado, Itacambira<br />

120 Centris (Trachina) rupestris Cipó (4), Moeda (DZUP; <strong>UFMG</strong>; 4), Biribiri, Grão Mogol,<br />

Azevedo & Silveira, 2005 Rio Preto (4), Morro do Chapéu (DZUP) Cabral , Itacambira<br />

121 Centris (Trachina) similis (Fabricius, 1804) Cipó<br />

? Centris (Trachina) sp. Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9, como Centris sp.1),<br />

Lavras Novas (10, UFV, como<br />

Centris sp.1)<br />

122 Centris (Xanthemisia) bicolor Lepeletier, 1841 Caraça (MZUSP); Cipó, Ouro Branco (3), Biribiri, Grão Mogol,<br />

Ouro Preto (3), Brejões (16), Moeda Itacambira, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

123 Centris (Xanthemisia) lutea Friese, 1899 Caraça (MZUSP), Cipó (af, 9), Moeda Grão Mogol, Rola Moça, Cabral<br />

124 Centris (Xanthemisia) sp. n. Curral, Cipó, Ouro Branco (3), Moeda Biribiri, Itacambira,<br />

Esbarrancado, Pico das<br />

Almas, Rola Moça, Cabral<br />

? Centris spp. Ouro Branco (3), Ouro Preto (3)<br />

125 Epicharis (Anepicharis) dejeanii Lepeletier, 1841 Cipó, Diamantina (UFV), Ouro<br />

Branco (3), Ambrósio, Moeda<br />

Itacambira<br />

126 Epicharis (Cyphepicharis) sp. Ouro Branco (3)<br />

127 Epicharis (Epicharana) flava (Friese, 1900) Curral, Cipó, Ouro Branco (3), Grão Mogol, Pico das Almas,<br />

Brejões (16) Rola Moça, Cabral<br />

128 Epicharis (Epicharis) bicolor Smith, 1854 Cipó, Brejões (16) Biribiri, Grão Mogol,<br />

Itacolomi, Pico das Almas,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

129 Epicharis (Epicharitides) cockerelli (Friese, 1900) Curral, Diamantina (UFV) Rola Moça<br />

130 Epicharis (Epicharitides) iheringi Friese, 1899 Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9), Diamantina (UFV),<br />

Lavras Novas (10, UFV)<br />

Biribiri, Itacambira, Cabral<br />

131 Epicharis (Epicharoides) picta (Smith, 1874) Cipó, Ouro Branco (3, como grandior) Rio Preto<br />

132 Epicharis (Epicharoides) xanthogastra<br />

(Moure & Seabra, 1959)<br />

Grão Mogol<br />

133 Epicharis (Epicharoides) sp. Cipó Itacambira, Rio Preto<br />

134 Epicharis (Triepicharis) analis (Friese, 1899) Cipó (9, como schrottkyi;<strong>UFMG</strong>), Itacambira, Pico das Almas,<br />

Ouro Branco (3, como schrottkyi) Cabral<br />

? Epicharis spp. Ouro Preto (3)<br />

Emphorini<br />

135 Ancyloscelis apiformis (Fabricius, 1793) Cipó<br />

136 Ancyloscelis sp. 01 Caraça<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 167<br />

137 Ancyloscelis sp. 02 Cachimbo, Moeda<br />

138 Melitoma segmentaria (Fabricius, 1804) Caraça (DZUP, <strong>UFMG</strong>), Cipó, Itacambira, Itacolomi,<br />

Ouro Branco (3), Moeda Rio Preto<br />

139 Melitoma sp. n. Caraça (DZUP; <strong>UFMG</strong>), Moeda (<strong>UFMG</strong>) Itacolomi<br />

140 Melitoma sp. (pelo menos uma espécie) Cipó (9) Rio Preto<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


168 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

Ericrocidini<br />

141 Acanthopus excellens Schrottky, 1902 Itacambira, Rola Moça<br />

142 Ctenioschelus goryi (Romand, 1840) Cipó Grão Mogol, Pico das Almas,<br />

Rio Preto<br />

143 Cyphomelissa diabólica (Friese, 1900) Cachimbo<br />

144 Eurytis funereus Smith, 1874 Cipó (9, como Hopliphora funereus), Biribiri, Pico das Almas,<br />

Lavras Novas (10, UFV) Cabral<br />

145 Mesocheira bicolor (Fabricius, 1804) Cipó, Moeda Curimataí, Biribiri,<br />

Rola Moça, Rio Preto<br />

146 Mesonychium asteria (Smith, 1854) Curimataí, Grão Mogol,<br />

Itacambira, Cabral<br />

147 Mesonychium caerulescens Cipó (9; <strong>UFMG</strong>) Biribiri, Itacambira,<br />

Lepeletier & Serville, 1825 Rio Preto, Cabral<br />

148 Mesonychium littoreum Moure, 1944 Cipó (9)<br />

149 Mesonichium sp. Biribiri, Cabral<br />

150 Mesoplia (Eomelissa) friesei (Ducke, 1902) Cipó Rio Preto<br />

151 Mesoplia (Mesoplia) regalis (Smith, 1854) Grão Mogol<br />

152 Mesoplia (Mesoplia) rufipes (Perty, 1833)<br />

Eucerini<br />

Cipó Biribiri, Itacambira,<br />

Esbarrancado, Pico das<br />

Almas, Rola Moça, Cabral<br />

153 Florilegus (Euflorilegus) fulvipes (Smith, 1854) Itacambira<br />

154 Florilegus (Floriraptor) melectoides (Smith, 1879) Itacambira, Cabral<br />

155 Gaesischia anthidioides Urban, 1968 Moeda (DZUP)<br />

156 Gaesischia caracicola Urban, 2007 Caraça (<strong>UFMG</strong>; 24)<br />

157 Gaesischia cipoana Urban, 2007 Cipó (<strong>UFMG</strong>; 24) Itacambira<br />

158 Gaesischia flavoclypeata Michener,<br />

LaBerge & Moure, 1955<br />

Curral, Caraça<br />

159 Gaesischia nigra Moure (in Urban, 1968) Cipó (9) Rola Moça<br />

160 Gaesischia patellicornis (Ducke, 1910) Itacambira<br />

161 Melissodes (Ecplectica) nigroaenea (Smith, 1854) Moeda, Ouro Preto (3)<br />

162 Melissodes (Ecplectica) sexcincta (Lepeletier, 1841) Curral, Caraça, Moeda<br />

163 Melissoptila aureocincta Urban, 1968 Caraça Pico das Almas<br />

164 Melissoptila cnecomola (Moure, 1944) Ouro Preto (3)<br />

165 Melissoptila paranaensis Urban, 1998 Ouro Preto (20)<br />

166 Melissoptila pubescens (Smith, 1879) Curral<br />

167 Melissoptila richardiae Bertoni & Schrottky, 1910 Itacambira<br />

168 Melissoptila tandilensis Holmberg, 1884 Lavras Novas (10, UFV)<br />

169 Melissoptila vulpecula Bertoni & Schrottky, 1910 Curral Rola Moça<br />

170 Melissoptila sp. (pelo menos uma espécie) Sincorá (2) Rio Preto<br />

171 Santiago mourei Urban, 1989 Rio Preto<br />

172 Thygater (Thygater) analis (Lepeletier, 1841) Cipó, Ouro Branco (3), Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />

Esbarrancado, Pico das<br />

Almas, Rola Moça, Cabral<br />

? Thygater sp. Ouro Branco (3)<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

173<br />

Exomalopsini<br />

Exomalopsis (Exomalopsis) analis Spinola, 1853 Curral, Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Cipó, Itacambira, Esbarrancado,<br />

Moeda, Sincorá (MZUEFS) Rola Moça, Rio Preto<br />

174 Exomalopsis (Exomalopsis) auropilosa Curral, Cipó, Cachimbo, Ouro Branco (3), Curimataí, Itacambira,<br />

Spinola, 1853 Lavras Novas (10, UFV), Moeda Rola Moça, Rio Preto<br />

175 Exomalopsis (Exomalopsis) campestris<br />

Silveira, 1996<br />

Cabral<br />

176 Exomalopsis (Exomalopsis) fernandoi<br />

Moure, 1990<br />

Pico das Almas<br />

177 Exomalopsis (Exomalopsis) fulvofasciata Grão Mogol, Itacambira,<br />

Smith, 1879 Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

178 Exomalopsis (Exomalopsis) cf. subtilis<br />

Timberlake, 1980<br />

Curral<br />

179 Exomalopsis (Exomalopsis) cf. tomentosa<br />

Friese, 1899<br />

Cachimbo<br />

180 Exomalopsis (Exomalopsis) ypirangensis<br />

Schrottky, 1910<br />

Cabral<br />

? Exomalopsis (Exomalopsis) sp. Cipó (9) Cabral<br />

181 Exomalopsis (Phanomalopsis) sp. n. Caraça Itacambira<br />

? Exomalopsis spp.<br />

Isepeolini<br />

Ouro Branco (3), Ouro Preto (3)<br />

182 Isepeolus viperinus (Holmberg, 1886) Itacambira<br />

Osirini<br />

183 Osirinus rufricus Melo & Zanella, 2003 Lavras Novas (10, DZUP)<br />

184 Osirinus sp. Itacambira<br />

185 Osiris variegatus Smith, 1854 Caraça (15, MZUSP)<br />

185<br />

a<br />

188<br />

Osiris spp. (pelo menos 3 espécies) Curral<br />

189 Parepeolus sp. Curral<br />

190 Protosiris caligneus (Shanks, 1986)<br />

Rhathymini<br />

Caraça (15, como Osiris caligneus,<br />

MZUSP)<br />

191 Rhathymus sp. Grão Mogol<br />

Tapinotaspidini<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 169<br />

192 Arhyzoceble dichroopoda Moure, 1948 Curral Rola Moça<br />

193 Arhyzoceble sp. Curral, Cipó (9, como cf. huberi), Itacambira, Pico das Almas,<br />

Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras<br />

Novas (10, UFV, como dichroopoda),<br />

Moeda<br />

Rola Moça, Rio Preto<br />

194 Chalepogenus sp. Cachimbo<br />

195 Lophopedia nigrispinis (Vachal,1909) Pico das Almas<br />

196 Lophopedia pygmaea (Schrottky, 1902) Curral, Caraça, Ambrósio Rola Moça<br />

197 Lophopedia sp. (pelo menos uma espécie) Curral, Cipó (9), Lavras Novas<br />

(10, UFV)<br />

Rola Moça, Rio Preto<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


170 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

198 Monoeca pluricincta (Vachal, 1909) Lavras Novas (10, UFV), Moeda Itacambira<br />

199 Monoeca sp. 01 Cipó<br />

200 Monoeca sp. 02 Moeda<br />

201 Monoeca sp. 03 Cipó Rola Moça, Rio Preto<br />

202 Monoeca sp. 04 Itacambira<br />

203 Monoeca sp. 05 Rola Moça<br />

204 Monoeca sp. 06 Curimataí, Biribiri, Itacambira<br />

205 Monoeca sp. 07 Cipó, Moeda Rio Preto<br />

206 Monoeca sp. 08 Rio Preto<br />

207 Monoeca sp. 09 Curral<br />

208 Monoeca sp. 10 Caraça (MZUSP)<br />

209 Monoeca sp. 11 Caraça (MZUSP)<br />

210 Monoeca sp. 12 Cipó (af. brasiliensis, DZUP)<br />

? Monoeca sp. Ouro Branco (3), Lavras Novas (10, UFV)<br />

211 Paratetrapedia fervida (Smith, 1879) Curral, Caraça (MZUSP)<br />

212 Paratetrapedia lugubris (Cresson, 1878) Rola Moça<br />

213 Paratetrapedia volatilis (Smith, 1879) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>) Itacolomi<br />

214 Paratetrapedia sp. n. Curral, Caraça (MZUSP), Cachimbo, Curimataí, Itacambira,<br />

Moeda Esbarrancado, Pico das<br />

Almas, Rola Moça, Cabral<br />

? Paratetrapedia sp. Ouro Branco (3), Lavras Novas<br />

(10, UFV), Ouro Preto (3)<br />

215 Tapinotaspoides serraticornis (Friese, 1899) Cipó (<strong>UFMG</strong>; DZUP), Diamantina (DZUP) Biribiri, Grão Mogol,<br />

Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />

? Tapinotaspoides sp. Ouro Branco (3)<br />

216 Trigonopedia glaberrima (Friese, 1899) Lavras Novas (10, UFV)<br />

217 Trigonopedia oligotricha Moure, 1941 Cipó (9)<br />

218 Trigonopedia spp. (pelo menos 3 espécies) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó, Curimataí, Grão Mogol,<br />

219 Cachimbo, Moeda Pico das Almas, Rola Moça,<br />

220 Rio Preto<br />

221 Tropidopedia caracicola Aguiar & Melo, 2007 Caraça (<strong>UFMG</strong>; 1)<br />

222 Tropidopedia carinata Aguiar & Melo, 2007 Cachimbo, Moeda, Lavras Novas (1) Rio Preto<br />

223 Tropidopedia flavolineata Aguiar & Melo, 2007 Rio Preto<br />

224 Tropidopedia nigrita Aguiar & Melo, 2007 Caraça (1), Cipó (1)<br />

225 Tropidopedia nigrocarinata Aguiar & Melo, 2007 Rola Moça<br />

226 Tropidopedia punctifrons (Smith, 1879) Cipó Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

227 Xanthopedia iheringii (Friese, 1899) Caraça (MZUSP), Lavras Novas<br />

(af. tricolor 10, UFV), Moeda<br />

Rola Moça, Rio Preto<br />

228 Xanthopedia larocai (Moure, 1995) Rola Moça<br />

229 Xanthopedia sp. 01 Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó, Itacambira, Grão Mogol,<br />

Cachimbo, Moeda Esbarrancado, Pico das<br />

Almas, Rola Moça, Rio Preto<br />

230 Xanthopedia sp. 02 Curral, Caraça, Cipó, Cachimbo, Moeda<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

? Xanthopedia sp. Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV)<br />

231 Gênero n. Cipó (DZUP) Rio Preto<br />

Tetrapedini<br />

232 Coelioxyoides sp. Caraça<br />

233 Tetrapedia spp. (pelo menos 8 espécies) Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Biribiri, Grão Mogol,<br />

a Branco (3), Lavras Novas (10, UFV), Itacambira, Pico das Almas,<br />

240 Pico do Itambé, Moeda Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

NomadinaeE<br />

Epeolini<br />

241 Triepeolus nobilis (Friese, 1908) Caraça (MZUSP)<br />

Nomadini<br />

242 Nomada cf. polybioides Ducke, 1908 Curral<br />

243 Nomada sp. Curral<br />

Xylocopinae<br />

Ceratinini<br />

244 Ceratina (Ceratinula) mulleri Friese, 1910 Cipó (9)<br />

245 Ceratina (Ceratinula) oxalidis Schrottky, 1907 Cipó (cf., 9)<br />

246 Ceratina (Ceratinula) spp. (pelo menos 5 espécies) Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV), Grão Mogol, Itacambira,<br />

a Ouro Branco (3), Ambrósio Esbarrancado, Pico das<br />

250 Almas, Rola Moça<br />

251 Ceratina (Crewella) asuncionis Strand, 1910 Cipó (9)<br />

252 Ceratina (Crewella) gossypii Schrottky, 1907 Cipó (9)<br />

253 Ceratina (Crewella) paraguayensis Schrottky, 1907 Cipó (9)<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 171<br />

254 Ceratina (Crewella) sericea Friese, 1910 Moeda<br />

255 Ceratina (Crewella) spp. (pelo menos 12 espécies) Caraça, Cipó, Ambrósio, Moeda Botumirim, Biribiri, Grão<br />

a Mogol, Itacambira,<br />

266 Esbarrancado, Itacolomi,<br />

Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

267 Ceratina (Rhysoceratina) spp. Caraça, Moeda Itacambira, Pico das Almas,<br />

a<br />

270<br />

(pelo menos 4 espécies) Rola Moça, Rio Preto<br />

? Ceratina spp.<br />

Xylocopini<br />

Cipó (9), Ouro Branco (3), Lavras<br />

Novas (10, UFV), Ouro Preto (3),<br />

Sincorá (2), Brejões (16)<br />

271 Xylocopa (Cyrroxylocopa) vestita Cipó, Brejões (16) Biribiri, Grão Mogol,<br />

Hurd & Moure, 1963 Pico das Almas<br />

272 Xylocopa (Dasyxylocopa) bimaculata Friese, 1903 Caraça, Cipó Grão Mogol, Itacolomi,<br />

Rio Preto<br />

? Xylocopa (Dasyxylocopa) sp. Ouro Branco (3)<br />

273 Xylocopa (Diaxylocopa) truxali Cipó, Cachimbo, Lavras Novas Grão Mogol, Rola Moça,<br />

Hurd & Moure, 1963 (10, UFV), Moeda Rio Preto<br />

274 Xylocopa (Monoxylocopa) abbreviata Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Grão Mogol, Pico das Almas,<br />

Hurd & Moure, 1963 Moeda Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


172 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

275 Xylocopa (Nanoxylocopa) sp. n. Cipó Botumirim, Esbarrancado,<br />

Pico das Almas, Rio Preto<br />

276 Xylocopa (Neoxylocopa) brasilianorum Curral, Caraça, Cachimbo, Lavras Itacolomi, Rola Moça<br />

(Linnaeus, 1767) Novas (10, UFV), Pico do Itambé<br />

277 Xylocopa (Neoxylocopa) cearensis Ducke, 1910 Curral Grão Mogol, Esbarrancado,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

278 Xylocopa (Neoxylocopa) frontalis (Olivier, 1789) Curral, Diamantina Cabral<br />

279 Xylocopa (Neoxylocopa) grisescens Curral, Cipó, Brejões (16) Curimataí, Itacambira,<br />

Lepeletier, 1841 Grão Mogol, Pico das Almas,<br />

Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

280 Xylocopa (Neoxylocopa) cf. hirsutissima Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Moeda Biribiri, Grão Mogol,<br />

Maidl, 1912 Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />

281 Xylocopa (Neoxylocopa) nigrocincta Smith, 1854 Rio Preto<br />

282 Xylocopa (Neoxylocopa) cf. ordinaria Smith, 1874 Grão Mogol, Itacambira,<br />

Rio Preto<br />

283 Xylocopa (Neoxylocopa) suspecta<br />

Moure & Camargo, 1988<br />

Curral, Cipó Rola Moça<br />

284 Xylocopa (Neoxylocopa) sp. Rio Preto, Cabral<br />

? Xylocopa (Neoxylocopa) sp. Ouro Preto (3) Esbarrancado<br />

285 Xylocopa (Schonnherria) macrops Lepeletier, 1841 Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro<br />

Preto (<strong>UFMG</strong>); Ambrósio, Moeda<br />

Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

286 Xylocopa (Schonnherria) muscaria (Fabricius, 1775) Caraça<br />

287 Xylocopa (Schonnherria) subcyanea Pérez, 1901 Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Biribiri, Grão Mogol,<br />

Moeda Itacambira, Pico das Almas,<br />

Rola Moça, Cabral<br />

288 Xylocopa (Schonnherria) subzonata Moure, 1949 Caraça, Cipó Grão Mogol, Cabral<br />

? Xylocopa (Schonnherria) sp. Lavras Novas (10, UFV), Ouro Preto (3)<br />

289 Xylocopa (Stenoxylocopa) sp. n. Ambrósio (17, como artifex), Cipó,<br />

Moeda (17, como artifex)<br />

Grão Mogol<br />

290 Xylocopa (Stenoxylocopa) sp. Ouro Branco (3), Moeda Cabral<br />

291 Xylocopa (Xylocopoda) cf. madida Friese, 1925 Caraça, Pico do Itambé<br />

292 Xylocopa (Xylocopsis) cf. funesta Maidl, 1912 Cabral<br />

? Xylocopa sp.<br />

Colletidae<br />

Cipó (9), Ouro Branco (3), Ouro Preto (3)<br />

293 Colletinae<br />

294 Colletes extensicornis Vachal, 1909 Caraça (MZUSP), Moeda Rio Preto<br />

295 Colletes meridionalis Schrottky, 1902 Cipó (9)<br />

296 Colletes rufipes Smith, 1879 Caraça , Curral, Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9),<br />

Lavras Novas (10, UFV)<br />

Rola Moça<br />

297 Colletes rugicollis Friese, 1900 Curral Pico das Almas<br />

298 Colletes sp. 01 Caraça (MZUSP), Cipó (9, como sp.n.), Itacambira, Rio Preto,<br />

Moeda Rola Moça<br />

299 Colletes sp. 02 Rio Preto<br />

300 Colletes sp. 03 Curral, Caraça (MZUSP)<br />

301 Rhynchocolletes albicinctus Moure, 1943 Caraça (DZUP)<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

Diphaglossinae<br />

Caupolicanini<br />

302 Caupolicana sp. n. Cipó (9)<br />

303 Ptiloglossa hemileuca Moure, 1944 Lavras Novas (10, UFV) Rio Preto, Cabral<br />

304 Ptiloglossa matutina (Schrottky, 1904) Cipó (<strong>UFMG</strong>; MZUSP)<br />

305 Ptiloglossa sp. (pelo menos uma espécie) Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV) Rola Moça, Rio Preto<br />

Hylaeinae<br />

306 Hylaeus (Cephylaeus) sp. 01 Pico das Almas<br />

307 Hylaeus (Cephylaeus) sp. 02 Caraça<br />

308 Hylaeus (Hylaeana) spp. (pelo menos uma espécie) Caraça, Moeda<br />

309 Hylaeus (Hylaeopsis) tricolor (Schrottky, 1906) Lavras Novas (10, UFV)<br />

310 Hylaeus (Hylaeopsis) spp. (pelo menos uma espécie) Caraça, Cachimbo Itacolomi<br />

311 Hylaeus sp. Lavras Novas (10, UFV), Brejões (16)<br />

Paracolletinae<br />

312 Halictanthrena malpighiacearum Ducke, 1907 Caraça (DZUP), Cachimbo (cf. <strong>UFMG</strong>)<br />

313 Hexantheda missionica Ogloblin, 1948 Moeda Rola Moça<br />

314 Nomiocolletes sp. n. 01 Cipó (<strong>UFMG</strong>)<br />

315 Nomiocolletes sp. n. 02 Itacambira<br />

316 Perditomorpha iheringi (Schrottky, 1910) Curral<br />

317 Perditomorpha leaena (Vachal, 1909) Curral (<strong>UFMG</strong>; UFV), Caraça, Moeda<br />

318 Perditomorpha sp. 01 Curral<br />

319 Perditomorpha sp. 02 Rio Preto<br />

320 Protodiscelis sp. Itacambira<br />

321 Tetraglossula cf. anthracina (Michener, 1989) Cipó<br />

? Tetraglossula sp. Ouro Branco (3)<br />

322<br />

Xeromelissinae<br />

Chilicola (Oediscelis) sp. 01 Cipó (9 - como Oediscelis<br />

(Oedicelisca) sp.n.), Moeda<br />

323 Chilicola (Oediscelis) sp. 02 Cachimbo<br />

324 Chilicola (Oediscelis) sp. 03 Grão Mogol<br />

325<br />

326<br />

Chilicola (Prosopoides) sp. (pelo menos 2 espécies) Curral, Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV) Grão Mogol<br />

Halictidae<br />

Halictinae<br />

Augochlorini<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 173<br />

327 Ariphanarthra cf. palpalis Moure, 1951 Curral, Cachimbo<br />

328 Augochlora (Augochlora) amphitrite<br />

(Schrottky, 1909)<br />

Caraça (MZUSP)<br />

329 Augochlora (Augochlora) esox (Vachal, 1911) Curral, Moeda<br />

330 Augochlora (Augochlora) foxiana Cockerell, 1900 Caraça, Cachimbo<br />

331 Augochlora (Augochlora) tantilla Moure, 1943 Curral<br />

332 Augochlora (Augochlora) spp. Caraça, Cipó Grão Mogol, Esbarrancado,<br />

a<br />

339<br />

(pelo menos 8 espécies) Rio Preto, Rola Moça<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


174 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

340 Augochlora (Oxystoglossella) morrae Strand, 1910 Curral, Cachimbo, Moeda Rola Moça<br />

341 Augochlora (Oxystoglossella) semiramis<br />

(Schrotkky, 1910)<br />

Cipó (9)<br />

342 Augochlora (Oxystoglossella) thalia Smith, 1879 Curral, Moeda<br />

343 Augochlora (Oxystoglossella) sp. Caraça<br />

? Augochlora spp. Lavras Novas (10, UFV), Sincorá (2), Brejões (16), Ambrósio<br />

344 Augochlorella acarinata Coelho, 2004 Ouro Preto (UFV, 8)<br />

345 Augochlorella ephyra (Schrottky, 1910) Cipó (<strong>UFMG</strong>, 7; 9, como Augochlorella. sp.)<br />

346 Augochlorella tredecim (Vachal, 1911) Diamantina (7) Grão Mogol<br />

347 Augochlorella una Coelho, 2004 Moeda (<strong>UFMG</strong>, 8)<br />

348 Augochlorella urania (Smith, 1853) Curral (<strong>UFMG</strong>, 7), Caraça (7)<br />

349 Augochlorella sp. 01 Cachimbo<br />

350 Augochlorella sp. 02 Itacambira<br />

351 Augochlorella sp. 03 Rio Preto<br />

? Augochlorella spp. Lavras Novas (10, UFV)<br />

352 Augochloropsis bertonii (Schrottky, 1909) Caraça (MZUSP)<br />

353 Augochloropsis brachycephala Moure, 1943 Cachimbo<br />

354 Augochloropsis callichroa (Cockerell, 1900) Cipó (9)<br />

355 Augochloropsis cf. cleopatra (Schrottky, 1902) Curral, Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Cipó<br />

(9; UFV), Diamantina (UFV), Lavras<br />

Novas (10, UFV), Moeda<br />

Grão Mogol, Rio Preto, Cabral<br />

356 Augochloropsis cupreola (Cockerell, 1900) Diamantina (UFV)<br />

357 Augochloropsis iris (Schrottky, 1902) Cachimbo, Caraça (MZUSP),<br />

Ouro Preto (UFV), Moeda<br />

Itacolomi, Rola Moça<br />

358 Augochloropsis cf. melanochaeta Moure, 1950 Curral, Cipó, Cachimbo, Moeda<br />

359 Augochloropsis multiplex (Vachal, 1903) Curral, Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9, como<br />

af. multiplex), Cachimbo, Moeda<br />

360 Augochloropsis patens (Vachal, 1903) Curral, Moeda Cabral<br />

361 Augochloropsis cf. smithiana (Cockerell, 1900) Curimataí, Grão Mogol,<br />

Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />

362 Augochloropsis cf. sparsilis (Vachal, 1903) Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>),<br />

Ouro Preto (UFV; <strong>UFMG</strong>)<br />

363 Augochloropsis prognatha Moure, 1944 Curral<br />

364 Augochloropsis cf. wallacei (Cockerell, 1900) Rio Preto<br />

365 Augochloropsis spp. (pelo menos 20 espécies) Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Botumirim, Biribiri, Grão<br />

a Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras Mogol, Itacambira,<br />

384 Novas (10, UFV), Ouro Preto (3), Esbarrancado, Itacolomi,<br />

Sincorá (2), Brejões (16), Ambrósio, Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Moeda Rio Preto, Cabral, Talhado<br />

385 Ceratalictus spp. (pelo menos 3 espécies) Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Itacambira, Pico das<br />

386<br />

387<br />

Lavras Novas (10, UFV) Almas, Rola Moça<br />

388 Megalopta aegis (Vachal, 1904) Cipó Rio Preto<br />

389 Megalopta amoena (Spinola, 1853) Esbarrancado<br />

390 Megalopta sodalis (Vachal, 1904) Cipó<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

391 Neocorynura oiospermi (Schrottky, 1909) Curral, Caraça<br />

392 Neocorynura sp. 01 Curral<br />

393 Neocorynura sp. 02 Caraça<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 175<br />

394 Neocorynura sp. 03 Ambrósio Itacambira<br />

395 Neocorynura sp. 04 Itacolomi<br />

396 Neocorynura sp. 05 Itacolomi<br />

397 Neocorynura sp. 06 Sincorá (MZUEFS) Esbarrancado<br />

? Neocorynura sp. Brejões (16)<br />

398 Paroxystoglossa jocasta (Schrottky, 1910) Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Biribiri, Itacambira, Rola<br />

Diamantina (UFV), Moeda Moça, Rio Preto, Cabral<br />

? Paroxystoglossa sp. Lavras Novas (10, UFV)<br />

399<br />

400<br />

Pereirapis spp. (duas espécies) Grão Mogol, Rola Moça<br />

401 Pseudaugochlora grupo graminea (Fabricius, 1804) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó, Grão Mogol, Esbarrancado,<br />

(pelo menos 2 espécies) Ouro Branco (3), Lavras Novas (10, UFV), Itacolomi, Rola Moça<br />

Ouro Preto (3), Moeda, Sincorá(MZUEFS)<br />

403 Pseudaugochlora pandora (Smith, 1853) Rio Preto<br />

404 Pseudaugochlora spp. (pelo menos 2 espécies) Ouro Branco (3) Grão Mogol, Itacambira,<br />

405 Esbarrancado, Rio Preto,<br />

Cabral<br />

406 Rhectomia mourei (Eickwort, 1969) Curral, Caraça<br />

407 Thectochlora alaris (Vachal, 1904) Caraça (DZUP); Lavras Novas (10, UFV), Itacambira, Rola Moça,<br />

Moeda Rio Preto, Cabral<br />

408<br />

Halictini<br />

Agapostemon chapadensis Cockerell, 1900 Caraça (MZUSP), Cachimbo, Lavras<br />

Novas (10, UFV), Moeda<br />

Itacambira, Rola Moça<br />

409 Agapostemon semimelleus Cockerell, 1900 Caraça, Moeda<br />

410 Caenohalictus incertus (Schrottky, 1902) Caraça (MZUSP)<br />

411 Caenohalictus tesselatus (Moure, 1940) Caraça, Lavras Novas (10, UFV) Esbarrancado, Pico das<br />

Almas, Rola Moça<br />

? Caenohalictus spp. Brejões (16) Itacolomi<br />

412 Dialictus osmioides (Ducke, 1902) Cipó (9)<br />

413 Dialictus nanus (Smith, 1879) Curral (MZUSP)<br />

414 Dialictus pabulator (Schrottky, 1910) Diamantina (cf., UFV), Cipó (9)<br />

415 Dialictus spp. (pelo menos 11 espécies) Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Biribiri, Grão Mogol,<br />

a Branco (3), Lavras Novas (10, UFV), Itacambira, Esbarrancado,<br />

425 Brejões (16), Ambrósio, Moeda Itacolomi, Pico das Almas,<br />

Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

426 Habralictus sp. Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>)<br />

427 Halictus (Seladonia) sp. Cabral<br />

428 Oragapostemon sp. Itacolomi<br />

429 Pseudagapostemon (Brasilagapostemon)<br />

fluminensis (Schrottky, 1911)<br />

Moeda Rola Moça<br />

430 Pseudagapostemon (Brasilagapostemon) sp. Rola Moça<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


176 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

431 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon)<br />

anasimus Cure, 1989<br />

Cipó (9)<br />

433 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon)<br />

ochromerus (Vachal, 1904)<br />

Cipó (9), Diamantina (DZUP)<br />

432 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon)<br />

pissisi (Vachal, 1903)<br />

Ouro Branco (3, como brasiliensis)<br />

434 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) Lavras Novas (10, UFV), Moeda Itacambira, Rio Preto,<br />

pruinosus Moure & Sakagami, 1984 Rola Moça<br />

435 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) sp. 01 Caraça<br />

436 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) sp. 02 Cabral, Itacambira, Rio Preto<br />

437 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) sp. 03 Rola Moça<br />

? Pseudagapostemon sp. Ouro Branco (3)<br />

438 Sphecodes sp. 01 Caraça<br />

439 Sphecodes sp. 02 Itacambira<br />

? Sphecodes sp. Lavras Novas (10, UFV)<br />

? Halictini n. det Lavras Novas (10, UFV)<br />

Megachilidae<br />

Lithurginae<br />

Lithurgini<br />

440 Lithurgus huberi Ducke, 1907 Cipó (9, como Lithurge)<br />

Megachilinae<br />

Anthidini<br />

441 Anthidium latum Schrottky, 1902 Curral, Cipó (12)<br />

442 Anthidium sertanicola Moure & Urban, 1964 Curral (12; <strong>UFMG</strong>), Caraça (DZUP),<br />

Cipó (9), Moeda, Sincorá (2, como<br />

Anthidium sp.)<br />

Itacambira<br />

443 Anthodioctes megachiloides Holmberg, 1903 Curral, Moeda Rola Moça<br />

444 Austrostelis silveirai Urban, 2006 Curral (22)<br />

445 Dicranthidium aliceae Urban, 2002 Cipó (21) Rio Preto<br />

446 Dicranthidium gregarium (Schrottky, 1905) Curral, Cipó (9), Cachimbo, Moeda Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />

447 Epanthidium aureocinctum Urban, 1995 Cipó, Diamantina (18) Biribiri, Rio Preto, Cabral<br />

448 Epanthidium tigrinum (Schrottky, 1905) Curral Curimataí, Grão Mogol,<br />

Rio Preto<br />

? Epanthidium sp. Cipó (9, como sp.n Urban MS)<br />

449 Hypanthidium foveolatum (Alfken, 1930) Curral<br />

450 Hypanthidium nigritulum Urban, 1998 Curral (<strong>UFMG</strong>; DZUP) Rio Preto<br />

451 Larocanthidium bilobatum Urban, 1997 Curral, Cipó (19), Cachimbo,<br />

Brejões (16)<br />

Itacambira, Rio Preto<br />

452 Larocanthidium emarginatum Urban, 1997 Grão Mogol<br />

453 Larocanthidium ornatum Urban, 1997 Curral Curimataí, Itacambira<br />

454 Larocanthidium spinosum Urban, 1997 Cipó (<strong>UFMG</strong>; 19) Botumirim, Itacambira<br />

455 Moureanthidium subarenarium (Schwarz, 1933) Caraça (DZUP; <strong>UFMG</strong>)<br />

? Dianthidiini gên. n. Cipó (9)<br />

? Anthidiini n. det Lavras Novas (10, UFV)<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 177<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

456<br />

Megachilini<br />

Coelioxys (Acrocoelioxys) cf. laevigata<br />

Smith, 1854<br />

Curral<br />

457 Coelioxys (Acrocoelioxys) cf. tolteca Caraça (MZUSP, como C. pirata),<br />

Cresson, 1878 Moeda<br />

458 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 01 Rio Preto<br />

459 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 02 Grão Mogol, Rio Preto<br />

460 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 03 Rola Moça<br />

461 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 04 Caraça (MZUSP, como aculeata)<br />

462 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 01 Itacambira<br />

463 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 02 Itacambira<br />

464 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 03 Itacambira<br />

465 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 04 Moeda<br />

466 Coelioxys (Glytocoelioxys) sp. Esbarrancado<br />

467 Coelioxys (Haplocoelioxys) sp. Biribiri, Rola Moça<br />

468 Coelioxys (Neocoelioxys) sp. Esbarrancado<br />

469 Coelioxys (Rhinocoelioxys) cf. clypeata<br />

Smith, 1879<br />

Curral<br />

470 Coelioxys (Rhinocoelioxys) sp. Cabral<br />

? Coelioxys spp. Cipó (9)<br />

471 Megachile (Acentron) eburneipes Vachal, 1904 Curral, Caraça, Moeda<br />

472 Megachile (Acentron) tupinaquina Schrottky, 1913 Caraça, Cipó, Diamantina (UFV)<br />

473<br />

474<br />

475<br />

Megachile (Acentron) spp. (pelo menos 3 espécies) Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Diamantina Itacambira, Cabral<br />

476 Megachile (Austromegachile) antiqua<br />

Mitchell, 1930<br />

Curral<br />

477 Megachile (Austromegachile) fascialis<br />

Vachal, 1909<br />

Curral, Moeda<br />

478 Megachile (Austromegachile) susurrans<br />

Haliday, 1836<br />

Curral Itacolomi<br />

479 Megachile (Austromegachile) sp. Cipó<br />

480 Megachile (Austrosarus) diasi Raw, 2003 Cachimbo, Moeda Itacambira, Rola Moça<br />

481 Megachile (Austrosarus) sp. af diasi Raw, 2003 Curral, Caraça Rio Preto<br />

482 Megachile (Austrosarus) frankieana Raw, 2003 Cipó, Moeda Biribiri, Itacambira<br />

483 Megachile (Austrosarus) sp. Cachimbo, Moeda Biribiri, Itacambira, Cabral<br />

484 Megachile cf. (Austrosarus) sp. Grão Mogol<br />

485 Megachile (Chrysosarus) guaranitica<br />

Schrottky, 1908<br />

Cipó (9) Cabral<br />

486 Megachile (Chrysosarus) pseudanthidioides<br />

Moure, 1943<br />

Curral Rio Preto<br />

487 Megachile (Chrysosarus) tuberculifera<br />

Schrottky, 1913<br />

Caraça (MZUSP)<br />

? Megachile (Chrysosarus) sp. Cipó (9)<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


178 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />

TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />

488 Megachile (Chrysosarus/Dactylomegachile) sp. Caraça, Cipó, Moeda Biribiri, Botumirim, Grão<br />

Mogol, Esbarrancado,<br />

Itacambira, Pico das Almas,<br />

Rio Preto, Cabral, Rola Moça<br />

489 Megachile (Cressoniella) cf. rava Vachal, 1908 Curral, Cipó, Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />

Pico das Almas, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

490 Megachile (Dactylomegachile) spp. Curral, Sincorá (2), Moeda Esbarrancado, Itacolomi,<br />

491<br />

492<br />

(pelo menos 3 espécies) Pico das Almas, Rola Moça<br />

493 Megachile (Leptorachina) laeta Smith, 1853 Curral, Caraça, Moeda Esbarrancado, Rio Preto,<br />

Cabral<br />

494 Megachile (Leptorachis) aetheria Mitchell, 1930 Ambrósio, Moeda<br />

495 Megachile (Leptorachis) aureiventris Curral, Cachimbo, Moeda Itacambira, Rola Moça,<br />

Schrottky, 1902 Cabral<br />

496 Megachile (Leptorachis) friesei Schrottky, 1902 Curral<br />

497 Megachile (Leptorachis) spp. Ouro Preto (3), Moeda Biribiri, Itacambira<br />

498<br />

499<br />

(pelo menos 3 espécies)<br />

500 Megachile (Melanosarus) nigripennis Spinola, 1841 Itacambira, Cabral<br />

501 Megachile (Moureapis) maculata Smith, 1853 Caraça (<strong>UFMG</strong>, MZUSP), Cipó, Itacambira, Pico das Almas,<br />

Ambrósio, Pico do Itambé Rio Preto<br />

502 Megachile (Moureapis) sp. 01 Moeda Itacambira<br />

503 Megachile (Moureapis) sp. 02 Caraça, Cipó Rio Preto<br />

504 Megachile (Neochelynia) brethesi Schrottky, 1909 Cipó Curimataí, Rola Moça<br />

? Megachile (Neochelynia) sp. Ouro Branco (3)<br />

505 Megachile (Pseudocentron) botucatuna Cipó, Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />

Schrottky, 1913 Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />

506 Megachile (Pseudocentron) curvipes Smith, 1853 Cipó (9) Cabral<br />

507 Megachile (Pseudocentron) inscita Mitchell, 1930 Cipó (9)<br />

508 Megachile (Pseudocentron) terrestris Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Biribiri, Grão Mogol,<br />

Schrottky, 1902 Pico do Itambé, Moeda Itacambira, Rola Moça,<br />

Rio Preto, Cabral<br />

509 Megachile (Pseudocentron) sp. 01 Biribiri, Grão Mogol, Rola<br />

Moça, Rio Preto, Cabral<br />

510 Megachile (Pseudocentron) spp. Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>),<br />

511<br />

512<br />

(pelo menos 3 espécies) Ouro Preto (3), Moeda<br />

513 Megachile (Trichurochile) gracilis Schrottky, 1902 Curral Grão Mogol, Itacolomi<br />

514 Megachile (Tylomegachile) orba Schrottky, 1913 Cipó Curimataí, Biribiri<br />

515 Megachile iheringi Schrottky, 1913 Cipó, Sincorá, Moeda, Pico das Almas Itacambira, Pico das Almas,<br />

(DZUP), Caraça (DZUP) Rio Preto, Cabral<br />

? Megachile spp. Cipó (9), Ouro Branco (3), Lavras Novas<br />

(10, UFV), Ouro Preto (3), Brejões (16)<br />

1. Aguiar & Melo (2007); 2. Almeida & Gimenes (2002); 3. Araújo et al. (2006); 4. Azevedo & Silveira (2005); 5. Camargo & Moure (1994);<br />

6. Camargo & Moure (1996); 7. Coelho (2001); 8. Coelho (2004); 9. Faria (1994); 10. Faria-Mucci et al. (2003); 11. Moure & Sakagami (1962); 12. Moure<br />

& Urban (1964); 13. Nemésio & Faria Jr. (2004); 14. Schwarz (1932); 15. Shanks (1986); 16. Silva-Pereira & Santos (2006);<br />

17. Silveira (2002); 18. Urban (1992); 19. Urban (1997); 20. Urban (1998); 21. Urban, 2002; 22. Urban (2006); 23. Urban (2007a); 24. Urban (2007b).<br />

Notas: Caraça pertenceu ao município de Santa Bárbara (Shanks, 1986) e Cipó ao de Lagoa Santa (Urban, 1997), pertencendo, hoje, aos<br />

municípios de Catas Altas e Santana do Riacho, respectivamente.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 179<br />

TABELA 2 – Localidades ao longo da Cadeia do Espinhaço com registros da fauna local de abelhas.<br />

NE = número de espécies; NI = número de espécimes coletados nas expedições deste projeto e em outros trabalhos de levantamento<br />

faunístico; A = = tipo de amostragem [O – oportunística (coletas casuais, < 40 horas e/ou de duração restrita a um curto período<br />

de tempo no ano); I - intensiva (pequeno número de amostragens mas, pelo menos, duas coletas, uma na estação seca e outra<br />

na chuvosa, com 40 ou mais horas de coleta); S – – sistemática (coleta efetuada com periodicidade quinzenal ou mensal ao<br />

longo de pelo menos um ano em área restrita)]; Fonte = 1. Dados esparsos na literatura (levantamentos faunísticos estão<br />

indicados com a referência dos trabalhos); 2. Coleções. A localização e outras informações sobre os pontos de amostragem<br />

encontram-se na legenda da Figura 1.<br />

LOCALIDADES ESTADO NE a NI a A FONTES<br />

Serra do Cipó MG 171 –– O d 1, 2<br />

Parque Estadual do Rio Preto MG 147 511 I Este trabalho<br />

Serra do Curral MG 141 –– S 1, 2<br />

Serra do Caraça MG 125 –– S 1, 2<br />

Serra da Moeda MG 118 –– S 1, 2<br />

Itacambira MG 120 560 I Este trabalho<br />

Serra do Cipó MG 119 e –– O Faria, 1994<br />

107 632 S<br />

Parque Estadual da Serra do Rola-Moça MG 115 406 O Este trabalho<br />

Serra do Cabral MG 111 369 I Este trabalho<br />

Lavras Novas MG 90e –– O Faria-Mucci, 2003<br />

71 572 S<br />

Parque Estadual de Grão Mogol MG 88 267 I Este trabalho<br />

Pico das Almas BA 80 337 I Este trabalho<br />

Serra de Ouro Branco MG 65 352 S Araújo et al. 2005<br />

Serra do Esbarrancado BA 51 222 O Este trabalho<br />

Serra do Cachimbo MG 50 –– S 2<br />

Parque Estadual Biribiri MG 49 113 O Este trabalho<br />

Ouro Preto MG 45 325 S Araújo et al. 2005<br />

Serra dos Brejões BA 38 413 S b Pereira-Santos, 2006<br />

Parque Estadual do Itacolomi MG 32 83 O Este trabalho<br />

Serra do Sincorá BA 19 70 I c Almeida & Gimenes, 2002<br />

Curimataí MG 23 56 O Este trabalho<br />

Diamantina MG 19 –– O 1, 2<br />

Serra do Ambrósio MG 16 –– O 2<br />

Parque Estadual Pico do Itambé MG 13 –– O 2<br />

Serra do Talhado MG 13 15 O Este trabalho<br />

Botumirim MG 11 20 O Este trabalho<br />

a Apis mellifera, espécie exótica e invasora, não foi considerada.<br />

b Coleta sistemática, porém, desenvolvida durante apenas oito meses.<br />

c Coleta intensiva, porém, desenvolvida apenas na estação seca.<br />

d Agrupamento de amostragens oportunísticas, em várias épocas do ano, sem computação do tempo de coleta.<br />

e Incluindo espécies das coletas sistemáticas e coletas oportunísticas.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A Conservação Internacional (CI-Brasil) pelo financiamento<br />

do projeto. A Fundação de Amparo a Pesquisa<br />

do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG-CRA-1263/05) pelo<br />

financiamento de viagens técnicas às coleções científicas.<br />

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico<br />

e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de doutorado<br />

concedida ao primeiro autor. Ao Instituto Estadual de<br />

Florestas (IEF-MG) pela concessão de licenças de coletas<br />

(Números: 015-018/04; 19-20/05; 044-06) e apoio<br />

logístico nas Unidades de Conservação em Minas Gerais<br />

e ao IBAMA pela licença de coleta no Parque Nacional<br />

da Chapada Diamantina (Número: 044/2005). À Universidade<br />

Federal de Minas Gerais, à Universidade Estadual<br />

de Feira de Santana, e à Prefeitura de Grão Mogol<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


180 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

pelo apoio logístico. Ao Programa de Pós-graduação em<br />

Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre da<br />

<strong>UFMG</strong>, pelo apoio conferido nas coletas realizadas no<br />

Pq. E. da Serra do Rola-Moça. Ao Cássio Soares (Biodiversitas)<br />

pela elaboração do mapa. Aos curadores Lúcio<br />

A. O. Campos (UFV) e Carlos Roberto F. Brandão<br />

(MZUSP). Aos especialistas da Universidade Federal do<br />

Paraná, Danuncia Urban, Gabriel A. R. Melo, Antônio J.<br />

C. Aguiar e Felipe Vivallo, pelo auxílio na identificação<br />

de alguns grupos de abelhas. Aos amigos do Laboratório<br />

de Sistemática e Ecologia de Abelhas (<strong>UFMG</strong>) pela<br />

colaboração na etiquetagem (Andrezza B. N. Oliveira) e<br />

identificação de p<strong>arte</strong> de material (Leandro M. Santos –<br />

Megalopta; André Nemésio – Euglossina; Rafael<br />

Ferrari – Colletes) e ao Eduardo A. B. Almeida pela compilação<br />

de p<strong>arte</strong> dos dados secundários. Aos pesquisadores<br />

Maíra F. Goulart, Roderic B. Martines, Carolina<br />

F. C. Yasbeck, Danny Vélez, Patrícia L. O. Rebouças e<br />

Miriam Gimenes, pelo inestimável auxílio nas coletas<br />

de campo.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Aguiar, C. M. L., M. Gimenes & P. L. O. Rebouças. 2005. Abelhas<br />

(Hymenoptera, Apoidea). In: F.A. Junca, L. Funch & W. Rocha.<br />

Biodiversidade e Conservação da Chapada Diamantina. pp<br />

259-281. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, DF.<br />

Aguiar, A. J. C. & G. A. R. Melo. 2007. Taxonomic revision,<br />

phylogenetic analysis, and biogeography of the bee genus<br />

Tropidopedia (Hymenoptera, Apidae, Tapinotaspidini).<br />

Zoological Journal of the Linnean Society 151: 511–554.<br />

Almeida, G. F. & M. Gimenes. 2002. Abelhas e plantas visitadas<br />

em áreas restritas de campo rupestre na Chapada Diamantina,<br />

Bahia. Sitientibus ser. Ciências Biológicas 2 (1/2): 11-16.<br />

Antonini, Y. 2005. Abelhas sem ferrão. In: A.C. Silva, L.C.V.S.F. Pedreira<br />

& P.A.A. Abreu (eds). Serra do Espinhaço Meridional: paisagens<br />

e ambientes. pp 291-207. O Lutador. Belo Horizonte.<br />

Araújo, V.A., Y. Antonini & A. P. A. Araújo. 2006. Diversity of<br />

bees and their floral resources at altitudinal areas in the<br />

Southern Espinhaço Range, Minas Gerais, Brazil. Neotropical<br />

Entomology 35 (1): 30-40.<br />

Azevedo, A. A. 2002. Composição de Faunas de Abelhas<br />

(Hymenoptera, Apoidea) e da Flora Associada em Áreas de<br />

Cerrado de Minas Gerais, Brasil. Dissertação de Mestrado.<br />

Universidade Federal de Viçosa. Viçosa.<br />

Azevedo, A. A. & F. A. Silveira. 2005. Two new species of Centris<br />

(Trachina) Klug, 1807 (Hymenoptera: Apidae) from the state<br />

of Minas Gerais, Brazil, with a note on Centris pachysoma<br />

Cockerell, 1919. Lundiana 6 (supplement): 41-48.<br />

Butz Huryn, V. M. 1997. Ecological impacts of introduced<br />

honeybees. Qu<strong>arte</strong>rly Review of Biology 72: 275-297.<br />

Cairns, C. E., R. Villanueva-Gutiérrez, S. Koptur & D. B. Bray.<br />

2005. Bee populations, forest disturbance, and Africanization<br />

in Mexico. Biotropica 37:686-692.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Camargo, J. M. F.& J. S. Moure. 1994. Meliponinae Neotropicais:<br />

os gêneros Paratrigona Schwarz 1938 e Aparatrigona Moure,<br />

1951 (Hymenoptera, Apidae). Arquivos de Zoologia, Museu<br />

de Zoologia da Universidade de São Paulo 32 (2): 33-109.<br />

Camargo, J. M. F. & J. S. Moure. 1996. Meliponini neotropicais: o<br />

gênero Geotrigona Moure, 1943 (Apinae, Apidae, Hymenoptera),<br />

com especial referência à filogenia e biogeografia. Arquivos<br />

de Zoologia, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo<br />

33 (3): 95-161.<br />

Carmo, R. M., Franceschinelli, E. V. & F. A. Silveira. 2004.<br />

Introduced honeybees (Apis mellifera) reduce pollination<br />

success without affecting the resource taken by native<br />

pollinators. Biotropica 36 (3): 371-376.<br />

Carvalho, A. M. C. & L. R. Bego. 1996. Studies on Apoidea fauna of<br />

cerrado vegetation at the Panga Ecological Reserve, Uberlândia,<br />

MG, Brazil. Revista Brasileira de Entomologia 40: 147-156.<br />

Coelho, B. W. T. 2001. Revisão Sistemática de Augochlorella<br />

Sandhouse, 1937 (Hymenoptera, Halictidae, Augochlorini).<br />

Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras<br />

de Ribeirão Preto, USP. Ribeirão Preto.<br />

Coelho, B. W. T. 2004. A review of the bee genus Augochlorella<br />

(Hymenoptera: Halictidae: Augochlorini). Systematic<br />

Entomology 29: 282-323.<br />

Costa, C. M. R, G. Herrmann, C. S. Martins, L. V. Lins & I. R.<br />

Lamas. 1998. Biodiversidade em Minas Gerais: Um Atlas para<br />

a sua Conservação. Fundação Biodiversitas. Belo Horizonte.<br />

Cure, J. R., M.Thiengo, F. A. Silveira & L. B. Rocha. 1992. Levantamento<br />

da fauna de abelhas silvestres na Zona da Mata de Minas<br />

Gerais. III. Mata secundária na região de Viçosa (Hymenoptera,<br />

Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia 9: 223-239.<br />

Cure, J. R., G. S. Bastos F o ., M. J. F. Oliveira & F. A. Silveira. 1993.<br />

Levantamento da fauna de abelhas silvestres na Zona da Mata<br />

de Minas Gerais. 1 – Pastagem na região de Viçosa. Revista<br />

Ceres 40: 131-161.<br />

Faria, G. M. 1994. A Flora e a Fauna Apícola de um Ecossistema<br />

de Campo Rupestre, Serra do Cipó – MG, Brasil: Composição,<br />

Fenologia e suas Interações. Tese de Doutorado. Universidade<br />

Estadual Paulista. Rio Claro.<br />

Faria-Mucci, G. M., M. A. Melo & L. A. O. Campos. 2003. A fauna<br />

de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) e plantas utilizadas como<br />

fonte de recursos florais, em um ecossistema de campos rupestres<br />

em Lavras Novas, Minas Gerais, Brasil. In G. A. R. Melo<br />

& I. Alves-dos-Santos (eds.). Apoidea Neotropica: Homenagem<br />

aos 90 anos de Jesus Santiago Moure. pp 241-256. Editora<br />

UNESC. Criciúma.<br />

Forup, M. L. & J. Memmott. 2005. The relationship between<br />

the abundances of bumblebees and honeybees in a native<br />

habitat. Ecological Entomology 30: 47-57.<br />

Giulietti, A.M. & J.R. Pirani. 1988. Patterns of geographical<br />

distribution of some plant species from Espinhaço range, Minas<br />

Gerais and Bahia, Brazil. In: P.E. Vanzolini & W.R. Heyer (eds).<br />

Proceedings of a workshop on Neotropical distribution patterns.<br />

pp. 39-69. Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro.<br />

Goulson, D. & L. C. Derwent. 2004. Synergistic interactions<br />

between an exotic honeybee and an exotic weed: pollination<br />

of Lantana camara in Australia. Weed Research 44: 195-202.<br />

Gross, C. L. & D. Makay. 1998. Honeybees reduce fitness of the<br />

pioneer shrub Melastoma affine (Melastomataceae). Biological<br />

Conservation 86:169-178.<br />

Hanley, M. E. & D. Goulson. 2003. Introduced weeds pollinated<br />

by introduced bees: cause or effect? Weed Biology and<br />

Management 3:204-212.


Hansen, D. M., J. M. Olesen, & C. G. Jones. 2002. Trees, birds<br />

and bees in Mauritius: exploitative competition between<br />

introduced honey bees and endemic nectarivorous birds?<br />

Journal of Biogeography 29: 721-734.<br />

Kato, M. & A. Kawakita. 2004. Plant-pollinator interactions in<br />

New Caledonia influenced by introduced honey bees.<br />

American Journal of Botany 91:1814-1827.<br />

Kato, M., A. Shibata, T. Yasui, & H. Nagamasu. 1999. Impact of<br />

introduced honeybees, Apis mellifera, upon native bee<br />

communities in the Bonin (Ogasawara) Islands. Researches<br />

on Population Ecology 41:217-228.<br />

Laroca, S. 1972. Sobre a bionomia de Bombus brasiliensis<br />

(Hymenoptera, Apoidea). Acta Biológica Paranaense 1:7-28.<br />

Martins, C. F. 1994. Comunidade de abelhas (Hym., Apoidea)<br />

da caatinga e do cerrado com elementos de campo rupestre<br />

do Estado da Bahia, Brasil. Revista Nordestina de Biologia<br />

9: 225-257.<br />

Martins, C. F. 2002. Diversity of the bee fauna of the Brazilian<br />

Caatinga. In: P. G. Kevan & V. L. Imperatriz-Fonseca (eds.).<br />

Pollinating bees – the conservation link between agriculture<br />

and nature. pp.131-134. Ministry of Environment. Brasília.<br />

Melo, G. A. R. 2003. Notas sobre meliponíneos neotropicais,<br />

com a descrição de três novas espécies (Hymenoptera,<br />

Apidae). In G. A. R. Melo & I. Alves-dos-Santos (eds.). Apoidea<br />

Neotropica: Homenagem aos 90 anos de Jesus Santiago<br />

Moure. pp 85-91. Editora UNESC. Criciúma.<br />

Mendonça, M. P. & L. V. Lins. 2000. Lista Vermelha das Espécies<br />

Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas Gerais. Fundação<br />

Biodiversitas, Fundação Zoo-Botância de Belo Horizonte. Belo<br />

Horizonte.<br />

Moritz, R. F. A., S. Härtel & P. Neumann. 2005. Global invasions<br />

of the western honeybee (Apis mellifera) and the consequences<br />

for biodiversity. Ecoscience 12: 289-301.<br />

Moure, J. S. & S. F. Sakagami. 1962. As mamangabas sociais do<br />

Brasil (Bombus Latr.) (Hymenoptera, Apoidea). Studia<br />

Entomológica 5 (1-4): 65-194.<br />

Moure, J. S. & D. Urban. 1964. Revisão das espécies brasileiras<br />

do gênero Anthidium Fabricius, 1804 (Hymenoptera, Apoidea).<br />

In: Anais do II Congresso Latino-Americano de Zoologia. pp.<br />

93-114.<br />

Myers, N., R. A. Mittermeier, C. G. Mittermeier, G. A. B. da Fonseca<br />

& J. Kent. 2000. Biodiversity hotspots for conservation<br />

priorities. Nature 403: 853-858.<br />

Nemésio, A. & L. R. R. Faria Jr. 2004. First assessment of the orchidbee<br />

fauna (Hymenoptera: Apidae) at Parque Estadual do Rio Preto,<br />

a cerrado area in southastern Brazil. Lundiana 5 (2): 113-117.<br />

Paini, D. R. & J. D. Roberts. 2005. Commercial honey bees (Apis<br />

mellifera) reduce the fecundity of an Australian native bee<br />

(Hylaeus alcyoneus). Biological Conservation 123: 103-112.<br />

Pinheiro-Machado, C., I. Alves-dos-Santos, V. L. Imperatriz-Fonseca,<br />

A. M. P. Kleinert & F. A. Silveira. 2002. Brazilian bee<br />

surveys: State of knowledge, conservation and sustainable<br />

use. In: P. G. Kevan, & V. L. Imperatriz-Fonseca (eds).<br />

Pollinating Bees – the conservation link between agriculture<br />

and nature. pp. 115-129. Ministry of Environment. Brasília.<br />

Rapini, A., P. L. Ribeiro, S. Lambert & J. C. Pirani. 2008. A Flora dos<br />

campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. <strong>Megadiversidade</strong><br />

4 (1-2): 15-23.<br />

Rizzini, C. T. 1976. Tratado de Fitogeografia do Brasil. Vol. 1<br />

Aspectos ecológicos. HUCITEC & USP. São Paulo.<br />

Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 181<br />

Rizzini, C. T. 1979. Tratado de Fitogeografia do Brasil. Vol. 2 Aspectos<br />

sociológicos e florísticos. HUCITEC & USP. São Paulo.<br />

Sakagami, S. F., S. Laroca & J. S. Moure. 1967. Wild bee<br />

biocoenotics in São José dos Pinhais (PR), South Brazil.<br />

Preliminary report. Journal of the Faculty of Science, Hokkaido<br />

University, series VI, Zoology 16(2):253-291.<br />

Schwarz, H. F. 1932. The genus Melipona. The type genus of the<br />

Meliponidae or stingless bees. Bulletin of the American<br />

Museum of Natural History LXIII (IV):231-460 + X plates.<br />

Shanks, S. S. 1986. A revision of the neotropical bee genus Osiris<br />

(Hymenoptera: Anthophoridae). The Wasmann Journal of<br />

Biology 44 (1-2):1-56.<br />

Silva-Pereira, V. & G. M. M. Santos. 2006. Diversity in bee<br />

(Hymenoptera: Apoidea) and social wasp (Hymenoptera:<br />

Vespidae, Polistinae) community in “campos rupestres”, Bahia,<br />

Brazil. Neotropical Entomology 35 (2): 165-174.<br />

Silveira, F. A., L. B. Rocha, J. R. Cure & M. J. F. Oliveira. 1993.<br />

Abelhas silvestres (Hymenoptera: Apoidea) da Zona da Mata<br />

de Minas Gerais. II – Pastagem abandonada em Ponte Nova.<br />

Revista Brasileira de Entomologia 37: 595-610.<br />

Silveira, F. A. & J. R. Cure. 1993. High-altitude bee fauna of<br />

Southeastern Brazil: Implications for biogeographic patterns<br />

(Hymenoptera: Apoidea). Studies on Neotropical Fauna and<br />

Environment 28: 47-55.<br />

Silveira, F. A. & M. J. O. Campos. 1995. Abelhas silvestres<br />

(Hymenoptera: Apoidea) de Corumbataí (SP) e Paraopeba (MG)<br />

e uma discussão sobre a biogeografia das abelhas do cerrado.<br />

Revista Brasileira de Entomologia 39: 371-401.<br />

Silveira, F. A. & L. M. Godínez. 1996. Systematic surveys of local<br />

bee faunas. Melissa – the Melittologist´s Newsletter, 9: 1-4.<br />

Silveira, F. A. 2002. The bamboo-nesting carpenter bee, Xylocopa<br />

(Stenoxylocopa) artifex Smith (Hymenoptera: Apidae), also nests in<br />

fibrous branches of Vellozia (Velloziaceae). Lundiana 3 (1): 57-60.<br />

Stehmann, J. R. & J. Semir. 2001. Biologia reprodutiva de<br />

Calibrachoa elegans (Miers) Stehmann & Semir (Solanaceae).<br />

Revista Brasileira de Botânica, 24: 43-49.<br />

Urban, D. 1992. Espécies novas de Epanthidium Moure<br />

(Hymenoptera, Megachilidae, Anthidiinae). Acta Biológica<br />

Paranaense 21 (1-4): 1-21.<br />

Urban, D. 1997. Larocanthidium gen.n. de Anthidiinae do Brasil<br />

(Hymenoptera, Megachilidae). Revista Brasileira de Zoologia<br />

14 (2): 299-317.<br />

Urban, D. 1998. Espécies novas de Melissoptila Holmberg da<br />

América do Sul e notas taxonômicas (Hymenoptera,<br />

Anthophoridae). Revista Brasileira de Zoologia 15 (1): 1-46.<br />

Urban, D. 2002. Espécies novas de Dicranthidium Moure & Urban<br />

(Hymenoptera, Megachilidae) e chave para identificação das<br />

espécies. Revista Brasileira de Zoologia 19 (3): 637-643.<br />

Urban, D. 2006. Espécies novas de Epanthidium Moure e de<br />

Austrostelis Michener & Griswold (Hymenoptera, Apidae,<br />

Megachilina). Revista Brasileira de Entomologia 50 (1): 43-48.<br />

Urban, D. 2007a. Espécies novas de Anthrenoides Ducke<br />

(Hymenoptera, Andreninae) so sudeste do Brasil. Revista Brasileira<br />

de Entomologia 51 (1): 23-34.<br />

Urban, D. 2007b. Três espécies novas de Gaesischia Michener,<br />

Laberge & Moure e notas sobre Gaesischia melanaspis Urban<br />

(Hymenoptera, Apidae). Revista Brasileira de Zoologia 24<br />

(2): 470-473.<br />

Zanella, F. C. V. 2000. The bees of the Caatinga (Hymenoptera,<br />

Apoidea, Apiformis): a species list and comparative notes<br />

regarding their distribuition. Apidologie 31: 579-592.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Status do conhecimento, endemismo e<br />

conservação de anfíbios anuros da Cadeia do<br />

Espinhaço, Brasil<br />

FELIPE S. F. LEITE 1,3 *<br />

FLORA A. JUNCÁ 2<br />

PAULA C. ETEROVICK 1<br />

1 Programa de Pós Graduação em Zoologia de Vertebrados, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Campus Universitário, Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />

3 Classe Meio Ambiente, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />

* e-mail: fsfleite@gmail.com<br />

RESUMO<br />

A Serra do Espinhaço representa uma região de grande importância nos contextos geológico,<br />

ecológico e biogeográfico no Brasil, devido às suas formações características, alta riqueza de<br />

espécies e endemismos e padrões de distribuição que sugerem eventos passados de especiação<br />

por vicariância ou isolamento. Os anfíbios anuros constituem um grupo representativo da<br />

biodiversidade e endemismos da Serra do Espinhaço, porém os dados existentes sobre sua<br />

distribuição e até mesmo inventariamentos são escassos para grandes extensões da cadeia.<br />

As principais dificuldades enfrentadas para a conservação do grupo se devem a esta falta de<br />

informação e à necessidade de intensificação de estudos taxonômicos na região, tendo em<br />

vista o grande número de espécies novas que vêm sendo descobertas. No presente trabalho<br />

apresentamos uma revisão do conhecimento existente sobre a distribuição de anfíbios anuros<br />

na Serra do Espinhaço, indicando as principais lacunas que devem ser preenchidas por estudos<br />

futuros. À medida que tais problemas forem solucionados, será possível contar com uma<br />

base de dados mais representativa para a determinação de áreas prioritárias para a conservação<br />

dos anfíbios, além de se poder determinar com mais segurança o grau de ameaça sofrido<br />

pelas espécies presentes na região.<br />

ABSTRACT<br />

The Espinhaço mountain range (Serra do Espinhaço) represents a region of great geological,<br />

ecological and biogeographical importance in Brazil, due to its characteristic formations, high<br />

species richness and endemism levels, and distribution patterns suggestive of past events of<br />

vicariance and isolated speciation. Anuran amphibians constitute a representative group regarding<br />

biodiversity and endemisms in the Serra do Espinhaço, nevertheless data on their distribution and<br />

even species inventories are rare for great extensions of the mountain chain. The main chalenges<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


for amphibian conservation in the region are this lack of information and the need of more intensive<br />

taxonomic studies, since many new species are still being found. In the present study we present<br />

an overview of the available information on anuran species distribution at the Serra do Espinhaço<br />

and point to major gaps in data availability, which should be addressed in future studies. When<br />

the current problems are solved, it will be possible to count on a representative data set to determine<br />

priority areas for conservation, as well as to determine the conservation status of species<br />

present in the region with more accuracy.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Serra do Espinhaço, termo introduzido por Eschwege<br />

(1822), vem atraindo o interesse de naturalistas desde<br />

o século XIX (Chur et al., 1981; Spix & Martius, 1981;<br />

Saint-Hilaire, 2004). A contribuição de tais naturalistas<br />

para o conhecimento científico da biota dessas terras<br />

altas do leste brasileiro foi inestimável. Contudo, a sua<br />

anurofauna permaneceu praticamente desconhecida até<br />

meados da década de 50. A maioria do conhecimento<br />

sobre os anfíbios dos campos rupestres vem dos trabalhos<br />

de W. Bokermann, I. Sazima e colaboradores, que<br />

publicaram vários artigos descrevendo novas espécies<br />

da Serra do Cipó, no sul do Espinhaço, em Minas Gerais,<br />

revelando a sua notável riqueza de formas endêmicas<br />

(Bokermann, 1956; Bokermann, 1964; Bokermann,<br />

1967a; Bokermann, 1967b; Bokermann & Sazima, 1973a;<br />

Bokermann & Sazima, 1973b; Bokermann & Sazima,<br />

1978; Caramaschi & Sazima, 1984; Caramaschi &<br />

Sazima,1985; Sazima & Bokermann, 1978; Sazima &<br />

Bokermann, 1982).<br />

A partir da década de 90, estudos sobre a anurofauna<br />

do Espinhaço têm sido mais constantes e com objetivos<br />

diversificados. Destacam-se, entre esses, os estudos<br />

de ecologia evolutiva e taxonomia desenvolvidos<br />

por P. C. Eterovick e colaboradores, também na Serra<br />

do Cipó (Eterovick, 2003; Eterovick & Barros, 2003;<br />

Eterovick & Brandão, 2001; Eterovick & Fernandes,<br />

2001; Eterovick & Fernandes, 2002; Eterovick & Sazima,<br />

1998; Eterovick & Sazima,1999; Eterovick & Sazima,<br />

2000a; Eterovick & Sazima, 2000b; Eterovick & Sazima,<br />

2004; Eterovick et al., 2002). Nascimento et al. (2005b)<br />

apresentaram a primeira compilação de estudos sobre<br />

anuros de uma região da porção mineira da Serra do<br />

Espinhaço, compreendida entre os municípios de Ouro<br />

Branco, no seu extremo sul, e Olhos D’Água ao norte<br />

do município de Diamantina, estado de Minas Gerais.<br />

Juncá (2005), em estudo que inventariou algumas áreas<br />

da porção norte do Espinhaço, no estado da Bahia, conhecida<br />

como Chapada Diamantina, apresentou uma<br />

listagem de espécie para a região e ressaltou a carência<br />

de conhecimento sobre a anurofauna desta vasta e pouco<br />

explorada porção setentrional da cadeia.<br />

Devido ao difícil acesso, o que dificultou a sua exploração,<br />

a região do Espinhaço ainda preserva considerável<br />

p<strong>arte</strong> de sua biota original. Destacam-se ainda<br />

a sua considerável riqueza de espécies endêmicas, muitas<br />

vezes restritas a determinadas unidades de relevo<br />

(ver Giulietti & Pirani, 1988 para diversidade de plantas)<br />

e a sua inserção geográfica em uma área que contempla<br />

três diferentes biomas brasileiros (Cerrado, Caatinga<br />

e Mata Atlântica). Essas características fazem do<br />

Espinhaço uma importante área para a conservação da<br />

biodiversidade brasileira (MMA, 1999; MMA, 2000a;<br />

MMA 2000b; MMA, 2003).<br />

O presente estudo tem como principal objetivo sintetizar<br />

o atual status do conhecimento sobre a ocorrência<br />

e distribuição geográfica dos anuros na Serra do<br />

Espinhaço. Espera-se que sirva de estímulo e subsídio<br />

para o planejamento de futuros estudos e medidas conservacionistas<br />

na região.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 183<br />

Área de estudo<br />

A Serra do Espinhaço representa a faixa orogênica précambriana<br />

mais extensa e contínua do território brasileiro<br />

(Almeida-Abreu & Renger, 2002). Constituída por<br />

grupos de serras, se estende por cerca de 1000 km, do<br />

centro-sul de Minas Gerais em direção ao norte, até a<br />

região central da Bahia (Derby, 1906) (Figura 1). Além<br />

de atuar como uma barreira geográfica entre a Mata<br />

Atlântica e as formações abertas do Brasil central (Cerrado/Caatinga),<br />

a cadeia do Espinhaço constitui o divisor<br />

de águas entre a bacia do rio São Francisco e as bacias<br />

costeiras do Oceano Atlântico (e. g. Rios Doce, Jequitinhonha,<br />

Mucuri, Pardo, de Contas e Paraguaçu). A complexidade<br />

de suas relações (ecológicas e históricas) com<br />

os domínios morfoclimáticos brasileiros (sensu Ab’Saber,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


