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Descricao Das Metodologias de Avaliacao e Monitoramento Dos Pradas A Serem Utilizados Na Sema-Pa
Descricao Das Metodologias de Avaliacao e Monitoramento Dos Pradas A Serem Utilizados Na Sema-Pa
DESCRIÇÃO DAS
METODOLOGIAS
DE AVALIAÇÃO E
MONITORAMENTO
DOS PRADAS A SEREM
UTILIZADOS NA SEMA-PA
OUTUBRO
2014
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DESCRIÇÃO DAS METODOLOG IAS DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DOS PRADAS A SEREM UTILIZADAS NA SEMA-PA
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OUTUBRO DE 2014
EXPEDIENTE
Execução
Bioflora Tecnologia da Restauração
Supervisão
Ministério do Meio Ambiente
Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará
Expediente de Impressão:
Supervisão Geral: Nazaré Soares. Revisão: Adalberto Eberhard. Doraci Cabanilha de Souza, Elaine
Coelho, Nazaré Soares e Yvens Cordeiro. Fotos: Fabiano Turini Farah. Ilustrações: João Ricardo
Lagazzi Rodrigues. Projeto Gráfico e Diagramação: Juliana de Camargo Cerdeira
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DESCRIÇÃO DAS METODOLOG IAS DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DOS PRADAS A SEREM UTILIZADAS NA SEMA-PA
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................6
Restauração florestal - definições...................................................................................................................................6
Os Serviços Ambientais e a Restauração Florestal............................................................................................7
A Restauração Florestal e a Adequação Ambiental e Agrícola na Amazônia........................................8
Modelos de Restauração Florestal Visando o Aproveitamento Econômico nas Propriedades Rurais da
Amazônia..........................................................................................................................................................9
7. REFERÊNCIAS CITADAS..........................................................................................................................................55
9. ANEXOS..........................................................................................................................................................................56
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DESCRIÇÃO DAS METODOLOG IAS DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DOS PRADAS A SEREM UTILIZADAS NA SEMA-PA
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a supressão de florestas nativas é uma fortalecimento das capacidades técnicas e
das grandes preocupações atuais, responsável institucionais dos órgãos públicos no município
por grande parte da emissão de gases de efeito que operam para assegurar a eficiência da gestão
estufa, por conflitos fundiários e pela perda de ambiental e territorial local. Foi observado que,
biodiversidade, de recursos hídricos e, enfim, para isso, o estado do Pará deveria unir esforços
de patrimônio a ser deixado às futuras gerações. para aprimorar seu sistema de monitoramento
Sendo assim, a redução desse desmatamento, e licenciamento ambiental, por meio do
especialmente na região da Amazônia Legal, é aprimoramento de seu Sistema Integrado de
uma das principais metas do Governo Federal. Monitoramento e Licenciamento Ambiental
Para isso, ele criou, em 2004, o Plano de Ação (SIMLAM), gerenciado pela SEMA-PA. Diante
para a Prevenção e o Controle do Desmatamento disso, determinou-se a necessidade da definição
na Amazônia Legal (PPCDAm), composto por 13 de parâmetros técnicos para a recuperação de
ministérios e diversos órgãos públicos estaduais e áreas degradadas e construção de marco legal
federais. para a elaboração e análise dos Projetos de
Tendo sido formada essa instituição voltada para Recomposição de Áreas Degradadas ou Alteradas
a redução dos cortes de vegetação na Amazônia (PRADAs).
Legal, foi firmado entre o Brasil e a União Européia O Programa de Regularização Ambiental (PRA),
o Projeto “Pacto Municipal para a Redução do estabelecido pela Lei 12.651 de 25 de maio de 2012
Desmatamento”, com duração de três anos (2011 e pelo Decreto 7.830 de 17 de outubro de 2012,
a 2013). Ele conta com a parceria do Ministério do deve contar com mecanismos para acompanhar
Meio Ambiente (MMA) – responsável nacional sua implementação. O mecanismo para isso
por sua execução, da Secretaria de Estado de Meio aqui apresentado é o monitoramento das áreas
Ambiente do Pará (SEMA-PA), do Município de submetidas a Projetos de Recomposição de Áreas
São Félix do Xingu e da Organização das Nações Degradadas ou Alteradas (PRADA). É importante
Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). ressaltar que para que os técnicos da SEMA possam
Seus esforços foram focados especialmente no atuar adequadamente nessa fiscalização, todo o
município de São Félix do Xingu, que apresentava processo de restauração deve ser compreendido,
elevadas taxas de perda florestal, a fim de reverter desde os pontos de vista ecológico e burocrático.
tal situação.
Dentre os vários objetivos do projeto está o
fungos, bactérias, etc.) e o meio físico circundante grupos complementares, incluindo formas de
(solo, água e o ar). A restauração florestal vidas além de árvores (ervas, arbustos, cipós,
envolve, portanto, a reconstrução gradual da fauna, etc.), bem como o resgate das funções que
floresta, resgatando sua biodiversidade, função cada espécie desempenha, de forma isolada ou
ecológica e sustentabilidade ao longo do tempo, em conjunto (Rodrigues et al., 2007).
