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FITOPATOLOGIA A Prof. Ricardo Balardin Professor Associado 3 Ph.D. Fitopatologia Pesq. CNPq 2a AULA 1 1. CONCEITOS BSICOS: 1.

1 Doena: Representa a ao de fatores biticos ou abiticos capazes de causar alteraes permanentes e irreversveis, ou temporrias e reversveis, sobre quaisquer funes fisiolgicas de uma planta. Desta interao resultam danos que podem atingir o nvel de dano econmico. Os sintomas, decorrentes da ao dos fatores biticos ou abiticos, correspondem s alteraes nos rgos de reserva, no sistema radicular e no sistema vascular, na destruio da rea foliar fotossinteticamente ativa, na destruio da regio meristemtica. Os fatores biticos correspondem aos fungos, bactrias, vrus, virides, micoplasmas, nematides, e satlites. Ao conjunto destes fatores biticos chamamos de patgenos. Os fatores abiticos correspondem aos danos causados pelos extremos de temperatura, umidade, precipitao, desequilbrio de nutrientes no solo, fatores climticos excepcionais tais como granizo, geada, inundao, seca. Perspectiva fitopatolgica: doena representa o confronto entre dois sistemas morfo-gentico-fisiolgicos ativos, onde patgeno e hospedeiro desencadeiam reaes metablicas, estruturais e genticas procurando superar defesas e garantir a sobrevivncia. Perspectiva agrcola: as doenas resultam da ao de fatores biticos e abiticos sobre uma planta resultando na alterao permanente ou temporria da sua fisiologia normal acarretando prejuzos qualitativos e/ou quantitativos no produto agrcola final, levando a prejuzos financeiros. 1.2 Injria: Efeito relacionado a fatores fsicos e que provocam dano permanente nos tecidos afetados, mas que, a partir do trmino do efeito fsico, no observado qualquer progresso nos tecidos do hospedeiro. 1.3 Conceito de Fitopatologia: a cincia que estuda todos os aspectos relacionados interao de fatores biticos (patgenos) e de plantas (hospedeiros), sob uma determinada conjuntura climtica e durante um determinado perodo de tempo. O resultado desta interao a consumao do processo de doena em uma planta hospedeira. a cincia responsvel por um dos segmentos da agricultura cujo impacto pode ser sentido em reas diversas, tais como ambiente, solo, biologia de plantas e de microrganismos, ecologia, economia, mquinas e mecanizao. O reflexo da ao de um patgeno pode ser decisivo sobre a economicidade e lucratividade da produo agrcola. 1.4 Componentes do tringulo da doena: Hospedeiro: planta suscetvel capaz de ser infectada/colonizada por um patgeno. A variabilidade gentica das plantas constitui-se no reservatrio de genes de defesa e resistncia. a base de toda e qualquer pesquisa envolvendo a introduo de resistncia em cultivares comerciais.
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Patgeno: agente bitico responsvel pela incitao da doena. Uma de suas caractersticas a variabilidade que se mostra na forma de raa, espcie, isolado ou mutante. A capacidade de variabilidade se constitui num contnuo desafio durabilidade da resistncia em hospedeiros, ou longevidade de ingredientes ativos de fungicidas. O patgeno normalmente ocorre seguindo uma determinada estrutura populacional. Neste sentido, foras genticas so capazes de explicar as razes da variabilidade em patgenos, permitindo prever-se como um patgeno pode variar de acordo com a variabilidade gentica disponvel do hospedeiro. As foras genticas envolvidas neste processo so seleo, mutao, fluxo gnico, e deriva gentica. Ambiente: conjunto de eventos climticos que podem favorecer ou inibir o estabelecimento de um determinado patgeno em um hospedeiro. Destaca-se a temperatura, umidade relativa do ar, precipitao, durao do molhamento na superfcie do hospedeiro, vento, durao da radiao solar, nmero de horas com nebulosidade mxima, umidade do solo, temperatura do solo, nutrio do hospedeiro. Tempo: o processo doena ocorre em uma determinada escala de tempo, relativa s caractersticas fisiolgicas e patognicas do patgeno. A durao do processo patognico depende das condies do ambiente (plenamente favorveis ou no), das condies de defesa ou resistncia do hospedeiro, e das condies de virulncia do patgeno.

PATGENO

DOENA

AMBIENTE
Figura 1. Interao dos componentes envolvidos no processo da doena.

HOSPEDEIRO

1.5. Dano / Perda: Dano: relaciona-se ao efeito direto que a atividade patognica causa sobre a planta hospedeira. As doenas podem ser classificadas em funo do processo fisiolgico primordialmente afetado: Doenas que afetam os rgos de reserva em armazenamento: podrido em frutos e sementes; Doenas que afetam o estabelecimento de plntulas: tombamento de plntulas; Doenas que afetam a absoro de seiva bruta: podrides radiculares; Doenas que afetam a translocao: murchas; Doenas que afetam a fotossntese: manchas necrticas, mldios, odios e ferrugens; Doenas que afetam a atividade meristemtica: carves e viroses. Perdas: constituem o valor que o dano apresenta, do ponto de vista financeiro, no momento em que o produto agrcola for comercializado.

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2. CLASSIFICAO DAS DOENAS: Proposio de AGRIOS (1978): A classificao das doenas necessria para facilitar seu estudo, identificao e subsequente controle, sendo utilizado o agente patognico. Tal classificao tem a vantagem de indicar a causa da doena, e indicar seu provvel desenvolvimento, disseminao e controle. A classificao proposta por AGRIOS baseada no tipo de patgeno que causa a doena: 2.1. Classificao segundo o patgeno causador: Doenas causadas por fungos; Doenas causadas por bactrias; Doenas causadas por micoplasma; Doenas causadas por parasitas de vegetais superiores; Doenas causadas por vrus; Doenas causadas por nematides; Doenas causadas por protozorios. 2.2. Classificao segundo o agente abitico causador: Temperaturas excessivamente altas ou excessivamente baixas; Deficincia ou excesso de umidade do solo; Deficincia ou excesso de luz; Deficincia de oxignio; Poluio do ar; Deficincias nutricionais; Toxidez mineral; Acidez ou alcalinidade do solo; Toxidez dos pesticidas; Prticas agrcolas imprprias. 2.3. Proposio de Walker: baseia-se na periodicidade de ocorrncia. Doenas endmicas: se manifesta regularmente com intensidade moderada a severa. Doenas epidmicas: ocorrem segundo uma periodicidade e de forma generalizada. Doenas espordicas: quando ocorrem irregularmente. 2.4. Proposio de McNew: A classificao de McNew baseada na funo fisiolgica primordialmente afetada, podendo ser classificada em um dos seguintes grupos: GRUPO I - Doenas que afetam o armazenamento de produtos elaborados: 1. Penetrao: ferimentos; 2. Mecanismo de ataque: produo de enzimas que desdobram amido, celulose e pectina; 3. Consequncias: morte e extravasamento celular, destruio da lamela mdia, perda de rigidez; 4. Nutrio do patgeno: tecidos mortos, tecidos no diferenciados, exsudados celulares; 5. Caracterstica dos patgenos: saprfitas fortes, parasitas pouco evoludos; 6. Processo afetado: destruio das fontes de reserva de nutrientes (carboidratos, lipdeos, compostos nitrogenados); 7. Controle: evitar ferimentos, controle das condies ambientes de armazenamento (temperatura, nveis de saturao de CO2, umidade), aplicao de fungicidas (fungitxico, econmico, no residual). Exemplos: Mofo azul, Podrido por Rhizopus, Aspergillus, Penicillium, Botrytis.
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GRUPO II - Tombamento 1. Penetrao: ferimentos, direta; 2. Mecanismo de ataque: interferncia durante os estdios de germinao e desenvolvimento de plntulas; 3. Consequncias: destruio de radculas, cotildones, base do caulculo junto linha do solo; 4. Nutrio do patgeno: so capazes de atacar tecidos pouco diferenciados; 5. Caracterstica dos patgenos: parasitas facultativos, atacam tecidos jovens, muito influenciados pelo ambiente. Apresentam uma maior evoluo em relao aos patgenos do grupo I, pois alm de desenvolverem-se sobre tecidos diferenciados conseguem atacar tecidos sob rpido desenvolvimento; 6. Processo afetado: formao de tecidos jovens que dependem das fontes de reserva dos nutrientes, podrides de sementes em germinao, morte de tecidos jovens e tecidos em pr e ps emergncia; 7. Controle: esterilizao parcial do solo, tratamento de sementes, prticas culturais que promovam rpida emergncia, solos friveis, poca de semeadura correta, profundidade adequada de semeadura, boa drenagem no sulco de semeadura. Exemplos: Tombamento por Fusarium, Rhizoctonia, Pythium, Colletotrichum

GRUPO III Doenas que afetam a absoro de seiva bruta a partir da soluo do solo 1. Penetrao: ferimentos naturais, aberturas naturais; 2. Mecanismo de ataque: penetrao direta, atravs de aberturas causadas por outros patgenos; 3. Consequncias: reduo na capacidade de absoro de nutrientes e gua do solo; 4. Nutrio do patgeno: so capazes de atacar tecidos diferenciados e lignificados; 5. Caracterstica dos patgenos: so patgenos que produzem estruturas de resistncia bem desenvolvidas e estveis no ambiente, possuem nmero varivel de hospedeiros Exemplos: Thielaviopsis basicola, grande nmero de hospedeiros, Fusarium solani f.sp. glycines, pequeno nmero de hospedeiros), podem ser habitantes ou invasores do solo, so parasitas facultativos. So fortemente patognicos e pouco especializados com relao ao parasitismo; 6. Processo afetado: absoro de gua e minerais; 7. Controle: deve ser preventivo buscando uma reduo da quantidade de inculo: rotao de culturas, cultivares resistentes, enterrio dos restos culturais infectados, arao profunda, boa drenagem do solo, poca de semeadura favorvel ao rpido desenvolvimento radicular da planta, esterilizao do solo (canteiros, estufas), pousio. Exemplos: Podrido por Fusarium, Rhizoctonia, Pythium, Pythophotora, Macrophomina, Thielaviopsis,

GRUPO IV Murchas vasculares 1. Penetrao: ferimentos, aberturas naturais; 2. Mecanismo de ataque: produo de enzimas degradadoras da lignina, celulose, e tecidos vasculares, provocando a destruio das clulas das paredes dos vasos de conduo, obstruindo os vasos (xilema e floema) com os hidrolisados e produtos do metabolismo do patgeno; 3. Consequncias: dificuldade da planta em translocar a seiva bruta ou elaborada atravs dos vasos de conduo, principalmente a partir do incio do florescimento e frutificao, perodos em que a demanda da planta mxima; 4. Nutrio do patgeno: so capazes de atacar tecidos altamente diferenciados; 5. Caracterstica dos patgenos: altamente parasitas e fracamente patognicos; 6. Processo afetado: translocao de fotossitatos e seiva bruta; 7. Controle: cultivares resistentes, rotao de culturas, boa drenagem do solo; Exemplos: Murchas por Fusarium e Verticillium

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GRUPO V Manchas foliares, mldios, oidios, ferrugens 1. Penetrao: penetrao direta, aberturas naturais, ferimentos; 2. Mecanismo de ataque: penetrao direta (o patgeno desenvolve estruturas especializadas e capazes de produzir enzimas degradativas dos tecidos da epiderme). No caso de aberturas naturais e / ou ferimentos, os patgenos so afetados predominantemente pelas condies ambientes atravs da formao de uma lmina de gua na superfcie foliar que permita aos propgulos colonizarem efetivamente os tecidos do hospedeiro; 3. Consequncias: diminuio na capacidade da planta em elaborar fotossitatos que sero carreados para os pontos de crescimento da planta; 4. Nutrio do patgeno: so capazes de atacar tecidos altamente diferenciados; 5. Caracterstica dos patgenos: obrigatrios, ou parasitas facultativos 6. Processo afetado: fotossntese 7. Controle: cultivares resistentes, sementes livres do patgeno, tratamento de sementes, tratamento da parte area, rotao de culturas, espaamento entre plantas, enterrio dos resduos de lavoura infectados. Exemplos: Manchas mancha de Alternaria, Crestamento de Cercospora, mancha olho de r, Antracnose, mancha de Phoma, mancha parda ou marrom por Drechslera, mancha marrom por Bipolaris Mldios Plasmopara, Peronospora Odios Erysiphe, Uncinula, Blumeria Ferrugens Puccinia, Hemileia, Phakopsora, Uromyces

GRUPO VI Carves, galhas 1. Penetrao: no estdio de plntula, nos rgos florais, tecidos meristemticos; 2. Mecanismo de ataque: induo de hiperplasia (multiplicao exagerada das clulas ou na produo assexual dos constituintes celulares, levando a um crescimento excessivo dos rgos) ou de hipertrofia (aumento do volume celular devido ao dos patgenos); 3. Caracterstica dos patgenos: parasitas obrigatrios ou facultativos. Os patgenos so altamente parasitas, sendo capazes de manter-se no hospedeiro sem causar qualquer tipo de leso, e tornando-se ativo somente quando a planta tenha atingido o estdio de desenvolvimento favorvel ao patgeno; 4. Processo afetado: atividade meristemtica 5. Controle: proteo nos perodos favorveis penetrao dos patgenos, medidas erradicativas para diminuio do inculo Exemplos: Ustilago, Tilletia, Agrobacterium

2.5. Classificao de doenas - critrios alternativos: 1. Culturas; 2. rgos atacados; 3. Taxonomia dos patgenos; 4. Sintomas; 5. Fonte de inculo; 6. Fisiologia das plantas doentes. Critrios 1 e 2: conveniente apenas para o estudo de doenas individuais. Critrio 3: no lgico, pois uma doena consiste de um complexo de processos fisiolgicos e que so ignorados quando somente o agente primrio base da classificao. Critrio 4: dirige a ateno para o estudo da planta doente. Esta classificao , na realidade, uma classificao das condies da doena e no da prpria doena. Outro problema relaciona-se ao fato de que, embora os sintomas auxiliem a diagnose, podem variar em diferentes ambientes.

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Critrio 5: divide doenas extremamente diferentes em poucas categorias. Critrio 6: corresponde classificao proposta por McNew, e cujo sistema baseado no dano ou alterao provocado por um patgeno sobre os 7 processos fisiolgicos da planta: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Armazenamento de reservas da planta; Hidrlise e utilizao das reservas armazenadas; Absoro e acumulao de gua e minerais; Conduo de gua, translocao de seiva elaborada; Fotossntese; Atividade meristemtica, crescimento.

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AULA 2 1. CICLO DAS DOENAS: O ciclo de uma doena composto por etapas sucessivas que incluem a sobrevivncia, disseminao, infeco, colonizao e reproduo do patgeno. Esses processos so cclicos sendo designados como ciclo das relaes patgeno - hospedeiro. A primeira etapa do ciclo primrio corresponde a sobrevivncia (fase latente) do inoculo. O incio da doena depende da magnitude da fonte de inoculo, razo pela qual a sobrevivncia considerada a primeira fase do ciclo das relaes patgeno - hospedeiro. Os propgulos que so produzidos na fonte de inoculo so removidos, transportados e depositados sobre a cultura hospedeira para que a infeco possa evoluir. De todos os propgulos produzidos e transportados durante os diversos ciclos da doena, apenas uma pequena frao alcana o tecido sadio do hospedeiro. O processo de disperso rene as fases de remoo, disperso e deposio de propgulos que conhecido por disseminao. 1.1. SOBREVIVNCIA: Este evento caracteriza-se por garantir a perpetuao do inoculo entre ciclos da cultura. A ausncia de mecanismos de sobrevivncia em espcies patognicas causaria a sua eliminao, e mesmo sua extino quando na falta de tecido hospedeiro. Cada patgeno em seu ciclo evolutivo pode desenvolver uma ou mais estratgias de sobrevivncia cuja finalidade e garantir a perpetuao do inoculo e que podem ser agrupadas em: Estruturas especializadas de resistncia; Atividades saprofticas; Plantas hospedeiras; Vetores.

a. Estruturas especializadas de resistncia - fungos: Telisporos: Os fungos pertencentes a ordem Ustilaginales que agrupa os agentes causais, carvo comum (Ustilago maydis) e o carvo do topo do milho (Sphacelotheca reiliana) so capazes de sobreviver durante vrios anos no solo sem perder a sua viabilidade. O agente causal do carvo da cana-de-acar (Ustilago scitaminea) produz os telisporos que funcionam como estruturas de sobrevivncia resistindo a condies de baixa umidade no solo e neste ambiente complexo como o solo, esses telisporos so capazes de manter a viabilidade por um perodo de at um ano, considerando que na reforma dos canaviais o perodo em que a cultura est ausente, retirada da soqueira e plantio de colmos novos, no ultrapassa nove meses e os telisporos que esto viveis no solo representam a fonte de inoculo primrio da doena a cada novo ciclo da cana planta, obviamente a longevidade pode variar de acordo com o tipo de solo sendo influenciado pelo teor de matria orgnica, temperatura, teor de umidade nas camadas superficiais do solo. Ascocarpos: So corpos de frutificao de certos ascomicetos, onde o agente causal da sarna da macieira (Venturia inaequalis) aparece como principal representante. O miclio deste patgeno que est presente nas folhas infectadas inicia a formao de corpos de frutificao somente aps a queda das folhas no outono. Este processo prolonga-se durante todo o inverno e depende de condies de baixas temperaturas. Durante o perodo de primavera, os ascsporos formados nestes corpos de frutificao sofrem um processo gradativo de amadurecimento e liberao. A sobrevivncia do patgeno no inverno garantida sobre folhas mortas com a formao de peritcios que so as estruturas especializadas de resistncia e pode-se ainda ressaltar
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que no ocorre o desenvolvimento saproftico do patgeno e sim, formao da estrutura especializada de resistncia que se forma sobre folhas em decomposio. A estratgia de sobrevivncia do fungo V. inaequalis observada para a maioria dos ascomicetos de culturas perenes de regies temperadas. Aps esse perodo crtico, o patgeno se multiplica graas aos esporos de origem assexuada. Osporos: Os fungos do gnero Pythium e Phytophthora, so as estruturas de resistncia (osporos) capazes de sobreviver a altas e baixas temperaturas e a condies de baixa umidade, devido a sua parede celular ser bastante espessa. Os osporos passam por um perodo de dormncia antes da germinao e este perodo relativamente prolongado antes de dar incio a novas infeces e isso se deve a inibidores endgenos de germinao. Este tipo de inibio relatado para a espcie Pythium ultimum, agente causal do tombamento de plntulas em vrias culturas. O osporo deste patgeno apresenta uma parede celular espessa com substncias inibidoras de germinao e essa inibio poder ser quebrada com a lavagem destes osporos em gua, promovendo a remoo desta substncia. Deste modo, a germinao depender apenas de outros fatores do ambiente como, temperatura ao redor 25oC, pH prximo a neutralidade e alta umidade. Esclerdios: Os esclerdios so formados por um agregado compacto de hifas somticas que formam uma massa, em geral, de forma arredondada. A germinao dos esclerdios pode ocorrer com a emisso de hifas, formao de esporos ou com a formao de corpos de frutificao. Os esclercios apresentam vrios tamanhos, desde micro esclerdios at estruturas com alguns milmetros de dimetro, podendo alcanar at cinco cm de dimetro dependendo da espcie: Micro esclercios: Macrophomina phaseolina, Verticilium dahliae; Esclercios com alguns mm de dimetro: Sclerotium rolfsii; Esclercios com at cinco cm de dimetro: Sclerotinia sclerotiorum. Clamidsporos: Esporos constitudos de uma nica clula com um citoplasma condensado (acmulo de reservas nutritivas) e com parede celular espessa. O clamidsporo apresenta formato oval ou oblongo e podem ser formados nas hifas de maneira intercalar ou terminal. O clamidsporo a principal forma de sobrevivncia no solo para algumas espcies de Fusarium. Cita-se, ainda, que existem alguns casos que condios ascsporos, esporngeos e rizomorfos aparecem como forma de sobrevivncia do inculo. b. Atividades saprofticas - decomposio da matria orgnica: Nesta categoria encontramos agrupados os parasitas facultativos que no dependem do hospedeiro vivo para sobreviver. Os gneros mais importantes so Rhizopus, Fusarium, Rhizoctonia, Pythium, Phytophthora, Verticillium, Helminthosporium e Alternaria. A sobrevivncia desses patgenos ocorre com a colonizao de restos de cultura fazendo com que o fungo sobreviva na ausncia de hospedeiro. c. Utilizao de nutrientes da soluo do solo: Os fungos fitopatognicos podem sobreviver s custas de nutrientes do solo e sua distribuio heterognea, concentram-se na regio da rizosfera das plantas.

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d. Plantas hospedeiras - hospedeiro doente: 1. Parasitas facultativos em plantas perenes Os parasitas no obrigatrios podem sobreviver nos trpicos sob hospedeiro doente, exempo, bactria Xantomonas campestris pv. citri, agente causal do cancro ctrico, este patgeno ataca folhas, ramos e frutos de citros, formando pequenos cancros nos stios de infeco, quando as condies de ambiente lhe so favorveis, ou seja, sob alta umidade e alta temperatura pode-se observar a exsudao de bactrias desses cancros e estas condies tambm so favorveis ao desenvolvimento de rgos jovens do hospedeiro susceptveis infeco. Quando em condies desfavorveis, a bactria permanece no interior do cancro sem exsudar e essas leses representam a principal forma de sobrevivncia do patgeno. Utilizando essa mesma estratgia de sobrevivncia Colletotrichum gloeosporioides em mangueira e videira (antracnose da mangueira e videira). 2. Parasitas obrigatrios: Estes patgenos s conseguem sobreviver na presena de seu hospedeiro e, dependem do hospedeiro vivo para completar seu ciclo evolutivo e sua forma de sobrevivncia est associada presena de plantas doentes. Como exemplo citamos as doenas fngicas provocadas pelas ferrugens, odios e mldios. 3. Hospedeiro sadio: O fungo sobrevive em determinado hospedeiro como epfita aguardando a fase de infectar o hospedeiro definitivo. Vrias bactrias fitopatognicas tem mostrado uma fase residente na superfcie do hospedeiro, onde multiplicam-se antes de desenvolver a fase parasitria. 4. Sementes: As sementes de plantas cultivadas podem abrigar patgenos no seu interior ou carreg-las em sua superfcie, contribuindo para sua sobrevivncia. Como citao clssica de sobrevivncia nas sementes tem-se os carves de cereais, entre os quais o carvo do trigo (Ustilago tritici). O patgeno sobrevive de uma estao a outra no interior da semente do hospedeiro. O miclio do fungo localizado no embrio, permanece inativo enquanto a semente no germina. A sua atividade parasitria e seu desenvolvimento micelial s ocorre quando inicia-se a germinao da semente. As sementes do hospedeiro protegem o patgeno das adversidades do ambiente externo, garantindo a sua sobrevivncia. importante ressaltar o fato de que esses patgenos no causam danos s sementes e, sim, nas plantas s quais estas daro origem. e. Estruturas especializadas de resistncia - bactrias: As bactrias fitopatognicas possuem seus prprios mecanismos de sobrevivncia, quer em associao com hospedeiros, quer no. No caso de bactrias que incitam enfermidades de interesse econmico elas podem sobreviver, dependendo da espcie considerada, associadas a sementes ou partes propagativas em rgos vegetais infectados, no solo, como populaes residentes na superfcie ou no interior de plantas cultivadas e/ou de plantas daninhas (SCHUSTER & COYNE, 1974). 1. Sobrevivncia em rgos vegetais infectados: Os rgos vegetais infectados so, indiscutivelmente, no s os locais onde as fitobactrias sobrevivem, como a principal fonte de inoculo. A sobrevivncia de bactrias fitopatognicas em rgos vegetais infectados fenmeno complexo e parece ter grande dependncia das condies climticas, exemplo, Xanthomonas campestris citri, agente causal do cancro ctrico, e as plantas doentes so sua principal forma de sobrevivncia.

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2. Sobrevivncia no solo: Acredita-se que bactrias patognicas incitadoras de enfermidades no sistmicas encontram grande dificuldade de sobrevivncia no solo, devido a fauna microbiana do solo exercer considervel antagonismo sobre essas bactrias. Existem evidncias experimentais que mostram bactrias fitopatognicas apresentarem capacidade de sobrevivncia no solo de uma estao de plantio para outra. HIRANO & UPPER, 1983, relatam a existncia de fitobactrias que vivem em associaes com folhas e apresentam distino entre aquelas cujo habitat natural o solo, embora gneros filogeneticamente semelhantes possam estar em ambas as comunidades, como por exemplo espcies de Erwinia, que podem sobreviver mesmo em baixos nveis populacionais e so efetivas para infectar a cultura no prximo plantio. Pseudomonas solanacearum, o agente causador da murcha das solanceas e possui capacidade de sobreviver no solo por perodos que vo de dois a dez anos, dependendo do tipo de solo, sendo que a sobrevivncia mais eficiente em solos midos e bem drenados e, afetada por dessecamento e inundao. 3. Sobrevivncia em semente: Existem bactrias que podem permanecer infectando as sementes, alojadas em seus tecidos, ou simplesmente infestando a semente. A semente um importante via de sobrevivncia de bactrias. 4. Sobrevivncia como populaes residentes: As bactrias podem sobreviver como populaes residentes na superfcie de plantas daninhas e de plantas no hospedeiras. 5. Sobrevivncia na rizosfera: A Xanthomonas campestris citri foi encontrada sobrevivendo em capim colonio (PEREIRA et al, 1978). 6. Sobrevivncia em exsudato bacteriano: Em plantas enfermas, as bactrias promovem a exsudao de clulas bacterianas e a sobrevivncia desses exsudatos efetiva. f. Estruturas especializadas de resistncia vrus: A principal forma de sobrevivncia dos vrus em plantas hospedeiras e vetores. Plantas doentes representam a principal forma de sobrevivncia destes organismos. Na ausncia do hospedeiro a sobrevivncia ocorre em outros hospedeiros vivos, como por exemplo, os vetores (pulges, tripes, Diabrotica, nematoides, fungos, entre outros), que transportam o patgeno durante o ciclo do hospedeiro, auxiliando na sua disseminao. Sendo que na ausncia do hospedeiro, alguns vetores podem reter o patgeno em seu organismo, contribuindo para a sua sobrevivncia. 1.2. DISSEMINAO: Dentro do ciclo das relaes patgeno-hospedeiro, a disseminao o principal processo responsvel pelo incremento da doena. A disseminao envolve trs sub-processos bsicos: a liberao, a disperso e a deposio do patgeno. A disseminao o movimento do patgeno e esta movimentao proporcionada pelos agentes gua, ar, homem e insetos e pode atuar tanto nos sub-processos de liberao, disperso e deposio sobre o hospedeiro. A disseminao pode ser:

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Sub-processos e mecanismos envolvidos: Liberao: 1. Liberao ativa: Quando o prprio microrganismo fornece energia necessria para se desprender da superfcie que foi produzido. Principais mecanismos de liberao ativa: - mecanismo de ejeo; - mecanismo de turgidez celular; - mecanismo de descarga de balistsporos; - energia do prprio fungo. 1.1. Mecanismo de ejeo: Ascos maduros quando em contato com a gua distendem-se, de modo, que sua extremidade superior se alinhe ao ostolo do peritcio. Os ascsporos do asco deixam o interior do peritcio, sendo ejetados para a atmosfera, exemplo, Ventura inaequalis (sarna da macieira). 1.2. Mecanismo de turgidez celular: A turgidez celular ocorre em aecisporos de Puccinia graminis sp. tritici de forma que os esporos terminais das cadeias de aecisporos aumentam de volume, arredondando-se e destacando-se bruscamente da cadeia, e desta forma, ocorre a projeo desses esporos na atmosfera. 1.3. Descarga de balistsporos: Ocorre na ordem Uredinales de modo que onde existe uma srie de eventos que promove a separao dos basidisporos de seus esterigmas, e projetando-os atmosfera. 1.4. Energia do prprio fungo: Os esporngeos maduros apresentam uma vigorosa movimentao que provocada pelos zosporos, sendo que esta movimentao suficiente para romper a parede do esporngeo. Uma vez liberados os zosporos deslocam-se graas a movimentao dos flagelos, sendo dispersos de forma ativa. Os principais representantes so da ordem Peronosporales, que engloba os gneros Pythium, Phytophthora, Plasmopora e Peronospora. 2. Liberao passiva: A liberao passiva envolve sempre uma ao mecnica externa, frequentemente exercida pelo vento e/ou chuva. 2.1. Liberao por impacto: Ocorre a remoo dos esporos por vibraes causados pelo vento e/ou chuva. 2.2. Liberao por respingos: A liberao dos esporos produzidos na superfcie das plantas ou do solo atravs de respingos. Essa liberao particularmente importante para propgulos retidos em superfcies mucilaginosas.
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2.3. Liberao pelo vento: comum em fungos pulverulentos com liberao e transporte. 2.4. Liberao devido a higroscopia: quando a umidade atmosfrica reduzida rapidamente, os conidiforos de alguns fungos, sofrem uma toro violenta, resultando na liberao dos condios. 1.3. DISPERSO: o processo compreendido entre a liberao do inculo e a sua deposio no hospedeiro. Os propgulos de fitopatgenos so transportados passivamente atravs de agentes de disseminao, como o ar, gua, homem e insetos. 1. Ar: transporta os propgulos a curtas ou a longas distncias: Curtas distncias: Ex: Ferrugem do Cafeeiro * Origem: Bahia, Disseminao: SP, Paran. Longas distncias: Ex: Transporte de Ferrugem do trigo desde o Mxico ate o RS. 2. gua: a gua um importante disseminador de fungos e bactrias a curtas distncias. A principal forma de disperso pela chuva atravs de respingos formados pelo impacto de uma gota sobre uma determinada superfcie. A gua de irrigao pode ser um importante agente de disseminao: 2.1. Patgenos disseminados passivamente pela gua: Patgenos Colletotrichum acutatum Septoria nodorum Xanthomonas campestis pv. Campestris Pseudomonas solanacearum Doenas Flor preta do morangueiro Mancha da gluma do trigo Podrido negra de cruciferas Murcha das solanceas

2.2. Patgenos disseminados pela gua de irrigao aplicada por inundao ou sulco: Patgenos Doenas Phytophthora sp. Gomose do citrus Sclerotinia sclerotiorum Mofo branco do feijoeiro Verticillium dahliae Seca da oliveira 3. Homem: O homem pode provocar disseminao tanto a curta como longas distncias, atravs da remoo, transporte e deposio. A disseminao pode ser tanto por tratos culturais, transporte de sementes, bulbos, mudas e tubrculos por interesse comercial e cientfico. Ex: de vrus transmitidos em material de propagao de culturas. Orgos propagativos Tubrculo Bulbos Mudas Sementes 4. Insetos: Vetores de fungos e bactrias: transporte aderido ao seu corpo. Vetores de vrus: o meio de transmisso mais comum e importante dos vrus, no contgio de plantas na natureza. As formas de transmisso: Virose Enrolamento da folha de Batata Mosaico em faixas na cebola Mosaico comum da mandioca Mosaico da alface

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4.1. Transmisso no persistente: a passagem dos vrus ocorre atravs da contaminao do aparelho bucal e considerado um processo mecnico 4.2. Transmisso semi persistente: o vrus circula no vetor mas no existe necessidade de incubao. 4.3. Transmisso persistente: na relao vrus vetor existe alta especificidade e em alguns casos pode transmitir o vrus durante toda a sua vida e h necessidade de um perodo de incubao. 4.4. Outras formas/veculos de disperso do vrus: atrito entre plantas; plen; cuscuta; caros; nematoides; fungos.

1.4. DEPOSIO: A deposio quando os esporos alcanam um determinado substrato seja solo, plantas hospedeiras ou plantas no hospedeiras. A deposio um processo tpico de esporos transportados pelo ar. Os mecanismos de deposio de esporos incluem as seguintes formas: sedimentao, impacto, turbulncia e deposio pelas chuvas. 1. Sedimentao: quando as condies ambientais apresentam calmaria, ou seja, velocidade do vento zero, o esporo depositado sob influncia da gravidade. 2. Impacto: Quando ocorre uma corrente de ar predominante de forma que o esporo transportado em uma direo e atinge o obstculo sobre e o qual fica depositado. 3. Turbulncia: quando ocorre rajadas de vento que promovem turbulncia do ar e efetuando a deposio de esporos tanto na superfcie superior da folha quanto na inferior. 4. Deposio pela chuva: Esporos de fungos podem ser capturados por gotas de chuva de duas maneiras: primeiro, podem constituir grupos de condensao de gotas que quando carregadas eletricamente e tambm podem simplesmente, ser capturadas pelas gotas que caem. A deposio sobre o hospedeiro pode ocorrer diretamente por gotas que tocam a superfcie das plantas ou indiretamente, atravs de respingos que redistribuem os esporos inicialmente depositados.

2. MECANISMOS DE INFECO DOS PATOGENOS SOBRE AS PLANTAS: Ciclo das relaes patgeno-hospedeiro: INOCULAO: tipo de inoculo, fonte de inoculo, deposio do inoculo; PENETRAO: germinao e aderncia dos esporos ao hospedeiro, reconhecimento hospedeiro e patgeno, penetrao: direta, ferimentos, aberturas naturais; PERODO DE INCUBAO: invaso, colonizao; REPRODUO: sintomas e sinais; DISSEMINAO: ar, agua, insetos, nematoides, fungos, sementes, mudas, gemas, homens
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2.1. INTERAO FUNGO PLANTA: a. Pr-penetrao: fixao dos propgulos fngicos superfcie do hospedeiro, atravs da produo de materiais adesivos. Experimentos tm mostrado a associao de materiais extracelulares de consistncia fluda ou mucilaginosa, muitas vezes com propriedades adesivas, s estruturas de esporos no germinados, germinando e em processo de formao de estruturas de infeco. Ex: Magnaporthe grisea em arroz; Erysiphe graminis em trigo; Uromyces viciae-fabae em feijo b. Penetrao degradao da cutcula: as paredes das clulas da epiderme dos vegetais, em contato com o meio exterior, so recobertas por uma camada lipdica contnua chamada de cutcula. A cutcula composta por um polmero insolvel cutina, e uma mistura complexa de hidrocarbonetos, lcoois primrios, cidos graxos e steres cera. Os patgenos que apresentam a capacidade de penetrar diretamente atravs da superfcie intacta da planta so potencialmente aptos a degradar enzimaticamente o complexo cutina + cera. As cutinases, enzimas capazes de romper as ligaes steres entre as molculas presentes na cutina, liberando monmeros e oligmeros derivados de cidos graxos. As cutinases foram isoladas em Fusarium solani f.sp. pisi, Alternaria alternata, Botrytis cinerea, Colletotrichum capsici, C. gloeosporioides, C. graminicola, C. lagenarium, entre outros. c. Penetrao degradao da parede celular: a parede celular formada basicamente por trs componentes estruturais, lamela mdia, parede primria e parede secundria. A lamela mdia constituda principalmente por substncias pcticas que so polissacardeos formados por longas cadeias de cido Dgalacturnico, compreendendo a regio localizada entre as paredes de clulas adjacentes atuando como um adesivo intercelular. As paredes primria e secundria so formadas por celulose, hemicelulose e substncias pcticas. Na parede secundria de clulas mais velhas ainda pode ser encontrado lignina e suberina. A hemicelulose encontrada nas paredes secundrias, composta por xilose, arabinose, glicose, manose e galactose. d. Pectinases (enzimas pectolticas): enzimas que degradam as substncias pcticas constituintes da lamela mdia. As pectinases mais conhecidas so a Poligalacturonase (PG), Metilpoligalacturonase (MPG), Transeliminase do cido pectnico (TE), Transeliminase do cido poligalacturnico (TEPG), e Metilesterase da pectina (MEP). Estas so as primeiras enzimas a serem produzidas durante o subprocesso da penetrao da parede celular e da morte da clula. Os critrios utilizados para agrupamento das pectinases so baseados no mecanismo pelo qual a ligao glicosdica -1,4 da cadeia pctica quebrada hidrolase ou transeliminase; o substrato no qual a enzima atua, pectina ou cido pctico; a posio da ligao -1,4 da cadeia pctica rompida, terminal ou no terminal. O ataque das endopoligalacturonases sobre a parede celular provoca a liberao de compostos. As celulases, enzimas envolvidas na degradao da celulose, so produzidas por microorganismos capazes de utilizar a celulose como fonte de carbono. As celulases formam um complexo constitudo de -1,4 glucanases (atuam diretamente sobre a celulose), exo -1,4 glucanases (atuam sobre a celulose cristalina), -glicosidases ou celobiase (atuam sobre a celobiose). A celobiose produto da ao das endo e exo -1,4 glucanases resultando em monmeros de glicose. As enzimas celulolticas produzidas pelos patgenos tm a funo de desintegrar a parede celular, facilitando a penetrao e colonizao do hospedeiro pelo patgeno, causando colapso e desorganizao da estrutura celular. Podem participar indiretamente na patognese pela liberao de acares aos patgenos, e no caso de doenas vasculares, quando grandes molculas de celulose so liberadas nos vasos condutores. e. Hemicelulases: enzimas envolvidas na degradao da hemicelulose. O nome especfico das enzimas depende do substrato hidrolizado, ou seja, a -1,4 xiloglucana hidrolisada por uma endoglucanase, a -1,4 xilana hidrolisada por endoxilanases, e a xilobiose hidrolisada por -xilosidase

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f. Ligninases: enzimas envolvidas na degradao da lignina, composto normalmente produzidas por decompositores de madeira. Tabela 1. Enzimas degradadoras da parede celular envolvidas na patogenese conforme testes conduzidos em organismos mutantes. Enzima EndoPG Bactrias Erwinia Agrobacterium Pseudomonas Erwinia Erwinia Pseudomonas Erwinia Xanthomonas Erwinia Xanthomonas Pseudomonas Fungos Cochliobolus

ExoPG PL PME Protease Celulase Cutinase Xilanase Exo--1,3-glucanase

Cochliobolus

Cochliobolus Cochliobolus Nectria Magnaporthe Cochliobolus Magnaporthe Cochliobolus

Colonizao do hospedeiro atravs da produo de toxinas pelo patgeno: as fitotoxinas so produtos do metabolismo de patgenos, capazes de causar danos nos tecidos vegetais, e que esto envolvidas diretamente no desenvolvimento da doena. So importantes para estabelecimento do patgeno no interior do hospedeiro e para a manifestao dos sintomas da doena. As toxinas podem induzir nas plantas muitos dos sintomas normalmente observados quando da presena dos patgenos, tais como clorose, necrose, murcha, encharcamento e alterao no crescimento. Durante a colonizao, o patgeno retira nutrientes do hospedeiro para crescer, reproduzir e/ou formar estruturas de sobrevivncia. Para ter sucesso nestas atividades, o patgeno necessita promover a degradao e consequente assimilao de substncias do hospedeiro, alm de vencer os mecanismos de resistncia da planta.

Tabela 2. Exemplos de fitotoxinas no seletivas (no-especficas) bactrias. Toxina BACTERIAS Tabtoxina Patgeno Pseudomonas syringae pv. tabaci P. syringae pv. coronafaciens P. syringae pv. garcea P. syringae pv. phaseolicola P. syringae pv. syringae P. syringae pv. syringae P. syringae pv. tagetis P. syringae pv. Atropurpurea P. syringae pv. glycinea P. corrugate Rhizobium japonicum Hospedeiro Fumo Aveia Caf Feijoeiro Milho Citrus Centeio Soja Tomate Soja

Faseolotoxina Siringomicina Siringotoxina Tagetitoxina Coronatina Corrugatina Rizobitoxina

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Tabela 3. Exemplos de fitotoxinas no seletivas (no-especficas) - fungos. FUNGOS Acido fusrico

Bananeira Algodoeiro Ervilha Tomate Licomarasmina Algodoeiro Melo Tomate Fusicoccina Pessegueiro Amendoeira Piricularina Pyricularia oryzae Arroz Tmtoxina Alternaria tenuis Algodoeiro Acido altemkico A. Solani Tomate) e batata Zinniol A. zinniae Zinia A. solani Tomate A. dauci Cenoura Ofiobolina Hlninthosporium oryzae Arroz Cercosporina Cercospora beticola Beterraba Acido oxlico Endothia parasitica Solanceas As toxinas podem ser divididas de acordo com a seletividade ao hospedeiro, em fitotoxinas no-seletivas e fitotoxinas no especficas. Podem apresentar um nmero variado de atividades, tais como: molculas supressoras alterando a expresso dos mecanismos de resistncia do hospedeiro; danificarem as clulas da planta promovendo liberao de enzimas degradativas; propiciarem um ambiente adequado ao patgeno facilitando seu movimento atravs da planta; acelerarem a senescncia do hospedeiro inibindo a invaso da planta por outros microrganismos.

Fusarium oxysporun fsp. cubense F. oxysporum f sp. vasinfectum F. oxysporum f sp. Pisi F. oxysporum f sp. lycopersici F. oxysporum f sp vasinfectum F. oxysporum f sp. melonis F. oxysporum f sp. Lycopersici Fusicoccum amygdali

2.2. INTERAO BACTRIA PLANTA: INTERFERNCIA NA FISIOLOGIA DO HOSPEDEIRO: Destruio da Integridade Estrutural: Envolvimento de enzimas pcticas; Hemicelulases, fosfatidases, proteases, celulases; Enzimas proteolticas: bactrias causadores de podrides mole (perda de permeabilidade ou degradao das membranas). Ex. Erwinia carotovara.

Interferncia no Metabolismo: Acmulo de compostos txicos: os polissacardeos extracelulares causam a obstruo fsica dos vasos xilemticos; ou um efeito txico direto no plotoplasto. Ex.: Pseudomonas tabaci, Pseudomonas phaseolicola. 1. Reguladores do Crescimento: Alteraes nos nveis de enzimas envolvidas na degradao de substncias de crescimento; Aumento nos nveis de compostos que inibem a ao de reguladores do crescimento ou enzimas que sintetizem ou degradem substncias de crescimento; Diminuio dos nveis das substncias de crescimento pela formao de um complexo com outros metablitos celulares.

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AULA 3 1. SINTOMATOLOGIA: Sintomas: alterao visvel na planta resultante da interao permanente entre um patgeno e uma planta hospedeira devido ao sucesso do processo doena. Sintomas primrios: quando esto relacionados corte de infeco, ou seja, formam-se no local onde o patgeno est associado planta. Sintomas reflexos: quando a sua expresso ocorre distante do local onde o patgeno est desenvolvendo sua ao patognica. Tipos de sintomas primrios: Morfolgicos: Necrticos Plesionecrticos: 1. Amarelamento 2. Clorose 3. Murcha 4. Anasarca Necrticos Holonecrticos: 5. Tombamento 6. Mancha 7. Perfurao 8. Fleck 9. Listras 10. Risca 11. Mancha Reticulada 12. Crestamento 13. Seca 14. Escaldadura 15. Morte dos Ponteiros 16. Mumificao 17. Cancro 18. Gomose 19. Resinose Hipoplasticos: 20. Albinismo 21. Mosaico 22. Estiolamento 23. Enfezamento 24.Roseta Hiperplasia: 25.Bronzeamento 26.Arroxeamento 27.Virescencia 28.Intumescencia 29.Galha 30.Encarquilhamento 31.Verrugose / Sarna
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32.Fasciao Histolgicos: Histolgicos - Necrticos 33.Vacuolese 34.Granulose 35.Plasmlise Histolgicos Plsticos: 36.Nanismo 37.Hipertrofia 38.Hiperplasia 39.Epinastia Sinais: so as estruturas do patgeno, resultantes do processo doena, e que possuem expressiva importncia no processo da patognese (processos de disperso e infeco). Esporos Fusarium; Miclio Blumeria; Miclio + esclercio Sclerotinia; Teliosporo Ustilago; Uredosporo Puccinia.