184 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

FIGURA 1 – Riqueza de espécies de anfíbios anuros por quadrícula (75 x 75 km) em áreas inseridas na Serra do<br />

Espinhaço, Minas Gerais e Bahia, Brasil.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


1977), aliada a sua grande heterogeneidade ambiental,<br />

propiciou condições diversas para o estabelecimento<br />

de uma grande variedade de fitofisionomias (e.g. campos<br />

rupestres, matas de galeria, matas nebulares, cerrados,<br />

veredas). Entre estas, os campos rupestres, que<br />

predominam nas maiores altitudes, constituem uma das<br />

vegetações brasileiras mais conspícuas e reconhecidas<br />

pela notável riqueza de formas endêmicas (Giulietti &<br />

Pirani, 1988).<br />

Métodos<br />

Dados de distribuição das espécies foram compilados<br />

preferencialmente da literatura científica. Informações<br />

complementares advêm apenas de coletas e registros<br />

efetuados pelo primeiro autor e da coleção de anfíbios<br />

do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Feira<br />

de Santana (MZUEFS). Para a apresentação da lista<br />

de espécies foram consideradas apenas espécies plenas.<br />

Espécies com status taxonômico incerto citadas<br />

na bibliografia foram excluídas da compilação <strong>final</strong> dos<br />

dados, a menos que se tenha verificado posteriormente<br />

a atual identidade das mesmas. Espécies sabidamente<br />

novas, mas ainda não descritas, também não foram consideradas.<br />

Abordamos a anurofauna associada à localidades estritamente<br />

caracterizadas como pertences à cadeia do<br />

Espinhaço e a seus ambientes adjacentes. Quando uma<br />

espécie foi registrada na literatura mais de uma vez no<br />

mesmo município, foi indicado como fonte bibliográfica<br />

apenas o seu primeiro registro cronológico. Quando<br />

as coordenadas geográficas do registro não estavam<br />

disponíveis, essas foram consideradas como o centróide<br />

da área do município inserido nos limites do Espinhaço.<br />

Os registros de ocorrência apresentados em Nascimento<br />

et al. (2005b) não foram discriminados por localidade<br />

ou município, tão pouco foram apresentadas suas<br />

fontes, dessa forma optou-se por não incluí-los.<br />

A localidade Serra do Cipó, quando mencionada sem<br />

o respectivo município, foi considerada como pertencente<br />

ao município de Santana do Riacho, já que a grande<br />

maioria das coletas realizadas nessa localidade se<br />

deu na área atual deste município. Da mesma forma, os<br />

registros efetuados na Serra do Cipó e referidos como<br />

pertencentes ao município de Jaboticatubas, estão hoje<br />

inseridos no município de Santana do Riacho devido à<br />

emancipação do mesmo, dada no ano de 1962.<br />

A riqueza de espécies de anuros por unidade geográfica<br />

pode ser, até certo ponto, principalmente em<br />

regiões pouco amostradas, função do esforço amostral<br />

ali empregado e, portanto, pode ser utilizada como um<br />

indicador grosseiro deste parâmetro. Para avaliar a<br />

variação da riqueza de espécies de anuros ao longo do<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 185<br />

Espinhaço foi calculado o número de espécies registrado<br />

por quadrícula de um gride dividido em quadrículas<br />

de 75 X 75 km, sobreposto ao mapa da região. Este número<br />

provavelmente reflete esforço amostral mais do<br />

que diferenças reais de riqueza de espécies, pois apesar<br />

de ambos contribuírem para os números registrados,<br />

nenhuma quadrícula pode ser considerada como exaustivamente<br />

amostrada, sendo esperados registros de novas<br />

espécies em toda a extensão do Espinhaço uma vez<br />

que se intensifiquem os esforços de amostragem.<br />

O termo “endemismo restrito” foi utilizado para designar<br />

situações em que uma espécie é conhecida de<br />

apenas uma única localidade.<br />

Ênfase foi dada à apresentação e discussão de aspectos<br />

biogeográficos e conservacionistas da anurofauna.<br />

Além disto, informações biológicas básicas sobre o<br />

ambiente de reprodução das espécies endêmicas do<br />

Espinhaço são apresentadas sob forma de tabela.<br />

A classificação taxonômica utilizada segue as propostas<br />

apresentadas por Faivovich et al. (2005), Frost<br />

et al. (2006) e Grant et al. (2006), Ghaparro et al. (2007),<br />

Heinicke et al. (2007) e Hedges et al. (2008). O gênero<br />

Rupirana foi classificado como Cycloramphinae assim<br />

como proposto por Dubois (2005), e provisoriamente<br />

indicado em Frost (2007).<br />

RESULTADOS<br />

Riqueza de espécies e endemismos<br />

Conhecem-se, hoje, de localidades inseridas na Serra do<br />

Espinhaço, 105 espécies de anfíbios anuros (Anexo 1).<br />

A família com o maior número de espécies é Hylidae,<br />

representando cerca de 48% (50 espécies) do total de<br />

espécies assinaladas para a região. Leiuperidae,<br />

Cycloramphidae e Leptodactylidae estão representadas<br />

respectivamente por 13, 12 e 12 espécies, constituindo,<br />

cada, cerca de 12% do total.<br />

Cerca de 68% (71 espécies) do total de espécies apresentam<br />

registro apenas para o estado de Minas Gerais<br />

e 16% (17 espécies) para o estado da Bahia; 16% (17<br />

espécies) ocorrem em ambos os estados. Devido à desigualdade<br />

existente no esforço amostral despendido<br />

nos estados de Minas Gerais e Bahia (ver tópico sobre<br />

as lacunas do conhecimento), é esperado, no presente<br />

momento, que a riqueza de espécies, inclusive endêmicas,<br />

do Espinhaço mineiro seja maior que a da porção<br />

baiana. Segundo estimativa preliminar, o estado de<br />

Minas Gerais abriga cerca de 200 espécies de anfíbios<br />

(Drummond et al., 2005). O número de espécies assinaladas<br />

para a porção mineira do Espinhaço corresponde<br />

a cerca de 35% desse total.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


186 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

Foram registradas 28 espécies que apresentam distribuição<br />

restrita à cadeia do Espinhaço (Tabela 1), o<br />

que representa cerca de 27% da anurofauna regional.<br />

Essas espécies estão incluídas em 15 gêneros, sendo<br />

que Rupirana é endêmico da região norte da cadeia<br />

(Chapada Diamantina). Do total de espécies endêmicas,<br />

23 ocorrem apenas na porção mineira da cadeia. Apenas<br />

cinco, Rupirana cardosoi, Strabomantis aramunha<br />

Bokermannohyla itapoty, B. diamantina e B. oxente são<br />

exclusivas da porção baiana (Heyer, 1999; Napoli &<br />

Juncá, 2006; Lugli & Haddad, 2006a; Lugli &<br />

Haddad, 2006b, Cassimiro et al., 2008). O gênero<br />

Bokermannohyla é o gênero com o maior número de<br />

espécies com ocorrência restrita à cadeia, com 7 espécies<br />

descritas (Tabela 1).<br />

O Espinhaço destaca-se por abrigar uma grande diversidade<br />

de espécies do grupo de Leptodactylus fuscus<br />

(Heyer, 1978), do qual 8 espécies foram registradas<br />

(Anexo 1), ainda que apenas L. camaquara seja o único<br />

endêmico da região (Tabela 1).<br />

A grande riqueza de espécies de anfíbios associadas<br />

ao Espinhaço deve-se não só à sua extensa área e grande<br />

amplitude longitudinal e altitudinal, mas certamente<br />

à existência de uma complexa e intricada relação histórica<br />

e ecológica entre esta formação e os biomas a<br />

ela adjacentes. Dessa forma, além de apresentar formas<br />

típicas, possui também elementos característicos<br />

do Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.<br />

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA<br />

Diante do conhecimento atual, a discriminação refinada<br />

de diferentes unidades zoogeográficas ao longo do<br />

Espinhaço seria uma tarefa precipitada. Contudo, a partir<br />

da distribuição das espécies endêmicas de anuros,<br />

algumas segregações faunísticas parecem evidentes,<br />

sendo possível reconhecer três principais unidades de<br />

relevo que abrigam espécies endêmicas exclusivas, são<br />

elas: (A) a região do Quadrilátero Ferrífero, extremo sul<br />

da cadeia, Minas Gerais; (B) a região que se inicia na<br />

Serra do Cipó (logo ao norte do Quadrilátero Ferrífero)<br />

e se estende até as serras do norte de Minas Gerais e<br />

(C) a região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia.<br />

A ocorrência geográfica por unidade de relevo (A, B, C)<br />

das espécies endêmicas do Espinhaço é apresentada na<br />

Tabela 1.<br />

A segregação existente entre a Chapada Diamantina<br />

e a porção sul da cadeia é evidente. Essas regiões não<br />

compartilham sequer uma espécie de anfíbio endêmica<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

do Espinhaço. A existência de espécies distintas, porém<br />

aparentemente próximas filogeneticamente<br />

(i.e., Bokermannohyla alvarengai/B. itapoty e B. saxicola/<br />

B. oxente (Lugli & Haddad, 2006a; Lugli & Haddad, 2006b)<br />

e com distribuição disjunta entre a porção mineira do<br />

Espinhaço e a Chapada Diamantina, sugere a existência<br />

de uma conexão histórica entre essas porções da cadeia<br />

e um posterior evento vicariante, que teria levado<br />

ao isolamento geográfico de populações ancestrais,<br />

seguido de eventos de especiação alopátrica. Atualmente<br />

essas distintas unidades de relevo são separadas por<br />

uma região árida, com altitudes menores e dominadas<br />

por uma vegetação xérica de caatinga. Essa região foi e<br />

é provavelmente uma barreira para a dispersão de espécies<br />

de anfíbios relacionadas, como já foi sugerido<br />

para B. alvarengai e B. itapoty (Lugli & Haddad, 2006a) e<br />

para B. saxicola e B. oxente (Lugli & Haddad, 2006b). Esse<br />

mesmo padrão de distribuição pode também ser observado<br />

para Augastes scutatus e A. lumachella (Aves:<br />

Trochilidae) (Vasconcelos et al., 2007), reforçando<br />

ainda mais a proximidade filogeográfica entre o Espinhaço<br />

mineiro e baiano. Mecanismos de especiação<br />

similares seriam os responsáveis pela existência de espécies<br />

de Physalaemus filogeneticamente relacionadas,<br />

de distribuição restrita e ocupando a mesma fisionomia<br />

ambiental em diferentes unidades de relevo nas Serras<br />

do Espinhaço e Mantiqueira (Cruz & Feio, 2007). Considerando<br />

tal proximidade histórica entre o Espinhaço<br />

mineiro e baiano, não seria surpreendente se outras<br />

espécies de anuros filogeneticamente próximas daquelas<br />

da porção mineira fossem, ainda, descobertas na<br />

Chapada Diamantina.<br />

Outros instigantes padrões de distribuição geográfica<br />

disjunta envolvem espécies de ocorrência restrita ao<br />

Espinhaço. Os pares de espécies Scinax uruguayus/<br />

S. pinima e Bokermannohyla langei/B. martinsi são os únicos<br />

integrantes de seus respectivos grupos de espécies<br />

(Faivovich et al., 2005). Esses pares de espécies apresentam<br />

distribuição disjunta sendo que B. martinsi e<br />

S. pinima ocorrem apenas em áreas de altitude do sul<br />

do Espinhaço, B. langei apenas no estado do Paraná e<br />

S. uruguayus em áreas do sul do Brasil, Argentina e Uruguai<br />

(Frost, 2007). Esses curiosos padrões de ocorrência<br />

levantam questões sobre a evolução geomorfológica<br />

e a influência do clima nos processos que moldaram a<br />

atual distribuição dessas espécies.<br />

A influência dos biomas adjacentes ao Espinhaço é<br />

também um importante fator delineador da atual distribuição<br />

observada das espécies de anfíbios na cadeia. Ao<br />

atuar como divisor não apenas de bacias hidrográficas


Leite, Juncá & Eterovick | 187<br />

TABELA 1 – Ocorrência geográfica por unidade de relevo, ambiente de reprodução e status de conservação das espécies<br />

endêmicas de anfíbios anuros endêmicas da Serra do Espinhaço, Minas Gerais e Bahia, Brasil. P<strong>arte</strong> dos dados referentes aos<br />

ambientes de reprodução de espécies que ocorrem na Serra do Cipó, Minas Gerais, foi extraída de Feio et al. (no prelo).<br />

AMBIENTES DE REPRODUÇÃO STATUS DE CONSERVAÇÃO<br />

WORKSHOP DE<br />

REVISÃO DA LISTA<br />

MINAS GERAIS. LISTA OFICIAL<br />

OCORRÊNCIA ÁREAS MATAS BIODIVERSITAS BRASILEIRA.<br />

TAXA GEOGRÁFICA ABERTAS DE GALERIA (2006) IBAMA (2003)<br />

Brachycephalidae<br />

I. izecksohni A FL LC LC<br />

Cycloramphidae<br />

C. bokermanni A+B rp RP LC LC<br />

P. cururu B RT, rp DD LC<br />

R. cardosoi C AT, RT, RP — LC<br />

T. megatympanum A+B PM LC LC<br />

Hylidae<br />

B. alvarengai A+B RT, rp LC LC<br />

B. diamantina* C RP — —<br />

B. itapoty C RP — —<br />

B. martinsi A+B RP LC LC<br />

B. nanuzae A+B RP LC LC<br />

B. oxente C RP, RT RP — —<br />

B. saxicola B RP RP LC LC<br />

H. cipoensis B RP, lp rp LC LC<br />

P. jandaia A+B RP LC LC<br />

P. itacolomi A RT — —<br />

P. megacephala B RT DD LC<br />

S. cabralensis B RP, RT, LP, LT — —<br />

S. curicica A+B LT, LP, rp, rt LC —<br />

S. machadoi A+B RP LC LC<br />

S. pinima* B LT DD DD<br />

Hylodidae<br />

H. otavioi B RP DD DD<br />

H. uai A RP LC LC<br />

Leiuperidae<br />

P. deimaticus* B ? ? DD DD<br />

P. erythros* A LT DD —<br />

P. evangelistai A+B LT LC DD<br />

P. mineira B AT LC LC<br />

Leptodactylidae<br />

L. camaquara B AT, rt LC LC<br />

Strabomantidae<br />

S. aramunha* C ? — —<br />

Categoria de ocorrência geográfica: A = Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais; B = Espinhaço mineiro, excluindo A; C = Chapada Diamantina, Bahia.<br />

Ambientes de reprodução: RP = riachos permanentes; RT = riachos temporários; LP = lagoas, poças e brejos permanentes; LT = lagoas, poças e brejos<br />

temporários; AT = alagadiços rasos e temporários; PM = superfície de pedras temporariamente molhadas; FL = folhiço/serrapilheira; ? = desconhecido.<br />

Letras minúsculas indicam ambientes utilizados com menor freqüência para a reprodução. * espécies conhecidas apenas de sua localidade tipo.<br />

Categoria de ameaça: DD = dados deficientes; LC = não ameaçadas; — = espécie não contemplada por não ocorrer em Minas Gerais, ou porque ainda<br />

não havia sido descrita na ocasião da elaboração das listas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


188 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

costeiras e interioranas, mas também de biomas (Cerrado<br />

a oeste e Mata Atlântica a leste/sudeste), o Espinhaço<br />

funciona como uma barreira para muitas espécies típicas<br />

dessas distintas formações fitogeográficas. Dessa<br />

forma, espécies ou até mesmo gêneros (e.g. Phasmahyla,<br />

Thoropa, Crossodactylus, Hylodes e Cycloramphus) que<br />

possuem o centro de suas áreas de ocorrência na Mata<br />

Atlântica, apresentam no Espinhaço seus limites ocidentais<br />

de ocorrência, dentro do intervalo latitudinal<br />

entre 20 o S e 10 o S, (limite sul-norte da cadeia). O mesmo<br />

pode ser observado para espécies típicas do Cerrado<br />

(i.e Ameerega flavopicta, Hypsiboas lundii, Physalaemus<br />

centralis e Chiasmocleis albopunctata) cujas distribuições<br />

geográficas não ultrapassam a encosta oeste do<br />

Espinhaço.<br />

A ocorrência de táxons possivelmente provenientes<br />

de linhagens tipicamente atlânticas na cadeia do<br />

Espinhaço pode ser considerada relictual. Em períodos<br />

mais mésicos, na metade do Oligoceno, a região do Espinhaço<br />

esteve inserida no domínio da Mata Atlântica<br />

e teria sido coberta por extensas matas (Maxson &<br />

Heyer, 1982; Heyer, 1999). Dessa forma, algumas espécies<br />

do bioma atlântico teriam expandido suas distribuições<br />

até áreas mais altas da serra, hoje ocupadas<br />

por ambientes campestres. Após a retração dessas<br />

matas as populações remanescentes teriam se especiado,<br />

tornando-se aptas para a vida nos campos rupestres<br />

e em suas matas de galeria. Essas espécies podem<br />

ser consideradas ilhadas (“stranded species” Vanzolini<br />

& Ramos, 1977) como já comentado por Feio et al. (no<br />

prelo) para Phasmahyla jandaia, Hylodes otavioi e Thoropa<br />

megatympanum. Portanto, p<strong>arte</strong> da fauna de anfíbios<br />

adaptados a córregos de montanha do Espinhaço possuiria<br />

uma origem ancestral atlântica, como sugerido<br />

por Heyer (1999). Cruz & Feio (2007) ressaltam que o<br />

fato de nenhum desses táxons ocorrerem em áreas nucleares<br />

das formações abertas do Brasil central reforça<br />

essa hipótese. Entretanto, análises filogeográficas são<br />

ainda necessárias para que se possa refutar ou embasar<br />

esta proposição.<br />

Colli (2005) sugere ainda que as endêmicas<br />

Bokermannohyla saxicola e Hypsiboas cipoensis podem<br />

ter se originado em relictos campestres formados durante<br />

máximos de umidade, quando essas áreas presumivelmente<br />

foram isoladas por florestas (Harley,<br />

1988).<br />

A proporção entre o número de endemismos e o<br />

número de endemismos restritos (espécies conhecidas<br />

apenas de uma única localidade) para anfíbios das serras<br />

do Mar e Mantiqueira na Mata Atlântica do sudeste<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

brasileiro excede os 50% (Cruz & Feio, 2007). Apesar do<br />

considerável número de endemismos, apenas 4 espécies<br />

podem hoje ser consideradas endêmicas restritas<br />

de alguma localidade do Espinhaço (Tabela 1), representando<br />

apenas cerca de 15% do total de espécies<br />

endêmicas. É possível que tal diferença possa ser um<br />

<strong>arte</strong>fato de amostragem. Porém, a maior taxa de endemismo<br />

restrito pode ser uma característica inerente às<br />

áreas de altitude integralmente inseridas no domínio<br />

da Mata Atlântica (Serra do Mar e Mantiqueira), em<br />

contraposição às áreas abertas do Espinhaço, que<br />

apesar de sofrerem influência atlântica, são também<br />

influenciadas por biomas savânicos e/ou semi-áridos,<br />

reconhecidamente menos ricos em número de espécies<br />

e endemismos.<br />

A compreensão dos padrões atuais de distribuição<br />

geográfica da fauna de anfíbios da Serra do Espinhaço,<br />

auxiliada por estudos filogeográficos, é fundamental<br />

para se compreender a história evolutiva deste peculiar<br />

ecossistema brasileiro.<br />

AS LACUNAS DO CONHECIMENTO<br />

Amplitude da cobertura geográfica<br />

Constatou-se a existência de coletas e/ou registros de<br />

espécies de anuros em 20 quadrículas sobrepostas ao<br />

mapa do Espinhaço (Figura 1). Contudo, ao analisar mais<br />

detalhadamente o número de espécies registrado por<br />

quadrícula, observa-se que poucas contam com amostragens<br />

que possam ser consideradas representativas.<br />

Em apenas 10 quadrículas foram registradas mais de<br />

15 espécies. No mapa da Figura 1, observa-se o número<br />

de espécies por quadrícula, como indicativo grosseiro<br />

do esforço amostral, salientando a desigualdade entre<br />

os estados de Minas Gerais e Bahia. É nítida a concentração<br />

desses esforços no extremo sul da cadeia, mais<br />

especificamente nas quadrículas correspondentes às<br />

regiões do Quadrilátero Ferrífero e da Serra do Cipó,<br />

que devido à maior proximidade a um grande centro<br />

urbano, no caso, o município de Belo Horizonte, e à<br />

relativa facilidade de acesso, foram melhor amostradas<br />

do que as demais áreas do Espinhaço. Especialmente<br />

as regiões do extremo norte de Minas Gerais e da Chapada<br />

Diamantina, na Bahia, permanecem ainda pouco<br />

exploradas e o conhecimento sobre as suas anurofaunas<br />

baseia-se em amostragens pontuais e pouco representativas<br />

(Figura 1). Em muitas regiões não há sequer registro<br />

de qualquer espécie de anuro, dando uma idéia<br />

do quão pouco conhecemos a fauna da região.


Dentro dessa enorme área ainda pouco ou não<br />

amostrada do Espinhaço (Figura 1), algumas localidades<br />

se destacam pelo seu bom estado de conservação,<br />

isolamento geográfico ou devido à presença de fitofisionomias<br />

(i.e. matas nebulares) ou condições (i.e. grandes<br />

altitudes) ímpares no contexto regional.<br />

A Serra do Cabral, na face oeste da cadeia, centro de<br />

Minas Gerais, é um exemplo de região sub-amostrada e<br />

interessante do ponto de vista biogeográfico, por tratarse<br />

de uma unidade de relevo isolada e disjunta do espigão<br />

central da cadeia. Amostragens fortuitas na região mostraram<br />

a presença de espécies típicas do tronco principal<br />

do Espinhaço (i.e. Bokermannohyla saxicola), além de<br />

outras possivelmente novas (F. S. F. Leite, obs. pess.).<br />

A investigação científica em serras inexploradas com<br />

altitudes superiores a 1700m deve ainda nos surpreender<br />

com a existência de novas espécies de distribuição<br />

restrita. Entre alguns promissores picos do Espinhaço<br />

de Minas Gerais estão os picos da Serra do Caraça e<br />

Serra da Piedade, no Quadrilátero Ferrífero, e o Pico do<br />

Itambé, na região central do estado. Na Bahia, destacam-se<br />

os ainda pouco explorados Pico do Barbado e<br />

Pico das Almas. Muitas vezes a pouca diversidade ou<br />

inexistência de espécies de anfíbios em altitudes mais<br />

elevadas deve-se a pouca ou nenhuma disponibilidade<br />

de habitats aquáticos para a reprodução. Contudo, não<br />

se pode desprezar a possibilidade de ocorrência de fauna<br />

bromelícola (i.e. Flectonotus), visto a abundância e diversidade<br />

desta família de plantas na cadeia (Versieux et al.,<br />

2007), além de espécies que não necessitam de corpos<br />

d’água para a reprodução (i.e. Ischnocnema, Haddadus).<br />

A suposição de que muitas espécies antes consideradas<br />

endêmicas da porção sul do Espinhaço apresentariam<br />

distribuição mais ampla na cadeia, aventada por<br />

Vanzolini (1982) e Feio & Caramaschi (1995), vem se confirmando<br />

à medida que coletas, mesmo que esporádicas,<br />

vêm sendo feitas, principalmente na região norte de<br />

Minas Gerais. Leite et al. (2006) ampliaram até o Parque<br />

Estadual do Rio Preto, Município de São Gonçalo do Rio<br />

Preto, Minas Gerias, a distribuição geográfica em direção<br />

norte de cinco espécies (Bokermannohyla nanuzae,<br />

Scinax curicica, Leptodactylus camaquara, Physalaemus<br />

evangelistai e Proceratophrys cururu), até então conhecidas<br />

apenas para as suas localidades tipo, na Serra do<br />

Cipó, salvo S. curicica, também conhecida para a vizinha<br />

Serra do Caraça, Minas Gerais. Recentes coletas em<br />

áreas de altitude do município de Serranópolis de Minas,<br />

Minas Gerais, revelaram ainda que as endêmicas<br />

Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, Hypsiboas cipoensis,<br />

S. curicica, L. camaquara e Thoropa megatympanum<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 189<br />

também ocorrem no extremo norte do estado, as ocorrências<br />

mais setentrionais conhecidas para estas espécies<br />

(Anexo 1). Acredita-se que, à medida que novas<br />

áreas ainda não inventariadas forem amostradas, algumas<br />

espécies consideradas endêmicas restritas (ver<br />

Tabela 1) venham a ter suas distribuições geográficas<br />

ampliadas, demonstrando que alguns padrões atuais<br />

de endemismo restrito são apenas reflexos do pequeno<br />

esforço de coleta e da sua cobertura geográfica fragmentada.<br />

O refinamento da informação sistemática e taxonômica<br />

A insuficiência do conhecimento sistemático, agravada<br />

pela fragmentação geográfica do esforço de amostragem,<br />

é um dos problemas mais sérios enfrentados<br />

na elaboração de listas de espécies regionais (Rodrigues,<br />

2003). Um reflexo desta limitação pode ser observado<br />

em inventários realizados no Espinhaço que<br />

apresentam um grande número de espécies com determinações<br />

taxonômicas incertas (ver Juncá, 2005;<br />

Nascimento et al., 2005b; Canelas & Bertolucci, 2007).<br />

Se considerados esses táxons, o número de espécies e<br />

os padrões de endemismos da cadeia se modificariam<br />

consideravelmente. Padrões de riqueza e endemismo,<br />

utilizados como base para medidas conservacionistas,<br />

podem mudar significativamente quando mais dados<br />

são coletados e incorporados nas análises (Brown &<br />

Brown, 1993; Heyer, 1988; Silva, 1995). Assim, a realização<br />

de revisões taxonômicas e a descrição de novas<br />

espécies são também importantes etapas a serem cumpridas<br />

para que possamos preencher p<strong>arte</strong> das lacunas<br />

existentes sobre a fauna do Espinhaço e assim melhorar<br />

a abrangência das suas estratégias de conservação.<br />

Áreas prioritárias para a conservação<br />

Cinco áreas inseridas no complexo do Espinhaço foram<br />

reconhecidas como prioritárias para a conservação de<br />

répteis e anfíbios em Minas Gerais (Drummond et al.,<br />

2005). Devido ao grande número de endemismos e alta<br />

riqueza de espécies, é indiscutível a importância desta<br />

formação para a conservação de anfíbios no estado.<br />

É interessante dizer, porém, que dentro do Espinhaço<br />

certamente existem áreas de prioridade máxima para a<br />

conservação de anfíbios e que devem ser preservadas<br />

em detrimento de outras menos importantes. Contudo,<br />

a qualidade da informação sobre a ocorrência e<br />

distribuição das espécies de anfíbios atualmente disponível<br />

e utilizada na definição dessas áreas não nos<br />

oferece a precisão necessária para determiná-las com<br />

segurança. Acredita-se que a delimitação de áreas<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


190 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

prioritárias para a conservação de anfíbios no estado<br />

de Minas Gerais (ver Drummond et al., 2005) só alcançará<br />

refinamento apropriado, do ponto de vista técnico,<br />

caso sejam previamente realizados inventários<br />

faunísticos em todo o estado e seja compilada a informação<br />

existente nos principais acervos de coleções e<br />

museus do país. A falta de conhecimento sobre a distribuição<br />

geográfica das espécies constitui certamente o<br />

problema mais importante a ser resolvido para que áreas<br />

prioritárias para conservação possam ser definidas de<br />

forma adequada. Rodrigues (2003) expõe a inviabilidade<br />

de se optar adequadamente por alternativas de conservação<br />

na ausência de uma base de dados proveniente de<br />

amostragens representativas e com ampla cobertura geográfica.<br />

É sempre bom alertar pessoas envolvidas com<br />

assuntos ambientais de que nenhuma estratégia de conservação<br />

pode ser melhor do que a qualidade do inventário<br />

biológico no qual ela é baseada (Silva, 1995).<br />

O cenário acima exposto, somado ao atual ritmo de<br />

degradação das paisagens naturais em áreas do Espinhaço<br />

(Drummond et al., 2005; Juncá, 2005), alerta para<br />

a urgente necessidade de criação de programas que<br />

subsidiem prioritariamente o preenchimento das lacunas<br />

do conhecimento. Outro ponto a ser discutido é o<br />

tratamento conjunto dado ao grupo dos répteis e anfíbios<br />

e utilizado na delimitação das áreas prioritárias de<br />

Minas Gerais, o que obviamente toca o Espinhaço. Visto<br />

que anfíbios e répteis possuem necessidades muito<br />

distintas no uso de habitats e recursos, é possível que<br />

as áreas prioritárias para conservação destes dois grupos<br />

sejam distintas. Este tratamento equivocado foi<br />

também utilizado em diversas análises conservacionistas<br />

de âmbito nacional (MMA, 1999; MMA, 2000a; MMA<br />

2000b; MMA, 2003) e carece de sentido biológico, o<br />

que diminui consideravelmente a aplicabilidade de suas<br />

conclusões para fins de conservação específicos. Por<br />

exemplo, pode-se considerar que uma dada localidade<br />

seja de extrema importância para anfíbios, no entanto<br />

seu valor será subestimado se ela não apresentar prioridade<br />

para a conservação de répteis (e vice-versa).<br />

ESPÉCIES AMEAÇADAS<br />

A primeira lista oficial de espécies ameaçadas de<br />

extinção a contemplar espécies de anfíbios do Espinhaço<br />

foi a primeira versão da lista Lista Vermelha da Fauna<br />

Ameaçada de Extinção do Estado de Minas Gerais, homologada<br />

em 1995 (Machado et al., 1998). As endêmicas<br />

Phasmahyla jandaia, Scinax pinina, Physalaemus<br />

deimaticus e Crossodactylus bokermanni foram então<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

classificadas como vulneráveis (VU) de acordo com os<br />

critérios e categorias da IUCN (1996), também expostos<br />

em Lins et al. (1997). Na ocasião da publicação<br />

essas espécies eram conhecidas apenas para suas localidades<br />

tipo, na Serra do Cipó (Bernardes, 1998;<br />

Caramaschi, 1998a; Caramaschi, 1998b; Nascimento,<br />

1998). Na última revisão da lista de Minas Gerais essas<br />

espécies foram retiradas de suas categorias de ameaça<br />

por diferentes razões (Biodiversitas, 2006). Para Scinax<br />

pinima e Physalaemus deimaticus, foi julgado que o esforço<br />

amostral na região não teria sido grande e geograficamente<br />

abrangente o suficiente para assumir que<br />

essas espécies estariam de fato sofrendo algum tipo de<br />

declínio populacional. Desta forma, essas espécies foram<br />

inseridas na categoria DD (dados insuficientes). Por<br />

outro lado, Phasmahyla jandaia foi excluída da lista por<br />

ter sido encontrada em diversas outras localidades e<br />

unidades de conservação (Caramaschi et al., 2000; Canelas<br />

& Bertolucci, 2007; F. S. F. Leite, obs. pess.).<br />

O mesmo ocorreu com Crossodactylus bokermanni,<br />

que foi também registrado em outras áreas do<br />

Espinhaço mineiro (Afonso & Eterovick, 2007; B. V. S.<br />

Pimenta, M. Wachlevski & C. A. G. Cruz, em prep.). Por<br />

esses mesmos motivos essas espécies também não foram<br />

classificadas em categorias de ameaça na Lista da<br />

Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (IBAMA, 2003).<br />

O status de conservação das espécies endêmicas do<br />

Espinhaço segundo as listagens oficiais de Minas Gerais<br />

e do Brasil é apresentado na Tabela 1.<br />

A escassez de dados sobre a ocorrência e distribuição<br />

de espécies de anfíbios, agravada pela falta de resolução<br />

taxonômica, dificulta tentativas de determinação<br />

de seus status de conservação. Os critérios da IUCN<br />

enfocam parâmetros como tamanho populacional e área<br />

de distribuição (IUCN, 2001), os quais não estão disponíveis<br />

para a grande maioria das espécies do grupo.<br />

Além disto, esses parâmetros foram criados para aves<br />

e mamíferos e a sua aplicabilidade para os anfíbios<br />

neotropicais gera controvérsia (ver Pimenta et al., 2005;<br />

Stuart et al., 2004; Stuart et al., 2005). Todos estes fatores,<br />

muitas vezes, resultam em um alto grau de subjetividade<br />

nas análises, opiniões divididas e resultados não<br />

comparáveis entre os grupos taxonômicos analisados.<br />

Sendo assim, o número relativamente baixo de espécies<br />

de anfíbios colocadas em categorias de ameaça,<br />

se comparado ao número de espécies alocadas na categoria<br />

de dados insuficientes (DD) em escalas nacional<br />

(ver Anexo II em Machado et al., 2005) e estadual (Biodiversitas,<br />

2006) reflete mais a falta de informação sobre<br />

o grupo do que um resultado tranqüilizador para a<br />

sua conservação.


BIBLIOGRAFIA<br />

Ab’Saber, A. N. 1977. Os domínios morfoclimáticos na América<br />

do Sul. Primeira aproximação. Geomorfologica 52: 1-21.<br />

Afonso, L. G. & P. C. Eterovick. 2007. Spatial and temporal<br />

distribution of breeding anurans in streams in southeastern<br />

Brazil. Journal of Natural History 41: 949-963.<br />

Almeida-Abreu, P. A. & F. E. Renger. 2002. Serra do Espinhaço<br />

meridional: um orógeno de colisão do Mesoproterozóico.<br />

Revista Brasileira de Geociências 32: 1-14.<br />

Baêta, D., P. H. Bernardo, B. de Assis, V. A. S. Pedro, L. O.<br />

Drummond, M. R. Silvério. 2005. Geographic Distribution:<br />

Physalaemus maximus. Herpetological Review 36: 200.<br />

Baldissera-Júnior, F. A., U. Caramaschi, & C. F. B. Haddad. 2004.<br />

Review of the Bufo crucifer species group, with descriptions<br />

of two new related species (Amphibia, Anura, Bufonidae).<br />

Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro 62: 255-282.<br />

Bernardes, A. T. 1998. Physalaemus deimaticus. In: A. B. M. Machado;<br />

G. A. B. Fonseca; R. B. Machado; L. M. S. Aguiar & L. V.<br />

Lins (eds). Livro vermelho das espécies ameaçadas de extinção<br />

da fauna de Minas Gerais. pp. 469-470. Biodiversitas, Belo<br />

Horizonte, Brasil.<br />

Biodiversitas. 2006. Workshop de Revisão da Lista da Fauna<br />

Ameaçada de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas, Belo<br />

Horizonte, Brasil.<br />

Bokermann, W. C. A. 1956. Sobre uma nova espécie de Hyla do<br />

Estado de Minas Gerais, Brasil (Amphibia, Salientia, Hylidae).<br />

Papéis Avulsos do Departamento de Zoologia XII: 357-362.<br />

Bokermann, W. C. A. 1964. Dos nuevas especies de Hyla de Minas<br />

Gerais y notas sobre Hyla alvarengai Bok. (Amphibia,<br />

Salientia, Hylidae). Neotropica 32: 67-76.<br />

Bokermann, W. C. A. 1967a. Três novas espécies de Physalaemus<br />

do sudeste brasileiro (Amphibia, Leptodactylidae). Revista<br />

Brasileira de Biologia 27: 135-143.<br />

Bokermann, W. C. A. 1967b. Notas sobre Hyla du<strong>arte</strong>i B. Lutz<br />

(Anura, Hylidae). Anais da Academia Brasileira de Ciências.<br />

39: 437- 440.<br />

Bokermann, W.C.A. & I. Sazima. 1973a. Anfíbios da Serra do<br />

Cipó, Minas Gerais, Brasil.1 - Espécies novas de Hyla (Anura,<br />

Hylidae). Revista Brasileira de Biologia 33: 329-336.<br />

Bokermann, W. C. A. & I. Sazima. 1973b. Anfíbios da Serra do<br />

Cipó, Minas Gerais, Brasil. 1: Duas espécies novas de Hyla<br />

(Anura, Hylidae). Revista Brasileira de Biologia 33: 457-472.<br />

Bokermann, W. C. A. & I. Sazima. 1978. Anfíbios da Serra do Cipó,<br />

Minas Gerais, Brasil. 4: Descrição de Phyllomedusa jandaia sp.<br />

n. (Anura, Hylidae). Revista Brasileira de Biologia 38: 927-930.<br />

Brown A. K. & J. H. Brown. 1993. Incomplete data sets in<br />

community ecology and biogeography: a cautionary tale.<br />

Ecological Applications 3: 736-742.<br />

Canelas, M. A. S. & J. Bertoluci. 2007. Anurans of the Serra do<br />

Caraça, southeastern Brazil: species composition and<br />

phenological patterns of calling activity. Iheringia, Série Zoologia<br />

97: 21-26.<br />

Caramaschi. U. 1998a. Hyla pinima. In: A. B. M. Machado; G. A.<br />

B. Fonseca; R. B. Machado; L. M. S. Aguiar & L. V. Lins (eds).<br />

Livro vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna<br />

de Minas Gerais. pp. 460-461. Biodiversitas, Belo Horizonte,<br />

Brasil.<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 191<br />

Caramaschi. U. 1998b. Crossodactylus bokermanni. In: A. B. M.<br />

Machado; G. A. B. Fonseca; R. B. Machado; L. M. S. Aguiar &<br />

L. V. Lins (eds). Livro vermelho das espécies ameaçadas de<br />

extinção da fauna de Minas Gerais. pp. 471-472. Biodiversitas,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

Caramaschi, U. 2006. Redefinição do grupo de Phyllomedusa<br />

hypochondrialis, com redescrição de P. megacephala (Miranda-<br />

Ribeiro, 1926), revalidação de P. azurea Cope, 1826 e descrição<br />

de uma nova espécie (Amphibia, Anura, Hylidae). Arquivos<br />

do Museu Nacional 64: 159-179.<br />

Caramaschi, U. & G. Kisteumacher. 1988. A new species of<br />

Eleutherodactylus (Anura: Leptodactylidae) from Minas Gerais,<br />

Southeastern Brazil. Herpetologica. 44: 423-426.<br />

Caramaschi, U. & G. Kisteumacher. 1989a. Duas novas espécies<br />

de Ololygon Fitzinger, 1843 do sudeste do Brasil (Amphibia,<br />

Anura, Hylidae). Boletim do Museu Nacional, Nova Série, Rio<br />

de Janeiro 327: 1-15.<br />

Caramaschi, U. & G. Kisteumacher. 1989b. O girino de<br />

Crossodactylus trachystomus (Reinhardt & Luetken, 1862)<br />

(Anura, Leptodactylidae). Revista Brasileira de Biologia 49:<br />

237-239.<br />

Caramaschi, U. & I. Sazima. 1984. Uma nova espécie de Thoropa<br />

da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil (Amphibia,<br />

Leptodactylidae). Revista Brasileira de Zoologia 2: 139-146.<br />

Caramaschi, U. & I. Sazima. 1985. Uma nova espécie de<br />

Crossodactylus da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil<br />

(Amphibia, Leptodactylidae). Revista Brasileira de Zoologia<br />

3: 43-49.<br />

Caramaschi, U., C. A. G. Cruz & R. N. Feio. 2000. Geographic<br />

Distribution Phasmahyla jandaia. Herpetological Review<br />

31: 251-251.<br />

Caramaschi, U., M. F. Napoli & A. T. Bernardes. 2001. Nova espécie<br />

do grupo de Hyla circumdata (Cope, 1870) do Estado de<br />

Minas Gerais, Brasil (Amphibia, Anura, Hylidae). Boletim do<br />

Museu Nacional, Nova Série, Rio de Janeiro 457: 1-11.<br />

Caramaschi, U., R. N. Feio & A. S. Guimarães-Neto. 2003. A new<br />

brightly colored species of Physalaemus (Anura:<br />

Leptodactylidae) from Minas Gerais, Southeastern Brazil.<br />

Herpetologica 59: 519-524.<br />

Caramaschi, U., C. A. G. Cruz & R. N. Feio. 2006. A new species<br />

of Phyllomedusa Wagler, 1830 from the State of Minas Gerais,<br />

Brazil (Amphibia, Anura, Hylidae). Boletim do Museu Nacional,<br />

Nova Série, Rio de Janeiro 524: 1-8.<br />

Cardoso, A. J. & I. Sazima. 1980. Nova espécie de Hyla do sudeste<br />

brasileiro (Amphibia, Anura, Hylidae). Revista Brasileira<br />

de Biologia 40: 75-79.<br />

Cassimiro, J., M. A. S. Canelas & J. Bertoluci. 2006. Aplastodiscus<br />

cavicola (Perereca-verde; Green Treefrog). Geographical<br />

distribution. Herpetological Review 37: 237.<br />

Cassimiro, J., V. K. Verdade & M. T. Rodrigues. 2008. A large and<br />

enigmatic new eleutherodactyline frog (Anura,<br />

Strabomantidae) from Serra do Sincorá, Espinhaço range,<br />

Northeastern Brazil. Zootaxa 1761: 59-68.<br />

Chur, L. A., D. E. Bertels, B. Komissarov & N. Licenko. 1981. A<br />

expedição científica de G. I. Langsdorff ao Brasil, 1821-1829.<br />

Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Fundação<br />

Nacional Pró-Memória, Brasília, Brasil.<br />

Colli, G. R. 2005. As origens e a diversificação da herpetofauna<br />

do Cerrado. In: A. Scariot, J. C. Souza-Silva & J. M. Felfili (eds.).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


192 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação. pp. 247-<br />

264. Brasília, Ministério do Meio Ambiente.<br />

Cruz, C. A. G. 1982. Conceituação de grupos de espécies de<br />

Phyllomedusinae brasileiras com base em caracteres larvários<br />

(Amphibia, Anura, Hylidae). Arquivos da Universidade Federal<br />

Rural do Rio de Janeiro 5:147-171.<br />

Cruz, C. A. G. & U. Caramaschi. 1998. Definição, composição e<br />

distribuição geográfica do grupo de Hyla polytaenia Cope, 1870<br />

(Amphibia, Anura, Hylidae). Boletim do Museu Nacional, Nova<br />

Série, Rio de Janeiro 392: 1-19.<br />

Cruz C. A. G. & R. N. Feio. (2007). Endemismos em anfíbios em<br />

áreas de altitude na Mata Atlântica no sudeste do Brasil. In: L.<br />

B. Nascimento & M. E. Oliveira (eds). Herpetologia no Brasil II.<br />

pp 117-126. Sociedade Brasileira de Herpetologia, Belo Horizonte,<br />

Brasil.<br />

Derby, O. A. 1906. The Serra of Espinhaço. Brazilian Journal of<br />

Geology 14: 374-401.<br />

Drummond, G. M., C. S. Martins, A. B. M. Machado, F. A. Sebaio<br />

& Y. Antonini (orgs.). 2005. Biodiversidade em Minas Gerais -<br />

um atlas para sua conservação. 2ª ed. Fundação Biodiversitas,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

Drummond, L. O., D. Baêta & M. R. Silvério-Pires. 2007. A neu<br />

species of Scinax (Anura, Hylidae) of the Scinax ruber clade<br />

from Minas Gerais, Brazil. Zootaxa 1612: 45-53<br />

Dubois, A. 2005. Amphibia Mundi. 1.1. An ergotaxonomy of<br />

Recent amphibians. Alytes 23: 1-24.<br />

Eschwege, W. L. v. 1822. Geognostisches Gemälde von Brasilien<br />

und Wahrscheinliches Muttergestein der Diamanten. Landes<br />

Industrie Comptoir, Weimar.<br />

Eterovick, P. C. 2000. Effects of aggregation on feeding of Bufo<br />

crucifer tadpoles (Anura, Bufonidae). Copeia 2000: 210-215.<br />

Eterovick, P. C. 2003. Distribution of anuran species among<br />

montane streams in southeastern Brazil. Journal of Tropical<br />

Ecology 19: 219-228.<br />

Eterovick, P. C. & I. M. Barata. 2006. Distribution of tadpoles<br />

within and among Brazilian streams: the influence of predators,<br />

habitat size and heterogeneity. Herpetologica 62: 367-379.<br />

Eterovick, P. C. & I. S. Barros. 2003. Niche occupancy in southeastern<br />

Brazilian tadpole communities in montane meadow<br />

streams. Journal of Tropical Ecology 19: 439-448.<br />

Eterovick, P. C. & R. A. Brandão. 2001. A description of the<br />

tadpoles and advertisement calls of members of the Hyla<br />

pseudopseudis group. Journal of Herpetology 35: 442-450.<br />

Eterovick, P. C. & G. W. Fernandes. 2001. Tadpole distribution<br />

within montane meadow streams at the Serra do Cipó,<br />

southeastern Brazil: ecological or phylogenetic constraints?<br />

Journal of Tropical Ecology 17: 683-693.<br />

Eterovick, P. C. & G. W. Fernandes. 2002. Why do breeding frogs<br />

colonize some puddles more than others? Phyllomedusa<br />

1: 31-40.<br />

Eterovick, P. C. & I. Sazima. 1998. A new species of Proceratophrys<br />

(Anura: Leptodactylidae) from Southeastern Brazil. Copeia<br />

1998: 159-164.<br />

Eterovick, P. C. & I. Sazima. 1999. Description of the tadpole of<br />

Bufo rufus with notes on aggregative behavior. Journal of<br />

Herpetology 33: 711-713.<br />

Eterovick, P. C. & I. Sazima. 2000a. Description of the tadpole<br />

of Leptodactylus syphax, with a comparison of morphological<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

and ecological characters of tadpoles and adults of the species<br />

in the L. pentadactylus group (Leptodactylidae, Anura).<br />

Amphibia-Reptilia 21: 341-350.<br />

Eterovick, P. C. & I. Sazima. 2000b. Structure of an anuran<br />

community in a montane meadow in southeastern Brazil:<br />

effects of seasonality, habitat, and predation. Amphibia-<br />

Reptilia 21: 439-461.<br />

Eterovick, P. C. & I. Sazima. 2004. Anfíbios da Serra do Cipó,<br />

Minas Gerais - Amphibians from the Serra do Cipó, Minas<br />

Gerais. 1. ed. Editora PUC Minas, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Eterovick, P. C., I. S. Barros & I. Sazima. 2002. Tadpoles of two<br />

species in the Hyla polytaenia species group and comparison<br />

with other tadpoles of Hyla polytaenia and Hyla pulchella groups<br />

(Anura, Hylidae). Journal of Herpetology 36: 512-515.<br />

Faivovich, J., C. F. B. Haddad, P. C. A. Garcia, D. R. Frost, J.A.<br />

Campbell & W. C. Wheeler. 2005. Systematic review of the<br />

frog family Hylidae, with special reference to Hylinae:<br />

phylogenetic analysis and taxonomic revision. Bulletin of the<br />

American Museum of Natural History 294: 1-240.<br />

Feio, R. N. & U. Caramaschi. 1995. Aspectos zoogeográficos<br />

dos anfíbios do médio rio Jequitinhonha, nordeste de Minas<br />

Gerais, Brasil. Revista Ceres XLII(239): 53-61.<br />

Feio, R. N., W. C. A. Bokermann & I. Sazima. (No prelo). Anfíbios<br />

Anuros da Serra do Cipó, Minas Gerais, uma atualização. In:<br />

G. W. Fernandes (Org). Serra do Cipó: ecologia e evolução.<br />

Brasil.<br />

Frost, D. R. 2007. Amphibian Species of the World: an Online<br />

Reference. Version 5.0 (1 February, 2007). Electronic Database<br />

disponível em http://research.amnh.org/herpetology/<br />

amphibia/index.php. American Museum of Natural History,<br />

New York, USA.<br />

Frost, D. R., T. Grant, J. Faivovich, R. H. Bain, A. Haas, C. F. B.<br />

Haddad, R. O. de Sá, A. Channing, M. Wilkinson, S. C.<br />

Donnellan, C. J. Raxworthy, J. A. Campbell, B. L. Blotto, P.<br />

Moler, R. C. Drewes, R. A. Nussbaum, J. D. Lynch, D. M. Green<br />

& W. C. Wheeler. 2006. The amphibian tree of life. Bulletin of<br />

the American Museum of Natural History 297: 1-371.<br />

Ghaparro, J. C., J. Pramuk & A. Gluesenkamp. 2007. A new species<br />

of arboreal Rhinella (Anura: Bufonidae) from cloud forest of<br />

southeastern Peru. Herpetologia 63: 203-212.<br />

Giulietti, A. M. & J. R. Pirani. 1988. Patterns of geographic<br />

distribution of some plant species from the Espinhaço Range,<br />

Minas Gerais and Bahia. In: P. E. Vanzolini & W. R. Heyer<br />

(eds.). Proceedings of a Workshop on Neotropical Distribution<br />

Patterns. pp 39-69. Academia Brasileira de Ciências, Rio de<br />

Janeiro, Brasil.<br />

Grandinetti L. & C. M. Jacobi. 2005. Distribuição estacional e<br />

espacial de uma taxocenose de anuros (Amphibia) em uma<br />

área antropizada em Rio Acima – MG. Lundiana 6: 21-28.<br />

Grant, T., D. R. Frost, J. P. Caldwell, R. Gagliardo, C. F. B. Haddad,<br />

P. J. R. Kok, D. B. Means, B. P. Noonan, W. E. Schargel & W. C.<br />

Wheeler. 2006. Phylogenetic systematics of dart-poison frogs<br />

and their relatives (Amphibia: Athesphatanura:<br />

Dendrobatidae). Bulletin of the American Museum of Natural<br />

History 299: 1-262.<br />

Haddad, C. F. B. & M. Martins. 1994. Four species of Brazilian<br />

Poison Frogs related to Epipedobates pictus (Dendrobatidae):<br />

Taxonomy and natural history observation. Herpetologica 50:<br />

282-295.


Harley, R. M. 1988. Evolution and distribution of Eriope<br />

(Labiatae), and its relatives, in Brazil. In: P. E. Vanzolini & W.<br />

R. Heyer (eds.). Proceedings of a Workshop on Neotropical<br />

Distribution Patterns. pp 71-120. Academia Brasileira de Ciências,<br />

Rio de Janeiro, Brasil.<br />

Hedges, S. B., W. E. Duellman & M. P. Heinicke. 2008. New word<br />

direct-developing frogs (Anura: Terrarana): Molecular<br />

phylogeny, classification, biogeography, and conservation.<br />

Zootaxa 1737: 1-182.<br />

Heinicke, M. P., W. E. Duellman & S. B. Hedges. 2007. Major<br />

Caribbean and Central American frog faunas originated by<br />

ancient oceanic dispersal. Proceedings of the Natural Academy<br />

of Sciences 104: 10092-10097.<br />

Heyer, W. R. 1978. Systematics of the fuscus group of the frog<br />

genus Leptodactylus (Amphibia, Leptodactylidae). Scientific<br />

Bulletin of the Natural History Museum of Los Angeles County<br />

29: 1-85.<br />

Heyer, W. R. 1988. On frogs distribution patterns east of the<br />

Andes. In: P. E. Vanzolini & W. R. Heyer (eds.). Proceedings of<br />

a Workshop on Neotropical Distribution Patterns. pp 245-<br />

273. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, Brasil.<br />

Heyer, W. R. 1999. A new genus and species of frog from Bahia,<br />

Brazil (Amphibia: Anura: Leptodactylidae) with comments<br />

on the zoogeography of the Brazilian campos rupestres.<br />

Proceedings of the Biological Society of Washington 112:<br />

19-39.<br />

Heyer, W. R. & L. R. Maxson. 1983. Relationships,<br />

zoogeography, and speciation mechanisms of frogs of the<br />

genus Cycloramphus (Amphibia, Leptodactylidae). Arquivos<br />

de Zoologia 30: 341-373.<br />

IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos<br />

Naturais Renováveis). 2003. Instrução Normativa nº. 3 de 27<br />

de maio de 2003. Lista das espécies da fauna brasileira<br />

ameaçada de extinção. IBAMA, Brasília.<br />

IUCN. 1996. 1996 IUCN red list of threatened animals. IUCN,<br />

Gland, Suíça.<br />

IUCN (World Conservation Union). 2001. IUCN categories and<br />

criteria: version 3.1. IUCN Species Survival Commission.<br />

Gland, Suíça e Cambrige, Reino Unido.<br />

Juncá, F. A. 2005. Anfíbios e Répteis. In: F. A. Juncá, L. Funch &<br />

W. Rocha (eds). Biodiversidade e Conservação da Chapada<br />

Diamantina - Série Biodiversidade. pp 339-376. Ministério<br />

do Meio Ambiente, Brasília, Brasil.<br />

Kopp, K., M. Wachlevski & P. C. Eterovick. 2006. Environmental<br />

complexity reduces tadpole predation by water bugs.<br />

Canadian Journal of Zoology 84: 136-140.<br />

Kopp, K. & P. C. Eterovick. 2006. Factors influencing spatial and<br />

temporal structure of frog assemblages at ponds in<br />

southeastern Brazil. Journal of Natural History 40: 1813-1830.<br />

Leite, F. S. F., T. L. Pezzuti & P. L. Viana. 2006. Amphibia,<br />

Bokermannohyla nanuzae, Scinax curicica, Leptodactylus<br />

camaquara, Physalaemus evangelistai and Proceratophrys cururu:<br />

Distribution extensions. Check List 2: 5.<br />

Lins, L.V., A. B. M. Machado, C. M. R. Costa e G. Hermann. 1997.<br />

Roteiro metodológico para elaboração de listas de espécies<br />

ameaçadas de extinção. Publicações Avulsas da Fundação<br />

Biodiversitas1: 1-55.<br />

Lobo, F. 1994. Descriptión de una nueva especie de<br />

Pseudopaludicola (Anura: Leptodactylidae), redescriptión de P.<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 193<br />

falcipes (Hensel, 1867) y P. saltica (Cope, 1887) y osteologia<br />

de las tres especies. Cuadernos de Herpetología 8: 177-199.<br />

Lugli, L. & C. F. B. Haddad. 2006a. New species of Bokermannohyla<br />

(Anura, Hylidae) from Central Bahia, Brazil. Journal of<br />

Herpetology 40: 7-15.<br />

Lugli, L. & C. F. B. Haddad. 2006b. A new species of the<br />

Bokermannohyla pseudopseudis group from Central Bahia, Brazil<br />

(Amphibia, Hylidae). Herpetologica 62: 453-465.<br />

Lutz, A. 1925. Batraciens du Bresil. Comptes Rendus des Soc.<br />

Biol. Paris 93: 137-139.<br />

Lutz, B. 1968. Geographic variation in Brazilian species of Hyla.<br />

The Pearce-Sellards Series. Austin 12: 1-13.<br />

Machado, A. B. M., G. A. B. Fonseca, R. B. Machado, L. M. S.<br />

Aguiar & L. V. Lins (eds). 1998. Livro vermelho das espécies<br />

ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais. pp 456-<br />

457. Biodiversitas, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Machado, A. B. M.; C. S. Martins & G. M. Drummond. 2005.<br />

Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: incluindo<br />

espécies quase ameaçadas e deficientes em dados. Biodiversitas,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

Maxson, L. R. & W. R. Heyer. 1982. Leptodactylid frogs and the<br />

Brazilian Shield: an old and continuing adaptive relationship.<br />

Biotropica 4: 10-15.<br />

MMA (Ministério do Meio Ambiente). 1999. Ações prioritárias<br />

para a conservação da biodiversidade do Cerrado e Pantanal.<br />

MMA, Brasília, Brasil.<br />

MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2000a. Avaliação e ações<br />

prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata<br />

Atlântica e Campos Sulinos. MMA, Brasília, Brasil.<br />

MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2000b. Avaliação e ações<br />

prioritárias para a conservação da biodiversidade do bioma<br />

da Caatinga. MMA, Brasília, Brasil.<br />

MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2003. Áreas prioritárias<br />

para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios<br />

da biodiversidade brasileira. MMA, Brasília, Brasil.<br />

Napoli, M. F. & F. A. Juncá. 2006. A new species of the<br />

Bokermannohyla circumdata group (Amphibia: Anura: Hylidae)<br />

from Chapada Diamantina, State of Bahia, Brazil. Zootaxa<br />

1244: 57-68.<br />

Nascimento, L. B. 1998. Phasmahyla jandaia. In: A. B. M. Machado;<br />

G. A. B. Fonseca; R. B. Machado; L. M. S. Aguiar & L. V.<br />

Lins (eds). Livro vermelho das espécies ameaçadas de extinção<br />

da fauna de Minas Gerais. pp. 456-457. Biodiversitas, Belo<br />

Horizonte, Brasil.<br />

Nascimento, L. B., A. C. L. Miranda & T. A. M. Balstaedt. 1994.<br />

Distribuição estacional e ocupação ambiental dos anfíbios<br />

anuros da área de proteção da captação da Mutuca (Nova<br />

Lima, MG). Bios, Cadernos do Departamento de Ciências Biológicas<br />

da PUC-MG 2: 5-12.<br />

Nascimento, L. B., J. P. Pombal-Jr. & C. F. B. Haddad. 2001. A<br />

new frog of the genus Hylodes (Amphibia: Leptodactylidae)<br />

from Minas Gerais, Brazil. Journal of Zoology, London 254:<br />

421-428.<br />

Nascimento, L. B., U. Caramaschi & C. A. G. Cruz. 2005a.<br />

Taxonomic review of the species groups of the genus<br />

Physalaemus Fitzinger, 1826 with revalidation of the genera<br />

Engystomops Giménez-de-la-Espada, 1872 and Eupemphix<br />

Steindachner, 1863 (Amphibia, Anura, Leptodactylidae).<br />

Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro 63: 297-320.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


194 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />

Nascimento, L. B., M. Wachlevski & F. S. F. Leite. 2005b. Anuros.<br />

In: A. C. Silva, L. C. V. S. F. Pereira & P. A. A. Abreu (eds). Serra<br />

do Espinhaço Meridional: paisagens e ambientes. pp 211-<br />

229. O Lutador, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Pedralli, G., A. S. G. Neto & M. C. B. Teixeira. 2001. Diversidade<br />

de anfíbios na região de Ouro Preto. Ciência Hoje 178: 70-73.<br />

Pereira, E. G. & L. B. Nascimento. 2004. Descrição da vocalização<br />

e do girino de Pseudopaludicola mineira Lobo, 1994, com notas<br />

sobre a morfologia de adultos (Amphibia, Anura,<br />

Leptodactylidae). Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro<br />

62: 233-240.<br />

Pimenta, B. V. S., C. F. B Haddad, L. B. Nascimento, C. A. G. Cruz<br />

& J. P. Pombal Júnior. 2005. Comment on “Status and trends<br />

of amphibian declines and extinctions wordwide”. Science.<br />

309: 1999b.<br />

Pimenta, B. V. S., M. Wachlevski & C. A. G. Cruz (Em prep.).<br />

Morphologic and acoustic variation, geographic distribution,<br />

and conservation status of the Spinythumb Frog Crossodactylus<br />

bokermanni Caramaschi & Sazima, 1985 (Anura, Hylodidae).<br />

Pombal-Jr., J. P. & U. Caramaschi. 1995. Posição taxonômica de<br />

Hyla pseudopseudis e Hyla saxicola Bokermann, 1964 (Anura,<br />

Hylidae). Boletim do Museu Nacional, Nova Série, Rio de Janeiro<br />

363: 1-8.<br />

Pugliese, A. J., J. P. Pombal-Jr., & I. Sazima, 2004. A new species<br />

of Scinax (Anura: Hylidae) from rocky montane fields of the<br />

Serra do Cipó, Southeastern Brazil. Zootaxa 688: 1-15.<br />

Rodrigues, M. T. 2003. Herpetofauna da Caatinga. In: I. R. Leal,<br />

M. Tabarelli & J. M. C. Silva (eds). Ecologia e Conservação da<br />

Caatinga. pp 181-236. Universidade Federal de Pernambuco,<br />

Recife, Brasil.<br />

Saint-Hilaire, A. 2004. Viagem pelo Distrito dos Diamantes e<br />

Litoral do Brasil. Editora Itatiaia, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Sazima, I. & W. C. A. Bokermann. 1978. Cinco novas espécies de<br />

Leptodactylus do centro e sudeste brasileiro (Amphibia, Anura,<br />

Leptodactylidae). Revista Brasileira de Biologia 38: 899-912.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Sazima, I. & W. C. A. Bokermann. 1982. Anfíbios da Serra do<br />

Cipó, Minas Gerais, Brasil. 5: Hylodes otavioi sp. n. (Anura,<br />

Leptodactylidae). Revista Brasileira de Biologia 42: 767-<br />

771.<br />

Sazima, I. & U. Caramaschi. 1986. Descrição de Physalaemus<br />

deimaticus, sp. n., e observações sobre comportamento<br />

deimático em P. nattereri (Steindn.) - Anura, Leptodactylidae.<br />

Revista de Biologia 13: 91-101.<br />

Silva, J. M. C. 1995. Birds of the Cerrado Region, South America.<br />

Steenstrupia 21: 69-92.<br />

Spix, J. B. & C. F. P. Martius. 1981. Viagem pelo Brasil (1823-31).<br />

Editora Itatiaia, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Stuart, S. N., J. S. Chanson, N. A. Cox, B. E. Young, A. S. L. Rodrigues,<br />

D. L. Fischman, & R. W. Waller. 2004. Status and Trends<br />

of Amphibian Declines and Extinctions Worldwide. Science.<br />

306: 1783-1786.<br />

Stuart, S. N., J. S. Chanson, N. A. Cox, B. E. Young, A. S. L. Rodrigues,<br />

D. L. Fischman & R. W. Waller. 2005. Response to<br />

Comment on ‘‘Status and Trends of Amphibian Declines and<br />

Extinctions Worldwide’’. Science. 309: 1999c.<br />

Vanzolini, P. E. 1982. A new Gymnodactylus from Minas Gerais,<br />

Brasil, with remarks on the genus, on the area and on montane<br />

endemisms in Brasil (Sauria, Gekkonidae). Papéis Avulsos de<br />

Zoologia 34: 403-413.<br />

Vanzolini, P. E. & A. M. M. Ramos. 1977. A new species of<br />

Colobodactylus, with notes on the distribution of a group os<br />

stranded microteiid lizards (Sauria, Teiidae). Papéis Avulsos<br />

de Zoologia 31: 19-47.<br />

Vasconcelos, M. F., L. E. Lopes, Machado, C. G., Bornschein, M.<br />

R., Rodrigues, M. 2007. As aves dos campos rupestres da<br />

Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação.<br />

<strong>Megadiversidade</strong> (neste volume).<br />

Versieux, L. M, T. Wendt, R. B. Louzada & M. G. L. Wanderley.<br />

2007. Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço. <strong>Megadiversidade</strong><br />

(neste volume).