determinadas pelo resgate de várias espécies de
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2. USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO NO PARÁ
O desenvolvimento de centros urbanos deve ser absoluta de planejamento nas aberturas das
considerado um dos grandes fatores capazes áreas produtivas, com nítida preferência
de provocar alterações profundas na paisagem, para as áreas com topografias aplainadas e
onde muitas dessas alterações possuem relação situadas às margens de rios. Dada à extensão
diretamente proporcional com as formas e custos de manutenção dessas aberturas, o
preponderante de uso e ocupação do solo. revestimento vegetal nos municípios do Pará é
Desde os primórdios de suas fundações até os bastante heterogêneo, podendo ser estabelecido
dias atuais, os municípios do Pará sofreram um gradiente que abriga diferentes situações
alterações paisagísticas marcantes, expondo ambientais. A identificação e o mapeamento
de forma nítida as alterações, no tempo e no dessas situações ambientais no novo mosaico
espaço, na distribuição das modalidades de uso paisagístico regional se constituem como passo
e ocupação do solo (Figura 4). Como resultado, determinante para a definição futura do melhor
a matriz florestal que dominava a paisagem método de restauração florestal a ser empregado
regional vem sendo gradativamente substituída para cada situação em particular.
por modalidades alternativas, com destaque para A identificação de modalidades de uso e
a expansão da malha urbana e para atividades ocupação do solo numa determinada região se
econômicas relacionadas ao extrativismo e traduz num “retrato” da paisagem. No âmbito
comercialização madeireira e carvão, além da da restauração florestal, esse “retrato” é a base
agropecuária. para o planejamento estratégico das futuras
ações de restauração, pois mediante sua análise
é possível identificar, quantificar e priorizar
áreas-alvo para a restauração florestal.
Dentre as vantagens do uso da análise da
paisagem regional para determinar o método
de restauração florestal podemos citar a
possibilidade de identificação de áreas prioritárias
para a conservação da biodiversidade, como
aquelas relacionadas ao estabelecimento de
corredores ecológicos (e.g. áreas de preservação
permanente – APPs) interligando fragmentos
florestais pré-existentes na paisagem. Outra
vantagem consiste na identificação de locais
que demandam a combinação de métodos
Figura 4 - Alteração do uso do solo em São Félix de restauração distintos, ou ainda, locais
do Xingu, PA. A floresta nativa cede espaço para estratégicos que poderão ser convertidos em
a urbanização. Fonte: http://www.sfxingu. florestas para diminuir o déficit de reserva legal
pa.gov.br/ em propriedades rurais, como áreas agrícolas
de baixa aptidão agrícola. Por outro lado, esses
planejamentos ainda permitem elencar áreas
De forma geral, os municípios situados na com baixo potencial para restauração (com
Amazônia Legal e do Brasil, a dinâmica da aspectos altamente restritivos), onde os retornos
paisagem regional sofre com a ausência quase ambientais almejados são incipientes ao ponto de
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não justificarem o aporte de esforços e recursos aquelas com alta resolução (SPOT 5), seguida
financeiros que tais projetos demandam. Dessa pelo uso de ferramentas SIG (Sistema de
forma, a análise do uso e ocupação do solo se Informações Geográficas) e checagem de campo
justifica como uma etapa de planejamento para para validação das modalidades previamente
a restauração florestal. identificadas nas imagens de satélite. A seguir
A metodologia empregada para a análise da são apresentadas as principais modalidades
paisagem regional está vinculada à interpretação propostas de uso do solo, já identificadas em
de imagens de satélite, preferencialmente campo no Pará:
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Figura 13 - Exemplo de curso d’água perene – Figura 14 - Exemplo de curso d’água intermi-
rio Pau-d’arco, Redenção, PA. tente. Redenção, PA.
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próximo da floresta original. (Figura 15). Abrange Cachimbo, ocorrendo também em alguns pontos
as formações Campinarana Florestada, Savana mais isolados ao sul do estado.
Florestada, Contato Floresta Estacional/Foresta A Floresta Estacional Semidecidual Submontana,
Ombrófila (Floresta Estacional Perenifólia), no Pará, encontra-se em áreas com clima marcado
Floresta Estacional Decidual Submontana, por duas estações: verão com abundantes
Floresta Estacional Semidecidual Submontana, chuvas, seguido por período de estiagem. Assim,
Floresta Ombrófila Aberta Submontana, em estação seca, de 20 a 50% das árvores perdem
Floresta Ombrófila Aberta terras Baixas, suas folhas. Ocorre no sul do estado, a altitudes
Floresta Ombrófila Densa Aluvial, Floresta entre 100 e 600 m.
Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila
Densa Submontana; Floresta Ombrófila Densa A Floresta Ombrófila Aberta ocorre na transição
Terras Baixas, quando em estado conservado, entre Floresta Estacional Semidecidual e Floresta
ou seja, com dossel contínuo, presença de Ombrófila. Ocupa região com estação seca pouco
indivíduos regenerantes e com rara presença pronunciada, que dura de dois a três meses, e de
de espécies invasoras ou em desequilíbrio. São variados tipos de solo. Nela, ocorrem pontos de
todas fisionomias florestais, ou seja, com alta menor volume e densidade de árvores, e ela pode
densidade de indivíduos, que formam dossel apresentar três diferentes faciações florísticas:
contínuo. Elas diferenciam-se de acordo com apresentando adensamentos de palmeiras
condições do clima e do solo, que determinam intercaladas às outras árvores; aglomerados
formações de distintas comunidades vegetais. de indivíduos de sororoca (Phenakospermum
guyannense (A.Rich.) Endl. ex Miq. - Musaceae);
A Campinarana Florestada se desenvolve sobre ou lianas envolvendo total ou parcialmente a
solos pobres e quase sempre encharcados, do floresta. No Pará, ocorre a Floresta Ombrófila
tipo Podzois hidromórficos (Espodossolos) e Aberta de Terras Baixas (altitude até 100 m) e a
Areias Quartzosas hidromórficas (Neossolos Floresta Ombrófila Aberta Submontana (altitude
Quartzarênicos hidromórficos) (Figura 16). de 100 a 600 m).