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AULAS 4 e 5 1. EPIDEMIOLOGIA: Conceito: a palavra epidemiologia origina-se da lngua grega, onde epi significa "sobre", demos, "povo" e logos, "estudo". Em Fitopatologia, este termo assume um sentido mais amplo, significando o estudo da dinmica de populaes de patgenos e de plantas. Considerando que o processo doena resulta da interao entre populaes do hospedeiro e do patgeno em um determinado ambiente, a epidemiologia considera esta dinmica em um determinado perodo de tempo. Tradicionalmente, o conceito de epidemiologia tem sido simbolicamente representado pelo tringulo da doena, tendo em cada vrtice um dos componentes da doena: patgeno, hospedeiro e ambiente. Para que uma epidemia estabelea-se, necessrio a interao harmoniosa dos fatores componentes do processo doena, ou seja, presena de um patgeno virulento, atuando numa populao de plantas suscetveis e sob condies favorveis de ambiente. Se um desses fatores for desfavorvel, a doena ter seu desenvolvimento normal afetado at que no mais desenvolver-se. DOENA = HOSPEDEIRO + AMBIENTE + PATGENO Anlise temporal da epidemia: Curvas de progresso Propsitos de Vanderplank: epidemias de juros simples e juros compostos Anlise espacial da epidemia: Gradientes de disperso Transporte de longa distncia Monitoramento do ambiente: Temperatura Umidade Vento Radiao Monitoramento do patgeno: Tipos de propgulos Quantificao e disseminao de propgulos: ar, solo, insetos vetores Monitoramento da doena: Quantificao da severidade de uma doena Patometria Incidncia e severidade Processos epidemiolgicos: A essncia da epidemiologia a epidemia, que consiste num complexo de processos biolgicos, designados como "processos epidemiolgicos" (ZADOKS & SCHEIN, 1979). Estes processos so os ciclos de infeco. Cada ciclo de infeco denominado de processo monocclico. Assim, uma epidemia consiste numa sequncia de processos monocclicos que, em conjunto, constituem um processo polcclico.

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Quantificao dos Processos: Em epidemiologia comparativa, os macro e micro processos so quantificados como razo de sobrevivncia, perodo de durao do processo e taxa do processo. Por exemplo, micro processo de germinao pode ser quantificado com razo entre dois estdios do esporo, podendo ser representado em percentagem (30% de germinao) ou proporo (0,3). Assim, vrios micro ou macroprocessos, como tambm a influncia de vrios fatores biticos e abiticos que influenciam o desenvolvimento da doena, podem ser quantificados e comparados. Outro parmetro usado para comparao o perodo de durao do processo. Por exemplo, perodo latente o tempo, em dias, decorrido desde a inoculao at o aparecimento de pstulas ou leses com esporos. Na prtica, o perodo latente e o perodo infeccioso (desde o incio at o fim da esporulao) so utilizados para avaliar a resistncia horizontal ou a resistncia parcial. O ambiente tambm pode influenciar a durao do processo. O parmetro taxa de infeco refere-se velocidade do processo policclico, e designada como taxa de infeco aparente (VANDERPLANK, 1963), ou taxa de infeco intrnseca (KUSHALAPPA & CRUZ FILHO, 1982). AMBIENTE x HOSPEDEIRO - PROCESSO MONOCCLICO: Infeco: Os micro processos germinao e penetrao so geralmente influenciados pela durao do molhamento folhar e temperatura; enquanto que a colonizao influenciada, principalmente, pela temperatura. A influncia da durao de gua lquida na infeco da folha do cafeeiro por uredosporos de Hemileia vastatrix, pode ser representada pela equao: Y1 = 1,966 (- 0,1089 t) em que Y1 a quantidade de infeco, e t a durao do molhamento folhar em horas. A influncia da temperatura dada pela equao: Y2 = sen2 (188,1x - 41,6x2 - 151,3x3), em que Y2 a proporo de infeco e x o equivalente de temperatura (KUSHALAPPA et al., 1983). A influncia de ambos os fatores pode ser calculada pelo produto de Y1 e Y2. A temperatura tambm influencia o perodo latente, que pode ser calculado pela equao: Y = 103,01 - 0,98x1 - 2,1x2, em que Y o perodo latente e X1 e X2 so as temperaturas mdias das mximas e das mnimas, em C. Esta informao pode ser utilizada na previso desta doena (KUSHALAPPA et al., 1983; KUSHALAPPA et al.,1984). A resistncia horizontal em um hospedeiro pode ser quantificada pela eficincia da infeco, o que uma razo de sobrevivncia de esporos (ZADOKS & SCHEIN, 1979; PARLEVLIET, 1979). Isto uma razo entre o nmero de esporos inoculados numa determinada rea e o nmero de leses que surgiram aps um determinado perodo. Na prtica normalmente efetua-se a inoculao com uma suspenso padronizada de esporos e compara-se o nmero de leses surgidas nas variedades em teste com o nmero que ocorreu na testemunha. O parmetro perodo latente tambm usado para avaliar a resistncia horizontal. A variedade como maior perodo latente mais resistente, pois, em determinado tempo, o patgeno vai completar menor nmero de ciclos de infeco ou de processos monocclicos (Parlevliet, 1979; Zadoks e Schein, 1979; Nelson, 1978).
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Esporulao: A produo de esporforos e de esporos influenciada, principalmente, pela temperatura, pela luz e pela umidade relativa. Em Alternaria solani, os esporforos so produzidos, principalmente, na presena de luz e os esporos, no escuro. A produo de nmero de esporos por Exobasidium vexans denominada em funo da durao da luz solar, pela equao: Y = 2,582 - 0,617X1 + 0,06x2 em que Y o logaritmo neperiano do nmero de bolhas por 100 galhos, e X1 o logaritmo neperiano do nmero de bolhas por 100 galhos, e X2 o perodo de exposio ao sol em horas (KRANZ, 1974). Esta informao usada para previso de doena. Os parmetros como a densidade de esporulao e o perodo infeccioso so utilizados para avaliar a resistncia horizontal. Disseminao: A liberao de esporos pode ser passiva, pela gravidade, pelo vento, pelos respingos de chuva etc., ou pode ser ativa, pela presso osmtica (Classe Pyrenomycetes), pela secreo no hilo (ordem Uredinales) etc. Em vrios fungos da famlia Peronosporaceae, os esporos so liberados durante o dia, quando a umidade relativa est baixa. Ao contrrio, os basidisporos das ferrugens, geralmente, so liberados noite, quando a umidade relativa est elevada (ZADOKS & SCHEIN, 1979). Aps a liberao, a disperso dos esporos influenciada principalmente por respingos de chuva, vento, insetos, introduo de plantas doentes etc. A quantidade de esporos no ar, avaliada pela captura com armadilhas, bem como a intensidade de esporos presentes nos tecidos infectados, podem ser empregadas num programa de previso de doena, como inculo disponvel para infeco (FRY, 1982; ZADOKS & SCHEIN, 1979). Em vrias doenas e a quantidade de esporos capturados pela armadilha volumtrica. Normalmente muito difcil quantificar a quantidade de inculo disponvel para infeco. A deposio dos esporos depender do vento, filotaxia, tamanho e forma dos rgos que capturam os esporos etc. AMBIENTE x HOSPEDEIRO - PROCESSO POLICCLICO: Quantificao de Epidemia: A epidemia ou o desenvolvimento da doena em funo do tempo quantificada e representada pela curva de progresso da doena. Em epidemiologia comparativa, as curvas de vrias epidemias em diferentes tratamentos so comparadas por meio do clculo da taxa de infeco (VANDERPLANK, 1963). A curva de progresso da doena estabelecida pela determinao da proporo de doena (x) em vrios tempos durante o ciclo da cultura (do plantio at a produo). Existem vrias escalas diagramticas para quantificar a severidade da doena (JAMES, 1971). O comportamento da curva de progresso da doena, geralmente, depende do nmero de processos monocclicos envolvidos, de tal modo que permite classificar as doenas como monocclicas ou policclicas. Doenas Monocclicas: so doenas em que o patgeno apresenta apenas um processo monocclico durante o ciclo da cultura, como no caso do carvo do milho, murchas etc. Nestes casos, a taxa e o total de doena dependem principalmente do inculo inicial. Este tipo de aumento de doena pode ser expresso matematicamente pela equao diferencial: dx/dt = QR dx/dt = QR (1 -x) (1)
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em que dx/dt a velocidade de aumento de x, Q a quantidade de inculo inicial, R a taxa de infeco, 1 x a correo para hospedeiro disponvel para infeco. Considerando Q = 1, a equao 1 passar a ser expressa por (VANDERPLANK, 1963): R=1/(t2-t1) x (1n(1/(1-x2) 1n (1/1-x1) o R mdio para intervalo pode ser calculada pela equao 2, e o R mdio para toda a curva pode ser calculado pela anlise de regresso aps transformao monomolecular de x, monit x = 1n(1/(1 - x)). Na equao de regresso (y = a = bx, o coeficiente de regresso (b) a taxa. VANDERPLANK (1963) designou este tipo de doenas como "doenas de juros simples". Doenas Policclicas: so doenas em que o patgeno completa vrios processos monocclicos durante um ciclo da cultura. Os esporos produzidos durante o ciclo cultural tambm atuam como inculo. Desse modo, a quantidade de inculo total, produzida at o final da safra, ser muito maior que a quantidade inicial (FRY, 1982). VANDERPLANK (1963) comparou isto com o capital a juros compostos, em que juros rendem juros. As doenas deste grupo so as ferrugens em geral, os mldios etc., cuja disseminao , principalmente atravs do vento. A taxa de infeco depende do nmero de processos monocclicos e da capacidade reprodutiva do patgeno. Este tipo de aumento pode ser expresso pela equao: dx/dt= xr dx/dt= xr (1-x) (3)

em que dx/dt o aumento de doena num intervalo de tempo muito pequeno, x a proporo de doena, r a velocidade de aumento da doena, designado como taxa de infeco aparente (VANDERPLANK, 1963), e 1 - x a proporo de hospedeiro disponvel para infeco (o tecido j infectado (x) no hospedeiro no estar disponvel para nova infeco). O aumento da doena ou a taxa de infeco nas doenas polcclicas tambm depende da quantidade de inculo inicial e de hospedeiro disponvel para a infeco (1 - x), como nas doenas monocclicas, Mas, nas doenas policclicas, a taxa depende muito mais da capacidade reprodutiva de x, e muito pouco de xo ou inculo inicial. Para calcular a taxa durante certo intervalo de tempo, a equao 3 pode ser expressa por (VANDERPLANK, 1963): Taxa de progresso de uma epidemia: r = x2/(t2-t1) x (ln x (x1/1-x2) ln (x/1-x1) Nas doenas policclicas, como nas monocclicas, o r mdio para a curva toda pode ser calculado pela anlise de regresso, aps transformao logstica dos valores de x, logit x = 1n(x/(1 - x)). Na equao de regresso, o coeficiente representa a taxa de infeco (r). Incidncia X Severidade: Incidncia: nmero de indivduos com a presena de pelo ao menos uma leso da doena; Severidade: percentagem de tecido foliar com manifestao de sintomas da doena, independentemente do nmero de indivduos atacados. MODELAGEM: CURVAS DE PROGRESSO DA DOENA: Exponencial: dy/dt = rEy y = y0(rEt) Monomolecular: dy/dt = rM(1-y) y = 1 - B(-rMt) Logistico: dy/dt = rLy(1-y) y = 1/(1 + B(-rLt)) Gompertz: dy/dt = rLy[ln(1) - ln(y) y = - B(-rGt) Log-logstico: dy/dt = rLLy(1-y)/t y = 1/ (1 + Bt rLL) rea sob a curva de progresso da doena (AUDPC): AUDPC = ((yi + yi + 1)/2) x (t i+1 ti)

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2. EFEITOS DO AMBIENTE NO DESENVOLVIMENTO DAS DOENAS DE PLANTAS: 2.1. O ambiente fsico: As condies necessrias para o desenvolvimento de doena incluem: hospedeiro suscetvel (H), organismo patognico (P), e condies ambientes favorveis interao de H x P. 1.1. Temperatura: As populaes de organismos so afetadas pela temperatura. Por exemplo, na Irlanda, os produtores de batata acreditavam que era a temperatura baixa que causava a requeima da batata. Sabe-se hoje que as temperaturas baixas favorecem o crescimento do fungo causador (Phytophthora infestans). Cada organismo tem suas temperaturas cardinais, que so a mnima, mxima e tima para cada uma das etapas do seu desenvolvimento.
Efeito da Temperatura antes da inoculao: YARWOOD (1956) mostrou que a imerso de folhas de feijo em gua quente por alguns segundos induziu a suscetibilidade de plantas de feijo a Uromyces phaseoli, Erysiphe polygoni, Colletotrichum lindemuthianum, TMV. O pr-tratamento de sementes de feijo com frio, nos primeiros estgios de germinao, torna as plntulas mais suscetveis Rhyzoctonia solani. Aparentemente, isto devido reduo do vigor das plntulas, tornando-as mais sujeitas morte antes da emergncia. Efeito da Temperatura aps a inoculao: as fases de penetrao, infeco (o patgeno estabelece contato com as clulas ou tecidos do hospedeiro e comea a retirar nutrientes destas) e invaso so afetadas pela temperatura. A mesma influncia ocorre sobre o crescimento, reproduo e disseminao do patgeno. O menor tempo para completar o ciclo de uma doena ocorre usualmente quando a temperatura tima para o patgeno, mas alta ou baixa para a planta hospedeira. Puccinia graminis f.sp. tritici (ferrugem do colmo do trigo), necessita 22 dias da inoculao at produzir o o o novos uredosporos a 5 C, que se reduz para 15 dias a 10 C, e 5 a 6 dias a 23 C. No caso da ferrugem do feijoeiro temperaturas mais adequadas esto entre 12,5 e 22 C para a o germinao dos uredosporos, com o mximo entre 17 e 22 C. Mesmo sob temperatura superior a 30 o C, tem sido observado epidemias de ferrugem, desde que seja observado elevada umidade relativa do ar, e durao do orvalho noturno superior a 3 horas. Para antracnose (Colletotrichum lindemuthianum), temperaturas moderadas entre 13 e 26 C so mais adequadas durante todo o ciclo da doena. Para mancha angular ( Phaeoisariopsis griseola) o temperatura entre 20 e 25 C so as mais adequadas. Para o crestamento bacteriano (Xanthomonas o campestris p.v. phaseoli) as temperaturas altas entre 28 e 32 C so as mais favorveis.
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1.2. Umidade: Tanto na forma de chuva, gua de irrigao sobre a superfcie da planta, como a alta umidade relativa do ar e o orvalho, afetam o incio e o desenvolvimento das doenas das plantas. A germinao dos esporos usualmente requer uma pelcula fina de gua na superfcie da planta. Uma exceo a esta regra so os odios. Exemplos:
Para que ocorra infeco causada por Phytophthora infestans necessrio uma pelcula de gua na superfcie durante 3 a 8 h, varivel dependendo da temperatura. Venturia inaequalis requer uma pelcula de gua durante 17 a 26 h, se a temperatura for de 26 C ou 5 o C, respectivamente. Para a germinao e penetrao, Uromyces phaseoli requer 8 a 15 h de umidade relativa maior que 95%. A disseminao da ferrugem depende principalmente de ventos.
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Colletotrichum lindemuthianum necessita de umidades superiores a 92% por tempos prolongados, embora a germinao dos esporos ocorra entre 6 a 9 h. Os esporos do fungo so disseminados a curta distncia por gotas de chuva. Phaeoisariopsis griseola exige uma pelcula de gua nas fases iniciais da doena, como germinao, penetrao e esporulao. Os esporos do fungos so disseminados a curta distncia por gotas de chuva.

1.3. Luz: As exigncias para germinao de esporos dos fungos so variveis. Para Uromyces phaseoli, tanto em presena de luz como no escuro, a germinao permanente no mesmo nvel. Outras ferrugens tem requerimentos diferentes. A luz pode tambm afetar a reao da planta infeco e desenvolvimento da doena. Algumas cultivares de feijo so mais resistentes Xanthomonas campestris pv. phaseoli sob dias longos (14 a 16h) do que curtos e da tornarem-se menos resistentes no trpico. Cevada resistente a ferrugem amarela (P. striiformis) em dias com um nmero de horas de luz maior do que 12h, e completamente suscetvel em dias curtos. Baixa luminosidade ou escuro completo antes da inoculao de alguns patgenos fngicos pode predispor as plantas. Isto prtica comum para certos vrus. Exemplo: 24 h de escuros torna o feijoeiro suscetvel a TMV, se este escuro for seguido por alguns minutos de luz. 2.2. Condies do hospedeiro: Os fatores mais citados que influenciam o hospedeiro quanto sua resposta aos fitopatgenos so: sua constituio gentica, a reao do solo, a concentrao dos macronutrientes N, P, K, agroqumicos (herbicidas), e poluio atmosfrica. 1. Reao do solo: Streptomyces scabies, agente da sarna da batata, favorecido por pH mdio e alto. pH de 4,0 a 5,2 praticamente elimina o patgeno. Plasmodiophora brassicae inibido por pH neutro a alcalino. 2. Fertilizantes: Nitrognio o mais estudado. Alta fertilizao nitrogenada aumenta a suscetibilidade a certos patgenos: Erwinia amylovora em ma, Puccinia em trigo, Magnaporthe em arroz, Blumeria graminis f.sp. tritici em trigo. A forma do N tambm pode afetar a doena. O efeito pode ser devido a uma alterao do ambiente no solo e/ou pelo crescimento das plantas. A baixa fertilizao favorece aqueles patgenos "fracos": Cercospora em caf, Fusarium em tomate. 3. Herbicidas: Trifluralina limita a severidade de podrido de razes por Aphanomyces euteiches em ervilha e em feijo, mas aumenta a severidade de Rhizoctonia solani em feijo. AGRIOS (1978) concluiu que plantas que recebem uma nutrio balanceada, em que os elementos requeridos so supridos nas quantidades apropriadas, tm mais capacidade de se auto protegerem do ataque dos patgenos e de at limitar o progresso de uma infeco j estabelecida, do que quando um ou mais nutrientes esto em deficincia ou excesso. Mesmo uma nutrio balanceada pode afetar o desenvolvimento de uma doena quando a concentrao dos nutrientes alterada alm de certos limites. 2.3. Condies do patgeno: O trabalho com isolados de um patgeno, agente causal de uma doena, deve atender a demanda devido a importncia da doena na rea, e devido a frequncia com que os isolado ocorrem.

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Nos programas de pesquisa deve-se buscar a uniformidade da virulncia de um isolado. Se os genes de resistncia no hospedeiro forem limitados, maior diversidade de raas do patgeno devero ser buscadas de sorte a selecionar um maior nmero de genes. No caso de haver genes de resistncia contra todas as raas do patgeno, uma mistura de raas ou, a raa mais virulenta, deve ser usada. Os isolados do patgeno devem ser mantidos sob condies que evitem quaisquer alteraes genticas, morfolgicas, e fisiolgicas. 2.4. Efeito do Equilbrio Nutricional na Severidade de Doenas de Plantas: A ocorrncia de doenas em plantas requer condies adequadas para que esta relao acontea. Ao contrrio do que parece este fenmeno no depende somente da presena do microorganismo patognico e do hospedeiro, a planta. De maneira geral a ocorrncia das doenas orientada pela relao entre ambiente, planta e patgeno. Segundo Huber (1989) a nutrio influencia todos os fatores correlacionados com a doena. Se a dinmica da maioria dos ciclos de nutrientes for considerada, no surpreender descobrir que algumas formas de controle biolgico e muitos solos supressivos (solos onde a incidncia de doenas e severidade permanece relativamente baixa mesmo com a introduo de patgenos) refletem a manifestao da atividade microbiana que influencia a disponibilidade de nutrientes. As principais mudanas proporcionadas pela nutrio mineral, responsvel por reduzir a intensidade de doenas, so paredes celulares e cutculas mais espessas, manuteno dentro da clula de compostos solveis, como acares simples e aminocidos, maior suberizao, silificao e lignificao dos tecidos, maior sntese e acmulo de compostos fenlicos e menor abertura de estmatos (Huber, 2002).

No caso de doenas de etiologia fngica, principalmente as manchas foliares, a proteo promovida pela nutrio mineral balanceada seria o resultado de:
a) eficiente barreira fsica, inibindo a penetrao; b) melhor controle da permeabilidade da membrana citoplasmtica, evitando assim a sada de acares e aminocidos para o espao intercelular; c) barreira qumica, com produo ou formao de compostos fenlicos com propriedades fungistticas.

2.5. Interao dos macronutrientes primrios (N, P e K) na severidade de doenas: O nitrognio promove o crescimento vigoroso, retarda a maturao e essencial para a produo de aminocidos, protenas, hormnios de crescimento, fitoalexinas e fenis (Huber, 1980). O efeito deste nutriente na resistncia das plantas aos patgenos pode ser entendida da seguinte forma. Quando a sua oferta alta, aumenta a demanda por carbono da fotossntese, comprometendo a sntese de metablitos secundrios pela via do cido chiqumico. Esta condio reduz a produo de compostos fenlicos
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(fungistticos) e de lignina na folha. O nitrognio tambm aumenta a concentrao de aminocidos e de amidas no apoplasto e na superfcie foliar, que aparentemente tm maior influncia que os acares na germinao e no desenvolvimento das doenas fngicas. Esta condio favorece o desenvolvimento de parasitas obrigatrios (Yamada, 2004). Segundo Marschner todos os fatores que favorecem as atividades metablicas e de sntese de clulas das hospedeiras (ex.: adubao nitrogenada) tambm aumentam a resistncia a parasitas facultativos, que preferem tecidos senescentes. A tabela 1 apresenta o efeito do nitrognio e potssio na severidade de algumas doenas. A forma do nitrognio (amnio ou nitrato) disponvel para o hospedeiro ou patgeno afeta a severidade ou resistncia mais que a quantidade do elemento (Agrios, 1980). O aumento na severidade das doenas, na presena de amnio geralmente devido ao pH cido, enquanto o aumento devido ao nitrato geralmente associado a condies de pH neutro a alcalino (Keinath & Loria, 1990; Jones et al., 1990). O fsforo aumenta a resistncia s doenas, por elevar o teor na planta ou por acelerar a maturao dos tecidos, auxiliando-a a escapar da infeco por patgenos que tm preferncia por tecidos jovens. Em razes, com baixo nvel de P, foi observado um decrscimo de fosfolipdios com um correspondente aumento na permeabilidade da membrana celular e da exudao radicular tendo o inverso sido observado em altos nveis de fsforo. De acordo com esses resultados, a exudao das razes influencia na atividade de patgenos, desde que fsforo induza um decrscimo na exudao radicular, o que correlacionado com a reduo da severidade da doena. Dos macronutrientes citados na literatura cientfica, o potssio o elemento que apresenta consistentes resultados positivos na reduo da incidncia de pragas e doenas. De modo geral reduz a susceptibilidade das plantas tanto a parasitas obrigatrios quanto a facultativos como pode ser visto na tabela 1. A elevada susceptibilidade de plantas deficientes em potssio a certas doenas est relacionada com as funes metablicas desse elemento. Em plantas deficientes, a sntese de compostos de elevado peso molecular (protenas, amido e celulose) diminuda, enquanto compostos orgnicos de baixo peso molecular, acumulam-se. O teor de glutamina, por exemplo, particularmente alto nas plantas deficientes em potssio e favorece a germinao de esporos. Ela tambm retarda a cicatrizao de feridas, favorecendo a penetrao tanto de fungos como de insetos (Yamada, 2004). Em plantas deficientes em K, um aumento no seu fornecimento conduz a um aumento no crescimento e diminui o contedo de compostos orgnicos de baixo peso molecular, at o ponto em que o crescimento mximo. Por outro lado, aumentos no nvel de K na planta, alm do timo, no causa efeitos substanciais nos constituintes orgnicos e nem na resistncia a doenas (Zambolim & Ventura, 1993). 2.6. Interao dos macronutrientes secundrios (Ca, Mg e S)na severidade de doenas: O clcio tem um papel crtico na diviso e desenvolvimento celular, na estrutura da parede celular e na formao da lamela mdia, sendo relativamente imvel nos tecidos (Huber, 1980). O contedo de clcio nos tecidos das plantas afeta a incidncia de doenas parasticas de duas formas: na primeira, quando os nveis de clcio so baixos, o efluxo de compostos de baixo peso molecular (acares) do citoplasma para o apoplasto aumentado; na segunda, poligalacturonatos de clcio so requeridos na lamela mdia, para que haja estabilidade da parede celular. O enxofre ocorre sobre a forma reduzida, nas plantas, e incorporado em aminocidos, protenas, enzimas, vitaminas, leos aromticos e ferredoxinas (Marschner, 1986). No Brasil, plantas desenvolvidas em solos de cerrado podem mostrar deficincia de enxofre. Para correo da deficincia, tem sido recomendado o gesso ou fertilizante que contm o enxofre, em associao ou no com a calagem do solo (Alvarez, 1988). De maneira geral o efeito do enxofre sobre o pH do solo tem sido apontado como o fator responsvel na reduo da severidade de doenas.
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Como constituinte da clorofila, o magnsio importante na fotossntese. Est tambm associado com a velocidade de crescimento das plantas, mitose, nveis de protenas, metabolismo de carboidratos e fosforilao oxidativa em clulas fisiologicamente jovens. Diferente do clcio, o magnsio translocado de partes "maduras" da planta, para aquelas em crescimento ativo (Zambolim & Ventura, 1993). O magnsio est constantemente associado ao clcio, j que pode ser aplicado ao solo, visando a neutralizar o pH. Da mesma forma que o clcio, o magnsio pode reduzir ou no a severidade de doenas, dependendo da combinao hospedeiro-patgeno e do ambiente. Alguns autores tem atribudo ao desbalano nutricional, envolvendo clcio, magnsio e enxofre a causa primria do ataque desses patgenos (CSINOS et al., 1984). Prticas de manejo que podem levar a este desbalano so: uso inadequado de calcrio; utilizao contnua de produtos isentos de Ca e S sem a preocupao de inserir estes nutrientes de forma equilibrada no sistema. 2.7. Interao dos micronutrientes na severidade de doenas: Os estudos sobre o hospedeiro sugerem que o on ferro pode atuar na ativao de enzimas necessrias para a sntese de compostos antifngicos. A ausncia do on ferro resulta na susceptibilidade das clulas atuando na ativao de enzimas necessrias para a sntese de compostos antifngicos. Em sntese, os resultados sugerem que o on ferro essencial para a sntese de fitoalexinas e induo de resistncia as doenas. Baixas quantidades de cobre nas folhas e brotaes estimulam a atividade da peroxidase, enquanto que alta concentrao reduz a atividade da enzima. O aumento na concentrao de cobre pode reduzir tambm a atividade da catalase. A inibio da peroxidase, pode tambm resultar no acmulo de compostos fenlicos com efeitos bactericidas, tornando os tecidos da planta resistentes infeco por Erwinia amylovora. Alta concentrao de cobre induz a atividade da polifenoloxidase que responsvel pela converso de compostos fenlicos em substncias bactericidas, denominadas quinonas. Em sntese, o on cobre pode induzir resistncia pelo aumento da sntese de perxidos, compostos fenlicos e quinonas, tendo todos propriedades bactericidas. Estudos vem mostrando que o contedo de silcio, da parede celular das clulas da epiderme, pode ser muito importante na resistncia de plantas a doenas e que a supresso dos depsitos de silcio pode induzir susceptibilidade. As gramneas, em geral, e, particularmente, o arroz so acumuladores de silcio (Marschner, 1986). Com aumento na disponibilidade de silcio o teor nas folhas tambm aumenta, induzindo resistncia a doenas fngicas, como a bruzone do arroz. O aumento da resistncia, que se manifesta por um decrscimo no nmero de manchas, parece estar diretamente relacionado com a concentrao de silcio na soluo do solo e nas folhas (figura 2). O mangans um elemento importante no auxlio ao controle das doenas das plantas. A presena do mangans no solo extremamente complexa e envolve interaes qumicas e microbiolgicas. A transformao de Mn3+ insolvel ou xido de Mn4+ para Mn2+ solvel altamente dependente de fatores
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do ambiente tais como o pH do solo, umidade, nutrientes, inibidores da nitrificao, matria orgnica e atividade microbiana. As concentraes de mangans nas plantas tm sido alteradas em funo da presena de patgenos, sendo, no entanto, a sua magnitude influenciada pela planta hospedeira ou cultivar e pelo rgo infectado (Huber & Wilhem, 1988). O teor de Mn normalmente baixo nos tecidos susceptveis em comparao com tecidos resistentes, mas aumenta em reas localizadas prximo aos pontos de infeco. Possivelmente, o efeito do mangans, mais comumente verificado, a modificao da resistncia, devido presena e exudados txicos (Zambolim & Ventura, 1993). Segundo Cakamak et al. (1995) a deficincia de boro tem efeito no vazamento de K+ e de solutos orgnicos nas clulas. Comparando s folhas com teores suficientes de boro, o tratamento com menor teor de boro deixou vazar 35 vezes mais K+, 45 vezes mais sacarose e sete vezes mais fenlicos e aminocidos. O tratamento com boro por 20 minutos foi suficiente para restabelecer a permeabilidade das membranas das folhas B-deficientes para o nvel das folhas com suficincia de boro, indicando o particular papel deste elemento na manuteno da integridade das membranas plasmticas. Cakmak e Rmheld (1977) citam que, apesar dos rpidos e claros efeitos do boro no vazamento de K+, os mecanismos pelos quais o boro afetaria a integridade estrutural e/ou funcional das membranas plasmticas so pouco conhecidos. O boro parece ter papel estrutural crtico nas membranas plasmticas pela sua habilidade em se ligar com compostos da membrana contendo grupos cis-diol, tais como glicoprotenas e glicolipdeos. O zinco outro importante nutriente necessrio na manuteno da integridade das biomembranas. Em condies de deficincia de zinco ocorre o aumento tpico da permeabilidade da membrana plasmtica indicado pelo maior vazamento de solutos de baixo peso molecular, reduo no contedo de fosfolipdeos, conforme observado por Cakmak & Marschener (1988).

3. PRINCPIOS EPIDEMIOLGICOS ASSOCIADOS AO CONTROLE DE DOENAS: Epidemiologia o estudo da dinmica dos processos envolvidos na interao de populaes do patgeno e populaes do hospedeiro, sob a influncia de fatores do ambiente. A epidemiologia , portanto, a ligao entre os estudos envolvendo etiologia, fisiologia, ciclos de vida dos patgenos, etc. e as medidas aplicveis ao controle integrado das doenas. A epidemiologia deve fornecer aos fitopatologistas conhecimentos profundos sobre o desenvolvimento das doenas nas culturas. Em resumo, ela visa definir a medida ou o conjunto de medidas mais racionais para proteo das culturas. Do ponto de vista epidemiolgico, as doenas das plantas so consideradas parte do agro-ecossistema; portanto, as medidas de controle devem ser direcionadas de modo a garantir economicidade para o agricultor, preservando sua sade e bem-estar, sem prejuzos para o ambiente. A epidemiologia tem por objetivo: 1 - Estudar a evoluo das doenas em populaes do hospedeiro. 2 - Avaliar os prejuzos absolutos e relativos causados pelas doenas nas culturas. 3 - Avaliar os efeitos simples e as interaes entre resistncia do hospedeiro, medidas sanitrias, uso dos fungicidas e outras medidas de controle das doenas. 4 - Avaliar a eficincia tcnica e econmica das medidas de controle em cada etapa sobre os agroecossistemas. 5 - Estabelecer estratgicas de controle das doenas e aperfeio-las para a proteo integral das culturas.
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3.1. Natureza das epidemias em plantas cultivadas: Enquanto a etiologia define o agente casual e o desenvolvimento da doena em um indivduo, a epidemiologia estuda o aumento da doena, relacionando as populaes do patgeno e do hospedeiro. As populaes das espcies das plantas cultivadas so determinadas qualitativa e quantitativamente. Uma determinada variedade pode ser substituda em razo da sua inadaptabilidade s condies adversas do ambiente ou sua suscetibilidade aos ataques severos de doenas ou pragas. Uma determinada cultura pode ser estabelecida numa regio onde as condies de clima so desfavorveis para a ocorrncia de uma doena, caracterizando reas de escape. A populao dos patgenos flutua, mesmo durante uma estao de cultivo. O nmero de indivduos numa populao iria crescer, exponencialmente, at o potencial bitico das espcies, se a populao fosse mantida, indefinidamente, em condies de ambiente timas para seu crescimento e reproduo. Sob tal irreal condio e circunstncias hipotticas, plotando-se a densidade de uma populao em relao ao tempo, produzir-se-ia uma curva de potencial bitico do tipo . O potencial bitico das espcies nunca atingido, tanto nos ecossistemas agrcolas como nos naturais. Fatores do ambiente ou resistncia do hospedeiro, tais como condies climticas ou edficas adversas, reduzem a taxa de crescimento das populaes. Entre patgenos de plantas e outros microrganismos, o antagonismo biolgico ou mesmo o parasitismo pode desacelerar o crescimento das populaes. Na natureza, uma populao se desenvolve mais lentamente. Assim, plotando-se a densidade de uma populao em relao ao tempo, obtm-se uma curva de crescimento tpica, na forma conhecida como sigmoide. Uma epidemia pode ser expressa pelo progresso da doena y em relao ao tempo ou espao. Quantitativamente, uma epidemia se manifesta por meio de leses, pstulas, manchas foliares, plantas murchas, podrides de frutos, etc., dependendo dos sintomas apresentados pela doena. A intensidade da doena, num dado tempo de uma epidemia, variando de 0 < y 1, o efeito das interaes dos elementos que compem o tringulo da doena, mediante interferncia do homens. 3.2. Doenas monocclicas e policclicas: Doenas monocclicas no se propagam rapidamente no campo. Normalmente, a infeco ocorre na planta a partir de inculo existente no solo. Exemplo: algumas espcies de Fusarium induzem doena s razes ou a parte area das plantas, mas no se propagam para outras plantas durante um mesmo perodo vegetativo da cultura. Doenas policclicas: apresentam vrios ciclos de infeco, durante o perodo vegetativo da cultura, resultando em repetidas infeces, o que faz aumentar a doena com o tempo e tambm no espao. A velocidade do desenvolvimento epidmico expressa por taxas de multiplicao, como a taxa de infeco aparente r (VANDERPLANK, 1963), coeficientes de regresso b, etc. O perodo latente influencia acentuadamente essas taxas. Quanto menor for o perodo latente, mais rpido a doena cresce, num dado perodo vegetativo do hospedeiro. O perodo latente mdio pode ser conceituado como o tempo, em dias, decorrido da inoculao at o aparecimento de 50% de leses com esporos. Fatores que Influenciam o desenvolvimento de uma doena: As epidemias de doenas de plantas ocorrem como o resultado da combinao dos seguintes elementos: Plantas hospedeiras suscetveis, patgenos virulentos e condies favorveis de ambiente, por um perodo de tempo suficientemente longo. O homem desempenha importante papel no incio e no desenvolvimento das epidemias, podendo tambm interromper ou alterar esse processo. O homem pode alterar o tipo de crescimento das plantas numa determinada rea, cultivar plantas com maior ou menor grau de resistncia,
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antecipar ou adiar a poca de plantio, aumentar ou diminuir a densidade das plantas, etc. Pelo tipo de resistncia utilizado, ele poder determinar quais os patgenos ou raas fisiolgicas que iro predominar. Pelas prticas culturais, poder influenciar na quantidade de inculo primrio ou secundrio disponvel para atacar uma cultura. Os micro-processos relacionados ao desenvolvimento da doena, tais como infeco, colonizao, esporulao e disseminao ocorrem, normalmente, em curto espao de tempo: A germinao de um esporo e a penetrao do tubo germinativo numa folha pode ocorrer em algumas horas; A colonizao pode ocorrer em alguns dias, dependendo do patgeno e da planta; O ambiente, hospedeiro ou patgeno podem retardar o desenvolvimento das doenas, acelerando ou retardando sua acelerao: A constituio gentica de uma cultura pode interferir retardando o aparecimento ou o desenvolvimento de uma doena, dependendo do seu nvel de resistncia. Uma planta com resistncia vertical pode retardar o aparecimento de uma doena em uma cultura por alguns anos, dependendo das raas fisiolgicas do patgeno que prevalecerem em uma determinada regio. Baixas temperaturas podem prolongar o perodo latente de uma doena, como por exemplo o da ferrugem do cafeeiro. Nos meses de vero, o perodo latente da ferrugem do cafeeiro chega a ser de 18 dias, enquanto que nos meses mais frios, o perodo latente chega a 60 dias. O homem desempenha papel preponderante nessas relaes envolvendo o patgeno, o hospedeiro e o ambiente no desenvolvimento de doena de plantas. Pode manipular qualquer um desses fatores e interferir diretamente no resultado desses processos: Disseminar doenas para novas regies; Adotar prticas culturais que resultem em maior ou menor desenvolvimento de doenas; Manipular geneticamente as plantas, desenvolvendo variedades resistentes ou, num processo de melhoramento visando apenas aumentar a produtividade das culturas; Desenvolver variedades com um nvel de resistncia muito baixo, resultando em plantas, que sob condies de campo, resultam em muita doena; Manipular o ambiente, criando condies de microclima que podem favorecer ou no o desenvolvimento das doenas. Exemplo: o solarizao do solo podem eliminar uma srie de patgenos e assim promover um controle das doenas; o inundao do solo resultando em controle eficiente de muitas doenas. 4. DESENVOLVIMENTO DE EPIDEMIAS: 4.1. Fatores relacionados ao hospedeiro que influenciam o desenvolvimento de epidemias 1. Resistncia gentica das plantas aos fitopatgenos: O nvel de resistncia gentica ou suscetibilidade do hospedeiro constitui importante fator no desenvolvimento de epidemias. Porm, a resistncia gentica das plantas aos fitopatgenos pode ter durao limitada. A razo desse fenmeno a variabilidade gentica tanto do hospedeiro como do patgeno. Da presso de seleo, resultante da co-evoluo dos patgenos e hospedeiros, surgem patgenos com novos genes de virulncia, estabelecendo novas raas fisiolgicas, capazes de vencer os genes de
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resistncia do hospedeiro. Semelhantemente, a atuao dos genes de virulncia dos patgenos pode promover a seleo de plantas hospedeiras com genes de resistncia. Normalmente, nessa interao patgeno-hospedeiro, o patgeno favorecido em face da maior facilidade de sua multiplicao e disseminao. Tentando incorporar maior variabilidade aos cultivares de plantas autgamas, portadoras de resistncia s doenas, os melhoristas tm desenvolvido os cultivares multilinhas. As vrias linhas, num cultivar multilinha, tm genes ou diferentes sistemas genticos que atuam sobre os genes de virulncia das raas do patgeno para o qual essa multilinha foi criada. A heterogeneidade resultante das plantas, na populao dos cultivares multilinhas, far com que a taxa de progresso da doena seja reduzida, escapando dos grandes prejuzos que causariam o patgeno numa populao homognea. Uma das dificuldades para se compor a multilinha o fato de que as linhas isognicas que iro compor a multilinha devero possuir caractersticas agronmicas semelhantes, tais como porte, ciclo vegetativo, produtividade, apresentando, no entanto, resistncia especfica s diversas raas fisiolgicas do patgeno. importante salientar que nem todos os patgenos apresentam alta variabilidade. Um grande nmero de casos tem sido relacionado, nos quais as raas fisiolgicas so estveis por um longo perodo, e apenas poucas raas tm sido definidas dentro das populaes desses patgenos. Um bom exemplo a murcha-do-algodoeiro, causada por Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. Apenas quatro raas distintas foram encontradas: duas nos Estados Unidos, uma na ndia e outra no Egito. Essas raas so muito estveis, e a resistncia dos cultivares de algodo ao Fusarium permanece duradoura por muitas dcadas. A murcha-da-ervilha ( Fusarium oxysporum f. sp. pisi ) e a da murcha-do-repolho (Fusarium oxysporum f. sp. conglutinans) so outros exemplos de virulncia estveis. A herana da resistncia das plantas aos fitopatgenos classificada por alguns autores, de acordo com o nmero de genes envolvidos, como monognica, oligognica e polignica, podendo, tambm, estar relacionada com fatores de origem citoplasmtica. a) Resistncia monognica: A resistncia monognica determinada por um nico gene. H grande vantagem em se dispor desse tipo de resistncia, principalmente se ela for dominante. Diferenas entre plantas resistentes e suscetveis so reduzidas, se a segregao para resistncia ocorrer em baixa proporo. Normalmente, a resistncia controlada monogenicamente utilizada para raas especficas dos patgenos e , usualmente, tem curta durao no controle eficiente das doenas, devido ao fato de ser quebrada pelo aparecimento de novas raas do patgeno. Entretanto, h casos em que um nico gene condiciona resistncia s plantas por vrios anos, como o caso de certas murchas induzidas por Fusarium e Verticillium, da murcha-bacteriana e do vrus do mosaico-dopepino. Como exemplo de resistncia monognica recessiva pode-se citar a pstula-bacterina-da-soja, induzida por Xanthomonas phaseoli var. sojensis. b) Resistncia oligognica: A resistncia oligognica controlada por um pequeno nmero de gene maiores, cada qual exercendo amplo efeito na manifestao das caractersticas de resistncia como um todo, e poder envolver um complexo de diferentes mecanismos de defesa da planta, cada um condicionado por nico gene ou um nico mecanismo, porm controlado por vrios genes. A maio ria dos casos de resistncia vertical ou especfica, com atuao diferenciada sobre as diversas raas dos patgenos, de natureza oligognica. c) Resistncia polignica:

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O termo polignica usado para o tipo de resistncia controlada por muitos genes, cuja atuao individual de baixa eficincia. Por ser governada por diversos genes, o estudo de seu mecanismo dificultado. Parece ser herdada de forma semelhante aos caracteres quantitativos, tais como: produtividade, qualidade, precocidade, etc. Esse tipo de resistncia pode envolver um nico, mas complexo mecanismo de resistncia, tal como uma forte lignificao das paredes celulares, resultantes de vrias reaes qumicas. As vantagens da estabilidade e durabilidade da resistncia polignica s desvantagens de sua natureza complexa, o que a torna difcil de ser explorada nos programas de melhoramento. A maioria dos casos de resistncia horizontal ou inespecfica, ou seja, aquela que atua uniformemente sobre todas as raas do patgeno, de natureza polignica. d) Resistncia de origem citoplasmtica: H poucas referncias publicadas sobre a influncia dos fatores citoplasmticos na resistncia das plantas aos patgenos. Um exemplo clssico envolvendo resistncia citoplasmtica refere-se desastrosa epidemia causada pela raa T de Helminthosporium maydis no milho hbrido. Em sua produo, foi utilizada a esterilidade masculina do citoplasma tipo Texas ( Tms ), que chegou a estar presente em 70% dos milhos hbridos cultivados nos Estados Unidos. Tambm no Brasil, em 1972, a raa T do fungo causou srios prejuzos cultura do milho. Em 1961, quando o Tms foi introduzido, ele conferiu resistncia raa T do patgeno. Tendo em vista o surgimento de novas raas do patgeno, as quais vencem as caractersticas de resistncia do hospedeiro, aps este ser distribudo aos agricultores, VANDERPLANK (1963 e 1968) questionou o tipo de resistncia que deveria ser usado. Frequentemente, tem sido a resistncia especfica a mais utilizada. Resistncia especfica (resistncia vertical) usualmente condicionada por um ou poucos genes. eficaz contra raas especficas do patgeno e estvel sob vrias condies de ambiente. Por outro lado, a resistncia no-especfica, ou resistncia de campo (resistncia horizontal), um tipo de resistncia de nvel inferior especfica. eficaz contra todas as raas do patgeno e influenciada por alteraes do ambiente, particularmente alterao de temperatura. A resistncia no-especfica tem sido usada com sucesso para o controle de vrios tipos de doenas. 4.2. Fatores relacionados ao patgeno que influenciam o desenvolvimento de epidemias: A disponibilidade e a quantidade de inoculo so pr-requisitos para a infeco. Quanto maior o nmero de propgulos do patgeno (esporos, esclerdios, etc.), dentro ou prximo dos campos das plantas hospedeiras, mais inoculo alcanar os hospedeiros, e, num espao de tempo mais curto, poder ocorrer uma epidemia. A eficcia do inoculo depende de suas caractersticas de virulncia (sua especificidade qualitativa a gene de resistncia em cultivares ou outras espcies hospedeiras) e de agressividade, ou sua fora infecciosa , em termos quantitativos. Alguns patgenos (a maioria dos fungos, bactrias e vrus) tm ciclos de reproduo curtos e, portanto, podem produzir muitas geraes numa nica estao de cultivo. So os patgenos policclicas que, normalmente, causam ferrugens, mldios e manchas foliares e so responsveis pela maioria das epidemias catastrficas de doenas de plantas no mundo. Alguns fungos de solo, tais como Fusarium e Verticillium, e a maioria dos nematoides normalmente tm de um a quatro ciclos reprodutivos por estao de cultivo. O nmero de propgulos e, especialmente, as condies de disperso destes patgenos limitam o seu potencial para causar epidemias repentinas e amplamente distribudas, numa nica estao, embora eles possam causar epidemias mais localizadas e de desenvolvimento mais lento. O modo de disseminao dos patgenos tambm importante para a ocorrncia de epidemias. Os esporos de muitos fungos patognicos, que causam ferrugens, mldios e manchas foliares, so liberados e podem ser disseminados pelo vento a longas distncias. Estes fungos so responsveis pela maioria das epidemias. Um outro grupo de patgenos importantes, em termos de habilidade de causar epidemias repentinas e em
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grandes reas, so aqueles disseminados por vetores areos. Exemplos destes patgenos so muitas viroses transmitidas por afdios e alguns outros insetos. Patgenos que so transmitidos por respingos de chuva, tais como fungos causadores de doena (antracnose e sarna-de-macieira), e a maioria das bactrias, so, anualmente, responsveis por severas epidemias, mas localizadas, dentro de um campo ou regio. Patgenos transmitidos pelas sementes ou outro rgo de propagao vegetativa (como tubrculo ou bulbo) so tambm importantes, mas a sua habilidade de causar epidemias depende da efetividade de sua subsequente transmisso para novas plantas. Finalmente, patgenos presentes ou disseminados pelo solo, em razo de restries fsicas, so, geralmente, incapazes de causar epidemias repentinas e generalizadas, mas causam epidemias localizadas e de baixa taxa de desenvolvimento da doena. A sobrevivncia dos patgenos em zonas temperadas influenciada principalmente, por baixas temperaturas. Nos trpicos, porm, a escassez de gua, durante a poca da seca, o fator mais limitante. As fases crticas do ciclo de vida de um patgeno, relacionadas com o desenvolvimento epidmico e consideradas relevantes para o controle de uma doena, so: 1. Infeco: esta fase inclui germinao, formao de apressrio e penetrao. Durante a infeco, os fungos e as bactrias fitopatognicas esto mais desprotegidas, uma vez que se encontram expostos s condies adversas do ambiente e s medidas de controle. Com frequncia, as regras de prognstico so delineadas para definir possveis perodos de infeco, devido ao fato de que a maioria dos fungicidas do tipo protetor, requerendo sua presena no hospedeiro para alcanar os tubos germinativos no stio de infeco. 2. Perodo latente: o perodo de incubao, a formao e o crescimento das leses fazem parte do perodo latente, incluindo, alm disso, a formao de esporos. Esta fase depende, em grande parte, da temperatura, do inoculo (durante o perodo de infeco) e da suscetibilidade do hospedeiro. O perodo latente mdio determina o tempo que necessita o patgeno para regenerar-se. Quanto mais geraes do patgeno ocorrerem por estao, mais severa ser a doena e maior ser seu progresso. A resistncia gentica das plantas e a aplicao de fungicidas podem aumentar os perodos latentes. 3. Esporulao: devem ser considerados dois aspectos: a intensidade de formao dos esporos e a durao de sua produo. As medidas de controle contra as infeces so, em geral, eficazes contra a esporulao. 4. Disseminao: na ausncia da disseminao, o inoculo no pode chegar a novos stios de infeco. Os fatores do ambiente desempenham papel decisivo na eficincia da disseminao. 5. Sobrevivncia: A sobrevivncia do inoculo pode ser relevante para o desenvolvimento de uma epidemia, dependendo muitas vezes, de condies diferentes de ambiente, e importante como fonte de inoculo primrio. Como parece existir uma alta correlao, pelo menos para algumas doenas, entre o inoculo primrio (y0) e a intensidade mxima de doenas (ymax), o inoculo sobrevivente pode ser um bom indicador para o progresso futuro desta. 4.3. Fatores relacionados ao ambiente que influenciam o desenvolvimento das epidemias: Os fatores climticos so os mais importantes entre os fatores do ambiente no desenvolvimento epidmico das doenas. Os fatores climticos mais importantes: molhamento foliar, produzido pelo orvalho, chuva e nevoeiro, tanto para a infeco quanto para a esporulao; temperatura, que influencia a durao dos perodos de incubao e latente; chuva e muito importante na disseminao dos patgenos, principalmente esporos de fungos que causam leses foliares.
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4.4. Anlise do aspecto espacial das epidemias de doenas de plantas: A epidemia de doena de plantas o resultado da interao entre populao do hospedeiro, do patgeno e do ambiente. Implcito nessa definio est o conceito de alterao das dinmicas da doena em tempo e espao. As alteraes temporais tm recebido mais ateno do que as alteraes em espao. comum fazerem-se avaliaes sequenciais das doenas para caracterizar os padres de progresso das doenas. Recomendaes tm sido feitas quanto ao nmero e frequncia das avaliaes. V-se uma tendncia nos trabalhos fitopatolgicos em caracterizar os padres temporais de alterao do desenvolvimento das doenas. Os modelos matemticos de caracterizao das alteraes espaciais tm se concentrado em modelos de gradiente de doena. O conhecimento da disperso de uma populao pode afetar as consideraes sobre o sistema de amostragem. Os padres espaciais influenciam o tamanho timo da amostra e os padres de amostras assim como a forma e unidade amostral. Uma anlise do padro espacial pode aumentar a eficincia de amostragem. A anlise dos padres espaciais podem tambm fornecer informaes quantitativas da influncia dos fatores culturais, biolgicos e do ambiente sobre a dinmica de populaes do patgeno e desenvolvimento de doenas no sistema radicular. A influncia das prticas culturais tais como arao, e rotao de cultura sobre a densidade e padres da populao podem ser avaliados. Adicionalmente, os efeitos competitivos dos organismos envolvidos no controle biolgico potencialmente podem ser medidos por alteraes na disperso de inoculo. 1 - Alterao de populaes em espao: Em epidemias de doenas de plantas esto envolvidos pelo menos duas populaes, a do patgeno e a do hospedeiro. O resultado dessa interao se manifesta como populao de indivduos doentes, onde as unidades dessa populao, por exemplo, folhas ou plantas doentes, leses, reas do hospedeiro doentes (geralmente expressas em valores de proporo), etc, podem ser especificadas. Essa populao de doena raramente encontrada ser uniformemente distribuda em espao. Para investigar a natureza dessa no-uniformidade necessrio descrever os padres das populaes do hospedeiro e do patgeno em espao, como esses padres esto relacionados, e como eles so afetados pelas variaes espaciais do ambiente. 2 - ndice de disperso: ndices de disperso fornecem uma medida de agregao, ou agrupamento na populao, e tem sido mtodo importante na fase descritiva na anlise de padres espaciais. Os ndices de disperso podem ser influenciados pelo tamanho do quadrat amostrado, nmero de amostras, nmero total de indivduos na amostra e densidade mdia. 3 - Populaes de plantas hospedeiras: Os padres espaciais de populaes do hospedeiro esto diretamente relacionados com o status do hospedeiro - se uma cultura agronmica ou se uma populao natural. H uma clara diferena, por exemplo, entre a cultura anual de um cereal e uma floresta relativamente no manejada, mesmo que essa ltima possa ser explorada economicamente. Os padres das populaes das plantas hospedeiras, se uniformes, aleatrios ou agregados tm sido interpretadas em termos de processos biticos tais como competio, processos interativos, e heterogeneidade de ambiente. Os padres espaciais dos hospedeiros so afetados por muitos fatores no biticos os quais podem realmente predispor os hospedeiros a subsequente ataque pelos patgenos.
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4 - Populaes do patgeno Considervel esforo tem sido direcionado para as anlises dos padres espaciais de patgenos do solo num dado tempo. Ao contrrio dos patgenos que causam doenas foliares, a natureza relativamente esttica dessas populaes tornam a anlise num dado momento do desenvolvimento da doena de relevncia biolgica e de grande simplicidade computacional. Muitos trabalhos tm sido realizados com nematides e propgulos de fungos, e tambm com estruturas de sobrevivncia. NOE e BAKER (1985) estudaram as variaes nas densidades de populaes de nematides em relao aos fatores edficos do solo. Eles utilizaram a tcnica de anlise de funo discriminante para classificar os quadrats com baixa, mdia e alta densidade de populaes em termos de variveis edficas. A distribuio de frequncia observada de propgulos de patgenos tem sido utilizadas para caracterizar os padres espaciais de fungos patognicos do solo. 5 - Distribuio espacial da doena A maioria das avaliaes de doena so baseadas no hospedeiro onde a planta hospedeira ou rgo da planta a unidade de avaliao. Assim, os padres espaciais de doena dependem em parte dos padres espaciais das plantas hospedeiras. Em culturas agronmicas, especialmente aquelas plantadas em linhas, esses padres no podem ser ignorados; esse tipo de plantio oferece a vantagem de a avaliao planta-aplanta poder ser feita. Para certos tipos de anlise, a geometria do plantio significa que a localizao no pode ser isolada para avaliao da doena naquela localidade e assim, o uso de tcnicas de distribuio de frequncia pode significar a perda de informao no exame dos padres espaciais. Os padres de doena tm sido descritos para doenas causadas por patgenos do solo e doenas foliares. No caso de patgenos do solo, a presena ou ausncia de doena que se expressa em sintomas acima do nvel do solo, tem sido a nica varivel examinada. Com doenas foliares h vrios nveis nos quais os padres espaciais podem ser examinados. Diferentes partes da planta, tais como folhas caule e frutos podem constituir a unidade de avaliao de incidncia ou severidade da doena. Pode-se tambm estudar a distribuio de leses dentro e entre plantas. Anlises similares podem ser feitas para patgenos que atacam o sistema radicular mas os problemas metodolgicos inerentes ao estudo dos eventos relacionados ao desenvolvimento abaixo da superfcie do solo assim como dos sintomas que se manifestam acima da superfcie do solo tm sido suficientes para limitar o nmero de exemplos. Uma das tcnicas mais simples para detectar se os padres de doena so no-aleatrios em culturas plantadas em linhas o uso da anlise de doublet. A distribuio que mais tem sido utilizada demonstrar a distribuio aleatria de doena a de Poison. CAMPBELL e PENNYPACKER (1980) examinaram a distribuio espacial de podrido do hipoctilo de Phaseolus vulgaris causada por Rhizoctonia solani. Eles encontraram que o nmero de plantas doentes/quadrat ajustou distribuio de Poison indicando um padro aleatrio de distribuio de doena. Como a varincia e a mdia na distribuio de Poison so iguais, sua relao pode ser utilizada para testar o grau de distribuio aleatorizada. Encontrou-se que a relao entre a mdia e varincia no foi significativamente maior que a unidade. No caso de leses/quadrat, a relao entre mdia e varincia foi significativamente maior que a unidade e eles rejeitaram a hiptese de nulidade de aleatoriedade. Eles encontraram que uma outra distribuio estatstica, a binomial negativa, com um parmetro de agregao k, apresentou um bom ajustamento para os dados de leso. Os valores do parmetro k expressam uma medida do grau de agregao; valores pequenos de k indicam extrema agregao e valores altos (aproximando do infinito) indicam aleatorizao.

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AULA 6 1. CONTROLE DE DOENAS: A reduo ou preveno de perdas na produo de alimentos devido a doenas causadas por fatores biticos tem aumentado expressiva relevncia na medida em que a populao continua a crescer exponencialmente. O controle das doenas causadas por agentes biticos o objetivo final da fitopatologia, o geral o obtido a partir de um entendimento da natureza das doenas e da influncia do ambiente sobre seu desenvolvimento e severidade. Deste modo os mtodos de controle variam consideravelmente de uma doena a outra dependendo do tipo de patgeno, hospedeiro e sua interao. Os mtodos gerais de controle de doenas podem ser discutidos por dois meios: 1. Manipulao dos componentes do processo doena (hospedeiro, patgeno, ambiente, tempo): Erradicao: Reduo de inculo (Patgeno) e Hospedeiro (Nutrio); Resistncia; Proteo; Excluso;

2. Sistema de profilaxia-minimizao:

Os mtodos tambm podem ser divididos em: Regulador Cultural Biolgico Fsico Qumico.

Do ponto de vista epidemiolgico qualquer que seja o mtodo de controle deve diminuir a quantidade da doena em um determinado tempo t. x = x0 . ert a) Reduo de t: escape, precocidade, semeaduras tardias; b) Modificao da durao relativa dos componentes de t; aumento de p (per. Latncia) e s (per. sobrevivncia) ou por reduo de i (per. incubao) resistncia horizontal; c) Reduo do inculo inicial x0: resistncia varietal, medidas sanitrias e qumicos;
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d) Reduo de r (ndice de infeco): resistncia horizontal e fungicidas protetores.

1.1. Principios de controle em doenas de plantas 1. Escape: 1. Escolha da rea para cultivo regio: Regies semi-ridas + irrigao; 2. Escolha do local de cultivo: Condies de solo, aerao / quebra vento; 3. Data de cultivo: Temperatura do solo, Estiagem; 4. Utilizao de sementes livres de patgenos; 5. Modificao de prticas culturais: Espaamento, semeadura direta x semeadura convencional; 2. Excluso: Este princpio de controle depende fundamentalmente do conhecimento dos meios de disseminao da doena. Baseia-se no impedimento da entrada de materiais vegetais que possam introduzir um patgeno em uma rea onde ela no ocorre, tratamento dos materiais de propagao da cultura, inspeo. A entrada de uma patgeno em uma rea mais problemtica do que o dano causado pelos patgenos j existentes na mesma, pois os hospedeiros presentes sero altamente suscetveis j que no tiveram oportunidade de relacionar os genes de R pela falta dos genes de virulncia/agressividade do patgeno. Com o intuito de regular o trnsito de material vegetal (inspeo) atravs do mundo, foram desenvolvidos os mtodos de quarentena (internacionais ou domsticos), os quais tm sido cada vez mais ineficientes na medida em que diversificaram os meios de transporte e intensificaram-se os intercmbios de material (programas de melhoramento). Ex.: A proibio de entrada de plantas ctricas, para evitar a entrada de cancro ctrico, exemplo de medida de excluso. Os servios de quarentena foram desenvolvidos fundamentalmente no princpio de excluso. So justificados, embora sejam reconhecidamente ineficientes, pois possuem uma ao pelo ao menos retardadora do processo de entrada do patgeno, o que pode acarretar algum controle do mesmo. A excluso pode se dar em vrios nveis, desde internacional at de uma lavoura e outra. A Companhia Nacional de Erradicao do Cancro Ctrico utiliza os princpios de erradicao a excluso para controle da doena, este ltimo atravs da proibio do trnsito de mudas ctricas de regies marginais para regies liberadas e produtoras de citros, a no ser com atestado de fiscalizao sanitria. A entrada da bactria Xanthomonas citri em So Paulo levou a que o Ministrio da Agricultura baixasse portaria para regulamentar a erradicao de viveiros contaminados, trnsito e comrcio de mudas de morango dentro e fora dos municpios interditados, a no ser que produzidas em viveiros oficiais. Programas nacionais de produo de matrizes livres de vrus e de bactrias (morangueiro e batatinha), tambm buscam induzir o trnsito de materiais com inoculo. A eficincia das medidas de excluso est diretamente relacionada com a capacidade de disseminao do patgeno e a distncia da fonte de inoculo aos locais que se deseja manter livres do patgeno. A excluso atravs do uso de sementes e mudas sadias um dos citros de maior deficincia no Brasil, pois doenas como antracnose do feijoeiro, como fosse produzida somente no Brasil Central no se constituiria um problema. H ainda o problema de ausncia de sintomas nos materiais de propagao o que exige a adoo de mtodos de anlise mais precisos, os quais, geralmente no fazem parte da rotina. Em outros casos
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possvel at que no existam metodologias disponveis para identificao do patgeno. Tais aspectos tornam mais vulnervel os sistemas de excluso que no so capazes de detectar a entrada de patgenos em uma rea nova. O tratamento de propgulos vegetais por maio de calor, gases ou produtos qumicos para destruio de patgenos e desta forma impedindo sua entrada em novas reas tambm uma medida de excluso. Outro aspecto da excluso o controle de insetos vetores de doenas. Quando o controle persistente e reduz a populao de muitos, pode evitar que plantas sadias sejam atacadas, o que representaria um princpio de excluso. Exemplos: 1. Tratamento de sementes: Mtodos qumicos, mtodos fsicos; 2. Inspeo e certificao: produo de sementes; 3. Quarentena: legislativo, ARP; 4. Eliminao de insetos vetores: Persistente e semi persistente; 3. Erradicao: Eliminao completa do patgeno de uma regio, sendo possvel quando o patgeno tem reduzido nmero de hospedeiros, baixa capacidade de disseminao. Sua viabilidade econmica prende-se a dimenso da rea geogrfica de ocorrncia do patgeno. Em mbito restrito inclui: eliminao de plantas ou partes vegetais doentes, prticas culturais como eliminao de hospedeiros silvestres, aragem profunda do solo, eliminao dos restos culturais, arranque de plantas doentes, desinfeco qumica a fsica do solo, tratamento de sementes. O exemplo clssico o programa de erradicao do Cancro Ctrico na Flrida (USA), onde aps uma erradicao manual das rvores de citrus infectadas resultou no controle da doena. No Brasil, realizada a erradicao nas reas onde foram encontradas plantas infectadas, criando-se numa zona tolerada de forma que seja impedido o trnsito do material infectado s regies livres da bactria. Tais medidas tm limitado poder de eliminao do patgeno, servindo apenas para diminuir a fonte de inculo inicial (x0) devendo ser acompanhadas de medidas de controle cultural, biolgico e fsico, para complementar sua ao. Exemplos: 1. Controle biolgico: Trichoderma spp; 2. Rotao de culturas: utilizao de espcies no hospedeiras implica na reduo da populao do patgeno; altamente eficiente contra patgenos de baixa persistncia no solo, ou com reduzido numero de hospedeiros; 3. Medidas sanitrias: remoo, destruio de plantas ou parte de plantas infectas. Pode envolver a destruio de hospedeiros alternativos. Pode ser feito atravs de: Roguing: previne a disseminao da doena em uma lavoura comercial ou no caso de lavouras de produo de semente. Seu objetivo principal a remoo da fonte de inoculo a partir da qual o patgeno pode disseminar-se atacando plantas sadias. Eliminao dos hospedeiro alternativos: uma medida capaz de romper o ciclo de vida de organismos obrigatrios (Berberis em ferrugem). 4. Tratamento fsico: Calor (solarizao), qumico; 5. Tratamento de solo: o objetivo reduzir ou inativar o inoculo no solo atravs de produtos qumicos, calor, inundao ou pousio. Tratamentos fumigantes: geralmente no so seletivos, devendo ser utilizados somente na ausncia da cultura; o tratamento pelo calor somente vivel e eficiente para pequenas quantidades de solo. Inundao do solo: por perodo varivel e dependente do objetivo de controle de patgenos sendo de uso bastante limitado devido s estruturas necessrias. Tem sido utilizado no
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controle de Fusarium em bananas e no controle de nematides em reas severamente infectadas. Pousio: oferece um controle razovel, sendo limitado a situaes com alta disponibilidade de rea. 4. Proteo: As plantas podem ser protegidas atravs da aplicao de produtos qumicos ou pelo ajustamento de prticas culturais. Em muitas culturas, que apresentam alta suscetibilidade, a proteo uma medida necessria e praticamente obrigatria apesar de, em determinados casos, no ser suficientemente eficaz. Em determinadas culturas o fator que mais onera o custo de produo. 1. Tratamento de sementes (propgulos vegetais): constitui-se em uma barreira qumica entre inoculo e hospedeiro com a finalidade de prevenir a infeco. Neste caso os produtos so ditos protetores. Quando os tratamentos forem feitos na entressafra como forma de eliminar o inoculo ou mesmo durante a safra para eliminar patgenos j estabelecidos a princpio envolvido para a sua erradicao. 2. Controle de insetos vetores: um processo de controle cuja eficincia possui um carter duvidoso j que, no caso de insetos vetores de viroses, antes que o controle possa ser executado os insetos j tero realizado a transmisso da doena para algumas plantas. 3. Modificao do ambiente: o caso da manuteno de condies ambientes para armazenagem de produtos vegetais de modo que no haja prejuzo de qualquer ordem com relao qualidade dos mesmos e que no favorea o rpido desenvolvimento dos patgenos. Outro aspecto seria o hbito de crescimento do feijo onde o desejado seria um hbito ereto de modo que houvesse maior circulao de ar, secando a superfcie das folhas e com isto reduzindo as infeces foliares. 4. Tratamento da parte area com fungicidas: controle Curativo x controle preventivo: a adoo de medidas de controle antes do estabelecimento visvel da doena caracteriza-se pelo controle preventivo. Nesta situao pode se verificar o estabelecimento virtual da doena, de sorte que mesmo na ausncia dos sintomas visveis possvel que alguma etapa da patognese esteja j ocorrendo. Mas mesmo assim, pode ser considerado como controle preventivo. Na medida em que a doena j apresenta sintomas visveis, as prticas de controle se tornam curativas, e ao do controle d-se sobre estruturas do patgeno ou mesmo sobre leses onde o mesmo esteja exteriorizando estruturas reprodutivas. 5. Imunizao: Os hospedeiros podem ser relacionados ou desenvolvido por: seleo e melhoramento para resistncia, resistncia atravs de quimioterapia ou nutrio. A aplicao do melhoramento gentico para resistncia no controle de doenas tem sido a mais significante e aproveitvel aproximao para soluo de problema de reduo de perdas causadas por doenas. Alm dos agentes genticos deve-se considerar os mecanismos pr-existentes (mecnicos e bioqumicos) que se constituem em uma barreira adicional ao arranjo do patgeno no hospedeiro. Atualmente tem desenvolvido a possibilidade de imunizao de plantas atravs de substncias qumicas e de proteo cruzada ou pr-imunizao. Com o advento dos fungicidas sistmicos a planta torna-se resistente j que nos tecidos da planta h uma adequada concentrao de fungicida ou pela induo de substncias fungitxicas. Outra possibilidade de imunizao a proteo cruzada ou pr-imunizao quando a inoculao de um patgeno, de baixa virulncia, induz resistncia no hospedeiro s formas de alta virulncia. Ex: a) Desenvolvimento de variedades resistentes (manipulao gentica); b) Resistncia no-hereditria: manipulao dos fatores ambientes em predisposio ou psinfeco. Ex.: fatores como temperatura, umidade do solo e fertilidade; c) Imunidade artificial: induzida por meios qumicos (quimioterapia);
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Tabela 4. Prticas culturais utilizadas para controle de doenas (citadas ao lado) juntamente com hospedeiro e referido patgeno.
Utilizao Doena Septoriose Mancha prpura Rizoctoniose Mancha de estenflio Mancha angular Mancha angular Podrido branca Ponta branca Sarna comum Queima bacteriana Mal dos quatro anos Mosaico Cancro de Fusarium Antracnose Mofo cinzento Razes rosadas Bruzone Odio Estria vermelha Bacteriose da folha Podrido seca Odio Septoriose Ferrugens Mal do Panam Mofo azul Carie Carvo comum Carvo do topo Mldio Mldio Mancha alternaria Podrido seca da beringela Mldio Podrido mole Ferrugem do colmo Mosaico Y Mosaico da alface Podrido do abacaxi Ferrugem Murcha bacteriana Cancro bacteriano Necrose da medula Tombamento de mudas Mancha angular Podrido cinzenta do caule Podrido de razes Manchas de Ascochyta Podrido abacaxi Hospedeiro Alface Alho Amendoim Tomate Feijo Algodo Cebola Arroz Batata Fumo Caf Cana-de-acar Eucalipto Curcubitceas Mamoneiro Alho e Cebola Arroz Ervilha Cana-de-acar Mamoneira Mandioca Trigo Tomate Pl. ornamentais Banana Fumo Trigo Milho Milho Crucferas Videira Tomate Beringela Pl. ornamentais Batata Trigo Tomate Alface Abacaxi Pl. ornamentais Tomate Tomate Tomate Tomate Feijo Feijo Cana-de-acar Ervilha Cana-de-acar Patgeno Septoria lactucae Alternaria porri Pellicularia filamentosa Stemphylium solani Phaeoisariopsis griseola Xanthomonas malvacearum Sclerotium cepivorum Aphelenchoides besseyi Streptomyces scabies Pseudomonas tabaci Rosellinia spp. Marmor sacchari Fusarium lateritium f.pini Collectotrichum gloesporioide Botryotinia ricini Pyrenochaeta terrestris Pyrycularia oryzae Erypsiphe poligone de condolle Pseudomonas rubrilineans Xantomonas ricinicola Diplodia zeae Erysiphe graminis Septoria lycopersici Phragmidium mucronaturm Fusarium oxysporum Peronospora tabacina Tilletia caries Ustilado maydis Sorosporium reilianum Peronospora parasitica Plasmopora viticula Alternaria solani Diaporthe vexans Peronospora sparsa Erwinia carotovora Puccinia graminis tritici Vrus Y Vrus Ceratocystis paradoxa Uromyces dianthe Pseudomonas solanacearum Clavibacter michiganensis Pseudomonas corrugata Pythium spp. Isariopsi griseola Macrophomina phaseolina Pythium spp. Ascochyta pisi lili Ceratocystis paradoxa

Rotao de culturas

Tratamento de sementes

Eliminao de plantas com sintomas

Plantas resistentes

Adubao adequada

Profundidade de semeadura

Densidade de semeadura

poca de plantio

Irrigao

Preparo do solo

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Tabela 5. Prticas biolgicas utilizadas no controle de doenas, seguido de exemplos de patgeno, doenas, tipos de controle e microrganismos utilizados para este fim.
Patgeno Collectrotrichum graminicola Fusarium oxysporum Sclerotinia sclerotiorum Rhizoctonia solani Botrytis cinerea Rosellinia sp. Fusarium graminearum Collectotrichum graminicola Aspergillus flavus Gaeumannomyces graminis Pseudomonas syringae pv. Tomato Meloidogyne javanica Oidium sp. Botryosphaeria Sclerotinia spp. Spharotheca Pseudomonas seringae pv gliycina Puccinia graminis Pyrenochaeta terrestris Helminthosporium aryzae Sclerotinia Phomopsis sp. Uromyces phaseoli Erwinia spp. Uromyces phaseoli Meloidogyne incognita Doena Antracnose do sorgo Murcha de fusarium Podrido da esclerotinia Damping- off Mofo cinzento do morango ( ma) Giberela do trigo Antracnose do sorgo Contaminantes de gros de cereais Mal-do-p do trigo Mancha bacteriana pequena do tomateiro Nematide em gro-de-bico Oidio do quiabeiro Infeco de ramos de macieira Podrides de caule e razes Doena em pepino Crestamento bacteriano Ferrugem Raz rosada da cebola Mancha parda foliar do arroz Doenas em frutferas Ferrugem do feijo Podrido mole da batata Ferrugem do feijoeiro Nematide das galhas Biocontrole Antagonismo Inibidor fngico Inibidor fngico Inibidor fngico Antagonimo Antagonismo Antagonismo Inibidores fngicos Antagonistas Controle de sementes Microorganismos utilizados Trichoderma spp. Trichoderma sp. Trichoderma sp. Trichoderma sp. Trichoderma sp. Trichoderma sp. Bacillus subtilis Bacillus subtilis Streptomyces Bacillus subtilis Micromonospora sp. Pasteuria penetrans Ampelomyces quisqualis Trichoderma viride Coniothyrium minitans Ampelomyces quisqualis Bdellovibrio bacteriovorus Erwinia ananas Streptomyces Bacillus sp. Bacillus subtilis Bacillus subtilis Bacillus subtilis Pseudomonas putidas Bacillus thuringiensis Paecilomyces lilacinus

Antagonistas

Parasitismo Parasitismo Antagonismo Antibiose Antibiose Antibiose Antibiose

Tabela 6. Prticas fsicas utilizadas no controle de doenas, seguido de exemplos de patgeno, doenas e mtodos utilizados.
Patgeno Fusarium Pyrenochaeta Sclerotinia Verticilium Doena Murchas em geral Raiz rosada da cebola Podrides Fator de controle Desnaturao de protenas Mtodo utilizado Temperatura (calor mido) Solarizao Solarizao Solarizao Solarizao Temperatura ( calor seco) Fogo Radiao Radiao Radiao

Inibir germinao de bulbos Retardar maturao de frutos Reduzir populaes de patgenos

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1.2. Prticas de controle para Patgenos Facultativos: importncia da transmisso pela semente A transmisso de patgenos por sementes reconhecido camo um excelente mtodo pelo qual os fitopatgenos sao transmitidos. Algumas razoes da importncia deste tipo de transmisso, sao: so introduzidos em novas reas; sobrevivem na "ausncia" do hospedeiro; so selecionados e disseminados como raas especificas a determinados hospedeiros; so distribudos atravs da populao de plantas como focos primrios de inoculo;

Trata-se pois, do mais importante aspecto da patologia de sementes, conceituada camo o ramo da cincia agronmica que envolve as relaes entre microrganismos (patgenos) e sementes. A patologia de sementes rene, basicamente, os princpios de fitopatologia aplicados a tecnologia de sementes; trata do estudo dos microrganismos associados a sementes, das doenas de sementes, dos mecanismos de transmisso, dos mtodos de deteco (testes de sanidade), dos prejuzos causados e dos mtodos de controle. O ponto fundamental da patologia de sementes refere-se associao intima entre patgeno e semente, permitindo que esta converta-se em importante veiculo de disseminao e estabelecimento de patgenos. Cumpre ressaltar que a simples presena de um patgeno na semente no suficiente para garantir que este patgeno ir infectar a planta proveniente daquela semente; caso este processo acontea, culminando com o surgimento de plantas doentes (com sintomas) no campo, ocorreu o fenmeno de transmisso. Entretanto, em patologia de sementes, o termo transmisso significa, alm da transferncia e estabelecimento do patgeno da semente para a planta, tambm a transferncia e estabelecimento do patgeno da planta me para a semente. Atravs destes dois processos completa-se o ciclo de patgeno nos transmitidos pelas sementes. 1. Como os patgenos se associam as sementes: Os patgenos (fungos, bactrias, vrus e nematides) podem atingir as sementes atravs de diversos caminhos. Isto mantm intima relao com a morfologia e anatomia das sementes pois, estes detalhes influenciam o aceso fsico e fisiolgico de patgenos s sementes. A parede e o envoltrio titular da superfcie do fruto proporcionam proteo contra fatores externos, incluindo microrganismos, embora tambm possam atuar como base nutricional para a invaso das sementes. Brcteas, glebas, Palhas, etc., em diversas gramarias, tanto podem se constituem proteo contra inoculo externo como podem favorecer a incubao ou estabelecimento de patgenos. Muitos vrus podem se associar s sementes atravs do plen, que possibilita a infeco do vulo; este processo ocorre durante a formao da semente, a partir do vulo. A maioria dos vrus no so capazes de infectar a semente aps a fertilizao. Os fungos podem se associar s sementes desde o estdio de pr-fertilizao at a maturao fisiolgica, influenciando a localizao do inoculo na semente madura; quanto mais tarde ocorrer a infeco, mais superficial ser a localizao do patgeno. Propgulos de patgenos tambm podem estar aderentes superfcie da semente, em funo das suas caractersticas; a presena de brcteas, mucilagem, etc., afetam a aderncia. De uma maneira geral, os patgenos podem utilizar diversos pontos de entrada para se associar s sementes; estes patgenos, provenientes planta-me ou do ambiente externo, podem atacar desde os primrdios da semente at a semente madura. Diretamente a partir da planta-me, a infeco pode ocorrer atravs do pednculo de flores e de frutos, do pednculo da semente (funculo) ou pela superfcie da semente. Inoculo de fontes externas podem atingir flores, frutos e sementes em diversos estdios de desenvolvimento; este inoculo pode ter origem em infeces locais da planta-me, em outras plantas ou no solo, e atingem a semente atravs dos diversos agentes de disseminao. Rachaduras nos envoltrios das sementes tambm facilitam a de patgenos.
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Fundamentalmente, ocorrem trs tipos de associao entre a semente e o microrganismo, quanto a sua localizao: Infeco: ocorre quando O inoculo est no interior dos tecidos da semente (tegumento, endosperma, embrio, etc.); Contaminao: ocorre quando o inoculo est na superfcie da semente, aderente as estruturas envoltrias (tegumento, pericarpo, brcteas, etc.). Contaminao concomitante: ocorre quando o inoculo est distribudo entre as sementes, livres (esclercios, cistos de nematides, etc.) ou infectando impurezas (fragmentos de plantas, agregados de solo, etc.). O conhecimento do tipo de associao de suma importncia para a determinao do mtodo de deteco a ser utilizado e para a orientao do tratamento de semente a ser adotado. Deve-se ressaltar que um patgeno pode estar associado s sementes sob mais que uma das formas num mesmo lote de sementes.

2. Disseminao de patgeno por sementes em relao a outas meios de disseminao: Doena de plantas um processo dinmico no qual hospedeiro e patgeno, em ntima relao com o meio, se influenciam mutuamente, do que resultam modificaes morfolgicas e fisiolgicas. Uma doena considerada de importncia econmica quando causa danos, culminando com uma reduo na quantidade ou qualidade da produo. Entende-se por ciclo das relaes patgeno-hospedeiro a srie de fases ou eventos sucessivos que conduzem, ou fazem parte, do processo de desenvolvimento da doena. Este ciclo inclu as fases de (a) fonte de inoculo, (b) disseminao, (c) inoculao, (d) germinao, (e) penetrao, (f) colonizao, (g) sintomas, (h) reproduo do patgeno. Para que o processo doena seja efetivo, necessrio que todas as fases ocorram e que o ciclo se repita sucessivamente. Qualquer medida de controle visa interromper este ciclo em qualquer de suas fases, impedindo o desenvolvimento da doena. Em patologia de sementes entende-se por transmisso (da semente para a planta) a parte do ciclo entre a fonte de inoculo/ disseminao e a colonizao da planta hospedeira. fundamental que se distingue a transmisso do transporte. Transporte a disseminao do patgeno atravs da semente que pode ser detectado e quantificado atravs dos testes de sanidade. Transmisso implica no transporte (disseminao) que proporciona uma infeco com sucesso, dando origem a uma planta doente; geralmente, transmisso quantificada atravs da deteco de sintomas nas plantas, cujo nico meio de inoculao foi atravs da associao do patgeno com a semente. Assim, o inoculo presente na semente, disseminado atravs dela, passa a se constituir em fonte primria de inoculo no campo (planta doente), podendo dar origem a uma epidemia se as condies climticas forem favorveis e a cultivar for suscetvel. Deve-se ressaltar que o transporte (disseminao) parte essencial da transmisso, ou seja, se no houver transporte no pode haver transmisso; mas o inverso no verdadeiro: pode ocorrer transporte sem que haja transmisso. bastante comum que a taxa de transporte seja superior a taxa de transmisso; o mximo que pode ocorrer a taxa de transmisso ser igual taxa de transporte, ou seja, toda semente portadora de um determinado patgeno origina uma planta doente. A importncia da disseminao (transporte) de patgenos pelas sementes pode ser demonstrada quando se compara este processo com outras formas de disseminao que ocorrem na natureza. A disseminao, em geral, passiva pois, os patgenos necessitam de meios no prprios para transportar seus propgulos. A disseminao ativa rara e tem pequena importncia pois, atua apenas em torno da fonte de inoculo. Distingue-se disseminao passiva direta, quando o transporte feito por meio de rgos do prprio hospedeiro, e disseminao passiva indireta quando o transporte feito atravs de agentes de inoculao estranhos ao hospedeiro, como vento, gua, insetos, homens, animais, ferramentas, mquinas e utenslios agrcolas, etc.. A disseminao atravs de sementes inclui-se na disseminao passiva direta. Como a maior parte das
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culturas so propagadas por sementes (arroz, feijo, trigo, soja, algodo, milho, amendoim, etc.), e a maioria dos agentes causais das doenas destas plantas so transmitidos por sementes, a disseminao pela semente assume papel importante. A disseminao por sementes mais eficiente que os demais meios de disseminao pelos seguintes motivos:
independente da distncia: patgenos de importncia econmica podem ser transportados de um continente para outro atravs de sementes, da a necessidade de servio de quarentena extremamente eficiente. inoculo se mantem vivel por mais tempo: por ser rica em protenas, carboidratos e minerais, a semente um timo substrato nutritivo para a sobrevivncia de inmeros patgenos. inoculo mantm patogenicidade inalterada por mais tempo: o contato direto do patgeno com a semente de seu hospedeiro mantm a patogenicidade, que tenderia a diminuir ou desaparecer se a associao fosse com restos de cultura, solo, etc... maiores possibilidades de infeco: como o inoculo j est intimamente associado ao hospedeiro, particularmente numa fase altamente suscetvel como o estdio de plntula, a penetrao e colonizao so favorecidas. infeco precoce: a doena se estabelece nos primeiros estdios de desenvolvimento da cultura, possibilitando uma epidemia. distribuio homognea do inoculo: os focos de inoculo primrios surgiro em toda lavoura, dificultando a tomada de medidas de controle.

Mecanismos de transmisso de patgenos pelas sementes: Ciclos de patgenos transmitidos pelas sementes, classificados de acordo com o modo pelo qual o patgeno transportado pela semente e com o desenvolvimento do patgeno durante o crescimento da planta originria da semente infectada ou contaminada. 1. Infeco intra-embrionria seguida por infeco sistmica: Embrio infectado e o patgeno torna-se ativo durante a geminao da semente, penetrando atravs da haste ou seguindo prximo aos pontos de desenvolvimento da planta: a planta colonizada pode exibir sintomas ou apresentar infeco latente. Ex.: vrus do Mosaico Comum do Feijoeiro; Colletochum dematium var. truncata/soja; Ustilago nuda/cevada. 2. Infeco intra-embrionria seguida por infeces locais: Embrio infectado d origem a leses localizadas na parte area da planta, as quais produzem condios que so disseminados pelos diversos agentes, atingindo outros rgos da planta onde germinam; as hifas penetram nos tecidos da planta, produzindo novas leses localizadas. Ex.: Calletotrichum lindemuthianum / feijoeiro; Ascochyta pisi / ervilha. 3. Infeco extra-embrionria seguida por infeco sistmica: O patgeno infectante do endosperma, tegumento da semente ou pericarpo desenvolve-se durante a germinao, infectando a planta atravs do desenvolvimento nos tecidos da haste ou acompanhando o crescimento meristemtico da planta; a infeco pode ou no ser latente. Ex.: Drechslera gramnea / cevada; Vrus do Mosaico do Pepino. 4. Infeco extra-embrionria seguida por infeces locais: O patgeno est no interior de tecidos de semente, exceto embrio, e durante a germinao o patgeno transportado, passivamente, no endosperma ou tegumento da semente, e dai atinge a planta jovem; propgulos formados em leses primrias so disseminados por diversos agentes dando origem a novas leses locais. Ex.; Xanthomonas campestris phaseoli/feijoeiro; Alternaria brassicola/ brssicas.
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5. Contaminao seguida por infeco sistmica: O patgeno, aderente a superfcie da semente, penetra no interior da plntula durante a germinao, seguindo-se uma colonizao sistmica. Ex.; vrus do Mosaico do Fumo (TMV)/tomateiro; Tilletia caries e T. foetida / trigo, cevada. 6. Contaminao seguida por saprofitismo ou fase dormente e posteriores infeces locais: A partir de semente ou lote contaminado o patgeno vive como saprfito ou sobrevive sob dormncia no solo ou em resduos de plantas por um certo perodo; posteriormente, coloniza o hospedeiro atravs de leses localizadas. Ex.: Sclerotinia sclerotium /soja, feijo, girassol, etc.. 7. Contaminao por estruturas organo-especficas seguida por fase no pratica e posterior infeco organo-especficas direta: Ovrio transformado em esclercio ou galha e esta estrutura acompanha as sementes, sendo distribuda no campo; o patgeno vive saprofiticamente ou sobrevive sob dormncia por um determinado perodo, com posterior infeco de rgos especficos do hospedeiro. Estes tipos de ciclos de patgenos transmitidos por sementes no so totalmente exclusivos; um patgeno pode apresentar mais de um tipo de ciclo (Ex.: Xanthomonas campestris pv. phaseoli pode apresentar infeco sistmica ou local a partir de inoculo intraembrionrio). Outros tipos de ciclo podem existir.

Fatores que influem na transmisso de patgenos pelas sementes: A simples constatao de presena de um microrganismo, mesmo patognico, em determinada semente, no suficiente .para garantir que este patgeno ir infectar a planta proveniente desta semente. Entretanto, a associao patgeno-semente indica o potencial de transmisso e conseqente estabelecimento de doena por ocasio da semeadura no campo. Inmeros fatores afetam o estabelecimento e desenvolvimento de um patgeno disseminado pelas sementes; podem incluir os externos ao sistema patgeno/ hospedeiro (fatores ambientais e biticos) e os inerentes ao sistema, como os pertencentes ao patgeno (patogenicidade, virulncia agressividade, potencial de inoculo, etc.) e ao hospedeiro (suscetibilidade / resistncia, mecanismos de resistncia envolvidos, etc.). Todos estes aspectos vo se refletir na epidemiologia da doena cujo patgeno transmitido pela semente; a plntula com sintomas, proveniente da semente com patgeno, se constitui apenas na fonte de inoculo responsvel pelo inicio de una epidemia, que ter una determinada taxa de desenvolvimento sob condies de campo, causando determinada quantidade de doena nas fases critica da cultura, com a consequente perda na quantidade e qualidade da produo.