ANEXO 1 – Lista das espécies de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Minas Gerais e Bahia, Brasil, provida dos municípios<br />

de ocorrência e respectivas fontes dos registros.<br />

TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />

ANUROS<br />

Brachycephalidae<br />

Ischnocnema izecksohni (Caramaschi & Kisteumacher, 1989) MG: Belo Horizonte 14 ; Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ;<br />

Rio Acima 38 ; Catas Altas 12 ; Congonhas do Campo e<br />

Ouro Branco 37<br />

Ischnocnema juipoca (Sazima & Cardoso, 1978) MG: Santana do Riacho 35 ; Catas Altas 12 ; Belo Horizonte,<br />

Nova Lima, Rio Vermelho e São Gonçalo do Rio Preto 37<br />

Bufonidae<br />

Rhinella crucifer (Wied-Neuwied, 1821) BA: Lençóis 42<br />

Rhinella granulosa (Spix, 1824) MG: Serranópolis de Minas 37 ;<br />

BA: Lençóis 42 ; Morro do Chapéu 51<br />

Rhinella jimi (Stevaux, 2002) BA: Juciape, , , Lençóis, Morro do Chapéu, Mucugê e<br />

Rio de Contas 42<br />

Rhinella ornata (Spix, 1824) MG: Catas Altas 12<br />

Rhinella pombali (Baldissera, Caramaschi & Haddad, 2004) MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Belo Horizonte 27 ;<br />

Caeté, Conceição do Mato Dentro, Grão Mogol, Mariana<br />

e São Gonçalo do Rio Abaixo 3 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas ;<br />

Brumadinho, Diamantina, Ouro Branco e Rio Vermelho 37<br />

Rhinella rubescens (Lutz, 1925) MG: Santana do Riacho 32 ; Cristália e Grão Mogol 36 ;<br />

Catas Altas 28 ; Brumadinho, Conceição do Mato Dentro,<br />

Congonhas do Campo, Diamantina, Nova Lima, Santana<br />

do Pirapama e Santo Antônio do Itambé 37 ;<br />

BA: Rio de Contas 42<br />

Rhinella schneideri (Werner, 1894) MG: Santana do Riacho 35 ; Cristália e Grão Mogol 36 ;<br />

Belo Horizonte, Buenópolis, Congonhas do Campo,<br />

Diamantina, Francisco Sá, Nova Lima, Santana do<br />

Pirapama e Serranópolis de Minas 37<br />

Centrolenidae<br />

Hyalinobatrachium eurygnathum (Lutz, 1925) MG: Nova Lima 53<br />

Hyalinobatrachium uranoscopum (Müller, 1924) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 12 ; Congonhas do<br />

Campo, Nova Lima, Ouro Branco 37<br />

Craugastoridae<br />

Haddadus binotatus (Spix, 1824) MG: Ouro Preto 56 ; Belo Horizonte, Brumadinho,<br />

Congonhas do Campo, Nova Lima e Ouro Branco 37<br />

Cycloramphidae<br />

Crossodactylus bokermanni Caramaschi & Sazima, 1985 MG: Santana do Riacho 18 ; Catas Altas 1<br />

Crossodactylus trachystomus (Reinhardt & Lütken, 1862) MG: Belo Horizonte 16 ; Catas Altas 12<br />

Cycloramphus eleutherodactylus (Miranda-Ribeiro, 1920) MG: Ouro Preto 40<br />

Odontophrynus americanus (Duméril & Bibron, 1841) MG: Santana do Riacho 34 ; Conceição do Mato Dentro e<br />

Diamantina 37<br />

Odontophrynus carvalhoi Savage & Cei, 1965 MG: Cristália 36<br />

Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862 MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ;<br />

Catas Altas 12 ; Belo Horizonte e Congonhas do Campo 37<br />

Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1824) MG: Cristália 36 ; Ouro Preto 56 ; Catas Altas 28 ; Belo<br />

Horizonte, Congonhas do Campo, Nova Lima, Ouro Branco 37<br />

Proceratophrys cristiceps (Müller, 1883) BA: Morro do Chapéu 51<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 195<br />

Proceratophrys cururu Eterovick & Sazima, 1998 MG: Santana do Riacho 31 ; Conceição do Mato Dentro e<br />

São Gonçalo do Rio Preto 44<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


196 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação do Anexo 1<br />

TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />

Rupirana cardosoi Heyer, 1999 BA: Andaraí, Morro do Chapéu e Mucugê 41 ; Lençóis 42<br />

Thoropa megatympanum Caramaschi & Sazima, 1984 MG: Santana do Riacho 17 ; Botumirim 36 ; Catas Altas 12 ;<br />

Brumadinho, Conceição do Mato Dentro, Diamantina,<br />

São Gonçalo do Rio Preto e Serranópolis de Minas 37<br />

Thoropa miliaris (Spix, 1824) MG: Botumirim, Cristália e Grão Mogol 36 ; Catas Altas 12<br />

Dendrobatidae<br />

Ameerega flavopicta (Lutz, 1925) MG: Belo Horizonte 49 ; Jaboticatubas e Santana do Riacho 39<br />

Hylidae<br />

Aplastodiscus arildae (Cruz & Peixoto, 1987) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 12 ; Belo Horizonte, Nova<br />

Lima, Ouro Branco 37<br />

Aplastodiscus cavicola (Cruz & Peixoto, 1985) MG: Ouro Preto 56 ; São Gonçalo do Rio Abaixo 24 ;<br />

Congonhas do Campo 37<br />

Corythomantis greeningi Boulenger, 1896 MG: Cristália 36 ;<br />

BA: Morro do Chapéu 42<br />

Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956) MG: Santa Bárbara 4 ; Santana do Riacho 5 ; Botumirim 36 ;<br />

Catas Altas 12 ; Conceição do Mato Dentro, Diamantina,<br />

Felício dos Santos, Francisco Sá, Ouro Branco, Santo<br />

Antônio do Itambé, Serranópolis de Minas e São Gonçalo<br />

do Rio Preto 37<br />

Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871) MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Catas Altas 12 ;<br />

Brumadinho, Congonhas do Campo, Ouro Branco 37<br />

Bokermannohyla diamantina Napoli & Juncá, 2006 BA: Abaíara 52<br />

Bokermannohyla itapoty Lugli & Haddad, 2006 BA: Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras 47<br />

Bokermannohyla martinsi (Bokermann, 1964) MG: Santana do Riacho e Santa Bárbara 5 ; Ouro Preto 56 ;<br />

Caeté e Nova Lima 20 ; Catas Altas 28 ; Brumadinho,<br />

Congonhas do Campo, Ouro Branco 37<br />

Bokermannohyla nanuzae (Bokermann & Sazima, 1973) MG: Santana do Riacho 8 ; Barão de Cocais, Caeté e<br />

Nova Lima 20 ; Catas Altas 28 ; Conceição do Mato Dentro,<br />

Felício dos Santos, Rio Vermelho , Santo Antônio do<br />

Itambé e São Gonçalo do Rio Preto 37<br />

Bokermannohyla oxente Lugli & Haddad, 2006 BA: Lençóis, Mucugê, Palmeiras, Rio de Contas 48<br />

Bokermannohyla saxicola (Bokermann, 1964) MG: Santana do Riacho 5 ; Botumirim 36 ; Berilo, Botumirim<br />

e Santa Luzia 58 ; Buenópolis, Conceição do Mato Dentro,<br />

Diamantina, Felício dos Santos, Grão Mogol, Rio Vermelho,<br />

Santana do Pirapama, Santo Antônio do Itambé , São<br />

Gonçalo do Rio Preto, Serranópolis de Minas 37 ;<br />

Dendropsophus branneri (Cochran, 1948) MG: Cristália 36 ; Santo Antônio do Itambé 44 ;<br />

BA: Bonito, Lençóis e Morro do Chapéu 42 ; Mucugê 51<br />

Dendropsophus decipiens (Lutz, 1925) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 37<br />

Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 44 ; Conceição do Mato<br />

Dentro, Itambé do Mato Dentro, Moeda, Ouro Branco,<br />

Santo Antônio do Itambé, São Gonçalo do Rio Abaixo,<br />

São Gonçalo do Rio Preto 37<br />

Dendropsophus minutus (Peters, 1872) MG: Santana do Riacho 35 ; Botumirim, Cristália e Grão<br />

Mogol 36 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 45 ;<br />

Belo Horizonte, Buenópolis, Conceição do Mato Dentro,<br />

Diamantina, Nova Lima, Ouro Branco, Santo Antônio do<br />

Itambé, São Gonçalo do Rio Preto 37 ;<br />

BA: Lençóis, Mucugê e Rio de Contas 42<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Anexo 1<br />

TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />

Dendropsophus oliveirai (Bokermann, 1963) BA: Morro do Chapéu 42<br />

Dendropsophus rubicundulus (Reinhardt & Lütken, 1862) MG: Buenópolis, Caeté, Joaquim Felício, Santana do<br />

Riacho e Serranópolis de Minas 37<br />

Dendropsophus seniculus (Cope, 1868) MG: Catas Altas 43 ; Conceição do Mato Dentro 37<br />

Hypsiboas albomarginatus (Spix, 1824) MG: São Gonçalo do Rio Preto 37 ;<br />

BA: Bonito e Lençóis 42<br />

Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) MG: Santana do Riacho 29 ; Botumirim e Grão Mogol 36 ;<br />

Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 28 ; Belo<br />

Horizonte, Buenópolis, Brumadinho, Conceição do Mato<br />

Dentro, Diamantina, Francisco Sá, Nova Lima, Ouro Branco,<br />

Santo Antônio do Itambé e São Gonçalo do Rio Preto 37 ;<br />

BA: Jussiape, Mucugê, Palmeiras e Rio de Contas 42<br />

Hypsiboas cipoensis (Lutz, 1968) MG: Santana do Riacho 50 ; Diamantina 26 ; Conceição do<br />

Mato Dentro, Grão Mogol, São Gonçalo do Rio Preto e<br />

Serranópolis de Minas, 37<br />

Hypsiboas crepitans (Wied-Neuwied, 1824) MG: Botumirim e Cristália 36 ; Joaquim Felício, Diamantina,<br />

Santana do Riacho e Santo Antônio do Itambé 37 ;<br />

BA: Jussiape, Lençóis, Morro do Chapéu e Mucugê 42<br />

Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) MG: Grão Mogol 36 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas<br />

Altas 28 ; Belo Horizonte, Brumadinho, Conceição do<br />

Mato Dentro, Congonhas do Campo, Francisco Sá, Moeda,<br />

Nova Lima e Ouro Branco 37 ;<br />

BA: Morro do Chapéu 51 ; Lençóis e Mucugê 42<br />

Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) MG: Santana do Riacho 8 ; Botumirim e Cristália 36 ; Rio<br />

Acima 38 ; Belo Horizonte, Francisco Sá, Nova Lima e<br />

Santana do Pirapama 37<br />

Hypsiboas pardalis (Spix, 1824) MG: Ouro Preto 56 ; Mariana e Ouro Branco 37<br />

Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870) MG: Botumirim 36 ; Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Rio<br />

Acima 38 ; Catas Altas 28 ; Belo Horizonte, Conceição do<br />

Mato Dentro, Congonhas do Campo, Ouro Branco e<br />

Santo Antônio do Itambé 37<br />

Hypsiboas semilineatus (Spix, 1824) MG: Ouro Preto 56<br />

Phasmahyla jandaia (Bokermann & Sazima, 1978) MG: Santana do Riacho 10 ; Leme do Prado 19 ; Catas<br />

Altas 12 ; Congonhas do Campo; Nova Lima; Ouro<br />

Branco, Ouro Preto 37<br />

Phyllomedusa bahiana Lutz, 1925 BA: Morro do Chapéu e Lençóis 42<br />

Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882 MG: Cristália 36 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 28 ;<br />

Brumadinho, Congonhas do Campo e Nova Lima 37<br />

Phyllomedusa hypochondrialis (Daudin, 1800) BA: Morro do Chapéu 42<br />

Phyllomedusa megacephala (Miranda-Ribeiro, 1926) MG: Santana do Riacho 25 ; Cristália 13 ; Diamantina e<br />

São Gonçalo do Rio Preto 37<br />

Phyllomedusa rohdei Mertens, 1926 MG: Catas Altas 37<br />

Phyllomedusa itacolomi Caramaschi, Cruz & Feio, 2006 MG: Ouro Preto e Ouro Branco 22 ; Congonhas do Campo<br />

e Nova Lima 37<br />

Scinax auratus (Wied-Neuwied, 1821) BA: Morro do Chapéu 42<br />

Scinax cabralensis (Drummond, Baêta e Silvério-Pires, 2007) MG: Joaquim Felício e Buenópolis 63<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 197<br />

Scinax curicica Pugliese, Pombal & Sazima, 2004 MG: Santana do Riacho 7 ; Serra do Caraça 59 ; Catas<br />

Altas 43 ; São Gonçalo do Rio Preto 45 ; Conceição do<br />

Mato Dentro, Diamantina, Ouro Branco, Ouro Preto,<br />

Santo Antônio do Itambé e Serranópolis de Minas 37<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


198 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação do Anexo 1<br />

TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />

Scinax eurydice (Bokermann, 1968) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 44 ; Conceição do Mato<br />

Dentro 37 ;<br />

BA: Morro do Chapéu 42<br />

Scinax flavoguttatus (Lutz & Lutz, 1939) MG: Ouro Preto 56<br />

Scinax fuscomarginatus (Lutz, 1925) MG: Buenópolis, Catas Altas, Diamantina, Santana do<br />

Riacho, Santo Antônio do Itambé e São Gonçalo do Rio<br />

Preto 37 ;<br />

BA: Lençóis 42<br />

Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) MG: Santana do Riacho 35 ; Botumirim e Cristália 36 ;<br />

Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 12 ; Belo<br />

Horizonte, Buenópolis, Catas Altas, Conceição do Mato<br />

Dentro, Congonhas do Campo, Diamantina, Nova Lima,<br />

Ouro Branco, São Gonçalo do Rio Preto e Serranópolis<br />

de Minas 37<br />

Scinax longilineus (Lutz, 1968) MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Belo<br />

Horizonte, Brumadinho, Congonhas do Campo e Ouro<br />

Branco 37<br />

Scinax luizotavioi (Caramaschi & Kisteumacher, 1989) MG: Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo 15 ;<br />

Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Catas Altas 28 ; Brumadinho,<br />

Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Campo e Ouro<br />

Branco 37<br />

Scinax machadoi (Bokermann & Sazima, 1973) MG:: Santana do Riacho 9 ; Catas Altas 28 ; Conceição do<br />

Mato Dentro 37<br />

Scinax maracaya (Cardoso & Sazima, 1980) MG: Nova Lima 23<br />

Scinax pachycrus (Miranda-Ribeiro, 1937) BA: Morro do Chapéu 42<br />

Scinax pinima (Bokermann & Sazima, 1973) MG: Santana do Riacho 9<br />

Scinax squalirostris (Lutz, 1925) MG: Santana do Riacho 30 ; Catas Altas 43 ; Buenópolis,<br />

Brumadinho, Conceição do Mato Dentro, Diamantina e<br />

Santo Antônio do Itambé 37<br />

Scinax x-signatus (Spix, 1824) MG: Botumirim e Cristália 36 ;<br />

BA: Lençóis e Morro do Chapéu 42<br />

Trachycephalus venulosus (Laurenti, 1768) MG: Santana do Riacho 30<br />

Hylodidae<br />

Hylodes otavioi (Sazima & Bokermann, 1983) MG: Santana do Riacho 61 ; Morro do Pilar 11<br />

Hylodes uai (Nascimento, Pombal & Haddad, 2001) MG: Ouro Preto 56 ; Belo Horizonte 54 ; Catas Altas 28 ;<br />

Caeté e Nova Lima 37<br />

Leiuperidae<br />

Physalaemus albifrons (Spix, 1824) MG: Serranópolis de Minas 37<br />

Physalaemus centralis (Bokermann, 1962) MG: Santana do Riacho e Diamantina 55<br />

Physalaemus cicada (Bokermann, 1966) BA: Morro do Chapéu 37<br />

Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826) MG: Botumirim, Cristália e Grão Mogol 36 ; Santana do<br />

Riacho 34 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas,<br />

Nova Lima e São Gonçalo do Rio Abaixo 55 ; Catas Altas 44 ;<br />

Belo Horizonte, Brumadinho, Conceição do Mato<br />

Dentro, Diamantina, Joaquim Felício, Nova Lima, Ouro<br />

Branco e Santo Antônio do Itambé 37<br />

Physalaemus deimaticus Sazima & Caramaschi, 1988 MG: Santana do Riacho 62<br />

Physalaemus erythros Caramaschi, Feio & Guimarães-Neto, 2003 MG: Ouro Preto 21<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Anexo 1<br />

TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />

Leite, Juncá & Eterovick | 199<br />

Physalaemus evangelistai Bokermann, 1967 MG: Santana do Riacho 6 ; São Gonçalo do Rio Preto 45 ;<br />

Catas Altas 44 ; Conceição do Mato Dentro 37<br />

Physalaemus fuscomaculatus (Steindachner, 1864) MG: Diamantina e Santana do Riacho 55 ; Buenópolis e<br />

Rio Vermelho 37<br />

Physalaemus maximus Feio, Pombal & Caramaschi, 1999 MG: Ouro Preto 2<br />

Pleurodema diplolister (Peters, 1870) MG: Cristália 36 ;<br />

BA: Morro do Chapéu 42<br />

Pseudopaludicola mineira Lobo, 1994 MG: Buenópolis e Santana do Riacho 46 ; Diamantina,<br />

Felício dos Santos e São Gonçalo do Rio Preto 37<br />

Pseudopaludicola saltica (Cope, 1887) MG: Santana do Riacho 46 ; Brumadinho, Catas Altas,<br />

Diamantina, Ouro Branco, Santana do Pirapama e Santo<br />

Antônio do Itambé 37<br />

Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867) MG: Botumirim e Grão Mogol 36 ; Augusto de Lima e<br />

Diamantina 55<br />

Leptodactylidae<br />

Leptodactylus bokermanni Heyer, 1973 MG: Santana do Riacho 35 ; Catas Altas 12 ; Rio Vermelho 37<br />

Leptodactylus camaquara Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; São Gonçalo do Rio Preto 45 ;<br />

Conceição do Mato Dentro, Diamantina, Santo Antônio<br />

do Itambé e Serranópolis de Minas 37<br />

Leptodactylus cunicularius Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; Brumadinho, Congonhas do<br />

Campo, Diamantina, Ouro Branco, Ouro Preto e Santana<br />

do Riacho 37<br />

Leptodactylus furnarius Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; Botumirim 36 ; Brumadinho,<br />

Catas Altas, Diamantina, Santana do Riacho, São<br />

Gonçalo do Rio Preto e Serranópolis de Minas 37 ;<br />

BA: Abaíra e Palmeiras 42 ; Mucugê 51<br />

Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) MG: Botumirim e Cristália 36 ; Santana do Riacho 33 ;<br />

Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 12 ; Belo<br />

Horizonte, Conceição do Mato Dentro, Congonhas do<br />

Campo, Nova Lima, Ouro Branco e Rio Vermelho 37<br />

Leptodactylus jolyi Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; Catas Altas 43 ; Brumadinho,<br />

Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Campo,<br />

Diamantina, Nova Lima, Ouro Branco, São Gonçalo do<br />

Rio Preto e Serranópolis de Minas 37<br />

Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) MG: Botumirim e Grão Mogol 36 ; Santana do Riacho 33 ;<br />

Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Brumadinho, Conceição do<br />

Mato Dentro, Diamantina, Nova Lima, Santo Antônio do<br />

Itambé e Santana do Pirapama 37 ;<br />

BA: Bonito, Jussiape, Lençóis, Morro do Chapéu e Rio<br />

de Contas 42<br />

Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) BA: Lençóis 42<br />

Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) MG: Cristália 36 ; Catas Altas 44 ;<br />

BA: Morro do Chapéu 42<br />

Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758) MG: Grão Mogol 36 ; Nova Lima 53 ; Santana do Riacho 33 ;<br />

Ouro Preto 56 ; Catas Altas 43 ; Buenópolis, Conceição do<br />

Mato Dentro, Diamantina, Francisco Sá, Joaquim Felício,<br />

Nova Lima, Ouro Branco e Santo Antônio do Itambé 37 ;<br />

BA: Bonito, Lençóis, Morro do Chapéu, Mucugê e Rio de<br />

Contas 42<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


200 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Brasil<br />

...continuação do Anexo 1<br />

TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />

Leptodactylus syphax Bokermann, 1969 MG: Santana do Riacho 33<br />

Leptodactylus troglodytes Lutz, 1926 BA: Lençóis e Morro do Chapéu 42<br />

Microhylidae<br />

Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885) BA: Rio de Contas e Morro do Chapéu 42<br />

Elachistocleis ovalis (Schneider, 1799) MG: Santana do Riacho 35 ; Botumirim 36 ; Catas Altas 44 ;<br />

Brumadinho, Conceição do Mato Dentro, Diamantina,<br />

Itambé do Mato Dentro e Nova Lima 37<br />

Strabomantidae<br />

Strabomantis aramunha (Cassimiro, Verdade & Rodrigues, 2008) BA: Mucugê 64<br />

LEGENDA<br />

1- (Afonso & Eterovick, 2007)<br />

2 - (Baêta et al., 2005)<br />

3 - (Baldissera et al., 2004)<br />

4 - (Bokermann, 1956)<br />

5 - (Bokermann, 1964)<br />

6 - (Bokermann, 1967a)<br />

7 - (Bokermann, 1967b)<br />

8 - (Bokermann & Sazima, 1973a)<br />

9 - (Bokermann & Sazima, 1973b)<br />

10 - (Bokermann & Sazima, 1978)<br />

11 - (C. Canedo, comunicação pessoal)<br />

12 - (Canelas & Bertoluci, 2007)<br />

13 - (Caramaschi, 2006)<br />

14 - (Caramaschi & Kisteumacher, 1988)<br />

15 - (Caramaschi & Kisteumacher, 1989a)<br />

16 - (Caramaschi & Kisteumacher, 1989b)<br />

17 - (Caramaschi & Sazima, 1984)<br />

18 - (Caramaschi & Sazima, 1985)<br />

19 - (Caramaschi et al., 2000)<br />

20 - (Caramaschi et al., 2001)<br />

21 - (Caramaschi et al., 2003)<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

22 - (Caramaschi et al., 2006)<br />

23 - (Cardoso & Sazima, 1980)<br />

24 - (Cassimiro et al., 2006)<br />

25 - (Cruz, 1982)<br />

26 - (Cruz & Caramaschi, 1998)<br />

27 - (Eterovick, 2000)<br />

28 - (Eterovick & Barata, 2006)<br />

29 - (Eterovick & Fernandes, 2001)<br />

30 - (Eterovick & Fernandes, 2002)<br />

31 - (Eterovick & Sazima, 1998)<br />

32 - (Eterovick & Sazima, 1999)<br />

33 - (Eterovick & Sazima, 2000a)<br />

34 - (Eterovick & Sazima, 2000b)<br />

35 - (Eterovick & Sazima, 2004)<br />

36 - (Feio & Caramaschi, 1995)<br />

37 - (F. S. F. Leite, registros pessoais)<br />

38 - (Grandinetti & Jacobi, 2005)<br />

39 - (Haddad & Martins, 1994)<br />

40 - (Heyer & Maxson, 1983)<br />

41 - (Heyer, 1999)<br />

42 - (Juncá, 2005)<br />

43 - (Koop et al., 2006)<br />

44 - (Kopp & Eterovick, 2006)<br />

45 - (Leite et al., 2006)<br />

46 - (Lobo, 1994)<br />

47 - (Lugli & Haddad, 2006a)<br />

48 - (Lugli & Haddad, 2006b)<br />

49 - (Lutz,A., 1925)<br />

50 - (Lutz, B., 1968)<br />

51 - (MZUEFS)<br />

52 - (Napoli & Juncá, 2006)<br />

53 - (Nascimento et al., 1994)<br />

54 - (Nascimento et al., 2001)<br />

55 - (Nascimento et al., 2005a)<br />

56 - (Pedralli et al., 2001)<br />

57 - (Pereira & Nascimento, 2004)<br />

58 - (Pombal Jr. & Caramaschi, 1995)<br />

59 - (Pugliese et al., 2004)<br />

60 - (Sazima & Bokermann, 1978)<br />

61 - (Sazima & Bokermann, 1982)<br />

62 - (Sazima & Caramaschi, 1986)<br />

63 - (Drummond et al., 2007)<br />

64 - (Cassimiro et al., 2008)


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Biodiversidade e conservação de peixes do<br />

Complexo do Espinhaço<br />

CARLOS BERNARDO MASCARENHAS ALVES 1 *<br />

CECÍLIA GONTIJO LEAL 2<br />

MARCELO FULGÊNCIO GUEDES DE BRITO 3<br />

ALEXANDRE CLISTENES DE ALCÂNTARA SANTOS 3<br />

1 Projeto Manuelzão, Universidade Federal de Minas Gerais – <strong>UFMG</strong>, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Universidade Federal de Lavras – UFLA, Minas Gerais, Brasil.<br />

3 Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, Bahia, Brasil.<br />

* e-mail: curimata@netuno.lcc.ufmg.br<br />

RESUMO<br />

A riqueza de espécies da região Neotropical, em especial do Brasil, é relevante em relação à<br />

fauna de peixes de água doce atualmente conhecida no mundo. A região do Complexo do<br />

Espinhaço é ainda pouco conhecida, mas possui grande potencial de ocorrência de novas<br />

espécies de peixes e de endemismos, face às grandes lacunas de levantamentos sistematizados.<br />

Este trabalho apresenta um levantamento dos dados disponíveis na literatura que demonstrou<br />

a ocorrência de, pelo menos, 162 espécies. Destas, 27 são endêmicas e 12 constam<br />

em listas de espécies ameaçadas de extinção. Considerando-se a falta de conhecimento dessa<br />

fauna e a crescente expansão da ocupação humana e suas atividades decorrentes, a região do<br />

Complexo do Espinhaço merece especial atenção em termos de conservação. A criação de<br />

novas Unidades de Conservação, o respeito à legislação vigente no que se refere às áreas de<br />

proteção permanente (APP), o controle de potenciais impactos principalmente a introdução<br />

de espécies exóticas de peixes e deterioração da qualidade de água, aliadas ao incentivo da<br />

pesquisa, poderão garantir melhor conhecimento e a manutenção deste patrimônio em longo<br />

prazo.<br />

ABSTRACT<br />

Species richness in the Neotropical region, especially in Brazil, is significant considering all known<br />

freshwater fish species in the World. The Espinhaço Complex is still poorly known but has a great<br />

potential regarding to the occurrence of endemic and new fish species occurrence, due to large gaps<br />

of surveys. Available data in technical literature showed the presence of, at least, 162 fish species,<br />

from which 27 are endemic, 12 are mentioned in endangered species lists. Considering the lack of<br />

information about this fauna, and the increasing human occupation and its activities, the Espinhaço<br />

Complex region deserves special conservation attention. New Conservation Units establishment, the<br />

respect to the present regulations concerning Permanent Protection Areas, the control of potential<br />

impacts mainly to avoid alien species introductions and water quality deterioration, allied to research<br />

incentive, may guarantee better knowledge and the long term maintenance of this patrimony.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


202 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

INTRODUÇÃO<br />

A região Neotropical possui fauna de peixes das mais<br />

diversificadas do mundo. Apesar das disparidades entre<br />

as estimativas disponíveis na literatura em relação<br />

às espécies de água doce, a ordem de grandeza é superlativa:<br />

2.400-4.000 para McAllister et al. (1997),<br />

4.475 para Reis et al. (2003) e até mesmo cerca de 8.000<br />

(Schaefer, 1998). Considerando apenas o Brasil, estimativas<br />

apresentadas por Lewinsohn & Prado (2002)<br />

demonstraram a ocorrência de 2.657 espécies de peixes<br />

ósseos, número atualizado para 3.261 (Lewinsohn<br />

& Prado, 2005). Buckup & Menezes (2003, apud Agostinho<br />

et al. 2005) apontam a ocorrência de 2.122 espécies,<br />

enquanto McAllister et al. (1997) estimam em<br />

3.000 espécies de peixes de água doce exclusivas do<br />

país.<br />

Apesar de rico, esse patrimônio não está protegido<br />

e encontra-se ameaçado por vários fatores. A perda<br />

de hábitats, por exemplo, é considerada a principal<br />

causa de extinção de peixes de água doce no mundo<br />

(Dudgeon et al., 2006), seguida pela introdução de<br />

espécies exóticas (Miller et al., 1989; Moyle & Leidy,<br />

1992) e sobreexplotação (Allan et al, 2005.). O ritmo<br />

de devastação de ambientes naturais é crescente e<br />

acompanha o crescimento da população humana.<br />

A ampliação da fronteira agrícola, crescimento da<br />

exploração mineral, implantação de projetos para geração<br />

de energia elétrica, projetos de irrigação, desmatamento,<br />

expansão urbana, descarga de efluentes<br />

domésticos e industriais, disposição inadequada de<br />

lixo, entre outros, são fatores que levam à deterioração<br />

da qualidade das águas e destruição de hábitats<br />

aquáticos. Considerando que as águas superficiais continentais<br />

representam apenas 0,8% da superfície terrestre<br />

e que esses ambientes comportam cerca de 40%<br />

da riqueza de peixes conhecida (Nelson, 1994), os ambientes<br />

de água doce merecem especial atenção em<br />

relação ao esforço de conservação.<br />

No Brasil, várias áreas são pouco conhecidas do ponto<br />

de vista da riqueza de fauna e possuem altas taxas<br />

de endemismos; o Complexo do Espinhaço é uma delas.<br />

Situada nos estados de Minas Gerais e Bahia, esta<br />

cadeia de montanhas é rica em ambientes aquáticos,<br />

cabeceiras de várias bacias hidrográficas e endemismos<br />

de espécies animais e vegetais. O difícil acesso a<br />

algumas regiões do Complexo do Espinhaço, somado<br />

ao interesse reduzido em explorar ambientes de cabeceira,<br />

contribuem para a ausência de conhecimento<br />

sobre a ictiofauna desta cadeia com características<br />

tão peculiares.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

O presente trabalho tem o objetivo de realizar o<br />

levantamento das espécies de peixes atualmente conhecidas<br />

para a região do Espinhaço, detectando as lacunas<br />

de conhecimento, potenciais riscos para a sua<br />

conservação e necessidades de trabalhos futuros que<br />

garantam a preservação desse patrimônio, hoje pouco<br />

conhecido e ameaçado.<br />

METODOLOGIA<br />

Área de estudo<br />

O Complexo do Espinhaço é um conjunto de serras de<br />

aproximadamente 1.000 km de extensão, localizado<br />

entre o quadrilátero ferrífero, na região centro-sul de Minas<br />

Gerais, e a Chapada Diamantina, na porção central da<br />

Bahia (Derby, 1906) (Figura 1). Possui orientação no sentido<br />

N-S com largura variável, e altitudes superiores a<br />

1.000m, limitando-se à região de cabeceira das drenagens.<br />

A vegetação característica das altitudes mais elevadas<br />

é de campos rupestres, mas recebe também a influência<br />

de outros domínios, como a Mata Atlântica,<br />

Cerrado e Caatinga na cadeia de montanhas, o que propiciou<br />

o estabelecimento de diversas fitofisionomias<br />

(Derby, 1906). A região é banhada por dois grandes<br />

gupos hidrográficos: a bacia do rio São Francisco e as<br />

bacias costeiras do Atlântico Leste Brasileiro. Na bacia<br />

do rio São Francisco, uma série de sub-bacias da margem<br />

direita acompanha toda sua vertente oeste. Nenhum<br />

trecho da sua calha principal corta o Complexo,<br />

sendo delegado esse papel apenas aos seus tributários.<br />

Na face leste do Espinhaço predominam as cabeceiras<br />

de cursos d’água das bacias do Leste Brasileiro como<br />

Doce, Jequitinhonha, Mucuri, Pardo, Contas, Paraguaçu<br />

e Itapicuru, onde nascem e percorrem um caminho mais<br />

curto em direção ao Oceano Atlântico.<br />

Formação do banco de dados<br />

O presente trabalho foi realizado com base na consulta<br />

de dados secundários disponíveis na literatura científica,<br />

informações contidas na consulta ampla realizada<br />

para o Workshop Diagnóstico do Status do Conhecimento<br />

da Biodiversidade e de sua Conservação na<br />

Cadeia do Espinhaço e na experiência dos autores em<br />

levantamentos ictiofaunísticos. Estas informações foram<br />

organizadas de acordo com a ocorrência das espécies<br />

de peixes, as coordenadas geográficas dos locais<br />

amostrados, as bacias hidrográficas, status de conservação<br />

e endemismo, para posterior análise do caráter<br />

de insubstituibilidade de espécies (Brooks et al., 2006).<br />

Essas informações fundamentaram a elaboração de ma-


FIGURA 1 - Delimitação da área do Complexo do Espinhaço.<br />

pas, avaliação de áreas importantes para conservação<br />

e também de áreas carentes de informação e prioritárias<br />

para a realização de estudos.<br />

As espécies registradas fora dos limites estabelecidos,<br />

mas com mesma faixa de altitude de áreas contíguas<br />

ao Complexo do Espinhaço foram consideradas<br />

no presente levantamento. Outros taxa que foram identificados<br />

até o nível de gênero (p. ex., Gênero sp.), uma<br />

ou mais vezes (p. ex., sp.1, sp.2, sp.3 ou sp.A, sp.B,<br />

sp.C), ou por se tratar de espécie nova (sp.n), foram<br />

mantidas, porém com apenas uma citação. Essa foi uma<br />

medida conservadora, tendo em vista que pode haver<br />

mais de uma espécie englobada por apenas uma citação.<br />

Espécies com identificação incerta, citadas como<br />

cf. ou aff. (p. ex: Astyanax cf. scabripinnis e Astyanax aff.<br />

scabripinnis) foram ambas consideradas como cf.<br />

(Astyanax cf. scabripinnis).<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 203<br />

Algumas espécies foram cadastradas no banco de<br />

dados sem coordenadas geográficas precisas, mas o<br />

registro veio associado a uma localidade ou município.<br />

Para essas espécies o local foi determinado como<br />

sendo o ponto mais próximo ao rio da localidade descrita.<br />

Embora o grupo dos Rivulidae seja expressivo em<br />

número de espécies ameaçadas de extinção, o mesmo<br />

não foi considerado no presente trabalho em função<br />

das informações pouco precisas a respeito da ocorrência<br />

das espécies, impossibilitando sua verificação dentro<br />

dos limites do Complexo do Espinhaço. A biologia<br />

altamente especializada destas espécies e sua ocorrência<br />

em áreas extremamente limitadas (ambientes aquáticos<br />

temporários) dificultam a determinação de áreas<br />

de distribuição precisas. Muitas destas espécies possuem<br />

ocorrência limitada à localidade-tipo.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


204 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

RESULTADOS<br />

Riqueza de espécies de peixes<br />

No presente levantamento, foram registradas 162 espécies<br />

de peixes (Tabela 1), mesmo considerando que<br />

nos taxa identificados somente até o nível de gênero<br />

pode haver mais de uma espécie. As espécies estão distribuídas<br />

em seis ordens e 25 famílias, excetuando-se o<br />

pirá (Conorhynchos conirostris) cuja situação é insertae sedis<br />

na ordem Siluriformes. Deste total, 27 espécies são<br />

endêmicas e 14 exóticas às bacias hidrográficas que<br />

compõem o Complexo do Espinhaço (Anexo 1). As<br />

espécies listadas estão presentes nas bacias hidrográficas<br />

dos rios das Velhas, Paraopeba, Pardo, Doce,<br />

Paraguaçu e Jequitinhonha. A Figura 2 apresenta a<br />

distribuição espacial dos pontos de ocorrência destas<br />

espécies. Na figura 3 são apresentadas fotografias de<br />

algumas espécies mencionadas no texto.<br />

À exceção do trabalho de Lütken (1875) no rio das<br />

Velhas, importante tributário do rio São Francisco, poucas<br />

bacias hidrográficas brasileiras possuem dados históricos<br />

que permitam comparar a situação no passado<br />

com a atual. Registros históricos são importantes para<br />

mostrar o comportamento de populações numa escala<br />

temporal (Sheldon, 1988). Assim como em outras regiões<br />

do Brasil (Menezes et al., 1990), o conhecimento<br />

pretérito da ictiofauna do Complexo do Espinhaço é<br />

deficiente. Os poucos registros acerca da diversidade<br />

são, em sua maioria, publicações isoladas com descrição<br />

de espécies coletadas em expedições científicas<br />

pontuais. Recentemente estudos foram conduzidos<br />

contemplando comunidades de peixes do Espinhaço<br />

(Alves & Pompeu, 2001; Santos, 2003; Santos, 2005;<br />

Vieira et al., 2005). A investigação científica de Alves &<br />

Pompeu (2001) é uma comparação histórica com os resultados<br />

de Lütken (1875). Foi registrado acréscimo no<br />

número de espécies, principalmente de pequeno porte,<br />

bem como extinções locais nos 150 anos que separam<br />

os dois trabalhos (Pompeu & Alves, 2003).<br />

Atualmente, inventários globais de biodiversidade<br />

(p. ex. All Catfish Species Inventory [Inventário de Todas<br />

as Espécies de Bagres]) têm apoiado estudos para ampliar<br />

o conhecimento e explorar regiões nunca<br />

amostradas ou pouco conhecidas. Os resultados obtidos<br />

mostram uma média de descrições de espécies de<br />

Siluriformes superior à média histórica (Ferraris-Jr. &<br />

Reis, 2005). As lacunas de conhecimento ainda persistem<br />

e são necessários trabalhos nestas regiões, não só<br />

para determinar a diversidade local, como também os<br />

processos a que estas comunidades estão submetidas.<br />

Os poucos levantamentos disponíveis estão ou próxi-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

mos de grandes centros ou associados a pontos isolados<br />

em função de projetos de licenciamento ambiental<br />

ou mesmo interesse particular. Em função do grande<br />

número de bacias isoladas do leste brasileiro que possuem<br />

cabeceiras no Espinhaço, há um grande potencial<br />

de novas descobertas, ampliação da área de distribuição<br />

e eliminação de lacunas geográficas no conhecimento<br />

da fauna de peixes da região.<br />

Lacunas de conhecimentos<br />

Demonstrando a grande lacuna de conhecimento sobre<br />

os peixes do Complexo do Espinhaço e também<br />

o potencial da região para descoberta de novos taxa,<br />

somente no <strong>final</strong> do século passado e início do atual,<br />

25 espécies novas de peixes foram descritas, algo próximo<br />

de 15% do total registrado para área de estudo, a<br />

saber: os Characiformes Astyanax turmalinensis Triques,<br />

Vono & Caiafa 2003, Hyphessobrycon negodagua Lima &<br />

Gerhard 2001, Kolpotocheirodon figueiredoi Malabarba,<br />

Lima & Weitzman 2004 Moenkhausia diamantina Benine,<br />

Castro & Santos 2007, Myxiops aphos Zanata & Akama<br />

2004 e Salminus franciscanus Lima & Britski 2007, os Siluriformes:<br />

Aspidoras psammatides Britto, Lima & Santos<br />

2006, Copionodon lianae Campanario & de Pinna, 2000,<br />

Copionodon orthiocarinatus de Pinna, 1992, Copionodon<br />

pecten de Pinna 1992, Glaphyropoma rodriquesi de Pinna<br />

1992, Harttia garavelloi Oyakawa, 1993, Harttia leiopleura<br />

Oyakawa 1993, Harttia novalimensis Oyakawa 1993,<br />

Harttia novalimensis Oyakawa 1993, Harttia torrenticola<br />

Oyakawa 1993, Hypostomus chrysostiktos Birindelli,<br />

Zanata & Lima 2007, Kalyptodoras bahiensis Higuchi,<br />

Britski & Garavello 1990, Neoplecostomus franciscoensis<br />

Langeani 1990, Pareiorhaphis mutuca Oliveira & Oyakawa<br />

1999, Pareiorhaphis stephanus Oliveira & Oyakawa 1999,<br />

Thrichomycterus landinga Triques & Vono 2004,<br />

Trichomycterus itacambirussu Triques & Vono 2004,<br />

Trichomycterus jequitinhonhae Triques & Vono 2004,<br />

Trichomycterus trefauti Wosiacki 2004 e da ordem<br />

Cyprinodontiformes Phalloceros uai Lucinda 2008.<br />

Ressalte-se que grande p<strong>arte</strong> dos registros presentes<br />

na lista ao nível de gênero pode se tratar de<br />

espécies novas para a ciência, mais ainda não descritas<br />

formalmente. É interessante notar o predomínio de Siluriformes<br />

em relação aos Characiformes. Talvez isso<br />

se deva ao hábito críptico dessas espécies, que vivem<br />

no fundo de rios e riachos, sob pedras, troncos e folhas<br />

do substrato. Casatti (2005) credita o predomínio de<br />

Siluriformes em trechos superiores à presença de<br />

trechos de corredeiras com pouca profundidade e<br />

substrato pedregoso. Bizerril & Primo (2001) em bacias<br />

hidrográficas do estado do Rio de Janeiro também


verificaram este mesmo padrão de domínio de Siluriformes<br />

em relação às demais ordens.<br />

Conservação da Ictiofauna<br />

(espécies ameaçadas, espécies endêmicas)<br />

Quatorze registros são mencionados em listas recentes<br />

de espécies ameaçadas de extinção, seja ao nível<br />

nacional (MMA, 2004) ou estadual (MG - comunicação<br />

pessoal Drummond) – Anexo 1. Pelo fato dos esforços<br />

para elaboração de listas de espécies ameaçadas serem<br />

relativamente recentes (excetuando-se casos isolados),<br />

e publicados em trabalhos acadêmicos ou em listas oficiais<br />

pelos estados ou nacional, ainda há uma carência<br />

de informações sobre biologia, ocorrência e distribuição,<br />

e também sobre alterações ao longo do tempo.<br />

Certamente as listas seriam maiores e teriam maior base<br />

técnica se houvesse um maior esforço para obtenção<br />

das informações básicas necessárias para avaliações<br />

mais precisas.<br />

Estudos realizados na Serra do Cipó por Vieira et al.<br />

(2005) mostram que o Parque Nacional da Serra do Cipó<br />

protege apenas 16 das 48 espécies registradas nas cabeceiras<br />

dos rios Cipó (bacia do rio São Francisco) e<br />

Santo Antônio (bacia do Rio Doce). As áreas de entorno<br />

do Parque concentram fauna rica e também diversificada<br />

(22 espécies), inclusive com ocorrência de espécie<br />

ameaçada de extinção (Pareiorhaphis mutuca). Se fossem<br />

adicionados os dados de Alves & Pompeu (2001), que<br />

recentemente também realizaram coletas imediatamente<br />

a jusante do Parque, essa disparidade seria ainda<br />

maior, com acréscimo de outras 8 espécies. Esse fato<br />

reforça a idéia de que as áreas protegidas brasileiras<br />

são baseadas na fisionomia da vegetação ou relacionadas<br />

com a ocorrência de fauna terrestre. Geralmente<br />

ocupam áreas de cabeceiras, que até possuem<br />

ictiofauna característica, mas pecam em não proteger<br />

áreas baixas das bacias, que concentram espécies de<br />

porte variado, migradoras ou não, mas que estão mais<br />

suscetíveis aos impactos da ocupação humana. Master<br />

(1990, apud Angermeier, 1995) estima que as taxas que<br />

colocam em risco as espécies dentro dos maiores grupos<br />

aquáticos, como peixes, caranguejos e moluscos,<br />

são de três a oito vezes maiores do que para aves e<br />

mamíferos. Há, portanto, a necessidade de levar em consideração<br />

a fauna aquática (peixes e outros grupos como<br />

bentos, zooplâncton e fitoplâncton) para a criação de<br />

reservas naturais com objetivos de conservação do patrimônio<br />

ambiental brasileiro.<br />

Em nível nacional, áreas prioritárias para conservação<br />

de peixes e/ou biota aquática, abrangem os limites<br />

do Complexo do Espinhaço. Trechos de cursos d’água<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 205<br />

são relacionados nas seguintes categorias: (1) extrema<br />

importância biológica (rio Jequitinhonha e alto rio Santo<br />

Antônio); (2) importância biológica muito alta (alto<br />

rio Paraguaçu); (3) importância biológica alta (médio rio<br />

Paraguaçu); e (4) insuficientemente conhecidas, mas de<br />

provável importância biológica (rios Itapicuru,<br />

Paraguaçu – em seu trecho em domínio de Mata Atlântica,<br />

Contas, Pardo e Jacuípe) (MMA/SBF, 2002).<br />

Das áreas consideradas prioritárias para conservação<br />

da ictiofauna no estado de Minas Gerais (Drummond<br />

et al, 2005), seis encontram-se parcial ou totalmente<br />

no Complexo do Espinhaço: alto rio Jequitinhonha, bacia<br />

do alto rio Pardo, bacia do rio Suaçuí Grande, tributários<br />

do rio das Velhas, rio Preto e região do alto rio<br />

Santo Antônio. O rio Santo Antônio, bacia do rio Doce,<br />

em particular, é um exemplo de descaso com a fauna<br />

aquática. Esta é a única sub-bacia na qual o andirá<br />

(Henochilus wheatlandii) tem ocorrência no mundo (Vieira<br />

et al, 2000; Vieira & Alves, 2001). O fato de figurar na<br />

lista de espécies ameaçadas de extinção, e a região ser<br />

considerada área de interesse especial para conservação<br />

no estado, não impedem que empreendimentos<br />

hidrelétricos sejam propostos. A construção e operação<br />

de barragens também é um problema nas demais<br />

áreas citadas que, apesar de possuírem elevada importância<br />

biológica, sofrem ameaças constantes devido à<br />

poluição, assoreamento, desmatamento, mineração e<br />

introdução de espécies exóticas (Drummond et al, 2005).<br />

Outra espécie sob forte ação antrópica é o cascudinho<br />

P. mutuca. Seus registros apontam para a área mais<br />

populosa do Complexo do Espinhaço que apresenta intensa<br />

exploração de jazidas minerais e recentemente<br />

muito valorizada comercialmente para expansão imobiliária.<br />

A indicação de áreas prioritárias para conservação<br />

é apenas o primeiro passo para a definição de medidas<br />

de proteção das espécies, que devem abranger diversos<br />

segmentos da sociedade. É necessário reunir esforços<br />

para eliminar ou reduzir os fatores de impacto ambiental,<br />

e sobretudo, investir em estudos de distribuição<br />

das espécies, preenchendo lacunas de conhecimento.<br />

Tais estudos fornecem as informações que atualmente<br />

servem de base para as medidas de conservação no<br />

Brasil. Em Minas Gerais, as ações de conservação da<br />

ictiofauna são muito modestas, restringindo-se à aplicação<br />

de multas por danos ambientais, interdição<br />

temporária da pesca e sua fiscalização (Drummond<br />

et al, 2005). Em geral as áreas oficialmente definidas<br />

como prioritárias para conservação não são consideradas<br />

nos processos de licenciamento de novos empreendimentos.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


206 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

TABELA 1 – Lista das espécies de peixes registradas no Complexo do Espinhaço.<br />

TÁXON NOME POPULAR<br />

ORDEM CHARACIFORMES<br />

Família Parodontidae<br />

1 Apareiodon ibitiensis Amaral Campos 1944 Canivete<br />

2 Apareiodon itapicuruensis Eigenmann & Henn 1916 Canivete<br />

3 Apareiodon piracicabae (Eigenmann 1907) Canivete<br />

4 Apareiodon sp. Canivete<br />

5 Parodon hilarii Reinhardt 1867 Canivete<br />

Família Curimatidae<br />

6 Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard 1824) Sagüiru<br />

7 Steindachnerina corumbae Pavanelli & Britski 1999 Sagüiru<br />

8 Steindachnerina elegans (Steindachner 1875) Sagüiru<br />

Família Prochilodontidae<br />

9 Prochilodus costatus Valenciennes 1850 Curimatá-pioa<br />

Família Anostomidae<br />

10 Leporellus vittatus (Valenciennes 1850) Piau-rola, Piancó<br />

11 Leporinus amblyrhynchus Garavello & Britski 1987 Timburé<br />

12 Leporinus bahiensis Steindachner 1875<br />

13 Leporinus cf. thayeri Borodin 1929<br />

14 Leporinus copelandii Steindachner 1875 Piau-vermelho<br />

15 Leporinus crassilabris Borodin 1929 Piapara<br />

16 Leporinus elongatus Valenciennes 1850 Piapara<br />

17 Leporinus garmani Borodin 1919<br />

18 Leporinus marcgravii Lütken 1875 Timburé<br />

19 Leporinus mormyrops Steindachner 1875 Timburé<br />

20 Leporinus obtusidens (Valenciennes 1837) Piau-verdadeiro<br />

21 Leporinus reinhardti Lütken 1875 Piau-três-pintas<br />

22 Leporinus sp.<br />

23 Leporinus steindachneri Eigenmann 1907 Piau-branco<br />

24 Leporinus taeniatus Lütken 1875 Piau, Timburé<br />

Família Crenuchidae<br />

25 Characidium cf. timbuiense Travassos 1946<br />

26 Characidium cf. zebra Eigenmann 1909<br />

27 Characidium cf. bahiense Almeida 1971<br />

28 Characidium fasciatum Reinhardt 1867<br />

29 Characidium lagosantense Travassos, 1947<br />

30 Characidium sp.<br />

Família Characidae<br />

31 Astyanax cf. scabripinnis (Jenyns 1842) Lambari<br />

32 Astyanax bimaculatus (Linnaeus 1758) Lambari-do-rabo-amarelo<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON NOME POPULAR<br />

33 Astyanax cf. taeniatus (Jenyns 1842) Lambari<br />

34 Astyanax eigenmanniorum (Cope 1894) Lambari<br />

35 Astyanax fasciatus (Cuvier 1819) Lambari-do-rabo-vermelho<br />

36 Astyanax sp. Lambari<br />

37 Astyanax turmalinensis Triques, Vono & Caiafa 2003<br />

38 Brycon nattereri Günther 1864 Pirapitinga<br />

39 Brycon opalinus (Cuvier 1819) Piabanha<br />

40 Brycon sp. n.<br />

41 Bryconamericus stramineus Eigenmann 1908 Piaba<br />

42* Colossoma macropomum (Cuvier 1816) Tambaqui<br />

43 Compsura heterura Eigenmann 1915 Piaba<br />

44 Deuterodon cf. pedri Eigenmann 1908 Lambari<br />

45 Hasemania nana (Lütken 1875) Piaba<br />

46 Henochilus wheatlandii Garman 1890 Andirá<br />

47 Hemigrammus marginatus Ellis 1911 Piaba<br />

48 Hyphessobrycon cf. gracilis (Lütken 1875) Piaba<br />

49 Hyphessobrycon negodagua Lima & Gerhard 2001<br />

50 Hyphessobrycon sp.<br />

51 Hysteronotus megalostomus Eigenmann 1911 Piaba<br />

52 Kolpotocheirodon figueiredoi Malabarba, Lima & Weitzman 2004<br />

53 Moenkhausia diamantina Benine, Castro & Santos 2007<br />

54 Myleus micans (Lütken 1875) Pacu<br />

55 Myxiops aphos Zanata & Akama 2004<br />

56 Oligosarcus argenteus Günther 1864 Lambari-bocarra<br />

57 Oligosarcus macrolepis (Steindachner, 1876)<br />

58 Oligosarcus sp.<br />

59 Phenacogaster franciscoensis Eigenmann 1911 Piaba<br />

60 Piabina argentea Reinhardt 1867 Piaba<br />

61 Tetragonopterus chalceus Spix & Agassiz 1829 Piaba-rapadura, Zoiúda<br />

62 Triportheus guentheri (Garman 1890) Piaba-rapadura<br />

63 Salminus franciscanus Lima & Britski 2007 Dourado<br />

64 Salminus hilarii Valenciennes 1850 Tabarana, Dourado-branco<br />

65 Serrapinnus heterodon (Eigenmann 1915) Piaba<br />

66 Serrapinnus piaba (Lütken 1875) Piaba<br />

67 Serrasalmus brandtii Lütken 1875 Pirambeba<br />

Família Acestrorhynchidae<br />

68 Acestrorhynchus lacustris (Lütken 1875) Peixe-cachorro<br />

Família Erythrinidae<br />

69 Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix & Agassiz 1829) Jeju<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 207<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


208 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON NOME POPULAR<br />

70* Hoplias cf. lacerdae Miranda Ribeiro 1908 Trairão<br />

71 Hoplias malabaricus (Bloch 1794) Traíra<br />

ORDEM SILURIFORMES<br />

Incertae Sedis<br />

72 Conorhynchos conirostris (Valenciennes 1840) Pirá<br />

Família Aspredinidae<br />

73 Bunocephalus sp.<br />

Família Trichomycteridae<br />

74 Copionodon lianae Campanario & de Pinna 2000<br />

75 Copionodon orthiocarinatus de Pinna 1992<br />

76 Copionodon pecten de Pinna 1992<br />

77 Homodiaetus sp. Candiru<br />

78 Ituglanis sp.<br />

79 Glaphyropoma rodriquesi de Pinna 1992<br />

80 Stegophilus insidiosus Reinhardt 1859 Candiru<br />

81 Trichomycterus cf. alternatus (Eigenmann 1917) Cambeva<br />

82 Trichomycterus cf. brasiliensis Lütken 1874 Cambeva<br />

83 Trichomycterus cf. immaculatus (Eigenmann & Eigenmann 1889) Cambeva<br />

84 Trichomycterus itacambirussu Triques & Vono 2004 Cambeva<br />

85 Trichomycterus jequitinhonhae Triques & Vono 2004 Cambeva<br />

86 Trichomycterus landinga Triques & Vono 2004 Cambeva<br />

87 Trichomycterus sp.<br />

88 Trichomycterus trefauti Wosiacki 2004 Cambeva<br />

89 Trichomycterus vermiculatus (Eigenmann 1917) Cambeva<br />

Família Callichthyidae<br />

90 Aspidoras psammatides Britto, Lima & Santos 2005<br />

91 Aspidoras sp.<br />

92 Corydoras cf. garbei Ihering 1911<br />

Família Loricariidae<br />

93 Delturus brevis Reis & Pereira, 2006<br />

94 Harttia garavelloi Oyakawa 1993<br />

95 Harttia leiopleura Oyakawa 1993<br />

96 Harttia novalimensis Oyakawa 1993<br />

97 Harttia sp.<br />

98 Harttia torrenticola Oyakawa 1993<br />

99 Hemipsilichthys sp. Cascudinho<br />

100 Hisonotus sp. Cascudinho<br />

101 Hypostomus affinis (Steindachner 1877) Cascudo<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON NOME POPULAR<br />

102 Hypostomus cf. commersonii Valenciennes 1836 Cascudo<br />

103 Hypostomus chrysostiktos Birindelli, Zanata & Lima 2007<br />

104 Hypostomus garmani (Regan 1904) Cascudo<br />

105 Hypostomus macrops (Eigenmann & Eigenmann 1888) Cascudo<br />

106 Hypostomus margaritifer (Regan 1908) Cascudo<br />

107 Hypostomus sp.<br />

108 Neoplecostomus franciscoensis Langeani 1990 Cascudinho<br />

109 Neoplecostomus sp.<br />

110 Otocinclus sp.<br />

111 Pareiorhaphis mutuca (Oliveira & Oyakawa 1999) Cascudinho<br />

112 Pareiorhaphis stephanus (Oliveira & Oyakawa 1999)<br />

113 Pareiorhina sp.<br />

114 Parotocinclus bahiensis (Miranda-Riberio 1918)<br />

115 Parotocinclus sp.<br />

116 Rineloricaria sp.<br />

Família Pseudopimelodidae<br />

117 Cephalosilurus fowleri Haseman 1911 Bagre-sapo, pacamã<br />

Família Heptapteridae<br />

118 Cetopsorhamdia cf. iheringi Schubart & Gomes 1959 Bagrinho<br />

119 Cetopsorhamdia sp.<br />

120 Heptapteridae gen. n.<br />

121 Heptapterus sp.<br />

122 Imparfinis sp.<br />

123 Imparfinnis minutus (Lütken 1875) Mandizinho<br />

124 Phenacorhamdia cf. somnians (Mees 1974) Bagrinho<br />

125 Pimelodella itapicuruensis Eigenmann 1917<br />

126 Pimelodella lateristriga (Lichtenstein 1823) Chorão<br />

127 Pimelodella sp.<br />

128 Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard 1824) Bagre<br />

129 Rhamdia jequitinhonha Silfvergrip, 1996 Bagre<br />

Família Pimelodidae<br />

130 Duopalatinus emarginatus (Valenciennes 1840) Mandiaçu<br />

131 Pimelodus fur (Lütken 1874) Mandi-prata<br />

132 Pimelodus maculatus Lacepède 1803 Mandi-amarelo<br />

133 Pseudoplatystoma corruscans (Spix & Agassiz 1829) Surubim<br />

Família Doradidae<br />

134 Franciscodoras marmoratus (Reinhardt, 1874) Mandi-serrudo<br />

135 Kalyptodoras bahiensis Higuchi, Britski & Garavello 1990 Peracuca<br />

136 Wertheimeria maculata Steindachner 1877 Roncador<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 209<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


210 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TÁXON NOME POPULAR<br />

Família Auchenipteridae<br />

137 Trachelyopterus galeatus (Linnaeus 1766) Cangati<br />

138 Trachelyopterus sp.<br />

Família Clariidae<br />

139* Clarias gariepinus (Burchell 1822) Bagre-africano<br />

ORDEM GYMNOTIFORMES<br />

Família Gymnotidae<br />

140 Gymnotus cf. carapo Linnaeus 1758 Sarapó, Tuvira<br />

141 Gymnotus sp. Sarapó<br />

Família Sternopygidae<br />

142 Eigenmannia cf. virescens (Valenciennes 1836) Peixe-espada<br />

143 Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider 1801) Sarapó<br />

Família Apteronotidae<br />

144 Apteronotus brasiliensis (Reinhardt 1852) Sarapó<br />

ORDEM CYPRINODONTIFORMES<br />

Família Poeciliidae<br />

145 Pamphorichthys hollandi (Henn 1916) Barrigudinho<br />

146 Phalloceros uai (Lucinda 2008) Barrigudinho<br />

147* Poecilia reticulata Peters 1859 Lebiste, Barrigudinho<br />

148 Poecilia sp.n.<br />

149 Poecilia vivipara Bloch & Schneider 1801 Barrigudinho<br />

150* Xiphophorus hellerii Heckel 1848 Espadinha<br />

ORDEM PERCIFORMES<br />

Família Cichlidae<br />

151* Astronotus ocellatus (Agassiz 1831) Apaiari<br />

152 Australoheros (Jenyns 1842) Cará-preto<br />

153 Cichlasoma sanctifranciscense Kullander 1983 Cará<br />

154* Cichla cf. temensis Tucunaré<br />

155* Cichla sp.<br />

156 Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard 1824) Cará<br />

157* Oreochromis sp. Tilápia<br />

158* Tilapia rendalli (Boulenger 1897) Tilápia<br />

159* Tilapia sp.<br />

Família Centrarchidae<br />

160* Lepomis gibbosus (Linnaeus 1758) Perca-do-sol<br />

161* Micropterus salmoides (Lacepède 1802) Black-bass<br />

ORDEM CYPRINIFORMES<br />

Família Cyprinidae<br />

162* Cyprinus carpio Linnaeus 1758 Carpa<br />

* Espécies exóticas aos rios do Complexo do Espinhaço.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


FIGURA 2 - Distribuição espacial dos pontos de ocorrência das espécies.<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 211<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


212 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

FIGURA 3 - Peixes endêmicos das bacias que compõem o Complexo do Espinhaço: (1) Henochilus wheatlandii, (2) Moenkhausia<br />

diamantina, (3) Brycon opalinus, (4) Characidium lagossantense, (5) Leporinnus thayeri, (6) Leporinus bahiensis,<br />

(7) Francicodoras marmoratus, (8) Conorhynchos conirostris, (9) Hypostomus chrysostiktos, (10) Kalyptodoras bahiense,<br />

(11) Neoplecostomus franciscoensis, (12) Harttia novalimensis, (13) Pareiorhaphis mutuca.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Impactos ambientais<br />

Contrastando com a falta de conhecimento, impactos<br />

existentes e potenciais ameaçam essa fauna, mesmo antes<br />

de ser suficientemente conhecida. Ao largo do Complexo<br />

do Espinhaço diversas regiões padeceram com a<br />

exploração de jazidas minerais (p. ex. ouro, diamante,<br />

minério de ferro), sendo uma prática ainda comum em<br />

várias regiões. Talvez seja este o primeiro grande impacto<br />

com ações diretas na fauna aquática. Atualmente,<br />

a expansão imobiliária, as queimadas, mineração, o<br />

represamento de rios, atividades agropecuárias e a introdução<br />

de espécies exóticas figuram entre as principais<br />

ameaças para as espécies de peixes do Espinhaço.<br />

CONCLUSÕES<br />

As informações apresentadas permitem concluir que<br />

ainda são insuficientes os esforços realizados até o presente<br />

para caracterizar o potencial do Complexo do<br />

Espinhaço, apesar do número de registros obtido (162<br />

espécies), tendo em vista as enormes lacunas e completa<br />

ausência de informações em certas áreas. A baixa<br />

riqueza de espécies dessas áreas pode ser atribuída à<br />

falta de estudos. O pouco que está publicado aborda a<br />

descrição de espécies novas e não estudos sobre o conjunto<br />

de espécies propriamente dito, ou sobre a sua<br />

biologia, distribuição, etc. Em alguns casos se conhece<br />

apenas a distribuição dos exemplares utilizados para a<br />

descrição da espécie. Há, também, um grande volume<br />

de dados levantados em estudos de impacto ambiental<br />

para licenciamento de empreendimentos que permanecem<br />

indisponíveis em relatórios técnicos.<br />

Para traçar medidas de conservação das espécies é<br />

necessária uma visão do sistema aquático, além de conhecer<br />

as peças envolvidas no processo (Sheldon, 1988).<br />

Investimentos no mapeamento da biodiversidade devem<br />

ser estimulados em função dos impactos cada vez<br />

mais freqüentes e crescentes. Para espécies com distribuição<br />

geográfica restrita, a vulnerabilidade é maximizada<br />

pela ameaça de um simples evento catastrófico<br />

seja ele natural ou antrópico (Angermeier, 1995). Posteriormente,<br />

questões biogeográficas, relação espécieárea<br />

e conectividade do sistema passam a ocupar o foco<br />

do conhecimento. O conjunto de espécies endêmicas e<br />

ameaçadas de extinção ainda não possui garantia de<br />

conservação em Unidades de Conservação formais do<br />

Espinhaço.<br />

Considerando-se o fato de que as medidas de conservação<br />

brasileiras fundamentam-se basicamente em informações<br />

sobre distribuição e ocorrência de espécies,<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 213<br />

fica clara a prioridade que deve ser atribuída aos estudos<br />

de inventário e descrição de espécies. A deficiência<br />

do conhecimento da ictiofauna do Complexo do<br />

Espinhaço torna-se uma relevante justificativa para se<br />

conservar uma região tão importante no Brasil, incentivando<br />

iniciativas que possam reverter o quadro atual.<br />

Recomendações<br />

Com base nos resultados dessa primeira avaliação<br />

sobre a fauna de peixes do Complexo do Espinhaço,<br />

recomenda-se:<br />

• Incentivo aos inventários nas áreas de lacuna de estudos<br />

e investigação sobre a biologia básica das espécies<br />

de peixes;<br />

• determinação dos principais impactos que atualmente<br />

ameaçam as espécies de peixes e implantação<br />

de medidas para eliminá-los ou, pelo menos,<br />

minimizá-los;<br />

• dar-se especial atenção para evitar a introdução de<br />

espécies exóticas de peixes, principalmente aquelas<br />

de maior porte, híbridos utilizados em piscicultura e<br />

espécies de hábito alimentar carnívoro;<br />

• exigência de cumprimento da legislação vigente no<br />

que concerne às áreas de preservação permanente<br />

(APP), principalmente nascentes, encostas de maior<br />

declividade, faixa de vegetação ciliar proporcionais<br />

à largura dos cursos d’água, etc.;<br />

• criação de Unidades de Conservação voltadas para a<br />

proteção da biota aquática, principalmente onde haja<br />

alta taxa de endemismos e/ou espécies ameaçadas<br />

de extinção, ou ainda nas áreas de alta insubstituibilidade<br />

decorrente das simulações com os dados disponíveis;<br />

• apoio às Unidades de Conservação existentes, com<br />

incentivo para os levantamentos biológicos, topográficos,<br />

hidrográficos, climáticos, etc., visando a<br />

elaboração dos respectivos Planos de Manejo;<br />

• apoio às medidas de controle, fiscalização e monitoramento<br />

de empreendimentos, cidades e atividades<br />

que possam trazer prejuízo à qualidade da água.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores expressam seus agradecimentos à Conservação<br />

Internacional do Brasil, Instituto Biotrópicos e<br />

Fundação Biodiversitas, em especial ao agrônomo Cássio<br />

Soares Martins, pela confecção dos mapas apresentados<br />

no presente trabalho, e aos pesquisadores de<br />

várias instituições que participam da consulta ampla.<br />

Agradecem também aos biólogos Fábio Vieira pelo fornecimento<br />

de fotografias de Henochilus wheatlandii,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


214 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

Brycon opalinus e Leporinus thayeri, Marcelo Melo de<br />

Moenkhausia diamantina e Marcelo Britto de Aspidoras<br />

psammatides, apresentadas na Figura 1.<br />

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

Agostinho, A.A., S.M. Thomaz & L.C. Gomes. 2005. Conservação<br />

da biodiversidade em águas continentais do Brasil.<br />

<strong>Megadiversidade</strong> 1:70-78.<br />

Allan, J.D., R. Abell, Z. Hogan, C. Revenga, B.W. Taylor, R.L.<br />

Welcomme & K. Winemiller. 2005. Overfishing of Inland<br />

Waters. BioScience 55(12):1041-1051.<br />

Alves, C.B.M. & P.S. Pompeu. 2001. A fauna de peixes da bacia<br />

do rio das Velhas no <strong>final</strong> do século XX. In: C.B.M. Alves & P.S.<br />

Pompeu (eds.). Peixes do Rio das Velhas, Passado e Presente.<br />

pp 165-187. Segrac, Belo Horizonte.<br />

Angermeier, P.L. 1995. Ecological Attributes of Extinction-Prone<br />

Species: Loss of Freshwater Fishes of Virginia. Conservation<br />

Biology 9(1): 143–158.<br />

Benine, R.C.; R.M.C. Castro & A.C.A. Santos. 2007. A new<br />

Moenkhausia Eigemmann, 1903 (Ostariophysi: Characiformes)<br />

from Chapada Diamantina, rio Paraguaçu Basin, Bahia,<br />

Northeastern Brazil. Neotropical Ichthyology. 5(3): 259-262.<br />

Birindelli, J.L.O.; A.M. Zananta & F.C.T. Lima. 2007. Hypostomus<br />

chrysostiktos, a new species of armored catfish (Siluriformes,<br />

Loricariidae) from rio Paraguaçu, Bahia State, Brazil.<br />

Neotropical Ichthyology. 5(3): 271-278.<br />

Bizerril, C.R.F.S. & P.B.S. Primo. 2001. Peixes de águas interiores<br />

do Estado do Rio de Janeiro. FEMAR-SEMADS, Rio de Janeiro.<br />

417 p.<br />

Britto, M., F.C.T. Lima & A.C.A. Santos. 2005. A new Aspidoras<br />

(Siluriformes: Callichthydae) from rio Paraguaçu basin, Chapada<br />

Diamantina, Brasil. Neotropical Ichthyology 3(4): 473-<br />

479.<br />

Brooks, T.M., R.A. Mittermeier, G.A.B. Fonseca, J. Gerlach, M.<br />

Hoffmann, J.F. Lamoreux, C.G. Mittermeier, J.D. Pilgrim & A.S.L.<br />

Rodrigues. 2006. Global biodiversity conservation priorities.<br />

Science 313: 58-61.<br />

Campanario, C.M. & M.C.C. de Pinna. 2000. A new species of<br />

the primitive trichomycterid subfamily Copionodontinae from<br />

Northeastern Brazil (Teleostei: Trichomycteridae).<br />

Ichthyological Explorations of Freshwaters 11(4): 369-375.<br />

Casatti, L. 2005. Fish assemblage structure in a first order stream,<br />

southeastern Brazil: longitudinal distribution, seasonality, and<br />

microhabitat diversity. Biota Neotropica 5(1): 1-9.<br />

Castro, R.M.C., R.P. Vari, F. Vieira & C. de Oliveira. 2004. A<br />

phylogenetic analysis and redescription of the genus<br />

Henochilus (Characiformes: Characidae). Copeia 3: 496-506.<br />

de Pinna, M.C.C. 1992. A new subfamily of Trichomycteridae,<br />

lower Loricarioid relationships, and a discussion on the impact<br />

of additional taxa for phylogenetic analysis (Teleostei, Siluriformes).<br />

Zoological Journal of The Linnean Society 106: 175-<br />

229.<br />

Derby, O.A. 1906. The Serra of Espinhaço, Brazil. Journal of<br />

Geology 14: 374–401.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Drummond, G.M. C.S. Martins, A.B.M. Machado, F.A. Sebaio &<br />

Y. Antonini (orgs.). 2005. Biodiversidade em Minas Gerais -<br />

Um Atlas para sua Conservação. 2ª ed. 222 p. Fundação Biodiversitas,<br />

Belo Horizonte.<br />

Dudgeon, D., A.H. Arthington, M.O. Gessner, Z. Kawabata, D.J.<br />

Knowler, C. Lévêque, R.J. Naiman, A. Prieur-Richard, D. Soto,<br />

M.L.J. Stiassny & C.A. Sullivan. 2006. Freshwater biodiversity:<br />

importance, threats, status and conservation challenges.<br />

Biological Review 81:163–182.<br />

Ferraris Jr., C.J. & R.E. Reis. 2005. Neotropical catfish diversity: an<br />

historical perspective. Neotropical Ichthyology 3(4): 453-454.<br />

Inter-Institutional Database of Fish Biodiversity in the Neotropics<br />

(Neodat). 1999. Disponível em: http://www.neodat.org/<br />

(acessado em 2006).<br />

Langeani, F. 1990. Revisão do gênero Neoplecostomus Eigenmann<br />

& Eigenmann, 1888, com a descrição de quatro novas espécies<br />

do sudeste brasileiro (Ostariophysi, Siluriformes,<br />

Loricariidae). Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia<br />

da PUCRS, Série Zoologia 3(1): 03-31.<br />

Lewinsohn, T.M. & P.I. Prado. 2002. Biodiversidade Brasileira :<br />

siìntese do estado atual do conhecimento. Editora Contexto.<br />

São Paulo, Brasil. 176 p.<br />

Lewinsohn, T.M. & P.I. Prado. 2005. How Many Species Are There<br />

in Brazil? Conservation Biology 19(3): 619-624.<br />

Lima, F.C.T. & H.A. Britski. 2007. Salminus franciscanus, a new<br />

from the rio São Francisco basin, Brazil (Ostariophysi:<br />

Characiformes: Characidae). Neotropical Ichthyology 5(3):<br />

237-244.<br />

Lima, F.C.T. & P. Gerhard. 2001. A new Hyphessobrycon<br />

(Characiformes: Characidae) from Chapada Diamantina, Bahia,<br />

Brazil, with notes on its natural history. Ichthyological<br />

Exploration of Freshwaters 12(2): 105-114.<br />

Lucinda, P.H.F. 2008. Systematics and Biogeography of the<br />

poecilid fishes genus Phalloceros, with the descriptions of<br />

twenty-one new species. Neotropical Ichthyology 6(2): 113-<br />

158.<br />

Lütken, C.F. 1875. Velhas-Flodens fiske. Et bidrag til Brasiliens<br />

ichthyologi. Elfter Professor J. Reinhardt indsamlinger og<br />

optegnelser. Kon Dank Vidensk Selsk Skrift (Kjoebenhavn) 12:<br />

122-252.<br />

Magalhães, A.L.B. de & A.L. Silveira. 2001. Primeiro registro da<br />

perca-sol Lepomis gibbosus (Linnaeus, 1758) (Pisces:<br />

Centrarchidae) no Brasil: um peixe exótico no Parque Estadual<br />

do Itacolomi, MG. Bios 9(9): 95-99.<br />

Malabarba, L.R., F.C.T. Lima & S.H. Weitzman. 2004. A new<br />

species of Kolpotocheirodon (Teleostei: Characidae:<br />

Cheirodontinae: Compsurini) from Bahia, northeastern Brazil,<br />

and a new diagnosis for the genus. Proceedings of the<br />

Biological Society of Washington 117(2): 317-329.<br />

McAllister, D.E., A.L. Hamilton & B. Harvey. 1997. Global<br />

freshwater biodiversity: striving for the integrity of freshwater<br />

ecosystems. Sea Wind 11:1-140.<br />

Menezes, N.A., R.M.C. Castro, S.H. Weitzman & M.J. Weitzman.<br />

1990. Peixes de riacho da Floresta Atlântica Costeira Brasileira:<br />

um conjunto pouco conhecido e ameaçado de vertebrados.<br />

In: II Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste<br />

Brasileira: Estrutura, Função e Manejo. Academia de Ciências<br />

do Estado de São Paulo, 1: 290-295.


