15 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
15 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
15 - Rodriguésia - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ANO VI, N. <strong>15</strong>. JUNHO, 1942
COMISSÃO DE REDAÇÃO<br />
ÀLPHEU DOMINOUES<br />
O. C. GóES F. R. MILANEZ<br />
RODRIGUÉSIA, revista <strong>do</strong> Serviço Florestal, é <strong>de</strong>stinada<br />
a divulgar os assuntos inerentes a essa Repartição, como<br />
auxiliar <strong>do</strong> ensino generaliza<strong>do</strong> da biologia vegetal e propaga<strong>do</strong>ra<br />
das idéias e trabalhos ten<strong>de</strong>ntes ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />
aludi<strong>do</strong> Serviço.<br />
É somente permitida a transcrição <strong>do</strong>s artigos e notícias<br />
sob a condição <strong>de</strong> serem claramente menciona<strong>do</strong>s esta publicação<br />
e o Serviço Florestal.<br />
RODRIGUÉSIA é distribuída em permuta com outras publicações<br />
especializadas, nacionais e estrangeiras.<br />
Toda a correspondência <strong>de</strong>verá ser en<strong>de</strong>reçada a <strong>Rodriguésia</strong>,<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> — Gávea — <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />
f *,
A aparição <strong>de</strong>ste número <strong>de</strong> "<strong>Rodriguésia</strong> não é um fato comum na<br />
publicida<strong>de</strong> científica <strong>do</strong> Brasil. Ê mais <strong>do</strong> que isso. É uma homenagem<br />
que se tributa à memória <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> botânico, cujo centenário ocorre<br />
assinala<strong>do</strong> por manifestações <strong>de</strong> justiça à obra inapagavcl <strong>de</strong> JOãO BARBOSA<br />
RODRIGUES, nasci<strong>do</strong> a 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1842 c faleci<strong>do</strong>, na cidasic <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Janeiro</strong>, a 6 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1909.<br />
"<strong>Rodriguésia</strong>", que pelo título recorda, permanentemente, o nome <strong>do</strong><br />
inolvidavcl botânico, <strong>de</strong>veria participar <strong>de</strong>ssas comemorações com um sentimento<br />
muito profun<strong>do</strong>, espelhan<strong>do</strong> cm suas páginas os traços incisivos<br />
da personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> BARBOSA RODRICUES e refletin<strong>do</strong> nelas conceitos que<br />
nunca tiveram tanta oportunida<strong>de</strong>, sai<strong>do</strong>s da pena <strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>res ilustres.<br />
As circunstâncias quiseram que me coubesse firmar estas linhas <strong>de</strong><br />
apresentação.<br />
Sinto-me duplamente honra<strong>do</strong>.<br />
Apresentar um número <strong>de</strong>sta revista é, realmente, uma honra para<br />
quem o faz; figurar ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus colabora<strong>do</strong>res não c menor dignida<strong>de</strong>.<br />
*<br />
Um centenário na vida <strong>de</strong> uma pessoa tem qualquer coisa <strong>de</strong> invulgar.<br />
Na vida <strong>de</strong> um botânico tem aspecto extraordinário. Sobretu<strong>do</strong>, se este<br />
é brasileiro.<br />
<strong>Botânico</strong>s <strong>do</strong> Brasil c no Brasil contam-se a <strong>de</strong><strong>do</strong>. São poucos.<br />
Mas há um consolo. Quan<strong>do</strong> se diz e se prova que um brasileiro é<br />
botânico, ele na realida<strong>de</strong> o é.
Há diploma<strong>do</strong>s <strong>de</strong> todas as carreiras. Há profissionais <strong>de</strong> todas as<br />
classes. E em gran<strong>de</strong> número.<br />
Os que foram e são botânicos, que nasceram, viveram e morreram com<br />
a vocação da ciência <strong>de</strong> LINEU, ficaram em minoria chocante quanto ao<br />
número, mas, em compensação, encheram as páginas da natureza e <strong>do</strong>s<br />
livros com o acervo <strong>de</strong> seus conhecimentos, <strong>de</strong> suas pesquisas, para legar à<br />
humanida<strong>de</strong> uma herança que nunca se dissipará, sejam quais forem os<br />
tempos sejam quais forem os homens.<br />
Este número <strong>de</strong> "Rodriguesia" difere <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais já publica<strong>do</strong>s.<br />
O que ele encerra é uma real apreciação da vida <strong>de</strong> um cientista.<br />
Cientista botânico, que classificou plantas nossas e lhes <strong>de</strong>u nome. Que<br />
revelou famílias, gêneros e espécies. Que se i<strong>de</strong>ntificou com a flora brasileira,<br />
como quem mais o tenha feito.<br />
Estamos reverencian<strong>do</strong> a obra <strong>de</strong> BARBOSA RODRIGUES, com homenagens<br />
que nunca serão <strong>de</strong>mais.<br />
O que fizermos ainda será pouco.<br />
Nunca um número <strong>de</strong> "Rodriguesia" se sentiu mais "Rodriguesia"<br />
<strong>do</strong> que este.<br />
SERVIÇO FLORESTAL<br />
JARDIM BOTÂNICO<br />
<strong>Rio</strong>, junho, 1942.<br />
ALPHEU DOMINGUES<br />
Diretor
Homenagem<br />
BARBOSA RODRIGUES
R O D R I G U E S I A<br />
ANO VI — N. <strong>15</strong> — JUNHO — 1942<br />
BARBOSA RODRIGUES-NATURALISTA BRASILEIRO<br />
W. DUARTE DE,BARROS<br />
Agrônomo <strong>do</strong> S. F.<br />
Nenhum lugar no Brasil tem atrai<strong>do</strong> tanto os naturalistas como a Amazônia;<br />
com efeito, para essa opulenta região, cujos limites geográficos não<br />
estão ainda exatamente .precisa<strong>do</strong>s ("II est encore impossible <strong>de</strong> fixer avec<br />
exactitu<strong>de</strong> les limites <strong>de</strong> l'"hylaea", cette immense région <strong>de</strong> Ia forêt équatoriale<br />
<strong>de</strong> 1'Amérique du Sud <strong>do</strong>nt 1'Amazonie et les Guyanes sont les<br />
éléments géographiques prépondérants") teem-se dirigi<strong>do</strong> os mais ousa<strong>do</strong>s<br />
e capazes caça<strong>do</strong>res ou observa<strong>do</strong>res da natureza.<br />
Sábios botânicos, zoólogos eruditos, geólogos e etnólogos <strong>do</strong> mais<br />
profun<strong>do</strong> saber, experimenta<strong>do</strong>s engenheiros e geógrafos, formam legião<br />
audaciosa <strong>de</strong> cientistas que até ali teem i<strong>do</strong> à procura <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>.<br />
HUMBOLDT e BOMPLAND, esse extraordinário ALEXANDRE RODRIGUES<br />
FERREIRA, MARTIUS e SPIX, HARTT e KRATZER, BATES, WALLACE,<br />
COUDREAU, AGASSIZ, SPRUCE, ULEI, BURCHELL, GRüNBERG e NATTERERER,<br />
e o contingente <strong>do</strong> Museu Paraense — HUBER, GOELDI, SNETHLAGE, para,<br />
somente, apontar os já <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong>s, são alguns <strong>do</strong>s membros <strong>de</strong>ssa coluna<br />
pioneira que, por amor à ciência, transpuseram em senti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sencontra<strong>do</strong>s<br />
e rumos opostos as terras <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> vale. Mas, a <strong>de</strong> tal maneira diversa,<br />
rica e exagerada em particularida<strong>de</strong>, hylaea, não foi, jamais, rigorosamente<br />
<strong>de</strong>vassada pela curiosida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sábios e exposta aos olhos estudiosos; é<br />
certo mesmo que o seu completo conhecimento <strong>de</strong>mandará ainda <strong>de</strong>cênios<br />
<strong>de</strong> trabalho minucioso. Também não a interpretaram, explican<strong>do</strong> no conciso<br />
termo <strong>do</strong> interesse científico a enorme planície aluvional, <strong>de</strong>ntro que<br />
seja <strong>do</strong> restrito ângulo da especialida<strong>de</strong>, esses explora<strong>do</strong>res; EUCLIDES DA
— 4 —<br />
CUNHA—-que penetrou ansioso na Amazônia-—<strong>de</strong>finiu-os numa expressão<br />
breve: — geniais cscrevc<strong>do</strong>rcs <strong>de</strong> monografias. E, explanan<strong>do</strong> essa frase <strong>de</strong><br />
força matemática, rematou com maior vigor: A literatura científica amazônica,<br />
amplíssima, reflete bem a fisiografia amazônica: c surpreen<strong>de</strong>nte,<br />
preciosíssima, <strong>de</strong>sconexa.<br />
Quan<strong>do</strong>, em 1871, iniciou seus estu<strong>do</strong>s da Amazônia, BARBOSA RODRI<br />
GUES penetrou na história da conquista <strong>do</strong> rio e se alistou ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
maiores nomes que o tinham reconheci<strong>do</strong>. Esse foi o ingresso pre<strong>de</strong>stina<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> um <strong>do</strong>s cultores mais fortes das ciências naturais, no Brasil.<br />
Desvian<strong>do</strong> da engenharia, em que se graduara pela Escola Central<br />
<strong>do</strong> Império, o rumo <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>, JOãO BARBOSA RODRIGUES O fez<br />
para viver a existência <strong>de</strong> naturalista. Não há dúvida que esse filho<br />
<strong>do</strong> planalto <strong>de</strong> Minas Gerais carregava o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> se tornar o brasileiro<br />
que mais completos e vastos conhecimentos botânicos abrangeria, entre<br />
nós, em seu tempo; — culto, incansável estudioso, observa<strong>do</strong>r constante,<br />
com o sensivel espírito <strong>de</strong> explora<strong>do</strong>r em contínua movimentação, ele pou<strong>de</strong><br />
realizar uma gran<strong>de</strong> aventura; realizou-a com vonta<strong>de</strong> e energia.<br />
Inicia<strong>do</strong> em Botânica por FREIRE ALEMãO, orienta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />
indiscutível e botânico, <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s <strong>do</strong> país, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1868, começou BARBOSA<br />
RODRIGUES a viajar, percorren<strong>do</strong> primeiramente as províncias <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Janeiro</strong> e <strong>de</strong> Minas Gerais, passan<strong>do</strong>-se, em seguida, para a Amazônia,<br />
on<strong>de</strong> permaneceu, a primeira vez que foi, pouco mais <strong>de</strong> três anos. Ao<br />
fim <strong>de</strong> sua vida, tinha viaja<strong>do</strong> por nada menos <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze <strong>de</strong> nossos Esta<strong>do</strong>s<br />
e explora<strong>do</strong>, em estu<strong>do</strong>s, os territórios <strong>do</strong> Paraguai e <strong>do</strong> Uruguai. Interessa<strong>do</strong><br />
e <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> a duas outras ciências —• a geografia e a etnologia —<br />
enten<strong>de</strong>u o naturalista que lhe era indispensável por-se diretamente no<br />
seio da natureza, para melhor compreen<strong>de</strong>r os seus fenômenos e maior<br />
exatidão emprestar aos estu<strong>do</strong>s que, sobtíe esses três ramos <strong>do</strong> saber<br />
humano, pretendia fazer. Como viajante e explora<strong>do</strong>r, ele se aproximou<br />
<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os que, com maior tenacida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sprendimento, se puserem<br />
nessas empresas.<br />
Reconhecen<strong>do</strong> vales, conquistan<strong>do</strong> índios, observan<strong>do</strong>-lhes os costumes<br />
ou estudan<strong>do</strong>-lhes a língua, tentan<strong>do</strong>, ainda, alcançar a que ponto havia<br />
chega<strong>do</strong> o seu grau <strong>de</strong> civilização; coletan<strong>do</strong> plantas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> as ter<br />
visto em meio próprio, reunin<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s para seus trabalhos, o naturalist.n<br />
percorreu as terras <strong>de</strong> nosso planalto central, as montanhas da costa, a<br />
natureza única <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, os vastos campos e os pantanais <strong>do</strong> extremo
oeste, assim como, o vale extraordinário <strong>do</strong> rio-mar, fazen<strong>do</strong> aí exceknte<br />
trabalho <strong>de</strong> exploração, no qual não lhe tem supera<strong>do</strong> outro naturalista,<br />
remexen<strong>do</strong> as terras <strong>do</strong>s rios Capim, Tocantins, Tapajoz, Xingu, Trombetas,<br />
Jamundá, Iauaperí, Uatuman, Jatapú, Urubu, Juruá, Negro, Purús,<br />
Ucaiale, Javarí, Solimões, abastece<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Amazonas. Algumas <strong>de</strong>ssas<br />
artérias são dificilmente acessíveis, como "le Yauapery, l'Urubú, le<br />
Jamundá et le Trombetas," afirma DUCKE.<br />
O vigoroso <strong>do</strong>cumentário e a experiência das viagens, eficientes auxiliares<br />
para o estudioso, originaram trabalhos científicos novos, <strong>de</strong> repercussão<br />
internacional. Arrasta<strong>do</strong> para a particularização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixouse<br />
BARBOSA RODRIGUES interessar mais precisamente por duas famílias<br />
que julgou não serem bem conhecidas, embora, para uma <strong>de</strong>las, tivesse<br />
volta<strong>do</strong> a sua vista o nunca bem adjetiva<strong>do</strong> MARTIUS. Com as palmeiras<br />
e com as orquí<strong>de</strong>as, construiu o nosso naturalista a máxima obra <strong>de</strong> sua<br />
vida profissional.<br />
Ru<strong>de</strong> para o elogio e não gostan<strong>do</strong> <strong>de</strong> firmá-lo, H. VON IHERING <strong>de</strong>clarou<br />
que apreciava mais o Scrtum Palmarum Brasiliciisium que a monografia<br />
composta por DRUDE, para a Flora Brasilicnsis. Dois gran<strong>de</strong>s volumes,<br />
conten<strong>do</strong> 174 aquarelas da lavra <strong>do</strong> autor <strong>do</strong> texto, formam o Scrtum,<br />
no qual, das 382 espécies <strong>de</strong> palmeiras tratadas, 166 foram <strong>de</strong>scobertas e<br />
estudadas por BARBOSA RODRIGUES.<br />
O capítulo das orquí<strong>de</strong>as, na Flora <strong>de</strong> MARTIUS, foi enriqueci<strong>do</strong><br />
superiormente pela contribuição <strong>do</strong> botânico brasileiro. COGNIAUX, mais<br />
feliz que os seus antecessores, na elaboração <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa gran<strong>de</strong> família,<br />
<strong>de</strong> que estiveram encarrega<strong>do</strong>s pelo menos quatro botânicos, recebeu o<br />
auxílio que, também, três <strong>de</strong> seus colegas solicitaram, reclama<strong>do</strong> <strong>de</strong> BARBOSA<br />
RODRIGUES. Já em 1885, EICHLER dissera ao botânico brasileiro, numa<br />
carta <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>sse ano, que, em vista das recusas que tinha feito pára<br />
ce<strong>de</strong>r o seu material ao monógrafo, seria ele responsabiliza<strong>do</strong><br />
pela <strong>de</strong>mora no lançamento <strong>do</strong> final da obra <strong>de</strong> MARTIUS; é que, realmente,<br />
estava em po<strong>de</strong>r'<strong>do</strong> então diretor <strong>do</strong> <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, precioso<br />
material, rico e indispensável, para um trabalho <strong>de</strong> vulto e atualiza<strong>do</strong><br />
sobre as orquí<strong>de</strong>as <strong>do</strong> Brasil. Entre 1795 espécies, arroladas por COGNIAUX,<br />
375 foram <strong>de</strong>scritas por BARBOSA RODRIGUES; esse número, posteriormente,<br />
ascen<strong>de</strong>ria a 538, computadas as novas <strong>de</strong>scobertas e algumas<br />
espécies que foram para a sinonímia; <strong>do</strong>s 142 gêneros da monografia,<br />
46 são <strong>de</strong> LINDLEY, 16 <strong>de</strong> REICHENBACH (filho), 7 <strong>de</strong> BARBOSA RODRI<br />
GUES e, os <strong>de</strong>mais, <strong>de</strong> outros botânicos; 267 <strong>de</strong>senhos publica<strong>do</strong>s foram
— 6 —<br />
feitos por BARBOSA RODRIGUES, enquanto que os restantes 105 são <strong>de</strong><br />
outros <strong>de</strong>senhistas.<br />
De feitio indaga<strong>do</strong>r, estu<strong>do</strong>u ainda BARBOSA RODRIGUES diversas<br />
outras famílias e <strong>de</strong>las <strong>de</strong>screveu inúmeras espécies novas. Foram as<br />
Myrtaceae, porem, <strong>de</strong>pois daquelas que mereceram o seu carinho especial,<br />
as que <strong>de</strong>tiveram com maior interesse sua atenção; com o material <strong>de</strong>ssa<br />
família, proveniente <strong>do</strong> Paraguai, publicou um volume. Incansável e<br />
fecun<strong>do</strong>, foi autor <strong>de</strong> uma enorme literatura científica <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 60<br />
trabalhos, nos quais fixou a sua capacida<strong>de</strong>. Uma ativida<strong>de</strong> tão variada<br />
teria, naturalmente, os seus senões; e isso o arrastou ao terreno<br />
da polêmica; manteve-se nele, entretanto, com o equilíbrio e a altaneria,<br />
que o seu talento polimorfo lhe permitia <strong>de</strong>sfrutar. Em torno <strong>do</strong> Curare<br />
entreteve discussão com J- B. LACERDA e publicou, em francês, magnífico<br />
estu<strong>do</strong> em que, ao la<strong>do</strong> das experiências que conduziu na pesquisa<br />
e explicação <strong>de</strong>sse quasi lendário tema, narra com leveza e vivacida<strong>de</strong><br />
a vida — usos e costumes — <strong>de</strong> algumas tribus amazônicas; por<br />
motivos arqueológicos enfrentou LADISLAU NETTO, e, por questões <strong>de</strong><br />
Botânica, traçou algumas páginas contestan<strong>do</strong> o inolvidavel e distingui<strong>do</strong><br />
JACQUES HUBER. To<strong>do</strong>s esses fatos, entretanto, só o indicam como<br />
um preocupa<strong>do</strong>, cujo estu<strong>do</strong> não seria, sem forte contra-objeção, empurra<strong>do</strong><br />
para o plano da discussão em público.<br />
Há na vida <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> naturalista uma fase que merece rememoração<br />
nesta hora nacional <strong>de</strong> seu centenário: — é o perío<strong>do</strong> que correspon<strong>de</strong> à<br />
ativida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>senvolveu, quan<strong>do</strong> para o extremo-norte se dirigiu, afim<br />
<strong>de</strong> organizar e administrar o Museu <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> Amazonas, funda<strong>do</strong><br />
em junho <strong>de</strong> 1883.<br />
Inicialmente bem orienta<strong>do</strong>, o Museu <strong>Botânico</strong> durou pouco mais <strong>de</strong><br />
sete anos; essa tão curta existência da instituição foi maculada por atos<br />
minúsculos e por obscuros intuitos <strong>de</strong> homens incapazes <strong>de</strong> alcançarem<br />
a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um estabelecimento científico <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>m. Enquanto que,<br />
atravessan<strong>do</strong> crises severas, várias ocasiões, o Museu Paraense sobreviveu<br />
para assegurar o enorme sulco que, na ciência, gravaram os que sondaram<br />
e estudaram o vale sob sua égi<strong>de</strong>, o Museu Amazonense <strong>de</strong>sapareceu no<br />
primeiro embate grave, sem mesmo lhe ter si<strong>do</strong> possível manter-se à sombra<br />
<strong>do</strong> nome <strong>de</strong> seu primeiro e único diretor.<br />
O plano da ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Museu <strong>do</strong> Amazonas foi por BARBOSA RODRI<br />
GUES traça<strong>do</strong>: — o estu<strong>do</strong> da flora, <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> vista sistemático,<br />
econômico e biológico; a organização <strong>do</strong> herbário e o conhecimento conse-
— 7 —<br />
quente da proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> material reuni<strong>do</strong>, bem como, o exame <strong>de</strong> sua<br />
utilida<strong>de</strong>; a publicação <strong>de</strong> uma revista que, preferentemente, tivesse os<br />
seus artigos escritos em francês, e, mais tar<strong>de</strong>, entrou em cogitação a<br />
coleta <strong>de</strong> material etnológico. Com à retirada <strong>do</strong> sábio, nomea<strong>do</strong> em<br />
25 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1890,- para dirigir o <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>, cessou a<br />
existência, dificilmente arrastada, <strong>do</strong> Museu <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> Amazonas.<br />
O Museu <strong>do</strong> Amazonas chegou a contar com um acervo consi<strong>de</strong>rável.<br />
O seu herbário tinha mais <strong>de</strong> 10.000 números <strong>de</strong> plantas coletadas; a<br />
secção etnológica possuia 1.260 objetos provin<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> meia centena<br />
<strong>de</strong> tribus amazônicas; e, realizada a primeira exposição <strong>de</strong> História <strong>do</strong> Amazonas,<br />
em 1886, havia publica<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> das pesquisas <strong>de</strong> seu, real e<br />
único trabalha<strong>do</strong>r. Pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua forma, avulta a revista científica<br />
Vellosia; verda<strong>de</strong>iro arquivo, nela foram dadas à publicida<strong>de</strong> as "Contribuições<br />
<strong>do</strong> Museu <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> Amazonas"; quatro números foram distribuí<strong>do</strong>s<br />
—• o 1.° contem <strong>de</strong>scrições botânicas <strong>de</strong> plantas novas, o 2° consiste<br />
<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s etnológicos e zoológicos, o 3.° traz estampas <strong>de</strong>senhadas<br />
por BARBOSA RODRIGUES, referentes às plantas tratadas no primeiro volume,<br />
e o 4." é <strong>de</strong> fotos e <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> natureza arqueo-paleontológica,<br />
explicativas <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> volume.<br />
Aos 6 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1909, o filho <strong>de</strong> honra<strong>do</strong> comerciante <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais, e que tinha visto o dia a 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1842, no ano fragoroso<br />
para o Império, faleceu. Os sessenta e sete anos que viveu BARBOSA<br />
RODRIGUES foram soberba e elegantemente vivi<strong>do</strong>s; a existência que teve<br />
constituiu verda<strong>de</strong>ira viagem <strong>de</strong> peregrinação e cultura. Na bibliografia<br />
que <strong>de</strong>ixou versa a botânica, a arqueologia, a etnologia, a zoologia e a<br />
geografia com apreciável e equilibra<strong>do</strong> senso. Alcançou a mais ambicionada<br />
notorieda<strong>de</strong> profissional e se elevou a um posto <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong> cultural,<br />
raras vezes alcança<strong>do</strong>.<br />
A morte o colheu à testa <strong>do</strong> <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>,<br />
on<strong>de</strong> empreendia com força a tarefa que lhe puseram em mão. As Contributions<br />
du Jardin Botanique, as Palmae Novae, as Plantas novas, os<br />
numerosos relatórios sobre assuntos <strong>de</strong> organização e botânica, as pequenas<br />
notas <strong>de</strong> biologia, e, sobretu<strong>do</strong>, o excelente Hortus Fluminensis, guia<br />
ameno, instrutivo e prático, escrito com clareza pedagógica e acresci<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> um histórico <strong>do</strong> <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>, indicam o trabalha<strong>do</strong>r e os cometimentos<br />
que pretendia fazer.<br />
Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> tenacida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> saber, homem que tivera a graça <strong>de</strong> ver o<br />
seu talento aumenta<strong>do</strong> com a colaboração que a experiência trouxera, o
_ 8 —<br />
sábio, que escreveu poesias e prosa literária na juventu<strong>de</strong>, merece uma<br />
biografia forte e profunda. Uma história cheia <strong>de</strong> páginas límpidas e<br />
emocionantes, on<strong>de</strong> se dê relevo às viagens pelos rios perigosos, ao palmilhar<br />
pelas matas grandiosas e pelos campos sem fim, à obra <strong>de</strong> catequese<br />
que realizou, às lutas e aos dissabores, à esposa coopera<strong>do</strong>ra e corajosa,<br />
aos momentos <strong>de</strong> vitória, aos prêmios consegui<strong>do</strong>s e, sobretu<strong>do</strong>, com uma<br />
força <strong>de</strong> colori<strong>do</strong> enérgico e belo, o conjunto da gran<strong>de</strong> obra <strong>de</strong> naturalista<br />
que realizou.<br />
Creio que, para tal biografia <strong>de</strong> sóli<strong>do</strong> vigor nacionalista, o biógrafo<br />
achará um prólogo magnífico nesta sentença concisa <strong>de</strong> IIIERING: "BARBOSA<br />
RODRIGUES é, sem dúvida, a figura mais proeminente entre os naturalistas<br />
que nasceram no Brasil. Comparável ao seu gran<strong>de</strong> colega MARTIUS, ele<br />
ocupou-se, com igual sucesso, da botânica, da etnografia e da arqueologia<br />
<strong>do</strong> país". Eis, resumin<strong>do</strong>, o perfil <strong>do</strong> culto brasileiro.
BARBOSA RODRIGUES E A FLORA DE MARTIUS<br />
Quan<strong>do</strong> se comemora o primeiro centenário natalício <strong>de</strong> BARBOS\<br />
RODRIGUES, é <strong>de</strong> to<strong>do</strong> oportuno estampar, em RODRIGUÉSIA, a biografia<br />
<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> naturalista brasileiro, inserta na Flora Brasiliensis, <strong>de</strong><br />
MARTIUS.<br />
BARBOSA RODRIGUES, JOÃO.<br />
(* 1842.)<br />
Natuá" d. 22. m. Junii 1842, patre ejus<strong>de</strong>m nominis mercatore in<br />
civit. Minas Geraes (Brasília), matre MARIA CARLOTA DA SILVA SANTOS.<br />
Studüs primariis 1858 finitis medicinae se tra<strong>de</strong>re voluit, sed morte patris<br />
coactus munus secretarii instituti commercialis, <strong>de</strong>in<strong>de</strong> secretarii et ab a.<br />
1866 professoris picturae linearis in collegio imperiali PETRI secundi suscepit.<br />
Sub auspiciis ill. prof. F. FREIRE ALLEMãO in schola centrali<br />
(postea polytechnica dieta) in botanicen introduetus excursiones in civit.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> et Minas 1868 incepit, jussu regiminis imperialis vallem<br />
Amazonicam 1871 exploravit et annis sequentibus plurimas alias civitates<br />
nttione botânica et ethnologica praesertim in viis vix v. non usitatis indagavit<br />
1876 in vitam privatam discessit et fabricae chemicae in Ro<strong>de</strong>io<br />
ad viam ferream in civit. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> usque 1883 praefuit. 1883-89<br />
director musei botanici Amazonici in urbe Manáos ab eo ipso conditi,<br />
ab a. 1889 director horti botanici in Lagoa <strong>de</strong> Rodrigo <strong>de</strong> Freitas prope<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> fuit._ — Opera botânica praesertim ad Orchidaceas et<br />
Palmas et Hortum Fluminensem pertinent: Iconographie <strong>de</strong>s Orchitlées<br />
du Brésil 1869—1882 msc. (species novae iconesque in Martii Flora Brasil,<br />
vol. III parte IV — VI a cl. A. COGNIAVX editae), Enumera<strong>do</strong> palmaram
— 10 —<br />
novarum quas valle fluminis Amazonum inventas <strong>de</strong>scripsit et iconibui<br />
illusírayit, Sebastianopolis 1875, Genera et species Orchi<strong>de</strong>arum novarum,.<br />
ibi<strong>de</strong>m vol. I (1877), vol. II (1881), Protesto-appendice ao Enumera<strong>do</strong><br />
palmaram novarum, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> 1879, Les palmiérs, observations sur<br />
Ia monographie <strong>de</strong> cette famille dans Ia Flora brasiliensis, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />
1882, Structure <strong>de</strong>s Orchidées, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> 1883, Vellosia, Contribuições<br />
<strong>do</strong> Museu botânico <strong>do</strong> Amazonas vol. I (botânica) 1885—88, II<br />
ed. 1891, Plantas novas cultivadas no <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>,<br />
fase. I—VI (1891—1898), Hortus Fluminensis ou breve noticia sobre<br />
as plantas cultivadas no <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> 1894, Palmae<br />
Mattogrosenses novae vel minus cognitae, ibi<strong>de</strong>m 1898, Plantae Mattogrossenses<br />
ou Relação <strong>de</strong> plantas novas, ibi<strong>de</strong>m 1898, Palmae novae Paraguayenses,<br />
ibi<strong>de</strong>m 1899, Palmae Hasslerianae novae, ibi<strong>de</strong>m 1900, As Heveas<br />
ou Seringueiras, ibi<strong>de</strong>m 1900, Contributions du Jardin botanique <strong>de</strong><br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, ibi<strong>de</strong>m 1901, Myrtacées du Paraguay recueillies par<br />
Mr. le Dr. Emile Hassler, Bruxelles 1903, Sertum Palmaram Brasilíensium<br />
ou Relation <strong>de</strong>s Palmiérs nouveaux du Brésil, 2 vol. Foi. max.,<br />
ibi<strong>de</strong>m 1903, Les Noces <strong>de</strong>s Palmiérs, ibi<strong>de</strong>m 1903, LTJiraêry ou Curare,<br />
ibi<strong>de</strong>m 1903 et alia opuscula minora. Praterea dissertationes vel notae<br />
<strong>de</strong> Erasiliae rebus archaeologicis, palaeontologicis, <strong>de</strong> linguis moribusquc<br />
aboriginum etc.<br />
Lit. Notae biographicae a cl. BARBOSA RODRIGUES acceptae. —<br />
ALFRED COGNIAUX : Notes bibliographiques sur les ouvrages <strong>de</strong> botanique<br />
<strong>de</strong> J. Barbosa Rodrigues in Buli. Herb. Boissier vol. I (1893) p. 425—430.<br />
— A. T- FERREIRA DA SILVA: Noticia da vida e trabalhos <strong>do</strong> naturalista<br />
brasileiro J. Barbosa Rodrigues, Porto 1885, <strong>15</strong> p. 8.°, cum effigie et<br />
indice operam (biblioth. Glaziou). — V. B. WITTROCK: Iconotheca<br />
botan. (1903) p. 181 tab. 32 (effigies). — Relação <strong>do</strong>s trabalhos publica<strong>do</strong>s<br />
até 1901 por J. Barbosa Rodrigues. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> 1901, 6 p. 8 o<br />
(in<strong>de</strong>x operam). — Jacks. Gui<strong>de</strong> p. 120, 374; Garraux Bibliogr. brésil.<br />
p. 22; Cat. Sec. Pap. IX p. 121.<br />
ITINERA.<br />
1868. Civit. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> usque Minas Geraes: Montes prope<br />
Peüopolin, Serra <strong>do</strong> Mar, Serra <strong>do</strong> Tinguá, viciniae Barra Mansa, Recen<strong>de</strong>,<br />
ripae <strong>Rio</strong> Parahyba, Itatiaia.
