MIOLO Megadiversidade 5 - arte final.pmd - ICB/UFMG
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MEGADIVERSIDADE<br />
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SUMÁRIO<br />
3 Editorial<br />
ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO, RAFAEL LUÍS FONSECA & RICARDO BOMFIM MACHADO<br />
5 Apresentação<br />
7 Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />
BERNARDO MACHADO GONTIJO<br />
15 A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
ALESSANDRO RAPINI, PATRÍCIA LUZ RIBEIRO, SABRINA LAMBERT & JOSÉ RUBENS PIRANI<br />
24 Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />
CLAUDIA MARIA JACOBI & FLÁVIO FONSECA DO CARMO<br />
33 Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />
DANIELA ZAPPI<br />
Volume 4 | | No 1-2 | | Dezembro 2008<br />
Cadeia do Espinhaço: avaliação do conhecimento científico e<br />
prioridade de conservação<br />
38 Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
LUCIANA HIROMI YOSHINO KAMINO, ARY TEIXEIRA DE OLIVEIRA-FILHO & JOÃO RENATO STEHMANN<br />
78 Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
ALEXANDRE SALINO & THAÍS ELIAS ALMEIDA<br />
99 Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do<br />
Espinhaço, Brasil<br />
PEDRO LAGE VIANA & TARCISO SOUZA FILGUEIRAS<br />
117 Eriocaulaceae na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />
FABIANE NEPOMUCENO COSTA, MARCELO TROVO & PAULO TAKEO SANO<br />
126 Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
LEONARDO M. VERSIEUX, TÂNIA WENDT, RAFAEL BATISTA LOUZADA & MARIA DAS GRAÇAS LAPA WANDERLEY<br />
139 Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />
DANIELA ZAPPI & NIGEL TAYLOR
145 Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />
VALQUÍRIA FERREIRA DUTRA, FLÁVIA CRISTINA PINTO GARCIA, HAROLDO CAVALCANTE DE LIMA & LUCIANO<br />
PAGANUCCI DE QUEIROZ<br />
154 Fauna de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) nos campos rupestres da Cadeia do<br />
Espinhaço (Minas Gerais e Bahia, Brasil): riqueza de espécies de distribuição e<br />
ameaças para conservação<br />
ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO, FERNANDO A. SILVEIRA, CÂNDIDA MARIA LIMA AGUIAR & VIVIANE SILVA<br />
PEREIRA<br />
182 Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia<br />
do Espinhaço, Brasil<br />
FELIPE S. F. LEITE, FLORA A. JUNCÁ & PAULA C. ETEROVICK<br />
201 Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
CARLOS BERNARDO MASCARENHAS ALVES, CECÍLIA GONTIJO LEAL, MARCELO FULGÊNCIO GUEDES DE<br />
BRITO & ALEXANDRE CLISTENES DE ALCÂNTARA SANTOS<br />
221 As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e<br />
conservação<br />
MARCELO FERREIRA DE VASCONCELOS, LEONARDO ESTEVES LOPES, CAIO GRACO MACHADO & MARCOS<br />
RODRIGUES<br />
241 Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riqueza, ameaças e estratégias para conservação<br />
LEONARDO GUIMARÃES LESSA, BÁRBARA MARIA DE ANDRADE COSTA, DANIELA MUNHOZ ROSSONI, VALÉRIA<br />
CUNHA TAVARES, LUIS GUSTAVO DIAS, EDSEL AMORIM MORAES JÚNIOR & JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA<br />
255 Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas<br />
Gerais: subsídios ao manejo das unidades de conservação da região<br />
JOÃO AUGUSTO MADEIRA , KÁTIA TORRES RIBEIRO, MARCELO JULIANO RABELO OLIVEIRA, JAQUELINE<br />
SERAFIM DO NASCIMENTO & CELSO DO LAGO PAIVA<br />
270 Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço,<br />
estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA, RICARDO BOMFIM MACHADO, ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO, GLÁUCIA<br />
MOREIRA DRUMOND, RAFAEL LUIS FONSECA, MAÍRA FIGUEIREDO GOULART, EDSEL AMORIM MORAES JÚNIOR,<br />
CÁSSIO SOARES MARTINS & MÁRIO BARROSO RAMOS NETO<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Editorial<br />
As regiões montanhosas representam mundialmente um importante patrimônio geológico<br />
e geográfico, testemunhas de eventos ocorridos no passado remoto do nosso planeta.<br />
Vários programas internacionais e convenções foram criados para a definição de diretrizes<br />
para a conservação destes ambientes, onde os processos evolutivos moldados pela<br />
origem, história e o grau de isolamento, encarregaram-se de gerar uma biodiversidade<br />
singular, rica em espécies raras e endêmicas. O Brasil é signatário da Convenção da Diversidade<br />
Biológica desde 2002, mas não há nenhum documento oficial no país que aborde<br />
especificamente a biodiversidade das montanhas, que são tratadas como p<strong>arte</strong> de outros<br />
domínios biogeográficos.<br />
O Brasil possui aproximadamente 17% do seu território ocupado por formações montanhosas,<br />
e entre as principais, destaca-se a Cadeia do Espinhaço, que se estende por mais<br />
de 1000 km, desde o centro-sul de Minas Gerais até a Chapada Diamantina na Bahia. Este<br />
imponente maciço tem sido reconhecido como região prioritária para a conservação nos<br />
últimos 10 anos, nas esferas estaduais, nacionais e internacionais. A região recebeu grande<br />
destaque quando, em 2005, uma imensa porção mineira foi decretada Reserva da<br />
Biosfera pelo programa “O Homem e a Biosfera”, da UNESCO.<br />
A Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço tem como meta a proteção da biodiversidade<br />
aliada ao desenvolvimento sustentável e ao conhecimento científico. Neste sentido,<br />
foi lançado em meados de 2005, o Projeto Espinhaço Sempre Vivo, coordenado pelo Instituto<br />
Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre, com o apoio da Conservação Internacional<br />
e a parceria da Fundação Biodiversitas. O Projeto tem como objetivo geral reunir as<br />
informações existentes sobre a biodiversidade ao longo de toda a Cadeia do Espinhaço,<br />
além de identificar as ameaças e subsidiar a tomada de decisões para a sua conservação.<br />
Entre as principais atividades realizadas até o momento, destaca-se o workshop “Diagnóstico<br />
do status do conhecimento da biodiversidade e da conservação do Espinhaço” ocorrido<br />
em março de 2006, na Serra do Cipó, Minas Gerais. Naquela ocasião foi concebido o<br />
ideal desta publicação especial da revista <strong>Megadiversidade</strong>.<br />
A importância do Espinhaço é abordada em 18 artigos neste volume, trazendo a riqueza<br />
e a distribuição de espécies da fauna e da flora de diversos grupos biológicos da região,<br />
destacadamente dos campos rupestres, bem como as ameaças e as estratégias de<br />
conservação da biodiversidade do maciço. O primeiro artigo contextualiza o Espinhaço<br />
traçando o seu perfil geográfico e apresenta uma revisão de publicações sobre a região.<br />
Na seqüência, artigos sobre a vegetação abordam os emblemáticos campos rupestres que<br />
ocorrem nos topos elevados acima de 900 m de altitude e, de modo particular, os campos<br />
rupestres ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero. Os aspectos gerais de domínios vegetacionais<br />
que circundam o maciço, como a Caatinga, ao norte, e as fitofisionomias florestais,<br />
também são apresentados, seguidos por artigos que detalham alguns importantes<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
4 | Editorial<br />
elementos da flora regional como as gramíneas, bromélias, pteridófitas, sempre-vivas,<br />
cactáceas e leguminosas. Posteriormente, os artigos sobre a fauna trazem a compilação<br />
de informações sobre grupos vertebrados e abelhas. Também é apresentado um exemplo<br />
de subsídios ao manejo das unidades de conservação a partir de um grande esforço local<br />
de compilação e espacialização das pesquisas realizadas na região da Serra do Cipó.<br />
Encerrando este volume, um artigo relata os resultados de um exercício inédito obtido<br />
durante o workshop citado acima. Este configurou a primeira etapa de planejamento e<br />
identificação de áreas prioritárias para a conservação na Cadeia do Espinhaço, utilizandose<br />
ferramentas de Planejamento Sistemático para Conservação, sugeridas no Plano de<br />
Trabalho com Áreas Protegidas, elaborado na Sétima Conferência das P<strong>arte</strong>s da Convenção<br />
sobre Diversidade Biológica (COP7), metodologia considerada mais precisa para definição<br />
das áreas prioritárias do que as utilizadas anteriormente no Brasil. O exercício apontou a<br />
grande importância de se aumentar significativamente a área atualmente protegida no<br />
Espinhaço para que efetivamente sejam conservados os elementos mais importantes da<br />
sua fauna e flora.<br />
Buscando a efetivação das medidas recomendadas e dando continuidade as atividades<br />
que vem sendo estimuladas para a conservação da região, uma importante iniciativa foi<br />
recentemente lançada pelo Instituto Biotrópicos em conjunto com o Instituto Estadual de<br />
Florestas (IEF-MG) – o processo de implantação do Mosaico de Unidades de Conservação<br />
do Espinhaço Meridional, que visa, de forma participativa, integrar e aperfeiçoar as atividades<br />
desenvolvidas em unidades de conservação da região e no entorno, contribuindo<br />
para a efetivação de processos de manutenção da biodiversidade, a valorização da<br />
sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável na Reserva da Biosfera da Serra do<br />
Espinhaço.<br />
A publicação deste volume representa um importante passo para o conhecimento da<br />
biodiversidade e a conservação do Espinhaço, fruto do esforço coletivo de mais de 100<br />
especialistas de várias instituições de pesquisa que contribuíram voluntariamente, por<br />
meio de uma consulta ampla, alimentando um banco de dados sobre a biodiversidade do<br />
Espinhaço. A eles devemos um agradecimento especial, bem como aos que participaram<br />
do workshop, os organizadores do evento, e os autores dos artigos que compõem este<br />
volume especial.<br />
Alexsander Araújo Azevedo<br />
Rafael Luís Fonseca<br />
Ricardo Bomfim Machado<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Apresentação<br />
…o vento principiou entortar o rumo, mais forte –<br />
porque o tempo todo das águas estava no se acabar.<br />
(...) Estávamos em terras que entestam com a Bahia (...) onde o<br />
cãcã canta. Chão que queima, branco. E aqueles cristais<br />
pedra-cristal quase sangue... Chegamos até no cabo do mundo.<br />
(Guimarães Rosa) 1<br />
A Cadeia do Espinhaço é uma das regiões mais belas de Minas que se prolonga pelas<br />
terras da Bahia, atravessando os vários sertões de Guimarães Rosa. Conservar a biodiversidade<br />
de região tão ampla e tão importante em termos sócio-ambientais e culturais é um<br />
desafio que se impõe não só a Minas Gerais – onde estão as regiões mais expressivas<br />
desse conjunto – como também à toda a sociedade brasileira.<br />
Área de elevado grau de endemismo e de vegetação peculiar que protege importantes<br />
nascentes e mananciais de água, o Espinhaço tem merecido do Governo Mineiro atenção<br />
especial: apoio integral ao seu reconhecimento como Reserva da Biosfera pelo Programa<br />
Homem e Biosfera da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura<br />
(UNESCO) e a criação e implantação de 17 Unidades de Conservação de Proteção Integral<br />
– parques e reservas biológicas – bem como de 36 Unidades de Conservação e uso sustentável<br />
– áreas de proteção ambiental e reservas particulares de patrimônio natural.<br />
Desta forma, 27% da Reserva da Biosfera do Espinhaço se encontram protegidos, mas é<br />
preciso avançar cada vez mais no sentido de garantir a preservação do patrimônio natural<br />
e cultural da região.<br />
Nós que trabalhamos nesta área, sabemos que a ampliação do conhecimento científico<br />
e a melhoria da gestão das unidades existentes dependem de ampla divulgação da importância<br />
do Espinhaço, de modo a levar, também, outros segmentos públicos e privados a se<br />
interessar em compartilhar desses cuidados, que garantem a sua integridade, com iniciativas<br />
importantes nas áreas de estudos e pesquisas ou com outras formas efetivas de<br />
proteção. Daí reconhecermos a relevância da revista “<strong>Megadiversidade</strong>” que vem ao encontro<br />
dos anseios dos gestores ambientais, dos conservacionistas, dos estudantes de<br />
graduação e pós-graduação e do público em geral, ávido de informações que possam<br />
consolidar suas posições a favor da segurança ambiental.<br />
1 Grande Sertão: Veredas. P.304. Ed. Nova Fronteira<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
6 | Apresentação<br />
Nos diversos artigos desta revista, os estudiosos encontrarão informações científicas<br />
importantes sobre o Espinhaço, suas carências e potencialidades que, certamente, vão se<br />
constituir em suporte e referências para as políticas públicas de conservação, voltadas<br />
para a sustentabilidade ambiental a região.<br />
É pois, com imenso prazer que apresentamos à comunidade nacional a revista<br />
“<strong>Megadiversidade</strong>”, na certeza de que esta iniciativa vai resultar em muitos benefícios<br />
para toda a sociedade ambientalista deste País.<br />
José Carlos Carvalho<br />
SECRETÁRIO DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE MINAS GERAIS<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
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Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />
BERNARDO MACHADO GONTIJO<br />
Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da <strong>UFMG</strong><br />
email: gontijobm@yahoo.com.br<br />
CONSIDERAÇÕES INICIAIS<br />
Numa edição especial que trata da grande biodiversidade<br />
da Cadeia do Espinhaço, cabe tentar entender aqui<br />
as razões para que tal riqueza de biota seja possível em<br />
um ambiente, aparentemente, tão limitante em termos<br />
ecológicos. Para além de sua geologia, que possibilita<br />
a ocorrência de um conjunto de feições geomorfológicas<br />
marcantes na paisagem, a Cadeia do Espinhaço é um<br />
grande divisor de biomas e, enquanto tal, tentaremos<br />
contextualizá-la geograficamente. Sem nos atermos a<br />
uma geografia puramente física, tentaremos conceber<br />
uma abordagem ecogeográfica uma vez que o prefixo<br />
eco trás em si os elementos do meio físico que possibilitam<br />
tamanha diversidade da biota, sem perder de vista<br />
as intervenções da espécie humana.<br />
Dedicaremos, num primeiro momento, a uma rápida<br />
revisão histórica sobre o que já foi pesquisado em<br />
termos das bases geológicas da Cadeia do Espinhaço<br />
uma vez que consideramos ser a geologia o elemento<br />
definidor de seu esqueleto fisiográfico, sobre o qual<br />
o clima atuou e atua no sentido de modelar seu relevo<br />
e definir sua hidrografia, e em relação aos quais os<br />
solos e a biota vêm se interagindo e condicionandose<br />
mutuamente.<br />
Não pretendemos, aqui, voltar a discorrer sobre o<br />
que especialistas estão mais qualificados a dizer do<br />
que nós. A geologia e a geomorfologia da Cadeia do<br />
Espinhaço já são bem conhecidas, ainda que os especialistas<br />
não tenham entrado em acordo quanto às<br />
interpretações relativas aos seus modelos representativos,<br />
seja com relação a sua gênese, seja com relação<br />
à evolução de seu modelado – tanto em termos de<br />
seu passado geológico remoto, como em termos da<br />
1 Hoje integrante do Instituto Casa da Glória, pertencente ao Instituto de Geociências da <strong>UFMG</strong>.<br />
modelagem decorrente dos paleoclimas recentes<br />
(Quaternário). A geologia da Cadeia do Espinhaço, a<br />
propósito, vem despertando o interesse de pesquisadores<br />
desde o século XIX, conseqüência das ocorrências<br />
de diamante descobertas no século anterior.<br />
Eschwege (1822, 1832 e 1833) e Derby (1881, 1906),<br />
traçaram as primeiras considerações de ordem estratigráfica<br />
e metalogenética. Na primeira metade do<br />
século XX, Moraes (1929, 1932 e 1937), Moraes & Guimarães<br />
(1929, 1930, 1931), Freyberg (1932) e Barbosa<br />
(1954) avançaram nas investigações sobre a serra.<br />
De acordo com Karfunkel et al. (1991), apenas com<br />
as pesquisas de Pflug et al. (1969) e Pflug & Renger (1973)<br />
iniciou-se uma nova fase de est0udos sistemáticos. Este<br />
período é descrito por Grossi-Sad et al. (1997) como<br />
aquele em que<br />
“foram realizados mapeamentos em escala<br />
1:250.000 e, em p<strong>arte</strong> 1:100.000, no setor meridional<br />
da serra e p<strong>arte</strong> sul do setor setentrional.<br />
Integrações na escala 1:100.000 (mapas inéditos)<br />
foram executadas pelo Centro de Geologia<br />
Eschwege 1 . Os resultados mais significativos<br />
advindos destes estudos incluem a subdivisão<br />
estratigráfica, a correlação entre p<strong>arte</strong> das<br />
sequências da Serra do Espinhaço e do Quadrilátero<br />
Ferrífero e o reconhecimento da organização<br />
estrutural. Na década de 70, o Centro de<br />
Geologia Eschwege iniciou um programa de mapeamento<br />
geológico em escala 1:25.000, do qual<br />
resultaram mapas de 30 quadrículas de 7’30" de<br />
lado, incluídas nas folhas 1:100.000 denominadas<br />
Diamantina, Presidente Kubitschek, Serro e<br />
Conceição do Mato Dentro”<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
8 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />
A evolução dos trabalhos geológicos culminaram<br />
com a publicação da excelente edição especial da Revista<br />
de Geociências Geonomos (<strong>UFMG</strong>/IGC/CPMTC,<br />
1995). Nesta publicação podem ser encontrados artigos<br />
fundamentais sobre a geologia do Supergrupo<br />
Espinhaço (Abreu, Dussin & Dussin), a evolução dos conhecimentos<br />
sobre a “Cordilheira do Espinhaço” (Renger<br />
& Knauer), a geomorfologia da Cadeia do Espinhaço<br />
(Saadi) e até mesmo um levantamento bibliográfico sobre<br />
tudo que fora publicado até então sobre a “Cordilheira<br />
do Espinhaço” (Souza & Martins). Tais trabalhos<br />
constituem-se numa espécie de síntese geral, conseqüência<br />
de uma série de artigos, resumos, dissertações e teses<br />
elaboradas ao longo de mais de 25 anos de pesquisa.<br />
Em 1997, uma série de 23 mapas cobrindo toda a<br />
Cadeia do Espinhaço Mineira, de escala 1:100.000, foi<br />
disponibilizada também em formato digital, enquanto<br />
produto do grande Projeto Espinhaço (IGC/CSR/COMIG,<br />
1996), sendo que em 2002 foi lançada a segunda edição<br />
deste CD-ROM. A Cadeia do Espinhaço baiana ainda<br />
não foi mapeada com o mesmo grau de detalhamento<br />
que a mineira, cabendo aos geólogos daquele estado a<br />
continuidade do trabalho desenvolvido em Minas Gerais,<br />
agora no âmbito do PRONAGEO/CPRM.<br />
Mais recentemente, Silva, Pedreira & Almeida Abreu<br />
(2005) editaram, pela UFVJM, um livro inédito sobre a<br />
Cadeia do Espinhaço Meridional no qual convidaram<br />
diversos especialistas para discorrer sobre a geologia e<br />
a geografia física do Espinhaço, e também para discorrer<br />
sobre alguns elementos de sua biota (vegetação,<br />
fragmentos de entomofauna, anuros e mamíferos não<br />
voadores), domínio histórico social e meio ambiente.<br />
Neste volume, mais uma vez, são discorridos aspectos<br />
da fisiografia do Espinhaço Meridional (Neves, Almeida<br />
Abreu & Fraga), e o estudo dos solos aparece em destaque<br />
(Silva), principalmente em função da participação<br />
do autor em diversos diagnósticos e avaliações<br />
pedológicas para o plano de manejo de quatro unidades<br />
de conservação localizadas na região 2 .<br />
O conhecimento da geomorfologia, e mais recentemente<br />
da pedologia, da Cadeia do Espinhaço, ainda<br />
longe de abranger toda a sua extensão, têm sido aprofundados<br />
a partir do desenvolvimento daquela base<br />
geológica inicial. Neste contexto destacam-se os trabalhos<br />
de Saadi (1995, op.cit.) e aqueles por ele citados,<br />
especialmente Abreu (1982), Almeida Abreu (1993),<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Augustin (1994), Saadi (1991, 1993), Saadi & Valadão<br />
(1987). Em escala local, uma série de trabalhos foram,<br />
e ainda vêm sendo, desenvolvidos na região de Gouveia<br />
e adjacências, no âmbito do que poderíamos considerar<br />
como sendo um grande programa de estudos da<br />
geomorfologia do Espinhaço Meridional desenvolvidos<br />
pelos professores e pesquisadores em Geomorfologia<br />
do depto. de Geografia da <strong>UFMG</strong>. A estes trabalhos<br />
começam a se somar dissertações na área da pedologia<br />
e da climatologia.<br />
Percebe-se, a partir desse rápido histórico, que as<br />
bases para a compreensão ecogeográfica do Espinhaço<br />
encontram-se um tanto desequilibradas: muito se sabe<br />
sobre o arcabouço esquelético da paisagem e pouco se<br />
aprofundou sobre as implicações deste arcabouço<br />
com o tapete de vida que por sobre ele se instalou. É<br />
aqui que queremos circunscrever nossa contribuição,<br />
procurando uma visão ampla para o que pode ser considerado<br />
o Espinhaço no sentido de tentar entender o<br />
porquê dele sustentar tamanha biodiversidade (mais de<br />
seis mil espécies segundo os estudos que constam nesta<br />
publicação). Os elementos geológicos e fisiográficos<br />
mais pertinentes a esta abordagem ecogeográfica surgirão<br />
à medida em que o texto avançar – almejamos<br />
fugir, assim, da armadilha da compartimentação da informação,<br />
na qual os diversos temas aparecem como<br />
que em gavetas, e buscar um texto o mais coeso possível.<br />
Iniciemos por um questionamento básico:<br />
A QUE ESPINHAÇO NOS REFERIMOS?<br />
Trata-se de uma questão complexa, já que não existe<br />
uma unanimidade sobre o assunto e a própria palavra<br />
vem sendo cada vez mais utilizada por segmentos não<br />
necessariamente comprometidos com seu real significado<br />
(o que, por um lado, é bastante satisfatório já<br />
que indica uma maior inserção do ambiente “Espinhaço”<br />
no contexto do grande público). A palavra Espinhaço<br />
remonta ao próprio Barão de Eschwege, que<br />
primeiro a cunhou, num artigo publicado em 1822 na<br />
Alemanha 3 . Reproduziremos, então, o primeiro momento<br />
em que o termo surge no texto de Eschwege<br />
no sentido de perceber, já nesta ocasião, a importância<br />
não só geológica, mas também ecológica, da Cadeia<br />
do Espinhaço:<br />
2 Parques Estaduais do Biribiri, do Rio Preto e do Pico do Itambé, e Area de Proteção Ambiental Estadual de Aguas Vertentes.<br />
3 “Quadro Geognóstico do Brasil”, impresso em pequena tiragem, traduzido depois para o francês e inglês (1823), resumido para o português<br />
(1846) e somente traduzido em sua íntegra para o português, recentemente, (2005) pelo professor F. Renger do IGC/<strong>UFMG</strong> na revista Geonomos.
“Uma dessas principais cadeias montanhosas,<br />
chamada em alguns lugares de Serra da Mantiqueira,<br />
encerra os pontos mais altos do Brasil,<br />
tais como o Pico do Itacolumi perto de Vila Rica,<br />
a Serra do Caraça junto a Catas Altas e o majestoso<br />
Pico do Itambé, perto da Vila do Príncipe,<br />
e atravessa, pelo norte, as províncias de Minas<br />
Gerais e da Bahia seguindo até Pernambuco<br />
e para o sul, a de São Paulo até o Rio Grande<br />
do Sul. A ela denominei Serra do Espinhaço<br />
(“Rückenknochengebirge”), não só porque forma<br />
a cordilheira mais alta, mas, além disso, é<br />
notável, especialmente para o naturalista, pois<br />
forma um importante divisor não somente sob o<br />
ponto de vista geognóstico, mas também é de<br />
maior importância pelos aspectos da fauna e da<br />
flora. (...) As regiões ao leste desta cadeia, até o<br />
mar, são cobertas por matas das mais exuberantes.<br />
O lado oeste forma um terreno ondulado e<br />
apresenta morros despidos e paisagens abertas,<br />
revestidas de capim e de árvores retorcidas, ou<br />
os campos cujos vales encerram vegetação espessa<br />
apenas esporadicamente. O botânico encontra,<br />
nas matas virgens, plantas completamente<br />
diferentes daquelas dos campos e o zoólogo<br />
acha uma outra fauna, especialmente de aves,<br />
tão logo passe das matas, pela Serra do Espinhaço,<br />
para os campos”. 4<br />
Para Eschwege, a Cadeia do Espinhaço incluiria todo<br />
o prolongamento montanhoso ao sul do Quadrilátero<br />
Ferrífero mineiro e se estenderia até o Rio Grande do<br />
Sul. Isto se deu, certamente, em função do deficiente<br />
conhecimento da geologia brasileira no início do século<br />
XIX. Se ele estava certo em relação ao limite norte, o<br />
limite sul foi melhor estabelecido por Derby (1906), que<br />
“restringiu sua extensão ao segmento entre Ouro Preto<br />
e Juazeiro (Bahia), à margem do Rio São Francisco,<br />
passando por Minas Gerais, Bahia até o sul de Pernambuco,<br />
praticamente coincidindo com a margem oriental<br />
da Bacia Sanfranciscana” (Renger, 2005). É o mesmo<br />
Renger quem afirma que o limite sul da Cordilheira do<br />
Espinhaço corresponde à Serra das Cambotas, perto de<br />
Barão de Cocais, “concomitante à distribuição do Supergrupo<br />
Espinhaço” (Renger, op.cit.).<br />
Se geologicamente a Cadeia do Espinhaço pode ser<br />
associada às rochas do Supergrupo Espinhaço, outras<br />
Gontijo | 9<br />
delimitações surgem quando se quer enfatizar aspectos<br />
específicos a ela relacionados. Geomorfologicamente,<br />
as variações já surgem na própria maneira em que o Espinhaço<br />
é chamado enquanto unidade de relevo – ora<br />
como “serra”, ora como “cordilheira”, ora como “orógeno”,<br />
ora ainda como “planalto”. Tratam-se mais de questões<br />
conceituais específicas da Geomorfologia, que não nos<br />
vêm ao caso, apesar da importância intrínseca deste<br />
tipo de discussão. Para nós, interessa entender, ou saber,<br />
que tratam-se de “terras altas, de direção geral<br />
norte-sul e convexidade orientada para oeste” (Saadi,<br />
1995) e, enquanto tal, exercem uma função ecológica<br />
sui generis se acrescentarmos, a essa característica, sua<br />
posição latitudinal e sua distância em relação ao litoral<br />
atlântico – em outras palavras – se nos detivermos a<br />
sua Geografia, como será aprofundado mais adiante.<br />
Podemos entender a expressão “Serra do Espinhaço”,<br />
ainda, como uma espécie de marca de fantasia, o<br />
que inclusive cai bem quando consideramos a crescente<br />
popularização do termo. Essa idéia parece, no nosso<br />
entender, estar na base da recente delimitação do que<br />
passou a ser concebido e conhecido como “Reserva da<br />
Biosfera da Serra do Espinhaço” (RBSE). De forte apelo<br />
de marketing, que lança a Cadeia do Espinhaço enquanto<br />
importante patrimônio ecossistêmico a ser olhado e<br />
cuidado com o carinho que merece, a RBSE acabou por<br />
englobar mais espaços ao Espinhaço mineiro. Este foi,<br />
especialmente, o caso de todo o Quadrilátero Ferrífero,<br />
o que resgata de alguma forma as idéias originais<br />
de Eschwege e Derby. Embora um “pecado geológico”,<br />
trata-se mais da materialização espacial de uma, boa,<br />
idéia conservacionista – quanto mais áreas estiverem<br />
incorporadas a nossa RBSE, mais chances teremos de<br />
proteger nossa biota.<br />
Lembremos, também, que a grande maioria dos estudos<br />
enumerados no item anterior referem-se apenas<br />
a uma porção do Espinhaço, notadamente sua porção<br />
mineira. Podemos, então, considerar o Espinhaço mineiro<br />
como sua porção sul e o Espinhaço baiano como<br />
sua porção norte. No entanto, considerando o volume<br />
de trabalhos muito maior já desenvolvido no Espinhaço<br />
mineiro, este acabou sendo subdividido pelos especialistas<br />
também em uma porção meridional e outra<br />
setentrional. Segundo Saadi (1995), “em escala regional,<br />
a Serra do Espinhaço é subdividível em dois compartimentos<br />
de planaltos muito bem diferenciados e<br />
nitidamente separados por uma zona deprimida de<br />
4 ESCHWEGE, W von, “Quadro Geognóstico do Brasil e a provável rocha matriz dos diamantes”. Tradução (2005) de F.E.Renger do original em<br />
alemão (1822).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
10 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />
direção NW-SE, passando por Couto de Magalhães de<br />
Minas”, os quais ele denominou de Planalto Meridional<br />
e Planalto Setentrional.<br />
O ESPINHAÇO ENQUANTO GRANDE FATOR ECOLÓGICO<br />
De acordo com o Projeto Espinhaço (COMIG/IGC, 1997),<br />
a Cadeia do Espinhaço “representa um importante<br />
acidente geográfico que se estende desde as proximidades<br />
de Belo Horizonte até o limite norte do Estado<br />
da Bahia com o Estado do Piauí. O relevo da serra é<br />
marcadamente acidentado com altitude geralmente<br />
superior a 1000 m, alcançando um máximo de 2002 m<br />
de altitude no Pico do Itambé, localizado a cerca de<br />
30 km a sudeste de Diamantina. Em Minas Gerais a<br />
Serra do Espinhaço estende-se por cerca de 550 km,<br />
com direção aproximadamente N-S e largura variável<br />
de até 100 km. Ao norte de Diamantina apresenta<br />
notável estreitamento, seguindo como faixas descontínuas<br />
e de largura reduzida até as proximidades de<br />
Terra Branca, onde volta a apresentar relevo abrupto e<br />
largura considerável. Este adelgaçamento promove a<br />
individualização da serra em dois setores: meridional e<br />
setentrional, de características geológicas distintas”.<br />
É esta a base geológico-morfológica que dá o “suporte<br />
ecológico” à biota da serra, tal como concebido por<br />
Tansley (1935, citado por Ab’Saber, 2003).<br />
Discorrendo sobre o conceito de ecossistema tal<br />
como popularizado por Tansley, Ab’Saber (2003) aponta<br />
para a importância de se considerar o estudo integrado<br />
de seus três componentes essenciais, quais<br />
sejam, “o suporte ecológico (rocha/solo), a biota ali estabelecida<br />
através de longos processos genéticos e as<br />
condições bioclimáticas que dão sustentabilidade para<br />
a vida ali instalada”. Entendemos, aqui, a Cadeia do<br />
Espinhaço como um grande fator ecológico em si –<br />
neste sentido, poderíamos considerá-la como a base<br />
de um bioma, o quarto grande bioma de Minas Gerais.<br />
É sabidamente conhecida a interseção, em Minas,<br />
de três dos grandes biomas brasileiros (Mata Atlântica,<br />
Cerrado e Caatinga). Os campos rupestres de altitude<br />
(que não se restringem somente ao Espinhaço) aparecem<br />
como faixas de transição ou refúgios isolados em<br />
meio àqueles três domínios maiores. Se tomarmos a<br />
escala de Minas, ou da faixa oriental da bacia sanfranciscana<br />
que incluiria Minas e Bahia, a cadeia do Espinhaço<br />
cresce em importância e, no nosso entender,<br />
ganha a dimensão de um bioma (entendendo bioma<br />
como a dimensão mais ampla possível de um ecossistema,<br />
na concepção Tansleyana do termo). Coutinho<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
(2006), ao discutir sobre o conceito de bioma, considera<br />
a definição de Walter (1986) como a mais adequada:<br />
“uma área do espaço geográfico com dimensões<br />
até superiores a um milhão de quilômetros quadrados,<br />
representada por um tipo uniforme de<br />
ambiente, identificado e classificado de acordo<br />
com o macrolclima, a fitofisionomia (formação),<br />
o solo e a altitude, os principais elementos que<br />
caracterizam os diversos ambientes continentais”.<br />
A essa definição, Coutinho acrescenta a importância<br />
do fogo natural enquanto fator ecológico, o que se aplica<br />
também para a Cadeia do Espinhaço. Discordamos,<br />
no entanto, quanto à rigidez em se definir a área mínima<br />
de um bioma como sendo de um milhão de quilômetros<br />
quadrados. Ao conceber este limite, Walter<br />
tinha a distribuição planetária dos ambientes continentais<br />
em mente – nesta escala de análise, qualquer área<br />
inferior a um milhão de quilômetros quadrados perde<br />
em importância. Se a Cadeia do Espinhaço possui uma<br />
importância espacialmente limitada, especialmente se<br />
considerarmos as grandes cadeias montanhosas do planeta<br />
(inclusive bastante jovens em termos geológicos),<br />
para nós brasileiros, mais especificamente para nós mineiros<br />
e baianos, isso não corresponde ao que experienciamos<br />
na prática.<br />
A geografia física de Minas Gerais, para nos atermos<br />
somente ao nosso estado, pode até apontar para a importância<br />
de nossos três grandes biomas (os já citados<br />
Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga), com a Cadeia do<br />
Espinhaço sendo, quando muito, uma faixa de transição<br />
e um divisor dos mesmos. Mas nossa ecogeografia<br />
exige a necessária consideração do conjunto da Cadeia<br />
do Espinhaço como um bioma em si – sua antigüidade<br />
geológica e sua posição geográfica conferem-lhes um<br />
aumento na sua relevância ecológica pois estão na base<br />
para tentarmos explicar o grau tão elevado de biodiversidade<br />
que comporta.<br />
No nosso entender, os campos rupestres de altitude<br />
do Espinhaço Mineiro constituem-se num dos quatro<br />
grandes biomas do estado, e possuem uma importância<br />
que vai muito além de sua mero arranjo florístico /<br />
fitofisionômico. Trata-se de uma paisagem grandiosa,<br />
profundamente gravada no imaginário mineiro, uma vez<br />
que acompanha nosso histórico de conquista mineral,<br />
associada que está ao magnífico embasamento quartzítico,<br />
seja ele mais silicoso (como no caso do Espinhaço),<br />
seja ele mais ferrífero (como no caso do Quadrilátero<br />
Ferrífero). A história das “minas gerais” passa necessariamente,<br />
pelos seus campos rupestres.
MOSAICO DE BIOMAS, MOSAICO DE BIODIVERSIDADE<br />
No mapeamento geológico da Cadeia do Espinhaço realizado<br />
a partir do convênio COMIG/IGC (1997), uma<br />
pequena introdução à geografia da Cadeia do Espinhaço<br />
é apresentada:<br />
“A paisagem gerada pelo entalhamento das rochas<br />
predominantemente quartzíticas, com a formação<br />
de elevações e espigões de formas diversas, é de<br />
extrema beleza. O quadro <strong>final</strong> é dado pelo contraste<br />
entre os rochedos e as superfícies mais<br />
baixas, que geralmente são cobertas por vegetação<br />
singela. Estas superfícies constituem extensos<br />
pediplanos onde existem intercalações de<br />
litologias mais susceptíveis à decomposição. (...)<br />
A Serra do Espinhaço corresponde a um importante<br />
divisor de águas para as bacias hidrográficas<br />
do Rio São Francisco e dos rios que fluem<br />
para leste e desaguam no Oceano Atlântico, tendo<br />
como bacias hidrográficas principais as dos<br />
rios Jequitinhonha e Doce. (...) A região da Serra<br />
do Espinhaço encontra-se na faixa de clima subtropical<br />
quente, com micro-climas diversos relacionados<br />
à fatores topográficos. A temperatura<br />
média anual está em torno de 18 a 19°C. A precipitação<br />
anual varia de 850 a 1400 mm, de norte<br />
para o sul da serra. As coberturas vegetais na<br />
região são representadas por campos rupestres<br />
e campos de altitude, cerrado e floresta subcaducifólia<br />
principal. A ocorrência de um determinado<br />
tipo está fortemente condicionada a condições<br />
climáticas e aspectos morfológicos”.<br />
A litologia decorrente do embasamento geológico<br />
acaba por definir as características pedológicas da região<br />
uma vez que fica claro o contraste entre as limitações<br />
ecológicas impostas pelos solos arenoquartzosos<br />
dos topos de serra (Formações relacionadas ao Supergrupo<br />
Espinhaço), e as possibilidades decorrentes dos<br />
solos eutrofizados das áreas limítrofes. A cobertura<br />
vegetal se revela, então, fortemente marcada pela<br />
litologia e se revela na forma dos campos de altitude<br />
que serão rupestres na medida em que estiverem associados<br />
aos afloramentos rochosos (necessariamente<br />
presentes, por serem seus definidores, nos topos da<br />
Gontijo | 11<br />
Serra). Tomando o exemplo da Serra do Cipó, extremidade<br />
meridional do Espinhaço mineiro, Giulietti et al<br />
(1987) afirmam que a fisionomia de seus campos rupestres<br />
“é bastante uniforme e essa característica se<br />
mantém ao longo da cadeia do Espinhaço, sendo a continuidade<br />
quebrada pela presença de manchas de cerrado<br />
e matas de galeria e de encosta, e também pelos<br />
assim chamados capões de matas”.<br />
Menezes e Giulietti (2000:66), destacando a riqueza<br />
florística dos campos rupestres da Serra do Cipó,<br />
registraram a presença de 1590 espécies (de um total<br />
de 149 famílias) em uma área de aproximadamente<br />
200 km². Além disso, elas chamam a atenção para o<br />
elevado índice de endemismos da flora local, fato já<br />
constatado por Joly desde 1970, quando iniciava um<br />
estudo exaustivo de levantamento da flora da Serra do<br />
Cipó, contando com a colaboração de pesquisadores e<br />
pós-graduandos da Universidade de São Paulo, Universidade<br />
de Campinas e do Instituto de Botânica de São<br />
Paulo. Joly já antevia que “não há na flora brasileira<br />
outra associação, com tal índice de endemismos, como<br />
a dos campos rupestres, que fala da antigüidade de seu<br />
isolamento, restrita como está ao alto das serras isoladas,<br />
verdadeiras ilhas no planalto brasileiro, únicos<br />
pontos onde se encontram as condições geoclimatológicas,<br />
razão de sua existência” (Joly, 1970: 128-129).<br />
Joly morreu prematuramente mas o levantamento<br />
florístico prossegue até hoje (Giulietti et al.,1987) .<br />
Os botânicos enumeram um grande número de famílias<br />
de plantas mas aos olhos dos leigos destacam-se<br />
na paisagem as “canelas de ema” (Velloziaceae), as<br />
“parasitas” 5 (Orchidaceae e Bromeliaceae), diversas cactáceas<br />
(Cactaceae), e um grande número de “semprevivas”<br />
(Xyridaceae, Cyperaceae, Eriocaulaceae) (Menezes<br />
& Giulietti, 1986). São exemplares dessas famílias as<br />
que mais têm sido coletadas ao longo dos anos por<br />
toda a Serra. Enquanto os caules das canelas de ema<br />
são coletados para serem usados como combustível;<br />
cactos, bromélias e orquídeas são retirados pelo alto<br />
valor de mercado que atingem em função da beleza e<br />
singularidade de seus aspectos. Já com relação às sempre-vivas,<br />
a coleta tem sido sistemática e indiscriminada<br />
ao longo de todo o Espinhaço Meridional, onde certas<br />
populações já tiveram seu número drasticamente reduzido,<br />
e outras já são consideradas como extintas 6<br />
(Giulietti et al., 1988).<br />
5 Na verdade são epífitas, pois não exercem qualquer tipo de relação de parasitismo com o hospedeiro, e muitas vezes encontrando-se<br />
diretamente sobre o substrato rochoso.<br />
6 A lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas Gerais registra 351 espécies ameaçadas no âmbito dos campos<br />
rupestres (Mendonça & Lins, 2000:113-148).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
12 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />
Além dos campos rupestres, matas ripárias e capões<br />
também foram estudados pelo grupo de São Paulo.<br />
Meguro et al. (1996a e 1996b) caracterizaram-nas tanto<br />
floristicamente quanto com relação ao seus processos<br />
de instalação e dispersão. Enquanto as matas ripárias<br />
“ocupam estreitas franjas ao longo dos riachos que drenam<br />
os campos rupestres, alargando-se aquém da cota<br />
de 1000 m” (Meguro et al., 1996b); os capões “formam<br />
pequenas manchas nas proximidades dos topos arredondados<br />
e encostas suaves das serras e, à jusante, fundem-se,<br />
muitas vezes, com as florestas presentes nas<br />
íngremes vertentes dos anfiteatros de erosão e dos vales”<br />
(Meguro et al., 1996a).<br />
Considerando o aspecto regional, o Espinhaço Meridional<br />
surge como um grande divisor de biomas, ele<br />
próprio comportando em si um daqueles quatro biomas<br />
mais significativos da paisagem mineira. A bacia do rio<br />
das Velhas, na encosta ocidental do Espinhaço Meridional,<br />
invade o cerrado mineiro, enquanto a encosta<br />
oriental do Espinhaço Meridional detém o avanço do<br />
“mato dentro” ao longo da bacia do rio Doce, o mesmo<br />
“mato dentro” que batizou Conceição, Itabira e Itambé,<br />
ali localizadas e todas testemunhas da grande floresta<br />
estacional semi-decidual, versão mineira do bioma da<br />
Mata Atlântica.<br />
Estamos diante de um mosaico fitofisionômico e<br />
florístico que imprime na paisagem da serra um de seus<br />
grandes fascínios, o que está refletido em suas vertentes<br />
ocidental e oriental, que definem, grosso modo, as<br />
transições altitudinais, ora entre campos rupestres e<br />
cerrados (bacia do São Francisco), ora entre campos<br />
rupestres e mata Atlântica (bacias de leste) e ora entre<br />
campos rupestres e caatinga (latitudes menores). As<br />
interfaces com a Mata Atlântica, a propósito, se dão na<br />
medida em que a vegetação mais densa penetra pela<br />
encosta oriental, persistente que vai ao longo dos cursos<br />
d’água (matas ripárias ou de galeria), e também na<br />
medida em que se instala nas depressões geológica e<br />
geomorfologicamente favoráveis do altiplano da serra<br />
(capões de mata). Já nos afloramentos calcários que<br />
ocorrem nas faixas de transição com a depressão Sanfranciscana,<br />
sobre rochas calcárias do Grupo Bambuí,<br />
dominam manchas de mata seca (floresta estacional<br />
decidual).<br />
Este mosaico de biomas acaba por produzir um<br />
grande mosaico de biodiversidade pois a concentração<br />
de ecótones propicia uma profusão de alternativas<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
ecológicas de adaptação. Some-se a isto a posição<br />
geográfica da Cadeia do Espinhaço, qual seja, aquele<br />
alinhamento montanhoso norte-sul, relativamente interiorizado<br />
em relação ao litoral brasileiro, numa distância<br />
curta o suficinte para sofrer os efeitos orográficos<br />
da penetração das massas de ar quente e úmidas, tanto<br />
de leste como de oeste; e numa distância longa o suficiente<br />
para confinar as grandes formações abertas do<br />
sertão brasileiro – cerrados e caatingas e todas as gradações<br />
que comportam – cujas ecologias são marcadas<br />
pela sazonalidade em seus diversos graus de intensidade<br />
– desde a regularidade da faixa tropical semi-úmida<br />
das latitudes intertropicais até a irregularidade tropical<br />
semi-árida do nordeste brasileiro<br />
De fisionomia fortemente marcada pelo xeromorfismo<br />
oligotrófico, os cerrados sofrem as conseqüências<br />
de uma sazonalidade acentuada, isto é, desenvolvem<br />
mecanismos de retenção de água no período de maior<br />
deficiência hídrica (<strong>final</strong> de inverno). De acordo com<br />
Ferreira (1980) o cerrado “apresenta gradações baseadas<br />
na fisionomia, nos fatores edáficos e na composição<br />
florística” e Brandão (2000:56) chega a considerar os campos<br />
rupestres como uma de suas variáveis campestres 7 .<br />
Ribeiro & Walter (1998), por sua vez, propõem os assim<br />
chamados cerrados rupestres, traduzindo a transição<br />
gradual entre o cerrado e os campos rupestres.<br />
É no <strong>final</strong> do período de maior deficiência hídrica<br />
que ocorre um grande número de queimadas na região,<br />
o que em grande medida reflete numa série de adaptações<br />
morfológicas nas plantas que possibilitam a sobrevivência<br />
ao fogo. A grande pressão ecológica do fogo<br />
sobre o cerrado, fato já estudado desde Warming (1908)<br />
e aprofundado por Coutinho (1976 e 1992), se prolonga<br />
para os campos rupestres, definindo inclusive muito<br />
de sua composição florística (Giulietti et al., 1987<br />
op.cit.). As queimadas são comuns na serra, não sendo<br />
raro o testemunho dos habitantes da região sobre incêndios<br />
que duram dias para cobrir grandes áreas de<br />
escarpamento quartzítico.<br />
As formações florestais, por sua vez, sofrem influência<br />
tanto do regime climático como da litologia e da<br />
geomorfologia. A presença da água ao longo da grande<br />
quantidade de cursos d’água que drenam as vertentes<br />
orientais da serra (desde as cabeceiras dos rios Santo<br />
Antônio, Suaçui, Araçuai e Jequitinhonha na porção<br />
meridional, até as cabeceiras dos rios Pardo, de Contas,<br />
Paraguaçu e Jacuipe na porção setentrional) e a<br />
7 Algo muito mais plausível do que classificar os campos rupestres do Espinhaço como se fossem refúgios vegetacionais no âmbito da<br />
adequação ao sistema universal da classificação vegetacional de Veloso (1992).
proximidade oceânica oferecem níveis de umidade suficiente<br />
para sustentar o que originalmente consistiu<br />
na grande massa florestal da nossa Mata Atlântica.<br />
Revestindo os assim chamados por Ab’Saber de mares<br />
de morro, essas florestas cobriam uma extensão mais<br />
dilatada no leste mineiro, chegando às encostas da vertente<br />
leste do Espinhaço.<br />
Quanto às estreitas faixas de oeste de matas secas,<br />
estas permanecem exuberantes no verão mas perdem<br />
suas folhas no inverno, uma vez que a água penetra no<br />
substrato calcário e acaba tornando secas as camadas<br />
superficiais do solo, tornando também esta formação<br />
altamente vulnerável à ocorrência de incêndios. Em suas<br />
faixas de ocorrência, predominam em meio à transição<br />
do cerrado para os campos rupestres, capões e galerias,<br />
algumas bastante alteradas pela ocupação agrícola.<br />
UM TERREMOTO AMBIENTAL?<br />
A Cadeia do Espinhaço prossegue ainda desconhecida<br />
em grande p<strong>arte</strong> de sua extensão, especialmente se<br />
considerarmos seu elevado grau de endemismos. Ou<br />
seja, cada um de seus grotões permanece como alvo<br />
potencial de investigações mais aprofundadas, especialmente<br />
num momento em que os estudos da biodiversidade<br />
de Minas Gerais ganham fôlego, incluindo aí os<br />
trabalhos da Fundação Biodiversitas (Costa et al., 1998,<br />
Mendonça & Vanucci, 2000 e Drummond et al.,2005).<br />
Nas duas edições dos atlas para a conservação da biodiversidade<br />
em Minas Gerais (Costa et al. 1998 e<br />
Drummond et al. 2005, op.cit.), a Cadeia do Espinhaço,<br />
em sua porção mineira, aparece como uma das áreas<br />
prioritárias de conservação, com importância biológica<br />
especial e enquanto área que demanda a criação<br />
urgente de (mais) Unidades de Conservação. O texto<br />
referente à Cadeia do Espinhaço que consta na primeira<br />
edição (Costa et al., op.cit.:61) é bastante elucidativo<br />
e resume bem muito do que aqui foi enfatizado com<br />
relação à importância ecológica de todo o conjunto:<br />
“A Serra do Espinhaço, de notável relevância,<br />
destaca-se no cenário nacional e internacional,<br />
pois além de abrigar nascentes de diversos rios<br />
que drenam para diferentes bacias, constitui uma<br />
área ímpar no contexto mundial, no que se refere<br />
à formação geológica e florística. Apresenta<br />
extraordinário grau de endemismo de várias famílias<br />
de plantas e é considerada o centro de<br />
diversidade genética das sempre-vivas. Nela se<br />
concentram cerca de 80% de todas as espécies<br />
Gontijo | 13<br />
de sempre-vivas do país e cerca de 70% das espécies<br />
do planeta. A Serra abriga, ainda, 40% das<br />
espécies de plantas ameaçadas do Estado. Esses<br />
fatores, aliados à sua importância como eixo de<br />
migrações pré-históricas, justificam a recomendação<br />
de criação de uma Reserva da Biosfera<br />
que englobe todo o maciço do Espinhaço. Para<br />
viabilizar essa proposta, o Estado deverá requerer<br />
ao Programa “Man and Biosphere – MAB”, da<br />
UNESCO, a criação da reserva”.<br />
Estaria este santuário, especialmente naqueles pontos<br />
onde a pressão antrópica tem sido crescente, vulnerável<br />
e impotente diante desse rolo compressor de<br />
uma economia cada vez mais globalizada? Biólogos e<br />
ecologistas em geral tendem a reduzir a questão à criação<br />
de Unidades de Conservação, se possível das mais<br />
restritivas, e a criar o maior número possível de mecanismos<br />
que impeçam os efeitos de uma pressão antrópica<br />
crescente. Muitos desses biólogos estiveram,<br />
inclusive, na vanguarda do processo de criação das unidades<br />
de conservação lá já existentes e suas contribuições<br />
para o aprofundamento do conhecimento de<br />
diversas facetas da Serra são inquestionáveis.<br />
Mas não deveríamos, enquanto pesquisadores, continuar<br />
com uma espécie de venda nos olhos e que nos<br />
impede que possamos enxergar além do mistério profundo<br />
das plantas e animais da Serra. O problema da<br />
ocupação desordenada da Cadeia do Espinhaço tem se<br />
avolumado e são cada vez mais constantes os conflitos<br />
decorrentes dos jogos de interesse contraditórios entre<br />
os diversos profissionais que atuam na região.<br />
Justamente por estarem sofrendo impactos sistemáticos<br />
em sua integridade ambiental e, ao mesmo tempo,<br />
serem biodiversos e ricos em endemismos, Cerrado<br />
e Mata Atlântica são hoje considerados como hotspots.<br />
Os campos de altitude, por seu turno, podem ainda não<br />
ser considerados enquanto um hotspot, mas refletem,<br />
na sua biodiversidade, muito do que representa sua<br />
proximidade com aqueles dois biomas. Se o termo<br />
hotspot foi tomado emprestado à Teoria da Tectônica<br />
de Placas, fundamental para a explicação de muitos dos<br />
fenômenos geológicos (como a própria orogênese da<br />
Cadeia do Espinhaço), cabe aqui uma analogia a nossa<br />
situação ambiental: Se não tomarmos cuidados quanto<br />
à preservação do que ainda resta de biodiversidade na<br />
Cadeia do Espinhaço e em seus biomas adjacentes, estaremos<br />
na eminência de sofrer um grande “terremoto<br />
ambiental” já que estamos, como mostra a geografia<br />
de nossa “tectônica ambiental”, localizados bem em<br />
cima de seu hipotético epicentro.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
14 | Uma geografia para a Cadeia do Espinhaço<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
MEGURO, M.,PIRANI, J.R., MELLO-SILVA, R & GIULIETTI, A. M.<br />
Estabelecimento de matas ripárias e capões nos ecossistemas<br />
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
A flora dos campos rupestres da Cadeia do<br />
Espinhaço<br />
ALESSANDRO RAPINI 1 *<br />
PATRÍCIA LUZ RIBEIRO 1<br />
SABRINA LAMBERT 1<br />
JOSÉ RUBENS PIRANI 2<br />
1 Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />
2 Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />
* e-mail: rapinibot@yahoo.com.br<br />
RESUMO<br />
Da exaltação dos primeiros naturalistas aos estudos mais recentes em variabilidade genética,<br />
os campos rupestres continuam surpreendendo a todos que a eles voltam seu olhar mais<br />
atentamente. Sua distribuição disjunta ao longo da Cadeia do Espinhaço, as condições ambientais<br />
extremas e a grande heterogeneidade espacial parecem ser responsáveis pela enorme<br />
diversidade beta que caracteriza essa formação vegetal. O número de espécies é grande,<br />
porém ainda mais notável é a alta concentração de espécies com distribuição restrita. Uma<br />
grande parcela de sua biodiversidade por isso encontra-se vulnerável e necessita de proteção.<br />
Os campos rupestres abrigam um dos maiores patrimômios biológicos brasileiros e sua conservação<br />
depende do conhecimento amplo e detalhado de suas espécies e dos mecanismos<br />
envolvidos na dinâmica de suas populações. É necessário dar continuidade aos levantamentos<br />
florísticos, mas também estimular estudos filogenéticos e ecológicos capazes de estabelecer<br />
relações históricas entre espécies e definir fatores limitantes à manutenção de suas populações.<br />
Diferente das pedras preciosas que se exauriram rapidamente no século XIX, os campos<br />
rupestres constituem uma riqueza natural que pode perdurar indefinidamente se os devidos<br />
cuidados forem tomados. Sua proteção deve ser garantida através de unidades de conservação,<br />
mas esforços devem ser realizados para assegurar sua integridade também fora dessas<br />
unidades. Uma etapa importante nessa direção pode ser a sensibilização da sociedade em<br />
torno de sua preservação.<br />
ABSTRACT<br />
From the excitement of the first naturalists to the recent studies on genetic variation, the campos<br />
rupestres remain surprising to everyone who takes a closer look at them. The disjunct distribution<br />
along the Espinhaço mountain range, the extreme environmental conditions and the great spatial<br />
heterogeneity are responsible for the huge beta diversity found in this vegetation. The number of<br />
species is high, but the high concentration of narrow endemics is even more remarkable. Because<br />
of this, a large proportion of their biodiversity is vulnerable to extinction and needs to be protected.<br />
The campos rupestres cover one of the most important Brazilian biological heritages and their<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
16 | A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
conservation depends on the broad and deep knowledge of species and mechanisms involved in the<br />
dynamic of their populations. It is necessary to carry on with the floristic inventories, but also to<br />
encourage phylogenetic and ecological studies to establish historical relationships among species<br />
and to define limitations to the maintenance of their populations. Different from the precious<br />
stones which ran out during the 19 th century, the flora of the campos rupestres consists of a<br />
natural richness that may persist indefinitely if the proper cautions are taken. Its protection must<br />
be guaranteed through conservation unities, but efforts must also be done to assure their integrity<br />
outside these units. An important step to this goal may be reached by showing the society the<br />
importance of its preservation.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Historicamente, a Cadeia do Espinhaço tem sido uma<br />
fonte importante de riquezas minerais, principalmente<br />
pedras preciosas durante o período colonial. Várias cidades<br />
ali se estabeleceram durante os ciclos do ouro e<br />
do diamante, entre os séculos XVII e XIX. Essas cidades<br />
controlavam a economia brasileira e serviram de base<br />
para os naturalistas que passavam pela região. A beleza<br />
da vegetação, especialmente nas regiões campestres<br />
onde afloram os maciços rochosos, é motivo de<br />
exaltação e, impressionados com a diversidade biológica<br />
da região, pesquisadores de várias p<strong>arte</strong>s voltaram<br />
suas atenções para essas formações, que passaram<br />
a ser conhecidas como campos rupestres.<br />
Os campos rupestres incluem formações herbáceoarbustivas<br />
associadas a solos litólicos, predominantemente<br />
quártzicos. Inseridos nos biomas do Cerrado e<br />
das Caatingas, são freqüentemente entremeados por<br />
matas ciliares e eventualmente salpicados de ilhas de<br />
capão. Ocorrem em altitudes a partir de 900 m, ocupando<br />
de maneira disjunta as regiões mais elevadas do<br />
Espinhaço, desde o norte da Chapada Diamantina, na<br />
Bahia, até a Serra de Ouro Branco, em Minas Gerais.<br />
Podem ser encontrados também mais ao sul, nas<br />
Serras de São João d’El Rey, da Canastra e de Ibitipoca<br />
(Minas Gerais), a oeste, nas Serras dos Cristais e dos<br />
Pirineus e na Chapada dos Veadeiros (Goiás), e ao norte,<br />
nos Tepuis (norte da América do Sul).<br />
FITOFISIONOMIA DOS CAMPOS RUPESTRES<br />
Em solos oligotróficos e ácidos e sujeita a oscilações<br />
diárias de temperatura, exposição ao vento e restrições<br />
hídricas, a vegetação nos campos rupestres é tipicamente<br />
xeromórfica (e.g., Giulietti et al., 1997), dominada<br />
por plantas com grande capacidade de fixação ao substrato<br />
e tolerantes à dessecação ou resistentes ao<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
estresse hídrico. As folhas são geralmente coriáceas<br />
e fibrosas, estando reduzidas a espinhos em cactos<br />
ou formando tanques de água em bromélias. Os estômatos<br />
ficam muitas vezes protegidos e vários grupos<br />
apresentam fisiologia especializada como metabolismo<br />
C4 e CAM (Metabolismo do Ácido Crassuláceo), mantendo-os<br />
fechados durante o dia e realizando as trocas<br />
gasosas à noite, quando a transpiração é menor.<br />
Nas regiões mais úmidas e com solos mais profundos,<br />
existe um grande número de plantas anuais ou com<br />
ciclo reprodutivo curto, capazes de se desenvolver nos<br />
períodos favoráveis, ou com gemas protegidas na superfície<br />
do solo, como em gramíneas. Nos solos mais<br />
rasos e pobres, são mais comuns as plantas perenes<br />
com desenvolvimento lento e gemas protegidas entre<br />
folhas ou em ramos velhos. Nas canelas-de-ema (Vellozia<br />
spp., Velloziaceae), por exemplo, as bainhas foliares,<br />
persistentes e intercaladas por raízes adventícias, formam<br />
um pseudotronco resinoso que protege as gemas<br />
do fogo e da insolação. As epífitas, sobretudo orquídeas<br />
e bromélias, são pouco diversificadas nessas áreas<br />
abertas e os trofóforos parecem se restringir a poucas<br />
espécies de velósias.<br />
Devido à dominância marcante de alguns grupos de<br />
plantas, principalmente monocotiledôneas, e às convergências<br />
morfológicas recorrentes entre táxons não<br />
relacionados, os campos rupestres compõem uma paisagem<br />
de fisionomia aparentemente uniforme (Giulietti<br />
et al., 1987). Numa escala mais fina, no entanto, essa<br />
fitofisionomia inclui desde campos limpos e sujos, em<br />
solos arenosos, mais baixos e com declives suaves, até<br />
afloramentos rochosos, em encostas íngremes e topos<br />
de morros, passando por solos pedregosos e baixadas<br />
brejosas. Extremos, no entanto, ocorrem de maneira<br />
contígua, muitas vezes se mesclando. Nos afloramentos,<br />
rochas nuas ou cobertas por líquens e plantas<br />
rupícolas formam covas com diferentes níveis de sombreamento<br />
e umidade e são intercaladas por valas e<br />
entremeios (Conceição & Pirani, 2005).
A heterogeneidade de substrato, topografia e microclima<br />
é refletida na estrutura das comunidades e na<br />
composição florística dos campos rupestres, agregando<br />
vários microambientes em espaços restritos (Conceição<br />
& Giulietti, 2002; Vitta, 2002; Conceição &<br />
Pirani, 2005; Conceição et al., 2005). Os solos arenosos<br />
e profundos, com menor drenagem e pobres em nutrientes<br />
são dominados pelas gramíneas (Poaceae),<br />
enquanto os afloramentos rochosos, com solos mais<br />
rasos, maior proporção de partículas finas e teores mais<br />
elevados de matéria orgânica, são dominados pelas<br />
Velloziaceae. São comuns nos campos gerais, outras famílias<br />
graminóides, como Cyperaceae, Eriocaulaceae e<br />
Xyridaceae, além de alguns gêneros de Gentianaceae e<br />
Orchidaceae. Em áreas mais encharcadas, freqüentemente<br />
associadas a córregos e solos húmicos, são encontradas<br />
também saprófitas, como as Burmanniaceae, e plantas<br />
carnívoras, como Droseraceae e Lentibulariaceae. A<br />
vegetação nos afloramentos é mais arbustiva, destacando-se,<br />
além das canelas-de-ema (Velloziaceae), espécies<br />
de Amaryllidaceae, Bromeliaceae, Cactaceae, Compositae,<br />
Cyperaceae, Ericaceae, Euphorbiaceae, Gutifferae,<br />
Melastomataceae, Leguminosae, Malpighiaceae,<br />
Rubiaceae e Orchidaceae, além de algumas licófitas e<br />
samambaias leptosporangiadas.<br />
ESTUDOS FLORÍSTICOS NA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />
Os estudos florísticos nos campos rupestres da Cadeia<br />
do Espinhaço se intensificaram a partir da década de<br />
1970 e, na década de 1980, foram publicadas a Flórula<br />
de Mucugê (Harley & Simmons, 1986), na Bahia, e a<br />
lista de plantas terrestres da Serra do Cipó (Giulietti<br />
et al., 1987). Na década de 1990, merece destaque o<br />
lançamento da Flora do Pico das Almas (Stannard, 1995),<br />
na Bahia, e, na década de 2000, a lista de espécies de<br />
Catolés (Zappi et al., 2003), no sul da Chapada Diamantina,<br />
e o início da publicação da flora de Grão-Mogol<br />
(Pirani et al., 2003), no norte da porção mineira do Espinhaço.<br />
Até o momento, foram publicadas monografias para<br />
aproximadamente metade das famílias da Serra do Cipó<br />
e 75% das famílias de Grão-Mogol. Vários estudos<br />
florísticos também têm sido elaborados para grupos<br />
particulares, tanto na porção mineira quanto na porção<br />
baiana do Espinhaço. Em sua maior p<strong>arte</strong>, eles são<br />
temas utilizados para a formação de várias gerações de<br />
sistematas e servem de base para estudos em vários<br />
campos da biologia. No entanto, ainda são raras as obras<br />
que colocam esse conhecimento de maneira simples e<br />
Rapini, Ribeiro, Lambert & Pirani | 17<br />
acessível ao grande público. O livro de Harley & Giulietti<br />
(2004), compartilhando com o leitor a experiência obtida<br />
pelo casal durante décadas de estudos florísticos<br />
na Chapada Diamantina, é uma exceção.<br />
Os levantamentos florísticos em áreas de campos<br />
rupestres são garantias de novidades taxonômicas. Estima-se<br />
que um quarto das espécies novas descritas no<br />
Brasil entre 1997-2002 seja proveniente dos campos<br />
rupestres (Zappi et al., 2002). A Flora de Grão-Mogol,<br />
por exemplo, proporcionou o reconhecimento de aproximadamente<br />
60 espécies novas em mais de 20 famílias<br />
(Pirani et al., 2003). Em Catolés, foram pelo menos<br />
20 espécies novas, sete em Compositae (Zappi et al.,<br />
2003), família que já havia apresentado 42 espécies<br />
novas no Pico das Almas (Harley, 1995), apenas 80 km<br />
de distância de Catolés. A diversidade de Compositae<br />
na Chapada Diamantina tem sido tão notável que a discrepância<br />
morfológica de algumas espécies tem sido<br />
evidenciada através da descrição de gêneros monoespecíficos:<br />
Bahianthus, Bishopiella, Catolesia e Semiria.<br />
Estudos detalhados em grupos diversificados nos<br />
campos rupestres também levam seguramente a novas<br />
descobertas taxonômicas. O levantamento das<br />
Asclepiadoideae (Apocynaceae) do Espinhaço de Minas<br />
Gerais (Rapini et al., 2001), por exemplo, detectou<br />
sete espécies novas, algumas delas em áreas relativamente<br />
bem coletadas, como o Sul da Cadeia e a Serra<br />
do Cipó, e propiciou o reconhecimento de Minaria<br />
(Konno et al., 2006; Figura 1), gênero com centro de<br />
diversidade no Espinhaço de Minas Gerais, mas até<br />
então taxonomicamente críptico, com espécies classificadas<br />
em gêneros pouco relacionados. A revisão<br />
taxonômica de Richterago (Compositae) é outro exemplo.<br />
O gênero está concentrado nos campos rupestres<br />
da Cadeia do Espinhaço, e sua revisão taxonômica propiciou<br />
o reconhecimento de cinco espécies novas (Roque,<br />
2001), aumentando em quase 50% o número de<br />
espécies no gênero.<br />
DIVERSIDADE E PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO<br />
A Cadeia do Espinhaço é o centro de diversidade de<br />
vários grupos de plantas e estima-se que sua flora inclua<br />
mais de 4.000 espécies (Giulietti et al., 1997).<br />
Todavia, essa estimativa ainda parece bastante modesta.<br />
Somente a Serra do Cipó, com aproximadamente<br />
200 km 2 , menos que 5% da Cadeia, abriga mais que um<br />
terço dessa diversidade (Giulietti et al., 1987). A região,<br />
no entanto, continua apresentando espécies e ocorrências<br />
novas regularmente (e.g., Rapini et al., 2002) e,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
18 | A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
FIGURA 1 – Minaria magisteriana (Rapini) T.U.P.Konno & Rapini, touceira em primeiro plano, aparecendo<br />
entre rochas, em ambiente típico de campos rupestres. O gênero Minaria foi descrito recentemente<br />
(Konno et al., 2006) e possui 19 espécies, das quais 14 são endêmicas de pequenas áreas em campos<br />
rupestres; cinco delas eram desconhecidas até 2000. Essa espécie foi descrita somente em 2002 e é<br />
endêmica da Serra do Cipó, sendo conhecida por apenas duas pequenas populações, ambas de fácil<br />
acesso e fora dos limites do Parque Nacional.<br />
confrontando a lista de Giulietti et al. (1987) com monografias<br />
mais recentes para a Serra do Cipó, é possível<br />
observar um acréscimo substancial no número de<br />
espécies em várias famílias.<br />
Elementos de outras formações vegetais, sobretudo<br />
dos cerrados, são freqüentes na flora dos campos rupestres<br />
e alguns representantes são compartilhados com<br />
as restingas, ambientes com condições edáficas e climáticas<br />
semelhantes às encontradas nas serras do Espinhaço.<br />
Uma grande proporção de sua diversidade é<br />
exclusiva dos campos rupestres, evetualmente aparecendo<br />
de maneira disjunta no Espinhaço, no sul de Minas<br />
Gerais, em Goiás e nos Tepuis. A maioria dessas<br />
espécies, no entanto, apresenta distribuição restrita e<br />
a composição florística dos campos rupestres do Espinhaço<br />
é marcada pela alta taxa de endemismos, talvez<br />
a maior dentre as formações vegetais brasileiras<br />
(Giulietti et al., 1987, 1997; Giulietti & Pirani, 1988;<br />
Harley, 1995).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Algumas espécies endêmicas ao Espinhaço ocorrem<br />
ao longo de toda a Cadeia (Giulietti et al., 1987), porém<br />
várias são microendêmicas. Assim, apenas uma pequena<br />
parcela dessas espécies é compartilhada pelas porções<br />
mineira e baiana da Cadeia (e.g., Giulietti & Pirani,<br />
1988; Rapini et al., 2002) e a similaridade florística entre<br />
áreas do Espinhaço costuma ser surpreendentemente<br />
baixa, mesmo em localidades vizinhas (Zappi et al.,<br />
2003; Conceição et al., 2005; Azevedo & Berg, 2007).<br />
Alguns grupos (e.g., Chamaecrista, em Leguminosae, e<br />
Cambessedesia, em Melastomataceae) são igualmente<br />
diversos na porção mineira e na baiana, apresentando<br />
grande concentração de endemismos em ambas. Outros<br />
estão desigualmente distribuídos, com centro de<br />
diversidade na porção mineira (e.g. Minaria, em<br />
Apocynaceae, Pseudotrimezia, em Iridaceae, Senna, em<br />
Leguminosae, Lavoisiera, em Melastomataceae, e<br />
Decleuxia, em Rubiaceae) ou na porção baiana (e.g.<br />
Marcetia, em Melastomataceae, Calliandra, em
Leguminosae, além de gêneros da tribo Gyptidinae,<br />
Lasiolaena, Agrianthus e Stylotrichium, em Compositae).<br />
A disjunção de 300 km entre os campos rupestres de<br />
Minas Gerais e da Bahia parece representar uma barreira<br />
importante à migração de plantas e a diferenciação<br />
genética entre populações dessas duas porções tem sido<br />
notada também através de inversões na freqüência relativa<br />
de alelos e através de alelos exclusivos (Borba<br />
et al., 2001; Ribeiro et al., 2007).<br />
Apesar das diferenças florísticas entre os levantamentos<br />
realizados ao longo do Espinhaço (e.g., Giulietti<br />
et al., 1987; Stannard, 1995, Zappi et al., 2003; Pirani<br />
et al., 2003), eles confirmam a grande diversidade e as<br />
altas taxas de espécies microendêmicas nos campos<br />
rupestres e concordam que existe uma grande diferença<br />
amostral entre eles. Discrepâncias no esforço<br />
amostral podem distorcer a percepção sobre centros<br />
de diversidade e endemismos (Rapini et al., 2002), levando<br />
a conclusões equivocadas sobre relações florísticas<br />
e definições imprecisas acerca da distribuição das<br />
espécies (Gaston, 1994). Esse fenômeno é especialmente<br />
influente nos campos rupestres, onde uma parcela significativa<br />
da diversidade é composta por espécies pouco<br />
freqüentes (Conceição et al., 2005), aumentando as<br />
chances de falsas ausências. A grande concentração de<br />
espécies raras, seja pela distribuição espacialmente restrita<br />
ou pela baixa freqüência com que aparecem nas<br />
comunidades, dificulta o acesso integral da diversidade<br />
dos campos rupestres e exige, então, a realização<br />
de levantamentos florísticos intensivos e prolongados.<br />
DIVERSIFICAÇÃO E VARIABILIDADE POPULACIONAL<br />
A alta diversidade beta dos campos rupestres parece<br />
estar relacionada à sua distribuição descontínua ao longo<br />
do Espinhaço e às heterogeneidades macroespaciais<br />
(altitudinal, topográfica e latitudinal) e microespaciais<br />
(edáficas e microclimáticas). Uma das hipóteses para<br />
explicar sua diversificação está relacionada às oscilações<br />
climáticas durante o Quaternário. Nos períodos<br />
interglaciais, os campos rupestres ficariam retraídos às<br />
regiões mais elevadas das serras e, nos glaciais, ampliariam<br />
sua extensão para as regiões mais baixas. O<br />
processo de contrações e expansões sucessivas promoveria<br />
a diferenciação entre populações vicariantes durante<br />
os períodos mais quentes e úmidos e possibilitaria<br />
o fluxo gênico e eventuais hibridações entre elas durante<br />
os mais frios e secos (Harley, 1995; Giulietti et al.,<br />
1997). Os limites de distribuição dos campos rupestres,<br />
no entanto, parecem ser estabelecidos principalmente<br />
Rapini, Ribeiro, Lambert & Pirani | 19<br />
por fatores edáficos e mudanças climáticas talvez fossem<br />
insuficientes para promover a expansão dos campos<br />
rupestres ou sua invasão por matas ou cerrados.<br />
As disjunções entre os campos rupestres, portanto, seriam<br />
bem antigas e a distribuição das espécies estaria<br />
associada basicamente a sua capacidade de dispersão<br />
(Alves & Kolbek, 1994).<br />
A íntima associação das espécies endêmicas do Espinhaço<br />
com os campos rupestres sugere que seus indivíduos<br />
necessitam de condições bastante particulares<br />
para sobrevivência ou não são competitivos em<br />
outros ambientes (Alves & Kolbek, 1994). Essa<br />
especificidade ambiental é muitas vezes hipoteticamente<br />
associada à baixa diversidade genética (e.g., Lowry<br />
& Lester, 2006, e referências lá citadas). Espécies com<br />
distribuição restrita tendem a ser geneticamente menos<br />
diversas (Hamrick & Goldt, 1989; Gitzendanner &<br />
Soltis, 2000), mas ainda não está claro se a baixa diversidade<br />
é a causa ou a conseqüência. Além disso, essa<br />
suposta correlação entre diversidade genética e espécies<br />
raras tem sido desmistificada por uma série de<br />
exemplos (Gitzendanner & Soltis, 2000), inclusive nos<br />
campos rupestres do Espinhaço (Borba et al., 2001;<br />
Gomes et al., 2004; Viccini et al., 2004; Lambert et al.,<br />
2006a, Franceschinelli et al., 2006; Pereira et al., 2007),<br />
onde espécies de distribuição mais ampla apresentam<br />
menor diversidade quando comparadas às suas<br />
congenéricas mais raras. Assim, outros fatores associados<br />
a plantas raras, como a baixa capacidade de dispersão<br />
e a idade da linhagem (Gaston, 1994), devem estar<br />
influenciando o tamanho da área de ocupação de algumas<br />
espécies.<br />
Naturalmente fragmentadas por barreiras geográficas<br />
e por especificidades relacionadas a microhábitats,<br />
as populações dos campos rupestres possuem tamanhos<br />
reduzidos, sendo teoricamente mais susceptíveis<br />
a endogamia e a flutuações aleatórias das freqüências<br />
alélicas (deriva genética). A endogamia levaria à redução<br />
de heterozigotos e a deriva genética, em última<br />
instância, à perda de alelos. Esses fenômenos atuando<br />
de maneira combinada contribuiriam para a redução<br />
rápida da diversidade genética e para estruturação das<br />
populações, podendo culminar com o isolamento<br />
reprodutivo e a diferenciação morfológica. Essa estruturação<br />
poderia estar acontecendo também numa<br />
escala menor, através de um gradiente ambiental proporcionado<br />
por fatores edáficos, por exemplo, criando<br />
uma situação propícia para diferenciações mesmo em<br />
subpopulações espacialmente próximas (Vitta, 2002).<br />
A baixa variabilidade e a estruturação genética esperada<br />
em populações fragmentadas têm sido observadas<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
20 | A flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
em espécies endêmicas do Espinhaço (Borba et al.,<br />
2001; Franceschinelli et al., 2006; Pereira et al., 2007),<br />
porém esse não parece ser o padrão. A maioria das<br />
espécies endêmicas estudadas no Espinhaço apresenta<br />
níveis elevados de variabilidade genética, alguns<br />
deles maiores do que os listados para plantas em<br />
Hamrick e Goldt (1989). Estudos em gêneros com espécies<br />
representadas no Espinhaço (Borba et al., 2001;<br />
Viccini et al., 2004; Cavallari et al., 2006; Azevedo<br />
et al., 2007; Ribeiro et al., 2007) sugerem que os níveis<br />
de variabilidade genética são característicos de cada<br />
grupo e, portanto, possivelmente condicionados por<br />
restrições filogenéticas.<br />
A hibridação também pode desempenhar um papel<br />
importante na diversificação da flora dos campos rupestres.<br />
Cerca de um quarto das espécies de plantas<br />
são capazes de hibridarem e esse mecanismo parece<br />
ser comum em populações pequenas (Rieseberg, 1997;<br />
Mallet, 2007). Nos campos rupestres, isso não deve ser<br />
diferente e a existência de híbridos naturais tem sido<br />
evidenciada em espécies de cactos (Lambert et al.,<br />
2006a,b) e orquídeas (Azevedo et al., 2006). Bulbophyllum<br />
wedelli (Lindl.) Rchb. f. e B. involutum Borba, Semir, F.<br />
Barros (Orchidaceae), duas espécies morfologicamente<br />
distintas, mas com alta similaridade genética, parecem<br />
hibridar na Serra do Cipó e em Mucugê, apresentando<br />
introgressão com um de seus parentais em Mucugê (Azevedo<br />
et al., 2006). Esse exemplo sugere que os campos<br />
rupestres podem funcionar como uma área de testes<br />
para combinações interespecíficas e híbridos não devem<br />
ser raros, mas apenas difíceis de serem detectados.<br />
A presença de poliplóides nas poucas contagens<br />
cromossômicas realizadas em espécies do Espinhaço<br />
(Melo et al., 1997; Viccini et al., 2006) reforçam essa<br />
possibilidade.<br />
Muito pouco se conhece sobre a biologia das espécies<br />
do Espinhaço. Ainda assim, estudos na Chapada<br />
Diamantina (Conceição, 2006) têm revelado que a<br />
polinização nos campos rupestres é predominantemente<br />
biótica, realizada por insetos e aves, e a dispersão<br />
é predominantemente abiótioca, anemocórica ou<br />
autocórica. Tal padrão sugere que a variabilidade genética<br />
observada nas populações de várias espécies de<br />
campos rupestres pode ser mantida essencialmente pelo<br />
fluxo gênico através da polinização, estando fortemente<br />
associado ao comportamento dos polinizadores.<br />
A dispersão, por outro lado, parece ser limitada e a dificuldade<br />
para os diásporos alcançarem ambientes<br />
favoráveis disjuntos pode ser a principal razão para<br />
distribuição restrita de várias espécies de campos<br />
rupestres.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
CONSERVAÇÃO<br />
O Espinhaço é marcado, em praticamente toda a sua<br />
extensão, por uma ocupação humana antiga vinculada<br />
à extração de ouro ou diamantes e atividades associadas.<br />
No entanto, com o declínio das jazidas no <strong>final</strong> do<br />
século XIX, as cidades perderam importância e várias<br />
delas vivem atualmente de sua história, encontrando<br />
no turismo sua principal atividade econômica. Outras<br />
estão resignadas a atividades em pequena escala, como<br />
a agricultura de subsistência e o extrativismo.<br />
Devido à topografia irregular e ao solo impróprio para<br />
agricultura, os campos rupestres não parecem sofrer pressão<br />
antrópica acentuada. No entanto, estão sujeitos a<br />
queimadas freqüentes. Em alguns pontos, estão sendo<br />
substituídos por monoculturas de eucaliptos e pinheiros.<br />
Em outros, principalmente próximos aos centros<br />
urbanos, o aumento no número de casas de veraneio e<br />
pousadas é surpreendente. São comuns também a coleta<br />
de toneladas de capítulos de sempre-vivas (principalmente<br />
Eriocaulaceae e Xyridaceae) para exportação, a<br />
retirada de orquídeas, cactos e bromélias para cultivo e<br />
a extração de diferentes espécies de canelas-de-ema (ou<br />
candombás) resinosas para combustível (Giulietti et al.,<br />
1997). Muitas dessas populações são pequenas e a retirada<br />
de indivíduos nesses casos pode reduzir significativamente<br />
e de maneira irreversível sua variabilidade<br />
(e.g. Cavallari et al., 2006), podendo desencadear um<br />
processo que culminará com sua extinção. A interferência<br />
humana nas comunidades dos campos rupestres,<br />
portanto, não é desprezível e já tem sido notada através<br />
da menor variabilidade genética e morfológica em<br />
populações de plantas do Espinhaço (e.g., Gomes et al.,<br />
2004; Pereira et al., 2007; Ribeiro et al., 2007).<br />
O grande número de espécies vegetais exclusivas dos<br />
campos rupestres rende à sua flora a condição de insubstituível.<br />
Suas espécies microendêmicas são muitas<br />
vezes representadas apenas por pequenas populações<br />
e estão por isso mais suscetíveis a episódios estocásticos<br />
naturais ou provocados pelo homem. Portanto, os<br />
campos rupestres são intrinsicamente ricos em espécies<br />
vulneráveis e necessitam de proteção especial<br />
(Burman, 1991). A consciência de que a flora das serras<br />
do Espinhaço deve ser conservada não é recente e tem<br />
sido reforçada a cada novo levantamento. Em meados<br />
de 1980, foram criados os Parques Nacionais da Serra<br />
do Cipó e da Chapada Diamantina. A partir de então,<br />
outras unidades de conservação cobrindo áreas importantes<br />
de campos rupestres foram estabelecidas, dentre<br />
elas o Parque Estadual de Grão-Mogol, em 1998, e<br />
o Parque Nacional das Sempre-Vivas, no Planalto de
Diamantina. Em 2005, então, a UNESCO decretou a porção<br />
mineira do Espinhaço Reserva da Biosfera.<br />
Ainda são poucos os estudos capazes de estabelecer<br />
prioridades para a conservação da biodiversidade nos<br />
campos rupestres. Apesar de importantes, várias unidades<br />
de conservação não representam toda a heterogeneidade<br />
biológica regional e não possuem uma<br />
configuração ideal para conservação e manejo efetivo<br />
de sua biodiversidade (Funch & Harley, 2007). Para se<br />
proteger os campos rupestres é imprescindível conhecer<br />
as espécies que ali ocorrem e como elas estão distribuídas.<br />
Essa tarefa vem sendo realizada por várias<br />
gerações de pesquisadores e a alta concentração de<br />
espécies raras tem justificado a continuidade dos estudos<br />
florísticos na região. De posse desses dados áreas<br />
mais ameaçadas e ricas em endemismos podem ser detectadas<br />
e sua conservação priorizada. Áreas ricas em<br />
endemismos, no entanto, não necessariamente maximizam<br />
a diversidade genética ou taxonômica (Reid,<br />
1998). Algumas espécies podem representar linhagens<br />
evolutivamente mais isoladas, atrelando a si uma diversidade<br />
filogenética que nem sempre é refletida na<br />
riqueza taxonômica (Forest et al., 2007). Estudos mais<br />
detalhados em espécies do Espinhaço, portanto, são<br />
essenciais para a detecção de padrões de diversidade<br />
que podem estar passando despercebidos, mas que também<br />
precisam ser preservados.<br />
A grande heterogeneidade espacial e as condições<br />
ambientais extremas nos campos rupestres criam limitações<br />
múltiplas de recursos e propiciam a coexistência<br />
de um grande número de espécies (Tilman, 1994), o<br />
que é refletido na alta diversidade beta que caracteriza<br />
essa formação. Cada região possui uma composição florística<br />
única, mantendo padrões similares de riqueza em<br />
número de espécies e representatividade taxonômica<br />
(Conceição & Pirani, 2007). Assim, ao mesmo tempo em<br />
que essas regiões são igualmente importantes em termos<br />
de diversidade, não são equivalentes em termos de<br />
composição florística. Estratégias de conservação da biodiversidade<br />
nos campos rupestres não devem, portanto,<br />
estar restritas à criação de reservas pontuais (Rapini<br />
et al., 2002). São necessárias também estratégias<br />
abrangentes, capazes de proteger os campos rupestres<br />
em toda sua extensão e de maneira permanente.<br />
Espécies raras podem contribuir de maneira significativa<br />
para o funcionamento das comunidades e,<br />
conseqüentemente, para a manutenção de sua biodiversidade<br />
(Lyons et al., 2005). Isso é especialmente<br />
verdadeiro nos campos rupestres, onde uma grande<br />
parcela da flora é composta por espécies endêmicas.<br />
Trabalhos com espécies raras, no entanto, ainda são<br />
escassos e dispersos (Bevill & Louda, 1999). Estudos<br />
combinando biologia reprodutiva, variabilidade genética,<br />
citologia, biogeografia e ecologia com resultados<br />
filogenéticos e filogeográficos em grupos representativos<br />
dos campos rupestres são fundamentais nesse momento.<br />
Eles produzirão informações robustas sobre os<br />
padrões evolutivos envolvidos na origem e manutenção<br />
de espécies raras e fornecerão dados valiosos para<br />
a elaboração de planos de manejo que poderão ser aplicados<br />
em todo o Espinhaço, auxiliando na conservação<br />
da biodiversidade dos campos rupestres, mesmo fora<br />
das unidades de conservação.<br />
CONCLUSÃO<br />
Durante os séculos XVIII e XIX, a grande fonte de riqueza<br />
da Cadeia do Espinhaço esteve baseada na produção<br />
de minérios. Atualmente, ela está concentrada<br />
em sua biodiversidade. É necessário compreender a<br />
origem e manutenção dessa biodiversidade e aplicar o<br />
conhecimento científico de modo a garantir sua conservação.<br />
A sociedade deve estar ciente da importância<br />
desse patrimônio inigualável e contribuir para que<br />
sua preservação extrapole os limites estabelecidos pelas<br />
unidades de conservação. Os campos rupestres representam<br />
uma fonte incalculável de riqueza e, se bem<br />
cuidados, poderão ser mantidos indefinidamente.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Agradecemos nossos colegas Abel A. Conceição, Ana<br />
Maria Giulietti-Harley, Luciano P. Queiroz, Eduardo L.<br />
Borba, Andréa Karla S. Santos e Silvana C. Ferreira por<br />
nos emprestarem um pouco da experiência deles com<br />
os campos rupestres do Espinhaço e ao Cássio van den<br />
Berg pela revisão do abstract.<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Diversidade dos campos rupestres<br />
ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />
CLAUDIA MARIA JACOBI*<br />
FLÁVIO FONSECA DO CARMO<br />
Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, <strong>UFMG</strong><br />
* e-mail: jacobi@icb.ufmg.br<br />
RESUMO<br />
Os campos rupestres ferruginosos, conhecidos como vegetação de canga, estão concentrados<br />
no Quadrilátero Ferrífero, em áreas associadas a gigantescos depósitos de minério de ferro. É<br />
um dos ecossistemas menos estudados de Minas Gerais, embora entre os mais ameaçados,<br />
principalmente devido à intensa atividade mineradora associada a seus afloramentos de ferro.<br />
Os poucos e recentes levantamentos florísticos restritos a estes afloramentos, que somados<br />
não chegam a uma área de 260 ha, indicaram uma alta diversidade alfa e beta. Em quatro<br />
levantamentos foram identificadas 86 famílias, 250 gêneros e 458 espécies de plantas vasculares,<br />
distribuídos nos diversos habitats resultantes de uma evolução geomorfológica muito<br />
peculiar. As espécies comuns a esses afloramentos, entretanto, não chegam a 5%. Comparadas<br />
com outros afloramentos rochosos, como os de quartzito, as cangas contribuem substancialmente<br />
para a diversidade regional da flora. Um dos grupos vegetais mais relevantes para a<br />
conservação de regiões metalíferas são as metalófitas, com espécies capazes de crescer na<br />
presença de metais tóxicos, podendo oferecer serviços ecológicos como a fitoextração, fitoestabilização<br />
e fitoprospecção. O incremento da atividade mineradora, aliado à carência de<br />
unidades de conservação que abrigam este ecossistema, constituem as principais ameaças<br />
aos campos rupestres ferruginosos.<br />
ABSTRACT<br />
Rupestrian ferruginous fields, known as canga vegetation, are concentrated in the Iron Quadrangle,<br />
in areas associated with massive iron ore deposits. They are one of the least studied ecosystems in<br />
Minas Gerais, although they are among the most threatened, mainly because of intense mining<br />
activities associated with ironstone outcrops. The few and very recent floristic surveys restricted<br />
to these outcrops, carried out in an area smaller than 260 ha, indicated high alpha and beta<br />
diversities. In four surveys, 86 families, 250 genera and 458 species of vascular plants were<br />
identified, distributed among the different habitats that resulted from a very peculiar<br />
geomorphologic evolution. The species common to all four outcrops, however, do not reach 5%.<br />
Compared to other rock outcrops such as quartzite, ironstone outcrops contribute substantially to<br />
the regional plant diversity. One of the plant groups most relevant for the conservation of<br />
metalliferous regions are the metallophytes, with species capable of growing in the presence of<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
toxic metals and therefore potentially useful for phytoextraction, phytostabilization and<br />
phytoprospection. The increasing mining activities, together with the lack of conservation units<br />
that harbor this ecosystem, constitute the main threats to ferruginous fields.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O Quadrilátero Ferrífero – QF, com uma área de aproximadamente<br />
7.200 km 2 , compõe o extremo sul da Cadeia<br />
do Espinhaço, que é considerada uma das regiões<br />
de maior diversidade florística da América do Sul (Harley,<br />
1995; Giulietti et al., 1997), com mais de 30% de endemismo<br />
em sua flora (Giulietti et al., 1987). Está inserido<br />
na zona de transição dos dois hotspots brasileiros: a Mata<br />
Atlântica e o Cerrado, e é considerado uma área de ‘importância<br />
biológica especial’ (Drummond et al., 2005).<br />
Esse status foi proposto devido à presença dos campos<br />
ferruginosos, a ocorrência de espécies vegetais restritas<br />
à região, e por constituir um ambiente único no<br />
estado.<br />
Formado por terrenos antigos e geologicamente complexos,<br />
com litologias variadas aflorando lado a lado<br />
(Alkmim & Marshak, 1998; Klein & Ladeira, 2000), o QF<br />
apresenta uma singular heterogeneidade da paisagem,<br />
com fitofisionomias integrando um mosaico moldado<br />
pela conjunção da topografia, litologia, clima e altitude.<br />
Para ilustrar esta multiplicidade, em apenas um km 2<br />
da Serra da Moeda (no sudoeste do QF) é possível encontrar<br />
floresta estacional semidecidual, matas ripárias,<br />
florestas montanas ou “capões de altitude”, campo cerrado,<br />
cerrado sensu strictu, campos rupestres quartzíticos,<br />
graníticos e campos rupestres ferruginosos. Estes<br />
últimos, conhecidos também como vegetação de canga,<br />
são encontrados principalmente nesta região e na Serra<br />
de Carajás – PA (Silva et al., 1996). No QF os campos<br />
ferruginosos estão associados a vários tipos de substratos<br />
ricos em ferro. Estes podem se apresentar totalmente<br />
fragmentados ou formando uma espessa e sólida<br />
couraça. Entre estes dois extremos ocorrem várias<br />
fisionomias campestres como campo limpo, campo sujo<br />
e os campos rupestres propriamente ditos. Devido à<br />
distribuição em áreas restritas, de difícil acesso, e por<br />
recobrirem importantes depósitos de minério de ferro,<br />
os afloramentos ferruginosos estão entre os ecossistemas<br />
mais ameaçados e menos estudados de Minas<br />
Gerais. Levantamentos florísticos exclusivamente nestes<br />
afloramentos são muito recentes (Mendonça, 2006;<br />
Jacobi et al., 2007; Viana & Lombardi, 2007; Stehmann<br />
& Oliveira, 2007). Nossos objetivos foram avaliar a di-<br />
Jacobi & Carmo | 25<br />
versidade da flora associada aos afloramentos ferruginosos<br />
no Quadrilátero Ferrífero, comparar esta com a<br />
de campos rupestres quartzíticos e discutir a importância<br />
da sua preservação e conhecimento.<br />
HETEROGENEIDADE ESPACIAL DOS AFLORAMENTOS<br />
FERRUGINOSOS<br />
Com uma distribuição descontínua, geralmente restrita<br />
aos topos de montanhas, os campos rupestres são reconhecidos<br />
mundialmente como centros de diversidade e<br />
endemismo de plantas (Alves & Kolbek, 1994; Porembski<br />
et al., 1994; Giulietti et al., 1997). No Brasil, os campos<br />
rupestres da Serra do Espinhaço são considerados centros<br />
de diversidade de famílias como Eriocaulaceae,<br />
Xyridaceae e Velloziaceae, com aproximadamente 90 %<br />
das suas espécies endêmicas dessa região (Giulietti et<br />
al., 2005), e de vários gêneros de Melastomataceae,<br />
Ericaceae e Asteraceae (Pirani et al., 2003).<br />
Nas montanhas formadas pelos gigantescos depósitos<br />
de minério de ferro que delimitam o QF estão<br />
localizados os conglomerados ferruginosos superficiais,<br />
conhecidos como cangas. Estes afloramentos são<br />
couraças compostas geralmente por minerais derivados<br />
das formações ferríferas bandadas, hematita<br />
compacta e fragmentos de itabirito cimentados por<br />
limonita (Dorr, 1964), que em alguns locais podem<br />
chegar a mais de 30 metros de espessura (Simmons,<br />
1963). Constituem verdadeiras “ilhas de ferro” distribuídas<br />
nos topos e encostas de algumas dessas serras,<br />
em altitudes que variam de 900 a 1900m. Na<br />
década de 1960, Dorr (1964) estimou que a cobertura<br />
total dessas cangas era de aproximadamente 10.000<br />
ha, uma área muito limitada quando comparada com<br />
a dos campos rupestres quartzíticos, que ocorrem ao<br />
longo de toda a Cadeia do Espinhaço, a Serra da Canastra,<br />
a Serra de São José e outras.<br />
A heterogeneidade topográfica das cangas, resultado<br />
de uma evolução geomorfológica muito peculiar<br />
(Rosière & Chemale, 2000), reflete-se numa variedade<br />
de ambientes, tendo sido identificados recentemente<br />
oito habitats associados aos afloramentos, cada um<br />
com predominância de diferentes comunidades de<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
26 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />
plantas (Jacobi et al., 2007): paredões e entradas de cavernas,<br />
capões, tapetes de monocotiledôneas, fissuras<br />
na rocha, fendas e depressões, lagoas temporárias, cavidades<br />
alagadas e rocha exposta. A canga fornece<br />
assim condições ecológicas que geralmente diferem da<br />
paisagem adjacente, ou matriz. Esta heterogeneidade<br />
permite que os afloramentos ferruginosos constituam<br />
um refúgio para espécies adaptadas a condições xéricas,<br />
como a cactácea Arthrocereus glaziovii N.P.Taylor & D.C.<br />
Zappi e a condições mésicas, como Staurogyne minarum<br />
Kuntze (Acanthaceae) e Juncus sp. (Juncaceae).<br />
As plantas de campo rupestre ferruginoso, além das<br />
adaptações fisiológicas, morfológicas e reprodutivas<br />
típicas de afloramentos rochosos lato sensu, como<br />
esclerofilia, reprodução clonal e poiquiloidria, ou seja,<br />
a capacidade de resistir a ciclos de dessecação e reidratação<br />
(Gaff,1987; Giulietti et al., 1987), ainda possuem<br />
adaptações para se estabelecer em um substrato rico<br />
em metais pesados (Porto & Silva, 1989; Teixeira &<br />
Lemos Filho, 1998).<br />
DIVERSIDADES ALFA E BETA<br />
Estudos florísticos de comunidades campestres já<br />
foram realizados em áreas metalíferas no QF, porém<br />
muitas vezes sem uma clara distinção entre as comunidades<br />
associadas aos afloramentos ferruginosos, chamados<br />
por Rizzini (1997) de “canga couraçada”, das<br />
comunidades associadas a neossolos litólicos e cambissolos,<br />
entre outros (IBRAM, 2003), chamados por<br />
aquele autor de “canga nodular”. Embora estes dois<br />
tipos de substrato são ricos em minerais metálicos,<br />
principalmente o ferro, e apresentam uma fisionomia<br />
campestre, existem diferenças florísticas entre eles,<br />
caracterizando-se o primeiro por sustentar uma comunidade<br />
mais adaptada ao ambiente rupícola (Vincent,<br />
2004). Discutiremos aqui os resultados dos levantamentos<br />
florísticos realizados somente em afloramentos<br />
ferruginosos no QF (Mendonça, 2006; Jacobi<br />
et al., 2007; Viana & Lombardi, 2007; Stehmann &<br />
Oliveira, 2007).<br />
Os quatro levantamentos, agrupados em três regiões<br />
(Figura 1), evidenciaram, em uma área total estimada<br />
que não ultrapassa 260 ha, 86 famílias, 250 gêneros e<br />
458 espécies de plantas vasculares, agrupadas em<br />
11 famílias de pteridófitas com 21 espécies e 75 famílias<br />
de angiospermas (representando cerca de 34%<br />
das famílias encontradas no Brasil, sensu APG II, 2003)<br />
distribuídas em Magnoliídeas, com quatro famílias e<br />
10 espécies; Monocotiledôneas, com 15 famílias e<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
114 espécies; e Eudicotiledôneas, com 56 famílias e<br />
313 espécies (Apêndice).<br />
As 15 famílias de angiospermas com maior riqueza de<br />
espécies foram Asteraceae (59 spp.), Poaceae (30 spp.),<br />
Orchidaceae e Myrtaceae (28 spp.), Melastomataceae<br />
(23 spp.), Fabaceae (18 spp.), Solanaceae (17 spp.),<br />
Rubiaceae (16 spp.), Apocynaceae, Cyperaceae e<br />
Bromeliaceae (13 spp. cada), Velloziaceae (11 spp.),<br />
Malpighiaceae, Euphorbiaceae e Verbenaceae (10 spp.<br />
cada). Os dez gêneros com maior riqueza de espécies<br />
foram Myrcia (13 spp.), Solanum (11 spp.), Vellozia (8 spp.),<br />
Baccharis, Eugenia e Panicum (7 spp. cada), Leandra<br />
(6 spp.), Lippia, Miconia e Passiflora (5 spp. cada ). Foram<br />
encontradas 34 espécies citadas na Lista Vermelha das<br />
Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora de Minas<br />
Gerais (Mendonça & Lins, 2000). Destas, 18 estão<br />
ameaçadas de extinção, como Guatteria sellowiana<br />
Schltdl. (Annonaceae), Oncidium warmingii Rchb.f.<br />
(Orchidaceae), Ditassa linearis Mart. (Apocynaceae),<br />
Hololepis pedunculata DC. e Senecio pohlii Sch.Bip. ex<br />
Baker (Asteraceae), Nematanthus strigillosus (Mart.)<br />
H.E. Moore (Gesneriaceae); e 16 espécies estão presumivelmente<br />
ameaçadas, entre as quais Senecio<br />
adamantinus Banq. e Eremanthus incanus Less.<br />
(Asteraceae), Sarcoglottis schwackei Schltr. (Orchidaceae)<br />
e Coccoloba acrostichoides Cham. (Polygonaceae).<br />
Além da considerável diversidade alfa, relacionada<br />
aos tipos de microhabitats, as cangas apresentam uma<br />
alta diversidade beta, decorrentes do isolamento, e provavelmente<br />
de variações climáticas e mineralógicas do<br />
substrato ferruginoso (Vilela et al., 2004). Jacobi et al.<br />
(2007) encontraram uma similaridade florística de 27 %<br />
entre duas cangas distantes entre si apenas 32 km e,<br />
nos quatro levantamentos florísticos considerados aqui,<br />
menos de 5 % das espécies foram comuns a todos os<br />
afloramentos ferruginosos. Todas essas espécies são típicas<br />
de campos rupestres sensu lato, como Vellozia compacta<br />
Mart. (Velloziaceae), Tibouchina multiflora Cogn.<br />
(Melastomataceae) e as Asteraceae Dasyphyllum<br />
candolleanum (Gardner) Cabrera e Lychnophora pinaster<br />
Mart., esta última restrita a Minas Gerais (Pirani et al. 2003).<br />
FLORÍSTICA E DIVERSIDADE DE CAMPOS RUPESTRES<br />
QUARTZÍTICOS E SOBRE CANGA<br />
Quando comparados alguns estudos florísticos de campos<br />
rupestres realizados no Espinhaço mineiro, percebe-se<br />
que as cangas contribuem substancialmente<br />
para a diversidade regional (Tabela 1). Para esta comparação<br />
foram considerados estudos de campos rupestres
Jacobi & Carmo | 27<br />
FIGURA 1 – Mapa das reservas de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero, identificando as maiores minas de extração de<br />
hematita compacta (círculos) e as regiões onde foram realizados os levantamentos florísticos em campos rupestres ferruginosos<br />
mencionados no presente trabalho. Região 1: Barão de Cocais; Região 2: Nova Lima, Serra da Calçada e PE da Serra do Rola<br />
Moça; Região 3: Serra da Moeda. Adaptado de Pires (2003).<br />
quartzíticos realizados na Serra do Cipó e em Grão-<br />
Mogol (Giulietti et al., 1987; Pirani et al., 2003) reconhecidos<br />
pelo intenso trabalho de amostragem florística<br />
e caracterização fitofisionomica.<br />
Analisando as 15 famílias de angiospermas mais ricas,<br />
observa-se que a maioria ocorre tanto em cangas<br />
quanto em campos rupestres quartzíticos, constituindo<br />
de 55% até 67% do total das espécies encontradas<br />
nestes estudos (Tabela 2). Entretanto, a sua representatividade<br />
varia em alguns casos. Eriocaulaceae e<br />
Xyridaceae não são bem representadas em cangas,<br />
embora sejam consideradas famílias típicas de campos<br />
rupestres (Menezes & Giulietti, 2000). A ausência de<br />
solos arenosos alagáveis e com grande quantidade de<br />
substâncias húmicas (solos escuros) pode explicar esse<br />
fato. Ao contrário, Solanaceae é bem representada nas<br />
cangas, e ausente nas comunidades quartzíticas. Provavelmente<br />
a presença freqüente de capões nestes<br />
ambientes permite um número maior de espécies de<br />
matas ou ecotonais. Isso pode também explicar a maior<br />
proporção de espécies de Rubiaceae e Myrtaceae, e<br />
a presença de gêneros como Myrcia, Solanum, Eugenia,<br />
Leandra e Miconia, que estão entre os mais ricos em<br />
número de espécies nos afloramentos ferruginosos.<br />
Bromeliaceae e Orchidaceae são bem representadas<br />
tanto em cangas quanto quartzito. Em cangas, estas<br />
famílias assumem uma maior proporção, sendo a maioria<br />
das espécies de hábito rupícola.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
28 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />
TABELA1 – Alguns levantamentos florísticos de campos rupestres realizados no Espinhaço mineiro.<br />
LOCALIDADE ÁREA (ha) SUBSTRATO ESPÉCIES FAMÍLIAS REFERENCIA<br />
Serra do Cipó 20.000 quartzito 1590 138 Menezes & Giulietti, 2000<br />
Grão-Mogol 10.000 quartzito 1073 129 Pirani et al., 2003***<br />
Serra de Itabirito 4.000 † quartzito, itabirito 412 83 Brandão et al., 1991**<br />
PE Itacolomi 2.000 † quartzito 300 67 Peron, 1989*<br />
Serra da Piedade 800 † quartzito, itabirito, canga? 305 55 Brandão & Gavilanes, 1990<br />
Serra do Ambrósio 700 † quartzito 84 40 Pirani et al., 1994<br />
Nova Lima 100 † canga 217 61 Mendonça, 2006<br />
Serra da Calçada 75 † canga 246 56 Viana & Lombardi, 2007<br />
Barão de Cocais 35 † canga 119 38 Stehmann & Oliveira, 2007<br />
PE S. Rola Moça 25 canga 138 46 Jacobi et al., 2007<br />
Serra da Moeda 20 canga 160 55 Jacobi et al., 2007<br />
Formações vegetais incluídas no estudo:<br />
* mata ripária, floresta estacional semidecidual e campos cerrados.<br />
** cerrado.<br />
*** campo limpo, cerrado, carrasco, matas de galeria e mata mesófila.<br />
† estimada.<br />
TABELA 2 – As 15 famílias de angiospermas com maior riqueza<br />
de espécies encontradas em campos rupestres ferruginosos<br />
do Quadrilátero Ferrífero e em campos rupestres quartzíticos<br />
da Serra do Cipó e de Grão-Mogol, MG (Giulietti et al. 1987;<br />
Pirani et al. 2003; Mendonça, 2006; Jacobi et al., 2007; Viana<br />
& Lombardi, 2007; Stehmann & Oliveira, 2007).<br />
FAMÍLIAS CANGAS S. CIPÓ GRÃO-MOGOL<br />
Apocynaceae 2,8 2,4 3,6<br />
Asteraceae 12,9 10,6 7,6<br />
Bignoniaceae –– –– 1,8<br />
Bromeliaceae 2,8 2,3 1,7<br />
Cyperaceae 2,8 2,0 3,2<br />
Eriocaulaceae –– 5,3 2,4<br />
Euphorbiaceae 2,2 1,5 3,1<br />
Fabaceae 3,9 6,7 9,7<br />
Malpighiaceae 2,2 2,6 2,4<br />
Melastomataceae 5,0 5,7 4,0<br />
Myrtaceae 6,1 2,8 3,2<br />
Orchidaceae 6,1 5,0 2,8<br />
Poaceae 6,5 8,2 3,8<br />
Rubiaceae 5,4 2,9 3,9<br />
Solanaceae 3,7 –– ––<br />
Velloziaceae 2,4 3,6 1,7<br />
Verbenaceae 2,2 –– ––<br />
Xyridaceae –– 2,9 ––<br />
Total 67,2 64,4 54,8<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Os afloramentos metalíferos em geral concentram<br />
espécies metalófilas endêmicas, (Whiting et al., 2004).<br />
Considerando o escasso número de levantamentos em<br />
canga, ainda é cedo para apontar espécies endêmicas<br />
exclusivas de afloramentos ferruginosos no QF. Apesar<br />
dos dados insuficientes, algumas espécies endêmicas<br />
como a cactácea Arthrocereus glaziovii (Taylor & Zappi,<br />
2004), ou possivelmente endêmicas como as bromélias<br />
Dyckia consimilis Mez e Vriesea minarum L.B. Sm.<br />
(Versieux, 2005) já foram relatadas, e provavelmente o<br />
número de endemismos seja muito maior. Estudos<br />
florísticos devem ser realizados em todo o QF, principalmente<br />
nas regiões leste e sul, para uma caracterização<br />
detalhada da flora e da distribuição geográfica das<br />
espécies de campos rupestres sobre canga. Ditassa<br />
monocoronata Rapini (Apocynaceae) descoberta em 2001<br />
(Rapini et al., 2002) e Vriesea longistaminea Paula & Leme<br />
(Bromeliaceae) descrita em 2004 (Leme & Paula, 2004)<br />
exemplificam essa situação. Ambas foram encontradas<br />
em regiões restritas e muito próximas a cavas de extração<br />
de minério de ferro.<br />
QUADRILÁTERO FERRÍFERO, UMA ECORREGIÃO<br />
METALÍFERA?<br />
O QF é considerado uma das mais importantes províncias<br />
minerais do mundo (Spier et al., 2003). O Brasil é o<br />
segundo maior produtor mundial de minério de ferro,<br />
e cerca de 75% desse minério é extraído no QF, onde
atualmente mais de 50 minas a céu aberto estão em<br />
atividade. A região também é uma grande produtora<br />
de alumínio, manganês, ouro e outros tipos de minerais<br />
(DNPM, 2006).<br />
Uma das comunidades vegetais mais relevantes para<br />
a conservação de regiões metalíferas com intensa atividade<br />
mineradora são as plantas metalófilas, compreendendo<br />
as pseudometalófitas, espécies que toleram solos<br />
com altas concentrações de metais, porém comumente<br />
encontradas em solos não metálicos; as eumetalófitas,<br />
que apresentam mecanismos de resistência e/ou<br />
tolerância, com táxons endêmicos de áreas metalíferas;<br />
e as hiperacumuladoras, que concentram altos valores<br />
de metais pesados nos tecidos (Whiting et al., 2004).<br />
Estas comunidades vegetais associadas aos substratos<br />
metalíferos podem oferecer serviços ecológicos como<br />
a fitoextração, fitoestabilização e fitoprospecção<br />
(Ginocchio & Baker, 2004). Atualmente no mundo diversos<br />
grupos de pesquisa estão focalizando a conservação<br />
e a utilização sustentável dessas comunidades<br />
(Cook & Johnson, 2002; Whiting et al., 2002; Reeves,<br />
2003), atendendo a recomendações da Convenção da<br />
Diversidade Biológica – CDB – para identificar e conservar<br />
as metalófitas. Whiting et al. (2004), por exemplo,<br />
sugeriram a inclusão destas recomendações no<br />
Sistema de Gestão Ambiental – ISO 14000.<br />
Apesar de existirem no país importantes regiões com<br />
afloramentos rochosos ricos em metais, como o próprio<br />
QF e a Serra de Carajás (Silva, 1991), a importância<br />
biológica das comunidades metalófilas ainda é subestimada<br />
no Brasil, em p<strong>arte</strong> devido ao pequeno número<br />
de estudos ecológicos, geobotânicos e biogeográficos<br />
realizados até o presente. No QF já foram identificadas<br />
algumas metalófitas (sensu Whiting et al., 2004) associadas<br />
à canga, como Eremanthus erythropappus (DC.)<br />
N.F.F. MacLeish e E. glomerulatus Less. (Asteraceae),<br />
Microlicia crenulata Mart. e Trembleya laniflora Cogn.<br />
(Melastomataceae), que acumulam nas folhas concentrações<br />
de Cu, Fe, Mn, e Zn acima do disponível no<br />
substrato (Teixeira & Lemos-Filho, 1998), e metalófilas<br />
associadas a outros tipos de substratos metalíferos,<br />
como Podocarpus sellowii KL. (Podocarpaceae), Schinus<br />
terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae), Paepalanthus<br />
sp. (Eriocaulaceae) e Vellozia sp. (Velloziaceae), que<br />
acumulam nos tecidos concentrações de Cd, Cu, Fe, Mn,<br />
Ni e Pb acima da normalidade (Porto & Silva, 1989).<br />
No mundo já foram propostos cinco “hotspots metalíferos”,<br />
todos eles em ecorregiões florestais ricas em<br />
biodiversidade e ameaçadas pelos impactos ambientais<br />
relacionados à intensa atividade de mineração.<br />
Somente um destes hotspots ocorre na América do Sul,<br />
representado por áreas localizadas nas Guianas e nos<br />
Andes (WWF & IUCN, 1999). O QF, em vista do seu contexto<br />
geo-econômico e importância biológica, cumpre<br />
com diversos requisitos listados por Dinerstein et al.<br />
(1995), para ser identificado como ecorregião.<br />
DESAFIOS PARA A CONSERVAÇÃO<br />
Jacobi & Carmo | 29<br />
A maioria dos levantamentos florísticos em cangas no<br />
QF são muito recentes. Das quatro mencionadas neste<br />
estudo, duas já desapareceram por causa da mineração,<br />
e apenas uma está localizada em unidade de<br />
conservação, o que infelizmente parece refletir o status<br />
regional desse ameaçado ecossistema. Pode-se apenas<br />
especular o que já foi perdido com a eliminação histórica<br />
de um número considerável de cangas. Esse fato<br />
torna-se inquestionável quando se observa o contexto<br />
geo-econômico do QF, com uma intensa atividade de<br />
mineração gerando uma grande demanda por processos<br />
ambientais de licenciamento para pesquisa, concessões<br />
minerais e exploração. Somente na Área de Proteção<br />
Ambiental Sul da região metropolitana de Belo<br />
Horizonte (APA-Sul), os direitos minerários chegam a<br />
77% dos 165.160 ha de área desta unidade de conservação<br />
(IBRAM, 2003).<br />
Entre as maiores ameaças à biodiversidade mundial<br />
está a perda de habitat, que nas cangas ocorre pela histórica<br />
atividade de mineração, recentemente intensificada<br />
pela abertura econômica da China, que gerou em<br />
nível mundial uma demanda sem precedentes por minérios,<br />
fenômeno conhecida como “efeito China” (DNPM,<br />
2006). Estima-se que em 2010 a produção brasileira anual<br />
desse minério deverá atingir 280 milhões de toneladas,<br />
representando um aumento de 53% quando comparado<br />
com a produção de 1988 (DNPM, 2001). O mapa na Figura<br />
1 indica apenas as minas a céu aberto que extraem<br />
hematita compacta, um tipo especial de minério com<br />
alto teor de ferro, e não inclui as cavas de extração dos<br />
outros tipos de minério de ferro que existem no QF.<br />
Ao contrário da maioria dos campos rupestres<br />
quartzíticos, que têm uma ampla área de distribuição,<br />
alguns localizados em unidades de conservação de<br />
dimensões consideráveis, como o Parque Nacional da<br />
Serra do Cipó, os campos rupestres ferruginosos no<br />
Espinhaço estão numa situação que precisa ser rapidamente<br />
revertida (Jacobi & Carmo, 2008). Além da<br />
distribuição restrita, concentrada no QF, são pouquíssimas<br />
as unidades de conservação que contém essas<br />
comunidades, sendo o Parque Estadual da Serra do Rola<br />
Moça, próximo de Belo Horizonte, a mais destacada.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
30 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />
O reconhecimento recente do QF como área de ‘importância<br />
biológica especial’ (Drummond et al., 2005) é um<br />
passo fundamental para promover medidas práticas<br />
para a sua conservação.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas<br />
Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento do projeto<br />
CRA-89/03; ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e<br />
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e ao Instituto<br />
Estadual de Florestas (IEF/MG) pelas licenças concedidas.<br />
A Myrian Morato Du<strong>arte</strong> pelo desenho do mapa.<br />
Ao revisor anônimo pelos valiosos comentários. Aos<br />
organizadores do workshop “Diagnóstico do Status do<br />
Conhecimento da Biodiversidade e de sua Conservação<br />
na Cadeia do Espinhaço”, pelo convite para participar<br />
de tão importante iniciativa.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
Alkmim, F.F. & S. Marshak. 1998. Transamazonian orogeny in the<br />
southern São Francisco Craton Region, Minas Gerais, Brazil:<br />
evidence for paleoproterozoic collision and collapse in the<br />
Quadrilátero Ferrífero. Precambrian Research 90: 29-58.<br />
Alves, R.J.V. & J. Kolbek. 1994. Plant species endemism in savanna<br />
vegetation on table mountais (Campo Rupestre) in Brazil.<br />
Vegetatio 113: 125-139.<br />
APG II (Angiosperm Phylogeny Group). 2003. An update of the<br />
Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and<br />
families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the<br />
Linnean Society 141: 399-436.<br />
Brandão, M. & M.L. Gavilanes. 1990. Mais uma contribuição<br />
para o conhecimento da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais,<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
32 | Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG<br />
Apêndice – Lista das famílias de plantas vasculares (com número de gêneros e espécies) presentes em Campos rupestres<br />
ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG (Mendonça, 2006*; Stehmann & Oliveira, 2007; Jacobi et al. 2007*; Viana & Lombardi,<br />
2007. AMÇ = Ameaçadas; PRE = Presumivelmente ameaçadas (Mendonça & Lins, 2000).<br />
N° ESPÉCIES<br />
Família Gêneros Espécies AMÇ PRE<br />
Pteridófitas*<br />
Aspleniaceae 1 1<br />
Blechnaceae 1 3<br />
Cyatheaceae 1 2<br />
Davallinaceae 1 1<br />
Dryopteridaceae 1 1<br />
Grammitidaceae 1 1<br />
Hymenophyllaceae 1 1<br />
Lomariopsidaceae 1 1<br />
Lycopodiaceae 2 2<br />
Polypodiaceae 4 5<br />
Pteridaceae 2 3<br />
Magnoliídeas<br />
Annonaceae 1 2 2<br />
Aristolochiaceae 1 1<br />
Lauraceae 2 4 2 1<br />
Piperaceae 1 3<br />
Monocotiledôneas<br />
Alstroemeriaceae 1 1<br />
Amaryllidaceae 2 2<br />
Araceae 2 4<br />
Bromeliaceae 6 13 2<br />
Commelinaceae 2 2<br />
Cyperaceae 7 13<br />
Dioscoreaceae 1 1<br />
Eriocaulaceae 2 2<br />
Iridaceae 2 3<br />
Juncaceae 1 1<br />
Orchidaceae 16 28 1 2<br />
Poaceae 14 30<br />
Smilacaceae 1 2<br />
Velloziaceae 2 11<br />
Xyridaceae 1 1<br />
Eudicotiledôneas<br />
Acanthaceae 3 3<br />
Anacardiaceae 1 1<br />
Apiaceae 1 2<br />
Apocynaceae 8 13 2<br />
Aquifoliaceae 1 2<br />
Araliaceae 1 2<br />
Asteraceae 32 59 7 9<br />
Begoniaceae 1 2<br />
Bignoniaceae 3 3<br />
Boraginaceae 1 1<br />
Cactaceae 1 1 1<br />
Celastraceae 1 1<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
N° ESPÉCIES<br />
Família Gêneros Espécies AMÇ PRE<br />
Campanulaceae 2 2<br />
Clusiaceae 2 2<br />
Convolvulaceae 4 7<br />
Cunoniaceae 1 1<br />
Ericaceae 2 3<br />
Erythroxylaceae 1 3<br />
Euphorbiaceae 5 10<br />
Fabaceae 12 18<br />
Gentianaceae 1 1<br />
Gesneriaceae 3 4 2 1<br />
Humiriaceae 1 1<br />
Hypericaceae 1 4<br />
Lamiaceae 4 9<br />
Loganiaceae 1 2<br />
Loranthaceae 2 2<br />
Lythraceae 3 5<br />
Malpighiaceae 5 10<br />
Malvaceae 4 5<br />
Melastomataceae 8 23<br />
Meliaceae 1 1<br />
Moraceae 1 1<br />
Myrsinaceae 1 3<br />
Myrtaceae 10 28<br />
Nyctaginaceae 1 3<br />
Ochnaceae 1 1<br />
Olacaceae 1 1<br />
Onagraceae 1 1<br />
Orobanchaceae 1 1<br />
Passifloraceae 1 5<br />
Phyllanthaceae 1 3<br />
Phytolaccaceae 1 1<br />
Polygalaceae 1 1<br />
Polygonaceae 1 2 1<br />
Portulaccaceae 1 2<br />
Rosaceae 1 1<br />
Rubiaceae 10 16<br />
Salicaceae 2 3<br />
Santalaceae 1 1<br />
Sapindaceae 3 5<br />
Solanaceae 6 17 1<br />
Verbenaceae 3 10<br />
Violaceae 1 1<br />
Vitaceae 1 2<br />
Vochysiaceae 1 1<br />
Famílias 86 250 458 18 16
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Fitofisionomia da Caatinga associada à<br />
Cadeia do Espinhaço<br />
DANIELA ZAPPI<br />
Herbarium, Royal Botanic Gardens, Kew, Richmond, Surrey, TWA 3AE, Grã-Bretanha.<br />
email: d.zappi@kew.org<br />
RESUMO<br />
O bioma caatinga cobre a maior p<strong>arte</strong> semi-árida do Nordeste do Brasil, circundando a Chapada<br />
Diamantina na Bahia, e atingindo, ao sul, o estado de Minas Gerais, onde entra em contato<br />
com os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. Existe na caatinga um considerável número<br />
de endemismos, incluindo várias espécies de Cactaceae, das quais algumas podem ser utilizadas<br />
como indicadoras dos limites do bioma. Em termos de riqueza de espécies, a caatinga do<br />
centro-sul da Bahia e Norte de Minas Gerais apresenta maior diversidade do que a sua porção<br />
setentrional (estados do Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). Conservação da<br />
caatinga associada à Cadeia do Espinhaço é relevante tanto em termos de manutenção das<br />
espécies locais do campo rupestre, como de espécies amplamente distribuídas no Bioma Caatinga.<br />
ABSTRACT<br />
The ‘caatinga’ biome covers most of the semi-arid region of Northeastern Brazil, surrounding the<br />
Chapada Diamantina in Bahia, and reaching, to the south, the state of Minas Gerais, where it<br />
comes into contact with the ‘campos rupestres’ of the Espinhaço Range. The ‘caatinga’ presents a<br />
considerable number of endemic species of Cactaceae, which can be used as indicators of the<br />
limits of this biome. Considering species richness, the ‘caatinga’ of Central-Southern Bahia and<br />
Northern Minas Gerais is more diverse than its northern part (states of Pernambuco, Paraíba, Rio<br />
Grande do Norte and Ceará). The conservation of the ‘caatinga’ associated with the Espinhaço<br />
Range highlands is relevant both for the maintenance of the local species from the ‘campo rupestre’<br />
and of species widely distributed within the ‘caatinga’ that are now becoming threatened due to<br />
the advanced stage of transformation of this biome into agricultural lands.<br />
OBJETIVOS<br />
O intuito do presente trabalho é de compilar informações<br />
relativas à estrutura e aos limites do bioma Caatinga,<br />
com a <strong>final</strong>idade de fornecer dados relativos à<br />
fitofisionomia da caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />
(Minas Gerais e Bahia), utilizando informações<br />
provenientes da família Cactaceae para ilustrar exemplos<br />
de distribuição, endemismo e vicariância entre a<br />
caatinga e o campo rupestre. Além dessa compilação,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
34 | Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />
utiliza-se esta oportunidade para ressaltar as possibilidades<br />
de conservação desse ecossistema em conjunção<br />
com a conservação dos campos rupestres.<br />
BIOMA CAATINGA<br />
O Bioma Caatinga encontra-se na região semi-árida dos<br />
estados do Nordeste do Brasil, excetuando o Maranhão,<br />
estendendo-se ao Sul até o Norte e o Nordeste do estado<br />
de Minas Gerais. Estima-se que a área total coberta<br />
por esse bioma esteja entre 800.000 e 935.000 km 2<br />
(Rodal & Sampaio, 2002; Tabarelli & Silva, 2003). A precipitação<br />
anual na região é de menos de 1000 mm/ano,<br />
com as chuvas distribuídas irregularmente, com mais<br />
de 6 meses com precipitação muito baixa ou inexistente.<br />
Por outro lado a radiação solar é extremamente alta,<br />
assim como a temperatura média anual, enquanto as<br />
taxas de umidade relativa e a nebulosidade são as mais<br />
baixas do país (Prado, 2003).<br />
No seu limite Norte, nos estados do Rio Grande do<br />
Norte, Ceará e Piauí, o Bioma Caatinga atinge o nível do<br />
mar, mas nos estados da Bahia e de Minas Gerais encontra-se<br />
a uma altitude média entre 400-700 m, podendo<br />
excepcionalmente ultrapassar a cota de 1000 m alt., em<br />
pontos de contato com as montanhas da Cadeia do Espinhaço<br />
(Chapada Diamantina na Bahia e Serra do Espinhaço<br />
em Minas Gerais) (Taylor & Zappi, 2004).<br />
De modo geral, a caatinga estabelece-se em depressões<br />
interplanálticas, porém em certas áreas pode ser<br />
encontrada também nos planaltos (ex. Raso da Catarina,<br />
Chapadas da Borborema e do Apodi). Em casos excepcionais,<br />
a vegetação de caatinga encontra-se ocorrendo<br />
na faixa de 1000 m de altitude, como é o caso das<br />
‘caatingas de altitude’ de Morro do Chapéu e do Norte<br />
de Minas Gerais (Monte Azul) (Taylor & Zappi, 2004).<br />
Normalmente ocorrendo ao longo de pediplanos ondulados<br />
expostos a partir de sedimentos do Cretáceo<br />
ou Terciário que recobrem o escudo brasileiro datando<br />
do Pré-Cambriano (Cole, 1960), a caatinga apresenta<br />
solos resultantes da erosão do substrato, por conseguinte<br />
pedregosos e rasos, onde a rocha-mãe aparece<br />
escassamente decomposta e frequentemente aflorando<br />
na superfície (Ab’Saber, 1974).<br />
A fisionomia da caatinga é muito variada, com um<br />
número elevado de comunidades vegetais (Andrade-Lima,<br />
1981). Encontramos desde áreas de vegetação arbustiva<br />
baixa e rala até florestas impenetráveis atingindo facilmente<br />
8 m de altura. A presença de espécies micrófilas<br />
e decíduas, além de adaptações como espinhos, acúleos,<br />
folhas e caules suculentos, e o predomínio de<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
ervas anuais, caracterizam esta vegetação. Entre as famílias<br />
lenhosas mais típicas encontramos Leguminosae<br />
e Euphorbiaceae, além de arbustos e ervas das famílias<br />
Malvaceae, Asteraceae, Poaceae, Acanthaceae e<br />
Rubiaceae. De modo geral, a caatinga não apresenta<br />
uma cobertura graminóide contínua. Em termos de classificação<br />
da vegetação, a mais completa foi apresentada<br />
por Andrade-Lima (1981), que divide o domínio das<br />
caatingas em diferentes unidades, marcadas pela presença<br />
e/ou predomínio de grupos de um pequeno número<br />
de espécies lenhosas. Na sua maioria, as espécies<br />
selecionadas por Andrade-Lima (1981) não são exclusivas<br />
da caatinga, porém ocorrem em distintas associações<br />
e apresentando relativa dominância dentro desse<br />
bioma, sendo possível utilizar a presença de tais associações<br />
para definir unidades.<br />
Segundo Prado (2003), espécies decíduas comuns amplamente<br />
distribuídas na caatinga são: Amburana<br />
cearensis (Fr. All.) A. C. Smith (Fabaceae, imburana-decheiro),<br />
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan var. cebil<br />
(Griseb.) Altschul (Fabaceae, angico), Aspidosperma<br />
pyrifolium Mart. (Apocynaceae, pau-pereiro), Caesalpinia<br />
pyramidalis Tul. (Fabaceae, catingueira), Cnidoscolus<br />
phyllacanthus (Müll. Arg.) Pax & Hoffm. (faveleira,<br />
Euphorbiaceae), Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet<br />
(Anacardiaceae, imburana) Myracrodruon urundeuva<br />
Fr. All. (Anacardiaceae, aroeira), Schinopsis brasiliensis<br />
Engler (Anacardiaceae, baraúna), Tabebuia impetiginosa<br />
(Mart. ex. A. DC.) Standley (Bignoniaceae, pau-d’arcoroxo),<br />
várias espécies de Croton spp. (Euphorbiaceae,<br />
marmeleiros, velames) e Mimosa spp. (Fabaceae, juremas),<br />
além de algumas perenifólias como Ziziphus<br />
joazeiro Mart. (Rhamnaceae, joazeiro), Capparis yco Mart.<br />
(Capparaceae – recentemente transferida para as<br />
Brassicaceae, icó) e Copernicia prunifera (Mill.) H. E.<br />
Moore (Arecaceae, carnaúba).<br />
No caso das Cactaceae, é possível utilizar espécies<br />
endêmicas amplamente distribuídas para indicar a presença<br />
do bioma caatinga. Estas são: Tacinga inamoena<br />
(K. Schum.) N. P. Taylor & Stuppy (palmatória ou quipá),<br />
Tacinga palmadora (Britton & Rose) N. P. Taylor & Stuppy<br />
(palmatória), Pilosocereus pachycladus F. Ritter (facheiro),<br />
Pilosocereus gounellei (F. A. C. Weber) Byles & G. D. Rowley<br />
(xique-xique), Cereus jamacaru DC. (mandacaru),<br />
Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose (rabo de raposa),<br />
Arrojadoa penicillata (Gürke) Britton & Rose (rabo<br />
de raposa), e Melocactus zehntneri (Britton & Rose)<br />
Luetzelb. (coroa-de-frade) (Zappi, 1994; Taylor & Zappi,<br />
2004: Map 3). Devido à situação alarmante de devastação<br />
do bioma caatinga (Castelletti et al., 2003), com<br />
grande p<strong>arte</strong> de sua área degradada ou transformada
para fins agro-pastoris, tornou-se difícil estabelecer os<br />
limites reais da vegetação. Devido em p<strong>arte</strong> à sua ocorrência<br />
sobre substratos rochosos, em p<strong>arte</strong> às suas estratégias<br />
de sobrevivência e dispersão extremamente<br />
eficientes em ambientes áridos, ou mesmo ao fato de<br />
serem percebidas pelo sertanejo como plantas úteis<br />
(Andrade et al., 2006), as Cactaceae muitas vezes estão<br />
entre as poucas espécies remanescentes após a transformação<br />
da caatinga original. Também tratam-se de<br />
plantas fáceis de visualizar, especialmente durante a<br />
estação seca, sendo possível reconhecer as espécies ao<br />
longe. Somados à especificidade das Cactaceae no que<br />
concerne ao habitat no qual elas ocorrem, estes fatores<br />
fazem com que as Cactaceae estejam entre as melhores<br />
espécies indicadoras da vegetação de caatinga.<br />
RIQUEZA DE ESPÉCIES<br />
Segundo Prado (2003), existem 14 gêneros e 183 espécies<br />
endêmicos da caatinga, enquanto Giulietti et al.<br />
(2002) apresentam 18 gêneros e 318 espécies. De qualquer<br />
forma, ambos os autores sublinham que a flora da<br />
caatinga apresenta um grau de endemismo importante<br />
e suficiente para que a mesma seja reconhecida como<br />
uma vegetação distinta.<br />
Com base em dados exclusivos da família Cactaceae<br />
(Taylor & Zappi, 2004), podemos afirmar que a caatinga<br />
da Bahia e Minas Gerais é muito mais rica em termos<br />
de espécies do que aquela encontrada nos estados setentrionais,<br />
a norte do Rio São Francisco. Devido ao<br />
relevo encontrado nos estados da Bahia e Minas Gerais,<br />
é possível que a influência da Serra do Espinhaço<br />
e da Chapada Diamantina como refúgio durante mudanças<br />
climáticas do terciário e quaternário tenha sido<br />
crucial, possibilitando ciclos sucessivos de expansão e<br />
isolamento de distintas espécies na área em questão. A<br />
região setentrional da caatinga (Paraíba, Rio Grande do<br />
Norte, Ceará e Norte do Piauí) não apresenta espécies<br />
de Cactaceae endêmicas, e apenas 4 espécies possuem<br />
a maioria de sua distribuição geográfica a norte de 7 o S<br />
(Taylor & Zappi, 2004). Nessa região, o relevo mostrase<br />
mais uniforme e plano (depressão sertaneja), com<br />
poucas serras atingindo mais de 1000 m acima do nível<br />
do mar. É possível sugerir também que essa região do<br />
bioma seja mais recente do que a área sul da caatinga –<br />
conforme postulado por Taylor & Zappi (2004) e por<br />
Prado (2003), ou que as forças de extinção tenham sido<br />
mais eficientes (ou mesmo mais uniformes), alcançando<br />
grandes populações dispersas numa área mais ampla,<br />
do que naquelas áreas cujo relevo mais acidentado<br />
Zappi | 35<br />
poderia criar refúgios para as espécies ali ocorrentes.<br />
Um exemplo de espécie relictual ocorrendo em duas<br />
áreas ou refúgios nas caatingas da Bahia é Espostoopsis<br />
dybowskii (Cactaceae).<br />
CAATINGA ASSOCIADA À CADEIA DO ESPINHAÇO<br />
No estado da Bahia, o bioma principal circundando a<br />
Chapada Diamantina é a caatinga (Harley, 1995; Zappi<br />
et al., 2003), enquanto que a Serra do Espinhaço em<br />
Minas Gerais encontra-se mais frequentemente rodeada<br />
pelo cerrado (oeste, sudoeste, noroeste), fazendo contato<br />
ao sul e ao leste com a mata atlântica sob forma<br />
de florestas semi-decíduas ou perenifólias, ao passo que<br />
a caatinga aparece de modo menos expressivo, ao<br />
norte/noroeste das serras. A extensa zona de contato<br />
entre a caatinga e o campo rupestre determina uma<br />
forte influência florística da caatinga sobre os campos<br />
rupestres da Chapada Diamantina (Harley, 1995; Zappi<br />
et al., 2003).<br />
Segundo Andrade-Lima (1981), a caatinga que circunda<br />
a porção norte da Chapada Diamantina foi classificada<br />
como Unidade II (4), Floresta de Caatinga Baixa,<br />
caracterizada pela associação de Mimosa, Syagrus<br />
(Arecaceae), Spondias (Anacardiaceae, umbu) e Cereus<br />
jamacaru (Cactaceae, mandacaru, muito disseminada e<br />
comum no Nordeste Brasileiro), ocorrendo sobre rochas<br />
cristalinas do Pré-Cambriano. Esse tipo de caatinga<br />
é dominado por vegetação baixa e descontínua, e<br />
comumente apresenta áreas ecotonais nas encostas ao<br />
norte da Chapada Diamantina, às vezes definidas como<br />
‘caatingas de altitude’. Devido à geomorfologia da Chapada<br />
Diamantina, as localidades de campo rupestre situadas<br />
mais a norte (Morro do Chapéu, Sento Sé, Serra<br />
do Mimoso, Jacobina) estão distribuídas sob forma de<br />
maciços esparsos e a menores altitudes (até 1.200 m)<br />
em relação à porção centro-sul (ver abaixo). Nestas localidades,<br />
o contraste entre a vegetação de campo<br />
rupestre e a caatinga circundante não é muito forte.<br />
Espécies de Cactaceae amplamente distribuídas na caatinga,<br />
como os típicos Pilosocereus gounellei, Tacinga<br />
inamoena, Pilosocereus pachycladus e Cereus jamacaru,<br />
ocorrem juntamente com outras mais comuns no<br />
campo rupestre, no caso Melocactus paucispinus Heimen<br />
& R. J. Paul, M. concinnus Buining & Brederoo,<br />
Micranthocereus flaviflorus Buining & Brederoo, M.<br />
purpureus (Gürke) F. Ritter. Apenas uma espécie de<br />
Pilosocereus é endêmica da ‘caatinga de altitudes’,<br />
P. glaucochrous (Werderm.) Byles & G.D. Rowley, ocorrendo<br />
de Seabra até Sento Sé.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
36 | Fitofisionomia da Caatinga associada à Cadeia do Espinhaço<br />
Já a caatinga encontrada no Norte de Minas assemelha-se<br />
àquela ocorrente na região central da Bahia, classificada<br />
por Andrade-Lima (1981) como Unidade I, Floresta<br />
de Caatinga Alta, onde as espécies características<br />
seriam Cavanillesia umbellata (barriguda), Myracrodruon<br />
urundeuva, Tabebuia impetiginosa e Aspidosperma<br />
pyrifolium. Tal vegetação ocorre sobre rochas calcáreas<br />
ou cristalinas do pré-cambriano, nas áreas com a maior<br />
disponibilidade hídrica dentro do bioma caatinga. Esse<br />
seria o tipo de caatinga que influencia o norte da Serra<br />
do Espinhaço (Minas Gerais) e o centro-sul da Chapada<br />
Diamantina (BA).<br />
Dentre as Cactaceae endêmicas dessa região específica,<br />
geralmente associadas a solos quartzíticos ou<br />
areníticos encontramos: Pereskia aureiflora Ritter,<br />
Pereskia bahiensis Gürke (quiabento), Tacinga funalis<br />
Britton & Rose (quipá-voador), Harrisia adscendens<br />
(Gürke) Britton & Rose, Leocereus bahiensis Britton &<br />
Rose, Cereus albicaulis (Britton & Rose) Luetzelburg,<br />
Arrojadoa dinae Buin. & Brederoo, Cipocereus pusilliflorus<br />
(Ritter) Zappi & N. P. Taylor, Stephanocereus leucostele<br />
(Gürke) Berger, Brasilicereus phaeacanthus (Gürke)<br />
Backeberg, Coleocephalocereus goebelianus (Vaupel)<br />
Buining, Melocactus ernestii Vaupel, Micranthocereus<br />
violaciflorus Buining, Micranthocereus albicephalus (Buining<br />
& Brederoo) F. Ritter e Micranthocereus polyanthus<br />
(Werderm.) Backeb.<br />
Afloramentos calcários do grupo Bambuí, que<br />
ocorrem nas proximidades da Cadeia do Espinhaço<br />
(e também nas imediações do Rio São Francisco e nos<br />
estados de Minas Gerais e Mato Grosso), em altitudes<br />
abaixo de 800 m, apresentam vegetação decídua, espinhosa<br />
e várias espécies de suculentas. As espécies de<br />
plantas e a fisionomia dessas formações são fundamentalmente<br />
distintas daquelas encontradas em solos cristalinos<br />
ou areníticos, embora, na Serra do Espinhaço,<br />
tais afloramentos estejam muitas vezes adjacentes aos<br />
campos rupestres, como é o caso do afloramento próximo<br />
a Cardeal Mota, na Serra do Cipó. Algumas espécies<br />
de Cactaceae associadas à ocorrência de calcário<br />
são: Pereskia stenantha F. Ritter, Quiabentia zehntneri<br />
(Britton & Rose) Britton & Rose, Tacinga saxatilis<br />
(F. Ritter) N. P. Taylor & Stuppy, Pilosocereus densiareolatus<br />
Ritter, P. floccosus Byles & G.D. Rowley ssp. floccosus,<br />
Micranthocereus dolichospermaticus (Buining & Brederoo)<br />
F. Ritter (cabeça-de-velho), M. levitestatus Buining &<br />
Brederoo, Facheiroa cephaliomelana (facheiro).<br />
O estabelecimento de áreas (ou manchas) de caatinga<br />
nas proximidades da Cadeia do Espinhaço em Minas<br />
Gerais pode ser explicado por combinações particulares<br />
de tipo de solo e do relevo montanhoso, com<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
encostas formando barreiras que impedem a precipitação<br />
regular sobre uma determinada área. Vale a pena<br />
lembrar que a diversidade das Cactaceae no estado de<br />
Minas Gerais deve-se particularmente às espécies<br />
associadas com os campos rupestres da Cadeia do<br />
Espinhaço (ver páginas 172-177).<br />
Ao Norte da Serra do Espinhaço em Minas Gerais a<br />
zona de contato entre a caatinga e o cerrado forma um<br />
ecótono denominado ‘carrasco’ (Pirani et al., 2003) ou<br />
‘carrascal’ (Meguro et al., 1994). Este tipo de vegetação<br />
intermediário apresenta a fisionomia arbustivo-arbórea<br />
baixa (até 4 m alt.), formando blocos impenetráveis de<br />
arbustos, frequentemente espinhosos e decíduos na<br />
estação seca, separados por ‘veredas’ de solo arenoso,<br />
com estrato herbáceo irregular entremeado de líquens<br />
terrestres.<br />
CONSERVAÇÃO<br />
Como já foi sugerido em trabalhos de cunho mais específico<br />
(Zappi et al., 2003), a conservação de espécies<br />
e habitats de campo rupestre possivelmente depende<br />
da preservação da vegetação circundante. Espécies animais,<br />
particularmente polinizadores, mas também<br />
dispersores e predadores, migram das regiões mais altas<br />
e úmidas para as terras baixas durante a estação<br />
das chuvas, dependendendo possivelmente de recursos<br />
tanto do campo rupestre como dos enclaves de<br />
caatinga.<br />
Somente nas Cactaceae, Taylor & Zappi (2004)<br />
constataram que de 75 táxons ocorrentes na caatinga,<br />
existe possível interação de dispersão por diversos animais<br />
(morcegos, mamíferos roedores, porcos-do-mato,<br />
diversas aves, lagartos, formigas), contudo estudos conclusivos<br />
e até mesmo observações diretas envolvendo<br />
essas interações são poucas, havendo apenas certeza<br />
com respeito a um estudo envolvendo duas espécies<br />
de Melocactus dispersas por lagartos (Taylor, 1991), três<br />
observações envolvendo formigas (Discocactus bahiensis,<br />
Coleocephalocereus aureus e C. goebelianus), e duas<br />
observações de atividade de aves (Cereus jamacaru e<br />
Pilosocereus catingicola). Faz-se necessário intensificar os<br />
estudos de dispersão e forrageio na Caatinga, envolvendo<br />
não somente as Cactaceae, mas outras famílias<br />
representativas como as Fabaceae, Bromeliaceae etc.,<br />
com a <strong>final</strong>idade de compreender melhor as interações<br />
e interdependências entre espécies de animais e plantas<br />
da caatinga e seu relacionamento com áreas adjacentes<br />
de campo rupestre.