Miller, R.R., J.D. Williams, & J.E. Williams. 1989. Extinctions<br />

of North American fishes during the past century. Fisheries<br />

14(6): 22-38.<br />

Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2004. Lista Nacional das<br />

Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Ameaçados de<br />

Extinção. Instrução Normativa nº 5 (21/maio/2004).<br />

MMA/SBF. 2002. Avaliação e identificação de áreas prioritárias<br />

para a conservação, utilização sustentável e repartição<br />

dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros.<br />

Brasília. 404p.<br />

Moyle, P.B. & R.A. Leidy. 1992. Loss of biodiversity in aquatic<br />

ecosystems: evidence from fish faunas. In: P.L. Fielder & S.K.<br />

Jain (eds.). Conservation Biology: the Theory and Practice of<br />

Nature Conservation, Preservation and Management. pp 127-<br />

169. Chapman and Hall, New York City, New York, USA.<br />

Nelson, J.S. 1994. Fishes of the world. New York: J.Wiley. 624p.<br />

Oliveira, J.C. & O.T. Oyakawa. 1999. Two new species of<br />

Hemipsilichthys (Teleostei, Siluriformes, Loricariidae) from<br />

Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil. Ichthyological<br />

Exploration of Freshwaters 10(1): 73-80.<br />

Oyakawa, O.T. 1993. Cinco espécies novas de Harttia Steindachner,<br />

1876 da região sudeste do Brasil, e comentários sobre o gênero<br />

(Teleostei, Siluriformes, Loricariidae). Comunicações do<br />

Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS 6: 3-27.<br />

Pompeu P.S. & C.B.M. Alves. 2003. Local fish extinction in a<br />

small tropical lake in Brazil. Neotropical Ichthyology 1(2):<br />

133-135.<br />

Reis, R.E., S.O. Kullander & C.J. Ferraris Jr. 2003. Check list of<br />

the freshwater fishes of South and Central America. Editora<br />

da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.<br />

Porto Alegre, Brazil. 729 p.<br />

Reis, R.E, E.H.L. Pereira & J.W. Armbruster. 2006. Delturinae, a<br />

new loricariid catfish subfamily (Teleostei, Siluriformes), with<br />

revisions of Delturus and Hemipsilichthys. Zoological Journal<br />

of the Linnean Society 147: 277–299.<br />

Santos, A.C.A. 2003. Caracterização da ictiofauna do alto rio<br />

Paraguaçu na região da Chapada Diamantina da Bahia, com<br />

ênfase nos rios Santo Antônio e São José (Lençóis, Bahia).<br />

Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro,<br />

Rio de Janeiro.<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 215<br />

Santos, A.C.A. 2005. Peixes. In: F.A. Juncá, L. Funch & R. Rocha<br />

(eds.). Biodiversidade e Conservação da Chapada Diamantina.<br />

pp. 295-317. MMA, Brasília.<br />

Schaefer, S.A. 1998. Conflict and resolution: impact of new taxa<br />

on phylogenetic studies of the neotropical cascudinhos<br />

(Siluroidei: Loricariidae). In: L.R. Malabarba, R.E. Reis, R.P. Vari,<br />

Z.M.S. Lucena, & C.A.S. Lucena (eds.). pp. 375-400. Phylogeny<br />

and Classification of Neotropical Fishes. EDIPUCRS, Porto<br />

Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil.<br />

Sheldon, A.L. 1988. Conservation of Stream Fishes: Patterns of<br />

Diversity, Rarity, and Risk Conservation Biology 2 (2): 149-156.<br />

Trajano, E., L. Du<strong>arte</strong> & L. Menna-Barreto. 2005. Locomotor<br />

activity rhythms in cave fishes from Chapada Diamantina,<br />

northeastern Brazil (Teleostei: Siluriformes). Biological<br />

Rhythm Research, 36(3): 229-236.<br />

Triques, M.L. & V. Vono. 2004. Three new species of<br />

Trichomycterus (Teleostei: Siluriformes: Trichomycteridae) from<br />

the rio Jequitinhonha basin, Minas Gerais, Brazil.<br />

Ichthyological exploration of Freshwaters 15: 161-172.<br />

Triques, M.L., V. Vono & E.V. Caiafa. 2003. Astyanax turmalinensis,<br />

a new species of fish from the Rio Jequitinhonha basin, Minas<br />

Gerais, Brazil (Characiformes: Characidae: Tetragonopterinae).<br />

Journal of Ichthyology and Aquatic Biology 7: 145-150.<br />

Vieira, F. & C.B.M. Alves. 2001. Threatened fishes of the World:<br />

Henochilus wheatlandii Garman, 1890 (Characidae).<br />

Environmental Biology of Fishes 62: 414.<br />

Vieira, F., C.B.M. Alves & G.B. Santos. 2000. Rediscovery and first<br />

record of Henochilus wheatlandii (Teleostei, Characiformes) a rare<br />

Neotropical fish, in Doce river basin, southeastern Brazil.<br />

Ichthyological Exploration of Freshwaters 11(3): 201-206.<br />

Vieira, F., G.B. Santos & C.B.M. Alves. 2005. A ictiofauna do Parque<br />

Nacional da Serra do Cipó (Minas Gerais, Brasil) e áreas<br />

adjacentes. Lundiana 6 (supplement):77-87.<br />

Wosiacki, W.B. 2004. New species of the catfish genus<br />

Trichomycterus (Siluriformes, Trichomycteridae) from the<br />

headwaters of the rio São Francisco basin, Brazil. Zootaxa<br />

592: 1-12.<br />

Zanata, A.M. & A. Akama. 2004. Myxiops aphos, new characid<br />

genus and species (Characiformes, Characidae) from the rio<br />

Lençóis, Bahia, Brazil. Neotropical Ichthyology 2(2): 45-54.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


216 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

ANEXO 1 – Locais de ocorrência e características das espécies registradas na área do Complexo do Espinhaço.<br />

ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />

Acestrorhynchus lacustris Rio Cipó 1 19<br />

Apareiodon ibitiensis Rio Cipó 1 1<br />

Apareiodon itapicuruensis Rio Itapicuru 5 x x 23<br />

Apareiodon piracicabae Rio Cipó 1 1<br />

Apareiodon sp. Rio Pardo 3 26<br />

Apteronotus brasiliensis Rio Cipó 1 19<br />

Aspidoras psammatides Rio Caldeirão 5 , rio Paraguaçu 5 x x 2<br />

Aspidoras sp. Córrego do Cabral 6 , ribeirão de Trás 6 16<br />

Astronotus ocellatus Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />

Astyanax bimaculatus Rio Cipó 1 , rio das Velhas 1 1, 19<br />

Astyanax cf. scabripinnis Afluentes do rio Santo Antônio4 , rio Cipó1 , 1, 7, 16, 19,<br />

córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />

córrego Laranjeiras<br />

20, 22, 23, 24<br />

6 , córrego do Morro<br />

Redondo6 , rio das Velhas1 , rio Piabas5 ,<br />

córrego Prazeres4 , rio Paraguaçu5 Astyanax cf. taeniatus Córrego Prazeres4 22<br />

Astyanax eigenmanniorum Rio Cipó1 19<br />

Astyanax fasciatus Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />

córrego Laranjeiras<br />

7, 16, 19<br />

6 , córrego do Morro<br />

Redondo6 , rio Cipó1 Astyanax sp. Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />

córrego do Cabral<br />

7, 16, 25, 26<br />

6 , ribeirão de Trás6 ,<br />

córrego Laranjeiras6 , córrego do Morro<br />

Redondo6 , ribeirão Cristais1 , córrego<br />

Taquaras1 , córrego Fechos1 , rio Pardo3 Astyanax turmalinensis Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 x x 7<br />

Australoheros facetus Rio Cipó1 , córrego Prazeres4 1, 22, 24<br />

Brycon nattereri Rio Cipó1 TH-BR x 1<br />

Brycon opalinus Afluentes do rio Santo Antônio4 TH-BR, CR x 1<br />

Brycon sp. n. Rio Pardo3 26<br />

Bryconamericus stramineus Rio Cipó1 19<br />

Bunocephalus sp. Rio Cipó1 19<br />

Cephalosilurus fowleri Rio Cipó1 19<br />

Cetopsorhamdia cf. iheringi Rio Cipó1 1, 19<br />

Cetopsorhamdia sp. Córrego Fechos1 25<br />

Characidium cf. bahiense Marimbus do rio Santo Antônio5 x x 20<br />

Characidium cf. timbuiense Afluentes do rio Santo Antônio4 1<br />

Characidium cf. zebra Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />

rio Cipó<br />

7, 19<br />

1 , rio das Velhas1 Characidium fasciatum Rio das Velhas1 19<br />

Characidium lagosantense Rio Cipó1 x TH-BR x 1, 19<br />

Characidium sp. Córrego Laranjeiras6 , córrego do Morro<br />

Redondo<br />

1, 16, 19, 26<br />

6 , córrego do Cabral6 , ribeirão<br />

de Trás6 , rio Cipó1 , rio Pardo3 Cichla cf. temensis Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />

Cichla sp. Aflluentes do rio Doce4 24<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação do Anexo 1<br />

ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />

Cichlasoma sanctifranciscense Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />

Cichlasoma facetus Rio Cipó 1 , córrego Prazeres 4 1, 22, 24<br />

Clarias gariepinus Aflluentes do rio Doce 4 24<br />

Colossoma macropomum Aflluentes do rio Doce 4 24<br />

Compsura heterura Rio da Lajinha 5 DD 23<br />

Conorhynchos conirostris Rio Paraguaçu 5 VU x 23<br />

Copionodon lianae Rio Grisante 5 x x 5<br />

Copionodon orthiocarinatus Rio Mucujê 5 x x 6<br />

Copionodon pecten Rio Mucujê 5 , rio Lençóis 5 x x 6, 10<br />

Corydoras cf. garbei Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />

Cyphocharax gilbert Rio Cipó 1 , rio Pardo 3 1, 19, 26<br />

Cyprinus carpio Rio das Velhas 1 , aflluentes do rio Doce 4 19, 24<br />

Deuterodon cf. pedri Afluentes do rio Santo Antônio 4 DD 1<br />

Delturus brevis Rio Araçuaí 6 27<br />

Duopalatinus emarginatus Rio Cipó 1 19<br />

Eigenmannia cf. virescens Rio Cipó 1 1, 19<br />

Franciscodoras marmoratus x<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 217<br />

Geophagus brasiliensis Afluentes do rio Santo Antônio 4 , 1, 24, 26<br />

aflluentes do rio Doce 4 , rio Pardo 3<br />

Glaphyropoma rodriquesi Rio Mucujê 5 , rio Cumbuca 5 x x 6, 20<br />

Gymnotus cf. carapo Rio Cipó1 , afluentes do rio Santo Antônio4 ,<br />

córrego Divisão<br />

1, 7,19, 24<br />

6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />

aflluentes do rio Doce4 Gymnotus sp. Aflluentes do rio Doce4 24<br />

Harttia garavelloi Rio Araçuaí6 , ribeirão das Pedras6 x DD x 8, 17<br />

Harttia leiopleura Ribeirão Mutuca1 , rio Cipó1 , rio das Velhas1 x VU x 8, 19<br />

Harttia novalimensis Rio Cipó1, ribeirão Mutuca1 x VU x 1, 8<br />

Harttia sp. Rio Cipó1 , córrego Caetezinho1 ,<br />

ribeirão Cristais<br />

19, 25<br />

1<br />

Harttia torrenticola Afluentes do rio Paraopeba2 x VU x 8<br />

Hasemania nana Rio Cipó1 19<br />

Hemigrammus marginatus Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />

Hemipsilichthys sp. Rio Ribeirão5 20<br />

Henochilus wheatlandii Rio Preto do Itambé4 x CR x 14<br />

Heptapteridae gen. n. Cavernas Poço Encantado, Lapa Doce,<br />

Canoa Quebrada 9<br />

Heptapterus sp. Rio Caldeirão5 20<br />

Hisonotus sp. Rio Cipó1 1<br />

Homodiaetus sp. Rio Cipó1 1<br />

Hoplerythrinus unitaeniatus Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />

Hoplias cf. lacerdae Rio Cipó1 , córrego Divisão6 , ribeirão do<br />

Gigante<br />

1, 7, 19, 26<br />

6 , rio das Velhas1 , rio Pardo3 Hoplias malabaricus Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 , rio<br />

Cipó<br />

7, 19, 24, 26<br />

1 , afluentes do rio Doce4 , rio Pardo3 Hyphessobrycon cf. gracilis Rio Cipó1 1<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


218 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

...continuação do Anexo 1<br />

ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />

Hyphessobrycon negodagua Rio Pratinha 5 x x 3<br />

Hyphessobrycon sp. Córrego Caetezinho 1 25<br />

Hypostomus affinis Afluentes do rio Santo Antônio 4 1<br />

Hypostomus cf. commersonii Rio Cipó 1 19<br />

Hypostomus chrysostiktos Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />

Hypostomus garmani Rio Cipó 1 19<br />

Hypostomus macrops Rio Cipó 1 19<br />

Hypostomus margaritifer Rio Cipó 1 19<br />

Hypostomus sp. Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />

córrego do Cabral<br />

7, 16, 19, 26<br />

6 , ribeirão de Trás6 ,<br />

rio Cipó1 , rio Pardo3 Hysteronotus megalostomus Rio Cipó1 1, 19<br />

Imparfinis sp.ç Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 7<br />

Imparfinnis minutus Rio Cipó1 1, 19<br />

Ituglanis sp. Rio Utinga5 20<br />

Kalyptodoras bahiensis Rio Paraguaçu5 x TH-BR x 23<br />

Kolpotocheirodon figueiredoi Rio Olaria5 x x 4<br />

Lepomis gibbosus Represa do Custódio4 , córrego Prazeres4 13, 22, 24<br />

Leporellus vittatus Rio Cipó1 19<br />

Leporinus amblyrhynchus Rio Cipó1 19<br />

Leporinus bahiensis Marimbus do rio Santo Antônio5 x 20<br />

Leporinus cf. thayeri Afluentes do rio Santo Antônio4 TH-BR, CR x 1<br />

Leporinus copelandii Afluentes do rio Santo Antônio4 1<br />

Leporinus crassilabris Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 NT x 7<br />

Leporinus elongatus Rio Pardo3 26<br />

Leporinus garmani Rio Pardo3 x 26<br />

Leporinus marcgravii Rio Cipó1 x 19<br />

Leporinus mormyrops Afluentes do rio Santo Antônio4 1<br />

Leporinus obtusidens Rio Cipó1 1, 19<br />

Leporinus reinhardti Rio Cipó1 1, 19<br />

Leporinus sp. Rio Cipó1 26<br />

Leporinus steindachneri Rio Pardo3 x 26<br />

Leporinus taeniatus Tareco5 , rio Cipó1 18, 19<br />

Micropterus salmoides Córrego Prazeres4 , Represa do Custódio4 22, 24<br />

Moenkhausia diamantinaç Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />

Myleus micans Rio Cipó1 1, 19<br />

Myxiops aphos Rio Lençóis5 x x 10<br />

Neoplecostomus franciscoensis Afluentes do rio Paraopeba2 , rio das VU x 15, 17, 19,<br />

Velhas1 , ribeirão Mutuca1 , córrego Fechos1 ,<br />

ribeirão Cristais<br />

21, 25<br />

1 , córrego Caetezinho1 Neoplecostomus sp. Afluentes do rio Cipó1 1, 10<br />

Oligosarcus argenteus Afluentes do rio Santo Antônio4 ,<br />

afluentes do rio Doce<br />

1, 24<br />

4<br />

Oligosarcus macrolepis Afluentes do rio Jequitinhonha6 28<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação do Anexo 1<br />

Alves, Leal, Brito & Santos | 219<br />

ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />

Oligosarcus sp. Rio Pardo 3 26<br />

Oreochromis sp. Vereda 5 18<br />

Otocinclus sp. Rio Cipó 1 1, 19<br />

Pamphorichthys hollandi Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />

Pareiorhaphis mutuca Rio Cipó 1 , ribeirão Mutuca 1 x TH-BR, CR x 1, 17, 19<br />

Pareiorhaphis stephanus Ribeirão das Pedras 6 x DD x 17<br />

Pareiorhina sp. Ribeirão Mutuca 1 , afluentes do rio Doce 4 , 17, 24, 25<br />

córrego Gambá 2 , ribeirão Cristais 1<br />

Parodon hilarii Rio Cipó 1 19<br />

Parotocinclus bahiensis Rio da Lajinha 5 23<br />

Parotocinclus sp. Rio Cipó1 , córrego Divisão6 , ribeirão do 1, 7, 16,<br />

Gigante6 , córrego Laranjeiras6 , córrego<br />

do Morro Redondo<br />

19, 26<br />

6 , rio Pardo3 Phalloceros caudimaculatus Rio Cipó1 19<br />

Phalloceros uai Rio Cipó1 19<br />

Phenacogaster franciscoensis Rio Cipó1 19<br />

Phenacorhamdia cf. somnians Rio Cipó1 19<br />

Piabina argentea Rio Cipó1 1, 19<br />

Pimelodella itapicuruensis Rio da Lajinha5 x x 23<br />

Pimelodella lateristriga Rio Cipó1 19<br />

Pimelodella sp. Rio Pardo3 26<br />

Pimelodus fur Rio Cipó1 , rio Itapicuru5 19, 23<br />

Pimelodus maculatus Rio Cipó1 1, 19<br />

Poecilia reticulata Córrego Fechos1 , Represa do Custódio4 24, 25<br />

Poecilia sp.n. Rio Utinga5 20<br />

Poecilia vivipara Rio Paraguaçu5 23<br />

Prochilodus costatus Rio Cipó1 , afluentes do rio Santo Antônio4 1, 19, 20<br />

Pseudoplatystoma corruscans Rio Cipó1 NT 19<br />

Rhamdia jequitinhonha Rio Araçuaí6 28<br />

Rhamdia quelen Rio Cipó1 , afluentes do rio Santo<br />

Antônio<br />

1, 19, 25, 26<br />

4 , rio das Velhas1 , córrego<br />

Taquaras1 , rio Pardo3 Rineloricaria sp. Rio Cipó1 1, 19<br />

Salminus hilarii Rio Cipó1 1<br />

Salminus franciscanus Rio Cipó1 1<br />

Serrapinnus heterodon Rio Cipó1 1, 19<br />

Serrapinnus piaba Rio Cipó1 1<br />

Serrasalmus brandtii Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />

Stegophilus insidiosus Rio Cipó1 19<br />

Steindachnerina corumbae Rio Cipó1 19<br />

Steindachnerina elegans Rio Cipó1 19<br />

Sternopygus macrurus Rio Cipó1 1, 19<br />

Tetragonopterus chalceus Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />

Tilapia rendalli Rio Cipó1 , córrego Prazeres4 ,<br />

aflluentes do rio Doce<br />

19, 22, 24<br />

4<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


220 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />

...continuação do Anexo 1<br />

ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />

Tilapia sp. Vereda, ribeirão Cristais 1 18, 25<br />

Trachelyopterus galeatus Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />

Trachelyopterus sp. Córrego Divisão 6 , ribeirão do Gigante 6 7<br />

Trichomycterus cf. alternatus Afluentes do rio Santo Antônio4 , córrego<br />

Moquém<br />

1, 16, 22, 24<br />

6 , córrego Prazeres4 , ribeirão<br />

Tripuí4 , aflluentes do rio Doce4 Trichomycterus cf. brasiliensis Rio Cipó1 , córrego Prazeres4 ,<br />

aflluentes do rio Doce<br />

1, 22, 24<br />

4<br />

Trichomycterus cf. immaculatus Afluentes do rio Santo Antônio4 , córrego<br />

Prazeres<br />

1, 22, 24<br />

4 , aflluentes do rio Doce4 Trichomycterus itacambirussu Córrego do Cabral6 , ribeirão de Trás6 x x 16<br />

Trichomycterus jequitinhonhae Córrego Laranjeiras6 ,<br />

córrego do Morro Redondo<br />

x x 16<br />

6<br />

Trichomycterus landinga Córrego Moquém6 x x 16<br />

Trichomycterus sp. Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />

córrego Gambá<br />

7, 17, 25<br />

2 , ribeirão Mutuca1 ,<br />

córrego Fechos1 , ribeirão Cristais1 ,<br />

córrego Caetezinho1 Trichomycterus trefauti Riacho Andrequicé1 x x 11<br />

Trichomycterus vermiculatus Aflluentes do rio Doce4 24<br />

Triportheus guentheri Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />

Wertheimeria maculata Rio Pardo3 x 26<br />

Xiphophorus hellerii Aflluentes do rio Doce4 24<br />

Localidade - Bacias hidrográficas:<br />

Velhas1 , Paraopeba2 , Pardo3 , Doce4 , Paraguaçu5 , Jequitinhonha6 UC = Ocorrência em Unidade de Conservação;<br />

END = Espécie endêmica;<br />

AM = Categoria de ameaça (TH-BR = ameaçada – Lista do Ibama;<br />

VU = vulnerável, CR = criticamente ameaçada, NT = quase ameaçada<br />

e DD = dados deficientes – com. pess. Gláucia Drummond);<br />

SEL = Espécies selecionadas para análises e simulações;<br />

REF = Referências de onde foram retiradas as informações.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Vieira et al. (2005) 1<br />

Britto et al. (2005) 2<br />

Lima & Gerhard (2001) 3<br />

Malabarba et al. (2004) 4<br />

Campanario & de Pinna (2000) 5<br />

de Pinna (1992) 6<br />

Triques et al. (2003) 7<br />

Oyakawa (1993) 8<br />

Trajano et al. (2005) 9<br />

Zanata & Akama (2004) 10<br />

Wosiacki et al. (2004) 11<br />

Castro et al. (2004) 12<br />

Magalhães & Silveira (2001) 13<br />

Vieira et al. (2000) 14<br />

Langeani (1990) 15<br />

Triques & Vono (2004) 16<br />

Oliveira & Oyakawa (1999) 17<br />

Santos (2005) 18<br />

Alves & Pompeu (2001) 19<br />

Santos (2003) 20<br />

Neodat (1999) 21<br />

Vieira, Pompeu & Corrêa (com. pess.) 22<br />

Santos (com. pess.) 23<br />

Magalhães (com. pess.) 24<br />

Nogueira & Pereira (com. pess.) 25<br />

Nogueira & Brito (com. pess.) 26<br />

Reis et al. (2006) 27<br />

Reis et al. (2003) 28<br />

Benine et al. (2007) 29<br />

Birindelli et al. (2007) 30


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

As aves dos campos rupestres da Cadeia do<br />

Espinhaço: diversidade, endemismo e<br />

conservação<br />

MARCELO FERREIRA DE VASCONCELOS 1 *<br />

LEONARDO ESTEVES LOPES 1<br />

CAIO GRACO MACHADO 2<br />

MARCOS RODRIGUES 3<br />

1 Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, <strong>ICB</strong>, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais,<br />

Brasil.<br />

2 Universidade Estadual de Feira de Santana, BR 116, km 03, DCBio, 44031-460, Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />

3 Laboratório de Ornitologia, Departamento de Zoologia, <strong>ICB</strong>, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />

* e-mail: mfvasconcelos@gmail.com<br />

RESUMO<br />

Este artigo apresenta um breve histórico dos estudos ornitológicos conduzidos na região da<br />

Cadeia do Espinhaço, abordando a diversidade, o endemismo e a conservação de suas aves.<br />

A avifauna da Cadeia do Espinhaço foi primeiramente amostrada pelos naturalistas europeus<br />

no século XIX, sendo várias as instituições que abrigam espécimes. Mais recentemente, destacam-se<br />

estudos conduzidos nos campos rupestres sobre distribuição geográfica de diversas<br />

espécies, levantamentos regionais, taxonomia, biologia reprodutiva, comportamento e interação<br />

entre aves e plantas. A maior p<strong>arte</strong> das espécies registradas nos campos rupestres da<br />

região possui ampla distribuição geográfica. Ocorrem também espécies típicas da Mata Atlântica<br />

e do Cerrado. Apenas quatro espécies (Augastes lumachella, A. scutatus, Asthenes luizae e<br />

Formicivora grantsaui) podem ser consideradas endêmicas da Cadeia do Espinhaço. Toda a<br />

Cadeia do Espinhaço pode ser considerada como uma área de endemismo de aves. Duas subáreas<br />

de endemismo também podem ser reconhecidas: as porções centro-meridional (abrigando<br />

A. scutatus e A. luizae) e setentrional do Espinhaço (A. lumachella e F. grantsaui).<br />

Os campos rupestres abrigam espécies ameaçadas, quase-ameaçadas de extinção e pouco<br />

conhecidas. Entretanto, estes campos vêm sofrendo diversos impactos ambientais que afetam<br />

direta ou indiretamente sua avifauna. Dentre eles, destacam-se a mineração, a expansão urbana,<br />

o turismo descontrolado, a criação de gado e as queimadas. Levantamentos documentados<br />

ainda mostram-se extremamente necessários nesta região, com a possibilidade de serem<br />

encontrados novos táxons. A partir destes levantamentos e de estudos sobre a biologia das<br />

diversas espécies, será possível elaborar planos de manejo para a conservação da avifauna e<br />

de seus hábitats.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


222 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

ABSTRACT<br />

We present a review of ornithological studies carried out at Espinhaço Range, its bird diversity,<br />

endemism and conservation status. The birds of Espinhaço Range were surveyed by XIX century<br />

naturalists, and a handful of scientific museums harbor several specimens. Recently, many studies<br />

were conducted on geographic distribution, regional surveys, taxonomy, breeding biology, behavior<br />

and bird-plant interactions. Most of the bird species that occurs in the ‘campos rupestres’ (rocky<br />

fields) are widely distributed. Also, there are species of the Atlantic Forest of eastern Brazil and from<br />

the Cerrado region of central South America. Only four species can be considered truly endemics: the<br />

hummingbirds Augastes lumachella and A. scutatus, the ovenbird Asthenes luizae and the antwren<br />

Formicivora grantsaui. Considering that an endemic area is represented by the occurrence of at<br />

least two endemic taxa, the whole Espinhaço Range can be assigned as an ‘endemic bird area’. Two<br />

sub-areas of endemism can also be recognized for birds: the southern-central (with A. scutatus and<br />

A. luizae) and the northern portions of the Espinhaço Range (A. lumachella and F. grantsaui). The<br />

rocky fields hold threatened, near-threatened, and poorly known species. These fields nevertheless<br />

have been suffering significant environmental pressures such as mining, urban expansion,<br />

uncontrolled tourism, cattle growing and human-induced burns. The region still needs documented<br />

bird surveys, since new taxa can be found yet. These surveys, allied to studies of basic biology of<br />

the species will form a database for future management plans and conservation for the region.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço são reconhecidos<br />

como um importante centro de endemismo e<br />

de diversidade vegetal (Menezes & Giulietti; 1986; 2000;<br />

Giulietti & Pirani, 1988; Harley, 1995; Eiten, 1992; Alves<br />

& Kolbek, 1994; Giulietti et al., 1997; Gottsberger &<br />

Silberbauer-Gottsberger, 2006; Jacobi et al., 2007).<br />

Apesar de esta região ser considerada como área de<br />

endemismo de aves (Stattersfield et al., 1998) e uma<br />

sub-área de endemismo da avifauna no Cerrado (J.M.C.<br />

Silva, 1997; Silva & Bates, 2002), poucos foram os estudos<br />

conduzidos sobre as aves da Cadeia do Espinhaço.<br />

Assim, os objetivos deste artigo são apresentar um breve<br />

histórico dos estudos ornitológicos realizados na região,<br />

além de comentar sobre a diversidade, o endemismo<br />

e a conservação de suas aves.<br />

BREVE HISTÓRICO DAS EXPLORAÇÕES E ESTUDOS<br />

ORNITOLÓGICOS CONDUZIDOS NOS CAMPOS<br />

RUPESTRES DA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />

A avifauna da Cadeia do Espinhaço foi primeiramente<br />

amostrada pelos naturalistas europeus no século XIX.<br />

Dentre eles, destacam-se G.H. von Langsdorff, J.B. von<br />

Spix, Maximilian Prinz zu Wied-Neuwied, F. Sellow, E.<br />

Ménétriès, P.W. Lund e J.T. Reinhardt, que reuniram importantes<br />

coleções de aves provenientes de diversas<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

regiões do Espinhaço e áreas adjacentes (Wied-<br />

Neuwied, 1830-1832; Reinhardt, 1870; Pinto, 1950;<br />

1952; Spix, 1825; Spix & Martius, 1981a; b; D.G.B. Silva,<br />

1997). No início do século XX, a região foi visitada<br />

por ornitólogos e naturalistas-colecionadores como<br />

E. Gounelle, J.B. Godoy, J.P. Fonseca, E. Snethlage e<br />

E. Kaempfer, que amostraram algumas áreas da Cadeia<br />

do Espinhaço (Gounelle, 1909; Naumburg, 1935; Pinto,<br />

1952; Sick, 1997). A partir do material coletado por<br />

E. Kaempfer nos campos rupestres do setor setentrional<br />

da Cadeia do Espinhaço (Morro do Chapéu), o naturalista<br />

A. Ruschi iniciou uma série de expedições pela<br />

região, na busca por beija-flores endêmicos, o que resultou<br />

na descrição de novos táxons (Ruschi, 1962a; b;<br />

1963a; b; c; 1975), seguido por R. Grantsau (Grantsau,<br />

1967; 1968; 1988), com interesse semelhante.<br />

A Tabela 1 apresenta as instituições que abrigam espécimes<br />

de aves provenientes da Cadeia do Espinhaço<br />

e os seus respectivos coletores, baseando-se em uma<br />

revisão histórica e bibliográfica (Gounelle, 1909;<br />

Naumburg, 1935; Ruschi, 1951; Pinto, 1952; Vielliard,<br />

1994; Sick, 1997; Parrini et al., 1999; Melo-Júnior et al.,<br />

2001; Vasconcelos & Melo-Júnior, 2001; Straube &<br />

Machado, 2002; Roselaar, 2003; Pacheco, 2004; Raposo<br />

et al., 2006; Vasconcelos et al., 2006; SpeciesLink, 2006),<br />

além de uma análise dos relatos de viagens de naturalistas<br />

(Saint-Hilaire, 1975; Spix & Martius, 1981a; b;<br />

D.G.B. Silva, 1997; Gomes et al., 2006) e de checagem<br />

de espécimes nos seguintes museus e coleções


TABELA 1 – Instituições que abrigam espécimes de aves coletados nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço e áreas<br />

adjacentes e seus respectivos coletores.<br />

INSTITUIÇÃO CIDADE PAÍS COLETORES<br />

MZUSP São Paulo Brasil E. Gounelle, J.B. Godoy, J.P. Fonseca, E. Dente, R. Grantsau,<br />

W. Loehken, F. Lencioni-Neto, L.F. Silveira, M.F. Vasconcelos,<br />

M.R. Bornschein, R.B. Lopes, M.O.G. Lopes, L.P. Gonzaga,<br />

A.M.P. Carvalhaes<br />

MNRJ Rio de Janeiro Brasil E. Snethlage, A. Ruschi, F.M. Oliveira, D.M. Teixeira, G.T.<br />

Mattos, M.A. Raposo, C.R.M. Abreu, L.P. Gonzaga, A.M.P.<br />

Carvalhaes<br />

MPEG Belém Brasil R. Grantsau, J.M.C. Silva, L.P. Gonzaga, A.M.P. Carvalhaes<br />

DZ<strong>UFMG</strong> Belo Horizonte Brasil G.T. Mattos, N.E.D. Carnevalli, J. Jacintho, E. Dente, M.F.<br />

Vasconcelos, S. D’Angelo Neto, L.E. Lopes, M. Rodrigues,<br />

H.B. Gomes, M.Â. Marini, L. Carrara, L.M. Costa, M.R.<br />

Bornschein, R.B. Lopes<br />

UNICAMP Campinas Brasil I. Sazima, J. Vielliard, M. Sazima, A. Correa Filho, O.<br />

Froehlich, O.C. Oliveira, J.P. Pombal Júnior, L.O.M. Machado<br />

UFPE Recife Brasil M.F. Vasconcelos<br />

MBML Santa Teresa Brasil A. Ruschi<br />

MCP Porto Alegre Brasil M.F. Vasconcelos, G.N. Maurício<br />

MCN Belo Horizonte Brasil B. Garzon, M.V.G. Andrade, G.B. Maheca<br />

MHNT Taubaté Brasil L.F. Silveira, M.F. Vasconcelos<br />

SG São Bernardo do Campo Brasil R. Grantsau, W. Loehken<br />

UFRJ Rio de Janeiro Brasil L.P. Gonzaga, A.M.P. Carvalhaes<br />

MZUEFS Feira de Santana Brasil C.G. Machado, C.E.C. Nunes<br />

AMNH Nova York Estados Unidos Maximilian Prinz zu Wied-Neuwied, E. Gounelle, E. Kaempfer,<br />

A. Ruschi, R. Grantsau<br />

ZMB Berlim Alemanha G.H. von Langsdorff, F. Sellow<br />

ZSM Munique Alemanha J.B. von Spix<br />

NKMBA Bamberg Alemanha J.B. von Spix<br />

UMB Bremen Alemanha Maximilian Prinz zu Wied-Neuwied<br />

LMJ Graz Áustria J.B. von Spix<br />

NMW Viena Áustria F. Sellow<br />

ZMUC Copenhagen Dinamarca P.W. Lund, J.T. Reinhardt, E. Warming<br />

MNHN Paris França A.F.C. Saint-Hilaire, E. Gounelle<br />

BMNH Tring Inglaterra R.A. Becker, E. Snethlage<br />

ZISP São Petersburgo Rússia G.H. von Langsdorff, E. Ménétriès, J. Riedel<br />

ZMMU Moscou Rússia G.H. von Langsdorff<br />

Acrônimos das instituições:<br />

AMNH = American Museum of Natural History;<br />

BMNH = The Natural History Museum;<br />

DZ<strong>UFMG</strong> = Coleção Ornitológica do Departamento de<br />

Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais;<br />

LMJ = Steiermärkisches Landesmuseum Joanneum;<br />

MBML = Museu de Biologia Prof. Mello Leitão;<br />

MCN = Museu de Ciências Naturais da Pontifícia<br />

Universidade Católica de Minas Gerais;<br />

MCP = Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia<br />

Universidade Católica do Rio Grande do Sul;<br />

MHNT = Museu de História Natural de Taubaté;<br />

MNHN = Muséum National d’Histoire Naturelle;<br />

MNRJ = Museu Nacional do Rio de Janeiro;<br />

MPEG = Museu Paraense Emílio Goeldi;<br />

MZUEFS = Museu de Zoologia da Universidade<br />

Estadual de Feira de Santana;<br />

Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 223<br />

MZUSP = Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo;<br />

NKMBA = Naturkunde-Museum Bamberg;<br />

NMW = Naturshistorisches Museum;<br />

SG = Coleção Rolf Grantsau;<br />

UFPE = Coleção Ornitológica do Departamento de Zoologia<br />

da Universidade Federal de Pernambuco;<br />

UFRJ = Coleção Ornitológica do Instituto de Biologia<br />

da Universidade Federal do Rio de Janeiro;<br />

UMB = Überseemuseum;<br />

UNICAMP = Coleção Ornitológica do Departamento<br />

de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas;<br />

ZISP = Zoologicheskii Institut St. Petersburg;<br />

ZMB = Museum für Naturkinde;<br />

ZMMU = Zoological Museum Moscow;<br />

ZMUC = Zoologisk Museum University of Copenhagen;<br />

ZSM = Zoologische Staatssammlung.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


224 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

ornitológicas: American Museum of Natural History<br />

(AMNH), Museu de Zoologia da Universidade de São<br />

Paulo (MZUSP), Museu Nacional do Rio de Janeiro<br />

(MNRJ), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Coleção<br />

Ornitológica do Departamento de Zoologia da Universidade<br />

Federal de Minas Gerais (DZ<strong>UFMG</strong>), Coleção<br />

Ornitológica do Departamento de Zoologia da Universidade<br />

Federal de Pernambuco (UFPE), Museu de Biologia<br />

Prof. Mello Leitão (MBML), Museu de Zoologia da<br />

Universidade Estadual de Feira de Santana (MZUEFS),<br />

Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade<br />

Católica do Rio Grande do Sul (MCP), Museu de<br />

Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de<br />

Minas Gerais (MCN), Museu de História Natural de<br />

Taubaté (MHNT) e Coleção Rolf Grantsau (SG). Entretanto,<br />

grande p<strong>arte</strong> do material ornitológico coletado<br />

no século XIX e enviado à Europa não possui dados<br />

confiáveis ou precisos em suas etiquetas (Pinto, 1952;<br />

Pacheco, 2001; 2004; Vasconcelos et al., 2006) e muitos<br />

espécimes foram perdidos ao longo dos anos, principalmente<br />

durante guerras (K.–L. Schuchmann, com.<br />

pess.). Assim, ainda é necessária uma checagem detalhada<br />

desse material em diversos museus ao redor do<br />

mundo para um maior conhecimento da avifauna dos<br />

campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.<br />

Mais recentemente, destacam-se estudos conduzidos<br />

nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço sobre<br />

distribuição geográfica de diversas espécies<br />

(Carnevalli 1982; Mattos & Sick, 1985; Ribeiro, 1997;<br />

Andrade et al., 1998; Cordeiro et al., 1998; R.B. Machado<br />

et al., 1998; Melo-Júnior et al., 1998; Vasconcelos,<br />

1999a; 2000a; 2001c; 2002; Vasconcelos et al., 1999b;<br />

2002; 2003a; 2006), levantamentos regionais (Carnevalli,<br />

1980; Willis & Oniki, 1991; Andrade, 1998; Vasconcelos<br />

& Brandt, 1998; Parrini et al., 1999; Carvalhaes,<br />

2001a; b; Melo-Júnior et al., 2001; Vasconcelos 2001a;<br />

b; 2007, Vasconcelos & Melo-Júnior, 2001; Vasconcelos<br />

et al., 2003b; Machado, 2005; 2006; Gomes & Guerra,<br />

2006; Carvalhaes & Machado, 2007; Vasconcelos &<br />

D’Angelo Neto, 2007), taxonomia (Vielliard, 1990; 1994;<br />

Lencioni-Neto, 1996; Brammer, 2002; Vasconcelos &<br />

Silva, 2003; Abreu, 2006; Raposo et al., 2006; Gonzaga<br />

et al., 2007), biogeografia (Vielliard, 1983; Silva, 1995a;<br />

Vasconcelos, 2001a; Silva & Bates, 2002); biologia<br />

reprodutiva (Studer & Teixeira, 1993; Vasconcelos &<br />

Lombardi, 1996; Vasconcelos & Ferreira, 2001; Vasconcelos<br />

et al., 2001; Machado et al., 2003b; Costa &<br />

Rodrigues, 2006a; 2007; Gomes, 2006; Hoffmann, 2006;<br />

Hoffmann & Rodrigues, 2006a; b), comportamento<br />

(Pearman, 1990; Vasconcelos et al., 1998; 1999a; Almeida<br />

& Raposo, 1999; Ribeiro et al., 2002; Machado et al.,<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

2003a; Hoffmann & Rodrigues, 2005; 2006c; Alves et<br />

al., 2006; 2007; Costa & Rodrigues, 2006b; Domingues<br />

& Rodrigues, 2006; Gomes, 2006; Gomes & Rodrigues,<br />

2006b; Guerra et al, 2006; Hoffmann, 2006; Ribon et al.,<br />

2006; Hoffmann et al., 2007; Vasconcelos et al., 2007),<br />

interação entre aves e plantas (Sazima, 1977; Sazima &<br />

Sazima, 1990; Vasconcelos & Lombardi 1999; 2001;<br />

Romão et al., 2001; Coelho & Machado, 2003; Faustino<br />

& Machado, 2003; 2006; Faustino et al., 2003; Machado,<br />

2003; Santana & Machado, 2003; 2006; Guerra,<br />

2005; Coelho et al., 2006; Colaço et al., 2006; Guerra &<br />

Alves, 2006; Machado et al., 2006; 2007a; b; c; Bastos<br />

& Machado, no prelo) e conservação (Vasconcelos,<br />

1999a; 2000b; J.M.C. Silva, 1997; 1998; Silva & Bates,<br />

2002; Gomes & Rodrigues, 2006a).<br />

DIVERSIDADE DA AVIFAUNA DOS CAMPOS<br />

RUPESTRES DA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />

Um estudo da avifauna dos campos rupestres da<br />

Cadeia do Espinhaço, baseado em amostragens conduzidas<br />

em oito serras distintas, levantou 108 espécies<br />

(Vasconcelos, 2001a). Este número é relativamente baixo<br />

se o compararmos com levantamentos conduzidos<br />

em outros tipos de hábitats, a exemplo de localidades<br />

da Amazônia e da Mata Atlântica. Entretanto, este número<br />

está subestimado, já que várias localidades da Cadeia<br />

do Espinhaço foram pouco ou nunca amostradas<br />

por ornitólogos (Vasconcelos, 2001a).<br />

A maior p<strong>arte</strong> das espécies registradas nos campos<br />

rupestres da Cadeia do Espinhaço possui ampla distribuição<br />

geográfica (Vasconcelos, 2001a). Algumas espécies<br />

de aves endêmicas da região da Mata Atlântica<br />

(Brooks et al., 1999) ocorrem em certas localidades de<br />

campos rupestres da porção meridional da Cadeia do<br />

Espinhaço. Exemplos são: a borralhara-assobiadora<br />

Mackenziaena leachii (Such, 1825), a tesoura-cinzenta<br />

Muscipipra vetula (Lichtenstein, 1823) e a saíra-lagarta<br />

Tangara desmaresti (Vieillot, 1819). Além disso, a<br />

garrincha-chorona Oreophylax moreirae (Miranda-<br />

Ribeiro, 1906), espécie anteriormente considerada endêmica<br />

dos campos de altitude das altas montanhas<br />

litorâneas (Miranda-Ribeiro, 1906; 1923; Peixoto-Velho,<br />

1923; Holt, 1928; Sick, 1970; 1985; 1997), foi recentemente<br />

encontrada nos picos mais elevados da Serra do<br />

Caraça, no Espinhaço meridional (Melo-Júnior et al.,<br />

1998; Vasconcelos, 2000b; Vasconcelos & Melo-Júnior,<br />

2001; Vasconcelos et al., 2007). A ocorrência destas espécies<br />

Atlânticas na porção sul da Cadeia do Espinhaço<br />

pode ser explicada pela proximidade geográfica desta


egião com as serras da Mantiqueira e do Caparaó. Já<br />

na porção baiana do Espinhaço, na Chapada Diamantina,<br />

a presença de espécies de aves típicas de Mata Atlântica<br />

pode ser explicada por um antigo corredor contínuo<br />

de vegetação, hoje inexistente, ao longo dos rios<br />

Paraguaçu e de Contas, que conectava as matas litorâneas<br />

às interioranas (Machado, 2005).<br />

As espécies: beija-flor-de-gravata-verde Augastes<br />

scutatus (Temminck, 1824), lenheiro-da-serra-do-cipó<br />

Asthenes luizae Vielliard, 1990, tapaculo-de-colarinho<br />

Melanopareia torquata (Wied, 1831), gralha-do-campo<br />

Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823), bico-de-pimenta<br />

Saltator atricollis Vieillot, 1817, campainha-azul<br />

Porphyrospiza caerulescens (Wied, 1830) e capacetinhodo-oco-do-pau<br />

Poospiza cinerea Bonap<strong>arte</strong>, 1850,<br />

registradas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />

(Vasconcelos, 2001a; Costa & Rodrigues, 2006b;<br />

Gomes & Guerra, 2006; Guerra et al., 2006), são consideradas<br />

endêmicas do Cerrado (conforme Silva, 1995a;<br />

b; 1997; Silva & Bates, 2002). O papa-moscas-de-costas-cinzentas<br />

Polystictus superciliaris (Wied, 1831) e o<br />

rabo-mole-da-serra Embernagra longicauda Strickland,<br />

1844, anteriormente consideradas espécies endêmicas<br />

do Cerrado (Silva 1995a; b; 1997; Silva & Bates, 2002),<br />

também ocorrem nos campos de altitude da região da<br />

Mata Atlântica (ver abaixo a discussão sobre os endemismos<br />

dos campos rupestres).<br />

A CADEIA DO ESPINHAÇO COMO ÁREA DE ENDEMISMO<br />

DE AVES – UMA REVISÃO<br />

J.M.C. Silva (1997, 1998), seguido por Silva & Bates<br />

(2002), foram os primeiros a considerar os campos rupestres<br />

da Cadeia do Espinhaço como uma área de<br />

endemismo de aves (‘Espinhaço Plateau’) sem, entretanto,<br />

delimitar quais seriam seus limites precisos ao<br />

norte e ao sul. É importante salientar que a área de<br />

estudo destes autores foi restrita a porção centro- meridional<br />

da Cadeia do Espinhaço (Figura 1), localizada<br />

na região ‘core’ do Cerrado (conforme Ab’Sáber 1977).<br />

Estes autores consideraram as espécies Augastes<br />

scutatus, Asthenes luizae, Polystictus superciliaris e<br />

Embernagra longicauda como restritas a esta região.<br />

Posteriormente, Stattersfield et al. (1998) consideraram<br />

toda a Cadeia do Espinhaço (Figura 1) como uma<br />

área de endemismo (‘Central Brazilian hills and<br />

tablelands’, código EBA073), adicionando o beija-florde-gravata-vermelha<br />

Augastes lumachella (Lesson, 1838),<br />

restrita à porção setentrional do Espinhaço, não analisada<br />

por J.M.C. Silva (1995a, 1997) e Silva & Bates (2002).<br />

Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 225<br />

Polystictus superciliaris, apesar de citado por Stattersfield<br />

et al. (1998) para a Cadeia do Espinhaço, é mencionado<br />

como ocorrendo também em outra área de endemismo<br />

representada pelas montanhas costeiras do Brasil<br />

(‘Atlantic forest mountains’, código EBA076).<br />

Causa estranheza o reconhecimento por J.M.C. Silva<br />

(1995a, 1997) e Silva & Bates (2002) das espécies<br />

Polystictus superciliaris e Embernagra longicauda como<br />

endêmicas da porção centro-meridional da Cadeia do<br />

Espinhaço, pois as mesmas já eram conhecidas como<br />

atingindo a porção setentrional deste sistema orográfico<br />

(Zimmer, 1955; O’Brien, 1968; Mattos & Sick, 1985;<br />

Sick, 1997; Parrini et al., 1999), fora da área de estudo<br />

delimitada pelos referidos autores (Figuras 1, 2 e 3). Os<br />

critérios adotados por J.M.C. Silva (1995a, b, 1997) e<br />

Silva & Bates (2002) só foram explicitados recentemente<br />

em Silva & Santos (2005). De acordo com esta<br />

recente publicação, os dois critérios utilizados para se<br />

considerar uma dada espécie como endêmica do Cerrado<br />

são: 1) o grau de sobreposição entre a distribuição<br />

geográfica conhecida da espécie e a região nuclear<br />

do domínio morfoclimático do Cerrado deve ser no<br />

mínimo de 95% e 2) populações isoladas em manchas<br />

de savana inseridas em outros biomas não podem distar<br />

mais de 430 km em relação à borda do Cerrado.<br />

Essa distância corresponderia à “largura máxima da zona<br />

de transição entre o domínio do Cerrado e os domínios<br />

da Amazônia e Floresta Atlântica”. Silva & Santos<br />

(2005), exemplificando a aplicação dos critérios<br />

adotados, citam a ocorrência de Polystictus superciliaris<br />

em ilhas de vegetação aberta situadas na Serra da Mantiqueira,<br />

alegando que estas populações estariam a<br />

menos de 430 km das bordas do Cerrado e que, portanto,<br />

a espécie deva ser considerada endêmica do<br />

Cerrado. De fato, as “ilhas de vegetação aberta na Mantiqueira”<br />

são recobertas por campos de altitude, estando<br />

situadas a pouco mais de 200 km ao sul dos limites<br />

do Cerrado. Entretanto Silva & Santos (2005) omitem a<br />

bem conhecida ocorrência de Polystictus superciliaris e<br />

Embernagra longicauda na região do Morro do Chapéu<br />

(Zimmer, 1955; O’Brien, 1968; Mattos & Sick, 1985; Sick,<br />

1997), na porção setentrional da Cadeia do Espinhaço,<br />

em distâncias superiores a 500 km da borda da área<br />

“core” do Cerrado delimitada por Ab’Sáber (1977) e<br />

utilizada nas análises de Silva (1995a, b). Portanto,<br />

Polystictus superciliaris e Embernagra longicauda não<br />

atendem às exigências para serem consideradas<br />

endêmicas do Cerrado. Uma vez que estas espécies também<br />

ocorrem nos campos de altitude das serras do Mar,<br />

da Mantiqueira, do Caparaó e nos campos rupestres da<br />

Serra da Canastra (Ridgely & Tudor, 1994; Sick, 1997;<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


226 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

FIGURA 1 – Áreas de endemismo reconhecidas para a avifauna dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.<br />

Tracejado: Cadeia do Espinhaço, conforme Stattersfield et al. (1998). Pontilhado: porção centro-meridional,<br />

conforme Silva (1997), Silva & Bates (2002) e o presente estudo. Linha-contínua: porção setentrional,<br />

conforme o presente estudo. As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em<br />

cinza-claro em outras montanhas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 227<br />

FIGURA 2 – Localidades de ocorrência do papa-moscas-de-costas-cinzentas Polystictus superciliaris (Wied, 1831).<br />

As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


228 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

FIGURA 3 – Localidades de ocorrência do rabo-mole-da-serra Embernagra longicauda Strickland, 1844. As<br />

áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 229<br />

FIGURA 4 – Localidades de ocorrência do beija-flor-de-gravata-vermelha Augastes lumachella (Lesson, 1838).<br />

As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


230 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

FIGURA 5 – Localidades de ocorrência do beija-flor-de-gravata-verde Augastes scutatus (Temminck, 1824). As<br />

áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 231<br />

FIGURA 6 – Localidades de ocorrência do lenheiro-da-serra-do-cipó Asthenes luizae Vielliard, 1990. As áreas<br />

acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


232 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

FIGURA 7 – Localidades de ocorrência do papa-formigas-do-Sincorá Formicivora grantsaui Gonzaga, Carvalhaes &<br />

Buzzetti, 2007. As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em<br />

outras montanhas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


R.B. Machado et al., 1998; Silveira, 1998; Vasconcelos,<br />

1999a; b; 2003; Vasconcelos et al., 2003a), este estudo<br />

seguirá a recomendação de Vasconcelos (2001a) e Vasconcelos<br />

et al. (2003a) de considerá-las como endêmicas<br />

dos topos de montanha do Sudeste do Brasil.<br />

Em recente estudo taxonômico, Raposo et al. (2006)<br />

consideraram o tapaculo Scytalopus speluncae (Ménétriès,<br />

1835) como uma espécie endêmica da Cadeia do Espinhaço.<br />

Estes autores alertaram para o correto uso do<br />

nome S. speluncae, que até recentemente vinha sendo<br />

empregado para nomear uma outra espécie do gênero,<br />

que foi então denominada S. notorius. Segundo Raposo<br />

et al. (2006), S. speluncae teria sua distribuição restrita à<br />

Cadeia do Espinhaço, na região compreendida entre São<br />

João del Rei e a Chapada Diamantina. Entretanto, o próprio<br />

tipo (original de Ménétriès) e os topótipos coletados<br />

pelos autores são provenientes de São João Del<br />

Rei, região não pertencente à Cadeia do Espinhaço<br />

(Derby, 1966). Ademais, G.N. Maurício, M.R. Bornschein,<br />

M.F. Vasconcelos e L.E. Lopes encontraram a espécie e<br />

coletaram espécimes em outras localidades fora da<br />

Cadeia do Espinhaço, no sul do estado de Minas Gerais<br />

(Serra da Mantiqueira), de modo que S. speluncae não<br />

pode ser considerado um endemismo do Espinhaço.<br />

Portanto, apenas quatro espécies (Augastes lumachella,<br />

Augastes scutatus, Asthenes luizae e Formicivora grantsaui)<br />

podem ser consideradas endêmicas da Cadeia do<br />

Espinhaço. As duas espécies de Augastes possivelmente<br />

representam aloespécies de um mesmo estoque ancestral<br />

no Espinhaço (Silva, 1995a; Sick, 1997). Augastes<br />

lumachella ocorre nos campos rupestres do setor baiano<br />

da Cadeia do Espinhaço (Figura 4), a exemplo do Morro<br />

do Chapéu e da Chapada Diamantina (Ruschi, 1962a;<br />

1963a; b; Grantsau, 1967; 1988; Sick, 1997; Parrini et<br />

al., 1999; Machado, 2005). Augastes scutatus ocorre desde<br />

as serras meridionais do Espinhaço mineiro (Quadrilátero<br />

Ferrífero), ao longo da Serra do Cipó, até a<br />

região de Grão Mogol (Figura 5), no norte de Minas<br />

Gerais (Ruschi, 1962a; 1963a; b; Grantsau, 1967; 1988;<br />

Sick, 1997; Vasconcelos et al., 2006). Asthenes luizae tem<br />

uma distribuição semelhante à de Augastes scutatus,<br />

sendo conhecido da região da Serra do Cipó até<br />

Botumirim, no norte de Minas Gerais (Figura 6), não<br />

ocorrendo, entretanto, nas montanhas do Quadrilátero<br />

Ferrífero (Vielliard, 1990; Andrade et al., 1998; Cordeiro<br />

et al., 1998; Vasconcelos, 2002; Vasconcelos et<br />

al., 2002). Formicivora grantsaui foi recentemente descrita<br />

dos campos rupestres da Chapada Diamantina<br />

(Gonzaga et al., 2007), apresentando uma área de distribuição<br />

geográfica coincidente com a de A. lumachella<br />

(Figura 7).<br />

Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 233<br />

Além das espécies endêmicas, duas subespécies de<br />

aves são reconhecidas como restritas aos campos rupestres<br />

da Cadeia do Espinhaço: o beija-flor-marrom<br />

Colibri delphinae greenewalti Ruschi, 1962 e a maria-preta-de-garganta-vermelha<br />

Knipolegus nigerrimus hoflingi<br />

Lencioni-Neto, 1996. Uma terceira subespécie, o beijaflor<br />

Phaethornis pretrei schwarti Ruschi, 1975, teria sua<br />

distribuição restrita aos municípios de Mucugê e<br />

Andaraí, na Chapada Diamantina, sem que sejam conhecidos<br />

detalhes sobre o hábitat desta forma (Ruschi,<br />

1975). É importante ressaltar que na mais recente revisão<br />

sobre a família Trochilidae, Stiles (1999) invalidou<br />

C. d. greenewalti, pois as características diagnósticas<br />

apontadas por Ruschi (1962b) também poderiam ser<br />

encontradas em alguns indivíduos da forma nominal,<br />

representando, portanto, apenas extremos na variação<br />

morfológica individual da espécie. Entretanto Vielliard<br />

(1994) e Brammer (2002) consideraram que esta subespécie<br />

deva ser reconhecida com base nos caracteres<br />

apresentados por Ruschi (1962b) em sua descrição original.<br />

Brammer (2002) sugeriu, inclusive, que esta subespécie<br />

poderia ser aceita como uma boa espécie<br />

filogenética. Brammer (2002) não analisou o holótipo<br />

de K. n. hoflingi, mas considera que esta subespécie não<br />

deva ser aceita como uma boa espécie filogenética.<br />

Farnsworth & Langham (2004) consideraram K. n. hoflingi<br />

como uma subespécie válida em recente revisão sobre<br />

a família Tyrannidae. Grantsau (1988) relatou que, mesmo<br />

após quatro expedições conduzidas na localidadetipo<br />

de P. p. schwarti, nenhum exemplar desta forma foi<br />

encontrado, sendo, no entanto, P. p. pretrei relativamente<br />

freqüente. Vielliard (1994) considerou que P. p. schwarti<br />

seria uma simples variação individual de coloração mais<br />

escura.<br />

Uma quarta subespécie, o beija-flor-asa-de-sabrecinza<br />

Campylopterus largipennis diamantinensis Ruschi,<br />

1963, descrita da região de Diamantina (Ruschi, 1963c),<br />

foi recentemente coletada por J.M.C. Silva e colaboradores<br />

nas matas decíduas dos vales dos rios Paranã e<br />

São Francisco (Silva, 1990; 1995b), não podendo mais<br />

ser considerada endêmica do Espinhaço.<br />

Considerando-se que uma área de endemismo é representada<br />

por uma região que abriga pelo menos dois<br />

táxons endêmicos (Cracraft, 1985; Platnick, 1991), toda<br />

a Cadeia do Espinhaço pode ser considerada como uma<br />

área de endemismo de aves, conforme proposto por<br />

Stattersfield et al. (1998). Dentro desta área, duas<br />

sub-áreas de endemismo podem ser delimitadas. Uma<br />

delas é representada pela porção centro-meridional<br />

deste sistema de montanhas, abrigando Augastes<br />

scutatus e Asthenes luizae (Figura 1). A outra seria a<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


234 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

porção setentrional da Cadeia do Espinhaço (região da<br />

Chapada Diamantina e montanhas adjacentes), que abriga<br />

Augastes lumachella e Formicivora grantsaui (Figura 1).<br />

Além dessas duas espécies, a porção setentrional da<br />

Cadeia do Espinhaço abriga três subespécies endêmicas<br />

(Phaethornis pretrei schwarti, Colibri delphinae<br />

greenewalti e Knipolegus nigerrimus hoflingi). Entretanto,<br />

a validade dessas subespécies é questionável e novos<br />

estudos taxonômicos ainda são necessários.<br />

ESPÉCIES AMEAÇADAS E CONSERVAÇÃO DA<br />

AVIFAUNA NOS CAMPOS RUPESTRES DA CADEIA DO<br />

ESPINHAÇO<br />

Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço abrigam<br />

espécies ameaçadas, quase-ameaçadas de extinção e<br />

pouco conhecidas. Dentre elas, destaca-se a codornamineira<br />

Nothura minor (Spix, 1825), espécie ameaçada de<br />

extinção em nível global (BirdLife International, 2000),<br />

no Brasil (A.B.M. Machado et al., 2005) e no estado de<br />

Minas Gerais (A.B.M. Machado et al., 1998). Essa espécie<br />

fora descrita a partir de material coletado por Spix (1825)<br />

em Diamantina, Minas Gerais e nunca mais foi registrada<br />

na Cadeia do Espinhaço. Um possível registro visual<br />

da espécie para a Serra do Cipó apresentado por Willis<br />

& Oniki (1991) trata-se, provavelmente, de um erro de<br />

identificação (Vasconcelos, 2001a; Willis, 2003).<br />

A águia-cinzenta Harpyhaliaetus coronatus (Vieillot,<br />

1817), também ameaçada de extinção em nível global<br />

(BirdLife International, 2000), no Brasil (A.B.M. Machado<br />

et al., 2005) e no estado de Minas Gerais (A.B.M.<br />

Machado et al., 1998), foi encontrada nos campos rupestres<br />

da região de Itambé do Mato Dentro e do Parque<br />

Estadual do Rola-Moça, Minas Gerais (Ribeiro, 1997;<br />

Zorzin et al., 2006). Outros registros para a espécie na<br />

região do Espinhaço foram efetuados na Estação Ecológica<br />

do Tripuí, na Serra do Caraça, na Chapada de São<br />

Domingos e na Chapada Diamantina (Andrade &<br />

Andrade, 1998; Parrini et al., 1999; Bencke et al., 2006).<br />

Asthenes luizae, espécie recentemente descrita da região<br />

da Serra do Cipó (Vielliard, 1990), ficou conhecida<br />

por alguns anos como restrita a sua localidade-tipo. Este<br />

fato, associado à falta de conhecimento sobre a biologia<br />

e a distribuição geográfica da espécie, levou alguns<br />

autores a incluí-la em listas de espécies ameaçadas de<br />

extinção (Collar et al., 1992; 1994; Lins et al., 1997;<br />

A.B.M. Machado et al., 1998; BirdLife International,<br />

2000). Entretanto, com a realização de subseqüentes<br />

trabalhos de campo, A. luizae foi encontrado em diversas<br />

localidades de campos rupestres ao longo da<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Cadeia do Espinhaço, incluindo três unidades de conservação:<br />

o Parque Nacional da Serra do Cipó, o Parque<br />

Estadual do Pico do Itambé e o Parque Estadual do Rio<br />

Preto (Andrade et al., 1998; Cordeiro et al., 1998; Vasconcelos,<br />

2002; Vasconcelos et al., 2002; Bencke et al.,<br />

2006), de modo que a espécie não foi incluída na última<br />

revisão da fauna ameaçada de extinção do Brasil<br />

(A.B.M. Machado et al., 2005). Entretanto, em recente<br />

estudo sobre a biologia de A. luizae, Gomes & Rodrigues<br />

(2006a) sugeriram que a espécie deva ser novamente<br />

considerada ameaçada de extinção, embora a<br />

área de estudo destes autores estivesse restrita a uma<br />

região bastante impactada, sendo necessários estudos<br />

mais aprofundados com populações que ocorrem em<br />

áreas de campos rupestres mais preservadas para se<br />

ter uma noção mais apropriada do real estado de conservação<br />

da espécie.<br />

Poospiza cinerea, espécie também ameaçada de<br />

extinção em Minas Gerais (A.B.M. Machado et al., 1998)<br />

e globalmente (BirdLife International, 2000), foi considerada<br />

como deficiente em dados na última revisão<br />

conduzida sobre espécies ameaçadas no Brasil (A.B.M.<br />

Machado et al., 2005). A espécie tem sido recentemente<br />

registrada nos campos rupestres da Serra do Cipó<br />

(A.B.M. Machado et al., 1998; Bencke et al., 2006; Costa<br />

& Rodrigues, 2006b; Gomes & Guerra, 2006; Guerra et<br />

al., 2006). Outras áreas de registro para a espécie ao<br />

longo da Cadeia do Espinhaço são: Serra do Caraça,<br />

Parque das Mangabeiras, Serra do Curral, Parque Estadual<br />

do Rio Preto e Chapada do Catuni (Carnevalli, 1980;<br />

Melo-Júnior, 1996; D’Angelo Neto & Queiroz, 2001;<br />

Bencke et al., 2006; Vasconcelos, 2007).<br />

As espécies: Augastes lumachella, Augastes scutatus,<br />

Polystictus superciliaris, Porphyrospiza caerulescens e<br />

Embernagra longicauda são quase-ameaçadas globalmente<br />

(BirdLife International, 2000).<br />

Embora relativamente bem conservados em comparação<br />

com outras regiões do Brasil, os campos rupestres<br />

do Espinhaço vêm sofrendo diversos impactos<br />

ambientais que afetam direta ou indiretamente sua<br />

avifauna. Dentre eles, destacam-se a mineração, a expansão<br />

urbana, o turismo descontrolado, a criação de<br />

gado e as queimadas. Recentemente foram identificadas<br />

11 áreas importantes para a conservação das aves<br />

no Brasil ao longo da Cadeia do Espinhaço (Bencke et<br />

al., 2006), sendo elas: Parque Estadual do Morro do<br />

Chapéu (código BA05), Serra de Bonito (BA07), Ibiquera/<br />

Ruy Barbosa (BA10), Parque Nacional da Chapada Diamantina<br />

(BA12), Chapada do Catuni (MG06), Botumirim<br />

(MG07), Parque Estadual do Rio Preto (MG09), Parque<br />

Estadual do Pico do Itambé/Serra do Gavião (MG10),


Serra do Cipó (MG11), Serra do Caraça (MG14) e Ouro<br />

Preto/Mariana (MG16). Por ser uma importante região<br />

que abriga espécies de aves endêmicas e ameaçadas de<br />

extinção, estas e outras áreas de campos rupestres ao<br />

longo da Cadeia do Espinhaço devem ser prioritárias<br />

para a conservação. Nesse sentido, destaca-se que a<br />

Cadeia do Espinhaço já foi indicada como área de importância<br />

especial para conservação da biodiversidade<br />

em Minas Gerais (Drummond et al. 2005), área de importância<br />

biológica extrema para conservação da biodiversidade<br />

do Cerrado (MMA et al., 1999) e da Mata<br />

Atlântica (Conservation International et al., 2000). Ademais,<br />

a UNESCO reconheceu, em 27 de junho de 2005,<br />

a sétima Reserva da Biosfera brasileira. Trata-se da<br />

Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, em Minas<br />

Gerais, que foi solicitada pelo Governo de Minas Gerais<br />

e pelo Governo Federal. A Cadeia do Espinhaço foi<br />

escolhida pelo programa “O Homem e a Biosfera/MAB”<br />

por ser um divisor de águas de extrema importância do<br />

Brasil Central, por abrigar espécies endêmicas da fauna e<br />

da flora e por ser uma das maiores formações de campos<br />

rupestres do Brasil (www.unesco.org.br).<br />

Além disso, maiores inventários avifaunísticos devem<br />

ser conduzidos na região para um melhor conhecimento<br />

de sua avifauna. As recentes descobertas e descrições<br />

de Asthenes luizae e Formicivora grantsaui são bons<br />

exemplos de como a avifauna dos campos rupestres da<br />

Cadeia do Espinhaço ainda é pouco conhecida. Levantamentos<br />

documentados com a coleta de espécimestestemunhos<br />

(Vuilleumier, 1988; 2000; Remsen, 1995;<br />

Winker, 1996; Peterson et al., 1998; Rojas-Soto et al.,<br />

2002) mostram-se extremamente necessários nesta região,<br />

com a possibilidade de serem encontrados novos<br />

táxons. A partir destes levantamentos e de estudos sobre<br />

a biologia das diversas espécies, será possível elaborar<br />

planos de manejo para a conservação da avifauna<br />

e de seus hábitats.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

M.F.V. e L.E.L agradecem à CAPES, à FAPEMIG e à Brehm<br />

Foundation pelo apoio financeiro durante seus cursos<br />

de doutorado. C.G.M. agradece ao CNPq (processo<br />

474217/2004-3). M.R. agradece à Fundação O Boticário<br />

de Proteção à Natureza e ao CNPq (processo 473428/<br />

2004-0) pelo apoio ao Laboratório de Ornitologia da<br />

<strong>UFMG</strong>. Agradecemos às seguintes pessoas que facilitaram<br />

o estudo de exemplares nos museus consultados:<br />

L.F. Silveira e É. Machado (MZUSP), M. Raposo e J.B.<br />

Nacinovic (MNRJ), A. Aleixo, D.C. Oren e J.M.C. Silva<br />

Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 235<br />

(MPEG), J.M.C. Silva (UFPE), H.Q.B. Fernandes e<br />

M. Hoffmann (MBML), J. Cracraft, P. Sweet, P. Hart,<br />

C. Ribas e M. Okada (AMNH), C.S. Fontana (MCP),<br />

B. Garzon e L. Guimarães (MCN), H.M.F. Alvarenga<br />

(MHNT) e R. Grantsau (SG). M.F.V. agradece ao AMNH<br />

pela concessão de uma ‘collection study grant’ para o<br />

estudo de exemplares coletados na Cadeia do Espinhaço<br />

que se encontram depositados nesta instituição.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Ab’Sáber, A.N. 1977. Os domínios morfoclimáticos da América<br />

do Sul. Primeira aproximação. Geomorfologia 52: 1-21.<br />

Abreu, C.R.M. 2006. Revisão taxonômica de Augastes scutatus<br />

(Temminck, 1824) (Aves: Trochilidae). Dissertação de Mestrado,<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,<br />

Brasil.<br />

Almeida, A.C.C. & M.A. Raposo. 1999. Aspectos da biologia e<br />

abundância do beija-flor-de-gravatinha-vermelha, Augastes<br />

lumachellus (Lesson, 1838) (Aves: Trochilidae), em Morro do<br />

Chapéu, BA. Revista Nordestina de Biologia 13: 69-85.<br />

Alves, A.C.F, N.F.O. Mota, P.L. Viana, D.A. Marques, P.O. Moraes<br />

& A. Salino. 2007. O banho de Augastes scutatus (Temminck,<br />

1824) em duas localidades de campos rupestres em Minas<br />

Gerais. Atualidades Ornitológicas 137: 48-49.<br />

Alves, A.C.F, N.F.O. Mota, P.L. Viana, P.O. Moraes & A. Salino.<br />

2006. Novas observações sobre o banho de Augastes scutatus<br />

(Aves: Trochilidae). In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 26. Universidade Federal<br />

de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Alves, R.J. & J. Kolbek. 1994. Plant-species endemism in savanna<br />

vegetation on table mountains (campos rupestres) in Brazil.<br />

Vegetatio 113: 125-139.<br />

Andrade, M.A. 1998. O Parque Estadual do Itacolomi e suas<br />

aves. Uiraçu 2: 4.<br />

Andrade, M.A. & M.V.G. Andrade. 1998. Notas sobre a águiacinzenta<br />

(Harpyhaliaetus coronatus) e registros de sua ocorrência<br />

em Minas Gerais. Atualidades Ornitológicas 83: 11.<br />

Andrade, M.A., M.V.G. Andrade, R.G.R. Gontijo & P.O. Souza.<br />

1998. Ocorrência do Cipó-canastero (Asthenes luizae) e do<br />

Gavião-pernilongo (Geranospiza caerulescens) no interior do<br />

Parque Nacional da Serra do Cipó, Minas Gerais. Atualidades<br />

Ornitológicas 82: 10.<br />

Bastos, S.S. & C.G. Machado. Visitantes frugívoros de duas espécies<br />

de cactos endêmicos Micranthocereus purpureus (Guerke)<br />

F. Ritter e Stephanocereus luetzelburgii (Vaupel) N. Taylor & Eggli<br />

(Cactaceae) da Chapada Diamantina, Bahia. Sitientibus, Série<br />

Ciências Biológicas (no prelo).<br />

Bencke, G.A., G.N. Maurício, P.F. Develey & J.M. Goerck. 2006.<br />

Áreas importantes para a conservação das aves no Brasil:<br />

p<strong>arte</strong> 1 – estados do domínio da Mata Atlântica. SAVE Brasil,<br />

São Paulo, Brasil.<br />

BirdLife International. 2000. Threatened birds of the world.<br />

BirdLife International, Cambridge, Reino Unido & Lynx<br />

Edicions, Barcelona, Espanha.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