— 11 —<br />
1869-70. Civit. Ceará, Parahyba <strong>do</strong> Norte, Pernambuco, Bahia, Espirito<br />
Santo.<br />
1871. Iter Amazonicum: Pará, <strong>Rio</strong> Capim, <strong>Rio</strong> Tocantins, <strong>Rio</strong> Tapajós,<br />
<strong>Rio</strong> Xingu, <strong>Rio</strong> Trombetas, <strong>Rio</strong> Jamundá, Serra Aruchy, Serra<br />
Ereré, Serra Parentins, Serra Curumu.<br />
1873—74.Iter Amazonicum: <strong>Rio</strong> Uatumá, <strong>Rio</strong> Jatapu, <strong>Rio</strong> Urubu<br />
(partim cum J. W. H. TRAIL).<br />
1876. Civit. Minas Geraes: Serra <strong>do</strong> Picú, Serra das Águas Virtuosas,<br />
Serra da Tromba, Serra <strong>do</strong> Aguapé, Serra <strong>do</strong> Lenheiro, Serra<br />
<strong>de</strong> S. João d'El Rey, Serra <strong>de</strong> S. José d*El Rey, Serra <strong>de</strong> Caldas, Serra<br />
da Pedra Branca, sylvae et campos secus <strong>Rio</strong> Parahybuna, <strong>Rio</strong> Japucahy,<br />
<strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> (partim associatus cum A. REGNELL et S. HENSCHEN).<br />
1883. Iter Amazonicum: <strong>Rio</strong> Juruá.
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Tinteiro que pertenceu ao Dr. Barbosa Rodrigues (* 22-6-1842 + 6-3-1909), ex-diretor<br />
<strong>do</strong> Jarríim <strong>Botânico</strong> (25-3-1890 a 6-3-1909). Ofereci<strong>do</strong> à repartição por um <strong>de</strong> seus<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, conforme <strong>do</strong>cumento existente no arquivo da Secretaria.<br />
(Foto R. Delforge)
RELAÇÃO BIBLIOGRÁFICA DE BARBOSA RODRIGUES<br />
Data venia, transcrevemos aqui a lista <strong>do</strong>s trabalhos publica<strong>do</strong>s por BARBOSA<br />
RODRIGUES, extraida <strong>do</strong> volume II <strong>do</strong> " Dicionário Bio-Bibliográfico" <strong>de</strong> VELHO<br />
SOBXINHO.<br />
— " Palmae Novae Paraguayenses quas <strong>de</strong>scripsit et iconibus illustravit João<br />
Barbosa Rodrigues Dircctor Hortus Fluminensis", (<strong>Rio</strong>, Tip. Leuzinger, 1899), 4.°<br />
gr. <strong>de</strong> 76 p.; "Palmae Hasslerianae novae ou Relação das Palmeiras encontradas<br />
no Paraguay pelo Dr. Emilio Hasslcr... <strong>de</strong>terminadas e <strong>de</strong>senhadas por...", (i<strong>de</strong>m,<br />
i<strong>de</strong>m, 1900), 4.° gr. <strong>de</strong> 26 p. ; "As Heveas ou seringueiras. Informações por...",<br />
(<strong>Rio</strong>, Impr. Nac, 1900), 8.° <strong>de</strong> 86 p. est. e mapa; "Contributions du Jardin Botanique<br />
<strong>de</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> par son directeur..."; (<strong>Rio</strong>, 1901-1902), 3 fase. 4.° gr. e<br />
cst.; "Les Noces <strong>de</strong>s Palmiers. Remarques préliminaires sur Ia Fécondation par...",<br />
(Bruxelas, Impr. Ad. Mertens, 1903), 8.° <strong>de</strong> 90 p. e est. color.; "Myrtacécs du<br />
Paraguay recueillies par Mr. le Dr. Emilc Hassler et déterminées par...", (Bruxelas,<br />
Imp. J. Goffin Fils, 1903), 4.° <strong>de</strong> 28 p. e est.; "Sertum Palmarum Brasiliensium<br />
ou Rélation <strong>de</strong>s Palmiers nouveaux du Brésil dècowi^rts, décrits et ãessinés d'après<br />
nature par...", (Bruxelas, Impr. Tip. Veuve Monnom, 1903), 2 vols. foi. retr. e<br />
est. color.; "UUiracry ou curare, Extraifs et complément dcs Notes d'un naturalisle<br />
brésilien", (i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, 1903), 8.° <strong>de</strong> 186 p. e est. color.; "Enumeratio palmàrum<br />
novarum quas valle fluminis Amasonum inventas et ad "Sertum Palmarum"<br />
collectas, <strong>de</strong>scripsit, et iconibus illustravit...", (Sebastianópolis, apud Brown & Evaristo,<br />
1875), 4.° peq. <strong>de</strong> 46 p.; "Relatório sobre trabalhos <strong>do</strong> <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> apresenta<strong>do</strong><br />
em 7 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1890 ao ... Ministro da Agricultura, Commercio c Obras<br />
Publicas por...", (<strong>Rio</strong>, Tip. <strong>de</strong> G. Leuzinger & Filhos, 1893), 8." <strong>de</strong> 14 p.;<br />
"Enumeratio plantarum in Horto <strong>Botânico</strong> Fluminensi cultarum", (<strong>Rio</strong>, Tip. "Jornal<br />
<strong>do</strong> Brasil", 1893), 4.° <strong>de</strong> 24 p. ; "Exposição sobre o esta<strong>do</strong> c necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>.. .por...", (<strong>Rio</strong>, Tip. <strong>de</strong> G. Leuzinger & Filhos, 1893), 8.° <strong>de</strong><br />
16 p.; "Plantas novas cultivadas no <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> <strong>de</strong>scriptas,<br />
classificadas e <strong>de</strong>senhadas por., .diretor <strong>do</strong> mesmo <strong>Jardim</strong>", (i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, 1893-1898),<br />
6 fase. <strong>de</strong> 1 a 6, 4.° gr. e est. ; "Plantae Mattogrossenscs ou relação das plantas<br />
novas colhidas, classificadas e <strong>de</strong>senhadas por...", (i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, 1898), 4.° <strong>de</strong> 52 p. è<br />
est.; "Exploração e estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> valle <strong>do</strong> Amazonas. <strong>Rio</strong> Capim. Relatório..."<br />
(<strong>Rio</strong>, Tip. Nac, 1875), 8.° <strong>de</strong> 52 p. e 1 planta; "Exploração e estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> vali-
14 —<br />
LI, sup. 1888, p. 73-109; "O Muyrakeytã, estu<strong>do</strong> da origem asiática da civilisaçãi<br />
amazônica nos tempos prchistoricos"t (Manaus, 1889), 4.° <strong>de</strong> 178 p., com a árvore<br />
monogênita <strong>do</strong>s povos que têm a tradição <strong>do</strong> culto da serpente, <strong>do</strong> sol c <strong>do</strong> Muyra<strong>do</strong><br />
Amazotias. <strong>Rio</strong> Trombetas. Relatório...", (i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m), 8.° <strong>de</strong> 40 p. e<br />
1 planta; "Exploração e estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> valle <strong>do</strong> Amazonas. <strong>Rio</strong> Tapajós. Relatório...",<br />
(i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m), 8.° <strong>de</strong> 1S2 p.; "Exploração <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Yamundá. Relatório...",<br />
(i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m), 8.° <strong>de</strong> 100 p. c 1 planta e 3 est.; "Exploração <strong>do</strong>s rios Urubu<br />
e Jalapú. Relatório...", (i<strong>de</strong>m, ,i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m), 8.° <strong>de</strong> 130 p. e 2 mapas; "Gênero<br />
et spccics orchidcarum novarum quas collegit, <strong>de</strong>scripsit et iconibus Mustravit...",<br />
(Sebastianópolis, Impr. <strong>de</strong> C. e H. Fleiuss, 1877), 8.° <strong>de</strong> 234 p. e 1 est., na<br />
"Velosia", I, p. 1<strong>15</strong>-133; "Estu<strong>do</strong>s sobre a irritabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma Drosera", (<strong>Rio</strong>,<br />
1878) ; " Enumeratio palmaram novarum segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> um Protesto e <strong>de</strong> novas palmeiras<br />
<strong>de</strong>scritas por...", (<strong>Rio</strong>, Tip. Nac, 1875-1879), 2 partes em 1 vol. 8.°;<br />
"Ecloga" planiarum novarum", na "Velosia", (<strong>Rio</strong>, 1879), vol. I, 2. a ed. 1891,<br />
p. 1-88, com 13 est e vol. II, 1." serie, I-XXIII, e 2. a serie; "Palmae amazonenses<br />
novas", i<strong>de</strong>m, I, 91-112; "Palmeiras <strong>do</strong> Amazonas. Distribuição geographica por...",<br />
no " Vulgariza<strong>do</strong>r ", I, 1880, p. 66, 76, 94, 174 e 183; "Flora da Serra <strong>do</strong> Lcnheiro",<br />
na "Revista <strong>de</strong> Engenharia", 1881, n. 12, p. 196; "Attalea oleifera. Palmeira nova<br />
<strong>de</strong>scripta e <strong>de</strong>senftada por...", separata da "Revista Brasileira", vol. VII, p. 123,<br />
(<strong>Rio</strong>, Tip. Nac, 1881), 4.° <strong>de</strong> 8 p.; "Resulta<strong>do</strong> botânico d'uma breve 'excursão a'<br />
S. João d'El-Rey (Minas Geraes) ", i<strong>de</strong>m, 1881; "Les palmicrs. Observation sur Ia<br />
monographic <strong>de</strong> cette fatnille dans Ia Flora Brasiliensis", (<strong>Rio</strong>, Impr. du " Messagcr<br />
du Brèsil", 1882), 8." <strong>de</strong> 58 p. e est.; "Genera et species orchi<strong>de</strong>arum novarum<br />
quas colligit...", (Sebastianópolis, 1882), 2 vols. 8.°; "Petrastylus, g?n. n. ob. novo<br />
gênero das Passifloraceae", na "Revista <strong>de</strong> Engenharia", 1882, n. 21; "Orchi<strong>de</strong>ae<br />
Rodcienses et alterac ineditae por...", i<strong>de</strong>m, 1881, t. III, ns. 7 e 9; " Structure <strong>de</strong>s<br />
Orchidées, notes d'un étu<strong>de</strong>", (<strong>Rio</strong>, 1883), 8.°; "Viagem às Pedras Ver<strong>de</strong>s", no<br />
"Norte <strong>do</strong> Brasil", (Manaus, junho <strong>de</strong> 1888) ; "A. diminuição das águas no Brasil'', no<br />
3. c ' Conggresso Científico Latino-Americano, (<strong>Rio</strong>, Impr. Nac. 1909), tomo III,<br />
livro A, p. 133-316, resposta â crítica na "Revista <strong>do</strong> Instituto <strong>do</strong> Ceará", XXI,<br />
p. 137; "í<strong>do</strong>lo amazônico acha<strong>do</strong> no <strong>Rio</strong> Amazonas", (<strong>Rio</strong>, Tip. <strong>de</strong> Brown &<br />
Evaristo, 1875), 8.° <strong>de</strong> 16 p. e 1 est.; "Antigüida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Amazonas. I — Armas e<br />
instrumentos <strong>de</strong> pedras. II — Arte Cerâmica, III — Aterros sepulchraes. IV —<br />
Sernambys. V — Inscripções", nos "Ensaios <strong>de</strong> Ciência", I, p. 91, II e III, com est. e<br />
na "Velosia", II, 1892, com est.; "Aterros Sepulchraes. Sernambys. Inscripções",<br />
na "Revista Brasileira", III, 1880; "O Muirakitan, precioso coevo <strong>do</strong> homem ant£colombiano",<br />
(<strong>Rio</strong>, 1882), 8.°; "O canto e a dança selvicola", na "Revista Brasileira",<br />
IX, 1881, p. 32-60; "Lendas, crenças c superstições", i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, 1881.<br />
p. 24-47"; "Catalogo <strong>do</strong>s objectos expostos na Exposição Anthropologica", (<strong>Rio</strong>,<br />
1882), 8.°; "Notas <strong>de</strong> Luccock sobre a fauna <strong>do</strong> Brasil", na "Revista <strong>do</strong> Instituto<br />
Histórico Brasileiro", XLIV, 1882; "O <strong>Rio</strong> Janapery. Pacificação <strong>do</strong>s Crichauás.<br />
I — Passa<strong>do</strong> e presente <strong>do</strong>s Crichauás. II — Ethnographia, archeologia e geographia.<br />
III — Documentos. IV — Vocabulário. V — Appendice", (<strong>Rio</strong>, Tip. Nacional,<br />
1886), 8.° <strong>de</strong> 276 p., 1 mapa e música e letra <strong>de</strong> 4 cantigas crichauás; "A língua<br />
geral <strong>do</strong> Amazonas e o Guarany", na "Revista <strong>do</strong> Instituto Histórico Brasileiro",
— <strong>15</strong> —<br />
Kitan, i<strong>de</strong>m, (<strong>Rio</strong>, Impr. Nac, 1899), 2 vols. 8.°; "Poranduba Amazonense ou<br />
Koehima-narãorandub", nos "Anais da Biblioteca Nacional", XIV, 1890, fase. 2,<br />
P- 1-334; "Les Reptiles Fossües <strong>de</strong> Ia Valée <strong>de</strong> VAmazonc", na "Vclosia", II<br />
1892, p. 41-60; "Histórico <strong>do</strong> Museu <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> Amazonas", i<strong>de</strong>m, II, 1892,<br />
1>. 61-124, com est.; "Vocabulário Indígena Compara<strong>do</strong> para mostrar a adulteração<br />
das línguas", nos "Anais da Biblioteca Nacional", XV, 1892, p. 1-83; "Vocabulário<br />
indígena com a ortographia correta", i<strong>de</strong>m, 1894, p. 1-64; "Hortas Pluminensis<br />
ou Breve noticia sobre as plantas cultivadas no <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />
para servir <strong>de</strong> guia aos visitantes por.. .director <strong>do</strong> mesmo <strong>Jardim</strong>", (<strong>Rio</strong>, Tip. Leuzinger,<br />
1894), 4.° âfi 392 p. e est.; "Noticia sobre alguns jardins botânicos da<br />
Europa. Relatório", (<strong>Rio</strong>, Impr. Nac, 1904), 8.°; "Mbaékaá tapyiyeta cnoydana<br />
ou a botânica e a nomenclatura indígena", (i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m, 1905), 8.° <strong>de</strong> 94 p.; colaboração<br />
na "Revista da Exposição Antropológica <strong>do</strong> Brasil", (<strong>Rio</strong>, 1882): —<br />
TA Emancipação <strong>do</strong>s Mauhés", p. 10; "A Tribu <strong>do</strong>s Mundurucús", p. 27, 39 e 45;<br />
"Tribu <strong>do</strong>s Tembés", p. 20, 32 e 55; "Tribu <strong>do</strong>s Aruaquis ,,e Pariquis", p. 36 e 61;<br />
Tribu <strong>do</strong>s Uasahys", p. 47; "Tribu <strong>do</strong>s Ticunas", p. 52; "índios Conibós",<br />
P. 64; "Extracto <strong>de</strong> um livro inédito", p. 70 e <strong>15</strong>0; "Tribu <strong>do</strong>s Cauixanas"<br />
P- 72; "índia Arara", p. 76; "Fabrico <strong>de</strong> uma montaria", p. 88; "Tribu <strong>do</strong>s<br />
Uaupés", p. 96; "Os Miranlians", p. 124; literatura: — "Memória <strong>de</strong> uma costureira",<br />
(<strong>Rio</strong>, Tip. <strong>de</strong> Pinheiro & Com., 1861), 8.° <strong>de</strong> 100 p.; "O livro d;<br />
Orlina. Paginas intimas", (<strong>Rio</strong>, Tip. Paula Brito, 1861), S.° <strong>de</strong> <strong>15</strong>0 p. que<br />
sairá antes na "Marmota"; "Contos Nocturnos. Estu<strong>do</strong>s", (Paris, Tip. Simon<br />
Raçon, 1863), 8." <strong>de</strong> 262 p., 2. a ed. (Paris, 1864), 8.° <strong>de</strong> 262 p.; inéditos: — "La<br />
Vallée <strong>de</strong>s Amasones (notes d'un naturaliste brésilien) "; " Récit <strong>de</strong>s voyages dans<br />
l'Amazone"; "Iconographia das Orchidéas <strong>do</strong> Brasil", em 17 vols. profusamente ilustra<strong>do</strong>s<br />
a aquarela.
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DE<br />
D ATURA INSIGNIS Barb. Rod.<br />
(sin. vulg.:Thoé, Toe, Marikaua, Trombeteira-Rosea).<br />
POR<br />
OTHON MACHADO<br />
O trabalho que apresentamos tem duplo objetivo:<br />
o) prestar pública homenagem ao sábio patrício, JOãO BARBOSA RO<br />
DRIGUES, cujo centenário natalício comemora-se;<br />
b) prosseguir o estu<strong>do</strong> das Solanáceas úteis <strong>do</strong> Brasil, sob o ponto <strong>de</strong><br />
vista botânico-médico.<br />
Acreditamos, com este ensaio, valorizar o culto que prestamos ao<br />
Uísigne botânico, cie vez que estudamos uma planta trazida ao plano das<br />
cogitações científicas pelo naturalista brasileiro.<br />
Muito a propósito, retomamos algumas notas anteriormente por nós<br />
ja coligidas sobre a solanácea em apreço. ,<br />
As aplicações e as utilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> aludi<strong>do</strong> vegetal não estão sen<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>vidamente consi<strong>de</strong>radas pela homem civiliza<strong>do</strong>; os indígenas <strong>do</strong> vaie<br />
amazônico, no entanto, faziam uso da mesma e ainda o fazem, como<br />
entorpecente e elemento indispensável às práticas <strong>de</strong> magia em que eram<br />
vezeiros.<br />
Sistemática da espécie DATURA INSIGNIS Barb. Rodr. (Est. I)<br />
BARBOSA RODRIGUES (2) <strong>de</strong>u-nos a <strong>de</strong>scrição da referida planta, como<br />
se segue:<br />
DATURA INSIGNIS Barb. Rod. — (Herb. Mus. Bot. Amaz.<br />
n. 658) — arborescens; foliis longe petiolatis obloilgis acutis basi raro<br />
701.064 — F. 2
— 18 —<br />
oblíqua integerrimis supra sparse minute pubentibus subtus in nervis<br />
<strong>de</strong>nse pubescentibus; floribus maximis sub nutantibus; calyce iníundibuliformi<br />
angulato argute pubente, dimidiam corollae tubi partem aequante,<br />
regulariter 5-<strong>de</strong>ntato; corollae tubo plicato, ad <strong>de</strong> midium angusto-cylindrico<br />
extus pubente, abin<strong>de</strong> infundibuliformi ampliato, limbo magno longe acuminato;<br />
staminibus tubum majoribus; antheris conglutinatis; stylo recto<br />
cum stigmate elongato exserto. Cápsula non vidi.<br />
Arbusculae 2-3 met. altae.<br />
Folia cum petiolo pubente laminam minore, 0m,19 — 0m,22 x Om,<br />
OóxOm, 9 lg., petiolo 0m,06-0m,14 lg., pubescenti. — Flores 0,33 Ig. Pedicelli<br />
0,m030 — Om,035 lg. pubescenti. — Calyx Qm,135 lg. <strong>de</strong>ritibns<br />
0m,03 lg., lanceolatis acutissimis, aequalibus. Corolla 0m,33 lg. limbi<br />
diâmetro 0m,19, roseosanguinea. Stamma 0,2<strong>15</strong> lg., antheris Oni.025 lg.,<br />
Stylo 0m,26 lg., antherae exserto. Stygma Om,025 lg. Hab. in heis<br />
humidioribus ad ripas Solimões et Maraiíon. Planta speeiosissima. Florebat<br />
Aug. Téo v. Thoé v. Marikaua incolis vocata.<br />
Para habitat <strong>de</strong>ssa solanácea, BARBOSA RODRIGUES cita os lugares<br />
úmi<strong>do</strong>s das margens <strong>do</strong>s rios Solimões e Maranhão, o que eqüivale a<br />
dizer: — zona lin<strong>de</strong>ira <strong>do</strong> Brasil e <strong>do</strong> Peru.<br />
Informa PACHECO LEãO (5) que essa planta foi trazida para o<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> pelo naturalista DUCKE. NO referi<strong>do</strong><br />
<strong>Jardim</strong> tem ela vegeta<strong>do</strong> bem, florescen<strong>do</strong> com regularida<strong>de</strong>. A<br />
época da floração no <strong>Rio</strong> é um pouco mais antecipada que a que<br />
ocorre em seu habitat, pois, se lá' se verifica em agosto, aqui acontece<br />
que muitos espécimes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril, apresentam, <strong>de</strong>sabrochadas, as corolas,<br />
ostentan<strong>do</strong> a magnífica cor róseo-sanguinea que, pela imponência <strong>do</strong> matiz,<br />
bem justifica a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> INSIGNIS, dada à espécie.<br />
A sua ocorrência geográfica, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à cultura, vai sen<strong>do</strong> mui difundida.<br />
Assim é que a encontrei em várias localida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Janeiro</strong> e São Paulo, em cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> litoral <strong>do</strong> Paraná, em Blumenau e<br />
Joinvik, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />
DUCKE (4) assinalou-a em Iquitos, no Peru.<br />
Conquanto, aqui, essa solanácea vegete bem, na época em que este<br />
trabalho foi feito (maio <strong>de</strong> 1942), o exemplar <strong>do</strong> <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> estava<br />
sem flores e quasi <strong>de</strong>spi<strong>do</strong> <strong>de</strong> folhas. Estas, aliás, est<strong>do</strong> ainda em via
, _ 19 —<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, motivo pelo qual não foram aproveitadas para a<br />
<strong>de</strong>scrição histológica.<br />
*<br />
* *<br />
O estu<strong>do</strong> anatômico <strong>do</strong> caule, realiza<strong>do</strong> na Secção <strong>de</strong> Biologia <strong>do</strong> Serviço<br />
Florestal, revelou, em resumo, os seguintes teci<strong>do</strong>s:<br />
1) Estrutura primária (Est. II)<br />
a) epi<strong>de</strong>rme — constante <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> células, on<strong>de</strong> estão inseri<strong>do</strong>s<br />
os pelos; estes são pluricelulares e se apresentam em <strong>do</strong>is tipos:<br />
seria<strong>do</strong>s e glandulares; os últimos terminam em porção dilatada, globulosa,<br />
com duas ou quatro células;<br />
b) camada cortical externa — constituída por células isodiamétricas,<br />
forman<strong>do</strong> <strong>de</strong> 6 a 8 estratos, ten<strong>do</strong>, algumas <strong>de</strong>las, areia cristalina, enquanto<br />
outras possuem grãos <strong>de</strong> amilo; seus ângulos, levemente espessa<strong>do</strong>s e<br />
percorri<strong>do</strong>s por meatos, conferem ao teci<strong>do</strong> as características <strong>de</strong> colênquima<br />
perfura<strong>do</strong>; releva notar que as três camadas mais externas são constituídas<br />
por células maiores que as da região mais interna <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> grupo<br />
cortical;<br />
c) camada cortical interna — formada por células dispostas igualmente<br />
em estratos, em geral atingin<strong>do</strong> o número <strong>de</strong> quatro, todas elas<br />
maiores que as células das camadas externas; são essas células ricas em grãos<br />
<strong>de</strong> amilo; algumas <strong>de</strong>las se apresentam com areia cristalina que, como a das<br />
células corticais externas, se constitue <strong>de</strong> minúsculos cristais <strong>de</strong> oxalato<br />
<strong>de</strong> cálcio;<br />
d) en<strong>do</strong><strong>de</strong>rma — <strong>de</strong>stituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> espessamentos, forma<strong>do</strong> <strong>de</strong> células<br />
distendidas tangencialmente e, por isso mesmo, com pequeno diâmetro<br />
radial; em suas cavida<strong>de</strong>s há numerosos grãos <strong>de</strong> amilo;<br />
e) periciclo — <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se pelo diâmetro gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas células,<br />
<strong>de</strong> secção transversal arre<strong>do</strong>ndada, relativamente à camada anterior; <strong>de</strong><br />
regra, conta um só extrato <strong>de</strong> elementos claros, celulósicos;<br />
/) liber — com seus elementos característicos (vasos criva<strong>do</strong>s, células<br />
companheiras e parénqtiima) ; e, mais ainda, esclerócitos pequenos,<br />
isola<strong>do</strong>s, escassos, mas constantes, no limite externo <strong>do</strong> teci<strong>do</strong>; algumas<br />
das células <strong>de</strong> seu parênquima possuem areia cristalina;
— 20 — •<br />
g) câmbio — muito níti<strong>do</strong>, porque constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> várias camadas;<br />
esten<strong>de</strong>-se por toda a circunferência <strong>do</strong> órgão, constan<strong>do</strong>, portanto, <strong>de</strong><br />
câmbio fasciadar e <strong>de</strong> câmbio interfascicular ;<br />
h) lenho — centrífugo, como <strong>de</strong> costume, sen<strong>do</strong> os vasos <strong>do</strong> metaivilema<br />
bem maiores que os <strong>do</strong> protoxilema; seus elementos se acham<br />
dispostos em fileiras radiais, que se reúnem para constituir feixes, como<br />
veremos adiante;<br />
i) liber interno .— com os mesmos elementos, já referi<strong>do</strong>s para o<br />
liber, inclusive os esclerócitos no limite interno; constitue pequenos grupos<br />
situa<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> protoxilema; os feixes libero-lenhosos <strong>do</strong> caule<br />
<strong>de</strong>sta planta compõem-se, portanto, <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro, <strong>do</strong>s seguintes<br />
elementos: liber, câmbio fascicular, lenho e liber interno; a presença <strong>de</strong><br />
liber nas duas faces <strong>do</strong>s feixes os caracteriza como bi-colaterais; encontramos,<br />
geralmente, 5 <strong>de</strong>sses feixes, alternan<strong>do</strong> com outros 5 semelhantes,<br />
porem, menores;<br />
/) medula — muito ampla, constan<strong>do</strong> <strong>de</strong> células semelhantes às da<br />
camada cortical interna; nas suas cavida<strong>de</strong>s se encontra abundante amilo<br />
ou, mais raramente, areia cristalina.<br />
II — Estrutura secundária (Est. III e IV)<br />
a) peri<strong>de</strong>rma — originário da camada sub-epidérmica; as células<br />
<strong>do</strong> suber' dispostas em camadas regulares, assemelham-se às da epi<strong>de</strong>rme;<br />
e o seu conjunto, acresci<strong>do</strong> à própria epi<strong>de</strong>rme, simula, nos cortes transversais,<br />
epi<strong>de</strong>rme composta: felo<strong>de</strong>rma, praticamente inexistente;<br />
/;) lenho secundário — mostran<strong>do</strong>: vasos, geralmente múltiplos (duplos,<br />
com maior freqüência) ; raios, 1-2 seria<strong>do</strong>s, pouco distintos no corte<br />
transversal; parênquima escasso, disperso entre as fibras; estas são libriformes,<br />
<strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> ampla, cheias <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> amilo, dispostas com regularida<strong>de</strong><br />
em fileiras radiais.<br />
*<br />
* *<br />
Nos ensaios químicos, 100 gramas <strong>de</strong> folhas frescas da solanácea<br />
referida foram postas em gral <strong>de</strong> porcelana, juntamente com 20 gramas<br />
<strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong> potássio e trituradas em seguida.<br />
A polpa obtida foi levada, após, para recipiente a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e introduzida<br />
no extrator <strong>de</strong> Soxhlet, no qual, previamente, colocáramos 100 centímetros<br />
cúbicos <strong>de</strong> clorofórmio.
— 21 —<br />
O aquecimento, em banho-maria, foi manti<strong>do</strong> até o esgotamento <strong>do</strong><br />
material, o que reclamou várias etapas.<br />
Aplican<strong>do</strong> a técnica aconselhada por PECEGUEIRO DO AMARAL (6), foi<br />
o extrato resultante, por sua vez, aqueci<strong>do</strong>, afim <strong>de</strong> separarmos o clorofórmio,<br />
obten<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>pois a concentração da substância extraída, que,<br />
"C findar a operação, apresentava consistência pastosa e cor escura.<br />
Dita substância foi dissolvida em álcool etilico a 90" e fervida durante<br />
vinte minutos.<br />
Ainda quente, foi tratada pelo carvão animal, com o fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>scorar<br />
o líqui<strong>do</strong> existente e, a seguir, filtrada em papel <strong>de</strong> BERZELIUS.<br />
O filtra<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>, <strong>de</strong> cor amarelo-ambar, foi <strong>de</strong>posto em cápsula <strong>de</strong><br />
porcelana e evapora<strong>do</strong> até ficar completamente seco, daí resultan<strong>do</strong>, no<br />
fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> recipiente, resíduo amorfo.<br />
Sobre este resíduo efetuamos as seguintes reações:<br />
a) <strong>de</strong> VITALI, positiva, dan<strong>do</strong> coloração róseo-pálida, muito fugaz;<br />
b) pelo áci<strong>do</strong> píerico concentra<strong>do</strong>, à saturação, dan<strong>do</strong> precipita<strong>do</strong><br />
amarelo, haven<strong>do</strong> conjuntamente muitos cristais aciculares <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> píerico;<br />
r) pelo áci<strong>do</strong> píerico, como ensina DENIGéS (3), ten<strong>do</strong> havi<strong>do</strong> abundante<br />
precipita<strong>do</strong> amarelo, conjuntamente à formação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cristais<br />
tabulares, alguns <strong>de</strong>les apresentan<strong>do</strong> forma que lembra as barbas das penas<br />
<strong>de</strong> aves; e ten<strong>do</strong> havi<strong>do</strong>, também, cristais <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> píerico;<br />
d) pelo hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> potássio, pelos carbonatos alcalinos e pelo hidróxi<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> sódio, obten<strong>do</strong>-se sempre precipita<strong>do</strong>s brancos.<br />
*<br />
* *<br />
Enquanto não forem feitos estu<strong>do</strong>s completos <strong>de</strong> Datura insignis, continuará<br />
esta pertencen<strong>do</strong> aos gran<strong>de</strong>s setores da Medicina, que ainda<br />
esperam os seus <strong>de</strong>sbrava<strong>do</strong>res.<br />
Da referida Datura sabemos, apenas, que possue as proprieda<strong>de</strong>s tóxicas<br />
e entorpecentes que BARBOSA RODRIGUES assinalou.<br />
Esse ilustre investiga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> nossa Flora julgava as proprieda<strong>de</strong>s tóxicas<br />
<strong>do</strong> Toé análogas às das outras Daturas, afirman<strong>do</strong>, categoricamente,<br />
serem as substâncias ativas da planta mais "enérgicas" que as da bela<strong>do</strong>na.<br />
A<strong>de</strong>mais, informa o sábio — "os sacer<strong>do</strong>tes <strong>do</strong> Templo <strong>do</strong> Sol, no<br />
Peru, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> épocas remotas, <strong>de</strong>nominam LUACACACHA ou ERVA DOS
— 22 —<br />
SEPULCROS o Floripôndio-encarna<strong>do</strong> (Datura sangüínea Ruiz & Pavon,<br />
espécie <strong>do</strong> mesmo gênero <strong>do</strong> Toé), servin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s frutos daquela para a<br />
preparação <strong>de</strong> certa beberagem, por eles conhecida por tonca; essa bebida<br />
passa por ser muito entorpecente, proprieda<strong>de</strong> que aqueles sacer<strong>do</strong>tes<br />
diziam facultar-lhes falar com os mortos.<br />
*<br />
Referin<strong>do</strong>-se às outras proprieda<strong>de</strong>s da Datura insignis BAEB. ROD.,<br />
prossegue o inolvidavel patrício afirman<strong>do</strong> que, enquanto a "bela<strong>do</strong>na, o<br />
estramônio e o tabaco <strong>de</strong>terminam visões, <strong>de</strong>lírio e sensações <strong>de</strong>sagradáveis,<br />
a embriaguez produzida pelo Toé compara-se à <strong>de</strong>terminada pelo haschish<br />
<strong>do</strong>s Árabes, a liamba ou diamba <strong>do</strong>s Africanos (Cannabis sativa L.), toda<br />
volutuosa, cheia <strong>de</strong> bem estar e <strong>de</strong> prazeres".<br />
A embriaguez produzida pela Datura ocasiona o esta<strong>do</strong> especial <strong>de</strong><br />
"mediunida<strong>de</strong> lúcida", que permite a recordação <strong>de</strong> episódios remotos,<br />
passa<strong>do</strong>s com o indivíduo, reavivan<strong>do</strong>-lhe a memória a ponto <strong>de</strong>ste po<strong>de</strong>r,<br />
sob'a hipnose, encontrar os objetos <strong>de</strong> cujo para<strong>de</strong>iro o mesmo, se acorda<strong>do</strong>,<br />
não se lembraria. Convém notar-se que as substâncias ativas da<br />
planta em questão não influenciam a motilida<strong>de</strong> nem o equilíbrio.<br />
Por essas proprieda<strong>de</strong>s, talvez, possa a planta referida ser aproveitada<br />
na Medicina Clínica, como agente terapêutico, e, na Medicina Legal,<br />
como reagente biológico, capaz <strong>de</strong> criar esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> inconciência, úteis à<br />
Justiça, semelhantes aos que refere AFRANIO PEIXOTO (1) relativamente<br />
à escopolamina e outras substâncias narcóticas.<br />
Quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sejam apenas sensações boas, tomam os índios meio cálice<br />
<strong>de</strong> infusão, feita com cinco a seis folhas, o que produz letargo e embriaguez,<br />
durante os quais o espírito adquire luci<strong>de</strong>z hipnótica.<br />
A embriagues <strong>do</strong> Toé prolonga-se tanto quanto <strong>de</strong>sejar o indivíduo,<br />
pois, logo que quiser <strong>de</strong>ixar o mun<strong>do</strong> da fantasia em que mergulhou,<br />
provocará vômitos, e, cdm estes, cessará to<strong>do</strong> o efeito da infusão. Se<br />
per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> to<strong>do</strong> a conciência, se o esta<strong>do</strong> hipnótico for profun<strong>do</strong>, os circunstantes,<br />
então, provocar-lhe-ão os vômitos. Aqueles que tomam o Toé.<br />
passam <strong>de</strong>pois um mês em rigorosa dieta, durante a qual não ingerem<br />
bebidas alcoólicas.
BIBLIOGRAFIA<br />
1 — Afrânio Peixoto — Criminologia, pág. 227; São Paulo, 1936.<br />
2 — Barbosa Rodrigues, J. — Vcllosia, págs. 62 e 63; <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, 1891.<br />
3 — Denigés, G — Précis <strong>de</strong> Chimie Analytiquc, págs. 281; Paris 1913.<br />
4 — Ducke, A. — Arquivos <strong>do</strong> <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, pág. 81; <strong>Rio</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, 1930.<br />
5 — Pacheco Leão, A. — Arquivos <strong>do</strong> <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, pág.<br />
95; <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, 1930.<br />
6 — Pecegueiro <strong>do</strong> Amaral, J. V. — Química Orgânica, págs. 311-313; <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Janeiro</strong>, 1921.