Ocorre no sul do Pará, nas margens da Serra
do Cachimbo e em pontos ao longo do Rio Floresta Ombrófila Densa ocorre em clima de
Tocantins, da Ilha de Marajó e em contato com chuvas abundantes, sem estação seca ao longo
outras formações vegetais. Apresenta árvores do ano. Estende-se pela Depressão Amazônica,
finas e esbranquiçadas de folhas sempre verdes, ocupando a maior parte do Pará. A Floresta
medindo cerca de 15 m de altura, entremeadas Ombrófila Densa Aluvial compreende a
por alguns indivíduos um pouco mais altos, com “mata de várzea”, com solos periodicamente
cerca de 20 m. inundáveis e espécies de raízes aéreas ou
tabulares, crescimento rápido e casca lisa, e a
A Savana Florestada comumente ocorre em “mata de igapó”, com solos permanentemente
clima estacional, com cerca de cinco meses secos encharcados e com menor seleção de espécies
durante o ano, porém pode ocorrer também para condições ambientais muito variáveis. A
em climas ombrófilos. Forma-se sobre solos Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas ocupa
lixiviados e ricos em alumínio. Apresenta árvores terrenos não inundáveis de altitude de até
baixas (10-15 m), em densidade variável. 100 m. É uma floresta de árvores de grande
O Contato Floresta Estacional/Foresta Ombrófila porte, muito exuberantes, de troncos retilíneos
é denominado Floresta Estacional Perenifólia. É e comumente abrigando lianas. Apresenta
uma formação vegetal que, apesar de estar sob composição florística muito variável e alta
clima estacional, não sofre o estresse hídrico diversidade de espécies. A Floresta Ombrófila
proporcionado por ele e se mantém perenifólia Densa Submontana está localizada em altitudes
ao longo do ano. entre 100 e 600 m. Apresenta dossel uniforme e
A Floresta Estacional Decidual Submontana dossel de emergentes. Suas árvores raramente
ocupa áreas de clima mais seco e solos rasos, ultrapassam altura de 30 m. Por último, a Floresta
arenosos ou morrarias litólicas. Assim, mais de Ombrófila Densa Montana recobre serras, a
50% das árvores perdem suas folhas na estação altitudes entre 600 e 2.000 m. Suas árvores
de menor umidade. No Pará, é encontrada apresentam altura relativamente uniforme, de
na parte central até a borda norte da Serra do cerca de 20 m, com troncos finos, casca espessa e
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2.24 Pecuária
São áreas consolidadas com atividades
econômicas de pecuária (Figura 26).
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3. PARÂMETROS TÉCNICOS
PARA A ELABORAÇÃO
DOS PROJETOS DE
RECOMPOSIÇÃO DE
ÁREAS DEGRADADAS OU
ALTERADAS (PRADAS)
A Lei 12.651 de 25 de maio de 2012 e o Decreto (PRA), a fim de se adequar ou promover sua
7.830 de 17 de outubro de 2012 estabelecem que regularização ambiental. O proprietário deve
todos os imóveis rurais no Brasil devem realizar assinar um Termo de Compromisso Ambiental
o Cadastro Ambiental Rural (CAR) , um registro (TCA), afirmando que se propõe a adotar todas
público eletrônico declaratório de informações as medidas de restauração ecológica necessárias
ambientais de propriedades e posses rurais. a suas áreas com passivo ambiental. Um dos
Aquelas propriedades ou posses rurais que instrumentos do PRA para essa adequação
declararem passivos ambientais no CAR poderão ambiental é o Projeto de Recomposição de Áreas
aderir ao Programa de Regularização Ambiental Degradadas ou Alteradas (PRADA).
26 ² http://monitoramento.sema.pa.gov.br/simlam/index.htm
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Possibilidade de
Possibilidade de enriquecimento
recobrimento natural baseado
natural baseado na dispersão de
na regeneração todos grupos Semeadura direta de espécies de
*
inicial funcionais diversidade das diferentes formas de
vida
• Plantio de mudas de espécies de
Expressão da
Expressão da Alta Alta diversidade das diferentes formas de
resiliência da
resiliência local vida
Avaliação passagem regional Avaliação
pela regeneração • Transferência de top soil de áreas que
pela regeneração
natural Baixa Baixa Metodologias serão desmatadas
natural
possíveis • Poleiros naturais
Poleiros artificiais
Necessidade de • Nucleação
recobrimento
* Uso de adubos verdes em quaisquer casos
artificial *
Isolamento de
fatores de Abrangência • Arbustos
do • Apenas dos • Lianas
degradação
enriquecimento grupos • Epífitas
artificial funcionais • Árvores
Início da 4º ano 7º ano comprometidos emergentes
parada • Todos os • Espécies de
grupos sementes grandes
etc
Figura 34 - Fluxograma relacionando a expressão do potencial de resiliência local (da própria área em
restauração) em curto prazo após o isolamento dos fatores de degradação, bem como da resiliência da
paisagem regional em médio e longo prazo. Esses potenciais conferem a possibilidade de recobrimento
e/ou enriquecimento natural ou a necessidade de realizar uma ou ambas as etapas de modo artificial,
por meio de diferentes metodologias indicadas no asterisco (*).