Vale ressaltar que o planejamento e/ou incremento<br />
das presentes áreas de conservação da Cadeia do Espinhaço,<br />
incluindo áreas e espécies da caatinga ou de<br />
matas secas, pode ser crucial para a preservação desses<br />
sistemas, uma vez que a situação da conservação e<br />
do conhecimento a respeito do Bioma Caatinga como<br />
um todo é extremamente deficiente (Tabarelli & Silva,<br />
2003), sendo possível que espécies deste bioma, apesar<br />
de amplamente distribuídas no Leste do Brasil, não<br />
estejam incluídas ainda em áreas de conservação.<br />
Taylor & Zappi (2004) apresentam sugestões de prioridades<br />
para conservação do Leste do Brasil através de<br />
um sistema de pontos atribuídos às espécies ameaçadas<br />
conforme as categorias da IUCN. Neste sistema, a região<br />
norte da Serra do Espinhaço, incluindo os municípios<br />
mineiros de Mato Verde, Monte Azul e Espinosa, assim<br />
como Licínio de Almeida, Urandi, Caetité, na Bahia, fica<br />
evidenciada como a segunda prioridade em termos de<br />
conservação da região estudada. Esta região é caracterizada<br />
por enclaves de caatinga, mata seca, cerrado e<br />
campo rupestre (em altitudes maiores que 1000 m), e<br />
apresenta grande diversidade de substrato e de habitats,<br />
apesar de não contar com áreas de preservação e infelizmente<br />
encontrar-se sujeita a pressões extrativistas e agrícolas,<br />
especialmente o cultivo de algodão e mais recentemente<br />
a cultura mecanizada de Eucalyptus.<br />
Outra área cuja preservação encontra-se ameaçada<br />
é a localidade de Morro do Chapéu, na Bahia, onde encontramos<br />
enclaves únicos de caatinga e camporupestre<br />
setentrional. Esta região é atualmente foco de<br />
um acréscimo acelerado de turismo, e chama-se a atenção<br />
para a falta de planejamento no que concerne a<br />
conservação da biodiversidade, ironicamente o maior<br />
atrativo local. Faz-se necessário o estabelecimento de<br />
áreas de preservação e planos de manejo nesta área.<br />
Para o estado de Minas Gerais, já dispomos de um<br />
Atlas da Biodiversidade (Drummond et al., 2005), o que<br />
facilita a sugestão de uma série de ações específicas 1 .<br />
Seria interessante aumentar a representatividade da vegetação<br />
de caatinga na região setentrional do estado,<br />
através da criação de áreas protegidas (RPPN, APAs, etc.)<br />
ligando a área 10 (Espinhaço Setentrional) à área 57<br />
(Espinhaço Meridional) especialmente numa tentativa<br />
de ampliar e interligar áreas protegidas (Reserva da<br />
Biosfera da Serra do Espinhaço; Parque Estadual de Grão<br />
Mogol) com importantes bacias hidrográficas a leste do<br />
Espinhaço, como aquelas do Alto Jequitinhonha (29), Rio<br />
Preto (28), Rio Itacambiruçu (11) e Alto Rio Pardo (12).<br />
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1 os números utilizados neste parágrafo referem-se àqueles apresentados por Drummond et al. (2005) no mapa das páginas 169–170.<br />
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Relações florísticas entre as fitofisionomias<br />
florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
LUCIANA HIROMI YOSHINO KAMINO 1<br />
ARY TEIXEIRA DE OLIVEIRA-FILHO 2<br />
JOÃO RENATO STEHMANN 1 *<br />
1 Departamento de Botânica, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Departamento Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil.<br />
* e-mail: stehmann@icb.ufmg.br<br />
RESUMO<br />
A Cadeia do Espinhaço é uma formação de montanhas que se estende no sentido norte-sul, da<br />
Bahia até Minas Gerais, sob influência fitogeográfica dos domínios da Mata Atlântica, Cerrado<br />
e Caatinga. As florestas encontradas nessa formação ocorrem em altitudes acima de 700 m,<br />
sendo pouco conhecidas floristicamente. O objetivo do presente trabalho foi analisar as relações<br />
florísticas entre 18 áreas de floresta baseado na composição de sua flora arbórea, bem<br />
como os padrões de distribuição das espécies associados às variáveis geo-climáticas. A listagem<br />
totalizou 1.107 espécies. As espécies arbóreas de ampla distribuição no Espinhaço (12 ou<br />
mais áreas) representaram apenas 2,6% do total amostrado e as espécies consideradas de<br />
ocorrência restrita (uma ou duas áreas) totalizaram 49% desse total. O dendrograma de similaridade<br />
florística produzido por análise de agrupamento classificou as áreas em quatro regiões:<br />
(a) Quadrilátero Ferrífero, (b) Chapada de São Domingos, (c) Espinhaço Central, em<br />
Minas Gerais e Bahia, e (d) Disjunções Setentrionais da Chapada Diamantina. A distinção entre<br />
as regiões está provavelmente relacionada com a latitude, a precipitação e a altitude. Foi<br />
observada uma considerável riqueza de espécies arbóreas ao longo da Cadeia do Espinhaço,<br />
sendo o Quadrilátero Ferrífero e o extremo norte da Chapada Diamantina as regiões mais rica<br />
e mais pobre, respectivamente. Há uma carência de dados florísticos para a região compreendida<br />
entre o norte de Minas Gerais e o centro-sul da Bahia.<br />
ABSTRACT<br />
The Espinhaço Range is a mountain chain that stretches from North to South in the Brazilian<br />
states of Bahia and Minas Gerais, under the influence of three phytogeographic domains: Atlantic<br />
Forest, Cerrado (woody savanna) and Caatinga (thorn woodland). Most forests found throughout<br />
the range occur above 700 m of altitude, but their species composition is poorly known. The<br />
purpose of the present contribution was to analyze the floristic relationships among 18 forest<br />
areas based on tree species checklists and the species distribution patterns associated to geoclimatic<br />
variables. The number of species in the checklists was 1,107. Species of wide-range<br />
distribution (found in 12 or more areas) represented only 2,6% of the total while those with restrict<br />
distribution (one or two areas) encompassed 49%. The floristic similarity dendrogram produced by<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
cluster analysis classified the areas into four regions: (a) Quadrilátero Ferrífero, (b) Chapada de<br />
São Domingos, (c) Central Espinhaço, in the Minas Gerais and Bahia, and (d) septentrional<br />
disjunctions of Chapada Diamantina. The distinction among the four regions is probably related<br />
to latitude, rainfall and altitude. It was observed a considerable species richness throughout the<br />
Espinhaço Range, although species richness also varied strikingly with the richest and poorest<br />
regions at the Quadrilátero Ferrífero and northern Chapada Diamantina, respectively. There is<br />
a remarkable scarcity of floristic data for the region extending from northern Minas Gerais to<br />
central-southern Bahia.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A Cadeia do Espinhaço é a segunda mais longa formação<br />
de montanhas do Brasil e se estende por mais de<br />
mil quilômetros na direção norte-sul, apresentando seu<br />
limite setentrional na serra da Jacobina (10 o 00’S), e meridional<br />
na serra do Ouro Branco, próxima de Ouro Preto<br />
(21 o 25’S). Sua extensão longitudinal (40 o 10’ a<br />
44 o 30’W) varia aproximadamente entre 50 e 100 km e<br />
as altitudes, em geral entre 700 e 1100 m, podendo<br />
chegar aos 2000 m (Giulietti et al., 1987; Harley, 1995).<br />
Sua extensão longitudinal (40 o 10’ a 44 o 30’W) varia aproximadamente<br />
entre 50 e 100 km e as altitudes, em geral<br />
variam entre 700 e 1100 m, podendo chegar aos<br />
2000 m (Giulietti et al., 1987; Harley, 1995). Constitui<br />
um divisor de águas entre a bacia hidrográfica do rio<br />
São Francisco, a oeste, e as bacias dos rios que drenam<br />
para o Atlântico, a leste (Vieira et al., 2005). A Cadeia é<br />
constituída por dois blocos principais: a serra do Espinhaço,<br />
cujos limites ao norte ficam nas elevações isoladas<br />
da área do Monte Verde e Montezuma (MG), e a<br />
Chapada Diamantina (BA), constituída por terrenos baixos<br />
e elevações acima de 1000 m de altitude, que ficam<br />
reduzidas e bem afastadas entre si (Harley, 1995;<br />
Pirani et al., 2003).<br />
O clima da Cadeia do Espinhaço é do tipo mesotérmico<br />
com verões brandos e estação chuvosa no verão<br />
(Galvão & Nimer, 1965). O índice pluviométrico anual<br />
varia consideravelmente, entre 750 e 1600 mm, mas<br />
precipitações concentram-se em um período de sete a<br />
oito meses com um período seco de três a quatro meses<br />
(Magalhães, 1954; Galvão & Nimer, 1965). Os solos<br />
da Cadeia do Espinhaço são oriundos da decomposição<br />
de quartzitos e arenitos, caracteristicamente<br />
pedregosos, pobres, ácidos e arenosos, secos e com<br />
baixa capacidade de retenção de água (Ferreira & Magalhães,<br />
1977).<br />
A vegetação da Cadeia inclui uma série de estratos<br />
altitudinais onde são encontrados, no mais elevado,<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 39<br />
campos rupestres e matas nebulares; no intermediário,<br />
cerrados, campos e florestas semidecíduas e perenifólias;<br />
e, no mais baixo, uma variada combinação com as<br />
fitofisionomias das terras baixas adjacentes (Harley,<br />
1995). No entanto, a cobertura vegetal dominante na<br />
Cadeia do Espinhaço é o campo rupestre (Giulietti et<br />
al., 1987), vegetação que cresce sobre pedregulhos ou<br />
rochas, em solos rasos ou pedregosos de origem recente,<br />
ou ainda em depósitos arenosos (Giulietti &<br />
Pirani, 1988). Os campos rupestres geralmente ocupam<br />
altitudes acima de 900 m, em conjunto ou entremeando<br />
os grandes afloramentos rochosos. A importância<br />
dos campos rupestres e da vegetação rupícola na Cadeia<br />
do Espinhaço deve-se à sua grande extensão, riqueza<br />
de espécies, expressiva diversidade genética e<br />
alto grau de endemismo (Giulietti et al., 1987; Harley,<br />
1995; Zappi et al., 2003).<br />
O mosaico de fitofisionomias do Espinhaço é encontrado<br />
de norte a sul, mas a paisagem e a composição<br />
da flora sofrem forte influência dos três grandes domínios<br />
fitogeográficos brasileiros percorridos pela Cadeia<br />
e que podemos chamar de Setores. O Setor Sul, a sul<br />
de Belo Horizonte e ao redor de Ouro Preto, em Minas<br />
Gerais, está localizado dentro do domínio da Mata<br />
Atlântica; o Setor Central, que inclui a Serra do Cipó e a<br />
região de Diamantina, também em Minas Gerais, ocorre<br />
no domínio do Cerrado; e o Setor Norte, que compreende<br />
toda a Chapada Diamantina, na Bahia, está<br />
inserido no domínio da Caatinga (Harley, 1995). A região<br />
de Grão Mogol, no norte de Minas Gerais, pode<br />
ser considerada como intermediária entre os dois últimos<br />
devido à sua posição geográfica.<br />
As florestas da Cadeia do Espinhaço variam consideravelmente<br />
em composição e estrutura como resposta<br />
às condições geo-climáticas, muitas vezes resultando<br />
em uma grande heterogeneidade de fitofisionomias em<br />
áreas florestais relativamente pequenas (Harley, 1995).<br />
Por exemplo, uma floresta de fundo de vale poderá<br />
ter caráter perenifólio nas margens do curso d’água<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
40 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
(floresta ripária) e semidecídua nas encostas adjacentes.<br />
Muitas florestas que se apresentam na forma de<br />
capões de mata podem ter uma mancha de fitofisionomia<br />
paludosa perenifólia circundada por outra semidecídua,<br />
nos sítios bem drenados (Rizzini, 1979; Meguro<br />
et al, 1996a). Além disso, as matas de vale muitas vezes<br />
se fundem aos capões e as transições entre todo este<br />
conjunto de fitofisionomias podem ser muito graduais<br />
(Giulietti et al., 1987, Zappi et al., 2003). A altitude em<br />
que as florestas ocorrem pode variar de 400 a 1700 m e<br />
isto se reflete de forma marcante na composição e estrutura<br />
das florestas. Florestas nebulares perenifólias,<br />
por exemplo, ocorrem nos extremos de altitudes, normalmente<br />
acima de 1100 m (Harley, 1995). A profundidade<br />
do solo também exerce um papel relevante na<br />
transição das florestas para as fitofisionomias campestres,<br />
onde ocorre frequentemente uma fitofisionomia<br />
particular, densa e de pequena estatura, muitas vezes<br />
denominada floresta anã ou nanofloresta montana.<br />
No Espinhaço, muitas destas nanoflorestas são monodominantes,<br />
com destaque de espécies do gênero<br />
Eremanthus, quando recebem a denominação popular<br />
de candeal (Oliveira-Filho & Fluminhan-Filho, 1999).<br />
Além de toda esta variação, ainda ocorrem manchas de<br />
floresta decídua nos afloramentos calcáreos da Cadeia,<br />
com composição florística muito particular (Meguro<br />
et al., no prelo).<br />
Com relação à atual extensão dessas florestas, as<br />
da Chapada Diamantina são menores que aquelas encontradas<br />
no sul da Serra do Espinhaço. Devido à considerável<br />
interferência do homem nessas áreas, não é<br />
possível visualizar uma imagem clara dos padrões de<br />
diversidade na região. Comparando-se com outras fitofisionomias,<br />
Harley (1995) considera as florestas<br />
como as mais ameaçadas, as menos estudadas e as<br />
mais interessantes em termos de ligações fitogeográficas<br />
e da história passada da vegetação no leste da<br />
América do Sul. Já existe um número razoável de estudos<br />
sobre os padrões florísticos das florestas do<br />
Domínio Atlântico, que ocorrem mais ao leste do Brasil<br />
(Salis et al., 1995; Oliveira-Filho & Fontes, 2000;<br />
Scudeller et al., 2001; Ferraz et al., 2004; Oliveira-<br />
Filho et al., 2005), mas pouco se conhece sobre as que<br />
ocorrem na Cadeia do Espinhaço, apesar do crescente<br />
número de estudos.<br />
O presente estudo teve como objetivo contribuir para<br />
o conhecimento das fitofisionomias florestais da Cadeia<br />
do Espinhaço, analisando a composição florística<br />
de seu compartimento arbóreo e os padrões de distribuição<br />
das espécies associados às variáveis geográficas<br />
e climáticas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Levantamentos florísticos e das variáveis geográficas<br />
e climáticas<br />
Foram compiladas da literatura listagens da flora arbórea<br />
de 18 áreas de floresta localizadas ao longo da Cadeia<br />
do Espinhaço, totalizando uma lista com 1107 espécies.<br />
A listagem de cada área de floresta em questão<br />
inclui todo o mosaico de fitofisionomias ali existentes.<br />
Possivelmente, devido às dificuldades impostas pela<br />
grande heterogeneidade ambiental, a literatura compilada<br />
não discrimina as fitofisionomias. As áreas de floresta<br />
estão localizadas: seis na Bahia (Gentio do Ouro,<br />
Jacobina, Morro do Chapéu, Catolés, Palmeiras e<br />
Mucugê) e as outras doze (Diamantina, Grão Mogol,<br />
Santa Bárbara, Serra do Cipó, Catas Altas da Noruega,<br />
Congonhas do Campo, Nova Lima, Belo Horizonte,<br />
Mariana, Ouro Preto, Chapada de São Domingos e Leme<br />
do Prado) em Minas Gerais.<br />
A localização geográfica das áreas é indicada na Figura<br />
1; as variáveis ambientais (geográficas e climáticas),<br />
número de espécies e as autorias dos estudos são<br />
fornecidas nas Tabelas 1 e 2. As médias anuais e as<br />
mensais de temperatura e a precipitação foram obtidas<br />
junto ao DNMET – Departamento Nacional de Meteorologia<br />
do Ministério de Agricultura (1992) ou da Rede<br />
Nacional de Agrometeorologia (2004). Para algumas<br />
áreas, as médias foram geradas a partir de interpolação<br />
entre registros de áreas vizinhas e, ou, aplicação<br />
de correção para altitude, seguindo procedimentos<br />
descritos por Thornthwaite (1948).<br />
As espécies foram classificadas nas famílias reconhecidas<br />
pelo Angiosperm Phylogeny Group (APG II<br />
2003).<br />
Análises florísticas<br />
Para realização das análises florísticas, foram preparados<br />
dois bancos de dados contendo informações<br />
florísticas e ambientais sobre as 18 áreas de floresta.<br />
O banco de dados florísticos consistiu de dados binários<br />
de presença/ausência de 1.107 espécies de árvores<br />
em cada área. O banco de dados com as variáveis<br />
ambientais consistiu de: latitude, longitude, altitude,<br />
temperatura média anual, temperaturas médias mensais<br />
de julho e de janeiro, diferença térmica entre as<br />
médias de julho e de janeiro, precipitação média anual,<br />
precipitações médias mensais da estação seca (junhoagosto)<br />
e chuvosa (dezembro-fevereiro), distribuição<br />
da precipitação (obtida da razão entre as duas médias<br />
mensais anteriores) e duração média da estação seca,<br />
que foi expressa pelo número de dias de déficit hídrico<br />
extraído de um diagrama de Walter (Walter, 1985).
FIGURA 1 – Localização das 18 áreas de fitofisionomias florestais utilizadas nas análises florísticas.<br />
Os nomes das áreas que compõem o presente estudo são salientados em caixas. As áreas estão classificadas<br />
em quatro grupos conforme diagrama gerado pela Análise de Correspondência Canônica (CCA):<br />
() Quadrilátero Ferrífero; () Chapada de São Domingos; ()Espinhaço Central em Minas Gerais e<br />
Bahia; e () Disjunções Setentrionais da Chapada Diamantina.<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 41<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
42 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
TABELA 1 – Relação das 18 áreas de fitofisionomias florestais localizadas na Cadeia do Espinhaço utilizadas nas análises florísticas.<br />
São fornecidos o nome da localidade, o estado da federação, o código de identificação de cada área, as coordenadas geográficas,<br />
a altitude mediana, número de espécies e as referências dos levantamentos florísticos compilados.<br />
NÚMERO DE<br />
ÁREAS CÓDIGO COORDENADAS ESPÉCIES REFERÊNCIAS<br />
Gentio do Ouro, BA BAgent 11º26’S 42º30’E 101 J. J Caldas. (dados inéditos)<br />
Jacobina, BA BAjaco 11º10’S 40º29’E 164 J. J Caldas. (dados inéditos)<br />
Morro do Chapéu, BA BAmorr 11º35’S 41º12’E 103 J. J Caldas. (dados inéditos)<br />
Catolés, BA BAcato 13º17’S 41º47’E 297 Zappi et al. (2003)<br />
Palmeiras, BA BApalm 12º27’S 41º27’E 209 Guedes & Orge (1998)<br />
Mucugê, BA BAmucu 13º00’S 41º22’E 163 Harley & Simmons (1986)<br />
Serra do Cipó, MG MGcipo 19º13’S 43º32’E 282 Campos (1995)Meguro et al.<br />
(1996a)Meguro et al. (1996b)<br />
Diamantina, MG MGdiam 18º14’S 43º36’E 248 A. T. Oliveira-Filho (dados inéditos)<br />
Grão Mogol, MG MGgrao 16º33’S 42º54’E 236 Pirani et al. (2003)Pirani et al. (2004)<br />
Santa Bárbara, MG MGbarb 19º54’S 43º22’E 189 CETEC (1989)Oliveira-Filho et al.<br />
(2005)Pedralli & Teixeira (1997)<br />
Belo Horizonte, MG MGbelo 20º02’S 44º00’E 192 Meyer (1999)Meyer et al. (2004)<br />
Catas Altas da Noruega, MG MGcata 20º36’S 43º33’E 215 Brina & Carvalho (2003)<br />
Congonhas do Campo, MG MGcong 20º30’S 43º44’E 269 M. S. Werneck, W. A. C Carvalho & S. G<br />
Rezende (dados inéditos)<br />
Nova Lima, MG MGnovl 19º58’S 43º54’E 209 Werneck (2006)Spósito & Stehmann (2006)<br />
Mariana, MG MGmari 20º22’S 43º23’E 306 Oliveira-Filho et al. (2005)<br />
Ouro Preto, MG MGouro 20º23’S 43º34’E 242 Pedralli et al. (1997)Werneck et al. (2000)<br />
Chapada de São Domingos, MG MGchap 17º29’S 43º08’E 213 Oliveira-Filho et al. (2005)<br />
Leme do Prado, MG MGleme 17º02’S 42º43’E 239 Oliveira-Filho et al. (2005)<br />
Foi realizada uma classificação florística hierárquica<br />
das 18 áreas aplicando o algoritmo de médias ponderadas<br />
(UPGMA) aos coeficientes de similaridade de<br />
Sørensen entre as áreas através do programa PC-ORD<br />
para Windows versão 4.14 (McCune & Mefford, 1999).<br />
O resultado dessa análise é apresentado na forma de<br />
um dendrograma em que se agrupam progressivamente<br />
as amostras mais semelhantes, até que se forme um<br />
único grupo. Conforme recomendação de Mueller-<br />
Dombois & Ellenberg (1974), foi utilizado o nível de<br />
corte de 25% no eixo da escala do dendrograma para<br />
separar os grupos florísticos.<br />
Para investigar as relações entre as variações da composição<br />
florística e as variáveis geoclimáticas, foi empregada<br />
a análise de correspondência canônica, CCA<br />
(ter Braak, 1987), utilizando-se também o PC-ORD. A<br />
CCA procura extrair padrões inter-relacionados de estrutura<br />
dos dados contidos em duas matrizes, no caso,<br />
a matriz das espécies e a matriz ambiental. A matriz de<br />
espécies foi extraída da matriz de composição florística<br />
após a exclusão das espécies que ocorriam em ape-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
nas uma das 18 áreas, restando 767 espécies na matriz<br />
<strong>final</strong>. A matriz ambiental consistiu de seis variáveis<br />
geoclimáticas que apresentaram correlações > 0,6 com<br />
pelo menos um dos dois primeiros eixos de ordenação,<br />
conforme adotado por Oliveira-Filho et al. (2006),<br />
selecionadas entre as 12 originais a partir de CCAs<br />
preliminares, que indicaram as mais fortemente relacionadas.<br />
O teste de permutação de Monte Carlo (ter<br />
Braak, 1995) foi aplicado à CCA <strong>final</strong> para avaliar a<br />
significância das correlações encontradas.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Listagem de espécies<br />
Os estudos nas 18 áreas de floresta da Cadeia do<br />
Espinhaço registraram um total de 1.107 espécies<br />
arbóreas, distribuídas em 89 famílias e 357 gêneros<br />
(Tabela 3). As famílias melhor representadas foram<br />
Fabaceae com 14,6% do total de espécies, Myrtaceae<br />
(8,9%), Lauraceae (5,7%), Melastomataceae (5,2%),
TABELA 2 – Relação das 18 áreas de fitofisionomias florestais localizadas na Cadeia do Espinhaço utilizadas nas análises florísticas.<br />
São fornecidos os códigos de identificação de cada área, a altitude mediana, as temperaturas médias no ano<br />
(T ANO) e nos meses de julho (T JUL) e janeiro (T JAN), diferença térmica entre as médias de julho e de janeiro (T RANGE), as<br />
precipitações médias no ano (P ANO) e mensal entre julho e agosto (P JJA) e entre dezembro e fevereiro (P DJF), a distribuição<br />
da precipitação (P DIST) e a duração da estação seca (SECA).<br />
ALTITUDE T ANO T JUL T JAN P ANO P JJA P DJF SECA<br />
CÓDIGO (m) (°C) (°C) (°C) T RANGE (mm) (mm) (mm) P DIST (dias)<br />
BAgent 969 22,1 20,0 22,8 3,4 829,8 31,6 103,8 0,30 150<br />
BAjaco 848 22,7 19,9 24,1 4,4 841,1 44,9 99,2 0,45 80<br />
BAmorr 1093 19,7 17,2 21,1 4,0 749,0 29,0 106,0 0,27 120<br />
BAcato 1533 19,1 16,6 20,5 4,2 1299,0 51,8 158,1 0,33 40<br />
BApalm 1043 20,8 18,3 22,2 4,2 1301,55 39,4 174,7 0,23 40<br />
BAmucu 1038 21,0 18,5 22,4 4,2 1155,2 38,4 152,9 0,25 60<br />
MGcipo 1367 17,9 14,6 19,8 5,4 1506,6 14,8 255,9 0,06 120<br />
MGdiam 1279 18,1 15,3 19,8 4,7 1406,0 11,0 231,0 0,05 110<br />
MGgrao 953 21,0 18,3 22,1 4,0 1035,6 9,6 167,8 0,06 140<br />
MGbarb 746 20,5 17,0 22,7 5,9 1364,7 12,8 244,4 0,05 130<br />
MGbelo 1086 21,1 18,1 22,8 5,1 1492,0 14,7 267,7 0,05 140<br />
MGcata 1303 18,3 14,7 20,5 6,1 1310,5 15,7 225,9 0,07 120<br />
MGcong 968 19,5 15,9 21,7 6,1 1297,6 15,6 223,7 0,07 140<br />
MGnovl 963 20,6 17,6 22,3 5,1 1451,5 13,4 260,6 0,05 130<br />
MGmari 791 20,9 17,3 23,3 6,2 1533,1 13,3 282,3 0,05 130<br />
MGouro 1319 17,6 14,6 19,3 5,1 1491,3 14,5 268,0 0,05 120<br />
MGchap 838 22,1 19,2 23,7 4,7 999,2 6,5 172,7 0,04 160<br />
MGleme 738 21,2 18,3 22,7 4,6 934,7 4,1 151,0 0,03 160<br />
Rubiaceae (4,3%), Asteraceae (3,3%), Euphorbiaceae<br />
(3,2%), Annonaceae (2,7%) e Solanaceae (2,4%). Essas famílias<br />
representaram conjuntamente mais de 50% do<br />
levantamento da flora arbórea para Cadeia do Espinhaço.<br />
Os gêneros com maior riqueza florística foram<br />
Miconia (com 37 espécies), Myrcia (32), Eugenia (30),<br />
Ocotea (30), Solanum (18), Inga (15), Erythroxylum (14),<br />
Machaerium (14), Byrsonima, Guatteria e Ilex (13 cada).<br />
Esses gêneros, dentre os 357 encontrados, representaram<br />
aproximadamente 20% das espécies amostradas.<br />
Com base na ocorrência em 12 ou mais áreas, 29 espécies<br />
foram consideradas como de ampla distribuição<br />
no Espinhaço, o que representa apenas 2,6% do total.<br />
Dentre estas, 27 são relacionadas por Oliveira-Filho &<br />
Fontes (2000) como generalistas de ampla distribuição<br />
no domínio da Mata Atlântica assim como em outros<br />
domínios, notadamente o Amazônico, o da Caatinga e<br />
o do Cerrado. São elas Alchornea triplinervia, Amaioua<br />
guianensis, Anadenanthera colubrina, Blepharocalyx<br />
salicifolius, Bowdichia virgilioides, Cabralea canjerana,<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 43<br />
Casearia sylvestris, Cecropia pachystachya, Copaifera<br />
langsdorffii, Eugenia florida, Guapira opposita, Miconia<br />
ligustroides, Myrcia amazonica, Myrcia guianensis, Myrcia<br />
splendens, Myrcia tomentosa, Myrciaria floribunda, Myrsine<br />
umbellata, Pera glabrata, Psychotria vellosiana, Roupala<br />
montana, Senna macranthera, Tapirira guianensis, Tapirira<br />
obtusa, Terminalia glabrescens, Vochysia tucanorum e<br />
Zanthoxylum rhoifolium. Tais espécies são de ocorrência<br />
comum em diversas fitofisionomias, pois se adaptam<br />
uma ampla escala de condições climáticas e de solo<br />
(Pirani et al., 1994). As duas exceções são Cyathea<br />
phalerata e Faramea nigrescens. Ambas têm, de fato, uma<br />
ampla distribuição nos domínios Atlântico e do Cerrado,<br />
embora restritas a habitats florestais específicos<br />
(A. Salino e D. Zappi, comunicação pessoal).<br />
Em contraponto, destacaram-se 542 arbóreas (49% do<br />
total) cuja ocorrência foi registrada em apenas uma ou<br />
duas localidades, tendo sido consideradas como de distribuição<br />
restrita. O “padrão de distribuição restrito” de<br />
muitas espécies na Cadeia do Espinhaço provavelmente<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
44 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
é conseqüência das condições ambientais específicas<br />
de áreas isoladas nos topos das montanhas (Pirani<br />
et al., 1994). Com relação aos endemismos por região,<br />
a porção mineira do Espinhaço apresenta um número<br />
maior de espécies restritas (397) que a Chapada<br />
Diamantina (183). Esses números devem ser analisados<br />
com cautela, uma vez que podem não refletir a real distribuição<br />
de algumas espécies decorrente da falta de<br />
amostragem entre as áreas. Um exemplo disso foram<br />
os registros de uma ocorrência no norte da Chapada<br />
e de outra no centro ou no sul do Espinhaço para<br />
Apeiba tibourbou, Erythroxylum revolutum, Eugenia<br />
cerasiflora, Hancornia speciosa e Strychnos nigricans,<br />
TABELA 3 – Relação das 1.107 espécies arbóreas registradas nas 18 áreas de formações florestais inventariadas no Complexo do<br />
Espinhaço em Minas Gerais e Bahia. As espécies estão organizadas em ordem alfabética das famílias reconhecidas pelo APG II<br />
(2001) e seguidas do registro de ocorrência (•). As áreas de floresta são identificadas pelos códigos constantes na Tabela 1.<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Anacardiaceae<br />
Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. • • •<br />
Astronium graveolens Jacq. • • • • • • •<br />
Lithraea molleoides (Vell.) Engl. • • • • •<br />
Myracrodruon urundeuva Allemão • •<br />
Schinus terebinthifolius Raddi • • • •<br />
Spondias mombin L. •<br />
Tapirira guianensis Aubl. • • • • • • • • • • • •<br />
Tapirira obtusa (Benth.) J.D.Mitch. • • • • • • • • • • • • • •<br />
Annonaceae<br />
Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith • •<br />
Anaxagorea silvatica R.E.Fr. •<br />
Annona cacans Warm. • •<br />
Annona montana Macfad. • •<br />
Duguetia chrysocarpa Maas •<br />
Duguetia lanceolata A.St.-Hil. • • •<br />
Guatteria acutipetala R.E.Fr. •<br />
Guatteria australis A.St.-Hil. • • • • • • •<br />
Guatteria campestris R.E.Fr. •<br />
Guatteria gomeziana A.St.-Hil. • •<br />
Guatteria lutea A.St.-Hil. •<br />
Guatteria notabilis Mello-Silva & Pirani •<br />
Guatteria odontopetala Mart. • •<br />
Guatteria pogonopus Mart. •<br />
Guatteria pohliana Schltdl. • • •<br />
Guatteria rupestris Mello Silva & Pirani • • •<br />
morr<br />
gent<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
jaco<br />
cato<br />
todas as espécies reconhecidamente de ampla distribuição<br />
geográfica nos domínios do Cerrado e/ou Mata<br />
Atlântica (Oliveira-Filho, 2006).<br />
A despeito da amostragem das florestas do Espinhaço<br />
ser ainda pequena, os números já indicam, com<br />
segurança, que há um grande número de espécies de<br />
distribuição restrita. Padrões semelhantes foram<br />
encontrados por Oliveira-Filho et al. (2005) ao comparar<br />
a flora arbórea de 16 áreas de floresta semidecídua<br />
do domínio Atlântico distribuídas a leste do Espinhaço.<br />
Do total de 1.016 espécies, 529 (52,0%) apresentaram<br />
distribuição restrita (uma ou duas áreas) e 39 (3,8%)<br />
ampla distribuição (12 ou mais áreas).<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Guatteria sellowiana Schltdl. • • • • • • • • •<br />
Guatteria venezuelana R.E.Fr. •<br />
Guatteria villosissima A.St.-Hil. • • • • • • • •<br />
Oxandra martiana (Schltdl.) R.E.Fr. •<br />
Rollinia dolabripetala (Raddi) R.E.Fr. • • •<br />
Rollinia emarginata Schltdl. •<br />
Rollinia laurifolia Schltdl. • • • • • • • •<br />
Rollinia leptopetala R.E.Fr. • • •<br />
Rollinia rugulosa Schltdl. •<br />
Rollinia sylvatica (A.St.-Hil.) Mart. • • • • •<br />
Xylopia aromatica (Lam.) Mart. • •<br />
Xylopia brasiliensis Spreng. • • • •<br />
Xylopia emarginata Mart. • • •<br />
Xylopia sericea A.St.-Hil. • • • • •<br />
Apocynaceae<br />
Aspidosperma australe Müll.Arg. • • • •<br />
Aspidosperma cylindrocarpon Müll.Arg. • • •<br />
Aspidosperma discolor A.DC. • • •<br />
Aspidosperma dispermum Müll.Arg. • •<br />
Aspidosperma multiflorum A.DC. •<br />
Aspidosperma olivaceum Müll.Arg. • • • • • •<br />
Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. • • • • • •<br />
Aspidosperma pyrifolium Mart. •<br />
Aspidosperma spruceanum Benth. ex Müll.Arg. • • •<br />
Aspidosperma subincanum Mart. ex A.DC. • • •<br />
Couma rigida Müll.Arg. • •<br />
Hancornia speciosa Gomes • •<br />
Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel • • • •<br />
Himatanthus lancifolius (Müll.Arg.) Woodson • • • •<br />
Tabernaemontana catharinensis A.DC. •<br />
Tabernaemontana hystrix (Steud.) A.DC. • • • •<br />
Tabernaemontana solanifolia A.DC. • • • • • • •<br />
Aquifoliaceae<br />
Ilex affinis Gardner • • • • • • • •<br />
Ilex asperula Mart. ex Reissek • •<br />
Ilex cerasifolia Reissek •<br />
Ilex conocarpa Reissek • • • •<br />
Ilex dumosa Reissek • • • • • •<br />
Ilex grandis Reissek •<br />
Ilex lundii Warm. • • • • •<br />
Ilex nigropunctata Miers • • •<br />
Ilex paraguariensis A.St.-Hil. •<br />
Ilex pseudobuxus Reissek • • •<br />
morr<br />
gent<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 45<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
46 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Ilex pseudovaccinium Reissek & Maxim. • • • •<br />
Ilex symplociformis Reissek •<br />
Ilex theezans Mart. ex Reissek • • • • • • •<br />
Araliaceae<br />
Aralia warmingiana (Marchal) J.Wen •<br />
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch. • • • • • • • •<br />
Schefflera calva (Cham.) Frodin & Fiaschi • • •<br />
Schefflera macrocarpa (Cham. & Schltdl.) Frodin • •<br />
Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al. • • • •<br />
Schefflera varisiana Frodin •<br />
Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) • • • •<br />
Frodin & Fiaschi<br />
Araucariaceae<br />
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze •<br />
Arecaceae<br />
Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. • • •<br />
Attalea oleifera Barb.Rodr. • •<br />
Attalea pindobassu Bondar • •<br />
Euterpe edulis Mart. • • •<br />
Geonoma brevispatha Barb.Rodr. • • • •<br />
Geonoma schottiana Mart. • • • • •<br />
Syagrus flexuosa (Mart.) Becc. • •<br />
Syagrus oleracea (Mart.) Becc. • •<br />
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman • • •<br />
Asteraceae<br />
Austrocritonia velutina (Gardner) •<br />
R.M.King & H.Rob.<br />
Baccharis calvescens DC. • •<br />
Baccharis dentata (Vell.) G.Barroso •<br />
Baccharis serrulata Pers. • •<br />
Chromolaena laevigata (Lam.) R.M.King & H.Rob. • • •<br />
Dasyphyllum brasiliense (Spreng.) Cabrera •<br />
Dasyphyllum flagellare (Casar.) Cabrera •<br />
Eremanthus capitatus (Spreng.) MacLeish • • • • •<br />
Eremanthus crotonoides (DC.) Sch.Bip. • • • •<br />
Eremanthus eleagnus (Mart. ex DC.) Sch.Bip. •<br />
Eremanthus erythropappus (DC.) MacLeish • • • • • • •<br />
Eremanthus glomerulatus Less. • • • •<br />
Eremanthus incanus (Less.) Less. • • • • • • •<br />
Eremanthus polycephalus (DC.) MacLeish • • •<br />
Gochnatia floribunda Cabrera •<br />
Gochnatia hatschbachii Cabrera •<br />
morr<br />
gent<br />
Gochnatia paniculata (Less.) Cabrera • • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera • • • • • • •<br />
Heterocondylus alatus (Vell.) R.M.King & H.Rob. • • •<br />
Moquinia racemosa (Spreng.) DC. • • • •<br />
Morithamnus ganophyllus (Mattf. ex Pilg.) • • •<br />
R.M.King & H.Rob.<br />
Neocabreria pennivenia (B.L.Rob.) •<br />
R.M.King & H.Rob.<br />
Paralychnophora bicolor (DC.) MacLeish • • • •<br />
Piptocarpha axillaris (Less.) Baker • • • • •<br />
Piptocarpha macropoda Baker • • • • • • •<br />
Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker •<br />
Pseudobrickellia brasiliensis (Spreng.) • • •<br />
R.M.King & H.Rob.<br />
Symphyopappus compressus (Gardner) B.L.Rob. •<br />
Verbesina glabrata Hook. & Arn. •<br />
Vernonanthura brasiliana (L.) H.Rob. •<br />
Vernonanthura discolor (Spreng.) H.Rob. • •<br />
Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob. • • • •<br />
Vernonanthura ferruginea (Less.) H.Rob. • • •<br />
Vernonanthura mucronulata (Less.) H.Rob. •<br />
Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. • • •<br />
Wunderlichia crulsiana Taub. • •<br />
Wunderlichia mirabilis Riedel ex Baker • •<br />
Bignoniaceae<br />
Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. • • • • • • •<br />
Godmania dardanoi (J.C.Gomes) A.H.Gentry •<br />
Jacaranda brasiliana (Lam.) Pers. • • •<br />
Jacaranda caroba (Vell.) A.DC. •<br />
Jacaranda grandifoliolata A.H.Gentry •<br />
Jacaranda irwinii A.H.Gentry • • • • •<br />
Jacaranda jasminoides (Thunb.) Sandwith • •<br />
Jacaranda macrantha Cham. • • • • • •<br />
Jacaranda puberula Cham. • • • • •<br />
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. • • • •<br />
Tabebuia alba (Cham.) Sandwith • •<br />
Tabebuia bureavii Sandwith •<br />
Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A.DC.) Standl. • • •<br />
Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. • • • • •<br />
Tabebuia obtusifolia (Cham.) Bureau •<br />
morr<br />
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. • • •<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 47<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sandwith • • •<br />
Tabebuia serratifolia (Vahl) Nicholson • • • • • • • •<br />
Tabebuia vellosoi Toledo • • •<br />
Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau • • • • • •<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
48 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Bonnetiaceae<br />
Bonnetia stricta (Nees) Nees & Mart. • •<br />
Boraginaceae<br />
Cordia alliodora (Ruiz & Pav.) Oken •<br />
Cordia ecalyculata Vell. • •<br />
Cordia rufescens A.DC. • • •<br />
Cordia sellowiana Cham. • • • • • • •<br />
Cordia superba Cham. • •<br />
Cordia taguahyensis Vell. •<br />
Cordia trichoclada DC. •<br />
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. • • • • • •<br />
Brassicaceae<br />
Capparis jacobinae Moric. ex Eichler •<br />
Bursereceae<br />
Commiphora leptophloeus (Mart.) J.B.Gillet • •<br />
Protium brasiliense (Spreng.) Engl. • • • • •<br />
Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand • • • • • • • • • • •<br />
Protium spruceanum (Benth.) Engl. • • • • •<br />
Protium widgrenii Engl. • •<br />
Cactaceae<br />
Arthrocereus melanurus (K.Schum.) L.Diers et al. •<br />
Cereus jamacaru DC. • •<br />
Facheiroa ulei (Gürke) Werderm. •<br />
Leocereus bahiensis Britton & Rose • • • •<br />
Micranthocereus albicephalus (Buining & • •<br />
Brederoo) F.Ritter<br />
Micranthocereus purpureus (Gürke) F.Ritter • • •<br />
Opuntia monacantha (Willd.) Haw. •<br />
Pereskia grandifolia Haw. • • •<br />
Pilosocereus aurisetus (Werderm.) • •<br />
Byles & G.D.Rowley<br />
Pilosocereus floccosus (Backeb. & Voll) • • •<br />
Byles & G.D.Rowley<br />
Pilosocereus fulvilanatus (Buining & Brederoo) • •<br />
F.Ritter<br />
Pilosocereus glaucochrous (Wederm.) • • • •<br />
Byles & G.D.Rowley<br />
Pilosocereus magnificus (Buining & Brederoo) •<br />
F.Ritter<br />
Pilosocereus pentaedrophorus (Labour.) •<br />
Byles & G.D.Rowley<br />
Cannabaceae<br />
morr<br />
gent<br />
Celtis brasiliensis (Gardner) Planch. • • •<br />
Celtis ehrenbergiana (Klotzsch) Liebm. •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. • • • • • • •<br />
Trema micrantha (L.) Blume • • • • •<br />
Cardiopteridaceae<br />
Citronella paniculata (Mart.) R.A.Howard • • •<br />
Caricaceae<br />
Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC. •<br />
Celastraceae<br />
Cheiloclinium cognatum (Miers.) A.C.Sm. • • •<br />
Maytenus aquifolia Mart. • •<br />
Maytenus catingarum Reissek • • •<br />
Maytenus communis Reissek • •<br />
Maytenus evonymoides Reissek • • • •<br />
Maytenus floribunda Reissek •<br />
Maytenus glazioviana Loes. • •<br />
Maytenus gonoclada Mart. • • • •<br />
Maytenus mucugensis Car.-Okano • • •<br />
Maytenus obtusifolia Mart. •<br />
Maytenus opaca Reissek •<br />
Maytenus robusta Reissek • • • • • •<br />
Maytenus salicifolia Reissek • • • • • •<br />
Plenckia bahiensis Loes. • • •<br />
Plenckia populnea Reissek • • • •<br />
Salacia elliptica (Mart. ex Schult.) G.Don • • • • •<br />
Chloranthaceae<br />
Hedyosmum brasiliense Miq. • • • • • • •<br />
Chrysobalanaceae<br />
Couepia ovalifolia (Schott) Benth. •<br />
Couepia uiti (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f. • •<br />
Couepia venosa Prance •<br />
Exellodendron gardneri (Hook.f.) Prance • • •<br />
Hirtella ciliata Mart. & Zucc. •<br />
Hirtella floribunda Cham. & Schltdl. •<br />
Hirtella glandulosa Spreng. • • • • • • • •<br />
Hirtella gracilipes (Hook.f.) Prance • • •<br />
Hirtella hebeclada Moric. ex DC. • • •<br />
Hirtella martiana Hook.f. • •<br />
Hirtella racemosa Lam. • • • •<br />
morr<br />
Licania dealbata Hook.f. •<br />
Licania hoehnei Pilg. • •<br />
Licania humilis Cham. & Schltdl. •<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 49<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
Licania kunthiana Hook.f. • • • • •<br />
Licania nitida Hook.f. • •<br />
Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & • • • • • •<br />
Schult.) Kuntze<br />
cato<br />
Licania riedelii Prance •<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
50 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Clethraceae<br />
Clethra scabra Pers. • • • • • • • • •<br />
Clusiaceae<br />
Calophyllum brasiliense Cambess. • • • • • • • • • •<br />
Chrysochlamys saldanhae (Engl.) Oliveira-Filho • •<br />
Clusia criuva Cambess. • • •<br />
Clusia fragrans Gardner • • •<br />
Clusia intermedia G.Mariz •<br />
Clusia melchiori Gleason • •<br />
Clusia nemorosa G.Mey • • • • • • • •<br />
Clusia obdeltifolia V.Bittrich • • •<br />
Garcinia brasiliensis Mart. • •<br />
Kielmeyera appariciana Saddi •<br />
Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. •<br />
Kielmeyera cuspidata Saddi • •<br />
Kielmeyera lathrophyton Saddi • • • • • • • • • • •<br />
Kielmeyera petiolaris Mart. • • •<br />
Tovomita brasiliensis (Mart.) Walp. •<br />
Tovomita leucantha (Schltdl.) Cham. & Triana •<br />
Combretaceae<br />
Buchenavia tetraphylla (Aubl.) R.A.Howard • •<br />
Terminalia argentea (Cambess.) Mart. •<br />
Terminalia eichleriana Alwan & Stace •<br />
Terminalia fagifolia Mart. • •<br />
Terminalia glabrescens Mart. • • • • • • • • • • • •<br />
Terminalia phaeocarpa Eichler • • •<br />
Connaraceae<br />
Bernardinia fluminensis (Gardner) Planch. • •<br />
Connarus beyrichii Planch. • •<br />
Connarus detersus Planch. • •<br />
Rourea induta Planch. •<br />
Cunoniaceae<br />
Lamanonia grandistipularis (Taub.) Taub. • •<br />
Lamanonia ternata Vell. • • • • • • • • •<br />
Weinmannia paulliniifolia Pohl • •<br />
Cyatheaceae<br />
morr<br />
gent<br />
Alsophila sternbergii (Pohl ex Sternb.) Conant • •<br />
Cyathea corcovadensis (Raddi) Domin • • • • • • • • • • •<br />
Cyathea delgadii Sternb. • • • • • • • • • •<br />
Cyathea dichromatolepis (Fée) Domin •<br />
Cyathea lasiosora (Kuhn) Domin •<br />
Cyathea leucofolis Domin • •<br />
Cyathea microdonta (Desv.) Domin •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Cyathea phalerata Mart. • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Cyathea rufa (Fée) Lellinger •<br />
Cyathea villosa Willd. • • • • • • • • • • •<br />
Sphaeropteris gardneri (Hook.) Tryon • • •<br />
Dicksoniaceae<br />
Dicksonia sellowiana Hook. • •<br />
Ebenaceae<br />
Diospyros hispida A.DC. • • • • •<br />
Diospyros inconstans Jacq. • •<br />
Diospyros ketun B.Walln. •<br />
Diospyros sericea A.DC. • • • • •<br />
Elaeocarpaceae<br />
Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. • •<br />
Sloanea monosperma Vell. • • •<br />
Sloanea stipitata Spruce ex Benth. •<br />
Ericaceae<br />
Agarista chapadensis (Kinoshita-Gouvêa) Judd •<br />
Agarista coriifolia (Thunb.) Hook.f. ex Nied. • • • • •<br />
Agarista eucalyptoides (Cham. & Schltdl.) G.Don • • • • • • •<br />
Agarista glaberrima (Sleumer) Judd • •<br />
Agarista oleifolia (Cham.) G.Don • • • • • • • • • •<br />
Agarista pulchella Cham. ex G.Don •<br />
Gaultheria eriophylla (Pers.) Sleumer ex Burtt •<br />
Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Mart. • • • • • • • •<br />
Erythroxylaceae<br />
Erythroxylum betulaceum Mart. • •<br />
Erythroxylum citrifolium A.St.-Hil. • • • •<br />
Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E.Schulz •<br />
Erythroxylum daphnites Mart. •<br />
Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. • • • • • • •<br />
Erythroxylum gonoclados (Mart.) O.E.Schulz • •<br />
Erythroxylum macrocalyx Mart. •<br />
Erythroxylum macrochaetum Miq. • •<br />
Erythroxylum pelleterianum A.St.-Hil. • • • • • • •<br />
Erythroxylum polygonoides Mart. • •<br />
Erythroxylum pulchrum A.St.-Hil. •<br />
Erythroxylum revolutum Mart. • •<br />
Erythroxylum subrotundum A.St.-Hil. • • •<br />
Erythroxylum vaccinifolium Mart. • • • •<br />
Euphorbiaceae<br />
morr<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 51<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
Actinostemon klotzschii (Didr.) Pax •<br />
Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. • • •<br />
cato<br />
Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. • • • • • • • • • • • • •<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
52 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Aparisthmium cordatum (Juss.) Baill. • • • •<br />
Chaetocarpus echinocarpus (Baill.) Ducke • • • • •<br />
Cnidoscolus bahianus (Ule) Pax & K.Hoffm. •<br />
Cnidoscolus oligandrus (Müll.Arg.) Pax • •<br />
Croton argyrophylloides Müll.Arg. •<br />
Croton celtidifolius Baill. • •<br />
Croton floribundus Spreng. • • • • • • • • •<br />
Croton heliotropiifolius Kunth • •<br />
Croton lagoensis Müll.Arg. •<br />
Croton piptocalyx Müll.Arg. •<br />
Croton salutaris Casar. •<br />
Croton urucurana Baill. • • • • • • • • • •<br />
Croton verrucosus Radcl.-Sm. & Govaerts • • •<br />
Joannesia princeps Vell. •<br />
Mabea fistulifera Mart. • • • • •<br />
Mabea piriri Aubl. •<br />
Manihot caerulescens Pohl • • •<br />
Manihot jacobinensis Müll.Arg. • • • •<br />
Maprounea guianensis Aubl. • • • • • • • • •<br />
Micrandra elata Müll.Arg. •<br />
Pachystroma longifolium (Nees) I.M.Johnst. •<br />
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. • • • • • • • • • • • • • •<br />
Pogonophora schomburgkiana Miers • •<br />
Sapium glandulosum (L.) Morong • • • • • • • • • • •<br />
Sapium obovatum Klotzsch ex Müll.Arg. •<br />
Sapium sellowianum (Müll.Arg.) • •<br />
Klotzsch ex Baill.<br />
Sebastiania brasiliensis Spreng. • • • • •<br />
Sebastiania brevifolia (Müll.Arg.) Müll.Arg. •<br />
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. • •<br />
& Downs<br />
Sebastiania jacobinensis (Müll.Arg.) Müll.Arg. • •<br />
Sebastiania schottiana (Müll.Arg.) Müll.Arg. •<br />
Stillingia saxatilis Müll.Arg. • • •<br />
Fabaceae caesalpinioideae<br />
Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. • • • • • • •<br />
Bauhinia acuruana Moric. •<br />
Bauhinia forficata Link • •<br />
Bauhinia fusconervis (Bong.) Steud. •<br />
Bauhinia longifolia (Bong.) D.Dietr. • • • • •<br />
Bauhinia pulchella Benth. • • •<br />
morr<br />
Bauhinia rufa (Bong.) Steud. • • • • •<br />
gent<br />
Caesalpinia microphylla Mart. ex G.Don •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. • • • • • • • • •<br />
Chamaecrista catharticoides (H.S.Irwin & •<br />
Barneby) H.S.Irwin & Barneby<br />
Chamaecrista sincorana (Harms) • •<br />
H.S.Irwin & Barneby<br />
Copaifera langsdorffii Desf. • • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Copaifera trapezifolia Hayne •<br />
Dimorphandra exaltata Schott •<br />
Goniorrhachis marginata Taub. • •<br />
Hymenaea courbaril L. • • • • • • •<br />
Hymenaea martiana Hayne •<br />
Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne • • • •<br />
Melanoxylon brauna Schott • • •<br />
Moldenhawera emarginata (Spreng.) • •<br />
L.P.Queiroz & Allkin<br />
Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. • • • • •<br />
Pterogyne nitens Tul. • • •<br />
Senna acuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby • • • •<br />
Senna cana (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby • • • • • • •<br />
Senna corifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby • •<br />
Senna gardnerii (Benth.) H.S.Irwin & Barneby •<br />
Senna macranthera (Collad.) H.S.Irwin & Barneby • • • • • • • • • • • • •<br />
Senna multijuga (L.C.Rich.) H.S.Irwin & Barneby • • • • • • • •<br />
Senna reniformis (G.Don) H.S.Irwin & Barneby • • •<br />
Senna rizzinii H.S.Irwin & Barneby •<br />
Senna rugosa (G.Don) H.S.Irwin & Barneby •<br />
Senna silvestris (Vell.) H.S.Irwin & Barneby • • • •<br />
Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby • •<br />
Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby •<br />
Tachigali aurea Tul. •<br />
Tachigali rugosa (Mart. ex Benth.) • • • • • • • •<br />
Zarucchi & Pipoly<br />
Tachigali subvelutina (Benth.) Oliveira-Filho • • •<br />
Fabaceae faboideae<br />
Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev • • •<br />
Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. •<br />
Andira fraxinifolia Benth. • • • • • • • • •<br />
Andira ormosioides Benth. • • •<br />
Andira vermifuga (Mart.) Benth. •<br />
Bowdichia virgilioides Kunth • • • • • • • • • • • •<br />
Centrolobium sclerophyllum H.C.Lima •<br />
Cyclolobium brasiliense Benth. • •<br />
Dalbergia acuta Benth. •<br />
morr<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 53<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
Dalbergia brasiliensis Vogel •<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
54 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Dalbergia decipularis Rizzini & A.Mattos •<br />
Dalbergia foliolosa Benth. • • • • • •<br />
Dalbergia frutescens (Vell.) Britton • • • • • • • • •<br />
Dalbergia glaucescens (Mart. ex Benth) Benth. • •<br />
Dalbergia miscolobium Benth. • • • •<br />
Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. • • • •<br />
Dalbergia villosa (Benth.) Benth. • • • • • •<br />
Deguelia costata (Benth.) Az.-Tozzi • • • •<br />
Diplotropis ferruginea Benth. • •<br />
Diplotropis incexis Rizzini & A.Mattos •<br />
Erythrina falcata Benth. • •<br />
Hymenolobium janeirense Kuhlm. • • •<br />
Lonchocarpus campestris Benth. • • • •<br />
Lonchocarpus cultratus (Vell.) • • • •<br />
Az.-Tozzi & H.C.Lima<br />
Lonchocarpus latifolius (Willd.) DC. •<br />
Lonchocarpus montanus Az.-Tozzi •<br />
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. • •<br />
Lonchocarpus praecox Mart. ex Benth. • •<br />
Lonchocarpus virgilioides (Vogel) Benth. • •<br />
Luetzelburgia bahiensis Yakov. •<br />
Machaerium acutifolium Vogel • •<br />
Machaerium amplum Benth. •<br />
Machaerium brasiliense Vogel • • • • • • • • •<br />
Machaerium dimorphandrum Hoehne •<br />
Machaerium floridum (Mart. ex Benth.) Ducke •<br />
Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld • • • • • • •<br />
Machaerium leucopterum Vogel •<br />
Machaerium nictitans (Vell.) Benth. • • • • • • • •<br />
Machaerium opacum Vogel •<br />
Machaerium punctatum (Poir.) Pers. • •<br />
Machaerium scleroxylon Tul. • •<br />
Machaerium stipitatum (DC.) Vogel • • • • •<br />
Machaerium vestitum Vogel • •<br />
Machaerium villosum Vogel • • • • •<br />
Myrocarpus fastigiatus Allemão • • •<br />
Myroxylon peruiferum L.f. •<br />
Ormosia arborea (Vell.) Harms • •<br />
Platycyamus regnellii Benth. • •<br />
Platymiscium floribundum Vogel • • •<br />
Platymiscium pubescens Micheli •<br />
Platypodium elegans Vogel • • • • • • •<br />
Poecilanthe ulei (Harms) Arroyo & Rudd • •<br />
morr<br />
gent<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Pterodon emarginatus Vogel • • •<br />
Swartzia acutifolia Vogel • •<br />
Swartzia apetala Raddi • • • •<br />
Swartzia flaemingii Vogel • • • •<br />
Swartzia macrostachya Benth. •<br />
Swartzia multijuga Hayne •<br />
Swartzia pilulifera Benth. • • • • • •<br />
Sweetia fruticosa Spreng. • • •<br />
Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel • •<br />
Fabaceae Mimosoideae<br />
Abarema cochliacarpos (Gomes) • •<br />
Barneby & J.W.Grimes<br />
Abarema obovata (Benth.) Barneby & J.W.Grimes • • • • •<br />
Acacia bahiensis Benth. •<br />
Acacia farnesiana (L.) Willd. •<br />
Acacia langsdorffii Benth. • • •<br />
Acacia polyphylla DC. • • • • •<br />
Acacia riparia Kunth • • •<br />
Acacia tenuifolia (L.) Willd. • • •<br />
Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico •<br />
Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record • • • • •<br />
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan • • • • • • • • • • • • •<br />
Blanchetiodendron blanchetii (Benth.) • • • •<br />
Barneby & J.W.Grimes<br />
Calliandra asplenioides (Nees) Renvoize • • • • • •<br />
Calliandra bella Benth. •<br />
Calliandra calycina Benth. • • • • •<br />
Calliandra elegans Renvoize •<br />
Calliandra erubescens Renvoize • • • • •<br />
Calliandra lintea Barneby •<br />
Calliandra renvoizeana Barneby •<br />
Chloroleucon dumosum (Benth.) G.P.Lewis • •<br />
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong • •<br />
Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. •<br />
Enterolobium timbouva Mart. •<br />
Inga barbata Benth. •<br />
Inga capitata Desv. • •<br />
Inga cayennensis Sagot ex Benth. •<br />
morr<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 55<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
Inga cylindrica (Vell.) Mart. • • • •<br />
Inga flagelliformis (Vell.) Mart. •<br />
jaco<br />
Inga ingoides (Rich.) Willd. • • • • • •<br />
Inga laurina (Sw.) Willd. • • • • • •<br />
Inga marginata Willd. • • • • • • •<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
56 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Inga sessilis (Vell.) Mart. • • • • • • • •<br />
Inga striata Benth. • • • • •<br />
Inga subnuda Salzm. ex Benth. • • •<br />
Inga tenuis (Vell.) Mart. •<br />
Inga tripa F.C.P.Garcia •<br />
Inga vera Willd. •<br />
Inga vulpina Mart. ex Benth. • • •<br />
Leucochloron incuriale (Vell.) • •<br />
Barneby & J.W.Grimes<br />
Mimosa adenophylla Taub. •<br />
Mimosa arenosa (Willd.) Poir. • •<br />
Mimosa gemmulata Barneby • • • •<br />
Mimosa irrigua Barneby •<br />
Mimosa lewisii Barneby • • •<br />
Mimosa setosa Benth. • •<br />
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. •<br />
Parapiptadenia zehntneri (Harms) •<br />
M.P.Lima & H.P.Lima<br />
Piptadenia adiantoides (Spreng.) J.F.Macbr. • • •<br />
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. • • • • • •<br />
Piptadenia irwinii G.P.Lewis • •<br />
Piptadenia moniliformis Benth. • •<br />
Piptadenia paniculata Benth. •<br />
Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth. • •<br />
Plathymenia reticulata Benth. • • • • • • • •<br />
Pseudopiptadenia bahiana G.P.Lewis & M.P.Lima •<br />
Pseudopiptadenia brenanii G.P.Lewis & M.P.Lima • • • • •<br />
Pseudopiptadenia contorta (DC.) • • •<br />
G.P.Lewis & M.P.Lima<br />
Pseudopiptadenia leptostachya (Benth.) •<br />
Rausch.<br />
Pseudopiptadenia warmingii (Benth.) • •<br />
G.P.Lewis & M.P.Lima<br />
Samanea inopinata (Harms) •<br />
Barneby & J.W.Grimes<br />
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Cov. •<br />
Stryphnodendron polyphyllum Mart. • • • •<br />
Stryphnodendron rotundifolium Mart. •<br />
Zygia latifolia (L.) Fawc. & Rendle •<br />
Humiriaceae<br />
Humiria balsamifera Aubl. • • • • • • • • • •<br />
Humiriastrum glaziovii (Urb.) Cuatrec. • •<br />
Vantanea compacta (Schnizl.) Cuatrec. • • • • • •<br />
Vantanea obovata (Nees & Mart.) Benth. • • • • • • •<br />
morr<br />
gent<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Hypericaceae<br />
Vismia brasiliensis Choisy • • • • •<br />
Vismia guianensis (Aubl.) Pers. • • • • • •<br />
Vismia magnoliifolia Schltdl. & Cham. •<br />
Vismia parviflora Cham. & Schltdl. •<br />
Icacinaceae<br />
Emmotum nitens (Benth.) Miers • • • • • • • •<br />
Lacistemataceae<br />
Lacistema pubescens Mart. • • • • •<br />
Lacistema robustum Schnizl. • •<br />
Lamiaceae<br />
Aegiphila lhotskiana Cham. • • • • • •<br />
Aegiphila obducta Vell. •<br />
Aegiphila sellowiana Cham. • • • • • • • • •<br />
Hyptidendron asperrimum (Epling) Harley • • • •<br />
Hyptidendron claussenii (Benth.) Harley •<br />
Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke •<br />
Vitex polygama Cham. • • • • • • • • • • •<br />
Vitex schaueriana Moldenke • • • •<br />
Vitex sellowiana Cham. • • • • •<br />
Lauraceae<br />
Aiouea acaradomatifera Kosterm. •<br />
Aiouea saligna Meisn. • • •<br />
Aniba firmula (Nees & Mart.) Mez • • • •<br />
Aniba heringeri Vattimo-Gil • • •<br />
Aniba intermedia (Meisn.) Mez •<br />
Cinnamomum erythropus (Nees & Mart.) Kosterm. • • • •<br />
Cinnamomum haussknechtii (Mez) Kosterm. • • • •<br />
Cinnamomum rubrinerveum Loréa-Hern. • •<br />
Cinnamomum stenophyllum (Meisn.) Vattimo-Gil • • •<br />
Cinnamomum tomentulosum Kosterm. • •<br />
Cinnamomum triplinerve (Ruiz & Pav.) Kosterm. • • • • •<br />
Cinnamomum uninerveum Loréa-Hern. •<br />
Cryptocarya aschersoniana Mez • • • • •<br />
Endlicheria glomerata Mez • •<br />
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. • • • • • •<br />
Licaria armeniaca (Nees) Kosterm. •<br />
Nectandra cissiflora Nees • • • • • •<br />
Nectandra cuspidata Nees •<br />
morr<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 57<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
Nectandra grandiflora Nees • • •<br />
Nectandra lanceolata Nees • • • • • •<br />
Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez • • •<br />
cato<br />
Nectandra nitidula Nees • • • • •<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
58 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Nectandra oppositifolia Nees • • • • • • • • • •<br />
Nectandra puberula (Schott) Nees •<br />
Nectandra reticulata (Ruiz & Pav.) Mez • • •<br />
Nectandra venulosa Meisn. •<br />
Nectandra warmingii Meisn. • •<br />
Ocotea aciphylla (Nees) Mez • • •<br />
Ocotea brachybotra (Meisn.) Mez • • •<br />
Ocotea canaliculata (Rich.) Mez •<br />
Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez • • • • • • • • •<br />
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez • • •<br />
Ocotea dispersa (Nees) Mez • • •<br />
Ocotea divaricata (Nees) Mez •<br />
Ocotea felix Coe-Teixeira •<br />
Ocotea glaziovii Mez • •<br />
Ocotea glomerata (Nees) Mez • • •<br />
Ocotea lancifolia (Schott) Mez • • • • •<br />
Ocotea laxa (Nees) Mez • • •<br />
Ocotea longifolia Kunth •<br />
Ocotea minarum (Nees) Mez • • •<br />
Ocotea notata (Nees & Mart.) Mez • • • • •<br />
Ocotea nutans (Nees) Mez • • •<br />
Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer • • • • •<br />
Ocotea oppositifolia S.Yasuda • • • •<br />
Ocotea percoriacea (Meisn.) Kosterm. • • • • • • • • •<br />
Ocotea pomaderroides (Meisn.) Mez • • • • • • •<br />
Ocotea puberula (Rich.) Nees • • • •<br />
Ocotea pulchella Mart. • • • •<br />
Ocotea silvestris Vattimo-Gil •<br />
Ocotea spectabilis (Meisn.) Mez •<br />
Ocotea spixiana (Nees) Mez • • • • • • • • • •<br />
Ocotea tabacifolia (Meisn.) Rohwer •<br />
Ocotea tristis (Nees) Mez • • •<br />
Ocotea urbaniana Mez • •<br />
Ocotea velloziana (Meisn.) Mez • • • • • • • •<br />
Ocotea velutina (Nees) Rohwer • • • •<br />
Persea alba Nees • • •<br />
Persea fulva L.E.Kopp • • • • • • • • • • •<br />
Persea rufotomentosa Nees & Mart. ex Nees • • • • •<br />
Persea splendens Meisn. • • • •<br />
Phyllostemonodaphne geminiflora (Mez) Kosterm. •<br />
Urbanodendron verrucosum (Nees) Mez •<br />
Lecythidaceae<br />
morr<br />
gent<br />
Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze • • • • • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Cariniana legalis (Mart.) Kuntze •<br />
Lecythis lanceolata Poir. • • •<br />
Lecythis pisonis Cambess. •<br />
Loganiaceae<br />
Antonia ovata Pohl • • • • • •<br />
Strychnos bicolor Progel •<br />
Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. • • • •<br />
Strychnos nigricans Progel • •<br />
Strychnos pseudoquina A.St.-Hil. •<br />
Lythraceae<br />
Lafoensia pacari A.St.-Hil. • • • • • • • •<br />
Magnoliaceae<br />
Magnolia ovata (A.St.-Hil.) Spreng. • • •<br />
Malpighiaceae<br />
Byrsonima blanchetiana Miq. • • • •<br />
Byrsonima correifolia A.Juss. • • • • •<br />
Byrsonima gardneriana A.Juss. • •<br />
Byrsonima intermedia A.Juss. • •<br />
Byrsonima lancifolia A.Juss. • •<br />
Byrsonima laxiflora Griseb. • • • • •<br />
Byrsonima macrophylla (Pers.) W.R.Anderson • •<br />
Byrsonima sericea DC. • • • • • • • • •<br />
Byrsonima spinensis W.R.Anderson •<br />
Byrsonima stannardii W.R.Anderson • •<br />
Byrsonima vacciniifolia A.Juss. • • •<br />
Byrsonima variabilis A.Juss. •<br />
Byrsonima verbascifolia (L.) DC. • •<br />
Heteropterys byrsonimifolia A.Juss. • •<br />
Heteropterys sincorensis W.R.Anderson • • • •<br />
Malvaceae<br />
Abutilon bedfordianum A.St.-Hil. • •<br />
Apeiba tibourbou Aubl. • •<br />
Bastardiopsis densiflora (Hook. & Arn.) Hassl. •<br />
Ceiba jasminodora (A.St.-Hil.) K.Schum. • •<br />
Ceiba pubiflora (A.St.-Hil.) K.Schum. • • •<br />
Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna •<br />
Ceiba ventricosa (Nees & Mart.) Ravenna •<br />
morr<br />
gent<br />
Eriotheca candolleana (K.Schum.) A.Robyns • • • •<br />
Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns •<br />
Eriotheca parvifolia (Mart. & Zucc.) A.Robyns •<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 59<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
Guazuma ulmifolia Lam. • • • • • • •<br />
Helicteres brevispira A.St.-Hil. • • • • • • •<br />
cato<br />
Helicteres ovata Lam. • • • • • • •<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
60 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Luehea candicans Mart. & Zucc. • • • •<br />
Luehea divaricata Mart. • • • • • •<br />
Luehea grandiflora Mart. & Zucc. • • • • • • • • •<br />
Luehea paniculata Mart. & Zucc. •<br />
Pavonia luetzelburgii Ulbr. • • • • •<br />
Pavonia malacophylla (Link & Otto) Garcke • • • • •<br />
Pavonia malvaviscoides A.St.-Hil. • •<br />
Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns • • • • •<br />
Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A.Robyns •<br />
Pseudobombax riopretense Ravenna •<br />
Pseudobombax tomentosum (Mart. & Zucc.) •<br />
A.Robyns<br />
Sterculia striata A.St.-Hill. & Naudin • •<br />
Marcgraviaceae<br />
Norantea adamantium Cambess. • • • •<br />
Melastomataceae<br />
Huberia consimilis Baumgratz • •<br />
Huberia laurina DC. • •<br />
Huberia piranii Baumgratz • •<br />
Leandra aurea (Cham.) Cogn. • • • • • •<br />
Leandra carassana (DC.) Cogn. • • •<br />
Leandra glazioviana Cogn. •<br />
Leandra lacunosa Cogn. • • •<br />
Leandra melastomoides Raddi • • • • • • •<br />
Leandra scabra DC. • • • •<br />
Leandra sericea DC. •<br />
Macairea radula (Bonpl.) DC. • • • • •<br />
Merianthera sipolisii (Glaz. & Cogn.) Wurdack • •<br />
Miconia albicans (Sw.) Triana • • • • • • • •<br />
Miconia brunnea Mart. •<br />
Miconia calvescens Schrank & Mart. ex DC. • •<br />
Miconia caudigera DC. •<br />
Miconia cecidophora Naudin •<br />
Miconia chamissoi Naudin • • • •<br />
Miconia chartacea Triana • • • • • •<br />
Miconia ciliata (L.C.Rich.) DC. • • • •<br />
Miconia cinerascens Miq. •<br />
Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin • • • • • • • • • •<br />
Miconia corallina Spring •<br />
Miconia cubatanensis Hoehne • • • • •<br />
Miconia cyathanthera Triana • •<br />
Miconia discolor DC. •<br />
morr<br />
Miconia dodecandra (Desr.) Cogn. • •<br />
gent<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Miconia eichleri Cogn. • • • •<br />
Miconia elegans Cogn. •<br />
Miconia fasciculata Gardner •<br />
Miconia ferruginata DC. • •<br />
Miconia herpetica DC. •<br />
Miconia ibaguensis (Bonpl.) Triana • • •<br />
Miconia latecrenata (DC.) Naudin • • • • • •<br />
Miconia ligustroides (DC.) Naudin • • • • • • • • • • • •<br />
Miconia macrothyrsa Benth. •<br />
Miconia minutiflora (Bonpl.) DC. • • • •<br />
Miconia multinervia Cogn. • • •<br />
Miconia paniculata (Mart. & Schrank ex DC.) • •<br />
Naudin<br />
Miconia pepericarpa DC. • • • • • • • • • • •<br />
Miconia pusilliflora (DC.) Triana •<br />
Miconia rimalis Naudin • • • • • • •<br />
Miconia sclerophylla Triana • • •<br />
Miconia sellowiana Naudin • •<br />
Miconia stenostachya DC. •<br />
Miconia theaezans (Bonpl.) Cogn. • • • •<br />
Miconia trianae Cogn. • •<br />
Miconia urophylla DC. •<br />
Miconia vauthieri Naudin • • •<br />
Tibouchina candolleana (Mart. ex DC.) Cogn. • • • • • • • • • •<br />
Tibouchina canescens (D.Don) Cogn. • •<br />
Tibouchina estrellensis (Raddi) Cogn. • • •<br />
Tibouchina fissinervia (Schrank & Mart. ex DC.) • • • • • • • • •<br />
Cogn.<br />
Tibouchina fothergillae (DC.) Cogn. •<br />
Tibouchina moricandiana (DC.) Baill. • • •<br />
Tibouchina sellowiana (Cham.) Cogn. • • • • •<br />
Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. • • • • • • • • •<br />
Trembleya parviflora (D.Don) Cogn. • • • • • • • •<br />
Meliaceae<br />
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. • • • • • • • • • • • •<br />
Cedrela fissilis Vell. • • • • • • • • • • •<br />
Guarea guidonia (L.) Sleumer • •<br />
Guarea kunthiana A.Juss. • • •<br />
Guarea macrophylla Vahl • • • • • • • •<br />
Trichilia casarettii C.DC. •<br />
morr<br />
Trichilia catigua A.Juss. • • • •<br />
Trichilia elegans A.Juss. • • •<br />
Trichilia emarginata (Turcz.) C.DC. • •<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 61<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
62 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Trichilia hirta L. •<br />
Trichilia lepidota Mart. • •<br />
Trichilia pallens C.DC. • •<br />
Trichilia pallida Sw. • • • • • • • •<br />
Trichilia ramalhoi Rizzini •<br />
Memecylaceae<br />
Mouriri glazioviana Cogn. • • • •<br />
Mouriri guianensis Aubl. •<br />
Mouriri pusa Gardner • • •<br />
Menispermaceae<br />
Abuta selloana Eichler •<br />
Monimiaceae<br />
Macropeplus ligustrinus (Tul.) Perkins • • • • • •<br />
Macropeplus schwackeanus (Perkins) •<br />
I. Santos & Peixoto<br />
Mollinedia argyrogyna Perkins • • • • • •<br />
Mollinedia engleriana Perkins •<br />
Mollinedia micrantha Tul. •<br />
Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins • •<br />
Mollinedia triflora (Spreng.) Tul. • • • •<br />
Mollinedia widgrenii A.DC. • • • • • •<br />
Moraceae<br />
Brosimum gaudichaudii Trécul •<br />
Brosimum glaucum Taub. •<br />
Brosimum guianense (Aubl.) Huber • • • •<br />
Ficus adhatodifolia Schott • • •<br />
Ficus calyptroceras (Miq.) Miq. • • •<br />
Ficus cestrifolia Schott •<br />
Ficus clusiifolia Schott • •<br />
Ficus crocata (Miq.) Miq. • •<br />
Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Mart. • • • • • • • • •<br />
Ficus eximia Schott •<br />
Ficus gomelleira Kunth & Bouché • • • • •<br />
Ficus lagoensis C.C.Berg & Carauta •<br />
Ficus laureola Warb. ex C.C.Berg •<br />
Ficus longifolia Schott •<br />
Ficus pertusa L.f. • • • • • • • • • • •<br />
Maclura tinctoria (L.) Steud. • • •<br />
Naucleopsis oblongifolia (Kuhlm.) Carauta • •<br />
Pseudolmedia laevigata Trécul •<br />
Sorocea guilleminiana Gaudich. • • • • • • • • • •<br />
Myristicaceae<br />
morr<br />
gent<br />
Virola bicuhyba (Schott) Warb. • •<br />
Virola sebifera Aubl. •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Myrsinaceae<br />
Cybianthus detergens Mart. • • •<br />
Cybianthus gardneri (A.DC.) G.Agostini •<br />
Cybianthus glaber A.DC. • •<br />
Cybianthus peruvianus (A.DC.) Miq. • • • • •<br />
Myrsine coriacea (Sw.) Roem. & Schult. • • • • • • • • • •<br />
Myrsine gardneriana A.DC. • • • • • •<br />
Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze • • • • • • • • • • •<br />
Myrsine umbellata Mart. • • • • • • • • • • • • • •<br />
Myrsine venosa A.DC. • • • • •<br />
Myrsine villosissima Mart. • •<br />
Myrtaceae<br />
Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg • • • • • • • • • • • • •<br />
Calyptranthes brasiliensis Spreng. • • • •<br />
Calyptranthes clusiifolia O.Berg • • • • • •<br />
Calyptranthes grammica (Spreng.) D.Legrand •<br />
Calyptranthes lucida Mart. ex DC. • • •<br />
Calyptranthes pulchella DC. • • • • • • • •<br />
Calyptranthes tetraptera O.Berg •<br />
Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk. • •<br />
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg • • • • •<br />
Campomanesia sessiliflora (O.Berg) Mattos •<br />
Campomanesia simulans M.L.Kawas. •<br />
Campomanesia velutina (Cambess.) O.Berg •<br />
Campomanesia xanthocarpa O.Berg • • • • • • • • •<br />
Eugenia acutata Miq. •<br />
Eugenia aurata O.Berg •<br />
Eugenia candolleana DC. •<br />
Eugenia cerasiflora Miq. • •<br />
Eugenia cuprea (O.Berg) Nied. •<br />
Eugenia dodonaeifolia Cambess. • •<br />
Eugenia dysenterica DC. •<br />
Eugenia egensis DC. •<br />
Eugenia excelsa O.Berg • • •<br />
Eugenia florida DC. • • • • • • • • • • • • •<br />
Eugenia hiemalis Cambess. • • • •<br />
Eugenia ilhensis O.Berg •<br />
Eugenia involucrata DC. • • • • • •<br />
Eugenia lagoensis Kiaersk. •<br />
Eugenia laruotteana Cambess. • •<br />
Eugenia ligustrina (Sw.) Willd. • • •<br />
Eugenia macrosperma DC. •<br />
morr<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 63<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
Eugenia modesta DC. • • • •<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
64 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Eugenia neoglomerata Sobral •<br />
Eugenia pleurantha O.Berg •<br />
Eugenia prasina O.Berg • •<br />
Eugenia punicifolia (Kunth) DC. • • • • • • • • • • •<br />
Eugenia stictopetala DC. • • • •<br />
Eugenia subterminalis DC. • •<br />
Eugenia ternatifolia Cambess. • • •<br />
Eugenia uniflora L. • •<br />
Eugenia vattimoana Mattos • •<br />
Eugenia vetula DC. • •<br />
Eugenia viridiflora Cambess. •<br />
Eugenia widgrenii Sonder ex O.Berg •<br />
Marlierea angustifolia (O.Berg) Mattos •<br />
Marlierea clausseniana (O.Berg) Kiaersk. • • • • • •<br />
Marlierea excoriata Mart. • •<br />
Marlierea laevigata (DC.) Kiaersk. • • • • • •<br />
Marlierea luschnathiana (O.Berg) D.Legrand •<br />
Marlierea racemosa (Vell.) Kiaersk. • • •<br />
Marlierea rubiginosa (Cambess.) D.Legrand •<br />
Myrceugenia alpigena (DC.) Landrum • • • • • • •<br />
Myrceugenia bracteosa (DC.) D.Legrand & Kausel •<br />
Myrcia amazonica DC. • • • • • • • • • • • •<br />
Myrcia blanchetiana (O.Berg) Mattos • • • • • •<br />
Myrcia bullata O.Berg •<br />
Myrcia crocea (Vell.) Kiaersk. • •<br />
Myrcia cymosa (O.Berg) Nied. • • •<br />
Myrcia eriocalyx DC. • • • • • • •<br />
Myrcia eriopus DC. • •<br />
Myrcia guianensis (Aubl.) DC. • • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Myrcia hartwegiana (O.Berg) Kiaersk. •<br />
Myrcia hebepetala DC. • • • • •<br />
Myrcia ilheosensis Kiaersk. • • • • •<br />
Myrcia jacobinensis Mattos • • • • •<br />
Myrcia laruotteana Cambess. • • • • • • • •<br />
Myrcia lindeniana (O.Berg) C.Wright • • • • • • •<br />
Myrcia mischophylla Kiaersk. • • • •<br />
Myrcia multiflora (Lam.) DC. • • •<br />
Myrcia mutabilis (O.Berg) N.Silveira • • • • • • •<br />
Myrcia nobilis O.Berg • •<br />
morr<br />
gent<br />
Myrcia oblongata DC. •<br />
Myrcia obovata (O.Berg) Nied. • • • • • •<br />
Myrcia palustris DC. •<br />
Myrcia pubescens DC. • • • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Myrcia pulchra (O.Berg) Kiaersk. •<br />
Myrcia reticulosa Miq. • • • • • •<br />
Myrcia retorta Cambess. • • • • • • •<br />
Myrcia salzmannii O.Berg • •<br />
Myrcia splendens (Sw.) DC. • • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Myrcia sylvatica (G.Mey.) DC. • •<br />
Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Myrcia variabilis DC. •<br />
Myrcia venulosa DC. • • • • • • •<br />
Myrcia vestita DC. • • •<br />
Myrciaria cuspidata O.Berg • • • • • •<br />
Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Myrciaria glazioviana (Kiaersk.) •<br />
G.Barroso ex Sobral<br />
Myrciaria tenella (DC.) O.Berg • • • •<br />
Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum • • • • • • • •<br />
Psidium appendiculatum Kiaersk. • • • •<br />
Psidium cattleianum Sabine • • •<br />
Psidium guajava L. • • •<br />
Psidium guineense Sw. • • • • • •<br />
Psidium rufum DC. • • • • • •<br />
Psidium sartorianum (O.Berg) Nied. • • • • •<br />
Siphoneugena densiflora O.Berg • • • • • • • • • • •<br />
Siphoneugena kiaerskoviana (Burret) Kausel •<br />
Siphoneugena widgreniana O.Berg • • • •<br />
Syzygium jambos (L.) Alston • • •<br />
Nyctaginaceae<br />
Bougainvillea glabra Choisy •<br />
Guapira campestris (Netto) Lundell • • •<br />
Guapira graciliflora (Schmidt) Lundell • • • • • • • • •<br />
Guapira hirsuta (Choisy) Lundell • • • • •<br />
Guapira noxia (Netto) Lundell • • •<br />
Guapira obtusata (Jacq.) Lundell • • •<br />
Guapira opposita (Vell.) Reitz • • • • • • • • • • • • • •<br />
Ochnaceae<br />
Ouratea castaneifolia (DC.) Engl. • • • • • •<br />
Ouratea crassifolia Engl. • •<br />
Ouratea cuspidata Thiegh. • • •<br />
Ouratea floribunda Engl. • • • •<br />
Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill. •<br />
morr<br />
Ouratea salicifolia Engl. • • •<br />
Ouratea semiserrata (Mart. & Nees) Engl. • • • • • • • • •<br />
Ouratea spectabilis (Mart. & Engl.) Engl. •<br />
Ouratea tenuifolia Engl. •<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 65<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
66 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Olacaceae<br />
Cathedra bahiensis Sleumer •<br />
Dulacia pauciflora (Benth.) Kuntze •<br />
Heisteria blanchetiana (Engl.) Sleumer • • • •<br />
Heisteria citrifolia Engl. • •<br />
Heisteria silvianii Schwacke • • • •<br />
Schoepfia brasiliensis A.DC. • • • •<br />
Ximenia americana L. • •<br />
Ximenia coriacea Engl. • • • •<br />
Oleaceae<br />
Chionanthus crassifolius (Mart.) P.S.Green • • •<br />
Chionanthus ferrugineus (Gilg) P.S.Green • • • •<br />
Chionanthus subsessilis (Eichler) P.S.Green •<br />
Pentaphylacaceae<br />
Ternstroemia alnifolia Wawra •<br />
Ternstroemia brasiliensis Cambess. •<br />
Ternstroemia carnosa Cambess. • • • • • • • • •<br />
Phyllanthaceae<br />
Gonatogyne brasiliensis (Baill.) Müll.Arg. •<br />
Hieronyma alchorneoides Allemão • • • • • •<br />
Margaritaria nobilis L.f. •<br />
Phyllanthus claussenii Müll.Arg. • •<br />
Richeria grandis Vahl • • • • •<br />
Picramniaceae<br />
Picramnia bahiensis Turcz. •<br />
Picramnia ciliata Mart. • •<br />
Picramnia glazioviana Engl. • • •<br />
Picramnia parvifolia Engl. • •<br />
Piperaceae<br />
Piper aduncum L. • • • • •<br />
Piper amalago L. • • • • •<br />
Piper arboreum Aubl. • • • • • • •<br />
Piper cernuum Vell. • • • • • • • • •<br />
Piper crassinervium Kunth • • •<br />
Piper dilatatum L.C.Rich. •<br />
Piper gaudichaudianum Kunth •<br />
Podocarpaceae<br />
Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl. • • • •<br />
Podocarpus sellowii Klotzsch ex Endl. • • • • •<br />
Polygonaceae<br />
Coccoloba alnifolia Casar. •<br />
Coccoloba brasiliensis Nees & Mart. • • • • • •<br />
Coccoloba glaziovii Lindau •<br />
morr<br />
gent<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Coccoloba obtusifolia Jacq. • •<br />
Coccoloba ovata Benth. •<br />
Coccoloba salicifolia Wedd. • •<br />
Coccoloba warmingii Meisn. • • •<br />
Ruprechtia laxiflora Meisn. • • •<br />
Proteaceae<br />
Euplassa bahiensis (Meisn.) I.M.Johnst. •<br />
Euplassa incana (Klotzsch) I.M.Johnst. • • • • •<br />
Euplassa legalis (Vell.) I.M.Johnst. • • •<br />
Euplassa semicostata Plana • •<br />
Panopsis rubescens (Pohl) Rusby •<br />
Roupala montana Aubl. • • • • • • • • • • • • • •<br />
Roupala paulensis Sleumer •<br />
Roupala rhombifolia Mart. ex Meisn. • • •<br />
Roupala thomesiana Moric. •<br />
Rhamnaceae<br />
Colubrina glandulosa Perkins • •<br />
Rhamnidium elaeocarpum Reissek •<br />
Rhamnus sphaerosperma Sw. • • • • •<br />
Ziziphus platyphylla Reissek •<br />
Rosaceae<br />
Prunus myrtifolia (L.) Urb. • • • • • • • • • • •<br />
Rubiaceae<br />
Alibertia edulis (L.C.Rich.) A.Rich. ex DC. •<br />
Alseis floribunda Schott • • •<br />
Amaioua guianensis Aubl. • • • • • • • • • • • • •<br />
Bathysa australis (A.St.-Hil.) Benth. & Hook.f. • • •<br />
Bathysa mendoncae K.Schum. •<br />
Bathysa nicholsonii K.Schum. • •<br />
Chiococca alba (L.) Hitchc. • • • • • • • •<br />
Chomelia parviflora (Müll.Arg.) Müll.Arg. • •<br />
Chomelia sericea Müll.Arg. • •<br />
Cordiera concolor var. rotunda C.Perss. & • • • • • •<br />
Delprete<br />
Cordiera elliptica Kuntze • • • • • • • • • •<br />
Cordiera myrciifolia (K.Schum.) C.Perss. & • •<br />
Delprete<br />
Cordiera rigida (K.Schum.) Kuntze •<br />
Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze • • • • • •<br />
Coussarea congestiflora Müll.Arg. •<br />
Coussarea contracta (Walp.) Müll.Arg. •<br />
Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum. • • • • • •<br />
Faramea hyacinthina Mart. •<br />
morr<br />
gent<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 67<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
68 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Faramea multiflora A.Rich. •<br />
Faramea nigrescens Mart. • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Ferdinandusa speciosa Pohl •<br />
Guettarda platypoda DC. •<br />
Guettarda sericea Müll.Arg. • • • •<br />
Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. • • • • • • •<br />
Ixora brevifolia Benth. • • • • • • • • • •<br />
Ixora gardneriana Benth. •<br />
Ixora venulosa Benth. • • • • •<br />
Machaonia acuminata Humb. & Bonpl. •<br />
Molopanthera paniculata Turcz. • • • • • •<br />
Palicourea blanchetiana Schltdl. •<br />
Palicourea crocea (Sw.) Schult. • • • • •<br />
Posoqueria latifolia (Rudge) Roem. & Schult. • • • •<br />
Psychotria capitata Ruiz & Pav. • • • •<br />
Psychotria carthagenensis Jacq. • • • • • •<br />
Psychotria hastisepala Müll.Arg. •<br />
Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl. • • • •<br />
Psychotria malaneoides Müll.Arg. •<br />
Psychotria pubigera Schltdl. • • • •<br />
Psychotria vellosiana Benth. • • • • • • • • • • • • •<br />
Randia armata Sw. • • • •<br />
Rudgea jacobinensis Müll.Arg. • • • •<br />
Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. • • • • •<br />
Rudgea nodosa (Cham.) Benth. • •<br />
Rudgea sessilis (Vell.) Müll.Arg. •<br />
Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. • • •<br />
Tocoyena brasiliensis Mart. • • •<br />
Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum. • •<br />
Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K.Schum. • •<br />
Rutaceae<br />
Balfourodendron molle (Miq.) Pirani • • •<br />
Conchocarpus pentandrus (Engl.) •<br />
Kallunki & Pirani<br />
Dictyoloma vandellianum A.Juss. • • • • • • • • •<br />
Esenbeckia decidua Pirani •<br />
Esenbeckia febrifuga (A.St.-Hil.) • • • •<br />
A.Juss. ex Mart.<br />
Esenbeckia grandiflora Mart. • • • • • • • •<br />
Esenbeckia irwiniana Kaastra • •<br />
Galipea jasminiflora (A.St.-Hil.) Engl. • • • •<br />
Helietta glaziovii (Engl.) Pirani • • • •<br />
morr<br />
gent<br />
Hortia arborea Engl. • • • • • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Metrodorea mollis Taub. • • • •<br />
Metrodorea nigra A.St.-Hil. • • • • • •<br />
Metrodorea stipularis Mart. • • • •<br />
Pilocarpus pauciflorus A.St.-Hil. •<br />
Pilocarpus pennatifolius Lem. •<br />
Pilocarpus spicatus A.St.-Hil. • • • •<br />
Zanthoxylum caribaeum Lam. • • • •<br />
Zanthoxylum fagara (L.) Sarg. • • • • • • •<br />
Zanthoxylum garneri Engler •<br />
Zanthoxylum petiolare A.St.-Hil. & Tul. • •<br />
Zanthoxylum rhoifolium Lam. • • • • • • • • • • • • • • • • •<br />
Zanthoxylum riedelianum Engl. • •<br />
Zanthoxylum stelligerum Turcz. • •<br />
Zanthoxylum tingoassuiba A.St.-Hil. • •<br />
Sabiaceae<br />
Meliosma sinuata Urb. •<br />
Salicaceae<br />
Abatia americana (Gardner) Eichler •<br />
Casearia arborea (Rich.) Urb. • • • • • • • • • • •<br />
Casearia commersoniana Cambess. • • • • •<br />
Casearia decandra Jacq. • • • • •<br />
Casearia eichleriana Sleumer • • • • • • •<br />
Casearia gossypiosperma Briq. •<br />
Casearia grandiflora Cambess. • • • • •<br />
Casearia javitensis Kunth • • •<br />
Casearia lasiophylla Eichler • •<br />
Casearia obliqua Spreng. • • • • •<br />
Casearia rufescens Cambess. • • • •<br />
Casearia rupestris Eichler •<br />
Casearia sylvestris Sw. • • • • • • • • • • • • • •<br />
Prockia crucis P.Browne ex L. •<br />
Xylosma ciliatifolia (Clos) Eichler • • • •<br />
Xylosma prockia (Turcz.) Turcz. •<br />
Sapindaceae<br />
Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Radlk. • • • •<br />
Allophylus racemosus Sw. •<br />
Cupania emarginata Cambess. • • •<br />
Cupania ludowigii Somner & Ferruci • • • • • • • • • •<br />
Cupania paniculata Cambess. • • • • • •<br />
morr<br />
Cupania racemosa (Vell.) Radlk. •<br />
Cupania radlkoferi Acev.-Rodr. •<br />
gent<br />
Cupania rigida Radlk. • •<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 69<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
Cupania vernalis Cambess. • • • • • • •<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
70 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Cupania zanthoxyloides Cambess. • •<br />
Diatenopteryx grazielae Vaz & Andreata •<br />
Dilodendron bipinnatum Radlk. •<br />
Dodonaea viscosa Jacq. • • • •<br />
Matayba heterophylla (Mart.) Radlk. • •<br />
Matayba juglandifolia (Cambess.) Radlk. • • • • •<br />
Matayba marginata Radlk. • • • •<br />
Matayba mollis Radlk. • • • • • • • • •<br />
Matayba punctata Radlk. •<br />
Toulicia laevigata Radlk. •<br />
Sapotaceae<br />
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler) Engl. • • • • • • •<br />
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. • • • • • • •<br />
Chrysophyllum rufum Mart. • •<br />
Manilkara rufula (Miq.) Lam. •<br />
Micropholis emarginata T.D.Penn. • •<br />
Micropholis gardneriana (A.DC.) Pierre • • • • •<br />
Micropholis gnaphaloclados (Mart.) Pierre • • • •<br />
Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre • •<br />
Pouteria andarahiensis T.D.Penn. • • •<br />
Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. •<br />
Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni • • • •<br />
Pouteria gardneriana (A.DC.) Radlk. • •<br />
Pouteria glomerata (Miq.) Radlk. •<br />
Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. • • • • • • •<br />
Pouteria reticulata (Engl.) Eyma •<br />
Pouteria subsessilifolia Cronq. •<br />
Pouteria torta (Mart.) Radlk. • • •<br />
Pouteria venosa (Mart.) Baehni • • •<br />
Simaroubaceae<br />
Simaba cuneata A.St.-Hil. & Tul. •<br />
Simarouba amara Aubl. • • • • •<br />
Simarouba versicolor A.St.-Hil. •<br />
Siparunaceae<br />
Siparuna Brasiliense A.DC. • • • • • •<br />
Siparuna guianensis Aubl. • • • • • • •<br />
Siparuna poeppigii (Tul.) A.DC. •<br />
Siparuna reginae (Tul.) A.DC. •<br />
Solanaceae<br />
Aureliana velutina Sendtn. • • • •<br />
Brunfelsia brasiliensis (Spreng.) L.B.Sm. & Downs •<br />
Brunfelsia uniflora (Pohl) D.Don • • •<br />
morr<br />
gent<br />
Cestrum bracteatum Link & Otto • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Cestrum laevigatum Schltdl. • •<br />
Cestrum mariquitense Kunth •<br />
Cestrum schlechtendalii G.Don •<br />
Metternichia princeps Mik. •<br />
Sessea brasiliensis Toledo •<br />
Solanum asperum Rich. • •<br />
Solanum bullatum Vell. • •<br />
Solanum caavurana Vell. •<br />
Solanum campaniforme Roem. & Schult. •<br />
Solanum cernuum Vell. • • • •<br />
Solanum cladotrichum Vand. • • •<br />
Solanum crinitum Lam. • • • • • • •<br />
Solanum granulosoleprosum Dunal • • • • •<br />
Solanum intermedium Sendtn. • •<br />
Solanum latiflorum Bohs • •<br />
Solanum leptostachys Dunal • • •<br />
Solanum leucodendron Sendtn. • •<br />
Solanum pseudoquina A.St.-Hil. • • •<br />
Solanum rufescens Sendtn. •<br />
Solanum subumbellatum Vell. •<br />
Solanum swartzianum Roem. & Schult. • • • • •<br />
Solanum velleum Thunb. •<br />
Solanum warmingii Hieron. •<br />
Styracaceae<br />
Styrax acuminatus Pohl • • •<br />
Styrax aureus Mart. • • •<br />
Styrax camporum Pohl • • • • • • • •<br />
Styrax ferrugineus Nees & Mart. •<br />
Styrax latifolius Pohl • • •<br />
Styrax pedicellatus (Perkins) B.Walln. • •<br />
Styrax pohlii A.DC. •<br />
Styrax rotundatus (Perkins) P.W.Fritsch • • • • • •<br />
Symplocaceae<br />
Symplocos celastrinea Mart. ex Miq. • • •<br />
Symplocos lanceolata (Mart.) A.DC. • • • • •<br />
Symplocos nitens Benth. • • •<br />
Symplocos pubescens Klotzsch ex Benth. • •<br />
Symplocos rhamnifolia A.DC. • •<br />
Theaceae<br />
Laplacea fruticosa (Schrad.) Kobuski • • • • •<br />
Laplacea tomentosa (Mart. & Zucc.) G.Don • • • • •<br />
Thymelaeaceae<br />
morr<br />
gent<br />
Daphnopsis brasiliensis Mart. & Zucc. •<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 71<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
72 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 3<br />
FAMÍLIAS E ESPÉCIES<br />
Daphnopsis coriacea Taub. • • •<br />
Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling • • • •<br />
Daphnopsis utilis Warm. • • • •<br />
Trigoniaceae<br />
Trigonia eriosperma (Lam.) Fromm & Santos •<br />
Urticaceae<br />
Cecropia glaziovii Snethl. • • • • •<br />
Cecropia hololeuca Miq. • • • • •<br />
Cecropia pachystachya Trécul • • • • • • • • • • • • • •<br />
Cecropia saxatilis Snethl. • • •<br />
Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini •<br />
Pourouma guianensis Aubl. • •<br />
Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. •<br />
Velloziaceae<br />
Vellozia gigantea N.L.Menezes & Mello-Silva •<br />
Verbenaceae<br />
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) A.Juss. • • •<br />
Citharexylum myrianthum Cham. •<br />
Vochysiaceae<br />
Callisthene major Mart. • • • • • •<br />
Callisthene minor Mart. • • •<br />
Qualea cordata (Mart.) Spreng. • • • • •<br />
Qualea dichotoma (Mart.) Warm. • • • • • •<br />
Qualea grandiflora Mart. •<br />
Qualea multiflora Mart. • • •<br />
Qualea selloi Warm. • • •<br />
Salvertia convallariodora A.St.-Hil. •<br />
Vochysia acuminata Bong. • •<br />
Vochysia dasyantha Warm. •<br />
Vochysia elliptica (Spr.) Mart. • • •<br />
Vochysia emarginata Vahl • • • • •<br />
Vochysia magnifica Warm. •<br />
Vochysia oblongifolia Warm. •<br />
Vochysia pyramidalis Mart. • • • • •<br />
Vochysia thyrsoidea Pohl • • • • • •<br />
Vochysia tucanorum Mart. • • • • • • • • • • • •<br />
Winteraceae<br />
morr<br />
gent<br />
Drimys brasiliensis Miers • • • • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
BAHIA MINAS GERAIS<br />
jaco<br />
cato<br />
palm<br />
mucu<br />
grao<br />
diam<br />
cipo<br />
leme<br />
chap<br />
barb<br />
belo<br />
cong<br />
novl<br />
mari<br />
cata<br />
ouro
Análise florística<br />
A Figura 2 apresenta o dendrograma de similaridade florística<br />
obtido pela análise de agrupamento (UPGMA) tendo<br />
como referência o coeficiente de similaridade de<br />
Sørensen. Formaram-se quatro grupos que correspondem<br />
às seguintes regiões: (a) Quadrilátero Ferrífero, MG<br />
(Santa Bárbara, Belo Horizonte, Catas Altas da Noruega,<br />
Congonhas do Campo, Nova Lima, Mariana e Ouro Preto);<br />
(b) Chapada de São Domingos (Chapada de São Domingos<br />
e Leme do Prado), MG; (c) Espinhaço Central, em<br />
Minas Gerais (Serra do Cipó, Diamantina e Grão Mogol)<br />
e Bahia (Catolés, Palmeiras, Mucugê); e (d) Disjunções<br />
Setentrionais da Chapada Diamantina (Gentio do Ouro,<br />
Jacobina e Morro do Chapéu). O dendrograma revela ainda<br />
que os grupos correspondentes aos extremos sul e<br />
norte apresentaram as diferenças florísticas mais pronunciadas.<br />
No entanto, os outros dois grupos, localizados<br />
na porção mediana da mesma, apresentaram baixa<br />
similaridade entre si (índice de Sørensen < 30%).<br />
O Quadrilátero Ferrífero (MG), grupo localizado no<br />
extremo sul da Cadeia do Espinhaço, é dominado por<br />
montanhas com topografia que varia de suaves colinas,<br />
associadas às formações graníticas e gnáissicas,<br />
a trechos bastante acidentados, associados aos afloramentos<br />
quartzíticos e a cangas hematíticas (Herz, 1978;<br />
Vincent, 2004). Nas regiões mais altas (> 1000 m), exis-<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 73<br />
tem campos com florestas ocorrendo nas áreas de drenagem<br />
e que preenchem os vales e as encostas erodidas,<br />
além de incluir enclaves de cerrado (Fundação Biodiversitas,<br />
1993; Muzzi & Stehmann, 2005). É a região<br />
que apresenta maior número de estudos, possivelmente<br />
por situar-se próximo dos principais centros de pesquisa<br />
do Estado. Ressalta-se a importância da região<br />
como manancial aqüífero junto às regiões urbanas<br />
e por atuar como um divisor de águas das bacias hidrográficas<br />
do Rio São Francisco (sub-bacias Rio das<br />
Velhas e Rio Paraopeba), a oeste, e Rio Doce, a leste.<br />
Cabe destacar a baixa similaridade florística entre<br />
Ouro Preto e as demais áreas desse grupo, o que é provavelmente<br />
influenciado pela sua maior altitude e temperaturas<br />
mais baixas. Spósito e Stehmann (2006) não<br />
encontraram correlações significativas entre distância<br />
geográfica e similaridade florística entre oito áreas florestais<br />
do Quadrilátero Ferrífero. Os autores afirmam<br />
que as variações na temperatura, precipitação, altitude,<br />
e principalmente o histórico de perturbação são<br />
provavelmente os fatores que mais influenciaram as<br />
variações florísticas. Dentre estes fatores, merece destaque<br />
o histórico de perturbação na região desde o ciclo<br />
da mineração no século XVII. O quadro agravou-se<br />
a partir da década de 40, com a adoção do corte raso<br />
de florestas nativas visando à produção do carvão ve-<br />
FIGURA 2 – Dendrograma de similaridade florística obtido por uma matriz de presença / ausência, de todas espécies arbóreas<br />
presentes em 18 áreas de fitofisionomia florestais da Serra do Espinhaço, utilizando o método de médias ponderadas por grupo<br />
(UPGMA) e o coeficiente de Sørensen. As áreas estão classificadas em quatro grupos conforme diagrama gerado pela Análise de<br />
Correspondência Canônica (CCA): () Quadrilátero Ferrífero; () Chapada de São Domingos; ()Espinhaço Central em Minas<br />
Gerais e Bahia; e () Disjunções Setentrionais da Chapada Diamantina.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
74 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
getal para as usinas siderúrgicas instaladas junto às reservas<br />
de minério de ferro (Cetec, 1989). Atualmente,<br />
as áreas florestais estão sujeitas a fortes pressões de<br />
desmatamento, incêndios, expansão urbana, mineração<br />
e turismo (Costa et al., 1998; Spósito & Stehmann, 2006).<br />
O segundo grupo constitui a região da Chapada de<br />
São Domingos, localizada entre os vales dos Rios<br />
Araçuaí e Jequitinhonha, cuja vegetação predominante<br />
está sob domínio da Mata Atlântica, entremeada por<br />
pequenas manchas de cerrado. Essa região corresponde<br />
a extensões orientais isoladas da Cadeia do Espinhaço.<br />
Nesta região, Vasconcelos & D’Angelo Neto<br />
(2007) descrevem relictos de uma densa floresta semidecídua<br />
que abrigam espécies endêmicas da avifauna<br />
da Mata Atlântica. Os autores salientam que, no entanto,<br />
a vegetação vem sofrendo diversas alterações advindas<br />
de atividades humanas, como a pecuária, plantação<br />
de monoculturas de Eucalyptus e Pinus.<br />
As florestas semidecíduas do terceiro grupo, o Espinhaço<br />
Central, distribuem-se por uma grande extensão<br />
geográfica, entre o norte de Minas Gerais e a Chapada<br />
Diamantina, na Bahia. Observando o grupo com mais<br />
detalhe, é possível verificar que as regiões da Bahia<br />
apresentaram apenas 30% de similaridade florística com<br />
as de Minas Gerais. Essa baixa similaridade pode ser<br />
resultante das influências que os biomas exercem sobre<br />
a região: o Cerrado sobre as áreas mineiras e a Caatinga<br />
sobre as baianas. Em Minas Gerais, as encostas<br />
dessas serras apresentam predominância da vegetação<br />
típica dos cerrados, que ocupam quase todas as encostas<br />
mais baixas e muitas vezes sobem as vertentes, formando<br />
transições que mesclam as floras do cerrado e<br />
campos rupestres. Em contraste, a Chapada Diamantina<br />
sofre influência de longos períodos de seca e a vegetação<br />
circundante é constituída de caatinga (Andrade-<br />
Lima, 1981), caracterizada por diversas unidades de<br />
vegetação com muitas plantas espinescentes, especialmente<br />
de Fabaceae (subfamília Mimosoideae, gênero<br />
Mimosa e Acacia), suculentas e urticantes. A caatinga<br />
circunda e, às vezes, reveste as vertentes das montanhas,<br />
chegando extraordinariamente a 1000 m (Harley,<br />
1995; Zappi et al., 2003). Nas regiões acima de 1000 m<br />
de altitude, prevalecem formações campestres crescendo<br />
em solos arenosos, pobres em nutrientes e, em sua<br />
maioria, de fácil drenagem (Zappi et al., 2003).<br />
Outro fator que pode contribuir para a dissimilaridade<br />
florística é a existência de terras mais baixas<br />
entre a Chapada Diamantina e o norte do Espinhaço<br />
mineiro, com aproximadamente de 300km de extensão<br />
e altitudes ao redor de 500m, cortada pelos vales<br />
dos Rios de Contas, Pardo e Jequitinhonha. Essa região<br />
provavelmente incrementa o grau de isolamento ao atu-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
ar como barreira migratória para espécies da flora dos<br />
campos rupestres (Harley, 1995). Da mesma forma, a<br />
barreira poderia estar atuando sobre as espécies florestais.<br />
Para a região situada entre Catité, na Chapada<br />
Diamantina, e Grão Mogol, em Minas Gerais, há uma<br />
grande lacuna de estudos sobre a composição da flora<br />
das áreas de florestas.<br />
Observa-se a grande similaridade florística entre a flora<br />
arbórea de Diamantina e a da Serra do Cipó. É importante<br />
ressaltar que a distância da escala do dendrograma é<br />
uma função (Wishart, 1969), e não, uma medida de distância<br />
simples. A função é uma medida que reflete a<br />
perda da informação no procedimento aglomerativo.<br />
Em outras palavras, a medida da escala representa a<br />
distância entre dois pontos, indicando que quanto menor<br />
for esse valor, maior será o nível de similaridade.<br />
Conforme dito, há uma grande similaridade entre as<br />
duas áreas, entretanto estas podem sofrer influências<br />
das variáveis ambientais em diferentes intensidades.<br />
O quarto grupo, compreendendo as Disjunções Setentrionais<br />
da Chapada Diamantina, apresenta baixa similaridade<br />
florística (< 5%) quando comparado com os<br />
demais agrupamentos. Essa dissimilaridade pode ser<br />
atribuída principalmente à influência da caatinga, que<br />
praticamente circunda montanhas muito menores e<br />
mais isoladas que o restante da Chapada Diamantina.<br />
Correlações entre espécies e variáveis ambientais<br />
A CCA produziu autovalores intermediários, respectivamente<br />
0,481 e 0,256 para os eixos de ordenação 1 e<br />
2, indicando a existência de gradientes moderados, ou<br />
seja, p<strong>arte</strong> das espécies distribui-se por todo o gradiente,<br />
e p<strong>arte</strong> é exclusiva de segmentos particulares (ter<br />
Braak, 1995). Os dois eixos explicaram apenas 16,5% e<br />
8,8% da variância global (total acumulado de 25,2%),<br />
indicado muita variância remanescente não explicada<br />
(ruído elevado na estrutura dos dados). No entanto, tal<br />
situação é comum em dados de vegetação e não prejudica<br />
a significância das relações espécie-ambiente (ter<br />
Braak, 1988). Com efeito, a CCA produziu valores muito<br />
altos para as correlações espécie-ambiente nos dois<br />
eixos (r = 0,988 e r = 0,985). Além disso, os testes de<br />
permutação de Monte Carlo indicaram gradientes<br />
significativos nos dois primeiros eixos de ordenação<br />
(p = 0,01 para os autovalores) e correlações significativas<br />
com as variáveis ambientais fornecidas (p = 0,01<br />
para as correlações espécie-ambiente). As variáveis ambientais<br />
com correlações internas mais fortes (r > 0,7)<br />
com o primeiro eixo foram, em ordem decrescente,<br />
latitude (r = – 0,992), distribuição da precipitação<br />
(r = 0,843) e diferença térmica entre as médias de julho<br />
e janeiro (r = – 0,836). Para o segundo eixo, as variá-
FIGURA 3 – Diagrama gerado pela análise de correspondência canônica (CCA) da presença de 767<br />
espécies arbóreas em 18 áreas de fitofisionomias florestais na Cadeia do Espinhaço e sua correlação<br />
com variáveis geoclimáticas (setas). As áreas de Mata Atlântica estão identificadas por seus códigos na<br />
Tabela 1. São fornecidos os códigos de identificação de cada área, a latitude, a altitude mediana,<br />
as temperaturas médias no ano (T ANO), a diferença térmica entre as médias de julho e de janeiro<br />
(T RANGE), as precipitações médias no ano (P ANO) e a distribuição da precipitação (P DIST).<br />
veis mais fortemente correlacionadas foram altitude<br />
(r = 0,867) e temperatura média anual (r = – 0,858).<br />
Tais correlações indicam que a distância geográfica, vista<br />
como variável espacial, e as condições climáticas, notadamente<br />
o regime de precipitação e a temperatura,<br />
vinculada à altitude, provavelmente exercem uma forte<br />
influência no padrão de distribuição das espécies. Por<br />
exemplo, espécies como Drimys brasiliensis, Hedyosmum<br />
brasiliense, Podocarpus sellowii e Weinmannia paulliniifolia<br />
são encontradas por toda a extensão da Cadeia do<br />
Espinhaço certamente favorecidas pelas condições particulares<br />
de maior umidade e altitude (Harley, 1995;<br />
Funch et al., 2005).<br />
A relação entre as variáveis geo-climáticas e a composição<br />
de espécies das 18 áreas estão apresentadas<br />
na Figura 3. De modo a auxiliar na visualização do diagrama<br />
gerado pela CCA, resolveu-se aplicar símbolos<br />
diferentes aos quatro grupos gerados pela análise de<br />
Kamino, Oliveira-Filho & Stehmann | 75<br />
agrupamentos (Figura 2). A distinção entre as áreas de<br />
florestas fica evidente no diagrama, bem como a forte<br />
vinculação com a latitude e, secundariamente, com a distribuição<br />
da precipitação. Entretanto, a distinção entre<br />
grupos não se apresenta concentrada, mas ordenada em<br />
gradientes, no sentido sul-norte, isto é, as florestas do<br />
sul do Espinhaço estão mais próximas de suas vizinhas<br />
do centro e essas estão mais próximas das do norte.<br />
Observa-se ainda que ordenação no eixo dois sofre<br />
influência significativa da altitude e da temperatura<br />
anual. Os padrões gerados pela CCA reforçam a coerência<br />
dos quatro grupos florísticos acrescentando a<br />
significância das correlações entre estes padrões e variáveis<br />
espaciais (geográficas) e ambientais (climáticas).<br />
Em suma, observou-se uma considerável riqueza de<br />
espécies arbóreas ao longo da Cadeia do Espinhaço e<br />
uma distinção florística em quatro regiões dentro de<br />
um gradiente latitudinal. A região sul é a mais rica, pro-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
76 | Relações florísticas entre as fitofisionomias florestais da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
vavelmente por estar inserida na matriz florestal atlântica.<br />
Já a região do extremo norte possui elementos<br />
muito distintos das demais regiões, como possível reflexo<br />
de sua localização junto à caatinga. A carência de<br />
informações para algumas regiões, especialmente aquela<br />
situada entre o norte de Minas Gerais e o centro-sul<br />
da Bahia, limita um melhor entendimento das relações<br />
florísticas sobre as florestas da Cadeia do Espinhaço.<br />
Diante do exposto, fica evidente a grande necessidade<br />
de se realizarem estudos florísticos na região.<br />
Harley (1995) comenta que a história de exploração<br />
e formação de assentamentos urbanos foi responsável<br />
pela devastação da floresta, cuja madeira foi intensamente<br />
utilizada nas construções ou como lenha e a terra<br />
para agricultura, enquanto as pastagens avançaram<br />
nas margens das florestas. Os poucos remanescentes<br />
dessa vegetação são geralmente fragmentados e explorados,<br />
a tal ponto que fica difícil imaginar o que ali se<br />
encontrava, com exceção dos locais muitos remotos,<br />
que geralmente ficam situados em grandes altitudes.<br />
Este contexto reforça a urgência de expandir o conhecimento<br />
sobre a flora dos remanescentes florestais do<br />
Espinhaço como base ao fortalecimento das iniciativas<br />
voltadas à sua conservação.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores agradecem à Cinthia Tamara, à Teresa Spósito<br />
e ao Márcio de Souza Werneck pelas sugestões e ajuda<br />
nas análises dos dados; ao Cássio Soares Martins (Fundação<br />
Biodiversitas), pelos auxílios cartográficos, ao<br />
revisor anônimo pelas valiosas sugestões<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Diversidade e conservação das pteridófitas<br />
na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
ALEXANDRE SALINO 1,2 *<br />
THAÍS ELIAS ALMEIDA 2,3<br />
1 Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq.<br />
2 Departamento de Botânica. Instituto de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.<br />
3 Mestranda em Biologia Vegetal, <strong>UFMG</strong>/CAPES.<br />
* e-mail: salino@icb.ufmg.br<br />
RESUMO<br />
Este trabalho apresenta os resultados de um inventário florístico de pteridófitas realizado na<br />
Cadeia do Espinhaço, nos estados de Minas Gerais e Bahia. O inventário foi feito com base em<br />
coleções obtidas durante expedições para diversas áreas da Cadeia no estado de Minas Gerais,<br />
bem como em material proveniente de herbários nacionais e estrangeiros e dados de<br />
literatura. A Cadeia do Espinhaço é um maciço que representa a faixa orogênica pré-cambriana<br />
mais extensa e contínua do território brasileiro e ocupa aproximadamente 1.000 km de extensão<br />
e de 50 a 100 km de largura, com altitudes variando de 800 a 2.100 metros. O limite sul da<br />
Cadeia do Espinhaço corresponde à Serra de Ouro Branco (Minas Gerais), e o limite norte está<br />
na região de Jacobina (Bahia). A fisionomia da vegetação da Cadeia do Espinhaço é razoavelmente<br />
uniforme, com predomínio de campos rupestres e ambientes associados. Foram<br />
registradas 468 táxons infra-específicos, distribuídos em 27 famílias e 89 gêneros, sendo que<br />
as famílias mais ricas são: Pteridaceae (66 spp.), Lomariopsidaceae (47 spp.), Polypodiaceae<br />
(39 spp. e uma variedade), Thelypteridaceae (33 spp.), Aspleniaceae (29 spp. e cinco variedades)<br />
e Schizaeaceae (29 spp.). Os gêneros mais representativos são: Elaphoglossum (45 spp.),<br />
Thelypteris (33 spp.), Asplenium (28 spp. e cinco variedades), Anemia (25 spp.), Blechnum (18<br />
spp.) e Adiantum (18 spp.). Dos 468 táxons, apenas 19 (4%) são exclusivos de formações da<br />
Cadeia do Espinhaço. Dezoito espécies aqui listadas são citadas pela primeira vez para o<br />
estado de Minas Gerais. A riqueza encontrada não está distribuída uniformemente na Cadeia<br />
do Espinhaço; na região do Quadrilátero Ferrífero ocorrem 380 espécies e cinco variedades;<br />
na região da Serra do Cipó 263 espécies; no Planalto de Diamantina, 215; na Serra do Cabral,<br />
apenas 43; na região norte da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (Serra de Grão Mogol e<br />
Serras adjacentes), 71 espécies e na região da Chapada Diamantina-BA ocorrem 115 espécies.<br />
ABSTRACT<br />
This paper presents the results of a pteridophyte inventory accomplished in the Espinhaço Range,<br />
in the states of Minas Gerais and Bahia, Brazil. The inventory was taken based in collections<br />
obtained during field work carried out in several areas of the Espinhaço Range, Minas Gerais<br />
State, as well as in material from national and foreigner herbaria and literature data. The Espi-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
nhaço Range is the more extensive and continuous Precambrian orogenic belt of the Brazilian<br />
territory and occupies approximately 1.000 km of extension and 50 to 100 km width, with an<br />
altitudinal range of 800-2.100 m. The southern limit of the Espinhaço Range is the Serra de Ouro<br />
Branco (Minas Gerais), and the northern limit is in the area of Jacobina (Bahia). The vegetation<br />
physiognomy of the Espinhaço Range is reasonably uniform, with prevalence of Campos rupestres<br />
and associated environments. Four hundred and sixty-three species and five varieties were registered,<br />
distributed in 27 families and 89 genera, and the richest families were: Pteridaceae (66 spp.),<br />
Lomariopsidaceae (47 spp.), Polypodiaceae (40 spp.), Thelypteridaceae (33 spp.), Aspleniaceae<br />
(29 spp. and five varieties) and Schizaeaceae (29 spp.). The most representative genera are:<br />
Elaphoglossum (45 spp.), Thelypteris (33 spp.), Asplenium (28 spp. and five varieties), Anemia<br />
(25 spp.), Blechnum (18 spp.) and Adiantum (18 spp.). Out of 468 taxa, only 19 (4%) are<br />
endemic to Espinhaço Range formations. Eighteen species are recorded for the first time for the<br />
state of Minas Gerais. The richness found is not distributed evenly in the Espinhaço Range; in the<br />
area of the Quadrilátero Ferrífero occurs 380 species and five varieties; in the area of the Serra do<br />
Cipó 263 species; in the Diamantina Plateau, 215; in Serra do Cabral, only 43; in the north area<br />
of the Espinhaço Range in Minas Gerais (Serra de Grão Mogol and adjacent mountains), 71 species<br />
and in the Chapada Diamantina area, 115 species.<br />
INTRODUÇÃO<br />
As pteridófitas constituem as plantas vasculares sem<br />
sementes, sendo atualmente classificadas em dois grandes<br />
grupos monofiléticos: as licopodiófitas e as monilófitas.<br />
Estão incluídas nas licopodiófitas as plantas vasculares<br />
com folhas micrófilas, esporângios axilares nas<br />
folhas, laterais ao caule e com deiscência completa e<br />
distal. O grupo é formado por três famílias, seis gêneros<br />
e aproximadamente 1350 espécies. As monilófitas<br />
são caracterizadas pelas folhas megáfilas e esporângios<br />
variados, mas nunca axilares. Estão incluídas neste grupo<br />
as famílias Psilotaceae e Equisetaceae, que previamente<br />
estavam arranjadas em divisões separadas. O<br />
número de famílias reconhecidas para as monilófitas<br />
varia entre os diferentes autores. Nas classificações mais<br />
recentes foram reconhecidas para a região Neotropical<br />
26 famílias por Tryon & Tryon (1982), 30 por Kramer &<br />
Tryon (1990), 29 por Moran (1995a) e 33 famílias por<br />
Smith et al. (2006).<br />
As pteridófitas podem ser plantas terrestres, rupícolas,<br />
epífitas, hemiepífitas, aquáticas ou trepadeiras. A<br />
grande maioria é de porte herbáceo, porém algumas<br />
têm porte arborescente, como os representantes das<br />
famílias Cyatheaceae e Dicksoniaceae, e algumas<br />
Blechnaceae e Dryopteridaceae. As pteridófitas ocorrem<br />
em uma extraordinária variedade de ambientes,<br />
que vão de situações árticas e alpinas (altas latitudes e<br />
altitudes) ao interior de florestas pluviais tropicais e de<br />
vegetação arbustiva subdesértica a costões rochosos e<br />
Salino & Almeida | 79<br />
mangues (Page, 1979). No entanto, 80% das espécies<br />
ocorrem em áreas tropicais (Roos, 1996), sendo mais<br />
comuns em montanhas tropicais e subtropicais úmidas<br />
(Tryon & Tryon, 1982). Na América Tropical, um dos<br />
centros de diversidade e endemismo de pteridófitas<br />
corresponde às regiões Sudeste e Sul do Brasil (Tryon<br />
& Tryon, 1982), o que se deve ao fato de p<strong>arte</strong> dessa<br />
região apresentar a combinação de clima tropical úmido,<br />
montanhas e ecossistemas florestais.<br />
Roos (1996) realizou um levantamento bibliográfico<br />
e verificou a existência de 10.500 a 11.300 espécies de<br />
pteridófitas conhecidas em todo o mundo, mas acredita<br />
que o número de espécies possa estar entre 12.000<br />
e 15.000, das quais 10.000 a 12.500 estariam nos paleo<br />
e neotrópicos (do Velho e do Novo Mundo). Aproximadamente<br />
75% das espécies ocorrem em duas grandes<br />
regiões: uma, de maior riqueza, que compreende o sudeste<br />
da Ásia e a Australásia, com cerca de 4.500 espécies,<br />
e outra que abrange as Grandes Antilhas, o sudeste<br />
do México, a América Central e os Andes do oeste da<br />
Venezuela ao sul da Bolívia, onde ocorrem cerca de<br />
2.250 espécies (Tryon & Tryon, 1982).<br />
A região Neotropical concentra importantes áreas<br />
geográficas para as pteridófitas (Tryon, 1972). Segundo<br />
Tryon & Tryon (1982), quatro regiões de alta diversidade<br />
reúnem aproximadamente 40% de espécies endêmicas:<br />
as Grandes Antilhas, com 900 espécies; o sudeste<br />
do México e a América Central, também com cerca<br />
de 900 espécies; a região dos Andes, com cerca de 1.500<br />
espécies, e o Sudeste e o Sul do Brasil, com 600 espécies,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
80 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
uma subestimativa, já que dados recentes mostram que<br />
somente o estado de São Paulo conta com mais de 550<br />
espécies e Minas Gerais com 700 espécies (Alexandre<br />
Salino & Thais Elias Almeida, dados não publicados).<br />
Segundo Tryon & Tryon (1982), outras regiões dos trópicos<br />
americanos possuem menor diversidade de espécies.<br />
Nas Pequenas Antilhas ocorrem cerca de 300 espécies,<br />
das quais a maioria possui ampla distribuição e<br />
somente 10% são endêmicas. A região do Planalto das<br />
Guianas (Roraima, Amazonas, Venezuela, Guiana, extensões<br />
do Suriname e leste da Colômbia) possui uma flora<br />
pteridofítica de cerca de 450 espécies. Nesta região<br />
ocorrem algumas espécies com distribuição disjunta<br />
com o Sudeste e Sul do Brasil (Tryon & Tryon, 1982). Na<br />
Amazônia brasileira ocorrem cerca de 300 espécies<br />
(Tryon & Tryon, 1982). Segundo Moran (1995b), a Amazônia<br />
brasileira é a região com menor diversidade de<br />
pteridófitas de toda a região Neotropical. Conforme<br />
estimativa de Moran (1995a), na América do Sul ocorrem<br />
aproximadamente 3.000 espécies de pteridófitas.<br />
Tryon (1972) estabeleceu cinco centros de diversidade<br />
e endemismo para pteridófitas na América Tropical.<br />
Os centros primários são três, o Mexicano (México e<br />
sul dos Estados Unidos), o Andino (Andes da Venezuela<br />
à Bolívia) e o Brasileiro (sudeste e sul). Estes centros<br />
são definidos pelo alto número de espécies e alto endemismo.<br />
Os centros secundários são dois, o da América<br />
Central e o das Guianas (Planalto das Guianas), cada<br />
um com alguma distinção especial, tal como o endemismo<br />
relativamente alto das florestas nebulares da<br />
América Central e em alguns gêneros nas Guianas. Destes<br />
centros o que possui maior afinidade florística com<br />
o centro Brasileiro é o Andino (Tryon, 1986). Cada centro<br />
regional possui um conjunto de condições mais ou<br />
menos distintas com relação a fisiografia, fatores<br />
edáficos e climáticos. O centro brasileiro é notável pelo<br />
endemismo da Serra do Mar e também pelo endemismo<br />
da pteridoflora dos campos rupestres das regiões<br />
areníticas de Minas Gerais (Tryon, 1972).<br />
De acordo com Moran (1995b), as montanhas promovem<br />
alta riqueza de espécies de pteridófitas. Esse<br />
efeito pode ser observado em todo o mundo – todos<br />
os países ou regiões com mais de 500 espécies de pteridófitas<br />
são montanhosos (Tryon, 1986). Em seus exemplos,<br />
Moran (1995b) inclui as regiões Sudeste e Sul do<br />
Brasil, inclusive comparando-as às terras baixas da<br />
Amazônia brasileira. As causas da alta riqueza e endemismo<br />
nas montanhas são pouco conhecidas. Presumivelmente,<br />
elas resultam da variedade de ambientes criados<br />
por diferentes tipos de solos, rochas, elevações, inclinações,<br />
exposições à luz e microclimas (Moran, 1995b).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
ESTUDOS DAS PTERIDÓFITAS NA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />
Os estudos específicos da flora pteridofïtica da Cadeia<br />
do Espinhaço, incluindo as formações vegetacionais do<br />
Quadrilátero Ferrífero, são escassos. Os pioneiros foram<br />
Lisboa (1954), que elaborou uma listagem para Ouro<br />
Preto e região, baseada na coleção do atual Herbário<br />
da Universidade Federal de Ouro Preto; e Ferreira et al.<br />
(1977), com a publicação de uma lista de plantas vasculares<br />
para a região do Maciço do Caraça. Em um estudo<br />
mais específico, Badini (1977) trata as espécies de<br />
Ophioglossum do muncípio de Ouro Preto. A partir da<br />
década de 1980, os estudos florísticos de pteridófitas<br />
se concentraram na Cadeia do Espinhaço sensu stricto.<br />
Destacam-se os trabalhos com o gênero Anemia (Carvalho,<br />
1982); a publicação de uma lista de espécies de<br />
pteridófitas no check-list feito por Giulietti et al. (1987)<br />
para a Serra do Cipó; uma dissertação sobre a Família<br />
Pteridaceae, Subfamília Cheilanthoideae – Pteridaceae<br />
no Espinhaço em Minas Gerais (Prado, 1989); as publicações<br />
da Serra do Cipó sobre Cyatheaceae (Windisch<br />
& Prado, 1990), família Pteridaceae, subfamília<br />
Cheilanthoideae (Prado, 1992), Hymenophyllaceae<br />
(Windisch, 1992), Dennstaedtiaceae (Prado & Windisch,<br />
1996) e família Pteridaceae, subfamília Adiantoideae e<br />
Taenitidoideae (Prado, 1997); Flora de Grão Mogol (Prado<br />
& Labiak, 2003); Flora do Pico das Almas (Prado,<br />
1995); e os levantamentos da região do Morro do Pai<br />
Inácio (Barros, 1998), região de Catolés (Prado, 2003) e<br />
da Chapada Diamantina (Nonato, 2005). O único trabalho<br />
recentemente publicado sobre o Quadrilátero Ferrífero<br />
foi o de Figueiredo & Salino (2005) na APA-Sul<br />
RMBH. Atualmente há levantamentos em andamento na<br />
região mineira da Cadeia do Espinhaço sendo realizados<br />
pelo grupo de pesquisa de pteridófitas do Laboratório<br />
de Sistemática Vegetal (<strong>ICB</strong> – <strong>UFMG</strong>), coordenado pelo<br />
Prof. Alexandre Salino, porém ainda não publicados. Os<br />
levantamentos em áreas específicas estão sendo realizados<br />
nas seguintes Unidades de Conservação: Parque Estadual<br />
do Itacolomi (Ouro Preto e Mariana), Parque Estadual<br />
do Rio Preto (São Gonçalo do Rio Preto), Parque<br />
Municipal Natural do Ribeirão do Campo (Conceição do<br />
Mato Dentro) e RPPN Santuário do Caraça (Catas Altas).<br />
Além disso, levantamentos preliminares estão sendo realizados<br />
em Minas Gerais nas regiões das Serras do<br />
Cabral, Grão Mogol, Jaíba e no Planalto de Diamantina.<br />
Os objetivos desse trabalho foram inventariar as espécies<br />
de pteridófitas ocorrentes na Cadeia do Espinhaço<br />
nos estados da Bahia e Minas Gerais, Brasil, bem<br />
como efetuar uma avaliação rápida da riqueza, distribuição<br />
e conservação das espécies.