236 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

Brammer, F.P. 2002. Species concepts and conservation priorities:<br />

a study of birds in north-east Brazil. Dissertação de Mestrado,<br />

Universidade de Copenhague, Copenhague, Dinamarca.<br />

Brooks, T., J. Tobias & A. Balmford. 1999. Deforestation and<br />

bird extinctions in the Atlantic forest. Animal Conservation<br />

2: 211-222.<br />

Carnevalli, N.E.D. 1980. Contribuição ao estudo da ornitofauna<br />

da Serra do Caraça, Minas Gerais. Lundiana 1: 88-98.<br />

Carnevalli, N.E.D. 1982. Embernagra longicauda Strikiland [sic],<br />

1844; sua ocorrência em Minas Gerais - Brasil (Aves-Fringillidae).<br />

Lundiana 2: 85-88.<br />

Carvalhaes, A.M.P. 2001a. Dinâmica da comunidade de aves do<br />

Parque Nacional da Chapada Diamantina. Tese de Doutorado,<br />

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,<br />

Botucatu, Brasil.<br />

Carvalhaes, A.M.P. 2001b. Acréscimos à lista de aves da Chapada<br />

Diamantina, Bahia. In: F.C. Straube (ed.). Ornitologia sem<br />

fronteiras (incluindo os resumos do IX Congresso Brasileiro<br />

de Ornitologia). pp. 170-171. Pontifícia Universidade Católica<br />

do Paraná, Curitiba, Brasil.<br />

Carvalhaes, A.M.P. & C.G. Machado. 2007. As aves da Chapada<br />

Diamantina. In: L. Funch (ed). História Natural da Serra do<br />

Sincorá. Editora Rima, São Carlos, Brasil (no prelo).<br />

Coelho, A.G. & C.G. Machado. 2003. As espécies de beija-flores<br />

e seus recursos florais em uma área de campo rupestre da<br />

Chapada Diamantina, BA. In: C.G. Machado (ed.). Resumos<br />

do XI Congresso Brasileiro de Ornitologia. p. 11. Universidade<br />

Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Brasil.<br />

Coelho, A.G., C.G. Machado, H.D.S. Carvalho & M. Cseko. 2006.<br />

Descrição avifaunística das trilhas ecológicas de Igatu, Chapada<br />

Diamantina, BA. In: Resumos do I Fórum Nordestino de<br />

Ecoturismo: ecoturismo e o combate à desertificação e<br />

mitigação dos efeitos da seca. Aracaju, Brasil.<br />

Colaço, M.A.S., R.B.S Fonseca, S.M. Lambert, C.B.N. Costa, C.G.<br />

Machado & E.L. Borba. 2006. Biologia reprodutiva de<br />

Melocactus glaucescens Buining & Brederoo e M. paucispinus G.<br />

Heimen & R. Paul (Cactaceae), na Chapada Diamantina, Nordeste<br />

do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 29: 239-249.<br />

Collar, N.J., M.J. Crosby & A.J. Stattersfield. 1994. Birds to watch<br />

2: the world list of threatened birds. Smithsonian Institution<br />

Press, Washington, DC, Estados Unidos.<br />

Collar, N.J., L.P. Gonzaga, N. Krabbe, A. Madroño Nieto, L.G.<br />

Naranjo, T.A. Parker III & D.C. Wege. 1992. Threatened birds<br />

of the Americas. The <strong>ICB</strong>P/IUCN Red Data Book. Smithsonian<br />

Institution Press, Washington, DC, Estados Unidos.<br />

Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica,<br />

Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas,<br />

Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo &<br />

Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais. 2000. Avaliação<br />

e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade<br />

da Mata Atlântica e Campos Sulinos. MMA/SBF, Brasília,<br />

Brasil.<br />

Cordeiro, P.H.C., T.A. Melo-Júnior & M.F. Vasconcelos. 1998. A<br />

range extension for Cipó Canastero Asthenes luizae in Brazil.<br />

Cotinga 10: 64-65.<br />

Costa, L.M. & M. Rodrigues. 2006a. Estação reprodutiva de aves<br />

nos campos rupestres da Serra do Cipó, Minas Gerais. In: R.<br />

Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia.<br />

p. 24. Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,<br />

Brasil.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Costa, L.M. & M. Rodrigues. 2006b. Área de vida e forrageamento<br />

de Poospiza cinerea (Aves: Emberezidae [sic]) na Serra<br />

do Cipó. In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso Brasileiro<br />

de Ornitologia. p. 41. Universidade Federal de Ouro Preto,<br />

Ouro Preto, Brasil.<br />

Costa, L.M. & M. Rodrigues. 2007. Novo registro de nidificação<br />

do beija-flor-de-gravata-verde Augastes scutatus estende período<br />

reprodutivo da espécie. Revista Brasileira de Ornitologia<br />

15: 131-134.<br />

Cracraft, J. 1985. Historical biogeography and patterns of<br />

differentiation within the South America avifauna: areas of<br />

endemism. Ornithological Monographs 36: 49-84.<br />

D’Angelo Neto, S. & S.R. Queiroz. 2001. Ocorrência da mariacorruíra<br />

(Euscarthmus rufomarginatus) no Norte de Minas Gerais,<br />

Brasil. Tangara 1: 90-94.<br />

Derby, O.A. 1966. The Serra of Espinhaço, Brazil. Journal of<br />

Geology 14: 374-401.<br />

Domingues, L.A.L. & M. Rodrigues. 2006. Territorialidade e área<br />

de vida de Schistochlamys ruficapillus (Aves: Thraupidae) na<br />

Serra do Cipó. In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 25. Universidade Federal de Ouro<br />

Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Drummond, G.M., C.S. Martins, A.B.M. Machado, F.A. Sebaio &<br />

Y. Antonini. 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas<br />

para sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte,<br />

Brasil.<br />

Eiten, G. 1992. Natural Brazilian vegetation types and their causes.<br />

Anais da Academia Brasileira de Ciências 64: 35-65.<br />

Farnsworth, A. & G.M. Langham. 2004. Velvety Black-tyrant<br />

Knipolegus nigerrimus. In: J. del Hoyo, A. Elliott & D.A. Christie<br />

(eds.). Handbook of the birds of the world, v. 9. p. 379. Lynx<br />

Edicions, Barcelona, Espanha.<br />

Faustino, T.C. & C.G. Machado. 2003. Os frutos consumidos por<br />

aves em uma área de campo rupestre da Chapada Diamantina,<br />

Bahia. In: C.G. Machado (ed.). Resumos do XI Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 14. Universidade Estadual de Feira<br />

de Santana, Feira de Santana, Brasil.<br />

Faustino, T.C. & C.G. Machado. 2006. Frugivoria por aves em<br />

uma área de campo rupestre na Chapada Diamantina, BA.<br />

Revista Brasileira de Ornitologia 14: 137-143.<br />

Faustino, T.C., C.S. Santana & C.G. Machado. 2003. As aves visitantes<br />

florais e frugívoras de Hohenbergia ramageana<br />

(Bromeliaceae) no Parque Municipal de Mucugê, Chapada<br />

Diamantina, BA. In: C.G. Machado (ed.). Resumos do XI Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 15. Universidade Estadual<br />

de Feira de Santana, Feira de Santana, Brasil.<br />

Giulietti, A.M. & J.R. Pirani. 1988. Patterns of geographic<br />

distribution of some plant species from the Espinhaço Range,<br />

Minas Gerais and Bahia, Brazil. In: P.E. Vanzolini & W.R.<br />

Heyer (eds.). Proceedings of a workshop on Neotropical<br />

distribution patterns. pp. 39-69. Academia Brasileira de Ciências,<br />

Rio de Janeiro, Brasil.<br />

Giulietti, A.M., J.R. Pirani & R.M. Harley. 1997. Espinhaço Range<br />

Region, Eastern Brazil. In: S.D. Davis, V.H. Heywood, O.<br />

Herrera-MacBryde, J. Villa-Lobos & A.C. Hamilton (eds.).<br />

Centres of plant diversity: a guide and strategy for their<br />

conservation, v. 3. pp. 397-404. Information Press, Oxford,<br />

Reino Unido.<br />

Gomes, H.B. 2006. Nidificação e padrão de canto de Asthenes<br />

luizae (Aves: Furnariidae) na Serra do Cipó, Minas Gerais. Dis-


sertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

Gomes, H.B. & T.J. Guerra. 2006. Aves do Alto da Boa Vista,<br />

Serra do Cipó, Minas Gerais. In: R. Ribon (ed.). Resumos do<br />

XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia. p. 56. Universidade<br />

Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Gomes, H.B. & M. Rodrigues. 2006a. Conservação de Asthenes<br />

luizae (Aves: Furnariidae) na Serra do Cipó, Minas Gerais. In:<br />

R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia.<br />

p. 32. Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,<br />

Brasil.<br />

Gomes, H.B. & M. Rodrigues. 2006b. Padrão de canto de Asthenes<br />

luizae (Aves: Furnariidae) na Serra do Cipó, Minas Gerais. In:<br />

R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia.<br />

p. 43. Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,<br />

Brasil.<br />

Gomes, M.C.A., B. Holten & M. Sterll. 2006. A canção das palmeiras:<br />

Eugenius Warming, um jovem botânico no Brasil.<br />

Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

Gonzaga, L.P., A.M.P. Carvalhaes & D.R.C. Buzzetti. 2007. A new<br />

species of Formicivora antwren from the Chapada Diamantina,<br />

eastern Brazil (Aves: Passeriformes: Thamnophilidae).<br />

Zootaxa 1473: 25-44.<br />

Gottsberger, G. & I. Silberbauer-Gottsberger. 2006. Life in the<br />

Cerrado - a South American tropical seasonal ecosystem, v. 1:<br />

origin, structure, dynamic and plant use. Reta Verlag, Ulm,<br />

Alemanha.<br />

Gounelle, E. 1909. Contribution à l’étude de la distribution<br />

géographique dês trochilidés dans lê Brésil central et<br />

oriental. Ornis 13: 173-183.<br />

Grantsau, R. 1967. Sôbre o gênero Augastes com a descrição de<br />

uma subespécie nova (Aves, Trochilidae). Papéis Avulsos de<br />

Zoologia São Paulo 21: 21-31.<br />

Grantsau, R. 1968. Die wiederentdeckung der brasilianischen<br />

kolibris Augastes scutatus und Augastes lumachellus. Journal für<br />

Ornithologie 109: 434-437.<br />

Grantsau, R. 1988. Os beija-flores do Brasil. Expressão e Cultura,<br />

Rio de Janeiro, Brasil.<br />

Guerra, T.J. 2005. Componentes quantitativos e qualitativos da<br />

dispersão de sementes de Struthanthus flexicaulis<br />

(Loranthaceae) em uma área de campo rupestre do sudeste<br />

brasileiro. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual<br />

Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, Brasil.<br />

Guerra, T.J. & A.C.F. Alves. 2006. Polinização e dispersão de sementes<br />

por aves em Psittachanthus robusts [sic] (Loranthaceae)<br />

em uma área de campo rupestre do sudeste brasileiro. In: R.<br />

Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia.<br />

p. 16. Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,<br />

Brasil.<br />

Guerra, T.J., H.B. Gomes & F.I. Garcia. 2006. Composição de<br />

bandos mistos em uma área de campo rupestre do sudeste<br />

brasileiro. In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso Brasileiro<br />

de Ornitologia. p. 11. Universidade Federal de Ouro<br />

Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Harley, R.M. 1995. Introduction. In: B.L. Stannard, Y.B. Harvey<br />

& R.M. Harley (eds.). Flora of the Pico das Almas, Chapada<br />

Diamantina - Bahia, Brazil. pp. 1-40. Royal Botanic Gardens,<br />

Kew, Reino Unido.<br />

Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 237<br />

Hoffmann, D. 2006. Comportamento de forrageamento, dieta,<br />

área de vida, biologia reprodutiva e sucesso reprodutivo de<br />

Polystictus superciliaris Wied, 1831 [sic] (Aves: Tyrannidae), no<br />

sudeste do Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade<br />

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Hoffmann, D. & M. Rodrigues. 2005. Táticas de forrageamento<br />

de Polystictus superciliaris (Aves: Tyrannidae), no Parque Estadual<br />

da Serra do Rola Moça, Nova Lima, MG. In: A. Aleixo<br />

(ed.). Resumos do XIII Congresso Brasileiro de Ornitologia.<br />

p. 157. Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil.<br />

Hoffmann, D. & M. Rodrigues. 2006a. Biologia reprodutiva de<br />

Polystictus superciliaris (Aves: Tyrannidae) em área de canga<br />

no Sudeste do Brasil. In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 8. Universidade Federal<br />

de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Hoffmann, D. & M. Rodrigues. 2006b. Sucesso reprodutivo de<br />

Polystictus superciliaris (Aves: Tyrannidae) em área de canga<br />

no Sudeste do Brasil. In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 9. Universidade Federal<br />

de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Hoffmann, D. & M. Rodrigues. 2006c. Território e uso de habitat<br />

por Polystictus superciliaris (Aves: Tyrannidae) em área de canga<br />

no Sudeste do Brasil. In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 19. Universidade Federal<br />

de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Hoffmann, D., M.F. Vasconcelos, L.E. Lopes & M. Rodrigues.<br />

2007. Comportamento de forrageamento e dieta de Polystictus<br />

superciliaris (Aves, Tyrannidae) em área de canga no sudeste<br />

do Brasil. Iheringia, Série Zoológica 97: 296-300.<br />

Holt, E.G. 1928. An ornithological survey of the Serra do Itatiaya,<br />

Brazil. Bulletin of the American Museum of Natural History<br />

57: 251-326.<br />

Jacobi, C.M., F.F. Carmo, R.C. Vincent & J.R. Stehmann. 2007. Plant<br />

communities on ironstone outcrops: a diverse and endangered<br />

Brazilian ecosystem. Biodiversity and Conservation 16: 2185-<br />

2200.<br />

Lencioni-Neto, F. 1996. A new subspecies of Knipolegus from<br />

Estado da Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Biologia 56:<br />

197-201.<br />

Lins, L.V., A.B.M. Machado, C.M.R. Costa & G. Herrmann. 1997.<br />

Roteiro metodológico para elaboração de listas de espécies<br />

ameaçadas de extinção. Publicações Avulsas da Fundação<br />

Biodiversitas 1: 1-50.<br />

Machado, A.B.M., G.A.B. Fonseca, R.B. Machado, L.M.S. Aguiar<br />

& L.V. Lins. 1998. Livro vermelho das espécies ameaçadas de<br />

extinção da fauna de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

Machado, A.B.M., C.S. Martins & G.M. Drummond. 2005. Lista<br />

da fauna brasileira ameaçada de extinção: incluindo as listas<br />

de espécies quase ameaçadas e deficientes em dados. Fundação<br />

Biodiversitas, Belo Horizonte, Brasil.<br />

Machado, C.G. 2003. Os atributos florais das espécies de plantas<br />

visitadas por beija-flores em uma área de campo rupestre<br />

da Chapada Diamantina, Bahia. In: C.G. Machado (ed.). Resumos<br />

do XI Congresso Brasileiro de Ornitologia. p. 702. Universidade<br />

Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana,<br />

Brasil.<br />

Machado, C.G. 2005. Aves. In: F.A. Juncá, L.S. Funch & W. Rocha<br />

(eds.). Biodiversidade e Conservação da Chapada Diamantina.<br />

pp. 357-375. MMA, Brasília, Brasil.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


238 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

Machado, C.G. 2006. Aves do semi-árido Brasileiro. In: L.P.<br />

Queiroz, A. Rapini & A.M. Giulietti (eds). Rumo ao amplo conhecimento<br />

da biodiversidade do semi-árido brasileiro. pp<br />

103-107. Ministério da Ciência e Tecnologia, Brasília, Brasil.<br />

Machado, C.G., A.G. Coelho & C.S. Santana. 2003a. Agonismos<br />

entre beija-flores em uma área de campo rupestre da Chapada<br />

Diamantina, BA. In: C.G. Machado (ed.). Resumos do XI<br />

Congresso Brasileiro de Ornitologia. p. 19. Universidade Estadual<br />

de Feira de Santana, Feira de Santana, Brasil.<br />

Machado, C.G., T.A. Moreira, C.E.C. Nunes & C.O. Romão. 2003b.<br />

Use of Micranthocereus purpureus (Guerke) F. Ritter, 1968<br />

(Cactaceae) hairs in nests of Augastes lumachellus Lesson, 1839<br />

[sic] (Trochilidae, Aves). Sitientibus, Série Ciências Biológicas<br />

3: 131-132.<br />

Machado, C.G., C.E.C. Nunes, M.C.B. Gomes, A.G. Coelho, M.B.<br />

Machado & J.J. Almeida. 2006. Utilização de Phaethornis pretrei<br />

(Lesson & Delattre, 1839) (Trochilidae) como vetor de pólen<br />

pela rubiácea Augusta longifolia (Spreng.) Rehder, na Serra do<br />

Bastião, Chapada Diamantina, BA. In: R. Ribon (ed.). Resumos<br />

do XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia. p. 15. Universidade<br />

Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Machado, C.G., C.E.C. Nunes, M.C.B. Gomes, A.G. Coelho, C.S.<br />

Santana, A.D.C. Moura, J.J. Almeida, T.C. Faustino & S.S Bastos.<br />

2007a. As espécies de plantas utilizadas por Phaethornis<br />

pretrei em três tipos de ambientes da Chapada Diamantina<br />

In: C.S. Fontana (ed.). Resumos do XV Congresso Brasileiro<br />

de Ornitologia. p. 245. Pontifícia Universidade Católica do<br />

Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.<br />

Machado, C.G., A.G. Coelho, M.C.B. Gomes, C.E.C. Nunes, A.D.C.<br />

Moura & C.S. Santana. 2007b. Polinização de Alstroemeria<br />

rupestris (Alstroemeriaceae) por Phaethornis pretrei na Serra<br />

do Bastião, Chapada Diamantina, BA. In: C.S. Fontana (ed.).<br />

Resumos do XV Congresso Brasileiro de Ornitologia. p. 246.<br />

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto<br />

Alegre, Brasil.<br />

Machado, C.G., A.G. Coelho, C.S. Santana & M. Rodrigues 2007.<br />

Beija-flores e seus recursos florais em uma área de campo<br />

rupestre da Chapada Diamantina, Bahia. Revista Brasileira de<br />

Ornitologia 15: 267-279.<br />

Machado, R.B., S.E. Rigueira & L.V. Lins. 1998. Expansão geográfica<br />

do canário-rabudo (Embernagra longicauda - Aves,<br />

Emberizidae) em Minas Gerais. Ararajuba 6: 42-45.<br />

Mattos, G.T. & H. Sick. 1985. Sobre a distribuição e a ecologia<br />

de duas espécies crípticas: Embernagra longicauda Strickland,<br />

1844, e Embernagra platensis (Gmelin, 1789). Emberizidae,<br />

Aves. Revista Brasileira de Biologia 45: 201-206.<br />

Melo-Júnior, T.A. 1996. Registros de algumas aves ameaçadas<br />

no estado de Minas Gerais. Atualidades Ornitológicas 72:<br />

13-14.<br />

Melo-Júnior, T.A., L.G.M. Mendes & M.M. Coelho. 1998. Range<br />

extension for Itatiaia Spinetail Oreophylax moreirae with<br />

comments on its distribution. Cotinga 10: 68-70.<br />

Melo-Júnior, T.A., M.F. Vasconcelos, G.W. Fernandes & M.Â.<br />

Marini. 2001. Bird species distribution and conservation in<br />

Serra do Cipó, Minas Gerais, Brazil. Bird Conservation<br />

International 11: 189-204.<br />

Menezes, N.L. & A.M. Giulietti. 1986. Campos rupestres – paraíso<br />

botânico na Serra do Cipó. Ciência Hoje 5: 38-44.<br />

Menezes, N.L. & A.M. Giulietti. 2000. Campos rupestres. In: M.P.<br />

Mendonça & L.V. Lins (eds). Lista vermelha das espécies amea-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

çadas de extinção da flora de Minas Gerais. pp. 65-73. Fundação<br />

Biodiversitas & Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

MMA – Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Naturais<br />

Hídricos e da Amazônia Legal, Funatura, Conservation<br />

International, Universidade Federal de Brasília & Fundação<br />

Biodiversitas. 1999. Ações prioritárias para a conservação da<br />

biodiversidade do Cerrado e Pantanal. MMA, Brasília, Brasil.<br />

Miranda-Ribeiro, A. 1906. Vertebrados do Itatiaya (peixes, serpentes,<br />

saurios, aves e mammiferos). Archivos do Museu Nacional<br />

13: 163-190.<br />

Miranda-Ribeiro, A. 1923. Nota critica sobre a ornis do Itatiaya.<br />

Archivos do Museu Nacional 24: 238-255.<br />

Naumburg, E.M.B. 1935. Gazetteer and maps showing collecting<br />

stations visited by Emil Kaempfer in eastern Brazil and<br />

Paraguay. Bulletin of the American Museum of Natural History<br />

68: 449-469.<br />

O’Brien, C.E. 1968. Rediscovery of Embernagra longicauda<br />

Strickland. The Auk 85: 323.<br />

Pacheco, J.F. 2001. Um tributo ao naturalista Friedrich Sellow<br />

(1789-1831) - recontando a sua passagem pela Bahia e o destino<br />

desafortunado de seu acervo ornitológico. Atualidades<br />

Ornitológicas 100: 6-7.<br />

Pacheco, J.F. 2004. Sabará ou Cuiabá? O problema das localidades<br />

de Ménétriès. Atualidades Ornitológicas 117: 4-5.<br />

Parrini, R., M.A. Raposo, J.F. Pacheco, A.M.P. Carvalhães [sic],<br />

T.A. Melo-Júnior, P.S.M. Fonseca & J.C. Minns. 1999. Birds of<br />

the Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. Cotinga 11: 86-95.<br />

Pearman, M. 1990. Behaviour and vocalizations of an undescribed<br />

Canastero Asthenes sp. from Brazil. Bulletin of the British<br />

Ornithologists’ Club 110: 145-153.<br />

Peixoto-Velho, P.P. 1923. Breve noticia sobre a ornis do Caparaó.<br />

Boletim do Museu Nacional 1: 23-26.<br />

Peterson, A.T., A.G. Navarro-Siguenza & H. Benitez-Diaz. 1998.<br />

The need for continued scientific collecting: a geographic<br />

analysis of Mexican bird specimens. Ibis 140: 288-294.<br />

Pinto, O. 1950. Peter W. Lund e sua contribuição à ornitologia<br />

Brasileira. Papéis Avulsos do Departamento de Zoologia 9:<br />

269-284.<br />

Pinto, O. 1952. Súmula histórica e sistemática da ornitologia<br />

de Minas Gerais. Arquivos de Zoologia São Paulo 8: 1-51.<br />

Platnick, N.I. 1991. On areas of endemism. Australian Systematic<br />

Botany 4: 1-11.<br />

Raposo, M.A., R. Stopiglia, V. Loskot & G.M. Kirwan. 2006. The<br />

correct use of the name Scytalopus speluncae (Ménétriés [sic],<br />

1835), and the description of a new species of Brazilian<br />

tapaculo (Aves: Passeriformes: Rhinocryptidae). Zootaxa 1271:<br />

37-56.<br />

Reinhardt, J. 1870. Bidrag til kundskab om flugefaunaen i<br />

Brasiliens campos. Videnskabelige Meddelelser fra den<br />

Naturhistoriske Forening i Kjöbenhavn 22: 1-124, 315-457.<br />

Remsen, Jr., J.V. 1995. The importance of continued collecting<br />

of bird specimens to ornithology and bird conservation. Bird<br />

Conservation International 5: 145-180.<br />

Ribeiro, B.A., M.F. Goulart & M.Â. Marini. 2002. Aspectos da<br />

territorialidade de Knipolegus lophotes (Tyrannidae,<br />

Fluvicolinae) em seu período reprodutivo. Ararajuba 10:<br />

231-235.


Ribeiro, R.C.C. 1997. Ocorrência de águia-cinzenta (Harpyheliaetus<br />

[sic] coronatus) no município de Itambé do Mato Dentro - MG.<br />

Atualidades Ornitológicas 78: 14.<br />

Ribon, R., F.M. Coelho, G.T. Pizetta, L.B. Almeida, A. Oliveira,<br />

R.P. Resck, C.F. Valadares, L. Corral, M. Amboni, R.A. Souza &<br />

L.F. Carvalho. 2006. Vocalizações, territórios e densidade de<br />

Anthus hellmayri (Motacillidae - Passeriformes) no Parque Nacional<br />

da Serra do Cipó, Brasil. In: R. Ribon (ed.) Resumos do<br />

XIV Congresso Brasileiro de Ornitologia. pp. 46-47. Universidade<br />

Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Ridgely, R.S. & G. Tudor. 1994. The birds of South America, v. 2.<br />

University of Texas Press, Austin, Estados Unidos.<br />

Rojas-Soto, O.R., S.L. Aquino, L.A. Sánchez-González & B.E.<br />

Hernández-Baños. 2002. La colecta científica en el Neotrópico:<br />

el caso de las aves de México. Ornitología Neotropical 13:<br />

209-214.<br />

Romão, C.O., M. Gimenes & C.G. Machado. 2001. Interações<br />

entre Augastes lumachellus e seus recursos florais no Morro<br />

do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia. In: F.C. Straube<br />

(ed.). Ornitologia sem fronteiras (incluindo os resumos do IX<br />

Congresso Brasileiro de Ornitologia). pp. 336-337. Pontifícia<br />

Universidade Católica do Paraná, Curitiba, Brasil.<br />

Roselaar, C.S. 2003. An inventory of major European bird<br />

collections. Bulletin of the British Ornithologists’ Club<br />

123: 253-337.<br />

Ruschi, A. 1951. Trochilideos do Museu Nacional. Boletim do<br />

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Série Biologia 10: 1-111.<br />

Ruschi, A. 1962a. Algumas observações sôbre Augastes lumachellus<br />

(Lesson) e Augastes scutatus (Temminck). Boletim do Museu de<br />

Biologia Prof. Mello Leitão, Série Biologia 31: 1-23.<br />

Ruschi, A. 1962b. Um nôvo representante de Colibri (Trochilidae<br />

Aves) da região de Andaraí no Estado da Bahia. Boletim do<br />

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Série Biologia 32: 1-7.<br />

Ruschi, A. 1963a. Notes on Trochilidae: the genus Augastes.<br />

Proceedings of International Ornithological Congress 13:<br />

141-146.<br />

Ruschi, A. 1963b. A atual distribuição geográfica das espécies e<br />

sub-espécies do gênero Augastes, com a descrição de uma<br />

nova sub-espécie: Augastes scutatus soaresi Ruschi e a chave<br />

artificial e analítica para o reconhecimento das mesmas.<br />

Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Série Divulgação<br />

4: 1-4.<br />

Ruschi, A. 1963c. Um novo representante de Campylopterus, da<br />

região de Diamantina, no Estado de Minas Gerais (Trochilidae<br />

- Aves). Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Série<br />

Biologia 39: 1-9.<br />

Ruschi, A. 1975. Phaethornis pretrei schwarti n.s.sp. Boletim do<br />

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Série Zoologia 82: 1-4.<br />

Saint-Hilaire, A. 1975. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro<br />

e Minas Gerais. Editora Itatiaia, Belo Horizonte & Editora<br />

da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />

Santana, C.S. & C.G. Machado. 2003. A fenologia de floração<br />

das espécies de plantas visitadas por beija-flores em uma área<br />

de campo rupestre na Chapada Diamantina, BA. In: C.G. Machado<br />

(ed.). Resumos do XI Congresso Brasileiro de Ornitologia.<br />

p. 40. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira<br />

de Santana, Brasil.<br />

Santana, C.S. & C.G. Machado. 2006. Fenologia de floração e os<br />

visitantes florais de Orthophytum albopictum Philcox<br />

Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 239<br />

(Bromeliaceae) em uma área de campo rupestre da Chapada<br />

Diamantina, em Mucugê, BA. In: Resumos do 57 Congresso<br />

Brasileiro de Botânica, Gramado, Brasil.<br />

Sazima, M. 1977. Hummingbird pollination of Barbacenia flava<br />

(Velloziaceae) in the Serra do Cipó, Minas Gerais, Brazil. Flora<br />

166: 239-247.<br />

Sazima, M. & I. Sazima. 1990. Hummingbird pollination in two<br />

species of Vellozia (Liliiflorae: Velloziaceae) in southeastern<br />

Brazil. Botanica Acta 103: 83-86.<br />

Sick, H. 1970. Der Strohschwanz, Oreophylax moreirae, andiner<br />

Furnariide in Südostbrasilien. Bonner Zoologische Beitrage<br />

21: 251-268.<br />

Sick, H. 1985. Observations on the Andean-Patagonian<br />

component of southeastern Brazil’s avifauna. Ornithological<br />

Monographs 36: 233-237.<br />

Sick, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Editora Nova Fronteira,<br />

Rio de Janeiro, Brasil.<br />

Silva, D.G.B. 1997. Os diários de Langsdorff, v. 1. Associação<br />

Internacional de Estudos Langsdorff, Campinas, Brasil.<br />

Silva, J.M.C. 1990. Comentários sobre Campylopterus largipennis<br />

diamantinensis Ruschi (Aves: Trochilidae). In: A.M.L.V. Araújo<br />

(ed.). Resumos do XVII Congresso Brasileiro de Zoologia.<br />

p. 168. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil.<br />

Silva, J.M.C. 1995a. Biogeographic analysis of the South<br />

American Cerrado avifauna. Steenstrupia 21: 49-67.<br />

Silva, J.M.C. 1995b. Birds of the Cerrado Region, South America.<br />

Steenstrupia 21: 69-92.<br />

Silva, J.M.C. 1997. Endemic bird species and conservation in<br />

the Cerrado region, South America. Biodiversity and<br />

Conservation 6: 435-450.<br />

Silva, J.M.C. 1998. Integrating biogeography and conservation:<br />

an example with birds and plants of the Cerrado Region. Anais<br />

da Academia Brasileira de Ciências 70: 881-888.<br />

Silva, J.M.C. & J.M. Bates. 2002. Biogeographic patterns and<br />

conservation in the South American Cerrado: a tropical<br />

savanna hotspot. BioScience 52: 225-233.<br />

Silva, J.M.C. & M.P.D Santos. 2005. A importância relativa dos<br />

processos biogeográficos na formação da avifauna do Cerrado<br />

e de outros biomas brasileiros. In: A. Scariot, J.C. Sousa<br />

Filho & J.M. Felfili (eds.). Cerrado: ecologia, biodiversidade e<br />

conservação. pp. 220-233. Ministério do Meio Ambiente,<br />

Brasília, Brasil.<br />

Silveira, L.F. 1998. The birds of Serra da Canastra National Park<br />

and adjacent areas, Minas Gerais, Brazil. Cotinga 10: 55-63.<br />

SpeciesLink. 2006. Sistema de informação distribuído para coleções<br />

biológicas: a Integração do Species Analyst e do<br />

SinBiota Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São<br />

Paulo. Disponível em (acessado<br />

em 10 de janeiro de 2006).<br />

Spix, J.B. 1825. Avium species novae, quas in itinere per Brasiliam<br />

annis 1817-20 collegit et descripti. Hubschmann, Munique,<br />

Alemanha.<br />

Spix, J.B. & C.F.P. Martius. 1981a. Viagem pelo Brasil, v. 1.<br />

Editora Itatiaia, Belo Horizonte & Editora da Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />

Spix, J.B. & C.F.P. Martius. 1981b. Viagem pelo Brasil, v. 2.<br />

Editora Itatiaia, Belo Horizonte & Editora da Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


240 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />

Stattersfield, A.J., M.J. Crosby, A.J. Long & D.C. Wege. 1998.<br />

Endemic bird areas of the world: priorities for biodiversity<br />

conservation. BirdLife International, Cambridge, Reino Unido.<br />

Stiles, F.G. 1999. Brown Violet-ear Colibri delphinae. In: J. del<br />

Hoyo, A. Elliott & J. Sargatal (eds.). Handbook of the birds of<br />

the world, v. 5. p. 557. Lynx Edicions, Barcelona, Espanha.<br />

Straube, F.C. & R.B. Machado. 2002. Obituário: Ney Eni Demas<br />

Carnevalli (1938-2002). Ararajuba 10: 247-249.<br />

Studer, A. & D.M. Teixeira. 1993. Notas sobre a biologia<br />

reprodutiva de Asthenes luizae Vielliard, 1990 (Aves,<br />

Furnariidae). In: M.P. Cirne (ed.). Resumos do III Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 44. Editora da Universidade<br />

Católica de Pelotas, Pelotas, Brasil.<br />

Vasconcelos, M.F. 1999a. Natural history notes and conservation<br />

of two species endemic to the Espinhaço Range, Brazil:<br />

Hyacinth Visorbearer Augastes scutatus and Grey-backed<br />

Tachuri Polystictus superciliaris. Cotinga 11: 75-78.<br />

Vasconcelos, M.F. 1999b. Contribuição ao conhecimento ornitológico<br />

do Pico do Papagaio, município de Aiuruoca, Minas<br />

Gerais. Atualidades Ornitológicas 90: 10-11.<br />

Vasconcelos, M.F. 2000a. Ocorrência simpátrica de Emberizoides<br />

herbicola, Embernagra platensis e Embernagra longicauda<br />

(Passeriformes: Emberizidae) na região da Serra do Caraça,<br />

Minas Gerais. Melopsittacus 3: 3-5.<br />

Vasconcelos, M.F. 2000b. Reserva do Caraça: história, vegetação<br />

e fauna. Aves 1: 3-7.<br />

Vasconcelos, M.F. 2001a. Estudo biogeográfico da avifauna campestre<br />

dos topos de montanha do sudeste do Brasil. Dissertação<br />

de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

Belo Horizonte, Brasil.<br />

Vasconcelos, M.F. 2001b. Adições à avifauna da Serra do Caraça,<br />

Minas Gerais. Atualidades Ornitológicas 104: 3-4.<br />

Vasconcelos, M.F. 2001c. Pale-throated Serra-finch Embernagra<br />

longicauda. Cotinga 16: 110-112.<br />

Vasconcelos, M.F. 2002. O João-Cipó (Asthenes luizae) no Parque<br />

Estadual do Pico do Itambé, Minas Gerais, Brasil. Atualidades<br />

Ornitológicas 107: 10.<br />

Vasconcelos, M.F. 2003. A avifauna dos campos de altitude da<br />

Serra do Caparaó, estados de Minas Gerais e Espírito Santo,<br />

Brasil. Cotinga 19: 40-48.<br />

Vasconcelos, M.F. 2007. Aves observadas no Parque Paredão da<br />

Serra do Curral, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Atualidades<br />

Ornitológicas 136: 6-11.<br />

Vasconcelos, M.F. & L.F.S. Brandt. 1998. Distribuição altitudinal<br />

e por hábitats da avifauna da Serra do Curral, Belo Horizonte,<br />

MG. In: M.A.S. Alves (ed.). Resumos do VII Congresso Brasileiro<br />

de Ornitologia. p. 142. Universidade do Estado do Rio<br />

de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.<br />

Vasconcelos, M.F. & S. D’Angelo Neto 2007. Padrões de distribuição<br />

e conservação da avifauna na região central da Cadeia<br />

do Espinhaço e áreas adjacentes, Minas Gerais, Brasil.<br />

Cotinga 28: 27-44.<br />

Vasconcelos, M.F. & J.C. Ferreira. 2001. Sazonalidade e reprodução<br />

do andorinhão-de-coleira-falha (Streptoprocne biscutata)<br />

no Pico do Inficionado, Serra do Caraça, Minas Gerais, Brasil.<br />

Tangara 1: 74-84.<br />

Vasconcelos, M.F. & J.A. Lombardi. 1996. Primeira descrição do<br />

ninho e do ovo de Polystictus superciliaris (Passeriformes:<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Tyrannidae) ocorrente na Serra do Curral, Minas Gerais.<br />

Ararajuba 4: 114-116.<br />

Vasconcelos, M.F. & J.A. Lombardi. 1999. Padrão sazonal na ocorrência<br />

de seis espécies de beija-flores (Apodiformes:<br />

Trochilidae) em uma localidade de campo rupestre na Serra<br />

do Curral, Minas Gerais. Ararajuba 7: 71-79.<br />

Vasconcelos, M.F. & J.A. Lombardi. 2001. Hummingbirds and<br />

their flowers in the campos rupestres of southern Espinhaço<br />

Range, Brazil. Melopsittacus 4: 3-30.<br />

Vasconcelos, M.F. & T.A. Melo-Júnior. 2001. An ornithological<br />

survey of Serra do Caraça, Minas Gerais, Brazil. Cotinga 15:<br />

21-31.<br />

Vasconcelos, M.F. & J.A. Silva. 2003. Descrição do jovem de<br />

Tibirro-rupestre Embernagra longicauda. Cotinga 20: 21-23.<br />

Vasconcelos, M.F., C.R.M. Abreu, M. Raposo & L.F. Silveira. 2006.<br />

Revisão da distribuição geográfica de Augastes scutatus (Aves:<br />

Trochilidae). In: R. Ribon (ed.). Resumos do XIV Congresso<br />

Brasileiro de Ornitologia. p. 34. Universidade Federal de Ouro<br />

Preto, Ouro Preto, Brasil.<br />

Vasconcelos, M.F., S. D’Angelo Neto & M. Rodrigues. 2002. A<br />

range extension for the Cipó Canastero Asthenes luizae and<br />

the consequences for its conservation status. Bulletin of the<br />

British Ornithologists’ Club 122: 7-10.<br />

Vasconcelos, M.F., C.C. Figueredo & R.S. Oliveira. 1998. Padrão<br />

temporal de vocalização do bacurau-da-telha Caprimulgus<br />

longirostris (Aves, Caprimulgidae) ao longo de quatro noites<br />

na Serra do Curral, Minas Gerais, Brasil. Boletim do Museu<br />

de Biologia Mello Leitão, Nova Série 9: 13-17.<br />

Vasconcelos, M.F., C.C. Figueredo & R.S. Oliveira. 1999a. Táticas<br />

de forrageamento do bacurau-da-telha Caprimulgus<br />

longirostris (Aves, Caprimulgidae) na Serra do Curral, Minas<br />

Gerais, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão,<br />

Nova Série 10: 33-38.<br />

Vasconcelos, M.F., L.E. Lopes & D. Hoffmann. 2007. Dieta e comportamento<br />

de forrageamento de Oreophylax moreirae (Aves:<br />

Furnariidae) na Serra do Caraça, Minas Gerais, Brasil. Revista<br />

Brasileira de Ornitologia 15: 439-442.<br />

Vasconcelos, M.F., M. Maldonado-Coelho & D.R.C. Buzzetti.<br />

2003a. Range extensions for the Gray-backed Tachuri<br />

(Polystictus superciliaris) and the Pale-throated Serra-finch<br />

(Embernagra longicauda) with a revision on their geographic<br />

distribution. Ornitología Neotropical 14: 477-489.<br />

Vasconcelos, M.F., M. Maldonado-Coelho & R. Durães. 1999b.<br />

Notas sobre algumas espécies de aves ameaçadas e pouco<br />

conhecidas da porção Meridional da Cadeia do Espinhaço,<br />

Minas Gerais. Melopsittacus 2: 44-50.<br />

Vasconcelos, M.F., P.N. Vasconcelos & G.W. Fernandes. 2001.<br />

Observations on a nest of Hyacinth Visorbearer Augastes<br />

scutatus. Cotinga 16: 57-61.<br />

Vasconcelos, M.F., P.N. Vasconcelos, G.N. Maurício, C.A.R.<br />

Matrangolo, C.M. Dell’Amore, A. Nemésio, J.C. Ferreira & E.<br />

Endrigo. 2003b. Novos registros ornitológicos para a Serra<br />

do Caraça, Brasil, com comentários sobre distribuição geográfica<br />

de algumas espécies. Lundiana 4: 135-139.<br />

Vielliard, J.M.E. 1983. Um caso de especiação por vicariância<br />

ecológica: Embernagra longicauda, ave endêmica da Serra<br />

do Espinhaço (MG-BA). In: N. Carnevalli (ed.). Resumos do<br />

X Congresso Brasileiro de Zoologia. p. 336. Universidade<br />

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.


Vielliard, J.M.E. 1990. Uma nova espécie de Asthenes da serra<br />

do Cipó, Minas Gerais, Brasil. Ararajuba 1: 121-122.<br />

Vielliard, J.M.E. 1994. Catálogo dos troquilídeos do Museu de<br />

Biologia Mello Leitão. Museu de Biologia Mello Leitão, Santa<br />

Teresa, Brasil.<br />

Vuilleumier. F. 1988. The need to collect birds in the Neotropics.<br />

Ornitología Neotropical 9: 201-203.<br />

Vuilleumier, F. 2000. Response: Further collecting of birds in<br />

the Neotropics is still needed. Ornitología Neotropical 11:<br />

269-274.<br />

Wied-Neuwied, M. 1830-1832. Beiträge zur Naturgeschichte von<br />

Brasilien, Vögel. Landes Industrie Comptoirs, Weimar, Alemanha.<br />

Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 241<br />

Willis, E.O. 2003. Bird records in the southern Neotropics: on<br />

the need to critically check specimens, literature citations<br />

and field observations. Ornitología Neotropical 14: 549-552.<br />

Willis, E.O. & Y. Oniki. 1991. Avifaunal transects across the open<br />

zones of northern Minas Gerais, Brazil. Ararajuba 2: 41-58.<br />

Winker, K. 1996. The crumbling infrastructure of biodiversity:<br />

the avian example. Conservation Biology 10: 703-707.<br />

Zimmer, J.T. 1955. Further notes on Tyrant Flycatchers<br />

(Tyrannidae). American Museum Novitates 1749: 1-24.<br />

Zorzin, G., C.E.A. Carvalho, E.P.M. Carvalho Filho & M. Canuto.<br />

2006. Novos registros de Falconiformes raros e ameaçados<br />

para o estado de Minas Gerais. Revista Brasileira de Ornitologia.<br />

14: 417-421.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riqueza,<br />

ameaças e estratégias para conservação<br />

LEONARDO GUIMARÃES LESSA 1*<br />

BÁRBARA MARIA DE ANDRADE COSTA 2<br />

DANIELA MUNHOZ ROSSONI 3<br />

VALÉRIA CUNHA TAVARES 4<br />

LUIS GUSTAVO DIAS 5<br />

EDSEL AMORIM MOARES JUNIOR 5<br />

JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA 5<br />

1 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Pós-graduação em Biologia Animal, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Espírito Santo, Brasil.<br />

3 Escola Superior São Francisco de Assis, Santa Tereza, Espírito Santo, Brasil.<br />

4 Department of Mammalogy, American Museum of Natural History, New York, USA.<br />

5 Biotrópicos – Instituto de Pesquisa em Vida Silvestre, Diamantina, Minas Gerais, Brasil.<br />

* e-mail: leoglessa@hotmail.com<br />

RESUMO<br />

Desde o século XIX a Cadeia do Espinhaço tem sido foco do estudo de naturalistas, entretanto<br />

informações básicas, relativas à riqueza e distribuição de espécies de mamíferos são ainda<br />

escassas. Como intuito de estimar o numero de espécies conhecidas até o momento para a<br />

região foram compilados dados da literatura e registros de ocorrência em coleções científicas.<br />

Foram registrados 143 táxons de mamíferos dos quais cerca de 20% estão incluídos em alguma<br />

categoria de ameaça segundo critérios da IUCN. Os maiores números de espécies ameaçadas<br />

estão entre os grandes mamíferos como primatas, carnívoros, artiodáctilos e perissodáctilos.<br />

No entanto, aspectos sobre sistemática, distribuição geográfica e ecologia dos pequenos<br />

mamíferos (roedores, marsupiais e morcegos) do Espinhaço são pobremente conhecidos, sendo<br />

estudos básicos amplamente necessários para uma avaliação mais precisa do status de<br />

conservação destas espécies. Dentre os principais fatores antrópicos relacionados à intensa e<br />

ainda subestimada perda de diversidade de mamíferos na região estão a fragmentação e a<br />

destruição de habitats associados à prática de queimadas, desmatamento de áreas nativas e a<br />

histórica degradação produzida pelas atividades mineradoras. Iniciativas como a criação de<br />

novas unidades de conservação e a regulamentação das unidades existentes são apontadas<br />

como soluções imediatas, em curto prazo, para a conservação da diversidade de mamíferos<br />

do Espinhaço. Entretanto ações prioritárias compreendem a realização urgente de programas<br />

de inventários com formação de coleções científicas e o estabelecimento de estudos de monitoramento<br />

da fauna com resultados a médio e a longo prazo. Essas medidas são vitais para a<br />

compreensão da diversidade da fauna de mamíferos do Espinhaço, um mosaico de ecossistemas<br />

único e que demanda atenção imediata para sua conservação.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


ABSTRACT<br />

Despite the fact that the Espinhaço mountain range has been the focus of studies of naturalists<br />

over the last two centuries, basic information about the richness and distribution of mammals in<br />

this region is still largely missing. In this study, we compiled what is known about the mammalian<br />

fauna associated to the Espinhaço range through the investigation of the literature available and<br />

museum collection data. A total of 143 mammal species is known to occur in the Espinhaço<br />

mountain range to date, and of those approximately 20% are included in threat categories according<br />

to the IUCN criteria. The larger numbers of threatened species in the Espinhaço are among the<br />

large mammals such as primates, carnivorous, perissodactylous and artiodactylous. On the other<br />

hand, aspects on the systematics, geographic distribution and ecology of small mammals of the<br />

Espinhaço range (rodents, marsupials and bats) are poorly known and basic studies are largely<br />

needed to a more precise evaluation of the conservation status of these taxa. Human pressure<br />

through urbanization, slash and burn, fragmentation, timber, livestock, and mining activities<br />

historically developed in the region have contributed to an intense and yet unmeasured erosion of<br />

the diversity in the Espinhaço. We point out the creation of new reserves and the expansion and<br />

improvement of conditions in those already existent as immediate, short term solutions to the<br />

conservation of mammals in the Espinhaço region. We however suggest as likewise priority, the<br />

establishment of programs of inventories with formation of scientific collections and of faunal<br />

monitoring programs. Those actions are crucial to understanding the diversity of mammals<br />

associated to the Espinhaço complex, a unique mosaic of ecosystems that demands immediate<br />

attention for conservation.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Cadeia do Espinhaço ou Serra do Espinhaço segundo<br />

denominação proposta por Eschwege (1832) é a faixa<br />

orogênica contínua de maior extensão do território<br />

brasileiro (Almeida-Abreu & Renger, 2002). Compreende<br />

um conjunto de Serras interrompidas por vales de<br />

rios que se estende por cerca de 1.200 km em direção<br />

Norte-Sul, com altitudes que variam entre 800 e 2.000m,<br />

desde a porção central de Minas Gerais (Serra de Ouro<br />

Branco) até maciços isolados no extremo norte da Bahia<br />

(Serra do Tombador) (Vitta, 2002; Almeida-Abreu et al.,<br />

2005). O Espinhaço delimita uma zona de contato entre<br />

o Cerrado e a Floresta Atlântica ao sul e uma zona<br />

de transição entre o Cerrado a Floresta Atlântica e a<br />

Caatinga ao norte (Giulietti et al. 1997).<br />

Desde o século XIX o Espinhaço tem sido foco de<br />

estudos de naturalistas como Auguste Glaziou, August<br />

Saint-Hilaire, Eschwege, George Gardner, Ludwig Riedel,<br />

Karl Friedrich von Martius, atraídos principalmente pela<br />

riqueza de sua composição florística (Costa, 2005) e<br />

pelos elevados graus de endemismo da vegetal (Viana<br />

& Mota, 2004). Uma grande diversidade de espécies e<br />

um alto índice de endemismos são também registrados<br />

para alguns grupos faunísticos como anfíbios anuros<br />

e aves (e.g. Pugliese et al., 2004; Eterovick et al., 2005;<br />

Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 243<br />

Nascimento et al., 2005; Rodrigues et al., 2005). Com<br />

relação aos mamíferos, entretanto, informações básicas<br />

relativas à riqueza e distribuição de espécies de<br />

mamíferos são ainda escassas (Lessa, 2005; Oliveira &<br />

Pessôa, 2005). As poucas informações disponíveis estão<br />

concentradas em sua maior p<strong>arte</strong> em livros ou capítulos<br />

de livro (Câmara & Murta, 2003; Lessa, 2005; Oliveira<br />

& Pessôa, 2005) resumos de congressos e relatórios<br />

técnicos para viabilização de empreendimentos<br />

como usinas hidrelétricas e minerações. O restante dos<br />

dados encontra-se em dissertações ou teses (e.g.<br />

Carmignoto, 2004; Melo, 2004; Martins, 2005; Souza,<br />

2005; Curi, 2005; Pereira, 2006) e apenas uma pequena<br />

parcela está disponível na forma de artigos indexados<br />

(e.g. Sazima & Sazima, 1975; Sazima et al., 1978, 1989;<br />

Câmara & Lessa, 1994; Câmara et al., 1999; Falcão et al.,<br />

2003; Tavares et al., no prelo).<br />

No intuito principal de reconhecer lacunas de conhecimento<br />

científico referentes à fauna de mamíferos da<br />

Cadeia do Espinhaço, é apresentada neste estudo a relação<br />

das espécies de mamíferos conhecidas atualmente<br />

para a região. São discutidas ainda, as principais<br />

ameaças à conservação dos mamíferos da Cadeia do<br />

Espinhaço e apresentado um panorama geral de sugestões<br />

das principais estratégias de conservação diante<br />

do quadro atual encontrado.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


244 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />

METODOLOGIA<br />

Com o intuito de estimar o número de espécies de<br />

mamíferos conhecidas (descritas ou registradas) para a<br />

Cadeia do Espinhaço até o presente momento, foram<br />

compilados dados com base na literatura (Sazima &<br />

Sazima, 1975; Sazima et al., 1978; Sazima et al., 1989;<br />

Taddei et al., 1983; Fonseca et al., 1987; Câmara & Lessa,<br />

1994; Isaac-Júnior & Sábato, 1994; Tavares & Cesari,<br />

1995; Fonseca et al., 1996; Câmara et al., 1999; Câmara<br />

& Murta, 2003; Perini et al., 2003; Falcão et al., 2003;<br />

Leite, 2003; Carmignoto, 2004; Costa et al., 2005ª; Curi,<br />

2005; Lessa, 2005; Oliveira et al., 2003; Oliveira & Pessoa,<br />

2005; Souza, 2005; Pereira, 2006; Tavares et al., no<br />

prelo) e registros de ocorrência em coleções científicas<br />

(Coleção de Mamíferos da Universidade Federal de Minas<br />

Gerais/<strong>UFMG</strong> e do Museu Nacional/Rio de Janeiro).<br />

Outras coleções estudadas, no que concerne a quiropterofauna,<br />

vide Tavares et al. (no prelo). A nomenclatura<br />

adotada seguiu o Wilson & Reeder (2005) e nomes<br />

comuns, quando disponíveis, seguiram Fonseca et al.<br />

(1996). Para Oryzomys foi adotada a revisão de Weksler<br />

et al. (2006) e para Trychomys, Bragio & Bonvicino (2004).<br />

A taxonomia de quirópteros está de acordo com<br />

Simmons (2005), com exceção do táxon Artibeus<br />

planirostris, considerado uma espécie distinta de Artibeus<br />

jamaicensis (Lim et al. 2004), a distribuição dos táxons<br />

seguiu Tavares et al. (no prelo). Para os primatas foi utilizada<br />

a base de dados BDGEOPRIM (Hirsch, 2003). Foram<br />

também consultados os registros da base de dados<br />

decorrente do projeto “Espinhaço Sempre Vivo”<br />

(Instituto Biotrópicos: dados não publicados). Os táxons<br />

ameaçados foram definidos com base na lista da fauna<br />

brasileira ameaçada de extinção (Ibama, 2003) e na base<br />

de dados decorrente da revisão da lista vermelha da<br />

fauna de Minas Gerais (Biodiversitas, 2007) (Fundação<br />

Biodiversitas, Instituto Estadual de Florestas/IEF e Secretaria<br />

de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />

Sustentável/SEMAD).<br />

ESTIMATIVAS DA DIVERSIDADE DE MAMÍFEROS NA<br />

CADEIA DO ESPINHAÇO<br />

O Brasil abriga uma fauna de mamíferos diversa, com o<br />

número estimado em mais de 530 espécies descritas<br />

(Costa et al., 2005 b ) o que equivale a aproximadamente<br />

13% de todos os mamíferos do mundo (Fonseca et al.,<br />

1996). Entretanto, é provável que diversas espécies estejam<br />

ainda por ser descobertas e catalogadas, especialmente<br />

marsupiais, roedores e quirópteros (Costa et<br />

al., 2005 b ). Na tabela 1, estão relacionadas todas as<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

espécies de mamíferos compiladas neste estudo para a<br />

Cadeia do Espinhaço.<br />

Marsupiais e Roedores<br />

Ao todo foram registradas 17 espécies de marsupiais<br />

distribuídas em 10 gêneros e uma família (Didelphidae)<br />

e 49 espécies de roedores distribuídas em oito famílias<br />

(Sciuridae, Muridae, Cricetidae, Erethizontidae,<br />

Caviidae, Agoutidae, Dasyproctidae e Echimyidae) (Tabela<br />

1). Os dados obtidos demonstram que 71% das espécies<br />

de marsupiais e 52% das espécies de roedores<br />

reconhecidas para o estado de Minas Gerais estão representadas<br />

no Espinhaço (ver Machado et al., 1998).<br />

Estes números, a priori, apesar de ressaltarem a importância<br />

do Espinhaço na manutenção da diversidade<br />

de pequenos mamíferos (< 2Kg) nos estados de Minas<br />

Gerais e Bahia refletem ainda uma grande lacuna de<br />

conhecimentos relacionados á sistemática, distribuição<br />

geográfica e ecologia destes grupos. Para o estado de<br />

Minas Gerais as poucas informações disponíveis em<br />

artigos indexados encontram-se nos trabalhos de Câmara<br />

& Lessa (1994), Câmara et al. (1999) e Cordeiro -<br />

Jr. & Talamoni (2006), em livros e capítulos de livros<br />

(Câmara & Murta, 2003; Lessa, 2005) ou registros<br />

esparsos ao longo do Espinhaço (Carmignoto, 2004;<br />

Pereira, 2006). Para o estado da Bahia apenas os estudos<br />

de Oliveira & Pessoa (2005) e Souza (2005) informam<br />

sobre a diversidade e distribuição de pequenos<br />

mamíferos na região da Chapada Diamantina.<br />

Uma fauna de mamíferos diversificada, com influência<br />

dos três biomas representados na Cadeia – Mata<br />

Atlântica, Cerrado e Caatinga, foi encontrada por Oliveira<br />

& Pessoa (2005) e Pereira (2006) na região da Chapada<br />

Diamantina e por Costa et al. (2005 a ) para a porção<br />

meridional da Cadeia do Espinhaço. Pereira (2006)<br />

cita registros de espécies típicas de vegetação aberta<br />

(Cerrado-Caatinga) como Thrichomys inermis (rabudo) e<br />

Oligoryzomys rupestris (rato-do-mato) e também de ambientes<br />

florestais como Akodon cursor (rato-de-chão) e<br />

Marmosops incanus (cuíca) para as áreas da Chapada Diamantina.<br />

Espécies endêmicas dos três biomas foram também<br />

registradas na Cadeia do Espinhaço. Para a Mata Atlântica:<br />

Thaptomys nigrita (rato-do-chão) e Didelphis aurita<br />

(Gambá); para o Cerrado: Euryoryzomys lamia (rato-domato)<br />

e para a Caatinga: Wiedomys pyrrhorhinos (ratode-fava).<br />

Até o momento uma única espécie foi registrada<br />

com ocorrência restrita aos domínios do Espinhaço:<br />

Trinomys moojeni (rato-de-espinho) (Câmara & Murta<br />

2003; Cordeiro - Jr. & Talamoni, 2006), classificada como<br />

“vulnerável” na revisão da lista vermelha da fauna de<br />

Minas Gerais (Biodiversitas, 2007) (Tabela 1).


Quirópteros<br />

No total, 32 espécies de morcegos, pertencentes a cinco<br />

famílias foram registradas nos limites do complexo<br />

do Espinhaço, o que representa cerca de 20% das espécies<br />

com ocorrência confirmada para o Brasil (Tavares<br />

et al., no prelo) e menos de 40% das espécies já<br />

registradas em Minas Gerais (V. Tavares e colaboradores,<br />

in litt.). Listas de espécies e registros esparsos ao<br />

longo da porção do Espinhaço localizada no estado de<br />

Minas se encontram nos trabalhos de Lima (1926), Vieira<br />

(1942), Sazima & Sazima (1975, 1989), Sazima et al.<br />

(1978), Taddei et al. (1983), Isaac-Júnior & Sábato (1994),<br />

Fonseca et al. (1989), Tavares & Césari (1995), Grelle et<br />

al. (1997), Perini et al. (2003), Falcão et al. (2003), Paglia<br />

et al. (2005). Com relação à porção do Espinhaço no<br />

estado da Bahia, apenas os estudos de Gregorin & Mendes<br />

(1999) e Oliveira & Pessôa (2005) informam sobre a<br />

riqueza de morcegos desta região. Dentre os táxons<br />

cuja ocorrência já foi registrada para a região do Espinhaço,<br />

três encontram-se na categoria vulnerável (VU)<br />

de acordo com os critérios da IUCN (Tabela 1).<br />

A presença de uma zona de contato entre o Cerrado<br />

e a Floresta Atlântica ao sul e uma zona de transição<br />

entre o Cerrado a Floresta Atlântica e a Caatinga ao<br />

norte da Cadeia (Giulietti et al. 1997), configura um<br />

conjunto de ecossistemas e interações ecológicas muito<br />

pouco estudadas para a fauna de quirópteros. Dado<br />

o elevado grau de endemismos vegetais da região pode<br />

se esperar um alto índice de interações exclusivas entre<br />

a flora do Espinhaço e agentes polinizadores, tais<br />

como morcegos nectarívoros. Este é o caso do morcego<br />

beija-flor da Serra, Lonchophylla bokermanni<br />

(Chiroptera: Phyllostomidae), endêmico da região da<br />

Serra do Cipó que parece ser o polinizador exclusivo<br />

da bromélia Encholirium glaziovii (Bromeliaceae), também<br />

endêmica da Serra do Cipó (Sazima et al., 1988).<br />

Dentre as poucas espécies de morcegos nectarívoros<br />

conhecidas até o momento para a Cadeia do Espinhaço<br />

Lonchophylla bokermanni Sazima et al., (1978) e seu<br />

congenérico, o também nectarívoro L. dekeyseri<br />

(endêmico do bioma Cerrado) foram categorizados<br />

como “em perigo” na revisão da lista de espécies ameaçadas<br />

de extinção em Minas Gerais além de vulneráveis<br />

mundialmente (Tabela 1).<br />

Primatas<br />

Ao longo da Cadeia do Espinhaço foram registrados,<br />

até o momento, 14 táxons de primatas, distribuídos em<br />

quatro famílias (Atelidae, Piteciidae, Callitrichidae e<br />

Cebidae), diversidade considerada alta para esse grupo<br />

taxonômico (Tabela 1).<br />

Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 245<br />

A família Callitrichidae está representada por três<br />

espécies Callithrix geoffroyi (sagüi-da-cara-branca),<br />

C. penicillata (mico-estrela) e C. kuhlii (sagui-de-wied).<br />

Callithrix geoffroyi ocorre ao sul do Rio Jequitinhonha<br />

e C. penicillata, na região oeste da Cadeia do Espinhaço<br />

(Rylands, 1993). A terceira espécie, C. kuhlii, foi registrada<br />

nas proximidades do município de Almenara (MG).<br />

A Família Piteciidae é representada pelo gênero<br />

Callicebus (sauás ou guigós) e conta com quatro espécies<br />

na região, das quais duas, C. melanochir e C.<br />

personatus, têm distribuição restrita ao vale do Jequitinhonha.<br />

Callicebus melanochir, foi registrada apenas em<br />

uma localidade a leste de Almenara (Oliver & Santos,<br />

1991) e C. nigrifrons, apresenta ampla distribuição em<br />

Minas Gerais. Callicebus barbarabrownae restringe-se à<br />

porção norte da Cadeia, no estado da Bahia (Marinho-<br />

Filho & Veríssimo, 1997).<br />

Dois gêneros, Alouatta e Brachyteles, representam a<br />

Família Atelidae na Cadeia do Espinhaço. O gênero<br />

Alouatta (bugio) contribui para a riqueza da Cadeia com<br />

duas espécies: A. caraya, restrita às áreas de Cerrado na<br />

região oeste, e A. guariba, endêmica da Mata Atlântica.<br />

Esta última é representada por duas sub-espécies: A. g.<br />

clamitans, ao sul, e A. g. guariba, na região nordeste da<br />

Cadeia (Vale do Jequitinhonha). O gênero Brachyteles é<br />

representado por Brachyteles hypoxanthus (muriqui-donorte).<br />

A ocorrência da espécie, atualmente, é confirmada<br />

apenas por uma pequena população no município<br />

de Peçanha ( 2kg) representadas pelas<br />

ordens Pilosa, Cingulata, Carnivora, Perissodactyla,<br />

Artiodactyla, Lagomorpha e Rodentia (Tabela 1). As espécies<br />

incluídas neste grupo apresentam enorme variação<br />

quanto ao tamanho, comportamento e hábitos alimentares<br />

(Macdonalds, 2001), podendo assim ser encontradas<br />

em todos os ambientes ao longo da Cadeia.<br />

Entretanto é relevante destacar que, dentre as espé-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


246 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />

Tabela 1 – Espécies de mamíferos registradas na Cadeia do Espinhaço e ocorrências em Unidades de Conservação* nos Estados<br />

de Minas Gerais e Bahia. Os táxons ameaçados seguem a lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção (IBAMA a 2003)<br />

e a lista vermelha da fauna de Minas Gerais (Biodiversitas, 2007).<br />

TAXONS<br />

NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />

TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />

DIDELPHUIMORPHIA<br />

Didelphidae<br />

Caluromys philander (Linnaeus, 1758) Cuíca-lanosa PERM, PERP, PNSC, APE-Mutuca,<br />

EDPA-Peti<br />

Caluromys lanatus (Olfers, 1818) Cuíca-lanosa<br />

Chironectes minimus (Zimmermann, 1780) Cuíca-d’água VU<br />

Didelphis albiventris Lund, 1840 Gambá PMM, PERM, PERP, PEB, PEPI,<br />

PNSC, EEF, PESV, APE-Mutuca,<br />

EDPA-Peti, RPPN-Jambreiro.<br />

Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 Gambá EEF, APE-Mutuca, EDPA-Peti<br />

Gracilinanus agilis (Burmeinster, 1854) Catita PMM, PERM, PERP, PEPI, PNSC,<br />

APE-Mutuca<br />

Gracilinanus microtarsus (Wagner, 1842) Catita PESV, EDPA-Peti, RPPN-Caraça<br />

Marmosops incanus (Lund, 1840) Cuíca PMM, PERM, PERP, PEB, PNSC,<br />

EEF, EDPA-Peti, RPPN-Jambreiro,<br />

RPPN-Caraça<br />

Metachirus nudicaudatus (Desmarest, 1817) Cuíca-de-quatro-olhos PERP, EEF<br />

Micoureus demerarae (Thomas, 1905) Catita<br />

Micoureus paraguayanus (Thomas, 1905) Catita PERP<br />

Monodelphis americana (Müller, 1776) Cuíca-de-três-listras EEF, EDPA-Peti DD<br />

Monodelphis domestica (Wagner, 1852) Catita PEB, PERP, PEPI, PERM, PESV,<br />

PEL, PNSC, MNCF, APE-Mutuca<br />

Monodelphis iheringi (Thomas, 1888) Catita RPPN-Caraça DD<br />

Philander frenatus (Olfers, 1818) Cuíca PMM, PERM, EEF, APE-Mutuca,<br />

EDPA-Peti, RPPN-Caraça<br />

Thylamys velutinus (Wagner, 1842) Cuíca DD<br />

Thylamys karimii (Petter, 1968) Cuíca DD<br />

PILOSA<br />

Bradypodidae<br />

Bradypus variegatus Schinz, 1825 Preguiça<br />

Myrmecophagidae<br />

Tamandua tetractyla (Linnaeus, 1758) Meleto PERP, PEB, PNSC, EEF, PEL, MNCF<br />

Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 Tamanduá-bandeira PERP VU VU<br />

CINGULATA<br />

Dasypodidae<br />

Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) Tatu DD<br />

Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-de-rabo-mole PERP<br />

Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 Tatu-galinha PMM, PERP, PEB, PEPI, PNSV,<br />

PNCD, EEF, PESV, PEL, MNCF,<br />

PNSC, APE-Mutuca<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TAXONS<br />

NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />

TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />

Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 Tatuí EEF, APE-Mutuca DD DD<br />

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-peba PEB, PEPI, EEF, PNCD<br />

Priodontes maximus (Kerr, 1792) Tatu-canastra PERP, PNSV VU EN<br />

CHIROPTERA<br />

Emballonuridae<br />

Peropteryx macrotis (Wagner, 1843) Morcego PNCD, EPDA-Peti<br />

Noctilionidae<br />

Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758) Morcego-pescador PEL, MNCF<br />

Mormoopidae<br />

Pteronotus gymnonotus Natterer, 1843 Morcego PEL, MNCF<br />

Phyllostomidae<br />

Desmodontinae<br />

Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) Morcego-vampiro PESV, PNCD, RPPN -Caraça,<br />

EPDA-Peti<br />

Glossophaginae<br />

Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818) Morcego-beija-flor PEL, MNCF, RPPN -Caraça,<br />

EPDA-Peti<br />

Anoura geoffroyi Gray, 1838 Morcego-beija-flor PEL, MNCF, RPPN -Caraça,<br />

EPDA-Peti<br />

Glossophaga soricina (Pallas, 1766) Morcego-beija-flor PESV, PEL, MNCF PEL, MNCF,<br />

RPPN -Caraça, EPDA-Peti, PNSC<br />

Lonchophylla bokermanni Sazima, Morcego-beija-flor PNSC VU EN<br />

Vizotto & Taddei, 1978 da Serra<br />

Lonchophylla dekeyseri Taddei, Morcego-beija-flor PNSC VU EN<br />

Vizotto & Sazima, 1983 do Cerrado<br />

Phillostominae<br />

Chrotopterus auritus (Peters, 1856) Morcego PNCD, RPPN-Caraça, EDPA-Peti<br />

Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Morcego PESV, PEL, MNCF<br />

Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Morcego PESV, PEL, MNCF, EPDA-Peti<br />

Carollinae<br />

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Morcego PNCD, EEF, PESV, PEL, PEI, MNCF,<br />

APE-Mutuca, RPPN-Caraça, EDPA-Peti<br />

Stenodermatinae<br />

Artibeus fimbriatus Gray, 1838 Morcego EDPA-Peti<br />

Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Morcego PESV, RPPN-Caraça<br />

Artibeus obscurus Schinz, 1821 Morcego EPDA-Peti DD<br />

Artibeus planirostris (Spix, 1823) Morcego PEL, MNCF, PNSC, RPPN-Caraça<br />

Platyrrinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Morcego PESV, PEL, MNCF<br />

Platyrrinus recifinus (Thomas, 1901) Morcego EPDA-Peti VU<br />

Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843) Morcego EPDA-Peti<br />

Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 247<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


248 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TAXONS<br />

NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />

TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />

Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) Morcego EPDA-Peti<br />

Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) Morcego EEF, EPDA-Peti, RPPN-Caraça<br />

Molossidae<br />

Eumops perotis (Schinz, 1821) Morcego RPPN-Caraça<br />

Molossus molossus (Pallas, 1766) Morcego EPDA-Peti<br />

Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) Morcego EDPA-Peti<br />

Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) Morcego RPPN-Caraça<br />

Vespertilionidae<br />

Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) Morcego EEF, RPPN-Caraça<br />

Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824) Morcego EEF, APE-Mutuca<br />

Lasiurus blossevilli (Lesson & Garnot, 1826) Morcego PMM, RPPN-Caraça<br />

Lasiurus cinereus (Beauvois, 1796) Morcego DD<br />

Myotis nigricans (Schinz, 1821) Morcego PESV<br />

Myotis ruber (I Geoffroy, 1824) Morcego VU<br />

PRIMATES<br />

Atelidae<br />

Alouatta caraya (Humboldt, 1812) Bugio<br />

Alouatta guariba clamitans Cabrera, 1940 Bugio PEI, RPPN-Caraça VU<br />

Alouatta guariba guariba (Humboldt, 1812) Bugio CR CR<br />

Brachyteles hypoxanthus (Kuhl, 1820) Muriqui-do-norte CR EN<br />

Callitrichidae<br />

Callithrix geoffroyi Sagui-da-cara-branca PERP, PNSC<br />

(É. Geoffroy in Humboldt, 1821)<br />

Callithrix penicillata Mico-estrela PMM, PNSC, EEF<br />

(É. Geoffroy in Humboldt, 1821)<br />

Callithrix kuhlii Coimbra-Filho, 1985 Sagüi-de-Wied EN<br />

Cebidae<br />

Cebus nigritus Goldfuss, 1809 Macaco-prego RPPN-Caraça<br />

Cebus robustus (Kuhl, 1820) Macaco-prego- VU EN<br />

de-cristas<br />

Cebus xanthosternus Wied-Neuwied, 1826 Macaco-prego- CR CR<br />

do-peito-amarelo<br />

Pitheciidae<br />

Callicebus barbarabrownae Hershkovitz, 1990 Sauá CR<br />

Callicebus melanochir Wied-Neuwied, 1820 Sauá VU EN<br />

Callicebus personatus (É. Geoffroy, 1812) Sauá EEF VU EN<br />

Callicebus nigrifrons (Spix, 1823) Sauá PNSC, PEI, PERM, EET,<br />

RPPN-Caraça, EDPA-Peti<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TAXONS<br />

NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />

TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />

CARNIVORA<br />

Canidae<br />

Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Raposa PERP, PEB, PEPI, EEF, PESV<br />

Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) Lobo-guará PERP, PEB, PEPI, PNSC, EEF VU VU<br />

Lycalopex vetulus (Lund, 1842) Raposinha PERP, PEB, PNSC<br />

Procyonidae<br />

Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Quati PMM, PEB, EEF<br />

Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) Mão-pelada PERP, PEB, PEPI, EEF<br />