Para as áreas que não serão submetidas a um aviso ao proprietário e perguntará se ele
isolamento e para aquelas onde já foi feito o deseja continuar com a opção. Será de inteira
isolamento por três anos e reclassificação do responsabilidade do proprietário continuar com
uso do solo, o proprietário deverá determinar essa opção e arcar com futuras fiscalizações e
as medidas de recuperação ambiental a serem eventuais necessidades de correções dos métodos
adotadas. Para isso, serão dadas pelo sistema usados. Todas as medidas de recuperação a
computacional opções de ações de manejo serem tomadas, escolhidas pelo proprietário,
adaptativo visando à restauração, todas serão listadas pelo SIMLAM e servirão como
descritas, para uma melhor compreensão (Figura diretrizes para a recuperação ambiental das áreas
35). Alguns métodos de recuperação ambiental em questão e como um compromisso firmado
são possíveis de serem usados, porém não são pelo proprietário.
os mais apropriados. Nesse caso, o sistema dará
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PRADA 2 PRADA 3
PRADA 1 PRADAs 4, 5, 6
Ação 2 (opções) Ação 3 (opções)
Ação 1 Ação 4
Recobrimento Enriquecimento
Isolamento da natural Ações de melhoria ou
natural
área ações corretivas
Recobrimento Enriquecimento
artificial artificial
Ação 2 (alternativa) Ação 3A
Recobrimento e Ações de melhoria
enriquecimento ou ações corretivas
artificiais
Expressão da
Resiliência local Expressão da
pela regeneração Resiliência da
natural paisagem regional pela
regeneração natural
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floresta em restauração ou conservada caso a uma vez que as propriedades serão checadas
ocupação atual na verdade seja de pastagem, com o uso de imagens de satélite.
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4. MÉTODOS DE
RESTAURAÇÃO
FLORESTAL
4.1 Metodologias de restauração florestal para a conservação da
biodiversidade
Este item descreve as ações que poderão ser para determinar o conjunto de metodologias a
adotadas como métodos de restauração florestal que deverão ser utilizadas, tais como o estado de
para conservação da biodiversidade.As principais conservação do solo, a existência e a abundância
situações ambientais passíveis de fazer uso dos da regeneração natural, riqueza de espécies, a
métodos descritos neste manual são aquelas localização dessas áreas com relação às florestas
inseridas em APP’s (corredores ecológicos entre nativas remanescentes, etc.
APP e Reserva Legal), as áreas com baixa aptidão O diagnóstico ambiental do imóvel realizado
agrícola, as pastagens abandonadas (pasto limpo para elaboração do CAR (Cadastro Ambiental
e pasto sujo) e as florestas nativas já alteradas Rural) e do PRADA (Projeto de Recomposição
(florestas secundárias) que compõem a Reserva de Áreas Degradadas e Alteradas) também é um
Legal das propriedades rurais. documento importante de ser avaliado, pois caso
É importante pontuar que nem todas as ações haja déficit de Reserva Legal na propriedade, as
descritas nesse manual devem necessariamente áreas agrícolas de baixa aptidão agrícola (grotas
ser postas em prática ao mesmo tempo. É preciso secas, áreas declivosas, etc.) ou potenciais
avaliar inicialmente a situação ambiental a ser corredores ecológicos deverão prioritariamente
restaurada para priorizar a prática de todas ou ser convertidas em florestas nativas para suprir
somente parte das ações para que se atinja o este déficit. Neste caso, o proprietário poderá
objetivo final. Isso deve ao fato de que, apesar de realizar a restauração florestal visando também
todos os métodos de restauração compartilhar o o aproveitamento econômico de produtos
mesmo objetivo final - a floresta restaurada ou florestais (madeiras, frutas, etc.). Os modelos
em restauração - não há uma receita generalizada sugeridos para aproveitamento econômico de
para todas as situações ambientais. Em termos produtos florestais estão descritos no item 5.
práticos, é preciso avaliar inicialmente alguns A seguir são descritas as ações de restauração
aspectos das áreas que deverão ser restauradas florestal recomendadas para o Pará.
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4.1.4 Plantio de Mudas em Área Total (Plantio Total) - Situações que não
apresentam Regeneração Natural
No plantio total são realizadas combinações muito ao grupo referido em alguns projetos
das espécies com características de crescimento como grupo das não-pioneiras (NP), comumente
diferentes em grupos de plantio, visando à usado em projetos de restauração mais antigos,
implantação das espécies dos estádios finais no entanto, nesse grupo de diversidade entram
de sucessão (secundárias tardias e clímax) também as espécies pioneiras que não cumprem
conjuntamente com espécies dos estádios iniciais a função de recobrimento, mas que cumprem
de sucessão (pioneiras e secundárias iniciais). outra função na restauração, como atração
Essa prática compõe unidades sucessionais da fauna e espécies de outras formas de vida
que resultam em uma gradual substituição de que não apenas arbóreas, como herbáceas,
espécies dos diferentes grupos ecológicos no arbustivas, epífitas e lianas do interior da
tempo, caracterizando o processo de sucessão. floresta. A propagação dessas espécies deve ser
Para combinação das espécies de diferentes incentivada e acompanhada pelos geradores
comportamentos (pioneiras, secundárias e/ou locais de conhecimento nos viveiros particulares
climácicas) ou de diferentes grupos ecológicos, da região, incentivando assim esse elo local da
é recomendado o uso de linhas de plantio cadeia da restauração.
alternando os dois grupos de espécies funcionais Resumidamente, as espécies do grupo de
chamados de: Grupo de Recobrimento e Grupo recobrimento, de crescimento mais rápido e boa
de Diversidade. A lista de espécies recomendadas cobertura, formam uma capoeira num curto
encontra-se no Anexo 1. espaço de tempo, sob a qual as espécies do grupo
O Grupo de Recobrimento é constituído por de diversidade crescerão e serão tutoradas pelas
espécies que possuem rápido crescimento e boa primeiras, até atingirem a condição dominante
cobertura de copa, proporcionando o rápido na floresta.