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Ramo florífcro <strong>de</strong> Dotnrti msiiinis Barb. Kotl.; X<br />
ESTAMPA 1
RODRIGUÊSIA<br />
N.» <strong>15</strong><br />
H-DELfonGe<br />
Corte transvers"! <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> Datura insignis Harb. Koct.; estrutura primária<br />
ESTAMPA II
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Corte transversal <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> Datura insignis Barb. Rod. ; estrutura<br />
secundária. X 42<br />
ESTAMPA III
RODRIGUÊSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
ESTAMPA IV<br />
Corte transversal <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> Datiira insirjnis Barb. Rod. X 100 ; estrutura secundária
RUBIACEAE<br />
Dialypetalanthus, Kuhlmann.<br />
POR<br />
J. G. KUHLMANN<br />
O gênero Dialypetalanthus, conquanto se aproxime muito da tribu<br />
CUtclwncac, principalmente pela posição imbricada. ascen<strong>de</strong>nte, <strong>do</strong>s óvulos,<br />
as sementes com alas, basal e apical, e o embrião forman<strong>do</strong> núcleo centra!,<br />
não po<strong>de</strong> na mesma ser incluí<strong>do</strong> em virtu<strong>de</strong> das pétalas, que são livres<br />
e ao número (<strong>15</strong>-25) <strong>de</strong> estames em relação ao número (4) <strong>de</strong> segmentos<br />
da corola.<br />
As anteras ou tecas são fixas, porícidas, e os poros são protegi<strong>do</strong>s<br />
por pequenas válvulas; o filete estaminal é curto e grosso e 0 conectivo<br />
e bastante largo.<br />
Os estames, olha<strong>do</strong>s <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong>rsal, afiguram-se sem diferenciação<br />
entre filete e antera; mas, vistos <strong>de</strong> frente, essa diferenciação é evi<strong>de</strong>nte.<br />
Para incluir o presente gênero na subfamília Cinehonoi<strong>de</strong>ae. junto<br />
à tribu Cinchoneae, foi indispensável criar-lhe a tribu Dialypetalantheae,<br />
com o seguinte arranjo, logo após a referida tribu Cinchoneae, como se<br />
vê abaixo:<br />
Sementes aladas, ascen<strong>de</strong>ntes, imbricadas.<br />
Corola simpétala; segmentos 4-5; estames em número igual ao número<br />
<strong>de</strong> segmentos e inseri<strong>do</strong>s no tubo da corola.<br />
Tribu Cinchoneae (representada por numerosos gêneros).<br />
Corola polipétala; pétalas 4; estames <strong>15</strong>-25, em <strong>do</strong>is verticílos e<br />
inseri<strong>do</strong>s diretamente sobre o vértice <strong>do</strong> ovário.<br />
Tribu Dialypetalantheae (representada por um só gênero).
— 26 —<br />
EXPLICAÇÃO DAS ESTAMPAS<br />
Dialypctalantlms fuscescens, Kuhlm. (*)<br />
Fig. 1 botão floral m n<br />
2 estames m n<br />
3 antera aum. 2 vezes<br />
" 4 -' " "4 "<br />
" 5 ovário secção transv. aum. 5 vezes<br />
" 6 " " longit. " 5 "<br />
" 7 fruto tamanho nat., maturação incompleta.<br />
" 8 sementes aum. 8 vezes<br />
As figuras representam <strong>de</strong>talhes florais mais completos que os <strong>do</strong> trabalho<br />
original, on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>scritos.<br />
(*) Arq. Jard. Bot. Vol. IV, 1925, pág. 363.
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
'i^^U^,<br />
V<br />
3<br />
I I 2/<br />
Rnbiaceae — Dialypctaiaittlnts fuscescens Kuhl<br />
7 i<br />
4<br />
X<br />
.<strong>de</strong>i.<br />
%
A FLORAÇÃO DA<br />
DIALYPETALANTHUS FUSCESCENS, Kuhlmann,<br />
NO JARDIM BOTÂNICO<br />
' POR<br />
J. G. KUHLMANN<br />
Pela primeira vez, ocorreu no <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> a floração <strong>de</strong> importante<br />
rubiácea, oriunda da Amazônia, aqui cultivada há vários anos: a Dialypetalantluts<br />
fuscesccns, Kuhlmann. Caracterizam esta espécie, principalmente.<br />
a corola <strong>de</strong> pétalas livres e o número in<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> estames, dispostos em<br />
<strong>do</strong>is verticilos, inseri<strong>do</strong>s diretamente no vértice <strong>do</strong> ovário, on<strong>de</strong> persistem<br />
algum tempo após a queda das pétalas.<br />
Os estu<strong>do</strong>s referentes à singular rubiácea já foram discuti<strong>do</strong>s em<br />
congregação <strong>de</strong> notável Instituto científico da Europa, o Museu <strong>de</strong> Dahlem.<br />
em Berlim. A princípio, a <strong>do</strong>uta assembléia, na ausência <strong>de</strong> material<br />
botânico <strong>de</strong> apreço, discor<strong>do</strong>u da classificação, quanto à família; mas.<br />
logo que se viu <strong>de</strong> posse <strong>do</strong> mesmo, concluiu tratar-se, realmente, <strong>de</strong><br />
novo gênero <strong>de</strong> RUBIACEJE.<br />
As mudas <strong>do</strong> aludi<strong>do</strong> espécime foram trazidas para o <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong><br />
pelo naturalista A. DUCKE.
RODRIGUÊSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Ramo florifero <strong>de</strong> Dialypetalanthus fusccscens Kuhlmann (tamanho natural),<br />
cultivada no Tardim <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> R: 3 <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Brasil
A COMPOSIÇÃO DA FLORA PTERIDÓFITA DO<br />
ITATIAIA<br />
Contribuição para a fitogeografia <strong>de</strong>ssa região<br />
POR<br />
A. C. BRADE<br />
I — Aspecto geral da flora <strong>do</strong> Itatiaia<br />
A constituição geológica <strong>do</strong>s solos da Serra <strong>do</strong> Itatiaia é, relativamente,<br />
uniforme e parece não ter gran<strong>de</strong> influência sobre as formações vegetais<br />
que cobrem aquela região. Alem disso, quanto à flora pteridófita, especialmente,<br />
sua importância ainda é menor, porque são, na maioria, humófilas<br />
as plantas <strong>de</strong>sse grupo, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da composição mineralógica<br />
•<strong>do</strong> solo. Os fatores climáticos e outras condições físicas são, em geral,<br />
muito mais importantes em relação à vida <strong>do</strong>s fetos.<br />
As regiões baixa e média <strong>do</strong> Itatiaia constituem a zona das matas<br />
pluviais. A vegetação, ali, é composta <strong>de</strong> espécies típicas <strong>de</strong>ssa formação.<br />
que tem a sua distribuição na Serra <strong>do</strong> Mar. No Itatiaia, porem, a<br />
quantida<strong>de</strong> menor das chuvas (média anual: 2.200 mm) causa pequena<br />
redução sobre o número das espécies típicas, como <strong>de</strong>monstra, especialmente,<br />
a diminuição das Hymenophyllaccac. O pouco <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das matas com vegetação rica <strong>de</strong> musgos (Mooswald) que, freqüentemente,<br />
se observa em certas alturas, nas regiões tropicais e subtropicais, é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />
à baixa média anual das chuvas e à sua irregular distribuição no Itatiaia.<br />
Aumentos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminam modificações no caráter da mata<br />
pluvial. Outras espécies, em geral <strong>de</strong> menor porte, substituem as espécies<br />
típicas das regiões baixas. Entre as árvores que aí se apresentam mais<br />
afastadas, <strong>de</strong>senvolve-se uma vegetação arbustiva e <strong>de</strong>nsa.. Em vez <strong>de</strong><br />
Cyathcacac, altas e esbeltas, encontram-se espécies com troncos baixos e
— 30 —<br />
robustos, como Dicksonia Scllozviana, Hemitelia capensis, Alsophila elegans.<br />
Quanto maior a altitu<strong>de</strong>, menor o número <strong>de</strong> árvores altas. O número<br />
das espécies diminue progressivamente nas altitu<strong>de</strong>s acima <strong>de</strong> 2.000<br />
metros. A Proteaceae Roupala lucens é das poucas espécies <strong>de</strong> porte eleva<strong>do</strong>,<br />
qüe <strong>do</strong>minam nas gran<strong>de</strong>s altitu<strong>de</strong>s'. Também Cunoniaceae, Teaceae,<br />
Magnoliaceae e Clethraccae fazem parte das matas <strong>de</strong>ssas regiões.<br />
Em certos trechos, a 2.000 metros, ou pouco acima, aparece a Araucária<br />
brasiliana Rich [Araucária angustijolia (Bertol.) O. Ktze.], em formações<br />
mais ou menos <strong>de</strong>nsas. Aí, no limite nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> sua distribuição<br />
geográfica, essa espécie não aparece em formações tão típicas e extensas,<br />
como no seu "habitat" próprio, no sul. Não obstante', já vimos no Itatiaia<br />
imponentes exemplares <strong>de</strong> 1 (um) metro <strong>de</strong> diâmetro ou mais.<br />
Po<strong>do</strong>carpus Lambertii, planta característica das Serras da Mantiqueira,<br />
Bocaina e outras, é encontrada no Itatiaia, mas, só na região nor<strong>de</strong>ste<br />
(Serra Negra).<br />
A forte insolação nos altos da serra, ao la<strong>do</strong> da baixa temperatura,<br />
impe<strong>de</strong> que a maioria das plantas da mata pluvial possa se estabelecer<br />
acima <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada altitu<strong>de</strong>. Dizem que a insolação mais forte substitue<br />
a baixa <strong>de</strong> temperatura; mas, em relação às Pteri<strong>do</strong>phyta, não se<br />
po<strong>de</strong> comprovar facilmente essa teoria. E' verda<strong>de</strong> que se acham, ocasionalmente,<br />
nas gran<strong>de</strong>s altitu<strong>de</strong>s algumas espécies humbrófilas em lugares<br />
bastante isola<strong>do</strong>s; mas, isto é <strong>de</strong> certo conseqüência da maior umida<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> ar e da nebulosida<strong>de</strong> mais freqüente. Infelizmente, não possuímos <strong>de</strong><br />
nossa região observações exatas sobre a insolação e a nebulosida<strong>de</strong>, o que<br />
permitiria conclusões certas sobre a influência <strong>de</strong> um e <strong>de</strong> outro <strong>de</strong>sses<br />
fatores.<br />
Embora os pontos mais eleva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Itatiaia não ultrapassem os limites<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s quais é possível a formação das matas, há gran<strong>de</strong>s<br />
extensões <strong>de</strong> campos no planalto e nas encostas da serra. Esses campos<br />
são, em parte, sem dúvida, <strong>de</strong> origem natural, influencia<strong>do</strong>s por fatores<br />
físicos, como a natureza <strong>do</strong> solo, a insolação e a freqüência <strong>do</strong>s ventos<br />
secos. Só nos pontos mais favoráveis, abriga<strong>do</strong>s contra os ventos <strong>de</strong>ssecantes,<br />
nos vales e gargantas, observam-se formações <strong>de</strong> matas, que<br />
atingem os lugares mais eleva<strong>do</strong>s.<br />
As queimadas aci<strong>de</strong>ntais, incontroladas, teem naturalmente aumenta<strong>do</strong><br />
a extensão <strong>de</strong>sses campos. E' bem difícil, se não impossível,, para as<br />
espécies florestais, a reconquista <strong>de</strong> terrenos <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>s pelo fogo. Encontram-se,<br />
freqüentemente, outras formações, como, por exemplo, <strong>de</strong> Bam-
— 31 —<br />
busais (Merostachys e Chusquea sp.), que crescem rapidamente <strong>de</strong>pois<br />
da queima, impedin<strong>do</strong>, assim, o renascimento da mata.<br />
A vegetação das regiões elevadas é muito heterogênea. Mesmo <strong>de</strong>ntro<br />
das formações campestres, ricas em flores, acham-se diversas associações<br />
ou formações secundárias, <strong>de</strong> pequena extensão, causadas por variações<br />
edafo-climáticas. Infelizmente, não possuímos observações bastante exatas<br />
e profundas para precisar as associações vegetais. As indicações <strong>do</strong>s<br />
espécimes nos herbários, em geral, não permitem conclusões sobre este<br />
assunto, porque se limitam quasi sempre à indicação da região geográfica,<br />
on<strong>de</strong> a planta foi encontrada ou, quan<strong>do</strong> muito, à indicação da altitu<strong>de</strong>.<br />
A riqueza <strong>do</strong> número <strong>de</strong> espécimes dificulta muito os estu<strong>do</strong>s das associações<br />
vegetais e suas limitações.<br />
A vegetação <strong>do</strong>minante <strong>do</strong> planalto é a herbácea e ce<strong>de</strong> lugar, pouco<br />
a pouco, a uma vegetação subarbustiva, <strong>do</strong>tada, <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong>, <strong>de</strong><br />
pequenas árvores isoladas, como a Ericacea, Loucothoe multiflora. Entre<br />
a vegetação arbustiva, as compostas são ali <strong>do</strong>minantes, alcançan<strong>do</strong> às<br />
vezes altura <strong>de</strong> 4 metros ou mais, e forman<strong>do</strong> já pequenos bosques. Não<br />
raro, especialmente em lugares on<strong>de</strong> existia antes vegetação florestal,<br />
encontram-se impenetráveis formações <strong>de</strong> Bambusoidcae (Merostachys sp.).<br />
Esta formação é uma das mais uniformes, porque, na sombra <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>nsa<br />
vegetação, é impossível o crescimento <strong>de</strong> outras plantas.<br />
Como realmente notáveis, po<strong>de</strong>mos citar, por enquanto, algumas espécies<br />
<strong>do</strong>minantes em certas associações, que tomam caráter particular. Uma<br />
é a Chusquea pinifolia, que aparece na altura <strong>de</strong> 2.100 metros, mais ou<br />
menos, e esten<strong>de</strong>-se até os picos mais eleva<strong>do</strong>s, compon<strong>do</strong> às vezes bosques<br />
<strong>de</strong>nsos. A formação <strong>de</strong> Chusquea lembra, pela cor e pelo porte, certas<br />
Coníferas (Juniperus), enquanto os bosques <strong>de</strong> Croton migrens (da mesma<br />
região) se assemelham, pelo porte e pela cor argêntea das folhas, o<br />
que se revela, especialmente, quan<strong>do</strong> movidas pelo vento, a <strong>de</strong>terminadas<br />
associações que ocorrem nas machias <strong>do</strong> Mediterrâneo.<br />
As partes baixas <strong>do</strong> planalto são, em geral, ocupadas por solo turfoso<br />
<strong>de</strong> espessura variável. Uma Gramínea e uma Cyperacea, Corta<strong>de</strong>ira mo<strong>de</strong>sta<br />
(vulg. "Cabeça <strong>de</strong> negro") e Lagenocarpus ensifolius, respectivamente,<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, aparecem ali em formações extensas e quasi impenetráveis.<br />
Os troncos <strong>de</strong>ssas espécies alcançam, não raro, 1 metro <strong>de</strong><br />
altura e 60 cm. <strong>de</strong> diâmetro, constituin<strong>do</strong> base para diversas plantas,<br />
como Urticularia reniformis, Alstroemeria sp., He<strong>de</strong>oma coccinea, Ble-
— 32 —<br />
chnuni imperiale, Polysliclinm quadrangularc, etc. A zona marginal <strong>de</strong>ssas<br />
formações é ocupada pelos bosques da composta Baccharis discolor.<br />
Em parte, on<strong>de</strong> a água cobre o solo, temporária ou constantemente,<br />
acham-se ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cyperaceae, Gramineac cespitosas, alem <strong>de</strong> várias<br />
plantas pertencentes a famílias, universalmente representadas em solos turfosos,<br />
como Droscraccac, Lcntibulariaccac, Polygalaceae, Orchidaceae,<br />
Eriocaulaceae, Xyridaceae, Iridaceae, Lycopodiccae, muitas outras, como<br />
Plantago Dielsii e as espécies endêmicas Lacliopis Ulei, Boopis itatiayae<br />
e Viola Uleana. Pouco importantes para a composição <strong>de</strong>ssa formação, no<br />
Itatiaia, são os representantes <strong>do</strong> gênero Sphagnum.<br />
A flora das rochas é, também, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>. A maioria <strong>do</strong>s<br />
representantes <strong>de</strong>ssa formação pertence, certamente, às famílias Bromcliaccac,<br />
Lycopodiaccac e muitas outras. Quasi cada rocha exibe sua<br />
especialida<strong>de</strong>. Só uma exploração minuciosa po<strong>de</strong>rá esclarecer a sociologia<br />
<strong>de</strong> tais formações, especialmente as modificações que se operam<br />
nas diversas alturas.<br />
Apesar <strong>de</strong> existirem rio planalto alguns charcos e poças dágua, a vegetação<br />
aquática <strong>do</strong> Itatiaia é <strong>de</strong> pouca importância. Salvo uma Cyperaceae,<br />
uma espécie <strong>de</strong> Utriciilaria e <strong>de</strong> Isoctes, não se observam, ali, outras plantas<br />
vasculares próprias <strong>de</strong> lagos e charcos.<br />
Ao alcance <strong>do</strong> chuvisco das cascatas, aparecem numerosas Pteri<strong>do</strong>phyta,<br />
Musci fron<strong>do</strong>si e Hcpaticae, como também, diversas fanerógamas, que<br />
necessitam da gran<strong>de</strong> umida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses lugares, como Utricularia, Broincliaceac.<br />
Urticaceae, etc. .<br />
II — Composição da Flora Pteridófita<br />
A diferença das condições <strong>de</strong> vida, em alturas diversas, à sombra, ou<br />
expostas ao sol e aos ventos com inúmeras estações intermediárias, causa<br />
as gran<strong>de</strong>s variações da flora <strong>de</strong>ssa região.<br />
As Pteridófitas, especialmente, reagem à mínima variação <strong>do</strong>s fatores<br />
<strong>de</strong> vida, e, em primeiro lugar, à umida<strong>de</strong>. A gran<strong>de</strong> e fácil dispersão <strong>de</strong><br />
seus esporos contribue para que os fetos se estabeleçam imediatamente<br />
on<strong>de</strong> quer que encontrem condições necessárias para sua existência, mesmo<br />
em local bem limita<strong>do</strong>, como, por exemplo, uma fenda <strong>de</strong> rocha, ou na<br />
sombra <strong>de</strong> algumas árvores, no caso das espécies higrófilas; uma clareira<br />
da mata ou uma encosta ero<strong>de</strong>nte, fortemente isolada, no caso das espécies<br />
xerófilas.
— 33 —<br />
Assim, po<strong>de</strong>m aparecer ou <strong>de</strong>saparecer, repentinamente, certas espécies<br />
<strong>de</strong> fetos, quan<strong>do</strong> se modificam as condições <strong>do</strong> ambiente por uma<br />
<strong>de</strong>ssecação causada por drenagem ou por um aumento da umida<strong>de</strong>, oriun<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> sombra. Por exemplo, Pteridium aquilinum (vulg. "Samambaia")<br />
aparece, às vezes, imediatamente <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>vastação das<br />
matas e pre<strong>do</strong>mina durante bastante tempo no terreno conquista<strong>do</strong>, prolongan<strong>do</strong>,<br />
ainda, a sua existência como pseu<strong>do</strong>trepa<strong>de</strong>ira, escorada nos<br />
galhos <strong>do</strong>s arbustos da mata, rebrotan<strong>do</strong> e alcançan<strong>do</strong>, assim, para atingir<br />
a luz, às vezes, até 6 metros <strong>de</strong> altura, caso novas queimas não impeçam<br />
esse processo natural. Mais tar<strong>de</strong>, aumentada a intensida<strong>de</strong> da sombra<br />
com o crescimento das árvores, esta espécie <strong>de</strong>saparece completamente.<br />
Nunca é encontrada na mata <strong>de</strong>nsa.<br />
Outras espécies, como as epifítas xerófitas, são mais sensíveis, ainda,<br />
pois, quan<strong>do</strong> caem aci<strong>de</strong>ntalmente <strong>do</strong> seu suporte natural ao chão, constantemente<br />
úmi<strong>do</strong> e escuro por causa da sombra, morrem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
pouco tempo.<br />
As espécies higrófilas reagem ainda mais rapidamente às modificações<br />
<strong>do</strong> ambiente. Certas Hymenophyllaceac <strong>de</strong>licadas, por exemplo, <strong>de</strong>saparecem<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucos dias, quan<strong>do</strong> seu ambiente se torna mais exposto<br />
à insolação ou aos ventos secos.<br />
De acor<strong>do</strong> com essas variações <strong>de</strong> condições locais, compõe-se a vegetação<br />
pteridófita, <strong>de</strong> qualquer região, <strong>de</strong> elementos heterogêneos, e, como<br />
mostram as explorações anteriores, não se po<strong>de</strong> limitar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> absoluto<br />
o <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong>sse ou daquele elemento. Na região das matas pluviais<br />
(Regenwald) acha-se, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> muitas higrófitas, também certo número<br />
<strong>de</strong> xerófitas, como epifítas, nas copas das árvores, nas rochas ou em<br />
solo áci<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>m-se encontrar higrófitas tenras no abrigo<br />
<strong>de</strong> rochas úme<strong>de</strong>cidas ou em outros lugares protegi<strong>do</strong>s, no meio da região<br />
aberta, árida.<br />
São, ainda, insignificantes as nossas observações sobre o comportamento<br />
das Pteridófitas, em relação à luz. As Hymenophyllaceae, por exemplo,<br />
por sua constituição orgânica, são verda<strong>de</strong>iras plantas humbrófílas,<br />
mas, em alturas elevadas, achamos algumas espécies em roche<strong>do</strong>s mais<br />
ou menos insola<strong>do</strong>s. Também temos acha<strong>do</strong> outras Pteridófitas humbrófílas,<br />
em regiões elevadas, não raro em lugares menos humbrosos. De fato,<br />
nessas regiões, temos nebulosida<strong>de</strong> freqüente más, por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong><br />
há insolação, ela é muito mais intensa <strong>do</strong> que nas regiões mais baixas.<br />
701.064 — F. 3
— 34 —<br />
Estas explicações mostram que, na maioria, as Pteridófitas não se<br />
enquadram facilmente em uma ou outra formação vegetal. A aparição <strong>de</strong><br />
certas espécies <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da' quantida<strong>de</strong> das chuvas e da umida<strong>de</strong> local<br />
geralmente. Mesmo os limites verticais <strong>de</strong> algumas espécies diferem <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> sensivel, quan<strong>do</strong> as condições locais o permitem. A espécie andina<br />
Rhipi<strong>do</strong>pteris peltata, por exemplo, que WETTSTEIN indica para 2.000<br />
metros acima <strong>do</strong> nivel <strong>do</strong> mar, foi por nós assinalada na cascata <strong>do</strong> Maromba<br />
(cerca <strong>de</strong> 1.000 m.), e, ainda, na cascata <strong>do</strong> Taquaral (cerca <strong>de</strong> 900<br />
metros sobre o nivel <strong>do</strong> mar). — Hymenophyllum megachilum, freqüente<br />
sobre calhaus <strong>do</strong>s córregos da região elevada (observa<strong>do</strong> até 2.400 metros<br />
sobre o nivel <strong>do</strong> mar), encontra-se em locais favoráveis, e, às vezes, ainda, a<br />
900 m. <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> (<strong>Rio</strong> Bonito).<br />
Por outro la<strong>do</strong>, espécies da mata pluvial, subtropical, po<strong>de</strong>m vegetar<br />
em lugares especialmente favoráveis, ocasionalmente até alturas on<strong>de</strong> não<br />
é raro a temperatura <strong>de</strong>scer abaixo <strong>de</strong> zero. Marattia Kaidfussü encontrase,<br />
por exemplo, a 2.000 m. perto das Macieiras, associa<strong>do</strong> com Trichomancs<br />
firmulum.<br />
Com o progresso <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da região <strong>do</strong> Itatiaia, quan<strong>do</strong> forem<br />
exploradas também as condições <strong>de</strong> vida e a composição das formações<br />
das fanerógamas, talvez se torne possivel alinhar as Pteridófitas, segun<strong>do</strong><br />
associações ou formações diferentes. No momento, só po<strong>de</strong>mos indicar<br />
os elementos principais <strong>de</strong> que é composta a Flora pteridófita <strong>do</strong> Itatiaia,<br />
justifican<strong>do</strong>-a com alguns exemplos, como se seguem.<br />
1 —, O elemento neotrópico das matas pluviais<br />
Pertence a este elemento a maioria das espécies das regiões <strong>do</strong> baixo<br />
e médio Itatiaia. Nessa formação, encontramos fetos arborescentes, <strong>de</strong><br />
aspecto majestoso, da família das Cyatheaceae: Cyathea schanschin,<br />
Cyathea Gardneri, Hemitelia setosa, com pínulas adventicias, Hemitelia<br />
Uleana, Alsophila armata, com troncos esbeltos, elegantes e folhas graciosas,<br />
<strong>de</strong> cor clara, Alsophila corcova<strong>de</strong>nsis, Ais. dichromatoleyis, Ais. Gardneri,<br />
Ais. paleolata e Ais. Portoana.<br />
Pouco acentuadas são, na região em apreço, as espécies com folhas<br />
volúveis. Blechnum volubile e Lygodium volubüe não são freqüentes na<br />
região mais baixa.
— 35 —<br />
As espécies com rizoma ascen<strong>de</strong>nte são represesntadas por Trichonames<br />
radicans, Polybotrya cylindrica, Polybotrya tomentosa, Stcnochlaena crvthrodcs,<br />
Lomagramma guiancnsis e Blcchnum meri<strong>de</strong>nse.<br />
Das numerosas espécies terrestres po<strong>de</strong>mos só citar as mais vistosas,<br />
como Trichomanes elegans, T. mandioccanum, Dryopteris amplíssima,<br />
Dry. macrosora, Dry. pachyrachys, Dry. submargilis, Dry. umbrina, Saccolonia<br />
elegans, Ithocaulon brasiliensis, Dennstaedtia ordinata, Didymochlacna<br />
truncatula, Diplacium leptocarpon, Dip. Lindbergii, Dip. remotum,<br />
Dip. Shcphcrdii, Asplenium uniseriale, Blechnum brasilicnsc, Blech. diverge<br />
ns, Blech. curaddianum, Blech. prolifcrum, Pteris <strong>de</strong>flexa, Pt. macroptera,<br />
Pt. splen<strong>de</strong>ns, etc.<br />
As espécies magníficas Polybotrya cervina, Nephrolepis cordifolia var.<br />
pêndula, Asplenium Claussentii, Aspl. serratum, Aspl. Campos-Portoi,<br />
Polypodium crassifolium, Pot. <strong>de</strong>currens, Doryoptcris nobilis, Dor. sagittifolia,<br />
Dor. varians, e Elaphoglossum insigne, <strong>do</strong>miciliam-se, com predileção,<br />
nos roche<strong>do</strong>s humbrosos.<br />
Não raro, acham-se entre os representantes <strong>de</strong>ste elemento, constituídas<br />
pela reprodução vegetativa, acumulação <strong>de</strong> numerosos indivíduos, das seguintes<br />
espécies, com estolhos: Nephrolepis Hypolepis repens, Blechnum<br />
occi<strong>de</strong>ntale, Blech. blechnoi<strong>de</strong>s. Todas as espécies <strong>de</strong> Gleichenia, na maioria,<br />
plantas das margens da mata, das escarpas e barrancos, multiplicam-se por<br />
esse mo<strong>do</strong>. Um outro grupo <strong>de</strong>senvolve brotos adventícios no raque ou<br />
na base da folha, como Dryopteris lugubris, Bolbitis serratifolia, Dennstaedia<br />
ordinata, Diplazium leptocarpon, Dipl. plantagineum, Aspl, Kunzeanum,<br />
Aspl. uniserrialc, Blechnum proliferum, Blech. Sampaioanum,<br />
Doryoptcris nobilis, Doryoptcris variens, var. angularis e var. rediviva,<br />
todas essas, espécias <strong>de</strong> lugares úmi<strong>do</strong>s e humbrosos.<br />
Especialmente numerosas são as espécies epifíticas que pertencem ao<br />
dito elemento. A maioria, realmente, é constituída <strong>de</strong> plantas pouco vistosas,<br />
como as Hymenophyllaceae, das quais, Trichomanes polypodioi<strong>de</strong>s e<br />
Trich. tenerum preferem os troncos das Cyatheaceae. Entre outros representantes<br />
<strong>de</strong>ssa família higrófila, são Hymenophyllwm caudiculatum e<br />
Hym. microcarpiim, ,var. osganense, as espécies mais freqüentes.<br />
Entre as Polypodiaceae, epifíticas, encontram-se, em gran<strong>de</strong> maioria,<br />
espécies <strong>do</strong>s gêneros Asplenium, Polypodium e Elaphoglossum. Po<strong>de</strong>mos<br />
citar, como as mais freqüentes e vistosas, nessas regiões, as seguintes<br />
espécies: Asplenium auritum, Aspl. brasiliense, Aspl. mucronatum, Aspl.
— 36 —<br />
oligophyllmn, Aspl. scandicinum, Vittaria gramini folia., Cochlidium paucinervatum,<br />
Polyp. achillaeif olium, Polyp. angustifolium, Polyp. angustum,<br />
Polyp. apiculatum, Polyp. catharinae, Polyp. <strong>de</strong>pressum, Polyp. fraxinifolimn,<br />
Polyp. fulgcns, Polyp. lapathifolium, Polyp. lanceolatum, Polyp.<br />
lepi<strong>do</strong>pteris, Polyp. longipetiolatum, Polyp. mcniscif olium, Polyp. percussum,<br />
Polyp. phyllitidis, Polyp. spora<strong>do</strong>carpum, Polyp. squamulosmn,<br />
Polyp. tectum, Polyp. truncorum, Elaphoglossum dccoratum, Elaph. hymcnodiastrum,<br />
Elaph. língua, Elaph. longif olium, Elaph. ornatum e Elaph.<br />
Schoinburgkii.<br />
2 — O elemento xerófilo <strong>do</strong> Brasil Central<br />
Nos cerra<strong>do</strong>s e campos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais, Mato Grosso e<br />
Goiaz e <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> São Paulo, encontra-se, associa<strong>do</strong> à característica<br />
flora fanerogâmica, um grupo <strong>de</strong> Filicineae, xerófitas, bem adaptadas às<br />
condições <strong>de</strong>ssas regiões.<br />
Embora o Itatiaia esteja situa<strong>do</strong> no limite leste <strong>de</strong>ssa região, que<br />
se assemelha a <strong>de</strong> seus campos eleva<strong>do</strong>s, o elemento xerófilo ali bem<br />
representa<strong>do</strong>, entre os fanerógamos, não conta entre as Pteridófitas tão<br />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies.<br />
Especialmente significativa é a pobreza <strong>de</strong> espécies <strong>do</strong> gênero Aneimia,<br />
no Itatiaia, fato típico <strong>do</strong> elemento xerófilo; só duas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Aneimia<br />
flexuosa po<strong>de</strong>m ser incluídas no grupo <strong>de</strong>stas Filicíneas.<br />
De outros gêneros, estão representa<strong>do</strong>s ali: Alsophila elegans. Adiantopsis<br />
chlorophylla, Gymnogramma Glaziovii, Doryopteris varians, Dor.<br />
coluna, algumas espécies <strong>de</strong> Elaphoglossum, Gleichenia nervosa e Gl.<br />
flexuosa. Devemos incluir, também, algumas espécies neoendêmicas, como<br />
Doryopteris itatiayensis, (Est. VII), Dor. Fcei, Elaphoglossum viscidum<br />
e outras. Faltam completamente, no Itatiaia, representantes <strong>do</strong>s gêneros<br />
Pellaea, Chcilanthcs, Paesia e Notholaena.<br />
3 — O elemento andino «<br />
Itatiaia, bem distante e isola<strong>do</strong> da ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s, tem para a<br />
Fitogeografia interesse especial, dada a rica representação <strong>do</strong> elemento<br />
andino aí verificada. Entre as espécies pertencentes a tal elemento, po<strong>de</strong>-
— 37 —<br />
mos enumerar, como características, representadas em nossa região :<br />
Hymenophyllum jucoidcs, Culcita conijolia, Woodsia mollis, Dryoptcris<br />
<strong>de</strong>nticulata, Dr. paleacca, Polystichum Rochaleanum (Est. IV). Athyrium<br />
Dombeyi, Asplenium nionanthes, Blechnum andinum (Est. VI) Cymnogramme<br />
clongata, Hypolepis rugulosa, Polypodium monoliforme, Polypodium<br />
peruvianum, Polypodium rigescens, Elaphoglossum squamipes,<br />
E. Lindcnii, Rhipi<strong>do</strong>ptcris peltata, Lycopodium Jussiaei (Est. IX), Lycopodium<br />
comans.<br />
Essas espécies andinas se encontram no Itatiaia, alem <strong>de</strong> outras, endêmicas,<br />
com relações andinas, como: Plagiogyria Fialho (Est. I), Jamcsonia<br />
brasilicnsis, Blechnum itatiaiensc, Polypodium Tamandarei, Polypodium<br />
Wittigianum, Elaphoglossum Liasianum, E. hirtpes, Gleichemia angusta<br />
e outras mais. Esse número, já consi<strong>de</strong>rável, ten<strong>de</strong> a aumentar<br />
com espécies <strong>de</strong> dispersão mais vasta.<br />
Devem ser altamente interessantes os estu<strong>do</strong>s sobre a marcha da migração<br />
<strong>de</strong> tais plantas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os An<strong>de</strong>s. A distribuição <strong>de</strong> certos gêneros<br />
<strong>de</strong> fanerógamas como Anemone, Bcrbcris, Asara e Griselina, sugere-nos<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terem estas plantas emigra<strong>do</strong> da América <strong>do</strong> Norte<br />
para a América <strong>do</strong> Sul, ao longo da Cordilheira, in<strong>do</strong> pelos An<strong>de</strong>s até<br />
o ^xtremo <strong>de</strong> nosso continente e, daí, volven<strong>do</strong> pelas outras ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />
montanhas, até o Itatiaia e, em alguns casos, chegan<strong>do</strong> mesmo à Serra<br />
<strong>do</strong>s Órgãos e à Serra <strong>do</strong> Caparão. Tal roteiro foi segui<strong>do</strong> pelos representantes<br />
<strong>do</strong>s gêneros Boopis, Lilacopsis e outros.<br />
Mas, a hipótese não exclue a <strong>de</strong> terem vin<strong>do</strong> diretamente <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s<br />
bolivianos, por exemplo, com estações intermediárias nas serras <strong>de</strong> Mato<br />
Grosso e Minas Gerais. Algtunas espécies representadas em Itatiaia, como<br />
Blechnum andinum, (Est. VI), Polystichum Rochaleanum, (Est. IV),<br />
só na Bolívia encontram-se idênticas. Outras espécies <strong>do</strong> elemento andino,<br />
como Plagiogyria, Culcita, Woodsia, etc, foram encontradas, também,<br />
nalgumas serras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais. Esses fatos nos dispõem a<br />
admitir esta última hipótese.<br />
Para esclarecer tais questões, precisamos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s florísticos mais<br />
profun<strong>do</strong>s da região, em conjunto com estu<strong>do</strong>s geológicos. No momento,<br />
queremos apenas registar os fatos, sem tentar explicações <strong>de</strong>finitivas,<br />
que po<strong>de</strong>rão ser levadas a efeito <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s mais vastos e mais<br />
acura<strong>do</strong>s.