MATERIAL E MÉTODOS<br />
A Cadeia do Espinhaço é um maciço que representa a<br />
faixa orogênica pré-cambriana mais extensa e contínua<br />
do território brasileiro. Alonga-se por cerca de 1200<br />
km na direção N-S desde a região de Belo Horizonte<br />
até os limites norte da Bahia com os Estados de Pernambuco<br />
e Piauí. Ao longo de sua extensão as unidades<br />
do Supergrupo Espinhaço entram em contato direto<br />
com unidades do Supergrupo Minas do Quadrilátero<br />
Ferrífero (de idade muito superior ao Supergrupo<br />
Espinhaço) e outras. O Quadrilátero Ferrífero, geograficamente<br />
colocado em várias publicações botânicas e<br />
zoológicas como p<strong>arte</strong> sul da Cadeia do Espinhaço é<br />
uma formação muito mais antiga (Almeida-Abreu &<br />
Renger, 2002) e geologicamente distinta da Cadeia do<br />
Espinhaço sensu stricto.<br />
Segundo Giulietti & Pirani (1988), na Cadeia do Espinhaço<br />
há muitas regiões elevadas que são conhecidas<br />
como serras e possuem nomes individuais, e que são<br />
geralmente interrompidas por vales de rios. Em Minas<br />
Gerais destacam-se algumas serras, como as da região<br />
de Diamantina, Serro e Itambé na p<strong>arte</strong> sul do Vale do<br />
Rio Jequitinhonha; a Serra do Cipó, na região de Santana<br />
do Riacho; a Serra do Cabral, na região de Joaquim<br />
Felício; a Serra da Piedade, na região de Caeté; a Serra<br />
do Caraça na região de Catas Altas e <strong>final</strong>mente as serras<br />
de Ouro Preto que são consideradas o limite sul da<br />
Cadeia do Espinhaço. No estado da Bahia destaca-se o<br />
maciço da Chapada Diamantina que é formada por várias<br />
serras como a Serra do Sincorá, na região de<br />
Mucugê, Andaraí e Lençóis, e as serras das regiões de<br />
Rio de Contas, Morro do Chapéu e Jacobina.<br />
Na Cadeia do Espinhaço podemos encontrar formações<br />
vegetacionais dos biomas Cerrado, Caatinga e<br />
Mata Atlântica. Segundo Giulietti & Pirani (1988), a<br />
fisionomia da vegetação na Cadeia do Espinhaço é bastante<br />
uniforme, embora a continuidade dos campos<br />
rupestres possa ser interrompida por manchas de Cerrado<br />
e por matas de galeria ou matas de encosta. Na<br />
Bahia, na Chapada Diamantina, a vegetação campestre<br />
divide espaço com as florestas deciduais, que é a<br />
formação dominante no semi-árido do Nordeste do<br />
Brasil. Em Minas Gerais, nas áreas mais baixas com<br />
solos mais profundos há predomínio das formações<br />
do Cerrado.<br />
A análise da ocorrência e da distribuição geográfica<br />
das espécies de pteridófitas da Cadeia do Espinhaço<br />
foi feita utilizando o nível taxonômico de espécie e os<br />
níveis infra-específicos de subespécie e variedade. Para<br />
a circunscrição dos gêneros e famílias foi utilizado o<br />
arranjo taxonômico de Moran (1995a), com exceção das<br />
famílias Gleicheniaceae e Vittariaceae, para as quais<br />
foram utilizadas as classificações genéricas de Ching<br />
(1940) e Crane (1997), respectivamente. As abreviações<br />
dos autores dos nomes científicos estão de acordo com<br />
Pichi-Sermolli (1996). O levantamento das espécies ocorrentes<br />
na Cadeia do Espinhaço foi feito através de pesquisa<br />
bibliográfica, compilação de dados de coleções<br />
científicas e de coletas realizadas entre os anos de 1999<br />
a 2007.<br />
O levantamento bibliográfico foi realizado utilizando-se<br />
literatura especializada de pteridófitas. Foram<br />
consultadas, principalmente, dissertações e teses de<br />
trabalhos taxonômicos sobre famílias e gêneros ocorrentes<br />
na região, assim como trabalhos de inventários<br />
florísticos. As espécies registradas somente através da<br />
bibliografia (indicado na coluna “Fonte” da Tabela 1)<br />
foram compiladas das seguintes referências: Alston et<br />
al. (1981), Meguro et al. (1996), Nonato (2005) e Tryon<br />
(1956).<br />
A compilação de dados das coleções foi feita através<br />
da análise de todo o material disponível de pteridófitas<br />
em importantes herbários brasileiros (BHCB, CEPEC,<br />
HB, OUPR, RB, SP, SPF, UB) e em alguns estrangeiros<br />
(F, GH, NY, MO, US). As siglas dos herbários listados estão<br />
de acordo com Holmgren et al. (1990).<br />
As seguintes espécies paleotropicais introduzidas<br />
e/ou exóticas subespontâneas no Brasil e ocorrentes<br />
na Cadeia do Espinhaço não foram incluídas na análise<br />
de dados: Nephrolepis multiflora (Roxb.) Morton, Pteris<br />
vitatta L., Macrothelypteris torresiana (Gaudich.) Ching,<br />
Thelypteris dentata (Forssk.) E.P. St. John e Diplazium<br />
petersenii (Kunze) Christ.<br />
Para as formações vegetacionais dos domínios da<br />
Mata Atlântica e Caatinga foi utilizado o sistema de<br />
Veloso et al. (1991), e para as formações do domínio do<br />
Cerrado foi utilizado o sistema de Ribeiro & Walter<br />
(1998).<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Salino & Almeida | 81<br />
Em uma avaliação rápida da Cadeia do Espinhaço constatamos<br />
a ocorrência de pelo menos 463 espécies e cinco<br />
variedades (Tabela 1) de pteridófitas nos estados de<br />
Minas Gerais e Bahia. Esse número é elevado, tendo em<br />
vista que as estimativas do número de espécies de pteridófitas<br />
ocorrentes no Brasil variam de 1150 (Windisch,<br />
1996) a 1200-1300 (Prado, 1998), sendo que grande p<strong>arte</strong><br />
dessa riqueza está nas formações florestais da<br />
Mata Atlântica, o bioma mais rico do país (Alexandre<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
82 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
Salino & Thais Elias Almeida, dados não publicados).<br />
Os 468 táxons estão distribuídos em 27 famílias e 89<br />
gêneros, sendo que as famílias mais ricas são:<br />
Pteridaceae com 66 espécies, Lomariopsidaceae com<br />
47, Polypodiaceae com 40, Thelypteridaceae com 33,<br />
Aspleniaceae com 29 espécies e cinco variedades,<br />
Schizaeaceae com 29 espécies, Hymenophyllaceae e<br />
Lycopodiaceae com 27 espécies cada e Grammitidaceae<br />
com 26 espécies. Os gêneros mais representativos são:<br />
Elaphoglossum (45 espécies), Thelypteris (33), Asplenium<br />
(28 espécies e cinco variedades), Anemia (25 espécies),<br />
Blechnum e Adiantum (18 espécies cada – Blechnum tem<br />
17 spp. e um híbrido). Desses 468 táxons, apenas 19<br />
(aproximadamente 4%) estão restritos a formações da<br />
Cadeia do Espinhaço (Tabela 2).<br />
O baixo número de espécies restritas, em uma região<br />
marcada por endemismos, pode ser explicado pela<br />
ampla capacidade de dispersão dos esporos das pteridófitas.<br />
Eles são minúsculos, leves, e viajam longas distâncias<br />
pela ação do vento (Kato, 1993). Essa facilidade<br />
de dispersão dos esporos faz com que os padrões de<br />
distribuição geográfica das pteridófitas sejam determinados<br />
mais pela disponibilidade de hábitats adequados<br />
à sua sobrevivência do que pela capacidade de dispersão<br />
e colonização. Smith (1972), comparando a distribuição<br />
das pteridófitas com a das angiospermas,<br />
observa que a porcentagem de gêneros e espécies endêmicas<br />
é bem menor nas pteridófitas do que nas angiospermas,<br />
afirmação corroborada pelos dados aqui<br />
apresentados.<br />
Entretanto, a riqueza encontrada não está distribuída<br />
de forma uniforme ao longo da extensão geográfica<br />
da Cadeia do Espinhaço; na região do Quadrilátero Ferrífero<br />
ocorrem 380 espécies e cinco variedades; na região<br />
da Serra do Cipó, 263 espécies; no Planalto de Diamantina,<br />
215 espécies; na Serra do Cabral, apenas 43;<br />
na região norte da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais<br />
(Serra de Grão Mogol e serras adjacentes, ao norte<br />
do Planalto de Diamantina), 71 espécies e na região da<br />
Chapada Diamantina, p<strong>arte</strong> baiana da Cadeia do<br />
espinhaço, ocorrem 115 espécies. É importante ressaltar<br />
que tanto a região Norte da Cadeia em Minas Gerais<br />
(Serra de Jaíba) e a região da Serra do Cabral são áreas<br />
onde foram feitas poucas coletas de pteridófitas. A heterogeneidade<br />
da riqueza nas diferentes regiões do<br />
Espinhaço está relacionada com a influência dos biomas<br />
adjacentes, principalmente nas formações florestais. A<br />
Serra do Cabral, por exemplo, está circundada por formações<br />
campestres e savânicas do bioma Cerrado; a<br />
Chapada Diamantina apresenta influência dos elementos<br />
da Caatinga; e o Quadrilátero Ferrífero, a Serra do<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Cipó e o Planalto de Diamantina apresentam grande<br />
influência da Mata Atlântica.<br />
Várias das espécies aqui listadas são citadas pela primeira<br />
vez para o estado de Minas Gerais. São elas:<br />
Cyathea bipinnatifida, antes conhecida somente dos estados<br />
do Acre e Roraima; Oleandra articulata, conhecida<br />
apenas do norte do país; Culcita coniifolia, citada apenas<br />
para os estados de Rio de Janeiro e São Paulo;<br />
Lellingeria pumila, antes considerada endêmica do estado<br />
do Espírito Santo; Lellingeria schenckii, amplamente<br />
distribuída na Mata Atlântica em toda a região sudeste<br />
e sul do Brasil; Micropolypodium setosum, espécie amplamente<br />
distribuída no domínio da Mata Atlântica nos<br />
estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa<br />
Catarina; Isoetes gigantea, registrado para a Serra dos<br />
Órgãos e para a Cadeia do Espinhaço no município de<br />
Rio de Contas, Chapada Diamantina; Elaphoglossum<br />
bahiense, antes só registrado para o estado da Bahia;<br />
Elaphoglossum discolor, conhecido anteriormente somente<br />
da região Amazônica; Lycopodiella benjaminiana, antes<br />
conhecida apenas do estado do Mato Grosso;<br />
Niphidium rufosquamatum, amplamente distribuída por<br />
toda a região sul do Brasil; Eriosorus flexuosus, espécie<br />
citada erroneamente por Tryon (1970) para o estado<br />
do Espírito Santo, com base em uma coleta de Glaziou<br />
(15739) na localidade “Cerro Batatal” (essa localidade<br />
na verdade faz p<strong>arte</strong> do complexo da Serra do Caraça,<br />
município de Catas Altas, localizado no Quadrilátero<br />
Ferrífero). Além disso, no período da referida coleta,<br />
Glaziou não esteve no estado do Espírito Santo, e uma<br />
coleta recente da RPPN Santuário do Caraça (Salino,<br />
9576) identificada como E. flexuosus corrobora a correção<br />
da citação de Tryon; Schizaea poeppigiana, espécie<br />
citada no Brasil para os estados do Amazonas, Santa<br />
Catarina e para o Distrito Federal; Megalastrum abundans,<br />
conhecida anteriormente apenas das florestas costeiras<br />
do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul; e por fim<br />
Megalastrum grande, planta conhecida anteriormente<br />
apenas das florestas da Serra do Mar, em São Paulo, Rio<br />
de Janeiro e Espírito Santo.<br />
Lycopodiella iuliformis, Melpomene xiphopteroides e<br />
Microgramma geminata são espécies já registradas na<br />
Cadeia do Espinhaço, mas apenas no estado da Bahia<br />
(Chapada Diamantina), sendo inéditos os registros em<br />
Minas Gerais.<br />
De todas as espécies registradas, 42 foram consideradas<br />
ameaçadas de extinção na Revisão da Lista Vermelha<br />
das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora do<br />
Estado de Minas Gerais (Alexandre Salino & Thaís Elias<br />
Almeida, dados não publicados). Esse valor representa<br />
aproximadamente 10% de todas as espécies que ocor-
em na Cadeia do Espinhaço, sem contar as espécies<br />
que ocorrem exclusivamente na Chapada Diamantina<br />
e não têm avaliação quanto ao seu estado de conservação.<br />
Apenas 11 espécies consideradas ameaçadas<br />
não se encontram em nenhuma Unidade de Conservação<br />
na Cadeia do Espinhaço. São elas: Blechnum<br />
sampaioanum, Dryopteris patula, Cochlidium pumilum,<br />
Hymenophyllum silveirae, Ophioglossum crotalophoroides,<br />
O. ellipticum, Microgramma lycopodioides, Argyrochosma<br />
nivea var. flava, Pellaea cymbiformis, P. riedelii e Trachypteris<br />
pinnata.<br />
Em uma rápida avaliação da eficiência das Unidades<br />
de Conservação existentes na Cadeia do Espinhaço com<br />
relação às espécies de pteridófitas, encontramos resultados<br />
razoavelmente favoráveis. Aproximadamente<br />
75,4% dos táxons (354) listados nesse trabalho estão<br />
sob proteção legal em uma ou mais Unidades de Conservação<br />
de Proteção Efetiva. As UC’s das quais foram<br />
obtidos dados são: Estação Ecológica de Fechos (Nova<br />
Lima, MG), Estação Ecológica do Tripuí (Ouro Preto, MG),<br />
Parque Estadual do Itacolomi (Ouro Preto e Mariana,<br />
MG), Parque Estadual da Serra do Cabral (Buenópolis e<br />
Joaquim Felício, MG), Parque Estadual do Biribiri (Diamantina,<br />
MG), Parque Estadual do Pico do Itambé (Santo<br />
Antônio do Itambé, MG), Parque Estadual do Rio Preto<br />
(São Gonçalo do Rio Preto, MG), Parque Estadual da<br />
Serra Negra (Itamarandiba, MG), Estação Ecológica de<br />
Acauã (Turmalina e Leme do Prado, MG), Parque Nacional<br />
da Serra do Cipó (Santana do Riacho e Conceição<br />
do Mato Dentro, MG), Parque Estadual da Serra do<br />
Intendente (Conceição do Mato Dentro, MG), RPPN Santuário<br />
do Caraça (Catas Altas, MG), RPPN Andaime (Rio<br />
Acima, MG), RPPN Capitão do Mato (Nova Lima, MG),<br />
RPPN Mata do Jambreiro (Nova Lima, MG), RPPN Tumbá<br />
(Nova Lima, MG), Parque Estadual do Morro do Chapéu<br />
(Morro do Chapéu, BA) e Parque Nacional da Chapada<br />
Diamantina (Lençóis, Palmeiras, Andaraí e Mucugê, BA),<br />
sendo que os dados dos dois últimos parques são do<br />
trabalho de Nonato (2005). Várias das Unidades existentes<br />
– especialmente as públicas – estão em fase de<br />
implementação ou são muito recentes e têm problemas<br />
para proteger efetivamente as espécies. Os principais<br />
impactos vêm de criação de gado, posseiros, extrativismo<br />
predatório, caça, poluição, etc. dentro de<br />
seus limites. Dentro desse quadro, destacam-se as reservas<br />
particulares, que muitas vezes contam com mais<br />
recursos e pessoal para patrulhar e monitorar os seus<br />
limites.<br />
Algumas regiões da Cadeia do Espinhaço consideravelmente<br />
ricas não estão dentro de nenhuma Unidade<br />
de Conservação efetiva. A região do município de Ouro<br />
Salino & Almeida | 83<br />
Preto, do ponto de vista biogeográfico, é única, apresentando<br />
relevo acidentado, altitudes elevadas (chegando<br />
a mais de 1800 m), a peculiaridade de possuir um<br />
solo ferruginoso e uma forte influência de elementos<br />
da Mata Atlântica. Além disso, existem esforços contínuos<br />
de coleta nessa localidade há mais de 100 anos.<br />
Essa região abriga nove das 19 espécies restritas ao<br />
Espinhaço e aproximadamente metade das espécies que<br />
não ocorrem em nenhuma Unidade de Conservação,<br />
sendo ainda uma das regiões mais ricas da Cadeia. Outras<br />
regiões também são dignas de nota, como a região<br />
do entorno do Parque Nacional da Serra do Cipó, e a<br />
região de Diamantina, especialmente no município de<br />
Gouveia e o entorno do Parque Estadual do Rio Preto<br />
(APA Felício).<br />
Quanto à distribuição geográfica das espécies, podese<br />
agrupar as mesmas em cinco situações distintas:<br />
1) Plantas que possuem ampla distribuição geográfica<br />
e ocorrem em variados biomas e ecossistemas. Essas<br />
plantas possuem maior tolerância a variações ambientais,<br />
e normalmente são encontradas em situações<br />
ecológicas bem distintas ao longo de sua área<br />
de ocorrência, e.g. Dicranopteris flexuosa, Pteridium<br />
arachnoideum, Rumohra adiantiformis, Anemia phyllitidis,<br />
Equisetum giganteum, etc.<br />
2) Plantas que ocorrem caracteristicamente na Mata<br />
Atlântica e acabam colonizando as formações florestais<br />
associadas à Cadeia do Espinhaço. É importante<br />
ressaltar que a existência dessas florestas torna possível<br />
a existência de um número tão alto de espécies<br />
na região. As chamadas matas nebulares (Floresta<br />
Ombrófila Densa Alto Montana) são exemplos típicos<br />
dessa situação, pois nesse ambiente espécies típicas<br />
da Floresta Atlântica costeira (Serra do Mar e<br />
Serra da Mantiqueira) são capazes de sobreviver, e.g.<br />
Megalastrum grande, Alsophila capensis, Polybotrya<br />
cylindrica, Thelypteris ireneae, Micropolypodium setosum<br />
e Lellingeria wittigiana, sendo que a última espécie é<br />
registrada pela primeira vez para a Cadeia do Espinhaço,<br />
conhecida anteriormente apenas na Serra da<br />
Mantiqueira e na Serra do Mar.<br />
3) Plantas que ocorrem em disjunção com os Andes<br />
e/ou as serras do Norte da América do Sul, na Mata<br />
Atlântica brasileira e na Cadeia do Espinhaço. A distribuição<br />
dessas espécies parece ser restrita aos pontos<br />
mais altos das regiões montanhosas. Esses picos<br />
equivalem a “ilhas” biogeográficas, apresentando<br />
condições ambientais similares, sendo separados por<br />
áreas não tão favoráveis ao estabelecimento de certas<br />
espécies. As populações de espécies disjuntas<br />
chegam a estar separadas por mais de 1.000km de<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
84 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
istância. Exemplos podem ser encontrados ao longo<br />
de toda a Cadeia, destacando-se certas espécies como<br />
Melpomene xiphopteroides, espécie conhecida das serras<br />
do norte do país (Labiak & Prado, 2005), da<br />
Chapada Diamantina (Nonato, 2005) e como registro<br />
inédito do Pico do Itambé, município de Santo<br />
Antônio do Itambé, no Planalto de Diamantina, Minas<br />
Gerais. Já a espécie Lycopodiella iuliformis, outra<br />
que segue o mesmo padrão descrito anteriormente,<br />
tem registros para a Amazônia brasileira (Øllgaard &<br />
Windisch, 1987), para a Chapada Diamantina<br />
(Nonato, 2005) e para a Serra de Grão Mogol, região<br />
norte da Cadeia do Espinhaço no estado de Minas<br />
Gerais. Outro registro interessante é o de Eriosorus<br />
flexuosus para a Serra do Caraça. Essa espécie possui<br />
distribuição ampla na América do Sul (Andes) e o<br />
único registro para o Brasil é do Pico do Inficcionado.<br />
Muitos outros exemplos dessas disjunções relacionadas<br />
às “ilhas” biogeográficas dos picos da Cadeia<br />
do Espinhaço devem existir, sendo desconhecidos até<br />
o momento por ausência de informações ou por falta<br />
de coletas.<br />
4) Em alguns casos, observam-se grupos de plantas que<br />
não são necessariamente exclusivos da Cadeia do<br />
Espinhaço, mas apresentam uma riqueza maior nos<br />
campos rupestres e formações associadas, e.g. os<br />
gêneros Anemia, Pellaea e Cheilanthes. Esses gêneros<br />
apresentam espécies endêmicas e uma riqueza significativa<br />
em campos rupestres existentes fora da<br />
Cadeia do Espinhaço, como no estado de Goiás. Outro<br />
exemplo interessante é o gênero Huperzia, que<br />
ocorre em todo o Neotrópico. Entretanto, a região<br />
que apresenta o maior número de espécies são os<br />
Andes, e aproximadamente 70% dessas são endêmicas<br />
(Øllgaard, 1996). O mesmo autor cita a região<br />
Sudeste e Sul do Brasil como a segunda em número<br />
de endemismos, apesar do número de espécies que<br />
ocorrem nessa região ser bem menor do que na região<br />
andina. Alguns dos endemismos brasileiros do<br />
gênero estão na Cadeia do Espinhaço (Tabela 2). A<br />
espécie Huperzia itambensis, endêmica do estado de<br />
Minas Gerais, tem sua distribuição restrita ao Pico<br />
do Itambé (Santo Antônio do Itambé) e ao Pico Dois<br />
Irmãos (São Gonçalo do Rio Preto), que distam entre<br />
si aproximadamente quarenta quilômetros em linha<br />
reta. Essa espécie só ocorre acima de 1500 metros.<br />
Já na Serra do Caraça (Quadrilátero Ferrífero), ocorre<br />
Huperzia rubra, restrita a essa serra, e somente<br />
associada a espécies de Vellozia acima dos 1700<br />
metros de altitude. Segundo dados de literatura e<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
de herbários (Vasconcelos et al., 2002), H. rubra apresentava<br />
uma distribuição mais ampla dentro do Quadrilátero<br />
Ferrífero. Sua ocorrência também já foi registrada<br />
para a Serra da Piedade (município de Caeté<br />
– ano de 1915), Serra do Itacolomi (município de<br />
Ouro Preto – ano de 1902), e embora esforços de<br />
coleta tenham sido dispendidos recentemente nessas<br />
localidades, a única população remanescente<br />
atualmente conhecida se localiza na RPPN Santuário<br />
do Caraça. O terceiro caso de endemismo é Huperzia<br />
mooreana, espécie restrita à Serra do Sincorá, na Bahia<br />
(Chapada Diamantina).<br />
A existência de áreas na Cadeia do Espinhaço com<br />
pouca ou nenhuma amostragem botânica e de áreas<br />
muito bem amostradas gera um viés na discussão de<br />
riqueza, distribuição e conservação de espécies. Estudos<br />
posteriores podem – e devem – alterar os dados<br />
acima discutidos.<br />
A relação da riqueza de pteridófitas com as regiões<br />
serranas é um padrão que emerge dos dados apresentados,<br />
corroborando citações da literatura, como de<br />
Tryon (1972) e Moran (1995b). Além da riqueza, a Cadeia<br />
do Espinhaço apresenta importância extrema do<br />
ponto de vista biogeográfico, visto que ela se apresenta<br />
como ponte entre a região Sudeste e Sul do Brasil e<br />
a região sul dos Andes. Ela serve não só como abrigo<br />
para grupos oriundos dos Andes, mas como área de<br />
dispersão desse grande centro de diversidade e endemismo<br />
para a Mata Atlântica brasileira. A rota inversa<br />
também deve ser verdadeira.<br />
O alto número de espécies e suas relações biogeográficas<br />
mostram quão estratégico é conservar a biodiversidade<br />
presente na Cadeia do Espinhaço, conservando<br />
não só o patrimônio genético, mas também p<strong>arte</strong><br />
da história das espécies na América do Sul.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
À Fundação O Boticário de Proteção à Natureza pelo apoio<br />
financeiro dado ao projeto “Riqueza, distribuição geográfica<br />
e conservação das pteridófitas no Estado de Minas<br />
Gerais, Brasil”, que proporcionou gerar muitos dados<br />
apresentados neste artigo. Ao colega Gustavo<br />
Heringer pela ajuda nos trabalhos de campo e apoio no<br />
laboratório. À Biotrópicos, Conservação Internacional e<br />
Fundação Biodiversitas pelo convite e apoio. Ao IBAMA<br />
e IEF-MG pela concessão de licenças de coleta e pesquisa<br />
e pelo apoio nas Unidades de Conservação. Ao revisor<br />
do manuscrito pelas sugestões e correções.
Salino & Almeida | 85<br />
TABELA 1 – Lista das espécies de pteridófitas ocorrentes na Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia), Brasil.<br />
A fonte refere-se à citação de herbário ou de bibliografia. Legenda das regiões: QF = Quadrilátero Ferrífero/MG, SC = Serra do<br />
Cipó/MG, PD = Planalto de Diamantina/MG, CA = Serra do Cabral/MG, GM = região de Grão Mogol/MG e CD = Chapada da<br />
Diamantina/BA. * registro novo para Minas Gerais; ** espécie ameaçada em Minas Gerais; *** registro novo para Minas Gerais<br />
e espécie ameaçada em Minas Gerais.<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
Aspleniaceae<br />
Antigramma balansae (Baker) L. Sylvestre & P.G. Windisch BHCB • •<br />
Asplenium abscissum Willd. BHCB • •<br />
A. auriculatum Sw. BHCB • • • •<br />
A. auritum Sw. BHCB • • • •<br />
A. campos-portoi Brade ** BHCB • •<br />
A. claussenii Hieron. BHCB •<br />
A. cristatum Lam. BHCB •<br />
A. feei Kunze ex Fée BHCB • • •<br />
A. formosum Willd. BHCB •<br />
A. harpeodes Kunze BHCB • •<br />
A. inaequilaterale Willd. BHCB •<br />
A. incurvatum Fée BHCB •<br />
A. kunzeanum Klotzsch ex Rosenst. BHCB •<br />
A. mucronatum C. Presl BHCB •<br />
A. olygophyllum Kaulf. BHCB • •<br />
A. otites Link BHCB •<br />
A. pediculariifolium A. St.-Hil. BHCB • • • •<br />
A. praemorsum Sw. BHCB • • • •<br />
A. pseudonitidum Hook. BHCB • •<br />
A. pteropus Kaulf. BHCB •<br />
A. pulchellum Raddi BHCB •<br />
A. pumilum Sw. ** BHCB • •<br />
A. raddianum Gaudich. BHCB •<br />
A. radicans L. var. radicans BHCB •<br />
A. radicans var. cirrhatum (Rich. ex Willd.) Rosenst. BHCB • •<br />
A. radicans var. uniseriale (Raddi) L.D. Gómez BHCB •<br />
A. scandicinum Kaulf. BHCB •<br />
A. schwackei Christ ** BHCB •<br />
A. serra Langsd. & Fisch. var. serra BHCB • • • • •<br />
A. serra var. geraense C. Chr. BHCB • • • •<br />
A. serratum L. BHCB •<br />
A. stuebelianum Hieron. BHCB •<br />
A. triquetrum Murakami & R.C. Moran BHCB • •<br />
A. wacketii Rosenst.<br />
Blechnaceae<br />
BHCB • •<br />
Blechnum asplenioides Sw. BHCB • • • • • •<br />
B. austrobrasilianum de la Sota BHCB • •<br />
B. binervatum ssp. acutum (Desv.) R.M. Tryon & Stolze BHCB • • •<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
86 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
B. brasiliense Desv. BHCB • • •<br />
B. cordatum (Desv.) Hieron. BHCB • • • • • •<br />
B. divergens (Kunze) Mett. BHCB • •<br />
B. glaziovii Christ BHCB • • • •<br />
B. gracile Kaulf. BHCB • •<br />
B. lanceola Sw. BHCB •<br />
B. lehmannii Hieron. BHCB • •<br />
B. occidentale L. BHCB • • • • • •<br />
B. polypodioides Raddi BHCB • • • • •<br />
B. proliferum Rosenst. BHCB • • •<br />
B. pteropus (Kunze) Mett. BHCB • •<br />
B. sampaioanum Brade ** BHCB •<br />
B. schomburgkii (Klotzsch) C. Chr. BHCB • • • • • •<br />
B. serrulatum Rich. BHCB • • • •<br />
B. x caudatum Cav. BHCB • •<br />
Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J. Sm. BHCB • • • •<br />
Cyatheaceae<br />
Alsophila capensis ssp. polypodioides (Sw.) Conant BHCB • •<br />
A. setosa Kaulf. BHCB •<br />
A. sternbergii (Sternb.) Conant BHCB •<br />
Cnemidaria uleana (Samp.) R.M. Tryon var. uleana BHCB • • •<br />
Cyathea bipinnatifida (Baker) Domin *** Salino 9955 • •<br />
C. corcovadensis (Raddi) Domin BHCB • • •<br />
C. delgadii Sternb. BHCB • • • • • •<br />
C. dichromatolepis (Fée) Domin BHCB • •<br />
C. leucofolis Domin BHCB •<br />
C. microdonta (Desv.) Domin BHCB •<br />
C. phalerata Mart. BHCB • • • • • •<br />
C. poeppigii (Hook.) Domin BHCB •<br />
C. rufa (Fée) Lellinger BHCB • •<br />
C. villosa Willd. BHCB • • • • •<br />
Sphaeropteris gardneri (Hook.) R.M. Tryon BHCB • • •<br />
Davalliaceae<br />
Nephrolepis cordifolia (L.) C. Presl BHCB • •<br />
N. occidentalis Kunze BHCB •<br />
N. pectinata (Willd.) Schott BHCB • • •<br />
N. pendula (Raddi) J. Sm. BHCB •<br />
N. rivularis (Vahl) Mett. BHCB • •<br />
Oleandra articulata (Sw.) C. Presl * Salino 8851 • • •<br />
O. hirta Brack. BHCB • •<br />
Dennstaedtiaceae<br />
Dennstaedtia cicutaria (Sw.) T. Moore BHCB •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
D. dissecta (Sw.) T. Moore BHCB • • •<br />
D. globulifera (Poir.) Hieron. BHCB •<br />
Histiopteris incisa (Thunb.) J. Sm. BHCB • • • •<br />
Hypolepis aquilinaris (Fée) Christ BHCB • •<br />
H. repens (L.) C. Presl BHCB •<br />
Lindsaea arcuata Kunze BHCB • • •<br />
L. bifida (Kaulf.) Mett. ex Kuhn BHCB • •<br />
L. botrychioides A. St.-Hil. BHCB •<br />
L. divaricata Klotzsch BHCB •<br />
L. guianensis (Aubl.) Dryand. BHCB •<br />
L. lancea (L.) Bedd. BHCB • • • •<br />
L. ovoidea Fée Bibliografia •<br />
L. quadrangularis Raddi BHCB • • • •<br />
L. stricta (Sw.) Dryand. BHCB • • • • • •<br />
L. virescens Sw. BHCB • •<br />
Paesia glandulosa (Sw.) Kuhn BHCB • •<br />
Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon BHCB • • • • • •<br />
Saccoloma elegans Kaulf. BHCB • •<br />
S. inaequale (Kunze) Mett. BHCB • • •<br />
Dicksoniaceae<br />
Culcita coniifolia (Hook.) Maxon *** Mota 1469 •<br />
Dicksonia sellowiana Hook. BHCB • •<br />
Dryopteridaceae<br />
Arachniodes denticulata (Sw.) Ching BHCB • • • • •<br />
Cyclodium meniscioides (Willd.) C. Presl var. meniscioides BHCB • • •<br />
Didymochlaena truncatula (Sw.) J. Sm. BHCB •<br />
Dryopteris patula (Sw.) Underw. ** BHCB •<br />
D. wallichiana (Spreng) Hyl. var. wallichiana BHCB •<br />
Olfersia cervina (L.) Kunze BHCB • • •<br />
Polybotrya cylindrica Kaulf. BHCB •<br />
P. speciosa Schott BHCB • • •<br />
Polystichum montevidense (Spreng) Rosenst. BHCB •<br />
P. platyphyllum (Willd.) C. Presl BHCB •<br />
Rumohra adiantiformis (G. Forst.) Ching BHCB • • • • •<br />
Equisetaceae<br />
Equisetum giganteum L. BHCB •<br />
Gleichniaceae<br />
Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw. BHCB • • • • • •<br />
D. rufinervis (Mart.) Ching BHCB • • •<br />
Gleichenella pectinata (Willd.) Ching BHCB • • • •<br />
Sticherus bifidus (Willd.) Ching BHCB • •<br />
S. ferrugineus (Desv.) J. Gonzales BHCB •<br />
Salino & Almeida | 87<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
88 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
S. gracilis (Mart.) Copel. BHCB • • •<br />
S. lanosus (Christ) J. Gonzales BHCB •<br />
S. lanuginosus (Fée) Nakai BHCB • • • • • •<br />
S. nigropaleaceus (J. W. Sturm) Prado & Lellinger BHCB • •<br />
S. pruinosus (Mart.) Ching BHCB • •<br />
Grammitidaceae<br />
Ceradenia albidula (Baker) L.E. Bishop BHCB • •<br />
C. capillaris (Desv.) L.E. Bishop ** OUPR •<br />
C. spixiana (Mart. ex Mett.) L.E. Bishop BHCB • • •<br />
C. warmingii (C. Chr.) Labiak ** OUPR •<br />
Cochlidium pumilum C. Chr. ** OUPR • •<br />
C. punctatum (Raddi) L.E. Bishop BHCB • • • • •<br />
C. serrulatum (Sw.) L.E. Bishop BHCB • • • • •<br />
Grammitis fluminensis Fée BHCB • •<br />
G. leptopoda (C.H. Wright) Copel. ** BHCB •<br />
Lellingeria apiculata (Kunze ex Klotszch) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • • •<br />
L. brevistipes (Mett.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • •<br />
L. depressa (C. Chr.) A.R. Sm. & R.C. Moran ** BHCB •<br />
L. organensis (Gardner) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • •<br />
L. pumila Labiak *** Salino 8379 •<br />
L. schenckii (Hieron.) A.R. Sm. & R.C. Moran * Salino 8912 • • • •<br />
L. wittigiana (Fée & Glaziou) A.R. Sm. BHCB •<br />
Melpomene flabelliformis (Poir.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />
M. melanostica (Kunze) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • •<br />
M. pilosissima (M. M<strong>arte</strong>ns & Galeotti) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB • • • •<br />
M. xiphopteroides (Liebm.) A.R. Sm. & R.C. Moran * Almeida 611 • •<br />
Micropolypodium perpusillum (Maxon) A.R. Sm. ** BHCB • •<br />
M. setosum (Kaulf.) A.R. Sm. * Almeida 552 •<br />
Terpsichore achilleifolia (Kaulf.) A.R. Sm. BHCB • •<br />
T. chrysleri (Copel.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />
T. gradata (Baker) A.R. Sm. BHCB • •<br />
T. reclinata (Brack.) Labiak BHCB • • •<br />
Hymenophyllaceae<br />
Hymenophyllum asplenioides Sw. BHCB • • •<br />
H. caudiculatum Mart. BHCB • •<br />
H. elegans Spreng. BHCB • • • •<br />
H. fendlerianum J.W. Sturm BHCB • • •<br />
H. fragile (Hedw.) C.V. Morton BHCB • • •<br />
H. fucoides (Sw.) Sw. Bibliografia •<br />
H. hirsutum (L.) Sw. BHCB • • • •<br />
H. plumosum Kaulf. BHCB • • •<br />
H. polyanthos Sw. BHCB • • • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
H. pulchellum Schltdl. & Cham. BHCB • • •<br />
H. rufum Fée BHCB • • •<br />
H. sampaioanum Brade & Rosenst. *** Salino 8861 •<br />
H. silveirae Christ ** BHCB •<br />
Trichomanes anadromum Rosenst. BHCB • •<br />
T. angustatum Carmich. BHCB • • • •<br />
T. cristatum Kaulf. BHCB • • • •<br />
T. diaphanum Humb. & Bonpl. ex Kunth BHCB • • • •<br />
T. elegans Rich. BHCB • •<br />
T. hymenoides Hedw. BHCB •<br />
T. krausii Hook. & Grev. BHCB • • •<br />
T. pellucens Kunze BHCB • •<br />
T. pilosum Raddi BHCB • • • • •<br />
T. pinnatum Hedw. BHCB • • • •<br />
T. polypodioides L. BHCB • • • •<br />
T. radicans Sw. BHCB •<br />
T. rigidum Sw. BHCB • • • • •<br />
T. rupestre (Raddi) v. d. Bosch BHCB •<br />
Isoetaceae<br />
Isoetes gigantea U. Weber * Salino 1503 •<br />
Isoetes sp. BHCB •<br />
Lomariopsidaceae<br />
Elaphoglossum acrocarpum (Mart.) T. Moore BHCB •<br />
E. actinotrichum (Mart.) T. Moore BHCB • •<br />
E. badinii Novelino UB •<br />
E. bahiense Rosenst. * BHCB •<br />
E. balansae C. Chr. BHCB • • • •<br />
E. burchelii (Baker) C. Chr. BHCB • • • •<br />
E. decoratum (Kunze) T. Moore BHCB • • •<br />
E. discolor (Kuhn) C. Chr. * BHCB •<br />
E. edwalii Rosenst. BHCB • • •<br />
E. erinaceum (Fée) T. Moore BHCB • • •<br />
E. ernestii Brade OUPR •<br />
E. eximium (Mett.) Christ BHCB • •<br />
E. gardnerianum (Kunze ex Fée) T. Moore BHCB • • • •<br />
E. gayanum (Fée) T. Moore BHCB • •<br />
E. glabellum J. Sm. BHCB • • •<br />
E. horridulum (Kaulf.) J. Sm. BHCB •<br />
E. hymenodiastrum (Fée) Brade BHCB • • •<br />
E. iguapense Brade BHCB •<br />
E. inaequalifolium (Jenm.) C. Chr. NY •<br />
E. itatiayense Rosenst. BHCB • •<br />
Salino & Almeida | 89<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
90 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
E. langsdorffii (Hook. & Grev.) T. Moore BHCB • • •<br />
E. lindbergii (Mett.) Rosenst. BHCB •<br />
E. lingua (C. Presl) Brack. BHCB • • •<br />
E. lisboae Rosenst. BHCB •<br />
E. longifolium (Jacq.) J. Sm. BHCB • •<br />
E. luridum (Fée) Christ BHCB • • •<br />
E. macahense (Fée) Rosenst. BHCB • •<br />
E. macrophyllum (Mett.) Christ BHCB • • •<br />
E. minutum (Pohl ex Fée) T. Moore BHCB • •<br />
E. nanuzae Novelino BHCB • •<br />
E. nigrescens (Hook.) T. Moore BHCB • •<br />
E. obliquatum (Fée) Christ BHCB •<br />
E. ornatum (Mett.) Christ BHCB •<br />
E. peltatum (Sw.) Urban ** BHCB • •<br />
E. petiolatum (Sw.) Urban NY •<br />
E. plumosum (Fée) T. Moore BHCB • • •<br />
E. productum Rosenst. BHCB •<br />
E. scapellum (Kunze ex Fée) T. Moore BHCB • • •<br />
E. schwackeanum Brade BHCB •<br />
E. spathulatum (Bory) T. Moore NY •<br />
E. strictum (Raddi) T. Moore BHCB • • •<br />
E. tamandarei Brade BHCB • • •<br />
E. tectum (Humb. & Bonpl. ex Willd.) T. Moore BHCB • • •<br />
E. tenuiculum (Fée) T. Moore BHCB •<br />
E. vagans (Mett.) Hieron. BHCB • • • •<br />
Lomagramma guianensis (Aubl.) C. Presl BHCB • •<br />
Lomariopsis marginata (Schrad.) Kuhn BHCB •<br />
Lophosoriaceae<br />
Lophosoria quadripinnata (J. F. Gmel.) C. Chr. BHCB • • • •<br />
Lycopodiaceae<br />
Huperzia acerosa (Sw.) Holub Bibliografia •<br />
H. biformis (Hook.) Holub BHCB • • •<br />
H. comans (Nessel) B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB •<br />
H. flexibilis (Fée) B. Øllg. BHCB • •<br />
H. fontinaloides (Spring) Trevis. BHCB •<br />
H. heterocarpon (Fée) Holub BHCB •<br />
H. intermedia Trevis. BHCB • • • •<br />
H. itambensis B. Øllg. & P. G. Windisch ** BHCB •<br />
H. martii (Wawra) Holub ** BHCB •<br />
H. mollicoma (Spring) Holub BHCB •<br />
H. mooreana (Baker) Holub SPF •<br />
H. pungentifolia (Silveira) B. Øllg. BHCB • • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
H. recurvifolia Rolleri Bibliografia •<br />
H. reflexa (Lam.) Trevis. BHCB • • •<br />
H. rubra (Cham. & Schlecht) Trevis. ** BHCB •<br />
H. sellowiana (Herter) B. Øllg. OUPR •<br />
Lycopodiella alopecuroides (L.) Cranfill BHCB • • • • •<br />
L. benjaminiana P.G. Windisch *** Salino 9963 • •<br />
L. camporum B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB • • • • • •<br />
L. carnosa (Silveira) B. Øllg. BHCB • • •<br />
L. caroliniana (L.) Pic.-Serm. BHCB • • • •<br />
L. cernua (L.) Pic.-Serm. BHCB • • • • • •<br />
L. geometra B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB • • • •<br />
L. iuliformis (Underw. & F.E. Lloyd) B. Øllg. * CFCR 10846 (SPF) • •<br />
L. pendulina (Hook.) B. Øllg. BHCB • • •<br />
Lycopodium clavatum L. BHCB • • • •<br />
L. thyoides Willd. BHCB • •<br />
Marattiaceae<br />
Danaea elliptica Sm. BHCB • •<br />
D. moritziana C. Presl BHCB • •<br />
Marattia cicutifolia Kaulf. BHCB • •<br />
Ophioglossaceae<br />
Cheiroglossa palmata (L.) C. Presl BHCB • •<br />
Ophioglossum crotalophoroides Wall. ** BHCB •<br />
O. ellipticum Hook. & Grev. ** BHCB • •<br />
O. reticulatum L. BHCB • •<br />
Osmundaceae<br />
Osmunda cinnamomea L. BHCB • • • • • •<br />
O. regalis L. BHCB • • •<br />
Polypodiaceae<br />
Campyloneurum acrocarpon Fée BHCB •<br />
C. aglaolepis (Alston) de la Sota BHCB • •<br />
C. angustifolium (Sw.) Fée Bibliografia • •<br />
C. austrobrasilianum (Alston) de la Sota BHCB • •<br />
C. centrobrasilianum Lellinger BHCB • •<br />
C. decurrens (Raddi) C. Presl BHCB •<br />
C. nitidum (Kaulf.) C. Presl BHCB • • •<br />
C. phyllitidis (L.) C. Presl Bibliografia •<br />
C. rigidum J. Sm. BHCB • •<br />
Microgramma geminata (Schrad.) R.M. Tryon *** Salino 10900 •<br />
M. lycopodioides (L.) Copel. ** Bibliografia •<br />
M. percussa (Cav.) de la Sota BHCB • •<br />
M. squamulosa (Kaulf.) de la Sota BHCB • • • •<br />
M. tecta (Kaulf.) Alston var. tecta BHCB • • •<br />
Salino & Almeida | 91<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
92 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
M. vaccinniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. BHCB • •<br />
Niphidium crassifolium (L.) Lellinger BHCB • • • • • •<br />
N. rufosquamatum Lellinger * Salino 9322 •<br />
Pecluma camptophyllaria (Fée) M.G. Price BHCB • •<br />
P. filicula (Kaulf) M.G. Price BHCB • • •<br />
P. pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price BHCB • • • • •<br />
P. pilosa (A.M. Evans) M. Kessler & A.R. Sm. BHCB • •<br />
P. plumula (Humb. & Bonpl. ex Willd.) M.G. Price BHCB • • •<br />
P. recurvata (Kaulf.) M.G. Price BHCB • •<br />
P. robusta (Fée) M. Kessler & A.R. Sm. BHCB • • • •<br />
P. truncorum (Lindm.) M.G. Price BHCB • •<br />
Phlebodium pseudoaureum (Cav.) Lellinger BHCB • • • • •<br />
Pleopeltis astrolepis (Liebm.) Fourn. BHCB • • •<br />
P. macrocarpa (Willd.) Kaulf. BHCB • • • •<br />
P. pleopeltifolia (Raddi) Alston BHCB • •<br />
P. squalida (Vell.) de la Sota BHCB • •<br />
Polypodium chnoophorum Kunze BHCB •<br />
P. hirsutissimum Raddi BHCB • • • • •<br />
P. lepidopteris (Langsd. & Fisch.) Kunze Bibliografia •<br />
P. minarum Weath. BHCB • • • •<br />
Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm. BHCB • • • •<br />
S. fraxinifolium (Jacq.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />
S. latipes (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm. BHCB • • • •<br />
S. mexiae (Copel.) A.R. Sm. UC •<br />
S. triseriale (Sw.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />
S. vacillans (Link) A.R. Sm. BHCB • • •<br />
Pteridaceae<br />
Acrostichum danaeifolium Langsd. & Fisch. Bibliografia •<br />
Adiantopsis chlorophylla (Sw.) Fée BHCB • •<br />
A. perfasciculata Sehnem BHCB • •<br />
A. radiata (L.) Fée BHCB • •<br />
A. regularis (Kunze) T. Moore BHCB • • •<br />
Adiantum abscissum Schrad. BHCB •<br />
A. concinnum Humb. & Bonpl. ex Willd. ** BHCB •<br />
A. deflectens Mart. BHCB •<br />
A. glaucescens Klotzsch BHCB •<br />
A. gracile Fée BHCB • • •<br />
A. intermedium Sw. BHCB •<br />
A. latifolium Lam. BHCB •<br />
A. lorentzii Hieron. BHCB • •<br />
A. pentadactylon Langsd. & Fisch. BHCB •<br />
A. platyphyllum Sw. BHCB •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
A. poiretii Wikstr. BHCB •<br />
A. raddianum C. Presl BHCB •<br />
A. rhizophytum Schrad. BHCB •<br />
A. serratodentatum Willd. BHCB • •<br />
A. sinuosum Gardn. BHCB • • • •<br />
A. subcordatum Sw. BHCB • • • •<br />
A. terminatum Miq. BHCB •<br />
A. tetraphyllum Willd. BHCB •<br />
Argyrochosma nivea var. flava (Hook.) Ponce ** BHCB •<br />
Ceratopteris thalictroides (L.) Brongn. Bibliografia •<br />
Cheilanthes bradei Prado & A.R. Sm. BHCB • • •<br />
C. eriophora (Fée) Mett. BHCB • • •<br />
C. flexuosa Kunze BHCB • • • • •<br />
C. goyazensis (Taubert) Domin BHCB •<br />
C. pohliana (Kunze) Mett. Bibliografia •<br />
Doryopteris collina (Raddi) J. Sm. BHCB • • • • • •<br />
D. concolor (Langsd. & Fisch.) Kuhn BHCB • •<br />
D. crenulans (Fée) Christ BHCB •<br />
D. lomariacea Kaulf. BHCB • • • • • •<br />
D. ornithopus (Hook. & Baker) J. Sm. BHCB • • • • • •<br />
D. paradoxa (Fée) Christ BHCB • •<br />
D. pentagona Raddi BHCB • •<br />
D. rediviva Fée Bibliografia •<br />
D. sagittifolia (Raddi) J. Sm. BHCB •<br />
D. trilobata Prado SPF •<br />
D. varians (Raddi) J. Sm. BHCB • •<br />
Eriosorus flexuosus (Humb. & Bonpl. ex Kunth) Copel. *** Salino 9576 •<br />
E. insignis (Kuhn) A.F. Tryon ** BHCB • •<br />
E. myriophyllus (Sw.) Copel. BHCB • • • •<br />
E. sellowianus (Kuhn) Copel. ** BHCB • • •<br />
Hemionitis tomentosa (Lam.) Trevis. BHCB • •<br />
Pellaea crenata R.M. Tryon BHCB • • • •<br />
P. cymbiformis Prado ** SP •<br />
P. gleichenioides (Gardn.) Christ ** BHCB •<br />
P. pinnata (Kaulf.) Prantl BHCB • • • • •<br />
P. riedelii Baker ** BHCB • • •<br />
Pityrogramma calomelanos (L.) Link BHCB • • • • •<br />
P. trifoliata (L.) R.M. Tryon BHCB • •<br />
Pteris altissima Poir. BHCB •<br />
P. angustata (Fée) C.V. Morton BHCB •<br />
P. brasiliensis Raddi BHCB •<br />
Salino & Almeida | 93<br />
P. decurrens C. Presl BHCB • • • •<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
94 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
P. deflexa Link BHCB •<br />
P. denticulata Sw. var. denticulata BHCB • • •<br />
P. lechleri Mett. BHCB •<br />
P. leptophylla Sw. BHCB •<br />
P. longifolia L. BHCB •<br />
P. multifida Poir. BHCB •<br />
P. plumula Desv. BHCB •<br />
P. splendens Kaulf. BHCB • • •<br />
Trachypteris pinnata (Hook.) C. Chr. ** BHCB, SPF •<br />
Salviniaceae<br />
Azolla filiculoides Lam. Bibliografia •<br />
Salvinia auriculata Aublet Bibliografia •<br />
Schizaeaceae<br />
Anemia collina Raddi BHCB •<br />
A. elegans (Gardn.) C. Presl BHCB • • •<br />
A. ferruginea Humb. & Bonpl. ex Kunth BHCB • • • • •<br />
A. flexuosa (Sav.) Sw. BHCB •<br />
A. gardneri Hook. BHCB •<br />
A. glareosa Gardn. ** BHCB •<br />
A. hirsuta (L.) Sw. BHCB • • •<br />
A. humilis (Cav.) Sw. BHCB • •<br />
A. imbricata Sturm BHCB • • •<br />
A. lanuginosa Brongn. ex Sturm BHCB • • •<br />
A. mirabilis Brade Bibliografia •<br />
A. oblongifolia (Cav.) Sw. BHCB • • • • • •<br />
A. ouropretana Christ BHCB • •<br />
A. pallida Gardn. ** BHCB • •<br />
A. pastinacaria Prantl BHCB •<br />
A. phyllitidis (L.) Sw. BHCB • • •<br />
A. presliana Prantl BHCB • •<br />
A. raddiana Link BHCB • • •<br />
A. repens Raddi BHCB • •<br />
A. rotundifolia Schrad. BHCB •<br />
A. rutifolia Mart. BHCB • • • • •<br />
A. tenera Pohl ex Sturm BHCB •<br />
A. tomentosa Sw. BHCB • • • •<br />
A. villosa Humb. & Bonpl. ex Willd. BHCB • • • •<br />
A. warmingii Prantl ** BHCB •<br />
Lygodium venustum Sw. BHCB • • • •<br />
L. volubile Sw. BHCB • • •<br />
Schizaea elegans (Vahl) Sw. BHCB • • • • • •<br />
S. poeppigiana Sturm *** Salino 11200 •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
Selaginellaceae<br />
Selaginella contigua Baker BHCB • • •<br />
S. convoluta (Arnott) Spring BHCB •<br />
S. decomposita Spring BHCB • • •<br />
S. erectifolia Spring Bibliografia •<br />
S. erythropus (Mart.) Spring BHCB •<br />
S. flexuosa Spring BHCB • • • •<br />
S. fragillima Silveira BHCB • • • •<br />
S. jungermannioides (Gaudich.) Spring Bibliografia • • • •<br />
S. marginata (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Spring BHCB • • • • •<br />
S. muscosa Spring BHCB • • • •<br />
S. tenuissima Fée BHCB • •<br />
S. vestiens Baker F • •<br />
Tectaroaceae<br />
Ctenitis distans (Brack.) Ching BHCB • •<br />
C. falciculata (Raddi) Ching BHCB •<br />
C. submarginalis (Langsd. & Fisch.) Ching BHCB •<br />
Lastreopsis amplissima (C. Presl) Tindale BHCB • •<br />
L. effusa (Sw.) Tindale BHCB •<br />
Megalastrum abundans (Rosenst.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />
M. connexum (Kaulf.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />
M. crenulans (Fée) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />
M. grande (C. Presl) A.R. Sm. & R.C. Moran * Salino 8883 • •<br />
M. lasiernos (Spreng.) A.R. Sm. & R.C. Moran ** BHCB • •<br />
M. umbrinum (C. Chr.) A.R. Sm. & R.C. Moran BHCB •<br />
Tectaria incisa Cav. BHCB •<br />
T. pilosa (Fée) R.C. Moran BHCB •<br />
Thelypteridaceae<br />
Thelypteris amambayensis (Christ) Ponce BHCB • • •<br />
T. burkartii Abbiatti BHCB •<br />
T. cheilanthoides (Kunze) Proctor BHCB •<br />
T. chrysodioides var. goyazensis (Maxon & C.V. Morton) BHCB •<br />
C.V. Morton<br />
T. concinna (Willd.) Ching BHCB •<br />
T. conspersa (Schrad.) A.R. Sm. BHCB • • •<br />
T. gardneriana (Baker) C.F. Reed BHCB •<br />
T. glaziovii (Christ) C.F. Reed BHCB • • •<br />
T. hatschbachii A.R. Sm. BHCB •<br />
T. heineri (C. Chr.) C.F. Reed BHCB •<br />
T. hispidula (Decne.) C.F. Reed BHCB • •<br />
T. interrupta (Willd.) K. Iwats. BHCB • • • • •<br />
T. ireneae (Brade) Lellinger ** Salino 9577 • •<br />
Salino & Almeida | 95<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
96 | Diversidade e conservação das pteridófitas na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON FONTE QF SC PD CA GM CD<br />
T. jamesonii (Hook.) R.M. Tryon BHCB •<br />
T. leprieurii (Hook.) R.M. Tryon BHCB • • •<br />
T. longifolia (Desv.) R.M. Tryon BHCB • • • • •<br />
T. lugubris (Mett.) R.M. Tryon & A.F. Tryon BHCB •<br />
T. maxoniana A.R. Sm. BHCB • •<br />
T. mexiae (Copel.) Ching BHCB •<br />
T. neglecta (Brade) Lellinger BHCB •<br />
T. oligocarpa (Willd.) Ching BHCB • •<br />
T. opposita (Vahl) Ching BHCB • • • • • •<br />
T. pachyrhachis (Kunze ex Mett.) Ching BHCB •<br />
T. patens (Sw.) Small BHCB • • •<br />
T. ptarmica (Mett.) C.F. Reed BHCB • •<br />
T. raddii (Rosenst.) Ponce BHCB • •<br />
T. retusa (Sw.) C.F. Reed BHCB • • •<br />
T. rioverdensis (C.Chr.) Ponce BHCB •<br />
T. rivularioides (Fée) Abbiatti BHCB • • • • • •<br />
T. salzmannii (Fée) C.V. Morton BHCB • • • • •<br />
T. schwackeana (Christ) Salino BHCB •<br />
T. serrata (Cav.) Alston BHCB • •<br />
T. vivipara (Raddi) C.F. Reed BHCB •<br />
Vittariaceae<br />
Polytaenium lineatum (Sw.) J.Sm. BHCB •<br />
Radiovittaria gardneriana (Fée) E.H. Crane OUPR •<br />
R. stipitata (Kunze) E.H. Crane BHCB • •<br />
Vittaria graminifolia Kaulf. BHCB • • • •<br />
V. lineata (L.) Sm. BHCB • • • •<br />
Woodsiaceae<br />
Diplazium celtidifolium Kunze BHCB •<br />
D. cristatum (Desr.) Alston BHCB •<br />
D. expansum Willd. BHCB • •<br />
D. grandifolium Sw. BHCB •<br />
D. leptocarpon Fée BHCB • •<br />
D. lindbergii (Mett.) Christ BHCB •<br />
D. mutilum Kunze BHCB • •<br />
D. plantaginifolium (L.) Urban. BHCB • •<br />
D. rostratum Fée BHCB • •<br />
D. turgidum Rosenst. BHCB • •<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
TABELA 2 – Listagem das espécies de pteridófitas que ocorrem<br />
exclusivamente na Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia).<br />
TÁXON FONTE<br />
Aspleniaceae<br />
Asplenium serra var. geraense C. Chr. BHCB<br />
A. schwackei Christ BHCB<br />
Grammitidaceae<br />
Ceradenia warmingii (C. Chr.) Labiak OUPR<br />
Micropolypodium perpusillum (Maxon) A.R. Sm. BHCB<br />
Hymenophyllaceae<br />
Hymenophyllum silveirae Christ BHCB<br />
Lomariopsidaceae<br />
Elaphoglossum badinii Novelino UB<br />
E. nanuzae Novelino BHCB<br />
Lycopodiaceae<br />
Huperzia itambensis B. Øllg. & P. G. Windisch BHCB<br />
H. mooreana (Baker) Holub Bibliografia<br />
H. rubra (Cham. & Schltdl.) Trevis. BHCB<br />
Polypodiaceae<br />
Polypodium minarum Weath. BHCB<br />
Serpocaulon mexiae (Copel.) A.R. Sm. UC<br />
Pteridaceae<br />
Doryopteris trilobata Prado SPF<br />
Eriosorus sellowianus (Kuhn) Copel. BHCB<br />
Pellaea crenata R.M. Tryon BHCB<br />
P. cymbiformis Prado SP<br />
P. gleichenioides (Gardn.) Christ BHCB<br />
P. riedelii Baker BHCB<br />
Schizaeaceae<br />
Anemia rutifolia Mart. BHCB<br />
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Inventário e distribuição geográfica das gramíneas<br />
(Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
PEDRO LAGE VIANA 1,2 *<br />
TARCISO SOUZA FILGUEIRAS 2,3<br />
1 Departamento de Botânica. Instituto de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.<br />
2 Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, Brasil.<br />
3 Doutorando em Biologia Vegetal, <strong>UFMG</strong>/CAPES.<br />
* e-mail: vianapl@yahoo.com.br<br />
RESUMO<br />
As gramíneas estão entre as principais famílias de angiospermas e são componente notável na<br />
composição florística de ecossistemas savânicos, florestais e campestres no Brasil. A Cadeia<br />
do Espinhaço é marcada por um mosaico de diferentes tipos vegetacionais e, por consequência,<br />
abriga expressiva riqueza de Poaceae. O objetivo deste trabalho é realizar um levantamento<br />
das espécies de gramíneas da Cadeia do Espinhaço em setores estabelecidos (Quadrilátero<br />
Ferrífero, Espinhaço Central e Setor Baiano), assim como especular sobre possíveis influências<br />
florísticas de outros domínios fitogeográficos na flora de gramíneas do Espinhaço. Primeiramente,<br />
foi realizado o levantamento das espécies ocorrentes na Cadeia, por compilação de<br />
dados em literatura disponível. Posteriormente, foi investigado o padrão de distribuição geográfica<br />
dessas espécies, baseado na ocorrência em outros domínios fitogeográficos brasileiros.<br />
Como resultado, apresenta-se uma lista com 340 espécies de Poaceae, divididas em sete<br />
subfamílias e 88 gêneros. Dessas, 212 também ocorrem no domínio do Cerrado, 203 na Mata<br />
Atlântica, 86 na Amazônia, 76 no Pampa e 48 na Caatinga, Trinta e cinco espécies foram consideradas<br />
presumivelmente endêmicas da Cadeia do Espinhaço. A riqueza de Poaceae no Espinhaço,<br />
por setor, concentra-se no Espinhaço Central (241 spp.) seguido do Quadrilátero Ferrífero<br />
(201 spp) e Setor Baiano (178 spp.). Os padrões observados sugerem forte influência dos<br />
domínios do Cerrado e Mata Atlântica na flora agrostológica do Espinhaço.<br />
ABSTRACT<br />
The Poaceae (Gramineae) are one of the most important groups among flowering plants and is a<br />
noteworthy component of plant communities in most ecosystems in Brazil, including savanna<br />
vegetation, grasslands and forests. The “Cadeia do Espinhaço” is characterized by a mosaic of<br />
different vegetation types and, consequently, by considerable Poaceae diversisty. The aim of this<br />
paper is to present a checklist of the Poaceae species in the “Cadeia do Espinhaço”, divided in<br />
three regional sectors, and to discuss the relative importance of the adjacent biomes on the<br />
composition of the grassy flora of the Espinhaço. The checklist is based on a compilation of available<br />
literature, such as floristic inventories, taxonomic revisions and regional floras. A total of 340<br />
Poaceae species included in seven subfamilies and 88 genera were recorded. Of these, 212 also<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
100 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
occur on “Cerrado” domain, 203 on “Mata Atlântica”, 86 on “Amazônia”, 76 on “campos” and<br />
48 on “Caatinga”. Thirty-five species were considered probable endemics of the “Cadeia do Espinhaço”.<br />
The richness of Gramineae in the Espinhaço is concentrated in the “Espinhaço Central”<br />
(241 spp.), followed by the “Quadrilátero Ferrífero” (201 spp.) and “Setor Baiano” (178 spp.). The<br />
patterns observed suggest a high floristic influence of “Cerrado” and “Mata Atlântica” on the<br />
composition of the Poaceae flora of the Espinhaço.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Poaceae (Gramineae), representada por capins, bambus<br />
e cereais, constitui uma das principais famílias dentre<br />
as angiospermas. Pertence à ordem Poales, que engloba<br />
outras famílias importantes de monocotiledôneas,<br />
como Bromeliaceae, Cyperaceae e Eriocaulaceae (Judd<br />
et al., 2002). Inclui cerca de 10000 espécies distribuídas<br />
por todos os continentes do planeta (Clayton & Renvoize,<br />
1986; Watson & Dallwitz, 1992). De acordo com Grass<br />
Phylogeny Work Group (GPWG 2000), são reconhecidas<br />
para Poaceae 12 subfamílias: Anomochlooideae,<br />
Pharoideae, Puelioideae, Bambusoideae, Ehrhartoideae,<br />
Pooideae, Aristidoideae, Arundinoideae, Chloridoideae,<br />
Centothecoideae, Panicoideae e Danthonioideae.<br />
As gramíneas representam o componente básico de<br />
diversos ecossistemas terrestres, desempenhando papéis<br />
ecológicos diversos e contribuindo significativamente<br />
com a biodiversidade local. Ecossistemas<br />
savânicos tropicais, como o Cerrado brasileiro e a Savana<br />
africana, caracterizam-se pelo estrato herbáceo<br />
composto por um tapete graminoso, que ocupa<br />
biomassa expressiva e é base da cadeia alimentar (Jacobs<br />
et al., 1999; Shaw, 2000). Nesses ecossistemas verificase<br />
altíssima diversidade de espécies de Poaceae que se<br />
destaca como uma das mais importantes famílias na<br />
sua composição florística (Haase & Beck, 1989; Davis et<br />
al., 1994; Mendonça et al., 1998).<br />
Ambientes florestais também abrigam relevante diversidade<br />
de Poaceae. A subfamília Bambusoideae, representada<br />
pelos bambus, constitui uma importante linhagem<br />
que de diversificou em ambientes florestais,<br />
onde também se encontram os representantes mais primitivos<br />
da família Poaceae, como as pequenas subfamílias<br />
Anomochloideae e Pharoideae (Judziewicz et al.,<br />
1999). As florestas tropicais nos continentes da Ásia e<br />
América do Sul abrigam mais de 1000 espécies de bambus<br />
(McClure, 1966; Judziewicz et al., 1999), que são de<br />
extrema importância na composição florística nessas<br />
regiões.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Num estudo sobre a diversidade agrostológica brasileira,<br />
Burman (1985) citou 1368 espécies de gramíneas<br />
para o Brasil. Este estudo seminal precisa ser atualizado,<br />
uma vez que nos últimos 20 anos, táxons novos<br />
foram descritos e diversas novas citações foram<br />
registradas para o Brasil. Grande p<strong>arte</strong> da diverisidade<br />
de gramíneas no Brasil concentra-se nos domínios<br />
fitogeográficos do Cerrado, Pampa e Mata Atlântica<br />
(Burman, 1985). A Amazônia e a Caatinga carecem de<br />
inventários significativos com enfoque à família Poaceae<br />
para que se tenha uma noção mais concreta da sua diversidade<br />
agrostológica.<br />
No domínio da Mata Atlântica, onde se tem uma elevada<br />
diversidade de ecossistemas, observa-se também<br />
alta riqueza de gramíneas, destacando-se espécies e<br />
gêneros endêmicos (Soderstrom et al. 1988; Filgueiras<br />
& Santos-Gonçalves, 2004). Este bioma representa um<br />
dos centros de diversidade mundiais da subfamília<br />
Bambusoideae (Judziewicz et al., 1999), que figura entre<br />
os importantes elementos na composição florística<br />
e fisionômica dos seus diversos ecossistemas, como florestas<br />
ombrófilas, florestas estacionais, campos de altitude<br />
e restingas litorâneas. No Brasil, 65% das espécies<br />
nativas de Bambusoideae (151 spp.) ocorrem na<br />
Mata Atlântica (Filgueiras & Santos-Gonçalves, 2004).<br />
No Cerrado, que se caracteriza pela grande diversidade<br />
e endemismo vegetal (Myers et al., 2000), Fabaceae<br />
s.l., Asteraceae, Orchidaceae e Poaceae destacam-se com<br />
o maior número de espécies (Mendonça et al., 1998).<br />
Os grupos de Poaceae mais importantes na composição<br />
da flora do Cerrado, pertencem às subfamílias<br />
Panicoideae (Paspalum L., Panicum L., Axonopus P. Beauv.,<br />
Andropogon L.), Chloridoideae (Eragrostis Wolf, Sporobolus<br />
R.Br.) e Aristidoideae (Aristida L.).<br />
A Cadeia do Espinhaço é um complexo montanhoso<br />
que atravessa os estados de Minas Gerais e Bahia de<br />
norte a sul. Devido ao considerável gradiente altitudinal<br />
e longitudinal abrangidos, sua vegetação é bastante<br />
heterogênia e composta por um mosaico de tipos vegetacionais.<br />
(Giulietti et al., 1997, 2000). Ao longo de
sua extensão, representa o divisor fitogeográfico dos<br />
domínios Mata Atlântica a leste, e Cerrado e Caatinga a<br />
oeste, recebendo influência de várias regiões fitogeográficas.<br />
Como elemento fitofisionômico característico da<br />
Cadeia do Espinhaço citam-se os campos rupestres,<br />
associados geralmente a afloramentos rochosos quartzíticos.<br />
Os campos rupestres possuem fisionomia variada<br />
e elementos florísticos característicos, com alto<br />
grau de endemismo vegetal. Representam o centro de<br />
diversidade de diversos grupos vegetais. Nos campos<br />
ruprestes destacam-se as famílias Eriocaulaceae,<br />
Velloziaceae, Xyridaceae e vários grupos de Asteraceae,<br />
Melastomataceae, Lamiaceae, Verbenaceae (Giulietti et<br />
al., 1997, 2000) e até mesmo Poaceae, como o gênero<br />
Dichanthelium e Panicum sect. Lorea.<br />
Na Cadeia do Espinhaço, são comuns, ao longo dos<br />
cursos d’água, faixas de vegetação florestal formando<br />
as matas ciliares e matas de galeria (Meguro et al., 1996).<br />
São também freqüentes florestas mais extensas presentes<br />
em vales encaixados e encostas de serra e capões<br />
da mata ciscundados por formações campestres. Essas<br />
formações florestais ocorrem, com mais freqüencia, na<br />
vertente leste da Cadeia do Espinhaço. Encraves de cerrado,<br />
com seus elementos florísticos típicos, ocorrem<br />
com mais frequência na vertente oeste da Cadeia, geralmente<br />
em altitudes inferiores a 1000m.<br />
Inventários florísticos realizados na Cadeia do Espinhaço<br />
que incluem a família Poaceae são relativamente<br />
escassos, considerando a longa extensão desta cadeia<br />
montanhosa. Dentre os mais expressivos, destacam-se<br />
levantamentos florísticos gerais, realizados na Serra do<br />
Cipó (Giulietti et al., 1987), Serra do Ambrósio (Pirani et<br />
al., 1994), Serra da Calçada (Viana & Lombardi, 2007) e<br />
Grão Mogol (Longhi-Wagner & Todeschini, 2004) em<br />
Minas Gerais e em Mucugê (Harley & Mayo, 1980), Pico<br />
das Almas (Harley, 1995) e Catolés (Zappi et al., 2003)<br />
na Bahia.<br />
Dos trabalhos específicos sobre gramíneas na Cadeia<br />
do Espinhaço citam-se o estudo taxonômico da subfamília<br />
Chloridoideae no Espinhaço (Longhi-Wagner, 1986),<br />
o levantamento das gramíneas no Parque Estadual do<br />
Rio Preto, Minas Gerais (Viana 2004), o estudo do gênero<br />
Paspalum na Serra do Cipó (Sendulsky & Burman<br />
1978, 1980) e o estudo do gênero Ichnanthus na Chapada<br />
Diamantina (Oliveira et al., 2003).<br />
Estudos florísticos e revisões taxonômicas de grupos<br />
que ocorrem no perímetro do Espinhaço são também<br />
importantes e informativos, podendo ser citados<br />
diversos trabalhos como aqueles realizados por: Black<br />
(1963), Boechat (2005); Boechat & Longhi-Wagner (1995,<br />
2001); Burman (1987); Chase (1942); Clark (1992);<br />
Clayton (1969); Denham et al. (2002); Filgueiras (1982,<br />
1989); Guglieri et al. (2004, 2006); Longhi-Wagner (1999);<br />
Morrone et al. 1993, 2004); Morrone & Zuloaga (1991);<br />
Oliveira & Valls (2002); Pensiero (1999); Renvoize &<br />
Zuloaga (1983); Sendulsky & Soderstrom (1984);<br />
Soderstrom & Zuloaga (1989); Zanin (2001); Zuloaga et<br />
al. (1986, 1992, 1993, 1998); Zuloaga & Sendulsky<br />
(1988).<br />
Merece destaque especial, pela sua importância no<br />
conhecimento da Cadeia do Espinhaço, o estudo das<br />
gramíneas no estado da Bahia (Renvoize, 1984). Este<br />
trabalho inclui descrições morfológicas simplificadas<br />
das espécies ocorrentes no estado, além de dados sobre<br />
a distribuição geográfica das mesmas e ilustrações<br />
diagnósticas.<br />
Atualmente, diversos grupos de pesquisadores desenvolvem<br />
trabalhos florísticos e taxonômicos em distintas<br />
regiões da Serra do Espinhaço. Isto demonstra o<br />
contínuo interesse da comunidade científica brasileira<br />
sobre essa fascinante região.<br />
Este trabalho tem como objetivo fornecer uma<br />
listagem preliminar das espécies de gramíneas da Cadeia<br />
do Espinhaço, com base na compilação de dados<br />
disponíveis na literatura. Objetiva também fornecer uma<br />
breve análise de distribuição geográfica das espécies<br />
da Cadeia do Espinhaço, indicando as endêmicas, aquelas<br />
com distribuição em outros domínios fitogeográficos<br />
brasileiros e as de ampla distribuição.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Viana & Filgueiras | 101<br />
Delimitação da Área de Estudos<br />
Para a análise de distribuição geográfica das espécies,<br />
a Cadeia do Espinhaço foi dividida em três setores:<br />
Quadrilátero Ferrífero, Espinhaço Central e Setor Baiano.<br />
O primeiro setor abrange as serras do complexo<br />
geológico do Quadrilátero Ferrífero, com geologia e<br />
formações vegetais distintas no contexto da Cadeia do<br />
Espinhaço. Inclui a Serra do Caraça, Serra da Moeda,<br />
Serra da Piedade, Serra do Itacolomi, Serra de Itabirito<br />
e Serra de Ouro Branco. Tem como limite meridional o<br />
município de Ouro Branco e setentrional o município<br />
de Itabira. Na Serra do Caraça encontram-se os pontos<br />
culminantes da Cadeia do Espinhaço, conhecidos como<br />
Pico do Sol (2072m) e Pico do Inficcionado (2068m).<br />
O setor Espinhaço Central inicia-se no município de<br />
Jaboticatubas, que delimita sua extremidade sul, até o<br />
extremo norte da Cadeia do Espinhaço no estado de<br />
Minas Gerais, no município de Montezuma. Neste<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
102 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
setor encontram-se diversas serras importantes, como<br />
a Serra do Cipó, todas as serras do Planalto de Diamantina,<br />
Serra do Gavião, Serra da Pedra Menina, Serra do<br />
Ambrósio, Serra Negra, Serra de Grão Mogol, Serra do<br />
Cabral, entre outras. O ponto culminante deste setor é<br />
o Pico do Itambé, com 2.044m.<br />
O Setor Baiano corresponde à porção da Cadeia do<br />
Espinhaço presente no estado da Bahia. Inclui as serras<br />
da Chapada Diamantina e tem como ponto culminante<br />
o Pico do Barbado, com 2.033m.<br />
Para a delimitação dos domínios fitogeográficos, foi<br />
considerado o mapa de biomas do Brasil (IBGE, 2004),<br />
com o Pantanal incluído no domínio do Cerrado.<br />
Compilação dos dados<br />
O levantamento das espécies de Poaceae ocorrentes na<br />
Cadeia do Espinhaço foi realizado a partir da compilação<br />
de dados disponíveis na literatura. Para tanto, foram<br />
consideradas três categorias de trabalhos:<br />
1. revisões taxonômicas de grupos com ocorrência na<br />
Cadeia do Espinhaço, das quais foram considerados<br />
os registros presentes nos materiais examinados e<br />
outras informações sobre a distribuição geográfica<br />
(Chase, 1942; Black, 1963; Clayton, 1969; Filgueiras,<br />
1982, 1989; Renvoize & Zuloaga, 1983; Sendulsky &<br />
Soderstrom, 1984; Zuloaga et al., 1986, 1992, 1993,<br />
1998; Burman, 1987; Zuloaga & Sendulsky, 1988;<br />
Soderstrom & Zuloaga, 1989; Morrone & Zuloaga,<br />
1991; Clark, 1992; Morrone et al., 1993, 2004;<br />
Boechat & Longhi-Wagner, 1995, 2001; Longhi-<br />
Wagner, 1999; Pensiero, 1999; Zanin, 2001; Denham<br />
et al., 2002; Oliveira & Valls, 2002; Guglieri et al., 2004,<br />
2006; Boechat, 2005);<br />
2. floras de áreas que abrangem a Cadeia do Espinhaço,<br />
com tratamento taxonômico das espécies, das<br />
quais foram considerados os registros presentes nos<br />
materiais examinados e outras informações sobre a<br />
distribuição geográfica (Renvoize, 1984);<br />
3. listagens florísticas em áreas totalmente inseridas nas<br />
abrangências da Cadeia do Espinhaço, das quais foram<br />
consideradas todas as espécies confirmadas<br />
(Sendulsky & Burman, 1978; Burman & Sendulsky,<br />
1980; Longhi-Wagner, 1990; Meguro et al., 1994;<br />
Pirani et al., 1994; Stannard, 1995; Guedes & Orge,<br />
1998; Zappi et al. 2003; Longhi-Wagner & Todeschini,<br />
2004; Viana, 2004; Vincent, 2004).<br />
Para complementação da listagem de espécies foi<br />
consultada a coleção de Poaceae do herbário BHCB, que<br />
concentra registros dos setores Quadrilátero Ferrífero<br />
e Espinhaço Central.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Os registros por domínio fitogeográfico foram extraídos<br />
dos dados de distribuição geográfica presentes<br />
na literatura consultada. Em alguns casos, foi considerado<br />
o conhecimento dos autores sobre esta questão.<br />
Espécies com distribuição extra-americana não foram<br />
incluídas nesta análise.<br />
Táxons infraespecífcos não foram considerados e,<br />
quando necessário, foram ajustados problemas de<br />
sinonímia.<br />
A classificação em subfamílias seguiu GPWG (2000).<br />
A classificação ao nível de gênero e as sinonímias seguiram<br />
Judziewicz et al. (2000), Peterson et al. (2001),<br />
Soreng et al. (2003) e Zuloaga et al. (2003).<br />
RESULTADOS<br />
A partir da compilação de dados foi verificada na Cadeia<br />
do Espinhaço a ocorrência de 340 espécies de<br />
Poaceae, distribuídas em sete subfamílias e 88 gêneros<br />
(Tabela 1). Dentre as subfamílias, destaca-se Panicoideae<br />
que inclui a grande maioria das espécies (251 spp.),<br />
seguida de Chloridoideae (46), Bambusoideae (23),<br />
Aristidoideae (13), Pooideae (três), Ehrhartoideae (três)<br />
e Danthonioideae (uma) (Figura 1). Os gêneros de maior<br />
destaque em número de espécies foram Paspalum<br />
(49 spp.), Panicum (45), Eragrostis (20), Axonopus (19),<br />
Andropogon (17) e Dichanthelium (16), todos representantes<br />
da subfamília Panicoideae.<br />
A análise da distribuição geográfica das espécies<br />
ocorrentes na Cadeia do Espinhaço, por domínio fitogeográfico,<br />
sugeriu forte influência do Cerrado e da<br />
Mata Atlântica na composição da sua flora agrostológica.<br />
Excluindo as endêmicas e de distribuição extra-americana,<br />
212 espécies ocorrem também no domínio do<br />
Cerrado, 203 no domínio da Mata Atlântica, 48 na Caatinga,<br />
86 na Amazônia e 76 no domínio Pampa (Figura<br />
2). Esta mesma análise, por setor (Figura 3), mostra o<br />
Quadrilátero Ferrífero com um maior número de espécies<br />
ocorrentes no domínio da Mata Atlântica (144 spp.)<br />
do que no Cerrado (131 spp.). Nos outros dois setores,<br />
há uma predominância de espécies em comum com o<br />
Cerrado (Figura 3). A Caatinga, apesar da baixa contribuição,<br />
possui um maior número de espécies em comum<br />
com o setor baiano (40 spp.) em relação aos outros<br />
setores do Espinhaço (21 spp. no Quadrilátero Ferrífero<br />
e 29 spp. no Espinhaço Central).<br />
Considerando os três setores delimitados para a Cadeia<br />
do Espinhaço, nota-se o seguinte padrão: Espinhaço<br />
Central e Quadrilátero Ferrífero concentram uma maior<br />
riqueza de espécies, enquanto na p<strong>arte</strong> baiana ob-
serva-se uma maior proporção de espécies exclusivas<br />
de um setor, considerando o contexto Cadeia do Espinhaço.<br />
Das 201 espécies encontradas no Quadrilátero<br />
Ferrífero, 31 (15,5%) não ocorrem nos outros setores.<br />
Das 241 ocorrentes no Espinhaço Central, 44 (18,6%)<br />
ocorrem apenas nesse setor. A porção baiana, apesar<br />
de menos rica, possui 51 espécies exclusivas, ou 26,8%,<br />
de um total de 178 espécies (Figura 4).<br />
Trinta e seis espécies, ou 10,6% do total, foram consideradas<br />
presumivelmente endêmicas das abrangências<br />
da Cadeia do Espinhaço (Tabela 2). O gênero monoespecífico<br />
Plagiantha Renvoize, foi o único da família<br />
FIGURA 1 – Riqueza de espécies das subfamílias de Poaceae ocorrentes<br />
na Cadeia do Espinhaço.<br />
FIGURA 3 – Numero de espécies de Poaceae em cada setor da Cadeia<br />
do Espinhaço e com ocorrência nos domínios do Cerrado, Mata<br />
Atlântica, Caatinga, Amazônia e Pampa. Espécies com distribuição<br />
extra-americana foram desconsideradas.<br />
Viana & Filgueiras | 103<br />
considerado provavelmene endêmico desta cadeia<br />
montanhosa. Notável é o fato que das 36 espécies endêmicas,<br />
a metade (18 spp.) e conhecida apenas para<br />
a região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia.<br />
Seis espécies são endêmicas do Setor Central e apenas<br />
três foram consideradas exclusivas do Quadrilátero<br />
Ferrífero.<br />
Apenas 36 espécies (10,6%) encontradas na Cadeia<br />
do Espinhaço, ocorrem além do continente americano,<br />
sendo de ampla distribuição geográfica. Grande p<strong>arte</strong><br />
dessas espécies foi registrada nos três setores do Espinhaço<br />
(Tabela 1).<br />
FIGURA 2 – Números de espécies de Poaceae<br />
registradas para a Cadeia do Espinhaço e que ocorrem<br />
nos domínios do Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga,<br />
Amazônia e Pampa. Espécies endêmicas ou com<br />
distribuição extra-americana foram desconsideradas.<br />
FIGURA 4 – Numero total de espécies de Poaceae<br />
em cada setor da Cadeia do Espinhaço. As faixas<br />
com linhas diagonais representam espécies<br />
exclusivas de cada setor na Cadeia do Espinhaço e<br />
as faixas coloridas representam espécies com<br />
ditribuíção extra-americana.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
104 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
TABELA 1 – Listagem das espécies de Poaceae consideradas endêmicas da Cadeia do Espinhaço, com informações detalhadas<br />
sobre sua distribuição geográfica.<br />
ESPÉCIE DETALHES SOBRE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA<br />
Andropogon campestris Trin. Conhecida apenas pela coleção-tipo, proveniente da Serra do<br />
Cipó (MG).<br />
Andropogon durifolius Renvoize Vários registros para a região da Chapada Diamantina (BA) e um<br />
registro para a região de Diamantina (MG).<br />
Axonopus grandifolius Renvoize Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Chusquea nutans L. G. Clark Encontrada em todos os setores da Cadeia do Espinhaço, desde<br />
a Serra de Ouro Branco (MG) até a Chapada Diamantina (BA).<br />
Colanthelia distans (Trin.) McClure Conhecida apenas pela coleção-tipo, proveniente do Parque<br />
Estadual do Itacolomi, Ouro Preto (MG).<br />
Dichanthelium adenorhachis (Zuloaga & Morrone) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Dichanthelium assurgens (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Dichanthelium cabrerae (Zuloaga & Morrone) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Dichanthelium congestum (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Dichanthelium cumbucana (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Dichanthelium heliophilum (Chase ex Zuloaga & Morrone) Freqüente nos campos rupestres dos setores<br />
Zuloaga Quadrilátero Ferrífero e Espinhaço Central.<br />
Dichanthelium stipiflorum (Renvoize) Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Elionurus bilinguis (Trin.) Hack. Conhecido apenas pelo material-tipo, de G.H. von Langsdorff, com a<br />
indicação “in petrosis S. da Chapada”, que provavelmente<br />
corresponde à região de Diamantina (MG).<br />
Eragrostis sclerophylla Trin. Apenas no Espinhaço Central, nos arredores de Diamantina (MG).<br />
Mesosetum gibbosum Renvoize & Filg. Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Otachyrium aquaticum Send. & Soderstr. Chapada Diamantina (BA), e um registro duvidoso para Minas<br />
Gerais.<br />
Otachyrium pterygodium (Trin.) Pilg. No Espinhaço Central. Um registro duvidoso para o estado do<br />
Amazonas, às margens do rio Negro.<br />
Panicum acicularifolium Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Panicum animarum Renvoize Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Panicum bahiense Renvoize Em topos de morros do Espinhaço Central e Setor Baiano.<br />
Panicum brachystachyum Trin. Conhecido apenas de uma localidade no Parque Estadual Serra<br />
do Intendente, localizado na região da Serra do Cipó (MG),<br />
Panicum cipoense Renvoize & Send. Apesar do epíteto específico “cipoense”, distribui-se da Serra<br />
do Cipó até os campos rupestres da região de Diamantina, no<br />
Espinhaço Central.<br />
Panicum durifolium Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Panicum lagostachyum Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Panicum loreum Trin. Freqüentes nos campos rupestres do Quadrilátero Ferrífero e<br />
Espinhaço Central<br />
Panicum noterophilum Renvoize Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Panicum poliophyllum Renvoize & Zuloaga Muito freqüente no Quadrilátero Ferrífero e ocasional no<br />
Espinhaço Central.<br />
Panicum soderstromii Zuloaga & Send. Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Panicum vaginiviscosum Renvoize & Zuloaga Apenas na Chapada Diamantina (BA).<br />
Paspalum brachytrichum Hack. Provavelmente endêmica de campos rupestres sobre canga, na região<br />
do Quadrilátero Ferrífero (MG). Há registros recentes para a<br />
Serra de Capanema e Serra da Moeda, além do material tipo, de<br />
Glaziou, proveniente de “Campos de Itabira”, que provavelmente<br />
corresponde à região do Pico de Itabirito.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
TABELA 2 – Lista das espécies de Poaceae compiladas para as abrangências da Cadeia do Espinhaço.<br />
Os nomes em negrito correspondem a espécies presumivelmente endêmicas. Nomes assinalados com um asterisco (*) são espécies<br />
com distribuição extra-americana. Na coluna Setor do Espinhaço, QF = Quadrilátero Ferrífero, EC = Espinhaço Central e BA = Setor<br />
baiano. Na coluna Domínio Fitogeográfico, CER = Cerrado, MAT = Mata Atlântica, CAA = Caatinga, AM = Amazônia e PAM = Pampa.<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
Actinocladum verticillatum (Nees) McClure ex Soderstr. • • •<br />
Agenium leptocladum (Hack.) Clayton • • • •<br />
A. villosum (Nees) Pilg. • • • •<br />
Andropogon bicornis L. • • • • • • • •<br />
A. bogotensis (Hack.) A. Zanin & Longhi-Wagner • • •<br />
A. brasiliensis A. Zanin & Longhi-Wagner • • •<br />
A. campestris Trin. •<br />
A. carinatus Nees • • • •<br />
A. crucianus Renvoize •<br />
A. durifolius Renvoize • •<br />
A. fastigiatus Sw.* • • – – – – –<br />
A. gayanus Kunth* • • •<br />
A. indetonsus Sohns • •<br />
A. ingratus Hack • • • •<br />
A. lateralis Nees • • • • • • •<br />
A. leucostachyus Kunth* • • • – – – – –<br />
A. macrothrix Trin. • • • • •<br />
A. pohlianus Hack. • •<br />
A. selloanus (Hack.) Hack. • • • • • • • •<br />
A. virgatus Desv. ex Ham. • • • • • • • •<br />
Anthaenantia lanata (Kunth) Benth. • • • • • • •<br />
Anthaenantiopsis perforata (Nees) Parodi • •<br />
A. trachystachya (Nees) Mez ex Pilg. • •<br />
Aristida brasiliensis Longhi-Wagner • • •<br />
A. capillacea Lam. • • • • • •<br />
A. ekmaniana Henrard • • • •<br />
A. flaccida Trin. & Rupr. • •<br />
A. gibbosa (Nees) Trin. • • • • • •<br />
A. glaziovii Hack. ex Henrard • • • •<br />
A. longifolia Trin. • • • • • •<br />
A. megapotamica Spreng. • • • •<br />
A. pendula Longhi-Wagner • •<br />
A. recurvata Kunth • • • • •<br />
A. riparia Trin. • • • • • • •<br />
A. setifolia Kunth • • • • • •<br />
A. torta (Nees) Kunth • • • • • • •<br />
Arthropogon villosus Nees • • •<br />
Arundinella hispida (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Kuntze • • • • • •<br />
Aulonemia aristulata (Döll) McClure • • • • •<br />
Viana & Filgueiras | 105<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
106 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
A. effusa (Hack.) McClure • • • •<br />
A. fimbriatifolia L. G. Clark • •<br />
Axonopus aureus P. Beauv. • • • • •<br />
A. brasiliensis (Spreng.) Kuhlm. • • • • • •<br />
A. canescens (Nees ex Trin.) Pilg. • • • • •<br />
A. capillaris (Lam.) Chase • • • • • • •<br />
A. chrysoblepharis (Lag.) Chase • • • • •<br />
A. chrysostachyus (Schrad.) Pilg. • • •<br />
A. comans (Trin. ex Döll) Kuhlm. • •<br />
A. compressus (Sw.) P. Beauv. • • • • • •<br />
A. fastigiatus (Nees ex Trin.) Kuhlm. • • • •<br />
A. fissifolius (Raddi) Kuhlm. • • • • • • •<br />
A. grandifolius Renvoize •<br />
A. laxiflorus (Trin.) Chase • • • •<br />
A. marginatus (Trin.) Chase • • • • •<br />
A. pellitus (Nees ex Trin.) Hitchc. & Chase • • • • •<br />
A. polydactylus (Steud.) Dedecca • • • •<br />
A. polystachyus G. A. Black • •<br />
A. pressus (Nees ex Steud.) Parodi • • • • •<br />
A. purpusii (Mez) Chase • • • • • •<br />
A. siccus (Nees) Kuhlm. • • • • • • •<br />
Calamagrostis viridiflavescens (Poir.) Steud. • • •<br />
Cenchrus echinatus L.* • – – – – –<br />
Chloris exilis Renvoize • • •<br />
C. orthonoton Döll* • – – – – –<br />
C. pycnothrix Trin.* • • – – – – –<br />
Chusquea anelythra Nees • •<br />
C. attenuata (Döll) L.G. Clark • •<br />
C. capitata Nees • •<br />
C. capituliflora Trin. • •<br />
C. nutans L. G. Clark • • •<br />
C. pinifolia (Nees) Nees • • •<br />
Coelorachis aurita (Steud.) A. Camus • • • •<br />
Coix lacryma-jobi L.* • – – – – –<br />
Colanthelia distans (Trin.) McClure •<br />
Ctenium brevispicatum J.G. Sm. • • • •<br />
C. chapadense (Trin.) Döll • • •<br />
C. cirrhosum (Nees) Kunth • • • •<br />
Dactyloctenium aegyptium (L.) Willd.* • – – – – –<br />
Danthonia secundiflora J. Presl • • •<br />
Dichanthelium adenorhachis (Zuloaga & Morrone) Zuloaga •<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
D. aequivaginatum (Swallen) Zuloaga • •<br />
D. assurgens (Renvoize) Zuloaga •<br />
D. cabrerae (Zuloaga & Morrone) Zuloaga •<br />
D. congestum (Renvoize) Zuloaga •<br />
D. cumbucana (Renvoize) Zuloaga •<br />
D. hebotes (Trin.) Zuloaga • •<br />
D. heliophilum (Chase ex Zuloaga & Morrone) Zuloaga • •<br />
D. pycnoclados (Tutin) Davidse • • •<br />
D. sabulorum (Lam.) Gould & C.A. Clark • • •<br />
D. sciurotis (Trin.) Davidse • • • •<br />
D. sciurotoides (Zuloaga & Morrone) Davidse • • • •<br />
D. stigmosum (Trin.) Zuloaga • •<br />
D. stipiflorum (Renvoize) Zuloaga •<br />
D. superatum (Hack.) Zuloaga • •<br />
D. surrectum (Chase ex Zuloaga & Morrone) Zuloaga • • • •<br />
Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler* • – – – – –<br />
D. corynotricha (Hack.) Henrard • • • •<br />
D. horizontalis Willd.* • – – – – –<br />
D. insularis (L.) Fedde • • • • • • •<br />
D. mattogrossensis (Pilg.) Henrard • •<br />
D. tenuis (Nees) Henrard • • •<br />
Echinochloa colona (L.) Link* • • • – – – – –<br />
E. crus-galli (L.) P. Beauv.* • – – – – –<br />
E. crus-pavonis (Kunth) Schult.* • – – – – –<br />
Echinolaena minarum (Nees) Pilg. • •<br />
E. inflexa (Poir.) Chase • • • • • • •<br />
Eleusine indica (L.) Gaertn.* • • • – – – – –<br />
Elionurus bilinguis (Trin.) Hack. •<br />
E. muticus (Spreng.) Kuntze • • •<br />
Eragrostis articulata (Schrank) Nees • • • • • • •<br />
E. bahiensis Schrad. ex Schult. • • • • • •<br />
E. ciliaris (L.) R. Br.* • – – – – –<br />
E. curvula (Schrad.) Nees* • – – – – –<br />
E. glomerata (Walter) L.H. Dewey • • • • •<br />
E. hypnoides (Lam.) Britton, Sterns & Poggenb • • • •<br />
E. leucosticta Nees ex Döll • • •<br />
E. lugens Nees • • • • •<br />
E. maypurensis (Kunth) Steud. • • • •<br />
E. mokensis Pilg.* • – – – – –<br />
E. perennis Döll • • • •<br />
E. petrensis Renvoize & Longhi-Wagner • • •<br />
Viana & Filgueiras | 107<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
108 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
E. pilosa (L.) P. Beauv.* • • – – – – –<br />
E. polytricha Nees • • • • • •<br />
E. rufescens Schrad. ex Schult. • • • • • • •<br />
E. sclerophylla Trin. •<br />
E. secundiflora J. Presl • • • • •<br />
E. seminuda Trin. • • • •<br />
E. solida Nees • • • •<br />
E. tenuifolia (A. Rich.) Hochst. ex Steud. • • •<br />
Eriochloa punctata (L.) Desv. ex Ham. • • • •<br />
Eriochrysis cayennensis P. Beauv. • • • • • •<br />
E. holcoides (Nees) Kuhlm. • • • •<br />
Filgueirasia cannavieria (Silveira) Guala • •<br />
Guadua paniculata Munro • • • •<br />
G. tagoara (Nees) Kunth • •<br />
Gymnopogon foliosus (Willd.) Nees • • • • •<br />
G. spicatus (Spreng.) Kuntze • • • • •<br />
Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & Soderstr. • • • • • •<br />
H. isocalycia (G. Mey.) Chase • • • • •<br />
H. longispicula (Döll) Chase • • •<br />
Hymenachne amplexicaulis (Rudge) Nees • • • • •<br />
H. pernambucensis (Spreng.) Zuloaga • • • •<br />
Hyparrhenia bracteata (Humb. & Bonpl. ex Willd.) Stapf* • – – – – –<br />
H. rufa (Nees) Stapf* • • – – – – –<br />
Ichnanthus bambusiflorus (Trin.) Döll • • • • • • •<br />
I. calvescens (Nees ex Trin.) Döll • • • • • •<br />
I. dasycoleus Tutin • • • • • •<br />
I. hirtus (Raddi) Chase • • • •<br />
I. inconstans (Trin. ex Nees) Döll • • • • •<br />
I. leiocarpus (Spreng.) Kunth • • •<br />
I. longiglumis Mez • • •<br />
I. nemoralis (Schrad.) Hitchc. & Chase • • • • •<br />
I. pallens (Sw.) Munro ex Benth. • • •<br />
I. procurrens (Nees ex Trin.) Swallen • • • • • • •<br />
I. tenuis (J. Presl & C. Presl) Hitchc. & Chase • • • •<br />
I. zehntneri Mez • • •<br />
Imperata brasiliensis Trin. • •<br />
Lasiacis divaricata (L.) Hitchc. • • •<br />
L. ligulata Hitchc. & Chase • • •<br />
L. sorghoidea (Desv. ex Ham.) Hitchc. & Chase • • • •<br />
Leptochloa fusca (L.) Kunth • • •<br />
L. virgata (L.) P. Beauv. • • • • • •<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
Lithachne horizontalis Chase • •<br />
Loudetia flammida (Trin.) C.E. Hubb. • •<br />
Loudetiopsis chrysothrix (Nees) Conert • • • •<br />
Luziola bahiensis (Steud.) Hitchc. • • • •<br />
L. brasiliana Moric. • •<br />
L. peruviana Juss. ex J.F. Gmel. • •<br />
Megathyrsus maximus (Jacq.) B.K. Simon & S.W.L. Jacobs* • • • – – – – –<br />
Melinis minutiflora P. Beauv.* • • • – – – – –<br />
M. repens (Willd.) Zizka* • • • – – – – –<br />
Merostachys fischeriana Rupr. ex Döll • • • •<br />
M. kunthii Rupr. • •<br />
Mesosetum arenarium Swallen • •<br />
M. exaratum (Trin.) Chase • •<br />
M. ferrugineum (Trin.) Chase • • • • •<br />
M. gibbosum Renvoize & Filg. •<br />
M. loliiforme (Hochst. ex Steud.) Chase • • • • •<br />
Microchloa indica (L. f.) P. Beauv.* • – – – – –<br />
Olyra ciliatifolia Raddi • • • • •<br />
O. humilis Nees • • • •<br />
O. latifolia L.* • – – – – –<br />
O. taquara Swallen • • •<br />
Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv.* • • – – – – –<br />
Otachyrium aquaticum Send. & Soderstr. ? •<br />
O. pterygodium (Trin.) Pilg. • ?<br />
Otachyrium versicolor (Döll) Henrard • • • • •<br />
Panicum acicularifolium Renvoize & Zuloaga •<br />
P. animarum Renvoize •<br />
P. aristelum Döll • • •<br />
P. auricomum Nees ex Trin. • •<br />
P. bahiense Renvoize • •<br />
P. brachystachyum Trin. •<br />
P. campestre Nees ex Trin. • • • • •<br />
P. cervicatum Chase • • • • •<br />
P. chapadense Swallen • • •<br />
P. chnoodes Trin. • •<br />
P. cipoense Renvoize & Send. •<br />
P. cordovense E. Fourn. • • •<br />
P. cyanescens Nees ex Trin. • • • • • •<br />
P. durifolium Renvoize & Zuloaga •<br />
P. euprepes Renvoize • • • •<br />
Viana & Filgueiras | 109<br />
P. exiguum Mez • • • •<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
110 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
P. lagostachyum Renvoize & Zuloaga •<br />
P. latissimum Mikan ex Trin. • • •<br />
P. ligulare Nees ex Trin. • • •<br />
P. loreum Trin. • •<br />
P. lutzii Swallen • •<br />
P. machrisiana Swallen • •<br />
P. molinioides Trin. • • •<br />
P. noterophilum Renvoize •<br />
P. olyroides Kunth • • • •<br />
P. pantrichum Hack. • • • • •<br />
P. parvifolium Lam. • • • • • •<br />
P. peladoense Henrard • • • •<br />
P. penicillatum Nees ex Trin. • • • •<br />
P. piauiense Swallen • •<br />
P. pilosum Sw. • • • • • • •<br />
P. poliophyllum Renvoize & Zuloaga • •<br />
P. polygonatum Schrad. • • • • •<br />
P. pseudisachne Mez • • • • •<br />
P. quadriglume (Döll) Hitchc. • • •<br />
P. rude Nees • • • •<br />
P. rupestre Trin. • •<br />
P. sacciolepoides Renvoize & Zuloaga • •<br />
P. schwackeanum Mez • • • • • •<br />
P. sellowii Nees • • • • • • •<br />
P. soderstromii Zuloaga & Send. •<br />
P. subulatum Spreng. • • • •<br />
P. trinii Kunth • •<br />
P. vaginiviscosum Renvoize & Zuloaga •<br />
P. wettsteinii Hack. • • • • •<br />
Pappophorum mucronulatum Nees • • •<br />
Pappophorum pappiferum (Lam.) Kuntze • •<br />
Parodiolyra micrantha (Kunth) Davidse & Zuloaga • • • • •<br />
Paspalum ammodes Trin. • • • •<br />
P. arenarium Schrad. • • • • •<br />
P. carinatum Humb. & Bonpl. ex Flüggé • • • • • •<br />
P. brachytrichum Hack. •<br />
P. clavuliferum C. Wright • • • • •<br />
P. conjugatum P.J. Bergius • • • • • • •<br />
P. convexum Humb. & Bonpl. ex Flüggé • • • •<br />
P. cordatum Hack. • • • •<br />
P. coryphaeum Trin. • • • • •<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
P. decumbens Sw. • • • •<br />
P. dedeccae Quarin • • •<br />
P. erianthum Nees ex Trin. • • • • • •<br />
P. eucomum Nees ex Trin. • • • •<br />
P. falcatum Nees ex Steud. • • •<br />
P. fimbriatum Kunth • • •<br />
P. gardnerianum Nees • • • • •<br />
P. geminiflorum Steud. • • •<br />
P. gemmosum Chase ex Renvoize • •<br />
P. glaucescens Hack. • • • • •<br />
P. guttatum Trin. • • •<br />
P. hyalinum Nees ex Trin. • • • •<br />
P. intermedium Munro ex Morong & Britton • • • • • • •<br />
P. lanciflorum Trin. • •<br />
P. limbatum Henrard • • • • • •<br />
P. lineare Trin. • • • • • • •<br />
P. loefgrenii Ekman • • •<br />
P. maculosum Trin. • • • • •<br />
P. malacophyllum Trin. • • • • •<br />
P. mandiocanum Trin. • • • •<br />
P. minarum Hack. • • • ?<br />
P. multicaule Poir. • • • • •<br />
P. notatum Flüggé • • • • •<br />
P. nutans Lam. • • • •<br />
P. paniculatum L. • • • • • • •<br />
P. parviflorum Rhode ex Flüggé • • • •<br />
P. pectinatum Nees ex Trin. • • • •<br />
P. phyllorachis Hack. •<br />
P. pilosum Lam. • • • • •<br />
P. plicatulum Michx. • • • • • • •<br />
P. polyphyllum Nees ex Trin. • • • • • •<br />
P. pumilum Nees • • • • •<br />
P. rojasii Hack. • • • • •<br />
P. rupium Renvoize •<br />
P. scalare Trin. • • • •<br />
P. stellatum Humb. & Bonpl. ex Flüggé • • • • • •<br />
P. trachycoleon Steud. • •<br />
P. urvillei Steud.* • • – – – – –<br />
P. usteri Hack. • • • •<br />
P. zuloagae Davidse & Filg. • •<br />
Viana & Filgueiras | 111<br />
P. clandestinum Hochst. ex Chiov.* • – – – – –<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
112 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
P. purpureum Schumach.* • • – – – – –<br />
P. polystachion (L.) Schult.* • – – – – –<br />
Plagiantha tenella Renvoize •<br />
Poidium calotheca (Trin.) Matthei • • • •<br />
Polypogon elongatus Kunth • • • • •<br />
Pseudechinolaena polystachya (Kunth) Stapf* • • • – – – – –<br />
Raddiella esenbeckii (Steud.) C.E. Calderón & Soderstr. • • • • • •<br />
Rhytachne rottboellioides Desv. ex Ham.* • • • – – – – –<br />
Saccharum asperum (Nees) Steud. • • • • • •<br />
S. officinarum L.* • • • – – – – –<br />
S. villosum Steud. • • • • • •<br />
Sacciolepis myuros (Lam.) Chase • • • •<br />
S. vilvoides (Trin.) Chase • • • •<br />
Schizachyrium microstachyum (Desv. ex Ham.) • • • • • •<br />
Roseng., B.R. Arrill. & Izag.<br />
S. sanguineum (Retz.) Alston • • • • • •<br />
S. tenerum Nees • • • • • •<br />
Setaria macrostachya Kunth • • • • • • •<br />
Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen • • • • • • • •<br />
Setaria scabrifolia (Nees) Kunth • • • • • •<br />
Setaria setosa (Sw.) P. Beauv. • • •<br />
Setaria sulcata Raddi • • • • • • •<br />
Setaria tenacissima Schrad. ex Schult. • • •<br />
Setaria tenax (Rich.) Desv. • • • • • • •<br />
Setaria vulpiseta (Lam.) Roem. & Schult. • • • • •<br />
Sorghastrum minarum (Nees) Hitchc. • • • •<br />
S. nutans (L.) Nash • • • • •<br />
Sporobolus acuminatus (Trin.) Hack. • • •<br />
S. aeneus (Trin.) Kunth • • • • •<br />
S. ciliatus J. Presl • • • •<br />
S. cubensis Hitchc. • • • • • •<br />
S. indicus (L.) R. Br.* • • • – – – – –<br />
S. metallicola Longhi-Wagner & Boechat • • •<br />
S. monandrus Roseng., B.R. Arrill. & Izag. • • • •<br />
S. pseudairoides Parodi • • • • • •<br />
S. purpurascens (Sw.) Ham. • • •<br />
S. reflexus Boechat & Longhi-Wagner • • •<br />
Steinchisma decipiens (Nees ex Trin.) W.V. Br. • • • • • •<br />
Steinchisma hians (Elliott) Nash • • • • •<br />
S. laxa (Sw.) Zuloaga • • • • • •<br />
S. stenophylla (Hack.) Zuloaga & Morrone • • •<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
SETORES DA CADEIA DOMÍNIO<br />
DO ESPINHAÇO FITOGEOGRÁFICO<br />
ESPÉCIE QF EC BA CER MAT CAA AM PAM<br />
Steirachne barbata (Trin.) Renvoize • • •<br />
Streptostachys macrantha (Trin.) Zuloaga & Soderstr. • •<br />
S. ramosa Zuloaga & Soderstr. • • •<br />
Tatianyx arnacites (Trin.) Zuloaga & Soderstr. • • •<br />
Thrasya glaziovii A.G. Burm. • •<br />
T. petrosa (Trin.) Chase • • •<br />
T. thrasyoides (Trin.) Chase • •<br />
Thrasyopsis repanda (Nees ex Trin.) Parodi • •<br />
Trachypogon macroglossus Trin. • • • • •<br />
T. spicatus (L. f.) Kuntze • • • • • •<br />
T. vestitus Andersson • • • •<br />
Tristachya leiostachya Nees • • • •<br />
Urochloa acuminata (Renvoize) Morrone & Zuloaga •<br />
U. brizantha (Hochst. ex A. Rich.) R.D. Webster* • – – – – –<br />
U. decumbens (Stapf) R.D. Webster* • • – – – – –<br />
DISCUSSÃO<br />
Grande p<strong>arte</strong> dos padrões aqui expostos relaciona-se à<br />
influência florística dos domínios fitogeográficos adjacentes<br />
à Cadeia do Espinhaço na composição da sua<br />
flora agrostológica. O alto número de espécies em comum<br />
com os domínios do Cerrado e Mata Atlântica indica<br />
uma relação biogeográfica do Espinhaço com esses<br />
domínios. A presença frequente de encraves de vegetação<br />
de Cerrado e Mata Atlântica (matas de galeria,<br />
capões florestais) ao longo do Espinhaço contribui expressivamente<br />
com a riqueza de gramíneas, o que explicaria,<br />
pelo menos em p<strong>arte</strong>, o padrão observado.<br />
Espécies típicas de cerrado, como os bambus Filgueirasia<br />
cannavieira e Actinocladum verticilaltum (Filgueiras, 1991;<br />
Guala, 1995) são freqüentemente encontradas em encraves<br />
de cerrado ao longo da Cadeia do Espinhaço.<br />
Nas matas de galeria e capões de mata, tão comuns no<br />
Espinhaço, observam-se elementos típicos de Mata<br />
Atlântica (Filgueiras & Santos-Gonçalves, 2004), exemplificados<br />
pelos também bambus Aulonemia fimbriatifolia,<br />
Chusquea attenuata, Chusquea capituliflora e Merostachys<br />
fisheriana. A presença desses encraves na Cadeia do Espinhaço<br />
está de alguma forma relacionada ao posicionamento<br />
do Espinhaço no contexto fitogeográfico brasileiro,<br />
onde representa, ao longo de grande p<strong>arte</strong> de sua extensão,<br />
o divisor dos domínios do Cerrado e Mata Atlântica.<br />
Viana & Filgueiras | 113<br />
A predominância da subfamília Panicoideae, assim<br />
como os gêneros Paspalum e Panicum, no Espinhaço,<br />
vai de acordo com grande p<strong>arte</strong> dos inventários realizados<br />
no Cerrado brasileiro (Filgueiras, 1991; Mendonça<br />
et al., 1998; Rodrigues-da-Silva & Filgueiras, 2003), o<br />
que reforça a forte influência deste bioma na flora de<br />
gramíneas do Espinhaço. Em ambientes savânicos tropicais,<br />
observa-se alta riqueza de grupos com aparato<br />
fotossintético C4 (Shaw, 2000). Este caráter surgiu pelo<br />
menos cinco vezes distintas dentro da família (Sinha &<br />
Kellogg, 1996) e está notavelmente presente em grupos<br />
mais recentes de Poaceae, como as subfamílias<br />
Panicoideae, Aristidoideae e Chloridoideae (Kellogg,<br />
2000). Esta característica mostra-se como uma adaptação<br />
eficiente às novas características climáticas, mais<br />
quentes e secas, que surgiram no <strong>final</strong> do Mioceno, há<br />
aproximadamente cinco milhões de anos (Clark &<br />
Sanchez-Ken, 1999). Nesse período, houve expressiva<br />
expansão de ecossistemas dominados por gramíneas<br />
C4 em várias faixas tropicais do plantea (Jacobs et al.,<br />
1999) e consequente diversificação dos grupos taxonômicos<br />
com esta característica (Kellogg, 2000).<br />
A maior riqueza de espécies verificada nos setores<br />
Espinhaço Central e Quadrilátero Ferrífero, respectivamente,<br />
também pode ser explicada pela influência florística<br />
do Cerrado e da Mata Atlântica. Quase toda a porção<br />
mineira do encontra-se em contato com os referidos<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
114 | Inventário e distribuição geográfica das gramíneas (Poaceae) na Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
domínios fitogeográficos. A menor riqueza de espécies<br />
verificada no Setor Baiano pode estar relacionada à baixa<br />
influência da Caatinga na composição florística do<br />
Espinhaço. Este bioma está em contato com grande p<strong>arte</strong><br />
da vertente oeste do setor baiano, porém uma série<br />
de fatores abióticos distintos, como solo, clima e pluviosidade,<br />
conferem um alto grau de especialização da flora<br />
da Caatinga, havendo pouca semelhança florística com<br />
a Cadeia do Espinhaço. Fato que se deve também considerar<br />
é o histórico de investigação científica mais concentrado<br />
na p<strong>arte</strong> mineira do Espinhaço. Áreas como<br />
arredores de Belo Horizonte, Ouro Preto, Serra do Cipó<br />
e Planalto de Diamantina são, há tempos, percorridas<br />
por importantes coletores, o que não é verificado da<br />
mesma forma na p<strong>arte</strong> baiana da Cadeia do Espinhaço.<br />
Nos campos rupestres propriamente ditos, concentra-se<br />
a grande maioria das espécies endêmicas, e observa-se<br />
grande riqueza de grupos relacionados a maior<br />
altitude, como espécies do gênero Dichanthelium e<br />
espécies de Panicum sect. Lorea. Das 35 espécies endêmicas<br />
do Espinhaço, sete são de Dichanthelium e 10 de<br />
Panicum sect. Lorea, que corresponde a quase metade<br />
das espécies endêmicas. De acordo com Zuloaga et al.<br />
(1993), Dichantelium possui três centros de diversidade:<br />
a América do Norte, o Maçico das Guianas e a Cadeia<br />
do Espinhaço. Das 16 espécies de Dichanthelium ocorrentes<br />
na Cadeia do Espinhaço, sete são endêmicas.<br />
Um padrão semelhante é observado em Panicum sect.<br />
Lorea, grupo característico na fisionomia dos campos<br />
rupestres do Espinhaço, formando peculiares touceiras<br />
de folhas pungentes e lembrando, muitas vezes, exemplares<br />
de Lagenocarpus Nees (Cyperaceae). A grande<br />
maioria das espécies é encontrada na Cadeia do Espinhaço<br />
ou no Maciço das Guianas (Renvoize & Zuloaga,<br />
1983). Algumas ocorrem na restinga litorânea brasileira,<br />
campos de altitude ou em áreas de campos rupestres<br />
fora das abrangências da Cadeia do Espinhaço.<br />
Observa-se com frequência interessante disjunção na<br />
distribuição de algumas espécies, como por exemplo,<br />
Panicum trinii, encontrado na Chapada Diamantina e<br />
também em áreas de restinga, no estado da Bahia.<br />
Panicum euprepes, comum em grande p<strong>arte</strong> dos campos<br />
rupestres do Espinhaço, é também bastante freqüente<br />
na região da Serra do Ibitipoca (MG), inserida no domínio<br />
da Mata Atlântica. Outro padrão notável é o<br />
exemplificado por Panicum molinioides, que também<br />
ocorre, menos frequentemente, nos campos rupestres<br />
do estado de Goiás. Panicum chnoodes ocorre também<br />
no Maciço das Guianas.<br />
Outras espécies de gramíneas do Espinhaço com<br />
notável padrão de distribuição geográfica podem ser<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
citadas. Aulonemia effusa, freqüente nos campos rupestres<br />
dos Quadrilátero Ferrífero até a Chapada Diamantina,<br />
na Bahia, também ocorre, de forma disjunta, em<br />
campos rupestres na região de São João D’el Rey, Serra<br />
de Tiradentes, e Serra da Canastra, ambas localidades<br />
mineiras. Andropogon indetonsus, com um único registro<br />
no Espinhaço, no Parque Estadual do Rio Preto, também<br />
ocorre em áreas serranas no estado do Amazonas,<br />
como na Serra do Aracá (Zanin, 2001). Tatianyx arnacites,<br />
encontrada em campos rupestres de todos os setores<br />
da Cadeia do Espinhaço, é bastante rara nos campos<br />
rupestres de Goiás. Nesta região é encontrado, com freqüência,<br />
Panicum machrisiana que foi recentemente coletada<br />
pela primeira vez no Espinhaço, no Parque Estadual<br />
do Rio Preto, Minas Gerais (Viana, 2004).<br />
Por fim, pode se concluir que as gramíneas são de<br />
extrema importância na composição florística da Cadeia<br />
do Espinhaço, com um elevado número de espécies.<br />
Maiores esforços de investigação em campo e em<br />
herbários certamente incrementarão substancialmente<br />
a listagem preliminar aqui apresentada. Sugere-se<br />
uma forte influência florística do Cerrado e Mata Atlântica<br />
na composição da flora agrostológica do Espinhaço,<br />
pela semelhança dos grupos taxonômicos dominantes<br />
e pelo grande número de espécies em comum com<br />
esses domínios fitogeográficos.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Ao Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre,<br />
à Conservação Internacional do Brasil e à Fundação Biodiversitas.<br />
Ao IBAMA e IEF-MG pela concessão de licenças<br />
de coleta e pesquisa e ao Departamento de Botânica<br />
da Universidade Federal de Minas Gerais. Agradecemos<br />
à Dra. Adriana Guglieri pela inestimada colaboração<br />
e informações sobre Panicum.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
Black, G. A. 1963. Grasses of the genus Axonopus (a taxonomic<br />
treatment). George Washington University, New Dehli, Estados<br />
Unidos.<br />
Boechat, S. C. 2005. O gênero Ichnanthus (Poaceae - Panicoideae<br />
- Paniceae) no Brasil. Iheringia, Série Botânica 20: 189-248.<br />
Boechat, S. C. & Longhi-Wagner, H. M. 1995. O gênero<br />
Sporobolus (Poaceae: Chloridoideae) no Brasil. Acta Botanica<br />
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Eriocaulaceae na Cadeia do Espinhaço:<br />
riqueza, endemismo e ameaças<br />
FABIANE NEPOMUCENO COSTA 1 *<br />
MARCELO TROVO 2<br />
PAULO TAKEO SANO 2<br />
1 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.<br />
* email: fncosta@hotmail.com<br />
RESUMO<br />
Eriocaulaceae se destaca como uma das famílias mais representativas dos campos rupestres<br />
do Espinhaço, não só pela grande riqueza específica, mas também pelo elevado número de<br />
táxons endêmicos desta formação geológica. O principal centro de diversidade de Eriocaulaceae<br />
situa-se no Espinhaço, onde são encontrados representantes de sete gêneros, dentre os 11<br />
descritos para a família. Estimar o número de espécies de Eriocaulaceae que ocorre nesta<br />
formação geológica é uma tarefa bastante difícil, devido principalmente ao grande número de<br />
espécies, a falta de levantamentos florísticos em boa p<strong>arte</strong> do Espinhaço e a carência de<br />
estudos taxonômicos de muitos grupos da família. Este trabalho teve por objetivo compilar<br />
todos os dados disponíveis acerca da riqueza e distribuição geográfica das Eriocaulaceae na<br />
Cadeia do Espinhaço, visando diagnosticar o atual status de conhecimento da família e as<br />
possíveis ameaças à conservação de sua diversidade. Dentre as 548 espécies estimadas para o<br />
Brasil, cerca de 70% ocorrem na Cadeia do Espinhaço e, destas, cerca de 85% são endêmicas<br />
desta área, algumas com distribuição bastante restrita. A área de ocorrência restrita, associado<br />
ao extrativismo de sempre-vivas e à destruição dos habitats, representa séria ameaça à<br />
conservação de muitas espécies desta família. Atualmente 54 estão incluídas na lista vermelha<br />
de espécies ameaçadas de extinção do estado de Minas Gerais, e sete já são consideradas<br />
extintas. A elevada riqueza específica no Espinhaço, o alto nível de endemismo, o uso ornamental<br />
de muitas espécies pelas comunidades locais e as lacunas de conhecimento de diversas<br />
áreas da Cadeia e de muitos táxons de Eriocaulaceae atestam para a necessidade de estudos<br />
visando o conhecimento, a conservação e o desenvolvimento de práticas de manejo com<br />
representantes dessa família.<br />
ABSTRACT<br />
Eriocaulaceae is one of the most representative families of the rocky outcrops from the Espinhaço<br />
Range, not only for the great specific richness, but also for raised number of endemic taxa of this<br />
geologic formation. The main center of diversity of Eriocaulaceae places in the Espinhaço Range,<br />
where are found representatives of seven genera, amongst the 11 described for the family. Estimating<br />
the number of species of Eriocaulaceae that occur in this geologic formation is a difficult task,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
118 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />
mainly because of the great number of species, the lack of flora surveys in a great part of the<br />
Espinhaço and also lack of taxonomic studies of many groups of the family. This work had for<br />
objective to compile all the available data concerning the richness and distribution of the species of<br />
the Eriocaulaceae in Espinhaço Range, aiming to diagnosis the current status of knowledge of family<br />
and possible risks to the conservation of its diversity. Amongst the 548 species estimated for Brazil,<br />
about 70% occur in the Espinhaço Range, of these, about 85% are endemic of this area, some with<br />
very restricted distribution. The restricted area of occurrence, associate to the intensive collecting of<br />
everlasting (sempre-vivas) and the destruction of habitats, represents serious risk to the conservation<br />
of many species of this family. Currently 54 are enclosed in the red list of species endangered of<br />
extinction of the state of Minas Gerais, moreover, seven already are considered extinct. The raised<br />
specific richness in the Espinhaço Range, the high level of endemism, the use of many species for the<br />
local communities and the gaps of knowledge of diverse areas of the Espinhaço and many taxa of<br />
Eriocaulaceae, points out for the necessity of studies aiming at the knowledge, the conservation and<br />
the development of handling practices in this family.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, uma<br />
família de plantas se destaca tanto pela presença significativa<br />
de seus representantes quanto pelo fato de apresentar,<br />
nesse ambiente, níveis muito altos de endemismo<br />
de suas espécies: Eriocaulaceae. Esse grupo, além<br />
de ser um dos mais representativos dos campos rupestres,<br />
é também uma das famílias diagnósticas desse<br />
bioma, juntamente com espécies de outros grupos de<br />
monocotiledôneas, pertencentes principalmente a<br />
Velloziaceae, Xyridaceae, Poaceae e Cyperaceae.<br />
Os representantes de Eriocaulaceae podem ser facilmente<br />
reconhecidos pela presença de inflorescências<br />
em forma de capítulos. A família compreende aproximadamente<br />
1200 espécies (Giulietti & Hensold, 1990)<br />
e 11 gêneros. Destes, apenas Eriocaulon apresenta distribuição<br />
pantropical (Giulietti & Hensold, 1990);<br />
Syngonanthus e Paepalanthus possuem representantes<br />
na África e nas Américas e o gênero Mesanthemum<br />
ocorre apenas na África (Giulietti & Hensold, 1990).<br />
Lachnocaulon, Leiothrix, Tonina, Rondonanthus, Philodice,<br />
Actinocephalus e Blastocaulon são gêneros restritos ao<br />
continente americano, mas com diferentes áreas de<br />
ocorrência. Excetuando-se Rondonanthus, Lachnocaulon,<br />
Tonina e Mesanthemum, todos os outros gêneros são representados<br />
na Cadeia do Espinhaço.<br />
Eriocaulaceae possui dois centros de diversidade:<br />
o principal situa-se nas montanhas da Cadeia do<br />
Espinhaço em Minas Gerais e Bahia, e um centro secundário<br />
encontra-se localizado nas montanhas da Venezuela<br />
e nas Guianas. Além da presença de um grande<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
número de espécies no Espinhaço, muitos táxons são<br />
endêmicos desta formação geológica, alguns com distribuição<br />
bastante restrita, ocorrendo em uma única<br />
localidade ou alto de serra.<br />
Tanto na porção mineira do Espinhaço, como na<br />
Chapada Diamantina, na Bahia, há diversas espécies,<br />
pertencentes principalmente ao gênero Syngonanthus,<br />
que apresentam importância econômica para as populações<br />
locais, onde são conhecidas e comercializadas<br />
como “sempre-vivas”.<br />
Este trabalho teve como objetivo compilar todos os<br />
dados disponíveis acerca da riqueza e distribuição geográfica<br />
das Eriocaulaceae na Cadeia do Espinhaço, visando<br />
diagnosticar o atual status de conhecimento da<br />
família e as ameaças à conservação de sua diversidade.<br />
ESTUDOS EM ERIOCAULACEAE<br />
Estimar o número de espécies de Eriocaulaceae que<br />
ocorre na Cadeia do Espinhaço é, para alguns táxons,<br />
uma tarefa difícil, devido principalmente ao grande<br />
número de espécies que ocorre nos campos rupestres,<br />
à falta de levantamentos florísticos de grande p<strong>arte</strong> do<br />
Espinhaço e à carência de revisões taxonômicas de<br />
muitos grupos da família.<br />
As pesquisas recentes tratando de táxons brasileiros<br />
de Eriocaulaceae englobam principalmente estudos<br />
anatômicos e químicos (Andrade et al., 1999; Castro &<br />
Menezes, 1995; Coan et al., 2002; Kraus et al., 1996;<br />
Mayworm & Salatino, 1993; Oriani et al., 2005; Ricci et<br />
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grupos (Giulietti, 1984; Hensold & Giulietti, 1991;<br />
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ainda são escassos. Levantamentos florísticos em áreas<br />
fora da Cadeia do Espinhaço foram efetuados apenas<br />
em Santa Catarina (Moldenke & Smith, 1976), Distrito<br />
Federal (dados não publicados) e São Paulo (dados não<br />
publicados). Em Minas Gerais, encontra-se em andamento<br />
o estudo de Eriocaulaceae do Parque Nacional do<br />
Caparaó e do Parque Estadual de Ibitipoca, que não fazem<br />
p<strong>arte</strong> do Espinhaço.<br />
Na Cadeia do Espinhaço, os dados publicados que tratam<br />
da riqueza e distribuição geográfica de Eriocaulaceae<br />
ainda são restritos a poucas áreas. Na porção mineira,<br />
onde se concentra o maior número de espécies da família,<br />
alguns táxons já foram estudados em levantamentos<br />
efetuados na Serra do Cipó (Giulietti, 1978; Parra,<br />
1998; Hensold, 1998; Sano, 1998a; Costa, 2001) e em<br />
Grão-Mogol (dados não publicados). As demais áreas<br />
permanecem sem informação sobre a riqueza específica,<br />
podendo ser inferida apenas por meio de coleções<br />
depositadas nos herbários. Na Bahia, foram estudadas<br />
as Eriocaulaceae de Mucugê (Giulietti, 1986), Catolés<br />
(Giulietti et al., 2003), Pico das Almas (Giulietti & Parra,<br />
1995), Morro do Pai Inácio e Serra da Chapadinha (Miranda<br />
& Giulietti, 2001). Descrições de novas espécies<br />
de Eriocaulaceae para a Cadeia do Espinhaço foram<br />
publicadas por Hensold (1988), Sano (1998b), Giulietti<br />
(1996), Costa (2006) e principalmente por Ruhland<br />
(1903) e Silveira (1908, 1928). Estes últimos trabalhos<br />
(Ruhland, 1903; Silveira, 1908, 1928) ainda são, para<br />
alguns grupos de Eriocaulaceae, as únicas fontes de<br />
conhecimento sobre taxonomia, riqueza e área de ocorrência<br />
de muitas espécies.<br />
RIQUEZA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA<br />
Os gêneros de Eriocaulaceae que ocorrem no Espinhaço,<br />
o número de espécies já descritas para cada um<br />
deles e o número estimado de espécies que ocorrem<br />
nesta formação geológica revelam alta riqueza para a<br />
região (Tabela 1). Giulietti et al. (1997) estimaram que<br />
na Cadeia do Espinhaço ocorrem mais de 4.000 espécies<br />
de plantas vasculares, Eriocaulaceae, portanto,<br />
corresponderia a quase 10% do total destas espécies.<br />
TABELA 1 – Relação dos gêneros de Eriocaulaceae que ocorrem<br />
na Cadeia do Espinhaço, número de espécies descritas para<br />
cada gênero e número estimado de espécies que ocorrem no<br />
Espinhaço.<br />
GÊNEROS NÚMERO TOTAL ESTIMATIVA DO<br />
QUE OCORREM DE ESPÉCIES NÚMERO DE ESPÉCIES<br />
NO ESPINHAÇO POR GÊNERO NO ESPINHAÇO<br />
Actinocephalus 47 42<br />
Blastocaulon 05 05<br />
Eriocaulon 400* 18<br />
Leiothrix 42 36<br />
Paepalanthus 377 217<br />
Philodice 02 01<br />
Syngonanthus 200* 70<br />
Total 1073 379<br />