fechamento da área plantada. Com o rápido Com esses dois grupos de plantas estabelecidos,
recobrimento da área, as espécies desse grupo a distribuição destas dentro das linhas de
criam um ambiente favorável ao desenvolvimento plantio é sempre uma alternância de uma muda
dos indivíduos do grupo de diversidade (descrito de recobrimento e uma muda de diversidade
a seguir) e desfavorecem o desenvolvimento (Figura 39). Como prática de plantio, pode-se
de espécies competidoras como gramíneas e iniciar o plantio apenas com as mudas de um
lianas agressivas, através do sombreamento grupo, plantando em um berço e pulando o
da área em processo de recomposição. O fato outro. Terminado o plantio do primeiro grupo
de pertencer a um grupo funcional inicial na (diversidade ou recobrimento), inicia-se o
sucessão não implica em dizer que a espécie se plantio das mudas do outro grupo, preenchendo
encaixa no grupo de recobrimento. Para uma os berços que ficaram sem plantas. Sempre que
espécie pertencer a esse grupo ela deve ter como a operação for possível, recomenda-se o plantio
características, além do rápido crescimento, em sistema de cultivo mínimo, ou seja, em
a capacidade de formar copa densa e ampla, linha, o que facilita o controle de competidores
sendo assim uma eficiente sombreadora do solo. e minimiza os riscos de processos erosivos e os
Outra característica desejável para as espécies custos de implantação.
do grupo de recobrimento é que elas possuam Esses plantios geralmente apresentam
florescimento e produção precoce de sementes. espaçamento de 3,0 m entre linhas e 2,0 m entre
No Grupo de Diversidade incluem-se as espécies plantas. A implantação dos mesmos obedece ao
que não possuem rápido crescimento e/ou boa padrão de florestas conservadas, aumentando as
cobertura de copa, mas são fundamentais para chances de sustentabilidade do reflorestamento
garantir a perpetuação da área plantada, já que por processos de interação biótica. Plantios
é esse grupo que vai gradualmente substituir o realizados com esse espaçamento geram uma
grupo de recobrimento quando este entrar em densidade de cerca de 1.666 ind./ha.
senescência (morte), ocupando definitivamente
a área. O grupo de diversidade se assemelha
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Figura 40 - Metodologias de semeadura direta de espécies nativas e adubação verde, usando maquinário
agrícola (plantadeiras de grãos e adubadeira).
Se essas áreas também não apresentarem de “mix”, ou seja, contendo as espécies muito
resiliência de paisagem, ou seja, não sofrerem bem misturadas dentro de cada grupo.
enriquecimento natural, por estarem distantes No entento, o enriquecimento da área poderá
de florestas bem conservadas, como já explanado ser feito ainda com espécies nativas de interesse
acima, será necessário ser feito o enriquecimento econômico, como já comentado anteriormente,
articificial com espécies nativas, no 2 ou 3 anos nas APPs de propriedade familiares e na RL
após o plantio de recobrimento, quando a de todas as propriedades rurais do município,
estrutura florestal já estiver constituída (Figura conforme permitido na legislação e até na
43). No entanto, é importante que o número de combianção de espécies nativas e exóticas para
mudas em cada um dos grupos de plantio deva ser exploração econômica, também nas APPs de
o mais igualmente distribuído entre as espécies, propriedade familiares e na RL de todas as
a fim de evitar o plantio desequilibrado entre as propriedades rurais, desde que as exóticas não
espécies. Além disso, esse processo deve ser feito ultrapassem 50% dos indivíduos de nativas
de maneira que as mudas de mesma espécie não e estejam consorciadas (intercaladas) com as
sejam plantadas lado a lado ou muito próximas nativas no espaço, conforme permitido na
umas das outras, nem muito distantes a ponto legislação.
de proporcionar o seu isolamento reprodutivo.
O ideal é que elas já saiam do viveiro na forma A metodologia de semeadura ou plantio de
mudas de Recobrimento pode estar integrada ao
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plantio de espécies de adubo verde, o qual deve Essa adubação verde pode ser substituída por
acontecer nas entrelinhas do Recobrimento por capina mecânica ou química ou ser retirada nos
meio de semeadura direta (Figura 41 e Figura casos de baixa infestação de gramíneas, mas a
42). O adubo verde tem como principal função substituição por essas operações irá representar
controlar a infestação de gramíneas agressivas um custo maior, pois terão que ser realizadas
durante os primeiros anos após a implantação pelo menos quatro vezes por ano nos primeiros
do projeto, função essa substituída pelas espécies 2 anos.
do Recobrimento nos anos posteriores. Desse A Figura 42 exemplifica o consórcio de semeadura
modo, o adubo verde irá tutorar as espécies de adubo verde com o plantio de mudas de
de Recobrimento, promovendo o rápido e espécies de recobrimento, em espaçamento de 3,0
efetivo sombreamento da área de plantio logo x 3,0 m, com o objetivo de rápido recobrimento
no primeiro ano, o que irá reduzir os custos da área, diminuindo o crescimento de espécies
com a manutenção de gramíneas invasoras. de gramíneas invasoras.
Metodologia de Implantação
A metodologia de plantio escalonado deve que as espécies de recobrimento sejam plantadas
seguir as orientações abaixo: quando a adubação verde estiver com cerca de
50 cm de altura.