1.3. Fatores externos ao sistema patgeno/ hospedeiro: a) Fatores do ambiente abitico Fatores fsico-qumicos do ambiente exercem influncia no estabelecimento e desenvolvimento do patgeno, afetando tanto o hospedeiro, como o patgeno e a planta doente resultante da interao. (1) Predisposio do hospedeiro: o ambiente afeta o hospedeiro no perodo anterior infeco, determinando maior ou menor suscetibilidade, independente dos fatores genticos. Assim, a baixa umidade do solo aumenta a suscetibilidade do tomateiro para Fusarium oxysporum f. sp. licopersici e diminui para Clavibacter michiganense. A temperatura afeta a predisposio de forma varivel, ou seja, esta pode ser aumentada pelo efeito de alta ou baixa temperatura, dependendo do sistema patgeno-hospedeiro. A quantidade de nutrientes tambm pode aumentar ou diminuir a suscetibilidade; em geral elevados teores de nitrognio aumentam a predisposio, enquanto
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elevados teores de potssio o reduzem. Alm destes, outros fatores como intensidade e perodo luminoso, teor de oxignio no solo e na atmosfera, reao do solo (pH), etc., podem alterar a suscetibilidade da planta. (2) Germinao de propgulos: patgenos contaminastes de sementes, como os agentes causais das cries, so influenciados pela umidade do solo; outros patgenos, que infectam a parte area da planta, so dependentes da umidade do ar; de maneira geral, os patgenos requerem gua livre para germinao de esporos. A temperatura tambm afeta a germinao, assim como luz, pH do solo, concentrao de O2, CO2, etc... (3) Penetrao do patgeno: a unidade o fator limitante da penetrao particularmente para bactrias: luz e temperatura tambm influenciam. (4) Interao patgeno-hospedeiro: o hospedeiro infectado influenciado de diferentes maneiras pelo ambiente; as condies de desenvolvimento da planta podem aumentar ou suprimir os efeitos do patgeno, cano oco,!: re em diversas infeces sistmicas (carves de cereais, murchas de Fusarium, etc.). O perodo latente (perodo compreendido entre inoculao e produo de estruturas de reproduo) pode variar consideravelmente, principalmente pela ao da temperatura e unidade. (5) poca de infeco e estdio de crescimento do hospedeiro: a incidncia e severidade da infeco das sementes produzidas por uma planta dependem do estdio em que esta planta foi inoculada e isto varia para cada sistema patgeno-hospedeiro: em geral inoculaes prximas aos estdios de florescimento - fertilizao favorecem a infeco de sementes. (6) poca de infeco e condies climticas: fatores como quantidade de chuvas, umidade atmosfrica, temperatura, etc., particularmente nas fases crticas de infeco, afetam a incidncia e severidade da infeco de sementes. (7) poca de infeco e localizao na semente: infeces na fase do florescimento at a formao da semente favorecem a localizao do inoculo no embrio e tecidos mais profundos: no estdio de maturao, a infeco superficial (pericarpo, tegumento).

b) Fatores do ambiente bitico: A transmisso de patgenos pelas sementes influenciada pelos diversos tipos e nveis de interaes entre organismos que compem a fauna e flora de uma cultura agrcola; esta influncia ser estimulante ou inibidora s diferentes fases do processo de transmisso de um patgeno pela semente. (1) Relao entre insetos/caros e patgenos: insetos e caros podem causar ferimentos em plntulas, propiciando a infeco primria, como ocorre com Erwinia stewartii, bactria contaminante de sementes de milho. Alguns patgenos de sementes s so transmitidos por insetos, como o caso de Nematospora coryli, agente causal de mancha de levedura do feijoeiro, transmitida por Nezara viridula. Insetos tm papel importante na disseminao secundria de vrus transmitidos por sementes. Enquanto o inseto Pachydiplosis oryzae aumenta a incidncia do nematide Aphelenchoides besseyi em arroz, o caro Tetranychus telarius aumenta a resistncia da soja a Pseudomonas syringae pv. glycinea. (2) Relaes entre nematides e patgenos: nematides podem atuar como vetores facultativos ou como sinergistas, particularmente agindo com bactrias, como no caso de Anguina tritici e Corynebacterium tritici em trigo; isto tambm ocorre com fungos, como entre Meloidogyne incognita e Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum em algodo. Nematides podem ser vetores de diversos vrus transmitidos por sementes, por exemplo, Xiphinema amenicanum e X. coxi so transmissores do vrus de Mancha Anelar do Fumo. (3) Relaes entre microrganismos: microrganismos introduzidos no solo atravs de sementes podem desenvolver diferentes interaes com outros microrganismos presentes ou introduzidos; pode
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ocorrer antagonismo, parasitismo, alterao na predisposio (sinergismo) e proteo cruzada. Estes processos so conhecidos entre fungos, entre bactrias e fungos, entre bactrias e vrus, entre fungos e vrus e entre vrus. Exemplos de antagonismo: Trichoderma spp./fungos do solo (Rhizoctonia solani, Macrophmina phaseolina, etc.), Bacillus subtilis/diversos fungos; Streptomyces/diversas outras bactrias, etc... Parasitismo ocorre entre Acremonium sp. e Pyricularia oryzae; bacterifagos e bactrias (Xanthomonas campestris, Pseudomonas phaseolicola, etc.. Ao sinrgica ou alterao na predisposio conhecida em trigo (Tilletia aumentando a susceptibilidade a Fusarium e Drechslera), em algodo (Colletotrichum gossypii intensificando a severidade de Xanthomonas campestris pv. malvacearum), em feijoeiro (X. Campestres pv. phaseoli atua como vetor do vrus do Mosaico Comum), em beterraba aucareira (o vrus do Amarelo de Beterraba acentua a sintomatologia de Cercospora beticola) e em soja (Vrus do Mosqueado do Feijo-vagem aumento a suscetibilidade ao vrus do Mosaico da soja). Proteo cruzada afeta a incidncia de patgenos em sementes, como relatado em cevada (Drechslera sorukiriana protegendo contra Septoria passerinii) e em (vrus do mosaico induzindo resistncia Psedomonas tabaci).

1.4. Fatores inerentes ao sistema patgeno / hospedeiro: a) Influncia do patgeno na transmisso: O patgeno pode afetar o estabelecimento e desenvolvimento da doena devido a divido a diversos aspectos, como seu estado ontognico, variabilidade em termos de patogenicidade e pattipo, potencial de inoculo presente e condies do patgeno. (1) Patogenicidade relacionada fase do ciclo de vida do patgeno: determinadas estruturas de patgenos no so capazes de causar infeco em plantas, em funo de serem haplides ou dicariticas, ou ainda de estarem em sua fase perfeita ou imperfeita. (2) Patogenicidade relacionada a ocorrncia de patgenos: em testes de sanidade, a identificao do pattipo de uma determinada espcie normalmente negligenciada; impossvel ressaltar que os patgenos podem apresentar variaes em virulncia (qualitativas) e em agressividade (quantitativas). Sendo ambas importantes sob o ponto de vista de transmisso. (3) Concentrao de inoculo: alguns patgenos so capazes de estabelecer na planta se apenas um propgulo estiver presente na semente, enquanto outros necessitam de uma certa quantidade mnima. De maneira geral, quanto maior o inoculo presente na semente, maior a probabilidade de haver transmisso para a plntula, caso no ocorra a morte da semente ou plntula em premergncia. (4) Condio do inoculo: a presena de inoculo na semente no significa que a patogenicidade est mantida; alteraes podem ocorrer durante o armazenamento. b) Influncia do hospedeiro na transmisso: Caractersticas do hospedeiro podem afetar o estabelecimento e desenvolvimento da doena devido a diversos aspectos morfolgicos e fisiolgicos; existem trs mecanismos pelos quais os hospedeiros se defendem dos patgenos: resistncia, tolerncia e evaso. Alm destes aspectos, importante ressaltar que os mecanismos do hospedeiro se alteram com a idade. (1) Suscetibilidade relacionada fase do ciclo de vida da planta: em geral, as plantas so mais suscetveis na juventude e na senescncia; outras plantas s so suscetveis durante o perodo de florescimento. (2) Suscetibilidade relacionada morfologia da planta: alm de mecanismos relacionados com resistncia propriamente dita, a morfologia da planta tambm afeta a evaso (ou escape). Plantas que possibilitam um melhor arejamento, que apresentam flores fechadas, etc., so menos atacadas por patgenos.
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(3) Suscetibilidade relacionada fisiologia da planta: existem mecanismos de resistncia que existem independente da infeco e aqueles formados em resposta ao ataque. Em ambos os casos, o patgeno tem sua reproduo impedida ou diminuda, evitando ou minimizando danos. Existem mecanismos prprios da semente que impedem ou diminuem a transmisso plantasemente, independente da suscetibilidade da planta-me. Entretanto, pode-se generalizar que quanto maior a resistncia da planta-me, menor ser a transmisso do patgeno para a semente e menor ser a transmisso da semente portadora do patgeno para a plntula.

1.5. Bases Biolgicas do Tratamento de Sementes: Reduo do poder germinativo e nvel de vigor das sementes (perdas de estande e maior susceptibilidade das plantas estresses em geral); Introduo aleatria e precoce de focos de infeco em reas de plantio; Acmulo de inoculo em reas de cultivo (prtica de replantios e cultivos em sucesso); Aplicao de produtos fitossanitrias para o combate de doenas introduzidas nas reas de cultivo; Aumento de custos para o combate das doenas introduzidas nas reas de plantio; Formao de sementes anormais (deformaes e descoloraes); Reduo do nmero e peso de sementes (menores produes); Disseminao de doenas a longas distncias (ausncia de barreiras geogrficas para as sementes); Deteriorao de sementes durante o perodo de armazenamento; Contaminao de mquinas e equipamentos de beneficiamento e/ou processamento de sementes; Meio de perpetuao de doenas entre geraes (disseminao no tempo); Inutilizao temporria de reas para o cultivo de determinadas espcies vegetais; Clculo demonstrativo da quantidade de produto qumico aplicado por sementes /ha: Exemplo prtico de produto: Tecto 100 (i.a. thiabendazol) x soja 1kg de sementes = 10.000 sementes 100 kg de sementes = 1.000.000 sementes Tecto 100 = 100 g de thiabendazol / kg de produto comercial Recomendao: 200 g do fungicida Tecto 100 por 100 kg de sementes de soja 20g thiabendazol em 1.000.000 sementes 20: 106 = 2 x 10-5 g = 0,02 mg thiabendazol/ semente Admitindo-se o plantio de 30 kg sementes/ha = 300.000 sementes/ha 300.000 x 0,02 mg = 6000 mg = 6 g thiabendazol/ha Tabela 7. Longevidade de alguns patgenos em sementes armazenadas* Patgeno Hospedeiro Longevidade mxima do inoculo (anos)
Alternaria brassicicola Ascochyta pisi Colletotrichum gossypii Pyricularia grisea Sclerotinia sclerotiorum Tilletia caries Xanthomonas campestris pv. Phaseoli X. campestris pv. malvacearum Vrus do Mosaico comum Vrus do Mosaico estriado Aphelenchoides besseyi Dytilenchus dipsaci
(*). Fonte: Neegaard (179) e Machado (1988). Ricardo Balardin Fitopatologia A 48

brassicas ervilha algodo arroz diversos trigo feijo algodo feijo trigo arroz aveia

8 7 13,5 4 7 18 15 4,5 30 3 3 8

AULA 7 1. RESISTNCIA EM PLANTAS: Defesas e Resistencia gentica 1.1. INTRODUO A interao que se estabelece entre plantas e patgenos constitui-se no confronto entre dois sistemas morfo-gentico-fisiolgicos, atravs do qual cada sistema procura predominar estabelecendo-se ao final do processo um organismo vitorioso. Desta forma, tanto patgeno como hospedeiro procuram garantir sua sobrevivncia. A resistncia de plantas a patgenos considerada uma regra dentro do complexo das interaes patgeno-hospedeiro, enquanto que a suscetibilidade uma exceo (Kc, 1987). Resistncia pode ser conceituada como a capacidade da planta em alterar o curso normal da patognese, ou seja, sua capacidade em evitar ou atrasar o estabelecimento do patgeno nos seus tecidos. um processo extremamente dinmico composto de diversos sistemas capazes de atuar integrada ou isoladamente. O nvel de resistncia uma conseqncia da velocidade e eficcia da ativao destes sistemas. Neste sentido destaca-se a variabilidade gentica das plantas como um reservatrio de genes envolvidos na resistncia especfica ou na resistncia geral. Mudanas ontognicas na resistncia observadas entre diferentes tecidos ou entre partes de plantas geneticamente idnticas, porm com idades diferentes, constituem-se em fonte adicional de resistncia das plantas. O tratamento prvio das plantas com agentes biticos ou abiticos, antes da inoculao dos patgenos, ativa sistemas na planta capazes de conferir proteo inespecfica contra fungos, bactrias, ou vrus. Os patgenos apresentam-se igualmente diversos quanto suas caractersticas morfo-genticofisiolgicas. Raas, espcies, isolados ou mutantes, com nveis variveis de virulncia, demonstram claramente a habilidade que os patgenos possuem em adaptar-se aos diversos componentes da resistncia expressas pelas plantas. Doena compreende a interao de hospedeiro e patgeno sob condies ambientes favorveis. Em contrapartida, os fatores do ambiente podem afetar drasticamente a consumao de uma doena. Estes fatores podem ser enumerados como temperatura, luminosidade (intensidade, durao, qualidade), umidade (gua livre, umidade relativa, freqncia de precipitaes), nutrientes (nveis), substncias qumicas. 1.2. MECANISMOS DE PATOGENICIDADE Inoculao adeso dos propgulos Pr-penetrao: fixao dos propgulos fngicos superfcie do hospedeiro, atravs da produo de materiais adesivos. Experimentos tm mostrado a associao de materiais extracelulares de consistncia fluda ou mucilaginosa, muitas vezes com propriedades adesivas, s estruturas de esporos no germinados, germinando e em processo de formao de estruturas de infeco. So exemplos: Magnaporthe grisea em arroz Erysiphe graminis em trigo Uromyces viciae-fabae em feijo Penetrao degradao da cutcula: as paredes das clulas da epiderme dos vegetais, em contato com o meio exterior, so recobertas por uma camada lipdica contnua chamada de cutcula. A cutcula composta por um polmero insolvel cutina, e uma mistura complexa de hidrocarbonetos, lcoois primrios, cidos graxos e steres cera. Os patgenos que apresentam a capacidade de penetrar diretamente atravs da superfcie intacta da planta so potencialmente aptos a degradar enzimaticamente o complexo cutina + cera. As cutinases, enzimas capazes de romper as ligaes steres entre as molculas presentes na cutina, liberando monmeros e oligmeros derivados de cidos graxos. As cutinases foram isoladas em Fusarium solani f.sp. pisi, Alternaria alternata, Botrytis cinerea, Colletotrichum capsici, C. gloeosporioides, C. graminicola, C. lagenarium, entre outros.
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Penetrao degradao da parede celular: a parede celular formada basicamente por trs componentes estruturais, lamela mdia, parede primria e parede secundria. A lamela mdia constituda principalmente por substncias pcticas que so polissacardeos formados por longas cadeias de cido Dgalacturnico, compreendendo a regio localizada entre as paredes de clulas adjacentes atuando como um adesivo intercelular. As paredes primria e secundria so formadas por celulose, hemicelulose e substncias pcticas. Na parede secundria de clulas mais velhas ainda pode ser encontrado lignina e suberina. A hemicelulose encontrada nas paredes secundrias, composta por xilose, arabinose, glicose, manose e galactose. As pectinases ou enzimas pectolticas, so enzimas que degradam as substncias pcticas constituintes da lamela mdia. As pectinases mais conhecidas so a Poligalacturonase (PG), Metilpoligalacturonase (MPG), Transeliminase do cido pectnico (TE), Transeliminase do cido poligalacturnico (TEPG), e Metilesterase da pectina (MEP). Estas so as primeiras enzimas a serem produzidas durante o subprocesso da penetrao da parede celular e da morte da clula. Os critrios utilizados para agrupamento das pectinases so baseados no mecanismo pelo qual a ligao glicosdica -1,4 da cadeia pctica quebrada hidrolase ou transeliminase; o substrato no qual a enzima atua, pectina ou cido pctico; a posio da ligao -1,4 da cadeia pctica rompida, terminal ou no terminal. O ataque das endopoligalacturonases sobre a parede celular provoda a liberao de compostos. Este processo apresenta um conjunto de implicaes, que podem ser resumidos conforme Tabela 1. Tabela 8. Possveis efeitos adversos resultantes da degradao enzimtica da parede celular do hospedeiro.
Composto liberado Pectina methilesterase Glicosidades Glicose oxidase: Formao de H2O2 Formao de etileno Fosfatase Peroxidase Implicaes Demetilao da parede celular 2+ Ligaes cruzadas com Ca Liberao de compostos fenlicos Efeito txico sintomas Sintomas diversos Hidrlise do ATP Lignificao, melanizao Necrose vascular Peroxidao dos lipdeos Destruio das auxinas Inativao enzimtica Desconhecido Elicitor constitutivo das fitoalexinas Molculas regulatrias Destruio dos tecidos, morte do protoplasto Ocluso vascular

Inibidores da poligalacturonase Lectinas Rhamnogalacturona Efeito direto: Macerao Fragmentos da parede celular

As celulases, enzimas envolvidas na degradao da celulose, so produzidas por microorganismos capazes de utilizar a celulose como fonte de carbono. As celulases formam um complexo constitudo de -1,4 glucanases (atuam diretamente sobre a celulose), exo -1,4 glucanases (atuam sobre a celulose cristalina), glicosidases ou celobiase (atuam sobre a celobiose). A celobiose produto da ao das endo e exo -1,4 glucanases resultando em monmeros de glicose. As enzimas celulolticas produzidas pelos patgenos tm a funo de desintegrar a parede celular, facilitando a penetrao e colonizao do hospedeiro pelo patgeno, causando colapso e desorganizao da estrutura celular. Podem participar indiretamente na patognese pela liberao de acares aos patgenos, e no caso de doenas vasculares, quando grandes molculas de celulose so liberadas nos vasos condutores. As hemicelulases so enzimas envolvidas na degradao da hemicelulose. O nome especfico das enzimas depende do substrato hidrolizado, ou seja, a -1,4 xiloglucana hidrolisada por uma endoglucanase, a -1,4 xilana hidrolisada por endoxilanases, e a xilobiose hidrolisada por -xilosidase. As ligninases so enzimas envolvidas na degradao da lignina, composto normalmente produzidas por decompositores de madeira.

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Tabela 9. Enzimas degradadoras da parede celular envolvidas na patogenese conforme testes conduzidos em organismos mutantes.
Enzima EndoPG Erwinia Agrobacterium Pseudomonas Erwinia Erwinia Pseudomonas Erwinia Xanthomonas Erwinia Xanthomonas Pseudomonas Bactrias Cochliobolus Fungos

ExoPG PL PME Protease Celulase Cutinase Xilanase Exo--1,3-glucanase

Cochliobolus

Cochliobolus Cochliobolus Nectria Magnaporthe Cochliobolus Magnaporthe Cochliobolus

Colonizao do hospedeiro atravs da produo de toxinas pelo patgeno: as fitotoxinas so produtos do metabolismo de patgenos, capazes de causar danos nos tecidos vegetais, e que esto envolvidas diretamente no desenvolvimento da doena. So importantes para estabelecimento do patgeno no interior do hospedeiro e para a manifestao dos sintomas da doena. As toxinas podem induzir nas plantas muitos dos sintomas normalmente observados quando da presena dos patgenos, tais como clorose, necrose, murcha, encharcamento e alterao no crescimento. Durante a colonizao, o patgeno retira nutrientes do hospedeiro para crescer, reproduzir e/ou formar estruturas de sobrevivncia. Para ter sucesso nestas atividades, o patgeno necessita promover a degradao e conseqente assimilao de substncias do hospedeiro, alem de vencer os mecanismos de resistncia da planta. Neste contexto as toxinas podem apresentar um nmero variado de atividades potenciais, tais como, atuarem como molculas supressoras alterando a expresso dos mecanismos de resistncia do hospedeiro, danificarem as clulas da planta promovendo a liberao de enzimas degradativas presentes em organelas do hospedeiro, propiciarem um ambiente adequado ao patgeno facilitando o movimento do patgeno atravs da planta, acelerarem a senescncia do hospedeiro inibindo a invaso da planta por outros microorganismos. As toxinas podem ser divididas de acordo com a seletividade ao hospedeiro, em fitotoxinas no-seletivas e fitotoxinas no especficas. Tabela 10.1. Exemplos de fitotoxinas no seletivas (no-especficas).
Toxina Tabtoxina Patgeno BACTERIAS Pseudomonas syringae pv. tabaci P. syringae pv. coronafaciens P. syringae pv. garcea P. syringae pv. phaseolicola P. syringae pv. syringae P. syringae pv. syringae P. syringae pv. tagetis P. syringae pv. atropurpurea P. syringae pv. glycinea P. corrugate Rhizobium japonicum Hospedeiro Fumo Aveia Caf Feijoeiro Milho Citrus Centeio Soja Tomate Soja

Faseolotoxina Siringomicina Siringotoxina Tagetitoxina Coronatina Corrugatina Rizobitoxina

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Tabela 10.2. Exemplos de fitotoxinas no seletivas (no-especficas).


Acido fusrico FUNGOS Fusarium oxysporun fsp. cubense F. oxysporum f sp. vasinfectum F. oxysporum f sp. Pisi F. oxysporum f sp. lycopersici F. oxysporum f sp vasinfectum F. oxysporum f sp. melonis F. oxysporum f sp. Lycopersici Fusicoccum amygdali Pyricularia oryzae Alternaria tenuis A. Solani A. zinniae A. solani A. dauci Hlninthosporium oryzae Cercospora beticola Endothia parasitica Bananeira Algodoeiro Ervilha Tomate Algodoeiro Melo Tomate Pessegueiro, Amendoeira Arroz Algodoeiro Tomate e batata Zinia Tomate Cenoura Arroz Beterraba Solanceas

Licomarasmina

Fusicoccina Piricularina Tmtoxina Acido altemkico Zinniol

Ofiobolina Cercosporina Acido oxlico

Tabela 11. Exemplos de fitotoxinas seletivas (especificas).


Toxina HV victorina HC HMT toxina T HS helmintosporoside PC peritoxina AK AM ACR(L) ACTG e ACT AF AT Destruxin B ATC A(A)L CC PM Patgeno Cochljobolus victoriae C. carbonum raa 1 C. heterostrophus raa T H. sacchari Periconia circinata Alternaria alternata f sp. kikuchiana A. afternata f.sp. mali A. alternata f.sp. citri patotipo limo A. alternata f sp. citri patotipo tangerina A. alternata patotipo morango A. alternata f sp. longipes A. brassicae A. tenuissima A. alternata f sp. lycopersici Corynespora cassiicola Phyllosticta maydis Hospedeiro Aveia Milho Milho Cana-de-acar Sorgo Pra japonesa Ma Limo rugoso Morango Fumo Cruciferas Cajanus indicus Tomate Tomate Alamos

Detoxificao de metablitos produzidos pela planta: Os patgenos tm capacidade de detoxificarem fitoalexinas produzidas pelos hospedeiros. Um dos mecanismos que tem sido utilizado em plantas transgnicas visando a obteno de resistncia a patgenos baseia-se exatamente no bloqueamento da atividade de fitotoxinas. A capacidade microbiana de anular defesas da planta baseadas em metablicos anti-mibrobianos est intimamente ligada com a patogenicidade. Ex.: plantas de ervilha atadas por Nectria haematococca (Fusarium solani) produzem pisatina, fitoalexina que deve atuar contra o patgeno. Entretanto, a maior virulncia de alguns isolados do fungo foi associada produo de uma enzima, a pisatina demetilase, que promove a remoo de radical metil de um dos aneis da estrutura da pisatina, inativando-a. Diferenas na capacidade de produo da pisatina demetilase evidencia deferenas entre os isolados quanto sua virulncia. Ex: plantas cianogncias so capazes de acumular substncias txicas pr-formadas em vacolos de clulas de razes, ramos, folhas, flores e frutos. Em resposta ao dos patgenos, essas substncias so liberadas (glicosdeos cianognicos) que por ao de enzimas hidrolticas(glicosidases e oxinitrilases) produzem
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instantaneamente cianeto de hidrognio (HCN), altamente txico a microorganismos. Gloeoercospora sorghi produz uma enzima denominada de cianeto hidratase que converte HCN em formamida no txica 1.3. Gentica da patogenicidade - variabilidade em patgenos: Os patotipos (cepas, raas, biotipos, patovares) existem em vrus, bactrias, nematides, insetos e plantas superiores, bem como nos fungos. Aps o descobrimento desse fato, os fitopatologistas empreenderam estudos para determinar a base destas diferenas. A seguir sero abordados aspectos relativos variabilidade dos fitopatgenos e necessrios para que se possa levar a termo o melhoramento gentico visando resistncia doenas. Histrico sobre a variabilidade dos fitopatgenos: ERICKSON, entre 1894 e 1896, demonstrou que dentro da espcie morfolgica Puccinia graminis ocorriam diferenas na habilidade de atacar diferentes gneros de plantas. WARD (1902) formulou a teoria do hospedeiro-ponte, que consistia na manuteno de um patgeno sobre um hospedeiro intermedirio por diversas geraes, ao final do que o referido patgeno seria capaz de infectar espcies at ento completamente resistentes. STAKMAN & PIEMEIREL (1917) observaram que isolamentos de Puccinia graminis tritici diferiam em patogenicidade s diferentes cultivares de trigo. BARRUS (1917) fez diferenciao de duas raas (alfa e beta) de Colletotrichum lindemuthianum em variedades de feijo. STAKMAN e colaboradores obtiveram evidncias de que existem muitas raas dentro de cada sub-espcie, sendo chamadas de "formas specialis". As sub-raas existentes dentro de cada raa so chamadas de biotipos. STAKMAN & HAKER (1934) ao observaram a existncia de pelo mnimo 15.000 diferentes biotipos multiplicados durante 20 anos a partir de duas linhas monospricas, com cinco caracteres distintos. Com a introduo da tcnica de cultura monosprica ou cultura de clula simples foi possvel subdividir espcies de microorganismos em diferentes culturas. Surgimento e identificao de patotipos: A identificao de patotipos feita a partir de uma cultura monosprica, j que possvel que em uma mesma leso ocorram diferentes patotipos. Ainda, se o esporo no for unicelular, a prognie de cultura monosprica poder constituir-se de uma mistura de biotipos. Caso as clulas sejam multinucleadas, a questo ser se estes foram heterozigotos ou homozigotos. Aumento na freqncia de patotipos virulentos e a simultnea suscetibilidade dos hospedeiros ocorre geralmente quando o desenvolvimento de variedades visando resistncia so baseados em um patotipo especfico e atravs do mecanismo da resistncia vertical. O pareamento dos genes de avirulncia de um patotipo aos genes de resistncia no hospedeiro recessiva. A mutao de dominncia para recessividade torna-o virulento contra uma variedade com um gene particular de resistncia vertical. Os patotipos podem originar-se atravs de mutao, recombinao gentica, recombinao mittica via rearranjo gentico (parassexualismo) e heterocariose. O hospedeiro pode exercer influncia sobre a freqncia de novos patotipos, mas no sobre sua origem. Um patotipo que aumenta sua distribuio e freqncia entre a populao de um patgeno deve possuir gens necessrios para virulncia e capacidade de se tornar o indivduo dominante da espcie. Tal fato implica na capacidade de atacar o hospedeiro sob diferentes condies ambientes; de produzir maior quantidade de inculo por um maior perodo de tempo; de disseminar por uma grande rea geogrfica; de sobreviver ou persistir, na ausncia do hospedeiro primrio ou parasitando hospedeiros alternativos, saprofitando ou sob o estgio de latencia. Patotipos capazes de causar maior quantidade de doena em um perodo mais curto de tempo, com a resultante produo de maior quantidade de inculo para geraes subseqentes da doena, assumem uma posio dominante entre populaes de patotipos em um perodo mais curto. Alguns trabalhos tm
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demonstrado que o nmero de patotipos que podem ser identificados depende do nmero de hospedeiros diferenciais que so utilizados. Relao dos patotipos e resistncia gentica: O maior empecilho para manuteno da resistncia nas variedades desenvolvidas a presena de grande nmero de patotipos fisiolgicos. Certamente a totalidade de patotipos de vrios patgenos jamais ser identificado, principalmente em funo da dificuldade prtica para obteno de uma amostra de dimenses mundiais do patgeno, a partir de milhares de hospedeiros cultivados e selvagens e pela dificuldade de obteno de mtodos adequados e padronizados para sua identificao. Por outro lado, para a obteno de variedades resistentes, crtico conhecer o nmero de patotipos presentes na rea de abrangncia do programa (amplitude da variabilidade do patgeno), a metodologia para amostragem e coleta de dados e a metodologia para identificao de patotipos, pois deve-se procurar utilizar um conjunto de variedades diferenciais adequado, estabelecendo uma escala de avaliao e padronizando as condies ambientes para realizao dos testes. A reproduo consiste na formao de novos indivduos sendo mantidas todas as caractersticas tpicas da espcie. A reproduo sexual caracteriza-se pela unio de dois ncleos enquanto que a reproduo assexual no envolve a unio de ncleos, clulas sexuais ou rgos sexuais. Fungos holocrpicos so aqueles em que todo o talo fngico converte-se em uma ou mais estruturas reprodutivas durante a formao dos rgos reprodutivos (sexuais ou assexuais), no ocorrendo concomitantemente no mesmo indivduo. Fungos eucrpicos so aqueles em que os rgos reprodutivos crescem somente sobre uma poro do talo, enquanto o restante continua sua atividade somtica normal. 1.4. Mecanismos estruturais de defesa: podem ser vistos como defesas fsicas, as quais evitam ou restringem o desenvolvimento da doena. Estes mecanismos podem ser agrupados de acordo com sua ativao devido ao patognica de um organismo ou estar presente na planta independentemente de tal interao. Mecanismos de defesa estruturais pr-existentes: A superfcie das plantas constitui-se na primeira barreira contra os fitopatgenos. As estruturas presentes independentemente da interao entre hospedeiro e patgeno so: Cerosidade: ocorre sobre a superfcie das folhas e frutos impedindo o depsito de um filme de gua que pode favorecer a germinao de esporos de fungos ou multiplicao de clulas bacterianas. Pilosidade: quando espessa e superficial, tambm pode exercer um efeito de repelncia a gua, reduzindo a infeco. Cutcula e epiderme: eficiente no caso de doenas causadas por patgenos cuja penetrao ocorre diretamente. A espessura e rigidez da parede externa das clulas epidermais pode dificultar ou mesmo impedir a penetrao direta dos patgenos. Plantas com estas caractersticas so resistentes, embora, se o patgeno for introduzido no interior da planta atravs de ferimentos poder ser facilmente colonizada. A espessura da cutcula nem sempre apresenta correlao positiva com altos nveis de resistncia. Os patgenos produzem enzimas cutinases e hidrolases da parede celular tais como pectinases, celulases, xilanases e poligalagturonases (PGs) capazes de atacar os diversos polmeros da parede celular. Presso mecnica pode facilitar a penetrao do patgeno. A partir da ao destas enzimas so produzidos fragmentos da parede celular, particularmente oligomeros do cido galacturnico que podem atuar como elicitores secundrios dos mecanismos de defesa ou amplificando as reaes de defesa originais.

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Ex. PGs contribuem para o amaciamento da parede celular, enquanto que proteinas que inibem as PGs (PGIPs) so produzidas a uma velocidade semelhante aquela observada na sntese das PGs. Uma hiptese que a sntese das PGIPs pode retardar a ao das PGs, o que acarretaria um aumento na concentrao de oligogalacturonidos. Estes, por sua vez, ativam mecanismos de defesa adicionais. Adicionalmente, PGIPs podem diminuir a velocidade de alongamento do tubo germinativo permitindo que os outros componentes de defesa da planta possam ser mais efetivamente estabelecidos. Estmatos: embora a maioria dos patgenos tente penetrar mesmo com os estmatos fechados, somente alguns penetram quando esto abertos (Puccinia graminis tritici). Algumas variedades de trigo resistentes ao Puccinia graminis tritici apresentam abertura estmtica tardia, acarretando dessecao do tubo germinativo devido a evaporao do orvalho combinada com a demora na abertura dos estmatos. A prpria estrutura do estmato (abertura estreita, clulas guarda elevadas) tambm constituem-se em fatores de resistncia. Feixes/regies esclerenquimatosas: podem paralisar o avano do patgeno. O xilema e as clulas do esclernquima das nervuras folhares bloqueiam eficazmente o avano de vrios patgenos, resultando no surgimento de manchas com conformaes angulares. Neste caso, devido incapacidade do patgeno crescer atravs deste tipo de clulas somente poderia crescer no espao internerval. Mecanismos histolgicos induzidos de defesa Camadas de cortia: a infeco das plantas por patgenos freqentemente induz a formao destas camadas em locais mais distantes da corte de infeco, aparentemente como resultado do estimulo de clulas do hospedeiro por substncias secretadas pelo patgeno. Estas camadas no somente inibem a invaso do patgeno e colonizao dos tecidos mais distantes, como tambm bloqueia a difuso substncias txicas que o patgeno possa secretar. As camadas de cortia podem cortar o fluxo de nutrientes e gua dos tecidos sadios para as reas infectadas, privando o patgeno de nutrio. Os tecidos mortos onde o patgeno est localizado originam leses do tipo mancha ou sarna. Camadas de abcisso: formam-se predominantemente em folhas jovens de rvores de frutos de caroo. Consistem de uma falha que se forma entre duas camadas circulares de clulas de uma folha ao redor da corte de infeco. A lamela mdia entre estas duas camadas de clulas espalha-se completamente atravs de todas as partes da espessura da folha, isolando a corte de infeco do restante do limbo foliar. Gradualmente esta rea enruga, morre e se desprende, carregando as estruturas do patgeno. Deste modo a planta, pela eliminao da rea infectada, protege o restante do tecido folhar do avano do patgeno nos tecidos do hospedeiro. Tiloses: formam-se nos vasos do xilema da maioria das plantas e sob vrias condies de estresse durante a invaso de patgenos vasculares. Constituem-se em um super crescimento do protoplasto das clulas parenquimatosas adjacentes dos vasos do xilema que se lanam para dentro da cavidade do prprio vaso de conduo. Estas estruturas apresentam paredes celulsicas e podem, devido ao seu tamanho, obstruir completamente a passagem de seiva bruta para a planta. Algumas variedades apresentam como mecanismo de resistncia a formao abundante e rpida de tiloses. Deposio de gomas: algumas plantas podem produzir gomas ao redor de leses aps a infeco por patgenos ou mesmo em resposta a injrias. Este mecanismo pode ser em frutferas de caroo. O mecanismo de resistncia baseia-se na deposio da goma na corte de infeco, tanto nos espaos intercelulares como no interior das clulas. Deste modo forma-se uma barreira intransponvel que impede o avano do patgeno e causa sua morte.

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Mecanismos celulares induzidos de defesa Entumecimento: enrigecimento da parede das clulas epidermais e subepidermais durante a penetrao direta, inibindo a penetrao e o estabelecimento do patgeno no hospedeiro. Envolvimento: densificao do citoplasma da parede celular interna ao redor das hifas de penetrao, formando como uma bainha que envolve as hifas impedindo que a clula seja invadida e o patgeno consiga nutrir-se. Mecanismos citoplasmticos induzidos de defesa Nos casos de fungos fracamante patognicos e de crescimento lento, o citoplasma impede o acmulo de hifas e o ncleo esticado at o ponto de romper-se em dois. Em alguns casos a reao citoplasmtica quebrada, desaparece o protoplasma vegetal e o crescimento fngico aumenta. Em outros casos, observa-se um aumento do citoplasma e do ncleo da clula vegetal, seguido de granulao e aumento de densidade originando vrias estruturas ou partculas, que iro provocar desintegrao e paralisia no avano da infeco do patgeno. 1.5. Mecanismos bioqumicos de defesa: Sistemas metablicos que inativam o patgeno durante o processo de infeco. Cada sub-processo patognico deve ser expresso em termos interativos, ou seja, em termos da suscetibilidade da planta ao patgeno, ou em termos de virulncia, expressa como um atributo particular de um patgeno. A reao do hospedeiro a um patgeno pode variar entre os extremos da imunidade e da suscetibilidade. Mecanismos bioqumicos pr-existentes Substncias fungitxicas produzidas pelas plantas: durante o crescimento de uma planta h uma troca continua de produtos com o ambiente circundante podendo haver liberao dessas substncias tanto no solo como na gua, causando uma modificao no ambiente. Estas substncias podem estimular ou inibir o crescimento da planta ou do patgeno. Ex: suprimento de oxignio e liberao de C02 na respirao; aminoacidos excretados pelos ndulos das leguminosas; produtos excretados pelas razes, tais como nucleotdios, flavonides, hexoses e ons inorgnicos; substncias orgnicas e inorgnicas excretadas pelas folhas e lavadas pela chuva. Substncias txicas difusveis: ocorrem de modo a prevenir ou retardar a infeco, podendo ser destacados os seguintes mecanismos: Supresso de patgenos pela excreo de plantas: d-se por uma ao mais ou menos seletiva de tais secrees. No local onde so secretadas observado uma ao curativa, diminuindo o nmero de pontos de infeco. Se a barreira qumica for vencida, a infeco iniciada e a doena se desenvolve em proporo idntica do que aquela observada nos rgos desprotegidos. Ex: cido protocatecico e ao catecol. Variedades de cebola com escamas externas secas pigmentadas (vermelhas ou amarelas), so geralmente resistentes a antracnose (Colletotrichum circinans), enquanto que variedades no pigmentadas (brancas) so suscetveis. A remoo das escamas secas elimina a resistncia, e as variedades tornam-se suscetveis. A presena das escamas coloridas impede a germinao dos esporos do patgeno devido ao cido protocatecico e ao catecol (ambos compostos fenlicos) que so txicos aos esporos em fase de germinao. A difuso destes compostos para o exterior ocorre somente atravs das escamas mortas no sendo observada atravs das escamas vivas. As escamas vivas no possuem proteo contra o patgeno.

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Plantas com secreo de Ca++ e K+ na superfcie folhar: particularmente quando perodos de rpida transpirao alternam-se com perodos de chuva ou orvalho pesado. As folhas ao serem lavadas liberam os extratos que podem inibir a germinao de muitos esporos fngicos. Ex: resistncia de variedades de beterraba aucareira ao Cercospora beticola foi correlacionada presena de substncias inibidoras difusveis. Foi observado baixa incidncia de leses locais sobre folhas devido baixa germinao de esporos do fungo. Esta baixa porcentagem de germinao foi observado tanto em orvalho como gua escorrida coletada das folhas, os quais inibiram o crescimento do tubo germinativo. A atividade destes extratos foi mantida ativa mesmo aps considervel diluio. Substancias txicas nas clulas das plantas resistentes: durante o sub-processo de colonizao um patgeno pode ser inibido devido presena de substncias txicas. Ex: o cido clorognico pode funcionar como um intermedirio metablico na formao de compostos fenlicos insolveis (Ex. lignina e polmeros semelhantes lignina). Resistncia da batata Verticillium alboatrum tem sido relacionada a maiores concentraes de cido clorognico nas razes do que aquela observada nos cultivares suscetveis (Patil et al., 1966). Ex: Tomatina pertence s saponinas (grupo qumico formado por compostos anti-fngicos) tem sido envolvida na resistncia de tomates a Fusarium solani e Corticium rolfsii (Defago & Kern 1983). O local de ao deste composto envolve a membrana plasmtica fngica, reagindo com os esteris e formando complexos insolveis. Ocorre uma alterao nos poros existentes e o contedo celular extravasa para o meio externo e a clula fngica morre. Ex: Avenacinas pertence ao grupo das saponinas so encontradas nas razes e folhas de plantas de aveia, podendo inibir o crescimento de diferentes fungos (Holden, 1980), tais como Ophiobolus graminis var. tritici. Extrato obtido de razes de aveia foram capazes de inibirem o crescimento de Ophiobolus graminis isolado de trigo, enquanto que Ophiobolus graminis isolado de aveia mostrou-se insensvel. Ex: Tuliposdeos so cidos hidroxicarboxlicos insaturados envolvidos na resistncia de bulbos de tupila a Fusarium oxysporum f.sp. tulipae, e de pistilos a Botrytis cinerea (Schnbeck & Schroeder, 1972). O ataque dos bulbos por Fusarium oxysporum f.sp. tulipae ocorre apenas algumas semanas antes da colheita em funo da morte das escamas brancas externas que possuem altos teores de tuliposdeos, enquanto que as escamas brancas internas, com mais baixos teores de tuliposdeos, mostram-se temporariamente suscetveis ao fungo. Logo aps a colheita, a concentrao de tuliposdeos retorna aos nveis normais e os bulbos tornam-se novamente resistentes. Deficincias em nutrientes essenciais ao patgeno: algumas espcies de hospedeiro podem no produzir substncias essenciais para a sobrevivncia de um patgeno obrigatrio ou para o desenvolvimento da infeco. Ex: para Rhizoctonia sp infectar uma planta necessrio que a mesma possua uma substncia que participe da formao do apressrio para que o patgeno possa fixar o tubo germinativo para que hifa de penetrao consiga romper a epiderme e invadir o hospedeiro. Em plantas onde ocorre falta desta substncia no h a formao deste suporte, no ocorrendo infeco e, portanto, a planta comportando-se como resistente. Mecanismos de defesa bioqumicos induzidos: As clulas e tecidos vegetais respondem ao ataque do patgeno atravs de uma srie de reaes bioqumicas. So freqentemente associadas com a produo de substncias fungitxicas em concentraes suficientemente altas para inibir o crescimento dos fitopatgenos. Normalmente os compostos fenlicos so associados a este processo. Sua sntese ou acumulao parece ser acelerada aps a infeco, pois so encontrados mesmo em plantas sadias, outros fenis no esto presentes em plantas sadias sendo
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produzidos por estimulo do patgeno. No primeiro caso so os compostos fenlicos comuns e, no segundo as fitoalexinas. Fenis comuns: acumulam-se a uma maior velocidade em variedades resistentes do que nas variedades suscetveis. Ex: cido clorognico, cido cefeico, escopoletin Fitoalexinas: so produtos da interao de dois sistemas metablicos, hospedeiro e patgeno, capazes de inibir o crescimento dos microorganismos patognicos ao hospedeiro (MULLER, 1959). Em estudos de inoculao de raas virulentas e avirulentas de Phytophthora infestans em tubrculos de batata cortados, o autor concluiu que o principio ativo, designado de fitoalexina, inibe o desenvolvimento do fungo, e formado ou ativado somente quando as clulas do hospedeiro contatam o patgeno. A reao observada apenas em clulas vivas. O agente inibidor uma substancia qumica resultante da necrobiose da clula do hospedeiro. No especifico em sua toxicidade em relao aos fungos, contudo, diferentes espcies de fungos podem ser diferencialmente sensveis a ela. A diferena entre hospedeiros suscetveis e resistentes deve-se velocidade de formao da fitoalexina. A principal caracterstica das fitoalexinas a sua ausncia em tecidos de um hospedeiro sadio. So formadas em concentraes suficientes para inibir o crescimento de um patgeno. Os estmulos que desencadeiam a produo de uma fitoalexina so a penetrao de hifas de infeco, secreo de produtos metablicos por conidios durante a germinao, ou durante os estdios iniciais do processo de infeco, ou pela aplicao de substncias qumicas. Constituem-se, essencialmente, em uma resposta de clulas metabolicamente ativas. Somente uma fitoalexina tem sido encontrada associada a uma determinada espcie de hospedeiro, h a possibilidade de que diferentes organismos estimulem a formao de diferentes fitoalexinas pelo mesmo hospedeiro. Diferentes microorganismos podem estimular um tecido a produzir diferentes quantidades de uma fitoalexina, de diferentes fitoalexinas, ou de uma combinao de ambos. Por outro lado, diferentes microorganismos podem diferir em sua suscetibilidade a uma fitoalexina produzida por um tecido, ou seja, necessrio a produo de fitoalexina e em quantidades suficientes para restringir o crescimento do patgeno. A estrutura qumica das fitoalexinas engloba um grupo heterogneo de substncias que tem as seguintes caractersticas comuns: a natureza orgnica, o baixo peso molecular e as propriedades antimicrobianas. A grande maioria das fitoalexinas parece ser de natureza isoflavonide. Muitas possuem agrupamentos fenlicos, mas em termos de mecanismos de defesa de plantas diferem dos fenis que sao de natureza pr-infeccional. Os elicitores so agentes que estimulam ou provocam a sntese de fitoalexinas nas plantas, ou ativam as defesas da planta. Podem ser abiticos, como metais pesados, fungicidas, condies ambientes. Os principais eliciadores biticos so os fitopatgenos incompatveis. Tabela 12. Situaes possveis de compatibilidade/incompatibilidade em funo de resistncia do hospedeiro e da especializao fisiolgica do patgeno (ROMBIRO, 1973).
Patgeno Raa virulenta Raa avirulenta Raa virulenta Raa virulenta Hospedeiro Suscetvel Suscetvel Resistente Imune Interao Compatvel Incompatvel Incompatvel Incompatvel Reao + -/+ -

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Sntese de fitoalexinas derivadas do metabolismo do fenilpropanoide


Fenilalanina ! 4-Acido cumrico ! !--------------------------4-CumroilCoA-------------------------! ! ! ! Stilbenes isoflavonides Lignina

A converso de Fenilalanina em 4-CumroilCoA mediada pelas enzimas Fenilalanina amonia liase (PAL), 4Hidroxilase do acido cinmico (CA4H), e pela 4-coumarato:CoAligase (4CL). A partir do 4-CumroilCoA originam-se a rota metablica que origina as fitoalexinas do grupo das Stilbenes, a rota metablica que origina as fitoalexinas do grupo das isoflavonides, e a lignina. Sntese de fitoalexinas derivadas do metabolismo dos terpenides
Amido ! Glicose (6P) ! Piruvato ! Ciclo Krebs-------------------------Acetil-CoA-------------------- Acidos graxos ! -hidroximetilglutarilCoA ! Isopentenil-pirofosfato ! Geranil-pirofosfato [Monoterpenes} Farnesil-pirofosfato [Sesquiterpenes] Geranil-geranil-pirofosfato [Diterpenes]

Tabela 13. Exemplos de fitoalexinas produzidas por hospedeiros de interesse agrcola.