*Segundo Stützel (1998)<br />
Costa, Trovo & Sano | 119<br />
Dos gêneros da família, Actinocephalus é o que apresenta<br />
a maior quantidade de informações acerca da riqueza<br />
e distribuição geográfica das espécies. O gênero<br />
é composto basicamente por espécies que pertenciam<br />
à Paepalanthus sect. Actinocephalus e P. subsect.<br />
Aphorocaulon (Sano, 2004; Costa, 2005); é endêmico do<br />
Brasil e conta com 47 espécies, sendo que 42 ocorrem<br />
no Espinhaço. Destas, apenas A. bongardii (A. St.-Hil.)<br />
Sano, A. polyanthus (Bong.) Sano, A. ramosus (Wikstr.)<br />
Sano e A. denudatus (Körn.) Sano ocorrem além dos limites<br />
da Cadeia, as outras 38 espécies são restritas ao<br />
Espinhaço. O centro de diversidade do gênero situa-se<br />
na porção mineira da Cadeia, onde são encontradas 41<br />
espécies, sendo que 18 são endêmicas do Planalto de<br />
Diamantina. Na Chapada Diamantina (BA) ocorrem cinco<br />
espécies, entre elas A. herzogii (Moldenke) Sano, endêmica<br />
desta área. A maioria das espécies de<br />
Actinocephalus apresenta distribuição geográfica restrita,<br />
algumas são conhecidas por pequenas populações,<br />
estando inclusive fora de unidades de conservação,<br />
como A. aggregatus F. N. Costa, endêmica da porção<br />
norte da Serra do Cipó, nas proximidades de Congonhas<br />
do Norte e A. ciliatus (Bong.) Sano, que ocorre nas áreas<br />
adjacentes aos municípios de Serro e Diamantina.<br />
O gênero Blastocaulon conta com cinco espécies restritas<br />
à Cadeia do Espinhaço, a maioria concentrada no<br />
Planalto de Diamantina. Apenas B. prostratum (Körn.)<br />
Ruhland e B. scirpeum (Mart.) Giul. são encontradas também<br />
na Chapada Diamantina (Miranda & Giulietti, 2001).<br />
Estima-se, para Eriocaulon, em torno de 400 espécies<br />
(Stützel, 1998). É o maior gênero da família e o único<br />
com distribuição pantropical (Giulietti & Hensold, 1990).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
120 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />
Giulietti (1978) registrou sete espécies na Serra do Cipó.<br />
Na Cadeia do Espinhaço, há registros da ocorrência de<br />
aproximadamente 20 espécies. Contudo, esse é um<br />
gênero com poucos dados publicados e provavelmente<br />
a diversidade no Espinhaço é bem maior do que o estimado<br />
no presente.<br />
O gênero Leiothrix possui 42 espécies restritas à<br />
América do Sul e com centro de diversidade nas serras<br />
de Minas Gerais (Giulietti & Hensold, 1990). Na Cadeia<br />
do Espinhaço ocorrem aproximadamente 36 espécies,<br />
sendo que, destas, cerca de 70% são endêmicas de Minas<br />
Gerais, distribuídas desde a Serra do Cipó e a Serra<br />
do Caraça, ao sul, até a Serra de Grão-Mogol e Itacambira,<br />
ao norte.<br />
Paepalanthus é o segundo maior gênero da família e<br />
o mais complexo do ponto de vista taxonômico. Atualmente<br />
conta com aproximadamente 380 espécies distribuídas<br />
na África, América Central e do Sul, agrupadas<br />
em diferentes categorias infragenéricas (Tabela 2).<br />
O centro de diversidade do gênero localiza-se na Cadeia<br />
do Espinhaço, com mais de 200 espécies ocorrendo<br />
na área. Desse total, aproximadamente 82 % são<br />
endêmicas da região. Dos subgêneros de Paepalanthus<br />
com representantes no Espinhaço, apenas P. subg.<br />
Xeractis e P. subg. Platycaulon tiveram suas revisões<br />
taxonômicas já efetuadas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Dentre as 47 espécies pertencentes a Paepalanthus<br />
subg. Platycaulon, 24 estão no Espinhaço. Apenas<br />
P. rigidulus Mart. ocorre na Chapada Diamantina; as<br />
demais são restritas à porção mineira da Cadeia, ocorrendo<br />
desde a Serra do Cipó, onde há várias espécies<br />
endêmicas, como P. bromelioides Silveira, até o Planalto<br />
de Diamantina.<br />
Paepalanthus subg. Xeractis apresenta 28 espécies,<br />
todas restritas à porção mineira da Cadeia do Espinhaço,<br />
ocorrendo desde o sul desta Cadeia até a Serra do<br />
Cabral e Planalto de Diamantina, ao norte. Aproximadamente<br />
60 % das espécies deste subgênero são<br />
endêmicas da Serra do Cipó, algumas com área de distribuição<br />
bastante restrita, como P. ater Silveira,<br />
endêmica do Morro do Breu, situado no trecho central<br />
desta Serra.<br />
Paepalanthus subg. Thelxinoë conta com apenas duas<br />
espécies: P. scleranthus Ruhland e P. leucocephalus<br />
Ruhland, ambas restritas ao Espinhaço Meridional.<br />
Dentre os subgêneros de Paepalanthus, o de caracterização<br />
mais complexa e também o que possui o maior<br />
número de espécies é Paepalanthus subg. Paepalanthus [referido<br />
por Ruhland (1903) como P. subg. Paepalocephalus],<br />
que agrega mais de 250 espécies agrupadas em quatro<br />
seções. Paepalanthus distichophylus Mart., única<br />
espécie de P. sect. Dyostiche, é endêmica da porção<br />
TABELA 2 – Relação dos táxons infragenéricos reconhecidos atualmente para Paepalanthus Mart. Entre parênteses está o número<br />
aproximado de espécies que ocorre na Cadeia do Espinhaço.<br />
SUBGÊNEROS<br />
P. subg. Thelxinoë (2)<br />
P. subg. Xeractis (28)<br />
P. subg. Monosperma (0)<br />
P. subg. Psilandra (1)<br />
P. subg. Platycaulon (24)<br />
P. subg. Paepalanthus (152)<br />
SEÇÕES<br />
P. sect. Divisi (17)<br />
P. sect. Conferti (7)<br />
P. sect. Conodiscus (2)<br />
P. sect. Dyostiche (1)<br />
P. sect. Diphyomene (7)<br />
P. sect. Paepalanthus (142)<br />
SUBSEÇÕES<br />
P. subsect. Polycladus (2)<br />
P. subsect. Actinocephaloides (6)<br />
P. subsect. Dicocladus (1)<br />
P. subsect. Polyactis (25)<br />
P. subsect. Paepalanthus (108)<br />
SÉRIES<br />
P. ser. Dimeri (4)<br />
P. ser. Leptocephali (12)<br />
P. ser. Rosulati (4)<br />
P. ser. Variabilis (84)<br />
P. ser. Vivipari (4)
mineira do Espinhaço, ocorrendo entre a Serra do Cipó<br />
e o Planalto de Diamantina. Paepalanthus sect.<br />
Conodiscus possui três espécies, sendo que uma<br />
ocorre no estado de Goiás e as outras duas,<br />
P. sphaerocephalus Ruhland e P. exiguus (Bong.) Körn.,<br />
ocorrem nas serras de Minas e da Bahia. Paepalanthus<br />
sect. Diphyomene conta com 16 espécies, duas delas,<br />
P. flaccidus (Bong.) Kunth e P. giganteus Sano, ocorrem<br />
na Serra do Cipó (Costa, 2001) bem como em outras<br />
áreas de Minas e do Centro-Oeste. Estima-se que, ao<br />
longo do Espinhaço, ocorram de seis a oito espécies pertencentes<br />
a este táxon. Paepalanthus sect. Paepalanthus<br />
[referido por Ruhland (1903) como P. sect. Eriocaulopsis]<br />
é a seção com maior número de espécies, das quais<br />
aproximadamente 60% ocorrem na Cadeia do Espinhaço,<br />
a maioria concentrada no estado de Minas Gerais.<br />
O gênero Paepalanthus é, inquestionavelmente, o mais<br />
carente de informações e o que necessita de um maior<br />
esforço de pesquisas, inclusive em relação à sua circunscrição,<br />
uma vez que se trata de um táxon polifilético<br />
(Giulietti et al., 1995; Gilietti et al., 2000; Unwin, 2004).<br />
O gênero Philodice conta com apenas duas espécies,<br />
das quais uma, P. hoffmannseggii Mart. ocorre na Cadeia<br />
do Espinhaço, no Planalto de Diamantina.<br />
Syngonanthus possui aproximadamente 200 espécies<br />
distribuídas em cinco seções: S. sect. Syngonanthus,<br />
S. sect. Carphocephalus, S. sect. Eulepis, S. sect.<br />
Thysanocephalus, S. sect. Chalarocaulon. Destas, apenas<br />
S. sect. Eulepis foi revisada (Lazzari, 2000). Na Serra do<br />
Cipó são encontradas 20 espécies de Syngonanthus<br />
(Parra, 1998) e se estima que mais de 70 ocorram na<br />
Cadeia do Espinhaço. Muitas espécies do gênero têm<br />
importância econômica: mais de 20 espécies, pertencentes<br />
principalmente à S. sect. Eulepis, são comercializadas<br />
como “sempre-vivas” ao longo da Cadeia,<br />
algumas das quais restritas a pequenas áreas, como<br />
S. mucugensis, endêmica de Mucugê, na Chapada Diamantina,<br />
e S. brasiliana, restrita à Serra do Ambrósio,<br />
no município de Rio Vermelho, em Minas Gerais.<br />
Giulietti et al. (2005) citam a ocorrência de 548 espécies<br />
de Eriocaulaceae no Brasil, portanto, no Espinhaço,<br />
ocorreriam aproximadamente 70% das espécies<br />
brasileiras, a maioria delas na porção mineira. Na<br />
Chapada Diamantina, segundo Giulietti et al. (2005),<br />
há registros da ocorrência de 50 espécies novas de<br />
Eriocaulaceae ainda por serem descritas. Em Minas<br />
Gerais, principalmente no Planalto de Diamantina, onde<br />
se localiza o centro de diversidade de muitos táxons da<br />
família, provavelmente a riqueza específica seja ainda<br />
bem maior do que a estimada atualmente.<br />
ENDEMISMOS<br />
Costa, Trovo & Sano | 121<br />
Além da grande riqueza de espécies pertencentes a<br />
diversas famílias botânicas, uma outra característica<br />
marcante dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
é o elevado número de táxons endêmicos desta formação<br />
geológica.<br />
Dentre as espécies de Eriocaulaceae que ocorrem no<br />
Espinhaço, estima-se que aproximadamente 85% sejam<br />
endêmicas, a maioria delas restrita a pequenas localidades,<br />
sendo inclusive denominadas como “microendêmicas”<br />
ou endêmicas restritas.<br />
P<strong>arte</strong> do endemismo decorre de problemas taxonômicos.<br />
Existem espécies conhecidas apenas do material-tipo<br />
e, portanto, coletadas somente em uma única<br />
localidade. Associada a essa realidade existe a lacuna<br />
de revisões taxonômicas mais recentes, que permitam<br />
avaliar o status real dessas espécies: se de fato são ou<br />
não passíveis de serem reconhecidas como tais. Há também<br />
a possibilidade de que um certo número de híbridos<br />
tenham sido descritos como espécies novas, o que<br />
também colabora para o aumento da riqueza e da taxa<br />
de endemismo.<br />
Outra razão para o elevado número de espécies conhecidas<br />
apenas de uma localidade ou de um material<br />
diz respeito ao esforço de coleta. Se por um lado existem<br />
áreas da Cadeia do Espinhaço que apresentam grande<br />
esforço amostral, como é o caso da Serra do Cipó,<br />
por exemplo, por outro lado, existem lacunas de conhecimento,<br />
sobretudo na porção mais setentrional do<br />
Espinhaço mineiro, o que certamente se reflete no número<br />
e ocorrência de espécies. Esse é o caso, por exemplo,<br />
de Actinocephalus divaricatus (Bong.) Sano, que havia<br />
sido referida para Diamantina, Minas Gerais. Coletas<br />
intensivas na Bahia ampliaram a área de ocorrência da<br />
espécie para o norte, na Chapada Diamantina; e para o<br />
sul, na Serra do Cipó, em Minas Gerais.<br />
Como característica biológica, a família, de modo geral,<br />
coloniza áreas de grande altitude e, portanto, de acesso<br />
difícil. A pouca acessibilidade das áreas de ocorrência<br />
é outro fator que também está ligado ao número e à<br />
ocorrência de registros de espécies de Eriocaulaceae. A<br />
ampliação do esforço amostral em número de coletas e<br />
de áreas coletadas tem trazido o registro de novas áreas<br />
de ocorrência para espécies antes conhecidas de uma<br />
única localidade. Porém, é real que essa ampliação tem<br />
intensificado também o número de espécies novas descritas<br />
(ou a serem descritas), aumentando o registro de<br />
novos endemismos.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
122 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />
À p<strong>arte</strong> os problemas taxonômicos e as lacunas de<br />
coleta, existem inúmeros outros casos de endemismos<br />
que, de fato, refletem a história evolutiva da família.<br />
São testemunhos ou de uma distribuição mais ampla<br />
da espécie e que hoje se encontra mais restrita (paleoendemismo)<br />
ou de uma especiação recente cujos<br />
indivíduos ainda não colonizaram outras regiões (neoendemismo).<br />
O fato é que estudos nessa área do conhecimento<br />
são urgentes e necessários para que se<br />
possa explicar não somente a história evolutiva de<br />
Eriocaulaceae como também o próprio histórico de<br />
colonização da Cadeia do Espinhaço por essas plantas.<br />
EXTRATIVISMO DE SEMPRE-VIVAS<br />
Com o declínio do ciclo do ouro e do diamante, p<strong>arte</strong><br />
da população do Espinhaço encontrou como alternativa<br />
de fonte de renda o extrativismo de “sempre-vivas”.<br />
Sempre-vivas é o nome popular dado a escapos e<br />
inflorescências de plantas que mantêm a aparência de<br />
estruturas vivas, mesmo depois de destacadas e secas,<br />
sendo empregadas na decoração de interiores (Giulietti<br />
et al., 1988). As espécies comercializadas pertencem a<br />
diferentes famílias, como Xyridaceae, Cyperaceae,<br />
Poaceae e principalmente Eriocaulaceae.<br />
A comercialização deste produto teve início nas décadas<br />
de 1930 e 1940, e seu auge ocorreu entre os anos<br />
de 1970 e 1980, com o aumento da demanda neste<br />
período influenciado pelo interesse na exportação para<br />
os Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa<br />
(Giulietti et al., 1988).<br />
A maioria das espécies comercializadas é restrita aos<br />
campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. As duas principais<br />
áreas de ocorrência destas plantas localizam-se<br />
na região do Planalto de Diamantina, em Minas Gerais,<br />
e nos arredores de Mucugê, na Bahia, consideradas<br />
pólos produtores de sempre-vivas (Lazzari, 2000).<br />
Na região de Diamantina, embora 25 espécies de<br />
Eriocaulaceae sejam comercializadas como sempre- vivas<br />
(Giulietti et al., 1996), a exploração é mais concentrada<br />
em algumas espécies (Giulietti et al., 1988), especialmente<br />
S. elegans (Bong.) Ruhland, popularmente<br />
conhecida como sempre-viva pé-de-ouro; e S. elegantulus<br />
Ruhland e S. dealbatus Silveira, ambas conhecidas pelo<br />
nome de brejeira.<br />
Há registros que apontam que, somente no ano de<br />
1984, a quantidade de plantas comercializadas de sempre-viva<br />
pé-de-ouro e de brejeira somam 60 toneladas<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
(Giulietti et al., 1988). Por ser uma das sempre-vivas<br />
mais exploradas e que atinge maior valor comercial,<br />
S. elegans (Bong.) Ruhland sofreu redução drástica em<br />
sua área de ocorrência, tendo desaparecido em muitos<br />
locais, fato que a coloca atualmente como uma<br />
das espécies ameaçadas de extinção, juntamente com<br />
outras 53 espécies da família (Biodiversitas, 2007).<br />
Na Bahia, Syngonanthus mucugensis Giulietti é a principal<br />
espécie explorada como sempre-viva, inclusive,<br />
seu extrativismo indiscriminado dizimou grande p<strong>arte</strong><br />
de suas populações, o que levou o IBAMA, no início<br />
dos anos 1990, a proibir a colheita e, apenas com o<br />
estabelecimento do projeto “Sempre Viva” em 1996,<br />
a situação apresentou melhoras. Este projeto contou<br />
com inúmeras parcerias de instituições políticas, científicas<br />
e de representação social e culminou na criação<br />
efetiva do Parque Municipal de Mucugê. Com essa<br />
iniciativa, empregos e fontes de renda foram gerados<br />
para p<strong>arte</strong> da população local, bem como garantida a<br />
sobrevivência da espécie (Teixeira & Linsker, 2005).<br />
Na comunidade de Galheiros, localizada no município<br />
de Diamantina, a atuação de empresas privadas e<br />
organizações não-governamentais, como a Terra<br />
Brasilis, Mão de Minas e SEBRAE, têm incentivado o<br />
uso de sempre-vivas e de outras plantas na confecção<br />
de peças <strong>arte</strong>sanais. Tal atividade proporciona o aumento<br />
da renda, com a venda desses produtos, em relação<br />
à venda obtida do produto não manufaturado. A ação<br />
conjunta destes órgãos vem aumentando a consciência<br />
da comunidade quanto à necessidade de conservação<br />
das sempre-vivas, reduzindo os impactos do extrativismo<br />
desordenado.<br />
A exploração de sempre-vivas, principalmente em<br />
Minas Gerais e Bahia, conduz a uma reflexão sobre diferentes<br />
aspectos do extrativismo e conservação destas<br />
espécies. Alguns deles merecem especial destaque.<br />
O primeiro aspecto é o da real necessidade de conservação<br />
destas espécies, uma vez que as populações<br />
naturais têm diminuído consideravelmente, refletindo<br />
diretamente no número de espécies ameaçadas de<br />
extinção. Outro aspecto importante é a relevância de<br />
trabalhos em parceria dos órgãos políticos com as Universidades,<br />
como o projeto “Sempre Vivas” em Mucugê,<br />
que é um modelo premiado neste tipo de trabalho<br />
(Teixeira & Linsker, 2005).<br />
Por fim, não se pode ignorar o aspecto social envolvido<br />
na questão da conservação/exploração de semprevivas.<br />
Muitas são as comunidades que contam exclusivamente<br />
com o extrativismo como única fonte de
enda (Giulietti et al., 1988). Muitos são os atravessadores<br />
e exportadores envolvidos no comércio de sempre-vivas,<br />
assim como grande é a renda gerada para os<br />
municípios neste negócio. Diante disso, temos que o<br />
problema do extrativismo e da conservação de sempre-vivas<br />
precisa ser pensado não só do ponto de vista<br />
biológico, mas também sob o aspecto político e social.<br />
AMEAÇAS X CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES<br />
Representantes de Eriocaulaceae ocorrem, na sua grande<br />
maioria, em áreas de campo rupestre, nos campos<br />
entre os afloramentos rochosos em meio a uma matriz<br />
graminóide. Estas áreas na região da Cadeia do Espinhaço<br />
têm sofrido enorme pressão agrícola e pecuária.<br />
Grandes e pequenas propriedades têm cada vez mais<br />
avançado sobre estas terras na intenção de expandir as<br />
pastagens e as áreas de cultivo, inclusive com uso de<br />
fogo. Outro problema muito freqüente é a atividade de<br />
empresas mineradoras. Além do grande impacto que<br />
causam no ambiente como um todo, em geral seu modo<br />
de operação consiste, de início, justamente na retirada<br />
das camadas superficiais do solo, sobre as quais encontram-se<br />
instaladas as espécies herbáceas.<br />
A distribuição geográfica das espécies, geralmente<br />
restrita a pequenas áreas, associada à destruição do<br />
habitat (fogo, garimpo, mineração, expansão da agricultura<br />
e pecuária) e ao extrativismo de sempre-vivas,<br />
contribuem para que Eriocaulaceae seja uma das<br />
famílias mais ameaçadas dos campos rupestres do estado<br />
de Minas Gerais. Atualmente, 54 espécies de<br />
Eriocaulaceae estão incluídas na lista vermelha de espécies<br />
ameaçadas de extinção do estado de Minas<br />
Gerais: 23 delas na categoria Criticamente em Perigo,<br />
19 na categoria Em Perigo e 12 espécies na categoria<br />
Vulnerável (Biodiversitas, 2007). Dado mais alarmante<br />
ainda é o número de táxons da família considerados<br />
extintos: sete. São eles: Actinocephalus cipoensis<br />
(Silveira) Sano, Eriocaulon melanolepis Silveira, Leiothrix<br />
gomesii Silveira, Leiothrix linearis Silveira, Paepalanthus<br />
argenteus var. elatus (Bong.) Hensold, Paepalanthus<br />
lepidus Silveira e Paepalanthus perbracchiatus Silveira.<br />
Esses números, mais do que motivo de preocupação e<br />
alerta, devem servir também como uma chamada de<br />
atenção para a necessidade de políticas públicas e de<br />
ações sociais voltadas para a preservação desse<br />
patrimônio natural que vem sendo perdido ao longo<br />
do tempo.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A Cadeia do Espinhaço configura-se como ambiente<br />
único não apenas em termos de paisagem como também<br />
no que diz respeito à sua ocupação pelos organismos<br />
que ali vivem. Nesse contexto, Eriocaulaceae<br />
evidencia-se como uma das famílias que apresentam sua<br />
maior diversidade e riqueza nesses locais. A abundância<br />
de espécies, o alto nível de endemismo, o caráter do<br />
uso dessas espécies pelas comunidades locais atestam<br />
para a necessidade do conhecimento, da preservação e<br />
do manejo dessa família. À singularidade do ambiente<br />
soma-se, portanto, a singularidade da família.<br />
Para que se possa identificar a real riqueza e a distribuição<br />
geográfica das espécies de Eriocaulaceae na Cadeia<br />
do Espinhaço, será necessária uma concentração<br />
de esforços para amostrar áreas ainda pouco inventariadas<br />
da Cadeia, como por exemplo, as serras situadas na<br />
porção setentrional do Espinhaço mineiro e algumas<br />
áreas da porção meridional, como Morro do Breu, serras<br />
de Congonhas do Norte e Santana de Pirapama, Planalto<br />
de Diamantina, Chapada do Couto e Serra do Cabral.<br />
Além disso, é imprescindível um maior investimento<br />
na formação de especialistas nesta família, uma vez que<br />
a falta de estudos de taxonomia e de sistemática em<br />
diversos táxons, além da carência de estudos em outras<br />
áreas, como biologia reprodutiva e dinâmica das<br />
populações, dificultam o estabelecimento de estratégias<br />
de conservação e de manejo destas plantas.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores agradecem ao Alexsander Araújo Azevedo<br />
(Alex), do Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida<br />
Silvestre, pelo convite para participar deste volume da<br />
<strong>Megadiversidade</strong>.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
Costa, Trovo & Sano | 123<br />
Andrade, F. D. P.; Santos, L. C.; Dokkedal, A. L. & Vilegas, W.<br />
1999. Acyl glucosylated flavonols from Paepalanthus species.<br />
Phytochemistry 51: 411-415.<br />
Biodiversitas, 2007. Revisão das Listas das Espécies da Flora e<br />
da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado de Minas Gerais.<br />
http://www.biodiversitas.or0g.br/listas-mg/. Acessado em 16/<br />
07/2008.<br />
Castro, N. M. & Menezes, N. L. 1995. Aspectos da anatomia<br />
foliar de algumas espécies de Paepalanthus Kunth,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
124 | Eriocaulacea na Cadeia do Espinhaço: riqueza, endemismo e ameaças<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
LEONARDO M. VERSIEUX 1,2<br />
TÂNIA WENDT 3<br />
RAFAEL BATISTA LOUZADA 2,4<br />
MARIA DAS GRAÇAS LAPA WANDERLEY 2<br />
1 Doutorando em Botânica, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo<br />
2 Instituto de Botânica, Seção de Curadoria do Herbário, Av. Miguel Stéfano 3687, São Paulo - SP, 04301-902, Brasil<br />
3 Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCS, IB, Departamento de Botânica, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro - RJ, 21941–590, Brasil<br />
4 Mestrando em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, Instituto de Botânica de São Paulo<br />
* email: lversieux@yahoo.com.br<br />
RESUMO<br />
Bromeliaceae é uma família de monocotiledôneas de grande importância ecológica na flora da<br />
mata atlântica e dos campos rupestres. No presente trabalho apresenta-se um catálogo dos 26<br />
gêneros e 224 espécies de bromélias da Cadeia do Espinhaço, nos estados da Bahia e Minas<br />
Gerais. Esta lista foi preparada a partir do levantamento de 17 coleções de herbários, trabalho<br />
em campo e consulta à literatura. Para a Bahia, foram listados 19 gêneros e 106 espécies,<br />
enquanto que em Minas Gerais ocorrem 23 gêneros e 141 espécies. Das 214 espécies referidas<br />
para a Cadeia do Espinhaço, 111 (49,5%) são endêmicas dessa cadeia de montanhas e<br />
apenas 21 (9,5%) ocorrem em ambos os estados, indicando composições florísticas peculiares<br />
e ricas em endemismos regionais. A subfamília Bromelioideae é a mais rica em gêneros e<br />
espécies e está melhor representada em Minas Gerais, no sul da Cadeia do Espinhaço. As<br />
subfamílias Tillandsioideae e Pitcairnioideae também se destacam pelo grande número de<br />
espécies e endemismos nos gêneros Vriesea e Dyckia. O trabalho indica que ainda existem<br />
áreas pouco exploradas botanicamente ao longo do Espinhaço, sendo que maior p<strong>arte</strong> das<br />
coleções se concentra em menos de dez municípios de cada estado.<br />
ABSTRACT<br />
Bromeliaceae is a monocot family that has a great ecological importance in the atlantic forest<br />
and in campo rupestre vegetation. This paper presents a checklist of the 26 genera and 224<br />
species of Bromeliaceae occurring in the Espinhaço mountain chain that is located in the Brazilian<br />
states of Bahia and Minas Gerais. This checklist was based on the survey of 17 herbaria collections,<br />
field work and related literature sources. A total of 19 genera and 106 species were inventoried<br />
for Bahia, and 23 genera and 141 species are listed for Minas Gerais. Of the total number of<br />
species occurring in the Espinhaço, 111 (49,5%) are endemic of this range, and only 21 (9,5%)<br />
occur in both states, reflecting the peculiar vegetations that are rich in narrowly ranged species.<br />
Among the three Bromeliaceae subfamilies, Bromelioideae is the richest in number of genera and<br />
species and is better represented along the southern portion of the Espinhaço Range, at Minas<br />
Gerais. Subfamilies Tillandsioideae and Pitcairnioideae also stand out due to Vriesea and Dyckia,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
oth these genera are rich in species and in endemism. The checklist indicates that most of the<br />
collections come from less than 10 counties in each state, and that there are still undercollected<br />
areas along this range.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O Brasil apresenta uma expressiva riqueza vegetal, abrigando<br />
cerca de 19% das 250.000 espécies de angiospermas<br />
conhecidas (Giulietti et al., 2005). Bromeliaceae<br />
representa um importante componente florístico e<br />
fisionômico em diferentes formações vegetais, com representantes<br />
de formas de vida terrestre, epífita ou<br />
rupícola. NosNeotrópicos, Bromeliaceae se destaca pela<br />
grande diversidade genérica e específica, com cerca de<br />
57 gêneros e 3.086 espécies (Luther, 2006), sendo que<br />
uma espécie do gênero Pitcairnia ocorre no oeste do<br />
continente africano, em razão de uma dispersão a longa<br />
distância recente (Givnish et al., 2004).<br />
Bromeliaceae é tradicionalmente dividida em três<br />
subfamílias: Pitcairnioideae, Tillandsioideae e<br />
Bromelioideae (Smith & Downs, 1974). Porém essa classificação<br />
vem passando por grandes transformações a<br />
partir dos estudos filogenéticos que empregam<br />
caracteres moleculares (Crayn et al., 2004; Givnish et<br />
al., 2004). A importância ecológica da família é marcante<br />
nos ambientes em que ocorre, pois muitas espécies<br />
ampliam a biodiversidade através dos tanques<br />
(fitotelmatas) que acumulam a água das chuvas, que,<br />
por sua vez, é utilizada por uma vasta gama de seres<br />
vivos (Benzing, 2000). Alguns gêneros de Bromeliaceae<br />
dos campos rupestres são conhecidos pelas associações<br />
com cupinzeiros e formigueiros (Thorne et al., 1996). A<br />
família também merece destaque pela importância das<br />
espécies ornamentais, que são amplamente cultivadas.<br />
Na Cadeia do Espinhaço, que se estende pelos estados<br />
da Bahia e de Minas Gerais, destaca-se a vegetação<br />
dos campos rupestres, com uma rica flora de angiospermas<br />
e padrões de distribuição geográfica peculiares,<br />
sendo marcante um elevado grau de endemismo<br />
para diferentes famílias (Pirani & Giulietti, 1988). Além<br />
dos campos rupestres, observa-se ao longo do Espinhaço<br />
um mosaico de formações, envolvendo matas de galeria,<br />
“capões” de florestas montanas, floresta estacional<br />
semidecidual, campos, vegetação rupícola sobre solo<br />
de canga, áreas úmidas e brejosas, cerrado e caatinga,<br />
sendo notáveis extensos ecótonos entre essas comunidades<br />
(Giulietti & Pirani, 1997; Spósito & Stehmann,<br />
2006; Viana & Lombardi, 2007; Jacobi et al., 2007).<br />
Uma grande concentração das espécies brasileiras<br />
de Bromeliaceae ocorre ao longo da Cadeia do Espinhaço,<br />
que tem despertado o interesse de naturalistas<br />
e botânicos desde expedições históricas, realizadas no<br />
século XIX, como as de A. Saint-Hilaire, C. P. F. von<br />
Martius e J. E. Pohl. Entre os gêneros de bromélias<br />
endêmicos da Cadeia do Espinhaço, descritos com base<br />
nas coleções dessas expedições, podem ser citados<br />
Eduandrea (Baker) Leme et al., restrito ao sul do<br />
Espinhaço (MG) e Sincoraea Ule (= Orthophytum), inicialmente<br />
conhecido apenas para a serra do Sincorá,<br />
chapada Diamantina (BA).<br />
Nas últimas décadas, os estudos florísticos e revisões<br />
taxonômicas em Bromeliaceae se ampliaram significativamente,<br />
sendo marcante o acréscimo de novas<br />
coleções aos herbários e o número de novas espécies<br />
descritas. Entre os trabalhos realizados com as bromélias<br />
de campo rupestre, destacam-se as floras e listagens<br />
regionais (Smith & Downs, 1974; 1977; 1979; Wanderley<br />
& Martinelli, 1987; Leme & Funch, 1988; Mayo et al.,<br />
1995; Coffani-Nunes, 1997; Forzza & Wanderley, 1998;<br />
2003; Pirani et al., 1994; Marques, 2002; Wanderley &<br />
Forzza, 2003; Versieux & Wendt, 2006; Coser, 2008), as<br />
revisões (Leme, 1996; 1997; 1999a; Morillo 1996;<br />
Forzza, 2005; Faria, 2006; Louzada, 2008), e a descrição<br />
de novos táxons (e.g., Leme, 1999b; Wanderley &<br />
Conceição, 2006; Versieux & Leme, 2007; Versieux &<br />
Wanderley, 2007).<br />
O presente trabalho visa reunir informações sobre a<br />
diversidade e padrões de endemismo para a família<br />
Bromeliaceae na Cadeia do Espinhaço na Bahia e em<br />
Minas Gerais.<br />
METODOLOGIA<br />
Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 127<br />
O levantamento das espécies de Bromeliaceae que ocorrem<br />
na Cadeia do Espinhaço foi efetuado com base na<br />
relação dos municípios que integram tal formação<br />
geomorfológica, conforme a circunscrição adotada pela<br />
Fundação Biodiversitas, durante o workshop “Espinhaço<br />
Sempre Vivo” (mapas e listagem dos municípios<br />
disponíveis em www.biodiversitas.org.br/espinhaco/mapas/framemapa.htm).<br />
Essa listagem de municípios<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
128 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
engloba, não somente os campos rupestres, mas também<br />
áreas de afloramentos calcários e graníticos<br />
(inselbergs), caatinga, cerrado, além de áreas de floresta<br />
estacional semidecidual, compreendendo altitudes<br />
aproximadamente entre 900 a 2000 m.s.n.m.<br />
Os dados para se estabelecer a ocorrência dos táxons<br />
na Cadeia do Espinhaço provêm de três fontes principais:<br />
(1) coleções de herbários brasileiros e norte-americanos;<br />
(2) trabalho de campo, com diferentes expedições<br />
de coleta realizadas pelos autores; (3) consulta à literatura<br />
especializada.<br />
Foram consultados os seguintes herbários: ALCB,<br />
BHCB, BHZB, CESJ, CEPEC, HB, HBR, HUEFS MBM, R,<br />
RB, RFA, SEL, SP, SPF, US e VIC (siglas de acordo com<br />
Holmgren et al., 1990).<br />
Para os táxons que careciam de coleções recentes<br />
ou para os quais não foram examinados materiais de<br />
herbário, tomou-se como referência a localidade citada<br />
na obra original e citou-se, como testemunho, o<br />
material-tipo. A listagem completa dos táxons é apresentada<br />
na Tabela 2, adotando-se a nomenclatura utilizada<br />
por Luther (2006), e Brummit & Powell (1992), para<br />
a abreviatura dos nomes dos autores dos táxons. Espécies<br />
novas em processo de descrição ou táxons duvidosos<br />
que demandam por estudos revisionais detalhados,<br />
são referidos como morfo-espécies numeradas. Para cada<br />
táxon é apresentado um material-testemunho, para Bahia<br />
e/ou Minas Gerais, proveniente dos municípios pertencentes<br />
ao Espinhaço. Quando há dois materiais-testemunhos<br />
(para as espécies que ocorrem em ambos os<br />
estados), é citado primeiro o material da Bahia seguido<br />
pelo de Minas Gerais. As siglas de herbários destacadas<br />
por um asterisco indicam que o registro do táxon<br />
para a Cadeia do Espinhaço foi obtido da literatura consultada.<br />
Foram tratados como endêmicos apenas os táxons que<br />
apresentam distribuição restrita à Cadeia do Espinhaço,<br />
adotando-se as seguintes subdivisões em áreas de endemismo:<br />
CE = endêmica da cadeia do Espinhaço (BA<br />
e/ou MG), CD = endêmica da chapada Diamantina (BA),<br />
GM = endêmica de Grão Mogol (MG), PD = endêmica<br />
do planalto de Diamantina (MG), QF = endêmica do<br />
Quadrilátero Ferrífero (MG), SC = endêmica da serra<br />
do Cipó (MG).<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A Cadeia do Espinhaço apresenta 26 gêneros e 224 espécies<br />
de Bromeliaceae (Tabela 1). Na Bahia ocorrem<br />
106 espécies subordinadas a 19 gêneros, enquanto que<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
em Minas Gerais 141 espécies em 23 gêneros (Tabelas<br />
1 e 2). Do total de espécies apresentadas, apenas 21<br />
(9,5%) ocorrem em ambos os estados e 111 (49,5%) são<br />
endêmicas da Cadeia do Espinhaço (Tabela 1).<br />
Bromelioideae apresentou o maior número de táxons<br />
(108 espécies /16 gêneros) seguido por Tillandsioideae<br />
(59/5) e Pitcairnioideae (57/5) (Tabela 1 e Figura 1). Podese<br />
destacar o quão rico é o Espinhaço quando se observa<br />
que cerca de 46% do total de gêneros (~57) e 7% do<br />
total de espécies (~3086) descritos para toda a família<br />
Bromeliaceae ocorrem nessa serra.<br />
É notável o elevado número de espécies endêmicas da<br />
região (49,5%), principalmente em alguns gêneros. Em<br />
Bromelioideae os gêneros Eduandrea, Orthophytum,<br />
Cryptanthus e Hohenbergia apresentaram elevado grau endemismo,<br />
sendo que Eduandrea é restrito à porção sul da<br />
Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais. Em Tillandsioideae,<br />
Alcantarea e Vriesea se destacam pela alta porcentagem de<br />
táxons endêmicos. Em Pitcairnioideae, Dyckia representa<br />
o gênero com maior número de espécies e espécies<br />
endêmicas. Ainda nesta subfamília, se destacam os gêneros<br />
Encholirium, com 80% de endemismo e<br />
Cottendorfia, gênero monotípico endêmico da porção<br />
norte do Espinhaço (BA).<br />
Diversos trabalhos apontam para um elevado grau<br />
de endemismo de diferentes famílias de plantas ao longo<br />
do Espinhaço, e.g., Fabaceae (Simon & Proença,<br />
2000), Apocynaceae (Rapini et al., 2002). Se tomado o<br />
estado de Minas Gerais como um todo, 62% das suas<br />
espécies endêmicas de Bromeliaceae, estão restritas<br />
ao Espinhaço, sendo essa a mais importante área de<br />
endemismo para a família no estado (Versieux &<br />
Wendt, 2006; 2007).<br />
Algumas espécies endêmicas da Cadeia do Espinhaço,<br />
tais como, Encholirium subsecundum, Neoregelia<br />
bahiana e Vriesea oligantha são típicas da vegetação de<br />
campos rupestres e possuem ampla distribuição na<br />
Cadeia do Espinhaço. Outras ocorrem em capões de<br />
mata associados às vertentes mais úmidas como<br />
Wittrockia sp.1, que apesar de apresentar distribuição<br />
isolada nesses ambientes, ocorre em ambos os estados.<br />
Por outro lado, há espécies que se destacam pela<br />
distribuição pontual, sendo restritas a uma única localidade,<br />
tidas como micro-endêmicas (e.g., Dyckia<br />
glandulosa, Vriesea atropurpurea e Vriesea stricta), contribuindo<br />
para que a similaridade florística, mesmo entre<br />
áreas ou serras próximas, seja baixa. Outras espécies<br />
são, ainda hoje, conhecidas apenas pela coleção-tipo<br />
(e.g., Hohenbergia rosea, Vriesea sincorana), apontando<br />
para a necessidade de se aprofundar os estudos<br />
florísticos e de distribuição geográfica com a família.
A biologia reprodutiva, incluindo a hibridização, e a<br />
dispersão de sementes tem papel-chave na especiação<br />
de Bromeliaceae (Holst, 1994; Wendt et al., 2000; 2001).<br />
O elevado endemismo observado em alguns gêneros<br />
parece estar relacionado à morfologia e ao meio de dispersão<br />
das sementes, apesar da reprodução por<br />
brotamentos ou crescimento clonal ser uma estratégia<br />
frequentemente empregada (Benzing, 2000). O alcance<br />
da dispersão da semente irá influenciar no estabelecimento<br />
de populações isoladas e poderá promover, ao<br />
longo de sucessivas gerações, a especiação. Na subfamília<br />
Pitcairnioideae, os gêneros Dyckia e Encholirium destacam-se<br />
pela riqueza de espécies e altas porcentagens<br />
de endemismo (Tabela 1). Holst (1994) também observou<br />
um elevado endemismo para espécies de Pitcairnioideae,<br />
ao trabalhar com as bromélias da Venezuela. Para esse<br />
autor, a explicação parcial provém do tipo de semente<br />
alada apresentada, dispersada por pequenas distâncias.<br />
Nesses casos, uma vez estabelecida uma população, longe<br />
dos seus parentais, essa permanece geneticamente<br />
isolada, o que interfere no processo de especiação. Para<br />
Benzing (2000), a ocorrência de Dyckia e Encholirium no<br />
sudeste do Brasil constitui uma radiação secundária dentro<br />
da subfamília Pitcairnioideae, cujo centro de diversidade<br />
é o planalto das Guianas. O mesmo autor destaca<br />
que a hibridização dentro desses gêneros é um indicador<br />
de processos de especiação recentes, favorecidos por<br />
condições especiais de determinados habitats de maior<br />
altitude (campo rupestre) e pelas flutuações climáticas<br />
do Plio-Pleistoceno, que fragmentaram ou alteraram a<br />
distribuição geográfica de diferentes grupos de organismos,<br />
promovendo a especiação.<br />
Alguns gêneros mostram interessantes distribuições.<br />
Hohenbergia, tão prolífero na Bahia, está ausente no<br />
setor mineiro. Por outro lado, elementos típicos da floresta<br />
atlântica do sudeste do Brasil (e.g. Nidularium,<br />
Quesnelia), estão restritos ao extremo sul da Cadeia do<br />
Espinhaço, não ocorrendo a oeste do meridiano de 45 O .<br />
Cinco gêneros de Bromelioideae (Acantostachys,<br />
Eduandrea, Nidularium, Portea e Quesnelia), subfamília com<br />
centro de diversidade na mata atlântica, não ocorrem<br />
no setor baiano, que aparenta receber maior influência<br />
da vegetação da caatinga e do cerrado adjacentes.<br />
Versieux & Wendt (2007) discutem que a riqueza de<br />
espécies de Bromeliaceae em áreas de campo rupestre<br />
diminui em direção ao norte e ao oeste de Minas Gerais.<br />
Nesse estado observa-se um grande esforço de<br />
coleta em áreas ao sul do Espinhaço, entre Diamantina<br />
e Ouro Preto, onde ocorrem as mais ricas coleções,<br />
resultantes dos estudos científicos e históricos desenvolvidos<br />
por botânicos. Estes autores discutem também<br />
Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 129<br />
a afinidade florística e o compartilhamento de táxons<br />
que ocorrem no porção sul do Espinhaço mineiro e na<br />
mata atlântica s.l.<br />
Em Minas Gerais, foram encontrados registros de<br />
ocorrência da família para cerca de 50% dos municípios<br />
do Espinhaço. Para este estado, conforme pode ser visto<br />
na Figura 2, há um aumento significativo das coleções<br />
de herbário no município de Santana do Riacho,<br />
que abriga o Parque Nacional da Serra do Cipó e onde<br />
há um grande esforço de coleta dentro do Projeto “Flora<br />
da Serra do Cipó”.<br />
No estado da Bahia, apesar, da ampliação dos esforços<br />
de coletas nos últimos anos com o desenvolvimento<br />
do projeto Flora da Bahia, alguns gêneros ainda<br />
estão sub-amostrados e nota-se que oito municípios<br />
concentram a maior p<strong>arte</strong> das coleções.<br />
O emprego secular dos campos rupestres como pastagens<br />
naturais, associado à mineração, às queimadas,<br />
ao extrativismo e ao desmatamento das matas de galeria<br />
comprometem a sobrevivência de muitas espécies de<br />
Bromeliaceae da Bahia e Minas Gerais, algumas delas<br />
sequer descritas como novas (e.g., Dyckia sp. 3). Alcantarea<br />
hatschbachii, micro-endêmica do planalto de Diamantina<br />
é tida como possivelmente extinta, a localidade-tipo sofreu<br />
intensas queimadas e extrativismo (G. Hatschbach<br />
com. pes.) e buscas recentes no campo não permitiram<br />
ainda localizar novas populações. Já Vriesea segadasviannae,<br />
micro-endêmica da serra do Cipó, só conhecida<br />
de duas coleções, exemplifica que mesmo áreas muito<br />
exploradas botanicamente possuem táxons ainda pouco<br />
conhecidos ou raros. As espécies formadoras de grandes<br />
rosetas, como Alcantarea turgida da serra do Cipó,<br />
ou algumas espécies do gênero Orthophytum da Chapada<br />
Diamantina que possuem folhas avermelhadas (popularmente<br />
conhecidas como raios-de-sol) são retiradas ilegalmente<br />
do ambiente natural para serem cultivadas.<br />
Infrutescências de várias espécies rupícolas de Vriesea<br />
do planalto de Diamantina (MG), são removidas antes de<br />
dispersarem as sementes, e empregadas na confecção<br />
de arranjos florais desidratados. Versieux & Wendt (2007)<br />
demonstram a situação de risco a que muitos táxons de<br />
Bromeliaceae do estado de Minas Gerais estão expostos,<br />
principalmente aqueles endêmicos do Quadrilátero<br />
Ferrífero (sul do Espinhaço). Campos rupestres sobre<br />
solos de canga couraçada (carapaças de minério de ferro)<br />
são os primeiros a serem explorados para a abertura<br />
de cavas de mineração. Tal região abriga espécies<br />
endêmicas, muitas ainda pouco conhecidas, mas já ameaçadas<br />
(Viana & Lombardi, 2007; Jacobi et al., 2007). É<br />
necessário reforçar, ainda, a importância dos estudos sistemáticos<br />
dos táxons que ocorrem na Cadeia do<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
130 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
Espinhaço. Novas revisões taxonômicas permitirão elaborar<br />
listagens mais completas, visto que muitos táxons<br />
estão sendo descritos, sinonimizados, ou ainda apresentam<br />
difícil circunscrição, como é freqüente em espécies<br />
de Dyckia, Tillandsia e Vriesea.<br />
A situação atual de ameaças que estão sujeitas as<br />
espécies do Espinhaço, torna urgentes as pesquisas<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
sobre a taxonomia, a biologia reprodutiva e a ampliação<br />
dos esforços de coleta, auxiliando, assim, na obtenção<br />
de mapas de distribuição mais exatos e que permitam<br />
ampliar as discussões biogeográficas e formular medidas<br />
conservacionistas, como a criação de novas unidades<br />
de conservação visando a preservação do maior número<br />
possível de espécies.<br />
TABELA 1 – Riqueza de espécies e endemismo para cada um dos gêneros das três subfamílias de Bromeliaceae, encontrados nos<br />
setores mineiro e baiano da Cadeia do Espinhaço (CE), seguido pelo total de espécies comuns aos dois setores e pela porcentagem<br />
de espécies endêmicas para o gênero.<br />
SUBFAMÍLIA Nº DE ESPÉCIES CE Nº DE ESPÉCIES Nº DE ESPÉCIES ESPÉCIES %<br />
E GÊNEROS (BA + MG) CE-BA CE-MG EM COMUM ENDEMISMO<br />
TOTAL ENDÊMICAS TOTAL ENDÊMICAS TOTAL ENDÊMICAS<br />
Bromelioideae<br />
Orthophytum 28 21 20 15 8 6 — 81%<br />
Hohenbergia 15 5 15 5 — — — 33%<br />
Billbergia 12 1 6 — 10 1 3 8%<br />
Cryptanthus 11 8 4 3 7 5 — 73%<br />
Aechmea 10 2 6 2 5 — 1 20%<br />
Bromelia 7 — 3 — 4 — — —<br />
Neoregelia 5 3 2 1 3 1 1 60%<br />
Nidularium 3 1 — — 3 1 — 33%<br />
Quesnelia 3 0 — — 3 — — —<br />
Wittrockia 3 1 1 — 3 — 1 33%<br />
Ananas 3 — 1 — 2 — — —<br />
Acanthostachys 1 — — — 1 — — —<br />
Eduandrea 1 1 — — 1 1 — 100%<br />
Neoglaziovia 1 — 1 — 1 — 1 —<br />
Portea 1 — — — 1 — — —<br />
Pseudananas 1 — 1 — 1 — — —<br />
Subtotal = 16<br />
Tillandsioideae<br />
105 43 60 26 53 15 7 43,5%<br />
Vriesea 37 21 13 8 27 12 3 57%<br />
Tillandsia 16 — 13 — 12 — 9 —<br />
Alcantarea 4 3 1 — 3 3 — 75%<br />
Racinaea 1 — 1 — 1 — — —<br />
Catopsis 1 — 1 — — — — —<br />
Subtotal = 5<br />
Pitcairnioideae<br />
59 24 29 8 43 15 12 42%<br />
Dyckia 38 27 10 5 30 22 2 71%<br />
Encholirium 15 12 4 2 11 10 — 80%<br />
Pitcairnia 2 — — — 2 — — —<br />
Pepinia 1 — — — 1 — — —<br />
Cottendorfia 1 1 1 1 — — — 100%<br />
Subtotal = 5 57 40 15 8 44 32 2 70%<br />
TOTAL = 26 221 107 104 42 140 62 21 49,5%
TABELA 2 – Listagem das Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço com ocorrência indicada por um material-testemunho (sigla do<br />
herbário entre parênteses, se precedida por um asterisco = ocorrência obtida da literatura) para cada estado, Bahia (BA) e/ou<br />
Minas Gerais (MG), seguida pelo nível de endemismo: CE = Endêmica da Cadeia do Espinhaço (BA e/ou MG), CD = Endêmica da<br />
Chapada Diamantina (BA), GM = Endêmica de Grão Mogol (MG), PD = Endêmica do Planalto de Diamantina (MG), QF = Endêmica<br />
do Quadrilátero Ferrífero (MG), SC = Endêmica da Serra do Cipó (MG).<br />
NÍVEL DE<br />
TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />
1 Acanthostachys strobilacea Versieux 92 (SP) √<br />
(Schult. & Schult. f.)Klotzsch<br />
2 Aechmea alopecurus Mez Carvalho 7023 (CEPEC) √<br />
3 Aechmea aquilega (Salisb.) Griseb. Guedes 2649 (SPF) √<br />
4 Aechmea bahiana L.B. Sm. Harley 50779 (SPF) √ CD<br />
5 Aechmea bromeliifolia (Rudge) Baker Harley 20721 (SPF)<br />
Pereira 1675 (HB, RB)<br />
√ √<br />
5.1 Aechmea bromeliifolia var. albobracteata Philcox Faria 171 (RFA) √<br />
6 Aechmea distichantha Lem. var. distichantha Stehmann 2445 (BHCB, SEL) √<br />
7 Aechmea emmerichiae Leme Seidel 1048 (HB) √ CD<br />
8 Aechmea lamarchei Mez Salino 3763 (BHCB) √<br />
9 Aechmea lingulata (L.) Baker Arbo 5427 (SPF) √<br />
10 Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. var. nudicaulis Siqueira 25 (BHCB) √<br />
10.1 Aechmea nudicaulis var. aureorosea (Antoine) L.B.Sm. Hatschbach 29048 (MBM) √<br />
10.2 Aechmea nudicaulis var. cuspidata Baker Ule 341 (R) √<br />
11 Aechmea phanerophlebia Baker Mota 1852 (BHCB) √<br />
12 Alcantarea du<strong>arte</strong>ana (L.B. Sm.) J.R. Grant Hatschbach 28977 (HB, MBM, US) √ PD<br />
13 Alcantarea hatschbachii (L.B. Sm. & Read) Leme Hatschbach 29085<br />
(MBM, SPF, US, Z)<br />
√ PD<br />
14 Alcantarea nahoumii (Leme) J.R. Grant Noblick 3752 (HUEFS, RB) √<br />
15 Alcantarea turgida Versieux & Wand. Wanderley 2488 (SP). √ SC e QF<br />
16 Ananas ananassoides (Baker) L.B. Sm. Lombardi 207 (BHCB, US) √<br />
17 Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. & Schult. f. var. Pirani 5460 (SPF) √<br />
bracteatus<br />
18 Ananas nanus (L.B. Sm.) L.B. Sm. Versieux 153 (RFA) √ _____<br />
19 Andrea selloana (Baker) Mez Versieux 264 (SP) √ SC e QF<br />
20 Billbergia amoena (G. Lodd.) Lindl. var. amoena Forzza 1312 (SPF)<br />
Anderson 8972 (HB, US)<br />
√ √<br />
20.1 Billbergia amoena var. minor (Antoine & Beer) L.B. Sm. Mota 339 (BHCB) √ QF<br />
21 Billbergia distachia (Vell.) Mez var. distachia Magalhães 1692 (BHCB) √<br />
22 Billbergia elegans Mart. ex Schult. & Schult. f. Versieux 92 (RFA) √ QF<br />
23 Billbergia euphemiae E. Morren var. euphemiae M<strong>arte</strong>ns 658 (SPF) √<br />
24 Billbergia horrida Regel var. horrida Tameirão-Neto 3478 (BHCB) √<br />
25 Billbergia iridifolia (Nees & Mart.) Lindl. var. iridifolia Juchum 73 (CEPEC) √ √<br />
Mello-Silva CFCR 8474 (SP, SPF)<br />
26 Billbergia morelii Brongn. Alves 1 (HRB) √<br />
27 Billbergia nutans H. Wendl. ex Regel Vidal s.n. (R 190241). √<br />
28 Billbergia porteana Brongn. ex Beer Hatschbach 44256 (CEPEC) √ √<br />
Hatschbach 31615 (MBM)<br />
29 Billbergia saundersii W. Bull Ganev 2481 (HUEFS) √<br />
Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 131<br />
30 Billbergia vittata Brongn. Cotias s.n. (ALCB 47419) √ √<br />
Vasconcelos s.n. (BHCB 32042)<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
132 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 2<br />
NÍVEL DE<br />
TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />
31 Billbergia zebrina (Herb.) Lindl. Forzza 659 (SPF) √<br />
32 Bromelia antiacantha Bertol. Wanderley 1562 (SP) √<br />
33 Bromelia balansae Mez Serra II-1084 (US) √<br />
34 Bromelia glaziovii Mez Castellanos 24425 (US) √<br />
35 Bromelia gurkeniana var. funchiana E. Pereira & Leme Leme 516 (HB) √ CD<br />
36 Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. & Schult. f. Queiroz 5865 (HUEFS) √<br />
37 Bromelia regnellii Mez Foster 563 (US) √<br />
38 Bromelia serra Griseb. Hatschbach 27744 (MBM, US) √<br />
39 Catopsis berteroniana (Schult. & Schult. f.) Mez Strandmann 659 (ALCB) √<br />
40 Cottendorfia florida Schult. & Schult. f. Wanderley 1533 (SP) √ CE<br />
41 Cryptanthus arelii H. Luther Luther s.n. (*US 3392313, SEL) √ CD<br />
42 Cryptanthus bahianus L.B. Sm. Foster 98 (*GH) √<br />
43 Cryptanthus caracensis Leme & E. Gross Mota 1870 (BHCB) √ QF<br />
44 Cryptanthus diamantinensis Leme Garcia s.n. (HB) √ CD<br />
45 Cryptanthus glaziovii Mez Magalhães 2693 (BHCB) √ QF<br />
46 Cryptanthus leopoldo-horstii Rauh Hatschbach 29079 (MBM, US) √ PD<br />
47 Cryptanthus minarum L.B. Sm. Matos s.n. (R 46186, US)<br />
48 Cryptanthus schwackeanus Mez Krieger 21106 (BHCB, CESJ, SPF) √ QF<br />
49 Cryptanthus vexatus Leme Leme 4324 (HB) √<br />
50 Cryptanthus warasii E. Pereira Waras s.n. (HB 66022, US) √ PD<br />
51 Cryptanthus warren-loosei Leme Leme 481 (RB) √ CD<br />
52 Dyckia brachyphylla L.B. Sm. Hatschbach 31702 (MBM, US) √ PD<br />
53 Dyckia brachystachya Rauh & E. Gross Rauh 56443a (*HEID) √ CD<br />
54 Dyckia bracteata (Wittm.) Mez Vasconcelos s.n. (BHCB 49224) √<br />
55 Dyckia burchellii Baker Harley 27810 (CEPEC, K) √<br />
56 Dyckia burle-marxii L.B. Sm. & Read Burle Marx s.n. (HB) √ CD<br />
57 Dyckia cinerea Mez Goldschmidt 42 (SPF, VIC) √<br />
58 Dyckia consimilis Mez Grandi s.n. (BHCB 16908) QF<br />
59 Dyckia densiflora Schult. & Schult. f. Vasconcelos s.n. (BHCB 52435) √ QF<br />
60 Dyckia dissitiflora Schult. & Schult. f. Harley 50367 (SP)<br />
Castellanos 24294 (HB, US)<br />
√ √<br />
61 Dyckia elata Mez Silveira 2275 (R) QF<br />
62 Dyckia glandulosa L.B. Sm. & Reitz Versieux 334 (SP) √ PD<br />
63 Dyckia goehringii E. Gross &Rauh Rauh 67622 (HB) √ PD<br />
64 Dyckia granmogulensis Rauh Rapini 762 (SPF) √ GM<br />
65 Dyckia hohenbergioides Leme & Esteves Pereira E-385 (*HB, RB) √ CD<br />
66 Dyckia lagoensis Mez Heringer s.n. (HB 32882, 32887) √<br />
67 Dyckia leptostachya Baker Hombouts s.n. (SP 40644) √<br />
68 Dyckia macedoi L.B. Sm. Arrais CFSC 9170 (RB, SPF) √ SC<br />
69 Dyckia macropoda L.B. Sm. Pereira 1622 (RB, US) √ PD<br />
70 Dyckia maracasensis Ule Harley 19222 (CEPEC, K) √<br />
71 Dyckia mello-barretoi L.B. Sm. Versieux 298 (SP) √ SC<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
NÍVEL DE<br />
TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />
72 Dyckia minarum Mez Leme 1799 (HB) √<br />
73 Dyckia nervata Rauh Rauh 56443 (HEID) √ CD<br />
74 Dyckia rariflora Schult. & Schult. f. Teixeira s.n. (BHCB 26146) √ CE<br />
75 Dyckia remotiflora Otto & A. Dietr. Martsen 104 (BHCB) √<br />
76 Dyckia saxatilis Mez Harley et al. 27810 (SP) √ √<br />
Du<strong>arte</strong> 2674 (RB, US)<br />
77 Dyckia schwackeana Mez Tameirão-Neto 3399 (BHCB) √ QF<br />
78 Dyckia simulans L.B. Sm. Grandi s.n. (BHZB 192) √ QF<br />
79 Dyckia sordida Baker Du<strong>arte</strong> 2106 (RB, US) √ SC e QF<br />
80 Dyckia sp.1 Marques-Leitão s.n.<br />
(BHCB 45741, SPF)<br />
√ QF<br />
81 Dyckia sp.2 Fiaschi 418 (SPF) √ PD<br />
82 Dyckia sp.3 Stehmann s.n. (BHCB 20778) √ PD<br />
83 Dyckia sp.4 Paula s.n. (VIC 27394) √ QF<br />
84 Dyckia sp.5 Mello-Silva 790 (SPF) √ CD<br />
85 Dyckia spinulosa L.B. Sm. & Reitz Du<strong>arte</strong> 7409 (HBR RB,US) √ CE<br />
86 Dyckia tenebrosa Leme & H. Luther Leme 2895 (HB) √ PD<br />
87 Dyckia trichostachya Baker Kawasaki 988 (SPF) √ QF<br />
88 Dyckia tuberosa (Vell.) Beer Harley 25697 (*K) √<br />
89 Dyckia ursina L.B. Sm. Mello-Silva 1086 (SPF) √ SC<br />
90 Encholirium biflorum (Mez) Forzza Forzza 1466 (BHCB, MBM, SPF) √ PD<br />
91 Encholirium brachypodium L.B. Sm. & Read Forzza 1103 (SPF) √ CE<br />
92 Encholirium bradeanum L.B. Sm. Smith 5652 (US) √ PD<br />
93 Encholirium heloisae (L.B. Sm.) Forzza & Wand. Hatschbach 28785 (HB, MBM, US) √ SC<br />
94 Encholirium irwinii L.B. Sm. Pirani CFCR 13263 (MBM, SPF) √ GM<br />
95 Encholirium longiflorum Leme Andrade-Lima 75-8166 (*IPA)<br />
96 Encholirium luxor L.B. Sm. & Read Forzza 940 (BHCB, SPF) √<br />
97 Encholirium magalhaesii L.B. Sm. Forzza 1509 (MBM, SPF) √ PD<br />
98 Encholirium maximum Forzza & Leme Aquino s.n. (ALCB 43505) √ CE<br />
99 Encholirium pedicellatum (Mez) Rauh Forzza 1504 (SPF) √ PD<br />
100 Encholirium reflexum Forzza & Wand. Arbo 5145 (SPF, US) √ PD<br />
101 Encholirium scrutor (L.B. Sm.) Rauh Salino 5084 (BHCB) √ PD e SC<br />
102 Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult. f. França 2449 (SP) √<br />
103 Encholirium subsecundum (Baker) Mez Forzza 700 (BHCB, SPF) √ CE<br />
104 Encholirium vogelii Rauh Pereira 1051 (BHCB) √ SC<br />
105 Hohenbergia blanchetii (Baker) E. Morren ex Mez Wanderley 1615 (SP) √<br />
106 Hohenbergia catingae Ule var. catingae Harley 21160 (CEPEC) √<br />
107 Hohenbergia conquistenssis Leme Reis Jr. s.n. (*HB) √ CE<br />
108 Hohenbergia edmundoi L.B. Sm. & Read Costa s.n. (ALCB 276) √ CE<br />
109 Hohenbergia humilis L.B. Sm. & Read Harley 27437 (CEPEC) √<br />
110 Hohenbergia lanata E. Pereira & Moutinho Seidel 1079 (RB) √<br />
111 Hohenbergia leopoldo-horstii E. Gross, Rauh & Leme Colnago s.n. (HB) √<br />
Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 133<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
134 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 2<br />
NÍVEL DE<br />
TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />
112 Hohenbergia pennae E. Pereira Assis s.n. (ALCB 52007) √ CD<br />
113 Hohenbergia ramageana Mez Harley 18658 (RB) √<br />
114 Hohenbergia ridleyi (Baker) Mez Wanderley s.n. (SP 210086) √<br />
115 Hohenbergia rosea L.B. Sm. & Read Read 3429a. (*CEPEC) √<br />
116 Hohenbergia stellata Schult. & Schult. f. Martius s.n. (*M, B) √<br />
117 Hohenbergia undulatifolia Leme & H. Luther Leme 3685 (*HB, SEL) √ CD<br />
118 Hohenbergia utriculosa Ule Wanderley 2525 (SP) √<br />
119 Hohenbergia vestita L.B. Sm. Irwin 32287 (NY) √ CD<br />
120 Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez Ganev 1169 (SPF)<br />
Amante s.n. (SP 81369, SPF)<br />
√ √<br />
121 Neoregelia bahiana (Ule) L.B. Sm. Harley 52013(SP)<br />
Versieux 299 (SP)<br />
√ √ CE<br />
122 Neoregelia aff. brownii Leme Anderson 36017 (SEL, US) √<br />
123 Neoregelia leprosa L.B. Sm. Foster 656 (GH, US) SC<br />
124 Neoregelia mucugensis Leme Cintra s.n. (HB) √ CD<br />
125 Neoregelia wilsoniana M.B. Foster Seidel 1064 (HB) √<br />
126 Nidularium bicolor (E. Pereira) Leme Vasconcelos s.n. √<br />
(BHCB 52544, CESJ)<br />
127 Nidularium linehamii Leme Leme 1540 (HB) √ QF<br />
128 Nidularium marigoi Leme Grandi 2366 (BHCB) √<br />
129 Orthophytum albopictum Philcox Wanderley 2364 (SP) √ CD<br />
130 Orthophytum alvimii W. Weber Seidel 867 (HB) √<br />
131 Orthophytum amoenum (Ule) L.B. Sm. Wanderley 2528 (SP) √ CD<br />
132 Orthophytum braunii Leme Pereira E-343 (HB) √ CD<br />
133 Orthophytum burle-marxii L.B. Sm & Read Louzada 11 (SP) √ CD<br />
134 Orthophytum compactum L.B. Sm. Mello-Silva CFCR 10139<br />
(MBM, SP, SPF)<br />
√<br />
135 Orthophytum conquistense Leme & M. Machado Leme 6019 (HB) √ CE<br />
136 Orthophytum disjunctum L.B. Sm. Mayo 851 (HB) √<br />
137 Orthophytum eddie-estevesii Leme Leme 4693 (HB) √ CE<br />
138 Orthophytum falconii Leme Leme 4938 (HB) √ CD<br />
139 Orthophytum harleyi Leme & M. Machado Leme 6173 (HB) √ CD<br />
140 Orthophytum hatschbachii Leme Louzada & Noreira 59 (SP) √ CD<br />
141 Orthophytum heleniceae Leme Wanderley 2244 (SP) √ CD<br />
142 Orthophytum humile L.B. Sm. Semir CFCR 9659 (SPF) √ GM<br />
143 Orthophytum itambense Versieux & Leme Louzada 6 (SP) √ PD<br />
144 Orthophytum lemei E.Pereira & I.A. Penna Hatschbach 44220 (CEPEC) √ CD<br />
145 Orthophytum leprosum (Mez) Mez Carvalho 433 (BHCB) √<br />
146 Orthophytum magalhaesii L.B. Sm. Burle-Marx s.n. (HB) √<br />
147 Orthophytum macroflorum Leme & M. Machado Leme 6001 (HB) √ CD<br />
148 Orthophytum maracasense L.B. Sm. Wanderley 2378 (SP) √<br />
149 Orthophytum mello-barretoi L.B. Sm. Martinelli 2684 (US) √ CE<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
NÍVEL DE<br />
TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />
150 Orthophytum mucugense Wand. & Conceição Wanderley 2367 (SP) √ CD<br />
151 Orthophytum navioides (L.B. Sm.) L.B. Sm. Louzada 7 (SP) √ CD<br />
152 Orthophytum riocontense Leme Leme 5787 (HB) √ CD<br />
153 Orthophytum saxicola (Ule) L.B. Sm. Harley 27026 (NY, SPF) √<br />
154 Orthophytum schulzianum Leme & M. Machado Leme 5881 (HB) √ PD<br />
155 Orthophytum supthutii E. Gross & Barthlott Menezes 941 (SPF) SC<br />
156 Orthophytum toscanoi Leme Leme 4920 (HB) √ CE<br />
157 Pepinia bradei (Markgr.) G. S.Varad. & Gilmartin Carvalho 576 (BHCB, US) √<br />
158 Pitcairnia curvidens L.B. Sm. & Read Coffani-Nunes CFSC 14003 (SPF) √<br />
159 Pitcairnia lanuginosa Ruiz & Pav. Versieux 156 (RFA) √<br />
160 Portea petropolitana (Wawra) Mez Baker 7308 (HB) √<br />
161 Pseudananas sagenarius (Arruda) Camargo Vinha 172 (CEPEC) √ √<br />
Viana s.n. (BHCB 18392, US)<br />
162 Quesnelia indecora Mez Mota 219 (BHCB, MBM) √<br />
163 Quesnelia liboniana (De Jonghe) Mez Luther s.n. (HB 87834) √<br />
164 Quesnelia strobilispica Wawra Mello-Barreto 2104 (BHCB) √<br />
165 Racinaea aerisincola (Mez) M.A. Spencer & L.B. Sm. Harley 20722 (CEPEC, K) √ √<br />
Mota 1108 (BHCB)<br />
166 Tillandsia arhiza Mez Versieux 90 (RFA) √<br />
167 Tillandsia chapeuensis Rauh Rauh 56545 (*HEID) √<br />
168 Tillandsia gardneri Lindl. Ganev 2793 (SPF)Paula 83 (BHCB) √ √<br />
169 Tillandsia geminiflora Brongn. Harley 50326 (K, SPF, SP) √ √<br />
Martinelli 5994 (RB)<br />
170 Tillandsia globosa Wawra var. globosa Ferreira 1224 (HRB) √<br />
171 Tillandsia heubergeri Ehlers Jardim 772 (CEPEC) √<br />
172 Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. & Schult. f. Stradmann 660 (CEPEC, ALCB)<br />
Brade 12498 (RB)<br />
√ √<br />
173 Tillandsia parvispica Baker Wanderley 2377(SP)<br />
Pereira 10740 (HB)<br />
√ √<br />
174 Tillandsia pohliana Mez Martinelli 5937 (RB) √<br />
175 Tillandsia recurvata (L.) L. Arrais CFCR 6780 (SPF) √ √<br />
Ordones 856 (BHZB)<br />
176 Tillandsia sprengeliana Klotzsch ex Mez Conceição 41 (SPF) √<br />
Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 135<br />
177 Tillandsia streptocarpa Baker Wanderley 2376 (SP)<br />
Versieux 147 (RFA)<br />
√ √<br />
178 Tillandsia stricta Sol. ex Sims Conceição 843 (SPF)<br />
Smith 7064 (R)<br />
√ √<br />
179 Tillandsia tenuifolia L. var. tenuifolia Harley 52508 (SP)<br />
Braga s.n. (BHCB 47148, SEL)<br />
√ √<br />
180 Tillandsia tricholepis Baker Pirani CFSC 1368 √<br />
181 Tillandsia usneoides (L.) L. Harley 24537 √ √<br />
Pirani 4188 (SPF, SP)<br />
182 Vriesea atropurpurea Silveira Versieux 296 (SPF) √ SC<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
136 | Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 2<br />
NÍVEL DE<br />
TÁXON MATERIAL-TESTEMUNHO BA MG ENDEMISMO<br />
183 Vriesea bituminosa Wawra Mota 327 (BHCB) √<br />
184 Vriesea chapadensis Leme Conceição 408 (SPF) √ CD<br />
185 Vriesea clausseniana (Baker) Mez Ordones 183 (BHZB) √ QF<br />
186 Vriesea crassa Mez Mota 1867 (BHCB, RFA) √<br />
187 Vriesea densiflora Mez Anderson 35757 (US) √ PD<br />
188 Vriesea diamantinensis Leme Vasconcelos s.n. (BHCB 40171) √ PD<br />
189 Vriesea ensiformis (Vell.) Beer var. ensiformis Belingtani s.n. (ALCB 47420) √<br />
190 Vriesea exaltata Leme Forzza 1368 (CEPEC, SPF) √ CD<br />
191 Vriesea fabioi Leme Conceição 602 (SPF) √ CD<br />
192 Vriesea friburgensis Mez var. friburgensis Atkins CFCR 14742 (SPF)<br />
Mota 1866 (BHCB, RFA)<br />
√ √<br />
193 Vriesea guttata Linden & André Parra CFSC 12990 (SPF) √<br />
194 Vriesea heterostachys (Baker) L.B. Sm. Matos s.n. (R 46311, US). √<br />
195 Vriesea aff. hieroglyphica (Carrière) E. Morren Seidel 1093 (RB) √<br />
196 Vriesea lancifolia (Baker) L.B. Sm. Pirani 4560 (SPF) √ CD<br />
197 Vriesea longicaulis (Baker) Mez Queiroz 4995 (HUEFS, SP)<br />
Vasconcelos 89 (BHCB)<br />
√ √<br />
198 Vriesea longistaminea C.C.Paula & Leme M<strong>arte</strong>ns 263 (SPF) √ QF<br />
199 Vriesea lubbersii (Baker) E. Morren ex Mez Mota 344 (BHCB, RFA) √<br />
200 Vriesea minarum L.B. Sm. Versieux 176 (RFA) √ QF<br />
201 Vriesea minor (L.B. Sm.) Leme Leme 1823 (HB) √<br />
202 Vriesea monacorum L.B. Sm. Hensold CFCR 2894 (SPF) √ PD e QF<br />
203 Vriesea nanuzae Leme Leme 1820 (HB) √ PD<br />
204 Vriesea neoglutinosa Mez Silva s.n. (SEL 85570) √<br />
205 Vriesea oligantha (Baker) Mez Harley 24618 (SPF) √ √ CE<br />
Du<strong>arte</strong> 1982 (RB, US)<br />
206 Vriesea pardalina Mez Du<strong>arte</strong> 2233 (RB, US) √<br />
207 Vriesea procera var. tenuis L.B. Sm. Versieux 257 (SP) √<br />
208 Vriesea pseudoligantha Philcox Harley 15692 (CEPEC, K) √ CD<br />
209 Vriesea roberto-seidelii W. Weber Seidel 934 (*HAL) √ CD<br />
210 Vriesea sceptrum f. flavobracteata Leme Seidel 1057 (HB) √ CD<br />
211 Vriesea schwackeana Mez Paula s.n. (VIC 26454) √<br />
212 Vriesea segadas-viannae L.B. Sm. Reitz 7857 (HBR) √ SC<br />
213 Vriesea simulans Leme Giulietti CFCR 2430 (RB) √ PD<br />
214 Vriesea simplex (Vell.) Beer Melo 1689 (CEPEC, HUEFS) √<br />
215 Vriesea sincorana Mez Ule 7131 (*B) √ CD<br />
216 Vriesea sp. 1 Versieux 330 √ PD<br />
217 Vriesea stricta L.B. Sm. Versieux 258 (SP) √ SC<br />
218 Vriesea vagans (L.B. Sm.) L.B. Sm. Foster 635 (SP) √<br />
219 Wittrockia cyathiformis (Vell.) Leme Schwacke 10558 (RB) √<br />
220 Wittrockia gigantea (Baker) Leme Foster 609 (SP, US) √<br />
221 Wittrockia sp. 1. Harley 52351 (HUEFS, SPF) √ √ CE<br />
Wanderley 2620 (SP)<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
FIGURA 1 – Riqueza de gêneros, espécies e espécies endêmicas<br />
para as três subfamílias de Bromeliaceae ocorrentes na Cadeia<br />
do Espinhaço (BA e MG).<br />
FIGURA 2 – Total de coleções por municípios que integram a<br />
Cadeia do Espinhaço no estado de Minas Gerais.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Versieux, Wendt, Louzada & Wanderley | 137<br />
Nosso sincero agradecimento a todos os curadores e<br />
funcionários dos herbários visitados e às agências<br />
financiadoras que nos apoiaram: Coordenação de<br />
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),<br />
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico<br />
(CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do<br />
Estado de São Paulo (FAPESP) e às instituições norte-americanas:<br />
National Science Foundation (NSF DEB-0129446),<br />
Marie Selby Botanical Gardens, and Smithsonian Women’s<br />
Committee. Ao Instituto Estadual de Florestas (MG) e ao<br />
IBAMA, pelas autorizações de coleta.<br />
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Reproductive biology and natural hybridization between two<br />
endemic species of Pitcairnia (Bromeliaceae). American Journal<br />
of Botany 88: 1760-1767.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Diversidade e endemismo das Cactaceae na<br />
Cadeia do Espinhaço<br />
DANIELA ZAPPI 1 *<br />
NIGEL TAYLOR 1<br />
1 Herbarium, Royal Botanic Gardens, Kew, TW9 3AE, UK.<br />
* e-mail: d.zappi@kew.org<br />
RESUMO<br />
As Cactaceae contam com aproxoximadamente 1440 espécies de plantas definidas pela presença<br />
de três tipos distintos de ramos (ramos vegetativos, aréolas, pericarpelo), sendo que a<br />
subfamília de maior diversidade, Cactoideae, está representada no Leste do Brasil por mais de<br />
cinco tribos e 23 gêneros. O endemismo encontrado na Cadeia do Espinhaço é comparável<br />
àquele do bioma Caatinga, e exemplos de endemismo e distribuição são apresentados, juntamente<br />
com considerações sobre aspectos ecológicos e o estado de conservação das Cactaceae<br />
na região.<br />
ABSTRACT<br />
The Cactaceae count with 1440 species defined by the presence of three different types of branches<br />
(vegetative branches, areoles, pericarpel). The most diverse subfamily, the Cactoideae, are<br />
represented in Eastern Brazil by more than 5 tribes and 23 genera. The endemism found in the<br />
highlands of the Espinhaço Range is comparable to that found in the Caatinga biome as a whole.<br />
Examples of such endemism and other phytogeographical connections, together with comments<br />
about the ecology and conservation of the family Cactaceae in this region are presented.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A família Cactaceae conta com 124 gêneros e aproximadamente<br />
1440 espécies (Hunt et al., 2006) de distribuição<br />
quase exclusivamente neotropical, com apenas<br />
uma espécie, Rhipsalis baccifera, ocorrendo nas Américas<br />
e atingindo a África, Madagascar e Sri Lanka. Os membros<br />
da família Cactaceae são caracterizados através<br />
da presença de três tipos de ramos: além dos ramos<br />
vegetativos normais, temos as aréolas, que são ramos<br />
reduzidos capazes de produzir folhas, espinhos, outros<br />
ramos vegetativos e/ou flores, e os ramos floríferos nos<br />
quais o ovário da flor encontra-se imerso formando um<br />
hipanto de origem receptacular (Boke, 1960), externamente<br />
recoberto por tecidos vegetativos e, comumente<br />
dotado de aréolas, também denominado pericarpelo.<br />
Dentro da família, podemos observar tendências que<br />
não são exclusivas de Cactaceae, nem são manifestadas<br />
na totalidade das espécies, como, por exemplo, a presença<br />
de caules fotossintetizantes e suculência, a redução<br />
das folhas, presença de espinhos e tricomas abundantes,<br />
flores com muitos segmentos do perianto gradando<br />
de sepalóides até petalóides, ovário ínfero unilocular<br />
com muitos óvulos, inúmeros estames. Descrições<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
140 | Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />
completas da família com foco no Brasil podem ser consultadas<br />
nos seguintes trabalhos: Zappi & Taylor (1990,<br />
2003); Taylor & Zappi (2004); Zappi et al. (2006).<br />
Das quatro subfamílias de Cactaceae (Maihuenioideae,<br />
Pereskioideae, Opuntioideae e Cactoideae), as três últimas<br />
encontram-se representadas no leste do Brasil, e<br />
Taylor & Zappi (2004) aceitam a subdivisão da maior<br />
subfamília, Cactoideae, em diversas tribos, de acordo<br />
com as propostas de Hunt & Taylor (1986, 1990). Entre as<br />
tribos que ocorrem no Leste do Brasil temos: Hylocereeae<br />
(Hylocereus, Epiphyllum), Echinocereeae/Leptocereeae<br />
(Pseudoacanthocereus), Rhipsalideae (Lepismium, Rhipsalis,<br />
Hatiora, Schlumbergera), Cereeae (Brasilicereus, Cereus,<br />
Cipocereus, Stephanocereus, Arrojadoa, Pilosocereus,<br />
Micranthocereus, Coleocephalocereus, Melocactus), e<br />
Trichocereeae (Harrisia, Leocereus, Facheiroa, Espostoopsis,<br />
Arthrocereus, Discocactus, Uebelmannia). De acordo com<br />
estudos de sistemática molecular envolvendo a subfamília<br />
Cactoideae, M. Machado (com. pess.) acredita que<br />
a definição dessas tribos e de alguns desses gêneros<br />
possa mudar em certos detalhes, sendo que a maioria<br />
dos gêneros expressivos em termos de endemismo no<br />
leste do Brasil fará p<strong>arte</strong> apenas da tribo Cereeae (incl.<br />
Trichocereeae), que terá sua circunscrição dramaticamente<br />
ampliada.<br />
Os maiores gêneros no Brasil são Rhipsalis (35 espécies<br />
brasileiras num total de 37), Pilosocereus (38/48 espécies)<br />
e Melocactus (21 espécies) (Hunt et al., 2006).<br />
ENDEMISMO<br />
Apesar de inúmeras sugestões de que a ocorrência de<br />
Cactaceae no Brasil está associada ao bioma Caatinga,<br />
estudos detalhados sobre o endemismo e a distribuição<br />
das mesmas indicam que a diversidade encontrada<br />
nos campos rupestres é comparável àquela encontrada<br />
na caatinga (Taylor & Zappi, 2004). De um total de 160<br />
Cactaceae ocorrentes no Brasil, 42 espécies, ou seja,<br />
26% da família ocorrem nos campos rupestres, ao passo<br />
que 31% estão distribuídas na caatinga (incluindo o<br />
ecótono com a Mata Atlântica denominado agreste).<br />
Devemos levar em conta que a extensão do Bioma<br />
Caatinga é muitas vezes superior àquela dos campos<br />
rupestres, aumentando o significado do endemismo encontrado<br />
na Cadeia do Espinhaço.<br />
Surpreendentemente, o estado de Minas Gerais (36)<br />
apresenta maior número de táxons endêmicos de<br />
Cactaceae do que a Bahia (33), porém nem todos estes<br />
são associados aos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
GÊNEROS ENDÊMICOS<br />
Existem três gêneros cuja ocorrência está restrita ou<br />
quase totalmente restrita aos campos rupestres da Serra<br />
do Espinhaço de Minas Gerais: Cipocereus (Taylor &<br />
Zappi, 2008), Uebelmannia e Arthrocereus.<br />
O gênero Cipocereus conta com seis espécies das quais<br />
todas são estritamente endêmicas, C. laniflorus N.P. Taylor<br />
& Zappi (Serra do Caraça, cf. Rego, 2004), C. crassisepalus<br />
(Buining & Brederoo) Zappi & N.P. Taylor (Diamantina e<br />
Rio Vermelho), C. bradei (Backeb. & Voll) Zappi & N.P.<br />
Taylor (Serra do Cabral), C. pusilliflorus (F. Ritter) Zappi &<br />
N.P. Taylor (Monte Azul), C. pteurocarpus Ritter (Serra do<br />
Cipó) e uma é amplamente distribuída na Cadeia do<br />
Espinhaço (C. minensis (Werderm.) Ritter subsp. minensis<br />
e C. minensis subsp. leiocarpus N.P. Taylor & Zappi, ocorrendo<br />
ao longo do Espinhaço desde Cocais até Grão<br />
Mogol). Tratam-se de cactos colunares arbustivos, com<br />
flores tubulosas relativamente curtas e frutos recobertos<br />
de cera azulada.<br />
Todas as espécies de Uebelmannia possuem distribuição<br />
endêmica, ocorrendo na porção central até o norte<br />
da Cadeia do Espinhaço. Uebelmannia buiningii Donald<br />
ocorre apenas em Itamarandiba, U. gummifera (Backeb.<br />
& Voll) Buining cresce nos municípios de Rio Vermelho<br />
e Itamarandiba, sobre solo de areias quartzíticas,<br />
U. pectinifera Buining possui três subespécies ocorrendo<br />
nas proximidades de Diamantina e Bocaiúva. Tratam-se<br />
de cactos globosos a subcilíndricos com flores amarelas<br />
de tubo curto e frutos vermelhos a rosados (Schulz &<br />
Machado, 2000). Pesquisas moleculares recentes (Machado,<br />
dados não publicados) sugerem que o gênero seja<br />
relictual e basal dentro da tribo Cereeae (sensu lato).<br />
Com exceção de Arthrocereus spinosissimus (Buining &<br />
Brederoo) F. Ritter, da Chapada dos Guimarães (MT), as<br />
espécies de Arthrocereus são endêmicas da Cadeia do<br />
Espinhaço, sendo que Arthrocereus glaziovii (K. Schum.)<br />
N.P. Taylor & Zappi ocorre sobre canga nos arredores<br />
de Belo Horizonte (Serra da Piedade, Serra da Moeda),<br />
Arthrocereus rondonianus Backeb. & Voll, uma espécie<br />
muito ornamental com pétalas rosa-magenta, é endêmica<br />
da área da Serra do Cabral, e Arthrocereus melanurus<br />
(K. Schum.) Diers et al. possui três subespécies, a subespécie<br />
típica crescendo nao sudoeste de Minas Gerais,<br />
A. melanurus subsp. odorus (F. Ritter) N.P. Taylor &<br />
Zappi é conhecido das margens do Rio Cipó (Serra do<br />
Cipó e Diamantina) e A. melanurus subsp. magnus N.P.<br />
Taylor & Zappi, na Serra do Ibitipoca. Esse gênero é<br />
caracterizado por plantas colunares geralmente de pequeno<br />
porte com ramos de armazenamento subterrâneo,<br />
flores tubulosas, longas, de antese noturna,
pericarpelo e tubo floral cobertos de aréolas espinescentes<br />
e tricomatosas e frutos indeiscentes.<br />
O gênero Micranthocereus ocorre em Minas Gerais,<br />
Bahia e Goiás, sendo que todas as espécies do<br />
subgêneros Micranthocereus e Austrocephalocereus são<br />
endêmicas da Cadeia do Espinhaço. Na região setentrional<br />
da Serra do Espinhaço (MG), M. violaciflorus<br />
Buining e M. auriazureus Buining & Brederoo são<br />
endêmicos dos arredores de Grão Mogol, ao passo que<br />
M. albicephalus (Buining & Brederoo) F. Ritter ocorre no<br />
extremo norte de Minas Gerais, em Mato Verde e Monte<br />
Azul e também na Bahia (Brejinho das Ametistas).<br />
Outras ocorrem apenas na Chapada Diamantina, como<br />
o amplamente distribuído M. purpureus (Gürke) F. Ritter,<br />
e as mais pontualmente distribuídas M. streckeri Van<br />
Heek & Van Criek. (Seabra), M. flaviflorus Buining &<br />
Brederoo (Morro do Chapéu) e M. polyanthus (Werderm.)<br />
Backeb. (Brejinho das Ametistas). Este gênero é representado<br />
por cactos colunares ramificados apenas na<br />
base, de pequeno a médio porte, com flores curtas, muitas<br />
vezes associadas a um cefálio e numerosos frutos<br />
relativamente pequenos (Aona et al., 2006). É interessante<br />
notar que existe a possibilidade de ocorrerem<br />
híbridos intragenéricos entre Micranthocereus e Arrojadoa<br />
(Machado, 2006), como no caso de Micranthocereus<br />
hofackerianus (P. Braun & Esteves Pereira) Machado.<br />
ESPÉCIES ENDÊMICAS<br />
Em termos de número de espécies endêmicas, destacam-se<br />
os seguintes gêneros:<br />
Algumas espécies do gênero Pilosocereus, como<br />
Pilosocereus fulvilanatus (Buining & Brederoo) F. Ritter de<br />
Grão Mogol e Augusto de Lima, e Pilosocereus aurisetus<br />
(Werderm.) Byles & G.D. Rowley, cuja subespécie típica<br />
ocorre entre a Serra do Cipó e Diamantina, e P. aurisetus<br />
subsp. aurilanatus (F. Ritter) Zappi, endêmica da Serra<br />
do Cabral. Tratam-se de plantas colunares de médio a<br />
grande porte, com frutos dotados de restos do perianto<br />
enegrecidos e pendentes, abrindo-se por fendas semicirculares<br />
e irregulares, expondo polpa sólida alva a<br />
colorida (Zappi, 1994).<br />
A metade das espécies de Discocactus, ou seja,<br />
Discocactus placentiformis (Lehmann) K. Schum. ocorrendo<br />
amplamente na região de Diamantina, e D. pseudoinsignis<br />
N.P. Taylor & Zappi e D. horstii Buining & Brederoo,<br />
endêmicas de Grão Mogol. São plantas globosas a<br />
discóides, com espinhos recurvos, cefálio pouco organizado<br />
dotado de tricomas sedosos e cerdas, com flores<br />
tubulosas, longas, de antese noturna, sementes com testa<br />
tuberculada, provavelmente dispersas por formigas. A<br />
delimitação e conservação das espécies de Discocactus<br />
da Bahia são discutidas em Machado et al. (2005). Apenas<br />
D. heptacanthus (Rodrigues) Britton & Rose sensu lato<br />
distribui-se fora da área da Cadeia do Espinhaço.<br />
Algumas espécies do gênero Arrojadoa, endêmico do<br />
Leste do Brasil, são também endêmicas da Cadeia do<br />
Espinhaço, como Arrojadoa dinae Buining & Brederoo<br />
(Grão Mogol, Monte Azul, Mato Verde, Brejinho das<br />
Ametistas, Piatã), e Arrojadoa bahiensis (Braun & Esteves<br />
Pereira) N.P. Taylor & Eggli (Pico das Almas, Mucugê).<br />
CONEXÕES FLORÍSTICAS<br />
Zappi & Taylor | 141<br />
Ligações entre a Chapada Diamantina (BA) e a Serra do<br />
Espinhaço (MG) são geralmente representadas por<br />
táxons encontrados nas serras ao norte da Serra do<br />
Espinhaço (Grão Mogol, Mato Verde, Monte Azul), cuja<br />
distribuição prossegue sentido Norte, atingindo outras<br />
áreas de campo rupestre e caatinga do Centro-Sul da<br />
Chapada Diamantina, como por exemplo Micranthocereus<br />
subg. Austrocephalocereus, Melocactus bahiensis (Britton<br />
& Rose) Luetzelb., M. concinnus Buining & Brederoo,<br />
Pilosocereus pachycladus Ritter, Rhipsalis floccosa Salm-<br />
Dyck ex. Pfeiff. subsp. oreophila N.P. Taylor & Zappi,<br />
Leocereus bahiensis Britton & Rose.<br />
Uma série de conexões interessantes entre táxons<br />
de campo rupestre e outros tipos de vegetação são:<br />
• Pares vicariantes de espécies do campo rupestre<br />
com a caatinga, como Brasilicereus markgrafii Backeb.<br />
& Voll (endêmico de Grão Mogol) e B. phaeacanthus<br />
(Gürke) Backeb. agreste-caatinga de Minas Gerais e<br />
Leste da Bahia); Stephanocereus luetzelburgii (Vaupel)<br />
N.P. Taylor & Eggli (Chapada Diamantina) e<br />
S. leucostele (Gürke) A. Berger (caatinga da Bahia).<br />
As espécies de Arrojadoa citadas acima são relacionadas<br />
com A. pennicillata (Gürke) Britton & Rose e<br />
A. rhodantha (Gürke) Britton & Rose, ambas com distribuição<br />
ampla na caatinga.<br />
• Táxons ocorrendo tanto na restinga como nos campos<br />
rupestres, como é o caso de Melocactus violaceus<br />
Pfeiff. com várias subespécies ocorrendo na restinga,<br />
em campos de altitude próximos do litoral (Uruçuca,<br />
Serra da Itabaiana) mas também em localidades de<br />
campo rupestre (Jacobina, Jequitinhonha).<br />
É importante ressaltar que espécies epifíticas da mata<br />
atlântica atingem a Cadeia do Espinhaço, como no caso<br />
de Rhipsalis pulchra Loefgr., R. russellii Britton & Rose,<br />
R. baccifera (J.S. Muell.) Stearn subsp. hileiabaiana N.P.<br />
Taylor & Barthlott, Lepismium houlletianum (Lem.)<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
142 | Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />
Barthlott, Hatiora salicornioides (Haw.) Britton & Rose e<br />
Schlumbergera kautskyi (Horobin & McMillan) N.P. Taylor.<br />
A presença de dessas epífitas é mais expressiva no sudeste<br />
da Cadeia do Espinhaço e nas suas disjunções ao Sul<br />
(Ibitipoca), onde encontramos enclaves de matas nebulares<br />
úmidas, propícias para o seu estabelecimento.<br />
COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES E LOCALIDADES<br />
Nas localidades ao Sul da Cadeia do Espinhaço, encontramos<br />
um predomínio de Cactaceae epífitas, como<br />
Rhipsalis, Lepismium, Epiphyllum e Hatiora, ou florestais,<br />
como Pereskia e Brasiliopuntia sobre as espécies rupícolas<br />
ou de campo aberto, no caso pertencentes aos gêneros<br />
Arthrocereus, Cipocereus e Pilosocereus. As localidades<br />
de campo rupestre em Minas Gerais com maior<br />
número de gêneros e espécies campestres em uma área<br />
relativamente limitada são localizadas na p<strong>arte</strong> setentrional,<br />
tanto a Leste do Espinhaço, como Grão Mogol<br />
(Arrojadoa dinae, Melocactus bahiensis ssp. amethystinus<br />
(Buining & Brederoo) N.P. Taylor, Tacinga inamoena<br />
(K. Schum.) N.P. Taylor & Stuppy, Cipocereus minensis,<br />
Discocactus horstii, D. pseudoinsignis, Brasilicereus<br />
markgrafii, Micranthocereus auriazureus, Pilosocereus<br />
fulvilanatus) ou a Oeste, como na Serra do Cabral<br />
(Arthrocereus rondonianus, Cipocereus bradei, C. minensis,<br />
Discocactus placentiformis, Pilosocereus aurisetus).<br />
No estado da Bahia, há exemplos de localidades no<br />
Centro-Sul da Chapada Diamantina, como o Pico das<br />
Almas (Taylor & Zappi, 1995), com 10 espécies distribuídas<br />
em 8 gêneros, a seguir: Arrojadoa bahiensis<br />
(P.J.Braun & Esteves Pereira) N.P. Taylor & Eggli, Leocereus<br />
bahiensis Britton & Rose, Melocactus bahiensis (Britton &<br />
Rose) Luetzelb., M. concinnus Buining & Brederoo,<br />
Melocactus paucispinus Heimen & R. Paul, Micranthocereus<br />
purpureus (Gürke) F. Ritter, Tacinga inamoena (K.Schum.)<br />
N.P. Taylor & Stuppy, Pilosocereus pachycladus F. Ritter,<br />
Rhipsalis floccosa Pfeiff., Stephanocereus luetzelburgii<br />
(Vaupel) N.P. Taylor & Eggli.<br />
Vale ressaltar que localidades com um número maior<br />
do que 10 espécies de Cactaceae são bastante raras<br />
no Leste do Brasil, tanto nos campos rupestres da Cadeia<br />
do Espinhaço como em ambientes de caatinga.<br />
ECOLOGIA<br />
Apesar do número relativamente elevado de espécies<br />
de Cactaceae ocorrentes na Cadeia do Espinhaço, muitas<br />
vezes é difícil encontrá-las, pois a sua ocorrência é<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
determinada pela combinação específica de uma série<br />
de fatores abióticos e bióticos (altitude, fácies, substrato,<br />
germinação, polinização, dispersão). O exemplo<br />
mais extremo de dificuldade de localização é o de<br />
Discocactus horstii, uma planta com alto valor ornamental<br />
que chegou a ser considerada quase extinta e cujas<br />
populações relativamente abundantes nas imediações<br />
de Grão Mogol permaneceram desconhecidas apesar<br />
de um projeto ativo dedicado ao estudo da flora da<br />
região (Pirani et al., 2003; Zappi & Taylor, 2003). D. horstii<br />
é uma espécie de pequeno porte, cuja ocorrência está<br />
associada à presença de cascalho quartzítico transparente,<br />
vivendo semi-enterrada sob tal substrato. Hábitat<br />
semelhante é ocupado por espécies de Uebelmannia nas<br />
imediações de Rio Vermelho e Pedra Menina (Meguro<br />
et al., 1994).<br />
Entre as adaptações das Cactaceae ocorrentes em<br />
campos rupestres, existe a tendência à redução do hábito,<br />
que muitas vezes é ramificado apenas na base, e<br />
no caso de espécies globosas, como alguns Discocactus,<br />
a p<strong>arte</strong> emersa pode chegar a ser disciforme, provavelmente<br />
oferecendo proteção contra a passagem de fogo<br />
na vegetação campestre. Semelhante adaptação do formato<br />
da planta é encontrada em Melocactus paucispinus<br />
na Chapada Diamantina (BA). A incidência de sistemas<br />
subterrâneos de armazenamento tanto de natureza radicular<br />
(Cipocereus crassisepalus) quanto caulinar<br />
(Arthrocereus melanurus, Arrojadoa dinae) foi registrada,<br />
e pode estar associada também ao fogo. No caso de<br />
Arrojadoa dinae, a p<strong>arte</strong> aérea da planta é formada por<br />
ramos bastante finos, que são destruídos periodicamente<br />
pela passagem de fogo, sendo que os espécimes<br />
rebrotam a partir dos órgãos subterrâneos.<br />
A epiderme espessa de muitas espécies encontra-se<br />
recoberta de ceras epicuticulares (Maffei et al., 1997)<br />
que conferem aspecto acinzentado ou azul-glaucescente<br />
aos indivíduos (ex. Pilosocereus fulvilanatus, Melocactus<br />
glaucescens, Micranthocereus auriazureus), representando<br />
uma adaptação destinada a refletir e/ou filtrar os<br />
altos níveis de insolação associados às regiões de altitude.<br />
Do mesmo modo, aréolas apresentam configurações<br />
variadas, presença de abundantes espinhos radiais<br />
dourados e tricomas alvos, conferindo proteção especialmente<br />
para as p<strong>arte</strong>s apicais e meristemáticas das<br />
plantas. A estratégia de multiplicação do número de<br />
espinhos radiais e desaparecimento do espinho centralprincipal<br />
parece estar também associada à aparição de<br />
espinhos mais finos, longos e flexíveis, denominados<br />
cerdas, nos quais observamos condensação de neblina,<br />
que escorre ao longo dos caules e precipita na base da<br />
planta, onde é absorvida pelas raízes. Espécies de
Micranthocereus apresentam crescimento secundário<br />
nas aréolas da p<strong>arte</strong> basal da planta, que também pode<br />
estar associada ao estabelecimento e nutrição das plantas<br />
(ver abaixo sob germinação).<br />
Em termos de germinação, é importante ressaltar que<br />
nenhuma espécie de Cactaceae, nem mesmo as rupícolas<br />
mais resistentes, germina e cresce diretamente<br />
sobre rochas nuas. Em todos os casos notamos que a<br />
germinação de sementes e crescimento de plântulas<br />
estão associados à presença de fendas de rochas dotadas<br />
de vegetação associada, no caso liquens, musgos e<br />
pteridófitas e até mesmo outros arbustos, à sombra e<br />
sob proteção dos quais as plântulas se estabelecem.<br />
Essa associação vegetal com a configuração de ilhas de<br />
vegetação recebe a denominação de “nursery plants”,<br />
e é de suma importância para a hidratação, sombreamento,<br />
proteção física e contra predadores, e pode ter<br />
um papel na nutrição das plântulas, através do acúmulo<br />
e decomposição de folhas mortas e outros detritos orgânicos<br />
que ficam presos nessas ‘ilhas’ de vegetação.<br />
Por outro lado, em ambientes perturbados, por exemplo<br />
por pastoreio, essa associação vegetal sofre pressão<br />
por p<strong>arte</strong> de invasoras (especialmente gramíneas<br />
exóticas), e tende a desaparecer, dificultando o re-estabelecimento<br />
de populações de Cactaceae rupícolas.<br />
Estudos de biologia floral e dispersão existem para<br />
os seguintes gêneros: Cipocereus (Rego 2004), Discocactus<br />
(Machado, 2005), Micranthocereus (Aona, 2006), revelando<br />
uma ampla gama de polinizadores (morcegos, mariposas,<br />
colibris) e possíveis dispersores a curta distância,<br />
como formigas e mamíferos roedores, e a longa<br />
distância, como pássaros ou mesmo morcegos. Existe<br />
necessidade de compreender mais profundamente as<br />
relações entre as espécies de Cactaceae e outras espécies<br />
animais e vegetais, com intuito de aprimorar as<br />
iniciativas de conservação da região (Drummond et al.,<br />
2005).<br />
CONSERVAÇÃO<br />
A totalidade da família Cactaceae, assim como as<br />
Orchidaceae, está incluída no apêndice II da legislação<br />
internacional denominada CITES (Hunt, 1999), da<br />
qual o Brasil participa desde os anos 1980. Esta legislação<br />
impede que espécies listadas atravessem fronteiras<br />
internacionais sem as permissões de exportação<br />
e importação previstas por lei. No Leste do Brasil há<br />
relativamente poucos táxons de Cactaceae ameaçados<br />
através de coleta indiscriminada de indivíduos ou de<br />
sementes (Oldfield, 1997), e entre eles estão todas as<br />
Zappi & Taylor | 143<br />
LISTA DE CACTACEAE DOS CAMPOS RUPESTRES DO<br />
ESPINHAÇO (Taylor & Zappi, 2004)<br />
CATEG.<br />
GÊNERO ESPÉCIE SUBESPÉCIE IUCN<br />
Arrojadoa bahiensis VU<br />
Arrojadoa dinae dinae VU<br />
Arrojadoa dinae eriocaulis EN<br />
Arthrocereus glaziovii EN<br />
Arthrocereus melanurus melanurus VU<br />
Arthrocereus melanurus magnus NT<br />
Arthrocereus melanurus odorus VU<br />
Arthrocereus rondonianus VU<br />
Brasilicereus markgrafii EN<br />
Cipocereus bradei EN<br />
Cipocereus crassisepalus VU<br />
Cipocereus laniflorus EN<br />
Cipocereus minensis leiocarpus LC<br />
Cipocereus minensis minensis EN<br />
Cipocereus pusilliflorus CR<br />
Discocactus horstii EN<br />
Discocactus placentiformis VU<br />
Discocactus pseudoinsignis EN<br />
Discocactus zehntneri boomianus VU<br />
Leocereus bahiensis LC<br />
Hatiora salicornioides LC<br />
Melocactus bahiensis bahiensis LC<br />
Melocactus bahiensis amethystinus LC<br />
Melocactus concinnus LC<br />
Melocactus glaucescens CR<br />
Melocactus oreas cremnophilus LC<br />
Melocactus paucispinus EN<br />
Melocactus violaceus ritteri CR<br />
Micranthocereus albicephalus NT<br />
Micranthocereus auriazureus EN<br />
Micranthocereus flaviflorus LC<br />
Micranthocereus polyanthus EN<br />
Micranthocereus purpureus LC<br />
Micranthocereus streckeri CR<br />
Micranthocereus violaciflorus VU<br />
Pilosocereus aurisetus aurisetus LC<br />
Pilosocereus aurisetus aurilanatus EN<br />
Pilosocereus fulvilanatus fulvilanatus VU<br />
Pilosocereus fulvilanatus rosae CR<br />
Pilosocereus pachycladus pachycladus LC<br />
Rhipsalis russellii VU<br />
Stephanocereus luetzelburgii LC<br />
Uebelmannia buiningii CR<br />
Uebelmannia gummifera VU<br />
Uebelmannia pectinifera pectinifera VU<br />
Uebelmannia pectinifera flavispina VU<br />
Uebelmannia pectinifera horrida VU<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
144 | Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do Espinhaço<br />
espécies de Discocactus, Uebelmannia e alguns Melocactus,<br />
que foram elevados à categoria de apêndice I da CITES<br />
no início dos anos 1990, visando protegê-los das atividades<br />
de coletores inescrupulosos. A emissão de licenças<br />
de exportação e importação de espécies listadas<br />
sob o apêndice I da CITES para fins comerciais não é<br />
permitida, de modo a dificultar a exploração extrativista<br />
e comercial dessas plantas no mercado internacional.<br />
No entanto, a maioria dos casos de ameaça de<br />
extinção de espécies de Cactaceae da Cadeia do Espinhaço<br />
deve-se à destruição de habitats únicos nos quais<br />
encontramos espécies muito restritas. Apesar de serem<br />
listadas sob a categoria vulnerável da IUCN (2001), usando<br />
o critério VU D2 (populações muito pequenas ou<br />
restritas com uma área de ocupação menor que 20km 2<br />
e 5 ou menos populações, de modo que o efeito de<br />
atividades humanas ou outros eventos repentinos pode<br />
rapidamente transformá-las em criticamente ameaçadas<br />
ou até mesmo extingui-las em um período de tempo<br />
muito curto). No caso da Cadeia do Espinhaço, mineração<br />
(ouro, pedras preciosas e semipreciosas, cristais,<br />
outros minérios), turismo não planejado, prática de<br />
‘esportes radicais’, construção de estradas, pastoreio e<br />
utilização não planejada de recursos hídricos formam<br />
uma longa lista de ameaças não só às Cactaceae, mas à<br />
biodiversidade impressionante dessa região.<br />
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Diversidade florística de Leguminosae Adans.<br />
em áreas de campos rupestres<br />
VALQUÍRIA FERREIRA DUTRA 1 *<br />
FLÁVIA CRISTINA PINTO GARCIA 1<br />
HAROLDO CAVALCANTE DE LIMA 2<br />
LUCIANO PAGANUCCI DE QUEIROZ 3<br />
1 Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.<br />
3 Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />
* email: valquiria.dutra@bol.com.br<br />
RESUMO<br />
Leguminosae apresenta alta plasticidade ecológica, o que permite a sua ocupação nos mais<br />
diversos hábitats, inclusive nos campos rupestres. Estes campos ocorrem em altitudes superiores<br />
a 1.000 metros, na Cadeia do Espinhaço (MG e BA), em Goiás, no Distrito Federal e na<br />
porção sudoeste e sul de Minas Gerais; e apresentam uma vegetação rica em espécies e composta<br />
por muitos táxons endêmicos. Neste estudo foi realizada uma comparação entre as<br />
espécies de Leguminosae de 18 áreas de campos rupestres no Brasil, sendo 13 áreas em Minas<br />
Gerais, quatro na Bahia e uma em Goiás, através do índice de similaridade de Sörensen e a<br />
técnica UPGMA. Nas 18 áreas analisadas, Leguminosae foi representada por 343 espécies,<br />
destas, 20 encontram-se na lista das espécies ameaçadas de extinção em Minas Gerais.<br />
Papilionoideae foi a subfamília mais numerosa, com 154 espécies, Caesalpinioideae apresentou<br />
98 espécies e Mimosoideae, 91. Os gêneros Chamaecrista, Mimosa e Calliandra foram os<br />
que mais se destacaram em número de espécies. A análise de agrupamento entre essas áreas<br />
mostrou a formação de dois grupos: [1] Chapada Diamantina (BA) e Serra de Grão Mogol (MG),<br />
e [2] demais áreas de Minas Gerais, com baixa similaridade entre eles, confirmando a heterogeneidade<br />
florística existente nas diferentes áreas de campo rupestre.<br />
ABSTRACT<br />
Leguminosae presents high ecological plasticity, what allows its occupation in the most several<br />
habitats, including the “campos rupestres”. These fields occur in superior altitudes to 1.000 meters,<br />
in the “Cadeia do Espinhaço” (MG and BA), in Goiás, in Federal District and in the Southwest and<br />
South of Minas Gerais; and present a rich vegetation and composed for many endemic taxa. In<br />
this study a comparison was carried out among Leguminosae species from 18 areas of “campos<br />
rupestres” in Brazil, being 13 areas in Minas Gerais, four in Bahia and one in Goiás, through the<br />
Sörensen’s index of similarity and the technique UPGMA. Leguminosae was represented by 343<br />
species at 18 analyzed areas, of these, 20 are in the list of the threatened species of extinction in<br />
Minas Gerais. Papilionoideae was the most numerous subfamily, with 154 species. Ninety eight<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
146 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />
species were Caesalpinioideae and 91 Mimosoideae. The genus Chamaecrista, Mimosa and<br />
Calliandra stood out in terms of species number. The clustering analysis among those areas showed<br />
the formation of two groups: [1] “Chapada Diamantina” (BA) and ‘Serra de Grão Mogol” (MG),<br />
and [2] other areas of Minas Gerais, with low similarity among them, confirming the floristic<br />
heterogeneity existent in the different areas of “campos rupestres”.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A Cadeia do Espinhaço ou Serra Geral compreende um<br />
grupo de serras entre os limites 20°35’ e 11°11’S (Giulietti<br />
et al., 1987), constituindo o divisor de águas entre a Bacia<br />
do Rio São Francisco e o Oceano Atlântico (Derby,<br />
1906). Abrange uma região com cerca de 50 a 100 km de<br />
extensão longitudinal e 1.000 km de extensão latitudinal,<br />
e elevação média acima de 1.000 m, desde a Serra de<br />
Ouro Branco (MG) até a Bahia, onde recebe a denominação<br />
de Chapada Diamantina (Giulietti et al., 1997). Recentemente<br />
foi declarada Reserva da Biosfera pela<br />
UNESCO, por representar uma unidade biogeográfica de<br />
alta a extrema importância biológica (Drummond et al.<br />
2005). Segundo Giulietti & Pirani (1988), suas características<br />
climáticas, de relevo e solo, oferecem condições<br />
para o desenvolvimento de uma flora típica encontrada<br />
em poucas regiões do Brasil: os campos rupestres.<br />
Os campos rupestres ocorrem também, como ilhas<br />
florísticas isoladas, em Goiás, no Distrito Federal, na<br />
porção sudoeste e sul de Minas Gerais (Romero, 2002),<br />
em Roraima (Benites, 2001), na Chapada dos Parecis,<br />
em Rondônia (Harley, 1995) e na Serra do Cachimbo,<br />
no Pará (Pires & Prance, 1985).<br />
Ocorrem sobre grandes extensões de afloramentos<br />
rochosos do Pré-Cambriano, com relevo bastante íngreme<br />
e montanhoso, baixa disponibilidade de água,<br />
intensa radiação solar, solos pouco profundos, litólicos,<br />
arenosos ou cascalhosos, ácidos, pobres em nutrientes<br />
e derivados de vários substratos rochosos, predominando<br />
os quartzitos, xistos, filitos e itacolomitos (Moreira,<br />
1965; Giulietti et al., 1987; Brandão et al., 1994; Menezes<br />
& Giulietti, 2000). Portanto, são formações vegetais influenciadas<br />
decisivamente por fatores abióticos, que<br />
interagindo, de formas variadas conduzem à formação<br />
de uma vegetação heterogênea, representada por um<br />
mosaico de comunidades relacionadas (Giulietti &<br />
Pirani, 1988; Vitta 1995).<br />
A flora é muito rica em espécies e composta por muitos<br />
elementos endêmicos (Harley, 1995), contando com<br />
cerca de 3.000 espécies de plantas vasculares (Giulietti<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
et al., 2000). De acordo com Romero (2002), as famílias<br />
mais características dessas áreas são: Asteraceae,<br />
Bromeliaceae, Cyperaceae, Eriocaulaceae, Iridaceae,<br />
Lamiaceae, Lythraceae, Melastomataceae, Myrtaceae,<br />
Orchidaceae, Poaceae, Rubiaceae, Velloziaceae,<br />
Vochysiaceae, Xyridaceae e Leguminosae.<br />
Leguminosae é considerada uma das três maiores<br />
famílias de Angiospermae, com 730 gêneros e 19.400<br />
espécies (Lewis et al., 2005), subordinadas a três subfamílias,<br />
Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae,<br />
muito distintas entre si e distribuídas por todos os<br />
hábitats terrestres (Polhill et al., 1981; Lewis et al., 2005).<br />
A ocorrência da família, no Brasil, é muito significativa,<br />
sendo representada, segundo Lima (2000), por cerca de<br />
188 gêneros e 2.100 espécies nativas, encontradas em<br />
todos os biomas brasileiros.<br />
É uma família de grande importância econômica<br />
(Okigbo, 1977), sendo utilizada na alimentação, forrageamento,<br />
marcenaria, como medicinal, combustível,<br />
pesticida, corante, goma, óleo ou ornamental (Date,<br />
1977; Polhill et al., 1981; Brandão, 1992).<br />
Ecologicamente, possui grande valor devido à capacidade<br />
de fixar nitrogênio, associando-se ao Rhizobium<br />
e ao Bradyrhizobium, formando nódulos nas raízes que<br />
propiciam diversas estratégias para o aumento do fornecimento<br />
de nutrientes, tornando-as pioneiras em<br />
solos pouco férteis (Lopes, 1963).<br />
Considerando a importância biológica dos campos<br />
rupestres, e a ecológica e econômica de Leguminosae,<br />
esse estudo teve como objetivo verificar a diversidade<br />
florística dessa família nos campos rupestres da Bahia,<br />
Minas Gerais e Goiás; e indicar as espécies em risco de<br />
extinção.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
As espécies de Leguminosae, de 18 levantamentos<br />
florísticos realizados em áreas de campo rupestre da<br />
Bahia, Minas Gerais e Goiás (Tabela 1), foram comparadas,<br />
mediante uma matriz de presença/ausência, pelo
índice de similaridade de Sörensen e a técnica de ligação<br />
da média de grupo (UPGMA) usando o programa<br />
MVSP 3.13m (Kovach Computing Services, 2004).<br />
A validade dos nomes das espécies foi verificada consultando<br />
o ILDIS (2005) e as revisões taxonômicas para<br />
as espécies estudadas; e para gênero, adotou-se o sistema<br />
de classificação de Lewis et al. (2005).<br />
O status da conservação das espécies foi verificado<br />
através da Lista Vermelhas das Espécies Ameaçadas de<br />
Extinção da Flora de Minas Gerais (Mendonça & Lins,<br />
2000; Biodiversitas, 2007).<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Nas dezoito áreas analisadas, Leguminosae foi representada<br />
por 343 espécies e 50 gêneros (Tabela 2). A<br />
subfamília Papilionoideae apresentou 154 espécies e 31<br />
gêneros, sendo a mais representativa. O gênero<br />
Crotalaria destacou-se em número de espécies, 15 no<br />
total. Caesalpinioideae foi a segunda maior subfamília,<br />
com 98 espécies e sete gêneros, sendo Chamaecrista o<br />
gênero mais numeroso, com 69 espécies. Mimosoideae<br />
foi representada por 91 espécies e 11 gêneros, sendo<br />
Mimosa o gênero mais bem representado em número<br />
de espécies (44 spp.). Essa grande representatividade<br />
da família Leguminosae e dos gêneros Chamaecrista,<br />
Mimosa e Calliandra nos campos rupestres, constatada<br />
no presente estudo, já havia sido registrada por L.P. de<br />
Queiroz, que citou para esse tipo de vegetação 311<br />
espécies (Giulietti et al., 2000).<br />
Entre as espécies listadas, cerca de 15% ocorrem em<br />
áreas de distribuição restrita e em populações pequenas<br />
e isoladas, e destas 20 estão citadas como ameaçadas<br />
de extinção (Mendonça & Lins, 2000; Biodiversitas,<br />
2007). Na categoria de vulnerável estão: Chamaecrista<br />
aristata (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, C. linearifolia (G.<br />
Don) H.S. Irwin & Barneby, C. stillifera (H.S. Irwin &<br />
Barneby) H.S. Irwin & Barneby, C. tephrosiifolia (Benth.)<br />
H.S. Irwin & Barneby, C. ulmea H.S. Irwin & Barneby,<br />
Harpalyce lanata L.P. Queiroz e H. parvifolia H.S. Irwin &<br />
Arroyo. Na categoria em perigo constam: Chamaecrista<br />
choriophylla (Vogel) H.S. Irwin & Barneby, C. dentata<br />
(Vogel) H.S. Irwin & Barneby, C. semaphora (H.S.Irwin &<br />
Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Lupinus coriaceus Benth.,<br />
L. decurrens Gardner, L. ovalifolius Benth., Mimosa barretoi<br />
Hoehne, M. macedoana Burkart, M. montis-carasae<br />
Barneby e M. paucifolia Benth. Criticamente em perigo<br />
está: Chamaecrista cipoana (H.S. Irwin & Barneby)<br />
H.S. Irwin & Barneby; enquanto as presumivelmente<br />
Dutra, Garcia, Lima & Queiroz | 147<br />
ameaçadas são: Chamaecrista multinervea (Benth.)<br />
H.S. Irwin & Barneby e Zornia pardina Mohlenbr.<br />
Comparando o número de espécies em cada área<br />
(Tabela 1), a Serra do Cipó foi a área mais diversa, com<br />
104 espécies, seguida por Catolés (69 spp.) e pela Serra<br />
da Canastra (60 spp.). Morro do Chapéu, na Bahia, foi a<br />
área que apresentou o menor número de espécies (12<br />
spp.). Essa diferença encontrada, na riqueza de espécies<br />
de Leguminosae, pode ser consequëncia do tamanho<br />
da área amostrada em cada localidade, duração e<br />
periodicidade das coletas, como abordado por Nakajima<br />
& Semir (2001) e Romero & Martins (2002). Mas corrobora<br />
com Barreto (1949), Harley (1995) e Giulietti et al.<br />
(1997) que citam a porção central da Cadeia do Espinhaço,<br />
que inclui a Serra do Cipó e Diamantina, como a<br />
que exibe maior diversidade florística.<br />
Nenhuma espécie está distribuída em todas as áreas,<br />
sendo as de maior ocorrência: Periandra mediterranea<br />
(Vell.) Taub., em 16 áreas; Stylosanthes guianensis (Aubl.)<br />
Sw., em 14; Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip e<br />
Camptosema scarlatinum (Mart. ex Benth.) Burkart, em<br />
11 áreas. Mais da metade das espécies (60,7%) ocorre<br />
em apenas uma área, evidenciando a singularidade da<br />
composição florística de cada área o que ocasiona a<br />
heterogeneidade da flora dos campos rupestres, onde<br />
muitas espécies e gêneros encontram-se em populações<br />
disjuntas, geralmente restritas a algumas serras (Giulietti<br />
& Pirani, 1988; Giulietti et al., 2000).<br />
A análise de agrupamento das 18 áreas de campo<br />
rupestre (Figura 1) reuniu nitidamente as áreas de campo<br />
rupestre da Bahia e Minas Gerais, separando-as da<br />
Chapada dos Veadeiros (CVD), em Goiás, que, apresentou<br />
a composição de espécies de Leguminosae bastante<br />
distinta das demais áreas.<br />
Dois grandes grupos se formaram: o grupo A, formado<br />
por três áreas de campo rupestre da Chapada Diamantina,<br />
na Bahia e a Serra de Grão-Mogol, no norte<br />
de Minas; e o grupo B, que reuniu as demais áreas de<br />
campo rupestre de Minas Gerais. Segundo Harley (1995),<br />
essa dissimilaridade encontrada é devido à presença<br />
de vales, como os do Rio de Contas, Rio Pardo e Rio<br />
Jequitinhonha, que funcionam como uma barreira de<br />
migração da flora do norte da Cadeia do Espinhaço para<br />
o sul, e vice-versa. Além disso, esse mesmo autor ressalta<br />
uma maior disponibilidade hídrica na porção sul<br />
do Espinhaço, que na Bahia, onde figuram médias<br />
pluviométricas mais baixas. Essa diferença no regime<br />
de precipitação subdivide a Cadeia do Espinhaço em<br />
três setores (Harley, 1995): [1] setor sul, que compreende<br />
as proximidades de Ouro Preto até Belo Horizonte,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
148 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />
em Minas Gerais, onde os campos rupestres estão circundados<br />
por florestas estacionais semideciduais e estão<br />
restritos às áreas altas e isoladas; [2] setor central,<br />
que inclui a Serra do Cipó e Diamantina, em Minas Gerais,<br />
áreas cercadas pelo cerrado, onde os campos rupestres<br />
ocorrem em áreas extensas, exibindo grande<br />
diversidade florística; e [3] setor norte, na Chapada Diamantina,<br />
Bahia, que extende-se pela zona semi-árida,<br />
com os campos rupestres localizados nos domínios da<br />
caatinga.<br />
Em um segundo nível de similaridade, o grupo A (Figura<br />
1) desmembrou-se, formando o grupo A1, composto<br />
pelos campos rupestres da Bahia, que separou<br />
da Serra de Grão-Mogol, localizada no norte de Minas<br />
Gerais, com 76,2% de dissimilaridade, havendo diferença<br />
significativa na composição florística da Bahia (Harley,<br />
1995). Em A1, a maior similaridade foi entre Catolés e<br />
Mucugê, que apresentaram 26 espécies em comum e<br />
similaridade de 48,6%.<br />
As áreas que compõem o grupo B formaram dois<br />
subgrupos (Figura 1): B1, constituído pela Serra do Cipó,<br />
Diamantina e Serra da Canastra, que apresentaram em<br />
comum as espécies: Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip,<br />
C. ochnacea (Vogel) H.S. Irwin & Barneby, Calliandra<br />
dysantha Benth., Camptosema scarlatinum (Mart. ex Benth.)<br />
Burkart, Lupinus coriaceus Benth. e Periandra mediterranea<br />
(Vell.) Taub., e apresentam os solos derivados basicamente<br />
do quartzito; e B2, que reuniu áreas do Quadrilátero Ferrífero,<br />
Serra do Ambrósio, Serra de São José e Poço Bonito,<br />
que possuem solos derivados, além do quartzito, de<br />
filitos, itabiritos, micaxistos e lateritas ferruginosas<br />
(Tabela 1). Estas variações no tipo de substrato influenciam<br />
diretamente na composição florística, já que levam<br />
a diferenciação na composição química do terreno, permeabilidade,<br />
porosidade e tipo de solo (Brandão et al.,<br />
1994) que, segundo Barreto (1949), é o principal fator<br />
que determina a riqueza de espécies.<br />
Dentro do grupo B2, destacou-se B2’ (Figura 1), formado<br />
pelos campos rupestres da Serra do Ambrósio e<br />
do Quadrilátero Ferrífero, área de cerca de 7.000 km 2<br />
que tem como limite sul a Serra de Ouro Branco e, ao<br />
norte, a Serra do Curral (Dorr, 1969), marcada pela ação<br />
antrópica, como desmatamento, expansão urbana, mineração<br />
e turismo (Vicent et al., 2002). Esse grupo apresentou<br />
95 espécies, sendo que metade delas ocorreu<br />
em mais de uma serra, sendo comuns às serras da região,<br />
como constatado por Dutra et al. (2005), com as<br />
Papilionoideae de campos ferruginosos; e 59,6%, são<br />
de ampla distribuição geográfica, indicando um grupo<br />
sustentado, principalmente, por espécies generalistas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Além disso, caracteriza-se por não apresentar elementos<br />
endêmicos e pela ausência dos gêneros Lupinus e<br />
Calliandra, citados por Giulietti et al. (1997), como gêneros<br />
que possuem seu máximo de diversidade nos<br />
campos rupestres.<br />
A Serra de Itabirito e Serra da Piedade, se agruparam<br />
com 48,5% de similaridade, apresentando 16 espécies<br />
em comum. O Parque do Itacolomi e a Serra de<br />
Ouro Branco uniram-se com 44,2% de similaridade, com<br />
15 espécies em comum. A maior similaridade entre essas<br />
áreas pode ser devido à proximidade entre elas e<br />
ao tipo de solo, já que a latitude e a composição dos<br />
substratos têm papel fundamental na distribuição específica<br />
(Brandão et al., 1994).<br />
A singularidade florística encontrada nas diferentes<br />
áreas de campos rupestres (Giulietti & Pirani, 1988),<br />
como observada para Leguminosae no presente estudo,<br />
já havia sido mencionada por Nakajima & Semir<br />
(2001) e Romero & Martins (2002), com as famílias<br />
Asteraceae e Melastomataceae, respectivamente. Essa<br />
singularidade, segundo Brandão et al. (1994), deve-se à<br />
temperatura, à diversidade de substratos e à latitude,<br />
aos quais estão associados à radiação solar incidente e<br />
a movimentação de grandes massas de ar e, conseqüentemente,<br />
aos aspectos climáticos locais, como evapotranspiração,<br />
nebulosidade e disponibilidade de água,<br />
este último, um importante fator físico que controla o<br />
estabelecimento, sobrevivência e distribuição espacial<br />
da vegetação (Zappi et al., 2003). Além disso, a presença<br />
de espécies e gêneros endêmicos e de distribuição<br />
restrita, deve-se, também, aos períodos de flutuações<br />
climáticas, que ocorreram no Quaternário, e que resultaram<br />
na irregularidade no fluxo gênico entre as populações<br />
e na evolução de espécies novas, geralmente de<br />
distribuição limitada (Giulietti et al., 1997).<br />
A degradação que os campos rupestres vêm sofrendo,<br />
durante séculos, devido principalmente: a intensa<br />
atividade mineradora, a construção de estradas e<br />
loteamentos, a coleta indiscriminada de espécies de<br />
interesse econômico e às queimadas constantes, muitas<br />
provocadas para implantação de pastagens, vem alterando<br />
a heterogeneidade e riqueza da flora destes<br />
campos (Menezes & Giulietti, 2000). E a manutenção<br />
desta flora, especialmente de Leguminosae, muitas delas,<br />
de distribuição restrita a uma ou algumas serras, e<br />
ocorrendo em populações pequenas e isoladas, depende<br />
da preservação dos hábitats ocupados por elas e de<br />
medidas de conservação que realmente protejam as<br />
diversas serras que compõem a Cadeia do Espinhaço e<br />
suas áreas disjuntas.