4 — O elemento antártico<br />
— 38 —<br />
O mesmo interesse <strong>de</strong>vem merecer as espécies <strong>do</strong> elemento antártico.<br />
O número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong>sse elemento, na região em apreço, não é gran<strong>de</strong>,<br />
mas, em relação à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies existentes na região antártica,<br />
po<strong>de</strong>-se dizer que, no Itatiaia, está bem representa<strong>do</strong>.<br />
Os representantes mais típicos são: Hymenophyllum megachillum<br />
{H. pellatum subsp.), Blechnum pennamarina (Est. VI) e Hcmitelia capensis,<br />
Lycopodium fastigiatum var. assurgens.<br />
Blechnum imperiale, espécie endêmica <strong>do</strong> Brasil: <strong>do</strong> Itatiaia, <strong>de</strong> algumas<br />
serras <strong>de</strong> Minas Gerais e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>; é próxima <strong>de</strong><br />
Blechnum magellanicuin.<br />
Polystichum Rochaleanum (Est. IV) com a sua distribuição limitada<br />
ao Itatiaia e An<strong>de</strong>s da Bolívia, é semelhante a Polystichum mochrioi<strong>de</strong>s e,<br />
por essa razão, talvez, <strong>de</strong>ve ser também incluida nesse elemento. Outra<br />
espécie que <strong>de</strong>ve ser também incluida é Dicksonia Sellowiana, embora não<br />
seja mais encontrada nas regiões <strong>do</strong> extremo sul <strong>de</strong> nosso Continente.<br />
Ainda não foi encontrada no Itatiaia Hymenophyllum magellanicum,<br />
que avançou para o norte até a Serra <strong>do</strong>s Órgãos; mas é provável que essa<br />
espécie ainda seja assinalada na região em apreço.<br />
5 — Diversos outros elementos.<br />
Encontra-se no Itatiaia, com a sua forma quasi típica, o Polypodium<br />
mysuroi<strong>de</strong>s, das Antilhas, enquanto que o Polypodium tcnukulum aí está<br />
representa<strong>do</strong> por uma varieda<strong>de</strong> endêmica.<br />
Muito estranho é o aparecimento <strong>de</strong> Botrychium <strong>de</strong>compositum, tão<br />
distante <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> distribuição, a América Central (México, Costa<br />
Rica). ;; ; ' 4 ]<br />
A espécie endêmica Polystichum Bra<strong>de</strong>i (Est. III) é também muito<br />
curiosa, por não apresentar espécie alguma próxima, no Brasil, ten<strong>do</strong> apenas<br />
uma semelhante na Ilha da Ma<strong>de</strong>ira, o Polystichum falcincllum. No hábito,<br />
assemelha-se um pouco a Polystichum (Phanerophlebia) auritum (Fée)<br />
da Serra <strong>do</strong>s Órgãos, mas esta espécie se diferencia por ter riervuras<br />
goniopterídias.<br />
; /
— 39 —<br />
6 — Espécies cosmopolitas pantropicais c vicariantes tropicais<br />
O Pteridium aquilinum, que é o exemplo propriamente dito, no caso,<br />
acha-se espalha<strong>do</strong> <strong>do</strong> extremo norte ao sul, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites da distribuição<br />
das Pteridófitas. Recentemente, separaram-se algumas raças regionais,<br />
como sen<strong>do</strong> realmente espécies distintas.<br />
Nos limites <strong>de</strong> sua área- <strong>de</strong> dispersão, no Itatiaia, essa espécie é representada<br />
pela sub-espécie Pteridium cuspidatum, bastante freqüente nas<br />
regiões baixas, mas, alcançan<strong>do</strong> a altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.500 metros e, por vezes,<br />
até mais.<br />
Também Osmunda regalis, cuja área <strong>de</strong> distribuição é vasta, ness
— 40 —<br />
cialmente consi<strong>de</strong>rável é a representação <strong>de</strong> Jamcsoma, único caso da<br />
distribuição <strong>de</strong>ste gênero fora <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s.<br />
Alsophila Portoana e Polybotrya tomentosa po<strong>de</strong>m-se juntar a espécies<br />
semelhantes <strong>do</strong> elemento neotrópico, enquanto as 2 espécies <strong>de</strong> Doryoptcris,<br />
sem dúvida, pertencem ao elemento xérofito <strong>do</strong> Brasil Central.<br />
A posição <strong>de</strong> Polystichum Bra<strong>de</strong>i (Est. III) é bem estranha entre as<br />
outras espécies <strong>de</strong>ste gênero, representadas no continente da América <strong>do</strong><br />
Sul, como já especificamos acima.<br />
Recentemente, foi possível provar a representação <strong>de</strong> Dryoptcris jancirensis<br />
(Est. II), Polypodium glandulosissimum e Polypodiitm rupicuhtnn<br />
nos Campos <strong>de</strong> Jordão, também parte da Serra da Mantiqueira, e <strong>de</strong><br />
Elaphoglossum insigne, magnífica espécie <strong>do</strong> grupo neotrópico <strong>de</strong> Elaphoglossum<br />
scolopendrifolium, no Fra<strong>de</strong> <strong>de</strong> Macaé, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />
Po<strong>de</strong>mos afirmar, por este resumo, mais uma vez, a representação imponente<br />
<strong>do</strong> elemento andino na Flora <strong>do</strong> Itatiaia. A flora Pteridófita da<br />
Serra <strong>do</strong>s Órgãos, talvez, emparelhe com a daquela região, em número <strong>de</strong><br />
espécies, mas, não é comparável com relação à particularida<strong>de</strong> da flora.<br />
Provavelmente, no Brasil, só a Roraima ou outras serras <strong>de</strong>sta região,<br />
ainda não exploradas, é que po<strong>de</strong>m rivalizar neste senti<strong>do</strong>, com a Serra <strong>do</strong><br />
Itatiaia. v<br />
Finalmente, damos uma lista comparativa <strong>do</strong>s gêneros com o número<br />
<strong>de</strong> espécies observadas no Brasil e no Itatiaia, afim <strong>de</strong> mostrar como essa<br />
região é rica com relação ao resto <strong>do</strong> país.<br />
Das 16 famílias <strong>de</strong> Pteridófitas, achamos no Itatiaia 11;- <strong>do</strong>s 91 gêneros<br />
brasileiros, 53 são verifica<strong>do</strong>s no Itatiaia; e, das 1.189 espécies,<br />
319 são representadas nessa região, bem restrita em relação à área <strong>do</strong><br />
Brasil.
FAMÍLIA GÊNERO<br />
Hymenophyllaceae.<br />
»<br />
Cyatheaceae<br />
Polypodiaceae<br />
Triehomanes<br />
Hymenophyllum.<br />
Culcita<br />
Dicksonia<br />
Cyathea<br />
Hemitelia<br />
Alsophila<br />
Plagiogyria<br />
Woodsia<br />
Cystopterjs<br />
Dryopteris<br />
Stigmatopteris... .<br />
Didymoehlaena...<br />
Cyelopeltis<br />
Polystichum<br />
Phanerophlebia.. .<br />
Cycloclium<br />
Polybotryc<br />
Tectaria<br />
Bolbitis<br />
Oleandra.,<br />
Nephrolepis<br />
Saccolorna<br />
Ithycaulon<br />
Dennstaedtia<br />
Microlepia<br />
Stenolma<br />
Schizoloma. . . . .<br />
Lindsaya<br />
Athyrium<br />
Diplazium<br />
Phyllitis<br />
Asplenium<br />
Loxoscaphe<br />
Hymenopbyllopsis<br />
Blechnum<br />
Stenochlaena<br />
Loniagramma. . ..<br />
Pterozonium<br />
Anogramma<br />
Pytyrogramma...<br />
Trismeria<br />
Gymnogramma...<br />
Jamesonia<br />
Hemionitis<br />
Trachypterifi<br />
— 41 —<br />
Total <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scritas<br />
320<br />
320<br />
9<br />
22<br />
356<br />
99<br />
295<br />
31<br />
37<br />
18<br />
1.213<br />
26<br />
2<br />
6<br />
225<br />
9?<br />
2<br />
26<br />
209<br />
83<br />
35<br />
35<br />
1<br />
9<br />
70<br />
45<br />
18<br />
24<br />
<strong>15</strong>9<br />
185<br />
381<br />
8<br />
664<br />
8<br />
2<br />
180<br />
47<br />
<strong>15</strong><br />
4<br />
7<br />
41<br />
2<br />
60<br />
18<br />
8<br />
o<br />
NÚMERO DE ESPÉCIES<br />
Total<br />
NO BRASIL<br />
64<br />
37<br />
1<br />
1<br />
11<br />
11<br />
55<br />
1<br />
2<br />
2<br />
98<br />
8<br />
1<br />
1<br />
6<br />
1?<br />
2<br />
11<br />
5<br />
5<br />
2<br />
5<br />
1<br />
2<br />
14<br />
1<br />
3<br />
2<br />
23<br />
2<br />
31<br />
3<br />
63<br />
1<br />
1<br />
47<br />
1<br />
1<br />
2<br />
4<br />
5<br />
1<br />
9<br />
1<br />
1<br />
1<br />
ííndêmicas<br />
19<br />
9<br />
—<br />
—<br />
7<br />
6<br />
33<br />
1<br />
-<br />
1<br />
55<br />
4<br />
—<br />
— 3<br />
1?<br />
1<br />
4<br />
1<br />
1<br />
1<br />
-<br />
—<br />
— 4<br />
— 2<br />
— 6<br />
—<br />
13<br />
2<br />
24<br />
-<br />
—<br />
17<br />
1<br />
—<br />
— 1<br />
1<br />
— 7<br />
1<br />
—<br />
—<br />
NO ITATIAIA<br />
Total<br />
12<br />
13<br />
1<br />
1<br />
2<br />
3<br />
8<br />
1<br />
1<br />
—<br />
30<br />
— 1<br />
—<br />
5<br />
—<br />
— 4<br />
\<br />
1<br />
— 2<br />
1<br />
1<br />
2<br />
— 2<br />
— 3<br />
1<br />
7<br />
—<br />
26<br />
—<br />
—<br />
20<br />
1<br />
1<br />
—<br />
— 1<br />
— 4<br />
1<br />
—<br />
—<br />
Endêmi -<br />
cas<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
-<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
-<br />
—<br />
1<br />
-<br />
—<br />
1<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
1<br />
—<br />
—<br />
1<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
—<br />
1<br />
—<br />
—
Polypodiaceae.<br />
FAMÍLIA GÊNERO<br />
Ceratopteridaceae<br />
Gleicheniaceae....<br />
Schizaeaceae<br />
><br />
Osmundaceae<br />
Salviniaceae. ..<br />
><br />
Marsileaceae<br />
»<br />
Marattiaeeae<br />
><br />
Ophioglossaceae..<br />
»<br />
Equisetaceae<br />
Lycopodiaceae<br />
Selaginellaceae. . ,<br />
Psilotaceae.<br />
Isoetaceae<br />
Gymnopteris...<br />
Pellaea<br />
Doryopte.ris.. . .<br />
Adiantopsís... .<br />
Notholaena....<br />
CheilantheF ...<br />
Ilypolepís<br />
Adiantum<br />
Anopteris<br />
Pteris<br />
Acrostichum. . .<br />
Anisosorus<br />
Lonchitis<br />
Histiopteris. . . .<br />
Pteridium.<br />
Paesia<br />
Vittaria<br />
Ananthocoris . .<br />
Hecistopteris.<br />
Antrophyum...<br />
Anetium<br />
Cochilidium....<br />
Polypodium<br />
Eschatogramme<br />
Elaphoglossum.<br />
Rhipi<strong>do</strong>pteris...<br />
Ceratoptens<br />
Gleichenia<br />
Schizaea.<br />
T-ygodium<br />
Aneimia<br />
Osmunda<br />
Azolla<br />
Salvinia<br />
Marsilea<br />
Regnellidium...<br />
Marattia<br />
Danaea..<br />
Ophioglossum..<br />
Botrychium....<br />
Equisetum<br />
Lycopodium....<br />
Selaginella<br />
Psilotiuin<br />
Isoetes<br />
42<br />
Total <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scritas<br />
41<br />
16<br />
64<br />
131<br />
49<br />
226<br />
1<br />
269<br />
4<br />
1<br />
12<br />
84<br />
1<br />
1<br />
48<br />
1<br />
10<br />
127<br />
4<br />
419<br />
4<br />
4?<br />
119<br />
29<br />
39<br />
91<br />
13<br />
6<br />
10<br />
67<br />
1<br />
56<br />
32<br />
54<br />
36<br />
24<br />
180<br />
700<br />
4<br />
60<br />
NÚMERO DE ESPÉCIES<br />
rotal<br />
NO BRASIL<br />
3<br />
5<br />
32<br />
6<br />
5<br />
63<br />
1<br />
18<br />
1<br />
1<br />
1<br />
5<br />
1<br />
1<br />
4<br />
1<br />
4<br />
126<br />
2<br />
9a<br />
í<br />
3<br />
21<br />
3<br />
53<br />
3<br />
2<br />
5<br />
2<br />
1<br />
7<br />
12<br />
6<br />
2<br />
3<br />
58?<br />
46<br />
2<br />
8<br />
Endémi-<br />
l cas<br />
25<br />
3<br />
5<br />
4<br />
3<br />
31<br />
1<br />
1<br />
47<br />
10<br />
38<br />
1<br />
22<br />
19<br />
Total<br />
NO ITATIAIA<br />
1<br />
52<br />
30<br />
1<br />
18<br />
6<br />
Endêmicas
— 43 —<br />
LITERATURA CONSULTADA<br />
A. H. G. ALSTON — The Brazilian specics of Selaginella. Fed<strong>de</strong> Rep. XL p. 303,<br />
319. (1936)<br />
A. C. BRADE — Contribuição para a flora <strong>do</strong> Itatiaia (Fil. nov. bras. III). Arquiv.<br />
Inst. Biol. Veg. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. Vol. I n. 3, p. 223-239. (193S)<br />
H. CIIRIST. — Spicilegium Pteri<strong>do</strong>logium Austro-Brasiliensc. (Schwache, Plantas<br />
novas mineiras. II p. p. 11-42) 1898.<br />
H. CIIRIST. — Filicinae, in Wescin & Cchijjner Ergebnisse d. bot. Exped. nach.<br />
Sudbrasilien (1908)<br />
H. CIIRIST. — Die Geographie <strong>de</strong>r Farne (1910).<br />
C. CHRISTTENSEN — In<strong>de</strong>x Filicum cum Suppl. I-III (1906-1934).<br />
L. DIELS. — Eufilkinae in Engler: üic nat. Pfhmzcnfaniilyn I. A. Ct. 4 (1899).<br />
L. DIELS. •— Pflansengeographie (1908)<br />
O. DRUBE — Handbuch <strong>de</strong>r Pflansengeographie (1890).<br />
P. DUSEN — Sur Ia Flore <strong>de</strong> Ia Serra <strong>do</strong> Itatiaia au Brésil. Arch. Mus. Nac. <strong>Rio</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, vol. XII, p. 1-119). (1905).<br />
A. L. A. FéE. — Cryptogames vasculair\-s du Brésil. — I-II. (1869-1872).<br />
PH. MARTIUS. — Flora Brasiliensis. vol. 1-2 — J. G. Sturm: Ophiogl. Maratt.<br />
Osmund. Schiz. Gleich. & Hymenoph. (1859) J. G. Baker: Cyatheac.<br />
et Polypodiac. (1870).<br />
H. NESSEL. — As Licopodiáceas <strong>do</strong> Brasil. (Arquivos <strong>de</strong> Botânica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo. vol. I íasc. 4. p. 359-447). 1927).<br />
R. PILGER. — Pflansengeographie (Das Leben <strong>de</strong>r Pflanzcn vol. VI). (1913).<br />
E. ROSENSTOCK. — Filices brasilienses novae (Hedwigia 56 p. 355-371). (19<strong>15</strong>).<br />
E. ULE. — Relatório <strong>de</strong> uma excursão botânica na Serra <strong>do</strong> Itatiaia. (Revista <strong>do</strong><br />
Museu Nacional <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> vol. I. p. 185-223).
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Plagiogyria Fiallio (Féc & Glaz.) Copei.<br />
ESTAMPA I
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Dryoptcris jatwirctisis Rosenst<br />
ESTAMPA II
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Polystichum Bra<strong>de</strong>i Roseust<br />
ESTAMPA III
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Polysticlium Rocliolcanitm Glaz.<br />
ESTAMPA IV
RODRIGUÊSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
I. Asplcnium Tamandarci Rosent. (Bra<strong>de</strong> 6453)<br />
II. Polypodium Tamandarci Rosenst. (Bra<strong>de</strong> 6466)<br />
ESTAMPA V
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
I. Btcchnnm andinnm (Bak.) C. Chr. (Herb. J. Bot. 30792)<br />
II. Blecknum penna-marina (Poir.) Kuhn. (Herb. J. Bot. 30791).<br />
ESTAMPA VI
RODRIGUÊSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Doryopteris itatiayensis Crist<br />
ESTAMPA VII
RODRIGUÊSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Elaphoglossum itatiayense Rosenst<br />
ESTAMPA VIII
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Lycopodium Jussiaci Desv.<br />
ESTAMPA IX
A NOVA SISTEMÁTICA<br />
POR<br />
HONORIO MONTEIRO FILHO<br />
Prof. <strong>de</strong> Botânica da Escola Nacional <strong>de</strong> Agronomia<br />
E' evi<strong>de</strong>nte que, nestes últimos anos, as vistas <strong>do</strong>s botânicos teem se<br />
volta<strong>do</strong> com orientação mais científica para a Taxinomia.<br />
Se examinarmos, com o espírito livre <strong>de</strong> preconceitos <strong>de</strong> Escola, a<br />
evolução <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> classificação vegetal, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ARISTóTELES, TEó-<br />
FRASTES, PLINIO e outros pioneiros <strong>do</strong>' estu<strong>do</strong> das plantas, até os mo<strong>de</strong>rnos<br />
sistemas <strong>de</strong> ENGLER (2), WETTSTEIN (3), IIUTCíIINSON (4), verificaremos<br />
que as diretrizes principais que guiam as pesquisas, nesse setor, teem<br />
oscila<strong>do</strong> entre meros princípios arbitrários, com o intuito puro e simples<br />
<strong>de</strong> metodizar o estu<strong>do</strong>, e profundíssimas linhas filosóficas — como as cogitações<br />
filogenéticas — que, pairan<strong>do</strong> ainda no campo exclusivamente hipotético,<br />
não teem ti<strong>do</strong>, no entanto, aplicação que possamos chamar <strong>de</strong><br />
construtiva no <strong>do</strong>mínio da Botânica.<br />
. Não queremos dizer que a Sistemática não tenha si<strong>do</strong> científica, nem<br />
presta<strong>do</strong> serviços à Biologia. Longe <strong>de</strong> nós. Pelo contrário, ao nosso ver,<br />
tem si<strong>do</strong>, talvez, o capítulo da Biologia que mais serviços tem presta<strong>do</strong> na<br />
esfera rigorosamente científica e cujos progressos teem si<strong>do</strong> os mais rápi<strong>do</strong>s<br />
e seguros. Uma vista retrospectiva da evolução da Botânica mostra,<br />
com efeito, que tem si<strong>do</strong> a Taxinomia o capítulo que mais tem avança<strong>do</strong>.<br />
Talvez, mesmo, à sua custa ou graças a ela é que teem si<strong>do</strong> feitas as maiores<br />
<strong>de</strong>scobertas, quer no campo da Fisiologia, quer no da Histologia, da Citologia,<br />
da Bioquímica e da Genética.
— 46 —<br />
Se, porem, a Taxinomia tem si<strong>do</strong> construída sobre bases inegavelmente<br />
científicas, alargan<strong>do</strong> o campo <strong>de</strong> pesquisas da ciência botânica, para<strong>do</strong>xalmente,<br />
científico não tem si<strong>do</strong> o seu escopo.<br />
A própria classificação natural <strong>de</strong> JUSSIEU, profundamente científica,<br />
no seu fun<strong>do</strong> e na origem <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o sistema mo<strong>de</strong>rno, foi a<strong>do</strong>tada, mais como<br />
mero processo <strong>de</strong> arranjamento <strong>de</strong> jardins botânicos, herbários e <strong>de</strong><br />
trabalhos <strong>de</strong>scritivos (conceito fitográfico <strong>de</strong> DE CANDOLLE), <strong>do</strong> que como<br />
méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> pesquisa científica.<br />
Porque, é preciso acentuar que a mo<strong>de</strong>rna Taxinomia nos conduz,<br />
pelas consi<strong>de</strong>rações que nos po<strong>de</strong> sugerir a "Nova Sistemática", à conclusão<br />
inevitável <strong>de</strong> que a Sistemática é, antes, um méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> que um objeto,<br />
no campo das cogitações biológicas.<br />
O conceito, implicitamente científico, <strong>de</strong> JUSSIEU, foi logo, pelo aparecimento<br />
das teorias evolucionistas, <strong>de</strong>svia<strong>do</strong> para o plano filosófico,<br />
on<strong>de</strong>, até hoje, tem paira<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> a filogenia a constituir o objetivo hipotético<br />
e inatingível (falamos <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista estritamente positivo da<br />
real atualida<strong>de</strong> científica), da Taxinomia, até os nossos dias.<br />
Afirmamos ser inatingível o atual objetivo da Sistemática, porque, se<br />
basean<strong>do</strong> em um conceito <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> histórica, (ou, antes, pré-histórica}<br />
e sen<strong>do</strong> esse conceito profundamente diverso da verda<strong>de</strong> cientifica, não<br />
nos parece atingível pelos méto<strong>do</strong>s científicos.<br />
A própria utopia <strong>de</strong> VAVíLOV, estabelecen<strong>do</strong> que a Nova Sistemática,<br />
nos trazen<strong>do</strong> melhor conhecimento da evolução, po<strong>de</strong>rá aumentar as possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> governarmos os processos evolutivos, levan<strong>do</strong>-nos logicamente<br />
para integrações e sínteses (5-pag. 3-trad. nossa), não resolve o problema.<br />
Pois, ainda que venhamos a conseguir realizar sínteses, não somente<br />
<strong>de</strong> espécies, mas, até <strong>de</strong> grupos taxinômicos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mais elevada, isso<br />
não provará, <strong>de</strong> maneira alguma, que a seqüência que pudéssemos obter,<br />
experimentalmente, fosse a que se tivesse processa<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> espontâneo,<br />
na história evolutiva <strong>do</strong>s seres naturais.<br />
Exemplifiquemos: se pudéssemos obter, experimentalmente, malvaceae,<br />
partin<strong>do</strong> <strong>de</strong> sterculiaceae, isso não provaria em absoluto, que as<br />
malvaccae <strong>de</strong>rivaram, pre-historicamente,' daquela família botânica; po<strong>de</strong>riam<br />
ter si<strong>do</strong> <strong>de</strong>rivadas, diríamos, das bombacaceae, por um processo <strong>de</strong><br />
diferenciação, diverso <strong>do</strong> que empregássemos em nossas experiências.<br />
Analogicamente: o fato <strong>de</strong> conseguirmos obter água, nos laboratórios,<br />
fazen<strong>do</strong> atuar, digamos, áci<strong>do</strong> sulfúrico sobre hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> bário, não
— 47 —<br />
prova que fosse essa a marcha da evolução <strong>do</strong> protóxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> hidrogênio, em<br />
a natureza. Tornemo-nos, ainda, mais claros: a obtenção da espécie química<br />
água, nos laboratórios, partin<strong>do</strong> da ação <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> sulfúrico sobre o<br />
hidróxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> bário, não prova que, na evolução da crosta terrestre, fosse<br />
este o processo que originou o seu aparecimento.<br />
Precisamos, não obstante, fixar o nosso ponto <strong>de</strong> vista.<br />
Qual o caráter científico da Nova Sistemática?<br />
Em que a Sistemática constitue um méto<strong>do</strong> e não um objeto nas ciências<br />
biológicas?<br />
Preliminarmente, estabeleçamos que admitimos como caráter científico,<br />
antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, a generalida<strong>de</strong> e a conseqüente previsibilida<strong>de</strong>. "II n'y<br />
a science que du general" disse HENRI POINCARé, algures; e, algures, afirmou<br />
COMTE: "Ciência, logo, previsão".<br />
Esses <strong>do</strong>is atributos, o segun<strong>do</strong>, corolário <strong>do</strong> primeiro, se encontram<br />
em um grau apreciável, na chamada Nova Sistemática.<br />
Com efeito, a Sistemática tradicional, baseada principalmente na<br />
morfologia externa <strong>do</strong>s vegetais, com muito ligeira <strong>do</strong>sagem, principalmente<br />
para os grupos inferiores, <strong>de</strong> fisiologia da reprodução, estava<br />
hem longe <strong>de</strong> atingir aqueles <strong>do</strong>is preceitos essenciais.<br />
"Se a Sistemática for limitada à Fitografia (incluin<strong>do</strong>, como foi originalmente<br />
feito por DE CANDOLLE, a nomenclatura) ou se a Taxinorma<br />
for baseada na especulação,f-ilogenética, a classificação dificilmente po<strong>de</strong>rá<br />
pleitear uma posição verda<strong>de</strong>iramente elevada" (5-pág. 1—trad. nossa).<br />
Mo<strong>de</strong>rnamente, há uma acentuada tendência para libertar a Sistemática<br />
<strong>do</strong> escopo hipertranscen<strong>de</strong>nte das relações filogenéticas, como também,<br />
fazê-la ascen<strong>de</strong>r na hierarquia <strong>do</strong>s conhecimentos humanos, <strong>de</strong> simples nomenclatura<br />
ou mera história (fitografia) a um nivel mais eleva<strong>do</strong>, no complexo<br />
<strong>do</strong>s conhecimentos biológicos.<br />
Assim, no interessante comentário sobre o recente livro coletivo <strong>de</strong> 583<br />
páginas: "The New Sistematics" (6), publica<strong>do</strong> pela Association fcr the<br />
Study of Systematics, j. A. TURRILL, já cita<strong>do</strong> linhas acima, assinala que<br />
aquelas tendências, a que nos referimos no perío<strong>do</strong> anterior, são, sem dúvida,<br />
no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> atingir o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma classificação nas bases, as mais<br />
latas, da qual o maior número <strong>de</strong> predicoes possa ser feito (5-pág. 1 —•<br />
trad. nossa).<br />
Eis, aí, <strong>de</strong> maneira a mais clara possível, conferi<strong>do</strong> à Nove Sistemática<br />
o seu caráter eminentemente científico <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> e previsão.
— 48 —<br />
É, ainda, por outras palavras, o conceito <strong>de</strong> BREMEKAMP (7), que um<br />
sistema c tanto mais util, quanto maior número <strong>de</strong> informações forneça<br />
<strong>do</strong>s vários grupos; e, mais, (BREMEKAMP e GILMOUR) (8) : o alvo da taxinomia<br />
é construir uma classificação a respeito da qual,possa ser formula<strong>do</strong><br />
o maior número <strong>de</strong> proposições a respeito <strong>de</strong> seus grupos (9-pág. n. 217<br />
— trad. nossa).<br />
Estas condições <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> e previsibilida<strong>de</strong> a Sistemática só<br />
po<strong>de</strong>rá atingir aprofundan<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> subordinação e valor <strong>do</strong>s caracteres<br />
.<br />
Examinemos a primeira condição: generalida<strong>de</strong>.<br />
É antigo o conceito <strong>de</strong> JUSSIEU, <strong>de</strong> classificação natural por oposição<br />
ao <strong>de</strong> artificial.<br />
A dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> conceito, quasi subconciente, <strong>de</strong> natural, levou j. s.<br />
GILMOUR e w. B. TURRILL a proporem (1. c.) o uso da frase: "classificação<br />
geral", para substituí-lo. (*)<br />
A generalida<strong>de</strong> será obtida, como acentuam esses autores (1. a), pela<br />
máxima correlação <strong>do</strong>s atributos.<br />
Mas, não será o estu<strong>do</strong> exhaustivo <strong>de</strong> cada grupo taxinômico, estabelecen<strong>do</strong><br />
to<strong>do</strong>s os seus atributos e tabelan<strong>do</strong>-os, <strong>de</strong>pois, para obter grupos<br />
cada vez mais gerais, que atingirá esse fim.<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente, há uma noção hierárquica que estabelece valores diferentes<br />
para os diferentes atributos; e o conceito acima expresso, <strong>de</strong> "máxima<br />
correlação", encontra séria dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação e, quiçá, aparente<br />
contradição.<br />
Exemplifiquemos: Dois grupos taxinômicos, digamos duas espécies,<br />
que apresentem 100 atributos comuns referentes a dimensões da folha, dimensões<br />
<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s bor<strong>do</strong>s foliares, peso e cor das folhas, dimensões<br />
<strong>do</strong>s entrenós, etc, e que divirjam em 5 atributos, como soldaduras das pétalas,<br />
posição <strong>do</strong> ovário, forma <strong>do</strong> polen, etc, se afiguram aos olhos <strong>de</strong><br />
qualquer taxinomista conciencioso, como muito menos relacionadas <strong>do</strong> que<br />
duas espécies que possuam esses 5 atributos comuns, embora divirjam naqueles<br />
100.<br />
(*) "We suggest, howevcr, that the word natural has become so confuse in<br />
meaning, that it would be better to use the phrase " general classif ication", thus implying<br />
its comprehensible nature" (9-pág. 218).'