Hospedeiro Alfafa Amendoim Batata Fitoalexina Meciparpina Resveratrol Lubimina Fituberina Risitina Dehidroipomeamarone Ipomeamarone Ipomeamaronol Pisatina Dihidrowierol Dihidrowierona Acido dihidrowierona Wierol Wierona Acido wiernico Faseolina Capsidiol Gliceocarpin Gliceolina I-IV Falcarindiol Falcarinol Rishitina Pterostilbene -Viniferin -Viniferin Grupo qumico Isoflavonide Stilbene Sesquiterpene Sesquiterpene Sesquiterpene Furanosesquiterpene Furanosesquiterpene Furanosesquiterpene Isoflavonide Furanoacetileno Furanoacetileno Furanoacetileno Furanoacetileno Furanoacetileno Furanoacetileno Isoflavonide Sesquiterpene Isoflavonide Isoflavonide Poliacetileno Poliacetileno Poliacetileno Stilbene Stilbene Stilbene

Batata-doce

Ervilha Fava

Feijo Fumo Soja Tomateiro

Videira

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Hipersensibilidade: WARD (1902) observou que o patgeno penetrava com suas hifas em hospedeiros resistentes e suscetveis, no tendo observado diferenas entre o comportamento de ambos at que um contato direto fisiolgico fosse estabelecido. No hospedeiro resistente, o patgeno induziu mudanas descritas por WARD como: "os tecidos se tornam pardos e morrem, devido a ao destrutiva dos tubos de infeco, que mataram as clulas rapidamente". Hipersensibilidade tem sido definida como a morte de clulas do hospedeiro em poucas horas aps o contato do patgeno (Agrios, 1988), mas a hipersensibilidade pode ser fenotipicamente diversa, variando desde uma clula isolada at reas necrticas extensas relacionadas com uma limitada colonizao do hospedeiro pelo patgeno. Os sintomas histolgicos, bioqumicos e fisiolgicos da hipersensibilidade no so especficos e podem apresentar-se em resposta a qualquer dano mecnico ou biolgico, como conseqncia da ativao de um mecanismo de defesa especfica. Nas interaes entre patgenos biotrficos, a morte das clulas impede o acesso do patgeno aos nutrientes. Por outro lado, no caso das interaes com hemibiotrficos, esta interao no to evidente j que o patgeno poderia obter nutrientes a partir dos tecidos mortos. Entretanto, a ruptura celular pode provocar a liberao de substncias txicas aos patgenos, ou mesmo propiciar o acmulo de fitoalexinas em nveis inibitrios aos patgenos. Evidncias experimentais demonstram que os patgenos fngicos no so permanentemente inativados. Patgenos causadores de ferrugem em cereais, e que induzem reao hipersensvel no morrem, mantendo-se com pouco crescimento, resumindo sua rea de colonizao sob adequadas condies de ambiente durante longos perodos de tempo. Helminthosporium carbonum e H. turcicum foram isolados de leses com reao hipersensvel aps vrias semanas de inoculao, em milho. 0 fenmeno fisiolgico associado com senescncia aparentemente reduz a resistncia do hospedeiro. Um longo perodo latente da infeco associado com atividade fisiolgica do hospedeiro. A reao hipersensvel pode caracterizar apenas uma inativao temporria do patgeno, nos estgios iniciais do processo de infeco. Ex: a antracnose da banana e do tomateiro somente apresenta sintomas quando os frutos maturam; clones de batata com gene R de resistncia, o qual confere reao hipersensvel a certas raas de Phytophthora sp., freqentemente apresentam leses da doena em folhas mais velhas e mais baixas, enquanto que nas folhas mais jovens observado apenas a reao hipersensvel. Ex: patgenos temporariamente inativados no incio do processo de infeco.
Fungos: (Puccinia spp - cereais; Phytophthora infestans - batata; Ustilago tritici - trigo; Venturia inaequalis macieira); Vrus (TMV - Nicotiana glutinosa); Bactrias (Pseudomonas syringrae - Prunus sp),

Segundo STAKMAN a reao de hipersensibilidade contra raas individuais de ferrugens controlada por um nmero limitado de genes especficos. 0 controle gentico da hipersensibilidade de uma planta contra uma raa fisiolgica de um patgeno geralmente oligogentico, sendo geralmente a hipersensibilidade dominante sobre a normosensibilidade. A planta hospedeira apresenta alteraes fisiolgicas devido a hipersensibilidade, tais como, aumento na intensidade da respirao dos tecidos nos tecidos parasitados, paralizao da atividade fotossinttica nos tecidos com reao parabitica, e diminuio da permeabilidade em direo a extremidade das hifas (clorose ao redor da rea atacada). A morte dos tecidos durante a reao de hipersensibilidade tem sido atribuda toxicidade de produtos do metabolismo do patgeno, devido aos mecanismos de morte programa das clulas ou em funo das espcies ativas de oxignio.

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Espcies ativas de oxignio: O mecanismo envolvido na produo de espcies ativas de oxignio desempenha um papel importante na defesa da planta, sendo frequentemente a primeira resposta ativada nas interaes incompatveis e aquela que d origem reao de hipersensibilidade. Os radicais superxido (O2-), oxidrilo (OH) e H2O2 so as espcies ativas de oxignio (EOAs) mais importantes. Todas elas so altamente reativas e citotxicas em todos os organismos, podendo ter ao antimicrobiana direta. As EOAs podem reagir com cidos graxos insaturados das membranas e alterar a funcionalidade das mesmas. A alterao das membranas intracelulares pode afetar atividade respiratria em mitocndrias e diminuir a pigmentao e a capacidade de fixao de carbono nos cloroplastos. A produo de H2O2 durante a exploso oxidativa tem papel fundamental na reao de hipersensibilidade, participando de processos bioqumicos relacionados ao enrijecimento da parede celular vegetal, morte programada das clulas vegetais elicitadas e induo sistmica de genes de defesa em clulas no infectadas. As EOAs podem regular a estabilidade de mRNAs relacionados defesa vegetal. A peroxidao dos lipdeos, resultante do processo infectivo de um patgeno, o fator que estimula a formao das espcies ativas de oxignio e das oxidrilas.
SOD Catalase [O2 ]-------------- [H2O2]----------------[H2O + O2]

O acido salicilico bloqueia a atividade da catalase, provocando o acmulo de H2O2, o qual ativa o acmulo das proteinas relacionadas com a patognese e das fitoalexinas. No caso da catalase no ser bloqueada, no observado o acmulo de H2O2, verificando-se uma reao compatvel. Deste modo, a presena das catalases inibe a reao de hipersensibilidade em funo de impedir o acmulo de H2O2 o qual serve como um sinal para a produo e acmulo das proteinas relacionadas com a patognese e das fitoalexinas. As espcies ativas de oxignio desempenham diversos papis nos mecanismos de defesa de plantas. H2O2 pode ser diretamente txico aos microorganismos, H2O2 pode auxiliar na fortificao da parede celular, H2O2 essencial na formao dos precursores da lignina atravs da atividade da peroxidase. Paredes celulares ricas em hidroxiprolina e prolina foram oxidativa e rapidamente ligdas parede celular assim que a clula vegetal sofreu um tratamento com um elicitor fngico. Esta ligao parede celular diminuiu a protoplasticidade fazendo com que as parede celular se tornasse mais refretria invaso microbiana e degradao enzimtica. Outra atividade atribuda s espcies ativss de oxignio relaciona-se a transmisso de sinais, j que H2O2 aumenta a atividade da enzima hidrolase 2-acido benzico a qual necessria para a biosntese de cido saliclico. A reduo da molcula de oxignio atravs da acepo de um eltron, origina o superoxido. Pela reao 2O2- + 2H+ = H2O2 + O2, forma-se o perxido de hidrognio. cido Benzico e cido Saliclico: Patgenos causadores de reaes incompatveis normalmente provocam o acmulo de cido benzico e cido saliclico e seus respectivos conjugados glicosdicos nas mais altas concentraes nas cercanias do ponto de infeco. A induo destes compostos comumente associada com uma reo de hipersensibilidade. Inoculao de folhas de cucurbitceas com Pseudomonas syringae p.v. syringae resultou tanto no aumento da concentrao de cido saliclico na seiva elaborada no floema 8 a 12h aps a inoculao como uma resistncia induzida ao Colletotrichum lagenarium. O aumento do cido saliclico na seiva no floema confirma a hiptese que este composto transportado atravs dos vasos de conduo e induz a resistncia sistmica na planta.

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Protenas relacionadas patognese (PR-protenas): Durante a interao patgeno-hospedeiro pode ocorrer a sntese protica e o desenvolvimento de uma camada localizada resistente ou imune ao redor da corte de infeco. As protenas relacionadas patognese so polipeptdeos produzidos pelo hospedeiro e que no esto presentes em tecidos sadios, sendo sintetizados somente em resposta a estresses diversos ou especificamente devido ao ataque de um patgeno. So protenas localizadas intra ou extracelularmente, que se acumulam em resposta a substncias qumicas, elicitores, senescncia natural, ferimentos, ou ataque de patgenos. Atividade enzimtica (-1,3glucanase e quitinase) tem sido relacionado a PR-protenas. Tabela 14. PR-protenas descritas em fumo.
Grupo PR-1 PR-2a PR-2b PR-3 PR-4 PR-5a PR-5b Propriedades Desconhecida -1,3-glucanase -1,3-glucanase Quitinase Desconhecida Taumatina, -amilase, inibidores das proteinases Desconhecida

A sntese das PR-protenas ocorre em resposta a diversos elicitores biticos e abiticos. Quando ocorre o ataque de um patgeno a expresso das PR-protenas associada com a resistncia manifestada atravs da reao de hipersensibilidade e/ou da resistncia sistmica induzida. Os elicitores microbianos so capazes de induzir defesas, destacando-se as fitoalexinas e as PR-protenas. Resultados experimentais mostraram que possivelmente os elicitores sejam especficos para raas ou espcies, ou diferentes rotas indutivas sejam usadas para a ativao destes sistemas. Alteraes nos nveis de hormnios do crescimento pode causar alterao na expresso dos genes precursores das PR-protenas. Estresses fisiolgicos, alem daqueles causados durante a patognese, estimulam a expresso das PR-protenas em diferentes nveis. Alguns compostos qumicos tm sido relacionados induo das PR-protenas, podendo levar resistncia da planta ao patgeno. Aplicao de cido poliacrilico em fumo Xanthi-nc acarretou o acmulo de PR1 e PR2protenas reduzindo o nmero de leses causadas pelo TMV. Detoxificao de toxinas fngicas: Toxinas como cido fusrico ou pyricularina so rapidamente metabolizadas por variedades resistentes ou so combinadas com outras substncias formando compostos no txicos. A quantidade de compostos no txicos freqentemente proporcional resistncia da variedade. 1.6. Influncia do ambiente sobre a resistncia: Predisposio: A idade das plantas e as condies sob as quais elas crescem afetam sua suscetibilidade a doenas. E a tendncia de fatores no genticos, atuam antes da infeco, afetarem a suscetibilidade das plantas ao ataque de patgenos, criando-se um nvel interno de suscetibilidade. Sao exemplos:
Erwinia amylovora: alta unidade relativa, baixo nvel de fertilidade, temperatura alta ou baixa do solo, favorecem a resistncia de pereiras; Erwinia amylovora: alta umidade relativa e altos nveis de nitrognio, leva plantas resistentes a apresentarem reao suscetvel; Gibberela zeae em trigo e milho: a resistncia de plntulas depende das condies do ambiente durante a colheita; -aumento nos teores de acar pode causar aumento de suscetibilidade das folhas a infeco por ferrugem.

0 ambiente afeta a doena atravs de seu efeito sobre o patgeno, suscetibilidade do hospedeiro e interao entre hopedeiro e patgeno. 0 efeito sobre o patgeno no se relaciona a predisposio, enquanto que o efeito sobre a suscetibilidade do hospedeiro diz respeito diretamente ao fenmeno da predisposio.
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A teoria dos predisponentes diz que os patgenos causam a doena somente se o hospedeiro sofreu algum tipo de alterao devida ao ambiente. Ontognica: As plantas podem variar a compatibilidade a diferentes patgenos na medida em se sucedem os diferentes estdios de desenvolvimento. So definidas quatro categorias; suscetibilidade juvenil e resistncia na maturidade, resistncia juvenil e suscetibilidade na maturidade, suscetibilidade juvenil e na maturidade, resistncia na fase vegetativa, e suscetibilidade tanto no perodo juvenil como na maturidade, e resistncia na fase vegetativa. Sao exemplos: Tombamento: aumento na suscetibilidade no estdio de plntula de diferentes culturas; Ferrugens: aumento na suscetibilidade no estdio de pr-florescimento; Rhizopus spp: aumento na suscetibilidade durante a senescncia.
Suscetibilidade juvenil e resistncia na maturidade: Sao exemplos: trigo/estdio uredial de Puccinia; alface/Erwinia; fumo/Peronospora; batata/Phytophthora.

Resistncia juvenil e suscetibilidade na maturidade: Sao exemplos: pssego / Monilia; Pepino / Pseudoperonospora; Alface / Erysiphe.

Suscetibilidade (juvenil, maturidade), resistncia (vegetativo): Sao exemplos: variedade de trigo / Puccinia; batata (tubrculos)/Fusarium.

Resistncia (juvenil, maturidade), suscetibilidade (vegetativa): Sao exemplos: Macieira / estdio de basidia de Gymnosporangium; tubrculos de batata / Erwinia; feijo / Uromyces; feijo / Tobacco mosaic virus (TMV).

Estacional: as plantas podem apresentar variaes na sua capacidade de resistncia em funo da poca do ano. Sao exemplos: Castanheira mais suscetvel Nectria no outono e inverno do que na Primavera e vero, devido a uma diminuio no contedo de gua da planta. Diria: os patgenos apresentam-se relacionados ao efeito que os ciclos dirios causam no hospedeiro. Sao exemplos: abertura diria dos estmatos da soja e pessegueiro correlacionada a uma major suscetibilidade destas plantas a infeces bacterianas. Obtm-se mais infeo aps inoculao artificial com vrios patgenos, nos finais de tarde do que no incio das manhs.

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Devido a Ferimentos: Quando as plantas so feridas antes da inoculao, muitos patgenos so usualmente favorecidos, como o caso de Penicilium em gladiolo; Fusarium em batatas e feijo; Botrytis em videira; Erysiphe em feijo e Colletotrichum em feijo. Ocasionalmente os ferimentos podem reduzir a suscetibilidade, como caso de Fusarium em tomateiro. Os ferimentos parecem favorecer a infeco devido ruptura nas barreiras mecnicas que obstruem o patgeno. Desfolhamento: desgasta as reservas de energia causando perda de vigor e aumento da suscetibilidade aos patgenos; diminui o contedo de amido, a quantidade de aucares redutores em ramos e razes de rvores, o que pode levar a uma predisposio ao ataque de Armillaria melea. Transplante: de muita importncia no caso de sementeiras onde observa-se inmeros problemas de doenas quando do transplante Observaes pessoais em sementeiras de eucalipto mostraram que o transplante conduziu a uma alta mortalidade de plantulas (tombamento) enquanto que no sistema de semeadura direta no foi observado a ocorrncia de tal problema. poca: Produtos qumicos aplicados as plantas antes da inoculao com patgenos, comumente reduzem a infeco devido toxidez dos produtos aos patgenos, no devendo ser confundido com proteo qumica (principio de controle) mas devido a um efeito dos produtos sobre o hospedeiro. Sao exemplos: cobre aumenta a infeco de batata por Penicillium e Fusarium, laranja por Diplodia, feijo por TMV; aumento de suscetibilidade devido ao uso de defensivos agrcolas: Claviceps em trigo pelo uso de 2,4 D; Erysiphe em cevada pelo uso de herbicidas; Alternaria em couve-flor pelo uso de lcool, TMV em feijo pelo uso de zinco e prata. Devido a Nveis de Vigor: Sao exemplos: crescimento rpido de plantas de fumo torna-as severamente infectadas por Pseudomonas angulata; infeco por Botrytis favorecida sobre as folhas amareladas de alface; tecidos senescentes ou necrticos favorecem a infeco de Botrytis sobre vrios hospedeiros; plantas de batata e beterraba agucareira, bem desenvolvidas so mais aptas a infeco por virus do que plantas pobremente desenvolvidas; acmulo de C favorece a infeco por parasitas obrigatrios; plantas de feijo com crescimento lento so mais suscetveis Erysiphe; H uma relao entre o contedo de acar e a senescncia: suscetibilidade de baixos nveis de compostos carbonados orgnicos das folhas devem favorecer a infeco de vrus quando ocorre necroses ocasionando o inverso quando no se verifica necroses Mudanas na turgescncia das clulas so relacionadas a vigor. A reduo do turgor aumenta a suscetibilidade de trigo a Erysiphe. Pr-infeco: Um fungo ou um vrus pode predispor os tecidos ao prprio organismo ou a outros patgenos. Monilinia e Sclerotinia liberam enzimas pcticas que predispem os tecidos ao avano posterior do mesmo fungo. Casos em que a pr-infeco por um patgeno favorece a infeco por outro patgeno. Sao exemplos:
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Peronospora favorece a infeco de bactrias em repolho; Taphrina favorece a infeco de Monilinia em pessegueiro; Uromyces favorece a infeco de Erysiphe em feijo; Tilletia favorece a infeco de Fusarium, e Helminthosporium em trigo; Phytophthora favorece a infeco de Fusarium em batata; Uromyces favorece a infeco de TMV em feijo.

Casos em que a pr-infeco por um patgeno pode reduzir a infeco por outro patgeno. Sao exemplos:
Phytophthora aps virus X e Y em batata; CHV aps Erysiphe em pepino; Erysiphe aps Tilletia em trigo; Uromyces aps Uromyces em feijo.

Estresse: Os estresses ambientes podem ser do tipo bitico, pela infeco ou competio por outros organismos, ou fsicos. Neste caso destaca-se a temperatura (exposio das plantas a altas ou baixas temperaturas antes da inoculao pode aumentar ou diminuir sua suscetibilidade a muitos patgenos. 0 estresse por baixa temperatura pode ser dividido em: frio: ocorre abaixo do ponto de congelamento, geralmente resultando em um dano elstico, mas que pode se tornar plstico. Dano elstico resulta de mudanas fsicas ou qumicas reversveis quando da remoo do estresse, no ocorrendo injuria permanente e imediata e o dano causado proporcional a sua intensidade e durao. Quanto ao dano plstico, resulta de mudanas fsicas ou qumicas irreversveis, freqentemente resultando na morte do rgo da planta ou mesmo de plantas inteiras. O congelamento resulta de uma queda rpida na temperatura, abaixo do ponto de congelamento seguindo-se um perodo de temperaturas moderadas no inverno ou no outono. Plantas dormentes so particularmente vulnerveis ao congelamento se o perodo de frio necessrio para quebra de dormncia j tiver sido satisfeito (geadas tardias aps um perodo de calor). Do ponto de vista de suscetibilidade doena, danos devido a baixa temperatura so freqentemente elsticos e o aumento da suscetibilidade devido a exposio a baixa temperatura pode ser reversvel com o tempo, a menos que os tecidos do hospedeiro sejam atingidos diretamente durante a exposio. 0 estresse pelo frio geralmente associado com a ocorrncia de baixas temperaturas no usuais e a exposio de plantas tropicais ou sub-tropicais, ou plantas em fase de crescimento ativo. Tecidos mortos so um substrato melhor para vrios parasitas facultativos do que os tecidos vivos. Sao exemplos:
cenoura submersa em gua fervendo durante 30 segundos antes da inoculao favoreceu o crescimento de Botrytis spp; suscetibilidade termo induzida de soja a vrios patgenos e no patgenos, quando o hipoctilo foi aquecido a 0 47 C por 30 minutos antes da inoculao, provavelmente devido supresso ou reduo da sntese de fitoalexinas; Diplodia gossypia causou a doena quando amendoim foi submetido a altas temperaturas antes da inoculao; aumento da suscetibilidade de plntulas de milho ferrugem quando imersas em gua a 53 C antes da inoculao; Phytophthora parasitica var. nicotiana, devido ao tratamento das folhas ou razes em gua a 50 C, antes da inoculao por vrios minutos, provocou aumento na suscetibilidade de fumo; Uromyces phaseoli, tratamento semelhante ao anterior levou a um aumento na suscetibilidade do feijoeiro.' A predisposio pelo calor foi reversvel em feijo e soja. As plantas recuperaram a resistncia normal em 3 a 5 dias aps a exposio ao estresse trmico.
0 0

A umidade essencial para a maioria das doenas fngicas e bacterianas, seja na forma de umidade livre ao patgeno durante os estgios de inoculao e incubao, seja na forma de umidade relativa do ar. O
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excesso hdrico geralmente aumenta as taxas de infeco por virus. gua em excesso, nestes casos, pode causar diferenas estruturais nas folhas, afinando as camadas de cutcula e arranjando irregularmente as camadas em paliada. As doenas radiculares so caracteristicamente mais severas em solos midos do que em solos secos, embora os sintomas devido obstruo dos vasos possa progredir mais rapidamente em condies quentes e secas. Cook postulou que a infeco radicular por patgenos vasculares pode ser predominante nos solos mais secos, mas a disseminao no interior da planta depende do fluxo de transpirao, estabelecendo a relao entre solos midos e as murchas. Quando o excesso de gua no causar injrias diretamente, pode produzir uma condio secundaria com deficincia de oxignio, o que pode limitar o crescimento radicular, resultando em uma acumulao de metablicos txicos que iro interferir nos mecanismos de defesa do hospedeiro. A reduo da aerao do solo freqentemente inibe o aporte de gua e nutrientes, podendo produzir estresses similares seca ou ao dano fsico nas razes, resultando em murcha, ou clorose, e aumentando sua suscetibilidade s doenas. Sao exemplos:
Pseudomonas angulata ou P. tabaci, gua nos espaos intercelulares favoreceu seu crescimento; Uromyces phaseoli em feijo, tem sido observado que a infiltrao de gua nas folhas tem implicado em aumento de resistncia; alto contedo de gua favoreceu a infeco de pereiras por Erwinia amylovora; alta umidade do solo favorece a infeco por Botrytis em feijo, com TMV em fumo e com vrus X e Y da batata em fumo; umidade excessiva no solo reduz a infeco de Fusarium em tomate, Erysiphe em centeio e feijo e Giberella em milho e trigo. estresse hidrico por curtos periodos (alguns dias da semana) podem predispor as plantas aos patgenos. A exposio dos hospedeiros ao estresse hdrico controlado, com aumento de suscetibilidade, j foi mencionado para: Phyalospora obtusa (maga silvestre); Fusarium solani (amora); Macrophomina phaseolina (estresse provocado antes da inoculao em feijo e algodo). Embora o contedo de umidade dos tecidos que compe a epiderme possa ser um fator na predisposio de sua colonizao por certos patgenos, sua relao com a suscetibilidade nos demais tecidos no foi estabelecida. H um atraso na recuperao da resistncia aps um aumento na suscetibilidade devido ao estresse. A capacidade de certos patgenos crescerem sob baixos potenciais hdricos, os quais inibiram o crescimento dos antagonistas, pode ser um fator favorvel ao aumento da incidncia de doenas sob condies de seca. A luminosidade reduzida antes da inoculao propiciou aumento na suscetibilidade de alface e tomate a Botrytis; tomate a Fusarium; fumo a Spotted Wilt Virus; feijo e fumo a Tabacco Necrosis Virus. Comprimento de dias curtos favorecem a infeco de tomateiro a Fusarium. Comprimento de dias intermedirios favorece a infeco de groselha por Cronartium, enquanto que dias longos ou curtos reduzem-na. Alta intensidade luminosa aumenta a resistncia de begonia a Botrytis. Radiao ultra-violeta aumenta a suscetibilidade de feijo Botrytis mas no apresenta efeito sobre Uromyces. Radiao X aumenta a suscetibilidade Puccinia em algumas variedades de trigo e aveia moderadamente resistentes. Uma mudana na presso atmosfrica de alta para baixa aumentou a suscetibilidade de feijo, fumo e batata a Pseudomonas medicaginis, P. tabaci e Erwinia carotovora, respectivamente; enquanto que uma mudana na presso atmosfrica de baixa para alta aumentou a resistncia.

Nutrio Mineral: Como regra geral o excesso de nitrognio favorece a infeco, excesso de potssio reduz a infeco, e o fsforo apresenta comportamento varivel. LEWIS formulou uma hiptese na qual as interaes patgeno e hospedeiro seriam governadas por uma combinao entre os constituintes bioqumicos do hospedeiro e as exigncias nutricionais do patgeno. A presena de certos nutrientes no hospedeiro algumas vezes causa inibio do patgeno, sendo necessrio um certo balano do nutriente como pr-requisito a infeco. No caso de algumas viroses, adio de N e P aumenta o nmero de leses locais bem como o crescimento do hospedeiro, deficincias ou excessos desses elementos reduzem o nmero de leses.
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Nitrognio: altos teores aumentam a suscetibilidade do fumo e feijo a Tobaco Mosaic Virus (TMV); de fumo a Pseudomonas tabaci; de trigo a Puccinia; de varias espcies de hospedeiros a Verticillium e de trigo a Erysiphe. Por outro lado reduzem a infeco de tomate por Fusarium, beterraba aucareira por Sclerotium rolfsii, algumas variedades de trigo por certas raas de Puccinia graminis tritici. Fsforo: altos teores aumentam a suscetibilidade de fumo ao TMV, pepino a Cucumber Mosaic Virus (CMV), feijo a TMV; por outro lado, aumentam a resistncia de fumo a Pseudomonas, beterraba a Phoma e de tomate a Fusarium. Potssio: altos teores reduzem a infeco de Puccinia em cereais, de Pseudomonas em fumo, de Gloesporium em coqueiro, de Erysiphe em trigo, de Sclerotinia fructicola em damasco, mas aumentam a infeco de Phytophthora em citrus e Fusarium em tomateiro. Micronutrientes: Boro - reduo de Erysiphe sobre cevada e girassol; reduo de Melampsora sobre linho; boro, mangans, cobre, zinco - reduo de Puccinia sobre trigo; Slica - reduo de Erysiphe sobre trigo; Litio - reduo de Erysiphe sobre trigo; Clcio e magnsio - reduo de Rhizoctonia; Zinco - aumento de Puccinia em trigo. pH: alto pH do solo favorece a infeco por Thielaviopsis em citrus, Erysiphe poligoni em Vigna sinensis, Erysiphe graminis em trigo. Baixo pH favorece a infeco de Fusarium em tomateiro e Botrytis em feijoeiro.
HOSPEDEIRO PATOGENO Plasmodiophora brassicae Erysiphe spp Puccinia spp Phytophothora spp Thielaviopsis spp Erwinia tracheiphlla Pseudomonas tabaci Pseudomonas solanacearum Fusarium oxysporum lycopersici N A A A B A A/B B B A B B B B A P A K A B B A

Tabela 15. Aumento da suscetibilidade devido N (Nitrognio), P (Fsforo) e K (Potssio).


Couve Cereais Citrus Cucurbitaceas Fumo Tomateiro
A nvel alto do nutriente; B nvel baixo do nutriente

1.7. Reconhecimento e transduo de sinais em interaes patognicas: Elicitores: sinais moleculares primrios: Os elicitores podem ser classificados em biticos e abiticos. Os elicitores biticos englobam molculas de origem fngica, bacteriana ou viral e aquelas liberadas pelas plantas hospedeiras (elicitores endgenos). Os elicitores abiticos incluem luz UV, ons metlicos e molculas orgnicas sintetizadas quimicamente. Normalmente os elicitores exgenos so componentes integrantes das paredes das clulas microbianas (glucanas, quitina ou quitosana) e requerem atividade enzimtica do hospedeiro (glucanases, quitinases) para serem liberados. Substncias elicitoras podem tambm ser sintetizadas in planta, em funo da troca de sinais durante o contato com o hospedeiro. Exemplos de elicitores caracterizados em fitopatgenos apresentado na Tabela 8. Tabela 16. Elicitores identificados em fungos fitopatognicos.
Fonte Cladosporium fulvum Cladosporium fulvum Colleotrichum lindemuthianum Colleotrichum lindemuthianum Colleotrichum lindemuthianum Fusarium solani Phytophthora infestans Phytophthora megasperma f.sp. glycinea Phytophthora megasperma f.sp. glycinea Phytophthora megasperma f.sp. glycinea Phytophthora megasperma f.sp. glycinea Rhizopus stolonifer Estrutura Glicopeptdeo extracelular Peptdeo rico em cisteina 3- e 4-glucana Polisacardeo Polisacardeo Quitosana cidos graxos 3- glucana e protena Glicopiranosidio Glicoprotenas Glicomanose Poligalacturonase Atividade biolgica Induo de fitoalexina Necrose em tomate com o gene A9 de resistncia Necrose dos hipoctilos de feijoeiro Induo de fitoalexinas nos cotildones Induo de fitoalexinas Induo de fitoalexinas em ervilha Induo de fitoalexinas em tubrculos de batata Induo de fitoalexinas em cotildones de soja Induo de fitoalexinas em cotildones de soja Induo de fitoalexinas em cotildones de soja Induo de fitoalexinas em cotildones de soja Induo de fitoalexinas

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Receptores: percepo dos sinais moleculares: Diferentes modelos tm sido propostos para explicar a percepo de molculas elicitoras por clulas vegetais. Como a maioria dos elicitores so extracelulares e no possuem caractersticas que favoream sua passagem atravs da membrana plasmtica, difcil admitir que eles possam ativar diretamente a transcrio de genes de defesa no ncleo, o que sugere haver um elo de ligao entre o sinal extracelular e os genes localizados nos cromossomas. Algumas evidncias apontam para que a percepo de sinais ocorra atravs de uma das seguintes hipteses:
Protenas oligomricas onde cada subunidade contem vrias regies transmembrnicas e a interao com o ligante ativa um canal inico; Proteinas contendo regies transmembrnicas mltiplas que interagem com protenas G no citoplasma, aps a interao com o ligante; Protenas monomricas associadas atividade de quinase de protenas no citoplasma; Protenas intracelulares que interagem diretamente com o DNA no ncleo, aps a interao com o ligante.

Ex:
Clonagem de um gene codificando um receptor para a -glicana elicitora em soja e um receptor com atividade de quinase de protenas estruturalmente relacionado com protenas-RP. Aps a aplicao de elicitor marcado com fluorescena em uma suspenso com clulas de soja, foi observado um acmulo rpido da fluorescena na superfcie das clulas, com posterior internalizao e acmulo no vacolo. Semelhante acmulo no foi observado em compostos sem atividade elicitora.

Interao gene-a-gene: reconhecimento de elicitores raa-especficos: Vrios modelos tm sido propostos para explicar as bases moleculares do reconhecimento no sistema gene-a-gene, sendo o mais aceito o modelo elicitor-receptor. Este modelo postula que genes avr do patgeno codificam molculas elicitoras, as quais induzem resistncia ao desenvolvimento da doena em plantas que contm um receptor especfico, codificado pelo gene R correspondente. O modelo proposto por Albersheim & Anderson-Prouty (1975) onde um gene avr do patgeno codifica uma glicosil transferase envolvida na sntese de glicoprotenas de superfcie, as quais seriam reconhecidas por receptores transmembrnicos codificados por genes R. O reconhecimento das glicoprotenas pelo receptor induziria uma resposta de hipersensibilidade no tecido vegetal. Posteriormente, foi incorporado a este modelo a hiptese de que a reao compatvel (doena) seria resultado da supresso ativa do sistema de defesa ou da degradao/inativao de molculas de defesa, no caso dos patgenos necrotrficos. No caso dos patgenos biotrficos, a compatibilidade seria uma conseqncia da capacidade do patgeno evitar o sistema de defesa da planta. Vrias so as evidncias que corroboram este modelo, entre elas a identificao de stios de ligao especficos e de alta afinidade por molculas elicitoras na membrana plasmtica de clulas vegetais, produo de molculas supressoras do sistema de defesa por fungos, sntese de enzimas capazes de degradar fitoalexinas por certos patgenos e a clonagem de genes avr e seus correspondentes genes R. Tabela 17. Genes de avirulncia fngicos clonados.
Fungo C. fulvum C. fulvum R. secalis M. grisea M. grisea M. grisea Gene avr Avr4 Avr9 Nip1 AVR2-YAMO PWL1 PWL2 Atividade elicitor elicitor elicitor Protease? ? ? Cultivar Cultivar Cultivar Cultivar Cultivar Espcie Especificidade

Os genes Avr4 Avr9 nip1 codificam elicitores raa-especficos. O peptdeo NIP1 funciona tanto como elicitor raa-especfico quanto como fator de virulncia. A interao de R. secalis e cevada mostra que o
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fungo secreta tanto fatores de patogenicidade como fatores de virulncia (NIP1, NIP2, NIP3). Em interaes compatveis com cultivares que no possuam o gene de resistncia Rrs1, os fatores de virulncia NIP3 e NIP1 induzem a atividade de uma H+-ATPase na membrana plasmtica, causando a morte da clula (doena). O NIP2 participa do processo porm seu mecanismo de atuao desconhecido. Em interaes incompatveis com cultivares que possuem o gene de resistncia Rrs1, o NIP1 funciona como um elicitor raa-especfico, que de alguma forma interage com o produto do gene de resistncia, induzindo a expresso de genes de defesa. Transduo de sinais moleculares: Aps a interao do ligante com o receptor, pelo ao menos trs tipos de eventos podem ocorrer. O primeiro seria a abertura de um canal de ons, considerando que o prprio receptor um canal de ons. O segundo evento possvel a ativao de uma quinase de protenas no citoplasma, considerando-se que o receptor possui um domnio intracelular capaz de fosforilar protenas. O terceiro evento possvel a produo de mensageiros sedundrios, mediada por um grupo de protenas ligadas a membranas e capazes de ligarem-se ao nucletdeo guanina, chamadas protenas G. Essas protenas formam um complexo com o receptor, aumentando a afinidade por GTP. A substituio de GDP por GTP torna a protena G ativa, a qual nesta forma interage com outras protenas de membranas como canais de ons, adenilato ciclase, fosfolipase C e cGMP fosfodiesterase, geradas na superfcie interna da membrana plasmtica e capazes de difundirem-se e induzir a atividade de protenas intracelulares especficas. Uma das primeiras respostas das clulas aps a interao com um elicitor a rpida alterao do potencial transmembrnico e da alcalinizao extracelular, atravs do influxo de H+ e Ca2+ e do efluxo de K+. Ca2+ tem sido considerado um mensageiro secundrio muito importante, tanto pela resposta de protenas diretamente ao Ca2+ como em resposta ao complexo Ca2+-calmodulina, direta ou indiretamente. Em plantas existem muitas evidncias desta funo do Ca2+, tais como a presena de calmodulina em vrias espcies, a existncia de sistemas de transporte de Ca2+ que podem regular sua concentrao no citoplasma, e a ativao de vrias enzimas por Ca2+ ou por complexos Ca2+-calmodulina. O emprego de bloqueadores de canais de Ca2+, de ionforos e de agentes quelantes tem sido muito til para demonstrar o envolvimento de Ca2+ na transduo de sinais durante respostas de defesa em plantas, ficando demonstrada sua participao na deposio de calose, na regulao da sntese de fitoalexinas e em outras respostas de defesa. Uma das respostas mais rpidas aps a elicitao de clulas vegetais o rpido aumento na concentrao de espcies ativas de oxignio, altamente reativas e citotxicas em todos os organismos, podendo ter ao antimicrobiana direta. As espcies ativas de oxignio podem reagir com cidos graxos insaturados das membranas e alterar a funcionalidade destas. A alterao das membranas intracelulares pode afetar a atividade respiratria em mitocndrias e diminuir a pigmentao e a capacidade de fixao de carbono em cloroplastos. Em clulas de soja, o acmulo de H2O2 inicia 2 a 3 min. aps a adio do elicitor. O tratamento de clulas com H2O2 induz o acmulo de mRNAs, codificando enzimas envolvidas na biossntese de fitoalexinas e endoquitinases, de maneira similar a elicitores derivados da parede celular fngica, e sugerindo sua participao no processo de sinalizao. Outra evidncia da participao de H2O2 como mensageiro secundrio a ausncia de acmulo de mRNAs de genes de defesa aps a elicitao de clulas em suspenso na presena de inibidores da gerao de H2O2 ou catalase. Hormnios vegetais, como etileno e cido jasmnico, tambm tm sido apontados como possveis mensageiros secundrios na transduo de sinais moleculares em interaes planta-microorganismos. Normalmente a produo de etileno aumenta dem tecidos e clulas vegetais infectados por patgenos ou tratados com elicitores. Similarmente, o tratamento com elicitor no especfico de extrato de leveduras estimula a sntese de cido jasmnico. Ao indutora do etileno sobre o sistema de defesa vegetal envolve fosforilaes em cascata, para amplificao do sinal. Aplicaes exgenas de etileno ou cido jasmnico induzem a expresso de vrios genes de defesa vegetal. Em muitos casos, o bloqueio da sntese de etileno por inibidores especficos resulta na paralisao de respostas de defesa.
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Sinalizao intercelular - Resistncia sistmica adquirida (SAR): A induo da resistncia sistmica caracterizada pela ativao de uma srie de genes de defesa, incluindo protenas com ao antimicrobiana, como glucanases e quitinases, e protenas ricas em cistena relacionadas a taumatina. Este tipo de resistncia possui amplo espectro, mas depende do desenvolvimento de reao de hipersensibilidade ou de respostas semelhantes hipersensibilidade. A induo de genes de defesa em locais distantes da corte de infeco implica a existncia de molculas sinalizadoras que se movimentam atravs da planta. Aps a observao de induo de protenas relacionadas com a patogenicidade e de resistncia ao TMV (Vrus do Mosaico do Fumo) por aplicaes exgenas de cido saliclico e na presena de grande acmulo desse cido aps a infeco por patgenos, foi demonstrado que o cido saliclico est envolvido na sinalizao para desenvolvimento da resistncia sistmica induzida. 1.8. Gentica da interao patgeno-hospedeiro: Teoria do gene-a-gene de FLOR: Em 1942, ao estudar a ferrugem do linho, FLOR concluiu que para cada gene que condiciona a resistncia no hospedeiro h um gene especfico que determina a patogenicidade no patgeno (Melampsora lini). Em outras palavras, a amplitude da patogenicidade de uma raa fisiolgica determinada pelos fatores patognicos especficos para cada fator de resistncia no hospedeiro (Tabela 10). Tabela 18. Herana da resistncia as raas 22 e 24 de M. lini em duas variedades de linho (FLOR, 1942).
RAA 22 (vlvlVnVn) 24 (VlVlvnvn) Ottawa LLnn S R Bombay llNN R S F1 LlNn R R F2 LN R R Ln S R LN R S ln S S

L - alelo de resistncia a raa 24; N - alelo de resistncia a raa 22; vl - alelo de virulncia da raa 24; vn - alelo de virulncia da raa 22; l - alelo de suscetibilidade a raa 24; n - alelo de suscetibilidade a raa 22; Vl - alelo de avirulncia da raa 24; Vn - alelo de avirulncia da raa 22.

Tolerncia: Pode ser definida como uma capacidade herdada ou adquirida pela planta para suportar o ataque de um patgeno. difcil posicionar tolerncia entre os muitos tipos de resposta nos parentais. Do ponto de vista de sensibilidade relativa aos agentes causadores de uma doena, tolerncia e hipersensibilidade parecem representar os dois extremos na resposta do hospedeiro a infeco. Teoricamente, entretanto, tolerncia no significa resistncia a um patgeno. Plantas tolerantes so suscetveis a infeco, a disseminao e colonizao do patgeno, exibindo tolerncia ao patgeno por suportarem o impacto da doena. A tolerncia impede a complementao da infeco devido a um mecanismo de insensibilidade da planta, enquanto que a hipersensibilidade presumivelmente no completa a infeco devido a restrio dos locais de infeco. A tolerncia pode ser eficiente quando as perdas devido a doena so menores do que as perdas devido a ocorrncia da doena em variedades no tolerantes. Sao exemplos:
Maize Dwarf Mosaic Virus: causa menor perda de rendimento em certas variedades e hbridos de milho; Potato Leaf Roll Virus: a produo da variedade Colober foi mais reduzida do que da variedade Chippewa, 53% e 40%, respectivamente; Barley Yellow Dwarf Virus: diferentes Avena spp. tm mostrado tolerncia.

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O conceito de tolerncia no pode ser aplicado s doenas que afetam o produto final do hospedeiro. No pode haver tolerncia nos carves (cereais) ou manchas em folhas (alfafa para feno). A tendncia de qualificar tolerncia como uma forma de resistncia horizontal parece ser errnea. A resistncia horizontal reduz as perdas pela diminuio da quantidade de doena e da taxa de infeco, aspectos no relacionados tolerncia; a resistncia horizontal implica em que as plantas podem viver com uma certa quantidade de doena, sem acarretar danos apreciveis. Escape: Situaes em que as plantas, sabidamente suscetveis, no se tornam doentes (no so infectadas). A menos que todos os fatores favorveis ao desenvolvimento de uma doena permitam a ocorrncia do patgeno em condies tais que seja capaz de discriminar pequenas diferenas genticas entre plantas, a reao verdadeira da planta torna-se obscura. A variao no comportamento de uma planta de um local para outro, de um ano para outro, de um pesquisador para outro, podem ser causadas por diferenas na presso de seleo sobre as populaes de hospedeiros. Do mesmo modo, tais variaes podem ser devidas a fatores associados ao patgeno, hospedeiro ou ambiente. Plantas suscetveis podem escapar da doena, ou no demonstrar os reais nveis de dano de uma doena quando o patgeno est ausente ou a quantidade de inculo estiver abaixo de um valor mnimo que permita ao patgeno dar incio ao processo infectivo. Sao exemplos:
Produo de dementes de feijo livres de Colletotrichum lindemuthianum em reas semi-ridas; Ocorrncia de Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli em anos de seca; variedades de beterraba aucareira suscetveis ao Curley Top Virus podem ser cultivadas em reas onde o vetor no ocorre; couve escapa da murcha de Fusarium quando plantada mais cedo devido ao desenvolvimento de um sistema radicular capaz de suportar o ataque quando as condies forem favorveis ao patgeno; batatas com maturao precoce, mesmo que suscetveis a Phytophthora infestans, escapam ao maior impacto da doena devido combinao de umidade e temperatura no favorecer o desenvolvimento rpido da doena, nos cultivos de janeiro ou fevereiro (condies do Rio Grande do Sul).