• 1º ano (implantação): Inicia-se com o A maior parte das espécies escolhidas de adubo
plantio de mudas ou semeadura do grupo de verde tem o ciclo de vida curto e entre o primeiro
recobrimento em espaçamento 3,0 x 3,0 m, e quarto ano já apresentam senescência (morte)
somando 1.111 indivíduos por hectare (Erro! cedendo espaço às espécies de recobrimento que
Fonte de referência não encontrada.). Este irão sombrear a área (Figura 43).
espaçamento possibilita um maior e mais rápido • Início do 2º ou 3º ano pós-plantio do
sombreamento do solo e diminui os gastos com grupo de recobrimento e adubo verde: Plantio
manutenção, como o controle de competidores. do grupo de diversidade em espaçamento 6,0 x
Recomenda-se realizar primeiro a semeadura 3,0 m, nas entrelinhas do grupo de recobrimento,
de adubo verde nas entrelinhas do grupo somando 555 indivíduos por hectare (Figura
de recobrimento, o adubo verde deve ser 44). Assim, as espécies de diversidade terão um
introduzido em duas linhas a um metro de ambiente favorável com maior sombreamento,
distância das espécies de recobrimento (Erro! temperaturas mais baixas e pouca exposição à
Fonte de referência não encontrada.). O ideal é insolação e ventos;
Seguindo essas duas etapas o total de indivíduos dessa iniciativa e a redução dos custos de
plantados por hectare somará 1.666. manutenção. Em função disso, é necessário que
Para que uma metodologia de restauração a realização do plantio do grupo de diversidade
florestal seja adequada, é necessário garantir seja feita no segundo ou terceiro ano. A
a estruturação da floresta no menor tempo dispensa desse enriquecimento das espécies de
possível e a substituição gradual das espécies diversidade no segundo ano só será possível
de recobrimento por espécies dos estágios mais se o monitoramento da área em processo de
avançados de sucessão, promovendo assim a restauração apontar claramente a ocorrência de
restauração ecológica e a perpetuação da floresta enriquecimento natural através da dispersão de
ao longo do tempo. Por isso a necessidade da espécies que se encontram nas florestas mais
restauração ser feita com elevada diversidade de conservadas no entorno.
espécies nativas regionais, garantindo o sucesso
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que também tem maior restrição para dispersão aproximado de 4x8m, de retorno econômico
e nesses casos o enriquecimento deverá ser menor, mas também de prazo mais curto, como
feito considerando esses grupos vegetacionais cacau, cupuaçu e açaí. Esse enriquecimento com
comprometidos localmente. Apenas um bom espécies nativas para exploração econômica de
monitoramento periódico dessas áreas em áreas já ocupadas com espécies nativas oriundas
recuperação vai permitir responder as demandas da RN ou mesmo de plantio de recobrimento por
desse enriquecimento artificial, destacando de ser chamado de Sistema Florestal de Espécies
novo a importância de capacitação local para Nativas. Para Reserva Legal temos recomendado
esse monitoramento. promover o enriquecimento apenas de 30% da
B. O objetivo de recuperação também, é de RL, o que é uma grande área, reservando os 70%
exploração econômica da área. para os demais serviços ambientais da RL, como
conservação da biodiversidade, do solo, do ciclo
Em outras situações o Enriquecimento Artificial hidrológico etc, já que a RL na Amazônia vai de
pode ser realizado no sentido de introduzir na 50-80% da propriedade.
área indivíduos (com quantidade e distribuição
espacial desejada) de espécies nativas para B.2 Enriquecimento Artificial com espécies
exploração econômica, o que é permitido na nativas e exóticas para exploração econômica
legislação para a propriedade familiar, tanto na (SAF)
APP como na RL, mas também para todas as Para propriedades familiares tanto para APP
propriedades rurais, na condição da RL. Nessa como para RL, como para as demais propriedade,
condição de enriquecimento para exploração o enriquecimento artificial pode ser feito
econômica, temos as seguintes possibilidades na combinado espécies exóticas agronômicas e
legislação ambiental: espécies nativas para exploração econômica,
B.1 Enriquecimento Artificial de remanescentes o que comumente é definido como Sistemas
florestais com espécies nativas para Agroflorestais (SAF). Esse sistema pode ser
aproveitamento econômico (SAF de espécies implantado numa área que não tem vegetação
nativas): nenhuma, manejando a RN ou até plantando
espécies de recobrimento, dentre as quais
Em situações da propriedade rural, ocupadas já podemos ter espécies de aproveitamento
com florestas remanescentes degradadas, mas agronômico, como banana, mandioca, café, etc.,
onde o manejo sustentável é permitido, como é o produzindo gradualmente nessa mistura de
caso da Reserva Legal já explorada de qualquer nativas e exóticas uma formação florestal, que
propriedade rural do município e como é o poderá ser enriquecida com espécies exóticas e
caso das APPs de propriedades familiares, o nativas também de interesse econômico. Para
enriquecimento artificial pode ser feito com a região, devida as características locais de
espécies nativas que vão ser exploradas de elevada resiliência local e de paisagem, sempre
forma sustentável, caracterizadas como de estaremos propondo SAFs de alta diversidade
baixo impacto. A exploração é apenas dos de espécies, mas que algumas dessas espécies
indivíduos que foram plantados. Essas espécies vão estar em maior densidade pois são o carro
podem ter várias aplicações, como frutíferas, chefe do sistema, em função de proporcionarem
medicinais, melíferas, ornamentais, madeireiras maior retorno econômico local, como algumas
etc.. Na Amazônia, o plantio de enriquecimento madeireiras, algumas frutíferas e outros nos
da Reserva Legal tem focado no plantio de mercados que podem ser explorados, como
espécies madeireiras de alto valor agregado, espécies ornamentais. Algumas situações
mas que também tem bom desenvolvimento específicas de algumas propriedades rurais
se devidamente conduzidas e adubadas, como que já podem estar ocupadas com estrutura
freijó, mogno, cedro, e outras, no espaçamento florestal, mesmo que baixa, de espécies exóticas
aproximado de 8x8m, proporcionando assim perenes, como café, manga, citrus ou mesmo o
excelente retorno econômico. No entanto esse eucalipto, essa áreas podem se readequadas para
prazo ainda é longo considerando os custos do a condição de uma SAF, se adequando então
enriquecimento. Por isso esse enriquecimento de para a condição de RL. Para isso, deve haver
madeireiras tem sido feito de forma consorciada a retirada de pelo menos 50% dos indivíduos
com espécies frutíferas nativas, no espaçamento
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exóticos e enriquecimento artificial da área com podem ter várias aplicações, como frutíferas,
espécies nativas de interesse econômico e uma medicinais, melíferas, ornamentais, madeireiras
facilitação da RN, como já explicado acima, qu etc. É muito importante ressaltar que a exploração
juntas (enriquecimento artificial e RN) devem madeireira ou outra nunca poderá levar ao corte
constituir pelo menos 50% dos indivíduos raso da área e deverá, portanto ser feita de forma
conforme exigência da legislação. Essas espécies sustentável.