— 49 —<br />
Se, porem, entrarmos com a noção <strong>do</strong> valor <strong>do</strong>s caracteres (10-pág.<br />
''). a contradição po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>saparecer, pois, a expressão — máxima correlação<br />
— po<strong>de</strong>rá significar a somatória <strong>do</strong>s valores <strong>do</strong>s caracteres.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a noção <strong>de</strong> subordinação nos leva a estabelecer que,<br />
se <strong>do</strong>is grupos apresentam <strong>de</strong> comum certo número <strong>de</strong> atributos, <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> valor, como caracteres, estes, forçosamente, acarretariam gran<strong>de</strong><br />
número <strong>de</strong> atributos comuns ou correlatos <strong>de</strong> menor valor. Isto nos conduz<br />
a outra noção <strong>de</strong> valor <strong>do</strong> caráter, diversa da que estabelecemos em nosso<br />
trabalho acima cita<strong>do</strong>.<br />
O valor <strong>do</strong> trabalho, como subordinante. será, <strong>de</strong>sta maneira, medi<strong>do</strong><br />
pelo número <strong>de</strong> atributos, a si correlatos. Por outras palavras, se<br />
or<strong>de</strong>narmos diferentes grupos taxinômicos, em relação a certo caráter,<br />
o número <strong>de</strong> atributos, em relação aos quais ele fica automaticamente or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>,<br />
medirá o seu valor como subordinante.<br />
Assim, <strong>do</strong>is grupos taxinômicos, aproxima<strong>do</strong>s por 5 atributos comuns<br />
da or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s acima supostos (soldadura das pétalas, etc), apresentarão,<br />
certamente, muito maior número e outros atributos comuns <strong>do</strong> que se essa<br />
aproximação for feita em relação àqueles 100, <strong>de</strong> nossa hipótese <strong>de</strong> há<br />
pouco.<br />
Desse ponto <strong>de</strong> vista, po<strong>de</strong>-se, então, conceber como <strong>de</strong>terminada classificação<br />
possa ser estabelecida, baseada em número limita<strong>do</strong> <strong>de</strong> caracteres,<br />
sem que a totalida<strong>de</strong>, ou mesmo gran<strong>de</strong> número <strong>do</strong>s atributos tenha si<strong>do</strong> examinada;<br />
e, por isso mesmo, em virtu<strong>de</strong> da generalida<strong>de</strong>, ela se torna fecunda,<br />
pela previsibilida<strong>de</strong>.<br />
Essa previsibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> até atingir o campo das aplicações econômicas.<br />
Exemplifiquemos: pela análise <strong>de</strong> pequeno número <strong>de</strong> atributos,<br />
tais como, forma <strong>do</strong> fruto, corola e tubo estaminal. po<strong>de</strong>-se reconhecer se<br />
uma planta, qüe se examina pela primeira vez. pertence ao grupo das<br />
'"malvacca". conclusão esta que nos levará, pela correlação <strong>do</strong>s caracteres,<br />
a prever que apresentará fibras têxteis no seu esclerênquima liberiano.<br />
Já que chegamos à segunda condição científica da Nova Sistemática, a<br />
previsibilida<strong>de</strong>, é útil assinalarmos uma modalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atributos, a qual<br />
tem si<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>mente examinada, más que achamos <strong>do</strong> mais alto. valor:<br />
é o atributo, não como subordinante, mas, como condicionante.<br />
A primeira noção é evi<strong>de</strong>ntemente morfológica, portanto, estatística,<br />
enquanto que a segunda é fisiológica, logo, causai.<br />
701.064 — F. 4
— 50 —<br />
Tornemo-nos explícitos.<br />
Os atributos <strong>de</strong> uma planta adulta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, forçosamente, <strong>do</strong>s atributos<br />
<strong>do</strong> embrião.<br />
Verifica-se, por exemplo, que plantas possuin<strong>do</strong> <strong>do</strong>is cotilé<strong>do</strong>nes no<br />
embrião, terão geralmente um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> atributos comuns, na<br />
planta adulta, v. g.: — nervuras anastomosadas, crescimento endógeno <strong>do</strong> •<br />
caule, tipo aritmético da flor igual a 5 ou 4, etc.<br />
O número <strong>de</strong> cotilé<strong>do</strong>nes é. portanto, um caráter sobordinante daqueles<br />
.<br />
Vai gran<strong>de</strong> a diferença a estabelecer-se que os
— 51 — •<br />
que são inteiramente correlatas com os da<strong>do</strong>s da Fitogeograíia (13), é bastante<br />
conclu<strong>de</strong>nte.<br />
E a Nova Sistemática está inteiramente <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com esse ponto <strong>de</strong><br />
vista. Basta percorrer o sumário <strong>do</strong>s capítulos <strong>do</strong> volume edita<strong>do</strong> por<br />
HUXLEY (6), para se-notar o quanto são atuais essas cogitações.<br />
Entre nós, já o prof. A. J. DE SAMPAIO (14,<strong>15</strong>, etc.) tem se bati<strong>do</strong><br />
pela importância da questão. De justiça é, também, citarmos, entre outros,<br />
<strong>do</strong>is nomes <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res, cujos trabalhos, nesse setor, po<strong>de</strong>m ser qualifica<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los a seguir, em tão difícil campo <strong>de</strong> Biologia objetiva.<br />
Queremos nos referir a CAMPOS GÓES e a NASCIMENTO FILHO, ambos<br />
<strong>do</strong> Brasil.<br />
O primeiro, já há anos, vem se <strong>de</strong>dican<strong>do</strong> à Citologia <strong>de</strong> plantas econômicas;<br />
e seus trabalhos Cromosômios <strong>do</strong> AUjo<strong>do</strong>eiro Quebradinho (16)<br />
e Cromosômios <strong>do</strong> Gênero Gossypium (17) elucidaram a posição taxinômica<br />
<strong>de</strong> tipos regionais <strong>do</strong> gênero Gossypium, frente às secções asiática<br />
e americana, prestan<strong>do</strong>, assim, gran<strong>de</strong> serviço, tanto à Sistemática, como<br />
à Genética.<br />
Quanto a NASCIMENTO FILHO, foi ele — entre os jovens — o primeiro<br />
no Brasil a empregar a Citologia, para resolver problemas <strong>de</strong> Botânica, se<br />
guin<strong>do</strong> o exemplo <strong>de</strong> mestres, como KRUG, GRANER, TEIXEIRA MENDES<br />
e outros.<br />
Que ao seu estu<strong>do</strong>, intitula<strong>do</strong> Os cromosômios <strong>do</strong> gênero Sida. se<br />
sigam outros <strong>de</strong> igual valia e utilida<strong>de</strong>.<br />
Finalizan<strong>do</strong>, é preciso acentuar a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entendimento, cada<br />
vez maior, entre citologistas, geneticistas, fisiologistas, ecologistas e sistematas,<br />
para que o escopo da Nova Sistemática — a máxima correlação<br />
<strong>do</strong>s caracteres —• seja atingi<strong>do</strong>. Não somente, no interesse da ciência pura,<br />
mas, também, no das utilissimas aplicações da Botânica Econômica. A conseqüente<br />
previsibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s vantagens inúmeras propiciará.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1) — HAWKS, ELLISON — Pioneers of Plant Study, Lon<strong>do</strong>n, 1928.<br />
2) — ENGLEE, A e DIELS, L. — Syllabus <strong>de</strong>r Pfhnsenfantilien, Berlin, 1936<br />
3) — WETTSTEIN — Hímdbucli <strong>de</strong>r Systematischen Botanik. Lipsia e Viena 4. H<br />
ed. 1933.<br />
4) — HUTCHIXSON — The Families of Floiveriny Plants, 2 vol. Lon<strong>do</strong>n, 1926.
5) — TURRILL, J. A. — The New Sfeteinatics. Chr. Bot., vol. Vl-n 1,<br />
(Oct. 1940). Pág. 1-3.<br />
6) — HUXLEY, J. — Th? New Systematics, Oxford, 1940.<br />
7) — BREMEKAMP — Phylogenetic interpretaiions and genetics concepts in taxonomy,<br />
Chr. Bot., V-390 (1939).<br />
8) —BREMEKAMP & GILMOTJR— Nature, July, 1937, Pág. 1910, Apud J. S. L.<br />
Gilmour e W. li. Turrill in (9).<br />
9) — GILMOUR, J. S. I.. & TURKIL, \V. B. — The Aim and Scopc of Taxonomy,<br />
Chr. Bot. VI: 10-217, 219 (Feb. 1941).<br />
10) — MONTEIRO FILHO, H. DA C. — Invariàntcs Biológicos. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, 1937.<br />
11) — MONTEIRO FILHO. II. DA C. — Introd sófica ao Estu<strong>do</strong> da Botânica.<br />
Agronomia, vol. I, n. 1-14-16, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, (<strong>Janeiro</strong> 1942).<br />
12) — AQUI.VO, S. THOMAZ — De Perfectiofte Vitae Spiritualis.<br />
13) — KEARNEY, T. H. — Cotton — Htstory. Botony and Genetics (trai francesa <strong>de</strong><br />
J. Trochain, "Revue <strong>de</strong> Botan. Appliquée et d'Agr. Tropicale" <strong>Janeiro</strong><br />
-933, p. 51-58.<br />
14) — SAMPAIO, A. J.. DE — Genética c Sistemático experimental <strong>do</strong> cajeeiro<br />
Boi. <strong>do</strong> D.N.C.; 1936, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />
<strong>15</strong>) —• SAMPAIO, A. J. DE — Sistemática <strong>do</strong>s Algo<strong>do</strong>eiros. Algodão. II-l. <strong>Janeiro</strong><br />
1935, pág. 7-9, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />
16) — CAMPOS GóKS, O. — Cromósômios <strong>do</strong> Algo<strong>do</strong>eiro Quebradinho. An. da l. a<br />
Reun. Sul Amer. <strong>de</strong> Bot., <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, II1-325-329.<br />
17) — CAMPOS GóES, O. — Cromósômios <strong>de</strong> Gênero Gossypium. TI — Algo'<strong>do</strong>eiro<br />
Moco. Arq. <strong>do</strong> Serv. Flor., 1-2-Outuh. 1941 — Pág. 2-8.<br />
18) — Atas das Reuniões da 1.* Reun. Sul Am. <strong>de</strong> Bot., <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, 1938 —<br />
An., 1-171.<br />
19) — NASCIMENTO FILHO, A. C. — Os cromósômios <strong>do</strong> gênero Sida — Boletim da<br />
Soe. Brás. <strong>de</strong> Agron., IV-1: Março 1941-6771. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.
DMA NOVA ESPÉCIE DO GÊNERO MARIETTA Motsch.<br />
(Chalci<strong>do</strong>i<strong>de</strong>a Aphelíni<strong>de</strong>a).<br />
POR<br />
JALMIREZ G. GOMES<br />
Gênero Marictta .Motsch.. 1863<br />
Marietta Motschulskv, Boll. Soe. Xat., Moscòw, 31:51,1863,<br />
Perissopterus Howard, U. S. D. Agr. Bur. Entom. Tec. Serv. número<br />
1:20.1895.<br />
Paraphytis Compere, Trans. Am. Entom. Soe, 51:129-130, 1925-<br />
Marietta, Compere, Univ. Calif. ÊHibl. Entom., 6..12:306-3<strong>15</strong>, 1936.<br />
O gênero Marictta, cria<strong>do</strong> por MOTSCHULSKV, em 1863, compreen<strong>de</strong><br />
certo número <strong>de</strong> espécies da família -Iplicliuidac. as quais apresentam,<br />
como característica principal, manchas ou máculas nas asas e no corpo<br />
(por exceção, M. conureta Comp. tem o disco alar <strong>de</strong>stituí<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas manchas)<br />
.<br />
Pelo conceito atual <strong>de</strong> alguns autores, espécies que outrora eram classificadas<br />
como Perissopterus Howard, 1895, passaram ao grupo Marictta.<br />
da<strong>do</strong> que as diferenças apontadas entre esses <strong>do</strong>is gêneros (conforma<strong>do</strong><br />
das antenas <strong>do</strong>s machos e estrutura <strong>do</strong>s <strong>de</strong>senhos alares) não constituíam<br />
caracteres fundamentais <strong>de</strong> diferenciação genérica.<br />
FERRIéRE (4), tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> parasitismo <strong>de</strong> Marietta javensis (Howard),<br />
sobre Tachardia laça Kerv., está entre os que não admitem tal<br />
distinção. COMPERE (6), seguin<strong>do</strong> a norma <strong>do</strong>s autores que teem consi<br />
<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> a sinonimia entre Marictta e Perissopterus. réune todas as espécies<br />
conhecidas, até aquela época, sob a <strong>de</strong>nominação <strong>do</strong> gênero <strong>de</strong><br />
MQTSCHULSKY, adiantan<strong>do</strong> que "species in which the male antennae are
— 54 —<br />
five-jointed. as well as those with six-jointed antennae, are assigned to<br />
Marietta. The type species, Marietta Icopardiua Motschulsky, is unknown<br />
to lhe writer. In using the generic name Marietta instead of Pcrissoptertis<br />
the prece<strong>de</strong>nt of other authors is followed except that genera foun<strong>de</strong>d,<br />
exclusively on the difference of a single joint in the male antennae are<br />
not recognized".<br />
Da chave específica que esse autor apresenta são excluídas várias<br />
espécies, pelo fato das <strong>de</strong>scrições originais serem ina<strong>de</strong>quadas ou carecerem<br />
<strong>de</strong> bons caracteres. Notamos, entretanto, que, nesse seu trabalho,<br />
omitiu, sem qualquer referência, a espécie da Argentina, Marietta cari<strong>de</strong>i,<br />
<strong>de</strong>scrita por BRETHES em 1918, e cujos <strong>de</strong>senhos e <strong>de</strong>scrição se prestam<br />
convenientemente à diagnose, (3). ,<br />
MARIETTA COSTA-LIMAI n. sp.<br />
(figs. 4-9)<br />
Fêmea — Coloração geral <strong>do</strong> corpo: branco-iri<strong>de</strong>scente, no inseto<br />
vivo; f ronto-vertex amarelo ocraceo; olhos com pilosidadt evi<strong>de</strong>nte, par<strong>do</strong><br />
negra, com exceção da parte apical que é amarela; anéis articulares<br />
obscuros; escapo, pedicelo e terceiro articulo <strong>do</strong> funículo esbranquiça<strong>do</strong>s;<br />
clava aproximadamente <strong>do</strong> tamanho <strong>do</strong>' escapo e duas vezes e meia maicr<br />
que o penúltimo artículo antenal. Dorso <strong>do</strong> tórax reticula<strong>do</strong>; pronoto<br />
amarela<strong>do</strong>, com duas faixas obscuras, medianas, longitudinais e paralelas,<br />
que se dirigem para a região prosternal; mesoescuto, escutelo, axilas<br />
e parapsi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coloração amarelo-citrina, com cerdas par<strong>do</strong>-negras, <strong>de</strong><br />
diferentes dimensões. Abdômen com o ápice orla<strong>do</strong> <strong>de</strong> negro e, na face<br />
<strong>do</strong>rsal, manchas transversais, escuras, situadas, a primeira sobre quasi<br />
toda a largura <strong>do</strong> 1." segmento, geralmente em conexão com uma segunda,<br />
mais estreitada, sobre o 2.° segmento, e, finalmente, uma terceira, não<br />
tão larga como as duas primeiras, abrangen<strong>do</strong> o 5.° e 6.° segmentos, cie<br />
forma aproximadamente triangular. Bor<strong>do</strong> posterior <strong>do</strong> escutelo com eufuscamento<br />
para as partes laterais, continuan<strong>do</strong>-se pelo centro em duas<br />
faixas discais, longitudinais distintamente paralelas para o bor<strong>do</strong> anterior.<br />
Segmento intermediário amarelo pela face <strong>do</strong>rsal, apresentan<strong>do</strong>-se<br />
enegreci<strong>do</strong> nos ângulos anteriores, meio <strong>de</strong> bor<strong>do</strong> anterior e to<strong>do</strong> o posterior.<br />
Asas hialinas: as anteriores com ligeiro enfuscamento <strong>de</strong>baixo <strong>do</strong><br />
protostígma, e. no disco, <strong>de</strong>senhos irregulares obscuros, dispostos como na
— 55 —<br />
figura, forma<strong>do</strong>s por pelos negros e conspicuos; pilosida<strong>de</strong> discai das<br />
asas uniforme. Tarsos amarelos com garras par<strong>do</strong>-negras; as tíbias e os<br />
fêmures <strong>de</strong> coloração mais clara. Metatarsos ligeiramente obscuros. Fêmures<br />
posteriores com mancha negra na face externa, situa<strong>do</strong> no terço<br />
inferior e outra, bem menor, da mesma cor, na face interna, nas imediações<br />
da extremida<strong>de</strong> superior; tíbias <strong>do</strong> par posterior com duas manchas<br />
negras, irregularmente andadas, nos terços médio e superior; tíbias<br />
médias com pequena mancha negra no meio da face externa e outra<br />
maior, da mesma cor, longitudinal e estreita, situada na meta<strong>de</strong>, superior<br />
«a face interna; esporão amarelo, quasi tão compri<strong>do</strong> como o metatarso<br />
correspon<strong>de</strong>nte; fêmures medianos com estreita mancha escura, longitudinal,<br />
voltada para a face superior; parte média das tíbias anteriores com<br />
mancha anelar negra e os fêmures com enfuscamento nas faces internas<br />
e externas. Mesoescuto mais se<strong>do</strong>so que as <strong>de</strong>mais partes torácicas, com<br />
quatro cerdas proeminentes, sen<strong>do</strong> um par em linha transversal, na parte<br />
posterior, um pouco afastada <strong>do</strong> bor<strong>do</strong>, e uma em cada ângulo lateral:<br />
ângulos laterais <strong>do</strong> pronoto com três cerdas mais proeminentes, dispostas<br />
transversalmente, sen<strong>do</strong> a interna menor que as outras duas e mais próxima<br />
da curvatura <strong>do</strong> bor<strong>do</strong> posterior; parapsi<strong>de</strong>s com três únicas cerdas,<br />
sen<strong>do</strong> a intermediária mais próxima da externa, <strong>de</strong> tamanho bem menor;<br />
axilas com única cerda discai; mesoescutelo aparentemente da mesma largura<br />
<strong>do</strong> mesoescuto, com quatro cerdas fortes, sen<strong>do</strong> duas na parte posterior,<br />
dispostas como as <strong>do</strong> par <strong>do</strong> mesoescuto, porem, mais afastadas entre<br />
si, e uma <strong>de</strong> cada la<strong>do</strong>. próxima da linha <strong>de</strong> sutura com as axilas. Ovipositor<br />
pouco saliente.<br />
Comprimento : 0,887 mm.<br />
Macho — Um pouco menor. Abdômen inteiramente negro. Clava e<br />
funículo das antenas par<strong>do</strong>-enfusca<strong>do</strong>s. Asas anteriores <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos<br />
obscuros e <strong>do</strong> aspecto apresenta<strong>do</strong> na figura. Pernas posteriores<br />
com a meta<strong>de</strong> superior das tíbias obscura; fêmures. <strong>do</strong> la<strong>do</strong> externo, não<br />
totalmente mancha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> escuro e as coxas par<strong>do</strong>-negras; fêmures das<br />
pernas médias, externamente e próximo da extremida<strong>de</strong> basal, com pequena<br />
mancha negra e tíbia enfuscada na meta<strong>de</strong> inferior.<br />
Comprimento : 0,734 mm.<br />
Descrita <strong>de</strong> 12 fêmeas e 9 machos (holótipo, alótipo. e parátipo)<br />
obti<strong>do</strong>s pelo autor <strong>de</strong> Chrysomphalus aonidum (L), sobre folhas <strong>de</strong> Ci-
— 56 —<br />
tnis sinensis Cab. no Km. 34, da Estrada <strong>Rio</strong>-São Paulo, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong>, em <strong>15</strong>-1-40.<br />
10 exemplares fêmeas e 6 machos monta<strong>do</strong>s em bálsamo, 2 fêmeas<br />
e 3 machos em tubo capilar (meio glicerina<strong>do</strong>) nos Gabinetes <strong>de</strong> Entornologia<br />
da'Escola Nacional <strong>de</strong> Agronomia e da Divisão <strong>de</strong> Defesa Sanitária<br />
Vegetal, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
MF.KCKT. R. G.<br />
1 — 1912 — Los enemigos <strong>de</strong> los parasitos <strong>de</strong> Ias plantas. Los Afelininos. Mus.<br />
Cienc. Nat, Madrid, n. 10, p. 306.<br />
2 _ 1930 — Los Afelinos <strong>de</strong> Espana. 2.» Parte.<br />
Rev. Biol. Florest. Limn., 11, B-2, pp. 29-106.<br />
MASSINI, P. C. e BRETHKS, J.<br />
3 — 1918 — Nyevas plagas y sus enemigos naturales. Trcs nuevas cochinillas argentinas<br />
y sus parasitas.<br />
Ann. Soe. Rur. Argent., ano LIII, vol. 52.<br />
EEERIEBE, C.<br />
4 — 1935 — The Chalci<strong>do</strong>id parasites of Lac insects.<br />
Buli. EjJtom. Res., 26 pt. 3:391-406.<br />
BLAN< IIAIíI), E. E.<br />
5 — 1936 — Apuntes sobre Cálçi<strong>do</strong>i<strong>de</strong>s argentinos, nuevos e conoci<strong>do</strong>g.<br />
Rev. Soe. Entom. Argent, vol. VIII, pp. 7-32.<br />
COMPéRE, II.<br />
6 — 1936 ^- Notes pn tbe classifieation of thc Aphelinidae witli <strong>de</strong>seriptions of new<br />
specíes.<br />
Univ. Calif. Pttb. Entom. 6(12) :277-321.<br />
DE SAXTIS. L.<br />
7— 1940 — Lista <strong>de</strong> Himenopteros parasitos preda<strong>do</strong>res <strong>de</strong> los insectos <strong>de</strong> !:i Republica<br />
Argentina.<br />
Boi. Spç. Brás. Agrou., IV (1): 1-66.<br />
Fig. l:.asa anterior da Ç<br />
" 2: asa anterior <strong>do</strong> g<br />
Fig. 3: antena da $<br />
" 4: perna posterior da Ç<br />
5: abdômen <strong>do</strong> $<br />
" 6: antena <strong>do</strong> $<br />
LEGENDA DAS FIGURAS<br />
Estampa I<br />
Estampa II<br />
MARIETA COSTA LIMAI U. sp.
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
ESTAMPA I
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
ESTAMPA 11
NOTAS SOBRE POLYPORÜS SAPUREMA Mòller<br />
POR<br />
A. F>. VIÉGAS, D. PU.<br />
• Chefe da Secção <strong>de</strong> Botânica <strong>do</strong> Instituto<br />
Agronômico <strong>do</strong> Campinas<br />
No dia 27 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1938, o sr. JOãO F. DA CUNHA, chefe da Estação<br />
Experimenta] <strong>de</strong> Ubatuba, conduziu-nos a examinar enorme escleródio<br />
<strong>de</strong> Polyperus sapurema Mõller, em bananal novo, próximo à se<strong>de</strong><br />
daquela Estação. Segun<strong>do</strong> nossos cálculos, esse escleródio, separa<strong>do</strong> em<br />
partes que se ajustavam e mesmo já quebra<strong>do</strong> pelos trabalha<strong>do</strong>res que proce<strong>de</strong>ram<br />
à limpeza <strong>do</strong> bananal, <strong>de</strong>veria pesar, quan<strong>do</strong> intacto, mais <strong>de</strong> 50<br />
quilos.<br />
Um pedaço, pesan<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 6 quilos, 1"i trazi<strong>do</strong> para o laboratório,<br />
em Campinas. Esse pedaço, mais afasta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais, frutificara no local,<br />
como atestava um píleo <strong>de</strong>sfeito, ainda preso lateralmente.<br />
Como DRI M.MüXD (2) já havia referi<strong>do</strong>, os escleródicos <strong>de</strong> Polypõrus<br />
sapurema, semelhantes a granito, em sua estrutura, adquirem, à umida<strong>de</strong>, um<br />
caráter semelhante à borracha dura. Ao serem percuti<strong>do</strong>s, ce<strong>de</strong>m, e a pancada<br />
produz um som cavo.<br />
O pedaço trazi<strong>do</strong> a Campinas foi posto em câmara úmida, por <strong>do</strong>is<br />
meses, na estufa. A umida<strong>de</strong> da câmara foi mantida em saturação, por meio<br />
<strong>de</strong> fetos e pés fie fumo planta<strong>do</strong>s em rasos, coloca<strong>do</strong>s propositadamente ali.<br />
Se bem que o pedaço houvesse frutifica<strong>do</strong> uma vez. aguardávamos um<br />
segun<strong>do</strong> píleo, para estu<strong>do</strong>s. Foi quan<strong>do</strong> o sr.RAUL i>. GONÇALVES, que se<br />
vem interessan<strong>do</strong> pelo estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> P. sapurema, nos aconselhou passar o<br />
escleródio para vaso gran<strong>de</strong>, sobre "sphagnum"' úmi<strong>do</strong>. A mudança foi altamente<br />
favorável. Alais <strong>do</strong>is meses se passaram e o primeiro pileo apareceu<br />
(%• D.
— 58 —<br />
Em 26 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1938, a pedi<strong>do</strong> nosso, recebíamos das mãos <strong>do</strong><br />
sr. ALVARO uos SANTOS COSTA duas novas frações <strong>do</strong> mesmo escleródio, "para<br />
estu<strong>do</strong>. Uma <strong>de</strong>stas foi cortada, para nos inteirarmos <strong>de</strong> sua estrutura<br />
interna, e, a seguir, os três pedaços resultantes foram acama<strong>do</strong>s em vaso.<br />
sobre "sphagnum".<br />
To<strong>do</strong>s eles germinaram. Obtivemos até, <strong>do</strong> primeiro trazi<strong>do</strong>, <strong>do</strong>is<br />
novos corpos <strong>de</strong> frutificação.<br />
DES E N VOLVI M E N TO<br />
Os corpos <strong>de</strong> frutificação nascem lateralmente no escleródio (fig. li.<br />
Fototrópico positivo, geotrópico negativo, um esporóforo se inicia, como um<br />
entumecimento pequeno, esbranquiça<strong>do</strong> (fig. 2, a). Cresce rapidamente.<br />
Torna-se claviforme. Traz a base pardacenta. A extremida<strong>de</strong> é amarelada,<br />
clara. Em 48 horas, a clava (fig. 2, b), que atinge 3-6 cm. <strong>de</strong> alto, cessa<br />
seu crescimento, na parte mais distai. Expan<strong>de</strong>-se radialmente. É o píleo<br />
que se esboça (fig. 2, c-d). Um pouco mais tar<strong>de</strong>, e vemos o píleo já forma<strong>do</strong><br />
(fig. 2,e). Consta, então, o corpo <strong>de</strong> frutificação <strong>de</strong> um estipe com<br />
a porção junto ao escleródio mais afilada, que se alarga no píleo iníundibuliforme,<br />
<strong>de</strong>primi<strong>do</strong>, <strong>de</strong> margem inteira, regular, contínuo ao estipe. As<br />
cscamas fibrilosas, no corpo <strong>de</strong> frutificação ainda novo, tem seus vértices volta<strong>do</strong>s<br />
para baixo (fig. 2,b). Com o <strong>de</strong>senvolvimento radial <strong>do</strong> píleo. as<br />
escamas da zona mediana da clava se distanciam umas das outras (fig. 3).<br />
indican<strong>do</strong> crescimento nulo, ou pequeno, nas margens e na <strong>de</strong>pressão <strong>do</strong><br />
píleo. O píleo maduro traz, pois, as escamas com seus vértices mais escuros<br />
em direção à margem (figs. 3 e 4) .<br />
rriMÊNio<br />
Assim que o píleo atinge o tamanho da figura 2-c, as hifas que iriam<br />
dar origem ao himênio ganham o exterior e começam a formação <strong>do</strong> reticulo<br />
branco <strong>do</strong>s poros. Raso, o himênio é estéril nesta fase.<br />
Quan<strong>do</strong> o píleo atinge as proporções mostradas na figura 2-e, as basídias<br />
já formaram seus esporos no interior <strong>do</strong>s tubos. Estes são rasos<br />
nas margens. Atingem até 6 mm. <strong>de</strong> comprimento, na porção mediana <strong>do</strong><br />
pileo. Decurrentes, diminuem gradativamente <strong>de</strong> altura, até <strong>de</strong>saparecerem<br />
por completo, a certa altura <strong>do</strong> estipe (figs. 3 e 5).<br />
As basídias formam um himênio homogêneo, hialino. Cistídias estão ausentes.<br />
Cada basídia claviforme leva 4 esporos (2#).
— 59 —<br />
Os esporos, projeta<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> tubo, caem por gravida<strong>de</strong> e são<br />
leva<strong>do</strong>s pelo vento ou correntes <strong>de</strong> ar.<br />
Após a esporulação, o esporóforo apodrece rapidamente, por bactérias,<br />
nematói<strong>de</strong>s e vários fungos, quan<strong>do</strong> exposto a gran<strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. Em ambiente<br />
seco, as margens <strong>do</strong> pileo se fen<strong>de</strong>m, expon<strong>do</strong> o branco <strong>do</strong> contexto<br />
(ver figura em ENGLER e PRANTL) (1).<br />
CULTURA<br />
Pofyporus sapurema Mõller fora cultiva<strong>do</strong> em agar <strong>de</strong> batatinha por<br />
DRUMMOND (2). a partir <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> contexto. Nós, também, obtivemos<br />
culturas <strong>do</strong> fungo a partir <strong>de</strong>sses teci<strong>do</strong>s, e mesmo <strong>de</strong> basidiósporos em<br />
massa. Culturas monospóricas até o presente não conseguimos.<br />
As culturas, a, partir <strong>do</strong> micélio <strong>do</strong> estipe, <strong>do</strong> contexto ou <strong>do</strong>s basidiósporos<br />
em massa, primeiro alvas, não tardam a exibir a coloração típica tio<br />
teci<strong>do</strong> esclerocial. par<strong>do</strong>-avermelhada. À superfície <strong>do</strong> micélio, gotas enormes<br />
<strong>de</strong> substância mucilaginosa, cor <strong>de</strong> breu, se formam, bem como, as massas<br />
irregulares, idênticas às observadas nos interstícios <strong>do</strong>s grãos <strong>de</strong> areia<br />
<strong>do</strong>s escleródios. De permeio vão bifas, septadas, providas <strong>de</strong> ganchos <strong>de</strong> ligação,<br />
que tio bem ilustra<strong>do</strong>s foram por DRUMMOND (2).<br />
A julgar pelas culturas e, especialmente, pela abundância das gotas <strong>de</strong><br />
substância mucilaginosa, par<strong>do</strong>-yermelha. ocorreu-nos a seguinte hipótese.<br />
Com certeza, a substância mucilaginosa é que funciona como cimento<br />
ligan<strong>do</strong> as partículas <strong>de</strong> areia, à medida que o micélio cresce sobre o chão.<br />
Que Potyporus sapurema ocorre ao longo <strong>de</strong> nosso litoral, em lugares úmi<strong>do</strong>s,<br />
em terrenos arenosos, já o sabíamos. Que o escleródio continha grãos <strong>de</strong><br />
areia, também estávamos ao par. Preparamos, então, um meio <strong>de</strong> cultura em<br />
que entraram areia grossa suja, <strong>de</strong> rio, e grãos <strong>de</strong> trigo cozi<strong>do</strong>s, em partes<br />
iguais. Agar <strong>de</strong> batatinha foi junta<strong>do</strong> à mistura e tu<strong>do</strong> foi esteriliza<strong>do</strong> em<br />
gran<strong>de</strong>s balões <strong>de</strong> vidro. Fizemos os plantios e <strong>de</strong>ixamos que as culturas<br />
se <strong>de</strong>senvolvessem à temperatura <strong>de</strong> laboratório.<br />
O micélio vegetou e logo produziu escleródios típicos (fig. 6). Quan<strong>do</strong><br />
corta<strong>do</strong>s, tais escleródios apresentavam a estrutura já referida por<br />
DRUMMOND (2). As partículas <strong>de</strong> areia, <strong>de</strong> lato. são aglutinadas pela<br />
substância parda, mucilaginosa. excretada pelas bifas.<br />
Quan<strong>do</strong> as culturas são feitas em agar <strong>de</strong> batatinha comum, ocorre<br />
micélio branco (fig- 7). Em áci<strong>do</strong> gálico, o fungo produz halo pardacento,<br />
típico (fig. 8j. Em áci<strong>do</strong> tânico, a mesma reação se observa (fig. 9).
— 60 —<br />
Estavam as nossas observações neste pé, quan<strong>do</strong>, in<strong>do</strong> à Estação Expe<br />
rimental <strong>de</strong> Ubatuba, novamente, resolvemos trazer o resto <strong>de</strong> escleródio-<br />
Trazi<strong>do</strong> para Campinas, foi pesa<strong>do</strong> (25 quilos e meio) e posto sobre<br />
"sphagnum" úmi<strong>do</strong> na estufa. Isto foi feito em março <strong>de</strong> 1939. Em 9 <strong>de</strong><br />
outubro, apareceram os primeiros indícios <strong>de</strong> pileo (fig. 10) .<br />
Afim fie estudarmos melhor o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> chapéu, <strong>de</strong>cidimo.fotografai-<br />
os corpos <strong>de</strong> frutificação <strong>de</strong> 2 em 2 dias. As figuras 11-19 foram<br />
obtidas. A figura 20 é a <strong>do</strong> escleródio, que <strong>de</strong>nominamos Ben<strong>de</strong>ngó, e que,<br />
apesar <strong>do</strong> enorme tamanho, só produziu, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquela época em que foi trazi<strong>do</strong><br />
para Campinas, 5 corpos <strong>de</strong> frutificação, até o presente.<br />
Com abundante material para estu<strong>do</strong>s, as nossas tentativas para fazer<br />
culturas monospóricas <strong>de</strong> P. sapúrema Mõller não foram coroadas <strong>de</strong> êxito.<br />
Basidiósporos <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s cair sobre lacto-agar e leva<strong>do</strong>s, com auxilio <strong>do</strong><br />
micromanipula<strong>do</strong>r, para gotas pen<strong>de</strong>ntes, nunca germinaram.<br />
crroLÓGiA<br />
As bàsidias <strong>de</strong> P. sapúrema são binucleadas, quan<strong>do</strong> novas. Os núcleos<br />
se fun<strong>de</strong>m num gran<strong>de</strong> núcleo que logo se divi<strong>de</strong>. Duas divisões se operam<br />
e cada núcleo resultante, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se alongar ao atravessai"os esterigmatas<br />
(fig. 21) irá dar origem aos rudimentos <strong>de</strong> esporos, globosos, nas extremida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>stes órgãos. Os basidiósporos se fixam cm posição excêntrica e.<br />
á maturida<strong>de</strong>, são alonga<strong>do</strong>s (fig. 22). Trazem um protoplasma granuloso,<br />
vacuola<strong>do</strong> e um núcleo ávi<strong>do</strong> <strong>de</strong> hematoxilina. Os basidiósporos freqüentemente<br />
permanecem presos entre si, em verda<strong>de</strong>iro tetra<strong>do</strong> (fig. 23). As hifas<br />
que compõem o contexto <strong>do</strong> píleo são cilíndricas, septadas, ramificadas: me<strong>de</strong>m<br />
4 micra <strong>de</strong> espessura e são providas, ora <strong>de</strong> um, ora <strong>de</strong> <strong>do</strong>is núcleos em<br />
esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> repouso, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2 mm. <strong>de</strong> diâmetro. Xa parte superior cio píleo,<br />
a camada exterior, mais oxidada e formada <strong>de</strong> bifas dispostas em urdidura<br />
compacta (fig. 24) dá origem às escamas. Tal camada regula ter<br />
40-60 mm. <strong>de</strong> espessura e, afora a coloração.mais carregada, suas hifas não<br />
diferem das hifas <strong>do</strong> contexto.<br />
LITERATURA. CITADA<br />
1 — HENNINGS, P., Die Naturlichen Pflanzen Familien 1.171. fig. 92. 1897.<br />
2 — GONÇALVES, R. D., Saporema. O Biológico 3:302-305. Est. 27-28. 1937.<br />
3 — üRAiiK, A. C, A saporema. Polyporus sapúrema Mõll. Boi. Mus. Nac. 6:3Q3-<br />
305. Fig 1-3.1930.<br />
4 — 1'ACCA, MóMEDES W., Apêndice. Nota sobre o "Saporema". <strong>Rodriguésia</strong> 12:80-<br />
81. 1935.