Dutra, Garcia, Lima & Queiroz | 149<br />
TABELA 1 – Levantamentos florísticos realizados em diversas áreas de campo rupestre de Minas Gerais, Bahia e Goiás, fatores<br />
físicos considerados, e número de gêneros e espécies de Leguminosae encontrados.<br />
Gen. = gêneros; Spp. = espécies; Caes. = Caesalpinioideae; Mim. = Mimosoideae; Pap. = Papilionoideae.<br />
TOTAL TOTAL ESPÉCIES<br />
LOCALIDADE REF. BIBLIOGRÁFICA SUBSTRATO COORDENADAS Gen. Spp. Caes. Mim. Pap.<br />
Barão de Cocais, MG Brandão & Silva Filho Laterita 19°54’S 11 16 3 1 12<br />
(1993) ferruginosa 43°28’W<br />
Catolés, BA Zappi et al. (2003) Quartzito 13°13’/13°25’S<br />
41°37’/41°59’W<br />
21 69 21 26 22<br />
Chapada dos Veadeiros, GO Munhoz & Proença (1998) ––– 47°30’S 13°46’W 12 24 5 6 13<br />
Diamantina, MG Brandão et al. (1995) Quartzito 18º14’S 43º36’W 14 60 18 8 34<br />
Morro do Chapéu, BA L.P. Queiroz<br />
(comunicação pessoal)<br />
––– 11º33’S 41º09’W 9 12 3 4 5<br />
Mucugê, BA Harley & Simmons (1986) ––– ––– 13 41 10 19 12<br />
Pico das Almas, BA Lewis (1995) Quartzito e 13°32’/13°34’S 18 41 11 16 14<br />
arenito 41°57’/41°58’W<br />
Poço Bonito, MG Gavilanes & Brandão Quartzito e 21°19’S 44°59W 9 16 5 1 10<br />
(1991) micaxisto<br />
Serra da Canastra, MG Nakajima Quartzito e 20°00’/20º30’S 28 60 34 24 41<br />
(dados não publicados)<br />
Garcia et al. (2000)<br />
Filardi et al. (2007)<br />
micaxisto 46°15’/47°00’W<br />
Serra da Piedade, MG Brandão & Gavilanes Quartzito e 19º50’S 12 28 6 4 18<br />
(1990) laterita<br />
ferruginosa<br />
Serra de Antônio Pereira, MG Roschel (2000) Laterita 20º12’S 10 14 4 1 9<br />
ferruginosa 43º50’W<br />
Serra de Grão-Mogol, MG Queiroz (2004) Quartzito e 16°20’/16°38’S 21 47 16 7 15<br />
arenito 43°00’/42°49’W<br />
Serra de Ouro Branco, MG Dutra et al. (no prelo) Quartzito ––– 13 25 8 4 13<br />
Serra de São José, MG Gavilanes et al. (1995) Quartzito e<br />
queluzito<br />
21º05’S 10 17 7 0 10<br />
Serra do Ambrósio, MG Pirani et al. (1994) Quartzito 18°03’/17°10’S<br />
43°00’/43°06’W<br />
12 14 3 0 11<br />
Serra do Cipó, MG Giulietti et al. (1987) Quartzito 19°12’/19°20’S<br />
43°30’/43°40’W<br />
39 104 34 24 46<br />
Serra do Itabirito, MG Brandão et al. Quartzito e 20°16’S 43°51’W 14 38 13 3 22<br />
(1989; 1991) itabirito<br />
Serra do Itacolomi, MG Dutra (2005) Quartzito, 20º22’/ 20º30’S 24 52 13 11 28<br />
Dutra et al. (2008) filito e<br />
laterita<br />
ferruginosa<br />
43º32’/43º22’W<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
150 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />
TABELA 2 – Gêneros e número de espécies de Leguminosae ocorrentes nas 18 áreas de campo rupestre de Minas Gerais, Bahia e Goiás.<br />
BCC = Barão de Cocais/MG, CAT = Catolés/BA, CVD = Chapada dos Veadeiros/GO, DMT = Diamantina/MG, MCG = Mucugê/BA, MCP =<br />
Morro do Chapéu/BA, PAM = Pico das Almas/BA, PBN = Poço Bonito/MG, PEI = Parque Estadual do Itacolomi/MG, SAB = Serra do<br />
Ambrósio/MG, SAP = Serra de Antônio Pereira/MG, SCN = Serra da Canastra/MG, SCP = Serra do Cipó/MG, SGM = Serra de Grão-Mogol/<br />
MG, SIB = Serra de Itabirito/MG, SOB = Serra de Ouro Branco/MG, SPD = Serra da Piedade/MG e SSJ = Serra de São José/MG.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
NÚMERO DE ESPÉCIES<br />
SUBFAMÍLIA/GÊNERO BCC CAT CVD DMT MCG MCP PAM PBN PEI SAB SAP SCN SCP SGM SIB SOB SPD SSJ<br />
Caesalpinioideae<br />
Bauhinia L. 0 2 0 0 0 2 1 0 1 0 1 0 3 1 2 0 1 0<br />
Chamaecrista Moench 1 13 4 17 6 1 5 3 9 1 3 15 21 14 6 6 5 3<br />
Copaifera L. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0<br />
Hymenaea L. 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />
Moldenhawera Schrad. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0<br />
Tachigali Aubl. 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0<br />
Senna Mill. 2 2 1 1 2 0 2 2 3 1 0 3 6 2 5 2 0 4<br />
Mimosoideae<br />
Abarema Pittier 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0<br />
Acacia Mill. 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 0 0 0 0<br />
Anadenanthera Speg. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0<br />
Calliandra Benth. 0 19 1 2 16 1 7 0 0 0 0 1 3 2 0 0 0 0<br />
Enterolobium Mart. 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />
Inga Mill. 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2 2 1 0 1 0 0<br />
Mimosa L. 1 6 4 7 3 3 6 1 8 0 1 7 12 5 2 3 4 0<br />
Piptadenia Benth. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />
Plathymenia Benth. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />
Stryphnodendron Mart. 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0<br />
Papilionoideae<br />
Acosmium Schott 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 0 0 0 0<br />
Aeschynomene L. 0 4 2 2 3 0 0 0 1 1 1 0 3 1 3 1 4 0<br />
Andira Juss. 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 3 2 0 0 0 0 0<br />
Bowdichia Kunth 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0<br />
Calopogonium Desv. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Camptosema Hook. & Arn. 1 3 0 3 2 2 3 0 1 2 0 1 3 1 1 1 2 1<br />
Centrosema (DC.) Benth. 2 1 0 1 0 1 1 0 2 1 1 2 3 3 0 0 2 0<br />
Clitoria L. 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 1 1 0 0 0 1<br />
Collaea DC. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 1 0 0 1<br />
Crotalaria L. 1 2 3 0 0 0 3 0 3 0 0 2 4 2 4 1 1 2<br />
Dalbergia L. f. 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 1 1 0 0 0 0 0<br />
Desmodium Desv. 2 0 0 0 0 0 1 1 5 0 1 1 2 0 3 2 0 0<br />
Dioclea Kunth 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Eriosema (DC.) Desv. 1 1 1 4 0 0 0 2 0 0 0 3 1 1 0 1 1 2<br />
Galactia P. Browne 0 2 3 2 1 0 0 0 0 0 1 5 1 1 0 0 1 1<br />
Harpalyce Sessé & Moc. ex DC. 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0<br />
Indigofera L. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Lupinus L. 0 1 0 7 0 0 1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
NÚMERO DE ESPÉCIES<br />
Dutra, Garcia, Lima & Queiroz | 151<br />
SUBFAMÍLIA/GÊNERO BCC CAT CVD DMT MCG MCP PAM PBN PEI SAB SAP SCN SCP SGM SIB SOB SPD SSJ<br />
Machaerium Pers. 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 1 3 0 0 0 0 1<br />
Macroptilium (Benth.) Urb. 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0<br />
Oryxis A. Delgado & G.P. Lewis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0<br />
Periandra Mart. ex Benth. 1 2 0 1 1 1 1 0 1 1 1 2 1 1 2 1 1 1<br />
Platycyamus Benth. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0<br />
Platypodium Vogel 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0<br />
Poiretia Vent. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0<br />
Pterogyne Tul. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Rhynchosia Lour. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Sesbania Scop. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Stylosanthes Sw. 3 2 1 6 2 0 1 2 2 2 3 2 4 4 3 3 3 0<br />
Swartzia Schreb. 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0<br />
Tephrosia Pers. 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Vigna Savi 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 0 3 1 0 0 1 0 0<br />
Zornia J.F. Gmel. 0 0 2 7 1 0 0 3 1 0 1 3 3 0 4 2 3 0<br />
FIGURA 1 – Similaridade florística entre 18 levantamentos realizados em campos rupestres de Minas Gerais, Bahia e Goiás.<br />
BCC = Barão de Cocais/MG, CAT = Catolés/BA, CVD = Chapada dos Veadeiros/GO, DMT = Diamantina/MG, MCG = Mucugê/BA, MCP =<br />
Morro do Chapéu/BA, PAM = Pico das Almas/BA, PBN = Poço Bonito/MG, PEI = Parque Estadual do Itacolomi/MG, SAB = Serra do<br />
Ambrósio/MG, SAP = Serra de Antônio Pereira/MG, SCN = Serra da Canastra/MG, SCP = Serra do Cipó/MG, SGM = Serra de Grão-Mogol/<br />
MG, SIB = Serra de Itabirito/MG, SOB = Serra de Ouro Branco/MG, SPD = Serra da Piedade/MG e SSJ = Serra de São José/MG.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
152 | Diversidade florística de Leguminosae Adans. em áreas de campos rupestres<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Fauna de abelhas (Hymenoptera, Apoidea)<br />
nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
(Minas Gerais e Bahia, Brasil): riqueza de<br />
espécies, padrões de distribuição e ameaças<br />
para conservação<br />
ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO 1,2 *<br />
FERNANDO A. SILVEIRA 1<br />
CÂNDIDA MARIA LIMA AGUIAR 3<br />
VIVIANE SILVA PEREIRA 4<br />
1 Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas, Departamento de Zoologia, Instituto de Ciências Biológicas – <strong>ICB</strong>, Universidade Federal de<br />
Minas Gerais – <strong>UFMG</strong>, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Biotrópicos – Instituto de Pesquisa em Vida Silvestre e Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre,<br />
Instituto de Ciências Biológicas <strong>ICB</strong>/<strong>UFMG</strong>, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />
3 Laboratório de Entomologia, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />
4 Laboratório de Sistemática, Departamento de Botânica, <strong>ICB</strong>/<strong>UFMG</strong>, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />
* e-mail: alex@biotropicos.org.br<br />
RESUMO<br />
O objetivo deste trabalho foi caracterizar a fauna de abelhas dos campos rupestres nas áreas<br />
de altitude da Cadeia do Espinhaço quanto à riqueza e à distribuição geográfica de suas espécies<br />
e à ocorrência de endemismos. Além disso, também foram apresentadas as principais<br />
ameaças para a conservação da fauna de abelhas nativas na região. Os dados foram obtidos a<br />
partir de fontes secundárias (informações associadas a espécimes depositados em coleções<br />
taxonômicas e registros na literatura) e por meio de coleta de dados primários (expedições de<br />
coleta realizadas em várias localidades da cadeia entre outubro de 2004 e maio de 2006). Ao<br />
todo foram coletados 2959 indivíduos pertencentes a cerca de 360 espécies. Somando estas<br />
informações aos dados secundários foram registradas pelo menos 515 espécies de abelhas,<br />
entre elas um mínimo de 13 espécies não descritas. Os totais são imprecisos devido ao grande<br />
número de espécies não identificadas nos resultados de levantamentos faunísticos publicados,<br />
principalmente de grupos que carecem de revisões taxonômicas. Os resultados das análises<br />
apontam para uma riqueza superior a 600 espécies e a necessidade de um esforço de<br />
coleta maior para se obter uma amostra que represente uma parcela substancial das faunas<br />
locais/regionais. As espécies de abelhas registradas no Espinhaço apresentam diferentes<br />
padrões de distribuição geográfica já identificados na literatura para as serras do sudeste<br />
brasileiro. Entre os grupos de espécies apontados, destacam-se aqueles representados pelas<br />
abelhas endêmicas das serranias do leste brasileiro, com compartilhamento de elementos da<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
fauna entre o Espinhaço e outros maciços como as Serras da Canastra, Mantiqueira e do<br />
Caparaó, e aquele cujas espécies são comuns às áreas de altitude do sudeste e do planalto<br />
central. Embora existam registros de espécies potencialmente endêmicas do Espinhaço, ainda<br />
faltam informações para a determinação precisa sobre suas distribuições geográficas.<br />
ABSTRACT<br />
This work attempts to characterize the wild-bee fauna of the rocky fields in the high altitudes of the<br />
Espinhaço mountain chain in respect to its species richness and geographic distribution and to presence<br />
of endemic species. The main threats to the conservation of the native bees in the region are also<br />
pointed out. Data were obtained from secondary sources (specimens in taxonomic collections and<br />
literature) and through collecting expeditions to several localities in the chain, between October 2004<br />
and May 2006. A total of 2959 specimens belonging to 360 species were collected. Adding the<br />
information from secondary sources to that obtained in the field, at least 515 species were recorded,<br />
among which at least 13 are undescribed ones. Imprecision in these figures are due to the large number<br />
of unidentified species listed in published faunistic surveys, especially in groups lacking recent taxonomic<br />
reviews. Analyzes of the data suggest that more than 600 species occur in the Espinhaço chain and<br />
that additional collecting effort is needed for a good representation of the local/regional faunas.<br />
Geographic-distribution patterns of bee species recorded in the Espinhaço are those previously identified<br />
in the literature for the southeastern Brazilian mountains. Among them, are those bees endemic to<br />
these mountains, which occur in the Espinhaço chain and other mountain ranges in the region, as the<br />
Canastra, Mantiqueira and Caparaó, and those common to this region and the Brazilian Central<br />
Plateau. Although there are some records of bee species potentially endemic to the Espinhaço chain,<br />
more information is needed for the precise determination of their geographic ranges.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os campos rupestres representam formações campestres<br />
herbáceo-arbustivas associadas a solos litólicos, predominantemente<br />
quartzíticos com afloramentos rochosos,<br />
e são marcados por uma grande diversidade biológica e<br />
pela ocorrência de endemismos, sobretudo de espécies<br />
vegetais (Giulietti & Pirani, 1988; Rapini et al., 2008). Eles<br />
ocorrem de forma disjunta em algumas regiões do Brasil,<br />
como a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e a Serra da<br />
Canastra, em Minas Gerais. Eles se distribuem principalmente,<br />
entretanto, ao longo das porções mais elevadas<br />
da Cadeia do Espinhaço, em altitudes superiores a 900<br />
metros, desde o norte da Chapada Diamantina, na Bahia,<br />
até a Serra de Ouro Branco, em Minas Gerais (Giulietti &<br />
Pirani, 1988; Rapini et al., 2008).<br />
O Espinhaço se estende por cerca de mil quilômetros<br />
e representa, em Minas Gerais, um divisor natural<br />
de dois importantes domínios da vegetação brasileira,<br />
os quais também são considerados hotspots mundiais<br />
em biodiversidade, o Cerrado e a Mata Atlântica (Myers<br />
et al., 2000). Além disso, o Espinhaço também mantém<br />
contato com a Caatinga no norte de Minas Gerais e,<br />
principalmente, na Chapada Diamantina. Recentemente,<br />
a quase totalidade da porção mineira do maciço recebeu<br />
o título de Reserva da Biosfera (Unesco, 2005),<br />
em reconhecimento à sua imensa riqueza biológica.<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 155<br />
Entretanto, a Cadeia do Espinhaço representa, ainda,<br />
uma grande lacuna de conhecimento para muitos grupos<br />
biológicos, entre eles, as abelhas.<br />
Silveira & Cure (1993) foram os primeiros a investigar<br />
a fauna de abelhas de altitude nas cadeias montanhosas<br />
do sudeste brasileiro. Eles notaram que as abelhas<br />
encontradas acima de 1.200m – 1.400m de altitude<br />
podiam ser divididas em três grupos principais, de<br />
acordo com sua distribuição geográfica: 1) abelhas que<br />
se encontram tanto em baixas altitudes nas regiões circunvizinhas,<br />
quanto no alto das serras; 2) espécies de<br />
abelhas amplamente distribuídas ao sul do paralelo 24 o S<br />
e que estão ausentes nas áreas baixas ao norte do estado<br />
do Paraná, reaparecendo em áreas de altitude acima<br />
de cerca de 1.300m nas serras do norte de São Paulo e<br />
no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Elas teriam expandido<br />
sua distribuição em direção ao norte, acompanhando<br />
o avanço de domínios vegetacionais subtropicais<br />
durante períodos glaciais, possivelmente no Pleistoceno,<br />
e seriam representadas por populações relictuais<br />
nas serras do sudeste; 3) abelhas endêmicas das serras<br />
do sudeste brasileiro, cujas populações são isoladas em<br />
altitudes superiores a cerca de 1.300m de altitude, não<br />
ocorrendo nas áreas mais baixas entre elas. Estas espécies<br />
teriam se originado e evoluído nas montanhas do<br />
leste brasileiro. Além desses, aqueles autores chamam<br />
atenção para um quarto grupo de abelhas que ocorre-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
156 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
riam nas áreas campestres das serranias do sudeste e<br />
no Planalto Central brasileiro. A associação entre essas<br />
duas regiões geográficas não é clara.<br />
O conhecimento sobre a fauna de abelhas nas diversas<br />
regiões e fitofisionomias brasileiras deriva, em grande<br />
p<strong>arte</strong>, de inventários realizados em áreas restritas<br />
e/ou periféricas, muitas vezes caracterizadas por baixo<br />
grau de conservação (revistos por Pinheiro-Machado et<br />
al., 2002). Esses levantamentos sistemáticos privilegiam<br />
a padronização da amostragem para permitir a comparação<br />
de abundâncias e riquezas relativas. Neles, o sítio<br />
amostral é limitado a uma área restrita (geralmente,<br />
1-2ha) e o tempo amostral é fixado, sendo a coleta de<br />
abelhas feita durante caminhada ininterrupta, em que o<br />
coletor não permanece mais tempo em áreas ricas em<br />
abelhas do que em áreas pobres. Vantagens e desvantagens<br />
deste método são discutidas, por exemplo, por<br />
Sakagami et al. (1967) e Silveira & Godinez (1996).<br />
Adotando uma estratégia diferente dos levantamentos<br />
acima, o objetivo principal deste trabalho foi conhecer<br />
a fauna de abelhas dos campos rupestres nas<br />
áreas de altitude da Cadeia do Espinhaço, buscando<br />
caracterizá-la quanto à riqueza e à distribuição geográfica<br />
de suas espécies e à ocorrência de endemismos.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Coleta de dados<br />
Duas estratégias foram empregadas para obtenção dos<br />
dados avaliados neste trabalho – a) busca de dados secundários<br />
(informações associadas a espécimes depositados<br />
em coleções taxonômicas e registros na literatura)<br />
e b) levantamentos de dados primários (expedições<br />
de coleta em campo).<br />
Informações disponíveis na literatura – Trabalhos<br />
taxonômicos e de inventários faunísticos constituíram<br />
a principal bibliografia consultada para compor a lista<br />
de espécies de abelhas da Cadeia do Espinhaço (ver<br />
Tabela 1). Os trabalhos taxonômicos fornecem uma<br />
quantidade de registros relativamente reduzida, uma<br />
vez que não lidam especificamente com a fauna da Cadeia<br />
do Espinhaço. Por outro lado, fornecem dados de<br />
alta qualidade, já que as identificações das espécies são<br />
feitas por especialistas, freqüentemente no âmbito de<br />
revisões amplas, sendo, nesses casos, muito confiáveis.<br />
Além disto, apresentam dados relativamente completos<br />
sobre as distribuições geográficas de muitas espécies,<br />
já que, normalmente, examinam grandes amostras<br />
pertencentes aos acervos de diversas coleções,<br />
oriundas das mais diversas regiões.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Para Minas Gerais, onde se estende a maior porção<br />
dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, foram<br />
publicados, até o momento, os resultados de apenas<br />
alguns poucos inventários faunísticos, em sua maioria<br />
concentrados na porção mais ao sul do maciço, em áreas<br />
situadas nos municípios de Santana do Riacho (Faria,<br />
1994), Ouro Preto (Faria-Mucci et al., 2003; Araújo et<br />
al., 2006) e Ouro Branco (Araújo et al., 2006). A única<br />
amostragem fora desta região, realizada mais ao norte<br />
do estado, em São Gonçalo do Rio Preto (Nemésio &<br />
Faria-Jr. 2004), se restringiu a um grupo específico de<br />
abelhas (Euglossina – Apidae).<br />
Igualmente incipiente é o conhecimento disponível<br />
sobre a fauna de abelhas dos campos rupestres da porção<br />
baiana do Espinhaço (Chapada Diamantina), que se<br />
baseia em apenas dois inventários realizados em áreas<br />
muito próximas, no município de Palmeiras (Almeida &<br />
Gimenes, 2002; Silva-Pereira & Santos, 2006).<br />
Considerando que o alvo principal deste trabalho foi<br />
compilar as informações sobre as abelhas dos campos<br />
rupestres nas áreas mais elevadas do Espinhaço, não<br />
foram considerados em nossas análises os dados obtidos<br />
em áreas abaixo de 800 m de altitude e/ou em que<br />
os campos rupestres não fossem a vegetação predominante.<br />
Por isto, não foram computados os dados de<br />
uma das áreas de estudo de Almeida & Gimenes (2002),<br />
situada abaixo de 800 m de altitude, e os obtidos por<br />
Martins (1994) e Aguiar et al. (2005) (todos obtidos na<br />
Chapada Diamantina) e p<strong>arte</strong> dos dados apresentados<br />
por Nemésio & Faria Jr. (2004), por terem sido coletados<br />
em ambientes outros que não os campos rupestres.<br />
Ressalta-se, porém, que os registros apresentados<br />
para a área da Serra de Sincorá (Morro do Pai Inácio)<br />
por Aguiar et al. (2005) e discutidos aqui correspondem<br />
aos publicados previamente por Almeida &<br />
Gimenes (2002). Além destes casos, também não foram<br />
utilizados aqui os registros da fauna de abelhas conhecidas<br />
popularmente como “indígenas sem ferrão” (Apidae:<br />
Meliponina) apresentados por Antonini (2005), pois além<br />
de existir erros de identificação de espécies, são apresentados,<br />
em sua maioria, dados secundários citados por<br />
nós diretamente das fontes originais.<br />
Informações disponíveis em coleções científicas –<br />
Foram examinados exemplares de abelhas provenientes<br />
de localidades do Espinhaço, principalmente de sua<br />
porção sul, em três coleções científicas. A maioria desses<br />
exemplares encontra-se na Coleção Entomológica<br />
das Coleções Taxonômicas da Universidade Federal de<br />
Minas Gerais (<strong>UFMG</strong>). Eles foram obtidos em levantamentos<br />
de fauna realizados por Silveira e colaboradores<br />
nas serranias da Zona Metalúrgica de Minas Gerais
(Serras do Curral, da Calçada, da Moeda, do Cachimbo<br />
e do Caraça), localizadas nos municípios de Belo Horizonte,<br />
Brumadinho, Moeda, Nova Lima e Catas Altas.<br />
Estes dados de ocorrência são apresentados aqui pela<br />
primeira vez. Outras coleções visitadas foram as do<br />
Museu de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa<br />
(UFV) e do Museu de Zoologia da USP (MZUSP). As<br />
coleções da <strong>UFMG</strong>, da UFV e do MZUSP foram examinadas<br />
cuidadosamente e as informações de procedência<br />
de todos os exemplares coletados em localidades<br />
situadas indubitavelmente nos campos rupestres do<br />
Espinhaço foram registradas. Além destas coleções também<br />
foram examinados uma pequena amostra da Coleção<br />
Entomológica do Museu de Zoologia da Universidade<br />
Estadual de Feira de Santana (MZUEFS), referente<br />
a abelhas da Chapada Diamantina. Adicionalmente, vários<br />
registros nos foram cedidos por G. A. R. Melo, de<br />
abelhas coletadas por ele e que se encontram, hoje,<br />
depositadas na Coleção Entomológica “Padre Jesús Santiago<br />
Moure” do Departamento de Zoologia da Universidade<br />
Federal do Paraná (DZUP).<br />
Expedições de coleta – As áreas amostradas neste<br />
estudo foram escolhidas de forma a garantir amostragens<br />
bem distribuídas e em locais considerados lacunas<br />
de conhecimento. Procurou-se selecionar, ainda,<br />
áreas cuja vegetação nativa estivesse em bom estado<br />
de conservação, representando quatro grandes maciços<br />
da Cadeia do Espinhaço, que são separados uns dos<br />
outros por áreas situadas em altitudes inferiores a 800m,<br />
chamados aqui de “Médio Espinhaço,” “Serra do<br />
Cabral,” “Norte de Minas” e “Chapada Diamantina” (Figura<br />
1). Um quinto maciço, o “Quadrilátero Ferrífero,”<br />
situado no extremo sul da cadeia e cujas áreas acima<br />
de 800 m são contínuas com as do Médio Espinhaço,<br />
foi tratado separadamente por apresentar características<br />
muito distintas dos demais maciços. No Quadrilátero<br />
Ferrífero, a vegetação de altitude desenvolve-se<br />
sobre a “canga” (concreções ferruginosas couraçadas e<br />
nodulares), constituindo campos estrutural e floristicamente<br />
distintos daqueles que se desenvolvem sobre<br />
areia nos afloramentos quartzíticos do restante da Cadeia<br />
do Espinhaço (Rizzini, 1976 e 1979).<br />
Apesar das coletas terem sido direcionadas ao conhecimento<br />
da fauna nos campos rupestres situados<br />
nas porções mais elevadas (geralmente acima de 1.000m<br />
de altitude), foram amostradas, também, zonas de transição<br />
com o cerrado (entre 800m e 1.200m) em algumas<br />
localidades (Figura 1).<br />
As amostragens foram efetuadas entre outubro de<br />
2004 e maio de 2006 e foram categorizadas em coletas<br />
oportunísticas ou intensivas, de acordo com o esforço<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 157<br />
de coleta despendido em cada área de estudo (Tabela 2).<br />
As coletas foram feitas por dois ou mais coletores, com<br />
emprego de redes entomológicas. As abelhas foram<br />
capturadas sempre que avistadas, principalmente enquanto<br />
forrageavam nas flores. Os espécimes coletados<br />
durante este projeto estão depositados nas coleções<br />
entomológicas da Universidade Federal de Minas<br />
Gerais e da Universidade Estadual de Feira de Santana.<br />
A heterogeneidade ambiental encontrada nos campos<br />
rupestres exige a amostragem de um grande número<br />
de pontos, já que as abelhas podem apresentar<br />
especializações quanto ao uso de recursos florais com<br />
padrão de distribuição agregado, e substratos de nidificação.<br />
Portanto, para maximizar o número de espécies<br />
registradas, não foi adotado o método habitualmente<br />
utilizado nos levantamentos sistemáticos de faunas<br />
locais de abelhas efetuados no Brasil. Para isto, os<br />
coletores percorriam extensas áreas em cada local de<br />
coleta, buscando ambientes diversos e permanecendo<br />
mais tempo em áreas onde a coleta produzia amostras<br />
mais abundantes e diversificadas de abelhas. Espécies<br />
facilmente identificáveis no campo foram coletadas<br />
apenas esporadicamente de forma a se obterem exemplares<br />
testemunhos de cada espécie para todas as localidades<br />
e todas as épocas de amostragem.<br />
Análise de dados<br />
A obtenção do número total de espécies registradas na<br />
Cadeia do Espinhaço é dificultada pelo grande número<br />
de espécies não identificadas listadas nos vários inventários<br />
de faunas locais e nas amostras obtidas durante<br />
a execução do presente projeto, principalmente em<br />
determinados táxons que carecem de revisão taxonômica<br />
(por exemplo, os gêneros Tetrapedia, Ceratina,<br />
Augochlora e Augochloropsis). Por isto, a riqueza total de<br />
espécies compiladas neste trabalho foi expressa através<br />
de uma estimativa do número mínimo de espécies<br />
registradas. Para se fazer esta estimativa, comparouse,<br />
para cada gênero, o número de espécies identificadas<br />
com o maior número de espécies encontrado em<br />
um único lugar (incluindo espécies não identificadas).<br />
O maior número nestas comparações foi tomado como<br />
o número mínimo de espécies para cada gênero no Espinhaço.<br />
Espécies não identificadas só foram somadas<br />
às espécies identificadas quando puderam ser examinadas<br />
por um dos autores e claramente distinguidas<br />
das demais espécies incluídas em nossa listagem. A<br />
soma dos números mínimos de espécies obtidos para<br />
todos os gêneros é o número mínimo de espécies de<br />
abelhas registrado no Espinhaço – certamente, uma<br />
subestimativa da riqueza em espécies de abelhas desta<br />
Cadeia.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
158 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
FIGURA 1 - - Distribuição das localidades nos maciços (elipses) onde há registros da fauna de abelhas ao longo da Cadeia do<br />
Espinhaço. Dados primários (), obtidos nas coletas de campo (2004-2006) realizadas durante este projeto e dados secundários (),<br />
obtidos a partir de coleções científicas e/ou literatura. Abreviações: ParNa = Parque Nacional; Pq. E. = Parque Estadual; S. = Serra.<br />
MINAS GERAIS: 1. S. de Ouro Branco (Ouro Branco); 2. Lavras Novas (Ouro Preto); 3. Pq. E. do Itacolomi (Ouro Preto); 4. Ouro<br />
Preto; 5. S. do Caraça (Catas Altas); 6. S. da Moeda (S. da Calçada - Brumadinho, Moeda); 7. Pq. E. da S. do Rola Moça (Belo<br />
Horizonte, Brumadinho, Ibirité, Nova Lima – inclui a S. do Cachimbo); 8. S. do Curral (Pq. das Mangabeiras - Belo Horizonte, Nova<br />
Lima); 9-10. Serra do Cipó (Santana do Riacho); 11. Pq. E. Pico do Itambé (Serro); 12. Pq. E. do Rio Preto (São Gonçalo do Rio<br />
Preto); 13. Pq. E. Biribiri (Diamantina); 14. S. do Ambrósio (Itamarandiba); 15. Curimataí (Buenópolis); 16-19. S. do Cabral<br />
(Buenópolis, Francisco Dumont, Joaquim Felício, Lassance); 20. Itacambira; 21. Botumirim (Campina do Bananal); 22. Pq. E. de<br />
Grão Mogol (Grão Mogol); 23. S. do Talhado (Serranópolis de Minas); BAHIA: 24. Pico das Almas (Rio de Contas); 25. S. do<br />
Esbarrancado (ParNa Chapada Diamantina - - - Mucugê); 26. S. do Sincorá [Morro do Pai Inácio] e S. dos Brejões (Palmeiras).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
A avaliação da representatividade da amostra da<br />
fauna de abelhas obtida nas várias áreas da Cadeia do<br />
Espinhaço foi feita através do índice de correlação não<br />
paramétrica de Spearman entre o número de indivíduos<br />
coletados e o número de espécies obtido em cada área.<br />
Apenas as localidades amostradas no âmbito deste projeto<br />
foram utilizadas nesta análise por terem empregado<br />
mesma metodologia de coleta e esforço amostral<br />
comparável (Tabela 2). Partiu-se do pressuposto que,<br />
se todas as áreas estivessem bem amostradas, obterse-ia<br />
uma baixa correlação (o número de indivíduos<br />
obtidos em cada área seria suficientemente grande para<br />
que grande p<strong>arte</strong> das espécies existentes estivesse<br />
representada na amostra, independente do tamanho<br />
desta). Por outro lado, uma correlação significativa<br />
indicaria que muitas das áreas com amostra pequena<br />
estariam ainda subamostradas.<br />
Para avaliar a representatividade da amostra obtida<br />
para toda a Cadeia do Espinhaço, foi construída uma “curva<br />
do coletor” através de análise de Jacknife com 50 simulações<br />
aleatórias, utilizando o software EstimateS<br />
(http://viceroy.eeb.uconn.edu/estimates), incluindo todos<br />
os pontos de literatura e dados primários. Para esta análise,<br />
dados primários e secundários para uma mesma área/<br />
município foram aglutinados. Por outro lado, foram considerados<br />
apenas aqueles táxons identificados até espécie<br />
e as morfo-espécies que foram individualizadas nos<br />
gêneros. Com isto, evitou-se que a mesma espécie não<br />
identificada fosse contada como táxon diferente em cada<br />
local em que ocorresse. O mesmo procedimento de<br />
Jacknife foi utilizado para estimar a riqueza de espécies.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A lista de espécies de abelhas registradas na Cadeia do<br />
Espinhaço, com indicação das localidades e principais<br />
serras e/ou unidades de conservação nas quais elas foram<br />
encontradas, bem como as fontes de informação<br />
(coleções/publicações científicas) encontram-se na Tabela<br />
1. A Tabela 2 mostra o número de espécies registrado<br />
e o tipo de amostragem (categorizado de acordo com o<br />
esforço de coleta despendido) em cada localidade.<br />
Riqueza de espécies<br />
Durante as expedições realizadas no âmbito deste projeto,<br />
foram coletados 2.959 indivíduos pertencentes a<br />
cerca de 360 espécies. Somando a estas informações<br />
os dados obtidos nas fontes secundárias, o número<br />
mínimo de espécies de abelhas registradas para a Cadeia<br />
do Espinhaço totaliza 515 (Tabela 1).<br />
Foi encontrada uma forte correlação entre o número<br />
de espécies e o esforço de coleta em cada localidade<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 159<br />
amostrada nas expedições deste projeto [medido<br />
pelo número de exemplares capturados (r s = 0,98;<br />
p < 0,0001; Figura 2a) ou pelo número de horas de<br />
amostragem (r s = 0,89; p = 0,0001; Figura 2b)]. Isto<br />
sugere que é preciso um esforço de coleta maior do<br />
que o empregado na maioria das áreas para se obter<br />
uma amostra que represente uma parcela substancial<br />
das faunas locais/regionais.<br />
A análise de Jacknife, conduzida com base em 414<br />
espécies cuja individualidade foi possível definir, estimou<br />
que a fauna de abelhas da Cadeia do Espinhaço<br />
seria composta por 584 espécies. A curva obtida (Figura<br />
3) parece próxima da estabilização, sugerindo que a<br />
maior p<strong>arte</strong> das espécies que ocorrem na Cadeia tenha<br />
sido registrada. Entretanto, alguns fatos sobre esta estimativa<br />
têm de ser avaliados. Em primeiro lugar, ela<br />
considerou apenas as espécies identificáveis. Se todas<br />
as espécies presentes nas várias amostras (inclusive as<br />
que não puderam ser identificadas até espécie – um<br />
mínimo de 515, em vez das 414 avaliadas) tivessem sido<br />
incluídas na análise, o número total estimado de espécies<br />
seria maior e o comportamento da curva poderia<br />
ter sido diferente. Em segundo lugar, ao se compor a<br />
curva com as várias localidades amostradas, presume-se<br />
que cada uma dessas localidades tenha sido convenientemente<br />
amostrada, o que não é verdade, com foi discutido<br />
acima. Com base nisto tudo, não seria exagero<br />
supor que a fauna de abelhas de todo a área de campo<br />
rupestre na Cadeia do Espinhaço ultrapasse, possivelmente<br />
bastante, 600 espécies.<br />
Fauna de altitude e espécies endêmicas<br />
Foram registradas espécies de abelhas representantes<br />
de todos os quatro grupos apresentados por Silveira &<br />
Cure (1993) com relação à sua distribuição nas cadeias<br />
montanhosas do sudeste brasileiro. As espécies do primeiro<br />
grupo (ocorrem em toda a região, independente<br />
da altitude) fazem p<strong>arte</strong> da matriz faunística de grande<br />
p<strong>arte</strong> do Brasil e constituem a maior p<strong>arte</strong> da amostra<br />
obtida no Espinhaço. Alguns exemplos seriam, entre<br />
outros, Oxaea flavescens, Bombus morio, Eulaema nigrita,<br />
Nannotrigona testaceicornis e Centris aenea. Do segundo<br />
grupo (abelhas amplamente distribuídas na região<br />
subtropical e, no sudeste, restritas a altitudes elevadas),<br />
foram registradas algumas espécies no Espinhaço.<br />
Exemplos mais óbvios seriam Anthophora paranensis,<br />
Augochloropsis iris, Bombus brasiliensis, Exomalopsis sp.n.,<br />
Pseudagapostemon anasimus e P. pruinosus). Um exemplo<br />
deste grupo descoberto mais recentemente (Stehmann<br />
& Semir, 2001) é Hexantheda missionica, única espécie<br />
de visitante floral e única polinizadora conhecida de<br />
Calibrachoa elegans (Solanaceae), espécie considerada<br />
ameaçada de extinção (Mendonça & Lins, 2000 – citada<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
160 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
como Petunia elegans). O número de espécies representantes<br />
do terceiro grupo, abelhas endêmicas das<br />
serranias do leste brasileiro, é mais restrito. Em nossa<br />
amostra, há pelo menos cinco exemplos potenciais –<br />
Centris (Trachina) rupestris, C. (Xanthemisia) sp.n.,<br />
Eufriesea nigrohirta, Melitoma sp.n. e Halictanthrena malpi<br />
hiacearum que ocorrem tanto na Cadeia do Espinhaço<br />
quanto em outras áreas de altitude nesta região, como<br />
as Serras da Canastra, Mantiqueira e do Caparaó. Finalmente,<br />
do quarto grupo (espécies comuns às áreas de<br />
altitude do sudeste e do planalto central), podemos<br />
citar apenas Megachile iheringi e Xylocopa truxali.<br />
Uma determinação mais precisa das espécies endêmicas<br />
de áreas de altitude ou, especialmente, endêmicas<br />
da Cadeia do Espinhaço, é dificultada pela deficiência<br />
no conhecimento taxonômico (evidenciada pelo grande<br />
número de espécies não identificadas) e sobre a distribuição<br />
geográfica das abelhas em geral.<br />
Além disso, entre as espécies apontadas como novas<br />
neste trabalho, há algumas que poderiam ser<br />
potencialmente endêmicas do Espinhaço. Porém, os<br />
registros são baseados em muito poucos exemplares<br />
(Callonichium, Protomeliturga, Caupolicana, Nomiocolletes<br />
etc), o que dificulta a determinação de sua distribuição.<br />
Caso semelhante é o de algumas espécies previamente<br />
descritas a partir de um pequeno número de<br />
exemplares restritos a uma única localidade do Espinhaço<br />
(Anthrenoides lavrensis – Lavras Novas; Austrostelis<br />
silveirai – Serra do Curral; Gaesischia caracicola – Serra<br />
do Caraça; Gaesischia cipoana e Larocanthidium spinosum<br />
– Serra do Cipó). Destas, apenas as duas últimas foram<br />
registradas, neste trabalho, em outras localidades aumentando<br />
as distribuições da porção sul do maciço<br />
Médio Espinhaço ao maciço Norte de Minas (Figura 1).<br />
A análise das distribuições geográficas das espécies<br />
de meliponíneos, não corrobora a existência de espécies<br />
de Meliponina endêmicas dos campos rupestres<br />
da Cadeia do Espinhaço, como havia sido sugerido anteriormente<br />
por Antonini (2005), mesmo quando se consideram<br />
os seus contrafortes em altitudes inferiores a<br />
800m. Melipona rufiventris, citada como exemplo de espécie<br />
endêmica do Espinhaço, distribui-se amplamente<br />
pelos cerrados de Minas Gerais ao sul do rio Paracatu,<br />
extravasando as fronteiras estaduais a oeste e ao sul<br />
(Melo, 2003). Além disto, aparentemente, ela jamais foi<br />
registrada acima de 800m de altitude no estado.<br />
Principais ameaças<br />
Entre as pressões antrópicas indicadas para a Cadeia<br />
do Espinhaço (Costa et al., 1998), a mineração, as queimadas,<br />
a expansão imobiliária, a agropecuária e os reflorestamentos<br />
representam ameaças à sobrevivência<br />
da fauna nativa de abelhas. A ocupação antrópica é<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
responsável pela destruição de substratos e sítios de<br />
nidificação (solo e vegetação) e pela eliminação de fontes<br />
de alimento e de materiais que as abelhas utilizam<br />
para construir seus ninhos (plantas floríferas). O turismo<br />
desordenado pode também contribuir para a<br />
degradação, devido ao pisoteamento de áreas de nidificação<br />
e de fontes de alimento (plantas herbáceas) e<br />
aumento da incidência de queimadas, além de criar<br />
novas rotas para a erosão do solo, com a abertura de<br />
trilhas em encostas íngremes.<br />
Um fator específico a se considerar seria o avanço<br />
da apicultura comercial com o uso da espécie exótica e<br />
invasora Apis mellifera (Apidae). Esta espécie foi observada<br />
em todas as áreas amostradas ao longo da Cadeia<br />
do Espinhaço. Embora os efeitos desta abelha sobre as<br />
comunidades nativas das várias regiões onde ela foi<br />
introduzida ainda sejam motivo de controvérsia (e.g.<br />
Butz Huryn, 1997; Moritz et al., 2005), evidências têm<br />
sido apresentadas de que ela pode afetar direta ou indiretamente<br />
as abelhas nativas (e.g. Kerns et al., 1998).<br />
Recentemente, vários trabalhos têm mostrado que colônias<br />
ferais e cultivadas de A. mellifera podem reduzir<br />
a fecundidade de outras abelhas (e.g. Paini & Roberts,<br />
2005) e diminuir a abundância e até extinguir as espécies<br />
nativas (Kato et al., 1999). Isto pode se dar pela<br />
simples redução da quantidade de recursos disponível<br />
nas flores ou pela interação, agressiva ou não, com<br />
outros insetos nas flores (e.g. Gross & Makay, 1998;<br />
Cairns et al., 2005). Esses riscos parecem ser maiores<br />
onde as populações de A. mellifera tornam-se muito grandes<br />
devido à instalação de apiários comerciais, quando<br />
o impacto sobre a disponibilidade de alimentos para<br />
outras espécies pode se tornar especialmente crítica<br />
(Forup & Memmott, 2005; Paini & Roberts, 2005). Este<br />
fato é aceito até por autores, como Moritz et al. (2005),<br />
que minimizam o impacto da introdução de A. mellifera<br />
sobre as abelhas nativas. Outros efeitos potenciais<br />
preocupantes desta espécie sobre os campos rupestres<br />
seriam na facilitação da disseminação de plantas exóticas<br />
invasoras (e.g. Hanley & Goulson, 2003; Goulson &<br />
Derwent, 2004) e a diminuição do sucesso reprodutivo<br />
de plantas nativas (e.g. Gross & Makay, 1998; Hansen et<br />
al., 2002; Kato & Kawakita, 2004).<br />
Um caso específico deste último efeito foi registrado<br />
em uma planta nativa da Cadeia do Espinhaço, Clusia<br />
arrudae (Clusiaceae). Carmo et al. (2004) demonstraram<br />
que as operárias da abelha melífera retiram praticamente<br />
todo o pólen das flores masculinas desta planta, impedindo<br />
que a espécie polinizadora (Eufriesea nigrohirta)<br />
polinize efetivamente as flores femininas. Isto causaria<br />
uma redução do sucesso reprodutivo da planta, que produziria<br />
menos sementes por fruto quando as flores<br />
masculinas estão sendo intensamente visitadas pelas
operárias de Apis. Além do impacto direto sobre outras<br />
abelhas não polinizadoras que utilizam o pólen de C.<br />
arrudae como alimento, a A. mellifera poderia, a longo<br />
prazo, reduzir a população da planta que, além de fonte<br />
de pólen para várias espécies nativas, é fonte de resina<br />
(material de construção de ninho) para sua polinizadora,<br />
E. nigrohirta.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A fauna de abelhas dos campos rupestres do Espinhaço,<br />
bem como de outras formações campestres altimontanas,<br />
é representada por uma baixa abundância das<br />
populações e elevado número de espécies raras. Por<br />
isto, embora a vegetação campestre ofereça maior facilidade<br />
à amostragem, em relação a ambientes florestais,<br />
grandes esforços de coleta ainda serão necessários<br />
para que sua fauna de abelhas seja bem caracterizada<br />
e distinguida daquelas dos ambientes vizinhos<br />
(Mata Atlântica, Cerrado e a Caatinga).<br />
As faunas de abelhas, nos domínios da Mata Atlântica<br />
(e.g. Cure et al., 1992, 1993; Silveira et al., 2003) e<br />
Cerrado (e.g. Silveira & Campos, 1995; Carvalho & Bego,<br />
1996; Azevedo, 2002) são relativamente homogêneas,<br />
apresentando, ainda, muitos elementos em comum,<br />
pelo menos até altitudes entre 800 m e 1000 m (Silveira<br />
& Cure, 1993). Assim, nesta faixa mais baixa, não se<br />
espera encontrar nenhum elemento característico ou<br />
endêmico da Cadeia do Espinhaço. Pode ser que a composição<br />
da fauna de abelhas do Espinhaço no Norte de<br />
Minas e Chapada Diamantina seja influenciada, ainda,<br />
pela Caatinga, que, porém, tem sua fauna ainda pouco<br />
estudada (Zanella, 2000; Martins, 2002).<br />
Mas, mesmo em áreas mais elevadas, muitas espécies<br />
podem utilizar os campos rupestres apenas como<br />
sítio complementar de forrageamento. Assim, por exemplo,<br />
Bombus brasiliensis normalmente nidifica sob a<br />
serrapilheira das matas (Laroca, 1972). Nas áreas altas<br />
do Espinhaço e de outras serras do sudeste brasileiro,<br />
provavelmente nidifica nas estreitas matas de galeria<br />
que sobem as ravinas, acompanhando os cursos de água,<br />
sendo encontrada, entretanto, coletando pólen e néctar<br />
nas flores dos campos rupestres.<br />
Ressalta-se, assim, a necessidade de se conhecer os<br />
hábitos de vida (locais de nidificação e fontes alimentares)<br />
das espécies em geral para determinar quais espécies seriam<br />
encontradas exclusivamente nos campos rupestres.<br />
Faltam dados, entretanto, para uma análise mais precisa<br />
desta questão. A coleta criteriosa de dados sobre os ambientes<br />
em que cada abelha for registrada poderá nos<br />
possibilitar fazer associações mais precisas entre características<br />
ambientais e a presença de cada espécie.<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 161<br />
FIGURA 2 – – Efeito do esforço amostral estimado (a - - como o<br />
número de indivíduos capturados; b - - - como número de horas<br />
de coleta) sobre o número de espécies registrado na fauna<br />
local de várias localidades na Cadeia do Espinhaço.<br />
FIGURA 3 - - Curva para as riquezas esperadas de espécies de<br />
abelhas a partir das amostras obtidas em várias localidades<br />
na Cadeia do Espinhaço (obtida pelo método de Jacknife).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
162 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
TABELA 1 – Espécies de abelhas e localidades onde foram registradas na Cadeia do Espinhaço.<br />
As fontes dos registros de ocorrência encontram-se entre parênteses após cada localidade. COLEÇÕES CIENTÍFICAS: DZUP<br />
(Coleção Entomológica “Padre J. S. Moure”, Universidade Federal do Paraná); MZUEFS (Museu de Zoologia da Universidade<br />
Estadual de Feira de Santana); MZUSP (Museu de Zoologia da USP); <strong>UFMG</strong> (Universidade Federal de Minas Gerais); e UFV<br />
UFV<br />
(Museu de Entomologia, Universidade Federal de Viçosa); LITERATURA: número e referência citada ao pé da tabela; A ausência<br />
destas referências significa que todos os registros foram obtidos na coleção da <strong>UFMG</strong>. EXPEDIÇÕES A CAMPO: tratam-se das<br />
coletas de dados primários obtidos durante este projeto entre outubro de 2004 e maio de 2006.<br />
As localidades da Bahia estão representadas por nomes de municípios (Mucugê, Morro do Chapéu), serras (Brejões, Esbarrancado,<br />
Sincorá) e região geográfica (Pico das Almas), e em Minas Gerais estão representadas por municípios (Botumirim, Diamantina,<br />
Itacambira, Ouro Preto), distritos (Lavras Novas – Ouro Preto; Curimataí – Buenópolis), serras (Ambrósio, Cabral, Cachimbo,<br />
Caraça, Cipó, Curral, Moeda, Ouro Branco, Talhado) e Parques Estaduais (Bibibiri, Grão Mogol, Itacolomi, Pico do Itambé, Rio<br />
Preto, Serra do Rola Moça). A localização e outras informações sobre os pontos de amostragem encontram-se na Figura 1.<br />
Para construir a tabela abaixo, os exemplares obtidos de várias localidades e depositados na <strong>UFMG</strong> foram comparados com os<br />
exemplares obtidos nas campanhas de coleta do projeto, de forma a homogeneizar as suas identificações. O número total de<br />
espécies não identificadas em cada gênero foi estimado subtraindo-se o número de espécies identificadas no gênero do maior<br />
número de espécies não identificadas encontrado em uma única localidade. Em muitos casos esses valores devem subestimar a<br />
riqueza em espécies desses gêneros na Cadeia do Espinhaço.<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
Andrenidae<br />
01<br />
Oxaeinae<br />
Oxaea flavescens Klug, 1807 Curral, Cipó, Ouro Preto (3), Biribiri, Itacambira,<br />
Sincorá (MZUEFS) Esbarrancado, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
02 Oxaea schwarzi Moure & Seabra, 1962<br />
Panurginae<br />
Calliopsini<br />
Itacambira<br />
03 Acamptopoeum prinii (Holmberg, 1884) Caraça, Lavras Novas (10, UFV), Moeda Itacolomi, Rola Moça<br />
04 Callonichium sp. n. 01 Pico das Almas<br />
05 Callonichium sp. n. 02 Diamantina (DZUP) Rio Preto<br />
Protandrenini<br />
06 Antrenoides alfkeni Ducke, 1907 Ouro Preto (3)<br />
07 Anthrenoides lavrensis Urban, 2007 Lavras Novas (10, como<br />
Anthrenoides sp.; 23; DZUP)<br />
08 Anthrenoides pinhalensis Urban, 2005 Curral<br />
09 Anthrenoides sp. 01 Itacambira<br />
10 Anthrenoides sp. 02 Rio Preto<br />
11 Anthrenoides sp. 03 Caraça Rola Moça<br />
12 Chaeturginus alexanderi Ruz & Melo, 1999 Curral<br />
13 Parapsaenythia serripes (Ducke, 1908) Caraça<br />
14 Psaenythia capito Gerstaecker, 1868 Caraça<br />
15 Psaenythia sp. 01 Lavras Novas (10, UFV; DZUP)<br />
16 Psaenythia sp. 02 Moeda<br />
17 Psaenythia sp. 03 Itacambira<br />
18 Psaenythia sp. 04 Biribiri<br />
19 Psaenythia sp. 05 Pico das Almas<br />
20 Rhophitulus anomalus (Moure & Oliveira, 1962)<br />
21 Rhophitulus friesei Ducke, 1907 Curral<br />
22<br />
23<br />
Rophitulus spp. (duas espécies) Curral<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
Protomeliturgini<br />
24 Protomeliturga sp. n. Itacambira<br />
Apidae<br />
Apínae<br />
25<br />
Anthophorini<br />
Anthophora (Mystacanthophora) paranensis<br />
Holmberg, 1903<br />
Apini<br />
Bombina<br />
Caraça (DZUP), Ouro Preto (3; UFV)<br />
26 Bombus (Fervidobombus) atratus Franklin, 1913 Curral, Caraça (11; <strong>UFMG</strong>), Cipó Botumirim, Biribiri, Grão<br />
Nota: é possível que entre o material examinado (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro Branco (3), Mogol, Itacambira,<br />
da Bahia, existam exemplares de B. brevivillus Lavras Novas (10, UFV); Ouro Preto Esbarrancado, Itacolomi,<br />
(a distribuição geográfica se sobrepõe e é de (<strong>UFMG</strong>; 3), Ambrósio, Pico do Itambé, Pico das Almas, Rola Moça,<br />
difícil separação). Moeda , Sincorá (2, como Bombus sp.) Rio Preto, Cabral, Talhado<br />
27 Bombus (Fervidobombus) brasiliensis Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Ouro Preto (3), Itacolomi, Rola<br />
Lepeletier, 1836 Moeda Moça, Rio Preto<br />
28 Bombus (Fervidobombus) brevivillus Franklin, 1913 Sincorá (2), Brejões (16)<br />
29 Bombus (Fervidobombus) morio (Swederus, 1787) Curral, Caraça (11; <strong>UFMG</strong>), Cipó Grão Mogol, Itacambira,<br />
(9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro Branco (3), Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Lavras Novas (10, UFV); Ouro Preto<br />
(3; <strong>UFMG</strong>), Moeda<br />
Rio Preto, Cabral<br />
30<br />
Euglossina<br />
Eufriesea nigrohirta (Friese, 1899) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó Grão Mogol, Esbarrancado,<br />
(9, como Euplusia nigrohirta; <strong>UFMG</strong>), Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Lavras Novas (10, UFV), Sincorá (2),<br />
Brejões (16), Pico do Itambé, Moeda<br />
Rio Preto<br />
31 Eufriesea violacea (Blanchard, 1840) Cabral<br />
32 Eufriesea spp. (duas espécies) Cipó (9, como auriceps e como sp. n), Grão Mogol, Esbarrancado,<br />
33 Brejões (16) Pico das Almas, Rio Preto<br />
34 Euglossa (Euglossa) cordata (Linnaeus, 1758) Brejões (af., 16)<br />
35 Euglossa (Euglossa) fimbriata Rebêlo & Moure, 1995 Caraça, Rio Preto (13)<br />
36 Euglossa (Euglossa) leucotricha Caraça, Cipó Grão Mogol, Itacambira,<br />
Rebêlo & Moure, 1996 Esbarrancado, Pico das<br />
Almas, Talhado, Cabral<br />
37 Euglossa (Euglossa) melanotricha Moure, 1967 Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Rio Preto (13), Itacambira, Esbarrancado,<br />
Moeda Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Cabral<br />
? Euglossa (Euglossa) modestior Dressler, 1982 Lavras Novas (10, UFV).<br />
Nota: Deve tratar-se de um erro de<br />
identificação, pois é uma espécie<br />
de distribuição amazônica.<br />
38 Euglossa (Euglossa) securigera Dressler, 1982 Caraça, Cipó (9)<br />
39 Euglossa (Euglossa) truncata Rebêlo & Moure, 1996 Caraça, Rio Preto (13)<br />
40 Euglossa (Glossura) annectans Dressler, 1982 Caraça Cabral<br />
41 Euglossa (Glossura) imperialis Cockerell, 1922 Rio Preto (13)<br />
? Euglossa sp. Sincorá (2), Ouro Branco (3)<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 163<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
164 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
42 Eulaema (Apeulaema) cingulata (Fabricius, 1804) Caraça Esbarrancado<br />
43 Eulaema (Apeulaema) nigrita Lepeletier, 1841 Curral, Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Cipó Grão Mogol, Esbarrancado,<br />
(9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Branco (3), Ouro Preto Pico das Almas, Rola Moça,<br />
(UFV; 3), Brejões (16), Rio Preto (13) Rio Preto, Cabral<br />
? Eulaema sp. Brejões (16)<br />
Meliponina<br />
44 Cephalotrigona capitata (Smith, 1854) Curral, Caraça Rola Moça<br />
45 Friesella schrottkyi (Friese, 1900) Curral, Caraça Itacambira, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
46 Frieseomelitta doederleini (Friese, 1900) Cipó (9, como cf. flavicornis; <strong>UFMG</strong>) Rio Preto, Cabral<br />
47 Frieseomelitta francoi (Moure, 1946) Sincorá (2), Brejões (16) Esbarrancado<br />
48 Frieseomelitta languida Moure, 1990 Rio Preto<br />
49 Frieseomelitta varia (Lepeletier, 1836) Cipó (9) Curimataí, Rio Preto, Cabral<br />
50 Geotrigona subterranea (Friese, 1901) Curral, Caraça (<strong>UFMG</strong>; DZUP; 6), Cipó Biribiri, Itacambira,<br />
(6; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Lavras Novas Esbarrancado, Itacolomi,<br />
(10, UFV), Ouro Preto (<strong>UFMG</strong>; 6), Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Brejões (16), Moeda Rio Preto, Cabral<br />
? Geotrigona sp. Cipó (9, como sp.n.), Ouro Branco (3)<br />
51 Leurotrigona muelleri (Friese, 1900) Curral, Caraça, Cipó (9), Cachimbo Grão Mogol, Pico das Almas,<br />
Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
52 Melipona (Eomelipona) bicolor Lepeletier, 1836 Curral, Caraça (<strong>UFMG</strong>; MZUSP,<br />
como M. nigra), Ouro Branco (3)<br />
53 Melipona (Melikerria) quinquefasciata Cipó (9, UFV; <strong>UFMG</strong>), Diamantina (14), Grão Mogol, Itacambira,<br />
Lepeletier, 1836 Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Novas (10, UFV), Ouro Preto (3), Moeda Rio Preto, Cabral<br />
54 Melipona (Melipona) quadrifasciata Caraça, Cipó (9), Cachimbo, Lavras Itacambira, Pico das Almas,<br />
Lepeletier, 1836 Novas (10, UFV), Ouro Preto (<strong>UFMG</strong>; 3),<br />
Brejões (16), Ambrósio, Pico do Itambé Rio Preto, Cabral<br />
55 Melipona (Michmelia) scutellaris<br />
Latreille, 1811<br />
Brejões (16)<br />
56 Nannotrigona testaceicornis (Lepeletier, 1836) Curral Grão Mogol, Itacambira,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
57 Oxytrigona tataira (Smith, 1863) Grão Mogol, Rio Preto, Cabral<br />
58 Paratrigona lineata (Lepeletier, 1836) Curral, Cipó (5; 9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Curimataí, Biribiri, Grão<br />
Ouro Branco (3), Lavras Novas Mogol, Itacambira, Rola Moça,<br />
(10, UFV), Ouro Preto (3), Moeda Rio Preto, Talhado, Cabral<br />
59 Paratrigona subnuda Moure, 1947 Curral, Caraça, Cachimbo, Ouro<br />
Branco (3), Ouro Preto (<strong>UFMG</strong>; 3; 5),<br />
Ambrósio, Pico do Itambé<br />
Itacolomi, Rola Moça<br />
60 Partamona criptica Pedro & Camargo, 2003 Caraça (MZUSP)<br />
61 Partamona spp. (pelo menos 2 espécies) Caraça Grão Mogol, Itacambira,<br />
62 Rio Preto, Cabral<br />
63 Plebeia droryana (Friese, 1900) Curral, Cipó, Cachimbo, Pico do<br />
Itambé, Moeda<br />
Rola Moça<br />
64 Plebeia remota (Holmberg, 1903) Caraça (DZUP, <strong>UFMG</strong>)<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
65 Plebeia sp. 01 Grão Mogol, Itacambira,<br />
Pico das Almas<br />
66 Plebeia sp. 02 Grão Mogol, Cabral<br />
67 Plebeia sp. 03 Itacolomi<br />
? Plebeia sp. Brejões (16)<br />
68 Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) Caraça Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />
69 Scaptotrigona xanthotricha Moure, 1950 Caraça, Cipó, Moeda<br />
70 Scaura atlantica Melo, 2004 Talhado<br />
71 Schwarziana quadripunctata (Lepeletier, 1836) Caraça, Cipó (9) Itacolomi, Cabral<br />
72 Schwarzula timida (Silvestri, 1902) Curimataí<br />
73 Tetragona clavipes (Fabricius, 1804) Moeda Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
74 Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) Curral, Ouro Preto (3) Grão Mogol, Itacambira,<br />
Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
75 Trigona fulviventris Guérin, 1835 Curral, Caraça, Ouro Preto (3), Itacolomi, Rola Moça,<br />
Pico do Itambé Rio Preto<br />
76 Trigona fuscipennis Friese, 1900 Botumirim, Cabral, Itacambira<br />
77 Trigona hyalinata Lepeletier, 1836 Caraça (DZUP), Cipó, Ouro Branco (3), Rola Moça, Rio Preto,<br />
Lavras Novas (10, UFV); Ouro Preto<br />
(<strong>UFMG</strong>; 3), Pico do Itambé<br />
Cabral, Talhado<br />
78 Trigona recursa Smith, 1863 Grão Mogol, Cabral<br />
79 Trigona spinipes (Fabricius, 1793) Curral, Caraça, Cipó (9; UFV), Biribiri, Grão Mogol,<br />
Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras Itacambira, Itacolomi,<br />
Novas (10, UFV), Ouro Preto (3), Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Sincorá (2), Brejões (16) Rio Preto, Cabral, Talhado<br />
80 Trigona truculenta Almeida, 1984 Cipó Cabral<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 165<br />
? Trigona sp. Ouro Branco (3)<br />
81 Trigonisca intermedia Moure, 1990<br />
Centridini<br />
Curimataí, Pico das Almas,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
82 Centris (Centris) aenea Lepeletier, 1841 Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Mucugê (MZUSP), Curimataí, Biribiri, Grão<br />
Ouro Branco (3), Ouro Preto (3), Mogol, Itacambira, Pico<br />
Brejões (16), Moeda das Almas, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral,<br />
83 Centris (Centris) caxiensis Ducke, 1907 Grão Mogol, Esbarrancado,<br />
Talhado, Cabral<br />
84 Centris (Centris) flavifrons Fabricius, 1775 Mucugê (MZUSP) Pico das Almas<br />
85 Centris (Centris) nitens Lepeletier, 1841 Diamantina (UFV), Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Curimataí, Biribiri,<br />
Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />
Esbarrancado, Rio Preto,<br />
Cabral<br />
86 Centris (Centris) obscurior Michener, 1954 Moeda Curimataí, Grão Mogol,<br />
Itacambira, Esbarrancado,<br />
Pico das Almas, Rio Preto,<br />
Cabral<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
166 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
87 Centris (Centris) spilopoda Moure, 1969 Cipó (9), Sincorá (2) Curimataí, Itacambira,<br />
Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
88 Centris (Centris) varia (Erichson, 1848) Curral, Caraça, Cipó, Ouro Branco (3), Grão Mogol, Itacolomi,<br />
Ouro Preto (3), Moeda Rola Moça, Rio Preto<br />
89 Centris (Centris) sp. 01 Itacambira, Rola Moça,<br />
Rio Preto<br />
90 Centris (Centris) sp. 02 Curral<br />
? Centris (Centris) sp. Cipó Rio Preto<br />
91 Centris (Hemisiella) tarsata Smith, 1874 Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó Botumirim, Curimataí,<br />
(9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro Branco (3), Biribiri, Grão Mogol,<br />
Ouro Preto (3), Brejões (16), Moeda, Itacambira, Esbarrancado,<br />
Sincorá (MZUEFS) Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral, Talhado<br />
92 Centris (Hemisiella) trigonoides Lepeletier, 1841 Curral, Cipó, Moeda Botumirim, Curimataí,<br />
Grão Mogol, Itacambira,<br />
Rio Preto, Talhado<br />
93 Centris (Hemisiella) vittata Lepeletier, 1841 Curral<br />
94 Centris (Hemisiella) sp. 01 Moeda<br />
95 Centris (Hemisiella) sp. 02 Rio Preto<br />
96 Centris (Heterocentris) analis (Fabricius, 1804) Cachimbo, Moeda Curimataí, Grão Mogol,<br />
Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
97 Centris (Heterocentris) sp. n. Curral<br />
98 Centris (Melacentris) collaris Lepeletier, 1841 Curral, Moeda<br />
99 Centris (Melacentris) confusa Moure, 1960 Curral, Cachimbo, Moeda<br />
100 Centris (Melacentris) conspersa Mocsáry, 1899 Caraça, Moeda<br />
101 Centris (Melacentris) dimidiata (Olivier, 1789) Caraça<br />
102 Centris (Melacentris) dorsata Lepeletier, 1841 Caraça (MZUSP), Cipó (9) Biribiri<br />
103 Centris (Melacentris) fluviatilis (Friese, 1904) Cipó Grão Mogol<br />
104 Centris (Melacentris) lateritia Friese, 1899 Biribiri, Grão Mogol,<br />
105 Nota: provavelmente trata-se de duas espécies Itacambira, Cabral<br />
106 Centris (Melacentris) obsoleta Lepeletier, 1841 Pico das Almas<br />
107 Centris (Melacentris) violacea Lepeletier, 1841 Curral, Cachimbo, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>; UFV),<br />
Moeda<br />
Itacambira, Rio Preto<br />
108 Centris (Melacentris) xanthocnemis (Perty, 1833) Curral Grão Mogol, Pico das Almas<br />
109 Centris (Paracentris) burgdorfi Friese, 1900 Curral, Cipó Biribiri, Rio Preto, Cabral<br />
110 Centris (Paracentris) klugii Friese, 1899 Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Diamantina Itacambira, Esbarrancado,<br />
(UFV), Ouro Branco (3), Moeda Itacolomi, Pico das Almas,<br />
Rio Preto<br />
111 Centris (Paracentris) xanthomelaena<br />
Moure & Castro, 2001<br />
Botumirim<br />
112 Centris (Ptilotopus) atra Friese, 1900 Cipó Cabral<br />
113 Centris (Ptilotopus) denudans Lepeletier, 1841 Cipó<br />
114 Centris (Ptilotopus) moerens (Perty, 1833) Cipó<br />
115 Centris (Ptilotopus) scopipes Friese, 1899 Curral, Ouro Branco (3), Moeda Itacambira, Rola Moça<br />
116 Centris (Ptilotopus) sponsa Smith, 1854 Mucugê (MZUSP) Pico das Almas<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
117 Centris (Trachina) spp. grupo fuscata Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Branco (3), Biribiri, Grão Mogol,<br />
Lepeletier, 1841 Sincorá (2), Brejões (16), Moeda Itacambira, Esbarrancado,<br />
Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral, Talhado<br />
118 Centris (Trachina) longimana Fabricius, 1804 Talhado<br />
119 Centris (Trachina) machadoi<br />
Azevedo & Silveira, 2005<br />
Rio Preto (4) Esbarrancado, Itacambira<br />
120 Centris (Trachina) rupestris Cipó (4), Moeda (DZUP; <strong>UFMG</strong>; 4), Biribiri, Grão Mogol,<br />
Azevedo & Silveira, 2005 Rio Preto (4), Morro do Chapéu (DZUP) Cabral , Itacambira<br />
121 Centris (Trachina) similis (Fabricius, 1804) Cipó<br />
? Centris (Trachina) sp. Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9, como Centris sp.1),<br />
Lavras Novas (10, UFV, como<br />
Centris sp.1)<br />
122 Centris (Xanthemisia) bicolor Lepeletier, 1841 Caraça (MZUSP); Cipó, Ouro Branco (3), Biribiri, Grão Mogol,<br />
Ouro Preto (3), Brejões (16), Moeda Itacambira, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
123 Centris (Xanthemisia) lutea Friese, 1899 Caraça (MZUSP), Cipó (af, 9), Moeda Grão Mogol, Rola Moça, Cabral<br />
124 Centris (Xanthemisia) sp. n. Curral, Cipó, Ouro Branco (3), Moeda Biribiri, Itacambira,<br />
Esbarrancado, Pico das<br />
Almas, Rola Moça, Cabral<br />
? Centris spp. Ouro Branco (3), Ouro Preto (3)<br />
125 Epicharis (Anepicharis) dejeanii Lepeletier, 1841 Cipó, Diamantina (UFV), Ouro<br />
Branco (3), Ambrósio, Moeda<br />
Itacambira<br />
126 Epicharis (Cyphepicharis) sp. Ouro Branco (3)<br />
127 Epicharis (Epicharana) flava (Friese, 1900) Curral, Cipó, Ouro Branco (3), Grão Mogol, Pico das Almas,<br />
Brejões (16) Rola Moça, Cabral<br />
128 Epicharis (Epicharis) bicolor Smith, 1854 Cipó, Brejões (16) Biribiri, Grão Mogol,<br />
Itacolomi, Pico das Almas,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
129 Epicharis (Epicharitides) cockerelli (Friese, 1900) Curral, Diamantina (UFV) Rola Moça<br />
130 Epicharis (Epicharitides) iheringi Friese, 1899 Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9), Diamantina (UFV),<br />
Lavras Novas (10, UFV)<br />
Biribiri, Itacambira, Cabral<br />
131 Epicharis (Epicharoides) picta (Smith, 1874) Cipó, Ouro Branco (3, como grandior) Rio Preto<br />
132 Epicharis (Epicharoides) xanthogastra<br />
(Moure & Seabra, 1959)<br />
Grão Mogol<br />
133 Epicharis (Epicharoides) sp. Cipó Itacambira, Rio Preto<br />
134 Epicharis (Triepicharis) analis (Friese, 1899) Cipó (9, como schrottkyi;<strong>UFMG</strong>), Itacambira, Pico das Almas,<br />
Ouro Branco (3, como schrottkyi) Cabral<br />
? Epicharis spp. Ouro Preto (3)<br />
Emphorini<br />
135 Ancyloscelis apiformis (Fabricius, 1793) Cipó<br />
136 Ancyloscelis sp. 01 Caraça<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 167<br />
137 Ancyloscelis sp. 02 Cachimbo, Moeda<br />
138 Melitoma segmentaria (Fabricius, 1804) Caraça (DZUP, <strong>UFMG</strong>), Cipó, Itacambira, Itacolomi,<br />
Ouro Branco (3), Moeda Rio Preto<br />
139 Melitoma sp. n. Caraça (DZUP; <strong>UFMG</strong>), Moeda (<strong>UFMG</strong>) Itacolomi<br />
140 Melitoma sp. (pelo menos uma espécie) Cipó (9) Rio Preto<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
168 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
Ericrocidini<br />
141 Acanthopus excellens Schrottky, 1902 Itacambira, Rola Moça<br />
142 Ctenioschelus goryi (Romand, 1840) Cipó Grão Mogol, Pico das Almas,<br />
Rio Preto<br />
143 Cyphomelissa diabólica (Friese, 1900) Cachimbo<br />
144 Eurytis funereus Smith, 1874 Cipó (9, como Hopliphora funereus), Biribiri, Pico das Almas,<br />
Lavras Novas (10, UFV) Cabral<br />
145 Mesocheira bicolor (Fabricius, 1804) Cipó, Moeda Curimataí, Biribiri,<br />
Rola Moça, Rio Preto<br />
146 Mesonychium asteria (Smith, 1854) Curimataí, Grão Mogol,<br />
Itacambira, Cabral<br />
147 Mesonychium caerulescens Cipó (9; <strong>UFMG</strong>) Biribiri, Itacambira,<br />
Lepeletier & Serville, 1825 Rio Preto, Cabral<br />
148 Mesonychium littoreum Moure, 1944 Cipó (9)<br />
149 Mesonichium sp. Biribiri, Cabral<br />
150 Mesoplia (Eomelissa) friesei (Ducke, 1902) Cipó Rio Preto<br />
151 Mesoplia (Mesoplia) regalis (Smith, 1854) Grão Mogol<br />
152 Mesoplia (Mesoplia) rufipes (Perty, 1833)<br />
Eucerini<br />
Cipó Biribiri, Itacambira,<br />
Esbarrancado, Pico das<br />
Almas, Rola Moça, Cabral<br />
153 Florilegus (Euflorilegus) fulvipes (Smith, 1854) Itacambira<br />
154 Florilegus (Floriraptor) melectoides (Smith, 1879) Itacambira, Cabral<br />
155 Gaesischia anthidioides Urban, 1968 Moeda (DZUP)<br />
156 Gaesischia caracicola Urban, 2007 Caraça (<strong>UFMG</strong>; 24)<br />
157 Gaesischia cipoana Urban, 2007 Cipó (<strong>UFMG</strong>; 24) Itacambira<br />
158 Gaesischia flavoclypeata Michener,<br />
LaBerge & Moure, 1955<br />
Curral, Caraça<br />
159 Gaesischia nigra Moure (in Urban, 1968) Cipó (9) Rola Moça<br />
160 Gaesischia patellicornis (Ducke, 1910) Itacambira<br />
161 Melissodes (Ecplectica) nigroaenea (Smith, 1854) Moeda, Ouro Preto (3)<br />
162 Melissodes (Ecplectica) sexcincta (Lepeletier, 1841) Curral, Caraça, Moeda<br />
163 Melissoptila aureocincta Urban, 1968 Caraça Pico das Almas<br />
164 Melissoptila cnecomola (Moure, 1944) Ouro Preto (3)<br />
165 Melissoptila paranaensis Urban, 1998 Ouro Preto (20)<br />
166 Melissoptila pubescens (Smith, 1879) Curral<br />
167 Melissoptila richardiae Bertoni & Schrottky, 1910 Itacambira<br />
168 Melissoptila tandilensis Holmberg, 1884 Lavras Novas (10, UFV)<br />
169 Melissoptila vulpecula Bertoni & Schrottky, 1910 Curral Rola Moça<br />
170 Melissoptila sp. (pelo menos uma espécie) Sincorá (2) Rio Preto<br />
171 Santiago mourei Urban, 1989 Rio Preto<br />
172 Thygater (Thygater) analis (Lepeletier, 1841) Cipó, Ouro Branco (3), Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />
Esbarrancado, Pico das<br />
Almas, Rola Moça, Cabral<br />
? Thygater sp. Ouro Branco (3)<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
173<br />
Exomalopsini<br />
Exomalopsis (Exomalopsis) analis Spinola, 1853 Curral, Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Cipó, Itacambira, Esbarrancado,<br />
Moeda, Sincorá (MZUEFS) Rola Moça, Rio Preto<br />
174 Exomalopsis (Exomalopsis) auropilosa Curral, Cipó, Cachimbo, Ouro Branco (3), Curimataí, Itacambira,<br />
Spinola, 1853 Lavras Novas (10, UFV), Moeda Rola Moça, Rio Preto<br />
175 Exomalopsis (Exomalopsis) campestris<br />
Silveira, 1996<br />
Cabral<br />
176 Exomalopsis (Exomalopsis) fernandoi<br />
Moure, 1990<br />
Pico das Almas<br />
177 Exomalopsis (Exomalopsis) fulvofasciata Grão Mogol, Itacambira,<br />
Smith, 1879 Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
178 Exomalopsis (Exomalopsis) cf. subtilis<br />
Timberlake, 1980<br />
Curral<br />
179 Exomalopsis (Exomalopsis) cf. tomentosa<br />
Friese, 1899<br />
Cachimbo<br />
180 Exomalopsis (Exomalopsis) ypirangensis<br />
Schrottky, 1910<br />
Cabral<br />
? Exomalopsis (Exomalopsis) sp. Cipó (9) Cabral<br />
181 Exomalopsis (Phanomalopsis) sp. n. Caraça Itacambira<br />
? Exomalopsis spp.<br />
Isepeolini<br />
Ouro Branco (3), Ouro Preto (3)<br />
182 Isepeolus viperinus (Holmberg, 1886) Itacambira<br />
Osirini<br />
183 Osirinus rufricus Melo & Zanella, 2003 Lavras Novas (10, DZUP)<br />
184 Osirinus sp. Itacambira<br />
185 Osiris variegatus Smith, 1854 Caraça (15, MZUSP)<br />
185<br />
a<br />
188<br />
Osiris spp. (pelo menos 3 espécies) Curral<br />
189 Parepeolus sp. Curral<br />
190 Protosiris caligneus (Shanks, 1986)<br />
Rhathymini<br />
Caraça (15, como Osiris caligneus,<br />
MZUSP)<br />
191 Rhathymus sp. Grão Mogol<br />
Tapinotaspidini<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 169<br />
192 Arhyzoceble dichroopoda Moure, 1948 Curral Rola Moça<br />
193 Arhyzoceble sp. Curral, Cipó (9, como cf. huberi), Itacambira, Pico das Almas,<br />
Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras<br />
Novas (10, UFV, como dichroopoda),<br />
Moeda<br />
Rola Moça, Rio Preto<br />
194 Chalepogenus sp. Cachimbo<br />
195 Lophopedia nigrispinis (Vachal,1909) Pico das Almas<br />
196 Lophopedia pygmaea (Schrottky, 1902) Curral, Caraça, Ambrósio Rola Moça<br />
197 Lophopedia sp. (pelo menos uma espécie) Curral, Cipó (9), Lavras Novas<br />
(10, UFV)<br />
Rola Moça, Rio Preto<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
170 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
198 Monoeca pluricincta (Vachal, 1909) Lavras Novas (10, UFV), Moeda Itacambira<br />
199 Monoeca sp. 01 Cipó<br />
200 Monoeca sp. 02 Moeda<br />
201 Monoeca sp. 03 Cipó Rola Moça, Rio Preto<br />
202 Monoeca sp. 04 Itacambira<br />
203 Monoeca sp. 05 Rola Moça<br />
204 Monoeca sp. 06 Curimataí, Biribiri, Itacambira<br />
205 Monoeca sp. 07 Cipó, Moeda Rio Preto<br />
206 Monoeca sp. 08 Rio Preto<br />
207 Monoeca sp. 09 Curral<br />
208 Monoeca sp. 10 Caraça (MZUSP)<br />
209 Monoeca sp. 11 Caraça (MZUSP)<br />
210 Monoeca sp. 12 Cipó (af. brasiliensis, DZUP)<br />
? Monoeca sp. Ouro Branco (3), Lavras Novas (10, UFV)<br />
211 Paratetrapedia fervida (Smith, 1879) Curral, Caraça (MZUSP)<br />
212 Paratetrapedia lugubris (Cresson, 1878) Rola Moça<br />
213 Paratetrapedia volatilis (Smith, 1879) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>) Itacolomi<br />
214 Paratetrapedia sp. n. Curral, Caraça (MZUSP), Cachimbo, Curimataí, Itacambira,<br />
Moeda Esbarrancado, Pico das<br />
Almas, Rola Moça, Cabral<br />
? Paratetrapedia sp. Ouro Branco (3), Lavras Novas<br />
(10, UFV), Ouro Preto (3)<br />
215 Tapinotaspoides serraticornis (Friese, 1899) Cipó (<strong>UFMG</strong>; DZUP), Diamantina (DZUP) Biribiri, Grão Mogol,<br />
Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />
? Tapinotaspoides sp. Ouro Branco (3)<br />
216 Trigonopedia glaberrima (Friese, 1899) Lavras Novas (10, UFV)<br />
217 Trigonopedia oligotricha Moure, 1941 Cipó (9)<br />
218 Trigonopedia spp. (pelo menos 3 espécies) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó, Curimataí, Grão Mogol,<br />
219 Cachimbo, Moeda Pico das Almas, Rola Moça,<br />
220 Rio Preto<br />
221 Tropidopedia caracicola Aguiar & Melo, 2007 Caraça (<strong>UFMG</strong>; 1)<br />
222 Tropidopedia carinata Aguiar & Melo, 2007 Cachimbo, Moeda, Lavras Novas (1) Rio Preto<br />
223 Tropidopedia flavolineata Aguiar & Melo, 2007 Rio Preto<br />
224 Tropidopedia nigrita Aguiar & Melo, 2007 Caraça (1), Cipó (1)<br />
225 Tropidopedia nigrocarinata Aguiar & Melo, 2007 Rola Moça<br />
226 Tropidopedia punctifrons (Smith, 1879) Cipó Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
227 Xanthopedia iheringii (Friese, 1899) Caraça (MZUSP), Lavras Novas<br />
(af. tricolor 10, UFV), Moeda<br />
Rola Moça, Rio Preto<br />
228 Xanthopedia larocai (Moure, 1995) Rola Moça<br />
229 Xanthopedia sp. 01 Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó, Itacambira, Grão Mogol,<br />
Cachimbo, Moeda Esbarrancado, Pico das<br />
Almas, Rola Moça, Rio Preto<br />
230 Xanthopedia sp. 02 Curral, Caraça, Cipó, Cachimbo, Moeda<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
? Xanthopedia sp. Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV)<br />
231 Gênero n. Cipó (DZUP) Rio Preto<br />
Tetrapedini<br />
232 Coelioxyoides sp. Caraça<br />
233 Tetrapedia spp. (pelo menos 8 espécies) Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Biribiri, Grão Mogol,<br />
a Branco (3), Lavras Novas (10, UFV), Itacambira, Pico das Almas,<br />
240 Pico do Itambé, Moeda Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
NomadinaeE<br />
Epeolini<br />
241 Triepeolus nobilis (Friese, 1908) Caraça (MZUSP)<br />
Nomadini<br />
242 Nomada cf. polybioides Ducke, 1908 Curral<br />
243 Nomada sp. Curral<br />
Xylocopinae<br />
Ceratinini<br />
244 Ceratina (Ceratinula) mulleri Friese, 1910 Cipó (9)<br />
245 Ceratina (Ceratinula) oxalidis Schrottky, 1907 Cipó (cf., 9)<br />
246 Ceratina (Ceratinula) spp. (pelo menos 5 espécies) Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV), Grão Mogol, Itacambira,<br />
a Ouro Branco (3), Ambrósio Esbarrancado, Pico das<br />
250 Almas, Rola Moça<br />
251 Ceratina (Crewella) asuncionis Strand, 1910 Cipó (9)<br />
252 Ceratina (Crewella) gossypii Schrottky, 1907 Cipó (9)<br />
253 Ceratina (Crewella) paraguayensis Schrottky, 1907 Cipó (9)<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 171<br />
254 Ceratina (Crewella) sericea Friese, 1910 Moeda<br />
255 Ceratina (Crewella) spp. (pelo menos 12 espécies) Caraça, Cipó, Ambrósio, Moeda Botumirim, Biribiri, Grão<br />
a Mogol, Itacambira,<br />
266 Esbarrancado, Itacolomi,<br />
Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
267 Ceratina (Rhysoceratina) spp. Caraça, Moeda Itacambira, Pico das Almas,<br />
a<br />
270<br />
(pelo menos 4 espécies) Rola Moça, Rio Preto<br />
? Ceratina spp.<br />
Xylocopini<br />
Cipó (9), Ouro Branco (3), Lavras<br />
Novas (10, UFV), Ouro Preto (3),<br />
Sincorá (2), Brejões (16)<br />
271 Xylocopa (Cyrroxylocopa) vestita Cipó, Brejões (16) Biribiri, Grão Mogol,<br />
Hurd & Moure, 1963 Pico das Almas<br />
272 Xylocopa (Dasyxylocopa) bimaculata Friese, 1903 Caraça, Cipó Grão Mogol, Itacolomi,<br />
Rio Preto<br />
? Xylocopa (Dasyxylocopa) sp. Ouro Branco (3)<br />
273 Xylocopa (Diaxylocopa) truxali Cipó, Cachimbo, Lavras Novas Grão Mogol, Rola Moça,<br />
Hurd & Moure, 1963 (10, UFV), Moeda Rio Preto<br />
274 Xylocopa (Monoxylocopa) abbreviata Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Grão Mogol, Pico das Almas,<br />
Hurd & Moure, 1963 Moeda Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
172 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
275 Xylocopa (Nanoxylocopa) sp. n. Cipó Botumirim, Esbarrancado,<br />
Pico das Almas, Rio Preto<br />
276 Xylocopa (Neoxylocopa) brasilianorum Curral, Caraça, Cachimbo, Lavras Itacolomi, Rola Moça<br />
(Linnaeus, 1767) Novas (10, UFV), Pico do Itambé<br />
277 Xylocopa (Neoxylocopa) cearensis Ducke, 1910 Curral Grão Mogol, Esbarrancado,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
278 Xylocopa (Neoxylocopa) frontalis (Olivier, 1789) Curral, Diamantina Cabral<br />
279 Xylocopa (Neoxylocopa) grisescens Curral, Cipó, Brejões (16) Curimataí, Itacambira,<br />
Lepeletier, 1841 Grão Mogol, Pico das Almas,<br />
Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
280 Xylocopa (Neoxylocopa) cf. hirsutissima Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Moeda Biribiri, Grão Mogol,<br />
Maidl, 1912 Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />
281 Xylocopa (Neoxylocopa) nigrocincta Smith, 1854 Rio Preto<br />
282 Xylocopa (Neoxylocopa) cf. ordinaria Smith, 1874 Grão Mogol, Itacambira,<br />
Rio Preto<br />
283 Xylocopa (Neoxylocopa) suspecta<br />
Moure & Camargo, 1988<br />
Curral, Cipó Rola Moça<br />
284 Xylocopa (Neoxylocopa) sp. Rio Preto, Cabral<br />
? Xylocopa (Neoxylocopa) sp. Ouro Preto (3) Esbarrancado<br />
285 Xylocopa (Schonnherria) macrops Lepeletier, 1841 Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Ouro<br />
Preto (<strong>UFMG</strong>); Ambrósio, Moeda<br />
Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
286 Xylocopa (Schonnherria) muscaria (Fabricius, 1775) Caraça<br />
287 Xylocopa (Schonnherria) subcyanea Pérez, 1901 Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Biribiri, Grão Mogol,<br />
Moeda Itacambira, Pico das Almas,<br />
Rola Moça, Cabral<br />
288 Xylocopa (Schonnherria) subzonata Moure, 1949 Caraça, Cipó Grão Mogol, Cabral<br />
? Xylocopa (Schonnherria) sp. Lavras Novas (10, UFV), Ouro Preto (3)<br />
289 Xylocopa (Stenoxylocopa) sp. n. Ambrósio (17, como artifex), Cipó,<br />
Moeda (17, como artifex)<br />
Grão Mogol<br />
290 Xylocopa (Stenoxylocopa) sp. Ouro Branco (3), Moeda Cabral<br />
291 Xylocopa (Xylocopoda) cf. madida Friese, 1925 Caraça, Pico do Itambé<br />
292 Xylocopa (Xylocopsis) cf. funesta Maidl, 1912 Cabral<br />
? Xylocopa sp.<br />
Colletidae<br />
Cipó (9), Ouro Branco (3), Ouro Preto (3)<br />
293 Colletinae<br />
294 Colletes extensicornis Vachal, 1909 Caraça (MZUSP), Moeda Rio Preto<br />
295 Colletes meridionalis Schrottky, 1902 Cipó (9)<br />
296 Colletes rufipes Smith, 1879 Caraça , Curral, Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9),<br />
Lavras Novas (10, UFV)<br />
Rola Moça<br />
297 Colletes rugicollis Friese, 1900 Curral Pico das Almas<br />
298 Colletes sp. 01 Caraça (MZUSP), Cipó (9, como sp.n.), Itacambira, Rio Preto,<br />
Moeda Rola Moça<br />
299 Colletes sp. 02 Rio Preto<br />
300 Colletes sp. 03 Curral, Caraça (MZUSP)<br />
301 Rhynchocolletes albicinctus Moure, 1943 Caraça (DZUP)<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
Diphaglossinae<br />
Caupolicanini<br />
302 Caupolicana sp. n. Cipó (9)<br />
303 Ptiloglossa hemileuca Moure, 1944 Lavras Novas (10, UFV) Rio Preto, Cabral<br />
304 Ptiloglossa matutina (Schrottky, 1904) Cipó (<strong>UFMG</strong>; MZUSP)<br />
305 Ptiloglossa sp. (pelo menos uma espécie) Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV) Rola Moça, Rio Preto<br />
Hylaeinae<br />
306 Hylaeus (Cephylaeus) sp. 01 Pico das Almas<br />
307 Hylaeus (Cephylaeus) sp. 02 Caraça<br />
308 Hylaeus (Hylaeana) spp. (pelo menos uma espécie) Caraça, Moeda<br />
309 Hylaeus (Hylaeopsis) tricolor (Schrottky, 1906) Lavras Novas (10, UFV)<br />
310 Hylaeus (Hylaeopsis) spp. (pelo menos uma espécie) Caraça, Cachimbo Itacolomi<br />
311 Hylaeus sp. Lavras Novas (10, UFV), Brejões (16)<br />
Paracolletinae<br />
312 Halictanthrena malpighiacearum Ducke, 1907 Caraça (DZUP), Cachimbo (cf. <strong>UFMG</strong>)<br />
313 Hexantheda missionica Ogloblin, 1948 Moeda Rola Moça<br />
314 Nomiocolletes sp. n. 01 Cipó (<strong>UFMG</strong>)<br />
315 Nomiocolletes sp. n. 02 Itacambira<br />
316 Perditomorpha iheringi (Schrottky, 1910) Curral<br />
317 Perditomorpha leaena (Vachal, 1909) Curral (<strong>UFMG</strong>; UFV), Caraça, Moeda<br />
318 Perditomorpha sp. 01 Curral<br />
319 Perditomorpha sp. 02 Rio Preto<br />
320 Protodiscelis sp. Itacambira<br />
321 Tetraglossula cf. anthracina (Michener, 1989) Cipó<br />
? Tetraglossula sp. Ouro Branco (3)<br />
322<br />
Xeromelissinae<br />
Chilicola (Oediscelis) sp. 01 Cipó (9 - como Oediscelis<br />
(Oedicelisca) sp.n.), Moeda<br />
323 Chilicola (Oediscelis) sp. 02 Cachimbo<br />
324 Chilicola (Oediscelis) sp. 03 Grão Mogol<br />
325<br />
326<br />
Chilicola (Prosopoides) sp. (pelo menos 2 espécies) Curral, Cipó (9), Lavras Novas (10, UFV) Grão Mogol<br />
Halictidae<br />
Halictinae<br />
Augochlorini<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 173<br />
327 Ariphanarthra cf. palpalis Moure, 1951 Curral, Cachimbo<br />
328 Augochlora (Augochlora) amphitrite<br />
(Schrottky, 1909)<br />
Caraça (MZUSP)<br />
329 Augochlora (Augochlora) esox (Vachal, 1911) Curral, Moeda<br />
330 Augochlora (Augochlora) foxiana Cockerell, 1900 Caraça, Cachimbo<br />
331 Augochlora (Augochlora) tantilla Moure, 1943 Curral<br />
332 Augochlora (Augochlora) spp. Caraça, Cipó Grão Mogol, Esbarrancado,<br />
a<br />
339<br />
(pelo menos 8 espécies) Rio Preto, Rola Moça<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
174 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
340 Augochlora (Oxystoglossella) morrae Strand, 1910 Curral, Cachimbo, Moeda Rola Moça<br />
341 Augochlora (Oxystoglossella) semiramis<br />
(Schrotkky, 1910)<br />
Cipó (9)<br />
342 Augochlora (Oxystoglossella) thalia Smith, 1879 Curral, Moeda<br />
343 Augochlora (Oxystoglossella) sp. Caraça<br />
? Augochlora spp. Lavras Novas (10, UFV), Sincorá (2), Brejões (16), Ambrósio<br />
344 Augochlorella acarinata Coelho, 2004 Ouro Preto (UFV, 8)<br />
345 Augochlorella ephyra (Schrottky, 1910) Cipó (<strong>UFMG</strong>, 7; 9, como Augochlorella. sp.)<br />
346 Augochlorella tredecim (Vachal, 1911) Diamantina (7) Grão Mogol<br />
347 Augochlorella una Coelho, 2004 Moeda (<strong>UFMG</strong>, 8)<br />
348 Augochlorella urania (Smith, 1853) Curral (<strong>UFMG</strong>, 7), Caraça (7)<br />
349 Augochlorella sp. 01 Cachimbo<br />
350 Augochlorella sp. 02 Itacambira<br />
351 Augochlorella sp. 03 Rio Preto<br />
? Augochlorella spp. Lavras Novas (10, UFV)<br />
352 Augochloropsis bertonii (Schrottky, 1909) Caraça (MZUSP)<br />
353 Augochloropsis brachycephala Moure, 1943 Cachimbo<br />
354 Augochloropsis callichroa (Cockerell, 1900) Cipó (9)<br />
355 Augochloropsis cf. cleopatra (Schrottky, 1902) Curral, Caraça (MZUSP, <strong>UFMG</strong>), Cipó<br />
(9; UFV), Diamantina (UFV), Lavras<br />
Novas (10, UFV), Moeda<br />
Grão Mogol, Rio Preto, Cabral<br />
356 Augochloropsis cupreola (Cockerell, 1900) Diamantina (UFV)<br />
357 Augochloropsis iris (Schrottky, 1902) Cachimbo, Caraça (MZUSP),<br />
Ouro Preto (UFV), Moeda<br />
Itacolomi, Rola Moça<br />
358 Augochloropsis cf. melanochaeta Moure, 1950 Curral, Cipó, Cachimbo, Moeda<br />
359 Augochloropsis multiplex (Vachal, 1903) Curral, Cipó (<strong>UFMG</strong>; 9, como<br />
af. multiplex), Cachimbo, Moeda<br />
360 Augochloropsis patens (Vachal, 1903) Curral, Moeda Cabral<br />
361 Augochloropsis cf. smithiana (Cockerell, 1900) Curimataí, Grão Mogol,<br />
Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />
362 Augochloropsis cf. sparsilis (Vachal, 1903) Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>),<br />
Ouro Preto (UFV; <strong>UFMG</strong>)<br />
363 Augochloropsis prognatha Moure, 1944 Curral<br />
364 Augochloropsis cf. wallacei (Cockerell, 1900) Rio Preto<br />
365 Augochloropsis spp. (pelo menos 20 espécies) Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Botumirim, Biribiri, Grão<br />
a Cachimbo, Ouro Branco (3), Lavras Mogol, Itacambira,<br />
384 Novas (10, UFV), Ouro Preto (3), Esbarrancado, Itacolomi,<br />
Sincorá (2), Brejões (16), Ambrósio, Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Moeda Rio Preto, Cabral, Talhado<br />
385 Ceratalictus spp. (pelo menos 3 espécies) Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Cachimbo, Itacambira, Pico das<br />
386<br />
387<br />
Lavras Novas (10, UFV) Almas, Rola Moça<br />
388 Megalopta aegis (Vachal, 1904) Cipó Rio Preto<br />
389 Megalopta amoena (Spinola, 1853) Esbarrancado<br />
390 Megalopta sodalis (Vachal, 1904) Cipó<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
391 Neocorynura oiospermi (Schrottky, 1909) Curral, Caraça<br />
392 Neocorynura sp. 01 Curral<br />
393 Neocorynura sp. 02 Caraça<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 175<br />
394 Neocorynura sp. 03 Ambrósio Itacambira<br />
395 Neocorynura sp. 04 Itacolomi<br />
396 Neocorynura sp. 05 Itacolomi<br />
397 Neocorynura sp. 06 Sincorá (MZUEFS) Esbarrancado<br />
? Neocorynura sp. Brejões (16)<br />
398 Paroxystoglossa jocasta (Schrottky, 1910) Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Biribiri, Itacambira, Rola<br />
Diamantina (UFV), Moeda Moça, Rio Preto, Cabral<br />
? Paroxystoglossa sp. Lavras Novas (10, UFV)<br />
399<br />
400<br />
Pereirapis spp. (duas espécies) Grão Mogol, Rola Moça<br />
401 Pseudaugochlora grupo graminea (Fabricius, 1804) Curral, Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>), Cipó, Grão Mogol, Esbarrancado,<br />
(pelo menos 2 espécies) Ouro Branco (3), Lavras Novas (10, UFV), Itacolomi, Rola Moça<br />
Ouro Preto (3), Moeda, Sincorá(MZUEFS)<br />
403 Pseudaugochlora pandora (Smith, 1853) Rio Preto<br />
404 Pseudaugochlora spp. (pelo menos 2 espécies) Ouro Branco (3) Grão Mogol, Itacambira,<br />
405 Esbarrancado, Rio Preto,<br />
Cabral<br />
406 Rhectomia mourei (Eickwort, 1969) Curral, Caraça<br />
407 Thectochlora alaris (Vachal, 1904) Caraça (DZUP); Lavras Novas (10, UFV), Itacambira, Rola Moça,<br />
Moeda Rio Preto, Cabral<br />
408<br />
Halictini<br />
Agapostemon chapadensis Cockerell, 1900 Caraça (MZUSP), Cachimbo, Lavras<br />
Novas (10, UFV), Moeda<br />
Itacambira, Rola Moça<br />
409 Agapostemon semimelleus Cockerell, 1900 Caraça, Moeda<br />
410 Caenohalictus incertus (Schrottky, 1902) Caraça (MZUSP)<br />
411 Caenohalictus tesselatus (Moure, 1940) Caraça, Lavras Novas (10, UFV) Esbarrancado, Pico das<br />
Almas, Rola Moça<br />
? Caenohalictus spp. Brejões (16) Itacolomi<br />
412 Dialictus osmioides (Ducke, 1902) Cipó (9)<br />
413 Dialictus nanus (Smith, 1879) Curral (MZUSP)<br />
414 Dialictus pabulator (Schrottky, 1910) Diamantina (cf., UFV), Cipó (9)<br />
415 Dialictus spp. (pelo menos 11 espécies) Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Ouro Biribiri, Grão Mogol,<br />
a Branco (3), Lavras Novas (10, UFV), Itacambira, Esbarrancado,<br />
425 Brejões (16), Ambrósio, Moeda Itacolomi, Pico das Almas,<br />
Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
426 Habralictus sp. Caraça (MZUSP; <strong>UFMG</strong>)<br />
427 Halictus (Seladonia) sp. Cabral<br />
428 Oragapostemon sp. Itacolomi<br />
429 Pseudagapostemon (Brasilagapostemon)<br />
fluminensis (Schrottky, 1911)<br />
Moeda Rola Moça<br />
430 Pseudagapostemon (Brasilagapostemon) sp. Rola Moça<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
176 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
431 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon)<br />
anasimus Cure, 1989<br />
Cipó (9)<br />
433 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon)<br />
ochromerus (Vachal, 1904)<br />
Cipó (9), Diamantina (DZUP)<br />
432 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon)<br />
pissisi (Vachal, 1903)<br />
Ouro Branco (3, como brasiliensis)<br />
434 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) Lavras Novas (10, UFV), Moeda Itacambira, Rio Preto,<br />
pruinosus Moure & Sakagami, 1984 Rola Moça<br />
435 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) sp. 01 Caraça<br />
436 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) sp. 02 Cabral, Itacambira, Rio Preto<br />
437 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) sp. 03 Rola Moça<br />
? Pseudagapostemon sp. Ouro Branco (3)<br />
438 Sphecodes sp. 01 Caraça<br />
439 Sphecodes sp. 02 Itacambira<br />
? Sphecodes sp. Lavras Novas (10, UFV)<br />
? Halictini n. det Lavras Novas (10, UFV)<br />
Megachilidae<br />
Lithurginae<br />
Lithurgini<br />
440 Lithurgus huberi Ducke, 1907 Cipó (9, como Lithurge)<br />
Megachilinae<br />
Anthidini<br />
441 Anthidium latum Schrottky, 1902 Curral, Cipó (12)<br />
442 Anthidium sertanicola Moure & Urban, 1964 Curral (12; <strong>UFMG</strong>), Caraça (DZUP),<br />
Cipó (9), Moeda, Sincorá (2, como<br />
Anthidium sp.)<br />
Itacambira<br />
443 Anthodioctes megachiloides Holmberg, 1903 Curral, Moeda Rola Moça<br />
444 Austrostelis silveirai Urban, 2006 Curral (22)<br />
445 Dicranthidium aliceae Urban, 2002 Cipó (21) Rio Preto<br />
446 Dicranthidium gregarium (Schrottky, 1905) Curral, Cipó (9), Cachimbo, Moeda Itacambira, Rio Preto, Cabral<br />
447 Epanthidium aureocinctum Urban, 1995 Cipó, Diamantina (18) Biribiri, Rio Preto, Cabral<br />
448 Epanthidium tigrinum (Schrottky, 1905) Curral Curimataí, Grão Mogol,<br />
Rio Preto<br />
? Epanthidium sp. Cipó (9, como sp.n Urban MS)<br />
449 Hypanthidium foveolatum (Alfken, 1930) Curral<br />
450 Hypanthidium nigritulum Urban, 1998 Curral (<strong>UFMG</strong>; DZUP) Rio Preto<br />
451 Larocanthidium bilobatum Urban, 1997 Curral, Cipó (19), Cachimbo,<br />
Brejões (16)<br />
Itacambira, Rio Preto<br />
452 Larocanthidium emarginatum Urban, 1997 Grão Mogol<br />
453 Larocanthidium ornatum Urban, 1997 Curral Curimataí, Itacambira<br />
454 Larocanthidium spinosum Urban, 1997 Cipó (<strong>UFMG</strong>; 19) Botumirim, Itacambira<br />
455 Moureanthidium subarenarium (Schwarz, 1933) Caraça (DZUP; <strong>UFMG</strong>)<br />
? Dianthidiini gên. n. Cipó (9)<br />
? Anthidiini n. det Lavras Novas (10, UFV)<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 177<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
456<br />
Megachilini<br />
Coelioxys (Acrocoelioxys) cf. laevigata<br />
Smith, 1854<br />
Curral<br />
457 Coelioxys (Acrocoelioxys) cf. tolteca Caraça (MZUSP, como C. pirata),<br />
Cresson, 1878 Moeda<br />
458 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 01 Rio Preto<br />
459 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 02 Grão Mogol, Rio Preto<br />
460 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 03 Rola Moça<br />
461 Coelioxys (Acrocoelioxys) sp. 04 Caraça (MZUSP, como aculeata)<br />
462 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 01 Itacambira<br />
463 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 02 Itacambira<br />
464 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 03 Itacambira<br />
465 Coelioxys (Cyrtocoelioxys) sp. 04 Moeda<br />
466 Coelioxys (Glytocoelioxys) sp. Esbarrancado<br />
467 Coelioxys (Haplocoelioxys) sp. Biribiri, Rola Moça<br />
468 Coelioxys (Neocoelioxys) sp. Esbarrancado<br />
469 Coelioxys (Rhinocoelioxys) cf. clypeata<br />
Smith, 1879<br />
Curral<br />
470 Coelioxys (Rhinocoelioxys) sp. Cabral<br />
? Coelioxys spp. Cipó (9)<br />
471 Megachile (Acentron) eburneipes Vachal, 1904 Curral, Caraça, Moeda<br />
472 Megachile (Acentron) tupinaquina Schrottky, 1913 Caraça, Cipó, Diamantina (UFV)<br />
473<br />
474<br />
475<br />
Megachile (Acentron) spp. (pelo menos 3 espécies) Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Diamantina Itacambira, Cabral<br />
476 Megachile (Austromegachile) antiqua<br />
Mitchell, 1930<br />
Curral<br />
477 Megachile (Austromegachile) fascialis<br />
Vachal, 1909<br />
Curral, Moeda<br />
478 Megachile (Austromegachile) susurrans<br />
Haliday, 1836<br />
Curral Itacolomi<br />
479 Megachile (Austromegachile) sp. Cipó<br />
480 Megachile (Austrosarus) diasi Raw, 2003 Cachimbo, Moeda Itacambira, Rola Moça<br />
481 Megachile (Austrosarus) sp. af diasi Raw, 2003 Curral, Caraça Rio Preto<br />
482 Megachile (Austrosarus) frankieana Raw, 2003 Cipó, Moeda Biribiri, Itacambira<br />
483 Megachile (Austrosarus) sp. Cachimbo, Moeda Biribiri, Itacambira, Cabral<br />
484 Megachile cf. (Austrosarus) sp. Grão Mogol<br />
485 Megachile (Chrysosarus) guaranitica<br />
Schrottky, 1908<br />
Cipó (9) Cabral<br />
486 Megachile (Chrysosarus) pseudanthidioides<br />
Moure, 1943<br />
Curral Rio Preto<br />
487 Megachile (Chrysosarus) tuberculifera<br />
Schrottky, 1913<br />
Caraça (MZUSP)<br />
? Megachile (Chrysosarus) sp. Cipó (9)<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
178 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
REGISTROS OBTIDOS EM COLEÇÕES<br />
TAXA CIENTÍCAS E LITERATURA EXPEDIÇÕES A CAMPO<br />
488 Megachile (Chrysosarus/Dactylomegachile) sp. Caraça, Cipó, Moeda Biribiri, Botumirim, Grão<br />
Mogol, Esbarrancado,<br />
Itacambira, Pico das Almas,<br />
Rio Preto, Cabral, Rola Moça<br />
489 Megachile (Cressoniella) cf. rava Vachal, 1908 Curral, Cipó, Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />
Pico das Almas, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
490 Megachile (Dactylomegachile) spp. Curral, Sincorá (2), Moeda Esbarrancado, Itacolomi,<br />
491<br />
492<br />
(pelo menos 3 espécies) Pico das Almas, Rola Moça<br />
493 Megachile (Leptorachina) laeta Smith, 1853 Curral, Caraça, Moeda Esbarrancado, Rio Preto,<br />
Cabral<br />
494 Megachile (Leptorachis) aetheria Mitchell, 1930 Ambrósio, Moeda<br />
495 Megachile (Leptorachis) aureiventris Curral, Cachimbo, Moeda Itacambira, Rola Moça,<br />
Schrottky, 1902 Cabral<br />
496 Megachile (Leptorachis) friesei Schrottky, 1902 Curral<br />
497 Megachile (Leptorachis) spp. Ouro Preto (3), Moeda Biribiri, Itacambira<br />
498<br />
499<br />
(pelo menos 3 espécies)<br />
500 Megachile (Melanosarus) nigripennis Spinola, 1841 Itacambira, Cabral<br />
501 Megachile (Moureapis) maculata Smith, 1853 Caraça (<strong>UFMG</strong>, MZUSP), Cipó, Itacambira, Pico das Almas,<br />
Ambrósio, Pico do Itambé Rio Preto<br />
502 Megachile (Moureapis) sp. 01 Moeda Itacambira<br />
503 Megachile (Moureapis) sp. 02 Caraça, Cipó Rio Preto<br />
504 Megachile (Neochelynia) brethesi Schrottky, 1909 Cipó Curimataí, Rola Moça<br />
? Megachile (Neochelynia) sp. Ouro Branco (3)<br />
505 Megachile (Pseudocentron) botucatuna Cipó, Moeda Grão Mogol, Itacambira,<br />
Schrottky, 1913 Rola Moça, Rio Preto, Cabral<br />
506 Megachile (Pseudocentron) curvipes Smith, 1853 Cipó (9) Cabral<br />
507 Megachile (Pseudocentron) inscita Mitchell, 1930 Cipó (9)<br />
508 Megachile (Pseudocentron) terrestris Curral, Caraça, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>), Biribiri, Grão Mogol,<br />
Schrottky, 1902 Pico do Itambé, Moeda Itacambira, Rola Moça,<br />
Rio Preto, Cabral<br />
509 Megachile (Pseudocentron) sp. 01 Biribiri, Grão Mogol, Rola<br />
Moça, Rio Preto, Cabral<br />
510 Megachile (Pseudocentron) spp. Curral, Cipó (9; <strong>UFMG</strong>),<br />
511<br />
512<br />
(pelo menos 3 espécies) Ouro Preto (3), Moeda<br />
513 Megachile (Trichurochile) gracilis Schrottky, 1902 Curral Grão Mogol, Itacolomi<br />
514 Megachile (Tylomegachile) orba Schrottky, 1913 Cipó Curimataí, Biribiri<br />
515 Megachile iheringi Schrottky, 1913 Cipó, Sincorá, Moeda, Pico das Almas Itacambira, Pico das Almas,<br />
(DZUP), Caraça (DZUP) Rio Preto, Cabral<br />
? Megachile spp. Cipó (9), Ouro Branco (3), Lavras Novas<br />
(10, UFV), Ouro Preto (3), Brejões (16)<br />
1. Aguiar & Melo (2007); 2. Almeida & Gimenes (2002); 3. Araújo et al. (2006); 4. Azevedo & Silveira (2005); 5. Camargo & Moure (1994);<br />
6. Camargo & Moure (1996); 7. Coelho (2001); 8. Coelho (2004); 9. Faria (1994); 10. Faria-Mucci et al. (2003); 11. Moure & Sakagami (1962); 12. Moure<br />
& Urban (1964); 13. Nemésio & Faria Jr. (2004); 14. Schwarz (1932); 15. Shanks (1986); 16. Silva-Pereira & Santos (2006);<br />
17. Silveira (2002); 18. Urban (1992); 19. Urban (1997); 20. Urban (1998); 21. Urban, 2002; 22. Urban (2006); 23. Urban (2007a); 24. Urban (2007b).<br />
Notas: Caraça pertenceu ao município de Santa Bárbara (Shanks, 1986) e Cipó ao de Lagoa Santa (Urban, 1997), pertencendo, hoje, aos<br />
municípios de Catas Altas e Santana do Riacho, respectivamente.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Azevedo, Silveira, Aguiar & Pereira | 179<br />
TABELA 2 – Localidades ao longo da Cadeia do Espinhaço com registros da fauna local de abelhas.<br />
NE = número de espécies; NI = número de espécimes coletados nas expedições deste projeto e em outros trabalhos de levantamento<br />
faunístico; A = = tipo de amostragem [O – oportunística (coletas casuais, < 40 horas e/ou de duração restrita a um curto período<br />
de tempo no ano); I - intensiva (pequeno número de amostragens mas, pelo menos, duas coletas, uma na estação seca e outra<br />
na chuvosa, com 40 ou mais horas de coleta); S – – sistemática (coleta efetuada com periodicidade quinzenal ou mensal ao<br />
longo de pelo menos um ano em área restrita)]; Fonte = 1. Dados esparsos na literatura (levantamentos faunísticos estão<br />
indicados com a referência dos trabalhos); 2. Coleções. A localização e outras informações sobre os pontos de amostragem<br />
encontram-se na legenda da Figura 1.<br />
LOCALIDADES ESTADO NE a NI a A FONTES<br />
Serra do Cipó MG 171 –– O d 1, 2<br />
Parque Estadual do Rio Preto MG 147 511 I Este trabalho<br />
Serra do Curral MG 141 –– S 1, 2<br />
Serra do Caraça MG 125 –– S 1, 2<br />
Serra da Moeda MG 118 –– S 1, 2<br />
Itacambira MG 120 560 I Este trabalho<br />
Serra do Cipó MG 119 e –– O Faria, 1994<br />
107 632 S<br />
Parque Estadual da Serra do Rola-Moça MG 115 406 O Este trabalho<br />
Serra do Cabral MG 111 369 I Este trabalho<br />
Lavras Novas MG 90e –– O Faria-Mucci, 2003<br />
71 572 S<br />
Parque Estadual de Grão Mogol MG 88 267 I Este trabalho<br />
Pico das Almas BA 80 337 I Este trabalho<br />
Serra de Ouro Branco MG 65 352 S Araújo et al. 2005<br />
Serra do Esbarrancado BA 51 222 O Este trabalho<br />
Serra do Cachimbo MG 50 –– S 2<br />
Parque Estadual Biribiri MG 49 113 O Este trabalho<br />
Ouro Preto MG 45 325 S Araújo et al. 2005<br />
Serra dos Brejões BA 38 413 S b Pereira-Santos, 2006<br />
Parque Estadual do Itacolomi MG 32 83 O Este trabalho<br />
Serra do Sincorá BA 19 70 I c Almeida & Gimenes, 2002<br />
Curimataí MG 23 56 O Este trabalho<br />
Diamantina MG 19 –– O 1, 2<br />
Serra do Ambrósio MG 16 –– O 2<br />
Parque Estadual Pico do Itambé MG 13 –– O 2<br />
Serra do Talhado MG 13 15 O Este trabalho<br />
Botumirim MG 11 20 O Este trabalho<br />
a Apis mellifera, espécie exótica e invasora, não foi considerada.<br />
b Coleta sistemática, porém, desenvolvida durante apenas oito meses.<br />
c Coleta intensiva, porém, desenvolvida apenas na estação seca.<br />
d Agrupamento de amostragens oportunísticas, em várias épocas do ano, sem computação do tempo de coleta.<br />
e Incluindo espécies das coletas sistemáticas e coletas oportunísticas.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
A Conservação Internacional (CI-Brasil) pelo financiamento<br />
do projeto. A Fundação de Amparo a Pesquisa<br />
do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG-CRA-1263/05) pelo<br />
financiamento de viagens técnicas às coleções científicas.<br />
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico<br />
e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de doutorado<br />
concedida ao primeiro autor. Ao Instituto Estadual de<br />
Florestas (IEF-MG) pela concessão de licenças de coletas<br />
(Números: 015-018/04; 19-20/05; 044-06) e apoio<br />
logístico nas Unidades de Conservação em Minas Gerais<br />
e ao IBAMA pela licença de coleta no Parque Nacional<br />
da Chapada Diamantina (Número: 044/2005). À Universidade<br />
Federal de Minas Gerais, à Universidade Estadual<br />
de Feira de Santana, e à Prefeitura de Grão Mogol<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
180 | Fauna de abelhas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
pelo apoio logístico. Ao Programa de Pós-graduação em<br />
Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre da<br />
<strong>UFMG</strong>, pelo apoio conferido nas coletas realizadas no<br />
Pq. E. da Serra do Rola-Moça. Ao Cássio Soares (Biodiversitas)<br />
pela elaboração do mapa. Aos curadores Lúcio<br />
A. O. Campos (UFV) e Carlos Roberto F. Brandão<br />
(MZUSP). Aos especialistas da Universidade Federal do<br />
Paraná, Danuncia Urban, Gabriel A. R. Melo, Antônio J.<br />
C. Aguiar e Felipe Vivallo, pelo auxílio na identificação<br />
de alguns grupos de abelhas. Aos amigos do Laboratório<br />
de Sistemática e Ecologia de Abelhas (<strong>UFMG</strong>) pela<br />
colaboração na etiquetagem (Andrezza B. N. Oliveira) e<br />
identificação de p<strong>arte</strong> de material (Leandro M. Santos –<br />
Megalopta; André Nemésio – Euglossina; Rafael<br />
Ferrari – Colletes) e ao Eduardo A. B. Almeida pela compilação<br />
de p<strong>arte</strong> dos dados secundários. Aos pesquisadores<br />
Maíra F. Goulart, Roderic B. Martines, Carolina<br />
F. C. Yasbeck, Danny Vélez, Patrícia L. O. Rebouças e<br />
Miriam Gimenes, pelo inestimável auxílio nas coletas<br />
de campo.<br />
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regarding their distribuition. Apidologie 31: 579-592.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Status do conhecimento, endemismo e<br />
conservação de anfíbios anuros da Cadeia do<br />
Espinhaço, Brasil<br />
FELIPE S. F. LEITE 1,3 *<br />
FLORA A. JUNCÁ 2<br />
PAULA C. ETEROVICK 1<br />
1 Programa de Pós Graduação em Zoologia de Vertebrados, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Campus Universitário, Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />
3 Classe Meio Ambiente, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />
* e-mail: fsfleite@gmail.com<br />
RESUMO<br />
A Serra do Espinhaço representa uma região de grande importância nos contextos geológico,<br />
ecológico e biogeográfico no Brasil, devido às suas formações características, alta riqueza de<br />
espécies e endemismos e padrões de distribuição que sugerem eventos passados de especiação<br />
por vicariância ou isolamento. Os anfíbios anuros constituem um grupo representativo da<br />
biodiversidade e endemismos da Serra do Espinhaço, porém os dados existentes sobre sua<br />
distribuição e até mesmo inventariamentos são escassos para grandes extensões da cadeia.<br />
As principais dificuldades enfrentadas para a conservação do grupo se devem a esta falta de<br />
informação e à necessidade de intensificação de estudos taxonômicos na região, tendo em<br />
vista o grande número de espécies novas que vêm sendo descobertas. No presente trabalho<br />
apresentamos uma revisão do conhecimento existente sobre a distribuição de anfíbios anuros<br />
na Serra do Espinhaço, indicando as principais lacunas que devem ser preenchidas por estudos<br />
futuros. À medida que tais problemas forem solucionados, será possível contar com uma<br />
base de dados mais representativa para a determinação de áreas prioritárias para a conservação<br />
dos anfíbios, além de se poder determinar com mais segurança o grau de ameaça sofrido<br />
pelas espécies presentes na região.<br />
ABSTRACT<br />
The Espinhaço mountain range (Serra do Espinhaço) represents a region of great geological,<br />
ecological and biogeographical importance in Brazil, due to its characteristic formations, high<br />
species richness and endemism levels, and distribution patterns suggestive of past events of<br />
vicariance and isolated speciation. Anuran amphibians constitute a representative group regarding<br />
biodiversity and endemisms in the Serra do Espinhaço, nevertheless data on their distribution and<br />
even species inventories are rare for great extensions of the mountain chain. The main chalenges<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
for amphibian conservation in the region are this lack of information and the need of more intensive<br />
taxonomic studies, since many new species are still being found. In the present study we present<br />
an overview of the available information on anuran species distribution at the Serra do Espinhaço<br />
and point to major gaps in data availability, which should be addressed in future studies. When<br />
the current problems are solved, it will be possible to count on a representative data set to determine<br />
priority areas for conservation, as well as to determine the conservation status of species<br />
present in the region with more accuracy.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A Serra do Espinhaço, termo introduzido por Eschwege<br />
(1822), vem atraindo o interesse de naturalistas desde<br />
o século XIX (Chur et al., 1981; Spix & Martius, 1981;<br />
Saint-Hilaire, 2004). A contribuição de tais naturalistas<br />
para o conhecimento científico da biota dessas terras<br />
altas do leste brasileiro foi inestimável. Contudo, a sua<br />
anurofauna permaneceu praticamente desconhecida até<br />
meados da década de 50. A maioria do conhecimento<br />
sobre os anfíbios dos campos rupestres vem dos trabalhos<br />
de W. Bokermann, I. Sazima e colaboradores, que<br />
publicaram vários artigos descrevendo novas espécies<br />
da Serra do Cipó, no sul do Espinhaço, em Minas Gerais,<br />
revelando a sua notável riqueza de formas endêmicas<br />
(Bokermann, 1956; Bokermann, 1964; Bokermann,<br />
1967a; Bokermann, 1967b; Bokermann & Sazima, 1973a;<br />
Bokermann & Sazima, 1973b; Bokermann & Sazima,<br />
1978; Caramaschi & Sazima, 1984; Caramaschi &<br />
Sazima,1985; Sazima & Bokermann, 1978; Sazima &<br />
Bokermann, 1982).<br />
A partir da década de 90, estudos sobre a anurofauna<br />
do Espinhaço têm sido mais constantes e com objetivos<br />
diversificados. Destacam-se, entre esses, os estudos<br />
de ecologia evolutiva e taxonomia desenvolvidos<br />
por P. C. Eterovick e colaboradores, também na Serra<br />
do Cipó (Eterovick, 2003; Eterovick & Barros, 2003;<br />
Eterovick & Brandão, 2001; Eterovick & Fernandes,<br />
2001; Eterovick & Fernandes, 2002; Eterovick & Sazima,<br />
1998; Eterovick & Sazima,1999; Eterovick & Sazima,<br />
2000a; Eterovick & Sazima, 2000b; Eterovick & Sazima,<br />
2004; Eterovick et al., 2002). Nascimento et al. (2005b)<br />
apresentaram a primeira compilação de estudos sobre<br />
anuros de uma região da porção mineira da Serra do<br />
Espinhaço, compreendida entre os municípios de Ouro<br />
Branco, no seu extremo sul, e Olhos D’Água ao norte<br />
do município de Diamantina, estado de Minas Gerais.<br />
Juncá (2005), em estudo que inventariou algumas áreas<br />
da porção norte do Espinhaço, no estado da Bahia, conhecida<br />
como Chapada Diamantina, apresentou uma<br />
listagem de espécie para a região e ressaltou a carência<br />
de conhecimento sobre a anurofauna desta vasta e pouco<br />
explorada porção setentrional da cadeia.<br />
Devido ao difícil acesso, o que dificultou a sua exploração,<br />
a região do Espinhaço ainda preserva considerável<br />
p<strong>arte</strong> de sua biota original. Destacam-se ainda<br />
a sua considerável riqueza de espécies endêmicas, muitas<br />
vezes restritas a determinadas unidades de relevo<br />
(ver Giulietti & Pirani, 1988 para diversidade de plantas)<br />
e a sua inserção geográfica em uma área que contempla<br />
três diferentes biomas brasileiros (Cerrado, Caatinga<br />
e Mata Atlântica). Essas características fazem do<br />
Espinhaço uma importante área para a conservação da<br />
biodiversidade brasileira (MMA, 1999; MMA, 2000a;<br />
MMA 2000b; MMA, 2003).<br />
O presente estudo tem como principal objetivo sintetizar<br />
o atual status do conhecimento sobre a ocorrência<br />
e distribuição geográfica dos anuros na Serra do<br />
Espinhaço. Espera-se que sirva de estímulo e subsídio<br />
para o planejamento de futuros estudos e medidas conservacionistas<br />
na região.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Leite, Juncá & Eterovick | 183<br />
Área de estudo<br />
A Serra do Espinhaço representa a faixa orogênica précambriana<br />
mais extensa e contínua do território brasileiro<br />
(Almeida-Abreu & Renger, 2002). Constituída por<br />
grupos de serras, se estende por cerca de 1000 km, do<br />
centro-sul de Minas Gerais em direção ao norte, até a<br />
região central da Bahia (Derby, 1906) (Figura 1). Além<br />
de atuar como uma barreira geográfica entre a Mata<br />
Atlântica e as formações abertas do Brasil central (Cerrado/Caatinga),<br />
a cadeia do Espinhaço constitui o divisor<br />
de águas entre a bacia do rio São Francisco e as bacias<br />
costeiras do Oceano Atlântico (e. g. Rios Doce, Jequitinhonha,<br />
Mucuri, Pardo, de Contas e Paraguaçu). A complexidade<br />
de suas relações (ecológicas e históricas) com<br />
os domínios morfoclimáticos brasileiros (sensu Ab’Saber,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
184 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
FIGURA 1 – Riqueza de espécies de anfíbios anuros por quadrícula (75 x 75 km) em áreas inseridas na Serra do<br />
Espinhaço, Minas Gerais e Bahia, Brasil.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
1977), aliada a sua grande heterogeneidade ambiental,<br />
propiciou condições diversas para o estabelecimento<br />
de uma grande variedade de fitofisionomias (e.g. campos<br />
rupestres, matas de galeria, matas nebulares, cerrados,<br />
veredas). Entre estas, os campos rupestres, que<br />
predominam nas maiores altitudes, constituem uma das<br />
vegetações brasileiras mais conspícuas e reconhecidas<br />
pela notável riqueza de formas endêmicas (Giulietti &<br />
Pirani, 1988).<br />
Métodos<br />
Dados de distribuição das espécies foram compilados<br />
preferencialmente da literatura científica. Informações<br />
complementares advêm apenas de coletas e registros<br />
efetuados pelo primeiro autor e da coleção de anfíbios<br />
do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Feira<br />
de Santana (MZUEFS). Para a apresentação da lista<br />
de espécies foram consideradas apenas espécies plenas.<br />
Espécies com status taxonômico incerto citadas<br />
na bibliografia foram excluídas da compilação <strong>final</strong> dos<br />
dados, a menos que se tenha verificado posteriormente<br />
a atual identidade das mesmas. Espécies sabidamente<br />
novas, mas ainda não descritas, também não foram consideradas.<br />
Abordamos a anurofauna associada à localidades estritamente<br />
caracterizadas como pertences à cadeia do<br />
Espinhaço e a seus ambientes adjacentes. Quando uma<br />
espécie foi registrada na literatura mais de uma vez no<br />
mesmo município, foi indicado como fonte bibliográfica<br />
apenas o seu primeiro registro cronológico. Quando<br />
as coordenadas geográficas do registro não estavam<br />
disponíveis, essas foram consideradas como o centróide<br />
da área do município inserido nos limites do Espinhaço.<br />
Os registros de ocorrência apresentados em Nascimento<br />
et al. (2005b) não foram discriminados por localidade<br />
ou município, tão pouco foram apresentadas suas<br />
fontes, dessa forma optou-se por não incluí-los.<br />
A localidade Serra do Cipó, quando mencionada sem<br />
o respectivo município, foi considerada como pertencente<br />
ao município de Santana do Riacho, já que a grande<br />
maioria das coletas realizadas nessa localidade se<br />
deu na área atual deste município. Da mesma forma, os<br />
registros efetuados na Serra do Cipó e referidos como<br />
pertencentes ao município de Jaboticatubas, estão hoje<br />
inseridos no município de Santana do Riacho devido à<br />
emancipação do mesmo, dada no ano de 1962.<br />
A riqueza de espécies de anuros por unidade geográfica<br />
pode ser, até certo ponto, principalmente em<br />
regiões pouco amostradas, função do esforço amostral<br />
ali empregado e, portanto, pode ser utilizada como um<br />
indicador grosseiro deste parâmetro. Para avaliar a<br />
variação da riqueza de espécies de anuros ao longo do<br />
Leite, Juncá & Eterovick | 185<br />
Espinhaço foi calculado o número de espécies registrado<br />
por quadrícula de um gride dividido em quadrículas<br />
de 75 X 75 km, sobreposto ao mapa da região. Este número<br />
provavelmente reflete esforço amostral mais do<br />
que diferenças reais de riqueza de espécies, pois apesar<br />
de ambos contribuírem para os números registrados,<br />
nenhuma quadrícula pode ser considerada como exaustivamente<br />
amostrada, sendo esperados registros de novas<br />
espécies em toda a extensão do Espinhaço uma vez<br />
que se intensifiquem os esforços de amostragem.<br />
O termo “endemismo restrito” foi utilizado para designar<br />
situações em que uma espécie é conhecida de<br />
apenas uma única localidade.<br />
Ênfase foi dada à apresentação e discussão de aspectos<br />
biogeográficos e conservacionistas da anurofauna.<br />
Além disto, informações biológicas básicas sobre o<br />
ambiente de reprodução das espécies endêmicas do<br />
Espinhaço são apresentadas sob forma de tabela.<br />
A classificação taxonômica utilizada segue as propostas<br />
apresentadas por Faivovich et al. (2005), Frost<br />
et al. (2006) e Grant et al. (2006), Ghaparro et al. (2007),<br />
Heinicke et al. (2007) e Hedges et al. (2008). O gênero<br />
Rupirana foi classificado como Cycloramphinae assim<br />
como proposto por Dubois (2005), e provisoriamente<br />
indicado em Frost (2007).<br />
RESULTADOS<br />
Riqueza de espécies e endemismos<br />
Conhecem-se, hoje, de localidades inseridas na Serra do<br />
Espinhaço, 105 espécies de anfíbios anuros (Anexo 1).<br />
A família com o maior número de espécies é Hylidae,<br />
representando cerca de 48% (50 espécies) do total de<br />
espécies assinaladas para a região. Leiuperidae,<br />
Cycloramphidae e Leptodactylidae estão representadas<br />
respectivamente por 13, 12 e 12 espécies, constituindo,<br />
cada, cerca de 12% do total.<br />
Cerca de 68% (71 espécies) do total de espécies apresentam<br />
registro apenas para o estado de Minas Gerais<br />
e 16% (17 espécies) para o estado da Bahia; 16% (17<br />
espécies) ocorrem em ambos os estados. Devido à desigualdade<br />
existente no esforço amostral despendido<br />
nos estados de Minas Gerais e Bahia (ver tópico sobre<br />
as lacunas do conhecimento), é esperado, no presente<br />
momento, que a riqueza de espécies, inclusive endêmicas,<br />
do Espinhaço mineiro seja maior que a da porção<br />
baiana. Segundo estimativa preliminar, o estado de<br />
Minas Gerais abriga cerca de 200 espécies de anfíbios<br />
(Drummond et al., 2005). O número de espécies assinaladas<br />
para a porção mineira do Espinhaço corresponde<br />
a cerca de 35% desse total.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
186 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
Foram registradas 28 espécies que apresentam distribuição<br />
restrita à cadeia do Espinhaço (Tabela 1), o<br />
que representa cerca de 27% da anurofauna regional.<br />
Essas espécies estão incluídas em 15 gêneros, sendo<br />
que Rupirana é endêmico da região norte da cadeia<br />
(Chapada Diamantina). Do total de espécies endêmicas,<br />
23 ocorrem apenas na porção mineira da cadeia. Apenas<br />
cinco, Rupirana cardosoi, Strabomantis aramunha<br />
Bokermannohyla itapoty, B. diamantina e B. oxente são<br />
exclusivas da porção baiana (Heyer, 1999; Napoli &<br />
Juncá, 2006; Lugli & Haddad, 2006a; Lugli &<br />
Haddad, 2006b, Cassimiro et al., 2008). O gênero<br />
Bokermannohyla é o gênero com o maior número de<br />
espécies com ocorrência restrita à cadeia, com 7 espécies<br />
descritas (Tabela 1).<br />
O Espinhaço destaca-se por abrigar uma grande diversidade<br />
de espécies do grupo de Leptodactylus fuscus<br />
(Heyer, 1978), do qual 8 espécies foram registradas<br />
(Anexo 1), ainda que apenas L. camaquara seja o único<br />
endêmico da região (Tabela 1).<br />
A grande riqueza de espécies de anfíbios associadas<br />
ao Espinhaço deve-se não só à sua extensa área e grande<br />
amplitude longitudinal e altitudinal, mas certamente<br />
à existência de uma complexa e intricada relação histórica<br />
e ecológica entre esta formação e os biomas a<br />
ela adjacentes. Dessa forma, além de apresentar formas<br />
típicas, possui também elementos característicos<br />
do Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.<br />
PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA<br />
Diante do conhecimento atual, a discriminação refinada<br />
de diferentes unidades zoogeográficas ao longo do<br />
Espinhaço seria uma tarefa precipitada. Contudo, a partir<br />
da distribuição das espécies endêmicas de anuros,<br />
algumas segregações faunísticas parecem evidentes,<br />
sendo possível reconhecer três principais unidades de<br />
relevo que abrigam espécies endêmicas exclusivas, são<br />
elas: (A) a região do Quadrilátero Ferrífero, extremo sul<br />
da cadeia, Minas Gerais; (B) a região que se inicia na<br />
Serra do Cipó (logo ao norte do Quadrilátero Ferrífero)<br />
e se estende até as serras do norte de Minas Gerais e<br />
(C) a região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia.<br />
A ocorrência geográfica por unidade de relevo (A, B, C)<br />
das espécies endêmicas do Espinhaço é apresentada na<br />
Tabela 1.<br />
A segregação existente entre a Chapada Diamantina<br />
e a porção sul da cadeia é evidente. Essas regiões não<br />
compartilham sequer uma espécie de anfíbio endêmica<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
do Espinhaço. A existência de espécies distintas, porém<br />
aparentemente próximas filogeneticamente<br />
(i.e., Bokermannohyla alvarengai/B. itapoty e B. saxicola/<br />
B. oxente (Lugli & Haddad, 2006a; Lugli & Haddad, 2006b)<br />
e com distribuição disjunta entre a porção mineira do<br />
Espinhaço e a Chapada Diamantina, sugere a existência<br />
de uma conexão histórica entre essas porções da cadeia<br />
e um posterior evento vicariante, que teria levado<br />
ao isolamento geográfico de populações ancestrais,<br />
seguido de eventos de especiação alopátrica. Atualmente<br />
essas distintas unidades de relevo são separadas por<br />
uma região árida, com altitudes menores e dominadas<br />
por uma vegetação xérica de caatinga. Essa região foi e<br />
é provavelmente uma barreira para a dispersão de espécies<br />
de anfíbios relacionadas, como já foi sugerido<br />
para B. alvarengai e B. itapoty (Lugli & Haddad, 2006a) e<br />
para B. saxicola e B. oxente (Lugli & Haddad, 2006b). Esse<br />
mesmo padrão de distribuição pode também ser observado<br />
para Augastes scutatus e A. lumachella (Aves:<br />
Trochilidae) (Vasconcelos et al., 2007), reforçando<br />
ainda mais a proximidade filogeográfica entre o Espinhaço<br />
mineiro e baiano. Mecanismos de especiação<br />
similares seriam os responsáveis pela existência de espécies<br />
de Physalaemus filogeneticamente relacionadas,<br />
de distribuição restrita e ocupando a mesma fisionomia<br />
ambiental em diferentes unidades de relevo nas Serras<br />
do Espinhaço e Mantiqueira (Cruz & Feio, 2007). Considerando<br />
tal proximidade histórica entre o Espinhaço<br />
mineiro e baiano, não seria surpreendente se outras<br />
espécies de anuros filogeneticamente próximas daquelas<br />
da porção mineira fossem, ainda, descobertas na<br />
Chapada Diamantina.<br />
Outros instigantes padrões de distribuição geográfica<br />
disjunta envolvem espécies de ocorrência restrita ao<br />
Espinhaço. Os pares de espécies Scinax uruguayus/<br />
S. pinima e Bokermannohyla langei/B. martinsi são os únicos<br />
integrantes de seus respectivos grupos de espécies<br />
(Faivovich et al., 2005). Esses pares de espécies apresentam<br />
distribuição disjunta sendo que B. martinsi e<br />
S. pinima ocorrem apenas em áreas de altitude do sul<br />
do Espinhaço, B. langei apenas no estado do Paraná e<br />
S. uruguayus em áreas do sul do Brasil, Argentina e Uruguai<br />
(Frost, 2007). Esses curiosos padrões de ocorrência<br />
levantam questões sobre a evolução geomorfológica<br />
e a influência do clima nos processos que moldaram a<br />
atual distribuição dessas espécies.<br />
A influência dos biomas adjacentes ao Espinhaço é<br />
também um importante fator delineador da atual distribuição<br />
observada das espécies de anfíbios na cadeia. Ao<br />
atuar como divisor não apenas de bacias hidrográficas
Leite, Juncá & Eterovick | 187<br />
TABELA 1 – Ocorrência geográfica por unidade de relevo, ambiente de reprodução e status de conservação das espécies<br />
endêmicas de anfíbios anuros endêmicas da Serra do Espinhaço, Minas Gerais e Bahia, Brasil. P<strong>arte</strong> dos dados referentes aos<br />
ambientes de reprodução de espécies que ocorrem na Serra do Cipó, Minas Gerais, foi extraída de Feio et al. (no prelo).<br />
AMBIENTES DE REPRODUÇÃO STATUS DE CONSERVAÇÃO<br />
WORKSHOP DE<br />
REVISÃO DA LISTA<br />
MINAS GERAIS. LISTA OFICIAL<br />
OCORRÊNCIA ÁREAS MATAS BIODIVERSITAS BRASILEIRA.<br />
TAXA GEOGRÁFICA ABERTAS DE GALERIA (2006) IBAMA (2003)<br />
Brachycephalidae<br />
I. izecksohni A FL LC LC<br />
Cycloramphidae<br />
C. bokermanni A+B rp RP LC LC<br />
P. cururu B RT, rp DD LC<br />
R. cardosoi C AT, RT, RP — LC<br />
T. megatympanum A+B PM LC LC<br />
Hylidae<br />
B. alvarengai A+B RT, rp LC LC<br />
B. diamantina* C RP — —<br />
B. itapoty C RP — —<br />
B. martinsi A+B RP LC LC<br />
B. nanuzae A+B RP LC LC<br />
B. oxente C RP, RT RP — —<br />
B. saxicola B RP RP LC LC<br />
H. cipoensis B RP, lp rp LC LC<br />
P. jandaia A+B RP LC LC<br />
P. itacolomi A RT — —<br />
P. megacephala B RT DD LC<br />
S. cabralensis B RP, RT, LP, LT — —<br />
S. curicica A+B LT, LP, rp, rt LC —<br />
S. machadoi A+B RP LC LC<br />
S. pinima* B LT DD DD<br />
Hylodidae<br />
H. otavioi B RP DD DD<br />
H. uai A RP LC LC<br />
Leiuperidae<br />
P. deimaticus* B ? ? DD DD<br />
P. erythros* A LT DD —<br />
P. evangelistai A+B LT LC DD<br />
P. mineira B AT LC LC<br />
Leptodactylidae<br />
L. camaquara B AT, rt LC LC<br />
Strabomantidae<br />
S. aramunha* C ? — —<br />
Categoria de ocorrência geográfica: A = Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais; B = Espinhaço mineiro, excluindo A; C = Chapada Diamantina, Bahia.<br />
Ambientes de reprodução: RP = riachos permanentes; RT = riachos temporários; LP = lagoas, poças e brejos permanentes; LT = lagoas, poças e brejos<br />
temporários; AT = alagadiços rasos e temporários; PM = superfície de pedras temporariamente molhadas; FL = folhiço/serrapilheira; ? = desconhecido.<br />
Letras minúsculas indicam ambientes utilizados com menor freqüência para a reprodução. * espécies conhecidas apenas de sua localidade tipo.<br />
Categoria de ameaça: DD = dados deficientes; LC = não ameaçadas; — = espécie não contemplada por não ocorrer em Minas Gerais, ou porque ainda<br />
não havia sido descrita na ocasião da elaboração das listas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
188 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
costeiras e interioranas, mas também de biomas (Cerrado<br />
a oeste e Mata Atlântica a leste/sudeste), o Espinhaço<br />
funciona como uma barreira para muitas espécies típicas<br />
dessas distintas formações fitogeográficas. Dessa<br />
forma, espécies ou até mesmo gêneros (e.g. Phasmahyla,<br />
Thoropa, Crossodactylus, Hylodes e Cycloramphus) que<br />
possuem o centro de suas áreas de ocorrência na Mata<br />
Atlântica, apresentam no Espinhaço seus limites ocidentais<br />
de ocorrência, dentro do intervalo latitudinal<br />
entre 20 o S e 10 o S, (limite sul-norte da cadeia). O mesmo<br />
pode ser observado para espécies típicas do Cerrado<br />
(i.e Ameerega flavopicta, Hypsiboas lundii, Physalaemus<br />
centralis e Chiasmocleis albopunctata) cujas distribuições<br />
geográficas não ultrapassam a encosta oeste do<br />
Espinhaço.<br />
A ocorrência de táxons possivelmente provenientes<br />
de linhagens tipicamente atlânticas na cadeia do<br />
Espinhaço pode ser considerada relictual. Em períodos<br />
mais mésicos, na metade do Oligoceno, a região do Espinhaço<br />
esteve inserida no domínio da Mata Atlântica<br />
e teria sido coberta por extensas matas (Maxson &<br />
Heyer, 1982; Heyer, 1999). Dessa forma, algumas espécies<br />
do bioma atlântico teriam expandido suas distribuições<br />
até áreas mais altas da serra, hoje ocupadas<br />
por ambientes campestres. Após a retração dessas<br />
matas as populações remanescentes teriam se especiado,<br />
tornando-se aptas para a vida nos campos rupestres<br />
e em suas matas de galeria. Essas espécies podem<br />
ser consideradas ilhadas (“stranded species” Vanzolini<br />
& Ramos, 1977) como já comentado por Feio et al. (no<br />
prelo) para Phasmahyla jandaia, Hylodes otavioi e Thoropa<br />
megatympanum. Portanto, p<strong>arte</strong> da fauna de anfíbios<br />
adaptados a córregos de montanha do Espinhaço possuiria<br />
uma origem ancestral atlântica, como sugerido<br />
por Heyer (1999). Cruz & Feio (2007) ressaltam que o<br />
fato de nenhum desses táxons ocorrerem em áreas nucleares<br />
das formações abertas do Brasil central reforça<br />
essa hipótese. Entretanto, análises filogeográficas são<br />
ainda necessárias para que se possa refutar ou embasar<br />
esta proposição.<br />
Colli (2005) sugere ainda que as endêmicas<br />
Bokermannohyla saxicola e Hypsiboas cipoensis podem<br />
ter se originado em relictos campestres formados durante<br />
máximos de umidade, quando essas áreas presumivelmente<br />
foram isoladas por florestas (Harley,<br />
1988).<br />
A proporção entre o número de endemismos e o<br />
número de endemismos restritos (espécies conhecidas<br />
apenas de uma única localidade) para anfíbios das serras<br />
do Mar e Mantiqueira na Mata Atlântica do sudeste<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
brasileiro excede os 50% (Cruz & Feio, 2007). Apesar do<br />
considerável número de endemismos, apenas 4 espécies<br />
podem hoje ser consideradas endêmicas restritas<br />
de alguma localidade do Espinhaço (Tabela 1), representando<br />
apenas cerca de 15% do total de espécies<br />
endêmicas. É possível que tal diferença possa ser um<br />
<strong>arte</strong>fato de amostragem. Porém, a maior taxa de endemismo<br />
restrito pode ser uma característica inerente às<br />
áreas de altitude integralmente inseridas no domínio<br />
da Mata Atlântica (Serra do Mar e Mantiqueira), em<br />
contraposição às áreas abertas do Espinhaço, que<br />
apesar de sofrerem influência atlântica, são também<br />
influenciadas por biomas savânicos e/ou semi-áridos,<br />
reconhecidamente menos ricos em número de espécies<br />
e endemismos.<br />
A compreensão dos padrões atuais de distribuição<br />
geográfica da fauna de anfíbios da Serra do Espinhaço,<br />
auxiliada por estudos filogeográficos, é fundamental<br />
para se compreender a história evolutiva deste peculiar<br />
ecossistema brasileiro.<br />
AS LACUNAS DO CONHECIMENTO<br />
Amplitude da cobertura geográfica<br />
Constatou-se a existência de coletas e/ou registros de<br />
espécies de anuros em 20 quadrículas sobrepostas ao<br />
mapa do Espinhaço (Figura 1). Contudo, ao analisar mais<br />
detalhadamente o número de espécies registrado por<br />
quadrícula, observa-se que poucas contam com amostragens<br />
que possam ser consideradas representativas.<br />
Em apenas 10 quadrículas foram registradas mais de<br />
15 espécies. No mapa da Figura 1, observa-se o número<br />
de espécies por quadrícula, como indicativo grosseiro<br />
do esforço amostral, salientando a desigualdade entre<br />
os estados de Minas Gerais e Bahia. É nítida a concentração<br />
desses esforços no extremo sul da cadeia, mais<br />
especificamente nas quadrículas correspondentes às<br />
regiões do Quadrilátero Ferrífero e da Serra do Cipó,<br />
que devido à maior proximidade a um grande centro<br />
urbano, no caso, o município de Belo Horizonte, e à<br />
relativa facilidade de acesso, foram melhor amostradas<br />
do que as demais áreas do Espinhaço. Especialmente<br />
as regiões do extremo norte de Minas Gerais e da Chapada<br />
Diamantina, na Bahia, permanecem ainda pouco<br />
exploradas e o conhecimento sobre as suas anurofaunas<br />
baseia-se em amostragens pontuais e pouco representativas<br />
(Figura 1). Em muitas regiões não há sequer registro<br />
de qualquer espécie de anuro, dando uma idéia<br />
do quão pouco conhecemos a fauna da região.