O escape pode estar relacionado a fatores do hospedeiro, tanto em termos morfolgicos como propriedades funcionais. Sao exemplos:
hbridos de milho, que produzem espigas que se voltam para baixo, impedem o estabelecimento de um microambiente favorvel a ocorrncia dos patgenos causadores de podrides de espiga; germoplasma de cevada que mantm a pancula fechada at a ocorrncia completa da auto-polinizao, impede a exposio do pistilo incidncia de falso carvo. VAN DER PLANCK caracterizou este mecanismo como sendo resistncia horizontal; variedades de framboesa suscetveis a mosaico freqentemente escapam da doena porque a planta no palatvel ao inseto vetor.

Imunidade: Absoluta ausncia da doena. As plantas so imunes doena porque so imunes a infeco; podendo ou no serem imunes a penetrao ativa ou passiva de um organismo (ambos so processos prinfeccionais). amplamente aceito que a imunidade a condio usual nas plantas enquanto que as respostas do hospedeiro aos patgenos e mais raro. Tal concluso prende-se ao fato de que as plantas seriam imunes a praticamente todos os patgenos, apresentando algum nvel de interao com relativamente poucos patgenos. Por outro lado no h uma razo prtica para ser desenvolvida imunidade contra patgenos no patognicos a uma espcie.

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1.9. Teoria da Resistncia Vertical: Quando a resistncia incorporada em uma variedade especfica a uma ou algumas raas de um patgeno. Tambm chamada de resistncia perpendicular ou especfica, implica em uma interao diferencial entre variedades do hospedeiro e raas do patgeno. Os testes visando identificar a resistncia vertical em linhagens ou cultivares baseiam-se na interao diferencial de patotipos do patgeno e um germoplasma constitudo de linhas isognicas diferenciais do hospedeiro. As raas que interagem diferentemente com diferentes variedades do hospedeiro variam em virulncia. Este termo pode ser utilizado como sinnimo de patogenicidade vertical. A herana da virulncia oligognica. Representa a resistncia contra o estabelecimento de um local satisfatrio de infeco, impedindo a continuidade da colonizao e subseqente produo de inculo. Geralmente comporta-se como gene simples sendo facilmente reconhecida e obtida devido a sua herana relativamente simples. A capacidade dos patgenos quebrarem esta resistncia recessiva, enquanto a incapacidade de quebr-la dominante. Existem casos de alelos recessivos para a resistncia vertical. A baixa durabilidade da resistncia vertical pode ser explicada pela fato de que gens de virulncia do patgeno podem parear mais facilmente gens simples no hospedeiro do que gens mltiplos ou piramidizados. O efeito da resistncia vertical sobre a populao do patgeno d-se pela reduo da quantidade inicial de inculo disponvel para o incio da doena. Os mecanismos de resistncia procuram limitar a extenso do tecido hospedeiro que pode ser colonizado e o grau relativo de capacidade de produo de inculo pelo patgeno. A utilizao de poucas variedades de forma extensiva est relacionado abundncia de raas virulentas que podem limitar a durabilidade da resistncia vertical. O predomnio de determinadas raas de um patgeno em um determinado local deve-se semeadura extensiva de variedades suscetveis. Entretanto, o surgimento de novas raas do patgeno pode ser o resultado da semeadura extensiva de cultivares resistentes que iro atuar sobre a populao do patgeno exercendo uma presso de seleo na direo de patotipos capazes de parear os novos genes de resistncia. O surgimento aparentemente lento da raa deve-se ao fato de no estar presente no local ou estar, mas em quantidades muito pequenas. Com o cultivo continuado da cultivar com novos genes de resistncia, instala-se uma seleo sobre a populao do patgeno de forma a que esta raa seja selecionada e acabe predominando sobre as demais. Muito embora a variedade tenha perdido sua resistncia ao patgeno, mantm-se resistente as todas as raas contra as quais o germoplasma foi selecionado. O que ocorre a ineficincia daqueles genes contra o gene complementar da raa selecionada. Quando o cultivo da cultivar cessa ou substituda por outra cultivar com novos genes de resistncia, observa-se a continuao do processo, ou seja, nova raa selecionada na populao do patgeno e as demais deixam de predominar mantendo-se em quantidades muito baixas ou podendo mesmo serem removidas da populao. Com base neste processo de interao patgeno-hospedeiro, relaciona-se uma maior durabilidade da resistncia a uma maior complexidade no arranjo gnico da cultivar de sorte que a seleo dos genes complementares seja bem mais dificultada ou mesmo impossvel de ser realizada sobre a populao do patgeno. Ex: Puccinia graminis no atacava a variedade Eureka; aps sua introduo como variedade comercial surgiram raas capazes de lhe infectar, levando ao seu desaparecimento. A partir deste momento houve uma reverso para o estabelecimento da populao inicial, incapaz de atacar a variedade Eureka. A presso exercida por Eureka pode ser chamada de seleo estabilizadora. A abundncia de raas virulentas somente um dos fatores na resistncia vertical. Outro fator a taxa de infeco (ndice de infeco). Baixos ndices de infeco (r) aumentam a eficincia da resistncia
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vertical. A taxa de infeco redunda no aumento da populao inicial do patgeno por unidade de tempo. As condies meteorolgicas favorveis aumentam (r) diminuindo a eficincia da resistncia vertical enquanto que condies desfavorveis aumentam a eficincia da resistncia vertical. Equao para o efeito da resistncia vertical: xo = xov . erdt
dt: perodo de tempo necessrio para uma doena aumentar do nvel xov, no qual a doena inicia uma variedade resistente, ao nvel xo, no qual a doena inicia numa variedade suscetvel. muito grande quando a variedade pouco cultivada; na medida em que a variedade vai sendo mais cultivada dt vai tornando-se menor. dt pode ser suficientemente grande para evitar uma epidemia, porm mais cedo ou mais tarde a variedade ser to plantada que dt tender a zero e a popularidade na variedade tender a 100%. Neste ponto a resistncia vertical perdida; r: ndice de infeco; xov: quantidade de doena inicial; xo: quantidade de doena final.

Regras sobre resistncia vertical (segundo Robinson):


Tem pouca probabilidade de sucesso em culturas perenes ou em culturas difceis de serem trabalhadas para o melhoramento gentico; Tem maior probabilidade de ser efetiva contra doenas do tipo juros simples do que do tipo juros compostos; Tem pouca probabilidade de ser eficiente contra um patgeno que se caracterize por apresentar alta mutabilidade vertical; duvidosa quando a populao do hospedeiro geneticamente uniforme e cultivada em grandes extenses com uma nica variedade; Tem maior possibilidade de ser efetiva se houver possibilidade de explorar-se a presso de estabilizao; Contra parasitas facultativos, um gene forte adequado para a explorao da presso de estabilizao; contra parasitas obrigatrios, pelo ao menos dois genes fortes so necessrios; Sistemas de cultivo so vlidos no espao contra doenas do tipo juros compostos em plantas com resistncia vertical; Sistemas de cultivo so vlidos no tempo principalmente contra doenas do tipo juros simples com resistncia vertical; menos valiosa contra doenas transmitidas pelo material de propagao; Ser quebrada mais rapidamente se a proteo que ela confere incompleta; Tem maior probabilidade de ser efetiva quando ocorre uma estao climtica definida e que reduza a populao do patgeno; Pode ser mais valiosa quando o controle legislativo possvel; Tem maior probabilidade de ser efetiva quando reforada por nveis teis de resistncia horizontal; A quebra da resistncia vertical complexa pode resultar em menos do que a quebra de uma resistncia vertical simples.

Efeito Epidemiolgico da Resistncia Vertical: Sua ao implica na reduo da quantidade inicial efetiva de inculo a partir do qual a epidemia inicia. Se considerarmos que um determinado patgeno ocorre em um determinado local, e que predominem as raas capa, alfa, beta, gama, alfa-Brasil, e epsilon. As cultivares semeadas so A, B, e C. Destas, a cultivar A suscetvel as raas capa, alfa, beta, gama, e alfa-Brasil, a cultivar B suscetvel as raas alfa, beta, gama, e a cultivar C resistente a todas as raas existentes no local, at ento. No incio da safra pode-se supor que 99% do inculo disponvel para infeco pertencem s raas que atacam as cultivares A e B, e no atacam a cultivar C. O restante (1%) pertence a raa epsilon que no ataca quaisquer cultivares. A resistncia vertical conferida a variedade C poder acarretar o surgimento de nova raa, diminuindo a percentagem de inculo das demais raas. Provavelmente a raa epsilon ser removida da populao j que no possui os alelos de virulncia capazes de atacar o germoplasma presente na rea, enquanto que as demais raas devero continuar predominantes, pelo ao menos enquanto a percentagem
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relativa de rea cultivada das trs cultivares no mudar. Como espera-se que a nova cultivar D, por ser resistente a todas as raas locais passe a ser cultivada em rea, este fato implicar na reduo da rea das demais cultivares. Neste caso, ser observado uma reduo na quantidade de inculo das raas capa, alfa, beta, gama, e alfa-Brasil, enquanto que a nova raa dever predominar e apresentar os mais altos nveis de severidade.
Ex: Colletotrichum lindemuthianum sobrevive no inverno em restos culturais. A quantidade de inculo que sobrevive relativamente pequena, mas durante o vero se as condies meteorolgicas so favorveis ao patgeno e a lavoura no protegida por fungicidas, o fungo pode aumentar drasticamente a quantidade de inculo transformando-se em uma epidemia que destri a folhagem e vagens das variedades suscetveis. Quanto mais suscetvel for a variedade, mais cedo iniciar a epidemia e maiores sero os danos. A resistncia objetiva justamente uma diminuio na velocidade da epidemia, diminuindo a disponibilidade de alelos virulentos na populao do patgeno, e buscando uma reduo nos danos na cultura. Nos estudos envolvendo a resistncia em uma populao do hospedeiro indispensvel um conhecimento sobre a estrutura da populao do patgeno para que seja possvel prever quanto complexa deve ser a combinao gnica para que a resistncia seja durvel.

1.10.

Teoria da Resistncia Horizontal:

Quando a resistncia uniformemente distribuda contra todas as raas do patgeno. Tambm chamada de lateral ou no especfica. No ocorre uma interao diferencial entre raas do patgeno e variedades do hospedeiro. O termo resistncia possui um carter relativo j que descreve a expresso de uma determinada interao patgeno-hospedeiro sob condies ambientes especficas. H casos de resistncia no especfica cujo controle gentico ocorre pela expresso de gens maiores, sendo chamada de resistncia geral. Um exemplo deste tipo de resistncia a resistncia do feijo ao vrus do mosaico comum do feijoeiro controlada pelo gene dominante I, inibidor episttico do gene dominante A, o qual necessrio ocorrncia da infeco viral. A limitada durao da resistncia vertical em cultivares comerciais em muitas culturas tem obrigado os melhoristas a obter materiais com resistncia polignica. Raas que no interagem diferentemente com variedades do hospedeiro variam em agressividade. Este termo pode ser utilizado como sinnimo de patogenicidade horizontal. A herana parece ser polignica e as diferenas entre raas so mais quantitativas do que qualitativas. Esta forma de resistncia (resistncia horizontal) estvel porque as raas com os gens necessrios para quebr-la originam-se mais raramente. Enquanto que mudanas genticas simples no patgeno freqentemente bastam para quebrar a resistncia vertical (condicionada por um ou poucos gens simples) no caso da resistncia horizontal sero necessrias muitas mudanas genticas no patgeno para que seja quebrada a resistncia (condicionada por muitos gens). Portanto a estabilidade da resistncia horizontal est baseada na baixa probabilidade de ocorrncia de muitas alteraes do patgeno. Esta estabilidade tambm pode ser atribuda a estabilidade das raas do patgeno, no no sentido de evitar o aparecimento de novas raas ou desaparecimento das j existentes, mas pela manuteno de um equilbrio estvel entre elas. Efeito Vertifolia: Foi designado a partir de observaes realizadas sobre a variedade de batata Vertifolia, que foi selecionada para resistncia vertical a Phytophthora, e que no momento em que sua resistncia vertical foi quebrada apresentava nveis baixos de resistncia horizontal, a qual havia sido erodida. Efeito Epidemiolgico da Resistncia Horizontal: Aps o incio da epidemia observado o retardamento na progresso da doena. O mecanismo da resistncia horizontal no se baseia no pareamento de genes de resistncia especficos contra determinadas raas do patgeno. Sua ao acarreta uma reduo no dano produzido pelo patgeno.
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A resistncia horizontal reduz o ndice de infeco devido ao menor nmero de esporos ptos a formar leses; a formao das leses mais lenta aumentando o perodo de incubao; necessrio um maior perodo de tempo para produo de inculo secundrio; e os esporos so produzidos em menor abundncia. 2. MAPA GENTICO E MELHORAMENTO DE PLANTAS: At recentemente os marcadores genticos usados no desenvolvimento de mapas genticos nas plantas tm eram baseados em caracteres morfolgicos. O problema destes marcadores morfolgicos o seu efeito indesejvel sobre as caractersticas fenotpicas nos programas de melhoramento. Alem disto, eles mascaram o efeito dos genes ligados menores, tornando quase impossvel a identificao das ligaes desejveis quando da seleo. A construo de um mapa gentico detalhado em uma cultura de interesse agrcola capaz de disponibilizar grande quantidade de informao que os melhoristas podem usar para identificar, manipular, e complementar caracteres de interesse de sorte a obterem a sua mxima expresso. O auxilio que a construo de mapas genticos pode prestar ao melhoramento gentico de plantas pode ser enumerado nos seguintes aspectos: 1. Compreenso e explorao relativa ao gnica: Modelo aditivo: fentipo do hbrido intermedirio entre o fentipo dos parentais Modelo da dominnica: observada uma interao intrallica sendo possvel obter completa dominncia (se o fentipo do hbrido idntico a um dos parentais), dominncia parcial (o hbrido possui um fentipo mais prximo a um dos parentais), sobredominncia (o hbrido possui um fentipo superior a um dos parentais) Modelo episttico: interao interallica que resulta na dependncia do valor de um alelo, presente em um locus, ao alelo presente em outro locus. Modelo pleiotrpico: quando um gene simples controla mais do que uma caracterstica. 1.1. Segregao transgressiva: Quando os segregantes na populao F2 apresentam uma expresso fenotpica do caracter de interesse alem daquela demonstrada por um dos parentais. baseada no modelo aditivo do gene em cada locus individual (caracter qualitativo) e entre mltiplos loci (caracter quantitativo). A estratgia para utilizar a segregao transgressiva relaciona-se ao cruzamento de parentais que possuem diferentes alelos favorveis para o caracter, de tal modo que a prognie herde o mximo possvel das caractersticas de ambos parentais com o mnimo de caractersticas indesejveis. 1.2. Heterose: duas teorias so aceitas para explicar o mecanismo gentico da heterose, dominncia e epistasia. Dominncia: alelos dominantes diferentes doados pelos parentais mascaram o efeito deletrio dos alelos recessivos, de tal modo que a prognie expresse as caractersticas positivas dos parentais tendo as caractersticas indesejveis mascaradas. Sobredominncia: h uma superioridade inata dos heterozigotos sobre os homozigotos dominantes. Epistasia: as interaes interalelicas so difceis de acessar mesmo atravs da utilizao dos mapas genticos devido ao grande nmero de combinaes disponveis. Por outro lado, esta tarefa facilitada quando os genes so localizados e suas funes so melhor definidas. 1.3. Pleiotropismo: Difcil distinguir entre pleiotropismo de ligao gnica. Ligaes gnicas muito apertadas podem sugerir que dois ou mais caracteres so controlados pelo mesmo gene. Atravs dos mapas genticos possvel separar associaes fortes entre caracteres devido a ligaes gnicas daqueles devido a pleiotropismo. Com a informao sobre a localizao do gene, funo e ativao possvel inativar alguns genes que sabidamente
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controlam um caracter e determinar se existe uma correspondente falta de expresso de outras caractersticas. 2. Genes exticos: transferncia de genes gene Bt, gene para resistncia a insetos; gene da capa protica, resistncia a viroses genes para tolerncia a herbicidas genes para aumento na qualidade protica 3. Mapas genticos baseados na clonagem dos genes A partir do isolamento dos genes de resistncia, o estudo de sua forma de ao foi difcil e incompleto. Alem disto, a partir do isolamento e clonagem destes genes abriu-se a possibilidade de sua introduo em uma cultura outra cultura, onde a caracterstica de resistncia no fosse expressada. Um dos procedimentos para clonagem de genes sem o conhecimento do produto gnico o Transposon tagging. Este procedimento tem sido til na clonagem dos genes em espcies nas quais transposons so bem caracterizados. Um dos problemas relativos a esta tcnica a necessidade de que um grande nmero de indivduos mutantes tm que ser testados para que seja selecionado aquele contendo o transposon desejado. Tal fato pode limitar sua utilizao genes que controlem caracteres fenotpicos facilmente detectveis. A clonagem baseada no mapeamento fundamentada na ligao fsica a um marcador clonado do tipo RFLP. Uma vez que um marcador fortemente ligado ao transposon seja identificado, possvel isolar o gene de interesse explorando um fragmento do DNA ou mesmo todo o cromossoma onde ele est localizado. Marcadores baseados em RAPD-PCR tm sido utilizados no mapeamento gentico. Anlise baseada em bulks segregantes tm permitido a identificao de marcadores ligados a um locus de interesse, levando ao mapeamento de genes. 4. Marcadores moleculares: As razes para a utilizao de uma seleo indireta, via a utilizao de marcacores moleculares podem ser enumeradas como segue: Rpida identificao dos indivduos permitindo ainda no mesmo ciclo sua hibridao; Caracteres cuja expresso dificultada devido ao grande nmero de loci envolvidos (QTLs) ou devido a uma infeco improvvel, podem gerar uma avaliao direta imprecisa, enquanto que o uso de marcadores moleculares torna preciso e vivel a identificao dos indivduos portadores de tais genes; Dificuldade de selecionar indivduos para diversos caracteres simultaneamente. Tipos de marcadores: Com base em RFLP Restriction Fragment Lenght Polymorphism Com base em PCR: Polimerase Chain Reation: SSR: Single Sequence Repeat SCAR: Sequence Chacterized Amplified Regions AFLP: Amplified Fragment Lenght Polymorphism 3. ENGENHARIA GENTICA VISANDO RESISTNCIA A DOENAS: Objetivos Velocidade da ativao das defesas induzidas Ativao rpida resistncia Ativao lenta suscetibilidade Caracteres: PR protenas Protenas inativadoras do ribossomo
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Insensibilidade s toxinas Detoxificao das toxinas Fitoalexinas Manipulao dos genes de resistncia Gentica da interao entre patgeno e hospedeiro Gentica da resistncia de plantas no hospedeiras Evoluo da especificidade da interao entre patgeno e hospedeiro Melhoramento das culturas Expresso das espcies ativas de oxignio

Promotores: Sequenciamento do promotor determina tanto a natureza da enzima que liga-se ao promotor como a taxa com que o RNA sintetizado. Esta regio pode ser utilizada como marcador do gene, codificador da protena que aumenta ou confere resistncia, e transferido por engenharia gentica. Caractersticas dos promotores: Sua expresso especfica ao tipo de clula ou tecido Afetado pelo ambiente Cintica da ativao Atividade da expresso Promotor ideal: aquele que somente expressado em resposta ao ataque de um patgeno Promotor para uso geral: deve reter seu potencial de expresso e correta ativao em outras espcies alem daquela da qual o gene foi isolado. Genes de patogenicidade: Funes relativas patogenicidade Adeso superfcie do hospedeiro Estruturas para penetrao fngica Degradao da cutcula e parede celular do hospedeiro Produo de toxinas Estabelecimento da infeco Reconhecimento especfico de sinais da planta: topografia da folha, sinais qumicos oriundos de ceras epicuticulares e camadas subcuticulares das plantas. Enzimas degradadoras da parede celular: enzimas especficas induzidas por diferentes sinais na medida em que a parede celular for sendo progressivamente rompida. Gene da cutinase Gene da pectinase Sinais: fragmentos pecticos liberados pela parede celular do hospedeiro podendo atuar tambm como indutores das defesas da planta. Detoxificao de fitoalexinas: pisatina pode alterar o grau de patogenicidade de um fungo Tcnicas utilizadas na manipulao de patgenos Complementao por mutagnese Mutagnese atravs de transposons Anlise funcional: observao da expresso gnica e dos produtos da ao gnica

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4. TECNOLOGIA UTILIZADA NA OBTENO DE PLANTAS POR ENGENHARIA GENTICA: Escolha de clulas aptas transformao: Tecidos em cultura devem produzir acetosiringosina ou outro composto capaz de induzir os genes vir Clulas transformadas devem ser competentes para a regenerao Construo dos genes: Organizao bsica Seqncias promotoras e regulatrias Genes reprteres para estudar a expresso gnica (nos, cat, lux, nptII, gus) Genes marcadores selecionveis (KanR, hyhR) Transformao utilizando-se o plasmidio Ti de Agrobacterium Plasmideo Ti: T-DNA + gene vir (virA, virG, virB, virC, virD, virE) Transferncia do T-DNA: regies Tl e TR; seqncias da borda (RB, LB); seqncia ode Vetores baseados no Plasmideo Ti: desarmado, binrios (trans vetores), co-integrado (cis-vetores) Exigncias da tcnica: Limitaes de algumas espcies (monocotileddenas) Competncia da clula para transformao Tecido vegetal utilizado para a transformao (protoplastos, suspenso de clulas, tecido caloso) Escolha do vetor Escolha do gene marcador Transformao via transferncia direta do gene: Transferncia direta ao protoplasma: tratamentos qumicos, eletroporao Transferncia direta a clulas ou tecidos: bombardeamento ou microinjeo Critrios para acessar a transformao: Evidncias moleculares genticas Expresso gnica Evidncias fenotpicas Herdabilidade dos transgenes ou de sua atividade Expresso, integrao e herdabilidade dos genes inseridos Expresso transitria Integrao Integrao estvel Herdabilidade dos genes introduzidos

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AULA 8 CONTROLE FISICO E BIOLGICO: 1. CONTROLE FSICO Nesta modalidade de controle so utilizados vrios agentes fsicos para reduzir o inculo ou o desenvolvimento das doenas. Os principais so a temperatura, a radiao, a ventilao e a luz. Termoterapia de rgos de propagao: O principal objetivo da termoterapia a obteno de material de propagao vegetal livre de patgenos. Com tal propsito, a termoterapia um mtodo efcente, que consegue eliminar os patgenos, tanto interna quanto externamente, dos tecidos do hospedeiro. O princpio bsico da termoterapia reside no fato de que o patgeno eliminado por tratamentos em determinadas relaes tempo-temperatura que produzem poucos efeitos deletrios no material vegetal. Neste caso, quanto maior for a diferena entre a sensibilidade trmica do hospedeiro e do patgeno, maiores sero as chances de sucesso da termoterapia. Vrios fatores podem afetar a sensibilidade trmica, como o teor de umidade do material vegetal; o nvel de dormncia; a idade e o vigor especialmente das sementes; a condio das camadas externas do material devido ao efeito de diversas variveis, a relao tempo-temperatura no pode ser reduzida a uma frmula geral aplicvel a todos os casos. Ela deve ser determinada experimentalmente, sendo que, de modo geral, escolhida a menor temperatura letal ao patgeno, no menor tempo, resultando em um tratamento uniforme e com menor gasto de energia. O mecanismo de ao da temperatura, tanto no controle de patgenos quanto na injria do hospedeiro, complexo, sendo que um ou vrios fatores podem estar envolvidos, como desnaturao de protenas, liberao de lipdeos, destruio de hormnios, asfixia de tecidos, destruio de reservas e injria metablica com ou sem acmulo de intermedirios txicos. O tratamento pelo calor pode ser feito, basicamente, de duas formas: atravs de uma intensa e curta exposio, geralmente usada para erradicao de microrganismos, ou atravs de uma pouco intensa e longa exposio ao calor, utilizada para reduzir a concentrao do patgeno na planta e, geralmente, associada cultura de meristemas. Para tanto, o material de propagao pode ser tratado com gua quente, ar quente ou vapor. De modo geral, o tratamento com gua quente feito com maiores temperaturas do que o mtodo com ar quente. Uma variao do mtodo a inativao trmica localizada de vrus de plantas em borbulhas ou garfos enxertados em cavalos imunes, por meio de mini-cmaras. A aplicao do calor localizada na parte do porta-enxerto na qual foi enxertada a borbulha ou o garfo infectados, ficando o restante da planta fora da cmara, sob condies de casa de vegetao. Tratamento trmico do solo: 1. Vapor: A desinfestao do solo pelo tratamento trmico em casa de vegetao ou em canteiro geralmente feita atravs do uso de vapor. O solo coberto com uma lona e o vapor produzido por uma caldeira, injetado sob a cobertura. Substratos tambm podem ser desinfestados em cmaras especiais, onde o vapor injetado sob presso, como no caso de autoclaves. Uma das vantagens do mtodo ausncia de resduos txicos, como pode ocorrer com o tratamento qumico, embora possa haver o acmulo, em nvel txico, de certos nutrientes, como o mangans, por exemplo. A elevao da temperatura durante a desinfestao pode causar diversas reaes qumicas no solo. A decomposio da matria orgnica acelerada, causando a liberao de amnia, dixido de carbono e produtos orgnicos. Os materiais inorgnicos so degradados ou alterados; os nitratos e nitritos so reduzidos a amnia e a solubilidade ou disponibilidade dos nutrientes modificada. Aps o tratamento trmico, o equilbrio da populao microbiana, construdo aps longa interao dos vrios componentes, destrudo ou profundamente modificado. De modo geral, as altas temperaturas atingidas tornam o tratamento no seletivo, resultando na erradicao dos microrganismos, criando espaos estreis, denominados vcuos biolgicos.
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A recolonizao do solo feita, basicamente, atravs dos microrganismos termotolerantes sobreviventes, dos microrganismos do solo adjacente no tratado, do ar da gua ou daqueles introduzidos com material vegetal. A forma como realizada a recolonizao do solo tratado de grande importncia para a ocorrncia de doenas de Plantas: a reduo da populao de antagonistas como resultado do tratamento trmico geralmente significa uma rpida disseminao do patgeno reintroduzido. Assim, todos os cuidados devem ser tomados para evitar a reintroduo do patgeno no solo tratado. 2. Solarizao do Solo: A solarizao um mtodo de desinfestao do solo, desenvolvido em Israel, para o controle de patgenos, pragas e plantas daninhas atravs do uso da energia solar. O mtodo consiste na cobertura do solo com filme plstico transparente, antes do plantio, preferencialmente durante o perodo de maior incidncia de radiao solar. O aumento do teor de umidade do solo antes da cobertura, quer seja atravs de irrigao ou chuva, ajuda o processo, visto que em solo mido as estruturas de resistncia dos patgenos geralmente so mais sensveis ao calor, a condutividade trmica do solo aumentada, assim como a atividade biolgica, fatores que podem acelerar o controle dos patgenos. Aps a cobertura, as camadas superficiais do solo apresentam temperaturas superiores s do solo descoberto, sendo que o aquecimento menor quanto maior for a profundidade. Por este motivo, a cobertura deve permanecer durante um perodo suficiente (geralmente um ms ou mais) para ocorrer o controle dos patgenos nas camadas mais profundas do solo. A elevao da temperatura do solo pela solarizao tem um efeito inibitrio ou letal aos organismos. Parte da populao de patgenos morta pela exposio a altas temperaturas, que geralmente ocorrem nas camadas superficiais do solo solarizado. Devido ao fato das temperaturas atingidas pelo solo durante a solarizao serem relativamente baixas, quando comparadas com o controle atravs de aquecimento artificial, os seus efeitos nos componentes biticos do solo so menos drsticos. De modo geral, os microrganismos saprfitas, dentre eles inmeros antagonistas, so mais tolerantes ao calor do que os patgenos de plantas. Enquanto populaes de muitos microrganismos so reduzidas imediatamente aps a solarizao, diversos actinomicetos, fungos termfilos e termotolerantes e Bacillus spp. so menos afetados ou at mesmo estimulados. No h a eliminao de todos os microrganismos durante a solarizao, como ocorre no tratamento com vapor ou com fumigantes, no sendo criado, portanto, o chamado vcuo biolgico. A sobrevivncia de tais microrganismos dificulta a reinfestao do solo, promovendo um efeito a longo prazo do tratamento. A solarizao do solo no pode ser considerada um mtodo ideal de controle, visto que diversas limitaes restringem o seu uso, como a necessidade de mquinas para sua aplicao em extensas reas; o custo do tratamento; a necessidade do terreno permanecer sem ser cultivado durante o perodo; a difcil drenagem de grandes reas com acentuado declive durante a solarizao, alm de possveis limitaes climticas. Entretanto, devido facilidade e segurana de aplicao, tanto para o agricultor quanto para o ambiente, a solarizao pode ser considerada como uma das alternativas para o controle de patgenos habitantes do solo dentro de um sistema de manejo integrado. Refrigerao: O mtodo fsico mais conhecido e largamente utilizado para controlar doenas de produtos frescos a refrigerao. Entretanto, apesar de ser comum e de fcil utilizao, muitas vezes mal empregado. As baixas temperaturas no destroem os patgenos que esto dentro ou fora dos tecidos dos vegetais frescos. Elas apenas retardam ou inibem o crescimento e as atividades dos patgenos. Dessa forma, h reduo do desenvolvimento das infeces existentes e evita-se o incio de novas infeces. A temperatura adequada para ser utilizada aquela que mantm as qualidades dos frutos e das hortalias, sendo geralmente apropriada para reduzir os danos em ps-colheita causados por doenas. Muitas vezes, as baixas temperaturas isoladamente so insuficientes para um controle adequado das doenas, havendo necessidade do emprego de mtodos suplementares. Atmosfera controlada ou modificada:
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Esta tcnica utilizada para aumentar a conservao dos alimentos aps a colheita por na de 5-7%, para reduzir a respirao dos frutos, supresso da taxa de respirao e/ou de doenas, atravs da alterao da composio de gases durante o armazenamento ou transporte. A alterao na concentrao de C0 2 e 02 nas condies de armazenamento pode inibir o desenvolvimento de patgenos diretamente, atravs da supresso do crescimento e, indiretamente, atravs da manuteno da resistncia do hospedeiro, retardando os processos de maturao e senescncia. Os efeitos benficos da baixa concentrao de oxignio nos frutos s se tornam evidentes em atmosferas com menos que 5% de O2. Os benefcios so aumentados com a reduo no nvel de oxignio. Para C02, h necessidade de elevar sua concentrao acima de 5% para haver efeito sobre as doenas de ps-colheita. Assim, devido s dificuldades de obter baixas concentraes de O2 (< 1%) e altas de CO2 (15-20%), recomendada a utilizao do efeito combinado de baixo O2 e alto CO2, pois seus efeitos so aditivos. Dessa forma, so normalmente utilizadas atmosferas com a concentrao de O2 na faixa de 23% e de CO2 Eliminao de determinados comprimentos de onda: Filmes plsticos com capacidade de absorver luz ultravioleta vm sendo utilizados para reduzir a incidncia de doenas fngicas de plantas cultivadas em casa-de-vegetao. Filtros que limitam a passagem dos comprimentos de ondas menores que 390 nm tm sido eficientes no controle da brusone (Pyricularia oryzae) em plntulas de arroz, do mofo cinzento (Botrytis cinerea) do tomateiro, da podrido do caule (Sclerotinia sclerotiorum) do pepino e da berinjela, da queima das folhas (Alternaria dauci) da cenoura, da queima das pontas das folhas (Alternaria porri) da cebola e da mancha foliar de estenflio (Stemphylium botryosum) em aspargo. Outra opo que vem sendo testada a utilizao de plsticos que absorvem os raios infravermelhos. Nesse caso, a no transmisso de raios infravermelhos emitidos pela terra e pelas plantas durante a noite permite a manuteno da temperatura interna da casa-de-vegetao, evitando que as plantas sofram com a queda brusca da temperatura. Alm deste efeito, a manuteno da temperatura noturna reduz a umidade relativa e, consequentemente, no favorece doenas foliares. Radiao: Em proessamento de alimentos, a energia ionizante utilizada, principalmente, para eliminar ou reduzir a populao de microrganismos e de insetos, para inibir a germinao de bulbos e tubrculos e para retardar a maturao e senescncia das frutas. O Co e o Ce , geradores de feixes de eltrons e de raio X, so as fontes de energia ionizante aprovadas para uso em processamento de alimentos. O Co e o Ce emitem raios gama. Essas fontes, com certas limitaes quanto ao mximo de energia para feixes de eltrons e raios X, foram selecionadas, em parte, por no produzirem radioatividade residual mensurvel nos alimentos. Doses elevadas de energia ionizante matam todos os organismos, desde as formas mais simples at as mais complexas, sendo a danificao do DNA a causa principal da morte das clulas. Determinada dose pode ser fatal para certas clulas enquanto somente causa injria em outras similares, que sob certas condies so reparadas. O potencial de uso da energia ionizante para o controle de doenas de ps-colheita depende da sensibilidade do microrganismo e da relativa capacidade do produto para suportar a dose requerida. A eficcia da energia ionizante no controle de microrganismos depende da especificidade do organismo, do seu estdio de crescimento e do nmero de clulas viveis no tecido. Geralmente, a dose mnima requerida para inibio efetiva de fungos em ps-colheita de 175 krad, sendo que muitos produtos frescos toleram at, aproximadamente, 225 krad, sem sofrer srios danos. O uso combinado de radiao ionizante com gua quente benfico devido ao efeito sinergstico. Na frica do Sul, utilizada comercialmente a combinao gua quente (55C por 5 min) com radiao (75 krad) para o tratamento de mangas, sendo relatada a ao sinergstica para o controle da antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) e da podrido mole (Hendersonia creberma).
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Apesar dos resultados positivos, especialistas esto convencidos de que, at hoje, um emprego mais intenso das radiaes no ocorreu devido ao preconceito generalizado contra qualquer tipo de tcnica nuclear. Entretanto, alimentos submetidos a essas radiaes no apresentam contaminao, sendo mais seguros do que o emprego de muitos pesticidas. 2. CONTROLE BIOLGICO: O controle biolgico de doenas de plantas iniciou-se como cincia em 1926, quando B.B. Sanford publicou um trabalho sobre fatores que afetavam a patogenicidade de Streptomyces scabies, agente causal da sarna comum da batata. Em 1931, Sanford e W.C. Broadfoot empregaram pela primeira vez o termo controle biolgico, em um artigo sobre o mal-do-p do trigo, causado por Gaeumannomyces graminis var. tritici. No contexto do controle biolgico, doena o resultado de uma interao entre hospedeiro, patgeno e diversos no patgenos que tambm habitam o stio de infeco e que apresentam potencial para limitar a atividade do patgeno ou aumentar a resistncia do hospedeiro. Deste modo, os componentes do controle biolgico so o patgeno, o hospedeiro e os antagonistas, sob a influncia do ambiente, todos interagindo num sistema biolgico. O controle biolgico de doenas de plantas pode ser definido como a reduo da densidade de inculo ou das atividades determinantes da doena, atravs de um ou mais organismos. Nesta definio, as atividades determinantes da doena envolvem crescimento, infectividade, agressividade, virulncia e outras qualidades do patgeno ou processos que determinam infeco, desenvolvimento dos sintomas e reproduo. O controle biolgico, ao contrrio do qumico, no apresenta efeito imediato e espetacular. O nvel de controle obtido com o mtodo biolgico, isoladamente, pode estar abaixo do necessrio para que danos produo no ocorram. Assim, h necessidade de integrao dos mtodos, de modo a haver mnima interferncia entre os mtodos aplicados. Adicionalmente, seria interessante a ocorrncia de um efeito aditivo ou sinergstico, em que cada medida de controle reforce as demais. Dessa forma, o controle biolgico deve atuar em um contexto de equilbrio biolgico, sem o qual sua chance de sucesso ser menor. A imensa dificuldade no entendimento dos fatores que influenciam a atividade microbiana no solo e na superfcie das plantas tm impedido o desenvolvimento do controle biolgico como uma prtica de benefcio comercial, fazendo com que alguns autores refiram-se ao controle biolgico de plantas como uma rea de estudo fascinante e desafiadora, mas por outro lado desilusiva e frustrante.

2.1. Mecanismos de ao antagnica: O conhecimento dos mecanismos de antagonismo essencial no desenvolvimento de modelos racionais para a introduo de biocontroladores em agroecossistemas. Os mecanismos bsicos de antagonismo podem ser divididos em:
Antibiose: interao entre organismos, na qual um ou mais metablitos produzidos pelo antagonista tm efeito negativo sobre o fitopatgeno, resultando na inibio do crescimento e/ou germinao. Competio: interao entre dois ou mais organismos empenhados na mesma ao, ocorrendo principalmente por alimentos (carboidratos, nitrognio e fatores de crescimento), por espao e por oxignio. Parasitismo: fenmeno em que determinado microrganismo se nutre das estruturas vegetativas e/ou reprodutivas do outro. Os hiperparasitas atacam hifas, estruturas de resistncia e de reproduo dos fitopatgenos. Hipovirulncia: introduo de linhagem do patgeno menos agressiva ou no patognica, que pode transmitir esta caracterstica para as linhagens patognicas. Predao: quando um organismo obtm alimento a partir de fitopatgenos e de vrias outras fontes. Induo de resistncia: estmulo dos mecanismos de defesa do hospedeiro pela introduo de organismos no patognicos e/ou seus metablitos e/ou linhagens fracas ou avirulentas do patgeno.
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Na prtica, provavelmente poucos organismos exeram um nico mecanismo antagnico. Um antagonista pode atuar atravs de um ou mais mecanismos, o que constitui uma caracterstica muito desejvel, pois as chances de sucesso do controle biolgico sero aumentadas. Alm disso, os mecanismos no so mutuamente exclusivos ou excludentes, pois sua importncia relativa pode variar com as condies ambientais e estado de desenvolvimento do agente biocontrolador e do fitopatgeno. 2.2. Seleo de microrganismos antagnicos: A seleo de microrganismos antagnicos constitui a base fundamental de todo o programa de controle biolgico de doenas de plantas, determinando as chances de sucesso. As principais caractersticas desejveis em um agente biocontrolador de doenas de plantas incluem: Ser geneticamente estvel; Ser efetivo a baixas concentraes; No ser exigente em requerimentos nutricionais; Ter habilidade para sobreviver sob condies adversas; Ser eficiente contra uma vasta gama de patgenos em vrias hospedeiras; Ser hbil para desenvolver em um meio de cultura barato em fermentadores; Ser preparvel em uma forma de efetivo armazenamento; Ser tolerante a pesticidas; Ser compatvel com outros tratamentos fsicos e qumicos; No ser patognico ao homem.

A escolha da espcie ou isolado do antagonista depende de vrios fatores, sendo um dos mais importantes a natureza do patgeno a ser controlado, o que pode auxiliar na seleo do mecanismo apropriado. A distino entre atividade antagnica e capacidade de biocontrole necessita ser efetuada claramente, pois um microrganismo pode ser um excelente antagonista atravs de todos os testes realizados em condies controladas e no demonstrar atividade na natureza, simplesmente porque no coloniza o hospedeiro. Na Tabela 19 so apresentadas algumas doenas fngicas que tem sido pesquisadas visando o controle atravs de microrganismos antagonistas. Fungos dos gneros Trichoderma e Gliocladium, bem como bactrias dos gnero Bacillus e Pseudomonas do grupo fluorescente, destacam-se dentre os agentes de biocontrole mais intensamente pesquisados e/ou utilizados. Tabela 19. Exemplos de controle biolgico:
Doenas Tombamento de plntulas Podrides de sementes, razes e caules Murchas vasculares Manchas e queimas foliares Ferrugens Mildios e odios Cancros de caule Podrides de frutos Agentes causais Rhizoctonia solani, Pythium Rhizoctonia, Pythium, Sclerotium, Phytophthora, Thielaviopsis, Sclerotinia, Gaeumannomyces Fusarium, Verticilium Cercospora, Alternaria, Curvularia, Venturia Puccinia, Uromyces, Melampsora, Cronartium Sphaerotheca, Podosphaera Nectria Botrytis, Monilinia, Mucor, Penicillium, Rhizopus Antagonistas Pseudomonas, Bacillus, Enterobacter, Trichoderma, Gliocladium Bacillus, Pseudomonas, Trichoderma, Gliocladium, Coniothyrium, Verticilium Bacillus, Pseudomonas, Trichoderma, Talaromyces, Fusarium Bacillus, Pseudomonas, Trichoderma, Athelia, Alternaria Bacillus, Pseudomonas, Darluca, Scytalidium, Verticilium Ampelomyces Bacillus, Trichoderma Bacillus, Enterobacter, Pseudomonas, Trichoderma, Gliocladium, leveduras Bacillus, Pseudomonas, Trichoderma, Cryphonectria, Peniphora

Declnios de rvores

Heterobasidium, Chondrosterem

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2.3. Estratgias de utilizao do controle biolgico: Na utilizao do controle biolgico de doenas de plantas trs amplas estratgias podem ser seguidas: Controle biolgico do inculo do patgeno; Proteo biolgica da superfcie da planta; Controle biolgico atravs da induo da resistncia. O controle biolgico do inculo do patgeno ocorre longe da planta hospedeira e envolve a destruio ou mutilao do inculo do patgeno ou a preveno de sua formao, providos por rotao de culturas, arao e aplicao de antagonistas em pr-plantio ou no sulco de plantio. A proteo biolgica da superfcie da planta ocorre sobre a planta e agrupa a maior parte dos sucessos recentes do controle biolgico pela introduo massal de antagonistas. A induo de resistncia ocorre dentro da planta, aplicada ao controle de viroses e patgenos vasculares. O emprego de microrganismos como agentes de controle biolgico de fitopatgenos ocorre principalmente: No tratamento de sementes; No tratamento do solo; No tratamento da parte area das plantas; No tratamento de ferimentos de poda.