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. 1 —- Escleródio e píleo <strong>de</strong> Polyporus sapurcma Mõller produzi<strong>do</strong> nas estufas<br />
<strong>do</strong> Instituto Agronômico. O escleródio pesava cerca <strong>de</strong> 6 Kg. Foi colhia'o em Ubatuba,<br />
a 27-9-1938 ; posto em câmara úmida, em outubro ; removi<strong>do</strong> da câmara úmida<br />
e posto em caixa conten<strong>do</strong> "sphagnum" úmi<strong>do</strong>, em 23-11-1938. O primeiro píleo<br />
(esse da figura) apareceu em 30-1-1939
f;i c e) Esquema <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> píleo <strong>de</strong> Polyporus<br />
sapurcma Mõller
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. 3 — Corte transversal <strong>do</strong> píleo <strong>de</strong> Polyporus sapurema Mõller. O píleo é <strong>de</strong>primi<strong>do</strong> ; o<br />
contexto continuo ; as escamas fibrilosas teem os vértices volta<strong>do</strong>s para a margem<br />
Fig. 4 — Vista <strong>de</strong> topo <strong>do</strong> pileo <strong>de</strong> Polyporus sapurema Mõller. Observar as escamas<br />
fibrilosas voltadas raaialmente em direção à margem. Margem inteira, mais<br />
lard? ondulada e rimosa
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
fig. 5 _ Vista <strong>do</strong>s poros <strong>do</strong> himénio <strong>de</strong> Polyporus sapurcma Mõller
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. 6 — Escleródio artificial produzi<strong>do</strong> in vitro, em laboratório, a partir<br />
cie cultura <strong>de</strong> micélio <strong>de</strong> Polyporits sapurcma Mõller
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Fig. 7 — Cultura nova <strong>de</strong> P. sapurema Mõller em agar <strong>de</strong> batatinha<br />
Fig. 8 — Cultura <strong>de</strong> P. sapurema Mõller em meio <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> gálico. Há<br />
formação <strong>de</strong> halo típico
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Fig. 9 — Halo produzi<strong>do</strong> i",r /'. sapurema Mõtfer cm melo <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> tànico<br />
Fíg. 10 — Píleos novos <strong>de</strong> P. sapurema Mõller
11<br />
13<br />
14 <strong>15</strong><br />
Klits. 11 a <strong>15</strong> — Es:a<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> 1 nileos <strong>de</strong> /'. saturcma Mõller<br />
(escleródio Ben<strong>de</strong>iitfó)<br />
12
16<br />
18<br />
Figa, 11 :i 19 — Kstailos dt <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> 3 píleoa<br />
(escleródio Bemlciuló)<br />
17<br />
le P. mpitrcma Mõller
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. 20 — P^otografia <strong>do</strong> maior pedaço <strong>de</strong> escleródio <strong>de</strong> P. sapurema Mõller. <strong>de</strong>signa<strong>do</strong><br />
por nós com o nome <strong>de</strong> Bcndcngô. Pesava este fragmento 25 quilos e meio
Fig. 21 — Basídias <strong>de</strong> P.<br />
sapa rema MõHer vistas <strong>de</strong><br />
topo, mostran<strong>do</strong> a migração<br />
<strong>do</strong>s núcleos através <strong>do</strong>s 4<br />
esterigmas
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Fig. 22 — Basídias em vários esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, para mostrar as diversas<br />
fases das divisões <strong>do</strong> núcleo. 2N.<br />
Fíg. 23 — Basidiósporos á'e P. sapnrema<br />
Mõller com núcleos A' em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> repouso<br />
. Quatro esporos ainda reuni<strong>do</strong>s em<br />
tetra<strong>de</strong>
Fig. 24 — Corte longitudinal da parte supero-exterior <strong>do</strong> píleo <strong>de</strong> P. sapurcma Mòller, seccionan<strong>do</strong> porção basal <strong>de</strong> uma escama. Os núcleos das<br />
hifas se acham em repouso<br />
90<br />
O<br />
1°<br />
>
ALGO SOBRE A SIMBIOSE DE MYDAS COM ATT A<br />
POR<br />
J. F. ZIKAN<br />
Acerca da biologia e da ecologia <strong>do</strong>s Mydãidac brasileiros, abrangen<strong>do</strong><br />
os gigantes Dípteros, não supera<strong>do</strong>s por qualquer outra mosca <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, reina<br />
ainda, apesar <strong>do</strong> tamanho <strong>de</strong>scomunal que torna notáveis numerosas das<br />
espécies <strong>de</strong>sta família, completa obscurida<strong>de</strong>. As indicações na literatura, <strong>de</strong><br />
que as larvas <strong>de</strong> certas espécies norte americanas (M. clava!us Dry., fulvípes<br />
Walsh e tricolor Wied.) vivem em tronco <strong>de</strong> árvores em <strong>de</strong>composição,<br />
nutrin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> larvas <strong>de</strong> coleópteros, não se aplicam às espécies sulamericanas,<br />
cujas larvas são exclusivamente mirmecóíilas, viven<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>do</strong>s formigueiros <strong>de</strong> Atta (sauva) e Àcrçmyrmex (quem-quem). Admito, todavia,<br />
que as larvas <strong>de</strong> certos Dinastí<strong>de</strong>os lhes possam servir <strong>de</strong> alimento,<br />
caso as observações feitas em espécies neoárticas correspondam à realida<strong>de</strong>,<br />
ou ainda, que lhes agradam os <strong>de</strong>tritos vegetais acumula<strong>do</strong>s em ditos formigueiros.<br />
As larvas <strong>de</strong> outro grupo <strong>de</strong> Dípteros, <strong>do</strong>s Pauto plitahnidae, geralmente,<br />
também, <strong>de</strong> porte consi<strong>de</strong>rável, broqueam os troncos <strong>de</strong> árvores vivas<br />
ou mortas, tanto <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira dura, como mole, sen<strong>do</strong>, sem exceção, xilófagas.<br />
As espécies <strong>de</strong>ssa família, tidas por alguns como as maiores moscas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
nunca atingem, porem, tamanho igual ao <strong>do</strong>s Mydãidac. Apenas, nas<br />
espécies maiores <strong>de</strong>stas, a largura <strong>do</strong> abdômen se avantaja sobre os Mydas.<br />
O abdômen da maior espécie <strong>de</strong> Pantàphthalmus <strong>de</strong> minha coleção tem o<br />
comprimento <strong>de</strong> 4 centímetros, a envergadura das asas me<strong>de</strong> 7 centímetros.<br />
ao passo que, em fêmeas <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> Mydas, as medidas correspon<strong>de</strong>ntes<br />
acusam, respectivamente, 6 e 10 1/2 centímetros. Segun<strong>do</strong> consta, ali-
— 62 —<br />
mentam-se estas moscas, em esta<strong>do</strong> adulto, só <strong>do</strong> suco em fermentação, encontra<strong>do</strong><br />
nas feridas <strong>de</strong> árvores e arbustos.<br />
Por muito tempo os Mydaidae foram suspeita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> serem insetívoros,<br />
se os confundin<strong>do</strong>, provavelmente, com os Asylidae, que são, na realida<strong>de</strong>, caça<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> outros insetos. O vôo mais lento e pesa<strong>do</strong> caracteriza os Mydaidae<br />
e os distingue das moscas <strong>de</strong> rapina, que são mais rápidas. O simples<br />
confronto da tromba <strong>de</strong> Mydas com a <strong>do</strong>s Asylidae revela diferença fundamental<br />
entre ambas. A das últimas termina ponteaguda, em forma <strong>de</strong> estilete,<br />
e é uma po<strong>de</strong>rosa arma, capaz <strong>de</strong> perfurar até a epi<strong>de</strong>rme • palmar<br />
<strong>do</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> humano, como eu próprio pu<strong>de</strong> observar diversas vezes. A probóscis<br />
<strong>do</strong>s Mydaidae apresenta uma construção completamente diversa, semelhante<br />
à da mosca <strong>do</strong>méstica, com lábios mais ou menos bem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s,<br />
apta para lamber. Durante os 40 anos <strong>de</strong> minhas pesquisas e observações<br />
nunca lhes pu<strong>de</strong> perceber hábitos venatórios iguais aos <strong>do</strong>s Asyliâèos-<br />
Em compensação, verifiquei sempre que o alimento exclusivo <strong>do</strong>s machos <strong>de</strong><br />
Mydas é o nectar <strong>de</strong> flores. Encontrei e capturei alguns sobre flores <strong>de</strong><br />
"unha <strong>de</strong> gato" (Acácia panicidata Wil<strong>de</strong>n ou Mimosa adherens Mart.), um<br />
cipó da família das Leguminosas e sobre as flores <strong>de</strong> uma Composta, também<br />
trepa<strong>de</strong>ira. Estas flores costumam ser freqüentadas por inumeráveis<br />
insetos, entre os quais abundam as gran<strong>de</strong>s vespas <strong>de</strong> cor preto-esver<strong>de</strong>ada<br />
ou azulada, conhecidas pelo nome popular <strong>de</strong> "maribon<strong>do</strong> caça<strong>do</strong>r" ou "maribon<strong>do</strong><br />
cavalo", (gênero Pcpsis, família <strong>do</strong>s Pompilidac ou Psamocharidac)<br />
tão temidas pelo povo. A semelhança <strong>de</strong> Mydas com essas vespas é,<br />
no critério simplista <strong>do</strong> povo, responsável pela confusão freqüente <strong>de</strong>sses<br />
<strong>do</strong>is insetos; daí, também, o não possuírem os Mydas nome popular. Inutilmente,<br />
indaguei entre várias pessoas, lavra<strong>do</strong>res, trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mato, etc,<br />
o nome <strong>de</strong>ssas moscas, persistentemente consi<strong>de</strong>radas como "maribon<strong>do</strong> caça<strong>do</strong>r".<br />
Inegavelmente, muito contribue este caso <strong>de</strong> mimetismo para a<br />
proteção <strong>do</strong>s Mydas.in<strong>de</strong>fesos; e é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> contra certos inimigos<br />
que temem as vespas, pelo seu aguilhão venenoso. As aves principalmente,<br />
segun<strong>do</strong> minhas observações, não perseguem os Pompili<strong>de</strong>os.<br />
As fêmeas <strong>de</strong> Mydas, relativamente mais raras, que os machos, não<br />
foram por mim encontradas à procura <strong>de</strong> alimento. Parece que elas vivem,<br />
exclusivamente, da substância gordurosa que, em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, o seu<br />
próprio abdômen contem. • Essa autofagia, peculiar a muitas espécies <strong>de</strong><br />
borboletas, parece ter por conseqüência, em certos casos, uma atrofia parcial<br />
ou completa das partes bucais, tornan<strong>do</strong> esses insetos inaptos para a<br />
função <strong>de</strong> apreensão <strong>do</strong>s alimentos. A substância gordurosa <strong>do</strong> abdômen
— 63 —<br />
também é a causa <strong>de</strong> se tornarem oleosos esses insetos, quan<strong>do</strong> guarda<strong>do</strong>s<br />
nas coleções, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>composição da mesma gordura.<br />
Provavelmente, foi a forma das pernas posteriores <strong>do</strong>s Mydaidcos que<br />
contribuiu para serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s moscas <strong>de</strong> rapina. Os íêmures, muni<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> espinhos numerosos, na face interna, formam um conjunto com as<br />
tíbias, que são entalhadas: uma espécie <strong>de</strong> tenaz; é excelente instrumento<br />
<strong>de</strong> apreensão, mas, ten<strong>do</strong> apenas utilida<strong>de</strong> real no ato da cópula ou, em certos<br />
casos, sen<strong>do</strong> utilizável como arma contra <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s inimigos.<br />
Durante muitos anos tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar os costumes <strong>de</strong><br />
Mydas e colher material <strong>de</strong> diversas espécies. Sempre encontrei essas moscas<br />
nos meses <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro até abril, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s formigueiros<br />
<strong>de</strong> sauvas voan<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s montes <strong>de</strong> terra <strong>do</strong>s mesmos ou pousadas<br />
sobre arbustos e outras plantas baixas. Geralmente, esses indivíduos são<br />
machos, espreitan<strong>do</strong> aí as fêmeas recentransformadas. Por diversas vezes,<br />
os encontrei em cópula. As larvas das espécies brasileiras <strong>de</strong> Mydas vivem<br />
nas casas subterrâneas <strong>de</strong> Atta sex<strong>de</strong>ns L. e <strong>de</strong> diversas outras espécies <strong>de</strong>sse<br />
gênero, provavelmente, nos <strong>de</strong>tritos acumula<strong>do</strong>s nos formigueiros; ainda,<br />
caso sejam mesmo preda<strong>do</strong>ras, nutrem-se com larvas <strong>do</strong>s inúmeros insetos<br />
que cohabitam com as formigas, como por exemplo, os Dynasti<strong>de</strong>os Coelosis<br />
biloba L., C. bicornis F., C. sylvamts F., e C. inermes Sternb., os<br />
quais ao mesmo tempo são parasita<strong>do</strong>s pelas larvas preda<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> uma<br />
vespa amarela <strong>de</strong> faixas pretas, um Scolii<strong>de</strong>o (Scolia variegata F.). Esta<br />
vespa é muito comum e po<strong>de</strong> ser observada durante o verão, voan<strong>do</strong> em<br />
quantida<strong>de</strong> sobre os montes <strong>de</strong> formigueiros <strong>de</strong> Atta, penetran<strong>do</strong> as fêmeas<br />
pelos canais no interior, à procura <strong>de</strong> suas vítimas.<br />
Pelo fato <strong>de</strong> viverem sempre junto aos formigueiros, a caça <strong>de</strong>stes<br />
Dipteros é simples, pelo menos, a <strong>do</strong>s machos, sen<strong>do</strong> as fêmeas mais raras.<br />
Tive oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar Mydas em diversas localida<strong>de</strong>s e colher material<br />
abundante <strong>de</strong> várias espécies. Seu vôo.é um tanto pesa<strong>do</strong> e sussurrante.<br />
Afugentadas, levantam-se num vôo curto, voltan<strong>do</strong> ordinariamente ao formigueiro,<br />
e, aí, pousan<strong>do</strong> sobre algum arbusto. Tive, por diversas vezes,<br />
o ensejo <strong>de</strong> observar as fêmeas <strong>de</strong> Mydas heros Perty e <strong>de</strong> uma outra espécie<br />
semelhante, ao sairem <strong>do</strong>s canais <strong>do</strong> formigueiro. Seu corpo, recoberto<br />
<strong>de</strong> terra (em parte) indica que estiveram entregues, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> formigueiro,<br />
ao serviço da <strong>de</strong>sova. Dentro da boca <strong>de</strong> um canal encontrei a exúvia duma<br />
crisálida <strong>de</strong> Mydas com uma crosta <strong>de</strong> terra a cobrir parte <strong>do</strong> corpo. Para<br />
a eclosão <strong>do</strong> imago, a crisálida, que se acha em profundida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável,<br />
<strong>de</strong>ntro da cova <strong>do</strong> refugo <strong>do</strong>s <strong>de</strong>tritos <strong>do</strong> formigueiro, aban<strong>do</strong>na este local,
— 64 —<br />
rastejan<strong>do</strong> graças aos espinhos <strong>de</strong> que é municio o abdômen, até a saida<br />
dum canal. Alcançada a saida <strong>de</strong>ste, dá-se a eclosão, sen<strong>do</strong>, então, fácil ao<br />
imago alcançar o apoio <strong>de</strong> alguma planta pen<strong>de</strong>nte, da qual po<strong>de</strong> efetuar<br />
sem perturbação, o completo <strong>de</strong>senvolvimento das asas. De mo<strong>do</strong> idêntico<br />
proce<strong>de</strong>m as ninfas <strong>do</strong>s Dípteros cujas larvas vivem broquean<strong>do</strong> ma<strong>de</strong>iras<br />
(Pantóphthalmidae), igualmente munidas <strong>de</strong> espinhos no abdômen, muito<br />
moveis, e, também, as crisálidas <strong>do</strong>s lepidópteros, cujas lagartas vivem <strong>de</strong>ntro<br />
le troncos <strong>de</strong> árvores e galhos <strong>de</strong> plantas lenhosas (Pluissidac, Cossidae!<br />
ou no interior das Bromeliáceas e <strong>do</strong>s bulbos <strong>de</strong> Orquí<strong>de</strong>as (Castniidae) <strong>do</strong>tadas<br />
ainda mais abundantemente <strong>de</strong> espinhos ab<strong>do</strong>minais que lhes permite<br />
rastejar antes da eclosão, até que o meio <strong>do</strong> corpo surja fora <strong>do</strong> ori<br />
fício <strong>do</strong> canal em que viviam.<br />
Estranho é que, nas escavações <strong>de</strong> formigueiros, executadas em diversas<br />
localida<strong>de</strong>s, nunca houvessem si<strong>do</strong> encontradas por outros as larvas e<br />
pupas <strong>de</strong> Mydas. Pelo menos, não se acha isso menciona<strong>do</strong> na literatura.<br />
Nem ElDMANN ou JACOHY, nem STAIIEI. e ( íKIJSKKS, que tiveram ocasião<br />
<strong>de</strong> examinar muitos formigueiros <strong>de</strong> Atta, pu<strong>de</strong>ram assinalar a presença <strong>de</strong><br />
tais larvas. Possivelmente, as fossas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos, nas quais estas vivem, não<br />
foram submetidas ao mesmo exame meticuloso a que submetemos as panelas<br />
com as culturas <strong>do</strong> cogumelo.<br />
Recentemente, foi <strong>de</strong> novo confirma<strong>do</strong> por pesquisa<strong>do</strong>res que tais fossas<br />
servem exclusivamente <strong>de</strong> <strong>de</strong>sentulho-<strong>do</strong> substrato <strong>de</strong> folhas utilizadas pelas<br />
formigas no cultivo <strong>do</strong> fungo Rhozites gongylophofa MOF.LLER, servin<strong>do</strong><br />
os micélios <strong>de</strong>ste fungo como alimento exclusivo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o formigueiro. Desenvolven<strong>do</strong>,<br />
porem, o mesmo fungo cria<strong>do</strong> espontaneamente, ?.o ar livre, sobre<br />
os formigueiros ou nas imediações, um pileo, isto é, a forma completa<br />
com frutificação, torna-se por isso impróprio para o alimento das formigas.<br />
Só lhes convém a forma cultivada em ambiente propicio, particular às panelas<br />
subterrâneas, sen<strong>do</strong>-lhes <strong>de</strong> interesse vital suprimir a formação <strong>de</strong>ste<br />
píleo. Para evitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta forma esporífera o substrato já<br />
usa<strong>do</strong> para a cultura <strong>do</strong> fungo não é removi<strong>do</strong> pelas formigas para foi a <strong>do</strong><br />
formigueiro, mas, sim, <strong>de</strong>posita<strong>do</strong> na fossa mencionada, on<strong>de</strong>, sob a mesma<br />
atmosfera e temperatura das panelas, não se dá a formação <strong>do</strong> fungo perfeito.<br />
Nestas fossas, à cuja construção se vêem obrigadas as formigas, os<br />
resíduos das culturas oferecem abrigo e alimento a inúmeros insetos <strong>de</strong> diversas<br />
or<strong>de</strong>ns, entre os quais, as larvas <strong>de</strong> vários Dinastí<strong>de</strong>os, que, por seu<br />
turno, servirão <strong>de</strong> alimento às larvas <strong>de</strong> Mydas, caso estas não se nutram<br />
<strong>do</strong>s próprios <strong>de</strong>tritos vegetais.
— 65 —<br />
Acerca da disseminação geográfica das espécies <strong>do</strong> gênero Mydas, que<br />
é mais numeroso <strong>do</strong> que até agora se supôs, muito pouco é conheci<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong><br />
o material nas coleções muito escasso. Na literatura citada, por exemplo,<br />
Mydas praegrandis Austen é mencionada nos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo e<br />
Minas Gerais. Tenho encontra<strong>do</strong> e observa<strong>do</strong> esta espécie ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Mar<br />
<strong>de</strong> Espanha, em Minas e, no sul <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong>, em Passa Quatro (916 m.),<br />
nas re<strong>do</strong>n<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> Campo Belo, ao pé da encosta sul da serra <strong>do</strong> Itatiaia, no<br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, e, ainda, no extremo sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />
Santo, nas cercanias <strong>de</strong> Alegre, Cachoeiro <strong>do</strong> Itapemerim e Bom Jesus <strong>de</strong><br />
Itabapoana. A área <strong>de</strong> sua expansão abrange, provavelmente, os Esta<strong>do</strong>s<br />
sulinos e centrais <strong>do</strong> Brasil, Espírito Santo, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, Minas, São<br />
Paulo, Goiaz e Mato Grosso. No Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas, on<strong>de</strong> tive oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> colecionar, nos arre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Manaus, Barcelos, São Gabriel, etc,<br />
nunca encontrei espécie alguma <strong>de</strong> Mydas, apesar <strong>de</strong> não faltarem, naquela<br />
zona, formigas corta<strong>de</strong>iras. Ocorrem, todavia, naquela região, outras espécies<br />
colecionadas por outros entomólogos.<br />
A distribuição horizontal e vertical <strong>do</strong>s Mydaidae é correlata à distribuição<br />
<strong>do</strong>s gêneros Atta e Acromyrmcx, ambos limita<strong>do</strong>s às zonas mais<br />
quentes, nunca subin<strong>do</strong> a gran<strong>de</strong>s alturas. Nos flancos <strong>do</strong> Itatiaia, por exemplo,<br />
Atta sex<strong>de</strong>ns não transpõe a altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.000 metros e, consequentemente,<br />
Mydas aí não é encontra<strong>do</strong>.<br />
CRISÁLIDA DE MYDAS<br />
Alem <strong>do</strong> tamanho imponente (comprimento 66 mm.), a crisálida <strong>de</strong> Mydas<br />
é surpreen<strong>de</strong>nte pela abundância <strong>de</strong> espinhos nos segmentos ab<strong>do</strong>minais,<br />
pelos cornos compri<strong>do</strong>s e agu<strong>do</strong>s na cabeça e outros mais embota<strong>do</strong>s,<br />
na cauda. É <strong>de</strong> cor castanha, infuscada na cabeça, no tórax e nas<br />
asas. O occiput possue 2 cornos divergentes. Cada la<strong>do</strong> da fronte apresenta<br />
2 cornos semelhantes, porem, mais curtos e mais agu<strong>do</strong>s. Na base das<br />
asas há um espinho maior, e, entre este e o corno cefálico, no flanco <strong>do</strong> prctotorax,<br />
uma verruga dupla, o estigma. Cabeça, asas, pernas e antenas são<br />
rugosas, semeadas <strong>de</strong> protuberâncias verrucosas. As asas são muito curtas.<br />
O abdômen é chagriné, cada segmento na margem posterior muni<strong>do</strong> <strong>de</strong> espinhos<br />
achata<strong>do</strong>s, presentes no primeiro esternito, e faltan<strong>do</strong> no primeiro<br />
tergito completamente. Este possue, porem, na margem anterior espinhos<br />
mais compri<strong>do</strong>s e arqueia<strong>do</strong>s. No penúltimo tergito os espinhos são redu-<br />
701.064 — F. 5
— 66 —<br />
zi<strong>do</strong>s a 4, no penúltimo esternito a 6, sen<strong>do</strong> estes largos e multipontua<strong>do</strong>s.<br />
O abdômen termina em 2 apêndices <strong>de</strong>primi<strong>do</strong>s, em forma <strong>de</strong> espátula,<br />
fortemente divergentes para fora. To<strong>do</strong>s os espinhos e cornos são <strong>de</strong> cor<br />
preta, luzente, estes com a ponta castanha. Os estigmas <strong>do</strong> prototorax e <strong>do</strong>s<br />
segmentos ab<strong>do</strong>minais (1-7) são gran<strong>de</strong>s e.largos, eleva<strong>do</strong>s em forma <strong>de</strong><br />
botão.<br />
Comparan<strong>do</strong>-a com a crisálida <strong>de</strong> Pantophthalmus, são notáveis as seguintes<br />
diferenças: nesta, a cabeça e a extremida<strong>de</strong> ab<strong>do</strong>minal são trancadas,<br />
Os cornos cefálicos são pequenos e curtos, coloca<strong>do</strong>s num suporte. Toda a<br />
superfície da cabeça é semeada <strong>de</strong> protuberâncias verrucosas. As asas são<br />
compridas. As margens posteriores <strong>do</strong>s segmentos ab<strong>do</strong>minais são inermes;<br />
só os 2 penúltimos são muni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2 espinhos pequenos e <strong>de</strong> cerdas mais<br />
compridas. Os estigmas são baixos.<br />
Entre os Lepidópteros, as crisálidas <strong>do</strong>s Cossidac (Xylcntcs pyracmon<br />
Cr. etc.) possuem nos segmentos ab<strong>do</strong>minais, filetes entalha<strong>do</strong>s, 2 nos tergitps<br />
e 1, menos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, nos esternitos. Nas <strong>do</strong>s Castniidae (Castnia<br />
cochrus F. e Fe.) estes filetes são muni<strong>do</strong>s <strong>de</strong> espinhos, como em Mydas,<br />
embora mais curtos.<br />
Os" espinhos abundantes nos segmentos ab<strong>do</strong>minais das crisálidas <strong>de</strong><br />
Mydas, sobrepujan<strong>do</strong> cm número os das crisálidas <strong>do</strong>s Pantophthalmidae e<br />
o das crisálidas <strong>do</strong>s Lepidópteros, cujas lagartas vivem no interior <strong>do</strong>s troncos<br />
<strong>de</strong> árvores e outras plantas (bromélias, orquí<strong>de</strong>as, etc), levam-nos à<br />
conclusão <strong>de</strong> que Mydas, também no esta<strong>do</strong> ninfal, possue uma mobilida<strong>de</strong><br />
extraordinária, graças aos espinhos que lhes facilita locomoção rápida; e<br />
livram-se <strong>de</strong> possíveis agressões por parte <strong>de</strong> seus hospe<strong>de</strong>iros, as formigas.<br />
Quem tiver ocasião <strong>de</strong> observar os movimentos e a vivacida<strong>de</strong> das crisálidas<br />
Phassus (Dalaca) ficará surpreendi<strong>do</strong> pela facilida<strong>de</strong> e ligeireza com que,<br />
tanto as lagartas como as crisálidas <strong>de</strong>stas borboletas se locomovem <strong>de</strong> um<br />
extremo ao outro <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s seus tubos. Essa faculda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>corrente da<br />
abundância <strong>de</strong> espinhos <strong>do</strong> abdômen, não só liyrará a crisálida <strong>de</strong> Mydas<br />
<strong>do</strong>s_ ataques <strong>de</strong> seus inimigos naturais, como, também, a habilita a subir<br />
pelos canais <strong>do</strong> formigueiro até a superfície da terra, on<strong>de</strong> se dá a eclosão<br />
<strong>do</strong> inseto.<br />
ZUSAMMENFASSUNG<br />
Gestützt auf vieljáhrige Beobachtungen über die Lebensgewohnheiten<br />
<strong>de</strong>r Mydaidac, welchen die grôssten Fliegen <strong>de</strong>r Welt angehóren, kommt<br />
<strong>de</strong>r Verfasser zu <strong>de</strong>m Schlusse dass die Larven dieser Riesenfliegen in <strong>de</strong>n
— 67 — •<br />
Abrajittigruben <strong>de</strong>r Nester <strong>de</strong>r Blattschnei<strong>de</strong>ameisen (Atta) leben, in welchen,<br />
sie sich entvve<strong>de</strong>r von <strong>de</strong>n daselbst vorkommen<strong>de</strong>n Larven verschie<strong>de</strong>ner<br />
Hornkâferarten (Dynastidac), aus <strong>de</strong>r Gattung Coclosis ernàhren,<br />
mõglicherweise aber auch von <strong>de</strong>n Detriten <strong>de</strong>r Substrate, die <strong>de</strong>r Kultur<br />
<strong>de</strong>s Pilzes Rhozitcs gongylophora Mõller dienten, welcehr die ausschliessliche<br />
Nahrung <strong>de</strong>r Ameisen und ihrer Brut bil<strong>de</strong>t. Gleicbzeitig wird auf <strong>de</strong>n<br />
zwischen <strong>de</strong>n Mydaidac und <strong>de</strong>n Riesenwespen aus <strong>de</strong>r Gattung Pepsis herrschen<strong>de</strong>n<br />
Mimetismus aufmerksam gemacht und endgültig festgestellt dass<br />
die Mydas — Arten keine Raubfliegen sind.<br />
LITERATURA<br />
AUTUOKI, MáRIO — Algumas observações sobre formigas cultiva<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> fungo (Nym.<br />
Formic) Rev. <strong>de</strong> Entom., XI, fase. 1-2 ,<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, 1940.<br />
BLzzi, MáRIO — Os gigantes entre as moscas, inimigas da silvicultura brasileira. Cbac.<br />
& Qu. V. V, n. 4, p. 1, S. Paulo 1912.<br />
BEzzr, MáRIO — A maior mosca <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Chac. & Qu. V. 16 n. 4, pag. 289, São<br />
Paulo.<br />
rx-RHAN, c. H. — The Familíes and Genera of N. — Am. Diptera. N. York, 1934.<br />
EJDMANN, H. — Zur Kenntnis <strong>de</strong>r Blattochnei<strong>de</strong>amise Atta sex<strong>de</strong>ns L. insbesou<strong>de</strong>r e<br />
ihrer Oekologie. Z. f. angew. Entom. XXII, H. 2 u. 3, p. 185-241 nú<br />
mero 385-436.<br />
EIDMANN, H. — Die Gastverháltnisse von Atta sex<strong>de</strong>ns L., Ent. Beih. Berl. Dahlem<br />
B. I, pg. 69, 1934.<br />
GERSTAEckER, A. — Systematische übersicht d. bs. jetzt bekanut gew. Mydai<strong>de</strong>n (My<br />
das Latir.) E. Z. Stett, 29. J., n. 1-3,1868.<br />
JACOBY, M. — Uber das VVachsen <strong>do</strong>s Attea-Nestes im ersten Jahre nach <strong>de</strong>r Grün-<br />
dung. Rev. <strong>de</strong> Ent. V. 6, F. 1, p. 000, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> J., 1936.<br />
rAC&By, M. — Erforschung d. Struktur d. Atta-Nestes mit Hilfe <strong>de</strong>s Comentansguss,<br />
Verfahrens, Rev. <strong>de</strong> Entom. V. 5, F. 4, p. 420, Viv. <strong>de</strong> J., 1935.<br />
KERTESZ, c. — Catalogus Dipterosum. V. IV. Budap., 1909.<br />
r.ixiiKR. — Die Fliegen d. Palacarkt. Region. B. IV., Stuttg. 1938.<br />
NAVARRO DE ANDRADE, E. — Pesquisas sobre a biologia das moscas da ma<strong>de</strong>ira. —<br />
Pantophthalmus pictus (Wied. 1821). Archivos <strong>do</strong> Inst. Biológico V. 3, p.<br />
249, São Paulo, 1930.<br />
ECHRõDER, CHR. — Handbuch d. Entomologie. III p. 986.<br />
SéGUY E. — Étu<strong>de</strong> sur quelques Mydaidae nouveaux ou peu connus. Paris, 1928.<br />
WIILISTON, s. vv. — Manual of X. Ann. Dipt., 3." ed. Lon<strong>do</strong>n, 1908.
SÍ^feMS^^^l<br />
Exr.via <strong>de</strong> crisálida <strong>de</strong> Mydas — 2 X<br />
p$&
HERBÁRIO MICOLÓGICO DO JARDIM BOTÂNICO<br />
POR<br />
NEARCH DA SILVEIRA E AZEVEDO<br />
O herbário micológico da Secção <strong>de</strong> Botânica, constituí<strong>do</strong> por exemplares<br />
<strong>de</strong> cogumelos, constantes da presente relação, foi organiza<strong>do</strong> com o<br />
material já existente na aludida Secção, coligi<strong>do</strong> por vários naturalistas,<br />
amplia<strong>do</strong> por algumas <strong>do</strong>ações <strong>de</strong> duplicatas cedidas pela Secção <strong>de</strong> Fitopatologia<br />
<strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Experimentação Agrícola e enriqueci<strong>do</strong> por varia<strong>do</strong>s<br />
espécimes por nós colhi<strong>do</strong>s.<br />
Na catalogação das Famílias <strong>do</strong>s cogumelos superiores, que são o principal<br />
objetivo <strong>de</strong> nosso estu<strong>do</strong>, a<strong>do</strong>tamos o critério <strong>de</strong> reclassificá-los, segun<strong>do</strong><br />
a experiência <strong>do</strong>s especialistas <strong>de</strong> cada grupo.<br />
Os números coloca<strong>do</strong>s entre parênteses referem-se ao registo <strong>de</strong> entrada,<br />
no livro competente da Secção <strong>de</strong> Botânica.<br />
MYXOMICETAE<br />
Stemonites jusca Roth.<br />
Monserat. Est. <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. (41.026).<br />
- Stemonites fusca Roth.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. (41.028 e 41.029).<br />
Stemonites jusca Roth.<br />
Montevidéu. Uruguai. (43.801).<br />
ALBUGINACEAE<br />
Albugo bliti (Biv.) O. Ktze.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.712).