Dentro dessa enorme área ainda pouco ou não<br />
amostrada do Espinhaço (Figura 1), algumas localidades<br />
se destacam pelo seu bom estado de conservação,<br />
isolamento geográfico ou devido à presença de fitofisionomias<br />
(i.e. matas nebulares) ou condições (i.e. grandes<br />
altitudes) ímpares no contexto regional.<br />
A Serra do Cabral, na face oeste da cadeia, centro de<br />
Minas Gerais, é um exemplo de região sub-amostrada e<br />
interessante do ponto de vista biogeográfico, por tratarse<br />
de uma unidade de relevo isolada e disjunta do espigão<br />
central da cadeia. Amostragens fortuitas na região mostraram<br />
a presença de espécies típicas do tronco principal<br />
do Espinhaço (i.e. Bokermannohyla saxicola), além de<br />
outras possivelmente novas (F. S. F. Leite, obs. pess.).<br />
A investigação científica em serras inexploradas com<br />
altitudes superiores a 1700m deve ainda nos surpreender<br />
com a existência de novas espécies de distribuição<br />
restrita. Entre alguns promissores picos do Espinhaço<br />
de Minas Gerais estão os picos da Serra do Caraça e<br />
Serra da Piedade, no Quadrilátero Ferrífero, e o Pico do<br />
Itambé, na região central do estado. Na Bahia, destacam-se<br />
os ainda pouco explorados Pico do Barbado e<br />
Pico das Almas. Muitas vezes a pouca diversidade ou<br />
inexistência de espécies de anfíbios em altitudes mais<br />
elevadas deve-se a pouca ou nenhuma disponibilidade<br />
de habitats aquáticos para a reprodução. Contudo, não<br />
se pode desprezar a possibilidade de ocorrência de fauna<br />
bromelícola (i.e. Flectonotus), visto a abundância e diversidade<br />
desta família de plantas na cadeia (Versieux et al.,<br />
2007), além de espécies que não necessitam de corpos<br />
d’água para a reprodução (i.e. Ischnocnema, Haddadus).<br />
A suposição de que muitas espécies antes consideradas<br />
endêmicas da porção sul do Espinhaço apresentariam<br />
distribuição mais ampla na cadeia, aventada por<br />
Vanzolini (1982) e Feio & Caramaschi (1995), vem se confirmando<br />
à medida que coletas, mesmo que esporádicas,<br />
vêm sendo feitas, principalmente na região norte de<br />
Minas Gerais. Leite et al. (2006) ampliaram até o Parque<br />
Estadual do Rio Preto, Município de São Gonçalo do Rio<br />
Preto, Minas Gerias, a distribuição geográfica em direção<br />
norte de cinco espécies (Bokermannohyla nanuzae,<br />
Scinax curicica, Leptodactylus camaquara, Physalaemus<br />
evangelistai e Proceratophrys cururu), até então conhecidas<br />
apenas para as suas localidades tipo, na Serra do<br />
Cipó, salvo S. curicica, também conhecida para a vizinha<br />
Serra do Caraça, Minas Gerais. Recentes coletas em<br />
áreas de altitude do município de Serranópolis de Minas,<br />
Minas Gerais, revelaram ainda que as endêmicas<br />
Bokermannohyla alvarengai, B. saxicola, Hypsiboas cipoensis,<br />
S. curicica, L. camaquara e Thoropa megatympanum<br />
Leite, Juncá & Eterovick | 189<br />
também ocorrem no extremo norte do estado, as ocorrências<br />
mais setentrionais conhecidas para estas espécies<br />
(Anexo 1). Acredita-se que, à medida que novas<br />
áreas ainda não inventariadas forem amostradas, algumas<br />
espécies consideradas endêmicas restritas (ver<br />
Tabela 1) venham a ter suas distribuições geográficas<br />
ampliadas, demonstrando que alguns padrões atuais<br />
de endemismo restrito são apenas reflexos do pequeno<br />
esforço de coleta e da sua cobertura geográfica fragmentada.<br />
O refinamento da informação sistemática e taxonômica<br />
A insuficiência do conhecimento sistemático, agravada<br />
pela fragmentação geográfica do esforço de amostragem,<br />
é um dos problemas mais sérios enfrentados<br />
na elaboração de listas de espécies regionais (Rodrigues,<br />
2003). Um reflexo desta limitação pode ser observado<br />
em inventários realizados no Espinhaço que<br />
apresentam um grande número de espécies com determinações<br />
taxonômicas incertas (ver Juncá, 2005;<br />
Nascimento et al., 2005b; Canelas & Bertolucci, 2007).<br />
Se considerados esses táxons, o número de espécies e<br />
os padrões de endemismos da cadeia se modificariam<br />
consideravelmente. Padrões de riqueza e endemismo,<br />
utilizados como base para medidas conservacionistas,<br />
podem mudar significativamente quando mais dados<br />
são coletados e incorporados nas análises (Brown &<br />
Brown, 1993; Heyer, 1988; Silva, 1995). Assim, a realização<br />
de revisões taxonômicas e a descrição de novas<br />
espécies são também importantes etapas a serem cumpridas<br />
para que possamos preencher p<strong>arte</strong> das lacunas<br />
existentes sobre a fauna do Espinhaço e assim melhorar<br />
a abrangência das suas estratégias de conservação.<br />
Áreas prioritárias para a conservação<br />
Cinco áreas inseridas no complexo do Espinhaço foram<br />
reconhecidas como prioritárias para a conservação de<br />
répteis e anfíbios em Minas Gerais (Drummond et al.,<br />
2005). Devido ao grande número de endemismos e alta<br />
riqueza de espécies, é indiscutível a importância desta<br />
formação para a conservação de anfíbios no estado.<br />
É interessante dizer, porém, que dentro do Espinhaço<br />
certamente existem áreas de prioridade máxima para a<br />
conservação de anfíbios e que devem ser preservadas<br />
em detrimento de outras menos importantes. Contudo,<br />
a qualidade da informação sobre a ocorrência e<br />
distribuição das espécies de anfíbios atualmente disponível<br />
e utilizada na definição dessas áreas não nos<br />
oferece a precisão necessária para determiná-las com<br />
segurança. Acredita-se que a delimitação de áreas<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
190 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil<br />
prioritárias para a conservação de anfíbios no estado<br />
de Minas Gerais (ver Drummond et al., 2005) só alcançará<br />
refinamento apropriado, do ponto de vista técnico,<br />
caso sejam previamente realizados inventários<br />
faunísticos em todo o estado e seja compilada a informação<br />
existente nos principais acervos de coleções e<br />
museus do país. A falta de conhecimento sobre a distribuição<br />
geográfica das espécies constitui certamente o<br />
problema mais importante a ser resolvido para que áreas<br />
prioritárias para conservação possam ser definidas de<br />
forma adequada. Rodrigues (2003) expõe a inviabilidade<br />
de se optar adequadamente por alternativas de conservação<br />
na ausência de uma base de dados proveniente de<br />
amostragens representativas e com ampla cobertura geográfica.<br />
É sempre bom alertar pessoas envolvidas com<br />
assuntos ambientais de que nenhuma estratégia de conservação<br />
pode ser melhor do que a qualidade do inventário<br />
biológico no qual ela é baseada (Silva, 1995).<br />
O cenário acima exposto, somado ao atual ritmo de<br />
degradação das paisagens naturais em áreas do Espinhaço<br />
(Drummond et al., 2005; Juncá, 2005), alerta para<br />
a urgente necessidade de criação de programas que<br />
subsidiem prioritariamente o preenchimento das lacunas<br />
do conhecimento. Outro ponto a ser discutido é o<br />
tratamento conjunto dado ao grupo dos répteis e anfíbios<br />
e utilizado na delimitação das áreas prioritárias de<br />
Minas Gerais, o que obviamente toca o Espinhaço. Visto<br />
que anfíbios e répteis possuem necessidades muito<br />
distintas no uso de habitats e recursos, é possível que<br />
as áreas prioritárias para conservação destes dois grupos<br />
sejam distintas. Este tratamento equivocado foi<br />
também utilizado em diversas análises conservacionistas<br />
de âmbito nacional (MMA, 1999; MMA, 2000a; MMA<br />
2000b; MMA, 2003) e carece de sentido biológico, o<br />
que diminui consideravelmente a aplicabilidade de suas<br />
conclusões para fins de conservação específicos. Por<br />
exemplo, pode-se considerar que uma dada localidade<br />
seja de extrema importância para anfíbios, no entanto<br />
seu valor será subestimado se ela não apresentar prioridade<br />
para a conservação de répteis (e vice-versa).<br />
ESPÉCIES AMEAÇADAS<br />
A primeira lista oficial de espécies ameaçadas de<br />
extinção a contemplar espécies de anfíbios do Espinhaço<br />
foi a primeira versão da lista Lista Vermelha da Fauna<br />
Ameaçada de Extinção do Estado de Minas Gerais, homologada<br />
em 1995 (Machado et al., 1998). As endêmicas<br />
Phasmahyla jandaia, Scinax pinina, Physalaemus<br />
deimaticus e Crossodactylus bokermanni foram então<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
classificadas como vulneráveis (VU) de acordo com os<br />
critérios e categorias da IUCN (1996), também expostos<br />
em Lins et al. (1997). Na ocasião da publicação<br />
essas espécies eram conhecidas apenas para suas localidades<br />
tipo, na Serra do Cipó (Bernardes, 1998;<br />
Caramaschi, 1998a; Caramaschi, 1998b; Nascimento,<br />
1998). Na última revisão da lista de Minas Gerais essas<br />
espécies foram retiradas de suas categorias de ameaça<br />
por diferentes razões (Biodiversitas, 2006). Para Scinax<br />
pinima e Physalaemus deimaticus, foi julgado que o esforço<br />
amostral na região não teria sido grande e geograficamente<br />
abrangente o suficiente para assumir que<br />
essas espécies estariam de fato sofrendo algum tipo de<br />
declínio populacional. Desta forma, essas espécies foram<br />
inseridas na categoria DD (dados insuficientes). Por<br />
outro lado, Phasmahyla jandaia foi excluída da lista por<br />
ter sido encontrada em diversas outras localidades e<br />
unidades de conservação (Caramaschi et al., 2000; Canelas<br />
& Bertolucci, 2007; F. S. F. Leite, obs. pess.).<br />
O mesmo ocorreu com Crossodactylus bokermanni,<br />
que foi também registrado em outras áreas do<br />
Espinhaço mineiro (Afonso & Eterovick, 2007; B. V. S.<br />
Pimenta, M. Wachlevski & C. A. G. Cruz, em prep.). Por<br />
esses mesmos motivos essas espécies também não foram<br />
classificadas em categorias de ameaça na Lista da<br />
Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (IBAMA, 2003).<br />
O status de conservação das espécies endêmicas do<br />
Espinhaço segundo as listagens oficiais de Minas Gerais<br />
e do Brasil é apresentado na Tabela 1.<br />
A escassez de dados sobre a ocorrência e distribuição<br />
de espécies de anfíbios, agravada pela falta de resolução<br />
taxonômica, dificulta tentativas de determinação<br />
de seus status de conservação. Os critérios da IUCN<br />
enfocam parâmetros como tamanho populacional e área<br />
de distribuição (IUCN, 2001), os quais não estão disponíveis<br />
para a grande maioria das espécies do grupo.<br />
Além disto, esses parâmetros foram criados para aves<br />
e mamíferos e a sua aplicabilidade para os anfíbios<br />
neotropicais gera controvérsia (ver Pimenta et al., 2005;<br />
Stuart et al., 2004; Stuart et al., 2005). Todos estes fatores,<br />
muitas vezes, resultam em um alto grau de subjetividade<br />
nas análises, opiniões divididas e resultados não<br />
comparáveis entre os grupos taxonômicos analisados.<br />
Sendo assim, o número relativamente baixo de espécies<br />
de anfíbios colocadas em categorias de ameaça,<br />
se comparado ao número de espécies alocadas na categoria<br />
de dados insuficientes (DD) em escalas nacional<br />
(ver Anexo II em Machado et al., 2005) e estadual (Biodiversitas,<br />
2006) reflete mais a falta de informação sobre<br />
o grupo do que um resultado tranqüilizador para a<br />
sua conservação.
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Vasconcelos, M. F., L. E. Lopes, Machado, C. G., Bornschein, M.<br />
R., Rodrigues, M. 2007. As aves dos campos rupestres da<br />
Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação.<br />
<strong>Megadiversidade</strong> (neste volume).<br />
Versieux, L. M, T. Wendt, R. B. Louzada & M. G. L. Wanderley.<br />
2007. Bromeliaceae da Cadeia do Espinhaço. <strong>Megadiversidade</strong><br />
(neste volume).
ANEXO 1 – Lista das espécies de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Minas Gerais e Bahia, Brasil, provida dos municípios<br />
de ocorrência e respectivas fontes dos registros.<br />
TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />
ANUROS<br />
Brachycephalidae<br />
Ischnocnema izecksohni (Caramaschi & Kisteumacher, 1989) MG: Belo Horizonte 14 ; Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ;<br />
Rio Acima 38 ; Catas Altas 12 ; Congonhas do Campo e<br />
Ouro Branco 37<br />
Ischnocnema juipoca (Sazima & Cardoso, 1978) MG: Santana do Riacho 35 ; Catas Altas 12 ; Belo Horizonte,<br />
Nova Lima, Rio Vermelho e São Gonçalo do Rio Preto 37<br />
Bufonidae<br />
Rhinella crucifer (Wied-Neuwied, 1821) BA: Lençóis 42<br />
Rhinella granulosa (Spix, 1824) MG: Serranópolis de Minas 37 ;<br />
BA: Lençóis 42 ; Morro do Chapéu 51<br />
Rhinella jimi (Stevaux, 2002) BA: Juciape, , , Lençóis, Morro do Chapéu, Mucugê e<br />
Rio de Contas 42<br />
Rhinella ornata (Spix, 1824) MG: Catas Altas 12<br />
Rhinella pombali (Baldissera, Caramaschi & Haddad, 2004) MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Belo Horizonte 27 ;<br />
Caeté, Conceição do Mato Dentro, Grão Mogol, Mariana<br />
e São Gonçalo do Rio Abaixo 3 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas ;<br />
Brumadinho, Diamantina, Ouro Branco e Rio Vermelho 37<br />
Rhinella rubescens (Lutz, 1925) MG: Santana do Riacho 32 ; Cristália e Grão Mogol 36 ;<br />
Catas Altas 28 ; Brumadinho, Conceição do Mato Dentro,<br />
Congonhas do Campo, Diamantina, Nova Lima, Santana<br />
do Pirapama e Santo Antônio do Itambé 37 ;<br />
BA: Rio de Contas 42<br />
Rhinella schneideri (Werner, 1894) MG: Santana do Riacho 35 ; Cristália e Grão Mogol 36 ;<br />
Belo Horizonte, Buenópolis, Congonhas do Campo,<br />
Diamantina, Francisco Sá, Nova Lima, Santana do<br />
Pirapama e Serranópolis de Minas 37<br />
Centrolenidae<br />
Hyalinobatrachium eurygnathum (Lutz, 1925) MG: Nova Lima 53<br />
Hyalinobatrachium uranoscopum (Müller, 1924) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 12 ; Congonhas do<br />
Campo, Nova Lima, Ouro Branco 37<br />
Craugastoridae<br />
Haddadus binotatus (Spix, 1824) MG: Ouro Preto 56 ; Belo Horizonte, Brumadinho,<br />
Congonhas do Campo, Nova Lima e Ouro Branco 37<br />
Cycloramphidae<br />
Crossodactylus bokermanni Caramaschi & Sazima, 1985 MG: Santana do Riacho 18 ; Catas Altas 1<br />
Crossodactylus trachystomus (Reinhardt & Lütken, 1862) MG: Belo Horizonte 16 ; Catas Altas 12<br />
Cycloramphus eleutherodactylus (Miranda-Ribeiro, 1920) MG: Ouro Preto 40<br />
Odontophrynus americanus (Duméril & Bibron, 1841) MG: Santana do Riacho 34 ; Conceição do Mato Dentro e<br />
Diamantina 37<br />
Odontophrynus carvalhoi Savage & Cei, 1965 MG: Cristália 36<br />
Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862 MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ;<br />
Catas Altas 12 ; Belo Horizonte e Congonhas do Campo 37<br />
Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1824) MG: Cristália 36 ; Ouro Preto 56 ; Catas Altas 28 ; Belo<br />
Horizonte, Congonhas do Campo, Nova Lima, Ouro Branco 37<br />
Proceratophrys cristiceps (Müller, 1883) BA: Morro do Chapéu 51<br />
Leite, Juncá & Eterovick | 195<br />
Proceratophrys cururu Eterovick & Sazima, 1998 MG: Santana do Riacho 31 ; Conceição do Mato Dentro e<br />
São Gonçalo do Rio Preto 44<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
196 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação do Anexo 1<br />
TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />
Rupirana cardosoi Heyer, 1999 BA: Andaraí, Morro do Chapéu e Mucugê 41 ; Lençóis 42<br />
Thoropa megatympanum Caramaschi & Sazima, 1984 MG: Santana do Riacho 17 ; Botumirim 36 ; Catas Altas 12 ;<br />
Brumadinho, Conceição do Mato Dentro, Diamantina,<br />
São Gonçalo do Rio Preto e Serranópolis de Minas 37<br />
Thoropa miliaris (Spix, 1824) MG: Botumirim, Cristália e Grão Mogol 36 ; Catas Altas 12<br />
Dendrobatidae<br />
Ameerega flavopicta (Lutz, 1925) MG: Belo Horizonte 49 ; Jaboticatubas e Santana do Riacho 39<br />
Hylidae<br />
Aplastodiscus arildae (Cruz & Peixoto, 1987) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 12 ; Belo Horizonte, Nova<br />
Lima, Ouro Branco 37<br />
Aplastodiscus cavicola (Cruz & Peixoto, 1985) MG: Ouro Preto 56 ; São Gonçalo do Rio Abaixo 24 ;<br />
Congonhas do Campo 37<br />
Corythomantis greeningi Boulenger, 1896 MG: Cristália 36 ;<br />
BA: Morro do Chapéu 42<br />
Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956) MG: Santa Bárbara 4 ; Santana do Riacho 5 ; Botumirim 36 ;<br />
Catas Altas 12 ; Conceição do Mato Dentro, Diamantina,<br />
Felício dos Santos, Francisco Sá, Ouro Branco, Santo<br />
Antônio do Itambé, Serranópolis de Minas e São Gonçalo<br />
do Rio Preto 37<br />
Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871) MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Catas Altas 12 ;<br />
Brumadinho, Congonhas do Campo, Ouro Branco 37<br />
Bokermannohyla diamantina Napoli & Juncá, 2006 BA: Abaíara 52<br />
Bokermannohyla itapoty Lugli & Haddad, 2006 BA: Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras 47<br />
Bokermannohyla martinsi (Bokermann, 1964) MG: Santana do Riacho e Santa Bárbara 5 ; Ouro Preto 56 ;<br />
Caeté e Nova Lima 20 ; Catas Altas 28 ; Brumadinho,<br />
Congonhas do Campo, Ouro Branco 37<br />
Bokermannohyla nanuzae (Bokermann & Sazima, 1973) MG: Santana do Riacho 8 ; Barão de Cocais, Caeté e<br />
Nova Lima 20 ; Catas Altas 28 ; Conceição do Mato Dentro,<br />
Felício dos Santos, Rio Vermelho , Santo Antônio do<br />
Itambé e São Gonçalo do Rio Preto 37<br />
Bokermannohyla oxente Lugli & Haddad, 2006 BA: Lençóis, Mucugê, Palmeiras, Rio de Contas 48<br />
Bokermannohyla saxicola (Bokermann, 1964) MG: Santana do Riacho 5 ; Botumirim 36 ; Berilo, Botumirim<br />
e Santa Luzia 58 ; Buenópolis, Conceição do Mato Dentro,<br />
Diamantina, Felício dos Santos, Grão Mogol, Rio Vermelho,<br />
Santana do Pirapama, Santo Antônio do Itambé , São<br />
Gonçalo do Rio Preto, Serranópolis de Minas 37 ;<br />
Dendropsophus branneri (Cochran, 1948) MG: Cristália 36 ; Santo Antônio do Itambé 44 ;<br />
BA: Bonito, Lençóis e Morro do Chapéu 42 ; Mucugê 51<br />
Dendropsophus decipiens (Lutz, 1925) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 37<br />
Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 44 ; Conceição do Mato<br />
Dentro, Itambé do Mato Dentro, Moeda, Ouro Branco,<br />
Santo Antônio do Itambé, São Gonçalo do Rio Abaixo,<br />
São Gonçalo do Rio Preto 37<br />
Dendropsophus minutus (Peters, 1872) MG: Santana do Riacho 35 ; Botumirim, Cristália e Grão<br />
Mogol 36 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 45 ;<br />
Belo Horizonte, Buenópolis, Conceição do Mato Dentro,<br />
Diamantina, Nova Lima, Ouro Branco, Santo Antônio do<br />
Itambé, São Gonçalo do Rio Preto 37 ;<br />
BA: Lençóis, Mucugê e Rio de Contas 42<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Anexo 1<br />
TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />
Dendropsophus oliveirai (Bokermann, 1963) BA: Morro do Chapéu 42<br />
Dendropsophus rubicundulus (Reinhardt & Lütken, 1862) MG: Buenópolis, Caeté, Joaquim Felício, Santana do<br />
Riacho e Serranópolis de Minas 37<br />
Dendropsophus seniculus (Cope, 1868) MG: Catas Altas 43 ; Conceição do Mato Dentro 37<br />
Hypsiboas albomarginatus (Spix, 1824) MG: São Gonçalo do Rio Preto 37 ;<br />
BA: Bonito e Lençóis 42<br />
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) MG: Santana do Riacho 29 ; Botumirim e Grão Mogol 36 ;<br />
Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 28 ; Belo<br />
Horizonte, Buenópolis, Brumadinho, Conceição do Mato<br />
Dentro, Diamantina, Francisco Sá, Nova Lima, Ouro Branco,<br />
Santo Antônio do Itambé e São Gonçalo do Rio Preto 37 ;<br />
BA: Jussiape, Mucugê, Palmeiras e Rio de Contas 42<br />
Hypsiboas cipoensis (Lutz, 1968) MG: Santana do Riacho 50 ; Diamantina 26 ; Conceição do<br />
Mato Dentro, Grão Mogol, São Gonçalo do Rio Preto e<br />
Serranópolis de Minas, 37<br />
Hypsiboas crepitans (Wied-Neuwied, 1824) MG: Botumirim e Cristália 36 ; Joaquim Felício, Diamantina,<br />
Santana do Riacho e Santo Antônio do Itambé 37 ;<br />
BA: Jussiape, Lençóis, Morro do Chapéu e Mucugê 42<br />
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) MG: Grão Mogol 36 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas<br />
Altas 28 ; Belo Horizonte, Brumadinho, Conceição do<br />
Mato Dentro, Congonhas do Campo, Francisco Sá, Moeda,<br />
Nova Lima e Ouro Branco 37 ;<br />
BA: Morro do Chapéu 51 ; Lençóis e Mucugê 42<br />
Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) MG: Santana do Riacho 8 ; Botumirim e Cristália 36 ; Rio<br />
Acima 38 ; Belo Horizonte, Francisco Sá, Nova Lima e<br />
Santana do Pirapama 37<br />
Hypsiboas pardalis (Spix, 1824) MG: Ouro Preto 56 ; Mariana e Ouro Branco 37<br />
Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870) MG: Botumirim 36 ; Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Rio<br />
Acima 38 ; Catas Altas 28 ; Belo Horizonte, Conceição do<br />
Mato Dentro, Congonhas do Campo, Ouro Branco e<br />
Santo Antônio do Itambé 37<br />
Hypsiboas semilineatus (Spix, 1824) MG: Ouro Preto 56<br />
Phasmahyla jandaia (Bokermann & Sazima, 1978) MG: Santana do Riacho 10 ; Leme do Prado 19 ; Catas<br />
Altas 12 ; Congonhas do Campo; Nova Lima; Ouro<br />
Branco, Ouro Preto 37<br />
Phyllomedusa bahiana Lutz, 1925 BA: Morro do Chapéu e Lençóis 42<br />
Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882 MG: Cristália 36 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 28 ;<br />
Brumadinho, Congonhas do Campo e Nova Lima 37<br />
Phyllomedusa hypochondrialis (Daudin, 1800) BA: Morro do Chapéu 42<br />
Phyllomedusa megacephala (Miranda-Ribeiro, 1926) MG: Santana do Riacho 25 ; Cristália 13 ; Diamantina e<br />
São Gonçalo do Rio Preto 37<br />
Phyllomedusa rohdei Mertens, 1926 MG: Catas Altas 37<br />
Phyllomedusa itacolomi Caramaschi, Cruz & Feio, 2006 MG: Ouro Preto e Ouro Branco 22 ; Congonhas do Campo<br />
e Nova Lima 37<br />
Scinax auratus (Wied-Neuwied, 1821) BA: Morro do Chapéu 42<br />
Scinax cabralensis (Drummond, Baêta e Silvério-Pires, 2007) MG: Joaquim Felício e Buenópolis 63<br />
Leite, Juncá & Eterovick | 197<br />
Scinax curicica Pugliese, Pombal & Sazima, 2004 MG: Santana do Riacho 7 ; Serra do Caraça 59 ; Catas<br />
Altas 43 ; São Gonçalo do Rio Preto 45 ; Conceição do<br />
Mato Dentro, Diamantina, Ouro Branco, Ouro Preto,<br />
Santo Antônio do Itambé e Serranópolis de Minas 37<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
198 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação do Anexo 1<br />
TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />
Scinax eurydice (Bokermann, 1968) MG: Ouro Preto 56 ; Catas Altas 44 ; Conceição do Mato<br />
Dentro 37 ;<br />
BA: Morro do Chapéu 42<br />
Scinax flavoguttatus (Lutz & Lutz, 1939) MG: Ouro Preto 56<br />
Scinax fuscomarginatus (Lutz, 1925) MG: Buenópolis, Catas Altas, Diamantina, Santana do<br />
Riacho, Santo Antônio do Itambé e São Gonçalo do Rio<br />
Preto 37 ;<br />
BA: Lençóis 42<br />
Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) MG: Santana do Riacho 35 ; Botumirim e Cristália 36 ;<br />
Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 12 ; Belo<br />
Horizonte, Buenópolis, Catas Altas, Conceição do Mato<br />
Dentro, Congonhas do Campo, Diamantina, Nova Lima,<br />
Ouro Branco, São Gonçalo do Rio Preto e Serranópolis<br />
de Minas 37<br />
Scinax longilineus (Lutz, 1968) MG: Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Belo<br />
Horizonte, Brumadinho, Congonhas do Campo e Ouro<br />
Branco 37<br />
Scinax luizotavioi (Caramaschi & Kisteumacher, 1989) MG: Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo 15 ;<br />
Nova Lima 53 ; Ouro Preto 56 ; Catas Altas 28 ; Brumadinho,<br />
Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Campo e Ouro<br />
Branco 37<br />
Scinax machadoi (Bokermann & Sazima, 1973) MG:: Santana do Riacho 9 ; Catas Altas 28 ; Conceição do<br />
Mato Dentro 37<br />
Scinax maracaya (Cardoso & Sazima, 1980) MG: Nova Lima 23<br />
Scinax pachycrus (Miranda-Ribeiro, 1937) BA: Morro do Chapéu 42<br />
Scinax pinima (Bokermann & Sazima, 1973) MG: Santana do Riacho 9<br />
Scinax squalirostris (Lutz, 1925) MG: Santana do Riacho 30 ; Catas Altas 43 ; Buenópolis,<br />
Brumadinho, Conceição do Mato Dentro, Diamantina e<br />
Santo Antônio do Itambé 37<br />
Scinax x-signatus (Spix, 1824) MG: Botumirim e Cristália 36 ;<br />
BA: Lençóis e Morro do Chapéu 42<br />
Trachycephalus venulosus (Laurenti, 1768) MG: Santana do Riacho 30<br />
Hylodidae<br />
Hylodes otavioi (Sazima & Bokermann, 1983) MG: Santana do Riacho 61 ; Morro do Pilar 11<br />
Hylodes uai (Nascimento, Pombal & Haddad, 2001) MG: Ouro Preto 56 ; Belo Horizonte 54 ; Catas Altas 28 ;<br />
Caeté e Nova Lima 37<br />
Leiuperidae<br />
Physalaemus albifrons (Spix, 1824) MG: Serranópolis de Minas 37<br />
Physalaemus centralis (Bokermann, 1962) MG: Santana do Riacho e Diamantina 55<br />
Physalaemus cicada (Bokermann, 1966) BA: Morro do Chapéu 37<br />
Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826) MG: Botumirim, Cristália e Grão Mogol 36 ; Santana do<br />
Riacho 34 ; Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas,<br />
Nova Lima e São Gonçalo do Rio Abaixo 55 ; Catas Altas 44 ;<br />
Belo Horizonte, Brumadinho, Conceição do Mato<br />
Dentro, Diamantina, Joaquim Felício, Nova Lima, Ouro<br />
Branco e Santo Antônio do Itambé 37<br />
Physalaemus deimaticus Sazima & Caramaschi, 1988 MG: Santana do Riacho 62<br />
Physalaemus erythros Caramaschi, Feio & Guimarães-Neto, 2003 MG: Ouro Preto 21<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Anexo 1<br />
TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />
Leite, Juncá & Eterovick | 199<br />
Physalaemus evangelistai Bokermann, 1967 MG: Santana do Riacho 6 ; São Gonçalo do Rio Preto 45 ;<br />
Catas Altas 44 ; Conceição do Mato Dentro 37<br />
Physalaemus fuscomaculatus (Steindachner, 1864) MG: Diamantina e Santana do Riacho 55 ; Buenópolis e<br />
Rio Vermelho 37<br />
Physalaemus maximus Feio, Pombal & Caramaschi, 1999 MG: Ouro Preto 2<br />
Pleurodema diplolister (Peters, 1870) MG: Cristália 36 ;<br />
BA: Morro do Chapéu 42<br />
Pseudopaludicola mineira Lobo, 1994 MG: Buenópolis e Santana do Riacho 46 ; Diamantina,<br />
Felício dos Santos e São Gonçalo do Rio Preto 37<br />
Pseudopaludicola saltica (Cope, 1887) MG: Santana do Riacho 46 ; Brumadinho, Catas Altas,<br />
Diamantina, Ouro Branco, Santana do Pirapama e Santo<br />
Antônio do Itambé 37<br />
Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867) MG: Botumirim e Grão Mogol 36 ; Augusto de Lima e<br />
Diamantina 55<br />
Leptodactylidae<br />
Leptodactylus bokermanni Heyer, 1973 MG: Santana do Riacho 35 ; Catas Altas 12 ; Rio Vermelho 37<br />
Leptodactylus camaquara Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; São Gonçalo do Rio Preto 45 ;<br />
Conceição do Mato Dentro, Diamantina, Santo Antônio<br />
do Itambé e Serranópolis de Minas 37<br />
Leptodactylus cunicularius Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; Brumadinho, Congonhas do<br />
Campo, Diamantina, Ouro Branco, Ouro Preto e Santana<br />
do Riacho 37<br />
Leptodactylus furnarius Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; Botumirim 36 ; Brumadinho,<br />
Catas Altas, Diamantina, Santana do Riacho, São<br />
Gonçalo do Rio Preto e Serranópolis de Minas 37 ;<br />
BA: Abaíra e Palmeiras 42 ; Mucugê 51<br />
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) MG: Botumirim e Cristália 36 ; Santana do Riacho 33 ;<br />
Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Catas Altas 12 ; Belo<br />
Horizonte, Conceição do Mato Dentro, Congonhas do<br />
Campo, Nova Lima, Ouro Branco e Rio Vermelho 37<br />
Leptodactylus jolyi Sazima & Bokermann, 1978 MG: Santana do Riacho 60 ; Catas Altas 43 ; Brumadinho,<br />
Conceição do Mato Dentro, Congonhas do Campo,<br />
Diamantina, Nova Lima, Ouro Branco, São Gonçalo do<br />
Rio Preto e Serranópolis de Minas 37<br />
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) MG: Botumirim e Grão Mogol 36 ; Santana do Riacho 33 ;<br />
Ouro Preto 56 ; Rio Acima 38 ; Brumadinho, Conceição do<br />
Mato Dentro, Diamantina, Nova Lima, Santo Antônio do<br />
Itambé e Santana do Pirapama 37 ;<br />
BA: Bonito, Jussiape, Lençóis, Morro do Chapéu e Rio<br />
de Contas 42<br />
Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) BA: Lençóis 42<br />
Leptodactylus mystacinus (Burmeister, 1861) MG: Cristália 36 ; Catas Altas 44 ;<br />
BA: Morro do Chapéu 42<br />
Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758) MG: Grão Mogol 36 ; Nova Lima 53 ; Santana do Riacho 33 ;<br />
Ouro Preto 56 ; Catas Altas 43 ; Buenópolis, Conceição do<br />
Mato Dentro, Diamantina, Francisco Sá, Joaquim Felício,<br />
Nova Lima, Ouro Branco e Santo Antônio do Itambé 37 ;<br />
BA: Bonito, Lençóis, Morro do Chapéu, Mucugê e Rio de<br />
Contas 42<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
200 | Status do conhecimento, endemismo e conservação de anfíbios anuros da Serra do Espinhaço, Brasil<br />
...continuação do Anexo 1<br />
TAXA MUNICÍPIO E FONTE<br />
Leptodactylus syphax Bokermann, 1969 MG: Santana do Riacho 33<br />
Leptodactylus troglodytes Lutz, 1926 BA: Lençóis e Morro do Chapéu 42<br />
Microhylidae<br />
Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885) BA: Rio de Contas e Morro do Chapéu 42<br />
Elachistocleis ovalis (Schneider, 1799) MG: Santana do Riacho 35 ; Botumirim 36 ; Catas Altas 44 ;<br />
Brumadinho, Conceição do Mato Dentro, Diamantina,<br />
Itambé do Mato Dentro e Nova Lima 37<br />
Strabomantidae<br />
Strabomantis aramunha (Cassimiro, Verdade & Rodrigues, 2008) BA: Mucugê 64<br />
LEGENDA<br />
1- (Afonso & Eterovick, 2007)<br />
2 - (Baêta et al., 2005)<br />
3 - (Baldissera et al., 2004)<br />
4 - (Bokermann, 1956)<br />
5 - (Bokermann, 1964)<br />
6 - (Bokermann, 1967a)<br />
7 - (Bokermann, 1967b)<br />
8 - (Bokermann & Sazima, 1973a)<br />
9 - (Bokermann & Sazima, 1973b)<br />
10 - (Bokermann & Sazima, 1978)<br />
11 - (C. Canedo, comunicação pessoal)<br />
12 - (Canelas & Bertoluci, 2007)<br />
13 - (Caramaschi, 2006)<br />
14 - (Caramaschi & Kisteumacher, 1988)<br />
15 - (Caramaschi & Kisteumacher, 1989a)<br />
16 - (Caramaschi & Kisteumacher, 1989b)<br />
17 - (Caramaschi & Sazima, 1984)<br />
18 - (Caramaschi & Sazima, 1985)<br />
19 - (Caramaschi et al., 2000)<br />
20 - (Caramaschi et al., 2001)<br />
21 - (Caramaschi et al., 2003)<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
22 - (Caramaschi et al., 2006)<br />
23 - (Cardoso & Sazima, 1980)<br />
24 - (Cassimiro et al., 2006)<br />
25 - (Cruz, 1982)<br />
26 - (Cruz & Caramaschi, 1998)<br />
27 - (Eterovick, 2000)<br />
28 - (Eterovick & Barata, 2006)<br />
29 - (Eterovick & Fernandes, 2001)<br />
30 - (Eterovick & Fernandes, 2002)<br />
31 - (Eterovick & Sazima, 1998)<br />
32 - (Eterovick & Sazima, 1999)<br />
33 - (Eterovick & Sazima, 2000a)<br />
34 - (Eterovick & Sazima, 2000b)<br />
35 - (Eterovick & Sazima, 2004)<br />
36 - (Feio & Caramaschi, 1995)<br />
37 - (F. S. F. Leite, registros pessoais)<br />
38 - (Grandinetti & Jacobi, 2005)<br />
39 - (Haddad & Martins, 1994)<br />
40 - (Heyer & Maxson, 1983)<br />
41 - (Heyer, 1999)<br />
42 - (Juncá, 2005)<br />
43 - (Koop et al., 2006)<br />
44 - (Kopp & Eterovick, 2006)<br />
45 - (Leite et al., 2006)<br />
46 - (Lobo, 1994)<br />
47 - (Lugli & Haddad, 2006a)<br />
48 - (Lugli & Haddad, 2006b)<br />
49 - (Lutz,A., 1925)<br />
50 - (Lutz, B., 1968)<br />
51 - (MZUEFS)<br />
52 - (Napoli & Juncá, 2006)<br />
53 - (Nascimento et al., 1994)<br />
54 - (Nascimento et al., 2001)<br />
55 - (Nascimento et al., 2005a)<br />
56 - (Pedralli et al., 2001)<br />
57 - (Pereira & Nascimento, 2004)<br />
58 - (Pombal Jr. & Caramaschi, 1995)<br />
59 - (Pugliese et al., 2004)<br />
60 - (Sazima & Bokermann, 1978)<br />
61 - (Sazima & Bokermann, 1982)<br />
62 - (Sazima & Caramaschi, 1986)<br />
63 - (Drummond et al., 2007)<br />
64 - (Cassimiro et al., 2008)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Biodiversidade e conservação de peixes do<br />
Complexo do Espinhaço<br />
CARLOS BERNARDO MASCARENHAS ALVES 1 *<br />
CECÍLIA GONTIJO LEAL 2<br />
MARCELO FULGÊNCIO GUEDES DE BRITO 3<br />
ALEXANDRE CLISTENES DE ALCÂNTARA SANTOS 3<br />
1 Projeto Manuelzão, Universidade Federal de Minas Gerais – <strong>UFMG</strong>, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Universidade Federal de Lavras – UFLA, Minas Gerais, Brasil.<br />
3 Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, Bahia, Brasil.<br />
* e-mail: curimata@netuno.lcc.ufmg.br<br />
RESUMO<br />
A riqueza de espécies da região Neotropical, em especial do Brasil, é relevante em relação à<br />
fauna de peixes de água doce atualmente conhecida no mundo. A região do Complexo do<br />
Espinhaço é ainda pouco conhecida, mas possui grande potencial de ocorrência de novas<br />
espécies de peixes e de endemismos, face às grandes lacunas de levantamentos sistematizados.<br />
Este trabalho apresenta um levantamento dos dados disponíveis na literatura que demonstrou<br />
a ocorrência de, pelo menos, 162 espécies. Destas, 27 são endêmicas e 12 constam<br />
em listas de espécies ameaçadas de extinção. Considerando-se a falta de conhecimento dessa<br />
fauna e a crescente expansão da ocupação humana e suas atividades decorrentes, a região do<br />
Complexo do Espinhaço merece especial atenção em termos de conservação. A criação de<br />
novas Unidades de Conservação, o respeito à legislação vigente no que se refere às áreas de<br />
proteção permanente (APP), o controle de potenciais impactos principalmente a introdução<br />
de espécies exóticas de peixes e deterioração da qualidade de água, aliadas ao incentivo da<br />
pesquisa, poderão garantir melhor conhecimento e a manutenção deste patrimônio em longo<br />
prazo.<br />
ABSTRACT<br />
Species richness in the Neotropical region, especially in Brazil, is significant considering all known<br />
freshwater fish species in the World. The Espinhaço Complex is still poorly known but has a great<br />
potential regarding to the occurrence of endemic and new fish species occurrence, due to large gaps<br />
of surveys. Available data in technical literature showed the presence of, at least, 162 fish species,<br />
from which 27 are endemic, 12 are mentioned in endangered species lists. Considering the lack of<br />
information about this fauna, and the increasing human occupation and its activities, the Espinhaço<br />
Complex region deserves special conservation attention. New Conservation Units establishment, the<br />
respect to the present regulations concerning Permanent Protection Areas, the control of potential<br />
impacts mainly to avoid alien species introductions and water quality deterioration, allied to research<br />
incentive, may guarantee better knowledge and the long term maintenance of this patrimony.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
202 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
INTRODUÇÃO<br />
A região Neotropical possui fauna de peixes das mais<br />
diversificadas do mundo. Apesar das disparidades entre<br />
as estimativas disponíveis na literatura em relação<br />
às espécies de água doce, a ordem de grandeza é superlativa:<br />
2.400-4.000 para McAllister et al. (1997),<br />
4.475 para Reis et al. (2003) e até mesmo cerca de 8.000<br />
(Schaefer, 1998). Considerando apenas o Brasil, estimativas<br />
apresentadas por Lewinsohn & Prado (2002)<br />
demonstraram a ocorrência de 2.657 espécies de peixes<br />
ósseos, número atualizado para 3.261 (Lewinsohn<br />
& Prado, 2005). Buckup & Menezes (2003, apud Agostinho<br />
et al. 2005) apontam a ocorrência de 2.122 espécies,<br />
enquanto McAllister et al. (1997) estimam em<br />
3.000 espécies de peixes de água doce exclusivas do<br />
país.<br />
Apesar de rico, esse patrimônio não está protegido<br />
e encontra-se ameaçado por vários fatores. A perda<br />
de hábitats, por exemplo, é considerada a principal<br />
causa de extinção de peixes de água doce no mundo<br />
(Dudgeon et al., 2006), seguida pela introdução de<br />
espécies exóticas (Miller et al., 1989; Moyle & Leidy,<br />
1992) e sobreexplotação (Allan et al, 2005.). O ritmo<br />
de devastação de ambientes naturais é crescente e<br />
acompanha o crescimento da população humana.<br />
A ampliação da fronteira agrícola, crescimento da<br />
exploração mineral, implantação de projetos para geração<br />
de energia elétrica, projetos de irrigação, desmatamento,<br />
expansão urbana, descarga de efluentes<br />
domésticos e industriais, disposição inadequada de<br />
lixo, entre outros, são fatores que levam à deterioração<br />
da qualidade das águas e destruição de hábitats<br />
aquáticos. Considerando que as águas superficiais continentais<br />
representam apenas 0,8% da superfície terrestre<br />
e que esses ambientes comportam cerca de 40%<br />
da riqueza de peixes conhecida (Nelson, 1994), os ambientes<br />
de água doce merecem especial atenção em<br />
relação ao esforço de conservação.<br />
No Brasil, várias áreas são pouco conhecidas do ponto<br />
de vista da riqueza de fauna e possuem altas taxas<br />
de endemismos; o Complexo do Espinhaço é uma delas.<br />
Situada nos estados de Minas Gerais e Bahia, esta<br />
cadeia de montanhas é rica em ambientes aquáticos,<br />
cabeceiras de várias bacias hidrográficas e endemismos<br />
de espécies animais e vegetais. O difícil acesso a<br />
algumas regiões do Complexo do Espinhaço, somado<br />
ao interesse reduzido em explorar ambientes de cabeceira,<br />
contribuem para a ausência de conhecimento<br />
sobre a ictiofauna desta cadeia com características<br />
tão peculiares.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
O presente trabalho tem o objetivo de realizar o<br />
levantamento das espécies de peixes atualmente conhecidas<br />
para a região do Espinhaço, detectando as lacunas<br />
de conhecimento, potenciais riscos para a sua<br />
conservação e necessidades de trabalhos futuros que<br />
garantam a preservação desse patrimônio, hoje pouco<br />
conhecido e ameaçado.<br />
METODOLOGIA<br />
Área de estudo<br />
O Complexo do Espinhaço é um conjunto de serras de<br />
aproximadamente 1.000 km de extensão, localizado<br />
entre o quadrilátero ferrífero, na região centro-sul de Minas<br />
Gerais, e a Chapada Diamantina, na porção central da<br />
Bahia (Derby, 1906) (Figura 1). Possui orientação no sentido<br />
N-S com largura variável, e altitudes superiores a<br />
1.000m, limitando-se à região de cabeceira das drenagens.<br />
A vegetação característica das altitudes mais elevadas<br />
é de campos rupestres, mas recebe também a influência<br />
de outros domínios, como a Mata Atlântica,<br />
Cerrado e Caatinga na cadeia de montanhas, o que propiciou<br />
o estabelecimento de diversas fitofisionomias<br />
(Derby, 1906). A região é banhada por dois grandes<br />
gupos hidrográficos: a bacia do rio São Francisco e as<br />
bacias costeiras do Atlântico Leste Brasileiro. Na bacia<br />
do rio São Francisco, uma série de sub-bacias da margem<br />
direita acompanha toda sua vertente oeste. Nenhum<br />
trecho da sua calha principal corta o Complexo,<br />
sendo delegado esse papel apenas aos seus tributários.<br />
Na face leste do Espinhaço predominam as cabeceiras<br />
de cursos d’água das bacias do Leste Brasileiro como<br />
Doce, Jequitinhonha, Mucuri, Pardo, Contas, Paraguaçu<br />
e Itapicuru, onde nascem e percorrem um caminho mais<br />
curto em direção ao Oceano Atlântico.<br />
Formação do banco de dados<br />
O presente trabalho foi realizado com base na consulta<br />
de dados secundários disponíveis na literatura científica,<br />
informações contidas na consulta ampla realizada<br />
para o Workshop Diagnóstico do Status do Conhecimento<br />
da Biodiversidade e de sua Conservação na<br />
Cadeia do Espinhaço e na experiência dos autores em<br />
levantamentos ictiofaunísticos. Estas informações foram<br />
organizadas de acordo com a ocorrência das espécies<br />
de peixes, as coordenadas geográficas dos locais<br />
amostrados, as bacias hidrográficas, status de conservação<br />
e endemismo, para posterior análise do caráter<br />
de insubstituibilidade de espécies (Brooks et al., 2006).<br />
Essas informações fundamentaram a elaboração de ma-
FIGURA 1 - Delimitação da área do Complexo do Espinhaço.<br />
pas, avaliação de áreas importantes para conservação<br />
e também de áreas carentes de informação e prioritárias<br />
para a realização de estudos.<br />
As espécies registradas fora dos limites estabelecidos,<br />
mas com mesma faixa de altitude de áreas contíguas<br />
ao Complexo do Espinhaço foram consideradas<br />
no presente levantamento. Outros taxa que foram identificados<br />
até o nível de gênero (p. ex., Gênero sp.), uma<br />
ou mais vezes (p. ex., sp.1, sp.2, sp.3 ou sp.A, sp.B,<br />
sp.C), ou por se tratar de espécie nova (sp.n), foram<br />
mantidas, porém com apenas uma citação. Essa foi uma<br />
medida conservadora, tendo em vista que pode haver<br />
mais de uma espécie englobada por apenas uma citação.<br />
Espécies com identificação incerta, citadas como<br />
cf. ou aff. (p. ex: Astyanax cf. scabripinnis e Astyanax aff.<br />
scabripinnis) foram ambas consideradas como cf.<br />
(Astyanax cf. scabripinnis).<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 203<br />
Algumas espécies foram cadastradas no banco de<br />
dados sem coordenadas geográficas precisas, mas o<br />
registro veio associado a uma localidade ou município.<br />
Para essas espécies o local foi determinado como<br />
sendo o ponto mais próximo ao rio da localidade descrita.<br />
Embora o grupo dos Rivulidae seja expressivo em<br />
número de espécies ameaçadas de extinção, o mesmo<br />
não foi considerado no presente trabalho em função<br />
das informações pouco precisas a respeito da ocorrência<br />
das espécies, impossibilitando sua verificação dentro<br />
dos limites do Complexo do Espinhaço. A biologia<br />
altamente especializada destas espécies e sua ocorrência<br />
em áreas extremamente limitadas (ambientes aquáticos<br />
temporários) dificultam a determinação de áreas<br />
de distribuição precisas. Muitas destas espécies possuem<br />
ocorrência limitada à localidade-tipo.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
204 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
RESULTADOS<br />
Riqueza de espécies de peixes<br />
No presente levantamento, foram registradas 162 espécies<br />
de peixes (Tabela 1), mesmo considerando que<br />
nos taxa identificados somente até o nível de gênero<br />
pode haver mais de uma espécie. As espécies estão distribuídas<br />
em seis ordens e 25 famílias, excetuando-se o<br />
pirá (Conorhynchos conirostris) cuja situação é insertae sedis<br />
na ordem Siluriformes. Deste total, 27 espécies são<br />
endêmicas e 14 exóticas às bacias hidrográficas que<br />
compõem o Complexo do Espinhaço (Anexo 1). As<br />
espécies listadas estão presentes nas bacias hidrográficas<br />
dos rios das Velhas, Paraopeba, Pardo, Doce,<br />
Paraguaçu e Jequitinhonha. A Figura 2 apresenta a<br />
distribuição espacial dos pontos de ocorrência destas<br />
espécies. Na figura 3 são apresentadas fotografias de<br />
algumas espécies mencionadas no texto.<br />
À exceção do trabalho de Lütken (1875) no rio das<br />
Velhas, importante tributário do rio São Francisco, poucas<br />
bacias hidrográficas brasileiras possuem dados históricos<br />
que permitam comparar a situação no passado<br />
com a atual. Registros históricos são importantes para<br />
mostrar o comportamento de populações numa escala<br />
temporal (Sheldon, 1988). Assim como em outras regiões<br />
do Brasil (Menezes et al., 1990), o conhecimento<br />
pretérito da ictiofauna do Complexo do Espinhaço é<br />
deficiente. Os poucos registros acerca da diversidade<br />
são, em sua maioria, publicações isoladas com descrição<br />
de espécies coletadas em expedições científicas<br />
pontuais. Recentemente estudos foram conduzidos<br />
contemplando comunidades de peixes do Espinhaço<br />
(Alves & Pompeu, 2001; Santos, 2003; Santos, 2005;<br />
Vieira et al., 2005). A investigação científica de Alves &<br />
Pompeu (2001) é uma comparação histórica com os resultados<br />
de Lütken (1875). Foi registrado acréscimo no<br />
número de espécies, principalmente de pequeno porte,<br />
bem como extinções locais nos 150 anos que separam<br />
os dois trabalhos (Pompeu & Alves, 2003).<br />
Atualmente, inventários globais de biodiversidade<br />
(p. ex. All Catfish Species Inventory [Inventário de Todas<br />
as Espécies de Bagres]) têm apoiado estudos para ampliar<br />
o conhecimento e explorar regiões nunca<br />
amostradas ou pouco conhecidas. Os resultados obtidos<br />
mostram uma média de descrições de espécies de<br />
Siluriformes superior à média histórica (Ferraris-Jr. &<br />
Reis, 2005). As lacunas de conhecimento ainda persistem<br />
e são necessários trabalhos nestas regiões, não só<br />
para determinar a diversidade local, como também os<br />
processos a que estas comunidades estão submetidas.<br />
Os poucos levantamentos disponíveis estão ou próxi-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
mos de grandes centros ou associados a pontos isolados<br />
em função de projetos de licenciamento ambiental<br />
ou mesmo interesse particular. Em função do grande<br />
número de bacias isoladas do leste brasileiro que possuem<br />
cabeceiras no Espinhaço, há um grande potencial<br />
de novas descobertas, ampliação da área de distribuição<br />
e eliminação de lacunas geográficas no conhecimento<br />
da fauna de peixes da região.<br />
Lacunas de conhecimentos<br />
Demonstrando a grande lacuna de conhecimento sobre<br />
os peixes do Complexo do Espinhaço e também<br />
o potencial da região para descoberta de novos taxa,<br />
somente no <strong>final</strong> do século passado e início do atual,<br />
25 espécies novas de peixes foram descritas, algo próximo<br />
de 15% do total registrado para área de estudo, a<br />
saber: os Characiformes Astyanax turmalinensis Triques,<br />
Vono & Caiafa 2003, Hyphessobrycon negodagua Lima &<br />
Gerhard 2001, Kolpotocheirodon figueiredoi Malabarba,<br />
Lima & Weitzman 2004 Moenkhausia diamantina Benine,<br />
Castro & Santos 2007, Myxiops aphos Zanata & Akama<br />
2004 e Salminus franciscanus Lima & Britski 2007, os Siluriformes:<br />
Aspidoras psammatides Britto, Lima & Santos<br />
2006, Copionodon lianae Campanario & de Pinna, 2000,<br />
Copionodon orthiocarinatus de Pinna, 1992, Copionodon<br />
pecten de Pinna 1992, Glaphyropoma rodriquesi de Pinna<br />
1992, Harttia garavelloi Oyakawa, 1993, Harttia leiopleura<br />
Oyakawa 1993, Harttia novalimensis Oyakawa 1993,<br />
Harttia novalimensis Oyakawa 1993, Harttia torrenticola<br />
Oyakawa 1993, Hypostomus chrysostiktos Birindelli,<br />
Zanata & Lima 2007, Kalyptodoras bahiensis Higuchi,<br />
Britski & Garavello 1990, Neoplecostomus franciscoensis<br />
Langeani 1990, Pareiorhaphis mutuca Oliveira & Oyakawa<br />
1999, Pareiorhaphis stephanus Oliveira & Oyakawa 1999,<br />
Thrichomycterus landinga Triques & Vono 2004,<br />
Trichomycterus itacambirussu Triques & Vono 2004,<br />
Trichomycterus jequitinhonhae Triques & Vono 2004,<br />
Trichomycterus trefauti Wosiacki 2004 e da ordem<br />
Cyprinodontiformes Phalloceros uai Lucinda 2008.<br />
Ressalte-se que grande p<strong>arte</strong> dos registros presentes<br />
na lista ao nível de gênero pode se tratar de<br />
espécies novas para a ciência, mais ainda não descritas<br />
formalmente. É interessante notar o predomínio de Siluriformes<br />
em relação aos Characiformes. Talvez isso<br />
se deva ao hábito críptico dessas espécies, que vivem<br />
no fundo de rios e riachos, sob pedras, troncos e folhas<br />
do substrato. Casatti (2005) credita o predomínio de<br />
Siluriformes em trechos superiores à presença de<br />
trechos de corredeiras com pouca profundidade e<br />
substrato pedregoso. Bizerril & Primo (2001) em bacias<br />
hidrográficas do estado do Rio de Janeiro também
verificaram este mesmo padrão de domínio de Siluriformes<br />
em relação às demais ordens.<br />
Conservação da Ictiofauna<br />
(espécies ameaçadas, espécies endêmicas)<br />
Quatorze registros são mencionados em listas recentes<br />
de espécies ameaçadas de extinção, seja ao nível<br />
nacional (MMA, 2004) ou estadual (MG - comunicação<br />
pessoal Drummond) – Anexo 1. Pelo fato dos esforços<br />
para elaboração de listas de espécies ameaçadas serem<br />
relativamente recentes (excetuando-se casos isolados),<br />
e publicados em trabalhos acadêmicos ou em listas oficiais<br />
pelos estados ou nacional, ainda há uma carência<br />
de informações sobre biologia, ocorrência e distribuição,<br />
e também sobre alterações ao longo do tempo.<br />
Certamente as listas seriam maiores e teriam maior base<br />
técnica se houvesse um maior esforço para obtenção<br />
das informações básicas necessárias para avaliações<br />
mais precisas.<br />
Estudos realizados na Serra do Cipó por Vieira et al.<br />
(2005) mostram que o Parque Nacional da Serra do Cipó<br />
protege apenas 16 das 48 espécies registradas nas cabeceiras<br />
dos rios Cipó (bacia do rio São Francisco) e<br />
Santo Antônio (bacia do Rio Doce). As áreas de entorno<br />
do Parque concentram fauna rica e também diversificada<br />
(22 espécies), inclusive com ocorrência de espécie<br />
ameaçada de extinção (Pareiorhaphis mutuca). Se fossem<br />
adicionados os dados de Alves & Pompeu (2001), que<br />
recentemente também realizaram coletas imediatamente<br />
a jusante do Parque, essa disparidade seria ainda<br />
maior, com acréscimo de outras 8 espécies. Esse fato<br />
reforça a idéia de que as áreas protegidas brasileiras<br />
são baseadas na fisionomia da vegetação ou relacionadas<br />
com a ocorrência de fauna terrestre. Geralmente<br />
ocupam áreas de cabeceiras, que até possuem<br />
ictiofauna característica, mas pecam em não proteger<br />
áreas baixas das bacias, que concentram espécies de<br />
porte variado, migradoras ou não, mas que estão mais<br />
suscetíveis aos impactos da ocupação humana. Master<br />
(1990, apud Angermeier, 1995) estima que as taxas que<br />
colocam em risco as espécies dentro dos maiores grupos<br />
aquáticos, como peixes, caranguejos e moluscos,<br />
são de três a oito vezes maiores do que para aves e<br />
mamíferos. Há, portanto, a necessidade de levar em consideração<br />
a fauna aquática (peixes e outros grupos como<br />
bentos, zooplâncton e fitoplâncton) para a criação de<br />
reservas naturais com objetivos de conservação do patrimônio<br />
ambiental brasileiro.<br />
Em nível nacional, áreas prioritárias para conservação<br />
de peixes e/ou biota aquática, abrangem os limites<br />
do Complexo do Espinhaço. Trechos de cursos d’água<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 205<br />
são relacionados nas seguintes categorias: (1) extrema<br />
importância biológica (rio Jequitinhonha e alto rio Santo<br />
Antônio); (2) importância biológica muito alta (alto<br />
rio Paraguaçu); (3) importância biológica alta (médio rio<br />
Paraguaçu); e (4) insuficientemente conhecidas, mas de<br />
provável importância biológica (rios Itapicuru,<br />
Paraguaçu – em seu trecho em domínio de Mata Atlântica,<br />
Contas, Pardo e Jacuípe) (MMA/SBF, 2002).<br />
Das áreas consideradas prioritárias para conservação<br />
da ictiofauna no estado de Minas Gerais (Drummond<br />
et al, 2005), seis encontram-se parcial ou totalmente<br />
no Complexo do Espinhaço: alto rio Jequitinhonha, bacia<br />
do alto rio Pardo, bacia do rio Suaçuí Grande, tributários<br />
do rio das Velhas, rio Preto e região do alto rio<br />
Santo Antônio. O rio Santo Antônio, bacia do rio Doce,<br />
em particular, é um exemplo de descaso com a fauna<br />
aquática. Esta é a única sub-bacia na qual o andirá<br />
(Henochilus wheatlandii) tem ocorrência no mundo (Vieira<br />
et al, 2000; Vieira & Alves, 2001). O fato de figurar na<br />
lista de espécies ameaçadas de extinção, e a região ser<br />
considerada área de interesse especial para conservação<br />
no estado, não impedem que empreendimentos<br />
hidrelétricos sejam propostos. A construção e operação<br />
de barragens também é um problema nas demais<br />
áreas citadas que, apesar de possuírem elevada importância<br />
biológica, sofrem ameaças constantes devido à<br />
poluição, assoreamento, desmatamento, mineração e<br />
introdução de espécies exóticas (Drummond et al, 2005).<br />
Outra espécie sob forte ação antrópica é o cascudinho<br />
P. mutuca. Seus registros apontam para a área mais<br />
populosa do Complexo do Espinhaço que apresenta intensa<br />
exploração de jazidas minerais e recentemente<br />
muito valorizada comercialmente para expansão imobiliária.<br />
A indicação de áreas prioritárias para conservação<br />
é apenas o primeiro passo para a definição de medidas<br />
de proteção das espécies, que devem abranger diversos<br />
segmentos da sociedade. É necessário reunir esforços<br />
para eliminar ou reduzir os fatores de impacto ambiental,<br />
e sobretudo, investir em estudos de distribuição<br />
das espécies, preenchendo lacunas de conhecimento.<br />
Tais estudos fornecem as informações que atualmente<br />
servem de base para as medidas de conservação no<br />
Brasil. Em Minas Gerais, as ações de conservação da<br />
ictiofauna são muito modestas, restringindo-se à aplicação<br />
de multas por danos ambientais, interdição<br />
temporária da pesca e sua fiscalização (Drummond<br />
et al, 2005). Em geral as áreas oficialmente definidas<br />
como prioritárias para conservação não são consideradas<br />
nos processos de licenciamento de novos empreendimentos.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
206 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
TABELA 1 – Lista das espécies de peixes registradas no Complexo do Espinhaço.<br />
TÁXON NOME POPULAR<br />
ORDEM CHARACIFORMES<br />
Família Parodontidae<br />
1 Apareiodon ibitiensis Amaral Campos 1944 Canivete<br />
2 Apareiodon itapicuruensis Eigenmann & Henn 1916 Canivete<br />
3 Apareiodon piracicabae (Eigenmann 1907) Canivete<br />
4 Apareiodon sp. Canivete<br />
5 Parodon hilarii Reinhardt 1867 Canivete<br />
Família Curimatidae<br />
6 Cyphocharax gilbert (Quoy & Gaimard 1824) Sagüiru<br />
7 Steindachnerina corumbae Pavanelli & Britski 1999 Sagüiru<br />
8 Steindachnerina elegans (Steindachner 1875) Sagüiru<br />
Família Prochilodontidae<br />
9 Prochilodus costatus Valenciennes 1850 Curimatá-pioa<br />
Família Anostomidae<br />
10 Leporellus vittatus (Valenciennes 1850) Piau-rola, Piancó<br />
11 Leporinus amblyrhynchus Garavello & Britski 1987 Timburé<br />
12 Leporinus bahiensis Steindachner 1875<br />
13 Leporinus cf. thayeri Borodin 1929<br />
14 Leporinus copelandii Steindachner 1875 Piau-vermelho<br />
15 Leporinus crassilabris Borodin 1929 Piapara<br />
16 Leporinus elongatus Valenciennes 1850 Piapara<br />
17 Leporinus garmani Borodin 1919<br />
18 Leporinus marcgravii Lütken 1875 Timburé<br />
19 Leporinus mormyrops Steindachner 1875 Timburé<br />
20 Leporinus obtusidens (Valenciennes 1837) Piau-verdadeiro<br />
21 Leporinus reinhardti Lütken 1875 Piau-três-pintas<br />
22 Leporinus sp.<br />
23 Leporinus steindachneri Eigenmann 1907 Piau-branco<br />
24 Leporinus taeniatus Lütken 1875 Piau, Timburé<br />
Família Crenuchidae<br />
25 Characidium cf. timbuiense Travassos 1946<br />
26 Characidium cf. zebra Eigenmann 1909<br />
27 Characidium cf. bahiense Almeida 1971<br />
28 Characidium fasciatum Reinhardt 1867<br />
29 Characidium lagosantense Travassos, 1947<br />
30 Characidium sp.<br />
Família Characidae<br />
31 Astyanax cf. scabripinnis (Jenyns 1842) Lambari<br />
32 Astyanax bimaculatus (Linnaeus 1758) Lambari-do-rabo-amarelo<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON NOME POPULAR<br />
33 Astyanax cf. taeniatus (Jenyns 1842) Lambari<br />
34 Astyanax eigenmanniorum (Cope 1894) Lambari<br />
35 Astyanax fasciatus (Cuvier 1819) Lambari-do-rabo-vermelho<br />
36 Astyanax sp. Lambari<br />
37 Astyanax turmalinensis Triques, Vono & Caiafa 2003<br />
38 Brycon nattereri Günther 1864 Pirapitinga<br />
39 Brycon opalinus (Cuvier 1819) Piabanha<br />
40 Brycon sp. n.<br />
41 Bryconamericus stramineus Eigenmann 1908 Piaba<br />
42* Colossoma macropomum (Cuvier 1816) Tambaqui<br />
43 Compsura heterura Eigenmann 1915 Piaba<br />
44 Deuterodon cf. pedri Eigenmann 1908 Lambari<br />
45 Hasemania nana (Lütken 1875) Piaba<br />
46 Henochilus wheatlandii Garman 1890 Andirá<br />
47 Hemigrammus marginatus Ellis 1911 Piaba<br />
48 Hyphessobrycon cf. gracilis (Lütken 1875) Piaba<br />
49 Hyphessobrycon negodagua Lima & Gerhard 2001<br />
50 Hyphessobrycon sp.<br />
51 Hysteronotus megalostomus Eigenmann 1911 Piaba<br />
52 Kolpotocheirodon figueiredoi Malabarba, Lima & Weitzman 2004<br />
53 Moenkhausia diamantina Benine, Castro & Santos 2007<br />
54 Myleus micans (Lütken 1875) Pacu<br />
55 Myxiops aphos Zanata & Akama 2004<br />
56 Oligosarcus argenteus Günther 1864 Lambari-bocarra<br />
57 Oligosarcus macrolepis (Steindachner, 1876)<br />
58 Oligosarcus sp.<br />
59 Phenacogaster franciscoensis Eigenmann 1911 Piaba<br />
60 Piabina argentea Reinhardt 1867 Piaba<br />
61 Tetragonopterus chalceus Spix & Agassiz 1829 Piaba-rapadura, Zoiúda<br />
62 Triportheus guentheri (Garman 1890) Piaba-rapadura<br />
63 Salminus franciscanus Lima & Britski 2007 Dourado<br />
64 Salminus hilarii Valenciennes 1850 Tabarana, Dourado-branco<br />
65 Serrapinnus heterodon (Eigenmann 1915) Piaba<br />
66 Serrapinnus piaba (Lütken 1875) Piaba<br />
67 Serrasalmus brandtii Lütken 1875 Pirambeba<br />
Família Acestrorhynchidae<br />
68 Acestrorhynchus lacustris (Lütken 1875) Peixe-cachorro<br />
Família Erythrinidae<br />
69 Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix & Agassiz 1829) Jeju<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 207<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
208 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON NOME POPULAR<br />
70* Hoplias cf. lacerdae Miranda Ribeiro 1908 Trairão<br />
71 Hoplias malabaricus (Bloch 1794) Traíra<br />
ORDEM SILURIFORMES<br />
Incertae Sedis<br />
72 Conorhynchos conirostris (Valenciennes 1840) Pirá<br />
Família Aspredinidae<br />
73 Bunocephalus sp.<br />
Família Trichomycteridae<br />
74 Copionodon lianae Campanario & de Pinna 2000<br />
75 Copionodon orthiocarinatus de Pinna 1992<br />
76 Copionodon pecten de Pinna 1992<br />
77 Homodiaetus sp. Candiru<br />
78 Ituglanis sp.<br />
79 Glaphyropoma rodriquesi de Pinna 1992<br />
80 Stegophilus insidiosus Reinhardt 1859 Candiru<br />
81 Trichomycterus cf. alternatus (Eigenmann 1917) Cambeva<br />
82 Trichomycterus cf. brasiliensis Lütken 1874 Cambeva<br />
83 Trichomycterus cf. immaculatus (Eigenmann & Eigenmann 1889) Cambeva<br />
84 Trichomycterus itacambirussu Triques & Vono 2004 Cambeva<br />
85 Trichomycterus jequitinhonhae Triques & Vono 2004 Cambeva<br />
86 Trichomycterus landinga Triques & Vono 2004 Cambeva<br />
87 Trichomycterus sp.<br />
88 Trichomycterus trefauti Wosiacki 2004 Cambeva<br />
89 Trichomycterus vermiculatus (Eigenmann 1917) Cambeva<br />
Família Callichthyidae<br />
90 Aspidoras psammatides Britto, Lima & Santos 2005<br />
91 Aspidoras sp.<br />
92 Corydoras cf. garbei Ihering 1911<br />
Família Loricariidae<br />
93 Delturus brevis Reis & Pereira, 2006<br />
94 Harttia garavelloi Oyakawa 1993<br />
95 Harttia leiopleura Oyakawa 1993<br />
96 Harttia novalimensis Oyakawa 1993<br />
97 Harttia sp.<br />
98 Harttia torrenticola Oyakawa 1993<br />
99 Hemipsilichthys sp. Cascudinho<br />
100 Hisonotus sp. Cascudinho<br />
101 Hypostomus affinis (Steindachner 1877) Cascudo<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON NOME POPULAR<br />
102 Hypostomus cf. commersonii Valenciennes 1836 Cascudo<br />
103 Hypostomus chrysostiktos Birindelli, Zanata & Lima 2007<br />
104 Hypostomus garmani (Regan 1904) Cascudo<br />
105 Hypostomus macrops (Eigenmann & Eigenmann 1888) Cascudo<br />
106 Hypostomus margaritifer (Regan 1908) Cascudo<br />
107 Hypostomus sp.<br />
108 Neoplecostomus franciscoensis Langeani 1990 Cascudinho<br />
109 Neoplecostomus sp.<br />
110 Otocinclus sp.<br />
111 Pareiorhaphis mutuca (Oliveira & Oyakawa 1999) Cascudinho<br />
112 Pareiorhaphis stephanus (Oliveira & Oyakawa 1999)<br />
113 Pareiorhina sp.<br />
114 Parotocinclus bahiensis (Miranda-Riberio 1918)<br />
115 Parotocinclus sp.<br />
116 Rineloricaria sp.<br />
Família Pseudopimelodidae<br />
117 Cephalosilurus fowleri Haseman 1911 Bagre-sapo, pacamã<br />
Família Heptapteridae<br />
118 Cetopsorhamdia cf. iheringi Schubart & Gomes 1959 Bagrinho<br />
119 Cetopsorhamdia sp.<br />
120 Heptapteridae gen. n.<br />
121 Heptapterus sp.<br />
122 Imparfinis sp.<br />
123 Imparfinnis minutus (Lütken 1875) Mandizinho<br />
124 Phenacorhamdia cf. somnians (Mees 1974) Bagrinho<br />
125 Pimelodella itapicuruensis Eigenmann 1917<br />
126 Pimelodella lateristriga (Lichtenstein 1823) Chorão<br />
127 Pimelodella sp.<br />
128 Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard 1824) Bagre<br />
129 Rhamdia jequitinhonha Silfvergrip, 1996 Bagre<br />
Família Pimelodidae<br />
130 Duopalatinus emarginatus (Valenciennes 1840) Mandiaçu<br />
131 Pimelodus fur (Lütken 1874) Mandi-prata<br />
132 Pimelodus maculatus Lacepède 1803 Mandi-amarelo<br />
133 Pseudoplatystoma corruscans (Spix & Agassiz 1829) Surubim<br />
Família Doradidae<br />
134 Franciscodoras marmoratus (Reinhardt, 1874) Mandi-serrudo<br />
135 Kalyptodoras bahiensis Higuchi, Britski & Garavello 1990 Peracuca<br />
136 Wertheimeria maculata Steindachner 1877 Roncador<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 209<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
210 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TÁXON NOME POPULAR<br />
Família Auchenipteridae<br />
137 Trachelyopterus galeatus (Linnaeus 1766) Cangati<br />
138 Trachelyopterus sp.<br />
Família Clariidae<br />
139* Clarias gariepinus (Burchell 1822) Bagre-africano<br />
ORDEM GYMNOTIFORMES<br />
Família Gymnotidae<br />
140 Gymnotus cf. carapo Linnaeus 1758 Sarapó, Tuvira<br />
141 Gymnotus sp. Sarapó<br />
Família Sternopygidae<br />
142 Eigenmannia cf. virescens (Valenciennes 1836) Peixe-espada<br />
143 Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider 1801) Sarapó<br />
Família Apteronotidae<br />
144 Apteronotus brasiliensis (Reinhardt 1852) Sarapó<br />
ORDEM CYPRINODONTIFORMES<br />
Família Poeciliidae<br />
145 Pamphorichthys hollandi (Henn 1916) Barrigudinho<br />
146 Phalloceros uai (Lucinda 2008) Barrigudinho<br />
147* Poecilia reticulata Peters 1859 Lebiste, Barrigudinho<br />
148 Poecilia sp.n.<br />
149 Poecilia vivipara Bloch & Schneider 1801 Barrigudinho<br />
150* Xiphophorus hellerii Heckel 1848 Espadinha<br />
ORDEM PERCIFORMES<br />
Família Cichlidae<br />
151* Astronotus ocellatus (Agassiz 1831) Apaiari<br />
152 Australoheros (Jenyns 1842) Cará-preto<br />
153 Cichlasoma sanctifranciscense Kullander 1983 Cará<br />
154* Cichla cf. temensis Tucunaré<br />
155* Cichla sp.<br />
156 Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard 1824) Cará<br />
157* Oreochromis sp. Tilápia<br />
158* Tilapia rendalli (Boulenger 1897) Tilápia<br />
159* Tilapia sp.<br />
Família Centrarchidae<br />
160* Lepomis gibbosus (Linnaeus 1758) Perca-do-sol<br />
161* Micropterus salmoides (Lacepède 1802) Black-bass<br />
ORDEM CYPRINIFORMES<br />
Família Cyprinidae<br />
162* Cyprinus carpio Linnaeus 1758 Carpa<br />
* Espécies exóticas aos rios do Complexo do Espinhaço.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
FIGURA 2 - Distribuição espacial dos pontos de ocorrência das espécies.<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 211<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
212 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
FIGURA 3 - Peixes endêmicos das bacias que compõem o Complexo do Espinhaço: (1) Henochilus wheatlandii, (2) Moenkhausia<br />
diamantina, (3) Brycon opalinus, (4) Characidium lagossantense, (5) Leporinnus thayeri, (6) Leporinus bahiensis,<br />
(7) Francicodoras marmoratus, (8) Conorhynchos conirostris, (9) Hypostomus chrysostiktos, (10) Kalyptodoras bahiense,<br />
(11) Neoplecostomus franciscoensis, (12) Harttia novalimensis, (13) Pareiorhaphis mutuca.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Impactos ambientais<br />
Contrastando com a falta de conhecimento, impactos<br />
existentes e potenciais ameaçam essa fauna, mesmo antes<br />
de ser suficientemente conhecida. Ao largo do Complexo<br />
do Espinhaço diversas regiões padeceram com a<br />
exploração de jazidas minerais (p. ex. ouro, diamante,<br />
minério de ferro), sendo uma prática ainda comum em<br />
várias regiões. Talvez seja este o primeiro grande impacto<br />
com ações diretas na fauna aquática. Atualmente,<br />
a expansão imobiliária, as queimadas, mineração, o<br />
represamento de rios, atividades agropecuárias e a introdução<br />
de espécies exóticas figuram entre as principais<br />
ameaças para as espécies de peixes do Espinhaço.<br />
CONCLUSÕES<br />
As informações apresentadas permitem concluir que<br />
ainda são insuficientes os esforços realizados até o presente<br />
para caracterizar o potencial do Complexo do<br />
Espinhaço, apesar do número de registros obtido (162<br />
espécies), tendo em vista as enormes lacunas e completa<br />
ausência de informações em certas áreas. A baixa<br />
riqueza de espécies dessas áreas pode ser atribuída à<br />
falta de estudos. O pouco que está publicado aborda a<br />
descrição de espécies novas e não estudos sobre o conjunto<br />
de espécies propriamente dito, ou sobre a sua<br />
biologia, distribuição, etc. Em alguns casos se conhece<br />
apenas a distribuição dos exemplares utilizados para a<br />
descrição da espécie. Há, também, um grande volume<br />
de dados levantados em estudos de impacto ambiental<br />
para licenciamento de empreendimentos que permanecem<br />
indisponíveis em relatórios técnicos.<br />
Para traçar medidas de conservação das espécies é<br />
necessária uma visão do sistema aquático, além de conhecer<br />
as peças envolvidas no processo (Sheldon, 1988).<br />
Investimentos no mapeamento da biodiversidade devem<br />
ser estimulados em função dos impactos cada vez<br />
mais freqüentes e crescentes. Para espécies com distribuição<br />
geográfica restrita, a vulnerabilidade é maximizada<br />
pela ameaça de um simples evento catastrófico<br />
seja ele natural ou antrópico (Angermeier, 1995). Posteriormente,<br />
questões biogeográficas, relação espécieárea<br />
e conectividade do sistema passam a ocupar o foco<br />
do conhecimento. O conjunto de espécies endêmicas e<br />
ameaçadas de extinção ainda não possui garantia de<br />
conservação em Unidades de Conservação formais do<br />
Espinhaço.<br />
Considerando-se o fato de que as medidas de conservação<br />
brasileiras fundamentam-se basicamente em informações<br />
sobre distribuição e ocorrência de espécies,<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 213<br />
fica clara a prioridade que deve ser atribuída aos estudos<br />
de inventário e descrição de espécies. A deficiência<br />
do conhecimento da ictiofauna do Complexo do<br />
Espinhaço torna-se uma relevante justificativa para se<br />
conservar uma região tão importante no Brasil, incentivando<br />
iniciativas que possam reverter o quadro atual.<br />
Recomendações<br />
Com base nos resultados dessa primeira avaliação<br />
sobre a fauna de peixes do Complexo do Espinhaço,<br />
recomenda-se:<br />
• Incentivo aos inventários nas áreas de lacuna de estudos<br />
e investigação sobre a biologia básica das espécies<br />
de peixes;<br />
• determinação dos principais impactos que atualmente<br />
ameaçam as espécies de peixes e implantação<br />
de medidas para eliminá-los ou, pelo menos,<br />
minimizá-los;<br />
• dar-se especial atenção para evitar a introdução de<br />
espécies exóticas de peixes, principalmente aquelas<br />
de maior porte, híbridos utilizados em piscicultura e<br />
espécies de hábito alimentar carnívoro;<br />
• exigência de cumprimento da legislação vigente no<br />
que concerne às áreas de preservação permanente<br />
(APP), principalmente nascentes, encostas de maior<br />
declividade, faixa de vegetação ciliar proporcionais<br />
à largura dos cursos d’água, etc.;<br />
• criação de Unidades de Conservação voltadas para a<br />
proteção da biota aquática, principalmente onde haja<br />
alta taxa de endemismos e/ou espécies ameaçadas<br />
de extinção, ou ainda nas áreas de alta insubstituibilidade<br />
decorrente das simulações com os dados disponíveis;<br />
• apoio às Unidades de Conservação existentes, com<br />
incentivo para os levantamentos biológicos, topográficos,<br />
hidrográficos, climáticos, etc., visando a<br />
elaboração dos respectivos Planos de Manejo;<br />
• apoio às medidas de controle, fiscalização e monitoramento<br />
de empreendimentos, cidades e atividades<br />
que possam trazer prejuízo à qualidade da água.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Os autores expressam seus agradecimentos à Conservação<br />
Internacional do Brasil, Instituto Biotrópicos e<br />
Fundação Biodiversitas, em especial ao agrônomo Cássio<br />
Soares Martins, pela confecção dos mapas apresentados<br />
no presente trabalho, e aos pesquisadores de<br />
várias instituições que participam da consulta ampla.<br />
Agradecem também aos biólogos Fábio Vieira pelo fornecimento<br />
de fotografias de Henochilus wheatlandii,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
214 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
Brycon opalinus e Leporinus thayeri, Marcelo Melo de<br />
Moenkhausia diamantina e Marcelo Britto de Aspidoras<br />
psammatides, apresentadas na Figura 1.<br />
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Ichthyological exploration of Freshwaters 15: 161-172.<br />
Triques, M.L., V. Vono & E.V. Caiafa. 2003. Astyanax turmalinensis,<br />
a new species of fish from the Rio Jequitinhonha basin, Minas<br />
Gerais, Brazil (Characiformes: Characidae: Tetragonopterinae).<br />
Journal of Ichthyology and Aquatic Biology 7: 145-150.<br />
Vieira, F. & C.B.M. Alves. 2001. Threatened fishes of the World:<br />
Henochilus wheatlandii Garman, 1890 (Characidae).<br />
Environmental Biology of Fishes 62: 414.<br />
Vieira, F., C.B.M. Alves & G.B. Santos. 2000. Rediscovery and first<br />
record of Henochilus wheatlandii (Teleostei, Characiformes) a rare<br />
Neotropical fish, in Doce river basin, southeastern Brazil.<br />
Ichthyological Exploration of Freshwaters 11(3): 201-206.<br />
Vieira, F., G.B. Santos & C.B.M. Alves. 2005. A ictiofauna do Parque<br />
Nacional da Serra do Cipó (Minas Gerais, Brasil) e áreas<br />
adjacentes. Lundiana 6 (supplement):77-87.<br />
Wosiacki, W.B. 2004. New species of the catfish genus<br />
Trichomycterus (Siluriformes, Trichomycteridae) from the<br />
headwaters of the rio São Francisco basin, Brazil. Zootaxa<br />
592: 1-12.<br />
Zanata, A.M. & A. Akama. 2004. Myxiops aphos, new characid<br />
genus and species (Characiformes, Characidae) from the rio<br />
Lençóis, Bahia, Brazil. Neotropical Ichthyology 2(2): 45-54.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
216 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
ANEXO 1 – Locais de ocorrência e características das espécies registradas na área do Complexo do Espinhaço.<br />
ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />
Acestrorhynchus lacustris Rio Cipó 1 19<br />
Apareiodon ibitiensis Rio Cipó 1 1<br />
Apareiodon itapicuruensis Rio Itapicuru 5 x x 23<br />
Apareiodon piracicabae Rio Cipó 1 1<br />
Apareiodon sp. Rio Pardo 3 26<br />
Apteronotus brasiliensis Rio Cipó 1 19<br />
Aspidoras psammatides Rio Caldeirão 5 , rio Paraguaçu 5 x x 2<br />
Aspidoras sp. Córrego do Cabral 6 , ribeirão de Trás 6 16<br />
Astronotus ocellatus Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />
Astyanax bimaculatus Rio Cipó 1 , rio das Velhas 1 1, 19<br />
Astyanax cf. scabripinnis Afluentes do rio Santo Antônio4 , rio Cipó1 , 1, 7, 16, 19,<br />
córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />
córrego Laranjeiras<br />
20, 22, 23, 24<br />
6 , córrego do Morro<br />
Redondo6 , rio das Velhas1 , rio Piabas5 ,<br />
córrego Prazeres4 , rio Paraguaçu5 Astyanax cf. taeniatus Córrego Prazeres4 22<br />
Astyanax eigenmanniorum Rio Cipó1 19<br />
Astyanax fasciatus Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />
córrego Laranjeiras<br />
7, 16, 19<br />
6 , córrego do Morro<br />
Redondo6 , rio Cipó1 Astyanax sp. Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />
córrego do Cabral<br />
7, 16, 25, 26<br />
6 , ribeirão de Trás6 ,<br />
córrego Laranjeiras6 , córrego do Morro<br />
Redondo6 , ribeirão Cristais1 , córrego<br />
Taquaras1 , córrego Fechos1 , rio Pardo3 Astyanax turmalinensis Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 x x 7<br />
Australoheros facetus Rio Cipó1 , córrego Prazeres4 1, 22, 24<br />
Brycon nattereri Rio Cipó1 TH-BR x 1<br />
Brycon opalinus Afluentes do rio Santo Antônio4 TH-BR, CR x 1<br />
Brycon sp. n. Rio Pardo3 26<br />
Bryconamericus stramineus Rio Cipó1 19<br />
Bunocephalus sp. Rio Cipó1 19<br />
Cephalosilurus fowleri Rio Cipó1 19<br />
Cetopsorhamdia cf. iheringi Rio Cipó1 1, 19<br />
Cetopsorhamdia sp. Córrego Fechos1 25<br />
Characidium cf. bahiense Marimbus do rio Santo Antônio5 x x 20<br />
Characidium cf. timbuiense Afluentes do rio Santo Antônio4 1<br />
Characidium cf. zebra Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />
rio Cipó<br />
7, 19<br />
1 , rio das Velhas1 Characidium fasciatum Rio das Velhas1 19<br />
Characidium lagosantense Rio Cipó1 x TH-BR x 1, 19<br />
Characidium sp. Córrego Laranjeiras6 , córrego do Morro<br />
Redondo<br />
1, 16, 19, 26<br />
6 , córrego do Cabral6 , ribeirão<br />
de Trás6 , rio Cipó1 , rio Pardo3 Cichla cf. temensis Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />
Cichla sp. Aflluentes do rio Doce4 24<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação do Anexo 1<br />
ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />
Cichlasoma sanctifranciscense Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />
Cichlasoma facetus Rio Cipó 1 , córrego Prazeres 4 1, 22, 24<br />
Clarias gariepinus Aflluentes do rio Doce 4 24<br />
Colossoma macropomum Aflluentes do rio Doce 4 24<br />
Compsura heterura Rio da Lajinha 5 DD 23<br />
Conorhynchos conirostris Rio Paraguaçu 5 VU x 23<br />
Copionodon lianae Rio Grisante 5 x x 5<br />
Copionodon orthiocarinatus Rio Mucujê 5 x x 6<br />
Copionodon pecten Rio Mucujê 5 , rio Lençóis 5 x x 6, 10<br />
Corydoras cf. garbei Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />
Cyphocharax gilbert Rio Cipó 1 , rio Pardo 3 1, 19, 26<br />
Cyprinus carpio Rio das Velhas 1 , aflluentes do rio Doce 4 19, 24<br />
Deuterodon cf. pedri Afluentes do rio Santo Antônio 4 DD 1<br />
Delturus brevis Rio Araçuaí 6 27<br />
Duopalatinus emarginatus Rio Cipó 1 19<br />
Eigenmannia cf. virescens Rio Cipó 1 1, 19<br />
Franciscodoras marmoratus x<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 217<br />
Geophagus brasiliensis Afluentes do rio Santo Antônio 4 , 1, 24, 26<br />
aflluentes do rio Doce 4 , rio Pardo 3<br />
Glaphyropoma rodriquesi Rio Mucujê 5 , rio Cumbuca 5 x x 6, 20<br />
Gymnotus cf. carapo Rio Cipó1 , afluentes do rio Santo Antônio4 ,<br />
córrego Divisão<br />
1, 7,19, 24<br />
6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />
aflluentes do rio Doce4 Gymnotus sp. Aflluentes do rio Doce4 24<br />
Harttia garavelloi Rio Araçuaí6 , ribeirão das Pedras6 x DD x 8, 17<br />
Harttia leiopleura Ribeirão Mutuca1 , rio Cipó1 , rio das Velhas1 x VU x 8, 19<br />
Harttia novalimensis Rio Cipó1, ribeirão Mutuca1 x VU x 1, 8<br />
Harttia sp. Rio Cipó1 , córrego Caetezinho1 ,<br />
ribeirão Cristais<br />
19, 25<br />
1<br />
Harttia torrenticola Afluentes do rio Paraopeba2 x VU x 8<br />
Hasemania nana Rio Cipó1 19<br />
Hemigrammus marginatus Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />
Hemipsilichthys sp. Rio Ribeirão5 20<br />
Henochilus wheatlandii Rio Preto do Itambé4 x CR x 14<br />
Heptapteridae gen. n. Cavernas Poço Encantado, Lapa Doce,<br />
Canoa Quebrada 9<br />
Heptapterus sp. Rio Caldeirão5 20<br />
Hisonotus sp. Rio Cipó1 1<br />
Homodiaetus sp. Rio Cipó1 1<br />
Hoplerythrinus unitaeniatus Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />
Hoplias cf. lacerdae Rio Cipó1 , córrego Divisão6 , ribeirão do<br />
Gigante<br />
1, 7, 19, 26<br />
6 , rio das Velhas1 , rio Pardo3 Hoplias malabaricus Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 , rio<br />
Cipó<br />
7, 19, 24, 26<br />
1 , afluentes do rio Doce4 , rio Pardo3 Hyphessobrycon cf. gracilis Rio Cipó1 1<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
218 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
...continuação do Anexo 1<br />
ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />
Hyphessobrycon negodagua Rio Pratinha 5 x x 3<br />
Hyphessobrycon sp. Córrego Caetezinho 1 25<br />
Hypostomus affinis Afluentes do rio Santo Antônio 4 1<br />
Hypostomus cf. commersonii Rio Cipó 1 19<br />
Hypostomus chrysostiktos Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />
Hypostomus garmani Rio Cipó 1 19<br />
Hypostomus macrops Rio Cipó 1 19<br />
Hypostomus margaritifer Rio Cipó 1 19<br />
Hypostomus sp. Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />
córrego do Cabral<br />
7, 16, 19, 26<br />
6 , ribeirão de Trás6 ,<br />
rio Cipó1 , rio Pardo3 Hysteronotus megalostomus Rio Cipó1 1, 19<br />
Imparfinis sp.ç Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 7<br />
Imparfinnis minutus Rio Cipó1 1, 19<br />
Ituglanis sp. Rio Utinga5 20<br />
Kalyptodoras bahiensis Rio Paraguaçu5 x TH-BR x 23<br />
Kolpotocheirodon figueiredoi Rio Olaria5 x x 4<br />
Lepomis gibbosus Represa do Custódio4 , córrego Prazeres4 13, 22, 24<br />
Leporellus vittatus Rio Cipó1 19<br />
Leporinus amblyrhynchus Rio Cipó1 19<br />
Leporinus bahiensis Marimbus do rio Santo Antônio5 x 20<br />
Leporinus cf. thayeri Afluentes do rio Santo Antônio4 TH-BR, CR x 1<br />
Leporinus copelandii Afluentes do rio Santo Antônio4 1<br />
Leporinus crassilabris Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 NT x 7<br />
Leporinus elongatus Rio Pardo3 26<br />
Leporinus garmani Rio Pardo3 x 26<br />
Leporinus marcgravii Rio Cipó1 x 19<br />
Leporinus mormyrops Afluentes do rio Santo Antônio4 1<br />
Leporinus obtusidens Rio Cipó1 1, 19<br />
Leporinus reinhardti Rio Cipó1 1, 19<br />
Leporinus sp. Rio Cipó1 26<br />
Leporinus steindachneri Rio Pardo3 x 26<br />
Leporinus taeniatus Tareco5 , rio Cipó1 18, 19<br />
Micropterus salmoides Córrego Prazeres4 , Represa do Custódio4 22, 24<br />
Moenkhausia diamantinaç Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />
Myleus micans Rio Cipó1 1, 19<br />
Myxiops aphos Rio Lençóis5 x x 10<br />
Neoplecostomus franciscoensis Afluentes do rio Paraopeba2 , rio das VU x 15, 17, 19,<br />
Velhas1 , ribeirão Mutuca1 , córrego Fechos1 ,<br />
ribeirão Cristais<br />
21, 25<br />
1 , córrego Caetezinho1 Neoplecostomus sp. Afluentes do rio Cipó1 1, 10<br />
Oligosarcus argenteus Afluentes do rio Santo Antônio4 ,<br />
afluentes do rio Doce<br />
1, 24<br />
4<br />
Oligosarcus macrolepis Afluentes do rio Jequitinhonha6 28<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação do Anexo 1<br />
Alves, Leal, Brito & Santos | 219<br />
ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />
Oligosarcus sp. Rio Pardo 3 26<br />
Oreochromis sp. Vereda 5 18<br />
Otocinclus sp. Rio Cipó 1 1, 19<br />
Pamphorichthys hollandi Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />
Pareiorhaphis mutuca Rio Cipó 1 , ribeirão Mutuca 1 x TH-BR, CR x 1, 17, 19<br />
Pareiorhaphis stephanus Ribeirão das Pedras 6 x DD x 17<br />
Pareiorhina sp. Ribeirão Mutuca 1 , afluentes do rio Doce 4 , 17, 24, 25<br />
córrego Gambá 2 , ribeirão Cristais 1<br />
Parodon hilarii Rio Cipó 1 19<br />
Parotocinclus bahiensis Rio da Lajinha 5 23<br />
Parotocinclus sp. Rio Cipó1 , córrego Divisão6 , ribeirão do 1, 7, 16,<br />
Gigante6 , córrego Laranjeiras6 , córrego<br />
do Morro Redondo<br />
19, 26<br />
6 , rio Pardo3 Phalloceros caudimaculatus Rio Cipó1 19<br />
Phalloceros uai Rio Cipó1 19<br />
Phenacogaster franciscoensis Rio Cipó1 19<br />
Phenacorhamdia cf. somnians Rio Cipó1 19<br />
Piabina argentea Rio Cipó1 1, 19<br />
Pimelodella itapicuruensis Rio da Lajinha5 x x 23<br />
Pimelodella lateristriga Rio Cipó1 19<br />
Pimelodella sp. Rio Pardo3 26<br />
Pimelodus fur Rio Cipó1 , rio Itapicuru5 19, 23<br />
Pimelodus maculatus Rio Cipó1 1, 19<br />
Poecilia reticulata Córrego Fechos1 , Represa do Custódio4 24, 25<br />
Poecilia sp.n. Rio Utinga5 20<br />
Poecilia vivipara Rio Paraguaçu5 23<br />
Prochilodus costatus Rio Cipó1 , afluentes do rio Santo Antônio4 1, 19, 20<br />
Pseudoplatystoma corruscans Rio Cipó1 NT 19<br />
Rhamdia jequitinhonha Rio Araçuaí6 28<br />
Rhamdia quelen Rio Cipó1 , afluentes do rio Santo<br />
Antônio<br />
1, 19, 25, 26<br />
4 , rio das Velhas1 , córrego<br />
Taquaras1 , rio Pardo3 Rineloricaria sp. Rio Cipó1 1, 19<br />
Salminus hilarii Rio Cipó1 1<br />
Salminus franciscanus Rio Cipó1 1<br />
Serrapinnus heterodon Rio Cipó1 1, 19<br />
Serrapinnus piaba Rio Cipó1 1<br />
Serrasalmus brandtii Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />
Stegophilus insidiosus Rio Cipó1 19<br />
Steindachnerina corumbae Rio Cipó1 19<br />
Steindachnerina elegans Rio Cipó1 19<br />
Sternopygus macrurus Rio Cipó1 1, 19<br />
Tetragonopterus chalceus Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />
Tilapia rendalli Rio Cipó1 , córrego Prazeres4 ,<br />
aflluentes do rio Doce<br />
19, 22, 24<br />
4<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
220 | Biodiversidade e conservação de peixes do Complexo do Espinhaço<br />
...continuação do Anexo 1<br />
ESPÉCIE LOCALIDADE UC END AM SEL REF<br />
Tilapia sp. Vereda, ribeirão Cristais 1 18, 25<br />
Trachelyopterus galeatus Marimbus do rio Santo Antônio 5 20<br />
Trachelyopterus sp. Córrego Divisão 6 , ribeirão do Gigante 6 7<br />
Trichomycterus cf. alternatus Afluentes do rio Santo Antônio4 , córrego<br />
Moquém<br />
1, 16, 22, 24<br />
6 , córrego Prazeres4 , ribeirão<br />
Tripuí4 , aflluentes do rio Doce4 Trichomycterus cf. brasiliensis Rio Cipó1 , córrego Prazeres4 ,<br />
aflluentes do rio Doce<br />
1, 22, 24<br />
4<br />
Trichomycterus cf. immaculatus Afluentes do rio Santo Antônio4 , córrego<br />
Prazeres<br />
1, 22, 24<br />
4 , aflluentes do rio Doce4 Trichomycterus itacambirussu Córrego do Cabral6 , ribeirão de Trás6 x x 16<br />
Trichomycterus jequitinhonhae Córrego Laranjeiras6 ,<br />
córrego do Morro Redondo<br />
x x 16<br />
6<br />
Trichomycterus landinga Córrego Moquém6 x x 16<br />
Trichomycterus sp. Córrego Divisão6 , ribeirão do Gigante6 ,<br />
córrego Gambá<br />
7, 17, 25<br />
2 , ribeirão Mutuca1 ,<br />
córrego Fechos1 , ribeirão Cristais1 ,<br />
córrego Caetezinho1 Trichomycterus trefauti Riacho Andrequicé1 x x 11<br />
Trichomycterus vermiculatus Aflluentes do rio Doce4 24<br />
Triportheus guentheri Marimbus do rio Santo Antônio5 20<br />
Wertheimeria maculata Rio Pardo3 x 26<br />
Xiphophorus hellerii Aflluentes do rio Doce4 24<br />
Localidade - Bacias hidrográficas:<br />
Velhas1 , Paraopeba2 , Pardo3 , Doce4 , Paraguaçu5 , Jequitinhonha6 UC = Ocorrência em Unidade de Conservação;<br />
END = Espécie endêmica;<br />
AM = Categoria de ameaça (TH-BR = ameaçada – Lista do Ibama;<br />
VU = vulnerável, CR = criticamente ameaçada, NT = quase ameaçada<br />
e DD = dados deficientes – com. pess. Gláucia Drummond);<br />
SEL = Espécies selecionadas para análises e simulações;<br />
REF = Referências de onde foram retiradas as informações.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Vieira et al. (2005) 1<br />
Britto et al. (2005) 2<br />
Lima & Gerhard (2001) 3<br />
Malabarba et al. (2004) 4<br />
Campanario & de Pinna (2000) 5<br />
de Pinna (1992) 6<br />
Triques et al. (2003) 7<br />
Oyakawa (1993) 8<br />
Trajano et al. (2005) 9<br />
Zanata & Akama (2004) 10<br />
Wosiacki et al. (2004) 11<br />
Castro et al. (2004) 12<br />
Magalhães & Silveira (2001) 13<br />
Vieira et al. (2000) 14<br />
Langeani (1990) 15<br />
Triques & Vono (2004) 16<br />
Oliveira & Oyakawa (1999) 17<br />
Santos (2005) 18<br />
Alves & Pompeu (2001) 19<br />
Santos (2003) 20<br />
Neodat (1999) 21<br />
Vieira, Pompeu & Corrêa (com. pess.) 22<br />
Santos (com. pess.) 23<br />
Magalhães (com. pess.) 24<br />
Nogueira & Pereira (com. pess.) 25<br />
Nogueira & Brito (com. pess.) 26<br />
Reis et al. (2006) 27<br />
Reis et al. (2003) 28<br />
Benine et al. (2007) 29<br />
Birindelli et al. (2007) 30
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
As aves dos campos rupestres da Cadeia do<br />
Espinhaço: diversidade, endemismo e<br />
conservação<br />
MARCELO FERREIRA DE VASCONCELOS 1 *<br />
LEONARDO ESTEVES LOPES 1<br />
CAIO GRACO MACHADO 2<br />
MARCOS RODRIGUES 3<br />
1 Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, <strong>ICB</strong>, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais,<br />
Brasil.<br />
2 Universidade Estadual de Feira de Santana, BR 116, km 03, DCBio, 44031-460, Feira de Santana, Bahia, Brasil.<br />
3 Laboratório de Ornitologia, Departamento de Zoologia, <strong>ICB</strong>, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.<br />
* e-mail: mfvasconcelos@gmail.com<br />
RESUMO<br />
Este artigo apresenta um breve histórico dos estudos ornitológicos conduzidos na região da<br />
Cadeia do Espinhaço, abordando a diversidade, o endemismo e a conservação de suas aves.<br />
A avifauna da Cadeia do Espinhaço foi primeiramente amostrada pelos naturalistas europeus<br />
no século XIX, sendo várias as instituições que abrigam espécimes. Mais recentemente, destacam-se<br />
estudos conduzidos nos campos rupestres sobre distribuição geográfica de diversas<br />
espécies, levantamentos regionais, taxonomia, biologia reprodutiva, comportamento e interação<br />
entre aves e plantas. A maior p<strong>arte</strong> das espécies registradas nos campos rupestres da<br />
região possui ampla distribuição geográfica. Ocorrem também espécies típicas da Mata Atlântica<br />
e do Cerrado. Apenas quatro espécies (Augastes lumachella, A. scutatus, Asthenes luizae e<br />
Formicivora grantsaui) podem ser consideradas endêmicas da Cadeia do Espinhaço. Toda a<br />
Cadeia do Espinhaço pode ser considerada como uma área de endemismo de aves. Duas subáreas<br />
de endemismo também podem ser reconhecidas: as porções centro-meridional (abrigando<br />
A. scutatus e A. luizae) e setentrional do Espinhaço (A. lumachella e F. grantsaui).<br />
Os campos rupestres abrigam espécies ameaçadas, quase-ameaçadas de extinção e pouco<br />
conhecidas. Entretanto, estes campos vêm sofrendo diversos impactos ambientais que afetam<br />
direta ou indiretamente sua avifauna. Dentre eles, destacam-se a mineração, a expansão urbana,<br />
o turismo descontrolado, a criação de gado e as queimadas. Levantamentos documentados<br />
ainda mostram-se extremamente necessários nesta região, com a possibilidade de serem<br />
encontrados novos táxons. A partir destes levantamentos e de estudos sobre a biologia das<br />
diversas espécies, será possível elaborar planos de manejo para a conservação da avifauna e<br />
de seus hábitats.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
222 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />
ABSTRACT<br />
We present a review of ornithological studies carried out at Espinhaço Range, its bird diversity,<br />
endemism and conservation status. The birds of Espinhaço Range were surveyed by XIX century<br />
naturalists, and a handful of scientific museums harbor several specimens. Recently, many studies<br />
were conducted on geographic distribution, regional surveys, taxonomy, breeding biology, behavior<br />
and bird-plant interactions. Most of the bird species that occurs in the ‘campos rupestres’ (rocky<br />
fields) are widely distributed. Also, there are species of the Atlantic Forest of eastern Brazil and from<br />
the Cerrado region of central South America. Only four species can be considered truly endemics: the<br />
hummingbirds Augastes lumachella and A. scutatus, the ovenbird Asthenes luizae and the antwren<br />
Formicivora grantsaui. Considering that an endemic area is represented by the occurrence of at<br />
least two endemic taxa, the whole Espinhaço Range can be assigned as an ‘endemic bird area’. Two<br />
sub-areas of endemism can also be recognized for birds: the southern-central (with A. scutatus and<br />
A. luizae) and the northern portions of the Espinhaço Range (A. lumachella and F. grantsaui). The<br />
rocky fields hold threatened, near-threatened, and poorly known species. These fields nevertheless<br />
have been suffering significant environmental pressures such as mining, urban expansion,<br />
uncontrolled tourism, cattle growing and human-induced burns. The region still needs documented<br />
bird surveys, since new taxa can be found yet. These surveys, allied to studies of basic biology of<br />
the species will form a database for future management plans and conservation for the region.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço são reconhecidos<br />
como um importante centro de endemismo e<br />
de diversidade vegetal (Menezes & Giulietti; 1986; 2000;<br />
Giulietti & Pirani, 1988; Harley, 1995; Eiten, 1992; Alves<br />
& Kolbek, 1994; Giulietti et al., 1997; Gottsberger &<br />
Silberbauer-Gottsberger, 2006; Jacobi et al., 2007).<br />
Apesar de esta região ser considerada como área de<br />
endemismo de aves (Stattersfield et al., 1998) e uma<br />
sub-área de endemismo da avifauna no Cerrado (J.M.C.<br />
Silva, 1997; Silva & Bates, 2002), poucos foram os estudos<br />
conduzidos sobre as aves da Cadeia do Espinhaço.<br />
Assim, os objetivos deste artigo são apresentar um breve<br />
histórico dos estudos ornitológicos realizados na região,<br />
além de comentar sobre a diversidade, o endemismo<br />
e a conservação de suas aves.<br />
BREVE HISTÓRICO DAS EXPLORAÇÕES E ESTUDOS<br />
ORNITOLÓGICOS CONDUZIDOS NOS CAMPOS<br />
RUPESTRES DA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />
A avifauna da Cadeia do Espinhaço foi primeiramente<br />
amostrada pelos naturalistas europeus no século XIX.<br />
Dentre eles, destacam-se G.H. von Langsdorff, J.B. von<br />
Spix, Maximilian Prinz zu Wied-Neuwied, F. Sellow, E.<br />
Ménétriès, P.W. Lund e J.T. Reinhardt, que reuniram importantes<br />
coleções de aves provenientes de diversas<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
regiões do Espinhaço e áreas adjacentes (Wied-<br />
Neuwied, 1830-1832; Reinhardt, 1870; Pinto, 1950;<br />
1952; Spix, 1825; Spix & Martius, 1981a; b; D.G.B. Silva,<br />
1997). No início do século XX, a região foi visitada<br />
por ornitólogos e naturalistas-colecionadores como<br />
E. Gounelle, J.B. Godoy, J.P. Fonseca, E. Snethlage e<br />
E. Kaempfer, que amostraram algumas áreas da Cadeia<br />
do Espinhaço (Gounelle, 1909; Naumburg, 1935; Pinto,<br />
1952; Sick, 1997). A partir do material coletado por<br />
E. Kaempfer nos campos rupestres do setor setentrional<br />
da Cadeia do Espinhaço (Morro do Chapéu), o naturalista<br />
A. Ruschi iniciou uma série de expedições pela<br />
região, na busca por beija-flores endêmicos, o que resultou<br />
na descrição de novos táxons (Ruschi, 1962a; b;<br />
1963a; b; c; 1975), seguido por R. Grantsau (Grantsau,<br />
1967; 1968; 1988), com interesse semelhante.<br />
A Tabela 1 apresenta as instituições que abrigam espécimes<br />
de aves provenientes da Cadeia do Espinhaço<br />
e os seus respectivos coletores, baseando-se em uma<br />
revisão histórica e bibliográfica (Gounelle, 1909;<br />
Naumburg, 1935; Ruschi, 1951; Pinto, 1952; Vielliard,<br />
1994; Sick, 1997; Parrini et al., 1999; Melo-Júnior et al.,<br />
2001; Vasconcelos & Melo-Júnior, 2001; Straube &<br />
Machado, 2002; Roselaar, 2003; Pacheco, 2004; Raposo<br />
et al., 2006; Vasconcelos et al., 2006; SpeciesLink, 2006),<br />
além de uma análise dos relatos de viagens de naturalistas<br />
(Saint-Hilaire, 1975; Spix & Martius, 1981a; b;<br />
D.G.B. Silva, 1997; Gomes et al., 2006) e de checagem<br />
de espécimes nos seguintes museus e coleções
TABELA 1 – Instituições que abrigam espécimes de aves coletados nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço e áreas<br />
adjacentes e seus respectivos coletores.<br />
INSTITUIÇÃO CIDADE PAÍS COLETORES<br />
MZUSP São Paulo Brasil E. Gounelle, J.B. Godoy, J.P. Fonseca, E. Dente, R. Grantsau,<br />
W. Loehken, F. Lencioni-Neto, L.F. Silveira, M.F. Vasconcelos,<br />
M.R. Bornschein, R.B. Lopes, M.O.G. Lopes, L.P. Gonzaga,<br />
A.M.P. Carvalhaes<br />
MNRJ Rio de Janeiro Brasil E. Snethlage, A. Ruschi, F.M. Oliveira, D.M. Teixeira, G.T.<br />
Mattos, M.A. Raposo, C.R.M. Abreu, L.P. Gonzaga, A.M.P.<br />
Carvalhaes<br />
MPEG Belém Brasil R. Grantsau, J.M.C. Silva, L.P. Gonzaga, A.M.P. Carvalhaes<br />
DZ<strong>UFMG</strong> Belo Horizonte Brasil G.T. Mattos, N.E.D. Carnevalli, J. Jacintho, E. Dente, M.F.<br />
Vasconcelos, S. D’Angelo Neto, L.E. Lopes, M. Rodrigues,<br />
H.B. Gomes, M.Â. Marini, L. Carrara, L.M. Costa, M.R.<br />
Bornschein, R.B. Lopes<br />
UNICAMP Campinas Brasil I. Sazima, J. Vielliard, M. Sazima, A. Correa Filho, O.<br />
Froehlich, O.C. Oliveira, J.P. Pombal Júnior, L.O.M. Machado<br />
UFPE Recife Brasil M.F. Vasconcelos<br />
MBML Santa Teresa Brasil A. Ruschi<br />
MCP Porto Alegre Brasil M.F. Vasconcelos, G.N. Maurício<br />
MCN Belo Horizonte Brasil B. Garzon, M.V.G. Andrade, G.B. Maheca<br />
MHNT Taubaté Brasil L.F. Silveira, M.F. Vasconcelos<br />
SG São Bernardo do Campo Brasil R. Grantsau, W. Loehken<br />
UFRJ Rio de Janeiro Brasil L.P. Gonzaga, A.M.P. Carvalhaes<br />
MZUEFS Feira de Santana Brasil C.G. Machado, C.E.C. Nunes<br />
AMNH Nova York Estados Unidos Maximilian Prinz zu Wied-Neuwied, E. Gounelle, E. Kaempfer,<br />
A. Ruschi, R. Grantsau<br />
ZMB Berlim Alemanha G.H. von Langsdorff, F. Sellow<br />
ZSM Munique Alemanha J.B. von Spix<br />
NKMBA Bamberg Alemanha J.B. von Spix<br />
UMB Bremen Alemanha Maximilian Prinz zu Wied-Neuwied<br />
LMJ Graz Áustria J.B. von Spix<br />
NMW Viena Áustria F. Sellow<br />
ZMUC Copenhagen Dinamarca P.W. Lund, J.T. Reinhardt, E. Warming<br />
MNHN Paris França A.F.C. Saint-Hilaire, E. Gounelle<br />
BMNH Tring Inglaterra R.A. Becker, E. Snethlage<br />
ZISP São Petersburgo Rússia G.H. von Langsdorff, E. Ménétriès, J. Riedel<br />
ZMMU Moscou Rússia G.H. von Langsdorff<br />
Acrônimos das instituições:<br />
AMNH = American Museum of Natural History;<br />
BMNH = The Natural History Museum;<br />
DZ<strong>UFMG</strong> = Coleção Ornitológica do Departamento de<br />
Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais;<br />
LMJ = Steiermärkisches Landesmuseum Joanneum;<br />
MBML = Museu de Biologia Prof. Mello Leitão;<br />
MCN = Museu de Ciências Naturais da Pontifícia<br />
Universidade Católica de Minas Gerais;<br />
MCP = Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia<br />
Universidade Católica do Rio Grande do Sul;<br />
MHNT = Museu de História Natural de Taubaté;<br />
MNHN = Muséum National d’Histoire Naturelle;<br />
MNRJ = Museu Nacional do Rio de Janeiro;<br />
MPEG = Museu Paraense Emílio Goeldi;<br />
MZUEFS = Museu de Zoologia da Universidade<br />
Estadual de Feira de Santana;<br />
Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 223<br />
MZUSP = Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo;<br />
NKMBA = Naturkunde-Museum Bamberg;<br />
NMW = Naturshistorisches Museum;<br />
SG = Coleção Rolf Grantsau;<br />
UFPE = Coleção Ornitológica do Departamento de Zoologia<br />
da Universidade Federal de Pernambuco;<br />
UFRJ = Coleção Ornitológica do Instituto de Biologia<br />
da Universidade Federal do Rio de Janeiro;<br />
UMB = Überseemuseum;<br />
UNICAMP = Coleção Ornitológica do Departamento<br />
de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas;<br />
ZISP = Zoologicheskii Institut St. Petersburg;<br />
ZMB = Museum für Naturkinde;<br />
ZMMU = Zoological Museum Moscow;<br />
ZMUC = Zoologisk Museum University of Copenhagen;<br />
ZSM = Zoologische Staatssammlung.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
224 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />
ornitológicas: American Museum of Natural History<br />
(AMNH), Museu de Zoologia da Universidade de São<br />
Paulo (MZUSP), Museu Nacional do Rio de Janeiro<br />
(MNRJ), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Coleção<br />
Ornitológica do Departamento de Zoologia da Universidade<br />
Federal de Minas Gerais (DZ<strong>UFMG</strong>), Coleção<br />
Ornitológica do Departamento de Zoologia da Universidade<br />
Federal de Pernambuco (UFPE), Museu de Biologia<br />
Prof. Mello Leitão (MBML), Museu de Zoologia da<br />
Universidade Estadual de Feira de Santana (MZUEFS),<br />
Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade<br />
Católica do Rio Grande do Sul (MCP), Museu de<br />
Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de<br />
Minas Gerais (MCN), Museu de História Natural de<br />
Taubaté (MHNT) e Coleção Rolf Grantsau (SG). Entretanto,<br />
grande p<strong>arte</strong> do material ornitológico coletado<br />
no século XIX e enviado à Europa não possui dados<br />
confiáveis ou precisos em suas etiquetas (Pinto, 1952;<br />
Pacheco, 2001; 2004; Vasconcelos et al., 2006) e muitos<br />
espécimes foram perdidos ao longo dos anos, principalmente<br />
durante guerras (K.–L. Schuchmann, com.<br />
pess.). Assim, ainda é necessária uma checagem detalhada<br />
desse material em diversos museus ao redor do<br />
mundo para um maior conhecimento da avifauna dos<br />
campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.<br />
Mais recentemente, destacam-se estudos conduzidos<br />
nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço sobre<br />
distribuição geográfica de diversas espécies<br />
(Carnevalli 1982; Mattos & Sick, 1985; Ribeiro, 1997;<br />
Andrade et al., 1998; Cordeiro et al., 1998; R.B. Machado<br />
et al., 1998; Melo-Júnior et al., 1998; Vasconcelos,<br />
1999a; 2000a; 2001c; 2002; Vasconcelos et al., 1999b;<br />
2002; 2003a; 2006), levantamentos regionais (Carnevalli,<br />
1980; Willis & Oniki, 1991; Andrade, 1998; Vasconcelos<br />
& Brandt, 1998; Parrini et al., 1999; Carvalhaes,<br />
2001a; b; Melo-Júnior et al., 2001; Vasconcelos 2001a;<br />