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5. MODELOS DE
RESTAURAÇÃO
FLORESTAL DE ÁREAS
DE REGENERAÇÃO
NATURAL VISANDO
O APROVEITAMENTO
ECONÔMICO
Conforme dito anteriormente, a restauração IMPORTANTE: Como as áreas
florestal se faz valer de um conjunto de utilizadas para esses fins já estão
práticas objetivando reconstruir a floresta,
averbadas na matrícula do imóvel, o
incluindo sua composição de espécies,
estrutura e o reestabelecimento de processos custo de oportunidade do uso do solo é
ecológicos responsáveis por sua manutenção zero! Não há a necessidade de aquisição
e sustentabilidade. Para isso, pode fazer uso de novas áreas para a implantação dessa
das potencialidades locais, como por exemplo, atividade econômica. Logo o retorno
por meio da condução da regeneração natural financeiro sobre o investimento é maior.
que incorporam mudas jovens pré-existentes
no ambiente à floresta em restauração; pelo Os modelos de restauração florestal que visam o
uso dos plantios que enriquecem ou adensam aproveitamento econômico de produtos florestais
áreas previamente ocupadas com vegetação; ou também aproveitam espaços antes improdutivos
finalmente, pelo plantio de mudas distribuídas dentro da propriedade rural, como as áreas
por toda a área a ser restaurada – plantio total. agrícolas de baixa aptidão agrícola e de reserva
legal. É importante salientar que os plantios para
O que mostraremos a seguir faz referência ao aproveitamento econômico da reserva legal só é
aproveitamento econômico de produtos florestais viável naquelas florestas secundárias de dossel
(madeiras, frutas e sementes) originados do contínuo (floresta fechada) ou descontínuo
processo de restauração florestal. Quando (florestas abertas). Nas florestas primárias, ou
utilizada para esse fim a restauração florestal seja, aquelas que nunca sofreram exploração
exerce as importantes funções de promover a madeireira ou perturbações recentes (fogo),
diversificação das atividades econômicas da esses plantios não são recomendados dados o
propriedade e o provimento de renda extra ao alto nível de sombreamento e necessidade de
proprietário. intervenções severas para o desenvolvimento
do plantio.
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Figura 46 - Área de baixa aptidão agrícola (grota Figura 47 - Área de baixa aptidão agrícola
seca) ocupada pela regeneração natural. Fazenda decorrente da declividade (encosta de morro)
Juparanã, Paragominas, PA. com baixa frequência de uso pelo gado ou
impossibilidade de mecanização. Ipixuna do
Pará.
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Figura 49 - Linha temporal do sistema de produção florestal baseados em espécies de madeira e fruta
(castanha) do modelo florestal de uso múltiplo (Brienza et al. 2008).
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sob o ponto de vista ambiental, esses plantios de valor à produção agrícola na propriedade
garantirão a conservação da flora e fauna por meio de um possível “selo verde”, o que
regionais por meio da proteção das florestas. representa uma vantagem comercial em
Há ainda de se levar em consideração, que a relação às outras propriedades não adequadas e
adequação agrícola e ambiental como um todo produtos que não possuem esta vantagem.
da propriedade rural, possibilitará a agregação
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6. AVALIAÇÃO E
MONITORAMENTO DAS
ÁREAS EM PROCESSO
DE RESTAURAÇÃO
FLORESTAL
6.1 Metodologia de avaliação e monitoramento dos PRADAs pelo
proprietário rural
O proprietário de uma área rural com passivo corretivas foram efetivas e se o processo de
ambiental, que se enquadra dentro do Programa restauração ecológica se encontra na trajetória
de Regularização Ambiental (PRA) e estabelece adequada, dispensando futuras manutenções.
Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas Para Reserva Legal (RL), após o abandono da
ou Alteradas (PRADA) deve fazer um área por três anos, com isolamento de fatores de
monitoramento periódico das áreas que pretende degradação, também deve ser feita uma avaliação
recuperar. Isso para verificar se elas estão dentro dela, no início do 4° ano após adesão ao PRADA,
da trajetória desejada de restauração, ou se com reclassificação das situações ambientais a
devem ser tomadas medidas de correção para partir de sua descrição. No 7° ano após o início
que a restauração se concretize e a área possa ser do PRADA, deve ser realizado monitoramento,
regularizada. no qual no mínimo, 30% da área total da RL
Para Áreas de Preservação Permanente (APP), deve estar sob processo de restauração. No 13°
após o abandono da área por três anos, com ano, deve ser realizado outro monitoramento,
isolamento de fatores de degradação, deve ser no qual pelo menos 60% da RL deve estar em
feita uma avaliação dela. A partir disso, no início processo de restauração. No 19° ano, novo
do 4° ano após a adesão ao PRADA, ela deve monitoramento deve ser feito, devendo detectar
ser reclassificada de acordo com as situações que, no mínimo, 90% da área da RL deve estar
ambientais. O primeiro monitoramento realizado em processo de restauração. No 20° ano após a
pelo proprietário se dará no 7° ano após o início do adesão ao PRADA, deve ser realizado o último
PRADA. Nele, devem ser detectadas, se houver, monitoramento, atestando que toda a RL está
irregularidades no processo de restauração. sob restauração.