— 70 —<br />
Albugo cândida (Pers.) O. K-<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.713).<br />
Cystopus convolviilacearum Otth.<br />
Marrocos. África, (42.288).<br />
PERONOSPORACEAE<br />
Bremia lactuccac Re.<br />
Seine-et-Oise. França- (42.292).<br />
USTÍLAGINACEAE<br />
Ustilago thuemcnii Fisch.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.730).<br />
Ustilago andropogonis Henn-<br />
Florida. Uruguai. (41.066).<br />
Ustilago andropogonis Henn.'<br />
Cerro Largo. Uruguai. (41.067.<br />
COLEOSPOREACEAE<br />
Colcosporium scnccionis (Desm.) Fr.<br />
Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong>. Uruguai. (26.736).<br />
Colcosporium scnccionis (Desm.) Fr.<br />
Dunas <strong>de</strong> Bibille. Mancha. França. (42.286).<br />
Colcosporium scnccionis (Desm.) Fr-<br />
Carrasco. Montevidéu. Uruguai. (42.295).<br />
MELAMPSORACEAE<br />
Melampsora humboldtiana Speg.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.733).<br />
Melampsora allii-populhia (Jacq.) Lév.<br />
Canelones. Uruguai. (26.734).<br />
Melampsora aecidioi<strong>de</strong>s (D. C.) Schr.<br />
Miguelete. Monteyidéu. Uruguai. (26-735).<br />
PUCCINIACEAE<br />
Prospodhtm tuberculatum (Speg.) Arth.<br />
Colônia. Uruguai. (26.737).
— 71 —<br />
Prospodium paraguayensis Speg.<br />
Miguelete. Montevidéu. Uruguai. (26.738)<br />
Accidium bcrbcridis (Lév.) Hert.<br />
San José. Uruguai. (26.739).<br />
Puccinia pruni Pers-<br />
Montevidéu. Uuruguai. (26.740).<br />
Puccinia chrysanthcmi Roze.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.742).<br />
Puccinia bignoniacearum Speg.<br />
Trinta y três. Uruguai. (27.743).<br />
Puccinia schilcana Speg.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.744).<br />
Puccinia pracdicta Jacks. & Holw-<br />
Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong>. Uruguai. (26.745).<br />
Puccinia uruguaycnsis Speg.<br />
Canelones. Uruguai. (26.746).<br />
Puccinia nollioscordi (Syd).<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.747).<br />
Puccinia hyptidis (Curt.) Tracy & Earle.<br />
Aigua Lavalleja. Uruguai. (26.750).<br />
Puccinia polypogonis Speg.<br />
Montevidéu• Uruguai. (26.751).<br />
Puccinia Bcrgii Speg.<br />
Colônia. Uruguai. (26.752).<br />
Puccinia bignoniacearum Speg.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.753).<br />
Ravenelia caulicola Arth.<br />
Barra <strong>de</strong> San José. Uruguai. (26.754).<br />
Uromyces cestri Mont.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26-755).<br />
Uromyces latliyrinus Speg.<br />
Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong>. Uruguai. (26.756).<br />
Uromyces bauhiniac Hen.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.757).<br />
Uromyces cestri Mont.<br />
Miguelete. Montevidéu. Uruguai. (26.758).<br />
Uromyces phaseoli Wint.<br />
Miguelete. Montevidéu, Uruguai. (26.759).
— 72 —<br />
Uromyces caryophyllinus (Schak) Sch.<br />
Colón. Montevidéu. Uruguai. (26.760).<br />
Uromyces appcndiculatus (Pers.) Link.<br />
Barras. Montevidéu. Uruguai. (26.761).<br />
Puccinia banisteriae Hen.<br />
Goiaz. Brasil. (41.007).<br />
Uromyces bauhiniac Henn.<br />
San José. Uruguai- (41.070).<br />
Puccinia sebastianae Wint.<br />
Cerrilos. Canelones, Uruguai. (41.071).<br />
Puccinia hicracii (Schum) Mart. . .<br />
Cerro Colora<strong>do</strong>. Florida. Uruguai. (41.072).<br />
Ure<strong>do</strong> evolvuli Speg.<br />
Flórida. Uruguai. (41.076).<br />
Aecidium senecionis Speg.<br />
Paj as Bancas. Montevidéu. Uruguai- (41.078).<br />
Uromyces appendiculatus (Pers.) Rabh.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.092).<br />
Puccinia psidii Wint.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.095).<br />
Puccinia malvacearum E. F. Sm.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41)096).<br />
Puccinia pritni-spinosac Pers.<br />
Niterói. E. <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.097).<br />
Puccinia purpurea Fuck.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>- (41.099).<br />
Cerotelium jici Des.<br />
Niterói. E. <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. (41.100).<br />
Puccinia antirrhini Diet. & Holw.<br />
Casablanca. África. (42.285).<br />
Puccinia mirabilissima Peck.<br />
Bois-le-Roi. França. (42.287).<br />
Puccinia magnusiana Koern.<br />
Aisey-sur-Seine. França. (42.289)-<br />
Puccinia pruni-spinosae Persoon.<br />
Rabat. Marrocos. (42.294).<br />
Puccinia hydrocotyles (Link) Cke.<br />
Arroio Las Piedras. Canelones. Uruguai. (42.296)
— 73 —<br />
Puccinia dichondrae Mtgne.<br />
Arroio Miguelete. Montevidéu. Uruguai. (42.297).<br />
Puccinia nwdiolae Syd.<br />
Montevidéu. Uruguai. (42.298)-<br />
Puccinia oxalidis (Lév. Diet. & Eli.<br />
Montevidéu. (42.299).<br />
Puccinia jlacida Berk. & Br.<br />
Montevidéu. Uruguai. (42.300).<br />
AGARICACEAE<br />
Marasmius torquescens Quél.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.772).<br />
Amanita phalloi<strong>de</strong>s (Fr-) Quél.<br />
Canelones. Montevidéu. (26.773).<br />
Hebeloma jelipponei Speg.<br />
Canelones. Uruguai. (26.774).<br />
Schyzophyllum alneum (L.) Schroe.<br />
Represa <strong>do</strong> Macaco. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.016).<br />
Schyzophyllum alneum (L.) Schroe.<br />
Horto Florestal. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.020).<br />
Lentiuus velutinus Fr.<br />
Leblon- <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.036).<br />
Lentiuus similis B. & Br.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.059).<br />
Lcntinus similis B. & Br.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.060).<br />
Lensites erubescens Berk.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.062).<br />
Schizophyllum alneum (L.) Schroe.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.771).<br />
Lenzites applanatla Fr-<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (42.258).<br />
Lenzites striata Sw.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.257).<br />
Marasmius perforans Fr.<br />
Chanrpagnole. França. (42.290).<br />
Hirneola auricola-jiidae Berk.
— 74 —<br />
<strong>Rio</strong> Ver<strong>de</strong>. Chaco. Uruguai. (26.764).<br />
Hirncola auricola-judae Berk-<br />
Gávea. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.037).<br />
Hirncola auricola-judae Berk-<br />
Alto da Boa Vista. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.050)<br />
Hirncola auricola-judae Berk-<br />
Manaus. Amazonas. (41.052).<br />
Hirncola auricola-judae Berk-<br />
San José. Uruguai. (43.806).<br />
Clavaria cincria Buli-<br />
Canelones. Uruguai. (26.768).<br />
Irpcx portoricensis Fr.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.256).<br />
Hydnum razvakcnse Pers.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.253).<br />
BOLETACEAE<br />
Boletus varicgatus S\v.<br />
La Floresta. Canelones. Uruguai. (26-769).<br />
LYCOPERDACEAE<br />
Hypogaca Octaviana (Wallr.) Cela.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.775).<br />
Geastcr jlorijormis Vitt.<br />
San José. Uruguai. (26.776).<br />
Gcasfer arenarius Lloyd.<br />
San José. Uruguai. (26.777).<br />
Geastcr saccatus Fr.<br />
Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong>. Uruguai- (26.778).<br />
Bovista ar<strong>do</strong>siaca (Buli.) Hert.<br />
Canelones. Uruguai. (26.779).<br />
Sclcro<strong>de</strong>rma verrucoswm (Buli.) Pers.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.780).<br />
Sclcro<strong>de</strong>rma verrucosum (Buli.) Pers.<br />
Horto Florestal. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.023).<br />
Tulostoma mammorum Fr.<br />
Mancha. França- (42.283).
— 75 —<br />
NIDULARIACEAE<br />
Cyathus striatus Fr.<br />
São Julião. Minas Gerais. (47.056).<br />
PASILLACEAE<br />
Paxillus argeníinus Speg.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.770).<br />
PHALLACEAE<br />
Mutitms caninus (Huds.) Fr.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong>. (41.049).<br />
POLYPORACEAE<br />
Polystictits pinsitus Fr.<br />
<strong>Rio</strong> Ver<strong>de</strong>. Chaco. Uruguai. (26-765).<br />
Palystictus sanguineus (L.) Fr.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.767).<br />
Polyponts coccincus Fr.<br />
Manaus. Amazonas. (41.009).<br />
Polystictus omphaloidcs Fr.<br />
Sta. Tereza. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.010).<br />
Polystictus omphaloidcs Fr.<br />
Horto Florestal- <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.011).<br />
Palystictus sanguineus (L.) Mey.<br />
Lago Salga<strong>do</strong>. Óbi<strong>do</strong>s, Pará. (41.012).<br />
Palystictus sanguineus (L.) Mey.<br />
Pico da Tijuca. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.013).<br />
Fomes pectinatus Klotzsch.<br />
Monsserat. E. <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. (41.014).<br />
Polystictus versieolor (L.) Fr.<br />
Horto Florestal. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.018).<br />
Polystictus sanguineus (L.) Mey-<br />
Horto Florestal. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.019).<br />
Pomes gilvus Fr.<br />
Represa <strong>do</strong> Macaco. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.021)<br />
Favolus brasiliensis Fr.
— 76 —<br />
Serra <strong>do</strong> Itatiaia. E. <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. (41.022).<br />
Polyporus zonalis Berk.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.024).<br />
Fomes marmoratus Berk-<br />
Corcova<strong>do</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.030).<br />
Fomes applanatus (Pers.) Wallr.<br />
Corcova<strong>do</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.031).<br />
Fomes lucidus (Seyss.) Fr.<br />
Serra <strong>de</strong> Friburgo. E. <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. (41.032).<br />
Fomes marmoratus Berk.<br />
Óbi<strong>do</strong>s. Pará. (41.033).<br />
Fomes applanatus (Pers.) Wallr.<br />
Manaus. Amazonas. (41.034).<br />
Fomes australis Fr.<br />
Gávea. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.035).<br />
Polystictus hirsittus Fr.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.038).<br />
Fomes gilvus Fr.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.040).<br />
Fomes lignosus Klotz.<br />
Corcova<strong>do</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.041).<br />
Polyporus elegans. Buli.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>- <strong>Rio</strong>. (41.047).<br />
Polystictus cervino-nitens Schwein.<br />
Tijuca. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (41.051).<br />
Hexagona variegata Balk.<br />
Manaus. Amazonas. (41.055).<br />
Lenzites javolus brasiliensis Rck.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong>. (41.058).<br />
Fomes fomentarius (L.) Fr.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong>. (41.063).<br />
Daedalea amanitoi<strong>de</strong>s Beaw-<br />
Coamo. Porto Rico. Centro América. (42.247)<br />
Daedalea conjragosa Pers.<br />
Ithaca. New York. E. U. A. (42.248).<br />
Favolus brasiliensis Rck.<br />
U.S.A. (42.249).<br />
Fomes lucidus (Seyss.) Fr-
— 77 —<br />
<strong>Rio</strong>.<strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (42.250).<br />
Fomcs fomentarius (L.) Fr.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.251).<br />
Gano<strong>de</strong>rma applanatum Pers.<br />
Itatiaia. E. <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>. (42.252).<br />
Polyporus gilvus Sckw.<br />
Campinas. São Paulo. (42-260).<br />
Polyporus venezuelae Berk.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.261).<br />
Polyporus pinsitus Fr.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.262).<br />
Polyporus cinnabarinus Jacq.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.263).<br />
Polyporus chincnsis Fr.<br />
Ithaca. New York. U. S. A. (42.264).<br />
Polyporus occi<strong>de</strong>ntalis Fr.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.265).<br />
Polystictus hirsutus Fr.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (42.266).<br />
Polystictus vcrskolor (L.) Fr.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>- (42.267).<br />
Polystictus pinsitus Fr.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (42.277).<br />
Polystictus rigens Sacc.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.278).<br />
Trametes hydnoi<strong>de</strong>s Sw.<br />
Coamo. Porto Rico. América Central. (42.270)<br />
Trametes seruposa Fr.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.269).<br />
Trametes hydnoi<strong>de</strong>s Fr.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.268).<br />
THELEPHORACEAE<br />
Stereum lobatum Fr.<br />
Gávea. <strong>Rio</strong>. (42.272).<br />
Stereum lobatum Fr.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.271).<br />
Stereum hirsutum (Willd). Pers.
— 78 —<br />
Montevidéu. Uruguai. (43.803).<br />
Telcphora caryophyllea (Schaeff.) Pers.<br />
Canelones. Uruguai. (43.804).<br />
PEZIZACEAE<br />
Pcziza Ulei Winter.<br />
Heb. Schwacke 5782. (41.002).<br />
Peziza rubi Lsch.<br />
Rabnh. Herb. myc. (42.282).<br />
PHACIDIACEAE<br />
Phacidiuni calycijorníe (Rebent) Spreng.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.274).<br />
HELOTIACEAE<br />
Sclcrotinia Fuckcliana De By.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.716).<br />
HYPOCREACEAE<br />
Claviceps satariae Hert.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.721).<br />
Polystigma rubrum ^Pers) D.C.<br />
El Hafjeb. Marrocos. África. (42.291)<br />
DOTHIDEACEAE<br />
Aucrswaldia fclippoticana Sacc.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.722).<br />
Pliyllachora cyno<strong>do</strong>ntis (Sacc.) Niesel.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.723).<br />
Phyllachora Muchlcnbcrgiae Sacc.<br />
Colônia. Uruguai. (26.724).<br />
Phyllachora gracilis Speg.<br />
Trinta y Tr
— 79 —<br />
Dothidclla Hicronymi Speg.<br />
Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong>. Uruguai. (26.727).<br />
Phyllachora andropogonis (Schw.) Karst.<br />
Flórida. Uruguai. (41.079).<br />
Phyllachora Aristidae, (Schw.) Karst.<br />
Flórida. Uruguai. (41.080).<br />
Phyllachora graminis Pcrs.<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (42.227).<br />
SPHAERIACEAE<br />
Ustulina pyrenarata Theiss.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.273).<br />
Nuinmularia punctulata Sacc.<br />
R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.259).<br />
Hypoxylon cominutatum Nke.<br />
Ithaca. New York. (42-255).<br />
XYLARIACEAE -<br />
Poronia oedipus Mtgne.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.729).<br />
Xylaria Kidcye Lloyd<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (42.276).<br />
Xylaria hypoxylon (L.) Gres.<br />
Montevidéu. Uruguai. (43.805).<br />
PERISPORIACEAE<br />
Meliola bi<strong>de</strong>nta Cke.<br />
Dep. <strong>do</strong> Chaco. Uruguai. (26.714).<br />
Meliola polytricha Kbs. & Cke.<br />
San José. Uruguai. (26.7<strong>15</strong>).<br />
Apiosporium salicinmn (Pers.) O.K.<br />
Montevidéu. Uruguai. (43.807).<br />
MYRIANGIACEAE<br />
Elsinoc piri (Wor.) Jenkins.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.800).
— 80 —<br />
DEMATIACEAE<br />
Demarium hispidulum (Pers.) Fr.<br />
Bois-Roi — França. (42.293).<br />
Cia<strong>do</strong>sporium hcrbarum (Pers.) Link.<br />
San José. Uruguai. (26.788).<br />
Alternaria tenuis Hess.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.789).<br />
Hadrotrichum populi Sacc.<br />
Canelones. Uruguai. (26-790).<br />
Alienaria tenuis Hesse.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.793).<br />
Alienaria tenuis Hesse.<br />
Miguelete. Montevidéu. Uruguai. (26.795).<br />
Alienaria tenuis Hesse.<br />
Ataliualpa. Uruguai. (26.796).<br />
Alienaria tenuis Hesse.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.797).<br />
TUBERÇULARIACEAE<br />
Baetridium jlavum S- & K.<br />
Santa Maria. R. G. <strong>do</strong> Sul. (42.275).<br />
Baetridium jlavum S. & K.<br />
Nunez. Buenos Aires. Argentina. (26.785).<br />
MUCEDINACEAE<br />
Ovularia obovata (Fuck.) Sacc.<br />
Santiago Yasquez. Montevidéu. Uruguai. (26.786).<br />
Trichothecium roseum Link.<br />
Montevidéu- Uruguai. (26.787).<br />
Oidium leucoeonium Wint.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>. (42.233).<br />
MONILIACEAE<br />
Acrosporium bignonicola Hen.<br />
Ex-Herb. Glaziou. (41.008). .
— 81 —<br />
SPHARIOIDACEAE<br />
Parhtca australis Speg.<br />
Rocha. Uruguai. (26.781).<br />
Phyllosticta Polacü Spg.<br />
Montevidéu. Uruguai. (26.782).<br />
Phyllosticta maytcni Spg-<br />
Canelones. Uruguai. (41.082).<br />
Septoria cupatorii Rb.<br />
Cerro Largo. Uruguai. (41.090).<br />
Septoria lycupcrsii Spg.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong>. (42.230).<br />
Septoria a"aléa Vog.<br />
<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>. <strong>Rio</strong>. (42.231).<br />
Leptosphacria Bondari Jenk. & Bit.<br />
.Montevidéu. Uruguai. (26.802).<br />
701.064 — P. 6 —
SOBRE A CONSERVAÇÃO DOS CASSIDINEOS (Col.)<br />
POR<br />
J. F. ZIKÁN<br />
O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação a seco <strong>do</strong>s coleópteros, comumente a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> largo tempo, e que consiste em espetá-los com alfinetes, apresenta<br />
gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>svantagens, quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong> certas famílias, pelo fato <strong>de</strong> provocar<br />
o encarquilhamento e a contração <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s, mas, sobretu<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>sbotamento<br />
ou a perda completa da coloração, fican<strong>do</strong>, assim, os exemplares<br />
guarda<strong>do</strong>s nas coleções sem o seu atraente aspecto natural. Este<br />
nial se torna evi<strong>de</strong>nte nas espécies <strong>de</strong> diversos gêneros <strong>do</strong>s Cassidini, subfamília<br />
<strong>do</strong>s Chrysomclidae. Muitas espécies <strong>do</strong>s gêneros Chari<strong>do</strong>tis, Coptocycla,<br />
Plagionictriona, Metriona, Chirida, Cliari<strong>do</strong>tclla, Ctcnochira, Ctciseüa,<br />
etc, são notáveis pelas cores vivas que, refletidas pelos raios solares,<br />
dão-lhes o aspecto <strong>de</strong> pedras preciosas ou jóias cintilantes. O encarna<strong>do</strong><br />
vivo, o azul mescla<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os matizes, até o roxo e lilás, o suave auriver<strong>de</strong>,<br />
o <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> ou o argênteo, emprestam a esses pequenos coleópteros<br />
uma beleza invulgar, que, infelizmente, <strong>de</strong>saparece por completo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
mortos e secos, não dan<strong>do</strong> mais ao observa<strong>do</strong>r uma idéia <strong>do</strong> aspecto natural<br />
<strong>de</strong>sses seres <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>s. Embora, para a distinção específica, a cor e o <strong>de</strong>senho<br />
sejam <strong>de</strong> importância secundária, é, contu<strong>do</strong>, interessante conservá-los<br />
nos insetos prepara<strong>do</strong>s das coleções, para que se apresentem na maior naturalida<strong>de</strong><br />
possível.<br />
Com este objetivo, fiz experiências sobre a conservação <strong>de</strong>sses coleópteros,<br />
em diversos líqui<strong>do</strong>s recomenda<strong>do</strong>s na literatura, inclusive glicerina e<br />
áci<strong>do</strong> fênico, sem resulta<strong>do</strong> satisfatório. Experimentei, então, prepará-los<br />
pelo méto<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> com sucesso na conservação <strong>de</strong> larvas, obten<strong>do</strong>,
— 84 —<br />
afinal, completo êxito. Sen<strong>do</strong> esse méto<strong>do</strong> muito simples e pouco dispendioso,<br />
torna-se aconselhável.<br />
Os coleópteros, coligi<strong>do</strong>s e mortos num vidro <strong>de</strong> cianureto. <strong>de</strong> potássio,<br />
são, em seguida, coloca<strong>do</strong>s em vasilha <strong>de</strong> louça ou porcelana, <strong>de</strong>spejan<strong>do</strong>-se<br />
sobre eles água ferven<strong>do</strong>, na qual ficam por muitos minutos ou mesmo por<br />
algumas horas. Retira<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse banho, são <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s em tubos ou frascos<br />
<strong>de</strong> vidro com solução <strong>de</strong> água fervida ou <strong>de</strong>stilada, à qual se adicionam<br />
2 % e até 5 % <strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>do</strong> fórmico. Depois <strong>de</strong> algumas semanas, os insetos<br />
são transporta<strong>do</strong>s para uma solução nova, repetin<strong>do</strong>-se a operação até que<br />
o líqui<strong>do</strong> não se turve mais. Des<strong>de</strong> então, fica <strong>de</strong>finitivamente assegurada<br />
a sua conservação permanente; e, a seguir, são os exemplares coloca<strong>do</strong>s em<br />
tubos <strong>de</strong> vidro apropria<strong>do</strong>s. Os <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a estu<strong>do</strong>s e exames guardam-se<br />
soltos em tubos comuns, on<strong>de</strong> ficam submersos na mencionada solução. Os<br />
que se <strong>de</strong>stinam a fins <strong>de</strong>monstrativos, mostruários, etc, são fixa<strong>do</strong>s em<br />
tiras <strong>de</strong> celulói<strong>de</strong> grosso e introduzi<strong>do</strong>s em tubos com a mesma solução-<br />
Em vez <strong>do</strong> celulói<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r-se-á empregar lâminas <strong>de</strong> vidro. O celulói<strong>de</strong>,<br />
porem, é preferível, pois, é fácil <strong>de</strong> ser corta<strong>do</strong> com a tesoura, em qualquer<br />
tamanho e largura necessários. Para fixar os objetos, nessas tiras, emprega-se<br />
a conhecida cola para insetos, cuja base é <strong>de</strong> celulói<strong>de</strong> dissolvi<strong>do</strong> em<br />
acetona; mas, po<strong>de</strong>-se também usar outras colas não solúveis em água. O<br />
rótulo com o nome da espécie, data da captura, localida<strong>de</strong> e nome da planta<br />
<strong>de</strong> nutrição, escrito com tinta NANKIM, é fixa<strong>do</strong> por baixo <strong>de</strong> cada coleóptero.<br />
Conforme o gosto e <strong>de</strong>sejo, po<strong>de</strong>m ser usa<strong>do</strong>s, para esse mo<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> conservação, tubos pequenos ou gran<strong>de</strong>s. Os pequenos com, apenas, um<br />
ou mais espécimes, prestam-se para serem guarda<strong>do</strong>s em caixas com tampa<br />
<strong>de</strong> vidro, das usadas nas coleções <strong>de</strong> insetos, em posição horizontal, fixa<strong>do</strong>s<br />
ao fun<strong>do</strong> das mesmas por um alfinete que atravessa a extremida<strong>de</strong> saliente<br />
da rolha. Os exemplares guarda<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> ficam bem visíveis e se<br />
prestam para exames, tão bem quanto os insetos arma<strong>do</strong>s em alfinetes ou<br />
cola<strong>do</strong>s em cartões. Os tubos maiores ou gran<strong>de</strong>s são expostos em posição<br />
vertical sobre estantes e po<strong>de</strong>m conter diversas espécies em vários exemplares.<br />
Os tubos <strong>de</strong> secção achatada são particularmente úteis, pois, fican<strong>do</strong><br />
os insetos mais próximos à pare<strong>de</strong> plana <strong>do</strong> vidro, o efeito <strong>de</strong>sagradável da<br />
refração irregular <strong>do</strong>s raios <strong>de</strong> luz é elimina<strong>do</strong>, o que não se dá nos tubos<br />
cilíndricos. Para fechar esses tubos, dá-se à rolha a forma oval, não ultrapassan<strong>do</strong><br />
esta a borda <strong>do</strong>s mesmos; não se <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>ixar espaço algum vazio<br />
entre a rolha e o liqui<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação. Para impedir a retenção <strong>de</strong> bolhas<br />
<strong>de</strong> ar, perfura-se a rolha ao centro, sen<strong>do</strong> este orifício veda<strong>do</strong>, após a intro-
— 85 —<br />
dução da mesma, com um pequeno pedaço dè cortiça ou <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, embebj<strong>do</strong><br />
em parafina ou matéria semelhante, conseguin<strong>do</strong>-se. assim, obturação<br />
hermética. A borracha líquida ou uma solução <strong>de</strong> celulói<strong>de</strong> em acetona dará,<br />
igualmente, bons resulta<strong>do</strong>s.<br />
Os coleópteros guarda<strong>do</strong>s na solução mencionada, <strong>de</strong> formol, conservam<br />
suas cores naturais durante muito tempo, como pu<strong>de</strong> verificar em prepara<strong>do</strong>s<br />
feitos há 10 anos e até mais; eles em nada diferem <strong>de</strong> animais recém<br />
captura<strong>do</strong>s. Pelo processo em apreço po<strong>de</strong>m, igualmente, ser conservadas<br />
as larvas e as ninfas <strong>de</strong> outros insetos, assim como. as lagartas e as crisálidas<br />
<strong>de</strong> borboletas.<br />
Segun<strong>do</strong> asserção <strong>do</strong> sr. J. MELZICR, OS Cassidinoe e outros coleópteros<br />
conservam também suas cores naturais em áci<strong>do</strong> íênico, o que pu<strong>de</strong><br />
comprovar nas preparações por ele apresenta<strong>do</strong>s. Receio, porem, que os<br />
insetos, com o correr <strong>do</strong> tempo, venham a sofrer alguma alteração nesse líqui<strong>do</strong><br />
cáustico. Outro meio <strong>de</strong> conservação consiste no emprego da glicerina;<br />
esta, porem, apresenta a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> produzir a inflação <strong>do</strong>s<br />
insetos nela envolvi<strong>do</strong>s.