Mustelidae<br />

Conepatus semistriatus (Boddaert, 1784) Jaritataca PERP, PEB, PEPI<br />

Eira bárbara (Linnaeus, 1758) Irara PERP, EEF<br />

Galictis cuja (Molina, 1782) Furão PNSC, EDPA-Peti<br />

Galictis vittata (Schreber, 1776) Furão PEL, MNCF, PNSC<br />

Lontra longicaudis (Olfers, 1818) Lontra PERP, PEI, PNSC, RPPN-Caraça VU<br />

Felidae<br />

Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Jaguatirica PERP, PEB, PEPI, PNSC, EEF VU VU<br />

Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato-do-mato PERP, PNSC VU VU<br />

Leopardus wiedii (Schinz, 1821) Gato-maracajá VU EN<br />

Puma yaguaroundi (Lacépède, 1809) Gato-mourisco EEF DD<br />

Puma concolor (Linnaeus, 1771) Sussuarana PERP, PEB, PEPI, PNSC VU VU<br />

Panthera onca (Linnaeus, 1758) Onça VU CR<br />

PERISSODACTYLA<br />

Tapiridae<br />

Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) Anta PERP, PNSV EN<br />

ARTYODACTYLA<br />

Tayassuidae<br />

Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) Cateto PERP, EEF, PEL, MNCF VU<br />

Cervidae<br />

Mazama americana (Erxleben, 1777) Veado-mateiro PNSC<br />

Mazama gouazoupira (G. Fisher, 1814) Veado-catingueiro PERP, EEF<br />

Ozotocerus bezoarticus (Linnaeus, 1758) Veado-campeiro EN<br />

RODENTIA<br />

Sciuridae<br />

Sciurus aestuans Linnaeus, 1766 Caxinguelê PMM, PERP, PEB, PNSC, EEF,<br />

APE-Mutuca, RPPN-Jambreiro<br />

Muridae<br />

Mus musculus (Linnaeus, 1758) Rato-de-casa APE-Fechos, APE-Mutuca<br />

Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 249<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


250 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />

...continuação da Tabela 1<br />

TAXONS<br />

NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />

TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />

Cricetidae<br />

Sigmodontinae<br />

Akodon cursor (Winge, 1887) Rato-de-chão PMM, PERM, PERP, PEPI, EEF,<br />

PEL, PNSC, MNCF, APE-Mutuca,<br />

APE-Fechos, RPPN-Jambreiro,<br />

EDPA-Peti<br />

Akodon montensis Thomas, 1913 Rato-de-chão APE-Mutuca<br />

Blarinomys breviceps (Winge, 1887) EDPA-Peti<br />

Calomys expulsus (Lund, 1841) Rato-do-mato<br />

Calomys tener (Winge, 1887) Rato-do-mato PESM, PNSC, EEF, APE-Mutuca<br />

Delomys dorsalis (Hensel, 1872) Rato-do-mato<br />

Delomys sublineatus (Thomas, 1903) Rato-do-mato<br />

Holochilus sciureus Wagner, 1842 DD<br />

Juliomys pictipes (Osgood, 1933) Rato-do-mato EDPA-Peti<br />

Necromys lasiurus (Lund, 1841) Rato-do-mato PESV<br />

Nectomys squamipes (Brants, 1827) Rato-d’água PERP, PEB, PNSC, EEF,<br />

APE-Mutuca, EDPA-Peti<br />

Nectomys rattus (Pelzen, 1883) Rato-d’água<br />

Oecomys catherinae (Allen & Chapman, 1893) Rato-do-mato EDPA-Peti<br />

Oligoryzomys fornesi Massoia, 1973 Rato-do-mato<br />

Oligoryzomys nigripes (Olfers, 1818) Rato-do-mato PESV, PNSC, PERM, EEF<br />

Oligoryzomys rupestris Rato-do-mato<br />

(Weksler & Bonvicino, 2005)<br />

Euryoryzomys lamia (Thomas, 1901) Rato-do-mato DD CR<br />

Euryoryzomys russatus (Wagner, 1848) Rato-do-mato PNSC<br />

Cerradomys subflavus (Wagner, 1842) Rato-de-cana PERP, PNSC, EEF, PESV, PEL, MNCF<br />

Sooretamys angouya (Fischer, 1814)<br />

Oxymicterus delator Thomas, 1903 Rato-do-brejo PESV, APE-Mutuca<br />

Oxymicterus dasytrichus (Schinz, 1821) Rato-do-brejo PNSC, EEF , PESV<br />

Rhipidomys mastacalis (Lund, 1840) Rato-de-árvore PMM, PERM, PERP, PEB PNSC, EEF<br />

Rhipidomys macrurus (Gervais, 1855) Rato-de-árvore<br />

Thalpomys lasiotis Thomas, 1916 Rato-do-mato PERP, PNSC<br />

Thaptomys nigrita (Lichtenstein, 1829) Rato-do-chão<br />

Wiedomys pyrrhorhinos (Wied-Neuwied, 1821) Rato-de-fava<br />

Erethizontidae<br />

Coendou prehensilis (Linnaeus, 1758) Ouriço-cacheiro PMM, PNSC<br />

Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1823) Ouriço-cacheiro<br />

Caviidae<br />

Cavia aperea Erxleben, 1777 Preá PERP, PEB, PNSC, EEF<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 1<br />

TAXONS<br />

NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />

TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />

Galea spixii (Wagler, 1831) Preá<br />

Hydrochaerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Capivara EEF, PERP, PNSC, RPPN-Jambreiro<br />

Kerodon rupestris (Wied, 1820) Mocó PERP, PEB, PEPI, PESV, PEL, MNCF<br />

Agoutidae<br />

Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) Paca PERP, PEB, PNSC, EEF<br />

Dasyproctidae<br />

Dasyprocta azarae Lichtenstein, 1823 Cutia PERP<br />

Echimyidae<br />

Euryzygomatomys spinosus (G. Fisher, 1814) Guirá RPPN-Caraça<br />

Kannabaetomys amblyonys (Wagner, 1845) Rato-do-bambu EDPA-Peti<br />

Phylomys blainvilli (Jourdan, 1837) Rato-de-espinho DD<br />

Phylomys lamarum (Thomas, 1916) Rato EEA<br />

Thrichomys apereoides (Lund, 1839) Rabudo PERP, PEB, PNSC, PNSV<br />

Thrichomys inermis (Pictet, 1843) Rabudo PESV, PEL, MNCF<br />

Trynomys albispinus (I. Geoffroy, 1838) Rato-de-espinho PEL, MNCF DD<br />

Trynomys gratiosus (Moojen, 1948) Rato-de-espinho RPPN-Caraça<br />

Trynomys iheringi (Thomas, 1911) Rato-de-espinho RPPN-Caraça<br />

Trynomys moojeni Pessôa, Oliveira & Reis, 1992 Rato-de-espinho PNSC, RPPN-Caraça VU<br />

Trynomys paratus (Trinomys, 1948) Rato-de-espinho RPPN-Caraça DD<br />

Trynomys setosus (Desmarest, 1817) Rato-de-espinho EDPA-Peti DD<br />

LAGOMORPHA<br />

Leporidae<br />

Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 251<br />

Silvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758) Tapiti PERM, PERP, PEB, PEPI, PNSC,<br />

PNSV, EEF, PESV, EDPA-Peti,<br />

RPPN-Caraça, RPPN-Jambreiro<br />

a Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.<br />

b Categorias (IUCN, 2003): CR = Criticamente em perigo; EN = Em perigo; VU = Vulnerável; DD = Dados deficientes.<br />

* Unidades de Conservação<br />

MINAS GERAIS:<br />

EEF = Estação Ecológica de Fechos;<br />

PMM = Parque Municipal das Mangabeiras; APE-Mutuca = Área de Proteção Especial da Mutuca;<br />

PERM = Parque Estadual do Rola Moça; EDPA-Peti = Estação de Proteção e Desenvolvimento Ambiental Peti;<br />

PERP = Parque Estadual do Rio Preto;<br />

RPPN-Caraça = Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caraça;<br />

PEB = Parque Estadual do Biribiri;<br />

RPPN-Jambreiro = Reserva Particular do Patrimônio Natural Jambreiro;<br />

PEI = Parque Estadual do Itacolomi;<br />

BAHIA:<br />

PEPI = Parque Estadual do Pico do Itambé; PEL = Parque Estadual de Lages;<br />

PNSC = Parque Nacional da Serra do Cipó; PESV = Parque Estadual das Sempre Viva;<br />

PNSV = Parque Nacional das Sempre Vivas; PNCD = Parque Nacional da Chapada Diamantina;<br />

EEA = Estação Ecológica de Acauã;<br />

MNCF = Monumento Natural da Cachoeira do Ferro Doido.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


252 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />

cies registradas e que estão incluídas na lista de espécies<br />

ameaçadas para o estado de Minas Gerais, apenas<br />

sete foram registradas em Unidades de Conservação<br />

de Proteção Integral (Tabela 1).<br />

Para a ordem carnívora, um único registro foi confirmado<br />

para Leopardus wiedii (gato-maracajá) na região<br />

de Belo Horizonte (MG) e a espécie com maior número<br />

de registros foi Puma concolor (onça-parda). Panthera onca<br />

(onça-pintada) foi registrada apenas na região da APA<br />

Sul e seu entorno (Quadrilátero Ferrífero/MG) (Santos-<br />

Silva, com. pess.), sempre associada a remanescentes<br />

de Mata Atlântica. Dentre os canídeos, destaca-se a<br />

ocorrência do Chrysocyon brachyurus (lobo-guará), aparentemente<br />

freqüente em toda porção centro-sul e em<br />

regiões de transição entre campos de altitude e cerrados,<br />

ao longo da vertente oeste da Cadeia (Moreira,<br />

com. pess.).<br />

Entre os representantes das ordens Artiodactyla e<br />

Perissodactyla, os poucos registros disponíveis referemse<br />

à porção meridional do Espinhaço, sendo eles,<br />

Mazama americana (veado-mateiro), Mazama gouazoupira<br />

(veado-catingueiro) e Pecari tajacu (cateto). Tapirus<br />

terrestris (anta) tem sido registrado com freqüência ao<br />

longo da Cadeia e em diferentes gradientes altitudinais,<br />

acredita-se que a Cadeia do Espinhaço seja uma área<br />

importante para a conservação da espécie (Moraes Jr.<br />

et al. 2003).<br />

Da ordem Rodentia, Hydrochaeris hydrochaeris<br />

(capivara), apresentou registros apenas na região centro<br />

sul da Cadeia. Em algumas localidades, como na<br />

Serra do Cipó, sua população parece estar aumentando,<br />

talvez favorecida pela ausência de predadores naturais,<br />

somado ao fato de adaptarem-se muito bem aos<br />

ambientes alterados providos de pastagens artificiais<br />

(Ferraz et al., 2003).<br />

PRINCIPAIS AMEAÇAS<br />

A situação da Cadeia do Espinhaço, no que tange à conservação<br />

da diversidade de mamíferos, pode ser considerada<br />

como extremamente grave. Dados concretos<br />

referentes à redução da cobertura vegetal, desde o início<br />

do histórico processo de ocupação humana da região<br />

com a implantação das primeiras lavras de ouro e<br />

diamantes em meados do século XVII e seus impactos<br />

diretos e indiretos sobre a fauna de mamíferos são desconhecidos.<br />

Atualmente, a principal ameaça à conservação<br />

de mamíferos no Espinhaço é a destruição e a<br />

fragmentação de hábitats (Lessa, 2005; Oliveira e Pes-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

soa, 2005), processo que ameaça os ecossistemas terrestres<br />

em todo o mundo (Vitta, 2002) e reconhecido<br />

como a principal ameaça à conservação de mamíferos<br />

terrestres no Brasil (Costa et al., 2005 b ).<br />

Dentre os principais fatores antropogênicos relacionados<br />

à perda de diversidade de mamíferos na Cadeia<br />

do Espinhaço (vide Vitta, 2002; Drumond et al.,<br />

2005; Lessa, 2005; Rocha et al., 2005) destacam-se:<br />

(1) as freqüentes queimadas, geralmente relacionadas<br />

ao manejo inadequado do solo para ampliação de áreas<br />

de plantio ou de pastagens; (2) a presença de gado; (3)<br />

o turismo desordenado; (4) a caça predatória e a perseguição<br />

a espécies nativas p. ex., Puma concolor<br />

(sussuarana), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará), Kerodon<br />

rupestris (mocó) e diversas espécies de primatas; (5) a<br />

crescente especulação imobiliária próximo aos grandes<br />

centros, atrelada à expansão urbana não planejada; (6)<br />

a pavimentação de estradas já existentes e a abertura<br />

de novas vias de acesso local; (7) a ação dos mineradores<br />

na destruição de grandes afloramentos rochosos<br />

(“inselbergs”) e remanescentes de mata de galeria; (8) a<br />

invasão por espécies exóticas (p. ex., Mus musculus) que<br />

podem agravar os efeitos da fragmentação através da<br />

competição, predação ou introdução de doenças; (9) o<br />

desmatamento de áreas nativas para a ampliação das<br />

áreas de monocultura florestal a fim de atender ao consumo<br />

de lenha e carvão vegetal; (10) o desmatamento<br />

e o corte seletivo, com destaque para a destruição total<br />

ou parcial das matas de galeria e capões de mata,<br />

ambientes-chave na manutenção da diversidade de<br />

mamíferos (Redford & Fonseca, 1986).<br />

Em Minas Gerais, embora a Cadeia do Espinhaço tenha<br />

sido indicada como área prioritária para a conservação<br />

de diversos grupos biológicos, foi considerada<br />

como “insuficientemente conhecida” para o grupo de<br />

mamíferos (Drummond et al., 2005), o que demonstra<br />

o vazio de informações científicas sobre a mastofauna<br />

do Espinhaço. Diversos critérios têm sido propostos<br />

para a seleção de áreas prioritárias para a conservação,<br />

como o número de espécies endêmicas, riqueza de espécies<br />

e a presença de espécies raras ou ameaçadas<br />

(Silva & Bates, 2002). Entretanto, uma limitação à aplicação<br />

desses critérios é a falta de informações adequadas<br />

documentando a distribuição das espécies, problema<br />

grave em diversas áreas do Espinhaço, como a porção<br />

meridional e o maciço norte da Cadeia, em Minas<br />

Gerais, e a região da Chapada Diamantina, na Bahia.<br />

A lista de mamíferos para Cadeia do Espinhaço<br />

totalizou 143 táxons (considerando-se as subespécies)<br />

dos quais cerca de 20% apresentam algum grau de ame-


aça e aproximadamente 10% apresentam deficiência de<br />

dados para análise de seu status de conservação (Tabela<br />

1). Os maiores números de espécies ameaçadas estão<br />

concentrados no grupo de mamíferos de médio e<br />

grande porte (primatas, carnívoros, artiodáctilos e<br />

perissodáctilos). Apesar do carisma de determinados<br />

grupos, como os primatas, algumas espécies são ainda<br />

precariamente conhecidas quanto a aspectos de sua<br />

biologia e táxons como o Allouata guariba guariba (bugio),<br />

Cebus robustus (Macaco-prego) e C. xanthosternos<br />

(macaco-prego-do-peito-amarelo) começaram a ser estudados<br />

apenas nesta década (Kierullf, et al., 2004;<br />

Martins, 2005). Dos 14 táxons de primatas identificados<br />

no Espinhaço, oito foram relacionados na recente<br />

revisão da lista de espécies ameaçadas de Minas Gerais<br />

(Biodiversitas, 2007) e apenas seis possuem ocorrência<br />

registrada em Unidades de Conservação de Proteção<br />

Integral (Tabela 1). Para os pequenos mamíferos (roedores,<br />

marsupiais e quirópteros) a maior ameaça é ainda<br />

a escassez de conhecimentos científicos básicos referentes<br />

à taxonomia, sistemática e distribuição geográfica.<br />

O que prejudica tanto as atividades de campo<br />

quanto as inferências sobre o estado de conservação<br />

das espécies (Costa et al., 2005 b ) e a tomada de decisões<br />

no estabelecimento de medidas para a conservação<br />

das espécies. Identificações inadequadas de espécies<br />

e a ausência de revisões sistemáticas atuam mascarando<br />

a diversidade real presente (Vivo, 1996; Tavares,<br />

2003) o que certamente dificulta o estabelecimento de<br />

iniciativas para a conservação e manejo, assim como a<br />

realização de análises regionais (Brito, 2004).<br />

ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO<br />

A área ocupada pela Cadeia do Espinhaço é de aproximadamente<br />

150.000Km 2 ou 15.000.000ha. Entretanto,<br />

até o momento, foram delimitadas apenas 35 Unidades<br />

de Conservação (UCs) de Proteção Integral na região,<br />

sendo 29 em Minas Gerais, o equivalente a menos<br />

de 2% da área do Espinhaço, e apenas seis na Bahia.<br />

Apesar de regulamentadas, muitas dessas UCs encontram-se<br />

ameaçadas por ações antrópicas severas e apenas<br />

13% das Unidades são suficientemente grandes (><br />

20,000ha) para manter populações viáveis de mamíferos<br />

de médio e grande porte, normalmente, as mais<br />

afetadas pelo processo de fragmentação (Chiarello, 2000<br />

a e b).<br />

A criação de novas UCs e a implementação das Unidades<br />

já decretadas podem ser apontadas como solu-<br />

Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 253<br />

ções de longo prazo para a conservação da diversidade<br />

de mamíferos no Espinhaço, uma vez que a área coberta<br />

por Unidades de Conservação de Proteção Integral<br />

na região é considerada insuficiente para proteger sua<br />

biodiversidade (Rocha et al., 2005). Um sistema eficiente<br />

de conservação para a fauna de mamíferos do Espinhaço<br />

deve contemplar a heterogeneidade paisagística<br />

existente, priorizando a criação de UCs a partir de critérios<br />

biológicos tangíveis, como a análise de lacunas<br />

(Costa et al., 2005 b ), de forma a garantir a conservação<br />

da maior parcela possível da diversidade biológica. Recentemente<br />

(julho de 2005) as porções sul e central do<br />

Espinhaço em Minas Gerais foram aprovadas pela<br />

Unesco como uma das sete Reservas da Biosfera no<br />

Brasil (programa homem e Biosfera-UNESCO), dada sua<br />

importância biológica, geomorfológica e histórica.<br />

É relevante também se reforçar a necessidade de<br />

estudos taxonômicos associados ao estabelecimento de<br />

um programa de inventários, de curto e longo prazo, e<br />

o incentivo à formação de novas coleções científicas,<br />

instrumentos essenciais para o desenvolvimento de<br />

estudos sobre a biodiversidade (Costa et al., 2005 b ). No<br />

intervalo de 12 anos entre a publicação da segunda e<br />

terceira edição do livro “Mammals Species of the<br />

World”, por exemplo, o número de espécies reconhecidas<br />

entre os roedores sigmondontíneos aumentou em<br />

18% (Wilson & Reeder, 2005). Patton (com. pess.) indica<br />

que das 298 espécies de mamíferos novas que foram<br />

acrescidas entre as duas publicações, 125 ocorrem na<br />

América do Sul.<br />

Nos últimos 10 anos, alguns estados brasileiros compilaram<br />

suas listas vermelhas estaduais de espécies,<br />

gerando valiosos instrumentos legais para a conservação<br />

da biodiversidade e direcionando incentivos para<br />

a pesquisa e medidas de conservação (Marini & Garcia,<br />

2005). A recente revisão da lista das espécies ameaçadas<br />

em Minas Gerais (Biodiversitas, 2007) permitiu a<br />

identificação de 45 táxons d-e mamíferos (incluindo<br />

as subespécies) ameaçados no Estado, dos quais 25<br />

(56%) têm ocorrência registrada na área do Espinhaço<br />

(tabela 1). Podemos identificar quais espécies, à luz<br />

do conhecimento atual, encontram-se ameaçadas e<br />

quais são suas principais ameaças, entretanto, o conhecimento<br />

e as medidas de conservação são ainda<br />

incipientes e estão desigualmente distribuídos ao longo<br />

do Espinhaço. Apesar do progresso obtido nos últimos<br />

anos com relação à conservação de mamíferos<br />

no Brasil (Costa et al., 2005 b ), as ameaças à fauna de<br />

mamíferos na Cadeia do Espinhaço não diminuíram<br />

na mesma proporção.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


254 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos a Alexsander Araújo Azevedo (Instituto<br />

Biotrópicos), a Ricardo Bonfim Machado e Gláucia<br />

Moreira Drumond (Fundação Biodiversitas) pelo convite<br />

para a redação do artigo. A Cristiane Freitas de Azevedo<br />

pela revisão do texto e a um revisor anônimo por<br />

seus comentários. Ao apoio financeiro da Conservação<br />

Internacional – CBC e ao Professor Gustavo Fonseca que<br />

nos cedeu espaço e logística para realização de atividades<br />

através do Laboratório de Mastozoologia e Manejo<br />

da Fauna da Universidade Federal de Minas Gerais e<br />

pelo acesso a coleções. A Edeltrudes Câmara e Sônia<br />

Talamoni pelo acesso a coleções sob sua custódia. A<br />

Adriano Paglia, Leonora Pires Costa, Yuri Leite e Cecília<br />

Kierulff por participarem da primeira fase de aprovação<br />

do projeto piloto “Mamíferos da Serra do Espinhaço<br />

como subsídio para definição de outcomes para conservação<br />

dos campos rupestres”. Aos colegas Ludmilla<br />

Aguiar, Fernando Perini, Renato Gregorin e Fábio Falcão<br />

por compartilharem o esforço de compilar informações<br />

sobre morcegos em MG. À Fundação de Amparo<br />

a Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG) que<br />

concedeu auxílio para coleta de p<strong>arte</strong> dos dados apresentados.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Almeida-Abreu, P.A & Renger, F.E. 2002. A Serra do Espinhaço<br />

Meridional: um orógeno de colisão do Mesoproterozóico.<br />

Revista Brasileira de Geociências 32(1): 1-14.<br />

Almeida-Abreu, P.A., Fraga, L.M.S. & Neves, S.C. 2005. Geologia.<br />

In: Silva, A.C., Pedreira, L.C.V.S.F., & Almeida-Abreu, P.A.<br />

(eds). Serra do Espinhaço Meridional: paisagens e ambientes.<br />

pp. 19-43. Ed. O Lutador, Belo Horizonte.<br />

Biodiversitas. 2007. Revisão da lista vermelha da fauna de Minas<br />

Gerais. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. Disponível em<br />

http:/www.biodiversitas.org.br (acessado em julho de 2007).<br />

Bragio, E. & Bonvicino, C.R. 2004. Molecular divergence in the<br />

genus Thrichomys (Rodentia, Echimyidae). Journal of<br />

Mammalogy 85(2): 316-320.<br />

Brito, D. 2004. Lack of adequate taxonomic knowledge may<br />

hinder enedemic mammal conservation in the Brazilian<br />

Atlantic Forest. Biodiversity and Conservation 13: 2135-2144.<br />

Câmara, E.M.V.C & Lessa, L.G. 1994. Inventário dos mamíferos<br />

do Parque das Mangabeiras, Belo Horizonte, Minas Gerais.<br />

Bios 2: 31-35.<br />

Câmara, E.M.V.C., Filho, P.E.G. & Talamoni, S.A. 1999. Mamíferos<br />

das áreas de Proteção Especial da Mutuca, Barreiro e Fechos<br />

na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais.<br />

Bios. 7: 57-64.<br />

Câmara, E.M.V.C. & Murta, R. 2003. Mamíferos da Serra do Cipó.<br />

Puc-Minas, Museu de Ciências Naturais, Belo Horizonte.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Carmignoto, A. P. 2004. Pequenos mamíferos terrestres do bioma<br />

Cerrado: padrões faunísticos locais e regionais. Tese de Doutorado,<br />

Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia,<br />

Universidade de São Paulo (USP). 404 p.<br />

Chiarello, A.G. 2000a. Conservation value of a native forest<br />

fragment in a region of extensive agriculture. Revista Brasileira<br />

de Biologia. 60(2): 327-247.<br />

–––2000b. Density and population size of mammals in<br />

remanentes of Brazilian Atlantic Forest. Conservation Biology.<br />

14: 1649-1657.<br />

Cordeiro JR, D. A. & Talamoni, S. A. New data on the life history and<br />

occurrence of spiny rats Trynomys moojeni (Rodentia; Echimyidae)<br />

in southeastern Brazil. Acta Theriologica. 51: 163-168.<br />

Costa, B.M.A., Fonseca, G. Paglia, A., Costa, L.P., Leite, Y.L.R.<br />

2005a. The diversities of mammals and gap analysis in the<br />

Serra do Espinhaço mountain range as an aid in defining<br />

outcomes for the conservation of rupestrian field. In: Book<br />

of Abstracts of the XIX Annual Meeting of the Society for<br />

Conservation Biology. pp. 46. Brasília, DF, Brazil.<br />

Costa F.N. 2005. Campos Rupestres. In: Silva, A.C., Pedreira, L.<br />

C.V.S.F., & Abreu, P. A. (eds). Serra do Espinhaço Meridional:<br />

paisagens e ambientes. pp. 138-145. Ed. O Lutador, Belo<br />

Horizonte.<br />

Costa L.P., Leite, Y.L.R., Mendes, S.L. & Ditchfield, A.D. 2005b.<br />

Conservação de mamíferos no Brasil. <strong>Megadiversidade</strong>.<br />

1: 103-112.<br />

Cullen Jr, L., Bodmer, R.E. & Pádua, C.V. 2000. Effects of hunting<br />

in habitat fragments of the Atlantic forests, Brazil. Biological<br />

Conservation 95: 49-56.<br />

Curi, N.H.A. 2005. Avaliação do estado de saúde e do risco de<br />

transmissão de doenças entre canídeos (Mammalia, Carnivora)<br />

silvestres e domésticos na região da Serra do Cipó, Minas<br />

Gerais: implicações para conservação. Dissertação de Mestrado,<br />

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais<br />

(PUC.MINAS). 101 p.<br />

Drumond, G.M., Martins, C.S., Machado, A.B.M. & Antonini, Y.<br />

(orgs.) 2005. Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para<br />

sua conservação. Fundação Biodiversitas. Belo Horizonte.<br />

Eterovick, P. C., Queiroz Carnaval, A. C. O., Borges-Nojosa, D.<br />

M., Silvano, D. L., Segalla, M. V. & Sazima, I. 2005. Amphibian<br />

Declines in Brazil: An Overview. Biotropica 37 (2), 166-179.<br />

Eschwege, W.L. Von. 1832. Beitrage zur Gerbigskunde Brasiliens.<br />

Berlin.<br />

Falcão, F.C.; Rebelo, V.F. & Talamoni, S.A. Structure of a bat<br />

assemblage (Mammalia, Chiroptera) in Serra do Caraça Reserve,<br />

south-east Brazil. Revista Brasileira de Zoologia,<br />

Curitiba, 20(2): 347-350, 2003.<br />

Ferraz, K.M.P.M.B., Lechevalier, M.A., Couto, H.T.Z. & Verdade,<br />

L.M. 2003. Damage caused by capybaras in corn field. Scientia<br />

Agricola 60 (1): 191-194.<br />

Fonseca, G. A. B.; Valle, C. M. C.; Herrmann, G. & Silva, L. F. B.<br />

M. 1989. Estudo dos padrões de diversidade de espécies de<br />

pequenos mamíferos não voadores e inventário da<br />

mastofauna da EPDA-Peti. Relatório Técnico não publicado.<br />

Convênio Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG)/<br />

Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.<br />

Fonseca, G.A.B., Herrmann, G., Leite, Y.R.L., Mittermeier, R.A.,<br />

Rylands, A.B. & Pattonn. J.L. 1996. Lista anotada de mamíferos<br />

do Brasil. Conservation International & Fundação Biodiversi-


tas. Occasional. Papers in Conservation Biology. n 4. 38 p.<br />

Giulietti, A.M., Pirani, J.R. & Harley, R.M. 1997. Espinhaço range<br />

region. In: Davis, S.D. (ed). Centres of plant diversity: a<br />

guide and strategy for their conservation. pp. 397-404. WWF/<br />

IUCN, Cambrige, Reino Unido.<br />

Gregorin, R.; Mendes, L. F. Sobre Quirópteros (Emballonuridae,<br />

Phyllostomidae, Natalidae) de duas cavernas da Chapada Diamantina,<br />

Bahia, Brasil. Iheringia, Porto Alegre, v. 86, p. 121-<br />

124, 1999.<br />

Grelle, C.E.; Fonseca, M. T.; Moura, R. T. & Aguiar, L. M. S. 1997.<br />

Bats from Karstic Area on Lagoa Santa, Minas Gerais: a<br />

preliminary survey. Chiroptera Neotropical, Belo Horizonte,<br />

3(1): 68 - 70.<br />

Hirsch, A., Dias, L.G, Martins, W.P. & Porfírio, S. 2002.<br />

Rediscovery of Brachyteles arachnoides hypoxanthus at the Fazenda<br />

Córrego de Areia, Minas Gerais, Brazil. Neotropical<br />

Primates 10: 119-122.<br />

Hirsch, A. 2003. BDGEOPRIM – Banco de dados georreferenciado<br />

das localidades de ocorrência de primatas neotropicais.<br />

Disponível em http:/www.icb.ufmg.br/~primatas/homebdgeoprim.htm<br />

(acessado em outubro de 2006).<br />

Isaac Jr., J.B. & Sábato, E.L. 1994. Caracterização da fauna de<br />

morcegos (Mammalia, Chiroptera), na área de influência da<br />

variante ferroviária Capitão Eduardo Costa Lacerda no município<br />

de Caeté, Minas Gerais. Bios 2(2): 25-29.<br />

Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos<br />

Naturais Renováveis). 2003. Lista das espécies da fauna brasileira<br />

ameaçadas de extinção. Ministério do Meio Ambiente,<br />

Ibama, Brasília. Disponível em http:/www.biodiversitas.<br />

or.br (acessado em novembro de 2006).<br />

IUCN (Wolrd Conservation Union) 2003. IUCN red list of<br />

threatened species. IUCN, Gland, Suíça. Disponível em http/<br />

www.redlis.org (acessado em outubro de 2006).<br />

Kierulff, M.C.M.; Santos, G.R.; Canale, G.; Guidorizzi, C.E. & C.<br />

Cassano. 2004. The use of câmera-trap to survey Cebus<br />

xanthosternos. Neotropical Primates 12: 56-59.<br />

Lessa, L.G. 2005. Mamíferos não voadores. In: Silva, A. C., Pedreira,<br />

L. C. V. S. F., & Abreu, P. A. (eds). Serra do Espinhaço<br />

Meridional: paisagens e ambientes. pp. 233-243. Ed. O Lutador,<br />

Belo Horizonte.<br />

Leite, Y.L.R. 2003. Evolution and systematics of the atlantic rats,<br />

genus Phyllomys (Rodentia, Echimyidae) with description of<br />

two new species. University of California Press. Zoology, v.<br />

132. 118p.<br />

Lim, B.K., Engstrom, M.D.; Lee, T.E., Jr.; Patton, J.C. & Bickham, J.W.<br />

2004. Molecular differentiation of large species of fruit-eating<br />

bats (Artibeus) and phylogenetic relationships based on the<br />

cytochrome b gene. Acta Chiropterologica, Warszawa, 6(1): 1-12.<br />

Lima, J. L. 1926. Os quirópteros da coleção do Museu Paulista.<br />

Revista Museu Paulista, São Paulo, 14: 43-127.<br />

Macdonald D. W. 2001. The Encyclopedia of Mammals. Oxford<br />

University Press.<br />

Moraes Jr., E.A.; Silva, J.A. & Freitas, R.L.A. 2003. The Lowland<br />

Tapir in the Caraça Reserve, Minas Gerais, Brazil: Preliminary<br />

Results. Tapir Conservation 12 (2): 20-22. Macdonalds, 2001<br />

Marinho-Filho, J. & Veríssimo, E.W. 1997. The rediscovery of<br />

Callicebus personatus barbarabrownae in northeastern Brazil<br />

with a new western limit for its distribution. Primates 38:<br />

429-433.<br />

Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 255<br />

Marini, M.A. & Garcia, F.I. 2005. Conservação de aves no Brasil.<br />

<strong>Megadiversidade</strong> 1: 95-102.<br />

Martins, W.P. 2005. Distribuição Geográfica e Conservação do<br />

Macaco-Prego-de-Crista, Cebus robustus (Primates, Cebidae).<br />

(Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em<br />

Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, <strong>ICB</strong> / <strong>UFMG</strong>,<br />

Belo Horizonte. 162pp<br />

Melo, F.R. 2004. Primatas e Áreas Prioritárias para Conservação<br />

da Biodiversidade no Vale do Rio Jequitinhonha, MG. (Tese<br />

de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ecologia,<br />

Conservação e Manejo de Vida Silvestre, <strong>ICB</strong> / <strong>UFMG</strong>, Belo<br />

Horizonte. 184pp.<br />

Nascimento, L.B., Wachlevscki, M. & Leite, F. 2005. Anuros. In:<br />

Silva, A.C., Pedreira, L.C.V.S.F., & Abreu, P.A. (eds). Serra do<br />

Espinhaço Meridional: paisagens e ambientes. pp. 210-229.<br />

Ed. O Lutador, Belo Horizonte.<br />

Oliver, W.L.R & Santos, I.B. 1991. Threatened endemic mammals<br />

of the Atlantic Forest region of southeast Brazil. Wildl. Preserv.<br />

Trust, Special Scientific report 4:1-25.<br />

Oliveira, J.A., Gonçalves, P.R. & Bonvicino, C.R. 2003. Mamíferos<br />

da Caatinga. In: Leal, I. R., M., Tabarelli, Silva, J. M. C.<br />

2003. Ecologia e Conservação da Caatinga. Recife: Universidade<br />

Federal de Pernambuco.<br />

Oliveira, J.A. & Pessôa, L.M. 2005. Mamíferos. In: Jucá, F.A.;<br />

Funch, L. & Rocha, W. (orgs). Biodiversidade e conservação<br />

da Chapada Diamantina. pp. 379-405. Ministério do Meio<br />

Ambiente. Brasília, DF.<br />

Paglia, A. P.; Lopes, M. O. G.; Perini, F. A.; & Cunha H. M. 2005.<br />

Mammals of the Estação de Preservação e Desenvolvimento<br />

Ambiental de Peti (EPDA-Peti), São Gonçalo do Rio Abaixo,<br />

Minas Gerais, Brazil. Lundiana, 6 (supplement): 89-96.<br />

Perini, F. A.; V. C. Tavares & C. M. D. Nascimento. 2003. Bats<br />

from the city of Belo Horizonte, Minas Gerais, southeastern<br />

Brazil. Chiroptera Neotropical, Brasília 9(1-2): 169-173.<br />

Pereira,G. 2006. Chapada Diamantina e Vale do Rio Jequitinhonha:<br />

composição da mastofauna e estrutura microevolutiva<br />

de algumas populações de pequenos mamíferos. Tese de<br />

Doutorado, Instituto de Biologia, Universidade Federal do<br />

Rio de Janeiro (UFRJ). 252p.<br />

Pugliese, A., Pombal Jr, J.P. & Sazima, I. 2004. A new species of<br />

Scinax (Anura: Hylidae) from rocky montane fields of the Serra<br />

do Cipó, Southeastern Brazil. Zootaxa 688: 1-15.<br />

Redford, H.K. & Fonseca, G.A.B. 1986. The role of gallery forests<br />

in the zoogeography of the Cerrado’s non-volant mammalian<br />

fauna. Biotropica, 18: 126-135.<br />

Rocha, W.J.S.F.; Juncá, F.A.; Chaves, J.M & Funch, L. 2005. Considerações<br />

finais e recomendações para conservação. In: Jucá,<br />

F. A.; Funch, L. & Rocha, W. (orgs). Biodiversidade e conservação<br />

da Chapada Diamantina. pp. 411-435. Ministério do Meio<br />

Ambiente. Brasília, DF.<br />

Rodrigues, M., Carrara, L.A., Faria, L. P. & Gomes, H.P. 2005. The<br />

birds of “Parque Nacional da Serra do Cipó”: the Rio Cipó<br />

valley, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Zoologia 22<br />

(2): 326-338.<br />

Rylands, A.B., Coimbra-Filho, A.F. & Mittermeier, R.A. 1993.<br />

Systematics, geographic distribution, and some notes on the<br />

conservation status of the Callitrichidae. In: Rylands A.B. (Ed.).<br />

Marmosets and tamarins: systematics, behaviour, and ecology.<br />

pp. 11-77. Oxford University Press, Oxford.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


256 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />

Sazima, M. & Sazima, I. 1975. Quiropterofilia em Lafoensia pacari<br />

St.-Hil. (Lythraceae) na Serra do Cipó, Minas Gerais. Ciência e<br />

Cultura 27(4):405-416.<br />

Sazima, I., Vizotto, L. D. & Taddei, V. A. 1978a . Uma nova espécie<br />

de Lonchophylla da Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil<br />

(Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de<br />

Biologia 38(1):81-89.<br />

Sazima, I., Vogel, S. & Sazima, M. 1988. Bat pollination of<br />

Encholirium glaziovii, a terrestrial bromeliad. Plant Systematics<br />

and Evolution 168:167-179<br />

Silva, J.M.C. & Bates, J.M. 2002. Biogeographic patterns and<br />

conservation in the south american Cerrado: a tropical<br />

savanna hotspot. BioScience. 52: 225-233.<br />

Simmons, N. B. 2005. Order Chiroptera. In: Wilson D. E., Reeder<br />

D. M. (eds). Mammal species of the world: a taxonomic and<br />

geographic reference, 3rd ed. Baltimore, Maryland: John<br />

Hopkins University Press.<br />

Souza, A.L.G. 2005. Diversidade de espécies, variação cariotípica<br />

e distribuição dos roedores da Chapada Diamantina, Bahia.<br />

Dissertação de Mestrado, Museu Nacional, Universidade Federal<br />

do Rio de Janeiro (UFRJ). 150 p.<br />

Taddei, V.A.; Vizotto, L.D. & Sazima, I. 1983. Uma nova espécie<br />

de Lonchophylla do Brasil e chave para identificação das espécies<br />

do gênero (Chiroptera, Phyllostomidae). Ciência e Cultura,<br />

São Paulo, v. 35, n. 5, p.625-629.<br />

Tavares, V. C. 2003. A importância do intercâmbio entre sistemática<br />

e conservação, com um caso-exemplo em Chiroptera In<br />

Anais do IV Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Divul. Mus. Ciênc. Tecnol. - UBEA/PUCRS, Pub. Esp., Porto Alegre,<br />

n 2, p. 1-72.<br />

Tavares, V. C. & Cesari, A. 1996. Observações sobre a comunidade<br />

de quirópteros da Estação de Pesquisa e Desenvolvimento<br />

Ambiental de PETI (EPDA/PETI), leste de MG. Resumos do XXI<br />

Congresso Brasileiro de Zoologia, Porto Alegre, p.236-237.<br />

Tavares, V.C; Gregorin, R & Peracchi, L.A. A Diversidade de Morcegos<br />

no Brasil. In: Pacheco, S. M., Marques, R.V.; Esberard,<br />

CE.L. (Org). Morcegos do Brasil: Biologia, Sistemática, Ecologia<br />

e Conservação. Pelotas: USEB, no prelo b.<br />

Viana, P. L. & Mota, R. C. Redescoberta de Panicum brachystachyum<br />

Trin. (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil.<br />

Lundiana 5(1):29-31.<br />

Vieira, C.O.C. 1942. Ensaio Monográfico sobre os Quirópteros<br />

do Brasil. Arquivos de Zoologia, São Paulo, 3: 219-471.<br />

Vitta, F.A. 2002. Diversidade e conservação da flora nos campos<br />

rupestres na Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais. In: Araujo,<br />

L. A. (ed). Biodiversidade, Conservação e Uso Sustentável da<br />

Flora do Brasil. pp. 90-94. Sociedade Botânica do Brasil, Recife.<br />

Vivo, M. 1996. How many species of mammals are there in<br />

Brazil? Taxonomic practice and diversity evaluation. In:<br />

Biodiversity in Brazil: a first approach. C.E.M. Bicudo & N.A.<br />

Menezes (eds), CNPq, São Paulo.<br />

Weksler, M., Percequillo, A.R., Voss, R. S. 2006. Ten New Genera<br />

of Oryzomyine Rodents (Cricetidae: Sigmodontinae).<br />

American Museum Novitates 3537:1-29.<br />

Wilson, D. E. & Reeder, D. M. 2005. Mammal Species of the<br />

World. Third ed. Johns Hopkins University Press, 2.142 p.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Distribuição espacial do esforço de pesquisa<br />

biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />

subsídios ao manejo das unidades de<br />

conservação da região<br />

JOÃO AUGUSTO MADEIRA 1,2<br />

KÁTIA TORRES RIBEIRO 2<br />

MARCELO JULIANO RABELO OLIVEIRA 3<br />

JAQUELINE SERAFIM DO NASCIMENTO 4<br />

CELSO DO LAGO PAIVA 2<br />

1 Parque Nacional da Serra do Cipó, ICMBio, MG, Brasil.<br />

2 Analista ambiental do Parque Nacional da Serra do Cipó, ICMBio.<br />

3 Biólogo, bolsista Conservação Internacional do Brasil.<br />

4 Geógrafa, bolsista Instituto Biotrópicos.<br />

* email: jmadeira@uai.com.br<br />

RESUMO<br />

Em regiões de interesse conservacionista, o diagnóstico acerca da distribução espacial do<br />

esforço de pesquisa e sua relação com a distribuição conhecida e presumida de ambientes<br />

tem múltiplos propósitos. Primeiro, subsidiar conclusões das próprias pesquisas, considerando<br />

seu alcance e contexto; segundo, apoiar a definição de prioridades de conservação, com<br />

base numa visão crítica sobre extensão e lacunas do conhecimento; <strong>final</strong>mente, apoiar estratégias<br />

de manejo e fomento à pesquisa, com apoios e mecanismos para redução de lacunas<br />

espaciais e temáticas numa certa região. A Serra do Cipó, na porção sul da Serra do Espinhaço,<br />

é famosa pela diversidade e endemismo de seus campos rupestres, e cada novo levantamento<br />

resulta em miríade de espécies, ocorrências e interações novas. Ocorre então um deslumbramento<br />

que pode mascarar a concentração espacial do esforço de pesquisa, o não (re)conhecimento<br />

de ambientes extremamente variados, e portanto sua não inserção em prioridades de<br />

conservação. Fizemos um diagnóstico da distribuição espacial dos esforços de pesquisa biológica<br />

na Serra do Cipó, com base em amplo levantamento bibliográfico, com “serra do cipo”<br />

como indexador. A análise de 544 dos 1.011 títulos encontrados entre 1831 e 2005 mostra<br />

uma ênfase nos estudos botânicos; baixa, mas crescente precisão na descrição da localização<br />

dos pontos de estudo e; entre os registros que puderam ser georreferenciados, tendo a espécie<br />

como unidade de análise, 75% tratavam de organismos amostrados à beira de estradas,<br />

enquanto apenas 17% deles foram obtidos dentro do Parque Nacional. Há grande concentração<br />

nos campos rupestres e na vertente ocidental da Serra do Cipó, sendo as várias fisionomias<br />

do Cerrado e da Mata Atlântica sub-amostrados. Com base nestas informações, o plano de<br />

manejo do Parque Nacional preverá estratégias para reduzir as lacunas existentes e melhorar<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


258 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />

a forma de registro da informação biológica, considerando as novas tecnologias disponíveis.<br />

Palavras-chave: campos rupestres, espacialização do esforço de pesquisa, geoprocessamento,<br />

gerenciamento do conhecimento, Serra do Cipó, unidades de conservação.<br />

ABSTRACT<br />

The description of spatial and thematic distribution of research effort in a region of high biological<br />

conservation interest such as Serra do Cipó, located at southern Serra do Espinhaço, central Brazil, has<br />

many purposes: underlying research conclusions, since sampling bias and gaps are evidenced as well as<br />

under- and super-sampled habitats; conferring a better analysis about the landscape and research<br />

context; subsidizing the development of management strategies intended to narrow knowledge gaps<br />

by means of better logistics and specific stimuli, such as finantial support for definition and development<br />

of prioritary research lines. It is also important for conservation purposes and planning, considering<br />

that less studied sites should be protected considering precaution principles, and their characteristics<br />

may be sometimes inferred considering similarities at other levels. We analysed the spatial distribution<br />

of biological research effort at Serra do Cipó, a place with two federal conservation units – Serra do<br />

Cipó National Park and Morro da Pedreira Environmental Protection Area – recognised by high diversity<br />

and endemism, specially of plants associated to rupestrian fields, a vegetation growing on nutrient<br />

poor and shallow sandy soils. This vegetation is neighbored by diverse and still bad studied Cerrado<br />

and Atlantic Forest phytophysiognomies. Hitorically, studies were concentrated on botanics, with a<br />

clear thematic diversification in the last two decades. Considering 544 analysed publications from a<br />

group of 1,011 known works, and 10,100 species citations (with repetitions), it became evident the<br />

concentration of species records along roads (75%) and the relative scarcity of studies from the Park<br />

(17% of records). This diagnostic will underly the research and management plan for the federal<br />

conservation units, discussed further with the scientific community, with already sensible results.<br />

Key-words: conservation units, research management, rupestrian fields, Serra do Cipó.<br />

INTRODUÇÃO<br />

É certamente impossível distribuir de forma equânime<br />

o esforço de pesquisa sobre um certo território, ainda<br />

mais o esforço para conhecimento de um país enorme<br />

e tão diverso como o Brasil. Existem regiões em que se<br />

concentram as investigações bem como a quantidade<br />

de informação acumulada e articulada, seja em função<br />

da proximidade de pólos econômicos e de centros de<br />

pesquisa, seja pelo surgimento de interesse específico<br />

e estímulos à pesquisa na forma de editais e linhas de<br />

financiamento. No primeiro caso, destaca-se o conhecimento<br />

em vasta temática nas áreas vizinhas às grandes<br />

capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto<br />

Alegre, Brasília, e mesmo Manaus e Belém do Pará. No<br />

segundo caso, buscas pioneiras de pesquisadores, e<br />

editais específicos que estimulam a pesquisa em locais<br />

de difícil acesso e distantes de centros de pesquisa, como<br />

áreas ermas da Amazônia que recebem recursos de programas<br />

como o ARPA, ou ainda a integração de instituições<br />

para estímulo à formação de grupos de pesquisa,<br />

como recentemente no estado do Amapá (Programa de<br />

Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical - parceria<br />

EMBRAPA, UNIFAP, IEPA, CI-Brasil, CAPES).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Mesmo localmente o conhecimento é fragmentado<br />

e por vezes surpreendentemente concentrado em certos<br />

ambientes, percursos, temas. A proposição de temas<br />

e áreas de pesquisa também sofre de formas de<br />

contágio – tende-se a voltar em áreas previamente visitadas,<br />

de modo a dar continuidade e/ou profundidade<br />

e diversificação a investigações, aproveitar a estrutura<br />

logística já conhecida e estabelecida; tende-se a percorrer<br />

os mesmos caminhos, tende-se a aprofundar e<br />

detalhar perguntas já feitas. Intrinsecamente, não há<br />

mal algum neste procedimento, uma vez que a pesquisa<br />

sempre é permeada por dilemas entre generalidade<br />

versus especificidade, detalhamento local versus abrangência<br />

espacial, dentre outros. No entanto, uma vez<br />

que a tendenciosidade na amostragem afeta conclusões,<br />

inferências e visões de mundo, é essencial que tenhamos<br />

discernimento sobre a ênfase e tendências do conjunto<br />

de pesquisas (Gutzwiller, 2002). Como destaca<br />

Wiens (2002), é fácil ver mapas e imagens como “verdades”<br />

e esquecer que qualquer conclusão é contingenciada<br />

pelas classificações propostas e pelos procedimentos<br />

de delimitação de fronteiras necessários para<br />

a produção de mapas e outras formas de representação.<br />

A experiência do pesquisador e o conhecimento


acumulado são determinantes para a definição de categorias<br />

e classificações. Extensas listas de espécies nem<br />

sempre culminam em representações adequadas da distribuição<br />

da diversidade em uma certa região. Criar longas<br />

listas de espécies pode ser extremamente caro, mas<br />

a questão central para a conservação da diversidade,<br />

como aponta Sutherland (2000), está em como usar a<br />

informação e os recursos disponíveis de modo a fornecer<br />

o melhor embasamento para a definição de prioridades<br />

entre áreas, e esta necessidade deve ser contemplada<br />

antes da realização de novos inventários.<br />

Protege-se aquilo que se conhece. Ao se questionar<br />

pesquisadores acerca de áreas e organismos essenciais<br />

a serem protegidos, com elevada probabilidade eles<br />

apontarão aqueles que conhecem bem, pois poderão<br />

descrever detalhadamente uma série de motivos justos<br />

e pertinentes que recomendariam esta proteção. A contextualização<br />

do grau de conhecimento sobre uma região,<br />

sobre os diversos grupos taxonômicos e sobre o<br />

status de conservação de ambos necessita de uma análise<br />

deste conhecimento que inclua a avaliação dos esforços<br />

de pesquisa já realizados, auxiliando o direcionamento<br />

de pesquisas futuras e eventuais tomadas de<br />

decisão pelos gestores de áreas protegidas (Burke,<br />

2007).<br />

A ciência tem suas próprias questões, sua própria<br />

dinâmica e suas limitações, inclusive orçamentárias e<br />

de pessoal, e não se espera que o conjunto dos pesquisadores<br />

e dos órgãos de fomento tenham como<br />

preocupação básica dispersar seu esforço de pesquisa<br />

de modo a abarcar a maior diversidade de ambientes<br />

ou situações, em termos espaciais. No entanto,<br />

todos se beneficiam com um maior entendimento do<br />

contexto em que se realiza um esforço de pesquisa.<br />

Por mais concentrados que sejam os inventários em<br />

uma certa região, as conclusões de estudo certamente<br />

se enriquecerão se o pesquisador tiver acesso a informações<br />

tais como grau de concentração espacial/<br />

temporal do esforço, quantidade e representatividade<br />

dos habitats e estações amostrados em relação ao<br />

todo a que se pretende estender as conclusões. E estas<br />

informações tornam-se mais acessíveis a partir da<br />

disponibilização de imagens e ambientes SIG e de séries<br />

de dados meteorológicos.<br />

Em uma área protegida extensa e diversa, a análise<br />

da distribuição dos esforços de pesquisa beneficia ao<br />

menos três conjuntos de profissionais/ atividades – os<br />

próprios pesquisadores, que contextualizam seus esforços<br />

e podem encontrar novas fronteiras e novas explicações<br />

para os padrões descritos; os gestores da área,<br />

Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 259<br />

que podem envidar esforços para melhor distribuir as<br />

pesquisas futuras no território, por meio de análise de<br />

lacunas, busca de estímulos financeiros e logísticos, e<br />

proposição de questões; e por fim os esforços conservacionistas,<br />

ao se apontar áreas desconhecidas mas não<br />

necessariamente menos importantes, e viabilizar<br />

inferências a partir dos dados já existentes.<br />

Neste estudo apresentamos uma análise da distribuição<br />

espacial e temática dos esforços de pesquisa na<br />

Serra do Cipó, bem como novas tendências e decisões<br />

de gestão e conservação decorrentes desta análise. Não<br />

se trata de uma investigação acerca da distribuição dos<br />

organismos e da biodiversidade em si – esta é uma questão<br />

extremamente complexa, que demanda estratégias<br />

de amostragem e de estratificação da informação e análises<br />

estatísticas que não são o propósito deste trabalho<br />

(Rich & Smith, 1996, Sutherland, 2000). Apresentamos<br />

um mapeamento do esforço de pesquisa passado<br />

e uma análise dos ambientes mais favorecidos, tendo<br />

como base o material cartográfico elaborado para os<br />

planos de manejo do Parque Nacional da Serra do Cipó<br />

e Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira. Estas<br />

são unidades de conservação federais que visam a proteção<br />

da porção sul da Serra do Espinhaço, próxima à<br />

região metropolitana de Belo Horizonte, já com 5 milhões<br />

de habitantes, fortemente pressionada pelo<br />

parcelamento do solo, turismo desordenado e novas<br />

áreas de mineração.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Área de estudo<br />

A Serra do Cipó localiza-se ao sul da Serra do Espinhaço,<br />

bordejando a região metropolitana de Belo Horizonte.<br />

Dista apenas 100 km da capital do estado, por<br />

estrada que segue até a cidade de Diamantina, em caminhos<br />

que em p<strong>arte</strong> coincidem com os da antiga Estrada<br />

Real. As serras dividem as águas que drenam para<br />

o rio das Velhas, afluente do rio São Francisco, a oeste,<br />

das que vertem para o rio Doce, a leste. As montanhas<br />

são edificadas por formações rochosas quartzíticas, em<br />

sua maioria incluídas no Supergrupo Espinhaço<br />

(Almeida-Abreu, 1995), solos pobres em nutrientes que<br />

sustentam os campos rupestres, ricos em espécies e<br />

com elevado grau de endemismo (Giulietti et al., 1987,<br />

Pirani et al. 2003). A oeste predominam as diversas fitofisionomias<br />

do cerrado, nesta região com ampla ocorrência<br />

de ambientes cársticos, relacionados à formação<br />

Bambuí, que favorece a formação de latossolos pro-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


260 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />

fundos, que por sua vez sustentam cerradões e matas<br />

mesófilas, bem como as matas secas sobre os afloramentos<br />

rochosos. A leste encontram-se fitofisionomias<br />

da Mata Atlântica, seja na forma de uma transição para<br />

os campos rupestres, sobre solos quartzosos, sejam<br />

formações arbóreas e mais fechadas, nos solos profundos<br />

derivados do embasamento cristalino. Em resumo,<br />

formações vegetacionais com composição e fisionomia<br />

muito variadas são encontradas em curtos espaços,<br />

onde a elevada biodiversidade tem relação também com<br />

a diversidade de solos, topografia e clima.<br />

O relevo varia de cerca de 750 metros de altitude a<br />

oeste e 650 a leste a 1670 metros, havendo extensos<br />

planaltos com altitudes entre 1.000-1.300m. O clima é<br />

estacional, com verões úmidos e invernos bastante secos,<br />

com cerca de 7 meses secos a oeste, e precipitação<br />

anual em torno de 1.500mm, em média (Madeira e<br />

Fernandes, 1999). Há concentração de nebulosidade nas<br />

vertentes orientais e portanto maior umidade, que favorece<br />

a formação de matas de neblina.<br />

O acesso à região era feito exclusivamente por estrada<br />

de terra até meados da década de 1980, e no presente<br />

século houve a pavimentação da rodovia MG-010<br />

em todo o trecho que atravessa a Serra do Cipó, até a<br />

cidade de Conceição do Mato Dentro. Os acessos às<br />

demais sedes de municípios da região não foram ainda<br />

pavimentados. O Parque Nacional da Serra do Cipó foi<br />

criado em 1984, correspondendo aproximadamente à<br />

área do parque estadual de mesmo nome, criado em<br />

1975. São 31.618 hectares que abarcam ecossistemas<br />

representativos de três complexos vegetacionais, aqui<br />

chamados de biomas: Campos Rupestres (84%), Cerrado<br />

(8%) e Mata Atlântica (8%). Abrange terras dos municípios<br />

de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do<br />

Pilar e Itambé do Mato Dentro. O Parque é inteiramente<br />

circundado pela Área de Proteção Ambiental (APA)<br />

Morro da Pedreira, criada em 1990, já com o propósito<br />

de funcionar como zona de amortecimento do parque,<br />

com 100mil hectares, também distribuídos em fitofisionomias<br />

de Cerrado (14%), Campo Rupestre (56%) e<br />

Mata Atlântica (30%) (Ribeiro et al., 2008). A APA abrange,<br />

além dos citados acima, os municípios de Itabira,<br />

Nova União e Taquaraçu de Minas. As duas unidades<br />

estão incluídas na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço,<br />

declarada pela UNESCO em 2006.<br />

Entendemos como região da “Serra do Cipó” os sete<br />

municípios citados e mais Conceição do Mato Dentro,<br />

limítrofe à APA, como também entendido pela Secretaria<br />

de Turismo do estado de Minas Gerais (municípios<br />

que compõem o Circuito Turístico do Parque Nacional<br />

da Serra do Cipó).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

Levantamento bibliográfico e georreferenciamento<br />

Fez-se um primeiro levantamento das publicações existentes<br />

sobre a Serra do Cipó, em todas as áreas das<br />

ciências, utilizando o Portal Capes (www.periodicos.<br />

capes.gov.br), tendo “serra do cipo” como indexador.<br />

O nome Serra do Cipó tem se estendido a mais áreas<br />

em função do turismo e divulgação do nome como uma<br />

marca, e há décadas atrás muitos dos municípios citados<br />

não seriam considerados pertencentes à Serra do<br />

Cipó. Assim, por segurança, as buscas bibliográficas<br />

incluiram também os nomes dos municípios. A partir<br />

do acervo do Parque Nacional foram triadas publicações<br />

a partir também das referências bibliográficas, com<br />

que se conseguiu acesso aos trabalhos mais antigos,<br />

muitos não indexados. Fez-se o máximo esforço para<br />

obtenção dos trabalhos existentes, muitos deles não<br />

disponíveis em meio digital. À época de análise dos<br />

dados para este trabalho, o banco de dados continha<br />

1.011 títulos (Tabela 1), dos quais 544 foram obtidos e<br />

lidos. Os trabalhos lidos foram então classificados de<br />

acordo com o grau de acurácia com que foram descritos<br />

os pontos de coleta ou observação dos espécimens<br />

(registros). Os critérios utilizados nesta classificação<br />

estão na Tabela 2.<br />

TABELA 1 – Total de publicações levantadas e ano da primeira<br />

publicação encontrada em cada área do conhecimento. Trabalhos<br />

envolvendo espécies animais ou vegetais foram enquadrados<br />

nas categorias “Ecologia” ou “Conservação” quando se considerou<br />

que seus objetivos se encaixavam melhor nestas categorias,<br />

não sendo, neste caso, incluídos nas categorias “Zoologia” ou<br />

“Botânica”.<br />

Total de<br />

publicações Ano da<br />

Área do levantadas primeira<br />

conhecimento até 2004 publicação<br />

Arqueologia 43 1975<br />

Botânica 635 1831<br />

Conservação 30 1982<br />

Ecologia 65 1846<br />

Geografia 19 1869<br />

Geologia 41 1931<br />

História 24 1904<br />

Limnologia 16 1999<br />

Turismo 12 1991<br />

Zoologia 126 1875<br />

Total 1.011 1831


Embora a partir da década de 1990 tenha havido crescente<br />

acesso aos aparelhos de localização por satélite,<br />

permitindo precisão cada vez maior na localização dos<br />

pontos de coleta, ainda hoje não são todos os estudos<br />

que descrevem os registros com boa acurácia. Para<br />

plotar em sistema de informação georáfica os registros<br />

de várias épocas, enfrentamos desafios comuns aos<br />

estudos biogeográficos – mudanças em toponímias e<br />

nomes de fazendas, mudanças no traçado das estradas<br />

e na quilometragem, e equívocos mesmo nas citações,<br />

como referência a um município incompatível com o<br />

rio em que se fez a coleta. Para identificar as referências<br />

geográficas foram úteis entrevistas com moradores<br />

antigos para localização de sedes de fazendas e toponímias<br />

em desuso, identificação dos leitos anteriores<br />

da rodovia MG-010 e quilometragem correspondente.<br />

Em geral, a informação sobre o município ou sobre<br />

estar ou não no Parque Nacional não foi útil, dado o<br />

alto grau de erro dos pesquisadores ao reportar este<br />

tipo de informação, em função da dificuldade de se reconhecer<br />

tais limites em campo. Foram considerados<br />

como de acurácia baixa os dados que se referiam a<br />

municípios, amplas regiões, ou simplesmente à Serra<br />

do Cipó. Tais informações não puderam ser incorporadas<br />

nos mapas, mas entraram nas demais análises, tais<br />

como distribuição das pesquisas nas diversas áreas do<br />

conhecimento ou mudança no grau de acurácia ao longo<br />

do tempo. Dos 544 trabalhos lidos, foram utilizados<br />

513, os demais foram descartados por não haver sequer<br />

a certeza dos registros mencionados terem sido<br />

efetivamente provenientes da Serra do Cipó. Gerou-se<br />

um banco de dados, com atualização periódica. A unidade<br />

utilizada para as análises foi a espécie. Assim,<br />

como muitos trabalhos lidam com várias espécies, o<br />

número de registros é bem superior ao número de trabalhos<br />

lidos. Não houve uma preocupação em resolver<br />

sinonímias, mas verificou-se a existência dos nomes<br />

em bancos de dados confiáveis, como o do Missouri<br />

Botanical Garden (MBG: W3Tropics).<br />

Os registros com acurácia alta geram pontos precisos<br />

em mapa. Para os registros com acurácia média foram<br />

atribuídas coordenadas correspondentes ao<br />

centróide da região com o nome fornecido – por exemplo,<br />

Capão dos Palmitos, Fazenda Palácio, suficiente para<br />

mapeamento considerando a área de 130 mil hectares<br />

das duas unidades de conservação somadas. Em muitos<br />

casos (principalmente nos de acurácia média, com<br />

localização atribuída) houve sobreposição de pontos.<br />

Para representar esta situação em mapa, os pontos foram<br />

divididos em 6 classes, de acordo com a quantidade<br />

de registros que representam, pelos seguintes critérios:<br />

1) 1 registro; 2) de 2 a 5 registros; 3) de 6 a 15<br />

registros; 4) de 16 a 40 registros; 5) de 41 a 80 registros;<br />

6) 81 ou mais registros.<br />

Para a elaboração dos mapas foi usado o programa<br />

ArcGIS 9.0. Foram elaborados mapas com cruzamentos<br />

de diversas das informações constantes do banco de<br />

dados e com as demais informações levantadas para a<br />

elaboração dos planos de manejo do Parque e da APA,<br />

como limites entre biomas e entre bacias hidrográficas.<br />

As informações serão disponibilizadas para quem<br />

deseje utilizá-las para fins científicos ou didáticos e<br />

prevê-se atualização períódica.<br />

RESULTADOS<br />

Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 261<br />

TABELA 2 – Critérios utilizados para a classificação dos registros quanto à acurácia da descrição dos pontos de coleta.<br />

DESCRIÇÃO DA LOCALIZAÇÃO DO REGISTRO ACURÁCIA<br />

Coordenadas fornecidas pelo autor ou ponto de referência conhecido e preciso, passível de ser Alta<br />

georreferenciado (p. ex. ponte sobre o rio Indequicé).<br />

Localização descrita de forma suficientemente precisa para circunscrever a coleta em uma área Média<br />

conhecida e não muito ampla (p. ex. Capão dos Palmitos).<br />

Localização descrita de forma vaga ou circunscrita a uma área excessivamente ampla Baixa<br />

(p. ex. Baixada do Mascates; Alto Palácio).<br />

Ausência de informação suficiente para a localização do ponto de coleta. Sem informação<br />

O primeiro registro científico obtido sobre a Serra do<br />

Cipó é do ano de 1831. Há trabalhos esporádicos ao<br />

longo do século XIX, todos com baixa acurácia quanto<br />

à localização dos pontos de coleta. Tais trabalhos trazem<br />

importantes informações acerca da situação da<br />

região há mais de 150 anos, que permitem algumas<br />

inferências quanto ao estado de conservação atual, e<br />

as mudanças na vegetação em função dos ciclos econômicos<br />

e de ocupação. Há, por exemplo, testemunhos<br />

enfáticos sobre a vertente leste da Serra do Cipó, que<br />

abrigava no século XIX uma luxuriante vegetação de<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


262 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />

Mata Atlântica, comparada por Gardner (1841, citado<br />

por Guimarães, 1991) àquela da Serra dos Órgãos, hoje<br />

reduzida a extensos candeais, inseridos formal e equivocadamente<br />

no bioma Cerrado (Ribeiro et al. 2008).<br />

O número de registros de espécies por ano cresceu<br />

lentamente até a década de 1970, acelerando-se o ritmo<br />

(Figura 1) sobretudo por conta dos estudos botânicos,<br />

coordenados pelo Instituto de Botânica da USP.<br />

No total, foram computados 10.100 registros de espécies,<br />

sendo 4.485 (44,4%) de acurácia baixa, 4.982<br />

(49,3%) de acurácia média e 633 (6,3%) de acurácia alta.<br />

Os registros com acurácia baixa foram maioria até<br />

a década de 1980. A partir da década de 1990 houve<br />

um aumento na preocupação com a localização dos<br />

registros, mas aqueles com acurácia alta só aparecem<br />

em proporção significativa na década de 2000, sendo<br />

atualmente maioria os registros com acurácia média<br />

(Figura 1).<br />

Para o simples registro da ocorrência das espécies,<br />

foram incluídos todos os registros, independentemente<br />

da acurácia, eliminando-se as repetições. Chegou-se<br />

a um total de 3.032 espécies, sendo 2.157 (71,1%) de<br />

plantas, 769 (25,4%) de animais e 106 (3,5%) de algas,<br />

sem considerar sinonímias. Entre as plantas, 1.465<br />

(67,9%) das espécies registradas foram de Dicotiledô-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

neas, 609 (28,2%) de Monocotiledôneas, 56 (2,6%) de<br />

Pteridófitas e 27 (1,3%) de outras classes (Figura 2). Entre<br />

os animais, foram registradas 69 espécies de Mamíferos<br />

(9,0%), 309 de Aves (40,2%), 51 de Répteis (6,6%),<br />

59 de Anfíbios (7,7%), 30 de Peixes (3,9%), 251 de invertebrados<br />

(32,6%) (Figura 3). Foram registradas 376 famílias,<br />

considerando todos os grupos taxonômicos,<br />

sendo 156 de plantas (41,5%), 21 de algas (5,6%), 97 de<br />

invertebrados (25,8%), 7 de peixes (1,9%), 6 de anfíbios<br />

(1,6%), 10 de répteis (2,6%), 54 de aves (14,4%) e 25 de<br />

mamíferos (6,6%) (Figuras 2 e 3). Trata-se claramente de<br />

uma amostragem com tendência ao privilégio de plantas,<br />

em função, em p<strong>arte</strong>, do destacado esforço coordenado<br />

de pesquisa durante décadas. Mas os números<br />

encontrados para a flora refletem, também, o inegável<br />

destaque das plantas em termos de diversidade e endemismos<br />

neste tipo de ecossistema, como ocorre em<br />

situações similares, como nos fynbos, na África do Sul<br />

(Cowling & Hilton-Taylor, 1994).<br />

Quanto ao grau de ameaça, de acordo com o Livro<br />

Vermelho das Espécies Ameaçadas da Fauna de Minas<br />

Gerais (Machado et al. 1998) e com a Lista Vermelha<br />

das Espécies Ameaçadas da Flora de Minas Gerais (Mendonça<br />

& Lins 2000), foram registradas 134 espécies<br />

ameaçadas, sendo 73 dicotiledôneas, 40 monocotile-<br />

FIGURA 1 – Quantidades (barras) e porcentagem (linhas) de registros de espécies com acurácia baixa, média e alta por década na<br />

Serra do Cipó, entre 513 títulos. Entre parênteses o número total de registros para cada década, independentemente da acurácia.