b; 2007, Vasconcelos & Melo-Júnior, 2001; Vasconcelos<br />
et al., 2003b; Machado, 2005; 2006; Gomes & Guerra,<br />
2006; Carvalhaes & Machado, 2007; Vasconcelos &<br />
D’Angelo Neto, 2007), taxonomia (Vielliard, 1990; 1994;<br />
Lencioni-Neto, 1996; Brammer, 2002; Vasconcelos &<br />
Silva, 2003; Abreu, 2006; Raposo et al., 2006; Gonzaga<br />
et al., 2007), biogeografia (Vielliard, 1983; Silva, 1995a;<br />
Vasconcelos, 2001a; Silva & Bates, 2002); biologia<br />
reprodutiva (Studer & Teixeira, 1993; Vasconcelos &<br />
Lombardi, 1996; Vasconcelos & Ferreira, 2001; Vasconcelos<br />
et al., 2001; Machado et al., 2003b; Costa &<br />
Rodrigues, 2006a; 2007; Gomes, 2006; Hoffmann, 2006;<br />
Hoffmann & Rodrigues, 2006a; b), comportamento<br />
(Pearman, 1990; Vasconcelos et al., 1998; 1999a; Almeida<br />
& Raposo, 1999; Ribeiro et al., 2002; Machado et al.,<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
2003a; Hoffmann & Rodrigues, 2005; 2006c; Alves et<br />
al., 2006; 2007; Costa & Rodrigues, 2006b; Domingues<br />
& Rodrigues, 2006; Gomes, 2006; Gomes & Rodrigues,<br />
2006b; Guerra et al, 2006; Hoffmann, 2006; Ribon et al.,<br />
2006; Hoffmann et al., 2007; Vasconcelos et al., 2007),<br />
interação entre aves e plantas (Sazima, 1977; Sazima &<br />
Sazima, 1990; Vasconcelos & Lombardi 1999; 2001;<br />
Romão et al., 2001; Coelho & Machado, 2003; Faustino<br />
& Machado, 2003; 2006; Faustino et al., 2003; Machado,<br />
2003; Santana & Machado, 2003; 2006; Guerra,<br />
2005; Coelho et al., 2006; Colaço et al., 2006; Guerra &<br />
Alves, 2006; Machado et al., 2006; 2007a; b; c; Bastos<br />
& Machado, no prelo) e conservação (Vasconcelos,<br />
1999a; 2000b; J.M.C. Silva, 1997; 1998; Silva & Bates,<br />
2002; Gomes & Rodrigues, 2006a).<br />
DIVERSIDADE DA AVIFAUNA DOS CAMPOS<br />
RUPESTRES DA CADEIA DO ESPINHAÇO<br />
Um estudo da avifauna dos campos rupestres da<br />
Cadeia do Espinhaço, baseado em amostragens conduzidas<br />
em oito serras distintas, levantou 108 espécies<br />
(Vasconcelos, 2001a). Este número é relativamente baixo<br />
se o compararmos com levantamentos conduzidos<br />
em outros tipos de hábitats, a exemplo de localidades<br />
da Amazônia e da Mata Atlântica. Entretanto, este número<br />
está subestimado, já que várias localidades da Cadeia<br />
do Espinhaço foram pouco ou nunca amostradas<br />
por ornitólogos (Vasconcelos, 2001a).<br />
A maior p<strong>arte</strong> das espécies registradas nos campos<br />
rupestres da Cadeia do Espinhaço possui ampla distribuição<br />
geográfica (Vasconcelos, 2001a). Algumas espécies<br />
de aves endêmicas da região da Mata Atlântica<br />
(Brooks et al., 1999) ocorrem em certas localidades de<br />
campos rupestres da porção meridional da Cadeia do<br />
Espinhaço. Exemplos são: a borralhara-assobiadora<br />
Mackenziaena leachii (Such, 1825), a tesoura-cinzenta<br />
Muscipipra vetula (Lichtenstein, 1823) e a saíra-lagarta<br />
Tangara desmaresti (Vieillot, 1819). Além disso, a<br />
garrincha-chorona Oreophylax moreirae (Miranda-<br />
Ribeiro, 1906), espécie anteriormente considerada endêmica<br />
dos campos de altitude das altas montanhas<br />
litorâneas (Miranda-Ribeiro, 1906; 1923; Peixoto-Velho,<br />
1923; Holt, 1928; Sick, 1970; 1985; 1997), foi recentemente<br />
encontrada nos picos mais elevados da Serra do<br />
Caraça, no Espinhaço meridional (Melo-Júnior et al.,<br />
1998; Vasconcelos, 2000b; Vasconcelos & Melo-Júnior,<br />
2001; Vasconcelos et al., 2007). A ocorrência destas espécies<br />
Atlânticas na porção sul da Cadeia do Espinhaço<br />
pode ser explicada pela proximidade geográfica desta
egião com as serras da Mantiqueira e do Caparaó. Já<br />
na porção baiana do Espinhaço, na Chapada Diamantina,<br />
a presença de espécies de aves típicas de Mata Atlântica<br />
pode ser explicada por um antigo corredor contínuo<br />
de vegetação, hoje inexistente, ao longo dos rios<br />
Paraguaçu e de Contas, que conectava as matas litorâneas<br />
às interioranas (Machado, 2005).<br />
As espécies: beija-flor-de-gravata-verde Augastes<br />
scutatus (Temminck, 1824), lenheiro-da-serra-do-cipó<br />
Asthenes luizae Vielliard, 1990, tapaculo-de-colarinho<br />
Melanopareia torquata (Wied, 1831), gralha-do-campo<br />
Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823), bico-de-pimenta<br />
Saltator atricollis Vieillot, 1817, campainha-azul<br />
Porphyrospiza caerulescens (Wied, 1830) e capacetinhodo-oco-do-pau<br />
Poospiza cinerea Bonap<strong>arte</strong>, 1850,<br />
registradas nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço<br />
(Vasconcelos, 2001a; Costa & Rodrigues, 2006b;<br />
Gomes & Guerra, 2006; Guerra et al., 2006), são consideradas<br />
endêmicas do Cerrado (conforme Silva, 1995a;<br />
b; 1997; Silva & Bates, 2002). O papa-moscas-de-costas-cinzentas<br />
Polystictus superciliaris (Wied, 1831) e o<br />
rabo-mole-da-serra Embernagra longicauda Strickland,<br />
1844, anteriormente consideradas espécies endêmicas<br />
do Cerrado (Silva 1995a; b; 1997; Silva & Bates, 2002),<br />
também ocorrem nos campos de altitude da região da<br />
Mata Atlântica (ver abaixo a discussão sobre os endemismos<br />
dos campos rupestres).<br />
A CADEIA DO ESPINHAÇO COMO ÁREA DE ENDEMISMO<br />
DE AVES – UMA REVISÃO<br />
J.M.C. Silva (1997, 1998), seguido por Silva & Bates<br />
(2002), foram os primeiros a considerar os campos rupestres<br />
da Cadeia do Espinhaço como uma área de<br />
endemismo de aves (‘Espinhaço Plateau’) sem, entretanto,<br />
delimitar quais seriam seus limites precisos ao<br />
norte e ao sul. É importante salientar que a área de<br />
estudo destes autores foi restrita a porção centro- meridional<br />
da Cadeia do Espinhaço (Figura 1), localizada<br />
na região ‘core’ do Cerrado (conforme Ab’Sáber 1977).<br />
Estes autores consideraram as espécies Augastes<br />
scutatus, Asthenes luizae, Polystictus superciliaris e<br />
Embernagra longicauda como restritas a esta região.<br />
Posteriormente, Stattersfield et al. (1998) consideraram<br />
toda a Cadeia do Espinhaço (Figura 1) como uma<br />
área de endemismo (‘Central Brazilian hills and<br />
tablelands’, código EBA073), adicionando o beija-florde-gravata-vermelha<br />
Augastes lumachella (Lesson, 1838),<br />
restrita à porção setentrional do Espinhaço, não analisada<br />
por J.M.C. Silva (1995a, 1997) e Silva & Bates (2002).<br />
Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 225<br />
Polystictus superciliaris, apesar de citado por Stattersfield<br />
et al. (1998) para a Cadeia do Espinhaço, é mencionado<br />
como ocorrendo também em outra área de endemismo<br />
representada pelas montanhas costeiras do Brasil<br />
(‘Atlantic forest mountains’, código EBA076).<br />
Causa estranheza o reconhecimento por J.M.C. Silva<br />
(1995a, 1997) e Silva & Bates (2002) das espécies<br />
Polystictus superciliaris e Embernagra longicauda como<br />
endêmicas da porção centro-meridional da Cadeia do<br />
Espinhaço, pois as mesmas já eram conhecidas como<br />
atingindo a porção setentrional deste sistema orográfico<br />
(Zimmer, 1955; O’Brien, 1968; Mattos & Sick, 1985;<br />
Sick, 1997; Parrini et al., 1999), fora da área de estudo<br />
delimitada pelos referidos autores (Figuras 1, 2 e 3). Os<br />
critérios adotados por J.M.C. Silva (1995a, b, 1997) e<br />
Silva & Bates (2002) só foram explicitados recentemente<br />
em Silva & Santos (2005). De acordo com esta<br />
recente publicação, os dois critérios utilizados para se<br />
considerar uma dada espécie como endêmica do Cerrado<br />
são: 1) o grau de sobreposição entre a distribuição<br />
geográfica conhecida da espécie e a região nuclear<br />
do domínio morfoclimático do Cerrado deve ser no<br />
mínimo de 95% e 2) populações isoladas em manchas<br />
de savana inseridas em outros biomas não podem distar<br />
mais de 430 km em relação à borda do Cerrado.<br />
Essa distância corresponderia à “largura máxima da zona<br />
de transição entre o domínio do Cerrado e os domínios<br />
da Amazônia e Floresta Atlântica”. Silva & Santos<br />
(2005), exemplificando a aplicação dos critérios<br />
adotados, citam a ocorrência de Polystictus superciliaris<br />
em ilhas de vegetação aberta situadas na Serra da Mantiqueira,<br />
alegando que estas populações estariam a<br />
menos de 430 km das bordas do Cerrado e que, portanto,<br />
a espécie deva ser considerada endêmica do<br />
Cerrado. De fato, as “ilhas de vegetação aberta na Mantiqueira”<br />
são recobertas por campos de altitude, estando<br />
situadas a pouco mais de 200 km ao sul dos limites<br />
do Cerrado. Entretanto Silva & Santos (2005) omitem a<br />
bem conhecida ocorrência de Polystictus superciliaris e<br />
Embernagra longicauda na região do Morro do Chapéu<br />
(Zimmer, 1955; O’Brien, 1968; Mattos & Sick, 1985; Sick,<br />
1997), na porção setentrional da Cadeia do Espinhaço,<br />
em distâncias superiores a 500 km da borda da área<br />
“core” do Cerrado delimitada por Ab’Sáber (1977) e<br />
utilizada nas análises de Silva (1995a, b). Portanto,<br />
Polystictus superciliaris e Embernagra longicauda não<br />
atendem às exigências para serem consideradas<br />
endêmicas do Cerrado. Uma vez que estas espécies também<br />
ocorrem nos campos de altitude das serras do Mar,<br />
da Mantiqueira, do Caparaó e nos campos rupestres da<br />
Serra da Canastra (Ridgely & Tudor, 1994; Sick, 1997;<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
226 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />
FIGURA 1 – Áreas de endemismo reconhecidas para a avifauna dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.<br />
Tracejado: Cadeia do Espinhaço, conforme Stattersfield et al. (1998). Pontilhado: porção centro-meridional,<br />
conforme Silva (1997), Silva & Bates (2002) e o presente estudo. Linha-contínua: porção setentrional,<br />
conforme o presente estudo. As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em<br />
cinza-claro em outras montanhas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 227<br />
FIGURA 2 – Localidades de ocorrência do papa-moscas-de-costas-cinzentas Polystictus superciliaris (Wied, 1831).<br />
As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
228 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />
FIGURA 3 – Localidades de ocorrência do rabo-mole-da-serra Embernagra longicauda Strickland, 1844. As<br />
áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 229<br />
FIGURA 4 – Localidades de ocorrência do beija-flor-de-gravata-vermelha Augastes lumachella (Lesson, 1838).<br />
As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
230 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />
FIGURA 5 – Localidades de ocorrência do beija-flor-de-gravata-verde Augastes scutatus (Temminck, 1824). As<br />
áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 231<br />
FIGURA 6 – Localidades de ocorrência do lenheiro-da-serra-do-cipó Asthenes luizae Vielliard, 1990. As áreas<br />
acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em outras montanhas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
232 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />
FIGURA 7 – Localidades de ocorrência do papa-formigas-do-Sincorá Formicivora grantsaui Gonzaga, Carvalhaes &<br />
Buzzetti, 2007. As áreas acima de 1.000 m estão em cinza-escuro na Cadeia do Espinhaço e em cinza-claro em<br />
outras montanhas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
R.B. Machado et al., 1998; Silveira, 1998; Vasconcelos,<br />
1999a; b; 2003; Vasconcelos et al., 2003a), este estudo<br />
seguirá a recomendação de Vasconcelos (2001a) e Vasconcelos<br />
et al. (2003a) de considerá-las como endêmicas<br />
dos topos de montanha do Sudeste do Brasil.<br />
Em recente estudo taxonômico, Raposo et al. (2006)<br />
consideraram o tapaculo Scytalopus speluncae (Ménétriès,<br />
1835) como uma espécie endêmica da Cadeia do Espinhaço.<br />
Estes autores alertaram para o correto uso do<br />
nome S. speluncae, que até recentemente vinha sendo<br />
empregado para nomear uma outra espécie do gênero,<br />
que foi então denominada S. notorius. Segundo Raposo<br />
et al. (2006), S. speluncae teria sua distribuição restrita à<br />
Cadeia do Espinhaço, na região compreendida entre São<br />
João del Rei e a Chapada Diamantina. Entretanto, o próprio<br />
tipo (original de Ménétriès) e os topótipos coletados<br />
pelos autores são provenientes de São João Del<br />
Rei, região não pertencente à Cadeia do Espinhaço<br />
(Derby, 1966). Ademais, G.N. Maurício, M.R. Bornschein,<br />
M.F. Vasconcelos e L.E. Lopes encontraram a espécie e<br />
coletaram espécimes em outras localidades fora da<br />
Cadeia do Espinhaço, no sul do estado de Minas Gerais<br />
(Serra da Mantiqueira), de modo que S. speluncae não<br />
pode ser considerado um endemismo do Espinhaço.<br />
Portanto, apenas quatro espécies (Augastes lumachella,<br />
Augastes scutatus, Asthenes luizae e Formicivora grantsaui)<br />
podem ser consideradas endêmicas da Cadeia do<br />
Espinhaço. As duas espécies de Augastes possivelmente<br />
representam aloespécies de um mesmo estoque ancestral<br />
no Espinhaço (Silva, 1995a; Sick, 1997). Augastes<br />
lumachella ocorre nos campos rupestres do setor baiano<br />
da Cadeia do Espinhaço (Figura 4), a exemplo do Morro<br />
do Chapéu e da Chapada Diamantina (Ruschi, 1962a;<br />
1963a; b; Grantsau, 1967; 1988; Sick, 1997; Parrini et<br />
al., 1999; Machado, 2005). Augastes scutatus ocorre desde<br />
as serras meridionais do Espinhaço mineiro (Quadrilátero<br />
Ferrífero), ao longo da Serra do Cipó, até a<br />
região de Grão Mogol (Figura 5), no norte de Minas<br />
Gerais (Ruschi, 1962a; 1963a; b; Grantsau, 1967; 1988;<br />
Sick, 1997; Vasconcelos et al., 2006). Asthenes luizae tem<br />
uma distribuição semelhante à de Augastes scutatus,<br />
sendo conhecido da região da Serra do Cipó até<br />
Botumirim, no norte de Minas Gerais (Figura 6), não<br />
ocorrendo, entretanto, nas montanhas do Quadrilátero<br />
Ferrífero (Vielliard, 1990; Andrade et al., 1998; Cordeiro<br />
et al., 1998; Vasconcelos, 2002; Vasconcelos et<br />
al., 2002). Formicivora grantsaui foi recentemente descrita<br />
dos campos rupestres da Chapada Diamantina<br />
(Gonzaga et al., 2007), apresentando uma área de distribuição<br />
geográfica coincidente com a de A. lumachella<br />
(Figura 7).<br />
Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 233<br />
Além das espécies endêmicas, duas subespécies de<br />
aves são reconhecidas como restritas aos campos rupestres<br />
da Cadeia do Espinhaço: o beija-flor-marrom<br />
Colibri delphinae greenewalti Ruschi, 1962 e a maria-preta-de-garganta-vermelha<br />
Knipolegus nigerrimus hoflingi<br />
Lencioni-Neto, 1996. Uma terceira subespécie, o beijaflor<br />
Phaethornis pretrei schwarti Ruschi, 1975, teria sua<br />
distribuição restrita aos municípios de Mucugê e<br />
Andaraí, na Chapada Diamantina, sem que sejam conhecidos<br />
detalhes sobre o hábitat desta forma (Ruschi,<br />
1975). É importante ressaltar que na mais recente revisão<br />
sobre a família Trochilidae, Stiles (1999) invalidou<br />
C. d. greenewalti, pois as características diagnósticas<br />
apontadas por Ruschi (1962b) também poderiam ser<br />
encontradas em alguns indivíduos da forma nominal,<br />
representando, portanto, apenas extremos na variação<br />
morfológica individual da espécie. Entretanto Vielliard<br />
(1994) e Brammer (2002) consideraram que esta subespécie<br />
deva ser reconhecida com base nos caracteres<br />
apresentados por Ruschi (1962b) em sua descrição original.<br />
Brammer (2002) sugeriu, inclusive, que esta subespécie<br />
poderia ser aceita como uma boa espécie<br />
filogenética. Brammer (2002) não analisou o holótipo<br />
de K. n. hoflingi, mas considera que esta subespécie não<br />
deva ser aceita como uma boa espécie filogenética.<br />
Farnsworth & Langham (2004) consideraram K. n. hoflingi<br />
como uma subespécie válida em recente revisão sobre<br />
a família Tyrannidae. Grantsau (1988) relatou que, mesmo<br />
após quatro expedições conduzidas na localidadetipo<br />
de P. p. schwarti, nenhum exemplar desta forma foi<br />
encontrado, sendo, no entanto, P. p. pretrei relativamente<br />
freqüente. Vielliard (1994) considerou que P. p. schwarti<br />
seria uma simples variação individual de coloração mais<br />
escura.<br />
Uma quarta subespécie, o beija-flor-asa-de-sabrecinza<br />
Campylopterus largipennis diamantinensis Ruschi,<br />
1963, descrita da região de Diamantina (Ruschi, 1963c),<br />
foi recentemente coletada por J.M.C. Silva e colaboradores<br />
nas matas decíduas dos vales dos rios Paranã e<br />
São Francisco (Silva, 1990; 1995b), não podendo mais<br />
ser considerada endêmica do Espinhaço.<br />
Considerando-se que uma área de endemismo é representada<br />
por uma região que abriga pelo menos dois<br />
táxons endêmicos (Cracraft, 1985; Platnick, 1991), toda<br />
a Cadeia do Espinhaço pode ser considerada como uma<br />
área de endemismo de aves, conforme proposto por<br />
Stattersfield et al. (1998). Dentro desta área, duas<br />
sub-áreas de endemismo podem ser delimitadas. Uma<br />
delas é representada pela porção centro-meridional<br />
deste sistema de montanhas, abrigando Augastes<br />
scutatus e Asthenes luizae (Figura 1). A outra seria a<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
234 | As aves dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço: diversidade, endemismo e conservação<br />
porção setentrional da Cadeia do Espinhaço (região da<br />
Chapada Diamantina e montanhas adjacentes), que abriga<br />
Augastes lumachella e Formicivora grantsaui (Figura 1).<br />
Além dessas duas espécies, a porção setentrional da<br />
Cadeia do Espinhaço abriga três subespécies endêmicas<br />
(Phaethornis pretrei schwarti, Colibri delphinae<br />
greenewalti e Knipolegus nigerrimus hoflingi). Entretanto,<br />
a validade dessas subespécies é questionável e novos<br />
estudos taxonômicos ainda são necessários.<br />
ESPÉCIES AMEAÇADAS E CONSERVAÇÃO DA<br />
AVIFAUNA NOS CAMPOS RUPESTRES DA CADEIA DO<br />
ESPINHAÇO<br />
Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço abrigam<br />
espécies ameaçadas, quase-ameaçadas de extinção e<br />
pouco conhecidas. Dentre elas, destaca-se a codornamineira<br />
Nothura minor (Spix, 1825), espécie ameaçada de<br />
extinção em nível global (BirdLife International, 2000),<br />
no Brasil (A.B.M. Machado et al., 2005) e no estado de<br />
Minas Gerais (A.B.M. Machado et al., 1998). Essa espécie<br />
fora descrita a partir de material coletado por Spix (1825)<br />
em Diamantina, Minas Gerais e nunca mais foi registrada<br />
na Cadeia do Espinhaço. Um possível registro visual<br />
da espécie para a Serra do Cipó apresentado por Willis<br />
& Oniki (1991) trata-se, provavelmente, de um erro de<br />
identificação (Vasconcelos, 2001a; Willis, 2003).<br />
A águia-cinzenta Harpyhaliaetus coronatus (Vieillot,<br />
1817), também ameaçada de extinção em nível global<br />
(BirdLife International, 2000), no Brasil (A.B.M. Machado<br />
et al., 2005) e no estado de Minas Gerais (A.B.M.<br />
Machado et al., 1998), foi encontrada nos campos rupestres<br />
da região de Itambé do Mato Dentro e do Parque<br />
Estadual do Rola-Moça, Minas Gerais (Ribeiro, 1997;<br />
Zorzin et al., 2006). Outros registros para a espécie na<br />
região do Espinhaço foram efetuados na Estação Ecológica<br />
do Tripuí, na Serra do Caraça, na Chapada de São<br />
Domingos e na Chapada Diamantina (Andrade &<br />
Andrade, 1998; Parrini et al., 1999; Bencke et al., 2006).<br />
Asthenes luizae, espécie recentemente descrita da região<br />
da Serra do Cipó (Vielliard, 1990), ficou conhecida<br />
por alguns anos como restrita a sua localidade-tipo. Este<br />
fato, associado à falta de conhecimento sobre a biologia<br />
e a distribuição geográfica da espécie, levou alguns<br />
autores a incluí-la em listas de espécies ameaçadas de<br />
extinção (Collar et al., 1992; 1994; Lins et al., 1997;<br />
A.B.M. Machado et al., 1998; BirdLife International,<br />
2000). Entretanto, com a realização de subseqüentes<br />
trabalhos de campo, A. luizae foi encontrado em diversas<br />
localidades de campos rupestres ao longo da<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Cadeia do Espinhaço, incluindo três unidades de conservação:<br />
o Parque Nacional da Serra do Cipó, o Parque<br />
Estadual do Pico do Itambé e o Parque Estadual do Rio<br />
Preto (Andrade et al., 1998; Cordeiro et al., 1998; Vasconcelos,<br />
2002; Vasconcelos et al., 2002; Bencke et al.,<br />
2006), de modo que a espécie não foi incluída na última<br />
revisão da fauna ameaçada de extinção do Brasil<br />
(A.B.M. Machado et al., 2005). Entretanto, em recente<br />
estudo sobre a biologia de A. luizae, Gomes & Rodrigues<br />
(2006a) sugeriram que a espécie deva ser novamente<br />
considerada ameaçada de extinção, embora a<br />
área de estudo destes autores estivesse restrita a uma<br />
região bastante impactada, sendo necessários estudos<br />
mais aprofundados com populações que ocorrem em<br />
áreas de campos rupestres mais preservadas para se<br />
ter uma noção mais apropriada do real estado de conservação<br />
da espécie.<br />
Poospiza cinerea, espécie também ameaçada de<br />
extinção em Minas Gerais (A.B.M. Machado et al., 1998)<br />
e globalmente (BirdLife International, 2000), foi considerada<br />
como deficiente em dados na última revisão<br />
conduzida sobre espécies ameaçadas no Brasil (A.B.M.<br />
Machado et al., 2005). A espécie tem sido recentemente<br />
registrada nos campos rupestres da Serra do Cipó<br />
(A.B.M. Machado et al., 1998; Bencke et al., 2006; Costa<br />
& Rodrigues, 2006b; Gomes & Guerra, 2006; Guerra et<br />
al., 2006). Outras áreas de registro para a espécie ao<br />
longo da Cadeia do Espinhaço são: Serra do Caraça,<br />
Parque das Mangabeiras, Serra do Curral, Parque Estadual<br />
do Rio Preto e Chapada do Catuni (Carnevalli, 1980;<br />
Melo-Júnior, 1996; D’Angelo Neto & Queiroz, 2001;<br />
Bencke et al., 2006; Vasconcelos, 2007).<br />
As espécies: Augastes lumachella, Augastes scutatus,<br />
Polystictus superciliaris, Porphyrospiza caerulescens e<br />
Embernagra longicauda são quase-ameaçadas globalmente<br />
(BirdLife International, 2000).<br />
Embora relativamente bem conservados em comparação<br />
com outras regiões do Brasil, os campos rupestres<br />
do Espinhaço vêm sofrendo diversos impactos<br />
ambientais que afetam direta ou indiretamente sua<br />
avifauna. Dentre eles, destacam-se a mineração, a expansão<br />
urbana, o turismo descontrolado, a criação de<br />
gado e as queimadas. Recentemente foram identificadas<br />
11 áreas importantes para a conservação das aves<br />
no Brasil ao longo da Cadeia do Espinhaço (Bencke et<br />
al., 2006), sendo elas: Parque Estadual do Morro do<br />
Chapéu (código BA05), Serra de Bonito (BA07), Ibiquera/<br />
Ruy Barbosa (BA10), Parque Nacional da Chapada Diamantina<br />
(BA12), Chapada do Catuni (MG06), Botumirim<br />
(MG07), Parque Estadual do Rio Preto (MG09), Parque<br />
Estadual do Pico do Itambé/Serra do Gavião (MG10),
Serra do Cipó (MG11), Serra do Caraça (MG14) e Ouro<br />
Preto/Mariana (MG16). Por ser uma importante região<br />
que abriga espécies de aves endêmicas e ameaçadas de<br />
extinção, estas e outras áreas de campos rupestres ao<br />
longo da Cadeia do Espinhaço devem ser prioritárias<br />
para a conservação. Nesse sentido, destaca-se que a<br />
Cadeia do Espinhaço já foi indicada como área de importância<br />
especial para conservação da biodiversidade<br />
em Minas Gerais (Drummond et al. 2005), área de importância<br />
biológica extrema para conservação da biodiversidade<br />
do Cerrado (MMA et al., 1999) e da Mata<br />
Atlântica (Conservation International et al., 2000). Ademais,<br />
a UNESCO reconheceu, em 27 de junho de 2005,<br />
a sétima Reserva da Biosfera brasileira. Trata-se da<br />
Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, em Minas<br />
Gerais, que foi solicitada pelo Governo de Minas Gerais<br />
e pelo Governo Federal. A Cadeia do Espinhaço foi<br />
escolhida pelo programa “O Homem e a Biosfera/MAB”<br />
por ser um divisor de águas de extrema importância do<br />
Brasil Central, por abrigar espécies endêmicas da fauna e<br />
da flora e por ser uma das maiores formações de campos<br />
rupestres do Brasil (www.unesco.org.br).<br />
Além disso, maiores inventários avifaunísticos devem<br />
ser conduzidos na região para um melhor conhecimento<br />
de sua avifauna. As recentes descobertas e descrições<br />
de Asthenes luizae e Formicivora grantsaui são bons<br />
exemplos de como a avifauna dos campos rupestres da<br />
Cadeia do Espinhaço ainda é pouco conhecida. Levantamentos<br />
documentados com a coleta de espécimestestemunhos<br />
(Vuilleumier, 1988; 2000; Remsen, 1995;<br />
Winker, 1996; Peterson et al., 1998; Rojas-Soto et al.,<br />
2002) mostram-se extremamente necessários nesta região,<br />
com a possibilidade de serem encontrados novos<br />
táxons. A partir destes levantamentos e de estudos sobre<br />
a biologia das diversas espécies, será possível elaborar<br />
planos de manejo para a conservação da avifauna<br />
e de seus hábitats.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
M.F.V. e L.E.L agradecem à CAPES, à FAPEMIG e à Brehm<br />
Foundation pelo apoio financeiro durante seus cursos<br />
de doutorado. C.G.M. agradece ao CNPq (processo<br />
474217/2004-3). M.R. agradece à Fundação O Boticário<br />
de Proteção à Natureza e ao CNPq (processo 473428/<br />
2004-0) pelo apoio ao Laboratório de Ornitologia da<br />
<strong>UFMG</strong>. Agradecemos às seguintes pessoas que facilitaram<br />
o estudo de exemplares nos museus consultados:<br />
L.F. Silveira e É. Machado (MZUSP), M. Raposo e J.B.<br />
Nacinovic (MNRJ), A. Aleixo, D.C. Oren e J.M.C. Silva<br />
Vasconcelos, Lopes, Machado & Rodrigues | 235<br />
(MPEG), J.M.C. Silva (UFPE), H.Q.B. Fernandes e<br />
M. Hoffmann (MBML), J. Cracraft, P. Sweet, P. Hart,<br />
C. Ribas e M. Okada (AMNH), C.S. Fontana (MCP),<br />
B. Garzon e L. Guimarães (MCN), H.M.F. Alvarenga<br />
(MHNT) e R. Grantsau (SG). M.F.V. agradece ao AMNH<br />
pela concessão de uma ‘collection study grant’ para o<br />
estudo de exemplares coletados na Cadeia do Espinhaço<br />
que se encontram depositados nesta instituição.<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riqueza,<br />
ameaças e estratégias para conservação<br />
LEONARDO GUIMARÃES LESSA 1*<br />
BÁRBARA MARIA DE ANDRADE COSTA 2<br />
DANIELA MUNHOZ ROSSONI 3<br />
VALÉRIA CUNHA TAVARES 4<br />
LUIS GUSTAVO DIAS 5<br />
EDSEL AMORIM MOARES JUNIOR 5<br />
JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA 5<br />
1 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Pós-graduação em Biologia Animal, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Espírito Santo, Brasil.<br />
3 Escola Superior São Francisco de Assis, Santa Tereza, Espírito Santo, Brasil.<br />
4 Department of Mammalogy, American Museum of Natural History, New York, USA.<br />
5 Biotrópicos – Instituto de Pesquisa em Vida Silvestre, Diamantina, Minas Gerais, Brasil.<br />
* e-mail: leoglessa@hotmail.com<br />
RESUMO<br />
Desde o século XIX a Cadeia do Espinhaço tem sido foco do estudo de naturalistas, entretanto<br />
informações básicas, relativas à riqueza e distribuição de espécies de mamíferos são ainda<br />
escassas. Como intuito de estimar o numero de espécies conhecidas até o momento para a<br />
região foram compilados dados da literatura e registros de ocorrência em coleções científicas.<br />
Foram registrados 143 táxons de mamíferos dos quais cerca de 20% estão incluídos em alguma<br />
categoria de ameaça segundo critérios da IUCN. Os maiores números de espécies ameaçadas<br />
estão entre os grandes mamíferos como primatas, carnívoros, artiodáctilos e perissodáctilos.<br />
No entanto, aspectos sobre sistemática, distribuição geográfica e ecologia dos pequenos<br />
mamíferos (roedores, marsupiais e morcegos) do Espinhaço são pobremente conhecidos, sendo<br />
estudos básicos amplamente necessários para uma avaliação mais precisa do status de<br />
conservação destas espécies. Dentre os principais fatores antrópicos relacionados à intensa e<br />
ainda subestimada perda de diversidade de mamíferos na região estão a fragmentação e a<br />
destruição de habitats associados à prática de queimadas, desmatamento de áreas nativas e a<br />
histórica degradação produzida pelas atividades mineradoras. Iniciativas como a criação de<br />
novas unidades de conservação e a regulamentação das unidades existentes são apontadas<br />
como soluções imediatas, em curto prazo, para a conservação da diversidade de mamíferos<br />
do Espinhaço. Entretanto ações prioritárias compreendem a realização urgente de programas<br />
de inventários com formação de coleções científicas e o estabelecimento de estudos de monitoramento<br />
da fauna com resultados a médio e a longo prazo. Essas medidas são vitais para a<br />
compreensão da diversidade da fauna de mamíferos do Espinhaço, um mosaico de ecossistemas<br />
único e que demanda atenção imediata para sua conservação.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
ABSTRACT<br />
Despite the fact that the Espinhaço mountain range has been the focus of studies of naturalists<br />
over the last two centuries, basic information about the richness and distribution of mammals in<br />
this region is still largely missing. In this study, we compiled what is known about the mammalian<br />
fauna associated to the Espinhaço range through the investigation of the literature available and<br />
museum collection data. A total of 143 mammal species is known to occur in the Espinhaço<br />
mountain range to date, and of those approximately 20% are included in threat categories according<br />
to the IUCN criteria. The larger numbers of threatened species in the Espinhaço are among the<br />
large mammals such as primates, carnivorous, perissodactylous and artiodactylous. On the other<br />
hand, aspects on the systematics, geographic distribution and ecology of small mammals of the<br />
Espinhaço range (rodents, marsupials and bats) are poorly known and basic studies are largely<br />
needed to a more precise evaluation of the conservation status of these taxa. Human pressure<br />
through urbanization, slash and burn, fragmentation, timber, livestock, and mining activities<br />
historically developed in the region have contributed to an intense and yet unmeasured erosion of<br />
the diversity in the Espinhaço. We point out the creation of new reserves and the expansion and<br />
improvement of conditions in those already existent as immediate, short term solutions to the<br />
conservation of mammals in the Espinhaço region. We however suggest as likewise priority, the<br />
establishment of programs of inventories with formation of scientific collections and of faunal<br />
monitoring programs. Those actions are crucial to understanding the diversity of mammals<br />
associated to the Espinhaço complex, a unique mosaic of ecosystems that demands immediate<br />
attention for conservation.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A Cadeia do Espinhaço ou Serra do Espinhaço segundo<br />
denominação proposta por Eschwege (1832) é a faixa<br />
orogênica contínua de maior extensão do território<br />
brasileiro (Almeida-Abreu & Renger, 2002). Compreende<br />
um conjunto de Serras interrompidas por vales de<br />
rios que se estende por cerca de 1.200 km em direção<br />
Norte-Sul, com altitudes que variam entre 800 e 2.000m,<br />
desde a porção central de Minas Gerais (Serra de Ouro<br />
Branco) até maciços isolados no extremo norte da Bahia<br />
(Serra do Tombador) (Vitta, 2002; Almeida-Abreu et al.,<br />
2005). O Espinhaço delimita uma zona de contato entre<br />
o Cerrado e a Floresta Atlântica ao sul e uma zona<br />
de transição entre o Cerrado a Floresta Atlântica e a<br />
Caatinga ao norte (Giulietti et al. 1997).<br />
Desde o século XIX o Espinhaço tem sido foco de<br />
estudos de naturalistas como Auguste Glaziou, August<br />
Saint-Hilaire, Eschwege, George Gardner, Ludwig Riedel,<br />
Karl Friedrich von Martius, atraídos principalmente pela<br />
riqueza de sua composição florística (Costa, 2005) e<br />
pelos elevados graus de endemismo da vegetal (Viana<br />
& Mota, 2004). Uma grande diversidade de espécies e<br />
um alto índice de endemismos são também registrados<br />
para alguns grupos faunísticos como anfíbios anuros<br />
e aves (e.g. Pugliese et al., 2004; Eterovick et al., 2005;<br />
Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 243<br />
Nascimento et al., 2005; Rodrigues et al., 2005). Com<br />
relação aos mamíferos, entretanto, informações básicas<br />
relativas à riqueza e distribuição de espécies de<br />
mamíferos são ainda escassas (Lessa, 2005; Oliveira &<br />
Pessôa, 2005). As poucas informações disponíveis estão<br />
concentradas em sua maior p<strong>arte</strong> em livros ou capítulos<br />
de livro (Câmara & Murta, 2003; Lessa, 2005; Oliveira<br />
& Pessôa, 2005) resumos de congressos e relatórios<br />
técnicos para viabilização de empreendimentos<br />
como usinas hidrelétricas e minerações. O restante dos<br />
dados encontra-se em dissertações ou teses (e.g.<br />
Carmignoto, 2004; Melo, 2004; Martins, 2005; Souza,<br />
2005; Curi, 2005; Pereira, 2006) e apenas uma pequena<br />
parcela está disponível na forma de artigos indexados<br />
(e.g. Sazima & Sazima, 1975; Sazima et al., 1978, 1989;<br />
Câmara & Lessa, 1994; Câmara et al., 1999; Falcão et al.,<br />
2003; Tavares et al., no prelo).<br />
No intuito principal de reconhecer lacunas de conhecimento<br />
científico referentes à fauna de mamíferos da<br />
Cadeia do Espinhaço, é apresentada neste estudo a relação<br />
das espécies de mamíferos conhecidas atualmente<br />
para a região. São discutidas ainda, as principais<br />
ameaças à conservação dos mamíferos da Cadeia do<br />
Espinhaço e apresentado um panorama geral de sugestões<br />
das principais estratégias de conservação diante<br />
do quadro atual encontrado.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
244 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />
METODOLOGIA<br />
Com o intuito de estimar o número de espécies de<br />
mamíferos conhecidas (descritas ou registradas) para a<br />
Cadeia do Espinhaço até o presente momento, foram<br />
compilados dados com base na literatura (Sazima &<br />
Sazima, 1975; Sazima et al., 1978; Sazima et al., 1989;<br />
Taddei et al., 1983; Fonseca et al., 1987; Câmara & Lessa,<br />
1994; Isaac-Júnior & Sábato, 1994; Tavares & Cesari,<br />
1995; Fonseca et al., 1996; Câmara et al., 1999; Câmara<br />
& Murta, 2003; Perini et al., 2003; Falcão et al., 2003;<br />
Leite, 2003; Carmignoto, 2004; Costa et al., 2005ª; Curi,<br />
2005; Lessa, 2005; Oliveira et al., 2003; Oliveira & Pessoa,<br />
2005; Souza, 2005; Pereira, 2006; Tavares et al., no<br />
prelo) e registros de ocorrência em coleções científicas<br />
(Coleção de Mamíferos da Universidade Federal de Minas<br />
Gerais/<strong>UFMG</strong> e do Museu Nacional/Rio de Janeiro).<br />
Outras coleções estudadas, no que concerne a quiropterofauna,<br />
vide Tavares et al. (no prelo). A nomenclatura<br />
adotada seguiu o Wilson & Reeder (2005) e nomes<br />
comuns, quando disponíveis, seguiram Fonseca et al.<br />
(1996). Para Oryzomys foi adotada a revisão de Weksler<br />
et al. (2006) e para Trychomys, Bragio & Bonvicino (2004).<br />
A taxonomia de quirópteros está de acordo com<br />
Simmons (2005), com exceção do táxon Artibeus<br />
planirostris, considerado uma espécie distinta de Artibeus<br />
jamaicensis (Lim et al. 2004), a distribuição dos táxons<br />
seguiu Tavares et al. (no prelo). Para os primatas foi utilizada<br />
a base de dados BDGEOPRIM (Hirsch, 2003). Foram<br />
também consultados os registros da base de dados<br />
decorrente do projeto “Espinhaço Sempre Vivo”<br />
(Instituto Biotrópicos: dados não publicados). Os táxons<br />
ameaçados foram definidos com base na lista da fauna<br />
brasileira ameaçada de extinção (Ibama, 2003) e na base<br />
de dados decorrente da revisão da lista vermelha da<br />
fauna de Minas Gerais (Biodiversitas, 2007) (Fundação<br />
Biodiversitas, Instituto Estadual de Florestas/IEF e Secretaria<br />
de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento<br />
Sustentável/SEMAD).<br />
ESTIMATIVAS DA DIVERSIDADE DE MAMÍFEROS NA<br />
CADEIA DO ESPINHAÇO<br />
O Brasil abriga uma fauna de mamíferos diversa, com o<br />
número estimado em mais de 530 espécies descritas<br />
(Costa et al., 2005 b ) o que equivale a aproximadamente<br />
13% de todos os mamíferos do mundo (Fonseca et al.,<br />
1996). Entretanto, é provável que diversas espécies estejam<br />
ainda por ser descobertas e catalogadas, especialmente<br />
marsupiais, roedores e quirópteros (Costa et<br />
al., 2005 b ). Na tabela 1, estão relacionadas todas as<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
espécies de mamíferos compiladas neste estudo para a<br />
Cadeia do Espinhaço.<br />
Marsupiais e Roedores<br />
Ao todo foram registradas 17 espécies de marsupiais<br />
distribuídas em 10 gêneros e uma família (Didelphidae)<br />
e 49 espécies de roedores distribuídas em oito famílias<br />
(Sciuridae, Muridae, Cricetidae, Erethizontidae,<br />
Caviidae, Agoutidae, Dasyproctidae e Echimyidae) (Tabela<br />
1). Os dados obtidos demonstram que 71% das espécies<br />
de marsupiais e 52% das espécies de roedores<br />
reconhecidas para o estado de Minas Gerais estão representadas<br />
no Espinhaço (ver Machado et al., 1998).<br />
Estes números, a priori, apesar de ressaltarem a importância<br />
do Espinhaço na manutenção da diversidade<br />
de pequenos mamíferos (< 2Kg) nos estados de Minas<br />
Gerais e Bahia refletem ainda uma grande lacuna de<br />
conhecimentos relacionados á sistemática, distribuição<br />
geográfica e ecologia destes grupos. Para o estado de<br />
Minas Gerais as poucas informações disponíveis em<br />
artigos indexados encontram-se nos trabalhos de Câmara<br />
& Lessa (1994), Câmara et al. (1999) e Cordeiro -<br />
Jr. & Talamoni (2006), em livros e capítulos de livros<br />
(Câmara & Murta, 2003; Lessa, 2005) ou registros<br />
esparsos ao longo do Espinhaço (Carmignoto, 2004;<br />
Pereira, 2006). Para o estado da Bahia apenas os estudos<br />
de Oliveira & Pessoa (2005) e Souza (2005) informam<br />
sobre a diversidade e distribuição de pequenos<br />
mamíferos na região da Chapada Diamantina.<br />
Uma fauna de mamíferos diversificada, com influência<br />
dos três biomas representados na Cadeia – Mata<br />
Atlântica, Cerrado e Caatinga, foi encontrada por Oliveira<br />
& Pessoa (2005) e Pereira (2006) na região da Chapada<br />
Diamantina e por Costa et al. (2005 a ) para a porção<br />
meridional da Cadeia do Espinhaço. Pereira (2006)<br />
cita registros de espécies típicas de vegetação aberta<br />
(Cerrado-Caatinga) como Thrichomys inermis (rabudo) e<br />
Oligoryzomys rupestris (rato-do-mato) e também de ambientes<br />
florestais como Akodon cursor (rato-de-chão) e<br />
Marmosops incanus (cuíca) para as áreas da Chapada Diamantina.<br />
Espécies endêmicas dos três biomas foram também<br />
registradas na Cadeia do Espinhaço. Para a Mata Atlântica:<br />
Thaptomys nigrita (rato-do-chão) e Didelphis aurita<br />
(Gambá); para o Cerrado: Euryoryzomys lamia (rato-domato)<br />
e para a Caatinga: Wiedomys pyrrhorhinos (ratode-fava).<br />
Até o momento uma única espécie foi registrada<br />
com ocorrência restrita aos domínios do Espinhaço:<br />
Trinomys moojeni (rato-de-espinho) (Câmara & Murta<br />
2003; Cordeiro - Jr. & Talamoni, 2006), classificada como<br />
“vulnerável” na revisão da lista vermelha da fauna de<br />
Minas Gerais (Biodiversitas, 2007) (Tabela 1).
Quirópteros<br />
No total, 32 espécies de morcegos, pertencentes a cinco<br />
famílias foram registradas nos limites do complexo<br />
do Espinhaço, o que representa cerca de 20% das espécies<br />
com ocorrência confirmada para o Brasil (Tavares<br />
et al., no prelo) e menos de 40% das espécies já<br />
registradas em Minas Gerais (V. Tavares e colaboradores,<br />
in litt.). Listas de espécies e registros esparsos ao<br />
longo da porção do Espinhaço localizada no estado de<br />
Minas se encontram nos trabalhos de Lima (1926), Vieira<br />
(1942), Sazima & Sazima (1975, 1989), Sazima et al.<br />
(1978), Taddei et al. (1983), Isaac-Júnior & Sábato (1994),<br />
Fonseca et al. (1989), Tavares & Césari (1995), Grelle et<br />
al. (1997), Perini et al. (2003), Falcão et al. (2003), Paglia<br />
et al. (2005). Com relação à porção do Espinhaço no<br />
estado da Bahia, apenas os estudos de Gregorin & Mendes<br />
(1999) e Oliveira & Pessôa (2005) informam sobre a<br />
riqueza de morcegos desta região. Dentre os táxons<br />
cuja ocorrência já foi registrada para a região do Espinhaço,<br />
três encontram-se na categoria vulnerável (VU)<br />
de acordo com os critérios da IUCN (Tabela 1).<br />
A presença de uma zona de contato entre o Cerrado<br />
e a Floresta Atlântica ao sul e uma zona de transição<br />
entre o Cerrado a Floresta Atlântica e a Caatinga ao<br />
norte da Cadeia (Giulietti et al. 1997), configura um<br />
conjunto de ecossistemas e interações ecológicas muito<br />
pouco estudadas para a fauna de quirópteros. Dado<br />
o elevado grau de endemismos vegetais da região pode<br />
se esperar um alto índice de interações exclusivas entre<br />
a flora do Espinhaço e agentes polinizadores, tais<br />
como morcegos nectarívoros. Este é o caso do morcego<br />
beija-flor da Serra, Lonchophylla bokermanni<br />
(Chiroptera: Phyllostomidae), endêmico da região da<br />
Serra do Cipó que parece ser o polinizador exclusivo<br />
da bromélia Encholirium glaziovii (Bromeliaceae), também<br />
endêmica da Serra do Cipó (Sazima et al., 1988).<br />
Dentre as poucas espécies de morcegos nectarívoros<br />
conhecidas até o momento para a Cadeia do Espinhaço<br />
Lonchophylla bokermanni Sazima et al., (1978) e seu<br />
congenérico, o também nectarívoro L. dekeyseri<br />
(endêmico do bioma Cerrado) foram categorizados<br />
como “em perigo” na revisão da lista de espécies ameaçadas<br />
de extinção em Minas Gerais além de vulneráveis<br />
mundialmente (Tabela 1).<br />
Primatas<br />
Ao longo da Cadeia do Espinhaço foram registrados,<br />
até o momento, 14 táxons de primatas, distribuídos em<br />
quatro famílias (Atelidae, Piteciidae, Callitrichidae e<br />
Cebidae), diversidade considerada alta para esse grupo<br />
taxonômico (Tabela 1).<br />
Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 245<br />
A família Callitrichidae está representada por três<br />
espécies Callithrix geoffroyi (sagüi-da-cara-branca),<br />
C. penicillata (mico-estrela) e C. kuhlii (sagui-de-wied).<br />
Callithrix geoffroyi ocorre ao sul do Rio Jequitinhonha<br />
e C. penicillata, na região oeste da Cadeia do Espinhaço<br />
(Rylands, 1993). A terceira espécie, C. kuhlii, foi registrada<br />
nas proximidades do município de Almenara (MG).<br />
A Família Piteciidae é representada pelo gênero<br />
Callicebus (sauás ou guigós) e conta com quatro espécies<br />
na região, das quais duas, C. melanochir e C.<br />
personatus, têm distribuição restrita ao vale do Jequitinhonha.<br />
Callicebus melanochir, foi registrada apenas em<br />
uma localidade a leste de Almenara (Oliver & Santos,<br />
1991) e C. nigrifrons, apresenta ampla distribuição em<br />
Minas Gerais. Callicebus barbarabrownae restringe-se à<br />
porção norte da Cadeia, no estado da Bahia (Marinho-<br />
Filho & Veríssimo, 1997).<br />
Dois gêneros, Alouatta e Brachyteles, representam a<br />
Família Atelidae na Cadeia do Espinhaço. O gênero<br />
Alouatta (bugio) contribui para a riqueza da Cadeia com<br />
duas espécies: A. caraya, restrita às áreas de Cerrado na<br />
região oeste, e A. guariba, endêmica da Mata Atlântica.<br />
Esta última é representada por duas sub-espécies: A. g.<br />
clamitans, ao sul, e A. g. guariba, na região nordeste da<br />
Cadeia (Vale do Jequitinhonha). O gênero Brachyteles é<br />
representado por Brachyteles hypoxanthus (muriqui-donorte).<br />
A ocorrência da espécie, atualmente, é confirmada<br />
apenas por uma pequena população no município<br />
de Peçanha ( 2kg) representadas pelas<br />
ordens Pilosa, Cingulata, Carnivora, Perissodactyla,<br />
Artiodactyla, Lagomorpha e Rodentia (Tabela 1). As espécies<br />
incluídas neste grupo apresentam enorme variação<br />
quanto ao tamanho, comportamento e hábitos alimentares<br />
(Macdonalds, 2001), podendo assim ser encontradas<br />
em todos os ambientes ao longo da Cadeia.<br />
Entretanto é relevante destacar que, dentre as espé-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
246 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />
Tabela 1 – Espécies de mamíferos registradas na Cadeia do Espinhaço e ocorrências em Unidades de Conservação* nos Estados<br />
de Minas Gerais e Bahia. Os táxons ameaçados seguem a lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção (IBAMA a 2003)<br />
e a lista vermelha da fauna de Minas Gerais (Biodiversitas, 2007).<br />
TAXONS<br />
NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />
TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />
DIDELPHUIMORPHIA<br />
Didelphidae<br />
Caluromys philander (Linnaeus, 1758) Cuíca-lanosa PERM, PERP, PNSC, APE-Mutuca,<br />
EDPA-Peti<br />
Caluromys lanatus (Olfers, 1818) Cuíca-lanosa<br />
Chironectes minimus (Zimmermann, 1780) Cuíca-d’água VU<br />
Didelphis albiventris Lund, 1840 Gambá PMM, PERM, PERP, PEB, PEPI,<br />
PNSC, EEF, PESV, APE-Mutuca,<br />
EDPA-Peti, RPPN-Jambreiro.<br />
Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 Gambá EEF, APE-Mutuca, EDPA-Peti<br />
Gracilinanus agilis (Burmeinster, 1854) Catita PMM, PERM, PERP, PEPI, PNSC,<br />
APE-Mutuca<br />
Gracilinanus microtarsus (Wagner, 1842) Catita PESV, EDPA-Peti, RPPN-Caraça<br />
Marmosops incanus (Lund, 1840) Cuíca PMM, PERM, PERP, PEB, PNSC,<br />
EEF, EDPA-Peti, RPPN-Jambreiro,<br />
RPPN-Caraça<br />
Metachirus nudicaudatus (Desmarest, 1817) Cuíca-de-quatro-olhos PERP, EEF<br />
Micoureus demerarae (Thomas, 1905) Catita<br />
Micoureus paraguayanus (Thomas, 1905) Catita PERP<br />
Monodelphis americana (Müller, 1776) Cuíca-de-três-listras EEF, EDPA-Peti DD<br />
Monodelphis domestica (Wagner, 1852) Catita PEB, PERP, PEPI, PERM, PESV,<br />
PEL, PNSC, MNCF, APE-Mutuca<br />
Monodelphis iheringi (Thomas, 1888) Catita RPPN-Caraça DD<br />
Philander frenatus (Olfers, 1818) Cuíca PMM, PERM, EEF, APE-Mutuca,<br />
EDPA-Peti, RPPN-Caraça<br />
Thylamys velutinus (Wagner, 1842) Cuíca DD<br />
Thylamys karimii (Petter, 1968) Cuíca DD<br />
PILOSA<br />
Bradypodidae<br />
Bradypus variegatus Schinz, 1825 Preguiça<br />
Myrmecophagidae<br />
Tamandua tetractyla (Linnaeus, 1758) Meleto PERP, PEB, PNSC, EEF, PEL, MNCF<br />
Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 Tamanduá-bandeira PERP VU VU<br />
CINGULATA<br />
Dasypodidae<br />
Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) Tatu DD<br />
Cabassous unicinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-de-rabo-mole PERP<br />
Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 Tatu-galinha PMM, PERP, PEB, PEPI, PNSV,<br />
PNCD, EEF, PESV, PEL, MNCF,<br />
PNSC, APE-Mutuca<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TAXONS<br />
NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />
TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />
Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 Tatuí EEF, APE-Mutuca DD DD<br />
Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu-peba PEB, PEPI, EEF, PNCD<br />
Priodontes maximus (Kerr, 1792) Tatu-canastra PERP, PNSV VU EN<br />
CHIROPTERA<br />
Emballonuridae<br />
Peropteryx macrotis (Wagner, 1843) Morcego PNCD, EPDA-Peti<br />
Noctilionidae<br />
Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758) Morcego-pescador PEL, MNCF<br />
Mormoopidae<br />
Pteronotus gymnonotus Natterer, 1843 Morcego PEL, MNCF<br />
Phyllostomidae<br />
Desmodontinae<br />
Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) Morcego-vampiro PESV, PNCD, RPPN -Caraça,<br />
EPDA-Peti<br />
Glossophaginae<br />
Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818) Morcego-beija-flor PEL, MNCF, RPPN -Caraça,<br />
EPDA-Peti<br />
Anoura geoffroyi Gray, 1838 Morcego-beija-flor PEL, MNCF, RPPN -Caraça,<br />
EPDA-Peti<br />
Glossophaga soricina (Pallas, 1766) Morcego-beija-flor PESV, PEL, MNCF PEL, MNCF,<br />
RPPN -Caraça, EPDA-Peti, PNSC<br />
Lonchophylla bokermanni Sazima, Morcego-beija-flor PNSC VU EN<br />
Vizotto & Taddei, 1978 da Serra<br />
Lonchophylla dekeyseri Taddei, Morcego-beija-flor PNSC VU EN<br />
Vizotto & Sazima, 1983 do Cerrado<br />
Phillostominae<br />
Chrotopterus auritus (Peters, 1856) Morcego PNCD, RPPN-Caraça, EDPA-Peti<br />
Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Morcego PESV, PEL, MNCF<br />
Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Morcego PESV, PEL, MNCF, EPDA-Peti<br />
Carollinae<br />
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Morcego PNCD, EEF, PESV, PEL, PEI, MNCF,<br />
APE-Mutuca, RPPN-Caraça, EDPA-Peti<br />
Stenodermatinae<br />
Artibeus fimbriatus Gray, 1838 Morcego EDPA-Peti<br />
Artibeus lituratus (Olfers, 1818) Morcego PESV, RPPN-Caraça<br />
Artibeus obscurus Schinz, 1821 Morcego EPDA-Peti DD<br />
Artibeus planirostris (Spix, 1823) Morcego PEL, MNCF, PNSC, RPPN-Caraça<br />
Platyrrinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Morcego PESV, PEL, MNCF<br />
Platyrrinus recifinus (Thomas, 1901) Morcego EPDA-Peti VU<br />
Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843) Morcego EPDA-Peti<br />
Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 247<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
248 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TAXONS<br />
NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />
TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />
Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) Morcego EPDA-Peti<br />
Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) Morcego EEF, EPDA-Peti, RPPN-Caraça<br />
Molossidae<br />
Eumops perotis (Schinz, 1821) Morcego RPPN-Caraça<br />
Molossus molossus (Pallas, 1766) Morcego EPDA-Peti<br />
Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) Morcego EDPA-Peti<br />
Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) Morcego RPPN-Caraça<br />
Vespertilionidae<br />
Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) Morcego EEF, RPPN-Caraça<br />
Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824) Morcego EEF, APE-Mutuca<br />
Lasiurus blossevilli (Lesson & Garnot, 1826) Morcego PMM, RPPN-Caraça<br />
Lasiurus cinereus (Beauvois, 1796) Morcego DD<br />
Myotis nigricans (Schinz, 1821) Morcego PESV<br />
Myotis ruber (I Geoffroy, 1824) Morcego VU<br />
PRIMATES<br />
Atelidae<br />
Alouatta caraya (Humboldt, 1812) Bugio<br />
Alouatta guariba clamitans Cabrera, 1940 Bugio PEI, RPPN-Caraça VU<br />
Alouatta guariba guariba (Humboldt, 1812) Bugio CR CR<br />
Brachyteles hypoxanthus (Kuhl, 1820) Muriqui-do-norte CR EN<br />
Callitrichidae<br />
Callithrix geoffroyi Sagui-da-cara-branca PERP, PNSC<br />
(É. Geoffroy in Humboldt, 1821)<br />
Callithrix penicillata Mico-estrela PMM, PNSC, EEF<br />
(É. Geoffroy in Humboldt, 1821)<br />
Callithrix kuhlii Coimbra-Filho, 1985 Sagüi-de-Wied EN<br />
Cebidae<br />
Cebus nigritus Goldfuss, 1809 Macaco-prego RPPN-Caraça<br />
Cebus robustus (Kuhl, 1820) Macaco-prego- VU EN<br />
de-cristas<br />
Cebus xanthosternus Wied-Neuwied, 1826 Macaco-prego- CR CR<br />
do-peito-amarelo<br />
Pitheciidae<br />
Callicebus barbarabrownae Hershkovitz, 1990 Sauá CR<br />
Callicebus melanochir Wied-Neuwied, 1820 Sauá VU EN<br />
Callicebus personatus (É. Geoffroy, 1812) Sauá EEF VU EN<br />
Callicebus nigrifrons (Spix, 1823) Sauá PNSC, PEI, PERM, EET,<br />
RPPN-Caraça, EDPA-Peti<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TAXONS<br />
NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />
TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />
CARNIVORA<br />
Canidae<br />
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Raposa PERP, PEB, PEPI, EEF, PESV<br />
Chrysocyon brachyurus (Illiger, 1815) Lobo-guará PERP, PEB, PEPI, PNSC, EEF VU VU<br />
Lycalopex vetulus (Lund, 1842) Raposinha PERP, PEB, PNSC<br />
Procyonidae<br />
Nasua nasua (Linnaeus, 1766) Quati PMM, PEB, EEF<br />
Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798) Mão-pelada PERP, PEB, PEPI, EEF<br />
Mustelidae<br />
Conepatus semistriatus (Boddaert, 1784) Jaritataca PERP, PEB, PEPI<br />
Eira bárbara (Linnaeus, 1758) Irara PERP, EEF<br />
Galictis cuja (Molina, 1782) Furão PNSC, EDPA-Peti<br />
Galictis vittata (Schreber, 1776) Furão PEL, MNCF, PNSC<br />
Lontra longicaudis (Olfers, 1818) Lontra PERP, PEI, PNSC, RPPN-Caraça VU<br />
Felidae<br />
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Jaguatirica PERP, PEB, PEPI, PNSC, EEF VU VU<br />
Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato-do-mato PERP, PNSC VU VU<br />
Leopardus wiedii (Schinz, 1821) Gato-maracajá VU EN<br />
Puma yaguaroundi (Lacépède, 1809) Gato-mourisco EEF DD<br />
Puma concolor (Linnaeus, 1771) Sussuarana PERP, PEB, PEPI, PNSC VU VU<br />
Panthera onca (Linnaeus, 1758) Onça VU CR<br />
PERISSODACTYLA<br />
Tapiridae<br />
Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) Anta PERP, PNSV EN<br />
ARTYODACTYLA<br />
Tayassuidae<br />
Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) Cateto PERP, EEF, PEL, MNCF VU<br />
Cervidae<br />
Mazama americana (Erxleben, 1777) Veado-mateiro PNSC<br />
Mazama gouazoupira (G. Fisher, 1814) Veado-catingueiro PERP, EEF<br />
Ozotocerus bezoarticus (Linnaeus, 1758) Veado-campeiro EN<br />
RODENTIA<br />
Sciuridae<br />
Sciurus aestuans Linnaeus, 1766 Caxinguelê PMM, PERP, PEB, PNSC, EEF,<br />
APE-Mutuca, RPPN-Jambreiro<br />
Muridae<br />
Mus musculus (Linnaeus, 1758) Rato-de-casa APE-Fechos, APE-Mutuca<br />
Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 249<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
250 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />
...continuação da Tabela 1<br />
TAXONS<br />
NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />
TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />
Cricetidae<br />
Sigmodontinae<br />
Akodon cursor (Winge, 1887) Rato-de-chão PMM, PERM, PERP, PEPI, EEF,<br />
PEL, PNSC, MNCF, APE-Mutuca,<br />
APE-Fechos, RPPN-Jambreiro,<br />
EDPA-Peti<br />
Akodon montensis Thomas, 1913 Rato-de-chão APE-Mutuca<br />
Blarinomys breviceps (Winge, 1887) EDPA-Peti<br />
Calomys expulsus (Lund, 1841) Rato-do-mato<br />
Calomys tener (Winge, 1887) Rato-do-mato PESM, PNSC, EEF, APE-Mutuca<br />
Delomys dorsalis (Hensel, 1872) Rato-do-mato<br />
Delomys sublineatus (Thomas, 1903) Rato-do-mato<br />
Holochilus sciureus Wagner, 1842 DD<br />
Juliomys pictipes (Osgood, 1933) Rato-do-mato EDPA-Peti<br />
Necromys lasiurus (Lund, 1841) Rato-do-mato PESV<br />
Nectomys squamipes (Brants, 1827) Rato-d’água PERP, PEB, PNSC, EEF,<br />
APE-Mutuca, EDPA-Peti<br />
Nectomys rattus (Pelzen, 1883) Rato-d’água<br />
Oecomys catherinae (Allen & Chapman, 1893) Rato-do-mato EDPA-Peti<br />
Oligoryzomys fornesi Massoia, 1973 Rato-do-mato<br />
Oligoryzomys nigripes (Olfers, 1818) Rato-do-mato PESV, PNSC, PERM, EEF<br />
Oligoryzomys rupestris Rato-do-mato<br />
(Weksler & Bonvicino, 2005)<br />
Euryoryzomys lamia (Thomas, 1901) Rato-do-mato DD CR<br />
Euryoryzomys russatus (Wagner, 1848) Rato-do-mato PNSC<br />
Cerradomys subflavus (Wagner, 1842) Rato-de-cana PERP, PNSC, EEF, PESV, PEL, MNCF<br />
Sooretamys angouya (Fischer, 1814)<br />
Oxymicterus delator Thomas, 1903 Rato-do-brejo PESV, APE-Mutuca<br />
Oxymicterus dasytrichus (Schinz, 1821) Rato-do-brejo PNSC, EEF , PESV<br />
Rhipidomys mastacalis (Lund, 1840) Rato-de-árvore PMM, PERM, PERP, PEB PNSC, EEF<br />
Rhipidomys macrurus (Gervais, 1855) Rato-de-árvore<br />
Thalpomys lasiotis Thomas, 1916 Rato-do-mato PERP, PNSC<br />
Thaptomys nigrita (Lichtenstein, 1829) Rato-do-chão<br />
Wiedomys pyrrhorhinos (Wied-Neuwied, 1821) Rato-de-fava<br />
Erethizontidae<br />
Coendou prehensilis (Linnaeus, 1758) Ouriço-cacheiro PMM, PNSC<br />
Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1823) Ouriço-cacheiro<br />
Caviidae<br />
Cavia aperea Erxleben, 1777 Preá PERP, PEB, PNSC, EEF<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 1<br />
TAXONS<br />
NOME OCORRÊNCIA AMEAÇADOS b<br />
TAXON COMUM EM UCs Brasil MG<br />
Galea spixii (Wagler, 1831) Preá<br />
Hydrochaerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) Capivara EEF, PERP, PNSC, RPPN-Jambreiro<br />
Kerodon rupestris (Wied, 1820) Mocó PERP, PEB, PEPI, PESV, PEL, MNCF<br />
Agoutidae<br />
Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) Paca PERP, PEB, PNSC, EEF<br />
Dasyproctidae<br />
Dasyprocta azarae Lichtenstein, 1823 Cutia PERP<br />
Echimyidae<br />
Euryzygomatomys spinosus (G. Fisher, 1814) Guirá RPPN-Caraça<br />
Kannabaetomys amblyonys (Wagner, 1845) Rato-do-bambu EDPA-Peti<br />
Phylomys blainvilli (Jourdan, 1837) Rato-de-espinho DD<br />
Phylomys lamarum (Thomas, 1916) Rato EEA<br />
Thrichomys apereoides (Lund, 1839) Rabudo PERP, PEB, PNSC, PNSV<br />
Thrichomys inermis (Pictet, 1843) Rabudo PESV, PEL, MNCF<br />
Trynomys albispinus (I. Geoffroy, 1838) Rato-de-espinho PEL, MNCF DD<br />
Trynomys gratiosus (Moojen, 1948) Rato-de-espinho RPPN-Caraça<br />
Trynomys iheringi (Thomas, 1911) Rato-de-espinho RPPN-Caraça<br />
Trynomys moojeni Pessôa, Oliveira & Reis, 1992 Rato-de-espinho PNSC, RPPN-Caraça VU<br />
Trynomys paratus (Trinomys, 1948) Rato-de-espinho RPPN-Caraça DD<br />
Trynomys setosus (Desmarest, 1817) Rato-de-espinho EDPA-Peti DD<br />
LAGOMORPHA<br />
Leporidae<br />
Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 251<br />
Silvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758) Tapiti PERM, PERP, PEB, PEPI, PNSC,<br />
PNSV, EEF, PESV, EDPA-Peti,<br />
RPPN-Caraça, RPPN-Jambreiro<br />
a Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.<br />
b Categorias (IUCN, 2003): CR = Criticamente em perigo; EN = Em perigo; VU = Vulnerável; DD = Dados deficientes.<br />
* Unidades de Conservação<br />
MINAS GERAIS:<br />
EEF = Estação Ecológica de Fechos;<br />
PMM = Parque Municipal das Mangabeiras; APE-Mutuca = Área de Proteção Especial da Mutuca;<br />
PERM = Parque Estadual do Rola Moça; EDPA-Peti = Estação de Proteção e Desenvolvimento Ambiental Peti;<br />
PERP = Parque Estadual do Rio Preto;<br />
RPPN-Caraça = Reserva Particular do Patrimônio Natural do Caraça;<br />
PEB = Parque Estadual do Biribiri;<br />
RPPN-Jambreiro = Reserva Particular do Patrimônio Natural Jambreiro;<br />
PEI = Parque Estadual do Itacolomi;<br />
BAHIA:<br />
PEPI = Parque Estadual do Pico do Itambé; PEL = Parque Estadual de Lages;<br />
PNSC = Parque Nacional da Serra do Cipó; PESV = Parque Estadual das Sempre Viva;<br />
PNSV = Parque Nacional das Sempre Vivas; PNCD = Parque Nacional da Chapada Diamantina;<br />
EEA = Estação Ecológica de Acauã;<br />
MNCF = Monumento Natural da Cachoeira do Ferro Doido.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
252 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />
cies registradas e que estão incluídas na lista de espécies<br />
ameaçadas para o estado de Minas Gerais, apenas<br />
sete foram registradas em Unidades de Conservação<br />
de Proteção Integral (Tabela 1).<br />
Para a ordem carnívora, um único registro foi confirmado<br />
para Leopardus wiedii (gato-maracajá) na região<br />
de Belo Horizonte (MG) e a espécie com maior número<br />
de registros foi Puma concolor (onça-parda). Panthera onca<br />
(onça-pintada) foi registrada apenas na região da APA<br />
Sul e seu entorno (Quadrilátero Ferrífero/MG) (Santos-<br />
Silva, com. pess.), sempre associada a remanescentes<br />
de Mata Atlântica. Dentre os canídeos, destaca-se a<br />
ocorrência do Chrysocyon brachyurus (lobo-guará), aparentemente<br />
freqüente em toda porção centro-sul e em<br />
regiões de transição entre campos de altitude e cerrados,<br />
ao longo da vertente oeste da Cadeia (Moreira,<br />
com. pess.).<br />
Entre os representantes das ordens Artiodactyla e<br />
Perissodactyla, os poucos registros disponíveis referemse<br />
à porção meridional do Espinhaço, sendo eles,<br />
Mazama americana (veado-mateiro), Mazama gouazoupira<br />
(veado-catingueiro) e Pecari tajacu (cateto). Tapirus<br />
terrestris (anta) tem sido registrado com freqüência ao<br />
longo da Cadeia e em diferentes gradientes altitudinais,<br />
acredita-se que a Cadeia do Espinhaço seja uma área<br />
importante para a conservação da espécie (Moraes Jr.<br />
et al. 2003).<br />
Da ordem Rodentia, Hydrochaeris hydrochaeris<br />
(capivara), apresentou registros apenas na região centro<br />
sul da Cadeia. Em algumas localidades, como na<br />
Serra do Cipó, sua população parece estar aumentando,<br />
talvez favorecida pela ausência de predadores naturais,<br />
somado ao fato de adaptarem-se muito bem aos<br />
ambientes alterados providos de pastagens artificiais<br />
(Ferraz et al., 2003).<br />
PRINCIPAIS AMEAÇAS<br />
A situação da Cadeia do Espinhaço, no que tange à conservação<br />
da diversidade de mamíferos, pode ser considerada<br />
como extremamente grave. Dados concretos<br />
referentes à redução da cobertura vegetal, desde o início<br />
do histórico processo de ocupação humana da região<br />
com a implantação das primeiras lavras de ouro e<br />
diamantes em meados do século XVII e seus impactos<br />
diretos e indiretos sobre a fauna de mamíferos são desconhecidos.<br />
Atualmente, a principal ameaça à conservação<br />
de mamíferos no Espinhaço é a destruição e a<br />
fragmentação de hábitats (Lessa, 2005; Oliveira e Pes-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
soa, 2005), processo que ameaça os ecossistemas terrestres<br />
em todo o mundo (Vitta, 2002) e reconhecido<br />
como a principal ameaça à conservação de mamíferos<br />
terrestres no Brasil (Costa et al., 2005 b ).<br />
Dentre os principais fatores antropogênicos relacionados<br />
à perda de diversidade de mamíferos na Cadeia<br />
do Espinhaço (vide Vitta, 2002; Drumond et al.,<br />
2005; Lessa, 2005; Rocha et al., 2005) destacam-se:<br />
(1) as freqüentes queimadas, geralmente relacionadas<br />
ao manejo inadequado do solo para ampliação de áreas<br />
de plantio ou de pastagens; (2) a presença de gado; (3)<br />
o turismo desordenado; (4) a caça predatória e a perseguição<br />
a espécies nativas p. ex., Puma concolor<br />
(sussuarana), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará), Kerodon<br />
rupestris (mocó) e diversas espécies de primatas; (5) a<br />
crescente especulação imobiliária próximo aos grandes<br />
centros, atrelada à expansão urbana não planejada; (6)<br />
a pavimentação de estradas já existentes e a abertura<br />
de novas vias de acesso local; (7) a ação dos mineradores<br />
na destruição de grandes afloramentos rochosos<br />
(“inselbergs”) e remanescentes de mata de galeria; (8) a<br />
invasão por espécies exóticas (p. ex., Mus musculus) que<br />
podem agravar os efeitos da fragmentação através da<br />
competição, predação ou introdução de doenças; (9) o<br />
desmatamento de áreas nativas para a ampliação das<br />
áreas de monocultura florestal a fim de atender ao consumo<br />
de lenha e carvão vegetal; (10) o desmatamento<br />
e o corte seletivo, com destaque para a destruição total<br />
ou parcial das matas de galeria e capões de mata,<br />
ambientes-chave na manutenção da diversidade de<br />
mamíferos (Redford & Fonseca, 1986).<br />
Em Minas Gerais, embora a Cadeia do Espinhaço tenha<br />
sido indicada como área prioritária para a conservação<br />
de diversos grupos biológicos, foi considerada<br />
como “insuficientemente conhecida” para o grupo de<br />
mamíferos (Drummond et al., 2005), o que demonstra<br />
o vazio de informações científicas sobre a mastofauna<br />
do Espinhaço. Diversos critérios têm sido propostos<br />
para a seleção de áreas prioritárias para a conservação,<br />
como o número de espécies endêmicas, riqueza de espécies<br />
e a presença de espécies raras ou ameaçadas<br />
(Silva & Bates, 2002). Entretanto, uma limitação à aplicação<br />
desses critérios é a falta de informações adequadas<br />
documentando a distribuição das espécies, problema<br />
grave em diversas áreas do Espinhaço, como a porção<br />
meridional e o maciço norte da Cadeia, em Minas<br />
Gerais, e a região da Chapada Diamantina, na Bahia.<br />
A lista de mamíferos para Cadeia do Espinhaço<br />
totalizou 143 táxons (considerando-se as subespécies)<br />
dos quais cerca de 20% apresentam algum grau de ame-
aça e aproximadamente 10% apresentam deficiência de<br />
dados para análise de seu status de conservação (Tabela<br />
1). Os maiores números de espécies ameaçadas estão<br />
concentrados no grupo de mamíferos de médio e<br />
grande porte (primatas, carnívoros, artiodáctilos e<br />
perissodáctilos). Apesar do carisma de determinados<br />
grupos, como os primatas, algumas espécies são ainda<br />
precariamente conhecidas quanto a aspectos de sua<br />
biologia e táxons como o Allouata guariba guariba (bugio),<br />
Cebus robustus (Macaco-prego) e C. xanthosternos<br />
(macaco-prego-do-peito-amarelo) começaram a ser estudados<br />
apenas nesta década (Kierullf, et al., 2004;<br />
Martins, 2005). Dos 14 táxons de primatas identificados<br />
no Espinhaço, oito foram relacionados na recente<br />
revisão da lista de espécies ameaçadas de Minas Gerais<br />
(Biodiversitas, 2007) e apenas seis possuem ocorrência<br />
registrada em Unidades de Conservação de Proteção<br />
Integral (Tabela 1). Para os pequenos mamíferos (roedores,<br />
marsupiais e quirópteros) a maior ameaça é ainda<br />
a escassez de conhecimentos científicos básicos referentes<br />
à taxonomia, sistemática e distribuição geográfica.<br />
O que prejudica tanto as atividades de campo<br />
quanto as inferências sobre o estado de conservação<br />
das espécies (Costa et al., 2005 b ) e a tomada de decisões<br />
no estabelecimento de medidas para a conservação<br />
das espécies. Identificações inadequadas de espécies<br />
e a ausência de revisões sistemáticas atuam mascarando<br />
a diversidade real presente (Vivo, 1996; Tavares,<br />
2003) o que certamente dificulta o estabelecimento de<br />
iniciativas para a conservação e manejo, assim como a<br />
realização de análises regionais (Brito, 2004).<br />
ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO<br />
A área ocupada pela Cadeia do Espinhaço é de aproximadamente<br />
150.000Km 2 ou 15.000.000ha. Entretanto,<br />
até o momento, foram delimitadas apenas 35 Unidades<br />
de Conservação (UCs) de Proteção Integral na região,<br />
sendo 29 em Minas Gerais, o equivalente a menos<br />
de 2% da área do Espinhaço, e apenas seis na Bahia.<br />
Apesar de regulamentadas, muitas dessas UCs encontram-se<br />
ameaçadas por ações antrópicas severas e apenas<br />
13% das Unidades são suficientemente grandes (><br />
20,000ha) para manter populações viáveis de mamíferos<br />
de médio e grande porte, normalmente, as mais<br />
afetadas pelo processo de fragmentação (Chiarello, 2000<br />
a e b).<br />
A criação de novas UCs e a implementação das Unidades<br />
já decretadas podem ser apontadas como solu-<br />
Lessa, Costa, Rossoni, Tavares, Dias, Moraes Jr. & Silva | 253<br />
ções de longo prazo para a conservação da diversidade<br />
de mamíferos no Espinhaço, uma vez que a área coberta<br />
por Unidades de Conservação de Proteção Integral<br />
na região é considerada insuficiente para proteger sua<br />
biodiversidade (Rocha et al., 2005). Um sistema eficiente<br />
de conservação para a fauna de mamíferos do Espinhaço<br />
deve contemplar a heterogeneidade paisagística<br />
existente, priorizando a criação de UCs a partir de critérios<br />
biológicos tangíveis, como a análise de lacunas<br />
(Costa et al., 2005 b ), de forma a garantir a conservação<br />
da maior parcela possível da diversidade biológica. Recentemente<br />
(julho de 2005) as porções sul e central do<br />
Espinhaço em Minas Gerais foram aprovadas pela<br />
Unesco como uma das sete Reservas da Biosfera no<br />
Brasil (programa homem e Biosfera-UNESCO), dada sua<br />
importância biológica, geomorfológica e histórica.<br />
É relevante também se reforçar a necessidade de<br />
estudos taxonômicos associados ao estabelecimento de<br />
um programa de inventários, de curto e longo prazo, e<br />
o incentivo à formação de novas coleções científicas,<br />
instrumentos essenciais para o desenvolvimento de<br />
estudos sobre a biodiversidade (Costa et al., 2005 b ). No<br />
intervalo de 12 anos entre a publicação da segunda e<br />
terceira edição do livro “Mammals Species of the<br />
World”, por exemplo, o número de espécies reconhecidas<br />
entre os roedores sigmondontíneos aumentou em<br />
18% (Wilson & Reeder, 2005). Patton (com. pess.) indica<br />
que das 298 espécies de mamíferos novas que foram<br />
acrescidas entre as duas publicações, 125 ocorrem na<br />
América do Sul.<br />
Nos últimos 10 anos, alguns estados brasileiros compilaram<br />
suas listas vermelhas estaduais de espécies,<br />
gerando valiosos instrumentos legais para a conservação<br />
da biodiversidade e direcionando incentivos para<br />
a pesquisa e medidas de conservação (Marini & Garcia,<br />
2005). A recente revisão da lista das espécies ameaçadas<br />
em Minas Gerais (Biodiversitas, 2007) permitiu a<br />
identificação de 45 táxons d-e mamíferos (incluindo<br />
as subespécies) ameaçados no Estado, dos quais 25<br />
(56%) têm ocorrência registrada na área do Espinhaço<br />
(tabela 1). Podemos identificar quais espécies, à luz<br />
do conhecimento atual, encontram-se ameaçadas e<br />
quais são suas principais ameaças, entretanto, o conhecimento<br />
e as medidas de conservação são ainda<br />
incipientes e estão desigualmente distribuídos ao longo<br />
do Espinhaço. Apesar do progresso obtido nos últimos<br />
anos com relação à conservação de mamíferos<br />
no Brasil (Costa et al., 2005 b ), as ameaças à fauna de<br />
mamíferos na Cadeia do Espinhaço não diminuíram<br />
na mesma proporção.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
254 | Mamíferos da Cadeia do Espinhaço: riquza, ameaças e estratégias para conservação<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Agradecemos a Alexsander Araújo Azevedo (Instituto<br />
Biotrópicos), a Ricardo Bonfim Machado e Gláucia<br />
Moreira Drumond (Fundação Biodiversitas) pelo convite<br />
para a redação do artigo. A Cristiane Freitas de Azevedo<br />
pela revisão do texto e a um revisor anônimo por<br />
seus comentários. Ao apoio financeiro da Conservação<br />
Internacional – CBC e ao Professor Gustavo Fonseca que<br />
nos cedeu espaço e logística para realização de atividades<br />
através do Laboratório de Mastozoologia e Manejo<br />
da Fauna da Universidade Federal de Minas Gerais e<br />
pelo acesso a coleções. A Edeltrudes Câmara e Sônia<br />
Talamoni pelo acesso a coleções sob sua custódia. A<br />
Adriano Paglia, Leonora Pires Costa, Yuri Leite e Cecília<br />
Kierulff por participarem da primeira fase de aprovação<br />
do projeto piloto “Mamíferos da Serra do Espinhaço<br />
como subsídio para definição de outcomes para conservação<br />
dos campos rupestres”. Aos colegas Ludmilla<br />
Aguiar, Fernando Perini, Renato Gregorin e Fábio Falcão<br />
por compartilharem o esforço de compilar informações<br />
sobre morcegos em MG. À Fundação de Amparo<br />
a Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG) que<br />
concedeu auxílio para coleta de p<strong>arte</strong> dos dados apresentados.<br />
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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Distribuição espacial do esforço de pesquisa<br />
biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:<br />
subsídios ao manejo das unidades de<br />
conservação da região<br />
JOÃO AUGUSTO MADEIRA 1,2<br />
KÁTIA TORRES RIBEIRO 2<br />
MARCELO JULIANO RABELO OLIVEIRA 3<br />
JAQUELINE SERAFIM DO NASCIMENTO 4<br />
CELSO DO LAGO PAIVA 2<br />
1 Parque Nacional da Serra do Cipó, ICMBio, MG, Brasil.<br />
2 Analista ambiental do Parque Nacional da Serra do Cipó, ICMBio.<br />
3 Biólogo, bolsista Conservação Internacional do Brasil.<br />
4 Geógrafa, bolsista Instituto Biotrópicos.<br />
* email: jmadeira@uai.com.br<br />
RESUMO<br />
Em regiões de interesse conservacionista, o diagnóstico acerca da distribução espacial do<br />
esforço de pesquisa e sua relação com a distribuição conhecida e presumida de ambientes<br />
tem múltiplos propósitos. Primeiro, subsidiar conclusões das próprias pesquisas, considerando<br />
seu alcance e contexto; segundo, apoiar a definição de prioridades de conservação, com<br />
base numa visão crítica sobre extensão e lacunas do conhecimento; <strong>final</strong>mente, apoiar estratégias<br />
de manejo e fomento à pesquisa, com apoios e mecanismos para redução de lacunas<br />
espaciais e temáticas numa certa região. A Serra do Cipó, na porção sul da Serra do Espinhaço,<br />
é famosa pela diversidade e endemismo de seus campos rupestres, e cada novo levantamento<br />
resulta em miríade de espécies, ocorrências e interações novas. Ocorre então um deslumbramento<br />
que pode mascarar a concentração espacial do esforço de pesquisa, o não (re)conhecimento<br />
de ambientes extremamente variados, e portanto sua não inserção em prioridades de<br />
conservação. Fizemos um diagnóstico da distribuição espacial dos esforços de pesquisa biológica<br />
na Serra do Cipó, com base em amplo levantamento bibliográfico, com “serra do cipo”<br />
como indexador. A análise de 544 dos 1.011 títulos encontrados entre 1831 e 2005 mostra<br />
uma ênfase nos estudos botânicos; baixa, mas crescente precisão na descrição da localização<br />
dos pontos de estudo e; entre os registros que puderam ser georreferenciados, tendo a espécie<br />
como unidade de análise, 75% tratavam de organismos amostrados à beira de estradas,<br />
enquanto apenas 17% deles foram obtidos dentro do Parque Nacional. Há grande concentração<br />
nos campos rupestres e na vertente ocidental da Serra do Cipó, sendo as várias fisionomias<br />
do Cerrado e da Mata Atlântica sub-amostrados. Com base nestas informações, o plano de<br />
manejo do Parque Nacional preverá estratégias para reduzir as lacunas existentes e melhorar<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
258 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />
a forma de registro da informação biológica, considerando as novas tecnologias disponíveis.<br />
Palavras-chave: campos rupestres, espacialização do esforço de pesquisa, geoprocessamento,<br />
gerenciamento do conhecimento, Serra do Cipó, unidades de conservação.<br />
ABSTRACT<br />
The description of spatial and thematic distribution of research effort in a region of high biological<br />
conservation interest such as Serra do Cipó, located at southern Serra do Espinhaço, central Brazil, has<br />
many purposes: underlying research conclusions, since sampling bias and gaps are evidenced as well as<br />
under- and super-sampled habitats; conferring a better analysis about the landscape and research<br />
context; subsidizing the development of management strategies intended to narrow knowledge gaps<br />
by means of better logistics and specific stimuli, such as finantial support for definition and development<br />
of prioritary research lines. It is also important for conservation purposes and planning, considering<br />
that less studied sites should be protected considering precaution principles, and their characteristics<br />
may be sometimes inferred considering similarities at other levels. We analysed the spatial distribution<br />
of biological research effort at Serra do Cipó, a place with two federal conservation units – Serra do<br />
Cipó National Park and Morro da Pedreira Environmental Protection Area – recognised by high diversity<br />
and endemism, specially of plants associated to rupestrian fields, a vegetation growing on nutrient<br />
poor and shallow sandy soils. This vegetation is neighbored by diverse and still bad studied Cerrado<br />
and Atlantic Forest phytophysiognomies. Hitorically, studies were concentrated on botanics, with a<br />
clear thematic diversification in the last two decades. Considering 544 analysed publications from a<br />
group of 1,011 known works, and 10,100 species citations (with repetitions), it became evident the<br />
concentration of species records along roads (75%) and the relative scarcity of studies from the Park<br />
(17% of records). This diagnostic will underly the research and management plan for the federal<br />
conservation units, discussed further with the scientific community, with already sensible results.<br />
Key-words: conservation units, research management, rupestrian fields, Serra do Cipó.<br />
INTRODUÇÃO<br />
É certamente impossível distribuir de forma equânime<br />
o esforço de pesquisa sobre um certo território, ainda<br />
mais o esforço para conhecimento de um país enorme<br />
e tão diverso como o Brasil. Existem regiões em que se<br />
concentram as investigações bem como a quantidade<br />
de informação acumulada e articulada, seja em função<br />
da proximidade de pólos econômicos e de centros de<br />
pesquisa, seja pelo surgimento de interesse específico<br />
e estímulos à pesquisa na forma de editais e linhas de<br />
financiamento. No primeiro caso, destaca-se o conhecimento<br />
em vasta temática nas áreas vizinhas às grandes<br />
capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto<br />
Alegre, Brasília, e mesmo Manaus e Belém do Pará. No<br />
segundo caso, buscas pioneiras de pesquisadores, e<br />
editais específicos que estimulam a pesquisa em locais<br />
de difícil acesso e distantes de centros de pesquisa, como<br />
áreas ermas da Amazônia que recebem recursos de programas<br />
como o ARPA, ou ainda a integração de instituições<br />
para estímulo à formação de grupos de pesquisa,<br />
como recentemente no estado do Amapá (Programa de<br />
Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical - parceria<br />
EMBRAPA, UNIFAP, IEPA, CI-Brasil, CAPES).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Mesmo localmente o conhecimento é fragmentado<br />
e por vezes surpreendentemente concentrado em certos<br />
ambientes, percursos, temas. A proposição de temas<br />
e áreas de pesquisa também sofre de formas de<br />
contágio – tende-se a voltar em áreas previamente visitadas,<br />
de modo a dar continuidade e/ou profundidade<br />
e diversificação a investigações, aproveitar a estrutura<br />
logística já conhecida e estabelecida; tende-se a percorrer<br />
os mesmos caminhos, tende-se a aprofundar e<br />
detalhar perguntas já feitas. Intrinsecamente, não há<br />
mal algum neste procedimento, uma vez que a pesquisa<br />
sempre é permeada por dilemas entre generalidade<br />
versus especificidade, detalhamento local versus abrangência<br />
espacial, dentre outros. No entanto, uma vez<br />
que a tendenciosidade na amostragem afeta conclusões,<br />
inferências e visões de mundo, é essencial que tenhamos<br />
discernimento sobre a ênfase e tendências do conjunto<br />
de pesquisas (Gutzwiller, 2002). Como destaca<br />
Wiens (2002), é fácil ver mapas e imagens como “verdades”<br />
e esquecer que qualquer conclusão é contingenciada<br />
pelas classificações propostas e pelos procedimentos<br />
de delimitação de fronteiras necessários para<br />
a produção de mapas e outras formas de representação.<br />
A experiência do pesquisador e o conhecimento
acumulado são determinantes para a definição de categorias<br />
e classificações. Extensas listas de espécies nem<br />
sempre culminam em representações adequadas da distribuição<br />
da diversidade em uma certa região. Criar longas<br />
listas de espécies pode ser extremamente caro, mas<br />
a questão central para a conservação da diversidade,<br />
como aponta Sutherland (2000), está em como usar a<br />
informação e os recursos disponíveis de modo a fornecer<br />
o melhor embasamento para a definição de prioridades<br />
entre áreas, e esta necessidade deve ser contemplada<br />
antes da realização de novos inventários.<br />
Protege-se aquilo que se conhece. Ao se questionar<br />
pesquisadores acerca de áreas e organismos essenciais<br />
a serem protegidos, com elevada probabilidade eles<br />
apontarão aqueles que conhecem bem, pois poderão<br />
descrever detalhadamente uma série de motivos justos<br />
e pertinentes que recomendariam esta proteção. A contextualização<br />
do grau de conhecimento sobre uma região,<br />
sobre os diversos grupos taxonômicos e sobre o<br />
status de conservação de ambos necessita de uma análise<br />
deste conhecimento que inclua a avaliação dos esforços<br />
de pesquisa já realizados, auxiliando o direcionamento<br />
de pesquisas futuras e eventuais tomadas de<br />
decisão pelos gestores de áreas protegidas (Burke,<br />
2007).<br />
A ciência tem suas próprias questões, sua própria<br />
dinâmica e suas limitações, inclusive orçamentárias e<br />
de pessoal, e não se espera que o conjunto dos pesquisadores<br />
e dos órgãos de fomento tenham como<br />
preocupação básica dispersar seu esforço de pesquisa<br />
de modo a abarcar a maior diversidade de ambientes<br />
ou situações, em termos espaciais. No entanto,<br />
todos se beneficiam com um maior entendimento do<br />
contexto em que se realiza um esforço de pesquisa.<br />
Por mais concentrados que sejam os inventários em<br />
uma certa região, as conclusões de estudo certamente<br />
se enriquecerão se o pesquisador tiver acesso a informações<br />
tais como grau de concentração espacial/<br />
temporal do esforço, quantidade e representatividade<br />
dos habitats e estações amostrados em relação ao<br />
todo a que se pretende estender as conclusões. E estas<br />
informações tornam-se mais acessíveis a partir da<br />
disponibilização de imagens e ambientes SIG e de séries<br />
de dados meteorológicos.<br />
Em uma área protegida extensa e diversa, a análise<br />
da distribuição dos esforços de pesquisa beneficia ao<br />
menos três conjuntos de profissionais/ atividades – os<br />
próprios pesquisadores, que contextualizam seus esforços<br />
e podem encontrar novas fronteiras e novas explicações<br />
para os padrões descritos; os gestores da área,<br />
Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 259<br />
que podem envidar esforços para melhor distribuir as<br />
pesquisas futuras no território, por meio de análise de<br />
lacunas, busca de estímulos financeiros e logísticos, e<br />
proposição de questões; e por fim os esforços conservacionistas,<br />
ao se apontar áreas desconhecidas mas não<br />
necessariamente menos importantes, e viabilizar<br />
inferências a partir dos dados já existentes.<br />
Neste estudo apresentamos uma análise da distribuição<br />
espacial e temática dos esforços de pesquisa na<br />
Serra do Cipó, bem como novas tendências e decisões<br />
de gestão e conservação decorrentes desta análise. Não<br />
se trata de uma investigação acerca da distribuição dos<br />
organismos e da biodiversidade em si – esta é uma questão<br />
extremamente complexa, que demanda estratégias<br />
de amostragem e de estratificação da informação e análises<br />
estatísticas que não são o propósito deste trabalho<br />
(Rich & Smith, 1996, Sutherland, 2000). Apresentamos<br />
um mapeamento do esforço de pesquisa passado<br />
e uma análise dos ambientes mais favorecidos, tendo<br />
como base o material cartográfico elaborado para os<br />
planos de manejo do Parque Nacional da Serra do Cipó<br />
e Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira. Estas<br />
são unidades de conservação federais que visam a proteção<br />
da porção sul da Serra do Espinhaço, próxima à<br />
região metropolitana de Belo Horizonte, já com 5 milhões<br />
de habitantes, fortemente pressionada pelo<br />
parcelamento do solo, turismo desordenado e novas<br />
áreas de mineração.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Área de estudo<br />
A Serra do Cipó localiza-se ao sul da Serra do Espinhaço,<br />
bordejando a região metropolitana de Belo Horizonte.<br />
Dista apenas 100 km da capital do estado, por<br />
estrada que segue até a cidade de Diamantina, em caminhos<br />
que em p<strong>arte</strong> coincidem com os da antiga Estrada<br />
Real. As serras dividem as águas que drenam para<br />
o rio das Velhas, afluente do rio São Francisco, a oeste,<br />
das que vertem para o rio Doce, a leste. As montanhas<br />
são edificadas por formações rochosas quartzíticas, em<br />
sua maioria incluídas no Supergrupo Espinhaço<br />
(Almeida-Abreu, 1995), solos pobres em nutrientes que<br />
sustentam os campos rupestres, ricos em espécies e<br />
com elevado grau de endemismo (Giulietti et al., 1987,<br />
Pirani et al. 2003). A oeste predominam as diversas fitofisionomias<br />
do cerrado, nesta região com ampla ocorrência<br />
de ambientes cársticos, relacionados à formação<br />
Bambuí, que favorece a formação de latossolos pro-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
260 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />
fundos, que por sua vez sustentam cerradões e matas<br />
mesófilas, bem como as matas secas sobre os afloramentos<br />
rochosos. A leste encontram-se fitofisionomias<br />
da Mata Atlântica, seja na forma de uma transição para<br />
os campos rupestres, sobre solos quartzosos, sejam<br />
formações arbóreas e mais fechadas, nos solos profundos<br />
derivados do embasamento cristalino. Em resumo,<br />
formações vegetacionais com composição e fisionomia<br />
muito variadas são encontradas em curtos espaços,<br />
onde a elevada biodiversidade tem relação também com<br />
a diversidade de solos, topografia e clima.<br />
O relevo varia de cerca de 750 metros de altitude a<br />
oeste e 650 a leste a 1670 metros, havendo extensos<br />
planaltos com altitudes entre 1.000-1.300m. O clima é<br />
estacional, com verões úmidos e invernos bastante secos,<br />
com cerca de 7 meses secos a oeste, e precipitação<br />
anual em torno de 1.500mm, em média (Madeira e<br />
Fernandes, 1999). Há concentração de nebulosidade nas<br />
vertentes orientais e portanto maior umidade, que favorece<br />
a formação de matas de neblina.<br />
O acesso à região era feito exclusivamente por estrada<br />
de terra até meados da década de 1980, e no presente<br />
século houve a pavimentação da rodovia MG-010<br />
em todo o trecho que atravessa a Serra do Cipó, até a<br />
cidade de Conceição do Mato Dentro. Os acessos às<br />
demais sedes de municípios da região não foram ainda<br />
pavimentados. O Parque Nacional da Serra do Cipó foi<br />
criado em 1984, correspondendo aproximadamente à<br />
área do parque estadual de mesmo nome, criado em<br />
1975. São 31.618 hectares que abarcam ecossistemas<br />
representativos de três complexos vegetacionais, aqui<br />
chamados de biomas: Campos Rupestres (84%), Cerrado<br />
(8%) e Mata Atlântica (8%). Abrange terras dos municípios<br />
de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do<br />
Pilar e Itambé do Mato Dentro. O Parque é inteiramente<br />
circundado pela Área de Proteção Ambiental (APA)<br />
Morro da Pedreira, criada em 1990, já com o propósito<br />
de funcionar como zona de amortecimento do parque,<br />
com 100mil hectares, também distribuídos em fitofisionomias<br />
de Cerrado (14%), Campo Rupestre (56%) e<br />
Mata Atlântica (30%) (Ribeiro et al., 2008). A APA abrange,<br />
além dos citados acima, os municípios de Itabira,<br />
Nova União e Taquaraçu de Minas. As duas unidades<br />
estão incluídas na Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço,<br />
declarada pela UNESCO em 2006.<br />
Entendemos como região da “Serra do Cipó” os sete<br />
municípios citados e mais Conceição do Mato Dentro,<br />
limítrofe à APA, como também entendido pela Secretaria<br />
de Turismo do estado de Minas Gerais (municípios<br />
que compõem o Circuito Turístico do Parque Nacional<br />
da Serra do Cipó).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
Levantamento bibliográfico e georreferenciamento<br />
Fez-se um primeiro levantamento das publicações existentes<br />
sobre a Serra do Cipó, em todas as áreas das<br />
ciências, utilizando o Portal Capes (www.periodicos.<br />
capes.gov.br), tendo “serra do cipo” como indexador.<br />
O nome Serra do Cipó tem se estendido a mais áreas<br />
em função do turismo e divulgação do nome como uma<br />
marca, e há décadas atrás muitos dos municípios citados<br />
não seriam considerados pertencentes à Serra do<br />
Cipó. Assim, por segurança, as buscas bibliográficas<br />
incluiram também os nomes dos municípios. A partir<br />
do acervo do Parque Nacional foram triadas publicações<br />
a partir também das referências bibliográficas, com<br />
que se conseguiu acesso aos trabalhos mais antigos,<br />
muitos não indexados. Fez-se o máximo esforço para<br />
obtenção dos trabalhos existentes, muitos deles não<br />
disponíveis em meio digital. À época de análise dos<br />
dados para este trabalho, o banco de dados continha<br />
1.011 títulos (Tabela 1), dos quais 544 foram obtidos e<br />
lidos. Os trabalhos lidos foram então classificados de<br />
acordo com o grau de acurácia com que foram descritos<br />
os pontos de coleta ou observação dos espécimens<br />
(registros). Os critérios utilizados nesta classificação<br />
estão na Tabela 2.<br />
TABELA 1 – Total de publicações levantadas e ano da primeira<br />
publicação encontrada em cada área do conhecimento. Trabalhos<br />
envolvendo espécies animais ou vegetais foram enquadrados<br />
nas categorias “Ecologia” ou “Conservação” quando se considerou<br />
que seus objetivos se encaixavam melhor nestas categorias,<br />
não sendo, neste caso, incluídos nas categorias “Zoologia” ou<br />
“Botânica”.<br />
Total de<br />
publicações Ano da<br />
Área do levantadas primeira<br />
conhecimento até 2004 publicação<br />
Arqueologia 43 1975<br />
Botânica 635 1831<br />
Conservação 30 1982<br />
Ecologia 65 1846<br />
Geografia 19 1869<br />
Geologia 41 1931<br />
História 24 1904<br />
Limnologia 16 1999<br />
Turismo 12 1991<br />
Zoologia 126 1875<br />
Total 1.011 1831
Embora a partir da década de 1990 tenha havido crescente<br />
acesso aos aparelhos de localização por satélite,<br />
permitindo precisão cada vez maior na localização dos<br />
pontos de coleta, ainda hoje não são todos os estudos<br />
que descrevem os registros com boa acurácia. Para<br />
plotar em sistema de informação georáfica os registros<br />
de várias épocas, enfrentamos desafios comuns aos<br />
estudos biogeográficos – mudanças em toponímias e<br />
nomes de fazendas, mudanças no traçado das estradas<br />
e na quilometragem, e equívocos mesmo nas citações,<br />
como referência a um município incompatível com o<br />
rio em que se fez a coleta. Para identificar as referências<br />
geográficas foram úteis entrevistas com moradores<br />
antigos para localização de sedes de fazendas e toponímias<br />
em desuso, identificação dos leitos anteriores<br />
da rodovia MG-010 e quilometragem correspondente.<br />
Em geral, a informação sobre o município ou sobre<br />
estar ou não no Parque Nacional não foi útil, dado o<br />
alto grau de erro dos pesquisadores ao reportar este<br />
tipo de informação, em função da dificuldade de se reconhecer<br />
tais limites em campo. Foram considerados<br />
como de acurácia baixa os dados que se referiam a<br />
municípios, amplas regiões, ou simplesmente à Serra<br />
do Cipó. Tais informações não puderam ser incorporadas<br />
nos mapas, mas entraram nas demais análises, tais<br />
como distribuição das pesquisas nas diversas áreas do<br />
conhecimento ou mudança no grau de acurácia ao longo<br />
do tempo. Dos 544 trabalhos lidos, foram utilizados<br />
513, os demais foram descartados por não haver sequer<br />
a certeza dos registros mencionados terem sido<br />
efetivamente provenientes da Serra do Cipó. Gerou-se<br />
um banco de dados, com atualização periódica. A unidade<br />
utilizada para as análises foi a espécie. Assim,<br />
como muitos trabalhos lidam com várias espécies, o<br />
número de registros é bem superior ao número de trabalhos<br />
lidos. Não houve uma preocupação em resolver<br />
sinonímias, mas verificou-se a existência dos nomes<br />
em bancos de dados confiáveis, como o do Missouri<br />
Botanical Garden (MBG: W3Tropics).<br />
Os registros com acurácia alta geram pontos precisos<br />
em mapa. Para os registros com acurácia média foram<br />
atribuídas coordenadas correspondentes ao<br />
centróide da região com o nome fornecido – por exemplo,<br />
Capão dos Palmitos, Fazenda Palácio, suficiente para<br />
mapeamento considerando a área de 130 mil hectares<br />
das duas unidades de conservação somadas. Em muitos<br />
casos (principalmente nos de acurácia média, com<br />
localização atribuída) houve sobreposição de pontos.<br />
Para representar esta situação em mapa, os pontos foram<br />
divididos em 6 classes, de acordo com a quantidade<br />
de registros que representam, pelos seguintes critérios:<br />
1) 1 registro; 2) de 2 a 5 registros; 3) de 6 a 15<br />
registros; 4) de 16 a 40 registros; 5) de 41 a 80 registros;<br />
6) 81 ou mais registros.<br />
Para a elaboração dos mapas foi usado o programa<br />
ArcGIS 9.0. Foram elaborados mapas com cruzamentos<br />
de diversas das informações constantes do banco de<br />
dados e com as demais informações levantadas para a<br />
elaboração dos planos de manejo do Parque e da APA,<br />
como limites entre biomas e entre bacias hidrográficas.<br />
As informações serão disponibilizadas para quem<br />
deseje utilizá-las para fins científicos ou didáticos e<br />
prevê-se atualização períódica.<br />
RESULTADOS<br />
Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 261<br />
TABELA 2 – Critérios utilizados para a classificação dos registros quanto à acurácia da descrição dos pontos de coleta.<br />
DESCRIÇÃO DA LOCALIZAÇÃO DO REGISTRO ACURÁCIA<br />
Coordenadas fornecidas pelo autor ou ponto de referência conhecido e preciso, passível de ser Alta<br />
georreferenciado (p. ex. ponte sobre o rio Indequicé).<br />
Localização descrita de forma suficientemente precisa para circunscrever a coleta em uma área Média<br />
conhecida e não muito ampla (p. ex. Capão dos Palmitos).<br />
Localização descrita de forma vaga ou circunscrita a uma área excessivamente ampla Baixa<br />
(p. ex. Baixada do Mascates; Alto Palácio).<br />
Ausência de informação suficiente para a localização do ponto de coleta. Sem informação<br />
O primeiro registro científico obtido sobre a Serra do<br />
Cipó é do ano de 1831. Há trabalhos esporádicos ao<br />
longo do século XIX, todos com baixa acurácia quanto<br />
à localização dos pontos de coleta. Tais trabalhos trazem<br />
importantes informações acerca da situação da<br />
região há mais de 150 anos, que permitem algumas<br />
inferências quanto ao estado de conservação atual, e<br />
as mudanças na vegetação em função dos ciclos econômicos<br />
e de ocupação. Há, por exemplo, testemunhos<br />
enfáticos sobre a vertente leste da Serra do Cipó, que<br />
abrigava no século XIX uma luxuriante vegetação de<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
262 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />
Mata Atlântica, comparada por Gardner (1841, citado<br />
por Guimarães, 1991) àquela da Serra dos Órgãos, hoje<br />
reduzida a extensos candeais, inseridos formal e equivocadamente<br />
no bioma Cerrado (Ribeiro et al. 2008).<br />
O número de registros de espécies por ano cresceu<br />
lentamente até a década de 1970, acelerando-se o ritmo<br />
(Figura 1) sobretudo por conta dos estudos botânicos,<br />
coordenados pelo Instituto de Botânica da USP.<br />
No total, foram computados 10.100 registros de espécies,<br />
sendo 4.485 (44,4%) de acurácia baixa, 4.982<br />
(49,3%) de acurácia média e 633 (6,3%) de acurácia alta.<br />
Os registros com acurácia baixa foram maioria até<br />
a década de 1980. A partir da década de 1990 houve<br />
um aumento na preocupação com a localização dos<br />
registros, mas aqueles com acurácia alta só aparecem<br />
em proporção significativa na década de 2000, sendo<br />
atualmente maioria os registros com acurácia média<br />
(Figura 1).<br />
Para o simples registro da ocorrência das espécies,<br />
foram incluídos todos os registros, independentemente<br />
da acurácia, eliminando-se as repetições. Chegou-se<br />
a um total de 3.032 espécies, sendo 2.157 (71,1%) de<br />
plantas, 769 (25,4%) de animais e 106 (3,5%) de algas,<br />
sem considerar sinonímias. Entre as plantas, 1.465<br />
(67,9%) das espécies registradas foram de Dicotiledô-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
neas, 609 (28,2%) de Monocotiledôneas, 56 (2,6%) de<br />
Pteridófitas e 27 (1,3%) de outras classes (Figura 2). Entre<br />
os animais, foram registradas 69 espécies de Mamíferos<br />
(9,0%), 309 de Aves (40,2%), 51 de Répteis (6,6%),<br />
59 de Anfíbios (7,7%), 30 de Peixes (3,9%), 251 de invertebrados<br />
(32,6%) (Figura 3). Foram registradas 376 famílias,<br />
considerando todos os grupos taxonômicos,<br />
sendo 156 de plantas (41,5%), 21 de algas (5,6%), 97 de<br />
invertebrados (25,8%), 7 de peixes (1,9%), 6 de anfíbios<br />
(1,6%), 10 de répteis (2,6%), 54 de aves (14,4%) e 25 de<br />
mamíferos (6,6%) (Figuras 2 e 3). Trata-se claramente de<br />
uma amostragem com tendência ao privilégio de plantas,<br />
em função, em p<strong>arte</strong>, do destacado esforço coordenado<br />
de pesquisa durante décadas. Mas os números<br />
encontrados para a flora refletem, também, o inegável<br />
destaque das plantas em termos de diversidade e endemismos<br />
neste tipo de ecossistema, como ocorre em<br />
situações similares, como nos fynbos, na África do Sul<br />
(Cowling & Hilton-Taylor, 1994).<br />
Quanto ao grau de ameaça, de acordo com o Livro<br />
Vermelho das Espécies Ameaçadas da Fauna de Minas<br />
Gerais (Machado et al. 1998) e com a Lista Vermelha<br />
das Espécies Ameaçadas da Flora de Minas Gerais (Mendonça<br />
& Lins 2000), foram registradas 134 espécies<br />
ameaçadas, sendo 73 dicotiledôneas, 40 monocotile-<br />
FIGURA 1 – Quantidades (barras) e porcentagem (linhas) de registros de espécies com acurácia baixa, média e alta por década na<br />
Serra do Cipó, entre 513 títulos. Entre parênteses o número total de registros para cada década, independentemente da acurácia.