EXCURSÃO À SERRA DO CAPARÃO<br />
POR<br />
A. C. BRADE<br />
Relatório apresenta<strong>do</strong> pelo autor sobre<br />
;i excursão que fez, <strong>de</strong> -1 <strong>de</strong> setembro a 7 <strong>de</strong><br />
outubro <strong>de</strong> 1941.<br />
Cara fins <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s comparativos, especialmente pesquisas fitogeográficas,<br />
propusemos à diretoria <strong>do</strong> Serviço Florestal realizar uma excursão à<br />
Serra <strong>do</strong> Caparão, situada na região das divisas <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais<br />
e Espírito Santo. O local mais alto, o pico da Ban<strong>de</strong>ira, alcança uma<br />
altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.884 m. e é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> 0 ponto culminante <strong>do</strong> Brasil.<br />
Pela Portaria n. 13, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1941, o diretor <strong>do</strong> Serviço Florestal<br />
autorizou-nos realizar essa excursão. Infelizmente, por motivos supervenientes,<br />
não nos foi possível empreendê-la no mês <strong>de</strong> maio. estação<br />
mais favorável, como tencionávamos. Assim, foi necessário esperar até a<br />
primavera, porque os meses <strong>de</strong> inverno (junho e agosto) são pouco próprios,<br />
por causa da baixa temperatura e das geadas freqüentes, que não permitem<br />
o <strong>de</strong>senvolver das flores.<br />
Em companhia <strong>do</strong> SR. EDMUNDO PEREIRA, que levamos como ajudante,<br />
para a preparação <strong>do</strong> material, colheita, etc. saímos a 4 <strong>de</strong> setembro <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, utilizan<strong>do</strong> a Estrada <strong>de</strong> Ferro Leopoldina. chegan<strong>do</strong> à<br />
noite <strong>do</strong> mesmo dia a Carangola. E. <strong>de</strong> Minas Gerais. Xa manhã <strong>do</strong> dia<br />
seguinte, continuamos até Espera Feliz, on<strong>de</strong> interrompemos a viagem para<br />
entregarmos uma recomendação ao Prefeito <strong>do</strong> município, dada pelo<br />
SR. GOUVêA, conselheiro técnico da Secretaria da Agricultura <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Minas Gerais, a quem nos recomendara o sr. diretor <strong>do</strong> Serviço Florestal.<br />
Obten<strong>do</strong> novas recomendações das autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Espera Feliz, município<br />
situa<strong>do</strong> na referida Serra <strong>do</strong> Caparão, continuamos no mesmo dia a viagem
— 88 —<br />
até a Vila <strong>do</strong> Caparão, servida pela Estrada <strong>de</strong> Ferro Leopoldina. Durante<br />
os dias seguintes (6 e 7 <strong>de</strong> setembro) colhemos as necessárias informações<br />
sobre a viagem à Serra, condições <strong>do</strong>s caminhos, possibilida<strong>de</strong> da estadia,<br />
alimentação, etc. Com o valioso apoio <strong>do</strong> SR. AMéRICO DE CARVALHO, tornou-se<br />
possível arranjar tu<strong>do</strong> isso facilmente; indicou uni guia competente<br />
e <strong>de</strong> confiança, o SR. JOSé MACHADO, o qual foi, não só um guia <strong>de</strong> alta competência,<br />
mas um auxiliar infatigavel na remoção das dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> transporte<br />
<strong>do</strong> material e outras bagagens, obten<strong>do</strong> ainda um abrigo, que serviu<br />
<strong>de</strong> base e referência durante a estadia na serra. Tratava-se <strong>de</strong> pequeno<br />
rancho situa<strong>do</strong> na Várzea das Congonhas, numa altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.000 m.. aproximadamente,<br />
<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> SR. FRANCISCO ALVIM, e que foi escolhi<strong>do</strong><br />
como sen<strong>do</strong> mais favorável para as nossas operações, especialmente por<br />
estar situa<strong>do</strong> na parte central da região que tencionavamos explorar.<br />
A melhora <strong>do</strong> tempo permitiu a ascensão no dia 8. Embora, com<br />
os caminhos péssimos, fortes subidas e outras dificulda<strong>de</strong>s, chegamos bem<br />
aos Campos das Congonhas, encontran<strong>do</strong> o rancho em condições, próprio<br />
para servir <strong>de</strong> alojamento. O tamanho <strong>de</strong>ste (4x6 metros) não era muito,<br />
mas <strong>de</strong>u lugar suficiente para. nós e nosso material. Numa puxada <strong>do</strong> telha<strong>do</strong>,<br />
arranjamos uma mesa provisória para trabalhos <strong>de</strong> tratamento <strong>do</strong><br />
material colhi<strong>do</strong>, bem como, uma estante para secagem <strong>do</strong> papel e das plantas.<br />
A localização <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> rancho no centro da serra permitiu explorar<br />
facilmente todas as regiões da mesma, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a altitu<strong>de</strong> média até os pontos<br />
mais eleva<strong>do</strong>s. Consequentemente, foi possível percorrer todas as regiões<br />
interessantes. Escalamos e exploramos os seguintes altos e picos:<br />
Pico <strong>do</strong> Camillo, com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.500 metros;<br />
Pico <strong>do</strong> Luiz Inácio, com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.500 metros;<br />
Alto <strong>do</strong> Lajão, com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.500 metros;<br />
Serra <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Preto, com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.500 metros;<br />
Região da Cachoeira da Fumaça (<strong>Rio</strong> S. Domingos) ;<br />
Cabeceiras <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Preto;<br />
Pico <strong>do</strong> Crista], com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.798 metros;<br />
Pico <strong>do</strong> Calça<strong>do</strong> com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.850 metros;<br />
Pico <strong>do</strong> Cruzeiro com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.861 metros;<br />
Pico da Ban<strong>de</strong>ira com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.884 metros;<br />
Planalto, com os 3 lagos, com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.600 metros;<br />
Região da Casa Queimada, com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2.500 metros;
metros.<br />
— 89-<br />
Matas da região <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Domingos, com altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.800 a 2.000<br />
O tempo, infelizmente, não foi muito favorável; quasi não surgia um<br />
dia inteiro <strong>de</strong> sol; este só aparecia em breves horas. Em geral, as nuvens<br />
envolviam tu<strong>do</strong>, V a visibilida<strong>de</strong> era muito limitada. A orientação, nessas<br />
circunstâncias, era dificílima, obrigan<strong>do</strong>-nos a diversas providências para<br />
não nos per<strong>de</strong>rmos. Algumas vezes, fomos obriga<strong>do</strong>s a interromper as excursões,<br />
regressan<strong>do</strong> sem alcançar o ponto projeta<strong>do</strong>-<br />
A falta <strong>de</strong> sol dificultava, especialmente, a secagem <strong>do</strong> material colhi<strong>do</strong>,<br />
cujo tratamento foi muito trabalhoso e <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>. Somente com o emprego<br />
<strong>do</strong> fogo foi possível enxugar o papel e secar o material nas pastas. Mas,<br />
mesmo assim, sempre lutamos incessantemente contra a fumaça e o vento.<br />
No dia 3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong>ixamos a nossa base, na Várzea das Congonhas,<br />
e <strong>de</strong>scemos para a Vila <strong>do</strong> Caparão. Os dias 4 e 5 <strong>de</strong> outubro foram emprega<strong>do</strong>s<br />
no tratamento e enfardamento <strong>do</strong> material, <strong>de</strong> maneira a torná-lo bem<br />
resistente ao transporte. •<br />
Saímos da Vila <strong>do</strong> Caparão na manhã <strong>do</strong> dia 6 <strong>de</strong> outubro, em direção<br />
a Cachoeira <strong>do</strong> Itapemirim (Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo) e chegamos ao R.o<br />
na noite <strong>de</strong> 7.<br />
LISTA DO MATERIAL COLHIDO<br />
1. MATERIAL PARA HERBÁRIO<br />
Família Quant. spc. Quant. exepl.<br />
Aquifoliacéae 1<br />
Amaryllidaceae 1<br />
Apocynaceae 2<br />
Asclepiadaccac | 3<br />
Berberidaceae<br />
Borraginaceae<br />
1<br />
Bromeliaceae •><br />
i 4<br />
Cactaceae °<br />
Compositae<br />
Campanulaceae<br />
44<br />
Caryophyllaceae<br />
£<br />
Cornaceae<br />
9 3<br />
Cunomaceae<br />
A 1 3<br />
Cyperaceae<br />
Droseraceae •<br />
Ericaceae<br />
• Euphorbiaceae " 14
— 90 —<br />
família Qttant. spc. Quanl. cxcpl.<br />
Flacourtiaceae 3 13<br />
Gramineae 5 17<br />
Iridaceae 3 5<br />
Labiatae 7 12<br />
Lentibulariaceae 1 1<br />
I.eg. Cães 2 4<br />
Leg. Pap 2 4<br />
•Liliaceae 1 4<br />
Loganiaceae 4 10<br />
Loranthaceae 1 6<br />
Malpighiaceae 1 6<br />
Malvaceae 1 2<br />
Melastomataceac 13 36<br />
Myrtàceae 4 9<br />
Myrsinaceae 4 <strong>15</strong><br />
Oenotheraceae 1 2<br />
Orchidaceae 8 <strong>15</strong><br />
O-xalidaceac 1 7<br />
Palmae A 1 4<br />
Plantaginaceac 2 8<br />
Polygalaceae 3 8<br />
Protaceae 2 7<br />
Ranunculaceae 2 10<br />
Rubiaceae 9 32<br />
Scrophulariaccac 5 23<br />
Solanaceae 9 32<br />
Symplocaccac 2 10<br />
Theaceae 1 2<br />
Umbelifcrae 2 3<br />
Valerianaceae 1 4<br />
Veloziaceae 3 10<br />
Verbenaceae 4 10<br />
Violaceae 2 6<br />
Vitaceae • 1 1<br />
PTERIDOPHYTA<br />
Cyatheaceae 6 20<br />
Gleicheniaceae 2 10<br />
Hymenophyllaceae 4 5<br />
Isoetaceae 1 8<br />
Lycopodiaccac 9 44<br />
Ophioglossaceae 1 4<br />
Polypodiaceae 43 120<br />
Selaginelaceae 1 1<br />
TOTAL: Famílias 59 Espécies... -259 Exemplares... 794
— 91 —<br />
2. PLANTAS VIVAS<br />
Família Quatit. s[>c. Quant. cxepl.<br />
Amarylidaceae 2 20<br />
Bromeliaceae 9 19<br />
Cactaceae 4 8<br />
Gesneriaceae 1 1<br />
Iridaceae 1 8<br />
Lycopodiaceae 2<br />
Orchidaceae 26 39<br />
Polypodiaceae 3 '<br />
Ranunculaceae 1<br />
Violaceâe 1<br />
TOTAL: Famílias 10 Espécies. 50 Exemplares... 107<br />
3. SEMENTES E FRUTOS<br />
1 Amaryllidaceae.<br />
1 Compositae.<br />
1 Loganiaceae.<br />
1 Scrophulariaceae.<br />
1 Solaneae.<br />
OBSERVAÇÕES PRELIMINARES<br />
A região da Serra <strong>do</strong> Caparão, como se apresenta hoje, está coberta, na<br />
maior parte, <strong>de</strong> vegetação secundária ou, pelo menos, modificada pelas<br />
queimas aci<strong>de</strong>ntais ou provocadas. A vegetação primitiva ficou conservada<br />
só nas rochas, nos espigões mais eleva<strong>do</strong>s com vegetação rala, nas grutas e<br />
escarpas sombrias e úmidas, nos lugares pantanosos e numa faixa estreita<br />
à beira <strong>do</strong>s rios e córregos. Árvores mortas, troncos queima<strong>do</strong>s ou resíduos,<br />
somente, indicam hoje a vasta extensão <strong>de</strong> valiosas matas anteriormente<br />
existentes e inutilmente <strong>de</strong>vastadas. Uma vegetação herbácea e arbustiva,<br />
mais ou menos <strong>de</strong>nsa, cobre hoje a maior parte da Serra. Em locais <strong>de</strong> vegetação<br />
recentemente <strong>de</strong>struida pelo fogo, as <strong>de</strong>nsas formações <strong>de</strong> Bambusoi<strong>de</strong>as<br />
(Taquara e Cresciumas) impe<strong>de</strong>m a reconstituição da formação<br />
silvestre.<br />
Po<strong>de</strong>mos verificar na Serra <strong>do</strong> Caparão o aparecimento <strong>de</strong> algumas<br />
espécies que eram conhecidas só na Serra <strong>do</strong>s Órgãos ou na Serra <strong>do</strong><br />
Itatiaia, como, por exemplo, a Cornacea Grischna, a Cactacea Zygocactus<br />
obtusangulus, diversas espécies <strong>de</strong> pteri<strong>do</strong>phyta, como Hymenophyllum<br />
magellanicum e H. megachilum, Blechnum organense, Polypodium Taman-
— 92 —<br />
darei e outras ainda em estu<strong>do</strong>s. • A Flacourtiaceae Asara, uma das singularida<strong>de</strong>s<br />
<strong>do</strong> Caparão, foi achada recentemente, também, no Itatiaia. Mas, o<br />
Caparão possue ainda outras plantas endêmicas e interessantes, como o<br />
gênero Nothochilus (Scrophulariaceae), uma nova espécie <strong>do</strong> gênero Berberis<br />
e mais outras que temos em estu<strong>do</strong>s.<br />
De alto interesse, por exemplo, é o aparecimento <strong>de</strong> Anemone <strong>de</strong>capetala.<br />
A distribuição <strong>de</strong>ssa espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Chile, Argentina, Uruguai, até<br />
o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, no Brasil. Uma segunda espécie (A. Sellowii) foi<br />
encontrada também no <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e no Itatiaia. Da Serra <strong>do</strong> Itatiaia,<br />
foi <strong>de</strong>scrita, recentemente, uma terceira espécie {A. Assisbrasiliana).<br />
Não foi observa<strong>do</strong> tal gênero na Serra <strong>do</strong>s Órgãos.<br />
Com estu<strong>do</strong>s mais exatos <strong>do</strong> material colhi<strong>do</strong>, provavelmente, po<strong>de</strong>remos<br />
aumentar ainda os nossos conhecimentos fitogeográficos da aludida<br />
região, permitin<strong>do</strong> novas conclusões em torno <strong>do</strong> assunto. Por enquanto,<br />
po<strong>de</strong>mos também mencionar o fato <strong>de</strong> que não é representa<strong>do</strong> no<br />
Caparão o gênero Cortadcria (Graminca) • Entretanto, esse gênero andino<br />
é representa<strong>do</strong> no Itatiaia, como na Serra <strong>do</strong>s Órgãos, e, ainda, no Roraima,<br />
<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>-se em formações muito características <strong>do</strong> feitío singular e<br />
antigo. A ausência <strong>de</strong>sse gênero dá-nos a conclusão <strong>de</strong> que a Serra <strong>do</strong> Caparão<br />
e a sua colonização <strong>de</strong> vegetais é - mais recente <strong>do</strong> que a das outras<br />
elevações indicadas.
RODRIGUÊSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
HERBÁRIO DO IARDIM BOTÂNICO<br />
DO RlO DE JANEIRO<br />
:.strQ ISI H$ 811.<br />
Hymcnophyllum maycHaiiicum Willd. (Fot. R. Delforge)<br />
ESTAMPA 1
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Anemone dccapctala L. (Foto R. Delforge)<br />
• M M í " ' * , |<br />
ESTAMPA 2
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
HMífSAOlO OO IAPOIM FOÍANfCO<br />
no «10 DE IA-:£IOO<br />
,tru. N T5955<br />
Acara Emiliae Pilger. (Foto R. Delforge)<br />
ESTAMPA 3
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
IBO<br />
JTANICO<br />
Nothoclrilus coccincus Radlkva. (Foto R. Delforge)<br />
ESTAMPA 4
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Fig. 1 — A chegada à Várzea das Congonhas
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Fig. 2 — Estante para secagem <strong>do</strong> material<br />
Fig. 3 — A Várzea das Congonhas cem o rancho, visto da Serra. Ao la<strong>do</strong>,<br />
um pé <strong>de</strong> Alsophüa elegans M -<br />
Mi
RODRIGUÊSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Fig. 4 — A segunda cachoeira <strong>do</strong> rio Domingos. Nos funcVos,<br />
o Rancho e a Várzea das Congonhas
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. 5 — A primeira cachoeira <strong>do</strong> rio Domingos (Cachochoeira<br />
da Fumaça)
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. 6 — Ü poço por cima da Cachoeira da Fumaça<br />
Fig. 7 — Pico <strong>do</strong> Luiz Jnácio
RODRIGUÉSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
\<br />
Fig. 8 — Serra <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Preto<br />
Fig. 9 — Serra <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> Preto
RODRIGUÉSIA<br />
N.» <strong>15</strong><br />
Fi«. 10 — Pico <strong>do</strong> Cristal<br />
Fig. 11 — Pico <strong>do</strong> Cristal e Pico <strong>do</strong> Calça<strong>do</strong>
Fi#. 12 — Pico <strong>do</strong> Cristal, Pico <strong>do</strong> Camillo, Picos <strong>do</strong> Calça<strong>do</strong>, Cruzeiro e BanüVira<br />
Fig. 23 — Picos <strong>do</strong> Calça<strong>do</strong>, Cruzeiro e BancVeira
Fig. 14 — Pico da Ban<strong>de</strong>ira
Fi,í. <strong>15</strong> — Casa Queimada com a Pedra Rachada (Dois Irmãos"»
RODRIGUÊSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. líi — Casa Queimada, base para subida aos pontos mais eleva<strong>do</strong>s da serra<br />
Fig. 17 — Preparativos para saíõa da base na Várzea das Congonhas
RODRIGUÊSIA<br />
' N." <strong>15</strong><br />
Fig. 19 — Vegetação no Pico <strong>do</strong> Camilo. Eryngium paniaitatum e Ericaceae
RODRIGUÉSIA<br />
N." <strong>15</strong><br />
Fig. 20 — Troncos <strong>de</strong> Alsopliifa elegans Mart., na direita com<br />
Bromeliãceas (1'ricsa Ep.). Região da Cachoeira da Fumaça.<br />
No primeiro plano vê-se Pteridiitin aquilinurr.
RODRIGUÊSIA<br />
N.° <strong>15</strong><br />
Fig. 21 — Vegetação no Pico <strong>do</strong> Camilo. Netechilus coccineus Kdlk<br />
Fig. 22 — Vegetação na Várzea das Congonhas. SpUayuatum com Chusquea ponifolio
Esboço da região explorada da S«rrâ <strong>do</strong> Caparão
NOTICIÁRIO E ATIVIDADES VÁRIAS<br />
Centenário <strong>de</strong> Barbosa Rodrigues — A Comissão <strong>de</strong>signada pelo<br />
sr- Ministro da Agricultura, composta <strong>do</strong>s srs. Alpheu Domingues, diretor<br />
<strong>do</strong> Serviço Florestal, Cinéas <strong>de</strong> Lima Guimarães, agrônomo ecologista,<br />
e Leonam <strong>de</strong> Azere<strong>do</strong> Penna, biologista, elaborou o seguinte programa para<br />
as comemorações <strong>do</strong> centenário <strong>do</strong> botânico e etnólogo patrício, J. BAR<br />
BOSA RODRIGUES, a 22 <strong>de</strong> junho:<br />
I) inauguração da sala com o nome <strong>de</strong> BARBOSA RODRIGUES, no<br />
edifício principal <strong>do</strong> Serviço Florestal (<strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong>) ;<br />
II) colocação <strong>de</strong> uma placa comemorativa, junto ao busto <strong>do</strong> homenagea<strong>do</strong>,<br />
no <strong>Jardim</strong> <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>;<br />
III) romaria ao túmulo;<br />
IV) inauguração <strong>do</strong> Horto <strong>Botânico</strong> <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Ecologia Agrícola,<br />
no quilômetro 47, da estrada <strong>Rio</strong>-S. Paulo, sen<strong>do</strong> planta<strong>do</strong>s, na ocasião,<br />
alguns exemplares <strong>de</strong> "babaçu", palmeira que foi classificada por BAR<br />
BOSA RODRIGUES;<br />
V) exposição <strong>do</strong>s trabalhos <strong>de</strong> BXíBOSA RODRIGUES;<br />
VI) conferência, patrocinada pelo D.I.V., no saMo <strong>do</strong> Palácio Tirn<strong>de</strong>ntes.<br />
Alem <strong>de</strong>sse programa, cogitou-se da emissão <strong>de</strong> um selo comemorativo,<br />
já aprova<strong>do</strong> pelo sr. Ministro da Viação, <strong>de</strong>senha<strong>do</strong> sob orientação da Comissão,<br />
com motivos <strong>de</strong> botânica e etnografia.<br />
Curso <strong>de</strong> Jardinagem "Barbosa Rodrigues" — Afim <strong>de</strong> cumprir<br />
o Regimento <strong>do</strong> Serviço Florestal, <strong>de</strong>liberou a diretoria seja inaugura<strong>do</strong><br />
no dia 22 <strong>de</strong> junho, data em que se comemora o centenário natalício<br />
<strong>de</strong> BARBOSA RODRIGUES, um curso <strong>de</strong> jardinagem, que receberá o nome <strong>de</strong>
— 94 —<br />
"Curso <strong>de</strong> Jardinagem Barbosa Rodrigues", como tributo <strong>de</strong> apreço à memória<br />
<strong>do</strong> insigne botânico brasileiro.<br />
Ministro Apolônio Sales — Nomea<strong>do</strong> por ato <strong>do</strong> sr. Presi<strong>de</strong>nte<br />
da República Ministro da Agricultura, assumiu as funções no dia 28 <strong>de</strong><br />
fevereiro <strong>do</strong> corrente ano o agrônomo APOLôNIO JORGE DE FARIA SALES.<br />
que vinha, até então, exercen<strong>do</strong> o cargo <strong>de</strong> Secretário da Agricultura,<br />
Indústria e Comércio <strong>de</strong> Pernambuco.<br />
A vida pública <strong>do</strong> novo Ministro teve, inicialmente, sua atuação na<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> nor<strong>de</strong>stino on<strong>de</strong>, durante<br />
vários anos, difundiu, como titular <strong>de</strong> diversas ca<strong>de</strong>iras, ensinamentos científicos<br />
a sucessivas turmas daquele estabelecimento. Integra<strong>do</strong>, assim, no<br />
conhecimento da ciência agronômica, realizou ao mesmo tempo vasto plano<br />
<strong>de</strong> experimentos agrotécnicos, impeli<strong>do</strong> pelo espírito <strong>de</strong> iniciativa e nortea<strong>do</strong><br />
pelo senso <strong>de</strong> equilíbrio que o levaram, para logo, ao posto <strong>de</strong> marca<strong>do</strong> relevo,<br />
no seio da classe a que pertence. Técnico <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas<br />
Agronômicas, da Secretaria da Agricultura <strong>de</strong> Pernambuco, foi, no ano <strong>de</strong><br />
1935, em missão oficial <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s às regiões açucareiras <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />
e <strong>do</strong> Havvaü. O alcance prático <strong>de</strong>ssa excursão resultou no aplicar-se,<br />
imediatamente, os novos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cultura, que se afirmaram <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />
direto e <strong>de</strong>cisivo na economia canavieira daquele Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste. O relatório,<br />
publica<strong>do</strong> em 1937, pela Secretaria da Agricultura, no qual <strong>de</strong>u<br />
contas <strong>de</strong> sua missão especial — "Hawaii açucareiro" — um volume ilustra<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 300 páginas, constitue valioso repositório <strong>de</strong> ensinamentos aplicáveis.<br />
Em fins <strong>de</strong> 1937, foi o agrônomo APOLôNIO SALES nomea<strong>do</strong> Secretário<br />
da Agricultura <strong>de</strong> Pernambuco, estabelecen<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, largo programa<br />
<strong>de</strong> ação, liga<strong>do</strong> às múltiplas ativida<strong>de</strong>s agrícolas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Escreven<strong>do</strong><br />
quasi diariamente na imprensa, falan<strong>do</strong> amiu<strong>de</strong> pelo rádio, percorren<strong>do</strong><br />
em pessoa as obras <strong>de</strong> construção e as culturas, foi ele realizan<strong>do</strong>,<br />
nesse ambiente, importantes reformas, simplifican<strong>do</strong> o modus facicndi <strong>do</strong>s<br />
serviços da Secretaria. Dessa maneira, entre outras realizações objetivas,<br />
<strong>de</strong>u novos rumos ao ensino agrícola local, instalan<strong>do</strong> a nova Escola <strong>de</strong><br />
Agronomia, irmanada, na ação, ao Instituto <strong>de</strong> Pesquisas; racionalizou as<br />
culturas existentes, introduzin<strong>do</strong> outras, praticou o fomento da lavoura canavieira,<br />
da mamoua, <strong>do</strong> café, <strong>do</strong> algodão, da fruticultura, <strong>do</strong>s cereais e das<br />
leguminosas econômicas. Coube-lhe, ainda, por em prática o melhoramento<br />
<strong>do</strong>s rebanhos, assim como, criar usinas <strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong> produtos lucrativos<br />
e, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, traçar diretriz segura ao cooperativismo que ele
— 95 —<br />
tanto <strong>de</strong>senvolveu e tornou fecun<strong>do</strong> em Pernambuco. Em 1940, foi o agrônomo<br />
APOLôNIO SALES novamente ao Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, por comissão <strong>do</strong><br />
governo, como <strong>de</strong>lega<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil à Conferência Internacional <strong>de</strong> Algodão.<br />
Dr. Horacio R. Descole - ü INSTITUTO MIGUEL LILLO, da Universida<strong>de</strong><br />
Nacional <strong>de</strong> Tucuman, República Argentina, possue novo diretor,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> abril p.p., ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para esse alto cargo o dr. HO<br />
RACIO R. DESCOLE, conbeci<strong>do</strong> cientista argentino.<br />
O novo diretor <strong>do</strong> Serviço Florestal — O sr, ALPHEU DO.UIX-<br />
GUES, que acaba <strong>de</strong> ser nomea<strong>do</strong> diretor <strong>do</strong> Serviço Florestal, em substituição<br />
ao sr. FRANCISCO DE ASSIS IGLESIAS, diplomou-se pela Escola <strong>de</strong><br />
Agronomia <strong>de</strong> Pernambuco. Inicialmente, exerceu o cargo <strong>de</strong> Chefe <strong>de</strong><br />
Culturas <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Sementeiras, ocupan<strong>do</strong>, a seguir, os <strong>de</strong> <strong>de</strong>lega<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong> Algodão, na Paraiba, Superinten<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> mesmo, diretor <strong>do</strong><br />
Serviço <strong>de</strong> Plantas Têxteis, Chefe da Secção <strong>de</strong> Fitogeografia e Assistente<br />
da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Botânica, da Escola Nacional <strong>de</strong> Agronomia, no <strong>Rio</strong>. N*o Esta<strong>do</strong><br />
da Paraiba fun<strong>do</strong>u, em 1921, <strong>de</strong> cooperação com os srs. DIóGENES<br />
CALDAS e SYLVIO TORRES, a "Paraiba Agrícola", mensário <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a<br />
pugnar pelo progresso da lavoura nor<strong>de</strong>stina <strong>do</strong> Brasil; e. posteriormente,<br />
em 1935, criou, na Capital da República, a primeira revista algo<strong>do</strong>eira que<br />
apareceu no pais, intitulan<strong>do</strong>-a "Algodão", assim como, fez publicar na<br />
mesma época, o "Jornal <strong>de</strong> Agricultura", para a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s interesses agrícolas,<br />
em geral. Em 1939, representou o Ministério da Agricultura na Feira<br />
Mundial <strong>de</strong> Nova York, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> também <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para representar o<br />
Brasil na Comissão Panamericana <strong>de</strong> Recursos Naturais, em Washington.<br />
Quan<strong>do</strong> terminou a importante comissão, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, ficou à disposição<br />
<strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho, Indústria e Comércio para organizar o<br />
mostruário <strong>do</strong>s produtos agrícolas, nos escritórios comerciais <strong>do</strong> pais e<br />
orientar, no estrangeiro, a respectiva propaganda.<br />
Agrônomo Francisco Iglesias — Haven<strong>do</strong>, no dia 28 <strong>de</strong> abril <strong>do</strong><br />
corrente ano, <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> as funções, em comissão, <strong>de</strong> diretor <strong>do</strong> Serviço<br />
Florestal, o agrônomo FRANCISCO DE ASSIS IGLESIAS reassumiu seu posto<br />
<strong>de</strong> diretor efetivo <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Sericicultura <strong>de</strong> São Paulo.<br />
E" oportuno relembrar, nesta breve nota, a longa ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sr. Assis<br />
IGLESIAS à frente <strong>de</strong> vários setores técnicos e administrativos. Diploma<strong>do</strong>
— 96 —<br />
pela Escola <strong>de</strong> Agricultura "Luiz <strong>de</strong> Queiroz", em Piracicaba, iniciou ele<br />
seus estu<strong>do</strong>s, aplica<strong>do</strong>s, no Instituto Butantan, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> VITAL BRASIL. A<br />
seguir, foi comissiona<strong>do</strong> pelo governo fe<strong>de</strong>ral para empreen<strong>de</strong>r estu<strong>do</strong>s no<br />
norte <strong>do</strong> país, on<strong>de</strong>, durante cinco anos, realizou utilitária pesquisa entomológica,<br />
em relação ao algo<strong>do</strong>eiro, cuja cultura acompanhou no Campo<br />
Experimental <strong>de</strong> Coroatá, <strong>do</strong> Maranhão. Ali, observou também os efeitos<br />
<strong>de</strong> plantas tóxicas regionais. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssas investigações foram<br />
objeto <strong>de</strong> monografias e artigos <strong>de</strong>-gran<strong>de</strong> interesse. No Piauí, estu<strong>do</strong>u<br />
com o engenheiro AGENOR MIRANDA as condições <strong>de</strong> clima e solo da região<br />
sulina, lançan<strong>do</strong> as bases <strong>do</strong> cultivo racional <strong>do</strong> algo<strong>do</strong>eiro na "Vila Engenheiro<br />
Dodt", que ambos criaram. Ainda, nesse Esta<strong>do</strong>, serviu na Colônia<br />
Agrícola "David Caldas". Regressan<strong>do</strong> ao <strong>Rio</strong>, publicou na "Revista <strong>do</strong><br />
Brasil", <strong>de</strong> São Paulo, uma série <strong>de</strong> artigos sob o título: — "Cinco anos<br />
no norte <strong>do</strong> Brasil". — Con<strong>de</strong>nsou nele o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus trabalhos, os<br />
quais são, ainda agora, <strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>, dada a minúcia e o valor das indagações<br />
que encerram. Em 1920, foi <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> para dirigir o Serviço <strong>de</strong> Sementeiras<br />
<strong>do</strong> Ministério da Agricultura. Posteriormente, cria<strong>do</strong> o Serviço<br />
Florestal <strong>do</strong> Brasil, foi, como autor <strong>do</strong> respectivo anteprojeto, nomea<strong>do</strong><br />
diretor, permanecen<strong>do</strong> nesse posto até 1932, quan<strong>do</strong> da reforma <strong>do</strong> Ministério<br />
da Agricultura. Voltou o agrônomo Assis IGLESIAS, poucos anos <strong>de</strong>pois,<br />
à ativida<strong>de</strong> pública, como Chefe da Secção <strong>de</strong> Sericicultura da Secretaria<br />
da Agricultura <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>pois elevada à categoria <strong>de</strong> Divisão.<br />
Em janeiro <strong>de</strong> 1939, assumiu a direção <strong>do</strong> Serviço Florestal, então restaura<strong>do</strong>,<br />
aí servin<strong>do</strong> até abril <strong>de</strong>ste ano quan<strong>do</strong>, conforme registamos no início<br />
<strong>de</strong>sta nota, voltou ao seu posto em São Paulo.<br />
Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia — 1) Os solos <strong>do</strong> Itatiaia — Com o<br />
intuito <strong>de</strong> estudar os solos <strong>do</strong> maciço <strong>do</strong> Itatiaia, on<strong>de</strong> se acha instala<strong>do</strong> o<br />
Parque Nacional, enviou o Instituto <strong>de</strong> Química Agrícola àquela <strong>de</strong>pendência<br />
<strong>do</strong> Serviço Florestal uma comissão <strong>de</strong> técnicos, especializa<strong>do</strong>s, para<br />
fazerem o exame das condições edáficas locais. Essa comissão foi chefiada<br />
pelo sr. Luiz GURGEL, ten<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> os seus objetivos, obten<strong>do</strong><br />
resulta<strong>do</strong>s iniciais <strong>de</strong> apreço.<br />
O prosseguimento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> é <strong>de</strong> vivo interesse para os que se <strong>de</strong>dicam<br />
ao conhecimento da ciência <strong>do</strong> solo, pois, a natureza especial <strong>do</strong> Itatiaia,<br />
<strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> vista geográfico e geológico, e das condições <strong>de</strong> topografia,<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s contrastes, promete conclusões mui valiosas <strong>do</strong> mesmo valor e
— 97 —<br />
extensão daquelas a que já chegaram a botânica e a zoologia daquela porção<br />
da Mantiqueira.<br />
II) Barbosa Rodrigues — O nome <strong>do</strong> notável naturalista BARBOSA<br />
RODRIGUES foi da<strong>do</strong>, em sua homenagem, por ocasião <strong>do</strong> primeiro centenário<br />
<strong>de</strong> seu nascimento, que ora transcorre, a uma estrada vicinal adre<strong>de</strong> construída,<br />
através belo trecho <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia. Com a extensão<br />
<strong>de</strong> 1.400 metros, a via BARBOSA RODRIGUES se esten<strong>de</strong> paralelamente ao<br />
curso <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s mais volumosos rios da região, ten<strong>do</strong> parte <strong>de</strong> seu piso<br />
calçada, dispon<strong>do</strong> <strong>de</strong> pontes e escadas para atingir os recantos mais aprazíveis<br />
<strong>do</strong> local, constituin<strong>do</strong> excelente passeio para pe<strong>de</strong>stres.<br />
Em coluna erguida sob base <strong>de</strong> rocha <strong>do</strong> Itatiaia, com a forma <strong>de</strong> pirâmi<strong>de</strong><br />
e altura <strong>de</strong> 2,90 m, colocada no começo da aludida estrada, foi aposta<br />
significativa inscrição com o nome <strong>de</strong> JOãO BARBOSA RODRIGUES. Ren<strong>de</strong>-lhe,<br />
<strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, o Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia seu preito <strong>de</strong> admiração e <strong>de</strong><br />
estima-<br />
III) Estu<strong>do</strong>s entomológicos — a) O entomologista J. F. ZIKáN está<br />
realizan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> das Vespi<strong>de</strong>ac, aplican<strong>do</strong>-se à revisão <strong>do</strong> gênero Miscochyttarus.<br />
Esse trabalho sistemático, <strong>de</strong> muita atualida<strong>de</strong>, se realiza ali sob<br />
princípios científicos. Nada menos <strong>de</strong> 165 espécies estão sen<strong>do</strong> vistas,<br />
sen<strong>do</strong> que 85 constituem novas espécies, as quais, <strong>de</strong> par com raças também<br />
novas, estão sen<strong>do</strong> estudadas e apresentadas pelo esforça<strong>do</strong> naturalista.<br />
Sobre a biologia <strong>de</strong> Mydas, e Diptera, as moscas gigantes, esse entomólogo<br />
entregou à publicida<strong>de</strong> uma nota preliminar com apreciações <strong>de</strong> interesse<br />
para a ciência. Outro trabalho <strong>do</strong> mesmo autor sobre metamorfose<br />
<strong>do</strong>s insetos foi entregue, constituin<strong>do</strong> observações <strong>de</strong> real valor, nos <strong>do</strong>mínios<br />
da Entomologia.<br />
IV) Realizações botânicas — O estu<strong>do</strong> da flora <strong>do</strong> Parque Nacional<br />
<strong>do</strong> Itatiaia, particularmente rica pela especial condição geográfica, continua<br />
a ser realiza<strong>do</strong>. Des<strong>de</strong> o século XIX, quan<strong>do</strong> o naturalista francês GLAZIOU<br />
visitou a serra <strong>do</strong> Itatiaia e, ali, <strong>de</strong>u começo às explorações cientificas da<br />
flora, em 1871-1872, seguin<strong>do</strong>-se-lhe diversos estudiosos, que essa região<br />
preocupa e <strong>de</strong>tém a atenção daqueles que se <strong>de</strong>dicam à ciência botânica.<br />
Ultimamente, vem estudan<strong>do</strong> a flora orquidácea e pteridófita dali o<br />
naturalista A. C. BRADE, que tem excursiona<strong>do</strong> pelo Itatiaia. Ainda há<br />
pouco, em objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s, esse naturalista regressou <strong>do</strong> Parque Na-
— 98 —<br />
cional, on<strong>de</strong> excursionou por diversos recantos, reuniu material para estu<strong>do</strong><br />
e proce<strong>de</strong>u a i<strong>de</strong>ntificações <strong>de</strong> plantas <strong>do</strong> herbário <strong>do</strong> Parque.<br />
O herbário <strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Itatiaia conta, presentemente, com<br />
2.500 números, <strong>do</strong>s quais gran<strong>de</strong> parte, recentemente reunida, se refere ou<br />
proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas gran<strong>de</strong>s da floresta itatiaiense. Realiza-se, também, ali,<br />
a coleta das amostras <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, organização <strong>de</strong> carpoteca e <strong>de</strong> arborctum<br />
<strong>de</strong> plantas da Serra.
IMPRENSA NACIONAL<br />
RIO DE JANEIRO — 19-42
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
S E R V !(,'() F L O R E S T A<br />
DIRETOR : Alpheu I )omingues<br />
CHEFES<br />
Secção <strong>de</strong> Botânica J. G. Kuhhnann<br />
Secção <strong>de</strong> Silvicultura L. Tatto<br />
Secção <strong>de</strong> Parques Nacionais O. S. Melo<br />
Secção <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Produtos Florestais D. G. Almeida<br />
Secção <strong>de</strong> Proteção das Florestas R. Domingues<br />
Secção <strong>de</strong> Biologia F. R. Milanez<br />
TÉCNICOS<br />
A. Ducke Biologista<br />
O. C. Góes Agrônomo biologista<br />
M. C. Canto Agrônomo cafeicultor<br />
A. C. Bra<strong>de</strong> Biologista<br />
N. S. Azeve<strong>do</strong> Agrônomo biologista<br />
J . F. Aguiar Agrônomo silvicultor<br />
H. Delforge Biologista<br />
A. M. Bastos Biologista<br />
G. S. Pinto Agrônomo <strong>do</strong> Fomento Agrícola<br />
G. Santiago Agrônomo silvicultor<br />
L. Barroso Agrônomo<br />
T. Frankliu Agrônomo<br />
D. R. Alves Agrônomo<br />
E. A. Vasconcelos Agrônomo<br />
E. Viana Agrônomo<br />
M. G. Fraga Agrônomo<br />
N. Lima Agrônomo<br />
S. Hardmanu Filho Agrônomo<br />
E. C. Melo Agrônomo<br />
F. I. Lima Agrônomo<br />
G. N. Ceccatto Agrônomo<br />
H. M. Bastos Agrônomo<br />
J . R. Costa Agrônomo<br />
W. D. Barros Agrônomo
SERVIÇO DE INFORMAÇÃO AGRÍCOLA<br />
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA<br />
RIO DE JANEIRO<br />
BRASIL<br />
IMPRENSA NACIONAL<br />
RIO DE JANEIRO — 1942