FIGURA 2 – Número de espécies da flora registradas por taxon,<br />

de um total de 2.263 espécies registradas em todos os<br />

trabalhos lidos, incluídos os de baixa acurácia, excluídas<br />

repetições e espécies exóticas. Entre parênteses o número<br />

de famílias registradas para cada taxon, que totalizaram 177.<br />

dôneas, 4 anfíbios, 7 aves, 1 invertebrado, 7 mamíferos,<br />

1 peixe e 1 réptil (Tabela 4); Pela lista nacional, há<br />

apenas 6 espécies ameaçadas: 2 dicotiledôneas, 1<br />

invertebrado, 1 mamífero e 2 répteis (Tabela 4).<br />

Quanto ao endemismo, 209 das espécies registradas<br />

são classificadas como endêmicas, divididas em duas<br />

categorias: endêmicas à Serra do Espinhaço (102) e endêmicas<br />

à Serra do Cipó (107) (Tabela 4). Deste total,<br />

158 (75,6%) são plantas (86 endêmicas ao Espinhaço e<br />

72 à Serra do Cipó). Portanto, tanto no que se refere a<br />

grau de ameaça quanto a grau de endemismo, há um<br />

grande destaque na Serra do Cipó para a flora, considerando<br />

o panorama atual. Deve-se destacar também<br />

os anfíbios, com proporção considerável de espécies<br />

endêmicas (11 das 59 espécies) e também que o grau de<br />

conhecimento sobre a flora é muito maior do que sobre<br />

os demais grupos taxonômicos, exceto mamíferos e aves<br />

Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 263<br />

FIGURA 3 – Número de espécies da fauna registradas por<br />

taxon, de um total de 769 espécies registradas em todos os<br />

trabalhos lidos, incluindo registros de baixa acurácia,<br />

excluídas repetições. Entre parênteses o número de famílias<br />

registradas para cada taxon, que totalizaram 199.<br />

TABELA 3 – Descritores mais freqüentemente utilizados para<br />

os pontos de coleta pelos autores dos trabalhos de pesquisa,<br />

considerando os 3.122 registros de espécies com acurácia<br />

média ou alta.<br />

NÚMERO DE<br />

CATEGORIAS REGISTROS % DO TOTAL<br />

Rodovia MG-010 2.303 73,76<br />

Outras estradas 63 2,02<br />

Parque Nacional* 541 17,33<br />

Outras referências 215 6,89<br />

Total 3.122 100<br />

* Incluindo todos os pontos efetivamente localizados dentro do<br />

Parque, independentemente de o fato ser mencionado ou não pelo<br />

pesquisador. A ressalva é pertinente já que há uma certa confusão<br />

por p<strong>arte</strong> de alguns pesquisadores que nem sempre conhecem os<br />

limites da unidades de conservação e julgam estar no Parque quando<br />

não estão, ou desconhecem estar no Parque quando estão.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


264 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />

TABELA 4 – Número de espécies ameaçadas (pelas listas estadual [MG] e nacional [BR]) e endêmicas (à Serra do Cipó ou à<br />

Serra do Espinhaço) por taxon. QA: “quase ameaçada”; VU: “vulnerável”; EP: “em perigo”; CP: “criticamente em perigo”;<br />

PE: “provavelmente extinta”; RA: “rara”; EE: “endêmica à Serra do Espinhaço”; EC: “endêmica à Serra do Cipó”.<br />

TOTAL DE<br />

TAXON ESPÉCIES STATUS DE AMEAÇA MG STATUS DE AMEAÇA BR ENDEMISMO<br />

cujas listas não devem crescer significativamente com<br />

mais esforço de pesquisa. É de se esperar um grande<br />

aumento na quantidade de espécies classificadas como<br />

ameaçadas e endêmicas entre os invertebrados, à medida<br />

que aumente a quantidade de espécies conhecidas.<br />

Quanto à distribuição espacial dos dados existentes,<br />

evidencia-se a concentração das coletas nas proximidades<br />

da rodovia que atravessa a Serra do Cipó (MG-010).<br />

A Tabela 3 lista como os pesquisadores descrevem seus<br />

locais de coleta, mostrando que cerca de 75% dos registros<br />

foram obtidos próximo a estradas, enquanto<br />

apenas cerca de 17% foram obtidos no Parque Nacional.<br />

Destes últimos, grande p<strong>arte</strong> provêm das proximidades<br />

das sedes do Parque, onde há estrutura de alojamento<br />

para pesquisadores. As figuras 4 a 7 mostram<br />

mapas da região, com os limites das unidades de conservação<br />

federais e os pontos de registro de espécies.<br />

Na figura 4 estão os pontos de registros de espécies de<br />

plantas e invertebrados. Percebe-se uma grande concentração<br />

nos Campos Rupestres, sobretudo ao longo<br />

da rodovia MG-010. Os registros de fauna mostram<br />

maior dispersão, e um número bem menor de pontos<br />

(Figura 5). A figura 6 mostra a distribuição espacial dos<br />

registros nas bacias hidrográficas dos rios São Francisco<br />

(a oeste) e Doce (a leste). Há um claro desequilíbrio<br />

no esforço de pesquisa, com 73,5% dos registros sendo<br />

provenientes da bacia do São Francisco, contra 26,5%<br />

da bacia do Doce (Figura 6). A única exceção a este pa-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

QA VU EP CP PE RA VU EP CP PE EE EC<br />

Algae 106 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 17<br />

Bryopsida 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Coniferopsida 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Dicotyledoneae 1.465 0 35 23 12 3 1 1 0 0 0 55 20<br />

Lycopsida 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Monocotiledoneae 609 0 15 9 4 12 0 0 0 0 0 30 51<br />

Pteropsida 56 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1<br />

Amphibia 59 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 3 8<br />

Ave 309 6 1 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0<br />

Invertebrata 251 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 6 7<br />

Mammalia 69 0 3 3 1 0 0 1 0 0 0 0 1<br />

Pisces 30 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Reptilia 51 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 2 2<br />

drão são os registros de invertebrados, provenientes<br />

em sua maioria (94,6%) da bacia do rio Doce. Estes dados,<br />

entretanto, resultam quase exclusivamente de estudos<br />

de um único grupo de pesquisa, que levantou<br />

invertebrados bentônicos em rios e córregos da região<br />

leste da Serra (Galdean et al. 2001 e outros trabalhos<br />

da equipe coordenada pelo Dr. Marcos Callisto). O conhecimento<br />

sobre invertebrados terrestres é muito<br />

pequeno, correspondendo certamente ao grupo com<br />

maior quantidade de espécies por registrar na região.<br />

A análise da distribuição dos registros entre os 3<br />

biomas da região mostra uma grande concentração<br />

(80,2%) nos Campos Rupestres, contra 11,2% provenientes<br />

do Cerrado e 8,6% da Mata Atrlântica (Figura 7). A<br />

única exceção a esta tendência são os registros de aves,<br />

que provêm em sua maioria do Cerrado (91,7%). Mais<br />

uma vez, a maioria dos registros resultam da atuação<br />

de um único grupo de pesquisa que publicou um artigo<br />

com uma lista das aves do vale do rio Mascates (Rodrigues<br />

et al. 2005).<br />

A maior p<strong>arte</strong> dos estudos, portanto, concentra-se<br />

nas fitofisionomias inseridas no complexo dos Campos<br />

Rupestres, e na vertente oeste da Serra (bacia do São<br />

Francisco). São ambientes sub-inventariados as matas<br />

de outras formações de neblina a leste, as fisionomias<br />

de mata atlântica associadas a solos mais férteis a leste<br />

e as fitofisionomias de cerrado, incluindo as vastas extensões<br />

de campos sujos.


Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 265<br />

FIGURA 4 – Localização dos registros de ocorrência de plantas e invertebrados na região da Serra do Cipó.<br />

Apenas registros com acurácia alta (ponto exato) e média (localização atribuída) foram utilizados. Em muitos<br />

casos há sobreposição de pontos. Os diferentes símbolos indicam classes de quantidades de registros localizados<br />

no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5 registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros; = 41 a 80<br />

registros; = 81 ou mais registros.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


266 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />

FIGURA 5 – Localização dos registros de ocorrência de plantas e vertebrados terrestres na região da Serra do<br />

Cipó. Apenas registros com acurácia alta (ponto exato) e média (localização atribuída) foram utilizados. Em<br />

muitos casos há sobreposição de pontos. Os diferentes símbolos indicam classes de quantidades de registros<br />

localizados no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5 registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros;<br />

= 41 a 80 registros; = 81 ou mais registros.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 267<br />

FIGURA 6 – Localização dos registros de ocorrência de espécies por bacia hidrográfica (São Francisco e Doce)<br />

na região da Serra do Cipó. Pte: pteridófitas; Mon: monocotiledôneas; Dic: dicotiledôneas; Inv: invertebrados;<br />

Anf: anfíbios; Rep: répteis; Ave: aves; Mam: mamíferos. Apenas registros com acurácia alta (ponto exato) e<br />

média (localização atribuída) foram utilizados. Em muitos casos há sobreposição de pontos. Os diferentes<br />

símbolos indicam classes de quantidades de registros localizados no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5<br />

registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros; = 41 a 80 registros; = 81 ou mais registros. Os<br />

rótulos indicam a porcentagem do total de registros de cada taxon que foi verificada no bioma em questão.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


268 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />

FIGURA 7 – Localização dos registros de ocorrência de espécies por bioma (Cerrado, Campos Rupestres e Mata<br />

Atlântica) na região da Serra do Cipó. Pte: pteridófitas; Mon: monocotiledôneas; Dic: dicotiledôneas; Inv:<br />

invertebrados; Anf: anfíbios; Rep: répteis; Ave: aves; Mam: mamíferos. Apenas registros com acurácia alta (ponto<br />

exato) e média (localização atribuída) foram utilizados. Em muitos casos há sobreposição de pontos. Os diferentes<br />

símbolos indicam classes de quantidades de registros localizados no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5<br />

registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros; = 41 a 80 registros; = 81 ou mais registros. Os rótulos<br />

indicam a porcentagem do total de registros de cada taxon que foi verificada no bioma em questão.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


DISCUSSÃO<br />

O interesse científico pela Serra do Cipó é antigo e remonta,<br />

pelo menos, às observações dos naturalistas<br />

europeus que passaram pela região a partir do século<br />

XIX. São cheios de surpresa os relatos de Saint-Hilaire<br />

(citado em Guimarães, 1991), Langsdorff (Silva et al.,<br />

1997), Spix e Martius (citados em Guimarães, 1991)<br />

entre outros, com a exuberância e diversidade da natureza<br />

da região. A Serra do Cipó era uma região muito<br />

pobre, periférica em relação aos centros de mineração,<br />

pela ausência de ouro ou outros minérios valiosos, à<br />

qual se deve a preservação até os dias atuais de parcelas<br />

consideráveis de seus ecossistemas, vizinhos a pequenos<br />

povoados com economia de subsistência. Mas<br />

as questões que mais lhes chamavam atenção permanecem<br />

atuais: como era possível tamanha quantidade<br />

de espécies diferentes com formas similares em tão pequenas<br />

distâncias? Como era possível a existência de<br />

tantas espécies de plantas de um mesmo gênero em<br />

simpatria?<br />

A Serra do Cipó concentrou os primeiros estudos sistemáticos<br />

sobre a vegetação dos campos rupestres,<br />

desde as primeiras expedições das equipes de botânicos<br />

da USP no início da segunda metade do século XX<br />

até a organização, na década de 1980, de levantamentos<br />

organizados da flora, que resultaram em monografias<br />

sobre as diversas famílias botânicas que vêm sendo<br />

publicadas desde então, com seguidas novidades surgindo<br />

até hoje, sendo publicadas principalmente no<br />

Boletim de Botânica da USP, a partir do seu número 9.<br />

Desde então os inventários detalhados da vegetação<br />

de campos rupestres se estenderam a diversas outras<br />

regiões notáveis, como Chapada Diamantina (Giulietti<br />

et al., 1997) e Grão-Mogol (Pirani et al., 2003), sempre<br />

se destacando a elevada taxa de endemismo restrito ao<br />

nível específico e a grande diversificação de alguns gêneros<br />

e famílias, tais como Eriocaulaceae, Velloziaceae,<br />

Xyridaceae. A expansão do conhecimento sobre campos<br />

rupestres vem reforçando a necessidade de criação<br />

e efetivação dos mecanismos de proteção, e confirmando<br />

as idiossincrasias e especificidades desta vegetação,<br />

que levaram Prance (1994) a defender que os campos<br />

rupestres sejam considerados como fitocória autônoma.<br />

Os campos rupestres são encontrados em numerosas<br />

e extensas áreas de afloramentos quartzíticos sobre<br />

o escudo brasileiro, nas porções centrais do Brasil,<br />

alcançando pelo menos os estados das regiões sudeste,<br />

centro-oeste e nordeste. Enfocando-se apenas a<br />

Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 269<br />

Serra do Espinhaço, trata-se de uma vegetação que recobre<br />

uma cadeia montanhosa com cerca de 1.000 km<br />

de extensão, na direção norte sul, conectando a porção<br />

central do estado da Bahia à porção central do estado<br />

de Minas Gerais, sendo conhecida antigamente<br />

como Serra Geral, justamente em função de sua posição<br />

e ubiqüidade.<br />

Considerando tamanha extensão territorial, proporcional<br />

à nossa ignorância acerca da real dimensão e distribuição<br />

espacial da diversidade nos campos rupestres,<br />

é de se desejar que estudos sobre sua flora, fauna, ecologia<br />

e conservação, dentre outros, focalizem áreas bem<br />

distribuídas na ampla extensão dos campos rupestres,<br />

de modo a responder a questões de caráter teórico e<br />

também a embasar estratégias de conservação eficazes.<br />

Esta tendência de dispersão, apesar de todas as<br />

dificuldades logísticas, vem sendo verificada.<br />

No entanto, ao fazermos uma análise mais detalhada<br />

de uma única região – a Serra do Cipó – percebemos<br />

uma elevada concentração de pesquisas que se deve,<br />

em p<strong>arte</strong>, a questões logísticas – o deslocamento a partir<br />

das capitais não é trivial, principalmente até um passado<br />

recente quando poucas estradas eram pavimentadas,<br />

e se deve, em p<strong>arte</strong>, a uma certa “saciedade” dos<br />

pesquisadores, que sempre encontraram diversidade e<br />

desafios imensos em áreas próximas às estradas.<br />

No entanto, a elevada diversidade de tipos de solos<br />

e climas existente na Serra do Cipó e a antiguidade dos<br />

usos do solo, exigem que certas questões sejam investigadas.<br />

Por exemplo, neste momento em que diversos<br />

empreendimentos estão sendo planejados e propostos<br />

para as imediações do Parque Nacional da Serra do Cipó,<br />

incluindo alguns de grande porte na área da mineração,<br />

quais são as áreas fora dos limites do Parque que<br />

devem ser priorizadas para a conservação? Qual a importância<br />

biológica e o grau de endemismo das áreas<br />

de campos rupestres distantes das estradas, como na<br />

vertente oriental da Serra, que claramente tem elementos<br />

de mata atlântica, como mencionado por Giulietti<br />

et al (1987) e detalhado por Ribeiro et al. (2008)? Qual<br />

a relação entre a heterogeneidade espacial da vegetação<br />

de campos rupestres e as características do substrato<br />

rochoso – que varia de quartzitos puros a formações<br />

com forte influência calcária ou anfibolitos? O<br />

mesmo deve ser pensado em relação à fauna, em grande<br />

p<strong>arte</strong> associada ao Cerrado, mas que pode revelar<br />

grandes surpresas ao se aprimorarem os estudos na<br />

vertente oriental, inserida no vale do rio Doce, como<br />

vem sendo mostrado pela equipe do Dr. Marcos Rodrigues,<br />

que em relação a aves vem caracterizando quatro<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


270 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />

grandes ambientes na região – Cerrados, Campos Rupestres,<br />

Campos de Altitute e Mata Atlântica, com seus<br />

grupos característicos. Tais questões podem ser pontos-chave<br />

na definição de decisões imediatas, como o<br />

zoneamento da APA Morro da Pedreira e a delimitação<br />

da zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra<br />

do Cipó.<br />

Para que a ampliação das fronteiras locais dos trabalhos<br />

de campo seja viável, considerando a evidente pressão<br />

para que as pesquisas sejam realizadas dentro de<br />

prazos cada vez mais curtos, principalmente ao nível<br />

das pós-graduações, de onde vêm a maioria dos pesquisadores<br />

que freqüentam a Serra do Cipó, é fundamental<br />

que os responsáveis pelas unidades de conservação<br />

e pela gestão dos recursos naturais de uma certa<br />

região favoreçam a interiorização das pesquisas, seja<br />

pela implantação de infra-estruturas e auxílio logístico,<br />

seja pela organização do conhecimento e proposição<br />

de perguntas, a partir da experiência local e desafios<br />

de manejo, que sirvam de estímulo e irresistível<br />

convite aos pesquisadores.<br />

No caso da Serra do Cipó, conseguiu-se recursos para<br />

a realização de três estudos que julgamos de extrema<br />

importância para que as futuras pesquisas tragam à tona<br />

uma compreensão mais aprofundada dos campos rupestres,<br />

quais sejam: 1) monitoramento das variáveis<br />

climáticas em duas estações meteorológicas localizadas<br />

nas sedes do Parque, uma a 750m de altitude e outra<br />

a 1.350 metros, em que são obtidos dados de temperatura,<br />

umidade relativa do ar e precipitação; 2) mapeamento<br />

anual das áreas queimadas desde a criação do<br />

Parque Nacional (1984), com uso de imagens LandSat,<br />

a cargo da Dra. Helena França e 3) mapeamento dos<br />

solos na escala 1:100.000, a cargo da equipe do Dr.<br />

Carlos Schaefer, do Departamento de Solos da UFV. Estes<br />

dados permitirão uma melhor compreensão do uso<br />

atual e histórico do solo, da vegetação potencial de cada<br />

região da Serra do Cipó, bem como de alguns dos mecanismos<br />

envolvidos na moldagem da paisagem e na<br />

evolução da vegetação e da fauna. Esperamos que estas<br />

informações provoquem novas linhas de pesquisa,<br />

que questionem a relação do fogo com a diversidade e<br />

estrutura da vegetação e que busquem maior compreensão<br />

em relação à influência da Mata Atlântica sobre a<br />

vegetação dos campos rupestres, dentre outras.<br />

A organização, sistematização e divulgação do conhecimento<br />

existente sobre as unidades de conservação,<br />

na sua própria região de influência, é outro grande<br />

desafio para todos os gestores. A manutenção de<br />

acervos tem um custo e uma demanda operacional que<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

em muitos casos excede as possibilidades locais das<br />

unidades de conservação e das localidades onde ficam<br />

suas sedes. Disponibilizá-los ao público com responsabilidade<br />

é tarefa que estará acima das possibilidades<br />

de quase todas as unidades de conservação, no estágio<br />

atual de seus processos de implantação. No I Encontro<br />

Nacional de Parques de Montanha, realizado no Parque<br />

Nacional da Serra dos Órgãos em novembro de 2006,<br />

uma demanda geral, dos gestores, pesquisadores e usuários<br />

foi por apoio à implantação de meios de concentração<br />

da informação – publicações específicas, revisões,<br />

tótens com informação digitalizada, portais eletrônicos,<br />

por exemplo. Todos concordaram também<br />

com a necessidade de se criar estímulos e apoios para<br />

a realização de expedições e pesquisas no interior das<br />

unidades, evidenciando que a concentração dos estudos<br />

em regiões de mais fácil acesso é um problema<br />

geral. Também muito importante é o diálogo entre pesquisadores<br />

e técnicos das unidades de conservação e<br />

moradores de áreas vizinhas, de modo a se criar uma<br />

sinergia entre todos os atores deste processo, do qual<br />

fazem p<strong>arte</strong> a preservação dos ecossistemas, a<br />

viabilização do acesso e permanência dos visitantes (incluindo<br />

pesquisadores) e a potencialização dos efeitos<br />

da visita, gerando uma experiência rica e marcante. Dois<br />

exemplos evidenciam a importância desta proposição:<br />

Sutherland (2000) descreve o caso de três mamíferos<br />

de grande porte localizados nas florestas mais ermas<br />

do Vietnã já na última década do século XX após grande<br />

esforço em campo, mas viabilizado concretamente<br />

em função de depoimentos e testemunhos da população<br />

local, principalmente caçadores. Tais descobertas<br />

fomentaram a ampliação e implementação de uma unidade<br />

de conservação. Na Serra do Cipó, a canela de<br />

ema gigante (Vellozia gigantea), planta tida como endêmica<br />

restrita, com cerca de 1 ha de distribuição, foi<br />

mapeada em detalhe e sua distribuição elevada a cerca<br />

de 2.200ha, estudo estimulado por testemunhos de<br />

guias de montanha locais (Ribeiro et al., dados não publicados).<br />

Em função da ampliação da área conhecida<br />

de distribuição desta planta, a população primeiramente<br />

conhecida, que ocorre em afloramentos quartzíticos de<br />

grande beleza que concentram muitos dos estudos<br />

botânicos da USP, deixou de ser vista como prioritária<br />

para estrita conservação. No I Seminário Interdisciplinar<br />

de Pesquisadores da Serra do Cipó, realizada em 2007,<br />

apoiou-se a proposição de estabelecer naquela região<br />

uma trilha suspensa, interpretativa, que traga ao conhecimento<br />

público dados dos 40 anos de investigações<br />

botânicas.


AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos à Conservação Internacional do Brasil pelo<br />

apoio oferecido na forma de bolsa para MR Juliano e JS<br />

Nascimento e equipamentos para geoprocessamento;<br />

ao Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre<br />

pela parceria, ao IBAMA pelos recursos e estrutura disponibilizados,<br />

aos colegas do IBAMA André Miranda,<br />

Sérgio Machado, Wagner Queiroga e Rafael Belmiro pela<br />

cooperação nos trabalhos de aferição em campo, à Fundação<br />

O Boticário de Proteção à Natureza pelo financiamento<br />

das excursões à face leste do Parque Nacional<br />

da Serra do Cipó, no mapeamento da distribuição da<br />

“canela-de-ema gigante” (Vellozia gigantea).<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Almeida-Abreu, P. A. 1995. O Supergrupo Espinhaco da Serra<br />

do Espinhaço Meridional (Minas Gerais): o Rifte, a Bacia, o<br />

Orogeno. Geonomos 3: 1-18.<br />

Burke, A. 2007. How sampling effort affects biodiversity<br />

measures in an arid succulent karoo biodiversity hotspot.<br />

African Journal of Ecology. doi:10.1111/j.1365-2028.2007.<br />

00884.x<br />

Cowling, R. M. & C. Hilton-Taylor. 1994. Patterns of plant<br />

diversity and endemism in southern Africa: an overview. In:<br />

B. J. Huntley (ed.). Botanical Diversity in Southern Africa. pp<br />

31-52. National Botanical Institute, Pretoria.<br />

Galdean, N., M. Callisto & F. A. R. Barbosa. 2001. Biodiversity<br />

assessment of benthic macroinvertebrates in altitudinal lotic<br />

ecosystems of Serra do Cipó (MG-Brazil). Brazilian Journal of<br />

Biology 61: 239-248.<br />

Giulietti. A. M., N. L. Menezes, J. R. Pirani, M. Meguro & M. G. L.<br />

Wanderley. 1987. Flora da Serra do Cipó: Caracterização e<br />

lista de espécies. Boletim de Botânica da Universidade de<br />

São Paulo 9: 1-151.<br />

Giulietti, A. M., J. R. Pirani & R. M. Harley. 1997. Espinhaço range.<br />

In S. D. Davis, V.H. Heywood, O. Herrera-MacBryde e J.<br />

Villa-Lobos (eds.) Centres of Plant Diversity, Vol. 3. The<br />

Americas. pp 397-404. National Museum of Natural History,<br />

Smithsonian Institution. Washington.<br />

Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 271<br />

Guimarães, C. M. 1991. A ocupação histórica da região de<br />

Santana do Riacho. Arquivos do Museu de História Natural,<br />

volume XXII, 13-32.<br />

Gutzwiller, J. K. 2002. Applying landscape ecology in biological<br />

conservation. Springer-Verlag, Nova York, EUA<br />

Machado, A. B. M., G. A. B. Fonseca, R. B. Machado, L. M. S.<br />

Aguiar & L. V. Lins. 1998. Livro vermelho das espécies ameaçadas<br />

de extinção da fauna de Minas Gerais. Fundação Biodiversitas,<br />

Belo Horizonte, Brasil, 608 p.<br />

Madeira, J.A. & G.W. Fernandes. 1999. Reproductive phenology<br />

of sympatric taxa of Chamaecrista (Leguminosae) in Serra do<br />

Cipó, Brazil. Journal of Tropical Ecology 15: 463-479.<br />

Mendonça, M. P. & L. V. Lins. 2000. Lista vermelha das espécies<br />

ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais. Fundação<br />

Biodiversitas/ Fundação Zoo-botânica de Belo Horizonte, Belo<br />

Horizonte, Brasil, 157 p.<br />

Pirani, J. R., R. Mello-Silva & A. M. Giulietti. 2003. Flora de Grão-<br />

Mogol, Minas Gerais. Boletim de Botânica da Universidade<br />

de São Paulo, 21: 1-24.<br />

Prance, G. T. 1994. The use of phytogeographic data for<br />

conservation planning. In P. I. Forey, C. J. Humphries & R. I.<br />

Wane-Wright (eds.) Systematics and conservation evaluation.<br />

Clarendon Press. pp 145-163. Oxford, Reino Unido.<br />

Ribeiro, K. T., J. A. Madeira, J. S. Nascimento, L. C. Ribeiro & M.<br />

J. R. Oliveira. 2008. Aferindo os Limites da Mata Atlântica na<br />

Serra do Cipó – MG. Natureza & Conservação, no prelo.<br />

Rich, T.C.G. & P.A. Smith. 1996. Botanical recording, distribution<br />

maps and species frequencies. Watsonia 21: 155-167.<br />

Rodrigues, M., L. A. Carrara, L. P. Faria & H. B. Gomes. 2005. Aves<br />

do Parque Nacional da Serra do Cipó: o Vale do Rio Cipó, Minas<br />

Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 22: 326-338.<br />

Silva, D. G. B., B. N. Komissarov, H. Becher, P. M. Levy & M. P.<br />

Braga. 1997. Os Diários de Langsdorff Vol. I – Rio de Janeiro<br />

e Minas Gerais, 8 de Maio de 1824 a 17 de Fevereiro de 1825.<br />

Co-edição Associação Internacional de Estudos Langsdorff,<br />

Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Editora FIOCRUZ, Rio de<br />

Janeiro, Brasil. 400pp.<br />

Sutherland, W. J. 2000. The Conservation Handbook: Research,<br />

Management and Policy. Blackwell Science, Oxford, Reino<br />

Unido.<br />

Wiens, J. A. 2002. Central Concepts and Issues of Landscape<br />

Ecology. Em: Gutzwiller, J.K. (ed.) Applying landscape ecology<br />

in biological conservation, pp 3-21. Springer-Verlag, Nova York,<br />

EUA.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Identificação de áreas insubstituíveis para<br />

conservação da Cadeia do Espinhaço,<br />

estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA 1<br />

RICARDO BOMFIM MACHADO 2<br />

ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO 1<br />

GLÁUCIA MOREIRA DRUMOND 3<br />

RAFAEL LUIS FONSECA 2<br />

MAÍRA FIGUEIREDO GOULART 1<br />

EDSEL AMORIM MORAES JÚNIOR 1<br />

CÁSSIO SOARES MARTINS 3<br />

MÁRIO BARROSO RAMOS NETO 2<br />

1 Biotrópicos – Instituto de Pesquisa em Vida Silvestre, Minas Gerais, Brasil.<br />

2 Conservação Internacional, Brasília, Brasil.<br />

3 Fundação Biodiversitas, Minas Gerais, Brasil.<br />

* e-mail: quincas@biotropicos.org.br<br />

RESUMO<br />

A cadeia do Espinhaço é uma região montanhosa localizada no sudeste brasileiro, entre os<br />

estados de Minas Gerais e Bahia. A região é um divisor dos domínios do Cerrado e da Mata<br />

Atlântica em sua porção centro-sul e também um divisor do Cerrado e Caatinga em sua porção<br />

norte. O Espinhaço é também considerado um dos mais importantes centros de endemismos<br />

do Brasil, pois inúmeras espécies de diferentes grupos taxonômicos somente são encontradas<br />

nessa região. Devido à sua importância, realizamos um exercício de avaliação sobre o desempenho<br />

de um conjunto de áreas protegidas da região (31 unidades de conservação que somam<br />

pouco mais de 520.000 hectares) para a proteção de 648 objetos de conservação, sendo 607<br />

espécies da fauna e da flora, 41 diferentes tipos de ecossistemas e um mapa representativo<br />

de serviços ambientais. Utilizamos a abordagem do planejamento sistemático para a conservação,<br />

onde estabelecemos metas explícitas de conservação para cada um dos alvos considerados.<br />

Dessa maneira, foi possível avaliar o desempenho do conjunto de áreas protegidas na<br />

conservação dos objetos selecionados, bem como identificar eventuais lacunas de conservação<br />

e apontar outras áreas complementares necessárias para assegurar a representatividade<br />

das unidades de conservação do Espinhaço. A análise de lacunas revelou que 271 objetos de<br />

conservação (41,8% do total) não estão adequadamente protegidos na região (considerando<br />

uma representação da meta de conservação abaixo de 10%) e para que houvesse uma proteção<br />

minimamente adequada, seria necessário incluir outras 27 áreas no sistema de áreas protegidas<br />

do Espinhaço.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Palavras-chave – Seleção de reserva, Conservação da biodiversidade, planejamento sistemático<br />

para conservação, complementaridade, áreas protegidas, Brasil.<br />

ABSTRACT<br />

Espinhaço is the name for a mountain chain located on Southeasten Brazil, between the states of<br />

Minas Gerais and Bahia. The region, with 1,200 km from north to south, is a natural division for<br />

the Brazilian Cerrado (woodland savanna) and the Atlantic Forest, and also a divisor for the<br />

Cerrado and Caatinga (tropical xerophytic forest) on the north. The Espinhaço is also an important<br />

endemism center, because many species from different taxonomic groups occurs only on this region.<br />

Due to its biological importance, we evaluate the performance of the protected areas set (a total<br />

of 31 protected areas that cover close to 520,000 hectares) on the protection of 648 conservation<br />

targets, being 607 species of fauna and flora, and 41 different ecosystems types. We used the<br />

approach of the systematic conservation planning and defined specific conservation goals for<br />

each considered target. So, it was possible to evaluate the performance of the protected areas on<br />

the protections of the selected targets, identify conservation gaps and highlight complementing<br />

areas needed to ensure the representativeness of Espinhaço’s system of protected areas. The gap<br />

analysis shows that 271 conservation targets (41.8% of total) weren’t properly protected on the<br />

region (i.e., targets with less then 10% of protection for the proposed goal). To build a representative<br />

system, additional 27 areas should be considered as new protected areas on the region.<br />

Keywords – Reserve selection, biodiversity conservation, systematic conservation planning,<br />

complementarity, protected areas, Brazil.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A criação de áreas protegidas, conhecidas no Brasil<br />

como unidades de conservação, é considerada como<br />

uma das mais eficientes estratégias para a conservação<br />

da biodiversidade (Bruner et al., 2001; Hockings 2003).<br />

Na última década houve um aumento bastante significativo<br />

no número de unidades e no tamanho das áreas<br />

protegidas ao redor do planeta. Até 2003 existiam pouco<br />

mais de 102.000 áreas protegidas ou uma área de<br />

18,2 milhões de km2, o que corresponde a 11,5% da<br />

superfície terrestre do planeta (Brooks et al., 2004;<br />

Chape et al., 2003). A despeito desse enorme esforço,<br />

alguns estudos apontam para a necessidade de se adotar<br />

uma abordagem mais lógica para a inclusão de novas<br />

áreas nos sistemas regionais de áreas protegidas, pois<br />

mesmo considerando o total protegido no planeta, várias<br />

lacunas de conservação ainda existem (Rodrigues<br />

et al., 2004; Rodrigues et al., 2003). P<strong>arte</strong> dessa situação<br />

está relacionada ao fato de que a criação de unidades<br />

de conservação tem sido oportunista e muitas foram<br />

estabelecidas para atender objetivos diversos aos da conservação<br />

da biodiversidade (Pressey et al., 1993).<br />

Na tentativa de se evitar a proteção inadequada<br />

ou pouco representativa da biodiversidade nas áreas<br />

protegidas, situação observada em várias regiões<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 273<br />

(Armenteras et al., 2003; Fearnside & Ferraz 1995;<br />

Oldfield et al., 2004; Paglia et al., 2004; Pressey et al.,<br />

2002), sugere-se a adoção de uma abordagem mais sistematizada<br />

para a conservação (Margules & Pressey<br />

2000; Pressey et al., 1993). Conjuntos de áreas protegidas<br />

devem, dessa maneira, ser avaliados e diagnosticados<br />

em função do papel que desempenham na proteção<br />

da biodiversidade. Tal avaliação foi indicada como necessária<br />

pela Sétima Conferência das P<strong>arte</strong>s (COP7)<br />

da Convenção sobre Diversidade Biológica. De acordo<br />

com o programa de trabalho com áreas protegidas,<br />

cada país deve realizar uma análise para estabelecer<br />

um conjunto de áreas que seja “compreensivo, efetivamente<br />

manejado e ecologicamente representativo e que<br />

sistemas nacionais e regionais ... contribuam para o<br />

cumprimento dos três objetivos da Convenção...”<br />

(UNEP-CDB 2004).<br />

A necessidade de desenho de sistemas representativos<br />

de áreas protegidos é ainda maior nas regiões que<br />

apresentam grandes concentrações de espécies endêmicas,<br />

concentração essa resultante de longos processos<br />

evolutivos. A região da Cadeia do Espinhaço, localizada<br />

no leste brasileiro é um dos centros de endemismo<br />

reconhecidos no Brasil (Silva & Bates 2002; Simon &<br />

Proença 2000) que possui um baixo número de áreas<br />

protegidas. Se considerarmos somente as unidades de<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


274 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

conservação de proteção integral (sensu Brasil 2000),<br />

verifica-se que no Espinhaço o percentual de proteção<br />

é de apenas 2,6% para uma área de mais de 18 milhões<br />

de hectares.<br />

O trabalho apresentado faz p<strong>arte</strong> do projeto Espinhaço<br />

Sempre Vivo, que é desenvolvido pelas organizações<br />

não governamentais Instituto Biotrópicos,<br />

Fundação Biodiversitas e Conservação Internacional e<br />

representa uma das primeiras etapas de planejamento<br />

e identificação de áreas prioritárias para a conservação<br />

na Cadeia do Espinhaço. Os objetivos desse estudo foram<br />

avaliar o desempenho das unidades de conservação<br />

existentes na proteção da biodiversidade e identificar<br />

áreas complementares, necessárias para a criação<br />

de um sistema representativo para a conservação da<br />

biota regional.<br />

MÉTODOS<br />

Área de estudo<br />

A área considerada neste estudo abrangeu a cadeia do<br />

Espinhaço, uma formação montanhosa existente no leste<br />

brasileiro que se estende desde Minas Gerais até o<br />

estado da Bahia (Figura 1). O Espinhaço caracteriza-se<br />

por ser um conjunto de montanhas bastante antigas,<br />

do Paleo/Mesoproterozóico (Martins-Neto 1998) que<br />

possuem uma alternância de formações quartzíticas e<br />

de filitos (Dossin et al. 1990). Do ponto de vista biogeográfico,<br />

o platô do Espinhaço representa uma das<br />

poucas áreas do Cerrado que se mantiveram estáveis<br />

durante mudanças climáticas do passado, inclusive as<br />

recentes alterações observadas no Pleistoceno. Com<br />

isto, é bem provável que tal estabilidade ecológica tenha<br />

permitido o surgimento de endemismos para vários<br />

grupos taxonômicos, como aves (Silva 1997) ou<br />

plantas (Simon & Proença 2000). A região é coberta por<br />

formações típicas do Cerrado, embora existam fitofisionomias<br />

de transição com outros biomas (IBGE 1993).<br />

Em sua porção centro-meridional, as encostas são<br />

recobertas por matas semideciduais que fazem a transição<br />

para a Mata Atlântica. Já na porção norte, há a<br />

presença de formações de transição com a Caatinga,<br />

na altura do Parque Nacional da Chapada de Diamantina.<br />

Ao longo de todo Espinhaço, nas regiões de maior<br />

altitude, predominam as formações campestres, em especial<br />

os campos rupestres, áreas de grande diversidade<br />

biológica que ocupam regiões disjuntas ao longo da<br />

Serra (Rapini et al., neste volume). Nos campos rupestres<br />

predominam as canelas de ema, cactáceas, bromélias<br />

e sempre-vivas. As bromélias do Espinhaço, por<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

exemplo, estão representadas por 221 espécies, sendo<br />

que 49% delas são endêmicas à região (Versiex et al.,<br />

neste volume). Para este estudo, consideramos como<br />

área de Espinhaço todas as regiões localizadas acima<br />

da cota de 800 metros de altitude, tendo-se como base<br />

o modelo digital de terreno elaborado pela Agência<br />

Espacial Americana – NASA (CGIAR-CIS 2004).<br />

Compilação de informações<br />

A primeira iniciativa do projeto Espinhaço Sempre Vivo<br />

foi a elaboração de um banco de dados sobre a biodiversidade<br />

da Cadeia do Espinhaço. Como se tratou<br />

de um banco de dados colaborativo, houve a sua<br />

disponibilização on line com o intuito de para receber<br />

contribuições de especialistas convidados. Inicialmente<br />

o banco de dados foi alimentado com informações<br />

disponíveis na literatura e, posteriormente, seguiu-se<br />

a fase de consulta ampla realizada de outubro de 2005<br />

a fevereiro de 2006 (acesso http://www.biotropicos.<br />

org.br para ver a relação dos contribuintes do banco<br />

de dados).<br />

Os resultados compilados no banco de dados<br />

embasaram a segunda iniciativa do Projeto Espinhaço<br />

Sempre Vivo: a organização do seminário “Diagnóstico<br />

do status do conhecimento da biodiversidade e da conservação<br />

do Espinhaço”, realizado de 13 a 15 de março<br />

de 2006, na Fazenda Monjolos, Serra do Cipó, Minas<br />

Gerais, com a participação de pesquisadores de várias<br />

áreas do conhecimento biológico que atuam em Minas<br />

Gerais e na Bahia. Durante o evento foi aplicado um<br />

exercício de planejamento da conservação da Cadeia<br />

do Espinhaço.<br />

Identificação de áreas insubstituíveis<br />

De acordo com os princípios do planejamento sistemático<br />

para a conservação (Balmford 2003; Cowling &<br />

Pressey 2003; Margules & Pressey 2000), o desenho de<br />

um sistema representativo de áreas protegidas deve ser<br />

elaborado a partir da revisão do conjunto de unidades<br />

de conservação existentes para proteção de objetos de<br />

conservação previamente selecionados. Para cada objeto<br />

selecionado devem ser estabelecidas metas explícitas<br />

de conservação que possam ser utilizadas para<br />

avaliar a performance do conjunto de unidades de conservação<br />

na proteção dos objetos considerados. O grau<br />

de importância das regiões que devem ser adicionadas<br />

ao sistema de áreas protegidas para complementar a<br />

conservação dos objetos selecionados é medido por<br />

sua insubstituibilidade. Assim, a insubstituibilidade é a<br />

medida da contribuição de uma determinada unidade<br />

de planejamento para a consecução das metas estabe-


lecidas (Pressey et al., 1994). Para a determinação do<br />

valor da insubstituibilidade e o desenho de cenários de<br />

conservação, utilizamos o programa MARXAN (Marine<br />

Reserve Design Using Spatially Explicit Annealing) (Ball &<br />

Possingham 2000). O programa requer, além da indicação<br />

dos objetos de conservação e respectivas metas, a<br />

definição de um indicativo do custo associado a cada<br />

unidade de planejamento (as subdivisões da região de<br />

análise). A solução <strong>final</strong>, que define um sistema representativo<br />

de áreas protegidas, representa o cenário de<br />

menor custo dentro de um conjunto de soluções possíveis.<br />

O programa MARXAN possui uma função objetivo<br />

que busca soluções de menor custo para a proteção<br />

total dos objetos e metas estabelecidas. Isso vale dizer<br />

que o programa busca selecionar as unidades de planejamento<br />

que mais contribuem (alta insubstituibilidade)<br />

ao menor custo possível. Com indicador da variável ‘custo’,<br />

elaboramos uma análise multivariada que combinou<br />

12 diferentes variáveis representativas da maior ou<br />

menor pressão antrópica no Espinhaço (vide abaixo).<br />

Unidades de planejamento<br />

Com o uso do programa Patch Analyst 3.0 (Rempel<br />

2006), dividimos a região de estudos em hexágonos<br />

regulares (denominadas ‘unidades de planejamento’)<br />

com o tamanho de 5.000 hectares cada. O mapa das<br />

unidades de planejamento foi então cruzado com o<br />

mapa das unidades de conservação de proteção integral<br />

(equivalentes às categorias I a II da IUCN) (IUCN &<br />

WCMC 1994) existentes na região para a criação do<br />

mapa básico das análises (Figura 1). Utilizamos o programa<br />

CLUZ (Conservation Land-Use Zonning) (Smith 2004)<br />

para elaborar três tabelas básicas: uma com a disponibilidade<br />

das unidades de planejamento para cenários<br />

de conservação, uma com a distribuição dos objetos<br />

de conservação dentro da área de estudo e uma com as<br />

metas de conservação associadas com cada objeto de<br />

conservação (Tabela 2).<br />

Objetos e metas de conservação<br />

Para a avaliação da efetividade do conjunto de áreas<br />

protegidas existentes na Serra do Espinhaço (Tabela 1)<br />

na proteção de espécies e ecossistemas, levantamos<br />

informações sobre a ocorrência de 607 espécies de aves,<br />

mamíferos, répteis, anfíbios, peixes, invertebrados e<br />

plantas vasculares (Tabela 2). Tais espécies foram selecionadas<br />

ou por serem espécies ameaçadas de extinção<br />

(segundo a Lista da União Internacional para Conservação<br />

– IUCN de 2004 e da Lista Brasileira de Espécies da<br />

Fauna Ameaçadas de Extinção) (IUCN 2004; MMA 2003)<br />

ou por serem espécies endêmicas do Brasil. As infor-<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 275<br />

mações sobre a distribuição das espécies foram obtidas<br />

nas bases de dados da Fundação Biodiversitas,<br />

Conservação Internacional e também por meio da<br />

colaboração dos pesquisadores envolvidos no projeto<br />

‘Espinhaço Sempre Vivo’. Mesmo considerando que a<br />

base de dados utilizada possui mais de 11.000 registros<br />

de quase 6.000 espécies, ainda podem ser encontradas<br />

grandes lacunas geográficas sobre o conhecimento científico.<br />

Grande p<strong>arte</strong> dos estudos sobre inventários e<br />

ocorrências de espécies está concentrada em áreas<br />

como a proximidade de centros urbanos ou determinadas<br />

unidades de conservação, como é o caso do Parque<br />

Nacional da Serra do Cipó (Figura 2). Por esse motivo,<br />

utilizamos um conjunto de objetos de conservação que<br />

pudesse representar a biodiversidade nas regiões com<br />

ausência de dados. Elaboramos um mapa com diferentes<br />

tipos de ecossistemas e o utilizamos como um ‘substituto’<br />

da biodiversidade para a região (ver abaixo). Por<br />

fim e com o intuito de incorporar p<strong>arte</strong> dos serviços<br />

ambientais em um esquema de planejamento, elaboramos<br />

um mapa representativo das nascentes dos rios da<br />

região. Detalhes sobre a criação de cada um desses<br />

mapas encontram-se a seguir.<br />

Espécies – Selecionamos, entre os grupos de vertebrados<br />

(mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes), invertebrados<br />

e plantas vasculares superiores, um total<br />

de 607 espécies consideradas ameaçadas, endêmicas<br />

ou raras com ocorrência para a Cadeia do Espinhaço.<br />

As ocorrências foram representadas por pontos que<br />

foram cruzados com o mapa de unidades de planejamento<br />

para indicar a presença de cada espécie nas unidades<br />

de consideradas. Para os casos onde houve mais<br />

de um registro de ocorrência das espécies em uma<br />

mesma célula, consideramos somente um dos registros.<br />

Dessa maneira, a matriz de ocorrências das espécies<br />

nas unidades de planejamento reflete apenas a presença<br />

ou ausência das mesmas. Para efeitos de avaliação<br />

do desempenho do conjunto de unidades de conservação<br />

na proteção das espécies, consideramos as<br />

seguintes metas: para espécies com menos de cinco<br />

ocorrências a meta estabelecida foi de 100% dos pontos;<br />

para espécies com ocorrências entre cinco e dez<br />

registros, a meta estabelecida foi de 80% e para espécies<br />

com mais de 10 ocorrências a meta estabelecida<br />

foi de 50% dos registros. Além da meta de conservação<br />

e observando as exigências dos programas utilizados,<br />

estabelecemos diferentes pesos para os objetos de conservação.<br />

Tais pesos são considerados pelo MARXAN<br />

como uma penalidade a ser atribuída a um cenário de<br />

conservação, caso algum objeto de conservação não<br />

seja incluído na solução <strong>final</strong> (Ball & Possingham 2000).<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


276 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

FIGURA 1 – Localização da área de estudo ao longo da Cadeia do Espinhaço, entre os estados de Minas Gerais e Bahia.<br />

Os polígonos em verde indicam as unidades de conservação de proteção integral avaliadas. O restante da área que está<br />

na cor laranja indica as unidades de planejamento ‘disponíveis’ para conservação.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 277<br />

FIGURA 2 – Distribuição dos registros de ocorrências de espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção ao longo<br />

da Cadeia do Espinhaço. Os polígonos em verde indicam as unidades de conservação de proteção integral avaliadas.<br />

O restante da área que está na cor laranja indica as unidades de planejamento ‘disponíveis’ para conservação.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


278 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

TABELA 1 – Relação das unidades de conservação de proteção integral avaliadas durante o processo de identificação de lacunas de<br />

proteção e mapeamento das áreas insubstituíveis para a conservação na Cadeia do Espinhaço entre os estados de Minas Gerais e Bahia.<br />

ÁREA<br />

CATEGORIA IUCN DESCRIÇÃO NOME ANO OBJETOS (ha)<br />

PN II Parque Nacional Chapada Diamantina 1985 11 151,116<br />

PN II Parque Nacional Sempre Vivas 2002 4 124,210<br />

PE II Parque Estadual Morro do Chapéu 1998 8 52,859<br />

PE II Parque Estadual Grão-Mogol 1998 24 34,861<br />

PN II Parque Nacional Serra do Cipó 1987 244 31,782<br />

APEE VI Área de Proteção Especial Soberbo 1989 2 24,087<br />

PE II Parque Estadual Biribiri 1998 13 17,382<br />

PE II Parque Estadual Serra Negra 1998 3 13,965<br />

PE II Parque Estadual Serra Nova 2003 3 12,656<br />

RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Caraça 1994 85 12,509<br />

PE II Parque Estadual Rio Preto 1993 31 10,070<br />

EEE Ib Estação Ecológica Estadual Acauã 1974 2 6,455<br />

PE II Parque Estadual Itacolomi 1967 22 6,142<br />

PE II Parque Estadual Pico do Itambé 1998 8 4,733<br />

PE II Parque Estadual Serra da Candonga 1998 2 4,656<br />

PE II Parque Estadual Rola Moça II 1994 24 3,978<br />

MNE III Monumento Natural Estadual Cachoeira Ferro Doido 1998 1 1,987<br />

APEE VI Área de Proteção Especial Taboão 1982 2 1,408<br />

EEE Ib Estação Ecológica Estadual Mata dos Ausentes 1974 1 976<br />

RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Jambreiro 1998 5 933<br />

RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Capitão do Mato 1990 4 885<br />

RBM Ia Reserva Biológica Municipal Mata do Bispo 1999 1 698<br />

EEE Ib Estação Ecológica Estadual Córregos dos Fechos 1994 22 549<br />

EEE Ib Estação Ecológica Estadual Tripuí 1978 3 445<br />

PM II Parque Municipal Natural Mangabeiras 1982 7 337<br />

RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Belgo Mineira I 1993 1 308<br />

RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Andaime 1988 1 250<br />

APEE Ib Estação Ecológica Estadual Cercadinho 2006 1 247<br />

RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Belgo Mineira II 1993 1 216<br />

RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Mata Samuel de Paula 2000 1 147<br />

PE II Parque Estadual Baleia 1988 1 137<br />

APAE* V Área de Prot. Ambiental Estadual Águas Vertentes 1998 76,310<br />

APA* V Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa 1996 35,600<br />

APA* V Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu 1989 143,866<br />

APA* V Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira 1990 66,200<br />

TI* Terra Indígena Luiza do Valle 1979 10,116<br />

* Áreas consideradas somente na análise de custos (vide Metodologia).<br />

A coluna OBJETOS indica o número de objetos de conservação (espécies, ecossistemas ou serviços ambientais) registrados nas áreas protegidas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 279<br />

TABELA 2 – Relação dos objetos de conservação considerados na análise de lacunas de proteção na Cadeia do Espinhaço entre<br />

os estados de Minas Gerais e Bahia.<br />

ABREVIAÇÕES: est = estacional; semidec = semidecidual; trans = transição; alt = altitude.<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Anfíbios Eleutherodactylus izecksohni 5 120.00 5<br />

Anfíbios Crossodactylus bokermanni 1 100.00 11<br />

Anfíbios Crosssodactylus trachystomus 1 100.00 11<br />

Anfíbios Scinax pinima 1 100.00 11<br />

Anfíbios Bokermannohyla sp. n. 1 100.00 5<br />

Anfíbios Hylodes otavioi 1 100.00 5<br />

Anfíbios Physalaemus erythros 1 100.00 5<br />

Anfíbios Hylodes uai 5 100.00 5<br />

Anfíbios Scinax luizotavioi 5 80.00 5<br />

Anfíbios Leptodactylus camaquara 3 66.67 5<br />

Anfíbios Scinax machadoi 3 66.67 5<br />

Anfíbios Physalaemus evangelistai 5 60.00 5<br />

Anfíbios Phasmahyla jandaia 5 60.00 5<br />

Anfíbios Scinax curicica 5 60.00 5<br />

Anfíbios Bokermannohyla martinsi 5 60.00 5<br />

Anfíbios Bokermannohyla nanuzae 5 60.00 5<br />

Anfíbios Physalaemus deimaticus 2 50.00 11<br />

Anfíbios Phyllomedusa megacephala 2 50.00 5<br />

Anfíbios Epipedobates flavopictus 4 50.00 5<br />

Anfíbios Hyalinobatrachium sp. 4 50.00 5<br />

Anfíbios Hypsiboas cipoensis 4 50.00 5<br />

Anfíbios Proceratophrys cururu 4 50.00 5<br />

Anfíbios Pseudopaludicola mineira 4 50.00 5<br />

Anfíbios Bokermannohyla alvarengai 5 40.00 5<br />

Anfíbios Leptodactylus cunicularius 3 33.33 5<br />

Anfíbios Phyllomedusa sp. n. 5 20.00 5<br />

Anfíbios Bokermannohyla saxicola 5 20.00 5<br />

Anfíbios Rupirana cardosoi 2 0.00 8<br />

Anfíbios Physalaemus maximus 1 0.00 5<br />

Aves Embernagra longicauda 5 120.00 8<br />

Aves Leucopternis polionota 1 100.00 14<br />

Aves Campephilus robustus 2 100.00 14<br />

Aves Laniisoma elegans 1 100.00 11<br />

Aves Lipaugus lanioides 1 100.00 11<br />

Aves Odontophorus capueira 1 100.00 11<br />

Aves Penelope obscura 1 100.00 11<br />

Aves Phibalura flavirostris 1 100.00 11<br />

Aves Sicalis flaveola 1 100.00 11<br />

Aves Pyroderus scutatus 3 100.00 11<br />

Aves Charitospiza eucosma 1 100.00 8<br />

Aves Piculus aurulentus 1 100.00 8<br />

Aves Primolius maracana 1 100.00 8<br />

Aves Neothraupis fasciata 2 100.00 8<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


280 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Aves Passerina brissonii 2 100.00 8<br />

Aves Scytalopus indigoticus 2 100.00 8<br />

Aves Polystictus superciliaris 5 100.00 8<br />

Aves Campylopterus largipennis 1 100.00 5<br />

Aves Chamaeza meruloides 1 100.00 2<br />

Aves Columba plumbea 1 100.00 2<br />

Aves Cranioleuca pallida 1 100.00 2<br />

Aves Drymophila ferruginea 1 100.00 2<br />

Aves Phimosus infuscatus 1 100.00 2<br />

Aves Sclerurus scansor 1 100.00 2<br />

Aves Campylorhamphus falcularius 1 100.00 2<br />

Aves Chlorophonia cyanea 1 100.00 2<br />

Aves Drymophila rubricollis 1 100.00 2<br />

Aves Haplospiza unicolor 1 100.00 2<br />

Aves Hylopezus nattereri 1 100.00 2<br />

Aves Neopelma chrysolophum 1 100.00 2<br />

Aves Oreophylax moreirae 1 100.00 2<br />

Aves Piculus flavigula 1 100.00 2<br />

Aves Tiaris fuliginosa 1 100.00 2<br />

Aves Carduelis magellanicus 2 100.00 2<br />

Aves Cypsnagra hirundinacea 2 100.00 2<br />

Aves Hemitriccus diops 2 100.00 2<br />

Aves Ramphastos dicolorus 2 100.00 2<br />

Aves Pyrrhura frontalis 2 100.00 2<br />

Aves Sarcoramphus papa 2 100.00 2<br />

Aves Drymophila malura 2 100.00 2<br />

Aves Myrmeciza loricata 2 100.00 2<br />

Aves Xiphocolaptes albicollis 2 100.00 2<br />

Aves Anthus hellmayri 3 100.00 2<br />

Aves Augastes scutatus 5 80.00 8<br />

Aves Formicivora serrana 3 66.67 2<br />

Aves Drymophila ochropyga 5 60.00 8<br />

Aves Sporophila frontalis 2 50.00 14<br />

Aves Neopelma aurifrons 2 50.00 11<br />

Aves Asthenes luizae 7 42.86 11<br />

Aves Formicivora iheringi 1 0.00 11<br />

Aves Jacamaralcyon tridactyla 1 0.00 11<br />

Aves Poospiza cinerea 1 0.00 11<br />

Aves Phyllosc<strong>arte</strong>s eximius 1 0.00 8<br />

Aves Cistothorus platensis 1 0.00 2<br />

Ecossistemas Refugio ecológico-média alt. 41,138 140.51 1<br />

Ecossistemas Floresta ombrófila densa-baixa alt. 45,391 53.93 1<br />

Ecossistemas Savana ramíneo arborizada-média alt. 6,698 46.89 1<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 281<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Ecossistemas Floresta esta. semidecidual-baixa alt. 48,860 33.07 1<br />

Ecossistemas Trans. savana-savana estepica-floresta estacional 96,628 32.60 1<br />

Ecossistemas Savana arborizada-média altitude 21,386 32.23 1<br />

Ecossistemas Trans ramíneo-floresta est. 24,517 28.80 1<br />

Ecossistemas Floresta est. semidecidual-média alt. 160,378 24.44 1<br />

Ecossistemas Trans ramíneo-floresta est. 40,887 19.47 1<br />

Ecossistemas Savana arborizada-baixa alt. 51,323 17.36 1<br />

Ecossistemas Savana florestada-baixa alt. 32,248 12.53 1<br />

Ecossistemas Floresta est. decidual-média alt. 107,567 11.82 1<br />

Ecossistemas Trans savana-savana estepica-floresta est. 12,272 10.50 1<br />

Ecossistemas Savana ramíneo arborizada-baixa alt. 4,566 10.47 1<br />

Ecossistemas Savana ramíneo florestada-média alt. 19,034 3.51 1<br />

Ecossistemas Savana arborizada-alta altitude 80,763 3.48 1<br />

Ecossistemas Trans ramíne-floresta est.-alta alt. 15,311 3.15 1<br />

Ecossistemas Savana ramíneo lenhosa-alta alt. 59,004 3.09 1<br />

Ecossistemas Floresta ombrófila densa-média alt. 63,584 1.18 1<br />

Ecossistemas Trans savana estepica-floresta est. 1,901 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana florestada-média altitude 4,006 0.00 1<br />

Ecossistemas Trans savana-floresta est.-média alt. 6,383 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana estepica florestada-baixa alt. 9,254 0.00 1<br />

Ecossistemas Refugio ecológico-alta altitude 10,321 0.00 1<br />

Ecossistemas Flor esta decidual montana-baixa alt. 6,574 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana gramineo lenhosa-média alt. 6,964 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana estepica florestada-alta alt. 6,973 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana parque-média alt. 7,372 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana parque-alta alt. 8,140 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana florestada-alta alt 9,329 0.00 1<br />

Ecossistemas Floresta est. decidual-baixa alt. 9,806 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana gramineo lenhosa-baixa alt. 10,886 0.00 1<br />

Ecossistemas Refugio ecológico-baixa altitude 17,909 0.00 1<br />

Ecossistemas Trans savana-floresta est.-baixa alt. 19,230 0.00 1<br />

Ecossistemas Savana parque-baixa altitude 21,456 0.00 1<br />

Ecossistemas Floresta est. semidec montana-baixa alt. 31,271 0.00 1<br />

Ecossistemas Floresta est. semidec montana-média alt. 31,932 0.00 1<br />

Ecossistemas Trans savana-savana estepica-baixa alt. 34,107 0.00 1<br />

Ecossistemas Floresta est. semidec-alta alt. 21,037 0.00 1<br />

Ecossistemas Floresta est. decidual-alta altitude 40,959 0.00 1<br />

Flora Aspilia procumbens 1 100.00 17<br />

Flora Asplenium schwackei 1 100.00 17<br />

Flora Ceradenia warmingii 1 100.00 17<br />

Flora Chamaecrista cipoana 1 100.00 17<br />

Flora Coccoloba cerifera 1 100.00 17<br />

Flora Constantia cipoensis 1 100.00 17<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


282 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Huperzia itambensis 1 100.00 17<br />

Flora Lychnophora granmogolensis 1 100.00 17<br />

Flora Lychnophora mello-barretoi 1 100.00 17<br />

Flora Persea rufotomentosa 1 100.00 17<br />

Flora Trichogonia apparicioi 1 100.00 17<br />

Flora Encholirium biflorum 2 100.00 17<br />

Flora Encholirium pedicellatum 2 100.00 17<br />

Flora Lychnophora markgravii 7 100.00 17<br />

Flora Baccharis concinna 1 100.00 14<br />

Flora Barbacenia ensifolia 1 100.00 14<br />

Flora Barbacenia glutinosa 1 100.00 14<br />

Flora Ceradenia capillaris 1 100.00 14<br />

Flora Chamaecrista dentata 1 100.00 14<br />

Flora Chamaecrista semaphora 1 100.00 14<br />

Flora Culcita coniifolia 1 100.00 14<br />

Flora Eriosorus flexuosus 1 100.00 14<br />

Flora Hymenophyllum silveirae 1 100.00 14<br />

Flora Laelia pumila 1 100.00 14<br />

Flora Lavoisiera cordata 1 100.00 14<br />

Flora Lavoisiera mello-barretoi 1 100.00 14<br />

Flora Lychnophora reticulata 1 100.00 14<br />

Flora Mikania glauca 1 100.00 14<br />

Flora Mimosa macedoana 1 100.00 14<br />

Flora Ocotea langsdorffii 1 100.00 14<br />

Flora Ocotea percoriacea 1 100.00 14<br />

Flora Ocotea pomaderroides 1 100.00 14<br />

Flora Ocotea pulchella 1 100.00 14<br />

Flora Phyllanthus chorethroides 1 100.00 14<br />

Flora Pseudolaelia cipoensis 1 100.00 14<br />

Flora Senaea caerulea 1 100.00 14<br />

Flora Stachytarpheta procumbens 1 100.00 14<br />

Flora Vellozia metzgerae 1 100.00 14<br />

Flora Vernonia sessilifolia 1 100.00 14<br />

Flora Vernonia stoechas 1 100.00 14<br />

Flora Vochysia pygmaea 1 100.00 14<br />

Flora Xyris cipoensis 1 100.00 14<br />

Flora Xyris dardanoi 1 100.00 14<br />

Flora Xyris nigricans 1 100.00 14<br />

Flora Xyris platystachya 1 100.00 14<br />

Flora Xyris tortilis 1 100.00 14<br />

Flora Annona monticola 1 100.00 11<br />

Flora Banisteriopsis andersonii 1 100.00 11<br />

Flora Banisteriopsis cipoensis 1 100.00 11<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 283<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Byrsonima cipoensis 1 100.00 11<br />

Flora Camarea axillaris 1 100.00 11<br />

Flora Diplusodon orbicularis 1 100.00 11<br />

Flora Ditassa polygaloides 1 100.00 11<br />

Flora Gaylussacia centunculifolia 1 100.00 11<br />

Flora Gaylussacia vitis-idaea 1 100.00 11<br />

Flora Klotzschia rhizophylla 1 100.00 11<br />

Flora Lavoisiera campos-portoana 1 100.00 11<br />

Flora Lavoisiera sampaioana 1 100.00 11<br />

Flora Lychnophora sellowii 1 100.00 11<br />

Flora Luxemburgia angustifolia 1 100.00 11<br />

Flora Luxemburgia flexuosa 1 100.00 11<br />

Flora Microlicia juniperina 1 100.00 11<br />

Flora Mikania malacolepis 1 100.00 11<br />

Flora Mikania nitidula 1 100.00 11<br />

Flora Nematanthus strigillosus 1 100.00 11<br />

Flora Pilosocereus floccosus 1 100.00 11<br />

Flora Pleurostima longiscapa 1 100.00 11<br />

Flora Staurogyne elegans 1 100.00 11<br />

Flora Vellozia lilacina 1 100.00 11<br />

Flora Vellozia piresiana 1 100.00 11<br />

Flora Vellozia subalata 1 100.00 11<br />

Flora Vernonia adamantium 1 100.00 11<br />

Flora Viguiera hispida 1 100.00 11<br />

Flora Actinoseris polyphylla 1 100.00 2<br />

Flora Calea hispida 1 100.00 2<br />

Flora Calea rotundifolia 1 100.00 2<br />

Flora Coccoloba acrostichoides 1 100.00 2<br />

Flora Ditassa parva 1 100.00 2<br />

Flora Gaylussacia ciliosa 1 100.00 2<br />

Flora Gaylussacia cinerea 1 100.00 2<br />

Flora Gaylussacia pallida 1 100.00 2<br />

Flora Gaylussacia pinifolia 1 100.00 2<br />

Flora Gaylussacia pseudociliosa 1 100.00 2<br />

Flora Gaylussacia salicifolia 1 100.00 2<br />

Flora Genlisea aurea 1 100.00 2<br />

Flora Habenaria cultellifolia 1 100.00 2<br />

Flora Habenaria mello-barretoi 1 100.00 2<br />

Flora Hippeastrum puniceum 1 100.00 2<br />

Flora Huperzia erythrocaulon 1 100.00 2<br />

Flora Lavoisiera subulata 1 100.00 2<br />

Flora Ipomoea granulosa 1 100.00 2<br />

Flora Lavoisiera crassifolia 1 100.00 2<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


284 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Lavoisiera firmula 1 100.00 2<br />

Flora Lavoisiera riedeliana 1 100.00 2<br />

Flora Lippia filifolia 1 100.00 2<br />

Flora Macrocarpaea obtusifolia 1 100.00 2<br />

Flora Megalastrum lasiernos 1 100.00 2<br />

Flora Metastelma hatschbachii 1 100.00 2<br />

Flora Microlicia jungermannioides 1 100.00 2<br />

Flora Microlicia pseudoscoparia 1 100.00 2<br />

Flora Microlicia tomentela 1 100.00 2<br />

Flora Mikania candolleana 1 100.00 2<br />

Flora Mikania parvifolia 1 100.00 2<br />

Flora Mikania rothii 1 100.00 2<br />

Flora Mikania subverticillata 1 100.00 2<br />

Flora Pelexia parva 1 100.00 2<br />

Flora Piptocarpha lucida 1 100.00 2<br />

Flora Senecio stigophlebius 1 100.00 2<br />

Flora Sinningia magnifica 1 100.00 2<br />

Flora Stevia verticillata 1 100.00 2<br />

Flora Tapirira marchandii 1 100.00 2<br />

Flora Tibouchina dendroides 1 100.00 2<br />

Flora Tibouchina frigidula 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia buddleiaefolia 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia desertorum 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia linearifolia 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia rosea 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia simplex 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia tomentella 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia vauthieriana 1 100.00 2<br />

Flora Vernonia virgulata 1 100.00 2<br />

Flora Xyris consanguinea 1 100.00 2<br />

Flora Xyris graminosa 1 100.00 2<br />

Flora Xyris jolyi 1 100.00 2<br />

Flora Xyris melanopoda 1 100.00 2<br />

Flora Paesia glandulosa 3 100.00 2<br />

Flora Senecio gertii 4 75.00 17<br />

Flora Huperzia rubra 3 66.67 17<br />

Flora Actinoseris stenophylla 3 66.67 2<br />

Flora Cnemidaria uleana 3 66.67 2<br />

Flora Wunderlichia mirabilis 6 66.67 2<br />

Flora Acritopappus irwinii 5 60.00 11<br />

Flora Eriosorus sellowianus 5 60.00 2<br />

Flora Actinoseris hatschbachii 2 50.00 17<br />

Flora Anteremanthus hatschbachii 2 50.00 17<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 285<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Baccharis lychnophora 2 50.00 17<br />

Flora Diplusodon glaziovii 2 50.00 17<br />

Flora Mikania premnifolia 2 50.00 17<br />

Flora Mikania cipoensis 4 50.00 17<br />

Flora Anemia mirabilis 2 50.00 14<br />

Flora Cipocereus minensis 2 50.00 14<br />

Flora Dicksonia sellowiana 2 50.00 14<br />

Flora Inulopsis scaposa 2 50.00 14<br />

Flora Ipomoea campestris 2 50.00 14<br />

Flora Lycopodiella benjaminiana 2 50.00 14<br />

Flora Lupinus coriaceus 2 50.00 14<br />

Flora Micropolypodium perpusillum 2 50.00 14<br />

Flora Mimosa barretoi 2 50.00 14<br />

Flora Spigelia aceifolia 2 50.00 14<br />

Flora Spigelia cipoensis 2 50.00 14<br />

Flora Vernonia spixiana 2 50.00 14<br />

Flora Xyris bialata 2 50.00 14<br />

Flora Angelonia eriostachys 2 50.00 11<br />

Flora Cuphea cipoensis 2 50.00 11<br />

Flora Hymenophyllum sampaioanum 2 50.00 11<br />

Flora Jacquemontia revoluta 2 50.00 11<br />

Flora Lagenocarpus bracteosus 2 50.00 11<br />

Flora Lychnophora rosmarinifolia 2 50.00 11<br />

Flora Phyllanthus angustissimus 2 50.00 11<br />

Flora Spigelia sellowiana 2 50.00 11<br />

Flora Vellozia leptopetala 2 50.00 11<br />

Flora Vellozia patens 2 50.00 11<br />

Flora vernonia alpestris 2 50.00 11<br />

Flora Jacaranda racemosa 2 50.00 8<br />

Flora Actinocephalus cipoensis 2 50.00 2<br />

Flora Alsophila capensis 2 50.00 2<br />

Flora Ananas nanus 2 50.00 2<br />

Flora Aspilia laevissima 2 50.00 2<br />

Flora Baccharis gracilis 2 50.00 2<br />

Flora Baccharis minutiflora 2 50.00 2<br />

Flora Baccharis vernonioides 2 50.00 2<br />

Flora Bulbophyllum warmingianum 2 50.00 2<br />

Flora Camarea ericoides 2 50.00 2<br />

Flora Dryopteris patula 2 50.00 2<br />

Flora Genlisea filiformis 2 50.00 2<br />

Flora Ocotea tristis 2 50.00 2<br />

Flora Sarcoglottis schwackei 2 50.00 2<br />

Flora Schultesia angustifolia 2 50.00 2<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


286 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Sophronitella violacea 2 50.00 2<br />

Flora Trimezia truncata 2 50.00 2<br />

Flora Vernonia coriacea 2 50.00 2<br />

Flora Vernonia mariana 2 50.00 2<br />

Flora Vernonia psilophylla 2 50.00 2<br />

Flora Vernonia vepretorum 2 50.00 2<br />

Flora Vernonia warmingiana 2 50.00 2<br />

Flora Xyris hilariana 2 50.00 2<br />

Flora Actinoseris radiata 4 50.00 2<br />

Flora Orthophytum mello-barretoi 7 42.86 2<br />

Flora Dyckia rariflora 5 40.00 17<br />

Flora Dyckia ursina 5 40.00 14<br />

Flora Senecio pohlii 5 40.00 11<br />

Flora Encholirium heloisae 5 40.00 11<br />

Flora Moquinia racemosa 5 40.00 11<br />

Flora Proteopsis argentea 10 40.00 11<br />

Flora Dyckia macedoi 5 40.00 5<br />

Flora Vriesea stricta 5 40.00 2<br />

Flora Actinoseris polymorpha 5 40.00 2<br />

Flora Gochnatia discoidea 5 40.00 2<br />

Flora Actinoseris revoluta 3 33.33 17<br />

Flora Anemia gardneri 3 33.33 14<br />

Flora Doryopteris paradoxa 3 33.33 14<br />

Flora Pamphilia aurea 3 33.33 11<br />

Flora Vriesea atropurpurea 3 33.33 11<br />

Flora Dyckia mello-barretoi 3 33.33 5<br />

Flora Vriesea schwackeana 3 33.33 5<br />

Flora Trixis ophiorhiza 3 33.33 2<br />

Flora Vernonia fruticulosa 3 33.33 2<br />

Flora Encholirium scrutor 4 25.00 14<br />

Flora Vriesea diamantinensis 4 25.00 11<br />

Flora Gaylussacia virgata 4 25.00 2<br />

Flora Trixis glutinosa 4 25.00 2<br />

Flora Gochnatia hatschbachii 5 20.00 11<br />

Flora Lychnophora tomentosa 5 20.00 11<br />

Flora Lychnophora passerina 5 20.00 11<br />

Flora Lychnophora salicifolia 5 20.00 2<br />

Flora Mikania retifolia 5 20.00 2<br />

Flora Dyckia sordida 5 20.00 2<br />

Flora Actinocephalus ciliatus 1 0.00 17<br />

Flora Aspilia almasensis 1 0.00 17<br />

Flora Baccharis martiana 1 0.00 17<br />

Flora Baccharis truncata 1 0.00 17<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 287<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Cuphea adenophylla 1 0.00 17<br />

Flora Isoetes gigantea 1 0.00 17<br />

Flora Lychnophoriopsis damazioi 1 0.00 17<br />

Flora Lychnophora brunioides 1 0.00 17<br />

Flora Mikania glabra 1 0.00 17<br />

Flora Mikania hartbergii 1 0.00 17<br />

Flora Minasia pereirae 1 0.00 17<br />

Flora Pellaea cymbiformis 1 0.00 17<br />

Flora Pellaea gleichenioides 1 0.00 17<br />

Flora Symphyopappus uncinatus 1 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus brasiliana 1 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus elegans 1 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus magnificus 1 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus suberosus 1 0.00 17<br />