1. Microbiolizao de rgos de propagao: o tratamento de sementes, mudas ou outros rgos de propagao com antagonistas pode promover a proteo durante a germinao, emergncia, emisso de razes e brotos. Existem indicaes que os antagonistas protegem as sementes, mas no o sistema radicular. O maior sucesso com a microbiolizao de rgos de propagao, sem dvida, o controle da galha bacteriana (Agrobacterium tumefaciens) das rosceas com a estirpe K84 de Agrobacterium radiobacter. O sucesso do controle biolgico atravs da microbiolizao de rgos de propagao depende do estabelecimento e da manuteno de um limiar populacional dos antagonistas sobre as sementes, razes ou solo. 2. Controle biolgico de patgenos habitantes da espermosfera: o tratamento de sementes com microrganismos antagnicos, denominado microbiolizao de sementes, pode proporcionar o controle de patgenos habitantes da superfcie das sementes e de patgenos veiculados pelo solo. Os principais organismos utilizados para tratamento de sementes so fungos (Aspergillus spp., Chaetomium spp, Gliocladium spp. e Trichoderma spp.) e bactrias (Agrobacterium radiobacter, Bacillus spp. e Pseudomonas spp.). A nvel mundial, so registrados e utilizados para tratamento de sementes: Agrobacterium radiobacter, para o controle da galha da coroa das rosceas, causada por Agrobacterium tumefaciens; Pseudomonas fluorescens, para o controle de Rhizoctonia e Pythium do algodoeiro; Bacillus subtilis, para o controle de Rhizoctonia solani em amendoim. 3. Controle biolgico de patgenos habitantes do solo: a ocorrncia de doenas de plantas causadas por patgenos habitantes do solo indica a existncia de um desequilbrio biolgico no solo. Assim, para obter um controle satisfatrio destas doenas h necessidade de conhecer as interaes existentes neste ambiente. Os patgenos habitantes do solo so controlados pela ao de medidas que atuam destruindo as unidades propagativas (propgulos) prevenindo a formao do inculo no solo ou destruindo o inculo presentes em resduos infectados, reduzindo o vigor e a virulncia do patgeno, e promovendo o desenvolvimento das plantas. O controle biolgico de patgenos habitantes do solo pode ser obtido pela manipulao do ambiente e pela introduo de antagonistas, tanto no solo quanto nos rgos de propagao das plantas. 3.1. Manipulao do ambiente para patgenos habitantes do solo:
A manipulao do ambiente do solo procura prevenir o aumento e a formao de inculo do patgeno, desalojar os patgenos dos resduos das culturas, destruir os propgulos dos patgenos e estimular a populao de microrganismos benficos e/ou antagnicos. As interaes microbianas em
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alguns solos podem naturalmente prevenir o estabelecimento de patgenos ou inibir suas atividades patognicas. Entretanto, pouca ateno tem sido dada a esse fenmeno, que denominado de solo supressivo, oposto de solo conducente. Solo supressivo no significa, necessariamente, que ocorreu a eliminao do patgeno mas, sim, indica que a doena foi suprimida. Como o controle biolgico raramente erradica os patgenos, o controle depende da manipulao do equilbrio biolgico existente no solo. As chances de sucesso do controle biolgico so aumentadas quanto maior e mais variada for a populao microbiana do solo, havendo necessidade de intensificar as atividades dos antagonistas desejveis que esto presentes no solo. Esta intensificao das atividades pode ser obtida utilizando rotao de cultura; acrscimo de substratos orgnicos que estimulem os antagonistas; alterao do pH do solo a um nvel favorvel aos antagonistas e desfavorvel aos patgenos; utilizao de mtodos de cultivo que melhorem a estrutura do solo; escolha de poca de semeadura que seja mais favorvel ao desenvolvimento do hospedeiro e dos antagonistas que do patgeno; acrscimo de materiais orgnicos que, por competio, reduzam a disponibilidade de nitrognio; utilizao de irrigao que assegure o desenvolvimento do hospedeiro e favorea os antagonistas; seleo de mtodos de cultivo que favoream os antagonistas na profundidade do solo em que a infeco do hospedeiro ocorre.

3.2. Introduo de antagonistas no solo:


Para que os antagonistas sejam eficientes no desalojamento dos patgenos presentes no solo, um perodo de tempo necessrio. As estruturas dos patgenos podem ser parasitadas ou cidads ou inviabilizadas pela liberao de metablitos produzidos pelos antagonistas. A podrido das razes e do colo da macieira causada por Phytophtora spp. e seu antagonista Trichoderma.

4. Controle biolgico de patgenos da parte area: com a compreenso da natureza fsica, qumica e microbiolgica da superfcie foliar, tornou-se largamente reconhecido que grandes populaes de microrganismos epifticos vivem na superfcie foliar e so capazes de influenciar as espcies patognicas no processo de infeco das folhas e caules. 4.1. Sucesso Microbiana na Superfcie das Folhas:
O ambiente da superfcie foliar difere sensivelmente daquele do solo, caracterizando-se pela ocorrncia de maiores e mais rpidas variaes. Temperatura e umidade variam mais ampla e rapidamente, estando os microrganismos expostos ao das chuvas. Outro aspecto importante a disponibilidade de nutrientes (exsudatos foliares, resduos orgnicos, gros de plen, secrees de afdios, macro e microelementos, diversas substncias orgnicas, etc.). Como conseqncia das mudanas no ambiente e na disponibilidade de nutrientes, ocorrem sensveis alteraes nas populaes microbianas patognicas e epifticas da superfcie foliar. Os microrganismos do filoplano comumente encontrados so bactrias, leveduras e fungos filamentosos. No incio do desenvolvimento da planta, as bactrias constituem-se nas colonizadoras mais freqentes. Com o desenvolvimento do hospedeiro, ocorre o aumento a quantidade de acares nas folhas e, com isso, inicia o prximo estgio da sucesso microbiana, marcada pelo aumento da populao de leveduras. Os esporos dos fungos filamentosos, mesmo depositados na superfcie foliar permanecem dormentes. Entretanto, quando as folhas atingem o estdio de senescncia, a dormncia pode ser vencida, ocorrendo inclusive a colonizao dos tecidos internos da planta. Assim, na senescncia, aumenta a populao de fungos filamentosos, que inclusive passam a nutrir bactrias e leveduras. A sucesso apresentada considera a populao dominante nos diferentes estdios pois, de modo geral, os diversos microrganismos esto presentes simultaneamente, sendo este fato de relevante importncia para o controle biolgico natural. O equilbrio da populao microbiana do filoplano pode ser facilmente quebrado pela influncia humana. A modificao da superfcie foliar e de seu microambiente pode ocorrer devido poluio ou aplicao de produtos qumicos (fungicidas, inseticidas, herbicidas, hormnios, acaricidas e fertilizantes). Essas alteraes podem interferir na ocorrncia de doenas, pois haver uma reduo da populao microbiana saproftica, surgindo a oportunidade de desenvolvimento de um outro patgeno que tinha, inicialmente, importncia secundria.

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4.2. Ocorrencia natural do Controle Biolgico:


Microrganismos parasitas de plantas constituem uma pequena frao dos habitantes das proximidades e das superfcies dos rgos das plantas. A ocorrncia natural do controle biolgico comprovada pelas mudanas causadas pelo emprego continuado de fungicidas. A populao de microrganismos antagnicos do filoplano consiste, basicamente, de bactrias e fungos (filamentosos e leveduriformes). Neste ambiente, a competio, a antibiose, o parasitismo e a induo de resistncia so intensas, resultando num controle natural de doenas foliares. possvel que o parasitismo seja o mecanismo mais eficiente no controle biolgico natural, pois hiperparasitas, por viverem s custas do prprio patgeno, so menos sujeitos s variaes do ambiente.

4.3. Utilizao de Antagonistas para Controle Biolgico:


A maneira usual de controlar biologicamente um patgeno do filoplano atravs da introduo de antagonistas na folha. Para ser bem sucedido, o antagonista deve, preferencialmente, multiplicar-se e colonizar a superfcie da planta. Para cada patossistema existe um local mais apropriado para realizar a seleo de antagonistas. No entanto, as chances de obteno de microrganismos efetivamente antagnicos so aumentadas fazendo-se isolamentos no prprio ambiente onde os antagonistas sero utilizados. A utilizao de microrganismos com reconhecida capacidade antagnica e no residentes no filoplano tambm tcnica comum em controle biolgico de doenas da parte area. Uma das vantagens abreviar o perodo de seleo de antagonistas nas fases iniciais do trabalho. O sucesso do controle biolgico de doenas da parte area depende do modelo biolgico escolhido. Para as culturas perenes, a utilizao de antagonistas que atuam atravs do hiperparasitismo conduz a resultados mais promissores, pois o estabelecimento do antagonista facilitado. Para as culturas anuais, os antagonistas que atuam atravs da antibiose apresentam maiores chances de sucesso, sendo mais indicados para doenas que ocorrem em perodos definidos e, preferencialmente, isoladas.

5. Controle biolgico de doenas ps-colheita: o controle biolgico de patgenos que ocorrem em ps-colheita pode ser realizado durante o ciclo da cultura ou aps a colheita. O controle, ainda no campo, tem por objetivo evitar a penetrao dos patgenos nos tecidos dos frutos e hortalias e seu posterior desenvolvimento durante o armazenamento. O controle aps a colheita tem dois objetivos: evitar que os patgenos latentes nos tecidos causem podrides e impedir novas infeces. Uma das grandes dificuldades na utilizao de antagonistas para o controle de doenas a impossibilidade do controle das condies ambientes. So inmeros os exemplos de antagonistas bem sucedidos em laboratrio e condies controladas que fracassam quando submetidos ao ambiente natural, com baixa umidade e presena de raios ultravioleta. E, como os produtos armazenados normalmente esto sob condies controladas de temperatura e umidade relativa, trs fatores indicam ser o controle biolgico em ps-colheita vivel e passvel de explorao: controle das condies ambientes; limitao da superfcie de aplicao dos antagonistas; economicamente praticvel sob condies de armazenamento. Tabela 20. Exemplos de produtos biolgicos comercializados para o controle de fitopatgenos a nvel mundial.
Produto(s)
Norbac 84-C; Agtrol; Galtrol; Diegal Kodiak Blue Circle; Intercept Dagger Polygandron Binab-T Trichodex Royal 350 Mycostop Coniothyrin Glio Gard

Antagonista formulado
Agrobacterium radiobacter Bacillus subtilis Pseudomonas cepacia Pseudomonas fluorescens Pythium oligandrum Trichoderma harzianum Trichoderma harzianum Arthrobotrys superba Streptomyces griseovirides Coniothyrium minitans Gliocladium virens

Patgeno(s) controlado(s)
Agrobacterium tumefaciens Rhizoctonia spp. e Pythium spp. Rhizoctonia spp. e Pythium spp. Rhizoctonia spp. e Pythium spp. Pythium ultimum Verticillium malthousei Rhizoctonia spp., Pythium spp. e Slerotium rolfsii Meloidogyne spp. Alternaria sp. e Fusarium spp. Sclerotinia sclerotiorum Rhizoctonia spp. e Pythium spp.

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AULA 9: CONTROLE CULTURAL DE DOENAS DE PLANTAS O controle cultural das doenas consiste basicamente na manipulao das condies de pr-plantio e durante o desenvolvimento do hospedeiro em detrimento ao patgeno, objetivando a preveno ou a intercepo da epidemia por outros meios que no sejam a resistncia gentica e o uso de pesticidas. O objetivo primrio do controle cultural reduzir o contato entre o hospedeiro suscetvel e o inculo vivel de maneira a reduzir a taxa de infeco e o subseqente progresso da doena. De um modo geral pode considerar-se que as medidas de controle culturais visam evitar a doenas ou suprimir o agente causal objetivando, portanto, a obteno de plantas sadias mais do que controlar o agente causal. Os princpios que fundamentam o controle cultural so: supresso do aumento e/ou a destruio do inculo existente; escape das culturas ao ataque potencial do patgeno; regulao do crescimento da planta direcionado a menor suscetibilidade. A maioria dos fitopatgenos apresenta uma fase em seu ciclo vital caracterizada pelo parasitismo, na qual ocorre a explorao nutricional do hospedeiro pelo parasita. Em conseqncia, so observados os sintomas e os danos correspondentes, atravs da diminuio no rendimento da cultura. Alguns parasitas, denominados necrotrficos, tm a faculdade de, aps a senescncia da planta cultivada, continuar a nutrir-se dos tecidos mortos. Esta fase do ciclo biolgico caracterizada pelo saprofitismo. Nos intervalos entre perodos de parasitismo, os patgenos encontram-se em um ambiente menos favorvel e, provavelmente, mais vulnervel s prticas de controle cultural. O conhecimento da biologia de um fitopatgeno leva ao entendimento de onde, como e por quanto tempo ele sobrevive na ausncia da planta hospedeira cultivada e de como pode ser racionalmente controlado. A prtica cultural mais empregada pelos agricultores a rotao de culturas, cujo efeito principal relacionase fase de sobrevivncia do patgeno. Nesta fase, os patgenos so submetidos a uma intensa competio microbiana, durante a qual, geralmente, levam desvantagem. Correm, tambm, o risco de no encontrar o hospedeiro, o que determina, geralmente, sua morte por desnutrio. Isto ocorre no perodo entre dois cultivos de uma planta anual, durante a fase saproftica. Os patgenos radiculares, por exemplo, sobrevivem durante este perodo atravs da colonizao saproftica dos restos de cultura como, por exemplo, Gaeumannomyces graminis var. tritici, agente causal do mal-do-p, e Bipolaris sorokiniana, agente causal da podrido comum de razes e da helmintosporiose, ambos afetando a cultura do trigo. No caso de B. sorokiniana, a sobrevivncia pode ocorrer em sementes ou ainda na forma de condios livres, dormentes, no solo. Giberella zeae, agente causal da podrido rosada da espiga do milho e da giberela do trigo, apresenta habilidade de competio saproftica, ou seja, extrai nutrientes de vrios substratos, alm do milho e do trigo. Diversas outras prticas culturais podem ser empregadas com sucesso, destacando-se: uso de material propagativo sadio eliminao de plantas vivas doentes ("roguing") eliminao ou queima de restos de cultura inundao de campos e pomares incorporao de matria orgnica no solo preparo do solo (arao) fertilizao (nitrognio, fsforo, potssio, clcio) irrigao densidade de plantio pocas de plantio e colheita enxertia e poda barreiras fsicas e meios ticos para controle de vrus
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importante salientar que o uso destas tcnicas isoladamente quase sempre insuficiente para chegar a um controle adequado da doena. O uso de combinaes destas tcnicas, aliado ao emprego de outras formas de controle de doenas, como o controle qumico e o controle gentico, no entanto, altamente eficiente e recomendvel e denomina-se de Manejo Integrado de Doencas.

Rotao de culturas: A rotao de culturas, a prtica mais antiga no controle de doenas e de pragas, continua sendo a mais eficiente entre os mtodos culturais de controle. No Brasil, nfase ao controle de doenas pela rotao de culturas, tem sido dada em cereais de inverno. A rotao de culturas o cultivo alternado de espcies vegetais diferentes no mesmo local e na mesma estao anual. Por exemplo, trigo, aveia, trigo, aveia, etc. Assim, numa mesma lavoura, durante o inverno, so cultivadas, alternadamente, duas espcies de cereais. Por outro lado, o cultivo alternado de diferentes espcies, na mesma lavoura, em estaes diferentes, constitui a sucesso anual de culturas. Por exemplo, a alternncia entre trigo e soja, bastante empregada no estado do Paran. Nesse caso, tem-se monocultura do trigo, no inverno, e monocultura da soja, no vero. Diz-se que ocorre uma dupla monocultura anual. O princpio de controle envolvido na rotao de culturas a supresso ou eliminao do substrato apropriado para o patgeno. A ausncia da planta cultivada anual (inclusive as planta voluntrias e os restos culturais) leva erradicao total ou parcial dos patgenos necrotrficos que dela so nutricionalmente dependentes. A eliminao dos resduos culturais, durante a rotao de culturas, devida sua decomposio pelos microrganismos do solo. Durante o processo de decomposio, os fitopatgenos associados aos resduos so destrudos pela microbiota. Sob este ponto de vista, a rotao de culturas constitui-se, tambm, numa medida de controle biolgico.. A maioria, seno a totalidade, dos fitopatgenos, provavelmente, morreria de inanio ou de velhice, independentemente de qualquer fator biolgico, caso no tivessem acesso ao hospedeiro ou a outro substrato adequado. Conclui-se deste fato que, durante a rotao de culturas, os fitopatgenos so eliminados parcial ou completamente, enquanto que, sob monocultura, eles so estimulados e mantidos numa concentrao de inculo suficiente para a continuidade de seu ciclo biolgico, podendo causar, eventualmente, severas epidemias.

Caractersticas dos patgenos controlveis pela rotao de culturas Muitas so as caractersticas tpicas daqueles patgenos mais sensveis aos efeitos da rotao de culturas. A seguir uma breve discusso daquelas mais importantes: Sobrevivem pela colonizao saproftica dos restos culturais do hospedeiro e no apresentam habilidade de competio saproftica. Nutricionalmente dependem, portanto, do hospedeiro, no trocando de substrato saproftico. Patgenos do trigo, B. sorokiniana e Drechslera tritici-repentis, multiplicam-se continuamente nos restos culturais do hospedeiro durante a entressafra. Assim, a presena de resduos infectados num local assegura a manuteno dos patgenos necrotrficos daquela cultura. No apresentam estruturas de resistncia, as quais poderiam mant-los viveis por vrios anos no solo, espera de uma nova oportunidade de infectar a planta hospedeira, quando esta voltasse a ser cultivada naquele local. Exemplos de estruturas de resistncia so clamidosporos, esclercios e oosporos. Convm mencionar que os patgenos assinalados em cereais de inverno, no Brasil, no apresentam tais estruturas. Porm, B. sorokiniana, como j citado, sobrevive, tambm, como condios livres no solo.
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Apresentam esporos grandes, pesados, que so transportados pelo vento a distncias relativamente curtas. Servem de exemplo B. sorokiniana, D. tritici-repentis e Drechslera teres. Apresentam esporos relativamente pequenos e leves, porm transportados pelo vento ou por respingos de chuvas a distncias relativamente curtas. Servem de exemplo Septoria nodorum, em cereais de inverno, e diferentes espcies de Septoria, Colletotrichum e Phomopsis, em outros cultivos. Apresentam poucos ou nenhum hospedeiro secundrio. Ainda no foi devidamente esclarecida, no Brasil, a possvel presena de hospedeiros secundrios de D. tritici-repentis, D. teres, S. nodorum e S. tritici. Em caso afirmativo, estes hospedeiros secundrios poderiam, em determinadas condies, comprometer o efeito erradicante da rotao de culturas.

Caractersticas dos patgenos no controlveis pela rotao de culturas: Apresentam habilidade de competio saproftica. Serve de exemplo o fungo Rhizoctonia solani, que capaz de viver indefinidamente no solo, pois tem a caracterstica de poder trocar de substrato saproftico. Em vista disso, este parasita considerado um habitante natural da maioria dos solos. Este patgeno dificilmente controlado pela rotao, pois, potencialmente, qualquer espcie vegetal alternativa, integrante do sistema de rotao, pode servir de substrato. Todos os patgenos com habilidade de competio saproftica so de difcil controle por esta prtica cultural. Possuem estruturas de resistncia. Dentre as principais estruturas de resistncia ou de repouso encontradas em fitopatgenos pode-se citar: oosporos, presentes em Pythium e em Phytophthora; clamidosporos, presentes em Fusarium; esclercios, encontrados em Sclerotium, Sclerotinia, Macrophomina e Verticillium. Estas estruturas, ocorrendo livres no solo podem manter-se viveis aps a decomposio completa dos restos culturais de seus hospedeiros. O perodo de viabilidade pode ser de 5 a 10 anos. Em vista disso, este grupo s controlado por um perodo bastante longo de rotao. Apresentam muitos hospedeiros secundrios. Alguns patgenos de rgos areos apresentam uma ampla gama de plantas hospedeiras. Na maioria das vezes, patgenos deste grupo podem colonizar saprofiticamente estes substratos. Servem de exemplo Giberella zeae e Pyricularia oryzae. Esta caracterstica anula o efeito erradicante da rotao de culturas, pois a capacidade de colonizar plantas daninhas ou plantas nativas, geralmente abundantes na lavoura, assegura a presena destes patgenos na rea de cultivo. Apresentam esporos pequenos, que podem ser transportados pelo vento a longas distncias. Alguns patgenos, como G. zeae e P. oryzae, apresentam esporos pequenos, leves e, portanto, facilmente transportados pelo vento a longas distncias. Isto faz com que o inculo desses patgenos possa ser transportado a partir de reas distantes e introduzido naquelas reas onde se procurou elimin-lo atravs da rotao de culturas.

Flutuao populacional de fitopatgenos: Por que a monocultura aumenta a intensidade das doenas causadas por patgenos necrotrficos? A resposta simples: com a monocultura, no falta o substrato adequado, indispensvel nutrio destes patgenos. Assim, a presena dos restos culturais, em lavouras de monocultura, assegura a presena dos patgenos naquele local. No caso das culturas anuais, a prtica da monocultura reintroduz o substrato dos patgenos a cada 4-7 meses. Quando uma determinada cultura, aps a rotao, pode voltar a ser cultivada no mesmo local? Em teoria, a resposta tambm simples: quando os patgenos necrotrficos, controlveis pela rotao de culturas, forem eliminados ou reduzidos a uma densidade de inculo suficientemente baixo. Isso ocorre aps a decomposio dos resduos culturais (mineralizao da matria orgnica). A resposta precisa a essa pergunta requer pesquisa local, com o objetivo de determinar o perodo de decomposio dos resduos culturais. A velocidade de decomposio funo da atividade
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microbiana, que por sua vez dependente da umidade do resduo, da relao carbono/nitrognio, da temperatura, do pH e da aerao. Nos resduos culturais ocorre a esporulao contnua dos patgenos e esta prossegue enquanto houver nutrientes disponveis. Quando coincidir a liberao do inculo com a emergncia da nova cultura, restabelece-se o parasitismo e a continuidade do ciclo biolgico dos parasitas necrotrficos. Neste momento, o resto cultural no mais fonte de inculo primrio importante, j que o patgeno foi introduzido no novo cultivo.

Espcies alternativas para um sistema de rotao de culturas: Uma espcie vegetal, para integrar um sistema de rotao, no pode ser hospedeira dos mesmos patgenos da cultura a ser explorada. Geralmente, as espcies de folhas largas podem ser alternativas para integrar um sistema de rotao com gramneas e vice-versa. No caso dos cereais de inverno, no sul do Brasil, so cultivadas como alternativas a ervilhaca (Vicia spp.), o chicharo (Latyrus sativus), a serradela (Ornithopus sativus), os trevos (Trifolium spp.) e a colza (Brassica napus). As aveias, tambm, so recomendadas como alternativas para o trigo, para a cevada e para o triticale. O nico inconveniente das aveias a suscetibilidade ao vrus do mosaico comum do trigo, transmitido pelo fungo Polymyxa graminis, de ocorrncia natural no solo. Havendo registro de ocorrncia do vrus numa lavoura, deve-se plantar cultivares de trigo resistentes. No entanto, a rotao de culturas pode, em algumas situaes, controlar tambm o vrus do mosaico do trigo. Em alguns casos, os hospedeiros secundrios podero comprometer o controle pela rotao de culturas. Cita-se o exemplo do azevm (Lolium multiflorum), planta invasora em algumas lavouras, que suscetvel a Gaeumannomyces graminis, agente causal do mal-do-p do trigo. Assim, caso esta planta no seja eliminada da lavoura, o patgeno se manter vivel no solo, numa densidade de inculo suficiente para garantir a continuidade de seu ciclo biolgico e para causar, sob condies favorveis, severas epidemias, quando o trigo voltar a ser cultivado na lavoura, aps um inverno de rotao.

Interao entre doenas e plantio direto: A prtica agrcola da semeadura direta tem efeito sobre a sobrevivncia, multiplicao e infeco dos fitopatgenos necrotrficos. Em geral, as doenas so mais severas sob plantio direto do que quando os restos culturais so parcial ou totalmente incorporados ao solo. Deve ser lembrado que, sob plantio direto, a totalidade dos restos culturais so deixados na superfcie do solo. to grande a dependncia de muitos fitopatgenos pela planta cultivada que, na natureza, eles procuram no se separar do hospedeiro. Hospedeiro, neste caso, pode ser a planta viva cultivada, a planta voluntria, o resto de cultura e a semente. Por isso, a presena dos restos de cultura na lavoura significa, quase sempre, a presena de fitopatgenos necrotrficos. Pode-se, ento, concluir que o plantio direto possibilita as condies ideais para a sobrevivncia, multiplicao e infeco dos fitopatgenos. Deve-se acrescentar ainda, que as populaes dos fitopatgenos aumentam ou diminuem em funo da disponibilidade alimentar e da favorabilidade do ambiente. Sob plantio direto, mxima a disponibilidade de substrato e, em decorrncia, a densidade de inculo. Em resumo, os patgenos necrotrficos desprovidos de estruturas de resistncia sobrevivem mais seguramente sob plantio direto do que sob plantio convencional. Como, ento, viabilizar o sistema de plantio direto? A rotao de culturas claramente elimina os inconvenientes do plantio direto em relao ao aumento de doenas. O efeito do plantio direto em aumentar a severidade da mancha amarela da folha do trigo, causada por Drechslera tritici-repentis, pode ser um exemplo. Em monocultura, a severidade alcana nveis elevados no estdio de alongamento, entretanto, sob rotao de culturas e plantio direto, a severidade foi reduz para menos de 1%. Portanto, a monocultura e o plantio direto aumentam a severidade da doena, e, por outro lado, a rotao de culturas uma soluo adequada para tal problema.

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AULA 10 1. CONTROLE QUIMICO: 1.1. Histrico do uso de substncias qumicas no controle de doenas 1. Substncias com propriedades fungicidas j eram utilizadas pelas antigas civilizaes, embora de forma bastante emprica. Os povos daquela poca, atravs de suas experincias, descobriram a efetividade de certos produtos contra o que denominavam de pestes; 2. O progresso no conhecimento dos fungicidas ocorreu aps o sculo XVIII, graas aos avanos da qumica, durante os dois ltimos sculos; 3. Em 1883, Millardet na Frana acidentalmente descobriu o valor fungicida da calda bordalesa, para controlar o mldio da videira, constituindo-se num marco na histria da utilizao dos fungicidas; 4. Em 1886, uma formulao comercial de enxfre e cal lquida foi introduzida nos EUA, para controlar a cochonilha e a crespeira do pessegueiro. A mistura de enxfre-cal tornou-se o primeiro fungicida erradicante; 5. Em 1889, C.M. Weed, em Ohio, usou pela primeira vez a mistura de fungicida com inseticida; 6. Em 1908, Scott, tentando tornar a mistura enxofre-cal menos fitotxica, adicionou gua e ferveu at obter uma pasta que deveria ser diluda em volume maior de gua, antes de ser usada. Essa mistura denominou-se calda sulfo-clcica; 7. Em 1934, Tisdale e Williams, nos E.U.A., relataram a fungitoxicidade dos ditiocarbamatos. Esta contribuio marcou o incio da era dos fungicidas orgnicos, embora s tenham entrado em produo comercial mais tarde; 8. Em 1966, Von Schmeling e Harshal Kulka relataram a atividade sistmica fungicida dos derivados do 1,4 oxathiins (carboxin e oxicarboxin) para tratamento de sementes e em atomizao para certos fungos da classe Basidiomycetes; 9. O ano de 1966, portanto, marca o incio da era dos fungicidas sistmicos; 10. De 1970 para frente, numerosos fungicidas sistmicos, protetores e misturas de fungicidas foram desenvolvidos, mostrando que a importncia do controle de doenas por processos qumicos cada vez maior. No incio da dcada de 90 surgiu o difeconazole, para uso em manchas foliares de hortalias e doenas de final de ciclo em soja; 11. Finalmente, no final da dcada de 90 surge o grupo das estrobilurinas, sendo o produto Azoxystrobin um dos mais vendidos no Brasil e no mundo; 12. Novos grupos qumicos tm sido lanados como os SAR (systemic acquired resistance) que so os indutores de resistncia em plantas e as Carboxamidas de ultima gerao; 1.2. Grupos de produtos utilizados: Alm do uso dos fungicidas, o controle qumico das doenas pode ser feito mediante nematicidas, inseticidas, herbicidas ou bactericidas. Alm de proporcionar um controle direto dos nematides fitopatognicos, os nematicidas podem controlar os nematides que so vetores de patgenos ou matar os nematides que promovem focos de infeco para fungos e bactrias. De modo anlogo, os inseticidas controlam insetos vetores de patgenos, tais como os cicadeldeos e afdeos transmissores de vrus, ou reduzem os danos devido a ataques de insetos que podem constituir focos de infeco. Tanto os nematicidas como os inseticidas podem atuar reduzindo o inculo na fonte como em trnsito. Os herbicidas so usados para prevenir a produo de inculo ao eliminar o hospedeiro alternado. Estes tambm podem destruir as ervas daninhas que as vezes servem de hospedeiros a patgenos que atacam determinados cultivos. 1.3. Fungicidas: O uso do termo fungicida, restringe-se a produtos qumicos capazes de prevenir infeco de tecidos de plantas por fungos fitopatognicos. Trs so as classes de substncias fungicidas: Fungistticas - paralisam o crescimento dos fungos, e inibem a germinao dos esporos; Genistticas - inibem a esporulao; Erradicantes - matam os fungos.
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1.4. Controle de doenas com fungicidas: O grupo mais importante de pesticidas utilizados para o controle de doenas de plantas o dos fungicidas. O emprego de fungicidas no controle de doenas de plantas envolve um ou mais princpios de controle estudados anteriormente, dependendo da poca e metodologia de aplicao, da natureza da doena e do fungicida. Baseando-se no princpio em que se fundamenta predominantemente a sua aplicao, os fungicidas envolvem:
Proteo os fungicidas so aplicados na superfcie de plantas suscetveis sadias com o fim de impedir a ocorrncia da doena; Erradicao - as substncias atuam diretamente sobre o patgeno, na fonte de inculo ou no hospedeiro doente com a finalidade de reduzir ou minimizar o inculo primrio dos patgenos; Imunizao consiste na aplicao de substncias em plantas suscetveis sadias com o fim de torn-los imunes s doenas; Quimioterapia baseia-se na aplicao de substncias em suscetveis doentes com o fim de cur-los.

1.5. Termos utilizados no controle qumico:


Princpio ativo (p.a.): composio qumica (molcula) do componente do fungicida com atividade txica; Tolerncia de resduo (TR): quantidade, em ppm, de resduo do fungicida permitida no produto vegetal comercializado; Poder residual (PR): espao de tempo, em dias, em que os resduos do fungicida so txicos ao patgeno; Perodo de carncia (PC): espao de tempo, em dias, entre a ltima aplicao do fungicida e a colheita, para que no ocorram nveis de resduos acima dos tolerados para comercializao do produto vegetal; DL50: quantidade de produto qumico, em mg/kg de peso vivo do organismo, que causa 50% de mortalidade na populao. Quanto menor a DL50, mais txico o produto.

1.6. Formulao: Maneira como o produto comercial se apresenta no mercado. O tipo de formulao influencia os depsitos do fungicida na superfcie foliar, o efeito residual, a cobertura e a eficincia de controle da doena. Influencia tambm na escolha da mquina e do tipo de bico de aplicao. Os tipos de formulao mais comuns sao as formulaes slidas (p seco, p molhvel, granulado, tabletes) e as lquidas (pasta fluda, emulso, concentrado emulsionvel, suspenso oleosa, disperso oleosa, flowable).
P seco: 4 a 10% de i.a.; os outros componentes so denominados de veculo do i.a. Deve fluir facilmente, boa propriedade de cobertura e formas depsito aderente na superfcie da folha. As propriedades do diluente que podem afetar a performance da formulao so: tamanho e forma da partcula, compatibilidade, higroscopicidade, carga eltrica, capacidade de absoro e densidade. A formulao em p deve atingir e aderir folhagens. O microclima na superfcie da folha no ato da aplicao e as propriedades aderentes so os fatores que determinam a eficincia do polvilhamento. P molhvel: composta de: a) fungicida; b) diluente; c) de um agente que auxilia na penetrao e na molhabilidade; d) adjuvante capaz de melhorar as caractersticas de deposio das partculas. O tamanho das partculas deve ser menor do que 10 micra. Granulado: grnulos constitudos de veculos minerais como a vermiculita. Tm aplicao limitada ao solo e, em alguns casos, s sementes. Emulso: mistura de lquidos de densidades diferente; as partculas podem ser distinguidas a olho desarmado. Pode haver o problema de sedimentao diferencial dos componentes. Apresentam uso restrito devido sensibilidade das culturas*, dificuldade de manuseio, instabilidade durante a armazenagem, necessidade de incorporao do agente molhante. * leos minerais ou vegetais, mesmo em baixas concentaes, podem ser fitotxicos. Concentrados emulsionveis: requerem alta concentrao de um agente solvel em leo, freqentemente mais que 5% do volume total para dar formao instantnea de uma emulso
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homognea, quando diludos em gua. Nas culturas em que o leo no causa fitotoxidez, verifica-se as seguintes vantagens: a) menor volume de lquido por rea; b) maior rendimento na aplicao; c) maior reteno do ingrediente ativo; d) menor perda na aplicao (alta viscosidade). Solues: o ingrediente ativo sob a forma de p seco misturado a um lquido, na maioria dos casos a gua. Geralmente possuem alta porcentagem de ingrediente ativo. Apresenta pouca aderncia s plantas.

Composio da formulao: a) ingrediente ativo (%): substncia de natureza qumica/biolgica e os organismos vivos que do eficcia aos produtos fitossanitrios; b) adjuvantes (%): substncias no ativas, impurezas de fabricao ou veculos/diluentes nas formulaes; (talco, ferro, leo, espalhantes, adesivos, clcio, gua); b.1) Adesivos: substncias que causam adesividade (colas, resinas) b.2) Espalhantes: substncias que causam espalhamento 1.7. Classificao dos fungicidas: Os fungicidas podem ser classificados segundo a toxicidade, cronologia (ordem de surgimento dos produtos) e segundo o modo de aplicao segundo o princpio envolvido. 1. Classificao toxicolgica: Classe I - Extremamente txico - rtulo vermelho Classe II - Altamente txico - rtulo amarelo Classe III - Medianamente txico - rtulo azul Classe IV - Pouco txico - rtulo verde 2. Classificao cronolgica: a) 1 Gerao Fungicidas inorgnicos protetores e alguns com ao erradicante. Quanto natureza qumica, destacam-se os fungicidas base de enxofre e cobre, amplamente utilizados na agricultura. Os fungicidas base de mercrio, inorgnicos ou orgnicos, utilizados em larga escala nas primeiras dcadas do sculo XX, e hoje proibidos, fazem parte dessa gerao. b) 2 Gerao Fungicidas protetores orgnicos introduzidos no controle de doenas de plantas a partir da dcada de 1940. Constitui o conjunto de fungicidas atualmente mais utilizados no controle de doenas de plantas, possuindo largo espectro de ao. Os principais grupos de fungicidas dessa gerao so: ditiocarbamatos, nitrogenados heterocclicos, dinitrofenis, fenis halogenados, nitro-benzeno halogenados, compostos diazo, nitrilas, guanidinas, orgnicos a base de enxofre, derivados de antraquinona e acetamida. c) 3 Gerao Fungicidas sistmicos, como thiabendazole e de alguns antibiticos. Entretanto, o grande impulso no uso de fungicidas sistmicos teve incio com a descoberta do carboxin e do benomyl, no fim da dcada de 1960. Os fungicidas sistmicos pertencem a uma classe de produtos diferentes dos existentes nas geraes anteriores, pois so muito especficos no modo de ao e txicos a baixas concentraes. Os principais grupos de fungicidas dessa gerao so: carboxamidas, benzimidazis, dicarboximidas, inibidores da biossntese de esteris, inibidores de oomicetos, inibidores da biossntese de melanina, fosforados orgnicos e antibiticos. 3. Classificao segundo o modo de ao:
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Fungicidas erradicantes ou de contato: h trs casos em que fungicidas erradicantes podem ter ao eficiente: no tratamento de sementes, de solo e no tratamento de inverno. Os fungicidas erradicantes visam principalmente a diminuio do potencial de inculo primrio. A eficincia exige desses fungicidas o seguinte: a) alta fungitoxocidade; b) capacidade de atuao mesmo em presena de matria orgnica e; c) capacidade de penetrao nas clulas mortas. Tratamento de solo: os fungicidas de solo so essencialmente erradicantes e, em muitos casos, protetores. O sucesso dos fungicidas desse grupo est sujeito a uma srie de fatores, alguns dos quais muito mais complexos do que aqueles que atuam sobre os fungicidas das partes areas das plantas, isso porque, o fungicida ter que atuar num ambiente complexo onde est sujeito a sofrer interaes fsico-qumicas e biolgicas (maiores detalhes foram vistos na seo sobre o princpio de controle da erradicao). Tratamento de sementes: os fungicidas de sementes visam eliminar os patgenos transmissveis por sementes ou proteger sementes e plntulas contra patgenos do solo. Tabela 21. Principais fungicidas erradicantes ou de contato
PRODUTO Brometo de metila CARACTERSTICAS Produto gasoso aplicado sob cobertura plstica mantida por 24 a 48 horas. Esperar 7 dias antes do plantio. Dosagem de 120 mL do produto a 31% por m em solos arenosos. Aumentar par 150 a 240 mL em solos argilosos. Encharcar o solo para forar a penetrao do fungicida a uma profundidade de 10 a 15 cm. Devido sua toxicidade fazer intervalo de 14 a 21 dias entre a aplicao e o plantio. Aplicado com o adubo ou em suspenso aquosa, por meio de irrigao por asperso. Aps a aplicao, irrigar o solo permitindo sua penetrao at uma profundidade de 15 cm. Manter o solo em repouso por pelo menos 14 a 21 dias, antes do plantio. Persiste no solo e excelente para fungos que produzem esclercios ( Rhizoctonia, Sclerotinia, Sclerotiorum, Botrytis, etc.). Aplicar no sulco de plantio ou durante a semeadura. Usar de 300 a 600 g do produto a 75% por kg de semente de amendoim ou de algodo. Tambm se pode 2 tratar todo o solo (canteiros) com 2 litros da calda por m , obtida pela dissoluo de 300 a 750 g do produto a 75% em 100 litros de gua.
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Metam sodium

Dazomet

Quintozene

Fungicidas protetores ou residuais: So aqueles aplicados nas folhagens, ramos novos, flores e frutos, funcionando predominantemente como protetores. Tambm os fungicidas aplicados no tratamento de sementes so, na maioria dos casos, protetores, estando geralmente associados com ao erradicante e, em alguns casos, com ao curativa ou teraputica. Quanto ao modo de ao, os fungicidas tpicos deste grupo so inibidores no epecficos de reaes bioqumicas, afetando um grande nmero de processos vitais que so compartilhados por todos os organismos vivos. H evidncias de atuao tanto na membrana como no protoplasma celular supondo ser ela maior no protoplasma, onde maior o nmero de processos vitais.

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Para fungicidas metlicos, h evidncias de que o acmulo inicial e muitas reaes subseqentes ocorrem sobre ou fora da membrana celular. Fungicidas com alta atividade inica superficial como o Dodyne, podem reagir com grupos inicos (sulfidrlicos, carboxlicos, etc.), situados na superfcie celular, interferindo irreversivelmente na permeabilidade da membrana e provocando extravasamento dos constituintes celulares. Tais produtos, entretanto, agem tambm fortemente na inibio enzimtica do metabolismo de carboidratos, possibilitando interpretar mudanas de permeabilidade como efeitos secundrios da atuao intracelular. Captan e Dichlone podem inibir simultaneamente muitas enzimas e coenzimas, particularmente as que contm grupos sulfidrlicos, afetando inespecificamente um grande nmero de processos metablicos. Fungicidas metlicos, como os cpricos, tambm envolvem reaes com grupos sulfdrlicos; mas, simultaneamente, inibem enzimas no dependentes do grupo sulfidrlico, como a sacarase, catalase, arginase, asparaginase, betaglucosidase, etc. O enxofre age como competidor de receptores de hidrognio, rompendo as reaes normais de hidrogenao e desidrogenao. Os bisditiocarbamatos, atravs do on isotiocianato, derivado de sua decomposio, reage inespecificamente com enzimas sulfidrlicas. Fungicidas protetores de folhagens: os fungicidas deste grupo, para serem eficientes em proteger as plantas dependem de uma srie de caractersticas muitas vezes difceis de se conciliarem entre si, sendo isso motivo de fracasso de muitos dos compostos qumicos candidatos a fungicidas. Vejamos cada uma dessas caractersticas de um fungicida protetor de folhagens:
Fungitoxicidade e especificidade: o espectro de ao dos fungicidas varia grandemente. Portanto, no controle de determinados patgenos, o primeiro fator de sucesso a fungitoxicidade inerente associado a especificidade. No se controla mldio da videira com enxofre, nem requeima da batata com Karathane, isso porque enxofre e Karathane so fungicidas especficos para odios. Mldio da videira se controla melhor com calda bordalesa e requeima com Maneb ou Zineb. Deposio e distribuio: os fungicidas protetores, em geral, apresentam textura muito fina, so formulaes ps-molhveis ou secos, orgnicos ou inorgnicos, com baixa solubilidade, que podem ser pulverizados ou polvilhados. Para que as partculas se depositem nas plantas, devem ter um momento adequado para superar as foras repulsivas, de natureza eletrosttica ou oriundas de correntes de conveco, existentes nas proximidades das superfcies vegetais. Alm do problema descrito anteriormente, para que ocorra uma boa deposio e redistribuio, devemos levar em considerao, tambm, o tamanho das partculas no polvilhamento e da gotcula no caso de pulverizaes. Aderncia e cobertura: os fungicidas protetores, cuja ao depende dos depsitos nas superfcies tratadas, precisam aderir bem e cobrir o mximo possvel da superfcie tratada. A adeso e cobertura dependem das propriedades do fungicida, da superfcie da planta, da formulao e do equipamento utilizado. Uma das maneiras de melhorar a cobertura e aderncia diminuir o dimetro das gotas, o que produz um aumento na superfcie e na fora de adeso. Outra maneira adicionar espalhante, entretanto, isto geralmente implica na diminuio da tenacidade. Redistribuio: apenas o depsito do fungicida na superfcie foliar no garantir a efetividade do produto, em condies de campo. Atualmente, por mais perfeita que seja a aplicao, sempre escapam espaos que ficam sem proteo. A tenacidade e a natureza do fungicida deve ser levada em considerao pois foi comprovado que a redistribuio eficiente no caso da calda bordalesa cujas partculas so carregadas com cargas eletrocinticas positivas e tm grande tenacidade, mas ineficiente e mesmo prejudicial para o Zineb, cujas partculas so carregadas com cargas eletrocinticas negativas e tem tenacidade menor. Tenacidade: propriedade que tem os "depsitos" fungicidas de resistir ao intemperismo. Feito um "depsito" sobre a superfcie da planta, sob a ao do intemperismo ele reduzido a um resduo. A diferena entre ambos constitui medida de tenacidade (depsito - resduo = tenacidade). Como regra a tenacidade diretamente proporcional a insolubilidade dos "depsitos" e inversamente proporcional a toxidez. Fitotoxidez: um composto qumico pode ser excelente fungicida mas, se for fitotxico, na prtica, seu uso no controle de doenas pode ser limitado. Por exemplo, em cucurbitceas no se deve aplicar, ou se aplica com muitos cuidado, fungicidas a base de enxfre e de cobre. A ao fitotxica se manifesta por
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crestamento, reduo de crescimento, queda de flores e frutos, pequena produo e reduo da fotossntese. Toxidez ao homem e animais: fungicidas no devem ser txicos ao homem e aos animais, principalmente aqueles aplicados diretamente na proteo de rgos comestveis, como no caso de hortalias, frutas e gros de cereais. Compatibilidade: entende-se como compatveis duas substncias que, misturadas, no apresentam alteraes em suas caractersticas. Em muitos casos interessante que fungicidas sejam compatveis com inseticidas, pois desejvel a aplicao simultnea visando controlar doenas e pragas. Em culturas, como a do tomateiro, que est sujeita a muitas doenas e pragas, inclusive vetores de vrus, imprescindvel que os fungicidas recomendados sejam compatveis com os inseticidas. Quando ocorrer incompatibilidade, em alguns casos, a fitotoxidez pode ser aumentada. Economia: por mais eficiente que seja um fungicida sob todos os pontos de vista tcnico, o seu emprego estar condicionado ao fator econmico. No s o preo entra nessa considerao, pois muitas vezes o que mais encarece a mo-de-obra e o equipamento.