A partir disso, devem ser tomadas medidas A Tabela 3 mostra o resumo das datas de
corretivas, se necessário. No 9° ano após o início monitoramento a ser realizado pelo proprietário,
do PRADA, o proprietário deve realizar novo tanto em APP quanto em RL.
monitoramento, a fim de verificar se medidas
Tabela 3 - Resumo das datas de monitoramentos a serem realizados pelo proprietário, a partir da adesão
ao PRADA.
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Os seguintes itens devem ser contemplados pelos monitoramentos (de 7° e 9° anos em APP e de 7°,
13°, 19° e 20° anos em RL):
Figura 50 - Par de fotografias mostrando área em processo de restauração e um morro ao fundo, como
ponto de referência.
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Tabela 4 - Tabela a ser preenchida pelo proprietário no monitoramento da área a ser recuperada,
segundo o PRA
Sugestão de adequação
Valor Encontrado Avaliação automática (quando indicador apresentar Periodicidade do
Grupo Indicador Nível de Adequação pelo proprietário (Sistema PRA) nível 3 - não aceitável) monitoramento
Preenchido pelo
1. Bom 2. Aceitável 3. Não aceitável proprietário (exemplo)
Não se observam sinais de São observados sinais de
São observados sinais de Isolamento de perturbações -
perturbação OU, quando perturbação que
Com perturbação Consultar manual de APP: 7° e 9° anos
existem, não comprometem comprometem entre 5 e perturbação em mais de
Proteção de perturbações 30% da área 3 restauração da SEMA RL: 7°, 13°, 19° e 20° anos
mais que 5% da área 30% da área
-
Estrutura: Cobertura de copas na APP: 7° e 9° anos
Acima de 50% Entre 30 e 50% Abaixo de 30% 2
primeira e segunda avaliação 35%
RL: 7°, 13°, 19° e 20° anos
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Figura 53 - Exemplo: imagens de uma área em processo de restauração no Estado de São Paulo em
duas épocas, (a) 2005 e (b) 2012. Fonte: Google Earth TM.
Tabela 5 - Resumo das datas de monitoramentos a serem realizados pela SEMA, a partir da adesão ao
PRADA.
Categorias Conformidade
de análise Indicador Período Aprovada Advertida Reprovada
APP e RL:
> 50% 30 - 50% < 30%
8 anos
Cobertura do solo APP: 10 anos
> 80% 50 - 80% < 50%
RL: 14 e 21 anos
Estrutura APP e RL:
Florestal (inicial*) Arbustiva Não florestal (Agrícola)
8 anos
Fitofisionomia
APP: 10 anos Florestal (média*) Arbustiva Sem dossel contínuo
RL: 14 e 21 anos
APP e RL: Ausência
Presença não Presença abundante
8 anos abundante (< 20%) (> 20%)
Função ecológica Espécies exóticas
lenhosas invasoras APP: 10 anos Ausência
Presença não Presença abundante
RL: 14 e 21 anos abundante (< 20%) (> 20%)
APP e RL:
- - -
Funcionamento Regeneração 8 anos
natural
APP: 10 anos Alta densidade Alta densidade Baixa densidade
RL: 14 e 21 anos Alta diversidade Baixa diversidade Baixa diversidade
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A Figura 54 mostra um resumo das atividades relativas ao monitoramento a serem realizadas, a partir
da adesão ao PRADA.
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7. REFERÊNCIAS CITADAS
BRIENZA JUNIOR, S.; PEREIRA, J.F.; YARED, J.A.Z.; MORÃO JUNIOR, M.;GONÇALVES, D.A.;
GALEÃO, R.R. Recuperação de áreas degradadas com base em sistema de produção florestal energético-
madeireiro: indicadores de custos, produtividade e renda. Amazônia: Ciência & Desenvolvimento,
Belém, v.4, n.7, jul./dez.2008.
GRIFFITH, J.J.; DIAS, L.E. DE MARCO JR., P. A recuperação ambiental. Revista Ação Ambiental,
Viçosa, MG, n. 10, p. 8-11, fev./mar.2000.
RODRIGUES, R. R. ; GANDOLFI, S. . Restauração de Florestas Tropicais:subsídios para uma definição
metodológica e indicadores de avaliação e monitoramento.. In: L.E. DIAS; J.W.V. de MELLO. (Org.).
Recuperação de áreas degradadas. 1ed.Viçosa: Editora Folha de Viçosa Ltda, 1998, v. , p. 203-216.
RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S. Conceitos, Tendências e Ações para a Recuperação de Florestas
Ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO-FILHO, H. de F. (orgs.). Matas Ciliares: Conservação e
Recuperação. 3º edição. São Paulo: EDUSP, 2004. p. 235-247.
RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S.; NAVE, A.G.; ATTANASIO, C.M. Atividades de adequação e
restauração florestal do LERF/ESALQ/USP. Pesq. Flor. bras., Colombo, n.55, p. 7-21, jul./dez. 2007.
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9. ANEXOS
Anexo 1 - Composição florística geral encontrada no Pará, incluindo várias
formas de vida.
Tipo de vegetação: FTF = Floresta de Terra Firme, CER = Cerrado; FVA = Floresta de Várzea; FCI =
Floresta Ciliar; Grupo de plantio (GP): recobrimento (R) e diversidade (D); Grau de comercialização da
madeira (GC): comercial (Co), potencial (Po), não-comercial (Nc), frutífera (f) e indefinido (In).
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