Flora Verbesina pseudoclaussenii 1 0.00 17<br />

Flora Vriesea hieroglyphica 1 0.00 17<br />

Flora Cattleya tenuis 2 0.00 17<br />

Flora Doryopteris trilobata 2 0.00 17<br />

Flora Encholirium luxor 2 0.00 17<br />

Flora Lychnophora ramosissima 2 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus laricifolius 2 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus mucugensis 2 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus bisulcatus 3 0.00 17<br />

Flora Syngonanthus vernonioides 3 0.00 17<br />

Flora Minasia alpestris 4 0.00 17<br />

Flora Actinocephalus cabralensis 1 0.00 14<br />

Flora Brasilicereus markgrafii 1 0.00 14<br />

Flora Cryptanthus glaziovii 1 0.00 14<br />

Flora Cuphea teleandra 1 0.00 14<br />

Flora Dioscorea rumicoides 1 0.00 14<br />

Flora Discocactus horstii 1 0.00 14<br />

Flora Discocactus pseudoinsignis 1 0.00 14<br />

Flora Doryopteris rufa 1 0.00 14<br />

Flora Eriocaulon melanolepis 1 0.00 14<br />

Flora Euterpe edulis 1 0.00 14<br />

Flora Leiothrix linearis 1 0.00 14<br />

Flora Lippia rhodocnemis 1 0.00 14<br />

Flora Lupinus decurrens 1 0.00 14<br />

Flora Lupinus ovalifolius 1 0.00 14<br />

Flora Micranthocereus auriazureus 1 0.00 14<br />

Flora Nematanthus sericeus 1 0.00 14<br />

Flora Ocotea odorifera 1 0.00 14<br />

Flora Paepalanthus cipoensis 1 0.00 14<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


288 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Paepalanthus garimpensis 1 0.00 14<br />

Flora Paepalanthus heterotrichus 1 0.00 14<br />

Flora Paepalanthus lepidus 1 0.00 14<br />

Flora Paepalanthus tuberculatus 1 0.00 14<br />

Flora Pilosocereus fulvilanatus 1 0.00 14<br />

Flora Stilpnopappus bicolor 1 0.00 14<br />

Flora Cryptangium humile 2 0.00 14<br />

Flora Lychnophora diamantinana 2 0.00 14<br />

Flora Melocactus paucispinus 2 0.00 14<br />

Flora Syngonanthus chrysolepis 2 0.00 14<br />

Flora Uebelmannia gummifera 2 0.00 14<br />

Flora Paepalanthus ater 3 0.00 14<br />

Flora Lychnophora pohlii 5 0.00 14<br />

Flora Huperzia mooreana 5 0.00 14<br />

Flora Adenocalymma fruticosum 1 0.00 11<br />

Flora Agalinis brachyphylla 1 0.00 11<br />

Flora Arrojadoa dinae 1 0.00 11<br />

Flora Barbacenia riparia 1 0.00 11<br />

Flora Barjonia harleyi 1 0.00 11<br />

Flora Bernardia crassifolia 1 0.00 11<br />

Flora Butia eriospatha 1 0.00 11<br />

Flora Ceiba jasminodora 1 0.00 11<br />

Flora Constantia cristinae 1 0.00 11<br />

Flora Cryptangium comatum 1 0.00 11<br />

Flora Cryptanthus minarum 1 0.00 11<br />

Flora Cuphea bahiensis 1 0.00 11<br />

Flora Diplusodon aggregatifolius 1 0.00 11<br />

Flora Ditassa cordeiroana 1 0.00 11<br />

Flora Drosera graomogolensis 1 0.00 11<br />

Flora Elachyptera coriacea 1 0.00 11<br />

Flora Encholirium vogelii 1 0.00 11<br />

Flora Eriosorus insignis 1 0.00 11<br />

Flora Evolvulus glaziovii 1 0.00 11<br />

Flora Ficus mexiae 1 0.00 11<br />

Flora Guatteria notabilis 1 0.00 11<br />

Flora Jacaranda morii 1 0.00 11<br />

Flora Lychnophora blanchetii 1 0.00 11<br />

Flora Merremia repens 1 0.00 11<br />

Flora Metastelma harleyi 1 0.00 11<br />

Flora Mikania alvimii 1 0.00 11<br />

Flora Mikania neurocaula 1 0.00 11<br />

Flora Nematanthus lanceolatus 1 0.00 11<br />

Flora Neoregelia leprosa 1 0.00 11<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 289<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Ocotea pretiosa 1 0.00 11<br />

Flora Orthophytum humile 1 0.00 11<br />

Flora Paralychnophora bicolor 1 0.00 11<br />

Flora Peixotoa glabra 1 0.00 11<br />

Flora Physocalyx aurantiacus 1 0.00 11<br />

Flora Pitcairnia bradei 1 0.00 11<br />

Flora Sinningia harleyi 1 0.00 11<br />

Flora Trimezia fistulosa var. fistul 1 0.00 11<br />

Flora Xyris retrorsifimbriata 1 0.00 11<br />

Flora Arrojadoa bahiensis 2 0.00 11<br />

Flora Baccharis elliptica 2 0.00 11<br />

Flora Cipocereus crassisepalus 2 0.00 11<br />

Flora Gaylussacia harleyi 2 0.00 11<br />

Flora Gaylussacia retusa 2 0.00 11<br />

Flora Gomphrena nigricans 2 0.00 11<br />

Flora Guatteria pohliana 2 0.00 11<br />

Flora Guatteria rupestris 2 0.00 11<br />

Flora Leiothrix schlechtendalii 2 0.00 11<br />

Flora Lychnophora ericoides 2 0.00 11<br />

Flora Oncidium warmingii 2 0.00 11<br />

Flora Pfaffia townsendii 2 0.00 11<br />

Flora Piptolepis ericoides 2 0.00 11<br />

Flora Vriesea bituminosa 2 0.00 11<br />

Flora Cryptanthus caracensis 3 0.00 11<br />

Flora Encholirium irwinii 4 0.00 11<br />

Flora Lychnophora pinaster 5 0.00 11<br />

Flora Vriesea minarum 5 0.00 11<br />

Flora Diplusodon saxatilis 1 0.00 8<br />

Flora Aechmea bahiana 1 0.00 5<br />

Flora Orthophytum burle-marxii 1 0.00 5<br />

Flora Orthophytum navioides 1 0.00 5<br />

Flora Vriesea chapadensis 1 0.00 5<br />

Flora Orthophytum supthutii 3 0.00 5<br />

Flora Actinocephalus callophyllus 1 0.00 2<br />

Flora Actinocephalus compactus 1 0.00 2<br />

Flora Actinocephalus coutoensis 1 0.00 2<br />

Flora Alstroemeria inodora 1 0.00 2<br />

Flora Anemia cipoensis 1 0.00 2<br />

Flora Angelonia crassifolia 1 0.00 2<br />

Flora Angelonia procumbens 1 0.00 2<br />

Flora Annona tomentosa 1 0.00 2<br />

Flora Aspilia decumbens 1 0.00 2<br />

Flora Aspilia squarrosa 1 0.00 2<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


290 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Ayapanopsis oblongifolia 1 0.00 2<br />

Flora Calea hatschbachii 1 0.00 2<br />

Flora Calea teucrifolia 1 0.00 2<br />

Flora Cestrum gardneri 1 0.00 2<br />

Flora Cyperus mundulus 1 0.00 2<br />

Flora Dasyphyllum fodinarum 1 0.00 2<br />

Flora Elaphoglossum tenuiculum 1 0.00 2<br />

Flora Diplusodon bradei 1 0.00 2<br />

Flora Erythroxylum stipulosum 1 0.00 2<br />

Flora Hippeastrum glaucescens 1 0.00 2<br />

Flora Huperzia martii 1 0.00 2<br />

Flora Kielmeyera petiolaris 1 0.00 2<br />

Flora Laelia cinnabarina 1 0.00 2<br />

Flora Lantana glaziovii 1 0.00 2<br />

Flora Lellingeria pumila 1 0.00 2<br />

Flora Lycopodiella iuliformis 1 0.00 2<br />

Flora Mesosetum gibbosum 1 0.00 2<br />

Flora Microlicia pilosissima 1 0.00 2<br />

Flora Mikania citriodora 1 0.00 2<br />

Flora Mikania microphylla 1 0.00 2<br />

Flora Mikania reticulata 1 0.00 2<br />

Flora Mikania reynoldsii 1 0.00 2<br />

Flora Mikania smilacina 1 0.00 2<br />

Flora Paepalanthus albo-tomentosus 1 0.00 2<br />

Flora Paepalanthus barbiger 1 0.00 2<br />

Flora Paepalanthus digitiformis 1 0.00 2<br />

Flora Phyllanthus choretroides 1 0.00 2<br />

Flora Tabebuia bureavii 1 0.00 2<br />

Flora Tillandsia sprengeliana 1 0.00 2<br />

Flora Trachypteris pinnata 1 0.00 2<br />

Flora Trichogonia crenulata 1 0.00 2<br />

Flora Vernonia eremophylla 1 0.00 2<br />

Flora Vernonia holosericea 1 0.00 2<br />

Flora Vernonia obscura 1 0.00 2<br />

Flora Vernonia subulata 1 0.00 2<br />

Flora Vernonia subverticillata 1 0.00 2<br />

Flora Cattleya elongata 2 0.00 2<br />

Flora Cyathea bipinnatifida 2 0.00 2<br />

Flora Oncidium crispum 2 0.00 2<br />

Flora Symphyopappus reticulatus 2 0.00 2<br />

Flora Vernonia lilacina 2 0.00 2<br />

Flora Dasyphyllum reticulatum 3 0.00 2<br />

Flora Pellaea riedelii 3 0.00 2<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 291<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Flora Symphyopappus decussatus 3 0.00 2<br />

Flora Vriesea monacorum 3 0.00 2<br />

Invertebrados Peripatus acacioi 1 100.00 14<br />

Invertebrados Coarazuphium cessaima 1 100.00 11<br />

Invertebrados Buenoa unguis 1 100.00 5<br />

Invertebrados Neotrephes latus 1 100.00 5<br />

Invertebrados Cipomyia totofusca 3 66.67 5<br />

Invertebrados Tomoplagia reticulata 3 66.67 5<br />

Invertebrados Tomoplagia bicolor 3 66.67 5<br />

Invertebrados Anthophora paranensis 2 50.00 5<br />

Invertebrados Phoroncidia biocellata 2 50.00 2<br />

Invertebrados Xylocopa truxali 3 33.33 11<br />

Invertebrados Tomoplagia cipoensis 3 33.33 5<br />

Invertebrados Centris rupestris 3 33.33 5<br />

Invertebrados Tomoplagia aczeli 3 33.33 5<br />

Invertebrados Eufriesea nigrohirta 3 33.33 5<br />

Invertebrados Lewinsohnia magna 3 33.33 5<br />

Invertebrados Tenagobia schreiberi 3 33.33 5<br />

Invertebrados Tomoplagia rupestris 3 33.33 5<br />

Invertebrados Fimoscolex sporadochaetus 1 0.00 17<br />

Invertebrados Ambrysus attenuatus 1 0.00 5<br />

Invertebrados Araneus cohnae 1 0.00 5<br />

Invertebrados Hexantheda missionica 1 0.00 5<br />

Invertebrados Metrobates p. genikos 1 0.00 5<br />

Invertebrados Tomoplagia pallens 1 0.00 5<br />

Invertebrados Tomoplagia grandis 2 0.00 5<br />

Invertebrados Tomoplagia dimorphica 3 0.00 5<br />

Invertebrados Tomoplagia interrupta 3 0.00 5<br />

Invertebrados Tomoplagia variabilis 3 0.00 5<br />

Invertebrados Yphthimoides cipoensis 3 0.00 5<br />

Invertebrados Tomoplagia volute 3 0.00 5<br />

Invertebrados Tomoplagia achromoptera 3 0.00 5<br />

Invertebrados Achaearanea diamantine 1 0.00 2<br />

Invertebrados Bristoweia diamantinae 1 0.00 2<br />

Invertebrados Brunodrilus angeloi 1 0.00 2<br />

Invertebrados Encheiridium montanum 1 0.00 2<br />

Invertebrados Glossoscolex gordurensis 1 0.00 2<br />

Invertebrados Larocanthidium spinosum 1 0.00 2<br />

Invertebrados Mesabolivar botocudo 1 0.00 2<br />

Invertebrados Mesabolivar maxacali 1 0.00 2<br />

Invertebrados Pholcomma mantinum 1 0.00 2<br />

Invertebrados Theridion bolum 1 0.00 2<br />

Invertebrados Theridion cohni 1 0.00 2<br />

continua...<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


292 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

...continuação da Tabela 2<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Mamíferos Lasiurus blossevilli 1 400.00 2<br />

Mamíferos Eumops perotis 1 300.00 2<br />

Mamíferos Chrysocyon brachyurus 7 142.86 8<br />

Mamíferos Tamandua tetradactyla 5 140.00 14<br />

Mamíferos Pygoderma bilabiatum 3 133.33 2<br />

Mamíferos Eira Barbara 3 133.33 2<br />

Mamíferos Priodontes maximus 1 100.00 17<br />

Mamíferos Leopardus pardalis 8 100.00 17<br />

Mamíferos Leopardus tigrinus 1 100.00 14<br />

Mamíferos Cabassous unicinctus 2 100.00 11<br />

Mamíferos Myrmecophaga tridactyla 3 100.00 11<br />

Mamíferos Akodon montensis 1 100.00 2<br />

Mamíferos Euryzygomatomys spinosus 1 100.00 2<br />

Mamíferos Artibeus cinereus 1 100.00 2<br />

Mamíferos Lasiurus ega 1 100.00 2<br />

Mamíferos Coendou villosus 2 100.00 2<br />

Mamíferos Gracilinanus microtarsus 1 100.00 2<br />

Mamíferos Coendou prehensilis 2 100.00 2<br />

Mamíferos Vampyressa pusilla 4 100.00 2<br />

Mamíferos Cerdocyon thous 5 100.00 2<br />

Mamíferos Agouti paca 7 85.71 2<br />

Mamíferos Puma concolor 6 83.33 17<br />

Mamíferos Pecari tajacu 4 75.00 14<br />

Mamíferos Mazama gouazoupira 4 75.00 2<br />

Mamíferos Lontra longicaudis 7 71.43 11<br />

Mamíferos Tapirus terrestris 3 66.67 17<br />

Mamíferos Callicebus personatus 4 50.00 11<br />

Mamíferos Pseudalopex vetulus 6 50.00 11<br />

Mamíferos Mazama americana 2 50.00 2<br />

Mamíferos Monodelphis americana 2 50.00 2<br />

Mamíferos Herpailurus yaguarondi 4 50.00 2<br />

Mamíferos Caluromys philander 2 50.00 2<br />

Mamíferos Callithrix geoffroyi 2 50.00 2<br />

Mamíferos Kerodon rupestris 4 25.00 2<br />

Mamíferos Leopardus wiedii 1 0.00 14<br />

Mamíferos Lonchophylla bokermanni 2 0.00 14<br />

Mamíferos Myotis ruber 1 0.00 11<br />

Mamíferos Kannabateomys amblyonyx 1 0.00 11<br />

Mamíferos Trinomys moojeni 2 0.00 5<br />

Mamíferos Blarinomys breviceps 1 0.00 2<br />

Mamíferos Delomys dorsalis 1 0.00 2<br />

Mamíferos Delomys sublineatus 1 0.00 2<br />

Mamíferos Galictis vittata 1 0.00 2<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

continua...


...continuação da Tabela 2<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 293<br />

TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />

Mamíferos Lasiurus cinereus 1 0.00 2<br />

Mamíferos Trinomys albispinus 1 0.00 2<br />

Mamíferos Chrotopterus auritus 1 0.00 2<br />

Mamíferos Galictis cuja 1 0.00 2<br />

Mamíferos Thalpomys lasiotis 1 0.00 2<br />

Mamíferos Alouatta caraya 2 0.00 2<br />

Mamíferos Wiedomys pyrrhorhinos 3 0.00 2<br />

Peixes Brycon opalinus 1 100.00 11<br />

Peixes Brycon nattereri 1 100.00 11<br />

Peixes Copionodon lianae 1 100.00 5<br />

Peixes Prochilodus costatus 1 100.00 5<br />

Peixes Harttia novalimensis 1 100.00 2<br />

Peixes Pareiorhaphis stephanus 1 100.00 2<br />

Peixes Hysteronotus megalostomus 1 100.00 2<br />

Peixes Characidium lagosantense 2 50.00 11<br />

Peixes Pareiorhaphis mutuca 2 50.00 11<br />

Peixes Harttia leiopleura 2 50.00 2<br />

Peixes Henochilus wheatlandii 1 0.00 17<br />

Peixes Astyanax jequitinhonhae 1 0.00 5<br />

Peixes Duopalatinus emarginatus 1 0.00 5<br />

Peixes Hyphessobrycon negodagua 1 0.00 5<br />

Peixes Neoplecostomus franciscoensis 3 0.00 5<br />

Peixes Trichomycterus itacambirussu 1 0.00 2<br />

Peixes Trichomycterus jequitinhonhae 1 0.00 2<br />

Peixes Trichomycterus landinga 1 0.00 2<br />

Peixes Harttia garavelloi 1 0.00 2<br />

Peixes Harttia torrenticola 1 0.00 2<br />

Peixes Leporinus marcgravii 1 0.00 2<br />

Peixes Leporinus obtusidens 1 0.00 2<br />

Peixes Trichomycterus trefauti 1 0.00 2<br />

Répteis Placosoma cipoense 1 100.00 14<br />

Répteis Rhachisaurus brachylepis 1 100.00 5<br />

Répteis Tropidurus mucujensis 1 100.00 5<br />

Répteis Tropidurus cocorobensis 1 100.00 5<br />

Répteis Heterodactylus lundii 2 50.00 11<br />

Répteis Eurolophosaurus nanuzae 2 50.00 5<br />

Répteis Tantilla boipiranga 2 50.00 5<br />

Répteis Tropidurus montanus 5 40.00 5<br />

Répteis Gymnodactylus guttulatus 1 0.00 5<br />

Répteis Tropidurus erythrocephalus 1 0.00 5<br />

Serviço<br />

ambiental<br />

Nascentes 775 1.55 1<br />

* A coluna ‘Meta’ indica os valores estipulados para proteção mínima dos objetos, sendo representada em número de ocorrências para as espécies e<br />

em área (valores em hectares) para os ecossistemas. A coluna ‘% proteção’ indica o quanto da meta estipulada está sendo cumprida pelas unidades<br />

de conservação existentes. A coluna ‘Importância’ indica o peso associado a cada espécie, sendo que os valores mais altos indicam espécies que<br />

devem ser prioritariamente incluídas nas soluções geradas pelo programa MARXAN.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


294 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

TABELA 3 – Relação das variáveis utilizadas para a definição do custo associado com as unidades de planejamento da Cadeia<br />

do Espinhaço.<br />

VARIÁVEL DESCRIÇÃO PESO FONTE<br />

VARIÁVEIS POSITIVAS<br />

LAVRA Área de lavras ativas<br />

na região<br />

0.3787 Mapa DNPM<br />

POP Número total de habitantes<br />

por município em 2000<br />

0.3237 Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - UNESCO<br />

DESMAT Proximidade de áreas desmatadas<br />

considerando o período de 2000 a 2005<br />

0.1508 Imagens MODIS (MOD13QA)<br />

ESTRA Proximidade de estradas de rodagem<br />

pavimentadas<br />

0.0810 Mapas IBGE (Brasil ao Milionésimo)<br />

FOCOS Freqüência de focos de calor<br />

entre 2001 a 2005<br />

0.0509 Banco de Queimandas - INPE<br />

CRESC Taxa de crescimento populacional<br />

entre 1991 e 2000<br />

0.0147 Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - UNESCO<br />

VARIÁVEIS NEGATIVAS<br />

NATIV Porcentagem de áreas nativas<br />

remanescentes em 2005<br />

0.4637 Imagens MODIS (MOD13QA)<br />

APP Densidade de áreas de<br />

preservação permanente<br />

0.2130 Mapas IBGE (Brasil ao Milionésimo)<br />

UCPI Proximidade de unidades de<br />

conservação de proteção integral<br />

0.1323 Base CI-Brasil<br />

GOVER Estrutura de governança nos<br />

municípios considerados<br />

0.1302 Base ‘Perfil do Municípios Brasileiros’ - IBGE<br />

UCUS Proximidade de unidades de<br />

conservação de uso sustentável<br />

0.0330 Base CI-Brasil<br />

APA Proximidade de áreas de<br />

proteção ambiental<br />

0.0277 Base CI-Brasil<br />

MODIS – Moderate Resolution Image Spectroradiometer<br />

DNPM – Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (www.dnpm.gov.br)<br />

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (http://paraguay.cptec.inpe.br/produto/queimadas/)<br />

Atlas de Desenvolvimento Ambiental – (PNUD 2003)<br />

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Base ‘Perfil dos Municípios Brasileiros’ disponível em<br />

http://www.ibge.gov.br/munic2005/index.php<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 295<br />

FIGURA 3 – Mapeamento dos diferentes tipos de ecossistemas considerados para as análises de priorização de conservação<br />

para a Cadeia do Espinhaço.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


296 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

FIGURA 4 – Mapeamento das nascentes dos principais rios que se originam na Cadeia do Espinhaço. As cores indicam o<br />

número de nascentes existente em cada unidade de planejamento considerada. Os polígonos em verde indicam as unidades<br />

de conservação de proteção integral avaliadas.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 297<br />

FIGURA 5 – Conjunto de variáveis utilizadas para a elaboração do mapa de esforço de conservação. Estas<br />

variáveis foram denominadas como ‘positivas’, pois contribuem para aumentar o esforço que deve ser empreendido<br />

para promover a conservação da região.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


298 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

FIGURA 6 – Conjunto de variáveis utilizadas para a elaboração do mapa de esforço de conservação. Estas variáveis<br />

foram denominadas como ‘negativas’, pois contribuem para diminuir o esforço que deve ser empreendido para<br />

promover a conservação da região.


Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 299<br />

FIGURA 7 – Mapa do esforço de conservação resultante da combinação de variáveis positivas (vide Figura 5) e<br />

variáveis negativas (vide Figura 6). As regiões em vermelho representam aquelas onde a conservação da<br />

biodiversidade é dificultada pela co-ocorrência de um conjunto de fatores que aumentam a pressão antrópica<br />

sobre o ambiente. De modo contrário, em verde encontram-se as áreas onde há uma menor pressão antrópica e,<br />

dessa maneira, a conservação da biodiversidade seria facilitada.


300 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

Os pesos estabelecidos variaram de acordo com o status<br />

de conservação das espécies, sendo maiores valores<br />

para espécies ameaçadas, valores intermediários para<br />

espécies endêmicas e valores mais baixos para as demais<br />

espécies (Tabela 2).<br />

Ecossistemas – Considerando que os registros de espécies<br />

são espacialmente muito agrupados (Figura 2),<br />

criamos um mapa de tipos de ecossistemas, que foi<br />

utilizado como ‘substituto’ espacial das informações<br />

sobre biodiversidade. Esse mapa foi gerado a partir<br />

do mapa de vegetação do Brasil (IBGE 1993), sendo<br />

que os tipos vegetais coincidentes com a região de<br />

estudo foram divididos segundo três faixas de altitude:<br />

até 800 metros, entre 800 e 1.000 metros e acima<br />

de 1.000 metros. O mapa com as faixas de altitudes<br />

consideradas foi elaborado a partir de uma reclassificação<br />

do modelo digital de terreno criado pela NASA<br />

(CGIAR-CIS 2004). Com isso, foi gerado um mapa com<br />

40 diferentes tipos de ecossistemas (Figura 3), sendo<br />

que cada um dos ‘ecossistemas’ foi considerado um<br />

objeto de conservação distinto. Para esse conjunto de<br />

objetos de conservação foi estabelecida uma meta<br />

geral de 20% da área de cada tipo de ecossistema<br />

(Tabela 2). O valor da meta não se refere a nenhum<br />

critério biológico, mas corresponde a uma exigência<br />

legal prevista no Brasil. De acordo com o Código Florestal<br />

Brasileiro (Brasil 1965), cada propriedade particular<br />

localizada no Cerrado deve manter um mínimo<br />

de 20% de sua área sob a forma de uma reserva legal,<br />

sendo que esse percentual foi extrapolado para toda<br />

a região.<br />

Serviços ambientais – Além das espécies e dos ecossistemas,<br />

dois importantes componentes da biodiversidade<br />

de qualquer região, incluímos também outro tipo<br />

de objeto de conservação: os serviços ambientais. De<br />

acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica,<br />

processos ecológicos e serviços ambientais devem fazer<br />

p<strong>arte</strong> de esquemas nacionais ou regionais de conservação,<br />

conforme previsto no Programa de Trabalho<br />

com Áreas Protegidas (Objetivo 1.1, atividade sugerida<br />

1.1.5) (UNEP-CDB 2004). Como serviço ambiental básico<br />

ou essencial, consideramos as nascentes de rios da<br />

região do Espinhaço. Mapeamos todas as cabeceiras<br />

dos rios representados no mapa da hidrografia da região,<br />

representado na escala 1:1.000.000 (IBGE 2003).<br />

As nascentes foram então cruzadas com o mapa das<br />

unidades de planejamento para gerar um mapa que<br />

representasse o número de nascentes por unidade de<br />

planejamento na região (Figura 4). Para esse tipo de<br />

objeto de conservação consideramos uma meta de 10%<br />

do total de nascentes mapeadas.<br />

Custos e oportunidades de conservação<br />

Como requisito básico do programa MARXAN, cada<br />

unidade de planejamento deve ter um custo associado<br />

para consideração da mesma nas soluções espaciais<br />

geradas. Unidades de planejamento com alto custo e<br />

baixa insubstituibilidade geralmente não são consideradas<br />

nas soluções espaciais. Elaboramos 12 mapas<br />

temáticos referentes a dois conjuntos de variáveis associadas<br />

com o custo das unidades de planejamento:<br />

seis variáveis que diminuem o custo de conservação e<br />

seis variáveis que aumentam o custo de conservação.<br />

As variáveis utilizadas constam na Tabela 3 e as mesmas<br />

foram combinadas de acordo com a seguinte fórmula:<br />

Custo = (L*p+P*p+D*p+E*p+F*p+C*p) –<br />

(N*p+AP*p+Us*p+G*p+U*p+A*p)<br />

Onde, as letras maiúsculas representam as variáveis<br />

conforme a ordem e a descrição que consta na Tabela 3<br />

(L=Lavra, P=Pop, D=Desmat e assim sucessivamente).<br />

Cada variável foi multiplicada por um peso específico<br />

(representado pela letra ‘p’ na fórmula) para indicar a<br />

sua importância na composição <strong>final</strong> do custo. Os pesos<br />

foram definidos por meio de uma avaliação por critérios<br />

múltiplos (ver abaixo). A representação espacial<br />

das variáveis positivas consta na Figura 5 e a representação<br />

das variáveis negativas consta na Figura 6. O produto<br />

<strong>final</strong> dessa equação está representado na Figura<br />

7, que demonstra desde unidades de planejamento com<br />

baixo custo de conservação (áreas representadas em<br />

verde) até unidades com alto custo de conservação<br />

(áreas representadas em vermelho). Para efeitos da combinação<br />

das variáveis na fórmula acima, cada uma delas<br />

foi padronizada para representar os valores correspondentes<br />

em uma escala variando de 0 a 100. Todas as<br />

variáveis trabalhadas, descritas à seqüência, foram representadas<br />

em mapas matriciais com resolução espacial<br />

de 250 metros. Tal resolução foi escolhida por ser a<br />

mesma das imagens MODIS (Moderate Resolution Imaging<br />

Spectroradiometer) utilizadas em p<strong>arte</strong> das análises.<br />

Preparação das variáveis utilizadas<br />

LAVRA – Informações sobre lavras ativas (áreas de mineração<br />

em plena atividade na região da Cadeia do Espinhaço<br />

ou em fase de licenciamento) foram obtidas<br />

no Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM<br />

(http://www.dnpm.gov.br). O arquivo vetorial (no formato<br />

shape) foi convertido para o formato matricial com<br />

o uso do programa Idrisi (Eastman 2003) e com o uso<br />

dos comandos Distance e Fuzzy, foi gerado um mapa de<br />

distâncias a partir das lavras ativas. A influência das


lavras ativas foi considerada importante até uma<br />

distância de 5 km e a partir da daí decaía gradativamente<br />

até 10 km, quando então deixava de influenciar as unidades<br />

de planejamento. Para cada unidade de planejamento<br />

da região foi representada a percentagem (escala<br />

de 0 a 100) da área ocupada pelos pixels do mapa<br />

gerado a partir das distâncias de lavras ativas. O resultado<br />

dessa análise está representado na Figura 5.<br />

POP – O número de habitantes em cada município<br />

da região de análise (325 municípios) para o ano de<br />

2000 (PNUD 2003) foi representado em um mapa de<br />

pontos referentes às sedes municipais. A partir de uma<br />

interpolação, foi gerada uma superfície de valores para<br />

a região de análise, sendo que a faixa de valores obtida<br />

foi dividida em 100 classes. O mapa com as unidades<br />

de planejamento foi sobreposto ao mapa do número<br />

de habitantes e calculamos o valor médio do número<br />

de habitantes para cada unidade. O resultado dessa<br />

análise está representado na Figura 5.<br />

DESMAT – Para o mapeamento das áreas potencialmente<br />

desmatadas entre os anos de 2000 e 2005 utilizamos<br />

duas imagens do satélite Terra (sensor MODIS,<br />

produto MOD13Q), obtidas gratuitamente na página da<br />

NASA – Agência Espacial Americana (http://edcimswww.<br />

cr.usgs.gov/pub/imswelcome/). As imagens foram<br />

reprojetadas para a projeção Cônica de Albers (Equal<br />

Area), sendo mantida a resolução original dos dados<br />

(250 metros). Selecionamos a banda EVI (Enhanced<br />

Vegetation Index) do MOD13Q para a realização de uma<br />

análise de variação dos valores do índice de vegetação<br />

entre os períodos considerados. Os procedimentos<br />

adotados foram semelhantes àqueles utilizados por<br />

(Ferreira et al., 2003; Gomes et al., 2005). Entretanto,<br />

consideramos como áreas desmatadas todos os conjuntos<br />

de pixels com área superior a 100 hectares e<br />

cujos valores tenham sido inferior à média e mais um<br />

desvio padrão da diferença entre as imagens das datas<br />

selecionadas. A partir da localização dos desmatamentos,<br />

elaboramos um novo mapa de distâncias dos desmatamentos.<br />

Usamos a opção Fuzzy do programa Idrisi<br />

para estabelecer a influência dos desmatamentos, sendo<br />

considerada uma faixa de influência máxima até 5<br />

km com queda gradativa dos 5 aos 10 km de distância.<br />

Representamos o valor médio das distâncias nas unidades<br />

de planejamento da região, sendo que os valores<br />

foram padronizados em uma escada de 0 (nenhuma<br />

influência) até 100 (influência total). O resultado dessa<br />

análise está representado na Figura 5.<br />

ESTRA – Com base no mapa de estradas pavimentadas<br />

existentes para a região (IBGE 2003), criamos uma<br />

imagem matricial representativa das distâncias a partir<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 301<br />

das estradas. De maneira semelhante ao mapa dos desmatamentos<br />

e das áreas de lavras, usamos a opção Fuzzy<br />

do programa Idrisi para limitar a influência das estradas<br />

até uma faixa de 5 km com queda gradativa até os 10 km.<br />

Os valores desse mapa foram representados em uma escala<br />

de 0 a 100. Cruzamos o mapa com as unidades de<br />

planejamento e representamos o valor médio da distância<br />

a partir das estradas em cada uma das unidades. O<br />

resultado dessa análise está representado na Figura 5.<br />

FOCOS – A partir da obtenção dos focos de calor registrados<br />

pelo INPE (http://www.inpe.br/queimadas), selecionamos<br />

aqueles ocorridos entre 2001 e 2005 e que<br />

foram captados pelo sensor MODIS tarde. A freqüência<br />

de focos de calor foi representada para cada uma das<br />

unidades de planejamento trabalhadas, sendo que os<br />

registros foram padronizados em uma escala de 0 a 100.<br />

O resultado dessa análise está representado na Figura 5.<br />

CRESC – De maneira semelhante ao mapa de número<br />

de habitantes (POP), representamos a taxa de crescimento<br />

populacional registrada nos municípios da região para<br />

o período 1990 a 2000 (PNUD 2003). O valor da taxa de<br />

crescimento foi atribuído ao mapa com as sedes municipais<br />

e a partir deste foi feita uma interpolação dos<br />

valores para a representação de uma ‘superfície’ de crescimento.<br />

Os valores da interpolação foram padronizados<br />

de -100 a +100, para os casos onde foram registrados<br />

crescimentos negativos (perda de população) e crescimentos<br />

positivos (aumento da população). Para cada<br />

unidade de planejamento da região representamos o<br />

valor médio da taxa de crescimento calculada. O resultado<br />

dessa análise está representado na Figura 5.<br />

NATIV – A partir da classificação de imagens do<br />

sensor MODIS (produto MOD13Q obtida em 25 de maio<br />

de 2005) geramos um mapa com as áreas nativas remanescentes<br />

para a região. Os procedimentos para a<br />

classificação das imagens foram, resumidamente, os seguintes:<br />

importação e reprojeção das bandas MIR<br />

(middle-infrared), NIR (near-infrared), RED (red) e EVI<br />

(enhanced vegetation index) com o uso do programa<br />

MODIS Reprojection Tools versão 3.3 (http://edcdaac.<br />

usgs.gov/landdaac/tools/modis); aplicação de um filtro<br />

de mediana 3x3 para atenuar os efeitos dos pixels isolados,<br />

conforme procedimentos sugeridos por (Richards<br />

1993); realização de classificação não supervisionada<br />

(Isocluster) com as quatro bandas selecionadas, da qual<br />

foram geradas 30 classes e que posteriormente foram<br />

manualmente agrupadas em três níveis (nativas, antrópicas<br />

e ‘sombras’). Após a produção do mapa de áreas<br />

nativas, calculamos o percentual de remanescentes em<br />

cada unidade de planejamento, sendo que<br />

essas foram representadas em uma escala de 0 (sem


302 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

remanescentes) a 100 (cobertura total da unidade de<br />

planejamento por áreas nativas). O resultado dessa análise<br />

está representado na Figura 6.<br />

APP – A partir do mapa de hidrografia da região (IBGE<br />

2003) geramos um mapa com as áreas de preservação<br />

permanente previstas no Código Florestal Brasileiro<br />

(Brasil 1965). Mapeamos os rios da região e nascentes<br />

e geramos um buffer de 50 metros para a maioria dos<br />

rios e nascentes e um buffer de 100 metros para os<br />

principais rios (rio Jequitinhonha e rio das Velhas). Além<br />

disto, geramos um mapa de declividades a partir do<br />

processamento do modelo digital de terreno disponibilizado<br />

pela NASA (http://srtm.csi.cgiar.org/) e identificamos<br />

as regiões com mais de 45% de declividade. Após<br />

esses procedimentos, representamos em cada unidade<br />

de planejamento a área ocupada por áreas de preservação<br />

permanente e reescalonamos os valores em uma<br />

faixa de 0 a 100. O resultado dessa análise está representado<br />

na Figura 6.<br />

UCPI – Com base em um mapa contendo as unidades<br />

de conservação de proteção integral (Tabela 1),<br />

conforme definição do Sistema Nacional de Unidades<br />

de Conservação da Natureza (Brasil 2000), criamos um<br />

mapa de distâncias a partir dessas. Os procedimentos<br />

foram semelhantes à produção dos mapas de estradas<br />

(ESTRA) ou de mineração (LAVRA), onde aplicamos o<br />

comando Fuzzy do Idrisi para gerar um mapa de influência<br />

das unidades de conservação, sendo que a<br />

influência das mesmas era grande até 10 km e depois<br />

decaía gradativamente entre 10 e 20 km. O resultado<br />

dessa análise está representado na Figura 6.<br />

GOVER – Para representar a estrutura de governança<br />

dos 325 municípios abrangidos pela área de estudo,<br />

selecionamos sete variáveis a partir da base de dados<br />

‘Perfil dos Municípios Brasileiros (disponível em http://<br />

www.ibge.gov.br). As variáveis utilizadas foram existência<br />

de plano diretor, existência de lei de parcelamento<br />

do solo, existência de zoneamento do município, existência<br />

de conselho municipal de meio ambiente, realização<br />

de reuniões regulares do conselho municipal de meio<br />

ambiente e existência de fundo municipal de meio ambiente.<br />

Cada variável foi classificada em três níveis:<br />

0 (ausência), 10 (existência) ou 20 (existência, freqüência<br />

ou disponibilidade). Os valores foram somados para<br />

a determinação de um escore para cada município, sendo<br />

que os municípios com baixos valores são aqueles<br />

com pequena estrutura de governança e os com altos<br />

valores são aqueles com boa estrutura de governança.<br />

Após essa estimativa, calculamos o valor médio da governança<br />

para cada unidade de planejamento da região.<br />

O resultado dessa análise está representado na Figura 6.<br />

UCUS – De maneira semelhante à variável UCPI,<br />

criamos um mapa de influência das unidades de uso<br />

sustentável e das terras indígenas (Tabela 1). Criamos<br />

um mapa de distâncias a partir dessas UC’s e utilizamos<br />

o comando Fuzzy do Idrisi para limitar a influência<br />

dessas áreas para uma faixa de 10 km com gradativa<br />

redução até 20 km. O resultado dessa análise está representado<br />

na Figura 6.<br />

APA – As áreas de proteção ambiental (APA) foram<br />

consideradas separadamente em relação às demais unidades<br />

de conservação, pois tais unidades são muito heterogêneas<br />

e freqüentemente incluem áreas urbanas em<br />

seus limites. De maneira semelhante aos demais mapas<br />

de unidades de conservação, geramos uma superfície<br />

de distâncias a partir das APAs e reclassificamos o<br />

mapa com o uso do comando Fuzzy do Idrisi para limitar<br />

a influência dessas unidades. Os parâmetros utilizados<br />

foram os mesmos, sendo 10 km para uma influência<br />

direta e caimento gradativo até os 20 km. O resultado<br />

dessa análise está representado na Figura 6.<br />

Definição dos pesos das variáveis<br />

As 12 variáveis descritas acima foram combinadas por<br />

meio de uma avaliação por critério múltiplo (multicriteria<br />

evaluation ou MCE). O procedimento consiste na<br />

definição de uma matriz de importância relativa de uma<br />

variável em relação às demais para o cálculo de seu peso.<br />

Conforme procedimentos dados por (Eastman 2003).<br />

Essa avaliação foi feita pelos participantes do seminário<br />

do Espinhaço, que foram divididos em três grupos.<br />

Cada grupo estimou o peso de cada variável e posteriormente<br />

calculamos o valor médio sugeridos pelos<br />

grupos. O peso <strong>final</strong> de cada variável, utilizado para<br />

o cálculo do custo ou oportunidade de conservação<br />

das unidades de planejamento consta na Tabela 3.<br />

O resultado dessa combinação está representado na<br />

Figura 7.<br />

Simulações com o programa MARXAN<br />

Utilizamos o programa MARXAN para identificar as<br />

áreas complementares para a conservação de todos<br />

os objetos selecionados (espécies, ecossistemas e serviços<br />

ambientais) na região da Cadeia do Espinhaço.<br />

No MARXAN utilizamos alguns parâmetros básicos nas<br />

simulações, sendo que esses incluem o uso da opção<br />

‘simulated annealing’ (utilizada para restringir alterações<br />

nos cenários à medida que soluções espaciais de<br />

menor custo vão sendo encontradas), opção heuristic<br />

e algoritmo ‘heuristic’ com a opção ‘max rarity’ (para a<br />

inclusão prioritária de unidades de planejamento que<br />

possuam objetos de conservação mais raros) e o uso


da opção ‘boundary length’ (utilizada para agrupar unidades<br />

de planejamento mais próximas). Instruímos que<br />

o programa realizasse 300 simulações para a determinação<br />

do cenário ideal para a identificação de áreas<br />

complementares que assegurassem a representatividade<br />

do conjunto de áreas protegidas no Espinhaço.<br />

Após a realização dessas simulações, geramos um<br />

mapa com a freqüência de seleção das unidades de<br />

planejamento pelas simulações realizadas (opção<br />

Summed Solution do MARXAN). Esse mapa foi utilizado<br />

pelos participantes do seminário para o desenho <strong>final</strong><br />

das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade<br />

da Cadeia do Espinhaço. Estimamos o valor da<br />

insubstituibilidade dividindo a freqüência de seleção<br />

pelo número total de iterações estabelecidas no programa<br />

MARXAN. A avaliação do papel das áreas insubstituíveis<br />

na conservação dos objetos selecionados foi<br />

realizada por meio de uma análise de acréscimo<br />

gradativo de tais áreas no cumprimento das metas.<br />

RESULTADOS<br />

De acordo com a avaliação realizada, o conjunto de<br />

unidades de conservação avaliadas na Cadeia do Espinhaço<br />

protege satisfatoriamente apenas 377 (58,2%) dos<br />

objetos de conservação considerados (Figura 8). Nesse<br />

conjunto estão incluídos todos os objetos cuja meta<br />

de conservação foi totalmente alcançada pelas unidades<br />

de conservação existentes. Proporcionalmente as<br />

aves são o grupo em melhor estado de proteção, pois<br />

79% das espécies consideradas (54 no total) estão adequadamente<br />

protegidas pelas unidades de conservação<br />

da região. Entre os animais, os invertebrados são o grupo<br />

com menor estado de proteção (apenas 10% das 41<br />

espécies consideradas estão adequadamente protegidas)<br />

e proporcionalmente o maior número de lacunas<br />

(61% das espécies consideradas) (Figura 8). As plantas<br />

são o grupo com o maior número de lacunas (126 espécies),<br />

seguida dos invertebrados (28 espécies) e dos<br />

mamíferos (16 espécies) (Figura 8). Os ecossistemas<br />

terrestres estão pobremente representados no conjunto<br />

das unidades de conservação, sendo que apenas um<br />

tipo de ecossistema (o refúgio ecológico de média altitude)<br />

(Tabela 2) pode ser considerado bem protegido<br />

na região.<br />

O conjunto das 31 áreas protegidas existentes (Tabela<br />

1), que totalizam uma superfície de pouco mais de<br />

520.000 hectares, não é capaz de fornecer uma proteção<br />

adequada (mais de 10% de cumprimento das metas<br />

de conservação) para 271 objetos de conservação con-<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 303<br />

siderados neste exercício. Em virtude da ausência de<br />

grandes lacunas espaciais de conhecimento científico<br />

e do pequeno número de inventários biológicos nas<br />

unidades de conservação, as espécies (animais e plantas)<br />

representam 90% das lacunas de conservação do<br />

Espinhaço. Para a proteção adequada das espécies e<br />

dos demais objetos de conservação (26 ecossistemas e<br />

as áreas de serviços ambientais), as simulações do<br />

MARXAN indicaram que 531 unidades de planejamento<br />

seriam necessárias para que todos os objetos de<br />

conservação selecionados fossem adequadamente protegidos.<br />

Essas unidades de planejamento ocupam uma<br />

área estimada em 950.000 hectares, ou seja, seria necessário<br />

que o total de áreas protegidas praticamente<br />

triplicasse de tamanho para o sistema fosse representativo.<br />

Mesmo considerando esses valores, as áreas insubstituíveis<br />

indicadas e mais o conjunto das unidades<br />

de conservação existentes não chegariam a 30% das<br />

áreas remanescentes estimadas para o Espinhaço (cerca<br />

de 5 milhões de hectares).<br />

Entre as 531 unidades de planejamento indicadas<br />

como complementares, a grande maioria refere-se às<br />

áreas de insubstituibilidade total. Tais áreas, que totalizam<br />

222 unidades onde a insubstituibilidade foi igual<br />

a um, ajudam a proteger a maior p<strong>arte</strong> das lacunas de<br />

conservação identificadas. Com o acréscimo dessas<br />

áreas, que totalizam cerca de 260.000 hectares (praticamente<br />

a metade da área atualmente protegida), o<br />

número de lacunas de conservação cai de 271 para apenas<br />

11 objetos sem proteção (Figura 10). Mesmo considerando<br />

tal inclusão, as 11 lacunas restantes somente<br />

serão preenchidas caso outras 308 unidades de planejamento,<br />

cuja insubstituibilidade varia de 0,6 a 0,9,<br />

sejam acrescidas ao conjunto de áreas protegidas.<br />

Tais áreas perfazem os restantes 690.000 hectares necessários<br />

para o desenho de um sistema representativo<br />

de unidades de conservação na região.<br />

Com base no mapa de áreas insubstituíveis (Figura 9),<br />

os participantes do seminário indicaram conjuntos<br />

de unidades de planejamento que poderiam formar<br />

regiões prioritárias. Ao todo foram indicados 27 conjuntos<br />

de áreas prioritárias que englobam tanto unidades<br />

de alta insubstituibilidade quanto outras unidades<br />

de menor insubstituibilidade. No total são 1.285 unidades<br />

de planejamento englobadas no desenho <strong>final</strong><br />

das áreas prioritárias para a conservação. Mesmo considerando<br />

que 57% dessas unidades possuem uma<br />

insubstituibilidade menor que 0,5, a solução <strong>final</strong> criada<br />

apresenta boa margem de negociação para uma posterior<br />

negociação de criação de áreas protegidas na<br />

região (Figura 11).


304 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

FIGURA 8 – Estado de proteção e lacunas de conservação dos objetos de conservação selecionados para a região da Cadeia do<br />

Espinhaço. Cada barra representa um conjunto de objetos específicos e as cores indicam o estado de conservação. O termo<br />

‘lacuna’ refere-se aos objetos que não estão representados nas unidades de conservação consideradas (a meta prevista está<br />

abaixo de 10%). O termo ‘inadequado’ indica os objetos cuja meta de conservação não é plenamente alcançada pelas unidades<br />

de conservação (abaixo de 100% mas acima de 10%) e ‘satisfatório’ refere-se aos objetos cuja meta de conservação (100% ou<br />

mais) foi atingida pelas unidades de conservação.<br />

FIGURA 10 – Variação no número de lacunas de conservação (objetos com menos de 10% da meta de conservação alcançados<br />

pelas unidades de conservação existentes) à medida que áreas insubstituíveis são consideradas nos cenários de conservação.<br />

Todos os objetos de conservação estariam contemplados caso fossem acrescentadas 530 unidades de planejamento com<br />

insubstituibilidade superior a 0.6.


Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 305<br />

FIGURA 9 – Áreas insubstituíveis mapeadas para a SerraCadeia do Espinhaço. Os valores representam a freqüência de<br />

seleção das unidades de planejamento ao longo das simulações realizadas com o programa MARXAN. Quanto maior for<br />

o valor, mais importante é a unidade de planejamento para compor cenários de conservação representativos, ou seja,<br />

maior será a insubstituibilidade da unidade.


306 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

FIGURA 11 – Áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade na Cadeia do Espinhaço (E 1-27), conforme<br />

resultado da análise de complementaridade e insubstituibilidade.


Os resultados também indicam que as unidades de<br />

conservação existentes desempenham papéis muito<br />

distintos na proteção da biodiversidade. Enquanto algumas<br />

unidades possuem uma elevada riqueza de objetos<br />

de conservação, como o Parque Nacional da Serra<br />

do Cipó que possui 224 objetos (Tabela 1), outras possuem<br />

somente um objeto de conservação. Aparentemente<br />

essa variação é mais influenciada pelo histórico<br />

de pesquisas do que pelo tamanho da área ou por sua<br />

idade. A riqueza de objetos não está relacionada nem<br />

com o tamanho da área (R2=0,307; p>0,05) e nem com<br />

o tempo de criação (R2=0,049; p>0,05).<br />

DISCUSSÃO<br />

Iniciativas de priorização de áreas destinadas para a<br />

conservação no Brasil vêm ocorrendo desde 1990, quando<br />

foram definidas regiões importantes para a conservação<br />

de diversos grupos faunísticos e florísticos na<br />

Amazônia (Rylands 1990). Outros exercícios surgiram<br />

desde então no âmbito nacional (MMA 2002) ou no<br />

âmbito estadual (Drummond et al., 2005) e todos eles<br />

seguiram os mesmos procedimentos básicos: seleção<br />

de alvos e consulta aos especialistas para a identificação<br />

das regiões prioritárias. No caso do exercício da<br />

Cadeia do Espinhaço, esses dois aspectos básicos foram<br />

também observados, mas os procedimentos incluíram<br />

ainda a priorização de áreas com base na complementaridade<br />

e o cálculo da insubstituibilidade como forma de<br />

representar a importância biológica das unidades de<br />

planejamento. Tal cálculo foi realizado com o auxílio de<br />

sistemas de apoio à tomada de decisão, como os programas<br />

CLUZ e MARXAN. Embora o emprego desses<br />

sistemas reduza expressivamente a influência do especialista<br />

na escolha das áreas prioritárias, uma constante<br />

nos exercícios anteriores, a qualidade dos dados ainda é<br />

uma questão básica na conservação da biodiversidade.<br />

Existem diversas formas de representar a biodiversidade,<br />

sendo que esta pode ser entendida como o<br />

conjunto de todos os seres, seus diferentes níveis de<br />

organização e as interações que acontecem entre suas<br />

entidades (Margules et al., 2002; Wilson 1999). Diferentes<br />

abordagens sugerem um ou outro componente da<br />

biodiversidade para a identificação de prioridades. Eken<br />

e colaboradores (2004) sugerem o uso de espécies globalmente<br />

ameaçadas, espécies de distribuição restrita,<br />

espécies congregarias e espécies restritas aos biomas<br />

como forma de identificação de áreas prioritárias, embora<br />

existam críticas à abordagem (Knight et al., 2007;<br />

Pressey 2004). Por outro lado, unidades de paisagens<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 307<br />

(‘ecoregiões’) também são utilizadas como elementos<br />

de priorização de ações de conservação, conforme sugerido<br />

por (Olson & Dinerstein 1998). Alguns estudos<br />

(Pressey et al., 2003) sugerem a inclusão de espécies,<br />

ecossistemas e também processos ecológicos em exercícios<br />

de priorização.<br />

Na Cadeia do Espinhaço a priorização de áreas para<br />

a conservação foi promovida com a inclusão de diversos<br />

componentes da biodiversidade, desde espécies até<br />

substitutos de serviços ambientais (áreas de nascentes<br />

de rios). Os resultados indicaram que a maior p<strong>arte</strong> das<br />

lacunas refere-se às espécies, mas esse fato não é devido<br />

somente ao maior número de objetos selecionados.<br />

P<strong>arte</strong> da situação é reflexo da grande concentração de<br />

estudos e registros em poucas áreas. O uso de um mapa<br />

com diferentes tipos de ecossistemas serviu para contornar<br />

em p<strong>arte</strong> esse problema, mas sabe-se que tal<br />

abordagem não é válida para todos os tipos de organismos<br />

(Lombard et al., 2003). Mesmo que os dados ainda<br />

não estejam completos, pois vários grupos de invertebrados<br />

não puderam ser considerados, a abordagem<br />

utilizada trouxe uma nova perspectiva para o planejamento<br />

da região, pois a base de dados criada para o<br />

exercício poderá ser atualizada a qualquer tempo e<br />

novos cenários de conservação podem ser traçados.<br />

Esse último ponto deve ser ressaltado, pois várias das<br />

decisões tomadas para a identificação das áreas insubstituíveis<br />

no Espinhaço devem ser revistas e refinadas.<br />

As metas de conservação, por exemplo, foram estabelecidas<br />

com base no pequeno conhecimento científico<br />

que se tem sobre a região. Uma nova revisão do conjunto<br />

de dados deverá ser promovida em um futuro<br />

próximo, especialmente se considerarmos que revisões<br />

é p<strong>arte</strong> importante do processo de planejamento sistemático<br />

para a conservação.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

O desenvolvimento deste trabalho foi possível graças<br />

ao apoio da Fundação Gordon e Betty Moore. Agradecemos<br />

também aos participantes do seminário de definição<br />

de áreas prioritárias para o Espinhaço e todos<br />

aqueles que contribuíram com informações na etapa<br />

de consulta ampla e ao apoio do Instituto Brasileiro do<br />

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –<br />

IBAMA, do Instituto Estadual de Florestas de Minas<br />

Gerais – IEF-MG, Curso de Pós-Graduação em Ecologia,<br />

Conservação e Manejo de Vida Silvestre da Universidade<br />

Federal de Minas Gerais e Fazenda Monjolos os quais<br />

forneceram apoio logístico para a realização do evento.


308 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />

REFERÊNCIAS<br />

Armenteras, D., F. Gast, and H. Villareal. 2003. Andean forest<br />

fragmentation and the representativeness of protected natural<br />

areas in the eastern Andes, Colombia. Biological<br />

Conservation 113: 245-256.<br />

Ball, I. R., and H. Possingham. 2000. MARXAN (V1.8.2): Marine<br />

Reserve Design Using Spatially Explicit Annealing, a Manual.<br />

The Ecology Centre, University of Queensland, Brisbane,<br />

Australia.<br />

Balmford, A. 2003. Conservation planning in the real world:<br />

South Africa shows the way. Trends in Ecology & Evolution<br />

18: 435-438.<br />

Brasil. 1965. Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965 - institui o<br />

novo Código Florestal Brasileiro. Page 10 pp. Di rio Oficial,<br />

Brasília - DF.<br />

Brasil. 2000. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da<br />

Natureza - SNUC.<br />

Brooks, T., M. Bakarr, T. Boucher, G. Fonseca, C. Hilton-Taylor, J.<br />

Hoekstra, T. Moritz, S. Olivieri, J. Parrish, R. L. Pressey, A. S. L.<br />

Rodrigues, W. Sechrest, A. Stattersfield, W. Strahm, and S.<br />

Stuart. 2004. Coverage of the existing global protected area<br />

system: is it enough? Bioscience 54: 1081-1091.<br />

Bruner, A. G., R. E. Gullison, R. E. Rice, and G. A. B. Fonseca.<br />

2001. Effectiveness of parks in protecting tropical biodiversity.<br />

Science 291: 125-128.<br />

CGIAR-CIS. 2004. Shuttle Radar Topograph Mission - STRM -<br />

90m Digital Elevation Data - Version 3 . Acesso em 10/04/2004. The CGIAR Consortium<br />

for Spatial Information - (CGIAR-CSI).<br />

Chape, S., S. Blyth, L. Fish, P. Fox, and M. Spalding. 2003. 2003<br />

United Nations List of Protected Areas. IUCN - The World<br />

Conservation Union and UNEP World Conservation<br />

Monitoring Centre, Gland, Switzerland and Cambridge, UK.<br />

Cowling, R. M., and R. L. Pressey. 2003. Introduction to<br />

systematic conservation planning in the Cape Floristic Region.<br />

Biological Conservation 112: 1-13.<br />

Dossin, I. A., T. M. Dossin, and M. L. S. C. Chaves. 1990.<br />

Compartimentação estratigráfica do Supergrupo Espinhaço<br />

em Minas Gerais – os grupos Diamantina e Conselheiro da<br />

Mata. Revista Brasileira de Geociências 20: 178-186.<br />

Drummond, G. M., C. S. Martins, A. B. Machado, F. A. Sebaio,<br />

and Y. Antonini 2005. Biodiversidade em Minas Gerais. Fundação<br />

Biodiversitas, Belo Horizonte, MG.<br />

Eastman, J. R. 2003. IDRISI Kilimanjaro - Guide to GIS and<br />

Image Processing. Page 328. Clark Labs - Clark University,<br />

Worcester, MA.<br />

Eken, G. v., L. Bennun, T. M. Brooks, W. Darwall, L. D. C. Fishpool,<br />

M. Foster, D. Knox, P. Langhammer, P. Matiku, E. Radford, P.<br />

Salaman, W. Sechrest, M. L. Smith, S. Spector, and A. Tordoff.<br />

2004. Key biodiversity areas as site conservation targets.<br />

Bioscience 54: 1110-1118.<br />

Fearnside, P. M., and J. Ferraz. 1995. A Conservation Gap<br />

Analysis of Brazil Amazonian Vegetation. Conservation<br />

Biology 9: 1134-1147.<br />

Ferreira, L. G., A. A. Silva, E. T. Jesus, E. E. Sano, and Y. D.<br />

Shimabukuro. 2003. Monitoramento sistemático da cobertura<br />

vegetal no bioma Cerrado através dos índices de vege-<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />

tação MODIS. Pages 2729-2736. XI SBSR. Instituto Nacional<br />

de Pesquisas Espaciais - INPE, Belo Horizonte, MG.<br />

Gomes, M. P., L. G. Ferreira Júnior, M. C. Aguiar, M. E. Ferreira,<br />

and N. C. Ferreira. 2005. Sistema automático de detecção de<br />

desmatamentos para o estado de Goiás a partir de imagens<br />

índices de vegetação. Pages 3025-3027. Instituto Nacional<br />

de Pesquisas Espaciais - INPE, Goiânia, GO.<br />

Hockings, M. 2003. Systems for Assessing the Effectiveness of<br />

Management in Protected Areas. Bioscience 53: 823-832.<br />

IBGE. 1993. Mapa de vegetação do Brasil. Escala 1:5.000.000.<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estat¡stica - IBGE, Rio de<br />

Janeiro, RJ.<br />

IBGE. 2003. Base cartográfica integrada digital do Brasil ao Milionésimo<br />

- versão 1.0 para ArcGis Desktop/ArcView. Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, RJ.<br />

IUCN. 2004. IUCN Red List of Threatened Species. Online<br />

publication:


Olson, D., and E. Dinerstein. 1998. The Global 200: a<br />

representation approach to conserving the Earth’s distinctive<br />

ecoregions. World Wildlife Fund - US, Washington DC.<br />

Paglia, A. P., A. Paese, L. C. Bedê, M. Fonseca, L. P. S. Pinto, and<br />

R. B. Machado. 2004. Lacunas de conservação e áreas insubstituíveis<br />

para vertebrados ameaçados da Mata Atlântica. Pages<br />

39-50. IV Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação.<br />

Fundação O Boticário, Curitiba, Paraná.<br />

PNUD. 2003. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Programa<br />

das Nações Unidas - PNUD, Brasília-DF.<br />

Pressey, R. L. 2004. Conservation Planning and Biodiversity:<br />

Assembling the Best Data for the Job. Conservation Biology<br />

18: 1677-1681.<br />

Pressey, R. L., R. M. Cowling, and M. Rouget. 2003. Formulating<br />

conservation targets for biodiversity pattern and process in<br />

the Cape Floristic Region, South Africa. Biological Conservation<br />

112: 99-127.<br />

Pressey, R. L., C. J. Humphries, C. R. Margules, R. I. Vane-Wright,<br />

and P. H. Williams. 1993. Beyond opportunism - key principles<br />

for systematic reserve selection. Trends in Ecology & Evolution<br />

8: 124-128.<br />

Pressey, R. L., I. R. Johnson, and P. D. Wilson. 1994. Shades of<br />

irreplaceability: towards a measure of the contribution of<br />

sites to a reservation goal. Biodiversity and Conservation<br />

3: 242-262.<br />

Pressey, R. L., G. L. Whish, T. W. Barrett, and M. E. Watts. 2002.<br />

Effectiveness of protected areas in north-eastern New South<br />

Wales: recent trends in six measures. Biological Conservation<br />

106: 57-69.<br />

Rempel, R. 2006. Patch Analyst 3.0. Centre for Northern<br />

Forest Ecosystem Research, Lakehead University Campus,<br />

Ontario, CA.<br />

Richards, J. A. 1993. Remote sensing digital image analysis: an<br />

introduction. Springer-Verlag, New York.<br />

Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 309<br />

Rodrigues, A. S. L., S. J. Andelman, M. I. Bakarr, L. Boitani, T. M.<br />

Brooks, R. M. Cowling, L. D. C. Fishpool, G. A. B. Fonseca, K.<br />

J. Gaston, M. Hoffmann, J. S. Long, P. A. Marquet, J. D. Pilgrim,<br />

R. L. Pressey, J. Schipper, W. Sechrest, S. N. Stuart, L. G.<br />

Underhill, R. W. Waller, M. E. J. Watts, and X. Yan. 2004.<br />

Effectiveness of the global protected area network in<br />

representing species diversity. Nature 428: 640-643.<br />

Rodrigues, A. S. L., S. J. Andelman, M. I. Bakarr, L. Boitani, T. M.<br />

Brooks, R. M. Cowling, L. D. C. Fishpool, G. A. B. Fonseca, K.<br />

J. Gaston, M. Hoffmann, P. A. Marquet, J. D. Pilgrim, R. L.<br />

Pressey, J. Schipper, W. Sechrest, S. N. Stuart, L. G. Underhill,<br />

R. W. Waller, M. E. J. Watts, and X. Yan. 2003. Global gap<br />

analysis: towards a representative network of protected areas.<br />

Advances in Applied Biodiversity Sciences 5: 100.<br />

Rylands, A. B. 1990. Priority areas for conservation in the<br />

Amazon. Tree 5: 240-241.<br />

Silva, J. M. C. 1997. Endemic bird species and conservation in<br />

the Cerrado Region, South America. Biodiversity and<br />

Conservation 6: 435-450.<br />

Silva, J. M. C., and J. M. Bates. 2002. Biogeographic patterns<br />

and conservation in the South American Cerrado: a tropical<br />

savanna hotspot. Bioscience 52: 225-233.<br />

Simon, M. F., and C. Proença. 2000. Phytogeographic patterns<br />

of Mimosa (Mimosoideae, Leguminosae) in the Cerrado biome<br />

of Brazil: an indicator genus of high-altitude centers of<br />

endemism? Biological Conservation 96: 279-296.<br />

Smith, R. J. 2004. Conservation Land-Use Zoning (CLUZ) software<br />

. Durrell<br />

Institute of Conservation and Ecology, Canterbury, UK.<br />

UNEP-CDB. 2004. Programme of Work on Protected Areas - 7th<br />

Conference of Parties - Decision VII/28. Page 22. Convention<br />

on Biological Diversity, Kuala Lumpur, Indonesia.<br />

Wilson, E. O. 1999. The diversity of life. W.W. Norton & Company,<br />

Londres, UK.<br />

MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008


INSTRUÇÕES INSTRUÇÕES PARA PARA PUBLICAÇÃO PUBLICAÇÃO NA NA REVISTA REVISTA REVISTA “MEGADIVERSIDADE”<br />

“MEGADIVERSIDADE”<br />

<strong>Megadiversidade</strong> é uma publicação semestral editada pela Conservação Internacional e tem como objetivo principal publicar<br />

artigos relacionados com a conservação da biodiversidade no Brasil e no mundo. Cada número da revista trata de temas<br />

específicos, previamente selecionados pelo Conselho Editorial. De modo geral, os artigos serão convidados, mas todos<br />

passarão por um processo de revisão tanto por revisores externos como pelo Conselho Editorial.<br />

Orientação Orientação para para a a preparação preparação dos dos dos manuscritos<br />

manuscritos<br />

manuscritos<br />

Título: Título: deve ser conciso e informativo. O mais curto possível. Deve ser<br />

em negrito e centralizado.<br />

Autores: Autores: nomes completos dos autores alinhados a esquerda. No <strong>final</strong><br />

de cada capítulo, cada autor deve apresentar um resumo (até 6 linhas)<br />

do seu curriculum-vitae, enfatizando local de nascimento, titulação,<br />

posição quando escreveu o capítulo, instituição e experiência.<br />

Acrescentar também o endereço institucional.<br />

Texto: Texto: o(s) autor(es) devem organizar os artigos de forma mais<br />

apropriada, estabelecendo seções compatíveis com o desenvolvimento<br />

do texto. As seções não devem ser enumeradas. O texto deve ser corrido<br />

e as tabelas e figuras mostradas depois dele. Todo o texto deve ser<br />

escrito em Times New Roman 12, alinhado à esquerda e com<br />

espaçamento duplo. Usar o papel A4. O título das seções (introdução,<br />

material e métodos, etc...) deve ser em negrito e alinhado a esquerda.<br />

As sub-seções (quando for o caso!) devem ser em itálico e alinhadas à<br />

esquerda.<br />

Resumo: Resumo: esta seção deve conter de forma resumida os principais<br />

objetivos, metodologia, resultados e conclusões do estudo. Não exceder<br />

300 palavras.<br />

Abstract: Abstract: esta seção deve conter de forma resumida e em inglês os<br />

principais objetivos, resultados e conclusões do capítulo. Não exceder<br />

300 palavras.<br />

Referências Referências Referências bibliográficas: bibliográficas: a acurácia das referências é de<br />

responsabilidade dos autores. As referências deverão ser checadas no<br />

texto para assegurar (a) a correta grafia dos nomes dos autores e as<br />

datas, (b) que todos autores mencionados no texto são dados na lista<br />

de referências e vice versa. O título inteiro da referência deve ser<br />

citado assim como o nome completo do periódico. Os títulos dos livros<br />

devem ser seguidos da editora e do local de publicação. No texto, as<br />

referências devem ser organizadas cronologicamente por autor seguido<br />

da data. Deve ser utilizado a, b ou c após o ano para distinguir entre<br />

publicações do mesmo autor no mesmo ano.<br />

No decorrer do texto a forma de citação da referência deve ser:<br />

i – Dois autores: usar ambos os nomes seguidos do ano<br />

ii – Três ou mais autores: Fornecer o nome do primeiro autor seguido<br />

de et al. e data.<br />

Na lista, as referências devem ser organizadas, primeiro, em ordem<br />

alfabética dos autores, e, em seguida, por ordem cronológica para<br />

autores que são citados repetidamente.<br />

Exemplos:<br />

Andrew, D. 2001. Post fire vertebrate fauna survey: Royal and Heathcote<br />

national parks Garawarra State Recreation Area. New South Wales<br />

National Parks and Wildlife Service, Hurstville, Austrália.<br />

Baker, J. R. 2000. The Eastern Bristlebird: cover depedent and fire<br />

sensitive. Emu 100: 286-298.<br />

Keith, D. A., W. L. McCaw & R.J. Whelan. 2001. Fire regimes in Australian<br />

heathlands and their effects on plants and animals.<br />

In: R.A. Bradstock, J. Willians & A.M. Gills (eds). Flammable Australia:<br />

the fire regimes and biodiversity of a continent. pp 199-237.<br />

Cambridge University Press, Cambridge, Reino Unido.<br />

Tabelas Tabelas e e figuras: figuras: os manuscritos podem conter figuras e<br />

tabelas. No corpo do manuscrito cada figura deve ser<br />

apresentada em página separada com os créditos e a<br />

indicação do número da figura. O local de inserção deve<br />

estar indicado no decorrer do texto. As figuras deverão ser<br />

preferencialmente em preto e branco. Serão publicadas em<br />

cores somente quando a compreensão da informação estiver<br />

comprometida. Iniciar cada tabela e figura em uma nova<br />

página. As legendas devem ser claras e auto-explicativas,<br />

ou seja, devem conter todas as informações necessárias para<br />

o leitor entendê-las sem necessitar do texto. Primeiro são<br />

mostradas todas as tabelas, depois as figuras. As legendas<br />

das tabelas são em cima e das figuras embaixo. Fotos e<br />

ilustrações são consideradas figuras. Não mostrar o mesmo<br />

dado em forma de tabela e figura. Tanto as tabelas como as<br />

figuras devem ser numeradas por números arábicos<br />

(e.g., Tabela 1, Figura 1, etc.).<br />

Apêndices: Apêndices: só utilizar no caso de tabelas muito grandes,<br />

com informações relevantes mais não necessárias para o<br />

entendimento do capítulo.<br />

Nomes Nomes Nomes científicos: científicos: dar o nome latino completo de cada<br />

espécie, seguido da autoridade que a descreveu (quando a<br />

tradição no respectivo grupo taxonômico assim exigir) e a<br />

família a que pertence na primeira citação. Citar o nome<br />

popular da espécie, quando existir, na primeira vez que a<br />

espécie é mencionada.<br />

Unidades, Unidades, símbolos símbolos e e números: números: números: usar o sistema<br />

internacional. Em expressões matemáticas usar símbolos e<br />

não abreviações. Escrever os números de um a nove por<br />

extenso e de 10 em diante usar algarismos.<br />

Provas: Provas: um conjunto de provas será enviado ao primeiro<br />

autor, que deverá retorná-las em um prazo de 7 dias.<br />

As correções deverão se limitar àquelas sugeridas pelos<br />

revisores e a erros tipográficos.<br />

Direitos Direitos autorais: autorais: é condição para a publicação que o autor<br />

assine de o termo de cessão de direitos autorais à<br />

Conservação Internacional. Ao assinar o termo de cessão o<br />

autor tem o direito de usar seu próprio material indicado<br />

que a revista é o local original de publicação do artigo. A<br />

Conservação Internacional se comprometerá a ceder 25<br />

separatas de cada artigo, as quais serão enviadas somente<br />

ao primeiro autor. Cópias adicionais serão enviadas com um<br />

custo adicional. Os autores também receberão uma cópia<br />

do artigo no formato pdf.<br />

Submissão: Submissão: os artigos deverão ser submetidos à Editora<br />

Assistente (Mônica Fonseca) no seguinte endereço:<br />

Av. Getúlio Vargas, 1300 – 7º andar, Belo Horizonte – MG –<br />

Cep: 30112-021. E-mail: m.fonseca@conservacao.org. Os<br />

autores deverão enviar 3 cópias em papel A4 e uma em<br />

formato eletrônico (de preferência Word 2000) do manuscrito<br />

em português ou inglês, em espaçamento duplo. Os<br />

manuscritos serão submetidos a revisores selecionados pelo<br />

Conselho Editorial.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!