Fungicidas protetores de ps-colheita: prejuzos considerveis so acarretados continuamente pelas doenas que incidem sobre frutas e hortalias aps a colheita, durante o transporte, armazenamento e exposio a venda. Para se evitar os prejuzos decorrentes de inmeras podrides, esto sendo utilizados tratamentos fungicidas em escala cada vez maior. O sucesso desse grupo depende de sua capacidade em atingir o patgeno e do potencial de inculo nos locais onde se processem a germinao e a penetrao do patgeno. Aplicaes protetoras ps-colheita so feitas pela imerso do produto vegetal na calda fungicida, como no caso da banana imersa em calda de mancozeb. Entretanto, geralmente, em frutas como mamo e manga, o tratamento protetor feito simultaneamente com banho trmico e os produtos preferidos so os sistmicos, como o thiabendazol. Doenas causadas por fungos Peniccilium e Rhizopus, que incidem durante ou depois da colheita podem ser facilmente controlados pela aplicao superficial de um fungicida eficiente logo aps a colheita. Por outro lado, doenas como antracnose e a podrido da coroa em banana, causada por Gloeosporium musarum e a podrido de Botrytis do morangueiro so difceis de controlar com tratamento qumico aps colheita, pois a penetrao pode ter ocorrido no campo. Para tais doenas h necessidade de controle prvio, antes da colheita, para que os tratamentos ps-colheitas surtam os efeitos esperados. O sucesso do controle ps-colheita depende tambm grandemente da fitotoxidez e da toxidez dos resduos de fungicidas para os futuros consumidores. Por exemplo, o dixido de enxfre, o tricloreto de nitrognio e o difenil tm uso como fumigantes limitados pela fitotoxidez; os antibiticos, como estreptomicina, oxitetraciclina e clorotetraciclina, so eficientes para o controle de podrides moles em hortalias, mas tm seu uso proibido devido aos inconvenientes que apresentam para a sade humana.

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Tabela 21. Principais fungicidas protetores ou residuais.


GRUPO PRODUTO Enxofre elementar Enxofre Calda sulfo-clcica Calda bordaleza Cpricos Cobres fixos Thiram Ditiocarbamatos Ferban Ziran Zineb Etilenobisditiocarbamatos Maneb Mancozeb Chlorothalonil Compostos aromticos Dicloran CARACTERSTICAS Tem como principal problema a fitotoxicidade principalmente em cucurbitceas sob temperaturas altas (26 a 30C) causando queima de folhas, desfolha e diminuio da produo. As vantagens do enxofre so a baixa toxicidade ao homem e aos animais domsticos e o baixo custo. Pode ser aplicado por polvilhamento ou pulverizao; Recomendada nos tratamentos de inverno em fruteiras de clima temperado. Deve ser aplicada em menor dosagem do que enxofre, devido maior fitotoxidez, devido sua maior solubilidade em gua com capacidade de penetrao na planta; Deve ser usada logo aps o preparo. As dosagens das formulaes variam de 0,5 a 1,3 kg de cada componente para 100 litros de calda. Pode ser fitotxica a cucurbitceas, rosceas, solanceas e crucferas, particularmente em tecidos jovens e em baixas temperaturas. Tem sido pouco utilizada devido ser trabalhosa de preparar; Menos txicos e mais fcil preparo do que a calda bordaleza Inclui o hidrxido de cobre, oxicloreto de cobre, xido cuproso e sulfato bsico de cobre. Tem largo espectro de ao antifngica e antibacteriana e baixa toxidez aos animais e ao homem. So amplamente utilizados na horticultura, fruticultura e cafeicultura; Recomendado para tratamento de sementes; Em frutferas e ornamentais, controla ferrugem, antracnose e sarna das rosceas e podrido parda do pssego. Em ornamentais, controla pinta preta e odio da roseira, ferrugem do cravo e septoriose do crisntemo. Boa ao contra mldios e antracnoses de hortalias e mofo cinzento do fumo; Grande poder residual controla grande nmero de doenas (mldios e antracnoses). A eficincia no controle de pinta preta do tomateiro e da batata tornou o seu uso generalizado por volta de 1940 a 1950, em substituio calda bordalesa; Controla grande nmero de doenas, principalmente de hortalias e frutferas, devido a seu amplo espectro de ao antifngica e baixa toxicidade a plantas e animais. indicado no controle de mldios, podendo ter tambm ao acaricida, mostrando eficincia contra o caro da falsa ferrugem dos citros; Controla grande nmero de doenas, particularmente mldios. O produto comercial deve ser armazenado em ambiente seco, degrada-se facilmente em condies umidas. Algumas cultivares de maa e cucurbitceas so sensveis ao produto; Indicado para hortalias e frutferas em geral. Apresenta efeito tnico em alho e cebola, aumentando substancialmente a produo mesmo na ausncia de doenas. Indicado para o controle do caro da falsa ferrugem dos citros; Fungicida de amplo espectro com boa atividade contra oomicetos ( Phytophthora spp.), ascomicetos (Botryotinia, Mycosphaerella, Dydimella), basidiomicetos (ferrugens) e fungos imperfeitos (Alternaria solani e Colletotrichum gloeosporioides). Apresenta boa persistncia, apesar da considervel remoo inicial do depsito pela chuva; Baixa toxicidade aguda a animais, seletivo para fungos formadores de esclerdios ( Sclerotinia, Botryotinia, Monilinia) e para Rhizopus, comumente envolvido em podrides de frutas e hortalias. Apresenta baixa fitotoxicidade. Deve-se, porm, evitar pulverizaes nas horas mais quentes do dia e misturas com formulaes inseticidas oleosas; Por no afetar negativamente a qualidade do produto, tem sido empregado no controle de doenas de ma, pra, pssego, ameixa, morango e uva. relativamente ineficiente contra mldios, odios e ferrugens. De amplo uso tratamento de sementes, tendo em vista a proteo contra Pythium spp. e Rhizoctonia solani, importantes causadores de damping-off; Relacionado ao Captan porm mais eficiente no controle de mancha preta e odio da roseira e podrido parda do pssego. Eficiente no controle de sarna da macieira e antracnose e mldio de cucurbitceas. Em alta temperatura e alta umidade, doses elevadas podem ocasionar injrias em videira e em plntulas de cucurbitceas; Amplo espectro de ao controla doenas de tomateiro, batata e aipo. No tomateiro apresenta alta eficincia contra pinta preta e septoriose. Em gramados controla helmintosporioses, fusariose e rizoctoniose; Introduzido para controlar sarna da macieira, apresenta alta fungitoxicidade; destaca-se pela capacidade de redistribuio. Alm disso, tem certa ao curativa, conseguindo eliminar o fungo da sarna da macieira 28 horas aps a infeco. fungicida de amplo espectro, particularmente no controle de Botrytis spp. (mofo cinzento), em frutferas e ornamentais.

Captan Compostos heterocclicos nitrogenados

Folpet Dyrene

Protetores orgnicos adicionais

Dodine Dichlofluanid

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Fungicidas sistmicos ou curativos: Fungicidas dos dois grupos anteriores, tendo uma limitada capacidade de penetrao atravs da cutcula do hospedeiro ou sendo aplicado em condies que atenuam a fitotoxidez, no entram em contato com o protoplasma vivo do hospedeiro e, assim no necessitam ser especficos para atuarem seletivamente contra o patgeno. No caso de fungicidas curativos, entretanto, salvo algumas excees, importante que no sejam fitotxicos, tenham alta capacidade de penetrao e sejam translocados, uma vez que devem atuar predominantemente atuar dentro da planta. Os conhecimentos atuais levam a admitir que eles se movem, fundamentalmente, pelo apoplasto, termo que se refere ao conjunto no vivo na planta (paredes celulares, intercelulares, xilema), de forma ascendente (acropetal). Em consequncia de seu movimento via apoplasto, dependente da transpirao os fungicidas sistmicos acumulam-se nas margens das folhas, enquanto que se d uma diminuio da sua concentrao na parte central daquelas e nos caules. Geralmente, a movimentao no simplasto (floema e protoplasma) reduzida ou nula e, portanto, a movimentao basipetal (descendente) tambm o seja. No caso de fungicidas aplicados no solo, d-se a absoro passiva pelas razes, o transporte atravs do xilema do caule e das folhas e nestas o movimento faz-se para as regies de evaporao, atravs das paredes celulares, resultando, assim, a acumulao dos fungicidas no vrtice e nas margens das folhas. A densidade dos estmatos desempenha um papel importante afetando a distribuio do fungicida dentro dos tecidos. Por exemplo, as ptalas, sem estmatos, no so irrigadas por fungicidas e o mesmo acontecer aos frutos com ndice de transpirao baixo relativamente as suas dimenses, como por exemplo o tomate e as vagens de feijo. Fungicidas com possibilidade de circulao no simplasto teriam vantagens sobre os que so transportados no apoplasto visto que seriam facilmente distribudos dentro da planta, e o movimento descendente daria maior possibilidade no controle das doenas, pois, permitiria que um produto aplicado nas folhas fosse transportado para as razes. Todos os fungicidas sistmicos so potencialmente capazes de agir curativamente, entretanto, na prtica, observa-se que sob o ponto de vista epidemiolgico, o mais importante princpio de controle envolvido na aplicao de fungicidas sistmicos o da imunizao, porque o fungicida circulando na seiva e estando presente nos locais passveis de infeco torna a planta resistente aos patgenos. Como exemplo de imunizao cita-se a possvel formao da fitoalexina, hidroxiphaseolina, em soja tratada pela parte no fungitxica do Benomyl, a butilamina. Alguns antibiticos tm sido utilizados contra as doenas bacterianas. As plantas de feijoeiro se protegem da mancha do halo tratando-as com estreptomicina. A agrimicina (estreptomicina mais oxitetraciclina) exerce atividade sistmica contra a bactria da queima da pereira (Erwinia amylovora): o problema que as bactrias adquirem resistncia rapidamente aos antibiticos. Os principais fungicidas sistmicos so apresentados nas Tabelas 22.1 e 22.2.

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Tabela 22.1. Principais fungicidas sistmicos ou curativos.


GRUPO Carboxamidas PRODUTO Carboxin Oxicarboxin Pyracarbolid Carbendazin Benzimidazoi Thiabendazole Tiofanate Tiofanato metlico Iprodione Dicarboximidas Vinclozolin Procimidone Bytertanol Cyproconazole Propiconazole Inibidores de sntese de esteris Tebuconazole Triadimefon Triadimenol Tridemorph Triforine Propamocarb CARACTERSTICAS / INDICAES Tratamento de sementes de cereais (contra carves e cries), de amendoim e de hortalias (Rhizoctonia solani) Semelhante ao carboxin, porm de fungitoxidade mais baixa e mais estvel. Controla ferrugens (feijoeiro) Similar ao carboxin e oxicarboxin, em formulaes oleosas pode ser fitotxico em algumas variedades de feijo e cravo Propriedades preventivas e curativas contra amplo espectro de fungos (ascomicetos e deuteromicetos - exceto dematiceos); carves e cries, so muito sensveis; Um dos poucos produtos permitidos em tratamentos ps-colheita de muitas frutas, como mamo e banana. Amplamente utilizado em tratamento de sementes; Propriedades preventivas e curativas contra amplo espectro de fungos (ascomicetos e deuteromicetos - exceto dematiceos); carves e cries, so muito sensveis; Em tratamento de sementes, do solo e de partes areas de um grande nmero de culturas: alface (podrido de Sclerotinia), alho (podrido branca), batata e tomate (pinta preta), cebola (mancha prpura), cenoura (queima das folhas), pssego (podrido parda), crisntemo, morango, videira (mofo cinzento); Recomendado para o controle de doenas causadas por Botrytis, Sclerolinia, Sclerotium, Monilinia e Phoma; Recomendado para o controle de doenas causadas por Botrytis, Sclerolinia, Sclerotium, Monilinia e Phoma; Controla a ferrugem do gladolo e sarna da macieira; Controla a ferrugem do cafeeiro com alta eficincia (excelente controle a baixa dose de 40 a 100 g por hectare); Controla doenas do amendoim (cercosporioses), banana (mal de Sigatoka), caf (ferrugem), seringueira (mal das folhas), cevada e trigo (helmintosporioses, septorioses, ferrugens e odio), sendo preferido na cultura do trigo em funo de seu espectro de ao e de sua alta eficincia; Controla doenas de cereais de inverno, particularmente trigo, onde tem bom desempenho contra ferrugens, helmintosporioses, septorioses, odio, giberela e brusone; Controla ferrugens (caf, trigo, alho, gladolo), odios (cucurbitceas e cereais de inverno), sarna da macieira, etc; Em tratamento de sementes de cereais (cevada e trigo), visando controlar cries, helmintosporioses e odios; Especfico para odios em cucurbitceas e cereais. Em cevada, tem mostrado alta eficincia, numa dosagem de 500 a 600 g do princpio ativo/ha, apresentando poder residual de 4 a 5 semanas; Altamente eficiente no controle da sarna da macieira, ferrugem da roseira e odios em geral; Tratamento erradicante do solo e protetor de sementes e plntulas, contra fungos dos gneros Pythium e Phytophthora, somente na floricultura. Exibe boa atividade em rega, contra mldios de cucurbitceas, alface, crucferas e cebola. Mais eficiente contra Phytophthora do que contra Pythium; Controla requeima da batata e do tomateiro, mldio da videira e requeima e cancro estriado do painel da seringueira. Boa atividade preventiva e curativa contra mldios de videira e cucurbitceas e requeima do tomate e da batata. Especialmente para mldio da videira, apresenta notveis efeitos curativos; Recomendado no controle de requeima da batata e do tomate, mldio da videira e da roseira e requeima da seringueira. Em batata para controle da requeima pode ser aplicado na dosagem de 200 a 250 g de i.a/ha. Vulnervel ao surgimento de populaes resistentes do patgeno, devendo ser formulado junto com um fungicida protetor (mancozeb, cprico ou chlorothalonil). Controla doenas causadas por Phytophthora em abacaxi, abacate e citros. No apresenta boa atividade contra requeima da batata e do tomateiro, mofo azul do fumo e podrido radicular da soja.

Cymoxanil Inibidores de oomicetos Metalaxyl Efosite

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Tabela 22.2. Principais fungicidas sistmicos ou curativos.


Bin Inibidores da biossntese de melanina Pyroquilon Altamente eficiente no controle da brusone do arroz, mas sem efeito sobre outras doenas da cultura. A recomendao usual a pulverizao foliar na dosagem de 200 a 250 g de i.a./hae, aplicado no final do emborrachamento. Havendo necessidade, pode-se fazer uma segunda aplicao, 21 dias aps. Formulado em p molhvel, com 50% de princpio ativo, recomendado para tratamento de sementes de arroz e de trigo, visando ao controle da brusone. Em arroz, apenas uma aplicao de 800 g do produto comercial por 100 kg de semente garante um perodo de controle de mais de 55 dias, com um aumento mdio de produo de 30% Controla eficientemente a brusone do arroz, no apresentando fitotoxicidade quando aplicado adequadamente. Possui tambm efeito inseticida. Recomendado em aplicaes foliares (2 a 3 pulverizaes) ou, preferivelmente, na gua do tabuleiro, em formulao granular. Especifico a odios, recomendado para cucurbitceas, frutferas e ornamentais. Absorvido pela folhagem e ramos novos, translocase na planta. No absorvido pelas razes, no podendo ser aplicado via sementes ou solo. Eficiente no tratamento de sementes de crucferas, com ao teraputica contra Xanthomonas campestris pv. campestris, agente da podrido negra das crucferas. Imergir as sementes por 30 minutos em uma suspenso comtendo 1 a 2 g do antibitico por litro de gua; em seguida, por mais 30 rninutos, em uma soluo salina (20 g de sal de cozinha por litro de gua), para evitar fitotoxicidade. Sistemicamente ativo contra bactrias e fungos, particularmente Pyricularia oryzae, agente da brusone do arroz. mais fungitxica para o crescimento micelial do que para germinao dos condios desse fungo. Uuso limitado pela fitotoxicidade e pelo preo. Eficiente contra odios em plantas ornamentais e ferrugem do pinheiro branco alguma eficincia no controle de crestamentos bacterianos do feijoeiro e da soja, canela preta da batata, mancha angular do pepino, podrido negra das crucferas, cancro do tomateiro, podrido mole da alface, requeima da batata e do tomateiro, mldio do brcolis e odio da roseira. A eficincia melhorada pela adio de 1% de glicerol e pela associao com cobre. Mais comum no tratarnento de sementes pois aplicaes areas so de alto custo. Desenvolvido para controle de brusone do arroz, com alta fungitoxicidade a Pyricularicz orizae, semelhante da blasticidina; atua tambm sobre bactrias fitopatognicas do gnero Pseudomonas.

IBP Fosforados orgnicos Pyrazophos

Aureomicina

Blasticidina Antibiticos Cicloheximida Estreptomicina

Kasugamicina

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1.8. Triazoles: Os triazis foram introduzidos no mercado na dcada de 1970, quando ocorriam problemas com outros sistmicos devido resistncia. Testes de avaliao de risco em laboratrio demonstraram uma menor probabilidade de falha no controle, do que os demais produtos. Porm, o otimismo inicial foi reduzido devido a uma srie de relatos de resistncia para importantes doenas. O primeiro caso foi com Erysiphe graminis f. sp. hordei em cevada, dois anos aps a introduo de triadimefon na Inglaterra, em 1978. Tambm com pepinos cultivados em estufas houve um rpido desenvolvimento de resistncia. Porm, os problemas de falha no controle no foram to evidentes quanto os casos anteriores. Os triazis pertencem ao grupo dos Inibidores de biossntese de esteris o qual constitui o maior e o mais importante grupo de compostos j desenvolvidos para o controle de doenas fngicas de plantas e animais, exibindo vrios graus de sistemicidade e, freqentemente, altssima potncia antifngica. Controla um amplo espectro de doenas causadas por ascomicetos, basidiomicetos e deuteromicetos, no tendo atuao sobre oomicetos. Principais princpios Ativos: Propiconazole, Cyproconazole, Flutriafol, Tetraconazol, Tetraconazole, Tebuconazole, Epoxiconazole, Ciproconazol, Miclobutanil. Modo de ao: Os primeiros e os mais modernos triazis atuam na formao do ergosterol, que um importante lipdio fngico para a formao da membrana das clulas. A ausncia desta camada leva ao colapso da clula fngica (miclio) e interrupo do crescimento micelial (corpo fngico). Culturas e Alvos:
Soja: Ferrugem asitica (Phakopsora pachyrhizi), crestamento-foliar (Cercospora kikuchii), mancha-parda (Septoria glycines), odio (Microsphaera diffusa); Aveia: Ferrugem-da-folha (Puccinia coronata var avenae); Melo: Odio (Sphaerotheca fuliginea); Banana: Sigatoka-amarela (Mycosphaerella musicola), Sigatoka-negra (Mycosphaerella fijiensis); Caf: Ferrugem-do-cafeeiro (Hemileia vastatrix); Trigo: Helmintosporiose (Bipolaris sorokiniana), Ferrugem-da-folha (Puccinia triticina), Odio (Blumeria graminis f. sp. Tritici); Folicur 200 CE (Bayer) Princpio ativo: Tebuconazole (triazol); Classe: fungida sistmico; Grupo qumico: triazis; Tipo de formulao: concentrado emulsionvel; Classe toxicolgica: III - medianamente txico; Doenas controladas: Soja: odio, crestamento-foliar e mancha-parda, ferrugem; Arroz: Mancha-parda, Brusone; Impact 125 (Cheminova) Princpio ativo: Flutriafol (triazol); Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; Tipo de formulao: suspenso concentrada; Classe toxicolgica: II - altamente txico; Doenas controladas: Soja: odio, crestamento-foliar, mancha-parda, ferrugem; Impact Duo (Cheminova) Princpio ativo: Flutriafol (triazol)+ Tiofanato Metlico; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: Triazol + Benzimidazol; Tipo de formulao: suspenso concentrada; Classe toxicolgica: III - medianamente txico; Doenas controladas: Soja: ferrugem asitica, crestamento-foliar, mancha-parda;
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Artea (Syngenta) Princpio ativo: Propiconazole, Cyproconazole; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazis; Classe toxicolgica: I extremamente txico; Tipo de formulao: concentrado solvel; Celeiro (Iharabras) Princpio ativo: Flutriafol + Tiofanato Metlico; Classe: Fungicida Sistmico; Grupos qumicos: TRIAZOL (Flutriafol) e BENZIMIDAZOL (precursor de Tiofanato metlico); Tipo de formulao: Suspenso Concentrada; Classe toxicolgica: III - medianamente txico; Domark (Sipcam) Princpio ativo: Tetraconazol; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; Tipo de formulao: concentrado emulsionvel; Classe toxicolgica: II - altamente txico; Eminent 125 EW (Arysta Lifescience) Princpio ativo: Tetraconazole; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; Tipo de formulao: emulso de leo em gua; Classe toxicolgica: III - medianamente txico; Orius (Milnia) Princpio ativo: Tebuconazole; Classe: fungicida de ao sistmica; Grupo qumico: triazis; Tipo de formulao: concentrado emulsionvel; Classe toxicolgica: III - medianamente txico; Rival (Agripec) Princpio ativo: Tebuconazole; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; Tipo de formulao: concentrado emulsionvel; Classe toxicolgica: III - medianamente txico; Systane CE (Dow AgroScienses) Princpio ativo: Miclobutanil; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; Tipo de formulao: concentrado emulsionvel; Classe toxicolgica: I - extremamente txico. Triade (DuPont do Brasil) Princpio ativo: Tebuconazol; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; Tipo de formulao: concentrado emulsionvel; Classe toxicolgica: III - medianamente txico. Bayfidan Princpio ativo: Triadimenol; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; DL50: 1.105 mg/Kg. Tratamento de sementes. Classe toxicolgica: II - txico.
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Bim Princpio ativo: Triciclazol; Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: triazol; DL50: 305 mg/Kg; Cultura do arroz (controle de Pyricularia);

1.9. Estrobilurinas: Em 1983, na Universidade de Kaiserlautem, o professor Timm Anke observou que um fungo (Strobilus tenacellus) que habitava cones de Pinus produzia uma substncia que inibia o crescimento de outros fungos. Essa substncia foi isolada, sua estrutura foi identificada e denominada de estrobilurina A. Nos testes em casa de vegetao foi verificado baixa atividade fngica e alguns sintomas de fitotoxicidade nas culturas testedas. O motivo era a instabilidade da molcula, j que as ligaes duplas eram facilmente rompidas pela ao da luz e do oxignio. Com a alterao de algumas ligaes qumicas, obtiveram-se molculas anlogas, que possuam a combinao de atividade antifngica e com maior estabilidade do composto. O desafio tornou-se realidade: uma molcula com forte atividade fungicida e amplo espectro de controle nos testes de estufa, superior a molcula natural. Dentre as alternativas de estrutura molecular, foi selecionada a de melhores caractersticas de eficcia, segurana e economicidade. Modo de ao: Os fungicidas mesostmicos do grupo das estrubilurinas reagem com substncias lipdicas da superfcie da planta apresentando, por isso, um prolongado efeito protetor ao serem lentamente liberadas. Estrubilurinas so compostos de ao mesostmica translaminares, ao similar ao cido saliclico ativadores da nitrato redutase, ao esporocida protetores, no curativos residual prolongado maior espectro de ao. O modo de ao de um fungicida refere-se primeiramente ao seu posicionamento na planta; se permanece em sua superfcie aps a deposio ou se pode ser absorvido e translocado pelo seu sistema condutor. Refere-se tambm, se para ser absorvido pelo esporo dos fungos, requerida a germinao do propgulo ou no. Observao: de um modo geral quando se aborda o tema modo de ao refere-se principalmente aos fungicidas utilizados nos rgos areos das plantas. Uma substncia qumica mesostemica quando apresenta estreita afinidade com a superfcie foliar vegetal podendo ser absorvida pela camada de cera, formando um depsito na superfcie do rgo suscetvel. Posteriormente, o produto pode ser redistribudo na superfcie da planta por sua fase vapor. A subatcia mesostemica penetra os tecidos apresentando atividade translaminar, porm com translocao vascular (via xilema ou floema), mnima ou inexistente. Por exemplo, os fungicidas do grupo das estrubilurinas (azoxistrubina e cresoxim metilico) apresentam propriedades mesostmicas. Fungicidas com esta propriedade no so sistmicos nem protetores, porm, formam (a) um depsito livre que pode ser redistribuido pela gua; (b) um depsito mais coeso na superfcie da folha, resistente s interpries; (c) um depsito fortemente associado com a camada de cera cutcular, muito resistente remoo ou lixvia pela chuva, possibilitando um efeito residual longo; a redistribuio na superfcie foliar ocorre atravs da absoro contnua a partir da camada de cera cuticular das folhas para o interior do rgo e tambm atravs da fase de vapor e reabsoro pela cera cuticular e (d) uma frao que penetra no tecido foliar. Grupos de atuao: Ascomicetos; Basidiomicetos; Deuteromicetos; Oomicetos. Culturas alvos: Devido a sua versatilidade e eficincia, as estrobilurinas tem sido utilizadas no controle de diversas doenas. As doenas que atacam uma cultura, por exemplo uma cultura de trigo, variam de acordo com a variedade plantada nesse ano, as condies climatricas e os tratamentos aplicados cultura. Fungicidas a base de estrubilurinas podem ser simples, isto , conter apenas uma substncia ativa, ou ser uma mistura, isto , conter uma substncia ativa da categoria das estrubilurinas e uma ou mais substncias de outras categorias. As estrubilurinas so fungicidas foliares de largo espectro e podem ser usados em uma grande
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variedade de culturas, em todo mundo, designadamente no trigo, na cevada, no arroz, na videira, na banana, nos frutos arbreos, na relva e numa srie de produtos hortcolas. As substncias ativa a base de estrubilurina atuam com taxas de aplicao baixas e controlam os fungos interrompendo a produo de energia. Possuem ao curativa limitada. Alm de controlarem um largo espectro de doenas, os fungicidas a base de estrubilurina so alegadamente os nicos produtos que, quando usados nos cereais, fazem aumentar a produo, mesmo que no existem doenas. Principalmente devido ao chamado efeito de reverdecimento, o qual concede ao cereal um perodo mais longo para aumentar o peso do gro e logo a produo. Embora possuam esse diferencial as estrubilurinas possuem ume efeito mais satisfatrio das doenas em todas as situaes e contra todos os agentes patognicos. quando misturados. Principais ativos: azoxystrobin, pyraclostrobin, Kresoxim-metil, Trifloxistrobin, picoxystrobin; Opera (Basf) Princpio ativo: Piraclostrobina + Epoxiconazole (triazol); Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: estrobirulinas e triazis; Tipo de formulao: suspo/emulso; Classe toxicolgica: II - altamente txico. Doenas controladas: Soja: crestamento-foliar de cercospora, mancha parda, mancha-alvo, ferrugem-da-soja. Priori Xtra (Syngenta) Princpio ativo: Azoxistrobina + Ciproconazol (triazol); Classe: fungicida sistmico; Grupo qumico: azoxistrobina: estrobilurina; ciproconazol: triazol; Tipo de formulao: suspenso concentrada; Classe toxicolgica: III - medianamente txico. Doenas controladas: Soja: ferrugem asitica, crestamento-foliar, mancha-parda, odio. Sphere (Bayer) Princpio ativo: Trifloxistrobina + Cirpoconazol (triazol); Classe: fungicida mesostmico e sistmico; Grupo qumico: estrobilurina e triazol; Tipo de formulao: concentrado emulsionvel; Classe toxicolgica: I - extremamente txico. Doenas controladas: Soja: ferrugem, crestamento-foliar, septoriose, odio.

1.10. Tratamento de inverno: produtos erradicantes ou de contato Finalidade: Limita-se parte area das plantas perenes, durante a estao de dormncia, visam a diminuio do potencial de inculo primrio. Caractersticas que devem ser consideradas:
Alta fungitoxicidade: estruturas de resistncia dos patgenos. Capacidade de penetrao nas clulas mortas. Fitotoxicidade: no considerada pois so aplicados antes da brotao e nunca em folhas, flores ou frutos.

Mtodos de aplicao: a) Pincelamento: calda bordalesa. b) Pulverizao: cuidado com citros.

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Cuidados antes do tratamento: a) Poda e queima; b) Raspagem dos ramos e troncos (usado em videira) (A) Cobre: Sulfato de cobre (calda bordaleza); (B) Polisulfureto de clcio: Calda bordalesa; (C) Dinoseb: DL50 = 50 mg/Kg Poder residual: 14 21 dd. Ao fungicida, herbicida, inseticida e acaricida. Compatvel com a maioria dos defensivos. Altamente fitotxico s folhas de citros; no deve ser usado no perodo vegetativo. 1.11. Mtodos de aplicao: a) Pulverizao: aplicao do fungicida por via lquida (suspenso, soluo ou emulso) sob a forma de gotculas produzidas por pulverizadores. Aps a deposio o veculo lquido evapora-se e as partculas do fungicida so deixadas sobre a superfcie vegetal. Neste processo obtm-se: melhor cobertura da superfcie vegetal (ao molhante, redistribuio); efeito residual mais prolongado (maior aderncia). A aplicao pode ser feita conforme as tcnicas de:
Alto volume: Mdio volume: Baixo volume: Ultra-baixo volume: Ultra-ultra baixo volume: + de 400l/ha AV 200-600l/ha 100 a 400 l/ha MV 50 200l/ha 5,0 a 100l/ha BV 5 50 l/ha 0,5 a 5,0 l/ha UBV - de 0,5 l/ha UUBV

Os principais parmetros que definem estes tipos de aplicao so o volume de lquido gasto/ha e o dimetro das gotas produzidas. b) Atomizao: aplicao de calda de um reservatrio atravs de bicos sob presso hidrulica para dentro de uma corrente de ar; as gotas so quebradas secundariamente e com isto so obtidas gotas menores. Aps a pulverizao o lquido evapora-se e as partculas so deixadas sobre a superfcie vegetal. A atomizao area produz gotculas ainda menores. No caso de fungicidas de contato no recomendado pulverizao area, pois a planta deve ser coberta pelo fungicida (tambm no caso dos sistmicos h restries), havendo problemas devido ao menor tamanho da gota: O volume das gotas funo cbica do raio. Na medida em que a gotcula possa ser dividida, seu tamanho reduzido, sendo capaz de cobrir uma maior superfcie com a mesma quantidade de volume. Quanto menores forem as gotas melhor ser a cobertura e tanto menor ser a quantidade de calda necessrias para se cobrir uma determinada rea, sendo menor o tempo necessrio para a aplicao; redundar um menor custo operacional. Por outro lado, quanto menor r, maior ser a taxa de evaporao, maior a resistncia do ar em relao ao peso acarretando menores velocidades de queda livre e maior o efeito de arraste devido a correntes de vento laterais. O estgio de desenvolvimento das plantas deve ser considerado na escolha do volume. Defensivos aplicados no incio de desenvolvimento das plantas requerem menor volume de lquido. Sao exemplos: Bomba e bicos hidrulicos: culturas anuais [300 450l/ha]; bicos hidrulicos e ventilador cortina de ar: caf [100 a 300l/ha]; Bocal atomizador e ventilador costal: 15 a 300 l/ha;

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c) Polvilhamento: o fungicida aplicado na planta a seco, e misturado a um veculo inerte (slica, talco, clcio, magnsio, carbonato). A maioria das partculas no se deposita pelo impacto direto. Este mtodo resulta numa deposio e distribuio timos sobre as plantas; entretanto como as partculas do p so facilmente removidas pelo vento e pela chuva, o polvilhamento nunca foi o mtodo satisfatrio para aplicao de fungicidas protetores ou residuais devido sua pouca aderncia. d) Pincelagem: preparaes fungicidas de consistncia pastosa, com as quais se pincelam rgos lenhosos da planta, especialmente o tronco, com a finalidade de proteg-lo contra a penetrao a infeco de fitopatgenos. Muito usado no controle preventivo de gomose dos citros e da podrido do p do abacateiro (doenas causadas por Phytophthora sp.). e) Injeo: usado em casos especies em que o antobitico diludo em gua injetado, sob presso, no tronco da planta por meio de bombas injetoras especiais. Usado em doenas causadas por bactrias em frutferas e ornamentais. 2. MECANISMOS DE RESISTNCIA DE FUNGOS A FUNGICIDAS: O nmero de fungos fitopatognicos resistentes a fungicidas, antes do advento dos fungicidas sistmicos, era surpreendentemente pequeno. Assim, at por volta de 1967, problemas de resistncia de fungos a fungicidas, em condies de campo, se limitavam a alguns relatos, dentre os quais o de Penicillim digitatum e P. italicum em relao ao bifenil e ao ortofenilfenato de sdio; de Tilletia foetida em relao ao BHC, ao quintozene ou PCNB e ao tetracloronitroanisol; de Pyrenophora avenae em relao aos organomercuriais. Acredita-se que os problemas de resistncia de fungos a fungicidas tm sido causados devido a uso amplo e contnuo de fungicidas. Com o desenvolvimento de fungicidas sistmicos o que equivale dizer, fungicidas mais especficos no seu modo de ao, como j era esperado, o problema de resistncia assumiu interesse prtico relevante. A seletividade, que permite a um fungicida atuar de maneira sistmica na planta, aumentando sua eficincia em relao aos no-sistmicos, , ao mesmo tempo, a causa de sua vulnerabilidade. Hoje, o nmero de relatos de fungos resistentes a fungicidas, mesmo levando em considerao somente a ocorrncia em condies de campo bastante grande e est em constante ascenso. Assim, desde j se conhecem linhagens de fungos, antes sensveis, que se tornaram resistentes a benomyl, tiofanato metlico, thiabendazole, ethirimol, dodine e kasugamicina, entre outros. O maior nmero de relatos se relacionam aos benzimidazis, envolvendo, mais freqentemente, os fungos Botrytis cinerea, Cercospora spp, odios, Venturia inaequalis, Verticillium spp.,e Penicillium. Os fungos so organismos geneticamente maleveis e podem, atravs de mutaes, tornarem-se resistentes a fungicidas especficos que atuam em um ou poucos processos metablicos vitais. Com isto, linhagens resistentes aparecem na populao de sensveis atravs de mutaes espontneas, sendo ento selecionadas pela aplicao do fungicida. No se descarta, porm, a possibilidade de mutaes serem provocadas pelo prprio fungicida, se bem que faltam ainda estudos que demonstrem inequivocamente a capacidade mutagnica de tais produtos. As conseqncias do desenvolvimento de populaes de fungos resistentes a fungicidas podem ser desastrosas, tanto para o usurio, que pode perder toda sua produo por falta de um sucedneo de eficincia equivalente, quanto para o fabricante, que investiu alto na sua descoberta e no seu desenvolvimento. importante, portanto, que essas novas e poderosas armas do arsenal qumico sejam utilizadas com as estratgias certas para diminuir esses riscos. A presso de seleo exercida pelo fungicida sistmico uma funo da extenso e durao da exposio, sendo tanto maior quanto maior a rea tratada com apenas um princpio ativo especfico; maior a dosagem e o nmero de aplicaes e, portanto, o poder residual do produto; maior a taxa de infeco da doena e mais favorveis s condies para ocorrncia de epidemias. Fungicidas para os quais se esperam problemas de resistncia no devem ser usados contra doenas que sejam adequadamente controladas com fungicidas convencionais (protetores) ou com outros mtodos de controle. Devem ser usados contra doenas em que a populao do patgeno resistente aumenta s
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lentamente, ou pode ser controlada por uma combinao de fungicidas e mtodos culturais; o controle possa ser obtido a uma baixa presso de seleo (uma ou duas pulverizaes/ estao). Dentre as Estratgias para preveno da resistncia de fungos, incluem-se:
Emprego de fungicidas menos especficos Restringir a aplicao do fungicida vulnervel a perodos crticos; Reduzir a quantidade aplicada e a freqncia de aplicao a um mnimo necessrio para controle econmico; Reduzir o perodo de contato e exposio do patgeno ao fungicida; Limitar a rea tratada com qualquer fungicida isoladamente; Restringir a multiplicao de formas resistentes pelo uso de um segundo fungicida (em mistura), de preferncia um inibidor inespecfico; Usar dois fungicidas especficos em seqncia e no em mistura, quando adaptabilidade da forma resistente menor do que a da sensvel Realizar monitoramento para detectar a presena de linhagens resistentes e mudando mtodos de controle antes que falhem.

Informaes acerca de resistncia de fungos a fungicidas podem ser encontradas no website do FRAC - Fungicide Resistance Action Comittee (http://www.gcpf.org/frac), comit formado por grupos de trabalho, com o objetivo de prolongar a efetividade dos fungicidas vulnerveis de encontrar resistncia e limitar as perdas da culturas. importante que os diversos segmentos envolvidos no controle qumico de doenas de plantas estejam conscientes dos problemas, causas e solues. Mecanismos relacionados a resistncia dos fungos aos fungicidas: a) Decrscimos na permeabilidade: antibiticos que no atingem o local de ao devido ao decrscimo na permeabilidade da membrana do protoplasma do organismo resistente; b) Aumento da desintoxicao: pode ocorrer por modificaes na molcula com concomitante perda de ao fungicida aps a entrada na clula fngica; c) Decrscimo da afinidade no stio de ao: quando o fungicida alcana o local de ao sem ser metabolizado pelo organismo, a resistncia pode ser explicada baseando-se na falta de afinidade do inibidor no stio reativo; d) Adaptao por evitamento: quando um fungicida bloqueia a reao num determinado stio de ao do metabolismo fngico e o fungo se adapta a esta situao, alterando seu metabolismo de tal forma que o local bloqueado no seja utilizado; e) Resistncia em condies de campo: capacidade de seleo de raas resistentes ao patgeno, o que pode ser aumentado nos seguintes casos: - aplicao repetida de fungicidas sistmicos quimicamente relacionados; - aplicao de fungicidas em concentraes letais ou sub-letais, continuamente; - utilizao de fungicidas em reas isoladas onde no haja competio das diferentes raas dos organismo. Por haver reduo destas possibilidades, mais de um fungicida com diferentes mecanismos de ao devem ser aplicados, preferentemente de forma alternada.

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Tabela 23.1. FRAC Code List*: Fungicides sorted by mode of action (including FRAC Code numbering)
MOA A: nucleic acids synthesis B: mitosis and cell divisio TARGET SITE AND CODE A1:RNA polymerase I B1:-tubuline assembly in mitosis CHEMICAL GROUP acylalanines benzimidazoles thiophanates phenyl-benzamides pyridinyl-ethylbenzamides furan- carboxamides C2:complex II: SDHI succinate dehydrogenase inhbitor oxathiin- carboxamides thiazole-carboxamides COMMON NAME metalaxyl-M carbendazim thiabendazole thiophanate-methyl benodanil flutolanil mepronil fluopyram fenfuram carboxin oxycarboxin thifluzamide furametpyr penthiopyrad bixafen isopyrazam sedaxane boscalid azoxystrobin enestrobin picoxystrobin pyraclostrobin kresoxim-methyl trifloxystrobin dimoxystrobin metominostrobin orysastrobin famoxadone fluoxastrobin fenamidone pyribencarb fentin acetate fentin chloride fentin hydroxide

pyrazole-carboxamides

pyridine-carboxamides C. respiration methoxy-acrylates methoxy-carbamates oximino acetates C3:complex III: cytochrome bc1 (ubiquinol oxidase) at Qo site (cytb gene)

oximino-acetamides oxazolidine-diones dihydro-dioxazines midazolinones benzyl-carbamates

C6: inhibitors of oxidative phosphorylation, ATP synthase

tri-phenyl tin compounds

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Tabela 23.2. FRAC Code List*: Fungicides sorted by mode of action (including FRAC Code numbering)
D: amino acids and protein synthesis D2: protein synthesis D3: protein synthesis D4: protein synthesis D5: protein synthesis E1:G-proteins in early cell signalling E2: MAP/Histidine-Kinase in osmotic signal transduction (os-2, HOG1) E: signal transduction E3: MAP/Histidine-Kinase in osmotic signal transduction (os-1, Daf1) dicarboximides enopyranuronic acid antibiotic hexopyranosyl antibiotic glucopyranosyl antibiotic tetracycline antibiotic quinolines phenylpyrroles blasticidin-S kasugamycin streptomycin oxytetracycline quinoxyfen fenpiclonil fludioxonil iprodione procymidone vinclozolin edifenphos iprobenfos (IBP) pyrazophos isoprothiolane chloroneb dicloran quintozene (PCNB) etridiazole iodocarb propamocarb prothiocarb dimethomorph flumorph benthiavalicarb iprovalicarb valifenalate mandipropamid Bacillus subtilis strain QST 713

F2: phospholipid biosynthesis, methyltransferase

phosphoro-thiolates dithiolanes aromatic hydrocarbons 1,2,4-thiadiazoles

F3: lipid peroxidation

F: lipids and membrane synthesis

F4: cell membrane permeability, fatty acids

carbamates

cinnamic acid amides F5: phospholipid biosynthesis and cell wall deposition

valinamide carbamates mandelic acid amides Bacillus subtilis and the fungicidal lipopeptides

F6: microbial disrupters of pathogen cell membranes

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Tabela 23.3. FRAC Code List*: Fungicides sorted by mode of action (including FRAC Code numbering)
piperazines pyridines pyrimidines triforine pyrifenox fenarimol nuarimol pefurazoate prochloraz triflumizole cyproconazole difenoconazole epoxiconazole fluquinconazole flutriafol metconazole myclobutanil propiconazole prothioconazole tebuconazole tetraconazole triadimefon triadimenol triticonazole aldimorph dodemorph fenpropimorph tridemorph fenpropidin piperalin spiroxamine fenhexamid pyributicarb naftifine terbinafine validamycin polyoxin fthalide pyroquilon tricyclazole carpropamid diclocymet fenoxanil acibenzolar-S-methyl probenazole tiadinil isotianil

imidazoles

G1: C14- demethylase in sterol biosynthesis (erg11/cyp51)

triazoles G: sterol biosynthesis in membranes

morpholines G2: 14-reductase and 87-isomerase in sterol biosynthesis (erg24, erg2) piperidines G3: 3-keto reduc-tase, C4- demethylation (erg27) G4: squaleneepoxidase in sterol biosynthesis (erg1) H: glucan synthesis H3: trehalase and inositolbiosynthesis H4: chitin synthase I1: reductase in melanin biosynthesis I: melanin synthesis in cell wall I2: dehydratase in melanin biosynthesis P1: salicylic acid pathway P2 P3 spiroketal-amines hydroxyanilides thiocarbamates allylamines glucopyranosyl antibiotic peptidyl pyrimidine nucleoside isobenzo-furanone pyrrolo-quinolinone triazolobenzo-thiazole cyclopropanecarboxamide carboxamide propionamide benzo-thiadiazole BTH benzisothiazole thiadiazolecarboxamide

P: host plant defence induction

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Tabela 23.4. FRAC Code List*: Fungicides sorted by mode of action (including FRAC Code numbering)
cyanoacetamideoxime ethyl phosphonates phthalamic acids benzotriazines benzene-sulfonamides pyridazinones thiocarbamate ethylamino-thiazole carboxamide phenyl-acetamide quinazolinone benzophenone inorganic inorganic cymoxanil fosetyl-Al phophorous acid and salts teclofthalam triazoxide flusulfamide diclomezine methasulfocarb ethaboxam cyflufenamid proquinazid metrafenone copper sulphur mancozeb maneb propineb thiram zineb captan captafol folpet chlorothalonil dichlofluanid tolylfluanid dodine* guazatine iminoctadine anilazine dithianon

Unknown mode of action

unknown

actin disruption

dithio-carbamates

Multi-site contact activity

multi-site contact activity

phthalimides chloronitriles sulfamides guanidines triazines quinones

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
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