FIGURA 2 – Número de espécies da flora registradas por taxon,<br />
de um total de 2.263 espécies registradas em todos os<br />
trabalhos lidos, incluídos os de baixa acurácia, excluídas<br />
repetições e espécies exóticas. Entre parênteses o número<br />
de famílias registradas para cada taxon, que totalizaram 177.<br />
dôneas, 4 anfíbios, 7 aves, 1 invertebrado, 7 mamíferos,<br />
1 peixe e 1 réptil (Tabela 4); Pela lista nacional, há<br />
apenas 6 espécies ameaçadas: 2 dicotiledôneas, 1<br />
invertebrado, 1 mamífero e 2 répteis (Tabela 4).<br />
Quanto ao endemismo, 209 das espécies registradas<br />
são classificadas como endêmicas, divididas em duas<br />
categorias: endêmicas à Serra do Espinhaço (102) e endêmicas<br />
à Serra do Cipó (107) (Tabela 4). Deste total,<br />
158 (75,6%) são plantas (86 endêmicas ao Espinhaço e<br />
72 à Serra do Cipó). Portanto, tanto no que se refere a<br />
grau de ameaça quanto a grau de endemismo, há um<br />
grande destaque na Serra do Cipó para a flora, considerando<br />
o panorama atual. Deve-se destacar também<br />
os anfíbios, com proporção considerável de espécies<br />
endêmicas (11 das 59 espécies) e também que o grau de<br />
conhecimento sobre a flora é muito maior do que sobre<br />
os demais grupos taxonômicos, exceto mamíferos e aves<br />
Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 263<br />
FIGURA 3 – Número de espécies da fauna registradas por<br />
taxon, de um total de 769 espécies registradas em todos os<br />
trabalhos lidos, incluindo registros de baixa acurácia,<br />
excluídas repetições. Entre parênteses o número de famílias<br />
registradas para cada taxon, que totalizaram 199.<br />
TABELA 3 – Descritores mais freqüentemente utilizados para<br />
os pontos de coleta pelos autores dos trabalhos de pesquisa,<br />
considerando os 3.122 registros de espécies com acurácia<br />
média ou alta.<br />
NÚMERO DE<br />
CATEGORIAS REGISTROS % DO TOTAL<br />
Rodovia MG-010 2.303 73,76<br />
Outras estradas 63 2,02<br />
Parque Nacional* 541 17,33<br />
Outras referências 215 6,89<br />
Total 3.122 100<br />
* Incluindo todos os pontos efetivamente localizados dentro do<br />
Parque, independentemente de o fato ser mencionado ou não pelo<br />
pesquisador. A ressalva é pertinente já que há uma certa confusão<br />
por p<strong>arte</strong> de alguns pesquisadores que nem sempre conhecem os<br />
limites da unidades de conservação e julgam estar no Parque quando<br />
não estão, ou desconhecem estar no Parque quando estão.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
264 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />
TABELA 4 – Número de espécies ameaçadas (pelas listas estadual [MG] e nacional [BR]) e endêmicas (à Serra do Cipó ou à<br />
Serra do Espinhaço) por taxon. QA: “quase ameaçada”; VU: “vulnerável”; EP: “em perigo”; CP: “criticamente em perigo”;<br />
PE: “provavelmente extinta”; RA: “rara”; EE: “endêmica à Serra do Espinhaço”; EC: “endêmica à Serra do Cipó”.<br />
TOTAL DE<br />
TAXON ESPÉCIES STATUS DE AMEAÇA MG STATUS DE AMEAÇA BR ENDEMISMO<br />
cujas listas não devem crescer significativamente com<br />
mais esforço de pesquisa. É de se esperar um grande<br />
aumento na quantidade de espécies classificadas como<br />
ameaçadas e endêmicas entre os invertebrados, à medida<br />
que aumente a quantidade de espécies conhecidas.<br />
Quanto à distribuição espacial dos dados existentes,<br />
evidencia-se a concentração das coletas nas proximidades<br />
da rodovia que atravessa a Serra do Cipó (MG-010).<br />
A Tabela 3 lista como os pesquisadores descrevem seus<br />
locais de coleta, mostrando que cerca de 75% dos registros<br />
foram obtidos próximo a estradas, enquanto<br />
apenas cerca de 17% foram obtidos no Parque Nacional.<br />
Destes últimos, grande p<strong>arte</strong> provêm das proximidades<br />
das sedes do Parque, onde há estrutura de alojamento<br />
para pesquisadores. As figuras 4 a 7 mostram<br />
mapas da região, com os limites das unidades de conservação<br />
federais e os pontos de registro de espécies.<br />
Na figura 4 estão os pontos de registros de espécies de<br />
plantas e invertebrados. Percebe-se uma grande concentração<br />
nos Campos Rupestres, sobretudo ao longo<br />
da rodovia MG-010. Os registros de fauna mostram<br />
maior dispersão, e um número bem menor de pontos<br />
(Figura 5). A figura 6 mostra a distribuição espacial dos<br />
registros nas bacias hidrográficas dos rios São Francisco<br />
(a oeste) e Doce (a leste). Há um claro desequilíbrio<br />
no esforço de pesquisa, com 73,5% dos registros sendo<br />
provenientes da bacia do São Francisco, contra 26,5%<br />
da bacia do Doce (Figura 6). A única exceção a este pa-<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
QA VU EP CP PE RA VU EP CP PE EE EC<br />
Algae 106 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 17<br />
Bryopsida 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Coniferopsida 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Dicotyledoneae 1.465 0 35 23 12 3 1 1 0 0 0 55 20<br />
Lycopsida 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Monocotiledoneae 609 0 15 9 4 12 0 0 0 0 0 30 51<br />
Pteropsida 56 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1<br />
Amphibia 59 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 3 8<br />
Ave 309 6 1 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0<br />
Invertebrata 251 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 6 7<br />
Mammalia 69 0 3 3 1 0 0 1 0 0 0 0 1<br />
Pisces 30 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />
Reptilia 51 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 2 2<br />
drão são os registros de invertebrados, provenientes<br />
em sua maioria (94,6%) da bacia do rio Doce. Estes dados,<br />
entretanto, resultam quase exclusivamente de estudos<br />
de um único grupo de pesquisa, que levantou<br />
invertebrados bentônicos em rios e córregos da região<br />
leste da Serra (Galdean et al. 2001 e outros trabalhos<br />
da equipe coordenada pelo Dr. Marcos Callisto). O conhecimento<br />
sobre invertebrados terrestres é muito<br />
pequeno, correspondendo certamente ao grupo com<br />
maior quantidade de espécies por registrar na região.<br />
A análise da distribuição dos registros entre os 3<br />
biomas da região mostra uma grande concentração<br />
(80,2%) nos Campos Rupestres, contra 11,2% provenientes<br />
do Cerrado e 8,6% da Mata Atrlântica (Figura 7). A<br />
única exceção a esta tendência são os registros de aves,<br />
que provêm em sua maioria do Cerrado (91,7%). Mais<br />
uma vez, a maioria dos registros resultam da atuação<br />
de um único grupo de pesquisa que publicou um artigo<br />
com uma lista das aves do vale do rio Mascates (Rodrigues<br />
et al. 2005).<br />
A maior p<strong>arte</strong> dos estudos, portanto, concentra-se<br />
nas fitofisionomias inseridas no complexo dos Campos<br />
Rupestres, e na vertente oeste da Serra (bacia do São<br />
Francisco). São ambientes sub-inventariados as matas<br />
de outras formações de neblina a leste, as fisionomias<br />
de mata atlântica associadas a solos mais férteis a leste<br />
e as fitofisionomias de cerrado, incluindo as vastas extensões<br />
de campos sujos.
Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 265<br />
FIGURA 4 – Localização dos registros de ocorrência de plantas e invertebrados na região da Serra do Cipó.<br />
Apenas registros com acurácia alta (ponto exato) e média (localização atribuída) foram utilizados. Em muitos<br />
casos há sobreposição de pontos. Os diferentes símbolos indicam classes de quantidades de registros localizados<br />
no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5 registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros; = 41 a 80<br />
registros; = 81 ou mais registros.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
266 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />
FIGURA 5 – Localização dos registros de ocorrência de plantas e vertebrados terrestres na região da Serra do<br />
Cipó. Apenas registros com acurácia alta (ponto exato) e média (localização atribuída) foram utilizados. Em<br />
muitos casos há sobreposição de pontos. Os diferentes símbolos indicam classes de quantidades de registros<br />
localizados no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5 registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros;<br />
= 41 a 80 registros; = 81 ou mais registros.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 267<br />
FIGURA 6 – Localização dos registros de ocorrência de espécies por bacia hidrográfica (São Francisco e Doce)<br />
na região da Serra do Cipó. Pte: pteridófitas; Mon: monocotiledôneas; Dic: dicotiledôneas; Inv: invertebrados;<br />
Anf: anfíbios; Rep: répteis; Ave: aves; Mam: mamíferos. Apenas registros com acurácia alta (ponto exato) e<br />
média (localização atribuída) foram utilizados. Em muitos casos há sobreposição de pontos. Os diferentes<br />
símbolos indicam classes de quantidades de registros localizados no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5<br />
registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros; = 41 a 80 registros; = 81 ou mais registros. Os<br />
rótulos indicam a porcentagem do total de registros de cada taxon que foi verificada no bioma em questão.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
268 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />
FIGURA 7 – Localização dos registros de ocorrência de espécies por bioma (Cerrado, Campos Rupestres e Mata<br />
Atlântica) na região da Serra do Cipó. Pte: pteridófitas; Mon: monocotiledôneas; Dic: dicotiledôneas; Inv:<br />
invertebrados; Anf: anfíbios; Rep: répteis; Ave: aves; Mam: mamíferos. Apenas registros com acurácia alta (ponto<br />
exato) e média (localização atribuída) foram utilizados. Em muitos casos há sobreposição de pontos. Os diferentes<br />
símbolos indicam classes de quantidades de registros localizados no mesmo ponto: = 1 registro; = 2 a 5<br />
registros; • = 6 a 15 registros; = 16 a 40 registros; = 41 a 80 registros; = 81 ou mais registros. Os rótulos<br />
indicam a porcentagem do total de registros de cada taxon que foi verificada no bioma em questão.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
DISCUSSÃO<br />
O interesse científico pela Serra do Cipó é antigo e remonta,<br />
pelo menos, às observações dos naturalistas<br />
europeus que passaram pela região a partir do século<br />
XIX. São cheios de surpresa os relatos de Saint-Hilaire<br />
(citado em Guimarães, 1991), Langsdorff (Silva et al.,<br />
1997), Spix e Martius (citados em Guimarães, 1991)<br />
entre outros, com a exuberância e diversidade da natureza<br />
da região. A Serra do Cipó era uma região muito<br />
pobre, periférica em relação aos centros de mineração,<br />
pela ausência de ouro ou outros minérios valiosos, à<br />
qual se deve a preservação até os dias atuais de parcelas<br />
consideráveis de seus ecossistemas, vizinhos a pequenos<br />
povoados com economia de subsistência. Mas<br />
as questões que mais lhes chamavam atenção permanecem<br />
atuais: como era possível tamanha quantidade<br />
de espécies diferentes com formas similares em tão pequenas<br />
distâncias? Como era possível a existência de<br />
tantas espécies de plantas de um mesmo gênero em<br />
simpatria?<br />
A Serra do Cipó concentrou os primeiros estudos sistemáticos<br />
sobre a vegetação dos campos rupestres,<br />
desde as primeiras expedições das equipes de botânicos<br />
da USP no início da segunda metade do século XX<br />
até a organização, na década de 1980, de levantamentos<br />
organizados da flora, que resultaram em monografias<br />
sobre as diversas famílias botânicas que vêm sendo<br />
publicadas desde então, com seguidas novidades surgindo<br />
até hoje, sendo publicadas principalmente no<br />
Boletim de Botânica da USP, a partir do seu número 9.<br />
Desde então os inventários detalhados da vegetação<br />
de campos rupestres se estenderam a diversas outras<br />
regiões notáveis, como Chapada Diamantina (Giulietti<br />
et al., 1997) e Grão-Mogol (Pirani et al., 2003), sempre<br />
se destacando a elevada taxa de endemismo restrito ao<br />
nível específico e a grande diversificação de alguns gêneros<br />
e famílias, tais como Eriocaulaceae, Velloziaceae,<br />
Xyridaceae. A expansão do conhecimento sobre campos<br />
rupestres vem reforçando a necessidade de criação<br />
e efetivação dos mecanismos de proteção, e confirmando<br />
as idiossincrasias e especificidades desta vegetação,<br />
que levaram Prance (1994) a defender que os campos<br />
rupestres sejam considerados como fitocória autônoma.<br />
Os campos rupestres são encontrados em numerosas<br />
e extensas áreas de afloramentos quartzíticos sobre<br />
o escudo brasileiro, nas porções centrais do Brasil,<br />
alcançando pelo menos os estados das regiões sudeste,<br />
centro-oeste e nordeste. Enfocando-se apenas a<br />
Madeira, Ribeiro, Oliveira, Nascimento & Paiva | 269<br />
Serra do Espinhaço, trata-se de uma vegetação que recobre<br />
uma cadeia montanhosa com cerca de 1.000 km<br />
de extensão, na direção norte sul, conectando a porção<br />
central do estado da Bahia à porção central do estado<br />
de Minas Gerais, sendo conhecida antigamente<br />
como Serra Geral, justamente em função de sua posição<br />
e ubiqüidade.<br />
Considerando tamanha extensão territorial, proporcional<br />
à nossa ignorância acerca da real dimensão e distribuição<br />
espacial da diversidade nos campos rupestres,<br />
é de se desejar que estudos sobre sua flora, fauna, ecologia<br />
e conservação, dentre outros, focalizem áreas bem<br />
distribuídas na ampla extensão dos campos rupestres,<br />
de modo a responder a questões de caráter teórico e<br />
também a embasar estratégias de conservação eficazes.<br />
Esta tendência de dispersão, apesar de todas as<br />
dificuldades logísticas, vem sendo verificada.<br />
No entanto, ao fazermos uma análise mais detalhada<br />
de uma única região – a Serra do Cipó – percebemos<br />
uma elevada concentração de pesquisas que se deve,<br />
em p<strong>arte</strong>, a questões logísticas – o deslocamento a partir<br />
das capitais não é trivial, principalmente até um passado<br />
recente quando poucas estradas eram pavimentadas,<br />
e se deve, em p<strong>arte</strong>, a uma certa “saciedade” dos<br />
pesquisadores, que sempre encontraram diversidade e<br />
desafios imensos em áreas próximas às estradas.<br />
No entanto, a elevada diversidade de tipos de solos<br />
e climas existente na Serra do Cipó e a antiguidade dos<br />
usos do solo, exigem que certas questões sejam investigadas.<br />
Por exemplo, neste momento em que diversos<br />
empreendimentos estão sendo planejados e propostos<br />
para as imediações do Parque Nacional da Serra do Cipó,<br />
incluindo alguns de grande porte na área da mineração,<br />
quais são as áreas fora dos limites do Parque que<br />
devem ser priorizadas para a conservação? Qual a importância<br />
biológica e o grau de endemismo das áreas<br />
de campos rupestres distantes das estradas, como na<br />
vertente oriental da Serra, que claramente tem elementos<br />
de mata atlântica, como mencionado por Giulietti<br />
et al (1987) e detalhado por Ribeiro et al. (2008)? Qual<br />
a relação entre a heterogeneidade espacial da vegetação<br />
de campos rupestres e as características do substrato<br />
rochoso – que varia de quartzitos puros a formações<br />
com forte influência calcária ou anfibolitos? O<br />
mesmo deve ser pensado em relação à fauna, em grande<br />
p<strong>arte</strong> associada ao Cerrado, mas que pode revelar<br />
grandes surpresas ao se aprimorarem os estudos na<br />
vertente oriental, inserida no vale do rio Doce, como<br />
vem sendo mostrado pela equipe do Dr. Marcos Rodrigues,<br />
que em relação a aves vem caracterizando quatro<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
270 | Distribuição espacial do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó, Minas Gerais:...<br />
grandes ambientes na região – Cerrados, Campos Rupestres,<br />
Campos de Altitute e Mata Atlântica, com seus<br />
grupos característicos. Tais questões podem ser pontos-chave<br />
na definição de decisões imediatas, como o<br />
zoneamento da APA Morro da Pedreira e a delimitação<br />
da zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra<br />
do Cipó.<br />
Para que a ampliação das fronteiras locais dos trabalhos<br />
de campo seja viável, considerando a evidente pressão<br />
para que as pesquisas sejam realizadas dentro de<br />
prazos cada vez mais curtos, principalmente ao nível<br />
das pós-graduações, de onde vêm a maioria dos pesquisadores<br />
que freqüentam a Serra do Cipó, é fundamental<br />
que os responsáveis pelas unidades de conservação<br />
e pela gestão dos recursos naturais de uma certa<br />
região favoreçam a interiorização das pesquisas, seja<br />
pela implantação de infra-estruturas e auxílio logístico,<br />
seja pela organização do conhecimento e proposição<br />
de perguntas, a partir da experiência local e desafios<br />
de manejo, que sirvam de estímulo e irresistível<br />
convite aos pesquisadores.<br />
No caso da Serra do Cipó, conseguiu-se recursos para<br />
a realização de três estudos que julgamos de extrema<br />
importância para que as futuras pesquisas tragam à tona<br />
uma compreensão mais aprofundada dos campos rupestres,<br />
quais sejam: 1) monitoramento das variáveis<br />
climáticas em duas estações meteorológicas localizadas<br />
nas sedes do Parque, uma a 750m de altitude e outra<br />
a 1.350 metros, em que são obtidos dados de temperatura,<br />
umidade relativa do ar e precipitação; 2) mapeamento<br />
anual das áreas queimadas desde a criação do<br />
Parque Nacional (1984), com uso de imagens LandSat,<br />
a cargo da Dra. Helena França e 3) mapeamento dos<br />
solos na escala 1:100.000, a cargo da equipe do Dr.<br />
Carlos Schaefer, do Departamento de Solos da UFV. Estes<br />
dados permitirão uma melhor compreensão do uso<br />
atual e histórico do solo, da vegetação potencial de cada<br />
região da Serra do Cipó, bem como de alguns dos mecanismos<br />
envolvidos na moldagem da paisagem e na<br />
evolução da vegetação e da fauna. Esperamos que estas<br />
informações provoquem novas linhas de pesquisa,<br />
que questionem a relação do fogo com a diversidade e<br />
estrutura da vegetação e que busquem maior compreensão<br />
em relação à influência da Mata Atlântica sobre a<br />
vegetação dos campos rupestres, dentre outras.<br />
A organização, sistematização e divulgação do conhecimento<br />
existente sobre as unidades de conservação,<br />
na sua própria região de influência, é outro grande<br />
desafio para todos os gestores. A manutenção de<br />
acervos tem um custo e uma demanda operacional que<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
em muitos casos excede as possibilidades locais das<br />
unidades de conservação e das localidades onde ficam<br />
suas sedes. Disponibilizá-los ao público com responsabilidade<br />
é tarefa que estará acima das possibilidades<br />
de quase todas as unidades de conservação, no estágio<br />
atual de seus processos de implantação. No I Encontro<br />
Nacional de Parques de Montanha, realizado no Parque<br />
Nacional da Serra dos Órgãos em novembro de 2006,<br />
uma demanda geral, dos gestores, pesquisadores e usuários<br />
foi por apoio à implantação de meios de concentração<br />
da informação – publicações específicas, revisões,<br />
tótens com informação digitalizada, portais eletrônicos,<br />
por exemplo. Todos concordaram também<br />
com a necessidade de se criar estímulos e apoios para<br />
a realização de expedições e pesquisas no interior das<br />
unidades, evidenciando que a concentração dos estudos<br />
em regiões de mais fácil acesso é um problema<br />
geral. Também muito importante é o diálogo entre pesquisadores<br />
e técnicos das unidades de conservação e<br />
moradores de áreas vizinhas, de modo a se criar uma<br />
sinergia entre todos os atores deste processo, do qual<br />
fazem p<strong>arte</strong> a preservação dos ecossistemas, a<br />
viabilização do acesso e permanência dos visitantes (incluindo<br />
pesquisadores) e a potencialização dos efeitos<br />
da visita, gerando uma experiência rica e marcante. Dois<br />
exemplos evidenciam a importância desta proposição:<br />
Sutherland (2000) descreve o caso de três mamíferos<br />
de grande porte localizados nas florestas mais ermas<br />
do Vietnã já na última década do século XX após grande<br />
esforço em campo, mas viabilizado concretamente<br />
em função de depoimentos e testemunhos da população<br />
local, principalmente caçadores. Tais descobertas<br />
fomentaram a ampliação e implementação de uma unidade<br />
de conservação. Na Serra do Cipó, a canela de<br />
ema gigante (Vellozia gigantea), planta tida como endêmica<br />
restrita, com cerca de 1 ha de distribuição, foi<br />
mapeada em detalhe e sua distribuição elevada a cerca<br />
de 2.200ha, estudo estimulado por testemunhos de<br />
guias de montanha locais (Ribeiro et al., dados não publicados).<br />
Em função da ampliação da área conhecida<br />
de distribuição desta planta, a população primeiramente<br />
conhecida, que ocorre em afloramentos quartzíticos de<br />
grande beleza que concentram muitos dos estudos<br />
botânicos da USP, deixou de ser vista como prioritária<br />
para estrita conservação. No I Seminário Interdisciplinar<br />
de Pesquisadores da Serra do Cipó, realizada em 2007,<br />
apoiou-se a proposição de estabelecer naquela região<br />
uma trilha suspensa, interpretativa, que traga ao conhecimento<br />
público dados dos 40 anos de investigações<br />
botânicas.
AGRADECIMENTOS<br />
Agradecemos à Conservação Internacional do Brasil pelo<br />
apoio oferecido na forma de bolsa para MR Juliano e JS<br />
Nascimento e equipamentos para geoprocessamento;<br />
ao Instituto Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre<br />
pela parceria, ao IBAMA pelos recursos e estrutura disponibilizados,<br />
aos colegas do IBAMA André Miranda,<br />
Sérgio Machado, Wagner Queiroga e Rafael Belmiro pela<br />
cooperação nos trabalhos de aferição em campo, à Fundação<br />
O Boticário de Proteção à Natureza pelo financiamento<br />
das excursões à face leste do Parque Nacional<br />
da Serra do Cipó, no mapeamento da distribuição da<br />
“canela-de-ema gigante” (Vellozia gigantea).<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Identificação de áreas insubstituíveis para<br />
conservação da Cadeia do Espinhaço,<br />
estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
JOAQUIM DE ARAÚJO SILVA 1<br />
RICARDO BOMFIM MACHADO 2<br />
ALEXSANDER ARAÚJO AZEVEDO 1<br />
GLÁUCIA MOREIRA DRUMOND 3<br />
RAFAEL LUIS FONSECA 2<br />
MAÍRA FIGUEIREDO GOULART 1<br />
EDSEL AMORIM MORAES JÚNIOR 1<br />
CÁSSIO SOARES MARTINS 3<br />
MÁRIO BARROSO RAMOS NETO 2<br />
1 Biotrópicos – Instituto de Pesquisa em Vida Silvestre, Minas Gerais, Brasil.<br />
2 Conservação Internacional, Brasília, Brasil.<br />
3 Fundação Biodiversitas, Minas Gerais, Brasil.<br />
* e-mail: quincas@biotropicos.org.br<br />
RESUMO<br />
A cadeia do Espinhaço é uma região montanhosa localizada no sudeste brasileiro, entre os<br />
estados de Minas Gerais e Bahia. A região é um divisor dos domínios do Cerrado e da Mata<br />
Atlântica em sua porção centro-sul e também um divisor do Cerrado e Caatinga em sua porção<br />
norte. O Espinhaço é também considerado um dos mais importantes centros de endemismos<br />
do Brasil, pois inúmeras espécies de diferentes grupos taxonômicos somente são encontradas<br />
nessa região. Devido à sua importância, realizamos um exercício de avaliação sobre o desempenho<br />
de um conjunto de áreas protegidas da região (31 unidades de conservação que somam<br />
pouco mais de 520.000 hectares) para a proteção de 648 objetos de conservação, sendo 607<br />
espécies da fauna e da flora, 41 diferentes tipos de ecossistemas e um mapa representativo<br />
de serviços ambientais. Utilizamos a abordagem do planejamento sistemático para a conservação,<br />
onde estabelecemos metas explícitas de conservação para cada um dos alvos considerados.<br />
Dessa maneira, foi possível avaliar o desempenho do conjunto de áreas protegidas na<br />
conservação dos objetos selecionados, bem como identificar eventuais lacunas de conservação<br />
e apontar outras áreas complementares necessárias para assegurar a representatividade<br />
das unidades de conservação do Espinhaço. A análise de lacunas revelou que 271 objetos de<br />
conservação (41,8% do total) não estão adequadamente protegidos na região (considerando<br />
uma representação da meta de conservação abaixo de 10%) e para que houvesse uma proteção<br />
minimamente adequada, seria necessário incluir outras 27 áreas no sistema de áreas protegidas<br />
do Espinhaço.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Palavras-chave – Seleção de reserva, Conservação da biodiversidade, planejamento sistemático<br />
para conservação, complementaridade, áreas protegidas, Brasil.<br />
ABSTRACT<br />
Espinhaço is the name for a mountain chain located on Southeasten Brazil, between the states of<br />
Minas Gerais and Bahia. The region, with 1,200 km from north to south, is a natural division for<br />
the Brazilian Cerrado (woodland savanna) and the Atlantic Forest, and also a divisor for the<br />
Cerrado and Caatinga (tropical xerophytic forest) on the north. The Espinhaço is also an important<br />
endemism center, because many species from different taxonomic groups occurs only on this region.<br />
Due to its biological importance, we evaluate the performance of the protected areas set (a total<br />
of 31 protected areas that cover close to 520,000 hectares) on the protection of 648 conservation<br />
targets, being 607 species of fauna and flora, and 41 different ecosystems types. We used the<br />
approach of the systematic conservation planning and defined specific conservation goals for<br />
each considered target. So, it was possible to evaluate the performance of the protected areas on<br />
the protections of the selected targets, identify conservation gaps and highlight complementing<br />
areas needed to ensure the representativeness of Espinhaço’s system of protected areas. The gap<br />
analysis shows that 271 conservation targets (41.8% of total) weren’t properly protected on the<br />
region (i.e., targets with less then 10% of protection for the proposed goal). To build a representative<br />
system, additional 27 areas should be considered as new protected areas on the region.<br />
Keywords – Reserve selection, biodiversity conservation, systematic conservation planning,<br />
complementarity, protected areas, Brazil.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A criação de áreas protegidas, conhecidas no Brasil<br />
como unidades de conservação, é considerada como<br />
uma das mais eficientes estratégias para a conservação<br />
da biodiversidade (Bruner et al., 2001; Hockings 2003).<br />
Na última década houve um aumento bastante significativo<br />
no número de unidades e no tamanho das áreas<br />
protegidas ao redor do planeta. Até 2003 existiam pouco<br />
mais de 102.000 áreas protegidas ou uma área de<br />
18,2 milhões de km2, o que corresponde a 11,5% da<br />
superfície terrestre do planeta (Brooks et al., 2004;<br />
Chape et al., 2003). A despeito desse enorme esforço,<br />
alguns estudos apontam para a necessidade de se adotar<br />
uma abordagem mais lógica para a inclusão de novas<br />
áreas nos sistemas regionais de áreas protegidas, pois<br />
mesmo considerando o total protegido no planeta, várias<br />
lacunas de conservação ainda existem (Rodrigues<br />
et al., 2004; Rodrigues et al., 2003). P<strong>arte</strong> dessa situação<br />
está relacionada ao fato de que a criação de unidades<br />
de conservação tem sido oportunista e muitas foram<br />
estabelecidas para atender objetivos diversos aos da conservação<br />
da biodiversidade (Pressey et al., 1993).<br />
Na tentativa de se evitar a proteção inadequada<br />
ou pouco representativa da biodiversidade nas áreas<br />
protegidas, situação observada em várias regiões<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 273<br />
(Armenteras et al., 2003; Fearnside & Ferraz 1995;<br />
Oldfield et al., 2004; Paglia et al., 2004; Pressey et al.,<br />
2002), sugere-se a adoção de uma abordagem mais sistematizada<br />
para a conservação (Margules & Pressey<br />
2000; Pressey et al., 1993). Conjuntos de áreas protegidas<br />
devem, dessa maneira, ser avaliados e diagnosticados<br />
em função do papel que desempenham na proteção<br />
da biodiversidade. Tal avaliação foi indicada como necessária<br />
pela Sétima Conferência das P<strong>arte</strong>s (COP7)<br />
da Convenção sobre Diversidade Biológica. De acordo<br />
com o programa de trabalho com áreas protegidas,<br />
cada país deve realizar uma análise para estabelecer<br />
um conjunto de áreas que seja “compreensivo, efetivamente<br />
manejado e ecologicamente representativo e que<br />
sistemas nacionais e regionais ... contribuam para o<br />
cumprimento dos três objetivos da Convenção...”<br />
(UNEP-CDB 2004).<br />
A necessidade de desenho de sistemas representativos<br />
de áreas protegidos é ainda maior nas regiões que<br />
apresentam grandes concentrações de espécies endêmicas,<br />
concentração essa resultante de longos processos<br />
evolutivos. A região da Cadeia do Espinhaço, localizada<br />
no leste brasileiro é um dos centros de endemismo<br />
reconhecidos no Brasil (Silva & Bates 2002; Simon &<br />
Proença 2000) que possui um baixo número de áreas<br />
protegidas. Se considerarmos somente as unidades de<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
274 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
conservação de proteção integral (sensu Brasil 2000),<br />
verifica-se que no Espinhaço o percentual de proteção<br />
é de apenas 2,6% para uma área de mais de 18 milhões<br />
de hectares.<br />
O trabalho apresentado faz p<strong>arte</strong> do projeto Espinhaço<br />
Sempre Vivo, que é desenvolvido pelas organizações<br />
não governamentais Instituto Biotrópicos,<br />
Fundação Biodiversitas e Conservação Internacional e<br />
representa uma das primeiras etapas de planejamento<br />
e identificação de áreas prioritárias para a conservação<br />
na Cadeia do Espinhaço. Os objetivos desse estudo foram<br />
avaliar o desempenho das unidades de conservação<br />
existentes na proteção da biodiversidade e identificar<br />
áreas complementares, necessárias para a criação<br />
de um sistema representativo para a conservação da<br />
biota regional.<br />
MÉTODOS<br />
Área de estudo<br />
A área considerada neste estudo abrangeu a cadeia do<br />
Espinhaço, uma formação montanhosa existente no leste<br />
brasileiro que se estende desde Minas Gerais até o<br />
estado da Bahia (Figura 1). O Espinhaço caracteriza-se<br />
por ser um conjunto de montanhas bastante antigas,<br />
do Paleo/Mesoproterozóico (Martins-Neto 1998) que<br />
possuem uma alternância de formações quartzíticas e<br />
de filitos (Dossin et al. 1990). Do ponto de vista biogeográfico,<br />
o platô do Espinhaço representa uma das<br />
poucas áreas do Cerrado que se mantiveram estáveis<br />
durante mudanças climáticas do passado, inclusive as<br />
recentes alterações observadas no Pleistoceno. Com<br />
isto, é bem provável que tal estabilidade ecológica tenha<br />
permitido o surgimento de endemismos para vários<br />
grupos taxonômicos, como aves (Silva 1997) ou<br />
plantas (Simon & Proença 2000). A região é coberta por<br />
formações típicas do Cerrado, embora existam fitofisionomias<br />
de transição com outros biomas (IBGE 1993).<br />
Em sua porção centro-meridional, as encostas são<br />
recobertas por matas semideciduais que fazem a transição<br />
para a Mata Atlântica. Já na porção norte, há a<br />
presença de formações de transição com a Caatinga,<br />
na altura do Parque Nacional da Chapada de Diamantina.<br />
Ao longo de todo Espinhaço, nas regiões de maior<br />
altitude, predominam as formações campestres, em especial<br />
os campos rupestres, áreas de grande diversidade<br />
biológica que ocupam regiões disjuntas ao longo da<br />
Serra (Rapini et al., neste volume). Nos campos rupestres<br />
predominam as canelas de ema, cactáceas, bromélias<br />
e sempre-vivas. As bromélias do Espinhaço, por<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
exemplo, estão representadas por 221 espécies, sendo<br />
que 49% delas são endêmicas à região (Versiex et al.,<br />
neste volume). Para este estudo, consideramos como<br />
área de Espinhaço todas as regiões localizadas acima<br />
da cota de 800 metros de altitude, tendo-se como base<br />
o modelo digital de terreno elaborado pela Agência<br />
Espacial Americana – NASA (CGIAR-CIS 2004).<br />
Compilação de informações<br />
A primeira iniciativa do projeto Espinhaço Sempre Vivo<br />
foi a elaboração de um banco de dados sobre a biodiversidade<br />
da Cadeia do Espinhaço. Como se tratou<br />
de um banco de dados colaborativo, houve a sua<br />
disponibilização on line com o intuito de para receber<br />
contribuições de especialistas convidados. Inicialmente<br />
o banco de dados foi alimentado com informações<br />
disponíveis na literatura e, posteriormente, seguiu-se<br />
a fase de consulta ampla realizada de outubro de 2005<br />
a fevereiro de 2006 (acesso http://www.biotropicos.<br />
org.br para ver a relação dos contribuintes do banco<br />
de dados).<br />
Os resultados compilados no banco de dados<br />
embasaram a segunda iniciativa do Projeto Espinhaço<br />
Sempre Vivo: a organização do seminário “Diagnóstico<br />
do status do conhecimento da biodiversidade e da conservação<br />
do Espinhaço”, realizado de 13 a 15 de março<br />
de 2006, na Fazenda Monjolos, Serra do Cipó, Minas<br />
Gerais, com a participação de pesquisadores de várias<br />
áreas do conhecimento biológico que atuam em Minas<br />
Gerais e na Bahia. Durante o evento foi aplicado um<br />
exercício de planejamento da conservação da Cadeia<br />
do Espinhaço.<br />
Identificação de áreas insubstituíveis<br />
De acordo com os princípios do planejamento sistemático<br />
para a conservação (Balmford 2003; Cowling &<br />
Pressey 2003; Margules & Pressey 2000), o desenho de<br />
um sistema representativo de áreas protegidas deve ser<br />
elaborado a partir da revisão do conjunto de unidades<br />
de conservação existentes para proteção de objetos de<br />
conservação previamente selecionados. Para cada objeto<br />
selecionado devem ser estabelecidas metas explícitas<br />
de conservação que possam ser utilizadas para<br />
avaliar a performance do conjunto de unidades de conservação<br />
na proteção dos objetos considerados. O grau<br />
de importância das regiões que devem ser adicionadas<br />
ao sistema de áreas protegidas para complementar a<br />
conservação dos objetos selecionados é medido por<br />
sua insubstituibilidade. Assim, a insubstituibilidade é a<br />
medida da contribuição de uma determinada unidade<br />
de planejamento para a consecução das metas estabe-
lecidas (Pressey et al., 1994). Para a determinação do<br />
valor da insubstituibilidade e o desenho de cenários de<br />
conservação, utilizamos o programa MARXAN (Marine<br />
Reserve Design Using Spatially Explicit Annealing) (Ball &<br />
Possingham 2000). O programa requer, além da indicação<br />
dos objetos de conservação e respectivas metas, a<br />
definição de um indicativo do custo associado a cada<br />
unidade de planejamento (as subdivisões da região de<br />
análise). A solução <strong>final</strong>, que define um sistema representativo<br />
de áreas protegidas, representa o cenário de<br />
menor custo dentro de um conjunto de soluções possíveis.<br />
O programa MARXAN possui uma função objetivo<br />
que busca soluções de menor custo para a proteção<br />
total dos objetos e metas estabelecidas. Isso vale dizer<br />
que o programa busca selecionar as unidades de planejamento<br />
que mais contribuem (alta insubstituibilidade)<br />
ao menor custo possível. Com indicador da variável ‘custo’,<br />
elaboramos uma análise multivariada que combinou<br />
12 diferentes variáveis representativas da maior ou<br />
menor pressão antrópica no Espinhaço (vide abaixo).<br />
Unidades de planejamento<br />
Com o uso do programa Patch Analyst 3.0 (Rempel<br />
2006), dividimos a região de estudos em hexágonos<br />
regulares (denominadas ‘unidades de planejamento’)<br />
com o tamanho de 5.000 hectares cada. O mapa das<br />
unidades de planejamento foi então cruzado com o<br />
mapa das unidades de conservação de proteção integral<br />
(equivalentes às categorias I a II da IUCN) (IUCN &<br />
WCMC 1994) existentes na região para a criação do<br />
mapa básico das análises (Figura 1). Utilizamos o programa<br />
CLUZ (Conservation Land-Use Zonning) (Smith 2004)<br />
para elaborar três tabelas básicas: uma com a disponibilidade<br />
das unidades de planejamento para cenários<br />
de conservação, uma com a distribuição dos objetos<br />
de conservação dentro da área de estudo e uma com as<br />
metas de conservação associadas com cada objeto de<br />
conservação (Tabela 2).<br />
Objetos e metas de conservação<br />
Para a avaliação da efetividade do conjunto de áreas<br />
protegidas existentes na Serra do Espinhaço (Tabela 1)<br />
na proteção de espécies e ecossistemas, levantamos<br />
informações sobre a ocorrência de 607 espécies de aves,<br />
mamíferos, répteis, anfíbios, peixes, invertebrados e<br />
plantas vasculares (Tabela 2). Tais espécies foram selecionadas<br />
ou por serem espécies ameaçadas de extinção<br />
(segundo a Lista da União Internacional para Conservação<br />
– IUCN de 2004 e da Lista Brasileira de Espécies da<br />
Fauna Ameaçadas de Extinção) (IUCN 2004; MMA 2003)<br />
ou por serem espécies endêmicas do Brasil. As infor-<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 275<br />
mações sobre a distribuição das espécies foram obtidas<br />
nas bases de dados da Fundação Biodiversitas,<br />
Conservação Internacional e também por meio da<br />
colaboração dos pesquisadores envolvidos no projeto<br />
‘Espinhaço Sempre Vivo’. Mesmo considerando que a<br />
base de dados utilizada possui mais de 11.000 registros<br />
de quase 6.000 espécies, ainda podem ser encontradas<br />
grandes lacunas geográficas sobre o conhecimento científico.<br />
Grande p<strong>arte</strong> dos estudos sobre inventários e<br />
ocorrências de espécies está concentrada em áreas<br />
como a proximidade de centros urbanos ou determinadas<br />
unidades de conservação, como é o caso do Parque<br />
Nacional da Serra do Cipó (Figura 2). Por esse motivo,<br />
utilizamos um conjunto de objetos de conservação que<br />
pudesse representar a biodiversidade nas regiões com<br />
ausência de dados. Elaboramos um mapa com diferentes<br />
tipos de ecossistemas e o utilizamos como um ‘substituto’<br />
da biodiversidade para a região (ver abaixo). Por<br />
fim e com o intuito de incorporar p<strong>arte</strong> dos serviços<br />
ambientais em um esquema de planejamento, elaboramos<br />
um mapa representativo das nascentes dos rios da<br />
região. Detalhes sobre a criação de cada um desses<br />
mapas encontram-se a seguir.<br />
Espécies – Selecionamos, entre os grupos de vertebrados<br />
(mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes), invertebrados<br />
e plantas vasculares superiores, um total<br />
de 607 espécies consideradas ameaçadas, endêmicas<br />
ou raras com ocorrência para a Cadeia do Espinhaço.<br />
As ocorrências foram representadas por pontos que<br />
foram cruzados com o mapa de unidades de planejamento<br />
para indicar a presença de cada espécie nas unidades<br />
de consideradas. Para os casos onde houve mais<br />
de um registro de ocorrência das espécies em uma<br />
mesma célula, consideramos somente um dos registros.<br />
Dessa maneira, a matriz de ocorrências das espécies<br />
nas unidades de planejamento reflete apenas a presença<br />
ou ausência das mesmas. Para efeitos de avaliação<br />
do desempenho do conjunto de unidades de conservação<br />
na proteção das espécies, consideramos as<br />
seguintes metas: para espécies com menos de cinco<br />
ocorrências a meta estabelecida foi de 100% dos pontos;<br />
para espécies com ocorrências entre cinco e dez<br />
registros, a meta estabelecida foi de 80% e para espécies<br />
com mais de 10 ocorrências a meta estabelecida<br />
foi de 50% dos registros. Além da meta de conservação<br />
e observando as exigências dos programas utilizados,<br />
estabelecemos diferentes pesos para os objetos de conservação.<br />
Tais pesos são considerados pelo MARXAN<br />
como uma penalidade a ser atribuída a um cenário de<br />
conservação, caso algum objeto de conservação não<br />
seja incluído na solução <strong>final</strong> (Ball & Possingham 2000).<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
276 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
FIGURA 1 – Localização da área de estudo ao longo da Cadeia do Espinhaço, entre os estados de Minas Gerais e Bahia.<br />
Os polígonos em verde indicam as unidades de conservação de proteção integral avaliadas. O restante da área que está<br />
na cor laranja indica as unidades de planejamento ‘disponíveis’ para conservação.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 277<br />
FIGURA 2 – Distribuição dos registros de ocorrências de espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção ao longo<br />
da Cadeia do Espinhaço. Os polígonos em verde indicam as unidades de conservação de proteção integral avaliadas.<br />
O restante da área que está na cor laranja indica as unidades de planejamento ‘disponíveis’ para conservação.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
278 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
TABELA 1 – Relação das unidades de conservação de proteção integral avaliadas durante o processo de identificação de lacunas de<br />
proteção e mapeamento das áreas insubstituíveis para a conservação na Cadeia do Espinhaço entre os estados de Minas Gerais e Bahia.<br />
ÁREA<br />
CATEGORIA IUCN DESCRIÇÃO NOME ANO OBJETOS (ha)<br />
PN II Parque Nacional Chapada Diamantina 1985 11 151,116<br />
PN II Parque Nacional Sempre Vivas 2002 4 124,210<br />
PE II Parque Estadual Morro do Chapéu 1998 8 52,859<br />
PE II Parque Estadual Grão-Mogol 1998 24 34,861<br />
PN II Parque Nacional Serra do Cipó 1987 244 31,782<br />
APEE VI Área de Proteção Especial Soberbo 1989 2 24,087<br />
PE II Parque Estadual Biribiri 1998 13 17,382<br />
PE II Parque Estadual Serra Negra 1998 3 13,965<br />
PE II Parque Estadual Serra Nova 2003 3 12,656<br />
RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Caraça 1994 85 12,509<br />
PE II Parque Estadual Rio Preto 1993 31 10,070<br />
EEE Ib Estação Ecológica Estadual Acauã 1974 2 6,455<br />
PE II Parque Estadual Itacolomi 1967 22 6,142<br />
PE II Parque Estadual Pico do Itambé 1998 8 4,733<br />
PE II Parque Estadual Serra da Candonga 1998 2 4,656<br />
PE II Parque Estadual Rola Moça II 1994 24 3,978<br />
MNE III Monumento Natural Estadual Cachoeira Ferro Doido 1998 1 1,987<br />
APEE VI Área de Proteção Especial Taboão 1982 2 1,408<br />
EEE Ib Estação Ecológica Estadual Mata dos Ausentes 1974 1 976<br />
RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Jambreiro 1998 5 933<br />
RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Capitão do Mato 1990 4 885<br />
RBM Ia Reserva Biológica Municipal Mata do Bispo 1999 1 698<br />
EEE Ib Estação Ecológica Estadual Córregos dos Fechos 1994 22 549<br />
EEE Ib Estação Ecológica Estadual Tripuí 1978 3 445<br />
PM II Parque Municipal Natural Mangabeiras 1982 7 337<br />
RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Belgo Mineira I 1993 1 308<br />
RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Andaime 1988 1 250<br />
APEE Ib Estação Ecológica Estadual Cercadinho 2006 1 247<br />
RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Belgo Mineira II 1993 1 216<br />
RPPN IV Res. Part. do Patrimônio Natural Mata Samuel de Paula 2000 1 147<br />
PE II Parque Estadual Baleia 1988 1 137<br />
APAE* V Área de Prot. Ambiental Estadual Águas Vertentes 1998 76,310<br />
APA* V Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa 1996 35,600<br />
APA* V Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu 1989 143,866<br />
APA* V Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira 1990 66,200<br />
TI* Terra Indígena Luiza do Valle 1979 10,116<br />
* Áreas consideradas somente na análise de custos (vide Metodologia).<br />
A coluna OBJETOS indica o número de objetos de conservação (espécies, ecossistemas ou serviços ambientais) registrados nas áreas protegidas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 279<br />
TABELA 2 – Relação dos objetos de conservação considerados na análise de lacunas de proteção na Cadeia do Espinhaço entre<br />
os estados de Minas Gerais e Bahia.<br />
ABREVIAÇÕES: est = estacional; semidec = semidecidual; trans = transição; alt = altitude.<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Anfíbios Eleutherodactylus izecksohni 5 120.00 5<br />
Anfíbios Crossodactylus bokermanni 1 100.00 11<br />
Anfíbios Crosssodactylus trachystomus 1 100.00 11<br />
Anfíbios Scinax pinima 1 100.00 11<br />
Anfíbios Bokermannohyla sp. n. 1 100.00 5<br />
Anfíbios Hylodes otavioi 1 100.00 5<br />
Anfíbios Physalaemus erythros 1 100.00 5<br />
Anfíbios Hylodes uai 5 100.00 5<br />
Anfíbios Scinax luizotavioi 5 80.00 5<br />
Anfíbios Leptodactylus camaquara 3 66.67 5<br />
Anfíbios Scinax machadoi 3 66.67 5<br />
Anfíbios Physalaemus evangelistai 5 60.00 5<br />
Anfíbios Phasmahyla jandaia 5 60.00 5<br />
Anfíbios Scinax curicica 5 60.00 5<br />
Anfíbios Bokermannohyla martinsi 5 60.00 5<br />
Anfíbios Bokermannohyla nanuzae 5 60.00 5<br />
Anfíbios Physalaemus deimaticus 2 50.00 11<br />
Anfíbios Phyllomedusa megacephala 2 50.00 5<br />
Anfíbios Epipedobates flavopictus 4 50.00 5<br />
Anfíbios Hyalinobatrachium sp. 4 50.00 5<br />
Anfíbios Hypsiboas cipoensis 4 50.00 5<br />
Anfíbios Proceratophrys cururu 4 50.00 5<br />
Anfíbios Pseudopaludicola mineira 4 50.00 5<br />
Anfíbios Bokermannohyla alvarengai 5 40.00 5<br />
Anfíbios Leptodactylus cunicularius 3 33.33 5<br />
Anfíbios Phyllomedusa sp. n. 5 20.00 5<br />
Anfíbios Bokermannohyla saxicola 5 20.00 5<br />
Anfíbios Rupirana cardosoi 2 0.00 8<br />
Anfíbios Physalaemus maximus 1 0.00 5<br />
Aves Embernagra longicauda 5 120.00 8<br />
Aves Leucopternis polionota 1 100.00 14<br />
Aves Campephilus robustus 2 100.00 14<br />
Aves Laniisoma elegans 1 100.00 11<br />
Aves Lipaugus lanioides 1 100.00 11<br />
Aves Odontophorus capueira 1 100.00 11<br />
Aves Penelope obscura 1 100.00 11<br />
Aves Phibalura flavirostris 1 100.00 11<br />
Aves Sicalis flaveola 1 100.00 11<br />
Aves Pyroderus scutatus 3 100.00 11<br />
Aves Charitospiza eucosma 1 100.00 8<br />
Aves Piculus aurulentus 1 100.00 8<br />
Aves Primolius maracana 1 100.00 8<br />
Aves Neothraupis fasciata 2 100.00 8<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
280 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Aves Passerina brissonii 2 100.00 8<br />
Aves Scytalopus indigoticus 2 100.00 8<br />
Aves Polystictus superciliaris 5 100.00 8<br />
Aves Campylopterus largipennis 1 100.00 5<br />
Aves Chamaeza meruloides 1 100.00 2<br />
Aves Columba plumbea 1 100.00 2<br />
Aves Cranioleuca pallida 1 100.00 2<br />
Aves Drymophila ferruginea 1 100.00 2<br />
Aves Phimosus infuscatus 1 100.00 2<br />
Aves Sclerurus scansor 1 100.00 2<br />
Aves Campylorhamphus falcularius 1 100.00 2<br />
Aves Chlorophonia cyanea 1 100.00 2<br />
Aves Drymophila rubricollis 1 100.00 2<br />
Aves Haplospiza unicolor 1 100.00 2<br />
Aves Hylopezus nattereri 1 100.00 2<br />
Aves Neopelma chrysolophum 1 100.00 2<br />
Aves Oreophylax moreirae 1 100.00 2<br />
Aves Piculus flavigula 1 100.00 2<br />
Aves Tiaris fuliginosa 1 100.00 2<br />
Aves Carduelis magellanicus 2 100.00 2<br />
Aves Cypsnagra hirundinacea 2 100.00 2<br />
Aves Hemitriccus diops 2 100.00 2<br />
Aves Ramphastos dicolorus 2 100.00 2<br />
Aves Pyrrhura frontalis 2 100.00 2<br />
Aves Sarcoramphus papa 2 100.00 2<br />
Aves Drymophila malura 2 100.00 2<br />
Aves Myrmeciza loricata 2 100.00 2<br />
Aves Xiphocolaptes albicollis 2 100.00 2<br />
Aves Anthus hellmayri 3 100.00 2<br />
Aves Augastes scutatus 5 80.00 8<br />
Aves Formicivora serrana 3 66.67 2<br />
Aves Drymophila ochropyga 5 60.00 8<br />
Aves Sporophila frontalis 2 50.00 14<br />
Aves Neopelma aurifrons 2 50.00 11<br />
Aves Asthenes luizae 7 42.86 11<br />
Aves Formicivora iheringi 1 0.00 11<br />
Aves Jacamaralcyon tridactyla 1 0.00 11<br />
Aves Poospiza cinerea 1 0.00 11<br />
Aves Phyllosc<strong>arte</strong>s eximius 1 0.00 8<br />
Aves Cistothorus platensis 1 0.00 2<br />
Ecossistemas Refugio ecológico-média alt. 41,138 140.51 1<br />
Ecossistemas Floresta ombrófila densa-baixa alt. 45,391 53.93 1<br />
Ecossistemas Savana ramíneo arborizada-média alt. 6,698 46.89 1<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 281<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Ecossistemas Floresta esta. semidecidual-baixa alt. 48,860 33.07 1<br />
Ecossistemas Trans. savana-savana estepica-floresta estacional 96,628 32.60 1<br />
Ecossistemas Savana arborizada-média altitude 21,386 32.23 1<br />
Ecossistemas Trans ramíneo-floresta est. 24,517 28.80 1<br />
Ecossistemas Floresta est. semidecidual-média alt. 160,378 24.44 1<br />
Ecossistemas Trans ramíneo-floresta est. 40,887 19.47 1<br />
Ecossistemas Savana arborizada-baixa alt. 51,323 17.36 1<br />
Ecossistemas Savana florestada-baixa alt. 32,248 12.53 1<br />
Ecossistemas Floresta est. decidual-média alt. 107,567 11.82 1<br />
Ecossistemas Trans savana-savana estepica-floresta est. 12,272 10.50 1<br />
Ecossistemas Savana ramíneo arborizada-baixa alt. 4,566 10.47 1<br />
Ecossistemas Savana ramíneo florestada-média alt. 19,034 3.51 1<br />
Ecossistemas Savana arborizada-alta altitude 80,763 3.48 1<br />
Ecossistemas Trans ramíne-floresta est.-alta alt. 15,311 3.15 1<br />
Ecossistemas Savana ramíneo lenhosa-alta alt. 59,004 3.09 1<br />
Ecossistemas Floresta ombrófila densa-média alt. 63,584 1.18 1<br />
Ecossistemas Trans savana estepica-floresta est. 1,901 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana florestada-média altitude 4,006 0.00 1<br />
Ecossistemas Trans savana-floresta est.-média alt. 6,383 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana estepica florestada-baixa alt. 9,254 0.00 1<br />
Ecossistemas Refugio ecológico-alta altitude 10,321 0.00 1<br />
Ecossistemas Flor esta decidual montana-baixa alt. 6,574 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana gramineo lenhosa-média alt. 6,964 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana estepica florestada-alta alt. 6,973 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana parque-média alt. 7,372 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana parque-alta alt. 8,140 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana florestada-alta alt 9,329 0.00 1<br />
Ecossistemas Floresta est. decidual-baixa alt. 9,806 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana gramineo lenhosa-baixa alt. 10,886 0.00 1<br />
Ecossistemas Refugio ecológico-baixa altitude 17,909 0.00 1<br />
Ecossistemas Trans savana-floresta est.-baixa alt. 19,230 0.00 1<br />
Ecossistemas Savana parque-baixa altitude 21,456 0.00 1<br />
Ecossistemas Floresta est. semidec montana-baixa alt. 31,271 0.00 1<br />
Ecossistemas Floresta est. semidec montana-média alt. 31,932 0.00 1<br />
Ecossistemas Trans savana-savana estepica-baixa alt. 34,107 0.00 1<br />
Ecossistemas Floresta est. semidec-alta alt. 21,037 0.00 1<br />
Ecossistemas Floresta est. decidual-alta altitude 40,959 0.00 1<br />
Flora Aspilia procumbens 1 100.00 17<br />
Flora Asplenium schwackei 1 100.00 17<br />
Flora Ceradenia warmingii 1 100.00 17<br />
Flora Chamaecrista cipoana 1 100.00 17<br />
Flora Coccoloba cerifera 1 100.00 17<br />
Flora Constantia cipoensis 1 100.00 17<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
282 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Huperzia itambensis 1 100.00 17<br />
Flora Lychnophora granmogolensis 1 100.00 17<br />
Flora Lychnophora mello-barretoi 1 100.00 17<br />
Flora Persea rufotomentosa 1 100.00 17<br />
Flora Trichogonia apparicioi 1 100.00 17<br />
Flora Encholirium biflorum 2 100.00 17<br />
Flora Encholirium pedicellatum 2 100.00 17<br />
Flora Lychnophora markgravii 7 100.00 17<br />
Flora Baccharis concinna 1 100.00 14<br />
Flora Barbacenia ensifolia 1 100.00 14<br />
Flora Barbacenia glutinosa 1 100.00 14<br />
Flora Ceradenia capillaris 1 100.00 14<br />
Flora Chamaecrista dentata 1 100.00 14<br />
Flora Chamaecrista semaphora 1 100.00 14<br />
Flora Culcita coniifolia 1 100.00 14<br />
Flora Eriosorus flexuosus 1 100.00 14<br />
Flora Hymenophyllum silveirae 1 100.00 14<br />
Flora Laelia pumila 1 100.00 14<br />
Flora Lavoisiera cordata 1 100.00 14<br />
Flora Lavoisiera mello-barretoi 1 100.00 14<br />
Flora Lychnophora reticulata 1 100.00 14<br />
Flora Mikania glauca 1 100.00 14<br />
Flora Mimosa macedoana 1 100.00 14<br />
Flora Ocotea langsdorffii 1 100.00 14<br />
Flora Ocotea percoriacea 1 100.00 14<br />
Flora Ocotea pomaderroides 1 100.00 14<br />
Flora Ocotea pulchella 1 100.00 14<br />
Flora Phyllanthus chorethroides 1 100.00 14<br />
Flora Pseudolaelia cipoensis 1 100.00 14<br />
Flora Senaea caerulea 1 100.00 14<br />
Flora Stachytarpheta procumbens 1 100.00 14<br />
Flora Vellozia metzgerae 1 100.00 14<br />
Flora Vernonia sessilifolia 1 100.00 14<br />
Flora Vernonia stoechas 1 100.00 14<br />
Flora Vochysia pygmaea 1 100.00 14<br />
Flora Xyris cipoensis 1 100.00 14<br />
Flora Xyris dardanoi 1 100.00 14<br />
Flora Xyris nigricans 1 100.00 14<br />
Flora Xyris platystachya 1 100.00 14<br />
Flora Xyris tortilis 1 100.00 14<br />
Flora Annona monticola 1 100.00 11<br />
Flora Banisteriopsis andersonii 1 100.00 11<br />
Flora Banisteriopsis cipoensis 1 100.00 11<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 283<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Byrsonima cipoensis 1 100.00 11<br />
Flora Camarea axillaris 1 100.00 11<br />
Flora Diplusodon orbicularis 1 100.00 11<br />
Flora Ditassa polygaloides 1 100.00 11<br />
Flora Gaylussacia centunculifolia 1 100.00 11<br />
Flora Gaylussacia vitis-idaea 1 100.00 11<br />
Flora Klotzschia rhizophylla 1 100.00 11<br />
Flora Lavoisiera campos-portoana 1 100.00 11<br />
Flora Lavoisiera sampaioana 1 100.00 11<br />
Flora Lychnophora sellowii 1 100.00 11<br />
Flora Luxemburgia angustifolia 1 100.00 11<br />
Flora Luxemburgia flexuosa 1 100.00 11<br />
Flora Microlicia juniperina 1 100.00 11<br />
Flora Mikania malacolepis 1 100.00 11<br />
Flora Mikania nitidula 1 100.00 11<br />
Flora Nematanthus strigillosus 1 100.00 11<br />
Flora Pilosocereus floccosus 1 100.00 11<br />
Flora Pleurostima longiscapa 1 100.00 11<br />
Flora Staurogyne elegans 1 100.00 11<br />
Flora Vellozia lilacina 1 100.00 11<br />
Flora Vellozia piresiana 1 100.00 11<br />
Flora Vellozia subalata 1 100.00 11<br />
Flora Vernonia adamantium 1 100.00 11<br />
Flora Viguiera hispida 1 100.00 11<br />
Flora Actinoseris polyphylla 1 100.00 2<br />
Flora Calea hispida 1 100.00 2<br />
Flora Calea rotundifolia 1 100.00 2<br />
Flora Coccoloba acrostichoides 1 100.00 2<br />
Flora Ditassa parva 1 100.00 2<br />
Flora Gaylussacia ciliosa 1 100.00 2<br />
Flora Gaylussacia cinerea 1 100.00 2<br />
Flora Gaylussacia pallida 1 100.00 2<br />
Flora Gaylussacia pinifolia 1 100.00 2<br />
Flora Gaylussacia pseudociliosa 1 100.00 2<br />
Flora Gaylussacia salicifolia 1 100.00 2<br />
Flora Genlisea aurea 1 100.00 2<br />
Flora Habenaria cultellifolia 1 100.00 2<br />
Flora Habenaria mello-barretoi 1 100.00 2<br />
Flora Hippeastrum puniceum 1 100.00 2<br />
Flora Huperzia erythrocaulon 1 100.00 2<br />
Flora Lavoisiera subulata 1 100.00 2<br />
Flora Ipomoea granulosa 1 100.00 2<br />
Flora Lavoisiera crassifolia 1 100.00 2<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
284 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Lavoisiera firmula 1 100.00 2<br />
Flora Lavoisiera riedeliana 1 100.00 2<br />
Flora Lippia filifolia 1 100.00 2<br />
Flora Macrocarpaea obtusifolia 1 100.00 2<br />
Flora Megalastrum lasiernos 1 100.00 2<br />
Flora Metastelma hatschbachii 1 100.00 2<br />
Flora Microlicia jungermannioides 1 100.00 2<br />
Flora Microlicia pseudoscoparia 1 100.00 2<br />
Flora Microlicia tomentela 1 100.00 2<br />
Flora Mikania candolleana 1 100.00 2<br />
Flora Mikania parvifolia 1 100.00 2<br />
Flora Mikania rothii 1 100.00 2<br />
Flora Mikania subverticillata 1 100.00 2<br />
Flora Pelexia parva 1 100.00 2<br />
Flora Piptocarpha lucida 1 100.00 2<br />
Flora Senecio stigophlebius 1 100.00 2<br />
Flora Sinningia magnifica 1 100.00 2<br />
Flora Stevia verticillata 1 100.00 2<br />
Flora Tapirira marchandii 1 100.00 2<br />
Flora Tibouchina dendroides 1 100.00 2<br />
Flora Tibouchina frigidula 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia buddleiaefolia 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia desertorum 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia linearifolia 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia rosea 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia simplex 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia tomentella 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia vauthieriana 1 100.00 2<br />
Flora Vernonia virgulata 1 100.00 2<br />
Flora Xyris consanguinea 1 100.00 2<br />
Flora Xyris graminosa 1 100.00 2<br />
Flora Xyris jolyi 1 100.00 2<br />
Flora Xyris melanopoda 1 100.00 2<br />
Flora Paesia glandulosa 3 100.00 2<br />
Flora Senecio gertii 4 75.00 17<br />
Flora Huperzia rubra 3 66.67 17<br />
Flora Actinoseris stenophylla 3 66.67 2<br />
Flora Cnemidaria uleana 3 66.67 2<br />
Flora Wunderlichia mirabilis 6 66.67 2<br />
Flora Acritopappus irwinii 5 60.00 11<br />
Flora Eriosorus sellowianus 5 60.00 2<br />
Flora Actinoseris hatschbachii 2 50.00 17<br />
Flora Anteremanthus hatschbachii 2 50.00 17<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 285<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Baccharis lychnophora 2 50.00 17<br />
Flora Diplusodon glaziovii 2 50.00 17<br />
Flora Mikania premnifolia 2 50.00 17<br />
Flora Mikania cipoensis 4 50.00 17<br />
Flora Anemia mirabilis 2 50.00 14<br />
Flora Cipocereus minensis 2 50.00 14<br />
Flora Dicksonia sellowiana 2 50.00 14<br />
Flora Inulopsis scaposa 2 50.00 14<br />
Flora Ipomoea campestris 2 50.00 14<br />
Flora Lycopodiella benjaminiana 2 50.00 14<br />
Flora Lupinus coriaceus 2 50.00 14<br />
Flora Micropolypodium perpusillum 2 50.00 14<br />
Flora Mimosa barretoi 2 50.00 14<br />
Flora Spigelia aceifolia 2 50.00 14<br />
Flora Spigelia cipoensis 2 50.00 14<br />
Flora Vernonia spixiana 2 50.00 14<br />
Flora Xyris bialata 2 50.00 14<br />
Flora Angelonia eriostachys 2 50.00 11<br />
Flora Cuphea cipoensis 2 50.00 11<br />
Flora Hymenophyllum sampaioanum 2 50.00 11<br />
Flora Jacquemontia revoluta 2 50.00 11<br />
Flora Lagenocarpus bracteosus 2 50.00 11<br />
Flora Lychnophora rosmarinifolia 2 50.00 11<br />
Flora Phyllanthus angustissimus 2 50.00 11<br />
Flora Spigelia sellowiana 2 50.00 11<br />
Flora Vellozia leptopetala 2 50.00 11<br />
Flora Vellozia patens 2 50.00 11<br />
Flora vernonia alpestris 2 50.00 11<br />
Flora Jacaranda racemosa 2 50.00 8<br />
Flora Actinocephalus cipoensis 2 50.00 2<br />
Flora Alsophila capensis 2 50.00 2<br />
Flora Ananas nanus 2 50.00 2<br />
Flora Aspilia laevissima 2 50.00 2<br />
Flora Baccharis gracilis 2 50.00 2<br />
Flora Baccharis minutiflora 2 50.00 2<br />
Flora Baccharis vernonioides 2 50.00 2<br />
Flora Bulbophyllum warmingianum 2 50.00 2<br />
Flora Camarea ericoides 2 50.00 2<br />
Flora Dryopteris patula 2 50.00 2<br />
Flora Genlisea filiformis 2 50.00 2<br />
Flora Ocotea tristis 2 50.00 2<br />
Flora Sarcoglottis schwackei 2 50.00 2<br />
Flora Schultesia angustifolia 2 50.00 2<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
286 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Sophronitella violacea 2 50.00 2<br />
Flora Trimezia truncata 2 50.00 2<br />
Flora Vernonia coriacea 2 50.00 2<br />
Flora Vernonia mariana 2 50.00 2<br />
Flora Vernonia psilophylla 2 50.00 2<br />
Flora Vernonia vepretorum 2 50.00 2<br />
Flora Vernonia warmingiana 2 50.00 2<br />
Flora Xyris hilariana 2 50.00 2<br />
Flora Actinoseris radiata 4 50.00 2<br />
Flora Orthophytum mello-barretoi 7 42.86 2<br />
Flora Dyckia rariflora 5 40.00 17<br />
Flora Dyckia ursina 5 40.00 14<br />
Flora Senecio pohlii 5 40.00 11<br />
Flora Encholirium heloisae 5 40.00 11<br />
Flora Moquinia racemosa 5 40.00 11<br />
Flora Proteopsis argentea 10 40.00 11<br />
Flora Dyckia macedoi 5 40.00 5<br />
Flora Vriesea stricta 5 40.00 2<br />
Flora Actinoseris polymorpha 5 40.00 2<br />
Flora Gochnatia discoidea 5 40.00 2<br />
Flora Actinoseris revoluta 3 33.33 17<br />
Flora Anemia gardneri 3 33.33 14<br />
Flora Doryopteris paradoxa 3 33.33 14<br />
Flora Pamphilia aurea 3 33.33 11<br />
Flora Vriesea atropurpurea 3 33.33 11<br />
Flora Dyckia mello-barretoi 3 33.33 5<br />
Flora Vriesea schwackeana 3 33.33 5<br />
Flora Trixis ophiorhiza 3 33.33 2<br />
Flora Vernonia fruticulosa 3 33.33 2<br />
Flora Encholirium scrutor 4 25.00 14<br />
Flora Vriesea diamantinensis 4 25.00 11<br />
Flora Gaylussacia virgata 4 25.00 2<br />
Flora Trixis glutinosa 4 25.00 2<br />
Flora Gochnatia hatschbachii 5 20.00 11<br />
Flora Lychnophora tomentosa 5 20.00 11<br />
Flora Lychnophora passerina 5 20.00 11<br />
Flora Lychnophora salicifolia 5 20.00 2<br />
Flora Mikania retifolia 5 20.00 2<br />
Flora Dyckia sordida 5 20.00 2<br />
Flora Actinocephalus ciliatus 1 0.00 17<br />
Flora Aspilia almasensis 1 0.00 17<br />
Flora Baccharis martiana 1 0.00 17<br />
Flora Baccharis truncata 1 0.00 17<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 287<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Cuphea adenophylla 1 0.00 17<br />
Flora Isoetes gigantea 1 0.00 17<br />
Flora Lychnophoriopsis damazioi 1 0.00 17<br />
Flora Lychnophora brunioides 1 0.00 17<br />
Flora Mikania glabra 1 0.00 17<br />
Flora Mikania hartbergii 1 0.00 17<br />
Flora Minasia pereirae 1 0.00 17<br />
Flora Pellaea cymbiformis 1 0.00 17<br />
Flora Pellaea gleichenioides 1 0.00 17<br />
Flora Symphyopappus uncinatus 1 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus brasiliana 1 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus elegans 1 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus magnificus 1 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus suberosus 1 0.00 17<br />
Flora Verbesina pseudoclaussenii 1 0.00 17<br />
Flora Vriesea hieroglyphica 1 0.00 17<br />
Flora Cattleya tenuis 2 0.00 17<br />
Flora Doryopteris trilobata 2 0.00 17<br />
Flora Encholirium luxor 2 0.00 17<br />
Flora Lychnophora ramosissima 2 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus laricifolius 2 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus mucugensis 2 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus bisulcatus 3 0.00 17<br />
Flora Syngonanthus vernonioides 3 0.00 17<br />
Flora Minasia alpestris 4 0.00 17<br />
Flora Actinocephalus cabralensis 1 0.00 14<br />
Flora Brasilicereus markgrafii 1 0.00 14<br />
Flora Cryptanthus glaziovii 1 0.00 14<br />
Flora Cuphea teleandra 1 0.00 14<br />
Flora Dioscorea rumicoides 1 0.00 14<br />
Flora Discocactus horstii 1 0.00 14<br />
Flora Discocactus pseudoinsignis 1 0.00 14<br />
Flora Doryopteris rufa 1 0.00 14<br />
Flora Eriocaulon melanolepis 1 0.00 14<br />
Flora Euterpe edulis 1 0.00 14<br />
Flora Leiothrix linearis 1 0.00 14<br />
Flora Lippia rhodocnemis 1 0.00 14<br />
Flora Lupinus decurrens 1 0.00 14<br />
Flora Lupinus ovalifolius 1 0.00 14<br />
Flora Micranthocereus auriazureus 1 0.00 14<br />
Flora Nematanthus sericeus 1 0.00 14<br />
Flora Ocotea odorifera 1 0.00 14<br />
Flora Paepalanthus cipoensis 1 0.00 14<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
288 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Paepalanthus garimpensis 1 0.00 14<br />
Flora Paepalanthus heterotrichus 1 0.00 14<br />
Flora Paepalanthus lepidus 1 0.00 14<br />
Flora Paepalanthus tuberculatus 1 0.00 14<br />
Flora Pilosocereus fulvilanatus 1 0.00 14<br />
Flora Stilpnopappus bicolor 1 0.00 14<br />
Flora Cryptangium humile 2 0.00 14<br />
Flora Lychnophora diamantinana 2 0.00 14<br />
Flora Melocactus paucispinus 2 0.00 14<br />
Flora Syngonanthus chrysolepis 2 0.00 14<br />
Flora Uebelmannia gummifera 2 0.00 14<br />
Flora Paepalanthus ater 3 0.00 14<br />
Flora Lychnophora pohlii 5 0.00 14<br />
Flora Huperzia mooreana 5 0.00 14<br />
Flora Adenocalymma fruticosum 1 0.00 11<br />
Flora Agalinis brachyphylla 1 0.00 11<br />
Flora Arrojadoa dinae 1 0.00 11<br />
Flora Barbacenia riparia 1 0.00 11<br />
Flora Barjonia harleyi 1 0.00 11<br />
Flora Bernardia crassifolia 1 0.00 11<br />
Flora Butia eriospatha 1 0.00 11<br />
Flora Ceiba jasminodora 1 0.00 11<br />
Flora Constantia cristinae 1 0.00 11<br />
Flora Cryptangium comatum 1 0.00 11<br />
Flora Cryptanthus minarum 1 0.00 11<br />
Flora Cuphea bahiensis 1 0.00 11<br />
Flora Diplusodon aggregatifolius 1 0.00 11<br />
Flora Ditassa cordeiroana 1 0.00 11<br />
Flora Drosera graomogolensis 1 0.00 11<br />
Flora Elachyptera coriacea 1 0.00 11<br />
Flora Encholirium vogelii 1 0.00 11<br />
Flora Eriosorus insignis 1 0.00 11<br />
Flora Evolvulus glaziovii 1 0.00 11<br />
Flora Ficus mexiae 1 0.00 11<br />
Flora Guatteria notabilis 1 0.00 11<br />
Flora Jacaranda morii 1 0.00 11<br />
Flora Lychnophora blanchetii 1 0.00 11<br />
Flora Merremia repens 1 0.00 11<br />
Flora Metastelma harleyi 1 0.00 11<br />
Flora Mikania alvimii 1 0.00 11<br />
Flora Mikania neurocaula 1 0.00 11<br />
Flora Nematanthus lanceolatus 1 0.00 11<br />
Flora Neoregelia leprosa 1 0.00 11<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 289<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Ocotea pretiosa 1 0.00 11<br />
Flora Orthophytum humile 1 0.00 11<br />
Flora Paralychnophora bicolor 1 0.00 11<br />
Flora Peixotoa glabra 1 0.00 11<br />
Flora Physocalyx aurantiacus 1 0.00 11<br />
Flora Pitcairnia bradei 1 0.00 11<br />
Flora Sinningia harleyi 1 0.00 11<br />
Flora Trimezia fistulosa var. fistul 1 0.00 11<br />
Flora Xyris retrorsifimbriata 1 0.00 11<br />
Flora Arrojadoa bahiensis 2 0.00 11<br />
Flora Baccharis elliptica 2 0.00 11<br />
Flora Cipocereus crassisepalus 2 0.00 11<br />
Flora Gaylussacia harleyi 2 0.00 11<br />
Flora Gaylussacia retusa 2 0.00 11<br />
Flora Gomphrena nigricans 2 0.00 11<br />
Flora Guatteria pohliana 2 0.00 11<br />
Flora Guatteria rupestris 2 0.00 11<br />
Flora Leiothrix schlechtendalii 2 0.00 11<br />
Flora Lychnophora ericoides 2 0.00 11<br />
Flora Oncidium warmingii 2 0.00 11<br />
Flora Pfaffia townsendii 2 0.00 11<br />
Flora Piptolepis ericoides 2 0.00 11<br />
Flora Vriesea bituminosa 2 0.00 11<br />
Flora Cryptanthus caracensis 3 0.00 11<br />
Flora Encholirium irwinii 4 0.00 11<br />
Flora Lychnophora pinaster 5 0.00 11<br />
Flora Vriesea minarum 5 0.00 11<br />
Flora Diplusodon saxatilis 1 0.00 8<br />
Flora Aechmea bahiana 1 0.00 5<br />
Flora Orthophytum burle-marxii 1 0.00 5<br />
Flora Orthophytum navioides 1 0.00 5<br />
Flora Vriesea chapadensis 1 0.00 5<br />
Flora Orthophytum supthutii 3 0.00 5<br />
Flora Actinocephalus callophyllus 1 0.00 2<br />
Flora Actinocephalus compactus 1 0.00 2<br />
Flora Actinocephalus coutoensis 1 0.00 2<br />
Flora Alstroemeria inodora 1 0.00 2<br />
Flora Anemia cipoensis 1 0.00 2<br />
Flora Angelonia crassifolia 1 0.00 2<br />
Flora Angelonia procumbens 1 0.00 2<br />
Flora Annona tomentosa 1 0.00 2<br />
Flora Aspilia decumbens 1 0.00 2<br />
Flora Aspilia squarrosa 1 0.00 2<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
290 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Ayapanopsis oblongifolia 1 0.00 2<br />
Flora Calea hatschbachii 1 0.00 2<br />
Flora Calea teucrifolia 1 0.00 2<br />
Flora Cestrum gardneri 1 0.00 2<br />
Flora Cyperus mundulus 1 0.00 2<br />
Flora Dasyphyllum fodinarum 1 0.00 2<br />
Flora Elaphoglossum tenuiculum 1 0.00 2<br />
Flora Diplusodon bradei 1 0.00 2<br />
Flora Erythroxylum stipulosum 1 0.00 2<br />
Flora Hippeastrum glaucescens 1 0.00 2<br />
Flora Huperzia martii 1 0.00 2<br />
Flora Kielmeyera petiolaris 1 0.00 2<br />
Flora Laelia cinnabarina 1 0.00 2<br />
Flora Lantana glaziovii 1 0.00 2<br />
Flora Lellingeria pumila 1 0.00 2<br />
Flora Lycopodiella iuliformis 1 0.00 2<br />
Flora Mesosetum gibbosum 1 0.00 2<br />
Flora Microlicia pilosissima 1 0.00 2<br />
Flora Mikania citriodora 1 0.00 2<br />
Flora Mikania microphylla 1 0.00 2<br />
Flora Mikania reticulata 1 0.00 2<br />
Flora Mikania reynoldsii 1 0.00 2<br />
Flora Mikania smilacina 1 0.00 2<br />
Flora Paepalanthus albo-tomentosus 1 0.00 2<br />
Flora Paepalanthus barbiger 1 0.00 2<br />
Flora Paepalanthus digitiformis 1 0.00 2<br />
Flora Phyllanthus choretroides 1 0.00 2<br />
Flora Tabebuia bureavii 1 0.00 2<br />
Flora Tillandsia sprengeliana 1 0.00 2<br />
Flora Trachypteris pinnata 1 0.00 2<br />
Flora Trichogonia crenulata 1 0.00 2<br />
Flora Vernonia eremophylla 1 0.00 2<br />
Flora Vernonia holosericea 1 0.00 2<br />
Flora Vernonia obscura 1 0.00 2<br />
Flora Vernonia subulata 1 0.00 2<br />
Flora Vernonia subverticillata 1 0.00 2<br />
Flora Cattleya elongata 2 0.00 2<br />
Flora Cyathea bipinnatifida 2 0.00 2<br />
Flora Oncidium crispum 2 0.00 2<br />
Flora Symphyopappus reticulatus 2 0.00 2<br />
Flora Vernonia lilacina 2 0.00 2<br />
Flora Dasyphyllum reticulatum 3 0.00 2<br />
Flora Pellaea riedelii 3 0.00 2<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 291<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Flora Symphyopappus decussatus 3 0.00 2<br />
Flora Vriesea monacorum 3 0.00 2<br />
Invertebrados Peripatus acacioi 1 100.00 14<br />
Invertebrados Coarazuphium cessaima 1 100.00 11<br />
Invertebrados Buenoa unguis 1 100.00 5<br />
Invertebrados Neotrephes latus 1 100.00 5<br />
Invertebrados Cipomyia totofusca 3 66.67 5<br />
Invertebrados Tomoplagia reticulata 3 66.67 5<br />
Invertebrados Tomoplagia bicolor 3 66.67 5<br />
Invertebrados Anthophora paranensis 2 50.00 5<br />
Invertebrados Phoroncidia biocellata 2 50.00 2<br />
Invertebrados Xylocopa truxali 3 33.33 11<br />
Invertebrados Tomoplagia cipoensis 3 33.33 5<br />
Invertebrados Centris rupestris 3 33.33 5<br />
Invertebrados Tomoplagia aczeli 3 33.33 5<br />
Invertebrados Eufriesea nigrohirta 3 33.33 5<br />
Invertebrados Lewinsohnia magna 3 33.33 5<br />
Invertebrados Tenagobia schreiberi 3 33.33 5<br />
Invertebrados Tomoplagia rupestris 3 33.33 5<br />
Invertebrados Fimoscolex sporadochaetus 1 0.00 17<br />
Invertebrados Ambrysus attenuatus 1 0.00 5<br />
Invertebrados Araneus cohnae 1 0.00 5<br />
Invertebrados Hexantheda missionica 1 0.00 5<br />
Invertebrados Metrobates p. genikos 1 0.00 5<br />
Invertebrados Tomoplagia pallens 1 0.00 5<br />
Invertebrados Tomoplagia grandis 2 0.00 5<br />
Invertebrados Tomoplagia dimorphica 3 0.00 5<br />
Invertebrados Tomoplagia interrupta 3 0.00 5<br />
Invertebrados Tomoplagia variabilis 3 0.00 5<br />
Invertebrados Yphthimoides cipoensis 3 0.00 5<br />
Invertebrados Tomoplagia volute 3 0.00 5<br />
Invertebrados Tomoplagia achromoptera 3 0.00 5<br />
Invertebrados Achaearanea diamantine 1 0.00 2<br />
Invertebrados Bristoweia diamantinae 1 0.00 2<br />
Invertebrados Brunodrilus angeloi 1 0.00 2<br />
Invertebrados Encheiridium montanum 1 0.00 2<br />
Invertebrados Glossoscolex gordurensis 1 0.00 2<br />
Invertebrados Larocanthidium spinosum 1 0.00 2<br />
Invertebrados Mesabolivar botocudo 1 0.00 2<br />
Invertebrados Mesabolivar maxacali 1 0.00 2<br />
Invertebrados Pholcomma mantinum 1 0.00 2<br />
Invertebrados Theridion bolum 1 0.00 2<br />
Invertebrados Theridion cohni 1 0.00 2<br />
continua...<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
292 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
...continuação da Tabela 2<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Mamíferos Lasiurus blossevilli 1 400.00 2<br />
Mamíferos Eumops perotis 1 300.00 2<br />
Mamíferos Chrysocyon brachyurus 7 142.86 8<br />
Mamíferos Tamandua tetradactyla 5 140.00 14<br />
Mamíferos Pygoderma bilabiatum 3 133.33 2<br />
Mamíferos Eira Barbara 3 133.33 2<br />
Mamíferos Priodontes maximus 1 100.00 17<br />
Mamíferos Leopardus pardalis 8 100.00 17<br />
Mamíferos Leopardus tigrinus 1 100.00 14<br />
Mamíferos Cabassous unicinctus 2 100.00 11<br />
Mamíferos Myrmecophaga tridactyla 3 100.00 11<br />
Mamíferos Akodon montensis 1 100.00 2<br />
Mamíferos Euryzygomatomys spinosus 1 100.00 2<br />
Mamíferos Artibeus cinereus 1 100.00 2<br />
Mamíferos Lasiurus ega 1 100.00 2<br />
Mamíferos Coendou villosus 2 100.00 2<br />
Mamíferos Gracilinanus microtarsus 1 100.00 2<br />
Mamíferos Coendou prehensilis 2 100.00 2<br />
Mamíferos Vampyressa pusilla 4 100.00 2<br />
Mamíferos Cerdocyon thous 5 100.00 2<br />
Mamíferos Agouti paca 7 85.71 2<br />
Mamíferos Puma concolor 6 83.33 17<br />
Mamíferos Pecari tajacu 4 75.00 14<br />
Mamíferos Mazama gouazoupira 4 75.00 2<br />
Mamíferos Lontra longicaudis 7 71.43 11<br />
Mamíferos Tapirus terrestris 3 66.67 17<br />
Mamíferos Callicebus personatus 4 50.00 11<br />
Mamíferos Pseudalopex vetulus 6 50.00 11<br />
Mamíferos Mazama americana 2 50.00 2<br />
Mamíferos Monodelphis americana 2 50.00 2<br />
Mamíferos Herpailurus yaguarondi 4 50.00 2<br />
Mamíferos Caluromys philander 2 50.00 2<br />
Mamíferos Callithrix geoffroyi 2 50.00 2<br />
Mamíferos Kerodon rupestris 4 25.00 2<br />
Mamíferos Leopardus wiedii 1 0.00 14<br />
Mamíferos Lonchophylla bokermanni 2 0.00 14<br />
Mamíferos Myotis ruber 1 0.00 11<br />
Mamíferos Kannabateomys amblyonyx 1 0.00 11<br />
Mamíferos Trinomys moojeni 2 0.00 5<br />
Mamíferos Blarinomys breviceps 1 0.00 2<br />
Mamíferos Delomys dorsalis 1 0.00 2<br />
Mamíferos Delomys sublineatus 1 0.00 2<br />
Mamíferos Galictis vittata 1 0.00 2<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008<br />
continua...
...continuação da Tabela 2<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 293<br />
TIPO OBJETO META* % PROTEÇÃO* IMPORTÂNCIA*<br />
Mamíferos Lasiurus cinereus 1 0.00 2<br />
Mamíferos Trinomys albispinus 1 0.00 2<br />
Mamíferos Chrotopterus auritus 1 0.00 2<br />
Mamíferos Galictis cuja 1 0.00 2<br />
Mamíferos Thalpomys lasiotis 1 0.00 2<br />
Mamíferos Alouatta caraya 2 0.00 2<br />
Mamíferos Wiedomys pyrrhorhinos 3 0.00 2<br />
Peixes Brycon opalinus 1 100.00 11<br />
Peixes Brycon nattereri 1 100.00 11<br />
Peixes Copionodon lianae 1 100.00 5<br />
Peixes Prochilodus costatus 1 100.00 5<br />
Peixes Harttia novalimensis 1 100.00 2<br />
Peixes Pareiorhaphis stephanus 1 100.00 2<br />
Peixes Hysteronotus megalostomus 1 100.00 2<br />
Peixes Characidium lagosantense 2 50.00 11<br />
Peixes Pareiorhaphis mutuca 2 50.00 11<br />
Peixes Harttia leiopleura 2 50.00 2<br />
Peixes Henochilus wheatlandii 1 0.00 17<br />
Peixes Astyanax jequitinhonhae 1 0.00 5<br />
Peixes Duopalatinus emarginatus 1 0.00 5<br />
Peixes Hyphessobrycon negodagua 1 0.00 5<br />
Peixes Neoplecostomus franciscoensis 3 0.00 5<br />
Peixes Trichomycterus itacambirussu 1 0.00 2<br />
Peixes Trichomycterus jequitinhonhae 1 0.00 2<br />
Peixes Trichomycterus landinga 1 0.00 2<br />
Peixes Harttia garavelloi 1 0.00 2<br />
Peixes Harttia torrenticola 1 0.00 2<br />
Peixes Leporinus marcgravii 1 0.00 2<br />
Peixes Leporinus obtusidens 1 0.00 2<br />
Peixes Trichomycterus trefauti 1 0.00 2<br />
Répteis Placosoma cipoense 1 100.00 14<br />
Répteis Rhachisaurus brachylepis 1 100.00 5<br />
Répteis Tropidurus mucujensis 1 100.00 5<br />
Répteis Tropidurus cocorobensis 1 100.00 5<br />
Répteis Heterodactylus lundii 2 50.00 11<br />
Répteis Eurolophosaurus nanuzae 2 50.00 5<br />
Répteis Tantilla boipiranga 2 50.00 5<br />
Répteis Tropidurus montanus 5 40.00 5<br />
Répteis Gymnodactylus guttulatus 1 0.00 5<br />
Répteis Tropidurus erythrocephalus 1 0.00 5<br />
Serviço<br />
ambiental<br />
Nascentes 775 1.55 1<br />
* A coluna ‘Meta’ indica os valores estipulados para proteção mínima dos objetos, sendo representada em número de ocorrências para as espécies e<br />
em área (valores em hectares) para os ecossistemas. A coluna ‘% proteção’ indica o quanto da meta estipulada está sendo cumprida pelas unidades<br />
de conservação existentes. A coluna ‘Importância’ indica o peso associado a cada espécie, sendo que os valores mais altos indicam espécies que<br />
devem ser prioritariamente incluídas nas soluções geradas pelo programa MARXAN.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
294 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
TABELA 3 – Relação das variáveis utilizadas para a definição do custo associado com as unidades de planejamento da Cadeia<br />
do Espinhaço.<br />
VARIÁVEL DESCRIÇÃO PESO FONTE<br />
VARIÁVEIS POSITIVAS<br />
LAVRA Área de lavras ativas<br />
na região<br />
0.3787 Mapa DNPM<br />
POP Número total de habitantes<br />
por município em 2000<br />
0.3237 Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - UNESCO<br />
DESMAT Proximidade de áreas desmatadas<br />
considerando o período de 2000 a 2005<br />
0.1508 Imagens MODIS (MOD13QA)<br />
ESTRA Proximidade de estradas de rodagem<br />
pavimentadas<br />
0.0810 Mapas IBGE (Brasil ao Milionésimo)<br />
FOCOS Freqüência de focos de calor<br />
entre 2001 a 2005<br />
0.0509 Banco de Queimandas - INPE<br />
CRESC Taxa de crescimento populacional<br />
entre 1991 e 2000<br />
0.0147 Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - UNESCO<br />
VARIÁVEIS NEGATIVAS<br />
NATIV Porcentagem de áreas nativas<br />
remanescentes em 2005<br />
0.4637 Imagens MODIS (MOD13QA)<br />
APP Densidade de áreas de<br />
preservação permanente<br />
0.2130 Mapas IBGE (Brasil ao Milionésimo)<br />
UCPI Proximidade de unidades de<br />
conservação de proteção integral<br />
0.1323 Base CI-Brasil<br />
GOVER Estrutura de governança nos<br />
municípios considerados<br />
0.1302 Base ‘Perfil do Municípios Brasileiros’ - IBGE<br />
UCUS Proximidade de unidades de<br />
conservação de uso sustentável<br />
0.0330 Base CI-Brasil<br />
APA Proximidade de áreas de<br />
proteção ambiental<br />
0.0277 Base CI-Brasil<br />
MODIS – Moderate Resolution Image Spectroradiometer<br />
DNPM – Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (www.dnpm.gov.br)<br />
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (http://paraguay.cptec.inpe.br/produto/queimadas/)<br />
Atlas de Desenvolvimento Ambiental – (PNUD 2003)<br />
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Base ‘Perfil dos Municípios Brasileiros’ disponível em<br />
http://www.ibge.gov.br/munic2005/index.php<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 295<br />
FIGURA 3 – Mapeamento dos diferentes tipos de ecossistemas considerados para as análises de priorização de conservação<br />
para a Cadeia do Espinhaço.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
296 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
FIGURA 4 – Mapeamento das nascentes dos principais rios que se originam na Cadeia do Espinhaço. As cores indicam o<br />
número de nascentes existente em cada unidade de planejamento considerada. Os polígonos em verde indicam as unidades<br />
de conservação de proteção integral avaliadas.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 297<br />
FIGURA 5 – Conjunto de variáveis utilizadas para a elaboração do mapa de esforço de conservação. Estas<br />
variáveis foram denominadas como ‘positivas’, pois contribuem para aumentar o esforço que deve ser empreendido<br />
para promover a conservação da região.<br />
MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
298 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
FIGURA 6 – Conjunto de variáveis utilizadas para a elaboração do mapa de esforço de conservação. Estas variáveis<br />
foram denominadas como ‘negativas’, pois contribuem para diminuir o esforço que deve ser empreendido para<br />
promover a conservação da região.
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 299<br />
FIGURA 7 – Mapa do esforço de conservação resultante da combinação de variáveis positivas (vide Figura 5) e<br />
variáveis negativas (vide Figura 6). As regiões em vermelho representam aquelas onde a conservação da<br />
biodiversidade é dificultada pela co-ocorrência de um conjunto de fatores que aumentam a pressão antrópica<br />
sobre o ambiente. De modo contrário, em verde encontram-se as áreas onde há uma menor pressão antrópica e,<br />
dessa maneira, a conservação da biodiversidade seria facilitada.
300 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
Os pesos estabelecidos variaram de acordo com o status<br />
de conservação das espécies, sendo maiores valores<br />
para espécies ameaçadas, valores intermediários para<br />
espécies endêmicas e valores mais baixos para as demais<br />
espécies (Tabela 2).<br />
Ecossistemas – Considerando que os registros de espécies<br />
são espacialmente muito agrupados (Figura 2),<br />
criamos um mapa de tipos de ecossistemas, que foi<br />
utilizado como ‘substituto’ espacial das informações<br />
sobre biodiversidade. Esse mapa foi gerado a partir<br />
do mapa de vegetação do Brasil (IBGE 1993), sendo<br />
que os tipos vegetais coincidentes com a região de<br />
estudo foram divididos segundo três faixas de altitude:<br />
até 800 metros, entre 800 e 1.000 metros e acima<br />
de 1.000 metros. O mapa com as faixas de altitudes<br />
consideradas foi elaborado a partir de uma reclassificação<br />
do modelo digital de terreno criado pela NASA<br />
(CGIAR-CIS 2004). Com isso, foi gerado um mapa com<br />
40 diferentes tipos de ecossistemas (Figura 3), sendo<br />
que cada um dos ‘ecossistemas’ foi considerado um<br />
objeto de conservação distinto. Para esse conjunto de<br />
objetos de conservação foi estabelecida uma meta<br />
geral de 20% da área de cada tipo de ecossistema<br />
(Tabela 2). O valor da meta não se refere a nenhum<br />
critério biológico, mas corresponde a uma exigência<br />
legal prevista no Brasil. De acordo com o Código Florestal<br />
Brasileiro (Brasil 1965), cada propriedade particular<br />
localizada no Cerrado deve manter um mínimo<br />
de 20% de sua área sob a forma de uma reserva legal,<br />
sendo que esse percentual foi extrapolado para toda<br />
a região.<br />
Serviços ambientais – Além das espécies e dos ecossistemas,<br />
dois importantes componentes da biodiversidade<br />
de qualquer região, incluímos também outro tipo<br />
de objeto de conservação: os serviços ambientais. De<br />
acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica,<br />
processos ecológicos e serviços ambientais devem fazer<br />
p<strong>arte</strong> de esquemas nacionais ou regionais de conservação,<br />
conforme previsto no Programa de Trabalho<br />
com Áreas Protegidas (Objetivo 1.1, atividade sugerida<br />
1.1.5) (UNEP-CDB 2004). Como serviço ambiental básico<br />
ou essencial, consideramos as nascentes de rios da<br />
região do Espinhaço. Mapeamos todas as cabeceiras<br />
dos rios representados no mapa da hidrografia da região,<br />
representado na escala 1:1.000.000 (IBGE 2003).<br />
As nascentes foram então cruzadas com o mapa das<br />
unidades de planejamento para gerar um mapa que<br />
representasse o número de nascentes por unidade de<br />
planejamento na região (Figura 4). Para esse tipo de<br />
objeto de conservação consideramos uma meta de 10%<br />
do total de nascentes mapeadas.<br />
Custos e oportunidades de conservação<br />
Como requisito básico do programa MARXAN, cada<br />
unidade de planejamento deve ter um custo associado<br />
para consideração da mesma nas soluções espaciais<br />
geradas. Unidades de planejamento com alto custo e<br />
baixa insubstituibilidade geralmente não são consideradas<br />
nas soluções espaciais. Elaboramos 12 mapas<br />
temáticos referentes a dois conjuntos de variáveis associadas<br />
com o custo das unidades de planejamento:<br />
seis variáveis que diminuem o custo de conservação e<br />
seis variáveis que aumentam o custo de conservação.<br />
As variáveis utilizadas constam na Tabela 3 e as mesmas<br />
foram combinadas de acordo com a seguinte fórmula:<br />
Custo = (L*p+P*p+D*p+E*p+F*p+C*p) –<br />
(N*p+AP*p+Us*p+G*p+U*p+A*p)<br />
Onde, as letras maiúsculas representam as variáveis<br />
conforme a ordem e a descrição que consta na Tabela 3<br />
(L=Lavra, P=Pop, D=Desmat e assim sucessivamente).<br />
Cada variável foi multiplicada por um peso específico<br />
(representado pela letra ‘p’ na fórmula) para indicar a<br />
sua importância na composição <strong>final</strong> do custo. Os pesos<br />
foram definidos por meio de uma avaliação por critérios<br />
múltiplos (ver abaixo). A representação espacial<br />
das variáveis positivas consta na Figura 5 e a representação<br />
das variáveis negativas consta na Figura 6. O produto<br />
<strong>final</strong> dessa equação está representado na Figura<br />
7, que demonstra desde unidades de planejamento com<br />
baixo custo de conservação (áreas representadas em<br />
verde) até unidades com alto custo de conservação<br />
(áreas representadas em vermelho). Para efeitos da combinação<br />
das variáveis na fórmula acima, cada uma delas<br />
foi padronizada para representar os valores correspondentes<br />
em uma escala variando de 0 a 100. Todas as<br />
variáveis trabalhadas, descritas à seqüência, foram representadas<br />
em mapas matriciais com resolução espacial<br />
de 250 metros. Tal resolução foi escolhida por ser a<br />
mesma das imagens MODIS (Moderate Resolution Imaging<br />
Spectroradiometer) utilizadas em p<strong>arte</strong> das análises.<br />
Preparação das variáveis utilizadas<br />
LAVRA – Informações sobre lavras ativas (áreas de mineração<br />
em plena atividade na região da Cadeia do Espinhaço<br />
ou em fase de licenciamento) foram obtidas<br />
no Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM<br />
(http://www.dnpm.gov.br). O arquivo vetorial (no formato<br />
shape) foi convertido para o formato matricial com<br />
o uso do programa Idrisi (Eastman 2003) e com o uso<br />
dos comandos Distance e Fuzzy, foi gerado um mapa de<br />
distâncias a partir das lavras ativas. A influência das
lavras ativas foi considerada importante até uma<br />
distância de 5 km e a partir da daí decaía gradativamente<br />
até 10 km, quando então deixava de influenciar as unidades<br />
de planejamento. Para cada unidade de planejamento<br />
da região foi representada a percentagem (escala<br />
de 0 a 100) da área ocupada pelos pixels do mapa<br />
gerado a partir das distâncias de lavras ativas. O resultado<br />
dessa análise está representado na Figura 5.<br />
POP – O número de habitantes em cada município<br />
da região de análise (325 municípios) para o ano de<br />
2000 (PNUD 2003) foi representado em um mapa de<br />
pontos referentes às sedes municipais. A partir de uma<br />
interpolação, foi gerada uma superfície de valores para<br />
a região de análise, sendo que a faixa de valores obtida<br />
foi dividida em 100 classes. O mapa com as unidades<br />
de planejamento foi sobreposto ao mapa do número<br />
de habitantes e calculamos o valor médio do número<br />
de habitantes para cada unidade. O resultado dessa<br />
análise está representado na Figura 5.<br />
DESMAT – Para o mapeamento das áreas potencialmente<br />
desmatadas entre os anos de 2000 e 2005 utilizamos<br />
duas imagens do satélite Terra (sensor MODIS,<br />
produto MOD13Q), obtidas gratuitamente na página da<br />
NASA – Agência Espacial Americana (http://edcimswww.<br />
cr.usgs.gov/pub/imswelcome/). As imagens foram<br />
reprojetadas para a projeção Cônica de Albers (Equal<br />
Area), sendo mantida a resolução original dos dados<br />
(250 metros). Selecionamos a banda EVI (Enhanced<br />
Vegetation Index) do MOD13Q para a realização de uma<br />
análise de variação dos valores do índice de vegetação<br />
entre os períodos considerados. Os procedimentos<br />
adotados foram semelhantes àqueles utilizados por<br />
(Ferreira et al., 2003; Gomes et al., 2005). Entretanto,<br />
consideramos como áreas desmatadas todos os conjuntos<br />
de pixels com área superior a 100 hectares e<br />
cujos valores tenham sido inferior à média e mais um<br />
desvio padrão da diferença entre as imagens das datas<br />
selecionadas. A partir da localização dos desmatamentos,<br />
elaboramos um novo mapa de distâncias dos desmatamentos.<br />
Usamos a opção Fuzzy do programa Idrisi<br />
para estabelecer a influência dos desmatamentos, sendo<br />
considerada uma faixa de influência máxima até 5<br />
km com queda gradativa dos 5 aos 10 km de distância.<br />
Representamos o valor médio das distâncias nas unidades<br />
de planejamento da região, sendo que os valores<br />
foram padronizados em uma escada de 0 (nenhuma<br />
influência) até 100 (influência total). O resultado dessa<br />
análise está representado na Figura 5.<br />
ESTRA – Com base no mapa de estradas pavimentadas<br />
existentes para a região (IBGE 2003), criamos uma<br />
imagem matricial representativa das distâncias a partir<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 301<br />
das estradas. De maneira semelhante ao mapa dos desmatamentos<br />
e das áreas de lavras, usamos a opção Fuzzy<br />
do programa Idrisi para limitar a influência das estradas<br />
até uma faixa de 5 km com queda gradativa até os 10 km.<br />
Os valores desse mapa foram representados em uma escala<br />
de 0 a 100. Cruzamos o mapa com as unidades de<br />
planejamento e representamos o valor médio da distância<br />
a partir das estradas em cada uma das unidades. O<br />
resultado dessa análise está representado na Figura 5.<br />
FOCOS – A partir da obtenção dos focos de calor registrados<br />
pelo INPE (http://www.inpe.br/queimadas), selecionamos<br />
aqueles ocorridos entre 2001 e 2005 e que<br />
foram captados pelo sensor MODIS tarde. A freqüência<br />
de focos de calor foi representada para cada uma das<br />
unidades de planejamento trabalhadas, sendo que os<br />
registros foram padronizados em uma escala de 0 a 100.<br />
O resultado dessa análise está representado na Figura 5.<br />
CRESC – De maneira semelhante ao mapa de número<br />
de habitantes (POP), representamos a taxa de crescimento<br />
populacional registrada nos municípios da região para<br />
o período 1990 a 2000 (PNUD 2003). O valor da taxa de<br />
crescimento foi atribuído ao mapa com as sedes municipais<br />
e a partir deste foi feita uma interpolação dos<br />
valores para a representação de uma ‘superfície’ de crescimento.<br />
Os valores da interpolação foram padronizados<br />
de -100 a +100, para os casos onde foram registrados<br />
crescimentos negativos (perda de população) e crescimentos<br />
positivos (aumento da população). Para cada<br />
unidade de planejamento da região representamos o<br />
valor médio da taxa de crescimento calculada. O resultado<br />
dessa análise está representado na Figura 5.<br />
NATIV – A partir da classificação de imagens do<br />
sensor MODIS (produto MOD13Q obtida em 25 de maio<br />
de 2005) geramos um mapa com as áreas nativas remanescentes<br />
para a região. Os procedimentos para a<br />
classificação das imagens foram, resumidamente, os seguintes:<br />
importação e reprojeção das bandas MIR<br />
(middle-infrared), NIR (near-infrared), RED (red) e EVI<br />
(enhanced vegetation index) com o uso do programa<br />
MODIS Reprojection Tools versão 3.3 (http://edcdaac.<br />
usgs.gov/landdaac/tools/modis); aplicação de um filtro<br />
de mediana 3x3 para atenuar os efeitos dos pixels isolados,<br />
conforme procedimentos sugeridos por (Richards<br />
1993); realização de classificação não supervisionada<br />
(Isocluster) com as quatro bandas selecionadas, da qual<br />
foram geradas 30 classes e que posteriormente foram<br />
manualmente agrupadas em três níveis (nativas, antrópicas<br />
e ‘sombras’). Após a produção do mapa de áreas<br />
nativas, calculamos o percentual de remanescentes em<br />
cada unidade de planejamento, sendo que<br />
essas foram representadas em uma escala de 0 (sem
302 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
remanescentes) a 100 (cobertura total da unidade de<br />
planejamento por áreas nativas). O resultado dessa análise<br />
está representado na Figura 6.<br />
APP – A partir do mapa de hidrografia da região (IBGE<br />
2003) geramos um mapa com as áreas de preservação<br />
permanente previstas no Código Florestal Brasileiro<br />
(Brasil 1965). Mapeamos os rios da região e nascentes<br />
e geramos um buffer de 50 metros para a maioria dos<br />
rios e nascentes e um buffer de 100 metros para os<br />
principais rios (rio Jequitinhonha e rio das Velhas). Além<br />
disto, geramos um mapa de declividades a partir do<br />
processamento do modelo digital de terreno disponibilizado<br />
pela NASA (http://srtm.csi.cgiar.org/) e identificamos<br />
as regiões com mais de 45% de declividade. Após<br />
esses procedimentos, representamos em cada unidade<br />
de planejamento a área ocupada por áreas de preservação<br />
permanente e reescalonamos os valores em uma<br />
faixa de 0 a 100. O resultado dessa análise está representado<br />
na Figura 6.<br />
UCPI – Com base em um mapa contendo as unidades<br />
de conservação de proteção integral (Tabela 1),<br />
conforme definição do Sistema Nacional de Unidades<br />
de Conservação da Natureza (Brasil 2000), criamos um<br />
mapa de distâncias a partir dessas. Os procedimentos<br />
foram semelhantes à produção dos mapas de estradas<br />
(ESTRA) ou de mineração (LAVRA), onde aplicamos o<br />
comando Fuzzy do Idrisi para gerar um mapa de influência<br />
das unidades de conservação, sendo que a<br />
influência das mesmas era grande até 10 km e depois<br />
decaía gradativamente entre 10 e 20 km. O resultado<br />
dessa análise está representado na Figura 6.<br />
GOVER – Para representar a estrutura de governança<br />
dos 325 municípios abrangidos pela área de estudo,<br />
selecionamos sete variáveis a partir da base de dados<br />
‘Perfil dos Municípios Brasileiros (disponível em http://<br />
www.ibge.gov.br). As variáveis utilizadas foram existência<br />
de plano diretor, existência de lei de parcelamento<br />
do solo, existência de zoneamento do município, existência<br />
de conselho municipal de meio ambiente, realização<br />
de reuniões regulares do conselho municipal de meio<br />
ambiente e existência de fundo municipal de meio ambiente.<br />
Cada variável foi classificada em três níveis:<br />
0 (ausência), 10 (existência) ou 20 (existência, freqüência<br />
ou disponibilidade). Os valores foram somados para<br />
a determinação de um escore para cada município, sendo<br />
que os municípios com baixos valores são aqueles<br />
com pequena estrutura de governança e os com altos<br />
valores são aqueles com boa estrutura de governança.<br />
Após essa estimativa, calculamos o valor médio da governança<br />
para cada unidade de planejamento da região.<br />
O resultado dessa análise está representado na Figura 6.<br />
UCUS – De maneira semelhante à variável UCPI,<br />
criamos um mapa de influência das unidades de uso<br />
sustentável e das terras indígenas (Tabela 1). Criamos<br />
um mapa de distâncias a partir dessas UC’s e utilizamos<br />
o comando Fuzzy do Idrisi para limitar a influência<br />
dessas áreas para uma faixa de 10 km com gradativa<br />
redução até 20 km. O resultado dessa análise está representado<br />
na Figura 6.<br />
APA – As áreas de proteção ambiental (APA) foram<br />
consideradas separadamente em relação às demais unidades<br />
de conservação, pois tais unidades são muito heterogêneas<br />
e freqüentemente incluem áreas urbanas em<br />
seus limites. De maneira semelhante aos demais mapas<br />
de unidades de conservação, geramos uma superfície<br />
de distâncias a partir das APAs e reclassificamos o<br />
mapa com o uso do comando Fuzzy do Idrisi para limitar<br />
a influência dessas unidades. Os parâmetros utilizados<br />
foram os mesmos, sendo 10 km para uma influência<br />
direta e caimento gradativo até os 20 km. O resultado<br />
dessa análise está representado na Figura 6.<br />
Definição dos pesos das variáveis<br />
As 12 variáveis descritas acima foram combinadas por<br />
meio de uma avaliação por critério múltiplo (multicriteria<br />
evaluation ou MCE). O procedimento consiste na<br />
definição de uma matriz de importância relativa de uma<br />
variável em relação às demais para o cálculo de seu peso.<br />
Conforme procedimentos dados por (Eastman 2003).<br />
Essa avaliação foi feita pelos participantes do seminário<br />
do Espinhaço, que foram divididos em três grupos.<br />
Cada grupo estimou o peso de cada variável e posteriormente<br />
calculamos o valor médio sugeridos pelos<br />
grupos. O peso <strong>final</strong> de cada variável, utilizado para<br />
o cálculo do custo ou oportunidade de conservação<br />
das unidades de planejamento consta na Tabela 3.<br />
O resultado dessa combinação está representado na<br />
Figura 7.<br />
Simulações com o programa MARXAN<br />
Utilizamos o programa MARXAN para identificar as<br />
áreas complementares para a conservação de todos<br />
os objetos selecionados (espécies, ecossistemas e serviços<br />
ambientais) na região da Cadeia do Espinhaço.<br />
No MARXAN utilizamos alguns parâmetros básicos nas<br />
simulações, sendo que esses incluem o uso da opção<br />
‘simulated annealing’ (utilizada para restringir alterações<br />
nos cenários à medida que soluções espaciais de<br />
menor custo vão sendo encontradas), opção heuristic<br />
e algoritmo ‘heuristic’ com a opção ‘max rarity’ (para a<br />
inclusão prioritária de unidades de planejamento que<br />
possuam objetos de conservação mais raros) e o uso
da opção ‘boundary length’ (utilizada para agrupar unidades<br />
de planejamento mais próximas). Instruímos que<br />
o programa realizasse 300 simulações para a determinação<br />
do cenário ideal para a identificação de áreas<br />
complementares que assegurassem a representatividade<br />
do conjunto de áreas protegidas no Espinhaço.<br />
Após a realização dessas simulações, geramos um<br />
mapa com a freqüência de seleção das unidades de<br />
planejamento pelas simulações realizadas (opção<br />
Summed Solution do MARXAN). Esse mapa foi utilizado<br />
pelos participantes do seminário para o desenho <strong>final</strong><br />
das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade<br />
da Cadeia do Espinhaço. Estimamos o valor da<br />
insubstituibilidade dividindo a freqüência de seleção<br />
pelo número total de iterações estabelecidas no programa<br />
MARXAN. A avaliação do papel das áreas insubstituíveis<br />
na conservação dos objetos selecionados foi<br />
realizada por meio de uma análise de acréscimo<br />
gradativo de tais áreas no cumprimento das metas.<br />
RESULTADOS<br />
De acordo com a avaliação realizada, o conjunto de<br />
unidades de conservação avaliadas na Cadeia do Espinhaço<br />
protege satisfatoriamente apenas 377 (58,2%) dos<br />
objetos de conservação considerados (Figura 8). Nesse<br />
conjunto estão incluídos todos os objetos cuja meta<br />
de conservação foi totalmente alcançada pelas unidades<br />
de conservação existentes. Proporcionalmente as<br />
aves são o grupo em melhor estado de proteção, pois<br />
79% das espécies consideradas (54 no total) estão adequadamente<br />
protegidas pelas unidades de conservação<br />
da região. Entre os animais, os invertebrados são o grupo<br />
com menor estado de proteção (apenas 10% das 41<br />
espécies consideradas estão adequadamente protegidas)<br />
e proporcionalmente o maior número de lacunas<br />
(61% das espécies consideradas) (Figura 8). As plantas<br />
são o grupo com o maior número de lacunas (126 espécies),<br />
seguida dos invertebrados (28 espécies) e dos<br />
mamíferos (16 espécies) (Figura 8). Os ecossistemas<br />
terrestres estão pobremente representados no conjunto<br />
das unidades de conservação, sendo que apenas um<br />
tipo de ecossistema (o refúgio ecológico de média altitude)<br />
(Tabela 2) pode ser considerado bem protegido<br />
na região.<br />
O conjunto das 31 áreas protegidas existentes (Tabela<br />
1), que totalizam uma superfície de pouco mais de<br />
520.000 hectares, não é capaz de fornecer uma proteção<br />
adequada (mais de 10% de cumprimento das metas<br />
de conservação) para 271 objetos de conservação con-<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 303<br />
siderados neste exercício. Em virtude da ausência de<br />
grandes lacunas espaciais de conhecimento científico<br />
e do pequeno número de inventários biológicos nas<br />
unidades de conservação, as espécies (animais e plantas)<br />
representam 90% das lacunas de conservação do<br />
Espinhaço. Para a proteção adequada das espécies e<br />
dos demais objetos de conservação (26 ecossistemas e<br />
as áreas de serviços ambientais), as simulações do<br />
MARXAN indicaram que 531 unidades de planejamento<br />
seriam necessárias para que todos os objetos de<br />
conservação selecionados fossem adequadamente protegidos.<br />
Essas unidades de planejamento ocupam uma<br />
área estimada em 950.000 hectares, ou seja, seria necessário<br />
que o total de áreas protegidas praticamente<br />
triplicasse de tamanho para o sistema fosse representativo.<br />
Mesmo considerando esses valores, as áreas insubstituíveis<br />
indicadas e mais o conjunto das unidades<br />
de conservação existentes não chegariam a 30% das<br />
áreas remanescentes estimadas para o Espinhaço (cerca<br />
de 5 milhões de hectares).<br />
Entre as 531 unidades de planejamento indicadas<br />
como complementares, a grande maioria refere-se às<br />
áreas de insubstituibilidade total. Tais áreas, que totalizam<br />
222 unidades onde a insubstituibilidade foi igual<br />
a um, ajudam a proteger a maior p<strong>arte</strong> das lacunas de<br />
conservação identificadas. Com o acréscimo dessas<br />
áreas, que totalizam cerca de 260.000 hectares (praticamente<br />
a metade da área atualmente protegida), o<br />
número de lacunas de conservação cai de 271 para apenas<br />
11 objetos sem proteção (Figura 10). Mesmo considerando<br />
tal inclusão, as 11 lacunas restantes somente<br />
serão preenchidas caso outras 308 unidades de planejamento,<br />
cuja insubstituibilidade varia de 0,6 a 0,9,<br />
sejam acrescidas ao conjunto de áreas protegidas.<br />
Tais áreas perfazem os restantes 690.000 hectares necessários<br />
para o desenho de um sistema representativo<br />
de unidades de conservação na região.<br />
Com base no mapa de áreas insubstituíveis (Figura 9),<br />
os participantes do seminário indicaram conjuntos<br />
de unidades de planejamento que poderiam formar<br />
regiões prioritárias. Ao todo foram indicados 27 conjuntos<br />
de áreas prioritárias que englobam tanto unidades<br />
de alta insubstituibilidade quanto outras unidades<br />
de menor insubstituibilidade. No total são 1.285 unidades<br />
de planejamento englobadas no desenho <strong>final</strong><br />
das áreas prioritárias para a conservação. Mesmo considerando<br />
que 57% dessas unidades possuem uma<br />
insubstituibilidade menor que 0,5, a solução <strong>final</strong> criada<br />
apresenta boa margem de negociação para uma posterior<br />
negociação de criação de áreas protegidas na<br />
região (Figura 11).
304 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
FIGURA 8 – Estado de proteção e lacunas de conservação dos objetos de conservação selecionados para a região da Cadeia do<br />
Espinhaço. Cada barra representa um conjunto de objetos específicos e as cores indicam o estado de conservação. O termo<br />
‘lacuna’ refere-se aos objetos que não estão representados nas unidades de conservação consideradas (a meta prevista está<br />
abaixo de 10%). O termo ‘inadequado’ indica os objetos cuja meta de conservação não é plenamente alcançada pelas unidades<br />
de conservação (abaixo de 100% mas acima de 10%) e ‘satisfatório’ refere-se aos objetos cuja meta de conservação (100% ou<br />
mais) foi atingida pelas unidades de conservação.<br />
FIGURA 10 – Variação no número de lacunas de conservação (objetos com menos de 10% da meta de conservação alcançados<br />
pelas unidades de conservação existentes) à medida que áreas insubstituíveis são consideradas nos cenários de conservação.<br />
Todos os objetos de conservação estariam contemplados caso fossem acrescentadas 530 unidades de planejamento com<br />
insubstituibilidade superior a 0.6.
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 305<br />
FIGURA 9 – Áreas insubstituíveis mapeadas para a SerraCadeia do Espinhaço. Os valores representam a freqüência de<br />
seleção das unidades de planejamento ao longo das simulações realizadas com o programa MARXAN. Quanto maior for<br />
o valor, mais importante é a unidade de planejamento para compor cenários de conservação representativos, ou seja,<br />
maior será a insubstituibilidade da unidade.
306 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
FIGURA 11 – Áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade na Cadeia do Espinhaço (E 1-27), conforme<br />
resultado da análise de complementaridade e insubstituibilidade.
Os resultados também indicam que as unidades de<br />
conservação existentes desempenham papéis muito<br />
distintos na proteção da biodiversidade. Enquanto algumas<br />
unidades possuem uma elevada riqueza de objetos<br />
de conservação, como o Parque Nacional da Serra<br />
do Cipó que possui 224 objetos (Tabela 1), outras possuem<br />
somente um objeto de conservação. Aparentemente<br />
essa variação é mais influenciada pelo histórico<br />
de pesquisas do que pelo tamanho da área ou por sua<br />
idade. A riqueza de objetos não está relacionada nem<br />
com o tamanho da área (R2=0,307; p>0,05) e nem com<br />
o tempo de criação (R2=0,049; p>0,05).<br />
DISCUSSÃO<br />
Iniciativas de priorização de áreas destinadas para a<br />
conservação no Brasil vêm ocorrendo desde 1990, quando<br />
foram definidas regiões importantes para a conservação<br />
de diversos grupos faunísticos e florísticos na<br />
Amazônia (Rylands 1990). Outros exercícios surgiram<br />
desde então no âmbito nacional (MMA 2002) ou no<br />
âmbito estadual (Drummond et al., 2005) e todos eles<br />
seguiram os mesmos procedimentos básicos: seleção<br />
de alvos e consulta aos especialistas para a identificação<br />
das regiões prioritárias. No caso do exercício da<br />
Cadeia do Espinhaço, esses dois aspectos básicos foram<br />
também observados, mas os procedimentos incluíram<br />
ainda a priorização de áreas com base na complementaridade<br />
e o cálculo da insubstituibilidade como forma de<br />
representar a importância biológica das unidades de<br />
planejamento. Tal cálculo foi realizado com o auxílio de<br />
sistemas de apoio à tomada de decisão, como os programas<br />
CLUZ e MARXAN. Embora o emprego desses<br />
sistemas reduza expressivamente a influência do especialista<br />
na escolha das áreas prioritárias, uma constante<br />
nos exercícios anteriores, a qualidade dos dados ainda é<br />
uma questão básica na conservação da biodiversidade.<br />
Existem diversas formas de representar a biodiversidade,<br />
sendo que esta pode ser entendida como o<br />
conjunto de todos os seres, seus diferentes níveis de<br />
organização e as interações que acontecem entre suas<br />
entidades (Margules et al., 2002; Wilson 1999). Diferentes<br />
abordagens sugerem um ou outro componente da<br />
biodiversidade para a identificação de prioridades. Eken<br />
e colaboradores (2004) sugerem o uso de espécies globalmente<br />
ameaçadas, espécies de distribuição restrita,<br />
espécies congregarias e espécies restritas aos biomas<br />
como forma de identificação de áreas prioritárias, embora<br />
existam críticas à abordagem (Knight et al., 2007;<br />
Pressey 2004). Por outro lado, unidades de paisagens<br />
Silva, Machado, Azevedo, Drumond, Fonseca, Goulart, Moraes Jr., Martins & Ramos Neto | 307<br />
(‘ecoregiões’) também são utilizadas como elementos<br />
de priorização de ações de conservação, conforme sugerido<br />
por (Olson & Dinerstein 1998). Alguns estudos<br />
(Pressey et al., 2003) sugerem a inclusão de espécies,<br />
ecossistemas e também processos ecológicos em exercícios<br />
de priorização.<br />
Na Cadeia do Espinhaço a priorização de áreas para<br />
a conservação foi promovida com a inclusão de diversos<br />
componentes da biodiversidade, desde espécies até<br />
substitutos de serviços ambientais (áreas de nascentes<br />
de rios). Os resultados indicaram que a maior p<strong>arte</strong> das<br />
lacunas refere-se às espécies, mas esse fato não é devido<br />
somente ao maior número de objetos selecionados.<br />
P<strong>arte</strong> da situação é reflexo da grande concentração de<br />
estudos e registros em poucas áreas. O uso de um mapa<br />
com diferentes tipos de ecossistemas serviu para contornar<br />
em p<strong>arte</strong> esse problema, mas sabe-se que tal<br />
abordagem não é válida para todos os tipos de organismos<br />
(Lombard et al., 2003). Mesmo que os dados ainda<br />
não estejam completos, pois vários grupos de invertebrados<br />
não puderam ser considerados, a abordagem<br />
utilizada trouxe uma nova perspectiva para o planejamento<br />
da região, pois a base de dados criada para o<br />
exercício poderá ser atualizada a qualquer tempo e<br />
novos cenários de conservação podem ser traçados.<br />
Esse último ponto deve ser ressaltado, pois várias das<br />
decisões tomadas para a identificação das áreas insubstituíveis<br />
no Espinhaço devem ser revistas e refinadas.<br />
As metas de conservação, por exemplo, foram estabelecidas<br />
com base no pequeno conhecimento científico<br />
que se tem sobre a região. Uma nova revisão do conjunto<br />
de dados deverá ser promovida em um futuro<br />
próximo, especialmente se considerarmos que revisões<br />
é p<strong>arte</strong> importante do processo de planejamento sistemático<br />
para a conservação.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
O desenvolvimento deste trabalho foi possível graças<br />
ao apoio da Fundação Gordon e Betty Moore. Agradecemos<br />
também aos participantes do seminário de definição<br />
de áreas prioritárias para o Espinhaço e todos<br />
aqueles que contribuíram com informações na etapa<br />
de consulta ampla e ao apoio do Instituto Brasileiro do<br />
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –<br />
IBAMA, do Instituto Estadual de Florestas de Minas<br />
Gerais – IEF-MG, Curso de Pós-Graduação em Ecologia,<br />
Conservação e Manejo de Vida Silvestre da Universidade<br />
Federal de Minas Gerais e Fazenda Monjolos os quais<br />
forneceram apoio logístico para a realização do evento.
308 | Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil<br />
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MEGADIVERSIDADE | Volume 4 | Nº 1-2 | Dezembro 2008
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citado assim como o nome completo do periódico. Os títulos dos livros<br />
devem ser seguidos da editora e do local de publicação. No texto, as<br />
referências devem ser organizadas cronologicamente por autor seguido<br />
da data. Deve ser utilizado a, b ou c após o ano para distinguir entre<br />
publicações do mesmo autor no mesmo ano.<br />
No decorrer do texto a forma de citação da referência deve ser:<br />
i – Dois autores: usar ambos os nomes seguidos do ano<br />
ii – Três ou mais autores: Fornecer o nome do primeiro autor seguido<br />
de et al. e data.<br />
Na lista, as referências devem ser organizadas, primeiro, em ordem<br />
alfabética dos autores, e, em seguida, por ordem cronológica para<br />
autores que são citados repetidamente.<br />
Exemplos:<br />
Andrew, D. 2001. Post fire vertebrate fauna survey: Royal and Heathcote<br />
national parks Garawarra State Recreation Area. New South Wales<br />
National Parks and Wildlife Service, Hurstville, Austrália.<br />
Baker, J. R. 2000. The Eastern Bristlebird: cover depedent and fire<br />
sensitive. Emu 100: 286-298.<br />
Keith, D. A., W. L. McCaw & R.J. Whelan. 2001. Fire regimes in Australian<br />
heathlands and their effects on plants and animals.<br />
In: R.A. Bradstock, J. Willians & A.M. Gills (eds). Flammable Australia:<br />
the fire regimes and biodiversity of a continent. pp 199-237.<br />
Cambridge University Press, Cambridge, Reino Unido.<br />
Tabelas Tabelas e e figuras: figuras: os manuscritos podem conter figuras e<br />
tabelas. No corpo do manuscrito cada figura deve ser<br />
apresentada em página separada com os créditos e a<br />
indicação do número da figura. O local de inserção deve<br />
estar indicado no decorrer do texto. As figuras deverão ser<br />
preferencialmente em preto e branco. Serão publicadas em<br />
cores somente quando a compreensão da informação estiver<br />
comprometida. Iniciar cada tabela e figura em uma nova<br />
página. As legendas devem ser claras e auto-explicativas,<br />
ou seja, devem conter todas as informações necessárias para<br />
o leitor entendê-las sem necessitar do texto. Primeiro são<br />
mostradas todas as tabelas, depois as figuras. As legendas<br />
das tabelas são em cima e das figuras embaixo. Fotos e<br />
ilustrações são consideradas figuras. Não mostrar o mesmo<br />
dado em forma de tabela e figura. Tanto as tabelas como as<br />
figuras devem ser numeradas por números arábicos<br />
(e.g., Tabela 1, Figura 1, etc.).<br />
Apêndices: Apêndices: só utilizar no caso de tabelas muito grandes,<br />
com informações relevantes mais não necessárias para o<br />
entendimento do capítulo.<br />
Nomes Nomes Nomes científicos: científicos: dar o nome latino completo de cada<br />
espécie, seguido da autoridade que a descreveu (quando a<br />
tradição no respectivo grupo taxonômico assim exigir) e a<br />
família a que pertence na primeira citação. Citar o nome<br />
popular da espécie, quando existir, na primeira vez que a<br />
espécie é mencionada.<br />
Unidades, Unidades, símbolos símbolos e e números: números: números: usar o sistema<br />
internacional. Em expressões matemáticas usar símbolos e<br />
não abreviações. Escrever os números de um a nove por<br />
extenso e de 10 em diante usar algarismos.<br />
Provas: Provas: um conjunto de provas será enviado ao primeiro<br />
autor, que deverá retorná-las em um prazo de 7 dias.<br />
As correções deverão se limitar àquelas sugeridas pelos<br />
revisores e a erros tipográficos.<br />
Direitos Direitos autorais: autorais: é condição para a publicação que o autor<br />
assine de o termo de cessão de direitos autorais à<br />
Conservação Internacional. Ao assinar o termo de cessão o<br />
autor tem o direito de usar seu próprio material indicado<br />
que a revista é o local original de publicação do artigo. A<br />
Conservação Internacional se comprometerá a ceder 25<br />
separatas de cada artigo, as quais serão enviadas somente<br />
ao primeiro autor. Cópias adicionais serão enviadas com um<br />
custo adicional. Os autores também receberão uma cópia<br />
do artigo no formato pdf.<br />
Submissão: Submissão: os artigos deverão ser submetidos à Editora<br />
Assistente (Mônica Fonseca) no seguinte endereço:<br />
Av. Getúlio Vargas, 1300 – 7º andar, Belo Horizonte – MG –<br />
Cep: 30112-021. E-mail: m.fonseca@conservacao.org. Os<br />
autores deverão enviar 3 cópias em papel A4 e uma em<br />
formato eletrônico (de preferência Word 2000) do manuscrito<br />
em português ou inglês, em espaçamento duplo. Os<br />
manuscritos serão submetidos a revisores selecionados pelo<br />
Conselho Editorial.